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Desde sempre a Igreja considerou eminente a segunda vinda de Jesus Cristo. Já lá vão dois
mil anos sobre esta promessa central do Evangelho, no entanto ela não perdeu a sua
relevância, pertinência e actualidade. Podemos mesmo dizer que nunca como hoje ela é
mais relevante, pertinente e actual. Os dados estão aí. A urgência é cada vez maior.
Quaisquer que sejam as posições assumidas nos detalhes da doutrina a respeito das últimas
coisas, todos os cristãos evangélicos acreditam na segunda vinda literal e histórica de Jesus
Cristo em glória a esta Terra, dando cumprimento pleno a uma nova era de paz e de
felicidade eternas.
Por outro lado tenho a convicção que a posição assumida relativamente ao modo como
percebemos as últimas coisas é importante, para não dizer determinante e decisiva, em
relação ao modo como encaramos o nosso propósito e desígnio presentes, a nossa missão e
papel prioritários na sociedade em que vivemos e a nossa vida quotidiana.
Considero ainda que à semelhança do que pode acontecer noutras matérias os princípios de
interpretação bíblica são nevrálgicos no que diz respeito às profecias bíblicas. Neste ponto
prevalece o primado da Bíblia ser a sua própria intérprete, ou seja, de ser na Bíblia que
temos de encontrar o sentido da revelação.
“Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim. Na casa de meu
Pai há muitas moradas. Se assim não fora, eu vo-lo teria dito. Pois vou preparar-vos lugar.
E quando eu for, e vos preparar lugar, voltarei e vos receberei para mim mesmo, para que
onde eu estou estejais vós também.” (João 14:3)
Existem algumas questões que são essenciais na escatologia como disciplina que se debruça
sobre a Palavra de Deus no que concerne às últimas coisas:
- A Igreja aquando da vinda de Jesus será uma Igreja dominante do ponto de vista político-
económico-social tendo introduzido aí as alterações próprias do reino de Deus, numa
versão mais ou menos radical do kingdom now (reino de Deus agora)?
- A segunda vinda de Cristo ocorrerá em um único momento ou terá lugar em duas fases
distintas (antes e depois da grande tribulação)?
- Existe um período específico de tempo em que Satanás será preso dando origem ao que a
Bíblia apresenta como o milénio, sendo que o Juízo Final só ocorrerá depois de ser solto e
de uma batalha final?
Acredito que Jesus virá antes de um tempo tenebroso para a raça humana em que os efeitos
da apostasia, da rebeldia, da desobediência e do pecado serão manifestos como nunca antes.
Durante este período de tempo destacar-se-á uma trindade satânica constituída pelo Diabo,
pelo Anticristo e pelo Falso Profeta (Apocalipse 13).
Acredito que a Igreja não vai passar por esse período à semelhança do que aconteceu com o
Dlúvio e com Sodoma e Gomorra em que as pessoas tementes a Deus e que se achavam sob
a graça escaparam e foram salvas (Mateus 24:37-41).
Acredito que durante esse período existirão duas fases distintas: na primeira existirá uma
aparente prosperidade, bem-estar, segurança e paz; e uma segunda em que a realidade será
totalmente diferente (Daniel 9:27).
Acredito que no fim desse tempo o povo de Israel será colocado num aperto tal em que o
escape só pode vir do alto. Aí eles reconhecerão em Jesus Cristo o Messias prometido e
rejeitado na Sua encarnação. Nessa altura ocorrerá a segunda fase da segunda vinda de
Cristo, o Diabo será preso e dar-se-á início ao milénio.
Acredito que no fim do milénio o Diabo será solto e virá provocando um rebelião final que
será dissipada pela intervenção de Cristo. Será então que ocorrerá o Juízo Final e
definitivamente a rebelião cósmica será cancelada (Apocalipse 20).
Acredito na segunda vinda de Jesus Cristo e que vivemos dias muito especiais nos quais se
cumprem os sinais derradeiros (Mateus 24:1-14). Não é possível de modo algum
estabelecer uma data para a concretização desta promessa que atravessou os séculos até aos
nossos dias e alimenta uma profunda esperança e expectativa no coração de todos os
discípulos de Jesus. Sabemos de antemão que a ressurreição de Cristo demonstrou que a
morte, o pecado, a doença, o sofrimento, a injustiça, a pobreza, a miséria, a degradação, não
prevalecerão.
- As alterações climáticas.
- O aumento da miséria e do fosso entre ricos e pobres mesmo nos países ocidentais.
- A globalização.
- O sincretismo religioso que o fundamentalismo terrorista irá fomentar cada vez mais. O
ecumenismo traduzido no Concílio Mundial de Igrejas, no Parlamento Mundial das
Religiões, nas exéquias do Papa João Paulo II que congregou católicos romanos, ortodoxos,
protestantes, islâmicos, judeus, hindus, budistas, etc.
- A Palavra de Deus ao alcance da quase totalidade dos habitantes da terra através dos
meios de comunicação e das novas tecnologias de informação.
Acredito que a Igreja que espera o retorno de Jesus Cristo é uma Igreja gloriosa e
triunfante, pela acção do Espírito Santo, e que em muitas partes do globo vive sob
perseguição, sem sinais exteriores de riqueza, sem prosperidade ostensiva (Filipenses 1:6;
Efésios 5:27). Simultaneamente é visível a crise de amor e fé, bem como o incremento da
apostasia, biblicamente referenciadas (Mateus 24:12; Lucas 18:8; 1 Timóteo 4:1-5).
Acredito que a convicção da eminente segunda vinda de Jesus não provoca necessariamente
uma atitude escapista ou imobilista, mas acção evangelizadora e santidade de vida (1
Tessalonicenses 5:4-11). É o Espírito Santo que pode soprar sobre nós a realidade do
Pentecostes de modo a que não nos conformemos, não nos tornemos reféns da indiferença e
da apatia, qualquer que seja a perspectiva escatológica.
Jesus vem e nós somos a Sua geração para alcançarmos esta geração.
Uma última palavra a todos os nossos leitores para que levem a sério a pessoa de Jesus
Cristo. Leiam a Sua Palavra, escutem os Seus ensinos, acolham as Suas advertências,
acolham o Seu perdão, creiam n’Ele, arrependam-se dos seus pecados e convertam-se à
nova realidade que veio trazer. Só Ele nos pode reconciliar com Deus. Só Ele nos pode
levar ao Pai, porque só Ele é Deus que se fez homem. Só o Deus connosco nos pode levar
de volta à casa do Pai!
“Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão
por mim.” (João 14:6).
Samuel R. Pinheiro
www.samuelpinheiro.com