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TU RIS M O
E Módulos
Cultura
Artes
Folclore
Arquitetura
Autores
Jacqueline Myanaki
Édson Leite
Pedro de Alcântara Bittencourt César
Beatriz Veroneze Stigliano
Coordenação
Regina Araujo de Almeida
Luiz Gonzaga Godoi Trigo
Livro do Professor Édson Leite
Maria Ataíde Malcher
APRESENTAÇÃO
Apoio
USP – Universidade de São Paulo
FFLCH – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas
Diretor: Gabriel Cohn
Departamento de Geografia - Chefe: Jurandyr Ross
LEMADI - Laboratório de Ensino e Material Didático
FBB – Fundação Banco do Brasil Coordenador: Prof. Dr. Francisco Capuano Scarlato
Técnica Responsável: Waldirene Ribeiro do Carmo
© MTUR/AVT/IAP/USP – 2007
Qualquer parte desta obra poderá ser reproduzida para fins
educacionais e institucionais, desde que citada a fonte.
Prezado Professor,
Você está recebendo o livro Cultura e Turismo, volume do aluno e do professor,
com temas para abrir a discussão sobre a relação entre cultura e turismo, todos
organizados com textos e atividades. No intuito de facilitar o seu trabalho de
orientação junto aos alunos, alguns textos – e atividades complementares,
foram inseridos neste livro.
Parte das atividades apresenta sugestões de respostas no Livro do Professor, a
outra parte depende das pesquisas a serem realizadas conjuntamente com o
grupo de alunos, considerando a realidade cultural que o grupo vivencia e as
peculiaridades regionais. O sucesso deste trabalho depende muito da pesquisa; o
livro é apenas um impulso e o caminho a ser trilhado é o da busca de
informações.
Algumas figuras destacadas no estudo estão disponíveis em formato digital para
serem reproduzidas de acordo com a necessidade, podendo compor painéis e
incorporar-se ao ambiente de trabalho, juntamente com a produção dos alunos.
O CD Kit Pedagógico contém, ainda, apresentações em PowerPoint de alguns
temas, com músicas que poderão complementar as aulas. Procure sempre estar
em sintonia com o trabalho dos professores dos outros módulos, pois muitas
atividades podem ser realizadas em conjunto.
Equipe de Coordenação
SUMÁRIO
MÓDULO I - CULTURA
TEMA 1 – O QUE É CULTURA?...................................................................................... 7
TEMA 2 – IDENTIDADE E HERANÇAS CULTURAIS ......................................................... 10
TEMA 3 – CULTURA ERUDITA E CULTURA POPULAR...................................................... 13
TEMA 4 – CULTURA DE MASSA: DEMOCRATIZAÇÃO DO CONHECIMENTO? ...................... 18
TEMA 5 – RELIGIÕES................................................................................................ 22
TEMA 6 – RELIGIÃO, ARTE E TURISMO ....................................................................... 26
TEMA 7 – PATRIMÔNIO CULTURAL: MATERIAL E IMATERIAL.......................................... 28
TEMA 8 – CULTURA E TURISMO ................................................................................. 32
TEMA 9 – INTERPRETAÇÃO, PATRIMÔNIO E TURISMO .................................................. 37
BIBLIOGRAFIA DE APOIO .......................................................................................... 40
MÓDULO II - ARTES
TEMA 1 – O QUE É ARTE?.......................................................................................... 41
TEMA 2 – COMO ENTENDER UMA OBRA DE ARTE ......................................................... 45
TEMA 3 – ARTE E ESTILOS ........................................................................................ 48
TEMA 4 – ARTE E BRASIL .......................................................................................... 51
BIBLIOGRAFIA DE APOIO .......................................................................................... 56
MÓDULO IV - ARQUITETURA
TEMA 1 – ARTE E ARQUITETURA ................................................................................ 78
TEMA 2 - O QUE É A ARQUITETURA DE UMA CIDADE.................................................... 79
TEMA 3 - COMO A ARQUITETURA É CRIADA ................................................................ 80
TEMA 4 - PATRIMÔNIO ARQUITETÔNICO E OUTROS PATRIMÔNIOS................................ 84
TEMA 5 - CASAS, IGREJAS, ETC................................................................................. 89
TEMA 6 - A ARQUITETURA NA ZONA RURAL ................................................................ 91
TEMA 7 - VISITANDO UMA CIDADE ............................................................................ 93
TEMA 8 - INFLUÊNCIA HISTÓRICA NO ESTILO ............................................................. 94
TEMA 9 - OS ESTILOS DA FORMAÇÃO DO BRASIL ........................................................ 97
TEMA 10 - OS ESTILOS DA NAÇÃO INDEPENDENTE...................................................... 98
TEMA 11 - OUTROS ESTILOS BRASILEIROS............................................................... 101
TEMA 12 - LINHAS MODERNAS ................................................................................ 110
BIBLIOGRAFIA DE APOIO ........................................................................................ 112
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................. 113
Cultura e Turismo – Livro do Professor
MÓDULO I
CULTURA
Stela Maris Murta
Jacqueline Myanaki
TEMA 1
O QUE É CULTURA?
1. Contexto
Se você procurar no dicionário a palavra Cultura, encontrará diversas definições. Mas, para
o nosso estudo, ela deverá ser entendida como o conjunto de crenças, costumes, valores
espirituais e materiais, realizações de uma época ou de um povo, manifestações voluntárias
que podem ser individuais ou coletivas pela elaboração artística ou científica. Entender o
seu significado é muito importante, pois é pela cultura e linguagem que o homem organiza e
constrói o mundo. Sem a linguagem, você não estaria lendo este texto agora.
Este texto está escrito na língua portuguesa. Apesar dos diferentes sotaques, ela é herança
do povo que colonizou este território. Tivessem sido os espanhóis ou outro povo que tivesse
permanecido nestas terras, hoje estaríamos falando espanhol, exatamente como os países
vizinhos ao nosso ou, quem sabe, outra língua. Mas, não foi só a língua que os portugueses
deixaram de herança: formas de se vestir e se alimentar, entre outras características de
nosso modo de viver e pensar, também constituem parte de nossa herança cultural.
Então, pense na origem da língua que falamos e das coisas que sabemos. Você já estudou
e lembra-se que o povo brasileiro de hoje é uma mistura das culturas: africana, indígena,
européia e, mais recentemente, a asiática. Portanto, em outras épocas, a cultura brasileira
era diferente da atual, assim como cada povo tem uma cultura diferenciada do outro.
A cultura brasileira transformou-se no tempo e no espaço. A consciência dessa
transformação pode ajudar na eliminação de preconceitos e na própria valorização das
diferenças e do original inerente à cultura brasileira.
Hoje, os meios de comunicação nos permitem saber com rapidez e eficiência muita coisa
sobre outros povos e outras culturas. É muito comum o cinema e a televisão exibirem filmes
japoneses, franceses, ingleses e norte-americanos. Nas grandes cidades, grupos folclóricos,
artistas e músicos estrangeiros apresentam sua produção cultural. Para quem domina
outros idiomas, as livrarias e bibliotecas sempre têm diversos títulos de obras estrangeiras à
disposição. Grupos indígenas que viviam isoladamente, hoje convivem com a cultura não-
indígena. Isso demonstra a riqueza de influências que o campo lexical brasileiro recebeu e o
quanto isso tornou plural nosso cotidiano cultural.
Mas, e a nossa cultura? Nós temos nossos livros, nossos artistas, nosso modo de viver que
se manifesta diariamente em cada gesto e, também, em espaços específicos que se
transformam em espaços turísticos, como é o caso do Museu de Arte de São Paulo - MASP,
o Mercado Modelo em Salvador e o Teatro Amazonas em Manaus. O Museu de Arte de São
Paulo, além de possuir um acervo importantíssimo de obras de arte brasileira e estrangeira,
tem como atrativo o arrojado projeto arquitetônico de Lina Bo Bardi, que inclui um vão livre
de 70 m de largura por 8 m de altura, apoiado em duas colunas laterais. Considera-se o
MASP um “cartão postal” da cidade de São Paulo, além de patrimônio arquitetônico e
histórico.
A existência de espaços para manifestação cultural numa cidade é importante, pois eles
possibilitam a democratização do conhecimento, o incentivo e proteção da produção cultural
e o intercâmbio entre pessoas de um grupo social, entre diferentes grupos e épocas.
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Cultura e Turismo – Livro do Professor
2. Coletânea
Raças, genes e homens
3. Atividades e Respostas
Durante todo o curso você e seus alunos irão pesquisar elementos culturais relativos à
região ou específicos de sua cidade. Sugerimos que, sempre que forem surgindo
informações a respeito de eventos, festas, feiras e acontecimentos periódicos importantes
para a cidade e que tenham datas fixas, registrem essas datas num calendário – “o
Calendário Cultural da Cidade” – a ser construído pelo grupo, ao longo do curso. E, no final,
ele poderá ser um referencial para a construção de um projeto turístico para a sua cidade.
a) Procure no dicionário o verbete “cultura” e dentre os significados encontrados, copie e
discuta com seus colegas aquele que mais se aproxima deste estudo.
Resposta: Outros conceitos de cultura podem ser discutidos com os alunos, como os que
seguem:
O complexo dos modos de vida, dos usos, dos costumes, das estruturas e organizações
familiares e sociais, das crenças do espírito, dos conhecimentos e das concepções dos valores
que se encontram em cada agregado social: em palavras mais simples e mais breves, toda a
atividade do homem entendido como ser dotado de razão. (Luigi M. L. Satriani)
Um sistema de significados, atitudes e valores partilhados e as formas simbólicas
(representações, objetos artesanais) em que eles são expressos ou encarnados. (Peter Burke)
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Cultura e Turismo – Livro do Professor
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Cultura e Turismo – Livro do Professor
Resposta: Essa atividade poderá ser realizada a partir de um desenho onde os alunos
demonstrarão, individualmente ou em pequenos grupos, como fariam para transformar um
terreno baldio, uma instalação abandonada ou um casarão, em espaço cultural.
TEMA 2
IDENTIDADE E HERANÇAS CULTURAIS
1. Contexto
O objetivo desde capítulo é aprofundar um pouco mais o estudo sobre o tema Cultura.
Se você nasceu no Brasil, deve conhecer a diversidade cultural existente no país. Nossa
língua oficial é a portuguesa, mas várias são as formas como ela é difundida. Cada região
do Brasil possui peculiaridades marcantes, o que nos torna um país múltiplo. No entanto,
mesmo com essa diversidade, existem elementos como o samba, nosso típico arroz com
feijão, nosso futebol, dentre outros, que nos identificam com nossa cultura brasileira.
Em cada canto, as peculiaridades entre os diversos grupos sociais caracterizam as
diferenças culturais. Por outro lado, o que une as pessoas de um mesmo grupo são as
semelhanças culturais. Essa semelhança cultural entre pessoas de um mesmo grupo é o
que chamamos de identidade cultural. Quando nos referimos aos habitantes das regiões
norte, sul, nordeste, sudeste e centro oeste, sempre vem à memória um conjunto de
símbolos, costumes, usos e valores comuns às pessoas daquelas regiões.
Geralmente, é na família que os primeiros aprendizados desse conjunto de conhecimentos,
ou seja, desse padrão cultural, acontece. Mais tarde, no convívio com amigos, na escola ou
no trabalho, amplia-se e sedimenta-se esse aprendizado, sendo ele extremamente
importante na formação e perpetuação da cultura da sociedade.
Portanto, podemos dizer que os brasileiros têm uma identidade cultural que é diferente da
identidade cultural dos povos de outros países. Para entender onde estão essas diferenças
e semelhanças, estude com cuidado o glossário abaixo, onde se encontram diversos
componentes da cultura:
• Conhecimentos: são informações que as pessoas vão acumulando e relacionando entre
si, de acordo com sua vivência. Cada cultura privilegia um conjunto de conhecimentos
para passar de geração a geração.
• Crenças: é algo em que se acredita, como por exemplo, a fé religiosa.
• Valores: podem ser objetos ou, como queremos destacar aqui, princípios e padrões que
guiam o comportamento das pessoas.
• Normas: são as regras, em geral não escritas, mas conhecidas por todos, que orientam
como as pessoas devem agir cotidianamente.
• Símbolos: elementos físicos ou sensoriais com significados que o homem atribui de
acordo com o momento histórico ou lugar. Por exemplo, uma bandeira é um símbolo, um
gesto de mão pode ser um símbolo.
• Usos: padrões de comportamento reconhecidos e aceitos pelo grupo social; embora
bastante adotados, não são obrigatórios.
• Costumes: padrões de comportamento que o grupo social espera que seus integrantes
adotem.
• Leis: são regras de comportamento normalmente escritas, complexas, que cada
sociedade (nem todas) adota como forma de organizar e facilitar o convívio.
• Tradição: é o conhecimento que se transmite oralmente de geração para geração.
• Hábitos: maneira de ser e agir que se repete com freqüência, sem racionalização.
• Personagens: históricos e contemporâneos, locais e regionais, ligados às artes, à
literatura, à história e a política.
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Cultura e Turismo – Livro do Professor
2. Coletânea
Teoria da Adaptação
[...] Naturalmente o debate sobre multiculturalismo gira menos em torno da preterição de minorias
religiosas do que da discriminação de outros grupos, por exemplo, em torno da definição de feriados
nacionais, da regulação da(s) língua(s) oficial(ais), da promoção do ensino da língua materna para
minorias étnicas ou nacionais, da regulação de cotas para mulheres e negros na política, no local de
trabalho ou na universidade. [...]
Para os membros de minorias raciais, nacionais, lingüísticas ou étnicas, os meios e as possibilidades
de reproduzir a própria linguagem e a própria forma de vida são, com freqüência, tão importantes
quanto o são para as minorias religiosas a liberdade de associação, a transmissão da doutrina
religiosa e o exercício de seu culto. Por esse motivo, a luta pela igualdade de direitos entre as
comunidades religiosas oferece, tanto na teoria política como na jurisprudência, argumentos e
estímulos para a concepção de uma “cidadania multicultural” ampliada. [...]
Cultura e política: Um multiculturalismo, desde que bem entendido, não constitui uma rua de mão
única para a auto-afirmação de grupos com identidade própria. A coexistência em pé de igualdade de
diversas formas de vida exige, ao mesmo tempo uma integração dos cidadãos e o reconhecimento
recíproco de sua qualidade de membro subcultural no quadro de uma cultura política comum. A
sociedade pluralista democraticamente constituída, garante as diferenciações culturais sob a condição
de integração política.
Os cidadãos da sociedade são autorizados a formar seu modo cultural próprio sob a pressuposição de
que eles se entendam, junto com todos os outros e por assim dizer para além dos limites subculturais,
como cidadãos da mesma coletividade política. As justificações e as autorizações culturais encontram
seus limites nas bases normativas da Constituição, unicamente a partir da qual eles se fundamentam.
[...].
Jürgen Habermas
Extraído de Caderno Mais / Jornal Folha de S. Paulo
São Paulo, 05/01/2003
3. Atividades e Respostas
1. Pesquise as principais influências de outras culturas no modo de vida das pessoas de
sua cidade. Lembre-se que essas influências podem ser de origem negra, indígena,
européia, asiática, etc. Monte um quadro explicando onde ocorrem essas influências:
alimentação, modos de vestir e falar, meios de transporte, lazer, etc. Torne seu trabalho
mais interessante utilizando-se de fotos, desenhos, música ou slides.
Resposta: Uma pesquisa sobre a formação histórica do local é importante como ponto de partida
para essa atividade. Veja essa possibilidade com o professor de História.
2. Pergunte em casa a origem (negra, indígena, européia, asiática, etc.) das pessoas de
sua família (pais e avós) e monte com os colegas um gráfico/quadro com essas
informações. A seguir, discuta e responda:
• Há coincidência de origens entre as informações de cada um?
• Os hábitos e modos de vida são semelhantes?
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Cultura e Turismo – Livro do Professor
Querelas do Brasil
Elis Regina
Composição: Maurício Tapajós e Aldir Blanc
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Cultura e Turismo – Livro do Professor
A canção sugerida pode ser substituída por outra que possua um contexto semelhante ao
proposto na discussão. Outras canções podem ser acrescentadas de acordo com a
disponibilidade e interesse do grupo.
7. Pesquise detalhes da cultura de uma tribo indígena brasileira e monte um painel. Discuta
em sala de aula:
• Quais as diferenças básicas existentes entre a cultura indígena e a cultura não
indígena?
• Quais os resultados do contato dos povos indígenas com outras culturas para ambos
os lados?
Resposta: Há muitos registros a respeito de diferentes tribos em vídeos, ensaios fotográficos,
revistas (Terra, Horizonte Geográfico, Ciência Hoje, etc.) e livros. O objetivo é destacar elementos
culturais que distingam os povos.
TEMA 3
CULTURA ERUDITA E CULTURA POPULAR
1. Contexto
O objetivo deste capítulo é esclarecer aos alunos a diferença entre cultura erudita e cultura
popular, a fim de eliminar preconceitos a respeito de cada uma delas.
Mário de Andrade (1893-1945), poeta, musicólogo e folclorista brasileiro, durante os anos de
1935 a 1938 dirigiu o Departamento Municipal de Cultura de São Paulo. Ali, realizou
importantes trabalhos: criou bibliotecas, organizou arquivos, restaurou documentos,
pesquisou inúmeras manifestações folclóricas, abriu teatros e instituições de pesquisa, etc.
Foi o primeiro dirigente ligado a uma entidade governamental a se preocupar e realizar
ações para aproximar a cultura erudita da cultura popular.
A diferenciação entre culturas se dá a partir da identificação da origem de quem a produz.
A cultura erudita é produto da leitura, do estudo e da pesquisa. Para que se produza
cultura erudita é necessário que se tenha vasto conhecimento sobre um determinado
assunto.
Cultura popular pode ser compreendida como “a soma dos valores tradicionais de um
povo, expressos em forma artística, como danças, ou nas crendices e costumes gerais”,
como afirma Teixeira Coelho.
Estabelecer distinções entre os conceitos de cultura erudita e popular tem objetivos
didáticos, já que ambas são mutáveis e dinâmicas. No mundo atual, a diferença entre
cultura erudita e popular é cada vez mais tênue, principalmente se considerarmos o
intercâmbio constante entre elas.
Muitas vezes o termo “cultura popular” pode vir carregado de sentido pejorativo, como
“aquilo que é do povo”, que “não é culto”, “cultura menor”. Porém, isso não faz o menor
sentido. Cultura erudita e cultura popular são simplesmente diferentes.
Mário de Andrade, despojado de preconceitos, entendeu a complementação existente entre
cultura erudita e cultura popular e trouxe a público a obra de diversos compositores
populares, diferentes ritmos musicais que se perpetuavam escondidos entre pequenos
grupos sociais e promoveu encontros entre as duas culturas em seus projetos e livros.
Na arte é comum o estabelecimento de categorias que destacam a obra erudita ou popular;
só não devemos esquecer que tanto uma como a outra possuem seu lugar assegurado na
formação da cultura. Vamos conhecer um pouco dessas categorias
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Cultura e Turismo – Livro do Professor
Na pintura
• Aos quadros populares dá-se o nome naïf que, em francês, significa ingênuo. É quando o
artista não recebeu nenhum treino para pintar, sabendo pouco sobre a história da arte e
regras de pintura. Os temas pintados, geralmente, são ligados ao seu cotidiano.
• Na obra erudita, ocorre o uso de perspectivas, planos, uso racional de cores, formas e
material. O artista pinta qualquer tema, mas, em geral, sua escolha está ligada à técnica
que ele vai utilizar e que domina com maestria.
Na literatura
• Um texto de filosofia escrito por Platão é reconhecido como
erudito. O vocabulário é elaborado e rebuscado.
• Um texto de livreto de Cordel é considerado literatura popular,
com vocabulário simples e termos regionais que narram histórias
do cotidiano. O Folheto é uma forma de literatura bastante
divulgada no Nordeste brasileiro e, geralmente, em tom satírico.
As capas são ilustradas com xilogravuras e é o próprio autor que
vende seus folhetos nas feiras e praças.
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Cultura e Turismo – Livro do Professor
Exemplos: Texto 1
Patativa do Assaré Depois que os dois livro eu li, Meu caro amigo poeta,
Poetas niversitáro, Fiquei me sentindo bem, Qui faz poesia branca,
Poetas de cademia, E ôtras coisinha aprendi Não me chame de pateta
De rico vocabularo Sem tê lição de ninguém. Por esta opinião franca.
Cheio de mitologia; Na minha pobre linguage, Nasci entre a natureza,
Se a gente canta o que pensa, A minha lira servage Sempre adorando as beleza
Eu quero pedir licença, Canto o que minha arma sente Das obra do Criadô,
Pois mesmo sem português E o meu coração incerra, Uvindo o vento na serva
Neste livrinho apresento As coisa de minha terra E vendo no campo a reva
O prazê e o sofrimento E a vida de minha gente. Pintadinha de fulô.
De um poeta camponês.
Poeta niversitáro, Sou caboco recêro,
Eu nasci aqui no mato, Poeta de cademia, Sem letra e sem istrução;
Vivi sempre a trabaiá, De rico vocabularo O meu verso tem chêro
Neste meu pobre recato, Cheio de mitologia, Da poêra do sertão;
Eu não pude estudá. Tarvez, este meu livrinho Vivo nesta solidade
No verdô de minha idade, Não vá recebê carinho, Bem destante da cidade
Só tive felicidade Nem lugio e nem istima, Onde a ciença guverna.
De dá um pequeno insaio Mas garanto sê fié Tudo meu é naturá,
In dois livro do iscritô, E não istruí papé Não sou capaz de gostá
O famoso professô Com poesia sem rima. Da poesia moderna.
Filisberto de Carvaio.
Cheio de rima e sintindo
No premêro livro havia Quero iscrevê meu volume, Dêste jeito Deus me quis
Belas figuras na capa, Pra não ficá parecido E assim eu me sinto bem;
Com fulô sem perfume; Me considero feliz
E no começo se lia: A poesia sem rima, Sem nunca invejá quem tem
A pá – O dedo do Papa, Bastante me disanima Profundo conhecimento.
Papa, pia, dedo, dado, E alegria não me dá; Ou ligêro como o vento
Pua, o pote de melado, Não tem sabô a leitura, Ou divagá como a lêsma,
Dá-me o dado, a fera é má Parece uma noite iscura Tudo sofre a mesma prova,
E tantas coisa bonita, Sem istrela e sem luá. Vai batê na fria cova;
Qui o meu coração parpita Esta vida é sempre a mesma.
Quando eu pego a rescordá. Se um dotô me perguntá
Se o verso sem rima presta,
Foi os livro de valô Calado eu não vou ficá,
Mais maió que vi no mundo, A minha resposta é esta:
apenas daquele autô - Sem rima, a poesia
Li o premêro e o segundo; Perde arguma simpatia
Mas, porém, esta leitura, E uma parte do primô;
Me tirô da treva escura, Não merece munta parma,
Mostrando o caminho certo, É como o corpo sem arma
Bastante me protegeu; E o coração sem amô.
Eu juro que Jesus deu
Salvação a Felisberto.
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Cultura e Turismo – Livro do Professor
Texto 2
[...] Na antevisão de que dentro em breve terei de me apresentar à humanidade com a mais difícil
exigência que jamais lhe foi feita, parece-me indispensável dizer quem sou eu. No fundo se poderia
sabê-lo, pois não me ‘deixei sem testemunho’.[...] (Nietzsche)
Nos dois textos os autores fazem uma apresentação de si mesmos, porém é clara a diferença de
vocabulário e construção utilizada pelo poeta popular nordestino e pelo filósofo alemão. A linguagem
do primeiro é clara, informal e direta; no segundo, o rebuscamento e a erudição são a tônica.
Na música
• As composições de Villa-Lobos são eruditas. O autor conhecia melodia, harmonia e
contraponto profundamente. Os gêneros comuns da música erudita são: concerto,
sinfonia, sonata, suíte, tocata, rapsódia, etc. Enfatizar a diferença entre erudito e clássico,
pois a música clássica é erudita, mas clássico e erudito não são sinônimos, embora seja
comum a utilização dos termos como se o fossem. A música clássica é proveniente do
período Clássico, da História da Música Erudita (século XVIII). Antes dela, há a música
Barroca, Renascentista, Medieval, etc. e, depois, vieram as composições Românticas,
Modernas e Contemporâneas, todas eruditas.
• As formas musicais como os repentes e desafios são consideradas populares. São
compostas por artistas que, em geral, não conhecem escrita e leitura musicais, mas
tocam vários instrumentos. Outros gêneros musicais como o forró, jongo, coco e sambas,
também são considerados populares.
2. Coletânea
O que mais surpreende no capítulo da arte naïf no Brasil é o pouco espaço que os críticos lhe
concedem, muitas vezes relegando-a a um nível inferior.
Preferem exaltar qualidades inusitadas na chamada arte erudita, obviamente porque já chega ao
nosso circuito sob aclamação internacional. Nossos críticos pecam por transmitir ao leitor apenas
uma faceta da arte brasileira, quando sabemos que ela é, na essência, pluralista. Queiram ou
não, a arte naïf, como se costuma definir a criação popular, tem o seu lugar garantido.
Preconceitos à parte, ela se identifica com o público pela sua autenticidade nacional, por isso
mesmo com trânsito internacional. Fala a muitos e não somente a uma meia dúzia de eruditos
ditadores de linguagens que nos vêm da matriz.
Arte naïf tem seu valor, sim, e muito. É a arte da espontaneidade, da criatividade autêntica, do
fazer artístico sem escola nem orientação, porquanto é instintiva e onde o artista expande seu
universo particular. Claro que, como numa arte mais intelectualizada, existem os realmente
marcantes e outros nem tanto. Mas é justamente por isso que precisa de acompanhamento
crítico, para que não proliferem ingênuos, nem tampouco aproveitadores de sua estética
espontânea.
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Cultura e Turismo – Livro do Professor
Elevada à linguagem de arte pelo francês Rousseau a partir de 1908, teve, no Brasil, o
pioneirismo de Cardosinho (1861-1947), com suas fantasias beirando o surrea,l copiadas de
cartões-postais, que foram acolhidas por nomes como Portinari e o nipofrancês Fujita, então
passando temporada entre nós. Mas foi com a premiação de Heitor dos Prazeres (1898-1966),
humilde contínuo do então Ministério da Educação, na 1ª Bienal Internacional de São Paulo, em
1951, que a pintura dita naïf brasileira teve seu momento de afirmação, com uma pintura
mesclada de sambistas e pastoras, o mundo do samba, enfim, que ele também compositor
popular, inclusive como parceiro de Noel Rosa, conhecia como ninguém. Mais tarde seria
seguido pelo genial Pedro Paulo Leal (1894-1968), com suas dramáticas cenas de naufrágio na
baía de Guanabara, e o talentoso Chico da Silva (1910-1985), com suas cenas amazonenses
enfocando peixes, flora e animais aquático, que, inclusive, lhe valeram uma Menção Honrosa na
33ª Bienal Internacional de Veneza. Hoje, eles estão pelo país afora como Poteiro, Aparecida
Azevedo, Ivonaldo, Waldomiro de Deus, Gerson, Rosina Becker do Valle, Vatenor... Alguém
entende o que eles dizem, ou simplesmente não querem, por se tratar de arte marginalizada?
Desconcertante, pois, é ver que toda uma produção de real valor não merece uma linha sequer
nos jornais, enquanto muita empulhação, como as indefectíveis instalações e conceituações,
ocupam os espaços nobres de bienais e salões oficiais, numa distorção que, no fundo, pouco
contribui para o conhecimento de nossa arte como um todo.
Geraldo Edson de Andrade
Extraído do Caderno Ilustrada / Jornal Folha de S. Paulo
São Paulo, 20/03/2000
3. Atividades e Respostas
a) Qual a diferença entre cultura erudita e cultura popular?
Resposta: Deixar claro aos alunos que não deve haver juízo de valor nesta classificação. Afinal,
nem sempre uma obra é mais cara ou mais importante só porque é erudita ou popular.
b) Indique um conhecimento, um hábito, uma forma de arte que você conhece ou domina,
que pode ser entendida como sendo da cultura erudita, e outra como cultura popular.
Pense e responda: qual a importância da cultura erudita e da cultura popular na sua
vida? Compare as respostas com as de seus colegas de classe.
Resposta: Procure permitir e estimular as respostas espontâneas antes de exemplificar. Valorize
o aprendizado obtido na escola, da mesma forma que o conhecimento adquirido informalmente.
Por exemplo: saber mais sobre doenças e suas formas de transmissão (aprendido na escola),
não exclui os cuidados que os pais e mais velhos dão aos que estão doentes em casa,
recomendando “não tomar friagem”, “não pisar descalço no chão frio”, “não abrir a geladeira após
o banho quente”.
c) Faça uma pesquisa sobre música popular e música erudita e realize uma sessão de
audição das músicas pesquisadas. Monte com o professor um quadro na lousa,
identificando a origem dos compositores, títulos das canções, gêneros musicais e época
de cada música.
Resposta: Estimule os alunos a apreciarem diferentes gêneros musicais, fazendo-os
compreender que a qualidade da música independe de ser erudita ou popular, e que o gosto
pessoal deve ser respeitado e não deve se sobrepor à análise e ao estudo.
d) Pesquise com seu grupo uma manifestação cultural (literatura, pintura, escultura, teatro,
instrumentos musicais, cinema, etc.) e monte um cartaz para um gênero popular e um
erudito de cada manifestação. Exemplo: escultura popular e erudita com fotos de
esculturas de artistas que tenham estudado arte, e fotos de cerâmica e artesanato
popular. Dê preferência aos artistas e manifestações de sua região.
Resposta: O intuito é pesquisar, principalmente, as manifestações artísticas da região onde se
encontram os estudantes ou, no mínimo, artistas brasileiros. Assim, cada grupo contribuirá com a
pesquisa de uma linguagem artística e todos poderão tomar contato com as outras formas de
manifestação.
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Cultura e Turismo – Livro do Professor
TEMA 4
CULTURA DE MASSA: DEMOCRATIZAÇÃO DO
CONHECIMENTO?
1. Contexto
Você já pensou como deve ter sido o dia-a-dia dos homens, há quatro mil anos? Faça um
esforço de imaginação. Não existia o computador, o fax, a televisão, o telefone, o rádio, os
livros (como eles são hoje). Mesmo sem toda essa tecnologia, o homem conseguia se
comunicar e produzir arte e cultura. Veja o exemplo dos nossos indígenas.
Então, precisamos entender qual a importância dessa tecnologia da comunicação em
nossas vidas e as mudanças ocorridas.
Desde a invenção da imprensa por Johanne Gutenberg em 1440, e com sua expansão a
partir de 1450, os livros deixaram de ser escritos à mão, para serem produzidos com maior
rapidez e em maior quantidade, facilitando o processo de disseminação cultural.
A introdução da invenção de Gutenberg possibilitou a reprodução e a expansão da
comunicação e da informação. Esse fato deu nova configuração à ordem social e todas as
relações humanas passaram por inúmeras modificações caracterizadas, atualmente, por
formas de comunicação e interação cada vez mais mediatizadas pelos meios de
comunicação de massa.
A comunicação de massa é um fenômeno social e cultural dos dias de atuais. A cada dia,
novos padrões culturais são acrescidos às formas cotidianas de leitura do mundo e da vida.
O avanço tecnológico criou aparelhos que permitem que as informações cheguem de um
canto a outro do mundo em um piscar de olhos. Estudos analisam a influência que a
televisão, o jornal, o rádio e a mídia em geral exercem na vida das pessoas, nos
comportamentos e nos modos de agir e pensar.
Uma das características básicas da comunicação de massa é que se destina a grupos de
pessoas com profissões diferentes, classes sociais diversas, vínculos culturais variados,
mas que, no entanto, participam conjuntamente, coletivamente, da experiência de
comunicação por meio de um veículo específico.
Para que essas pessoas tenham tais experiências, elas podem estar juntas ou distantes, em
qualquer lugar do Brasil, ou mesmo em qualquer lugar do mundo. A possibilidade de
alcançar diferentes pessoas em distantes lugares é uma das características principais da
comunicação de massa.
Assim, os meios de radiodifusão (TV e rádio) e a imprensa escrita (jornais e revistas), são
considerados meios de comunicação de massa, pois são capazes de transmitir, ao mesmo
tempo, mensagens para grupos diversificados de pessoas. Também são considerados
meios de comunicação de massa, embora com menor grau de influência, o cinema, os livros
e a chamada indústria fonográfica.
Os meios de comunicação de massa e seus produtos foram vistos como algo menor e sem
valor cultural, em várias fases de sua história. O termo cultura de massa foi e é, ainda,
utilizado para identificar de forma pejorativa a cultura criada no processo de comunicação de
massa. Nos dias atuais, grande parte da cultura da humanidade é produzida por esses
meios de comunicação, que sempre supõem três elementos: o emissor, o veículo e o
receptor. O processo de comunicação de cada sociedade varia de acordo com suas
características econômicas, sociais, históricas e culturais, mas a globalização tende a
uniformizar também isto.
As opiniões divergem sobre a influência dos meios de comunicação de massa e, quando se
trata da TV, a polêmica é ainda maior. Você já se perguntou se tudo o que vê, ouve e lê
nesses meios de comunicação, é verdade e de boa qualidade?
Em 1998, os debates em torno da influência dos meios de comunicação de massa tomaram
grande importância. Formaram-se diversos grupos de estudo, no intuito de refletir e
encontrar soluções para controlar e melhorar a programação e veiculação dos programas.
18
Cultura e Turismo – Livro do Professor
Positivos:
• Integra o país;
• Democratiza a informação;
• Melhora a consciência das pessoas em relação ao mundo;
• Possibilita a participação.
Negativos:
• Podem servir como instrumento de dominação do povo, através do controle de
opinião e de ideologia;
• Nivela o gosto cultural das pessoas, “afogando” manifestações culturais diferenciadas (por
exemplo, quando um gênero musical passa a ser moda);
• São formas caras de produzir cultura e pertencem, geralmente, a pequenos grupos de
empresários ricos, deixando o povo com a tarefa de, simplesmente, consumir aquilo que um
pequeno grupo produz culturalmente. Desse modo as manifestações culturais populares têm
pouco espaço para se mostrar.
2. Coletânea
O direito de emburrecer
Países como Itália, Argentina, França ou Alemanha, certamente contam com um sistema
educacional bem melhor do que o nosso, e temos o hábito de considerar “culta” a sua população.
Basta ligar a TV a cabo para perceber, contudo, que todo país tem suas versões de Xuxa e Sílvio
Santos, que os telejornais todos se assemelham, que o lixo é total.
Não vejo, assim, muita coisa de específico no relacionamento dos brasileiros com a TV. Os
americanos gastam mais horas à frente do aparelho; as novelas, aqui, ganharam uma
predominância que não parece se verificar em outros países. Mas talvez seja irrealista considerar
que só no Brasil a televisão é o que é: uma máquina de emburrecimento coletivo, de manipulação
política e de criação de necessidades imaginárias. [...].
O poder da televisão é de ordem neurológica; atrai o olhar porque a tela é brilhante. Ao lado da mais
linda mulher a nos dirigir declarações de amor, não conseguiremos desgrudar de Chaves ou de
Renato Aragão se tivermos a insensatez de deixar o aparelho ligado.
Isso vale para franceses, russos, americanos ou brasileiros. Qualquer cotidiano violento e
estressante justifica o uso da TV como narcótico.
O que temos de específico não é, portanto, a burrice da nossa TV. A diferença da televisão brasileira
com as de países mais desenvolvidos não está nos seus programas, mas no tipo de relação que
estabelece com a realidade.
O Brasil tem uma das maiores taxas de desigualdade social do planeta, e nítidas disparidades
regionais. Se um programa de auditório ou um ramerrão novelesco pode ser consumido pela
estressada classe média urbana de qualquer país, o que se torna significativo no Brasil é o fato de
que se atinja, com igual eficiência, grupos sociais totalmente diferentes e incomunicáveis entre si.
19
Cultura e Turismo – Livro do Professor
[...].
Reduzidos na “telinha”, os absurdos da nossa realidade se submetem a um poder que não é
exatamente o do magnata que manipula um debate entre candidatos – embora isso possa
acontecer. O poder está na linguagem televisiva: na indiferença com que tudo se sucede; na
velocidade com que se passa de um “bloco” a outro; no fato de que nossa história, nossa sociedade,
nossos problemas estejam ao alcance do controle remoto.
O telespectador tem a ilusão – essa a maior ilusão – de que pode controlar tudo mudando de canal,
de que a televisão é um aparelho como qualquer outro. O que se mostra ali, o que se deixa de
mostrar, não é um mundo falso, escapista, delirante: é a falsidade de que todos os brasileiros vivem
num mesmo mundo, compartilham da mesma linguagem, aceitam as mesmas verdades, têm as
mesmas cores e o mesmo brilho.
[...] Escapismo, entretenimento, fantasia, eis as coisas que o telespectador brasileiro encontra muito
mais nos anúncios do que na programação. É na propaganda que ganham primeiro plano, o
ficcional, o inventivo e o qualitativamente superior.
Em torno dos anúncios, há um espaço comum, vazio, cotidiano e vulgar: o dos programas. Não
“preenche” nada, exceto a necessidade que temos de não pensar em coisa nenhuma, não imaginar,
não viver; de experimentar nossa identidade nacional, nossa condição de cidadãos e de brasileiros,
nossa posição de classe, como em estado da matéria, como uma situação vegetativa, como uma
banalidade consentida.
Marcelo Coelho
Extraído do Caderno Especial TV Brasileira - 50 anos /Jornal Folha de S. Paulo
São Paulo 16/09/2000, p.8.
20
Cultura e Turismo – Livro do Professor
Entretanto, o que me pareceu mais importante no artigo de Gabriel Priolli foi o texto sobre o papel que
tem a televisão na busca de uma identidade nacional. Identidade que não se confunde com qualquer
indesejável uniformidade e que sempre vi, pelo contrário, como uma bela e fecunda unidade de
contrastes. O que, por outro lado, não implica a aceitação do mau gosto e da vulgaridade da arte
americana de massas que nos querem impingir como expressão “universal” (contraposto, por seus
entusiastas, ao que seria o nosso “estreito nacionalismo”). Diz Priolli: “É imperioso reconhecer que é a
existência de uma televisão nacional forte, cobrindo todo o território, que serve de anteparo aos
efeitos perversos da globalização, à imposição universal de padrões culturais norte-americanos que
tanto debilita outros países. (...) É preciso enfrentar a globalização de uma perspectiva altiva,
apresentando-se ao intercâmbio cultural com a consciência de que temos tanto de bom a receber
Quanto a oferecer”.
Por tudo isso, mando daqui meu abraço a Arlindo Machado e Gabriel Priolli, cujas palavras aplaudo e
subscrevo.
Ariano Suassuna
Extraído do Jornal Folha de S. Paulo
São Paulo, 19/10/1999
3. Atividades e Respostas
a) Você e seu grupo deverão fazer o acompanhamento da emissão de uma
notícia/manchete, em diferentes meios de comunicação. Comprem diferentes jornais e
revistas do mesmo dia ou semana e analisem como uma mesma notícia é enfocada em
diferentes veículos de comunicação, incluindo rádio, TV e Internet (se possível).
Analisem o grau de distorção da notícia em cada veículo, a ênfase, os detalhes
enfocados e desprezados em cada um. Apresentem para toda a classe.
Resposta: Procure estimular o acompanhamento de uma notícia que se relacione com o
cotidiano dos alunos ou com o turismo na região.
b) Faça uma pesquisa com as pessoas de sua casa ou vizinhos e pergunte:
• Você segue a moda? (pode ser relativo a qualquer assunto)
• Você assiste televisão? Quais programas?
• Você ouve rádio? Quais emissoras?
• Você lê jornais? Quais?
• Você lê revistas? Quais?
• Quanto tempo você dedica, diariamente, a esses meios de comunicação?
Os questionários devem ser organizados em sala de aula, para que todos perguntem as
mesmas coisas e da mesma forma. Outras questões relativas ao tema podem ser
incluídas.
Realizada a pesquisa, compare as respostas obtidas e monte, com o professor, um
quadro com todas as respostas, verificando quais se repetem com maior freqüência. É
importante, neste exercício, refletir e discutir porque alguns meios de comunicação
aparecem mais do que outros, a relação com a qualidade da programação e quanto
tempo as pessoas gastam com esses meios de comunicação.
Resposta: Procure elaborar, com os alunos, um questionário aberto sem alternativas já
previamente identificadas, permitindo ao entrevistado manifestar-se com maior espontaneidade,
enriquecendo a pesquisa. Oriente também os alunos a não usarem exemplos, quando da
aplicação dos questionários, para não induzir os entrevistados a determinadas respostas.
c) Pesquise a história (surgimento, evolução, personalidades envolvidas, etc.) de cada
meio de comunicação de massa: televisão, rádio, revista e jornal.
Resposta: Cada grupo de alunos pode se responsabilizar pela pesquisa de um meio específico.
d) Leia um trecho de uma entrevista que Teixeira Coelho (diretor do MAC-USP e estudioso
da Cultura) concedeu à Revista E do SESC, em setembro de 1998:
21
Cultura e Turismo – Livro do Professor
SESC: Não há um paradoxo no seu discurso, quando o senhor diz que o conteúdo daquilo que une
as pessoas, ou seja, a cultura, não é importante?
T. Coelho: Na verdade eu disse que há coisas acima dele. É claro que o conteúdo é importante.
Existem práticas culturais, assim chamadas equivocadamente que promovem a desagregação das
esferas sociais. Sem a menor dúvida pode-se dizer que isso não é cultura. Por exemplo, a dança da
garrafa não é cultura. Não há nenhum esquema de raciocínio sociológico ou filosófico no mundo que
consiga demonstrar que a dança da garrafa é cultura. Pode ser cultura no sentido antropológico
Segundo o qual tudo o que é produzido é cultura, mas contemporaneamente, essa definição é
inaceitável: quando tudo é cultura, nada é cultura. Dessa forma, é preciso estabelecer valores. A
dança da garrafa não contribui para a congregação, pois não se propõe fazer uma religação do
homem com o mundo. Ela só vai levar à exploração de uma pessoa por outra ou de uma faixa etária
por outra. Cultura civiliza. Cultura é luz e suavidade, como disse Matthew Arnold. Cultura leva a
pessoa numa viagem para dentro de si mesma e do mundo, não para o interior de um sistema de
exploração. Uma boa definição de cultura: conjunto dos atos que permite a alguém criar seus próprios
fins a partir de uma conversa ampla com os outros. Quando se assiste a um programa que mostra
crianças dançando sobre uma garrafa, está-se diante de um fato que impede a pessoa de criar seus
próprios fins. Costumo dizer que a civilização é uma longa conversa na qual são fixados metas e
valores. Em grande parte das atividades ditas culturais, mas que desintegram os liames, não ocorre
uma conversa. Há, na verdade, uma interpelação externa indiscutível: um pacote pronto que não
admite críticas. Uma política cultural tem de favorecer a discussão conjunta.
Responda:
e) Você concorda com Teixeira Coelho? Por quê?
f) que os meios de comunicação de massa têm a ver com a “dança da garrafa?”
Resposta: Oriente os alunos na leitura do texto, ajudando-os com os termos e expressões mais
complicadas e estimule-os a debater sobre a influência dos meios de comunicação no
comportamento das pessoas e na transformação da cultura, levando-os a refletir sobre todos os
aspectos dessa influência.
g) Em grupos, os alunos deverão entrevistar um turista ou visitante de outra cidade, para
saber o que essa pessoa pensa a respeito da cidade, qual é a imagem que ela tem da
cidade e o porquê da visita.
Resposta: Estimule os alunos a identificarem a importância da propaganda (ou a falta dela) e dos
meios de comunicação, na formação da imagem de uma cidade.
TEMA 5
RELIGIÕES
1. Contexto
Podemos dizer, de modo bem genérico, que religião é uma crença e culto praticado por
seguidores que têm devoção e temor a uma força sobrenatural, algo que está acima da
natureza humana.
Existem muitas formas de religião: algumas são teístas, ou seja, têm como objeto de
veneração um deus (monoteísta), ou vários deuses (politeístas); outras não são ateístas,
não têm crença em deuses. Vamos destacar as principais religiões mundiais, em função do
grande número de seguidores: o hinduísmo, o budismo, o judaísmo, o confucionismo, o
taoísmo, o xintoísmo, o cristianismo e o islamismo. Dentro de cada uma delas há
subdivisões. Apesar das diferenças, todas as religiões têm pontos em comum:
22
Cultura e Turismo – Livro do Professor
SAGRADO é o domínio da vida religiosa, que pode se manifestar em formas diversas, de acordo com
os preceitos de cada religião e de cada época.
PROFANO é o não sagrado, o que faz parte do domínio da vida não religiosa.
2. Coletânea
Religiões Monoteístas
Crêem em um só Deus. Islamismo, Cristianismo e Judaísmo são as três grandes
religiões monoteístas.
Extraído do Suplemento Especial “Todos os Mundos do Islã”, Jornal Folha de S.
Paulo, São Paulo, 23/09/2001
Islamismo
Fundação: Península Arábica, pelo profeta Muhammad (570-635). O nome da religião vem
de “Islam” que, em árabe, significa submissão a Deus.
Mais de 1,3 bilhão de adeptos.
Doutrina: baseia-se no livro sagrado Alcorão e nos atos, ditos e ensinamentos de
Muhammad. Os muçulmanos crêem num único Deus (Allah), onipotente, que criou a
natureza por meio de um ato de misericórdia. Consciente da debilidade moral da
humanidade, Deus enviou profetas à Terra. Adão foi o primeiro e recebeu o perdão divino
(o islamismo não aceita a doutrina do pecado original). Muhammad é considerado o último
profeta enviado por Deus. Os muçulmanos crêem nos profetas anteriores a ele, que
incluem Jesus Cristo.
Os muçulmanos seguem cinco pilares fundamentais:
a) Testemunhar que “Não há deus senão Deus, e Muhammad é o mensageiro de Deus”
b) Orar cinco vezes ao dia em direção a Meca – berço do Islamismo e lugar sagrado.
c) Pagar o tributo, Zakat, que corresponde a 2,5% da renda anual do muçulmano, para caridade.
d) Jejuar no mês de Ramadã, época em que comer, beber e manter relações sexuais são
atividades proibidas entre a alvorada e o anoitecer.
e) Fazer uma peregrinação a Meca pelo menos uma vez na vida, para aqueles que têm condições.
23
Cultura e Turismo – Livro do Professor
Cristianismo
Fundação: Oriente Médio, por Jesus Cristo, início da era cristã.
Cerca de 1,9 bilhão de adeptos.
Doutrina: segue a palavra e o exemplo de Jesus Cristo, filho de Deus, que sacrificou sua
vida na cruz pela humanidade. A doutrina se baseia na ressurreição de Cristo, na
mensagem de fraternidade e na promessa de salvação e vida eterna. Há várias
denominações. Dos cerca de 1,9 bilhão de cristãos, cerca de 1 bilhão são católicos,
majoritários no Brasil. No país, destacam-se também as igrejas protestantes pentecostais.
Catolicismo - Hierarquia
Papa – considerado o sucessor do apóstolo Pedro, que seria o primeiro papa da Igreja
Católica Apostólica Romana. Para o catolicismo, a autoridade papal provém diretamente de
Jesus Cristo, por intermédio de Pedro.
Cardeal – mais alto dignatário da Igreja Católica, depois do Papa. Quando o Papa morre,
os cardeais se reúnem em conclave (assembléia fechada) para eleger seu sucessor.
Bispo – considerado sucessor dos apóstolos; responsável, com o Papa, pela administração
de uma diocese (reunião de paróquias).
Padre – todo batizado que recebeu ordenação sacerdotal. Responsável por uma paróquia
ou por serviços da igreja.
Liturgia: a celebração principal é a missa (na Igreja Católica, refere-se à celebração de
eucaristia).
Nome do templo: igreja.
Principais ramos: Igreja Católica Apostólica Romana, Igreja Católica Armênia (Iraque,
Síria, Líbano e Egito), Igreja Greco-Melquita, Igreja Maronita (Líbano).
Principais comemorações
Natal – dia em que se comemora o nascimento de Jesus Cristo.
Quaresma – Os 40 dias que vão da Quarta-feira de cinzas até o Domingo de Páscoa,
destinados à penitência (arrependimento por falta cometida).
Semana Santa – período que celebra a instituição da eucaristia, a morte de Jesus e sua
ressurreição.
Páscoa – celebra a ressurreição de Cristo.
Lugares santos: Jerusalém, Belém, Nazaré, Roma.
Países em que é mais importante: Itália, Brasil, Polônia, México, Filipinas.
Judaísmo
Fundação: Oriente Médio, por Abraão, por volta do séc. 17 a.C.
Cerca de 13 milhões de adeptos.
Doutrina: o Torá, livro sagrado do judaísmo, contém a vontade de Deus expressa por meio
de preceitos (mitzvot) que os homens devem seguir. O Torá é formado por cinco livros, o
24
Cultura e Turismo – Livro do Professor
3. Atividades e Respostas
a) Em grupos, realize entrevistas com pessoas de diferentes religiões, profissões e idades,
perguntando o que cada uma delas entende por sagrado e profano, solicite que dêem
exemplos. Apresente os resultados em sala de aula para que as respostas sejam
debatidas.
Resposta: Estimule a compreensão a respeito da relatividade desses conceitos, fazendo os
alunos compreenderem que não há o certo ou errado absoluto.
b) Cada grupo deve realizar uma pesquisa sobre uma religião: sua história, símbolos,
cultos, livro sagrado, dogmas; o que cada religião prega a respeito de questões como o
casamento, sexualidade, maneiras de vestir, proibições, dias sagrados, alimentação, etc.
Monte uma exposição. Sugestão: realize entrevista com um seguidor da religião e
apresente-a ao grupo de alunos para uma conversa.
Resposta: Cultive o respeito às diferenças para que não haja constrangimento frente aos
entrevistados.
c) Faça uma pesquisa sobre as festas religiosas e profanas do município e monte um
calendário turístico para divulgá-las.
Resposta: Pesquisa livre.
25
Cultura e Turismo – Livro do Professor
TEMA 6
RELIGIÃO, ARTE E TURISMO
1. Contexto
Algumas religiões têm seus seguidores concentrados em determinadas cidades, às vezes
em determinados países. Tanto no Brasil como em outros países, alguns grupos se
concentram em bairros, como no caso dos Judeus, no bairro do Bom Retiro, em São Paulo.
A religião, como fenômeno social, apresenta em cada uma de suas manifestações uma
forma diferente de se relacionar com a arte, portanto, as representações e imagens variam
muito de uma religião para outra.
Durante a Idade Média, na Europa, o Cristianismo era a religião predominante. Por isso,
igrejas imponentes eram construídas e decoradas com vitrais que contavam histórias
bíblicas. Já o Islamismo e o Judaísmo não admitem imagens para representar seus deuses.
Por isso é que seus templos são decorados com motivos geométricos.
É famosíssima a história da Capela Sistina, no Vaticano, que tem o teto pintado por
Michelangelo. Essa capela é um patrimônio artístico a ser conservado e protegido, para que
a obra de arte possa ser apreciada por todos, independente da fé de cada um.
Michelangelo Buonarroti nasceu em Caprese, Itália, em 1475 e faleceu em Roma, em 1564. Foi um
dos mais importantes artistas do Renascimento, escola artística que sucedeu a arte medieval. Com o
Renascimento o homem começou a perceber sua importância e sua atuação no mundo, as figuras
tornaram-se mais vivas, o espaço tornou-se mais real e a história do cristianismo começou a ser
contada do ponto de vista humano. Michelangelo era um homem moderno de espírito racionalista e
mentalidade científica. Sua pintura caracteriza-se pela aplicação de leis matemáticas e princípios
geométricos na composição e pelo realismo visual obtido pela perspectiva científica.
26
Cultura e Turismo – Livro do Professor
2. Coletânea
[...] É tempo de romaria em Juazeiro do Norte, estado do Ceará. A cidade, situada 380
quilômetros ao sul de Fortaleza, próxima à fronteira de Pernambuco, virou o mais importante centro
de peregrinação do Nordeste brasileiro graças ao enérgico e carismático Padre Cícero, que chegou
aqui aos 28 anos de idade em 1872. Juazeiro, nesta época era um lugarejo inóspito do sertão,
violento e castigado pela seca. Padre Cícero conquistou a população local com seus sermões,
angariou inimigos figadais – que o acusavam de manipular a boa fé dos humildes, conseguiu
destituir um governador, eleger-se em 1926 deputado federal aos 80 anos e comandar a política da
região durante toda a sua vida.
Sob o sol escaldante de quase 40 graus, realidade e ficção confundem-se na cidade sagrada do
“meu Padrinho”. A impressão é de que se misturam na mesma história os profetas sertanejos
alucinados de Gláuber Rocha, as “Vidas Severinas” marcadas pela miséria, do poeta João Cabral de
Melo Neto e as beatas loucas de Raquel de Queiróz, que vivendo por Deus, morriam para o mundo.
Os romeiros vêm das brenhas dos sertões nordestinos. Para chegarem à cidade, viajam de três a
quatro dias amontoados em carrocerias de caminhões, os “paus-de-arara”. Quase não têm dinheiro
para as necessidades básicas, mas sempre resta um pouquinho para dar de esmola.
O roteiro de penitência inclui longas caminhadas com pedras na cabeça, pesadas cruzes nas
costas ou o que mais a imaginação e a fé permitirem. O romeiro percorre a pé os cinco quilômetros
que separam o túmulo do Padre Cícero, na Igreja do Socorro, do alto da serra onde fica o Horto,
local da casa e estátua do Padrinho. “Ela só perde em tamanho para o Cristo Redentor, no Rio de
Janeiro e para a Estátua da Liberdade, nos Estados Unidos”, explica o garoto, que se oferece para
cantar um bendito contando a história do Padre, em troca de algum dinheiro.
No caminho do Horto está a pedra onde Nossa Senhora ajoelhou-se para rezar, acompanhada de
Jesus ainda bebê. Quem duvidar pode ir até lá e ver a marca do joelho santo na pedra. O romeiro
acredita e, ao passar ali, também encosta seu joelho na marca e diz as palavras sagradas, orientado
por um filho de Deus: “Tô na luz, tô na cruz, tô na sombra de Jesus”. O auxílio no cântico costuma
render uma pequena esmola e um dia abençoado pode deixar até seis mil cruzeiros ao guia. [...].
Verônica Guedes
Extraído da Revista Horizonte Geográfico
Ano 4, nº. 17, agosto/1991, p.18.
27
Cultura e Turismo – Livro do Professor
3. Atividades e Respostas
a) Pesquise fotos de obras de arte ou representações artísticas relacionadas a três
diferentes religiões e monte um painel em sala de aula.
Resposta: Pesquisa livre.
b) Pesquise qual é a religião predominante em sua cidade e quais são os eventos a ela
relacionados. Faça uma redação contando os detalhes e ilustre com desenhos.
Resposta: Pesquisa livre.
c) Em grupos, escolha uma Igreja ou Templo religioso próximo a sua escola ou residência
e realize uma pesquisa, entrevistando pessoas do bairro e comerciantes para saber que
mudanças ocorrem no local quando há culto: no trânsito, no volume de vendas do
comércio, sujeira nas ruas, volume de pessoas no transporte coletivo, etc. Apresente os
resultados à sala.
Resposta: Não há necessidade de ser cidade-santuário para que uma igreja ou templo modifique
a rotina da vizinhança. Estimule os alunos a observarem o comércio local, pois é comum haver
lojas especializadas em artigos religiosos ou relacionados às práticas religiosas. Nos dias de
culto, o fluxo de pessoas aumenta e sempre há uma modificação no trânsito local, dentre outras.
TEMA 7
PATRIMÔNIO CULTURAL: MATERIAL E IMATERIAL
1. Contexto
A Constituição Brasileira de 1988, ao dispor sobre a Cultura, define em seu artigo 216 o
patrimônio cultural brasileiro composto por bens de natureza material e imaterial:
Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial,
tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à
memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem:
I - as formas de expressão;
II - os modos de criar, fazer e viver;
III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas;
IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações
artístico-culturais;
V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico,
paleontológico, ecológico e científico.
§ 1º. O Poder Público, com a colaboração da comunidade, promoverá e protegerá o patrimônio
cultural brasileiro, por meio de inventários, registros, vigilância, tombamento e
desapropriação, e de outras formas de acautelamento e preservação.
§ 2º. Cabem à administração pública, na forma da lei, a gestão da documentação
governamental e as providências para franquear sua consulta a quantos dela necessitem.
§ 3º. A lei estabelecerá incentivos para a produção e o conhecimento de bens e valores
culturais.
§ 4º. Os danos e ameaças ao patrimônio cultural serão punidos, na forma da lei.
§ 5º. Ficam tombados todos os documentos e os sítios detentores de reminiscências históricas
dos antigos quilombos.
28
Cultura e Turismo – Livro do Professor
A proteção dos bens culturais materiais é assegurada por lei desde o Decreto-lei nº. 25, de
30 de novembro de 1937:
Art. 4 - O Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional possuirá quatro livros do Tombo,
nos quais serão inscritas as obras a que se refere o art. 1 desta lei, a saber:
1) no Livro do Tombo Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico, as coisas pertencentes às
categorias de arte arqueológicas, etnográfica, ameríndia e popular, e bem assim as
mencionadas no § 2º do citado art. 1º;
2) no Livro do Tombo Histórico, as coisas de interesse histórico e as obras de arte histórica;
3) no Livro do Tombo das Belas Artes, as coisas de arte erudita, nacional ou estrangeira;
4) no Livro do Tombo das Artes Aplicadas, as obras que se incluírem na categoria das artes
aplicadas, nacionais ou estrangeiras.
§ 1º Cada um dos Livros do Tombo poderá ter vários volumes.
§ 2º Os bens, que se incluem nas categorias enumeradas nas alíneas 1ª, 2ª, 3ª e 4ª, do
presente artigo, serão definidos e especificados no regulamento que for expedido para
execução da presente lei.
Além do poder público federal, também os Estados e Municípios têm legislações específicas
para tombar, proteger e promover seu patrimônio material. A UNESCO, órgão das Nações
Unidas para a Cultura, contribui para a proteção de lugares especiais no mundo todo,
dando-lhes o título de Patrimônio Cultural da Humanidade. No Brasil temos 17 tesouros do
patrimônio mundial:
2. Atividades Respostas
a) Pesquise fotos desses tesouros brasileiros do patrimônio mundial.
Resposta livre
b) Pesquise outros itens, talvez em sua cidade, que você incluiria na lista da UNESCO.
Faça uma redação explicando o porquê.
Resposta livre
c) Pesquise se em sua cidade existe algum bem tomado pelo governo municipal, estadual
ou federal, e vá visitá-lo com um grupo de colegas. Depois escreva como foi a
experiência e relate para a classe.
Resposta livre
29
Cultura e Turismo – Livro do Professor
30
Cultura e Turismo – Livro do Professor
3. Atividades
1) Procure descobrir em que Livro cada um dos bens imateriais citados foi registrado.
2) Na sua cidade existe algum bem de natureza imaterial que poderia ser candidato a
registro? Justifique.
4. Atividades
a) Visite um ou mais lugares na sua cidade onde peças de artesanato são expostas e
vendidas. Observe os produtos e converse com os artesãos. Seus produtos têm um selo
de origem? Eles têm uma cooperativa? Encontram dificuldades para vender seus
produtos?
b) Visite o mercado municipal ou outro espaço que venda produtos locais em sua cidade.
Elabore um relatório informando se ele é limpo e agradável, o que poderia ser feito para
31
Cultura e Turismo – Livro do Professor
TEMA 8
CULTURA E TURISMO
1. Contexto
De modo geral, pode-se dizer que a cultura permeia todos os segmentos de turismo, uma
vez que o turista é atraído pelo diferente, pelo novo, pelo característico, desde que lhe
sejam garantidos conforto e segurança. Já se disse mesmo que o turismo é um transe
cultural. Qualquer que seja o motivo da viagem haverá sempre um elemento cultural a ser
consumido dentre toda a produção associada ao turismo: a gastronomia, a arte, o
artesanato ou outros produtos locais, as paisagens naturais e culturais do receptivo, suas
festas e celebrações, a música ao vivo nos bares, e a cultura viva presente nas ruas.
Como vimos e ainda veremos nos próximos módulos, nosso país possui, além de recursos
naturais exuberantes, um enorme acervo de bens culturais materiais e imateriais, alguns já
famosos, outros pouco conhecidos. Os municípios brasileiros elegeram recentemente o
turismo cultural e o ecoturismo como os dois segmentos mais importantes para serem
desenvolvidos e promovidos em suas localidades.
No entanto, para construir um produto turístico atraente e sustentável, tais recursos devem
ser devidamente conservados e preparados para serem apresentados ao público. A
criatividade e o profissionalismo são fundamentais para a diversificação de nosso produto
turístico e para a geração de novos empregos.
Segundo definição do Ministério do Turismo em parceria com o Ministério da Cultura e
IPHAN, “O turismo cultural compreende as atividades turísticas relacionadas à
vivência do conjunto de elementos significativos do patrimônio histórico e cultural e
dos eventos culturais, valorizando e promovendo os bens materiais e imateriais da
cultura”.
Por isso, este segmento de turismo só pode se viabilizar com a efetiva participação da área
cultural, e com o estabelecimento de uma rede de parcerias entre os diversos agentes
culturais e os órgãos de turismo e meio ambiente. Para vivenciar a cultura e o patrimônio de
um lugar, o turista precisa encontrar lugares bem preservados, conservados e valorizados
pela comunidade que o recebe, aí incluídos todos aqueles envolvidos, direta e
indiretamente, com os serviços e produtos turísticos.
32
Cultura e Turismo – Livro do Professor
2. Atividades
a) Quando você viaja, que tipo de atrativo cultural você gosta de ver?
b) Em grupos, discuta com seus colegas que tipos de atrações culturais existem em sua
cidade. Considere se estão bem conservadas e apresentadas. Depois use o mapa para
mostrar para a classe.
Nós precisamos ter orgulho da nossa civilização, do nosso legado cultural. Oferecer
simplesmente o atrativo natureza, não é suficiente. Cada vez mais, teremos de nos
organizarmos para oferecer aos nossos turistas experiências autênticas, como contatos
diretos com os modos de vida e a identidade de nossos diferentes grupos étnicos”,
aproximando e fortalecendo a interação de culturas diferentes. Uma forma de promover a
valorização dos bens materiais e imateriais de nossa cultura”, tanto para brasileiros como
para estrangeiros, é organizar visitas guiadas a igrejas, museus e outros sítios históricos,
facilitando a apreciação das várias manifestações de nossa cultura imaterial, como festas
populares, danças tradicionais, gastronomia regional e artesanato.
Para esse assunto ver também os livros: Aprendiz de Lazer e Turismo e Passaporte para o
Mundo, integrantes do material didático do projeto “Caminhos do Futuro”.
Está clara a importância da atividade turística, mas sabemos que nem sempre, e apesar
destas recomendações, o turismo acontece de forma positiva. Vamos verificar um caso em
que a atividade turística é polêmica:
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Cultura e Turismo – Livro do Professor
amava viver”, disse Jim Howard, colega de quarto de Tassio. “Ele era um grande cara que tinha um
futuro brilhante pela frente”. Depois deste acidente fatal, 18.000 espectadores da tourada
observaram um momento de silêncio em homenagem a Tassio. Uma banda tocou um tradicional
hino Basco para os soldados tombados. E a tourada continuou.
3. Atividades e Respostas
a) Relembre o que você aprendeu sobre Cultura e analise o caso relatado. Discuta com
seus colegas e reflita sobre os impactos das atividades turísticas na situação descrita.
Resposta: Oriente os alunos nas discussões sobre os impactos das atividades turísticas na
situação descrita, relacionando com os aspectos culturais estudados durante o curso.
4. Atividades Complementares
a) Estudo de Caso 1: O Código do Turista do Himalaia
A popularidade do Himalaia como destino turístico tem crescido vigorosamente nos últimos anos,
trazendo dezenas de milhares de turistas, todos os anos, para uma região que não passava de uma
remota e isolada parte da Ásia. Este fluxo de visitantes ameaça causar um forte impacto no ambiente
natural, assim como sobre a população local dos países situados na cordilheira do Himalaia.
Annapurna, o destino mais conhecido das caminhadas no Nepal, tem se mostrado particularmente
vulnerável aos impactos causados pelo turismo. Este fato é visível pelas extensas clareiras na
floresta todos os anos para fornecimento de combustível (madeira para lenha) e acomodação dos
turistas. O desmatamento está gerando erosão e enxurradas. Os 40.000 habitantes locais em
Annapurna têm explorado por séculos os recursos naturais da região de acordo com seus modos de
vida e têm preservado suas práticas culturais características, que são únicas na região.
No esforço de minimizar os impactos negativos no Himalaia, um código voluntário de conduta foi
lançado, em 1991, por um organismo Britânico, o “Tourism Concern”, em consonância com o Projeto
de Conservação da Região de Annapurna.
Os objetivos dessa organização são:
• Promover a compreensão dos impactos causados pelo turismo nas comunidades locais e no
ambiente;
• Divulgar o conhecimento das formas de turismo que respeitam os direitos e interesses das
pessoas que moram nos locais onde os turistas se destinam, promovendo um turismo justo,
sustentado e participativo;
• Trabalhar pelas mudanças nas práticas correntes do turismo;
• Preparar os turistas e viajantes para viajarem com uma visão crítica e consciente.
O Código do Turista do Himalaia sugere uma série de 12 passos práticos que podem ser seguidos
pelos visitantes para diminuir o impacto causado pelo turismo no ambiente e nas populações locais.
Dez mil cópias do código foram impressas e distribuídas a todos os operadores de turismo britânicos
que levam turistas ao Himalaia. Cópias foram também enviadas aos maiores vendedores de
passagens, como Campus, STA e Trailfinders, para alcançar tanto os viajantes independentes,
quanto os grupos.
O “Tourism Concern” tem também encorajado os operadores de turismo a incluírem o Código nos
folhetos e brochuras, e requisitado aos editores dos guias de turismo do Himalaia que o publiquem
em suas edições.
In: DAVIDSON, R. Tourism. 2ª ed. London: Pitman Publishing, 1993. p.171
Tradução: Antonio Carlos B. Carneiro.
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ganhando, se bem que em graus variados. Esse relacionamento com turistas é algo inteiramente
novo.
Segundo: o conceito tradicional de relações entre pessoas, o código da hospitalidade é sagrado.
“Beber da mesma água e comer do mesmo sal” cria um vínculo místico, e a hospitalidade é uma
comunhão que cria laços duradouros. Mas os turistas são hóspedes de categoria diferente. Os
turistas que nos visitam não são mais aqueles raros passantes mandados pela providência. Eles nos
são mandados aos magotes por agências de viagem; a quantidade diluindo a qualidade. Um
relacionamento íntimo entre hóspede e hospedeiros não é mais possível. Ambos sabem por
experiência que o relacionamento não vai além da semana ou dos 10 dias do programa. (...).
O mesmo se pode dizer também do desenvolvimento das relações econômicas. A produção
econômica tradicional girava em torno da família, e a maior parte do trabalho eram serviços para os
quais não havia retribuição pecuniária. A extensão do sistema de salários a tantos níveis da
economia doméstica transformou em mercadoria certos serviços que eram tradicionalmente
prestados com base na reciprocidade. (...).
Mas sempre havia um setor em que o dinheiro pouco entrava - o de recreação. As atividades de
lazer eram gratuitas em todos os sentidos da palavra. Era inconcebível, por exemplo, pagar para ver
gente dançando (e menos ainda pagar para dançar), pagar para andar de camelo ou para tomar
banho de mar. Agora tudo isso é pago e rende muito dinheiro. É evidente que o turismo não criou do
nada esta atividade voltada para o faturamento; ele apenas aproveitou e intensificou um
desdobramento natural. (...).
Há outra coisa ainda mais importante. Com o desenvolvimento do turismo, os hábitos fundamentais
da sociedade de consumo estão se infiltrando em nosso país. Os turistas são ocidentais em férias
que vêm aqui por uma semana de descontração e para fugir das pressões e problemas acumulados
durante um ano de trabalho em seus países. O turista é um trabalhador em fuga. Depois de um ano
inteiro de trabalho ele está se permitindo uma mudança de ambiente, de ritmo, de regime e de estilo
de vida. Pode-se dizer que o turismo introduz o comportamento de uma sociedade de desperdício
em uma sociedade habituada com a frugalidade. Aqui o choque entre sociedades ricas e pobres
deixou de ser um escândalo teórico baseado em deduções acadêmicas; é uma realidade palpável. O
mais insignificante objeto levado por um turista representa uma fortuna ou um sonho para muitos
tunisianos que entram em contato com ele ou que vão servi-lo, seja qual for esse objeto - uma bola
de praia, uma toalha, um batom ou um par de óculos de sol. Há algo de diabólico nessa constante
tentação e nesse convite para provar os frutos extravagantes e ainda proibidos da sociedade de
consumo. A tentação de imitar o turista é muito forte.
Estudando o problema da delinqüência juvenil, fomos obrigados a reconhecer que o turismo, com
suas tentações permanentes, é fator importante das transgressões cometidas por menores.
Descobrimos que a delinqüência juvenil não decorre da vontade de satisfazer necessidades
primárias e imediatas, mas de necessidades secundárias criadas pela invasão de uma mentalidade
diferente, de novos padrões de comportamento, de novas concepções de vida.
(...) Assim, a educação do público, e especialmente daqueles setores que entram em contato direto
com nossos visitantes precisa incluir a absorção dos mais altos padrões de receptividade, cortesia e
prestação de assistência, mas também de firmeza, dignidade e orgulho nacional. Assim gostaríamos
que o turismo fosse cada vez mais um encontro e cada vez menos um mero passeio. Um encontro é
uma transação que resulta em descoberta. (...).
Infelizmente, as coisas nem sempre acontecem assim. O turista nem sempre corresponde às nossas
expectativas, e isso por uma razão muito simples e decorrente das motivações que o animam: O
turista vem principalmente para ver o país, e não para ver o povo. O turista é o que passa sem ver. E
no fundo o que ele quer mesmo é ver os seus preconceitos confirmados e gozar os confortos a que
está acostumado, inclusive o das falsas idéias que faz do país que está visitando.
Abdelwahab Bouhdiba, in: O Correio
Responda:
a) Localize as duas regiões mencionadas no mapa-múndi. Dê suas principais
características geográficas, econômicas e sociais.
b) Com base no Código do Turista do Himalaia:
- Identifique os impactos das atividades turísticas sobre a cultura e o ambiente local, que
podem ser deduzidos da leitura do texto.
- Compare os itens sobre a restrição ao desmatamento e sobre o recolhimento de lixo. Veja se
há alguma contradição. Se houver, o que você poderia propor que fosse feito para eliminá-la?
c) Leia e compare os textos O Código do Turista do Himalaia e o Turismo de Massa e
Tradições Culturais e identifique as semelhanças e diferenças encontradas.
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Cultura e Turismo – Livro do Professor
TEMA 9
INTERPRETAÇÃO, PATRIMÔNIO E TURISMO
1. Contexto
Para o turismo cultural se desenvolver, é preciso que os moradores, empresários e gestores
públicos conheçam, apreciem, protejam e promovam o seu patrimônio. Não podemos
esquecer que o que dá vida, cor e sabor local à experiência de qualquer visita são as
pessoas que aí moram, trabalham e se divertem. Se a população, os hoteleiros, taxistas,
comerciantes e vendedores, não conhecerem e gostarem de seus ambientes especiais e de
suas manifestações culturais, não saberão como se comunicar e o que indicar aos
visitantes.
Mais ainda, se uma comunidade não conhece a si mesma, terá pouca chance de se
beneficiar dos frutos do turismo ou de enriquecer a experiência do visitante. É por isso que
se diz que um lugar só é bom para o turista se for bom para o morador.
Entre os instrumentos mais utilizados para ajudar a comunidade a se comunicar com o
turista a fim de viabilizar bens culturais locais como motor do desenvolvimento turístico,
destaca-se a interpretação do patrimônio.
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Cultura e Turismo – Livro do Professor
caminhadas pelos centros urbanos e suas áreas verdes que, com a ampla participação de
professores, estudantes, comerciantes e moradores, recuperaram e valorizaram áreas
históricas, comerciais e de lazer para desfrute da população e dos crescentes números de
visitantes. Na Inglaterra, depois que a preservação e a interpretação do patrimônio
ambiental urbano passaram a sensibilizar e a engajar grandes segmentos de sua
população, o patrimônio cultural desenvolveu-se como principal recurso da indústria turística
daquele país.
Quando bem feita, ao vivo, a interpretação pode resultar numa experiência inesquecível
para o morador ou turista:
• um passeio com guias qualificados e criativos,
• uma roda de samba, de capoeira, de desafio,
• um sarau de época em casas ou fazendas históricas,
• uma roda de contadores de histórias com sabor local,
• um circuito ateliê de artistas e artesãos, para o “ver fazendo”,
• uma feira ou mercado popular bem apresentado e cheio de vida, com bares e a compra e
venda da produção local e regional,
• as festas populares onde os próprios festeiros interpretam o sentido da celebração com
músicas, ritos, danças e vestimentas variadas.
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Cultura e Turismo – Livro do Professor
2. Atividades
a) Em grupo, escolha algum lugar ou expressão cultural de sua cidade que você goste e
que poderia virar uma atração turística. Pense no turista que você poderia atrair: idade,
preferências, disposição e necessidades especiais. O que é necessário para preparar,
interpretar e promover a nova atração? Quais seriam os parceiros necessários?
b) A tarefa da sala é preparar um roteiro temático pela cidade ou por uma área dela. Cada
grupo cuida de uma parte do planejamento: quais seriam as principais atrações a serem
visitadas? Fazer a visita e verificar o estado de conservação, os horários de visita, se
paga ou não para entrar, se há um folheto informativo, se estão bem sinalizadas, se o
acesso é fácil para portadores de necessidades especiais. O trajeto dá para ser feito a
pé? Planeje os pontos de descanso: ir ao banheiro, sentar, comer e beber. Varie as
atrações, escolha a melhor rota, de preferência passando também por praças e áreas
verdes sombreadas. Onde seus turistas poderão comprar coisas típicas locais: uma
associação de artesãos, um mercado tradicional, um centro de referências culturais? E
no final do roteiro, onde eles poderão experimentar uma boa comida típica, ouvir música
e sentir o clima local? Vai ser necessário transporte para vir e voltar do hotel ou será
possível fazer tudo a pé? Lembre-se de que quando viajamos buscamos o novo, o
diferente, o inusitado: gostamos de nos surpreender, mas queremos conforto!
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Cultura e Turismo – Livro do Professor
Referências
FREIRE, Doía e PEREIRA, Lígia. História Oral, Memória e Turismo Cultural. In: MURTA, Stela e
ALBANO, Celina (Org.). Interpretar o patrimônio: um exercício do olhar. Belo Horizonte: UFMG, 2002,
2005.
GOLDNER, C. R. et alli. Turismo, princípios, práticas e filosofias. 8ª. ed. Porto Alegre: Bookman,
2002, p. 196.
MURTA, Stela e GOODEY, Brian. A interpretação do patrimônio para o turismo sustentável: um guia.
Belo Horizonte: Sebrae/MG, 1995.
MURTA, Stela e GOODEY, Brian. Interpretação do patrimônio para visitantes: um quadro conceitual.
In MURTA, Stela e Albano, Celina (Org.). Interpretar o patrimônio: um exercício do olhar. Belo
Horizonte: UFMG, 2002, 2005.
PINHO, Maria Sonia Madureira. Produtos Artesanais e Mercado Turístico. In: MURTA, Stela e
ALBANO, Celina (Org.). Interpretar o patrimônio: um exercício do olhar. Belo Horizonte: UFMG, 2002,
2005.
Bibliografia de Apoio
FUNARI, Pedro Paulo e PINSKY, Jaime (Orgs.). Turismo e patrimônio cultural. 3ª ed. São Paulo:
Contexto, 2003.
PIRES, Mário Jorge. Lazer e turismo cultural. São Paulo: Manole, 2001.
PIRES, Mário Jorge. Raízes do turismo no Brasil: hóspedes, hospedeiros e viajantes no século XIX.
2ª ed. São Paulo: Manole, 2001.
www.boletin-turistico.com.br
www.ciencia.sp.gov.br
www.iphan.gov.br
www.paratur.pa.gov.br
www.turismo.gov.br
www.unesco.org
www.museus.art.br
www.cidadeshistoricas.art.br
www.sesirs.org.br/sesilazer/principal/catedrais
www.brazilsite.com.br/historia/perso
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