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UNIVERSIDADE PAULISTA

APARECIDA GOMES GUEDES

TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL:

Tratamento da depressão em idosos

SÃO PAULO

2017
APARECIDA GOMES GUEDES

TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL:

Tratamento da depressão em idosos

Trabalho de conclusão de curso para


obtenção do título de especialista em
Terapia Cognitivo-Comportamental
Para Atuação em Múltiplas
Necessidades Terapêuticas
apresentado à Universidade Paulista -
UNIP.
Orientadores:
Profa. Ana Carolina S. de Oliveira
Prof. Hewdy L. Ribeiro

SÃO PAULO

2017
APARECIDA GOMES GUEDES

TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL:

Tratamento da depressão em idosos

Trabalho de conclusão de curso para


obtenção do título de especialista em
Terapia Cognitivo-Comportamental
Para Atuação em Múltiplas
Necessidades Terapêuticas
apresentado à Universidade Paulista -
UNIP.
Orientadores:
Profa. Ana Carolina S. de Oliveira
Prof. Hewdy L. Ribeiro

Aprovado em:

BANCA EXAMINADORA

_______________________/__/___

Prof. Hewdy Lobo Ribeiro

Universidade Paulista – UNIP

_______________________/__/___

Profa. Ana Carolina S. Oliveira

Universidade Paulista – UNIP


DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus pais Manoel e Vanderli: o orgulho que
sentem de mim é o maior incentivo que posso receber. Dedico ao meu esposo
Ivanildo que sempre apoia o meu crescimento acadêmico. E, a minha irmã
Julie para quem tento ser exemplo e quem me faz querer ser uma pessoa
melhor a cada dia.
EPÍGRAFE

“Você verá que é mesmo assim, que a história não tem


fim, continua sempre que você responde "sim" à sua
imaginação, à arte de sorrir cada vez que o mundo diz
"não"”.

(Guilherme Arantes / Jon Lucien)


RESUMO

O objetivo deste trabalho é apresentar a Terapia Cognitivo-Comportamental no


tratamento da depressão em idosos: diagnóstico, técnicas, resultados e
eficácia. Foram realizadas pesquisas bibliográficas na internet e estudo de
pesquisas realizadas publicadas em artigos, como também livros impressos. A
depressão é uma das patologias que mais causa incapacitação na atualidade,
levando a mais prejuízos na saúde do que muitas doenças crônicas. No idoso,
a depressão é causa de muita debilidade levando à perda da autonomia,
independência, como também a perdas cognitivas e motoras. O diagnóstico
errôneo ou tardio pode levar a um maior sofrimento psíquico e até à morte. A
Terapia Cognitivo-Comportamental é apontada em diversos estudos como
eficaz, sendo uma alternativa não química no tratamento da depressão e, não
produz efeitos colaterais como os causados por antidepressivos. O tratamento
é feito a partir de técnicas cognitivo-comportamentais como técnicas de
reestruturação cognitiva, de exposição, de resolução de problemas, de parada
do pensamento, de programação de atividades. O objetivo do tratamento da
depressão no idoso é diminuir o sofrimento psíquico, o risco de suicídio, os
sintomas gerais, além de proporcionar maior qualidade de vida.

Palavras- chave: Depressão; Idosos; Terapia Cognitivo-Comportamental


ABSTRACT

The objective of this study is to present the Cognitive-Behavioral Therapy in the


treatment of depression in the elderly: diagnosis, techniques, results and
efficacy. Bibliographic researches were carried out on the internet and studies
of published researches in articles, as well as printed books. Depression is one
of the pathologies that most causes disability today, leading to more damage to
health than many chronic diseases. In the elderly, depression is a cause of
much debility leading to loss of autonomy, independence, as well as cognitive
and motor losses. Misdiagnosis or late diagnosis can lead to increased psychic
suffering and even death. Cognitive-Behavioral Therapy is pointed out in
several studies as effective, being a non-chemical alternative in the treatment of
depression and does not produce side effects like those caused by
antidepressants. The treatment is made from cognitive-behavioral techniques
as techniques of cognitive restructuring, exposure, problem solving, thinking
stop, and activity programming. The goal of treating depression in the elderly is
to reduce psychic distress, suicide risk, general symptoms, and provide a better
quality of life.

Key-words: Depression; Elderly; Cognitive-Behavioral Therapy


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO........................................................................................... 8

2 OBJETIVOS .............................................................................................. 9

3 METODOLOGIA ........................................................................................ 9

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................. 9

4.1 Depressão................................................................................................. 9

4.2 Envelhecimento ....................................................................................... 12

4.3 Depressão no Idoso................................................................................. 14

4.4 Terapia Cognitivo-Comportamental ....................................................... 17

4.5 Depressão e Terapia Cognitivo-Comportamental ................................. 20

4.6 Diagnóstico da Depressão no Idoso e Tratamento com Terapia


Cognitivo-Comportamental .................................................................... 22

4.7 Técnicas Cognitivo-Comportamentais no Tratamento da Depressão 28

5 CONCLUSÕES.......................................................................................... 32

REFERÊNCIAS ......................................................................................... 34

ANEXOS .................................................................................................... 37

Anexo 01: Inventário Beck de Depressão .............................................. 37


8

1 INTRODUÇÃO

A depressão vem sendo popularmente chamada de “o mal do século” porque


sua incidência é alta e os dados estatísticos em relação ao seu crescimento são
preocupantes.

Altos também são os dados estatísticos do crescimento no número de idosos


no mundo inteiro. O Brasil é chamado na mídia de “país jovem com cabelos brancos”
em função do aumento significativo no número de idosos nos últimos anos.

O envelhecimento é um processo normal do ciclo vital e não é sinônimo de


adoecer, porém com o avanço da idade, perdas familiares, emocionais, físicas,
cognitivas, que fazem parte da história de vida do idoso, podem levar a doenças
clínicas, psicológicas e psiquiátricas, como a depressão.

Com o aumento da população idosa, aumentou também o número de idosos


com depressão o que mostra a necessidade do aprofundamento no estudo da
depressão em idosos, uma melhor forma de tratamento e, principalmente, que seja
um tratamento rápido, preciso e sem efeitos colaterais.

A Terapia Cognitivo-Comportamental é uma alternativa de tratamento com


eficácia comprovada em vários estudos, sem os efeitos colaterais da terapia
medicamentosa. Essa terapia tem o foco no problema e faz uso de técnicas diversas
de acordo com a queixa do paciente, mas também, levando em conta suas
peculiaridades.

O presente estudo tem como objetivo apresentar a Terapia Cognitivo-


Comportamental no tratamento da depressão em idosos: sua prática, resultados e
eficácia, a partir de estudos bibliográficos.
9

2 OBJETIVO

O objetivo deste trabalho é apresentar a Terapia Cognitivo-Comportamental


como tratamento da depressão em pessoas idosas: diagnóstico, técnicas, resultados
e eficácia.

3 METODOLOGIA

Para este estudo, foram realizadas pesquisas bibliográficas nas bases Lilacs,
Google Acadêmico, Scielo, com as palavras-chave: depressão, idoso e Terapia
Cognitivo-Comportamental. Foram selecionados para o estudo textos completos, em
português, que tratam do tema deste trabalho.

Foram utilizados também, livros impressos condizentes com o tema, buscas


no Google por opiniões e informação trazidas pela mídia a respeito da depressão e
do envelhecimento populacional, busca no site do Planalto Central por Estatuto do
Idoso.

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Depressão

A depressão vem sendo muito divulgada pela mídia e pelos meios científicos
como uma doença pós-moderna e como o “o mal do século”, porém sabe-se que a
depressão não é uma doença atual, embora seja uma doença de alta incidência e
que gera preocupação (GONÇALES; MACHADO, 2007).
10

Segundo Canale e Furlan (2006) existe uma descrição de um quadro


depressivo datada do século I a.C., dentro da conceituação atual de depressão. Os
autores acrescentam que a conceituação atual da doença depressão é o que já foi
chamado de doença melancolia. O termo depressão era usado para designar o
sintoma depressivo e, melancolia, a doença.

Para Grinberg (2006), a depressão pode ser entendida como um sintoma


existente em diversas doenças físicas ou psiquiátricas, como também, pode ser vista
como uma síndrome com alterações psicopatológicas psíquicas, fisiológicas e
comportamentais.

Canale e Furlan (2006) explicam que atualmente o termo depressão é


utilizado para designar um transtorno de humor, cujo principal sintoma é o humor
depressivo e/ou irritável na maior parte do dia.

Grinberg (2006), diz que no transtorno depressivo há a diminuição tanto no


âmbito do humor, como da psicomotricidade, está presente o sentimento de vazio ou
tristeza, pode haver também, irritabilidade aumentada, ansiedade, apatia, falta de
interesse pelas atividades diárias, redução na capacidade de sentir prazer,
retraimento social, sentimentos de baixa autoestima, pouca autoconfiança,
ruminação do passado, culpa, pessimismo, autorrecriminação, menos-valia e até
suicídio. Pode ocorrer ainda, pensamento lentificado, diminuição da concentração,
dificuldade de tomar decisões, diminuição da energia, cansaço, fadiga, insônia ou
hipersonia, retardo ou agitação, alterações do apetite, alteração do peso, diminuição
da libido.

Na classificação estatística internacional de doenças e problemas


relacionados à saúde (CID – 10) os transtornos depressivos, como também os
episódios depressivos, estão entre os transtornos do humor (afetivos). O CID – 10
apresenta três graus de depressão: leve, moderado e grave.

Para Dalgalarrondo (2008), depressão é um termo genérico, para significar a


tristeza patológica.

O Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais (DSM – 5) trata da


tristeza patológica como transtornos depressivos, onde o humor triste, vazio ou
11

irritável, juntamente com mudanças somáticas e cognitivas que abalam a


capacidade de funcionamento do paciente é a característica comum entre eles. E, o
que os diferencia é a duração, momento ou etiologia presumida. São os transtornos
depressivos: transtorno disruptivo da regulação do humor, transtorno depressivo
maior (incluindo episódio depressivo maior), transtorno depressivo persistente
(distimia), transtorno disfórico pré-menstrual, transtorno depressivo induzido por
substância/medicamento, transtorno depressivo devido a outra condição médica,
outro transtorno depressivo especificado e transtorno depressivo não especificado.

O transtorno depressivo maior no DSM – 5 representa a condição clássica


dos transtornos depressivos. O DSM-5 caracteriza o transtorno depressivo maior por
diferentes episódios que envolvem alterações de afeto, cognição e funções
neurovegetativas com remissões interepisódicas. Esses episódios duram pelo
menos duas semanas, embora na maioria dos casos dure um tempo
consideravelmente maior. Uma forma mais crônica de depressão, o transtorno
depressivo persistente (distimia), pode ser diagnosticado quando a perturbação do
humor continua por pelo menos dois anos em adultos e um ano em crianças.

Papalia et al. (2006) resume o transtorno depressivo maior como um


transtorno mental que dura pelo menos duas semanas, onde o paciente apresenta
profunda tristeza, perda do prazer e do interesse pela vida, podendo apresentar
também, alterações de peso, insônia, sentimentos de inutilidade ou de culpa
injustificada, perda de memória, incapacidade de se concentrar e pensamento de
morte ou suicídio.

Fleck et al. (2009) afirmam que a depressão é um transtorno incapacitante


equiparado ao número de incapacitação causado por doenças isquêmicas cardíacas
graves, sendo a quarta causa de incapacitação nos anos 90, com previsão de que
em 2020 será a segunda causa incapacitante nos países desenvolvidos e, primeira
em países em desenvolvimento. Segundo o autor, a depressão causa mais prejuízo
à saúde do que angina, artrite, asma e diabetes.

Canale e Furlan (2006) apontam que a sociedade não aceita a depressão


como uma patologia que necessita de tratamento especializado e isso, agrava os
casos existentes e pode levar a diagnósticos errados, feito por médicos não
12

capacitados, que se baseiam no sintoma, sendo este, muitas vezes, uma


somatização. Dessa forma, o paciente acaba não procurando ajuda especializada,
acreditando que sua doença se resume a aquele determinado sintoma.

Ainda de acordo com Canale e Furlan (2006), as autoridades de saúde


deveriam ter uma maior preocupação com a depressão, pelo fato desta ter uma
incidência alta e ser causa de tanta debilidade ao paciente. A depressão precisa ser
compreendida por todos como uma doença que, principalmente, pode ser tratada.

Os autores concordam que a depressão é um transtorno com alta incidência,


preocupante e que para um tratamento eficaz é imprescindível uma boa avaliação e
um diagnóstico rápido e preciso.

4.2 Envelhecimento

Segundo o Estatuto do Idoso o envelhecimento é um direito personalíssimo


tendo a proteção deste como um direito social. O Estatuto do Idoso considera como
idoso a pessoa com idade igual ou superior a 60 anos para termos de lei e de
direitos assegurados.

O envelhecimento faz parte do processo vital. Papalia et al. (2006) diferencia


o envelhecimento primário e o secundário. Sendo o envelhecimento primário um
processo de deterioração corporal que ocorre durante todo o ciclo de vida, portanto,
é inevitável. Já o envelhecimento secundário pode ser evitado porque é um
processo de envelhecimento resultante de doenças e de mau aproveitamento da
capacidade corporal. Fechine e Trompieri (2012) explicam também, o
envelhecimento terciário ou terminal, que é um período marcado por importantes
perdas físicas e cognitivas, sendo estas, tanto produto do efeito do envelhecimento,
como também, por patologias advindas da idade.

Fechine e Trompieri (2012) ressaltam que o processo de envelhecimento


pode ser mais rápido para alguns indivíduos do que para outros, porém atinge todos
13

os indivíduos e, é um processo dinâmico, gradual e inevitável, envolvendo fatores


biológicos, psíquicos e sociais.

Embora atualmente vários autores esclareçam que o envelhecimento faz


parte do ciclo vital, a velhice já foi considerada doença. Griffa e Moreno (2001) falam
do conceito de velhice destacando que para alguns autores, como Aristóteles e
Sêneca, a velhice foi considerada uma “enfermidade crônica”, uma doença natural e
incurável. A autora diferencia senescência de senilidade. Sendo a senescência o
envelhecimento normal e a senilidade, o envelhecimento patológico.

Para Stella et al. (2002), o envelhecimento normal não está associado a perda
das funções cognitivas, apesar de ocorrer lentificação nos processos mentais. Para
a autora existe a elevação no risco de se desenvolver certas doenças com o
aumentar da idade, mesmo defendendo que envelhecer não é sinônimo de adoecer.

Griffa e Moreno (2001) explicam que o conceito de velhice é visto de forma


diferente por diversas teorias. Algumas teorias genéticas acreditam que o ciclo vital e
geneticamente determinado da mesma forma como são determinadas
geneticamente as características físicas. Para outras teorias genéticas o
envelhecimento se dá pela morte das células por “erros” na formação de enzimas. Já
para a teoria da mutação somática o envelhecimento acontece por conta do acumulo
de células modificadas, que não funcionam corretamente. Griffa e Moreno (2001)
dizem que há outras teorias biológicas, não genéticas, que afirmam que o
envelhecimento se dá por causa do acúmulo de elementos tóxicos nas células, que
acabam comprometendo a função dos órgãos. Outras teorias dizem que a causa do
envelhecimento está na diminuição da capacidade homeostática, levando a
deterioração das funções orgânicas. Há ainda, as teorias imunológicas ou teoria da
autoimunidade que afirmam que o envelhecimento acontece como reações
imunopatológicas, onde os anticorpos não conseguem distinguir entre as proteínas
próprias e as estranhas, atacando de forma indiscriminada o próprio organismo,
causando assim, sua morte. Além de apresentar cada teoria, Griffa e Moreno (2001)
acreditam que é provável que cada uma delas seja válida, mostrando um aspecto
diferente do envelhecimento.
14

Fechine e Trompieri (2012) acreditam que o processo de envelhecimento não


depende somente da condição genética do individuo, mas principalmente dos
hábitos adotados ao longo da vida. Diz também, que nascer, crescer e envelhecer
são processos naturais e o modo como esses processos se desenvolvem depende
do histórico de vida, alem das capacidades genéticas individual.

Papalia et al. (2006) concordam que embora o envelhecimento primário seja


inevitável, a alimentação correta e atividade física podem evitar os efeitos do
envelhecimento secundário.

Griffa e Moreno (2001) informam que nos países desenvolvidos as pessoas


idosas têm grande autonomia em relação à família e a comunidade, como também
apresentam bom estado de saúde, contrastando com a vulnerabilidade com que vive
grande número de idosos por conta da pobreza, da desnutrição e de endemias em
países não desenvolvidos.

Para Veras (2009) o crescimento da população é um fenômeno mundial e,


informa que no Brasil esse crescimento está acontecendo de forma tão acelerada
que a previsão é de que em 2020, o Brasil seja o sexto país do mundo em número
de idosos, o que seria 30 milhões de pessoas idosas.

Veras (2009) chama o Brasil de “jovem país de cabelos brancos” e acrescenta


que a cada ano, a população brasileira ganha 650 mil novos idosos. O autor informa
que o número de idosos no Brasil passou de 3 milhões em 1960, para 7 milhões, em
1975, e 20 milhões em 2008, o equivalente a quase 700% em menos de 50 anos.

4.3 Depressão no Idoso

Para Grinberg (2006), não se pode declarar a depressão no idoso como


produto do envelhecimento “natural”. O autor acrescenta que a classificação da
depressão no idoso é semelhante a dos adultos mais jovens, embora as
características clínicas possam ser um pouco diferentes por causa da maior chance
de ocorrerem comorbidades orgânicas e também, em decorrência das pressões
15

psicológicas e adaptativas no idoso. Diz ainda que, em muitos casos, a depressão


no idoso está relacionada a diferentes comorbidades médicas.

Stella et al. (2002) acrescentam que a depressão no idoso costuma se


manifestar a partir de queixas físicas relacionadas à doenças clínicas,
particularmente àquelas que levam a sofrimentos prolongados, dependência física,
perda da autonomia hospitalização ou institucionalização. Da mesma forma, a
depressão leva ao agravamento das doenças clínicas e aumenta a mortalidade.

Ainda segundo Grinberg (2006), 40% dos pacientes idosos deprimidos não
são diagnosticados nos serviços primários de atendimento devido a vários fatores.
Um dos fatores está relacionado ao preconceito do diagnóstico psiquiátrico, com
crenças de que a depressão no idoso é "consequência natural" do envelhecimento,
luto, problemas financeiros ou doença física. Outro fator para a falta de diagnóstico
desses pacientes é as peculiaridades do quadro clínico da depressão no idoso. Há
ainda, o despreparo dos profissionais de saúde e a falta de estrutura no sistema
público de saúde. Para o autor, esses fatores torna difícil o reconhecimento dos
sintomas depressivos na população de idosos propensos a diferentes sintomas
físicos.

Stella et al. (2002) também concordam que a depressão, embora tenha


prevalência elevada, não tem sido diagnosticada adequadamente, nem tratada. A
autora acrescenta que os sintomas depressivos são, muitas vezes, confundidos com
os sintomas das doenças clínicas ou ainda entendido como produto do
envelhecimento normal.

Grinberg (2006) diz que a depressão do idoso pode ter tido início em uma
idade mais jovem, como também, pode iniciar somente após os 60 anos.

Segundo Stella et al. (2002) fatores neurobiológicos podem levar a depressão


de início tardio por elevarem a vulnerabilidade do idoso à depressão. Fatores
neurobiológicos como alterações hormonais, alteração de neurotransmissores,
alterações vasculares e degeneração no processamento e elaboração da vida
afetiva e emocional. A diminuição da serotonina e dos seus receptores são fatores
de vulnerabilidade à depressão no idoso.
16

Segundo Grinberg (2006), é comum idosos apresentarem uma quantidade de


sintomas depressivos insuficientes para concluir o diagnóstico de “transtorno
depressivo maior”, sendo então usando o termo “depressão subsindrômica”
(conhecida como depressão leve, “depressão subclínica” ou “depressão menor”).

Grinberg (2006) acrescenta que os idosos deprimidos normalmente não têm


os sintomas típicos do transtorno depressivo maior e, queixam-se mais de sintomas
somáticos e cognitivos que dos afetivos. Quando apresentam alterações
neuropsicológicas, estas envolvem lentificação do processamento de informação e
déficit de funções executivas.

Para Grinberg (2006) no diagnóstico de depressão no idoso deve ser


considerado se as patologias são primárias ou secundárias, as condições médicas
(como câncer, diabetes, infarto), outros quadros psiquiátricos (como transtornos de
personalidade, de ansiedade, esquizofrênicos), efeitos de drogas (como álcool,
maconha), efeitos colaterais de medicamentos ou tratamentos, situações de luto.

Grinberg (2006) afirma que mesmo já sendo possível um tratamento eficaz e


seguro com medicamentos e mesmo já dispondo de tratamento psicoterapêutico em
diferentes abordagens, a depressão no idoso tem sido pouco diagnosticada, o que
faz com que permaneça sem tratamento, o que resulta em incapacitação, prejuízo
funcional, risco de hospitalização, maior utilização de serviços médicos.

Grinberg (2006) considera a depressão no idoso um problema de saúde


pública, sendo de grande importância a identificação de grupos de riscos, a fim de
fazer um tratamento preventivo.

Stella et al. (2002) apontam que a depressão é responsável por um grau


elevado de sofrimento psíquico no idoso e, se não for tratada aumenta o risco de
mortalidade, principalmente em idosos hospitalizados com outras enfermidades.

Para Stella et al. (2002) as causas da depressão no idoso estão associadas a


fatores genéticos, história de vida envolvendo luto, abandono, doenças
incapacitantes, dentre outros eventos. A autora ressalta que a depressão no idoso
normalmente manifesta-se em um contexto de perda na qualidade de vida,
17

isolamento social e doenças clínicas graves. Estas constituem um risco em potencial


para o desenvolvimento da depressão no idoso.

Stella et al. (2002) dizem que nos idosos, além dos sintomas comuns da
depressão, costuma aparecer também queixas somáticas, hipocondria, baixa
autoestima, sentimentos de inutilidade, humor disfórico, tendência autodepreciativa,
alteração do sono e o apetite, ideação paranoide e pensamento de suicídio. Lembra
também, que em idosos deprimidos, o risco de suicídio é duas vezes maior do que
nos não deprimidos.

Segundo Stella et al. (2002) os transtornos depressivos em idosos é um fator


de risco para um possível desenvolvimento de processo demencial posterior.
Segundo a autora, 50% dos pacientes com depressão desenvolvem um quadro
demencial em cinco anos e, a comorbidade de depressão e demência colabora com
o comprometimento das capacidades funcionais.

4.4 Terapia Cognitivo-Comportamental

Beck e Alford (2000) contam que a Terapia Cognitiva tem suas origens em
1956, quando Aaron Beck tentava dar validação empírica a formulações
psicanalíticas de depressão. No entanto, obteve resultados que não condizia com o
modelo psicanalítico, o que incentivou a estudar mais a depressão. Passou então, a
explicar a depressão como um transtorno que apresenta uma profunda tendência
negativa. Da tentativa de modificação de distorções cognitivas negativas, no
tratamento da depressão, foram desenvolvidas as estratégias terapêuticas da
Terapia Cognitiva. A partir desses achados, o modelo foi aplicado a outros
transtornos, mas a teoria surgiu de tentativas de testar princípios psicanalíticos à
depressão.

Beck (2013) resume que:

A Terapia Cognitiva foi desenvolvida por Aaron T. Beck, na Universidade da


18

Pensilvânia no início da década de 60, como uma psicoterapia breve,


estruturada, orientada ao presente, para depressão, direcionada a resolver
problemas atuais e a modificar os pensamentos e os comportamentos
disfuncionais. (BECK, 2013, p. 17).

Desde então, a Terapia vem sendo adaptada para grupos e transtornos


psiquiátricos diversos, mudando o foco, a tecnologia utilizada, a duração do
tratamento, mas os pressupostos teóricos, não sofreram mudanças (BECK, 2013).

Beck (2013) diz que atualmente os termos “Terapia Cognitiva” e “Terapia


Cognitivo-Comportamental” são considerados por muitos autores como sinônimos e,
a própria autora passa a utilizar o termo “Terapia Cognitivo-Comportamental”.

Todas as variações da terapia Cognitivo-Comportamental que são derivadas


do modelo Beck, baseiam o tratamento em uma formulação cognitiva, ou seja, um
tratamento guiado pelas crenças e estratégias comportamentais que cada transtorno
específico apresenta. Além de levar em consideração as características de cada
transtorno, o tratamento é baseado também, em uma compreensão de cada
paciente, suas crenças específicas e padrões de comportamento (BECK, 2013)

Beck (2013) explica que o modelo cognitivo considera o pensamento


disfuncional aquele que influencia o humor e o comportamento e, que tal
pensamento distorcido está presente em todos os distúrbios psicológicos. Para se
conseguir uma melhora no estado emocional e no comportamento é preciso que se
consiga fazer uma a avaliação do pensamento de forma realista e adaptativa. Mas
para que a melhora seja duradoura é preciso ser feita a modificação das crenças
disfuncionais básicas, aquelas crenças que o paciente tem sobre si mesmo, seu
mundo e outras pessoas.

As crenças nucleares, segundo Knapp et al. (2007) são as ideias e conceitos


mais enraizados e fundamentais que o indivíduo tem acerca de si mesmo, das
pessoas e do mundo. Independente da situação, o individuo irá pensar de acordo
com suas crenças, elas são incondicionais. Os três agrupamentos de crenças
nucleares são: crenças nucleares de desamparo, de desamor e de desvalor. O
conjunto de crenças, forma estruturas chamadas esquemas que podem ser de
conteúdo cognitivo, afetivo, fisiológico, comportamental e motivacional.
19

Para Knapp et al. (2007) no modelo cognitivo a inter-relação entre cognição,


emoção e comportamento, está presente no funcionamento normal e no patológico
do ser humano. Assim, uma situação cotidiana pode levar a formas diferentes de
agir e sentir em diferentes pessoas, pois não é a situação em questão que gera as
emoções e os comportamentos, mas sim, o pensamento em relação à situação.
Dessa forma, emoções e comportamentos são influenciados pelo pensamento. E
distorções do pensamento, ou seja, distorções cognitivas estão presentes em muitos
transtornos. Essas distorções podem levar a conclusões equivocadas, mesmo
quando a capacidade de percepção está acurada.

A Terapia Cognitivo-Comportamental foi adaptada para pacientes de


diferentes níveis de educação, renda, cultura e todas as idades, desde a pré-escola
até idosos. Foi adaptada ainda, além de tratamento individual, para grupos, terapia
de casal e terapia familiar. Tem sido aplicada a cuidados primários, além de outras
especializações da saúde, escolas, programas vocacionais, prisões, entre outros
contextos. (BECK, 2013)

Na Terapia Cognitivo-Comportamental, o terapeuta sempre busca, de formas


diversas, levar o paciente a uma mudança cognitiva, ou seja, mudanças no
pensamento e no sistema de crenças, para assim, possibilitar a mudança emocional
e comportamental duradoura. (BECK, 2013)

Beck (2013) cita dez princípios básicos da Terapia Cognitivo-


Comportamental: a Terapia Cognitivo-Comportamental é embasada em uma
compreensão dos problemas do paciente que está sempre sendo repensada e
evoluindo, como também, se embasa em uma percepção específica de cada
paciente em termos cognitivo; precisa de uma aliança terapêutica consistente; exige
uma participação ativa e colaborativa; tem o foco no problema, mas é direcionada
aos objetivos; inicialmente, enfatiza o presente; é educativa, o propósito é ensinar o
paciente a ser seu próprio terapeuta, enfatizando a prevenção de recaída; objetiva
ter um tempo limitado; as sessões são estruturadas; instrui o paciente a identificar,
avaliar e responder aos seus pensamentos e crenças disfuncionais; faz uso de
técnicas diversificadas com o objetivo de mudar o pensamento, o humor e o
comportamento.
20

Para Beck (2013), os princípios básicos da Terapia Cognitivo-


Comportamental são aplicáveis em todos os pacientes, porém, a terapia varia muito,
conforme a peculiaridade de cada paciente. Pode variar, por exemplo, de acordo
com a proporção de suas dificuldades, com os objetivos do paciente, seu momento
de vida, seu nível intelectual, nível de desenvolvimento, seu gênero, origem cultural,
estabelecimento de vínculo terapêutico sólido, sua motivação para mudar, sua
experiência prévia com terapia, preferência de tratamento, etc.

Knapp et al. (2007) citam três proposições que diz serem elas fundamentais e
comuns às Terapias Cognitivo-Comportamentais. São elas: o comportamento é
influenciado pela atividade cognitiva; a atividade cognitiva pode ser monitorada e
também alterada; o comportamento desejado pode ser induzido a partir da mudança
cognitiva.

Beck (2013) afirma que vários estudos demonstram a eficácia da Terapia


Cognitivo-Comportamental em muitos transtornos psiquiátricos, problemas
psicológicos, problemas médicos com componentes psicológicos. Dentre os
transtornos psicológicos tratados com sucesso pela Terapia Cognitivo-
Comportamental, estão o transtorno depressivo maior e da depressão geriátrica.

4.5 Depressão e Terapia Cognitivo-Comportamental

Knapp et al. (2007) dizem que enquanto a psiquiatria biológica considera os


sintomas da depressão consequências de falhas no funcionamento dos
neurotransmissores cerebrais, o modelo cognitivo da depressão, destaca as
mudanças que ocorrem no pensamento do deprimido. A formulação cognitiva da
depressão não nega os fatores biológicos da depressão, mas entende a depressão
como decorrência de distorções cognitivas de conteúdo negativo. O conteúdo
negativo, segundo o autor, exerce o papel principal na manutenção do transtorno,
contudo, sozinho não causa depressão.

Conforme Knapp et al. (2007), pensamentos automáticos, crenças


subjacentes e crenças nucleares (esquemas) são os três níveis de cognição e, para
21

o modelo cognitivo da depressão, distorções nesses níveis, podem causar e manter


os sintomas cognitivos, motivacionais e vegetativos da depressão.

Beck et al. (1997) postulou três conceitos para explicar a depressão a partir
do modelo cognitivo. São eles: a tríade cognitiva, os esquemas e os erros cognitivos.
Na tríade cognitiva, os três componentes, são padrões cognitivos que causa
sofrimento psíquico ao paciente com depressão. O primeiro padrão é caracterizado
pela forma negativa em que o paciente depressivo ver a si mesmo, no segundo o
paciente vê de forma negativa o ambiente e, no terceiro, o futuro é que é visto de
forma negativa. Os esquemas são padrões cognitivos inalteráveis, que dão estrutura
e organizam as experiências do paciente, o acompanhando ao logo de sua vida. Os
esquemas determinam o modo como cada pessoa responde a situações específicas.
Os erros cognitivos se tratam de uma falha no processamento da informação, assim
a pessoa deprimida tem como verdadeiras as crenças alteradas pelo quadro
depressivo, mesmo havendo evidências contraditórias.

Beck et al. (1997) cita seis formas de erros cognitivos: a interferência


arbitrária, que é quando o paciente chega a uma conclusão sem provas que a
sustente, ou mesmo, com provas contrárias a ela; a abstração seletiva, quando o
paciente escolhe um detalhe retirado do contexto e focaliza suas ações baseados
somente neste detalhe, ignorando o todo; a hipergeneralização, quando o paciente
chega a uma conclusão baseada em um incidente e a generaliza para vários
contextos, mesmo quando a nova situação não está relacionada com o ocorrido; o
exagero e a minimização, quando o paciente dá uma importância muito maior do que
a devida a um acontecimento, ou minimiza a importância de acontecimentos muito
importantes; a personificação, quando o paciente relaciona ocorrências externas a
sua própria responsabilidade quando não existe evidências de tal relação; o
pensamento absolutista, dicotômico, quando o paciente tende a caracterizar as
situações nos seus extremos, assim, ou se é bom, ou se é ruim, ou se tem tudo, ou
não se tem nada. Em relação a si mesmo o paciente se coloca na categoria
negativa.

Shinohara (2001) informa que as oscilações emocionais na depressão são


causadas por pensamentos negativos que, quase sempre contêm distorções. O
paciente poderá compreender que esses pensamentos distorcidos, são irracionais
22

ou “errados” apesar de parecerem válidos e, poderá entender que eles são a causa
de seu sofrimento. Ou seja, a depressão é produzida por deslizes mentais e
baseadas em percepções distorcidas da realidade.

Segundo Shinohara (2001) a depressão não é uma desordem emocional,


como foi vista ao longo da história da psiquiatria, mas sim, o resultado de distorções
de pensamento negativistas, que levam a atitudes pessimistas e ilógicas. Estas
atitudes são as principais mantenedoras dos sintomas e maiores responsáveis pelo
desenvolvimento deste.

4.6 Diagnóstico da Depressão no Idoso e Tratamento com Terapia Cognitivo-


Comportamental

Shinohara (2001), diz que a eficácia de uma intervenção depende de uma


avaliação adequada do problema, dos fatores do desenvolvimento e manutenção.
As técnicas adotadas e os recursos de diagnósticos serão escolhidas conforme os
aspectos enfatizados pelo modelo adotado. Segundo a autora, existem vários
métodos de avaliação e, os propósitos da avaliação da depressão incluem: a
intensidade, o risco de suicídio, identificação de deficiências e excessos
comportamentais, formulação de hipóteses do que mantém a depressão, a descrição
de um plano de intervenção incluindo metas e procedimentos adequados para
alcançá-las.

Beck et al. (1997) salienta que é preciso realizar uma avaliação diagnóstica
completa do paciente e o terapeuta precisa ter uma base consistente de
conhecimento e experiência para reconhecer as muitas “faces” da depressão,
ficando alerta a “depressão sorridente”, doenças orgânicas confundidas com
depressão e depressão confundida com doenças orgânicas. Essas informações
podem ser obtidas por meio de uma anamnese apropriada.

O Inventário Beck de Depressão (ANEXO 01) foi criado com o objetivo de


reduzir o tempo de avaliação clínica. É composto por um questionário que fornece
dados importantes em relação ao pensamento negativo do paciente depressivo,
23

sendo uma ferramenta que não só promove uma rápida avaliação da gravidade da
depressão, como também aponta sintomas que precisam de intervenção imediata,
como o suicídio (BECK, et al., 1997).

Shinohara (2001) sugere, além do Inventário Beck (ANEXO 01), para


avaliação da depressão a monitoração do humor feita através da avaliação diária do
humor numa escala entre humor normal e extrema depressão, a fim de identificar
eventos ambientais que porventura estejam relacionados com variações de humor.
Sugere também, o autorrelato para identificar pensamentos negativos que podem
estar associados a depressão, a partir de anotações diárias. A observação feita por
familiares podem ser utilizadas para verificar o autorrelato do paciente.

Stella et al. (2002) informam que para o diagnóstico da depressão no idoso é


necessário uma anamnese detalhada, como também, exame psiquiátrico minucioso,
exame clínico geral, avaliação neurológica, identificação de efeitos adversos de
medicamentos que podem causar sintomas depressivos, exames laboratoriais e de
neuroimagem. Para a autora esses procedimentos são de suma importância para o
diagnóstico, intervenção psicofarmacológica e prognóstico da depressão no idoso,
por causa da maior ocorrência de comorbidades e do maior risco de morte nestes
pacientes.

Stella et al. (2002) lembra que para o diagnóstico correto é preciso atentar
para o uso de certas medicações como antihipertensivos, (alfa-metildopa, clonidina,
nifedipina, propranolol, digoxina), antiparkinsonianos (L-dopa, amantadina),
benzodiazepínicos (diazepam e outros), além de corticóides, que podem causar
sintomas depressivos.

Shinohara (2001) considera no diagnóstico, que o sintoma mais manifesto da


depressão é a interrupção, evitação e fuga em algum tipo de atividade com queixas,
choro, irritabilidade. Acrescenta ainda, que uma pessoa com depressão pode manter
longos períodos de silêncio e, tem uma maior latência na resposta a perguntas,
executando com mais lentidão atividades como falar, andar ou desenvolver tarefas
de rotina.

Para Canale e Furlan (2006) o tratamento da depressão inclui a


farmacoterapia, a psicoterapia, até a eletroconvulsoterapia, de acordo com o caso,
24

sendo necessário um diagnóstico qualificado, como também, uma avaliação médica


e uma aliança terapêutica sadia. Segundo os autores a farmacoterapia associada à
psicoterapia, tem atingido bons resultados, sendo que a terapia psicológica apoia o
paciente e prepara sua família para auxiliar no tratamento, quando necessário,
medicamentoso.

No idoso, segundo Grinberg (2006), o tratamento do episódio depressivo é


semelhante ao de um adulto mais jovem, porém com suas peculiaridades. No
tratamento com antidepressivos, o autor ressalta que idosos possuem uma
capacidade menor de metabolizar alguns medicamentos e maior sensibilidade aos
efeitos colaterais. Lembrando que o uso de outras drogas também pode interagir
com o antidepressivo.

Grinberg (2006) diz ainda que o tratamento no episódio agudo de depressão


em idosos com antidepressivos, psicoterapias e eletroconvulsoterapia tem sido
eficaz. Como também tem sido eficaz na prevenção de recorrências do transtorno
depressivo maior em idosos, o tratamento com antidepressivo, com psicoterapia
interpessoal e, com a combinação de antidepressivos e psicoterapia.

Stella et al. (2002) também citam a psicoterapia, a intervenção


psicofarmacológica e, somente quando necessário, a eletroconvulsoterapia, como
estratégias de tratamento da depressão.

A intervenção psicoterapêutica, segundo Stella et al. (2002) ajuda a identificar


os desencadeadores da depressão, colaborando assim, na orientação dos
familiares, dos cuidadores e do próprio paciente. Já a intervenção
psicofarmacológica se faz necessário quando a depressão coloca em risco a
condição clínica do paciente e quando o sofrimento psíquico é significativo. O
tratamento psicofarmacológico aliado à psicoterapia tem demonstrado bons
resultados, segundo a autora. A eletroconvulsoterapia (ECT) é uma opção valiosa e
segura para o tratamento da depressão quando o paciente tem risco eminente de
suicídio necessitando de uma resposta rápida, em quadros catatônicos que não
respondem ao medicamento ou quando não tem tolerabilidade ao tratamento
psicofarmacológico. A autora inclui ainda a atividade física regular e planejada como
alternativa não farmacológica do tratamento da depressão.
25

Wright et al. (2008) informa que embora, em transtornos depressivos graves,


crônico e resistentes a tratamento, os pacientes respondam menos a Terapia
Cognitivo-Comportamental do que na depressão mais leve, a terapia é indicada
isoladamente, ou associada ao uso de antidepressivo. Existem estudos mostrando
que pacientes com depressão mais grave respondem tão bem a Terapia Cognitivo-
Comportamental quanto ao tratamento com antidepressivos. Outros estudos
mostram que o tratamento da depressão com fármacos associados à Terapia
Cognitivo-Comportamental resultou em melhora significativa em pacientes
deprimidos graves.

Shinohara (2001) diz que, tendo sido feita a avaliação, o processo terapêutico
com Técnicas Cognitivo-Comportamentais prossegue com: trabalho de casa com o
objetivo de ter uma terapia mais efetiva e incrementar a comunicação entre paciente
e terapeuta; relatos escritos, que é um exercício de registrar acontecimentos da
semana para ser discutido em sessão; atividades, a serem desenvolvidas durante a
semana, acordadas na sessão com objetivos específicos de acordo com a demanda;
biblioterapia, ou seja, leitura de algum material para entendimento de algum tema
trabalhado na sessão; diário de pensamentos disfuncionais, que é um registro de
pensamentos disfuncionais ocorridos fora da sessão, a fim de identificar os
pensamentos automáticos.

No tratamento da depressão mais grave, Wright et al. (2008) sugere que, já


no inicio seja dada uma importância maior a técnicas comportamentais, como
programação de atividades e eventos prazerosos a fim de tratar a anedonia e a falta
de energia, como também, técnicas de exposição visando alcançar redução da
ansiedade. Sugere também, a aplicação da reestruturação cognitiva para identificar
padrões de pensamentos desadaptativos, incentivando o paciente na realização das
tarefas tanto na sessão, como também em tarefas de casa. Aponta ainda, como
“alvo em potencial” das técnicas cognitivo-comportamentais no tratamento da
depressão crônica ou grave: a falta de esperança, o desânimo, anedonia, pouca
energia, ansiedade, pensamentos automáticos negativos, crenças desadaptativas,
não adesão à farmacoterapia, como também dificuldades sociais e interpessoais,
estas podendo ser trabalhadas com técnicas de solução de problemas.
26

Knapp et al. (2007) dizem que normalmente o tratamento com o modelo


cognitivo é iniciado com a avaliação e modificação dos pensamentos para que a
modificação destes gere impacto nos outros componentes, porém, no caso da
depressão severa, a primeira abordagem é a ativação comportamental, postergando
o trabalho cognitivo no processo terapêutico. Isso se dá porque cada transtorno tem
suas questões próprias, tendo seu conteúdo cognitivo específico, no caso da
depressão, seu perfil cognitivo é uma visão negativa de si mesmo, dos outros e do
futuro.

Shinohara (2001) explica que os pensamentos automáticos negativos


presentes na sensação de depressão, ou imediatamente antes dela, são os
determinantes do humor e é possível mudá-los por meio da reestruturação cognitiva.
Os pensamentos automáticos se tornam óbvios e naturais, na medida em que
percorrem a mente de forma automática, sem esforços voluntários. A autora
acrescenta que é preciso identificar os pensamentos automáticos e reconhecer o
tipo de distorção cognitiva contida neles para que a reestruturação cognitiva possa
então, ser desenvolvida.

Knapp et al. (2007) explicam que na terapia cognitivo as informações trazidas


pelo pacientes são elaboradas e trabalhadas conjuntamente com ele, afim de
identificar, examinar e corrigir, as distorções do pensamento que estão a causar o
sofrimento emocional.

Wright et al. (2008) indica intervenções como a parada do pensamento ou


outras formas de distração mental para reduzir a intensidade de ruminações
disfóricas. A ideação suicida, Wright et al. (2008) assinala que deve ser abordada de
imediato, desenvolvendo colaborativamente uma lista de “Razões para Viver”, como
por exemplo, “meus filhos me amam e ficariam abalados com minha morte”, “outros
(pais e amigos) também me amam”, “quando não estou deprimido, há coisas na vida
das quais eu gosto”, “quando consigo trabalhar com minha capacidade “normal” sou
um funcionário valorizado”, “meu médico diz que vou responder ao tratamento e
posso estar melhor dentro de algumas semanas”. Esta lista pode ser reforçada por
um cartão de enfrentamento.
27

Grinberg (2006) salienta que nos dois ou três primeiros meses de tratamento
encontra-se a fase mais delicada. É o inicio da relação entre o médico e o paciente e
requer que se estabeleça a confiança, com o paciente e com a família, já que estes
chegam com suas expectativas de alívio do sofrimento. É necessário avaliar o risco
de suicídio e se atentar para os efeitos colaterais. É recomendado que o tratamento
seja acompanhado em consultas semanais, por pelo menos, durante as quatro
primeiras semanas, seguindo até diminuir os sintomas ou conseguir a remissão
completa do quadro.

Para Grinberg (2006), o tratamento depende de uma boa aliança terapêutica


entre o médico e o paciente, como também, do empenho do paciente e seus
familiares. Contudo, é importante lembrar que é um tratamento do paciente
deprimido em seu contexto de vida, não é meramente o tratamento de uma
depressão.

Shinohara (2001) propõe que seja feita um processo estruturado para se


chegar a um acordo entre terapeuta e paciente em relação às expectativas,
objetivos, compromissos e duração. Para isso apresenta-se ao paciente uma visão
geral do processo, informando a fase de avaliação, que normalmente dura duas
semanas, combinando um tempo total de três meses, que pode ser alterado, se for
preciso.

Para Wright et al. (2008) no paciente com depressão grave, o momento certo
e o ritmo das sessões devem ser de acordo com a gravidade dos sintomas e a
capacidade do paciente em ser participativo na terapia. Para alguns pacientes
podem ser realizadas duas sessões semanais no início do tratamento, porém, se a
concentração for um problema, são mais úteis sessões breves e frequentes de 20
minutos, do que sessões convencionais de 45 a 50 minutos. Estas têm de dois a três
focos de intervenção, enquanto as sessões breves têm um único foco de
intervenção, o que ajuda os pacientes com problema de concentração significativo.

Stella et al. (2002) afirmam que o objetivo do tratamento da depressão no


idoso é reduzir o sofrimento psíquico, diminuir o risco de suicídio, melhorar o estado
geral e garantir uma melhor qualidade de vida.
28

4.7 Técnicas Cognitivo-Comportamentais no Tratamento da Depressão

Uma boa aliança terapêutica é apontada como imprescindível na Terapia


Cognitivo-Comportamental. Para Grinberg (2006) a aliança terapêutica é uma escuta
e empatia com o ponto de vista do paciente procurando entender como ele
compreende a sua doença e o ajudando a elaborar essa compreensão sempre em
relação ao seu contexto de vida.

Abreu e Guilhardi (2004) dizem que a rotulação de distorções é uma técnica


de reestruturação cognitiva, que nada mais é do que ensinar os pacientes a
identificar os pensamentos automáticos disfuncionais, rotulá-los e, monitorar seus
padrões cognitivos. Padrão cognitivo é o modo característico como cada indivíduo
processa a informação representativa da realidade.

Cabe ao terapeuta definir as cognições, distinguir se são funcionais ou


distorcidas, identificar as distorcidas, modificar os erro ou distorções cognitivas,
testar novas crenças ou cognições funcionais. Já ao paciente, cabe aprender a
distinguir as cognições funcionais das distorcidas, monitorar o padrão cognitivo de
organização e de representação do mundo, rotular os erros de pensamento que o
levam a agir de forma inapta, aprender a modificar os pensamentos irracionais,
aprender a testar novas cognições reestruturadas. No inicio do tratamento, o
terapeuta é mais ativo, colhendo as informações necessárias, mas com avanço do
processo terapêutico, o paciente deve aprender a rotular seus pensamentos
disfuncionais e testar novas formas de representação do mundo (ABREU;
GUILHARDI, 2004).

Abreu e Guilhardi (2004) explicam que a técnica de Rotulação das Distorções


Cognitivas tem a finalidade de capacitar o paciente a identificar e corrigir as
distorções de pensamento, a partir de uma testagem de realidade. Para que seja
feito um controle fidedigno dos pensamentos automáticos, das emoções
relacionadas a eles e de pensamentos que vieram a substituir as distorções
cognitivas, faz-se um registro Diário de Pensamentos Disfuncionais, que também é
uma técnica de reestruturação cognitiva, onde o paciente faz relatos escritos em um
diário ou agenda, das situações relevantes de seu cotidiano, especificando emoções
29

e os pensamentos automáticos relacionados a elas, para propor pensamentos


funcionais de acordo com a disfunção cognitiva do pensamento automático.

Na sessão o cliente relata algum episódio de sua vida, conjuntamente com o


terapeuta são identificados os erros cognitivos para assim, ser feita a reestruturação
cognitiva, ou seja, mudança de pensamento disfuncional para funcional. No decorrer
do processo terapêutico o paciente passa a perceber que quando manifesta crenças
absolutistas e rígidas do mundo, pode está apoiado em distorções cognitivas. A
proposta é que com a terapia, o paciente passe a desenvolver estilos de
pensamentos flexíveis, percebendo o mundo de maneira mais adaptada (ABREU;
GUILHARDI, 2004).

Guimarães (2001) diz que a parada do pensamento é uma técnica de


autocontrole que visa à interrupção de um pensamento incomodo. A técnica consiste
em fazer uma formulação do pensamento alvo e pedir para que o paciente inicie
esse pensamento, depois, quando o paciente sinalizar que o pensamento está em
curso, o terapeuta ordena repentinamente e em voz alta e firme “Pare!”, batendo
palmas ou batendo em uma mesa. Em seguida, pergunta-se ao paciente se o
pensamento foi interrompido com a ordem e, é pedido para que retome ao
pensamento alvo e informe se consegue retomá-lo com facilidade. Normalmente, o
paciente tem dificuldade para retornar ao pensamento. Quando o paciente já domina
a técnica é pedido que tente sem a ajuda do terapeuta, começando com o “Pare!”
em voz alta para em seguida, em pensamento. É estimulado a repetir a técnica em
outros contextos e sempre que o pensamento surja, para impedir sua evolução. O
autor diz que o paciente precisa entender que o pensamento retornará, mas que o
uso repetido da técnica enfraquecerá sua taxa de ocorrência e seu tempo de
permanência.

A distração é uma técnica que provoca a mudança do foco de atenção de


situações desagradáveis para situações agradáveis e presentes no ambiente em
que se está, como por exemplo, levar o paciente a prestar atenção em detalhes do
ambiente ou mostrar imagens agradáveis. Quando o paciente consegue fazer o
exercício em sessão, é estimulado a praticar em outros ambientes, onde possa se
sentir ameaçado ou incomodado, por exemplo, tentar encontrar nas tarefas
domésticas alguma fonte de distração positiva que obtenha um aumento na
30

autoestima, ou ainda cantarolar alguma música, sempre com o objetivo de desviar o


foco do estímulo negativo. Inicialmente, a técnica proporciona alívio por poucos
minutos, mas com a prática efetiva, a duração gradualmente aumenta. A técnica de
distração é um meio de reduzir o incômodo do paciente, mas é apenas um exercício
auxiliar no manejo dos sintomas e ao longo da terapia (ABREU; GUILHARDI, 2004).

O treino de resolução de problemas, segundo Abreu e Guilhardi (2004) é uma


técnica que vem sendo utilizada no tratamento de vários transtornos clínicos,
incluindo a depressão. Salienta a diferença entre emitir um comportamento que é
solução e solucionar um problema. A solução é a resposta resultante da solução de
problemas, é o ato que resolve a situação problemática. O autor se refere ao termo
solução de problemas como o processo de encontrar uma solução e diz que a
capacidade de solução de problemas exige várias habilidades especificas. Cita cinco
processos, cada um avaliando um aspecto da solução: orientação para o problema,
definição e formulação do problema, levantamento de alternativas, tomada de
decisões, prática da solução e verificação.

Guimarães (2001) diz que a técnica de solução de problemas tem o objetivo


de ensinar ao paciente, formas adequadas de enfrentamento de situações em sua
vida real, começando com situações simples, até atingir as mais complexas. É
disponibilizado ao paciente várias respostas possíveis para a resolução de uma
situação problemática e, ao passo que o paciente é treinado para encontrar essas
respostas é treinado também, no processo de escolha de qual delas é a resposta
mais adequada à situação em questão e ainda, é treinado a assumir a
responsabilidade pelas tomadas de decisões em situações difíceis, lidando com a
ansiedade advinda dessas situações. Para isso, terapeuta e paciente segue os
seguintes passos: reconhecimento e descrição do problema, separação das
especificidades do problema em partes para determinar objetivos, identificação de
possíveis reações impulsivas, propostas de estratégias de ação variáveis e de
acordo com a capacidade de realização do paciente, ponderação sobre possíveis
consequências de cada estratégia, análise de ganhos e perdas a curto e médio
prazo. Tendo sido posta em prática, verificam-se os resultados do processo de
decisão, avalia-se o grau de satisfação do paciente em relação aos resultados e, por
fim, avalia-se se a estratégia posta em prática conduziu ao resultado desejado.
31

Caballo (2003) diz que as tarefas para casa é uma forma de o paciente
praticar as atividades aprendidas na sessão em outros ambientes, generalizando
para sua vida diária. Uma forma de tarefa de casa é pedir para o paciente fazer um
registro de ansiedade, de situações que enfrentou e sua resposta a ela. As tarefas
de casa são traçadas para atingir o objetivo da terapia e suas dificuldades vão
aumentando à medida que o tratamento progride. A preparação do paciente pra as
tarefas de casa é feita durante a sessão e, na sessão seguinte o paciente conta
como se saiu para que o terapeuta possa formular novas ou reformular as tarefas de
casa e dar treinamento conforme a necessidade. O autor explica que é útil que as
tarefas sejam anotadas, como também, pode-se pedir para que o paciente anote sua
atuação nas situações, contando o que aconteceu ao executar a tarefa, seu
sucesso, ansiedade, dificuldades. Esse registro serve tanto para lembrar o paciente,
como permite que ele observe seu próprio comportamento.

Guimarães (2001) explica que a técnica de exposição é uma exposição direta


do pacientes a situações ameaçadoras que ele tende a evitar por causa da
ansiedade que elas produzem. A exposição pode ser feita gradualmente, ao vivo ou
de forma imaginativa, conforme o sintoma ou contexto e é repetida por diversas
vezes. A exposição abrupta pode ser feita por implosão ou inundação, utilizando
imagens ou ao vivo. Já a exposição protegida é feita por dessensibilização
sistemática, então acontece aos poucos, mantendo o paciente relaxado, utilizando a
imaginação ou ao vivo com estímulos da vida real, de forma programada e também
de modo gradativo. A exposição pode também, começar por imagens para depois
seguir ao vivo, tendo as imagens servido de treino para o paciente. De toda forma, a
exposição deve durar o suficiente a fim de ser aumentada a ansiedade até o
máximo, para em seguida ser reduzida naturalmente. O objetivo é que nesse
período de tempo sejam viabilizados os processos de habituação e de extinção, o
organismo deixando de responder de forma aversiva ao estímulo, se acostumando
com ele. Isso ocorre porque é feita diversas vezes, a exposição do indivíduo a uma
situação temida sem que a consequência aversiva ocorra de fato.
32

5 CONCLUSÕES

A depressão em idosos tem alta prevalência e é a causa de muita debilidade


em idosos, resultando em perda da autonomia, da independência, ou ainda, perdas
cognitivas e motoras.

O diagnóstico errôneo ou tardio pode levar e, muitas vezes leva o idoso a


maiores sofrimentos psíquicos, ao agravamento do quadro e até à morte.

Pesquisas apontam que o uso da Terapia Cognitivo-Comportamental no


tratamento da depressão tem demonstrado eficácia, além de ser uma alternativa não
química e, sem efeitos colaterais.

A aplicação das técnicas cognitivas e comportamentais apropriadas no


momento oportuno, tendo em vista não apenas o sintoma, mas também mantendo
foco no objetivo traçado conjuntamente com o paciente pode levar a melhora do
quadro e a remissão total dos sintomas.

O tempo previsto de tratamento é de três meses, podendo ser alterado


dependendo da necessidade do caso.

O tratamento da depressão em idosos tem suas peculiaridades, como


também um risco maior de morte, necessitando de um diagnóstico e tratamento
rápidos e efetivos. Para o sucesso do tratamento é preciso contar com a habilidade
do profissional, com a participação ativa do paciente, como também a colaboração
da família. É necessário que se estabeleça uma boa relação terapêutica, que seja
feito um processo estruturado em comum acordo com o paciente, e aplicadas
técnicas pertinentes ao sintoma e objetivo.

Dentre as técnicas cognitivo-comportamentais utilizadas no tratamento da


depressão estão: reestruturação cognitiva, tarefa de casa, autorrelato, relatos
escritos, listas, cartão de enfrentamento, programação de atividades, exposição,
resolução de problemas, distração, parada do pensamento, programação de
atividades prazerosas, biblioterapia, diário de pensamentos disfuncionais.
33

O objetivo do tratamento da depressão no idoso é diminuir o sofrimento


psíquico, o risco de suicídio, os sintomas gerais e proporcionar uma melhor
qualidade de vida.

Existem muitos estudos envolvendo o tratamento da depressão e várias


publicações de técnicas cognitivo-comportamentais no tratamento da depressão. O
estudo destes materiais se faz necessário para qualificação do profissional, assim
como a supervisão de um terapeuta Cognitivo-Comportamental experiente e o
investimento em especialização.
34

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VERAS, R. Envelhecimento populacional contemporâneo: demandas, desafios e


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WRIGHT, J. H; BASCO, M. R; THASE, M. E. Aprendendo a Terapia Cognitivo-


Comportamental: um guia ilustrado. Tradução Mônica Giglio Armando. Porto
Alegre: Artmed, 2008.
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ANEXOS

Anexo 01: Inventário Beck de Depressão

INVENTÁRIO BECK DE DEPRESSÃO

Nome:
Data:

Neste questionário existem grupos de afirmativas. Por favor, leia cuidadosamente


cada um deles. A seguir, selecione a afirmativa, em cada grupo, que melhor
descreve como você se sentiu NA SEMANA QUE PASSOU, INCLUINDO O DIA DE
HOJE. Desenhe um círculo em torno do número ao lado da afirmativa que houver
selecionado. Se várias afirmativas no grupo parecerem aplicar-se igualmente bem,
circule cada uma delas. Certifique-se de ler todas as afirmativas de cada grupo antes
de fazer sua escolha.

1.
0. Não me sinto triste.
1. Sinto-me triste.
2. Sinto-me triste o tempo todo e não consigo sair disso.
3. Estou tão triste ou infeliz que não posso aguentar!

2.
0. Não estou particularmente desencorajado(a) quanto ao futuro.
1. Sinto-me desencorajado(a) quanto ao futuro.
2. Sinto que não tenho nada por que esperar.
3. Sinto que o futuro é sem esperança e que as coisas não podem melhorar.

3.
0. Não me sinto fracassado(a).
1. Sinto que falhei mais do que o indivíduo médio.
2. Quando olho para trás em minha vida, tudo que vejo é uma porção de fracassos.
38

3. Sinto que sou um fracasso completo como pessoa.

4.
0. Obtenho tanta satisfação com as coisas como costumava fazer.
1. Não gosto das coisas da maneira que costumava gostar.
2. Não consigo mais sentir satisfação real com coisa alguma.
3. Estou insatisfeito(a) ou entediado(a) com tudo.

5.
0. Não me sinto particularmente culpado(a).
1. Sinto-me culpado(a) boa parte do tempo.
2. Sinto-me muito culpado(a) a maior parte do tempo.
3. Sinto-me culpado(a) o tempo todo.

6.
0. Não sinto que esteja sendo punido(a).
1. Sinto que posso ser punido(a).
2. Espero ser punido(a).
3. Sinto que estou sendo punido(a).

7.
0. Não me sinto desapontado(a) comigo mesmo(a).
1. Sinto-me desapontado(a) comigo mesmo(a).
2. Sinto-me aborrecido(a) comigo mesmo(a).
3. Eu me odeio.

8.
0. Não sinto que seja pior que qualquer outra pessoa.
1. Critico-me por minhas fraquezas ou erros.
2. Responsabilizo-me o tempo todo por minhas falhas.
3. Culpo-me por todas as coisas ruins que acontecem.

9.
39

0. Não tenho nenhum pensamento a respeito de me matar.


1. Tenho pensamento, sobre me matar, mas não os levaria adiante.
2. Gostaria de me matar.
3. Eu me mataria, se tivesse uma oportunidade.

10.
0. Não costumo chorar mais que o habitual.
1. Choro mais agora do que costumava fazer.
2. Atualmente, choro o tempo todo.
3. Eu costumava conseguir chorar, mas agora não consigo, ainda que queira.

11.
0. Não me irrito mais agora em qualquer outra época.
1. Fico molestado(a) ou irritado(a) mais facialmente do que costumava.
2. Atualmente, sinto-me irritado(a) todo o tempo.
3. Absolutamente: não me irrito com as coisas que costumavam irritar-me.

12.
0. Não perdi o interesse nas outras pessoas.
1. Interesso-me menos do que costumava pelas outras pessoas.
2. Perdi a maior parte de meu interesse nas outras pessoas.
3. Perdi todo meu interesse nas outras pessoas.

13.
0. Tomo decisões mais ou menos tão bem quanto em qualquer outra época.
1. Adio minhas decisões mais do que costumava.
2. Tenho maior dificuldade em tomar decisões do que antes.
3. Não consigo mais tomar decisão alguma.

14.
0. Não sinto que minha aparência seja pior do que costumava ser.
1. Preocupo-me por estar parecendo velho(a) ou sem atrativo.
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2. Sinto que há mudanças permanentes em minha aparência que me fazem parecer


sem atrativo.
3. Considero-me feio(a).

15.
0. Posso trabalhar mais ou menos tão bem quanto antes.
1. Preciso de um esforço extra para começar qualquer coisa.
2. Tenho que me forçar muito até fazer qualquer coisa.
3. Não consigo fazer nenhum trabalho.

16.
0. Durmo tão bem quanto de hábito.
1. Não durmo tão bem quanto costumava.
2. Acordo 1 a 2 horas mais cedo que de hábito e tenho dificuldade de voltar a dormir.
3. Acordo várias horas mais cedo do que costumava e não consigo voltar a dormir.

17.
0. Não fico mais cansado(a) que de hábito.
1. Fico cansado(a) com mais facilidade do que costumava.
2. Sinto-me cansado(a) ao fazer quase qualquer coisa.
3. Estou cansado(a) demais para fazer qualquer coisa.

18.
0. Meu apetite não está pior que de hábito.
1. Meu apetite não é tão bom quanto costumava ser.
2. Meu apetite está muito pior agora.
3. Não tenho mais nenhum apetite.

19.
0. Não perdi muito peso, se é que perdi.
1. Perdi mais de 2,5kg.
2. Perdi mais de 5kg.
3. Perdi mais de 7,5kg.
41

Estou deliberadamente tentando perder peso, comendo menos.


Sim: … Não: …

20.
0. Não me preocupo mais que de hábito com minha saúde.
1. Preocupo-me com problemas físicos, como dores e aflições, ou perturbações no
estômago, ou prisão de ventre.
2. Estou muito preocupado(a) com problemas físicos e é difícil pensar em muito mais
que isso.
3. Estou tão preocupado(a) com meus problemas físicos que não consigo pensar em
qualquer outra coisa.

21.
0. Não tenho observado qualquer mudança recente em meu interesse sexual.
1. Estou menos interessado(a) em sexo do que costumava.
2. Estou bem menos interessado(a) em sexo atualmente.
3. Perdi completamente o interesse no sexo.

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