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AGA291 - Cap.

1 - Radiação Eletromagnética Magalhães 1

1. Radiação Eletromagnética

1. a. Natureza Ondulatória da Luz

• Comprimento de Onda λ = 2π/k


• Frequência ν = ω/2π
• Velocidade c = λ ν = ω/k
No vácuo, c = 3 x 108 m/s

• Faixas de Comprimento de Onda


Rádio λ ≈ metros
Microondas λ ≈ centímetros
Infravermelho λ ≥ 700 nm
Visível 400 nm < λ < 700 nm
Ultravioleta λ ≤ 400 nm
Raios-X λ ≈ 0.1 nm
Raios-γ λ ≈ 0.001 nm
Obs: 1 nm = 10-9 m = 10 Å
1 µm = 10-6 m = 103 nm = 104 Å

Espectro Eletromagnético: Strobel
Influência da Atmosfera: Karttunen Fig. 3.2, Bless Fig.10.20
• Feixe de radiação é, em geral
Parcialmente Elipticamente Polarizado
= Luz natural + Luz polarizada (linear e circular)
de acordo com a oscilação de E


Crédito das Figuras ao final do texto.
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AGA291 - Cap. 1 - Radiação Eletromagnética Magalhães 2

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AGA291 - Cap. 1 - Radiação Eletromagnética Magalhães 3

• Luz sofre

Reflexão i=r
Refração n1.sin i = n2.sin r
Difração θ ≈ λ/D Zeilik Fig. 8.5a

Interferência θ ≈ λ/d Zeilik Fig. 8.5b

⇒ Imagem de objetos distantes estará contida dentro


de θ ([θ] = rd)

D = Diâmetro do coletor
d = distância entre as fendas

• Ex. D = 1 m, λ = 500 nm ⇒ θ ≈ 500nm/109nm


= 5×10-7rd ≈ 0.1”

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1.b Carácter Corpuscular da Radiação

• Fenômenos tais como

Efeito Fotoelétrico
Espalhamento Compton
Radiação de Corpo Negro

requerem que a radiação se comporte como constituída


por partículas, chamadas fótons

• Energia de um fóton:

E = hν = hc/λ = 1.24 x 104/λ(Å) [E] = eV

onde h = constante de Plank = 6.626 10-34 J.s

Assim, por ex., fótons de Raios-X (λ ≈ 1 Å) tem E ≈ 10


keV.

Longair Fig. 1.21: Transparência da Atmosfera vs. Energia dos fótons

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1.c. Intensidade, Fluxo e Luminosidade

• Definição de Intensidade
Karttunen Fig. 4.1: Definição de Intensidade

Energia passando por um elemento de área dA:

dEν = Iν (dA cosθ ) dν dω dt

Iν = Intensidade, [Iν] = W m-2 Hz-1 sterad-1

• Ângulo sólido

da
dω = 2
= elemento de angulo solido
r
Karttunen Fig. 4.2: Ângulo Sólido

[dω] = sterad; 1 sterad = 1 rad2 = 3283º2

Ex. Em toda a esfera,

4πr 2
∆ω = 2 = 4π
r

Em coordenadas esféricas: dω = sinθ dθ dφ

• Intensidade total:

I = ∫ Iν dν
0
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Fluxo através de uma superfície =

Energia por unid. tempo / unid. área / unid. frequência


1
Fν =
dA dν dt ∫ ∫
dEν = Iν cosθ dω
S S
• O Fluxo total é:


Fν = I cosθ dω , [F] = W m-2
S
• Ex.: Se o campo de radiação for isotrópico:


Fν = I cosθ dω
S
Ou seja:
π 2π
F=I ∫ ∫ cosθ sinθ dθ dφ = 0
θ =0 φ =0

e não há fluxo líquido.

• Ex.: Fluxo na superfície de uma estrela:

π / 2 2π
F=I ∫ ∫ cosθ sin θ dθ dφ ⇒ F = πI
θ =0 φ =0

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• Luminosidade (L):

= Energia emitida em todas as direções por uma fonte na


unidade de tempo
Ex: A uma distância r de uma estrela,
L
L = 4πr 2 × F (r ) ⇔ F (r ) = , [L] = W
4πr 2

Karttunen Fig. 4.3: Fluxo ∝ r -2

• Ex.: O brilho superficial de objetos extensos


Brilho superficial = F / unid. de ângulo sólido
Karttunen Fig. 4.4: Brilho Superficial do Sol

Como o Fluxo ∝ 1/r2 e ω = A/r2 ,


Ø B = F/ω = constante (i.e., independente da distância!)

• Densidade de Energia da Radiação (u):


Energia vindo de dω e passando por dA durante dt:
Karttunen Fig. 4.5: Densidade de Radiação
1
dE = I dA dω dt = I dω dV
c
dE 1
⇒ du = = I dω .
dV c
Integrando em todas as direções dω:
1
u=
c ∫
I dω [u] = J m-3
S

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Para um campo de radiação isotrópico:



u= I
c

• Exemplos resolvidos em classe:


1. Mostrar que a Intensidade é independente da
distância.
Karttunen, p. 105
Resolução
2. Estimar o Brilho Superficial do Sol
Resolução
3. Calcular a Intensidade Média à distância r de uma
estrela
Resolução: pg.1, pg. 2
Bibliografia
Karttunen, Caps. 4, 5 e 6.
Zeilik & Smith, Introductory Astron.&Astrophysics, Cap.
8.
Créditos das Figuras
As figuras indicadas foram tomadas com autorização das
seguintes publicações:
• Karttunen et al., Fundamental Astronomy, Springer, 3rd
ed., 1996
• Longair, Our Evolving Universe, Cambridge, 1996
• Bless, Discovering the Cosmos, University Science
Books, 1996
• Nick Strobel, Astronomy Notes, Bakersfield College,
1998. Início da apostila

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AGA291 - Cap. 2 – Mecanismos de Radiação Magalhães 10

2. Mecanismos de Radiação
2.a Partículas Fundamentais da Matéria

• Todas as formas da matéria são constituídas a partir das


seguintes 12 partículas fundamentais:

Ø 6 quarks
Ø 6 leptons
Quarks
carga 1a. geração 2a. geração 3a. geração
+2/3 up (u) charm (c) top (t)
-1/3 down (d) strange (s) bottom (b)

Leptons
carga 1a. geração 2a. geração 3a. geração
-1 electron (e-) muon (µ) tau (τ)
0 e-neutrino (νe) µ-neutrino (νµ) τ-neutrino (ντ)

• A maior parte da matéria que vemos:

átomos, ou seja, prótons, neutrons e elétrons

constituição carga massa (10-27 kg) m/me


próton uud +1 1.6725 1836
neutron udd 0 1.6748 1838

(unidade de carga = 1.602 x 10-19 C)


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2.b. Radiação de Átomos e Moléculas

• Átomos

Núcleo com Z prótons


N neutrons
(A = N + Z)
+
Nuvem de Z elétrons (átomos neutros)
ou Z-1 elétrons (átomos uma vez ionizados)
ou Z-2 elétrons (átomos 2-vezes ionizados)

Simbologia: AX
Z
Ex: Carbono: 12C6

Isótopos
Ex. Hidrogênio: 1H , 2H (Deutério) , 3H (Trítio)

Íons
Ex: Ho = HI; O++ = OIII; He+ = HeII, etc.

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• Tipos de Espectros
Bless, Plate C2: Tipos de Espectros∗
Ø Contínuo
Mais comum: Espectro térmico
Produzido por sólidos, líquidos ou gases densos
aquecidos Bless, Plate C2-A
(ver Corpo Negro mais adiante)
Outro exemplo: Synchrotron
Emissão por elétrons relativísticos num campo
magnético
Karttunen, p.373 e Longair Fig. 3.1: Radiação Synchrotron

Ø Espectro de Linhas
Átomo ou molécula emite ou absorve radiação quando
passa de um nível de energia a para outro nível b
Bless, Plate C2-B
Strobel, Linha de Emissão
Strobel, Linha de Absorção
Níveis de energia da transição podem ser:
‘ligados’ ou ‘livres’
Karttunen Fig. 5.2: Transições eletrônicas
Transições entre níveis ‘ligados’ ⇒ linhas
Transições com um dos níveis ‘livre’ ⇒ contínuo

Exemplos de espectros de linhas:


Meio Interestelar
Nebulosa da Águia (=M17)


Créditos das Figuras ao final do texto

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• Átomos, moléculas e poeira podem ainda espalhar a luz


Ø espectro contínuo, refletindo a fonte central

Ex: Luz azul do céu (reflete o espectro do Sol)


Nebulosas de Reflexão (reflete o espectro da
estrela iluminante)
Plêiades

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2.c Átomo de Hidrogênio (Bohr, 1885-1962)

• H é o constituinte mais abundante da matéria observável


no Universo!

• Níveis de Energia:
 2π 2 me e4  1  1
En = − 
 2 ≡ −C , n = 1,2,..., ∞
 n 
2 2
 h n

• Transição entre dois nívcis a → b (na > nb):

1 ν ab  1 1  C
= = R 2 − 2 , R =

λab c  nb na  ch
R = Rydeberg = 10.96776 µm-1
C = 2.18x10-18 J = 13.6 eV

Série nb na Região
Lyman 1 ≥2 Ultravioleta
Balmer 2 ≥3 Visível
Paschen 3 ≥4 Infravermelho
Brackett 4 ≥5 Infravermelho
Karttunen Fig. 5.4: Transições do átomo de H
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Exemplo: Série de Balmer, linha 3 → 2, chamada Hα:

1  1 1
= 10.97 2 − 2  = 1.5237
λ Hα 2 3 
→ λ Hα = 0.6563µm = 6563 A

Strobel: Espectro de Emissão e Absorção do H


Strobel: Origem dos 2 tipos de espectros
Karttunen Tab. 5.1: λ's das transições do H

• Números Quânticos
n = no. quântico principal = 1, 2, 3, …
l = no. quântico do momento angular = 0, 1, …, (n-1)
ml = no. quântico magnetico = l, …, -l
ms = no. quântico de spin = ±½
Kitchin Fig. 3.1: Nos. quânticos do H

Ø estados com um dado n são degenerados:


separados em energia na presença de um campo
magnético
Karttunen Fig. 5.5: Efeito Zeeman

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• Exemplos de Espectros

Estrelas
Bless Fig. 11.7: Espectros de 2 estrelas
Meio Interestelar
A Nebulosa de Orion (Bless):
Longair Fig. 2.14; OrionA, OrionB
Kaler Fig. 10.10: Espectro da Neb. de Orion

Galáxias
Bless Fig. 20.1: Galáxia ativa NGC 1068
Bless Fig. 20.2: Espectro de NGC 1068

Quasares
Longair Fig. 1.14: O quasar 3C 273
Bless Fig. 20.19: Espectro de 3C 273

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2.d Espectros Moleculares

• Apresentam 3 tipos de transições:


Kitchin Fig. 5.18: Níveis de Energia
Karttunen Fig. 5.6: Espectro óptico do CO
Eletrônicas (UV, óptico)
Vibracionais (Infravermelho)
Rotacionais (rádio)

Níveis de Energia rotacionais:

 h  J (J + 1)
2
EJ =  
 2π  2 µr 2

Ex.: CO J = 1→0 (ν = 115 GHz) do Meio Interestelar


Longair Fig. 2.19: Emissão rádio de CO em Orion

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2.e Excitação e Ionização

• Excitações e desexcitações atômicas podem ser:


radiativas
colisionais
Kattunen Fig. 5.2: Transições atômicas

• Elas dependem da temperatura, T:


mv 2 3
= kT
2 2
k = const. de Boltzmann = 1.380x10-27 J/K
m = massa das partículas
v = velocidade das partículas

• Transições ‘permitidas’
vida média do átomo excitado ≈ 10-8 s
Exemplos: Hα, Hβ, etc.

• Transições ‘proibidas’
Ø vida média no estado excitado muito alta
Ø indicadas pelo símbolo "[ ... ]"

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• Exemplos de transições proibidas


[OIII] em nuvens ionizadas do Meio Interestelar
Kaler Fig. 10.11: Processos de Emissão na Neb. de Orion

linha de 21cm do H (vida média ≈ 11x106 anos!) no


Meio Interestelar
Karttunen Fig. 16.15: Linha de 21cm do H

Strobel: HI na Galáxia
Karttunen Fig. 16.16: Perfis de HI na Galáxia
Karttunen Fig. 16.17: HI na Galáxia

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AGA291 - Cap. 2 – Mecanismos de Radiação Magalhães 20

População dos Níveis

Para dois níveis a e b:

Nb gb  (E − Ea )
= exp − b  (distribuição de Boltzmann)
Na ga  kT 

gn = multiplicidade do nível
(gn = 2n2 para o Hidrogênio)
Kitchin Fig. 3.1: Níveis de Energia do H
Ø Nb/Na cresce com T

• Equilíbrio de Ionização (Eq. de Saha):


X ↔ X+ + e-
(Ni) (Ni+1) (Ne)
N i +1  χ 
N e = A(kT ) exp − i 
3/ 2
Ni  kT 
χi = Potencial de Ionização
Exs.: Hidrogênio 13.6 eV
Hélio 24.5 eV (1 eV = 1.602x10-19J,
Cálcio 6.1 eV ≡ 11.600 K)
➪ Ni+1/Ni aumenta com a Temperatura e menor χi
Zeilik Fig. 8.13

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2.f. Radiação de Corpo Negro

• Intensidade só depende da Temperatura (Lei de Plank):


2 hν 3 1
Bν (T ) = 2 [Bν] = W m-2 Hz-1 sterad-1
c exp hν  − 1
 
 kT 
h = cte. de Plank = 6.63x10-34 J.s
c = veloc. da luz = 3x108 m/s
k = cte. de Boltzmann = 1.38x10-23 J.K-1
Bless Fig. 9.7: Corpo Negro
Zeilik Fig. 8.14

• Em termos de comprimento de onda, λ:


Bνdν= -Bλdλ, dν = -c/λ2 dλ
2hc 2 1
Ø Bλ (T ) = 5 [Bλ] = W m-2 m-1 sterad-1
λ exp hc  − 1
 
 λkT 
Karttunen Fig. 5.7: Bλ(T)
• Aproximações
 hc  2hc 2  hc 
Quando exp  >> 1, Bλ (T ) = 5 exp − 
 λkT  λ  λkT 
(Aprox. de Wien)

 hc  2ckT
Quando exp  << 1, Bλ (T ) =
 λkT  λ4
(Aprox. de Rayleigh-Jeans)

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AGA291 - Cap. 2 – Mecanismos de Radiação Magalhães 22

• Lei de Wien
Máximo de Bλ(T) em
2.898 x10−3
λmax = , [λmax] = m, [T] = K
T

Ex: Fotosfera do Sol, T = 5800 K => λmax ≈ 5000Å


Strobel: Lei de Wien
Bless Fig. 11.7
Longair Fig. 1.20
• Lei de Stefan-Boltzmann

A Intensidade Total emitida é


∞ ∞ 2k 4 π 4
B(T) = ∫ Bν (T )dν = ∫ Bλ (T )dλ = A T , A = 2 3
4

0 0 c h 15

O Fluxo emitido por um corpo negro é (cf. p.7):

F = πB ⇒ F = σT4 , σ = 5.669x10-8 W m-2 K-4

• Aplicação:
Para uma estrela de raio R,

 Energia 
Luminosidade =   x (Area da Estrela )
 Area ∗ Tempo 

⇒ L = (σT4) x (4πR2) , onde T = temperatura efetiva.


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Bibliografia
Karttunen, Cap. 5
Zeilik & Smith, Introductory Astron.&Astrophysics, Cap.
8.

Créditos das Figuras


As figuras indicadas foram tomadas com autorização das
seguintes publicações:
• Karttunen et al., Fundamental Astronomy, Springer, 3rd
ed., 1996.
• Longair, Our Evolving Universe, Cambridge, 1996
• Bless, Discovering the Cosmos, University Science
Books, 1996.
• Nick Strobel, Astronomy Notes, Bakersfield College,
1998.
• Kaler, Stars and Their Spectra, Cambridge, 1989.
Início da Apostila

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AGA291 - Cap. 3 - Observações e Instrumentos Magalhães 24

3. Observações e Instrumentos

3.a. A Atmosfera Terrestre

• Efeitos:
refração
cintilação
na imagem de um telescópio: ‘seeing’

• Janelas Atmosféricas

Karttunen Fig. 3.2: Atmosfera
Somente óptico e rádio chegam ao solo relativamente
pouco afetados

3.b. Telescópios Ópticos


D = Diâmetro (Abertura) do Telescópio (espelho ou
lente)
f = Distância focal
D/f = razão de abertura
• Principais funções de um Telescópio:
⇒ Coletar luz
2
D
Poder Coletor ∝ π   ∝ D 2 ,
2

⇒ Aumentar tamanho angular aparente


Créditos das Figuras ao final da apostila.

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AGA291 - Cap. 3 - Observações e Instrumentos Magalhães 25

• Escala de placa:
u 1 206265"
e. p. = = = Karttunen Fig. 3.5: Escala e
s f f
Aumento

Ex. Tel. de 60cm do IAG


f/13.5, D=60cm ∴ f=6000 mm ⇒ e.p. =
25.5”/mm.

Imagem da Lua (≈30’) tem 71mm

(na verdade, o campo útil é da ordem de 20’).

• Poder de Resolução
λ λ
θ = 1.22 ≈
D D
Ex. λ= 5500A, D=1m
⇒ θ ≈ 0.2’ << seeing atmosférico, 1” típicamente.
Karttunen Fig. 3.6: Difração e Resolução

Sky&Tel: Difração
Ref: Sky & Tel Sep 87, p.294

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AGA291 - Cap. 3 - Observações e Instrumentos Magalhães 26

Poder de Resolução (cont.)

• Com CCDs, o limite para o tamanho imagem é o


tamanho do pixel (0.020mm = 20µ tipicamente).

• Soluções para o problema do 'seeing':


Astronomia Espacial (Hubble Space Telescope =
HST) (cara!)
Longair Fig. 1.22: HST
Óptica Adaptativa (+ barata!)
Ref: Physics Today, Dec 94, p. 24
Esquema de Óptica Adaptativa
Exemplo de resultados
'Estrelas' de raios laser

3.c. Uso Visual de Telescópios

• Feito com Objetiva + Ocular


u’ f
aumento: ω = = , f’=dist. focal da Ocular
u f’

Ex. f=1m, f’=2cm ⇒ ω = 50x.

• Aumento máximo = 2’/θ ≈ D/1 mm em λ=5500A

• Aumento mínimo = D/d, d=diâm. do olho humano


Karttunen Fig. 3.7

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AGA291 - Cap. 3 - Observações e Instrumentos Magalhães 27

3.d. Telescópios Refratores e Refletores


• Refratores
Apresentam aberração cromática (corrigível)
Maior refrator: D=1m (Yerkes)
Karttunen Figs. 3.4: Telescópios,
Bless Fig.10.13: Telescópio de Yerkes
Karttunen Fig. 3.8: Aberração cromática
• Refletores
É o tipo mais comum hoje
Maior em operação: Keck, no Hawai; D=10m

• Diferentes tipos de foco


Newtoniano (para tel. pequenos)
Cassegrain (mais comum)
Coude
Naysmith
Karttunen Fig. 3.11: Focos

• Telescópios Catadióptricos
Combinam lentes e espelhos.
Ex. Schmidt (grande campo útil) Karttunen Figs. 3.14, 3.15
Schmidt-Cassegrain (Meade, Celestron,…)

• Tipos de Montagem
Equatorial
Altazimutal
Karttunen Fig. 3.16: Montagens

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AGA291 - Cap. 3 - Observações e Instrumentos Magalhães 28

3.e. Detectores
• O Olho Humano

- A Retina é formada de um feixe de terminações


nervosas, que vem do Nervo Óptico.
Bless Fig. 10.37: olho humano
- As terminações nervosas da retina são de duas espécies:
bastonetes:
Ø são mais sensíveis à luz e abundantes na zona
periférica
Ø não tem percepção colorida.
cones:
Ø predominam em direção à fóvea (região central)
Ø são responsáveis pela percepção colorida
Ø são muito menos sensíveis à luz
Ø são também bem menor em diâmetro que nas
regiões periféricas e correspondem ao limite de
resolução do olho!
- A adaptação à visão noturna muda a sensibilidade
espectral do olho e o tamanho da Iris
Bless 10.38: Sensibilidade do olho

- O olho humano necessita de ∼ 200 fótons/s para


formar uma imagem.
- O olho humano tem capacidade limitada de integração
(1/20 seg)

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AGA291 - Cap. 3 - Observações e Instrumentos Magalhães 29

• Placa Fotográfica
Longair Fig. 1.3: Foto de 1839
Vantagens: baixo custo, grande formato
Desvantagens: Não-linearidade, baixa eficiência
quântica (e.q.)

• Fotocatodos e Fotomultiplicadoras
e.q. ≈ 30% max
Desvantagem: não forma imagem

• Charge Coupled Device (CCD)


O detector mais usado atualmente:
Detector quase ideal: e.q. ≥ 80% em alguns λ’s
Bless Fig. 10.40: CCD
Sensível de 0.3 a 1.1µm
Feito de uma matriz de pixeis de silício
Karttunen Fig. 3.22: Operação de um CCD

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AGA291 - Cap. 3 - Observações e Instrumentos Magalhães 30

3.f. Instrumentos Ópticos


• Maioria deles é instalada no ou próximo ao foco do
telescópio

• Espectrógrafos
Karttunen Fig. 3.23: Espectrógrafo
Bless 10.44: Espectrógrafo de múltiplos objetos

• Câmaras CCD
para fotometria e polarimetria
filtros para separar diferentes cores

• Interferômetros Ópticos e no IR
Ex.
‘Speckle’
Múltiplos telescópios
Refs: Sky&Tel, Nov 96, p. 36
Physics Today, April 96, p.17; May 95, p.42
Interferência
Interômetro de 2 elementos
Padrões de Interferência
Usando um 'array' de detectores
Exposição direta vs. Interferometria
O interferômetro óptico COAST
COAST: A separação de uma estrela binária
O interferômetro NPOI
NPOI: O diâmetro de uma estrela
NPOI: A separação de uma estrela binária

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AGA291 - Cap. 3 - Observações e Instrumentos Magalhães 31

3.g. Rádiotelescópios
• De 10 MHz a 300 GHz
30 m 1 mm
Strobel: Radiotelescópio, Superfície, Júpiter
Karttunen Figs. 3.24, 3.25 e 3.27: Radiotelescópios

• Trabalho feito no contínuo e em linhas, tais como


HI (21cm); 12CO (2.6mm); 13CO, H2CO, OH,
NH3, CS, etc.

• Resolução angular (= λ/D) para uma antena sozinha é


bem pior que no óptico
Solução: interferometria
Ex: Very Large Array θ ≈ 0.1” em 1.3cm
VLBA θ ≈ 0.0002”
Karttunen Figs. 3.28, 3.29
Strobel: VLA
Bless Fig. 10.27: VLBA
Síntese de Abertura com o VLA
Sky&Tel Dec 99, p. 36
Plano u-v
Linha de base projetada
Sítios, trajetórias u-v e imagens
Órbita do Sol na Galáxia
Em órbita (!):
Highly Advanced Laboratory for
Communications and Astronomy (HALCA):
D=8m, h=21,000m
com VLBI, θ≈0.003”
Ref.: Physics Today, Sept 97, p.23
Imagem c/ HALCA

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AGA291 - Cap. 3 - Observações e Instrumentos Magalhães 32

3.h. Outras regiões espectrais


• Raios-γ
1.24 x10 −6 1.24 x10 4
E≈ 105 – 1014eV ( E (eV ) = = )
λ ( m) λ ( A)

10-11m = 0.1A = 0.01nm
Satélite mais efetivo:
Compton Gamma Ray Observatory (CGRO)
Longair Fig. 1.27: CGRO
Ref: Physics Today, Feb 98, p.26.

• Raios-X
E≈ 102 – 105eV
↓ ↓
10nm 0.01nm
678 678
10 – 0.1nm 0.1 – 0.01nm
R-X moles R-X duros
Imagens com telescópios de incidência rasante
Karttunen Fig. 3.31: Princípio do Tel. de R-X

Satélites anteriores: Einstein, Rosat


Ref: Physics Today, Nov 95, p.58
Longair Figs. 1.24, 1.25: Resto da Supernova Cas A

Satélite lançado em 1999: Chandra


Corpo do satélite
Ilustração do satélite
SN do Caranguejo
Movie: Formação da Imagem
Movie: Chandra

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AGA291 - Cap. 3 - Observações e Instrumentos Magalhães 33

• Raios-UV
10nm - 400nm
64748
10 – 91.2nm = extremo UV, explorado pelo Extreme UV
Explorer (EUVE)

Satélite mais exitoso no UV:


International UV Explorer (IUE)
Bless Fig. 10.31: IUE
Atualmente:
Hubble Space Telescope (HST)
(corrigido da aberração esférica)
Bless Fig. 10.35: HST

Far Ultraviolet Spectroscopic Explorer (FUSE)


lançado em Junho/99
Observações em 90nm - 120nm = Far UV
FUSE: ilustração
FUSE: óptica

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AGA291 - Cap. 3 - Observações e Instrumentos Magalhães 34

• Raios Infravermelho (IR)

10,000A - 1 mm
1µm - 1,000 µm
64748 64748
1 – 5 µm 0.1 – 1 mm
IR próximo sub-milimétrico

No IR próximo, sítios de solo altos e secos são usados.


Longair Fig. 2.16: Orion no IR

Satélites mais exitosos:


InfraRed Astronomical Satelite (IRAS)
Longair Fig. 1.28: IRAS

Cosmic Background Explorer (COBE)


Longair Fig. 1.29: COBE

Infrared Space Observatory (ISO)


Bless Fig. 10.32: ISO

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AGA291 - Cap. 3 - Observações e Instrumentos Magalhães 35

3.i. Novos grandes telescópios

óptico/IR: Keck I, II (10m)


Keck/Subaru
Keck: Diagrama
Keck: Espelho
Gemini (2 tel. de 8m, Hawai e Chile)
Gemini N: Aérea
Gemini N: Night
Gemini South
Movie: Sítio e Cúpula
Movie: Neve e Espelho
VLT (Very Large Telescope, 4 tel. de 8.2m,
ESO, Chile) VLT: sítio, interferometria
NGST (Next Generation Space Telescope,
D ≈ 8 m, 2007-8?), 0.6µm-28µm
MAXAT (Maximum Aperture Telescope,
30m - 50m!)

sub-mm: vários projetos de solo


Atacama Large Millimeter Array (ALMA)
64 antenas de 12m
observações de 350µm a 10mm
ALMA
satélite: Microwave Anisotropy Probe (MAP)
Medirá flutuações da Radiação Cósmica de Fundo
(CBR)
Ocupará o ponto Lagrangeano L2 do sist. Sol-Terra
1.5×106 km da Terra
MAP: Pontos Lagrangeanos
MAP: ilustração
MAP: colocação em órbita

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AGA291 - Cap. 3 - Observações e Instrumentos Magalhães 36

3.j. Outras formas de detecção


• Raios Cósmicos
Eléctrons e íons, 108 ev < E < 1020 eV
≈ 90% prótons

• Neutrinos
Detecção usando métodos do tipo:
C2Cl4: 37Cl + νe → 37Ar + e-
Longair Fig. 2.4: Detector de Homestake
Radiação Cerenkov de elétrons gerados por colisões
com νe
Ref: Physics Today, Aug 98, p.17; Jul 96, p.30; Jan 99, p.78.
Detector Superkamiokande
Superkamiokande por dentro
(N.B. Neutrinos têm massa!)

• Radiação Gravitacional
Ainda por ser detectada diretamente!
Emitida por massas aceleradas:
Estrelas binárias, supernovas, etc.
Ref: Physics Today Oct 99, p. 38; p. 44.

Laser Interferometric Gravitational-wave Observatory


(LIGO) - funcionamento em 2002
Ondas Gravitacionais
LIGO: Método
LIGO: sítios
Karttunen Fig. 3.34
Detectada indiretamente em pulsar binário
Longair Figs. 3.12, 3.13, 3.15

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AGA291 - Cap. 3 - Observações e Instrumentos Magalhães 37

Alguns links p/ sites de observatórios:


IAG-USP: http://www.iagusp.usp.br
LNA: http://lna.br
CTIO: http://www.ctio.noao.edu
CHANDRA: http://asc.harvard.edu
Gemini: http://www.gemini.edu
Keck: http://www2.keck.hawaii.edu:3636/
Yerkes: http://astro.uchicago.edu/vtour/40inch
ESO: http://www.eso.org
ALMA: http://www.mma.nrao.edu
MAP: http://map.gsfc.nasa.gov
FUSE: http://fuse.pha.jhu.edu
LIGO: http://www.ligo.caltech.edu
Bibliografia
Karttunen, Cap. 3
Créditos das Figuras
As figuras indicadas foram tomadas com autorização das
seguintes publicações:
• Karttunen et al., Fundamental Astronomy, Springer, 3rd
ed., 1996.
• Longair, Our Evolving Universe, Cambridge, 1996
• Bless, Discovering the Cosmos, University Science
Books, 1996.
• Nick Strobel, Astronomy Notes, Bakersfield College,
1998.
• Kaler, Stars and Their Spectra, Cambridge, 1989.
Início da Apostila

 2000 Antonio Mário Magalhães


AGA291 - Cap. 4 – Distâncias e Magnitudes Magalhães 38

4. Distâncias e Magnitudes

4.a. Distâncias

• Paralaxe Trigonométrica

a 206265a
π ( rd ) = ou π (" ) =
r r

Se medirmos a em UA e r em parsec = 206265 UA,

1
π (" ) =
r ( pc)

1 pc = 3.086x1016 m = 3.26 anos-luz


1 UA = 1.496x1011 m

• Medidas de paralaxe são tarefa da Astrometria


Estrela mais próxima: Alpha Centauri
r = 1.3 pc => π = 0.76” (!)

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AGA291 - Cap. 4 – Distâncias e Magnitudes Magalhães 39

(Paralaxe – cont.)
Êrros típico das medidas: ~ ±0.005”

∴ limite da técnica ≈ 100pc (π=0.01”),

bem menor que distância Sol-Centro da Galáxia, por ex.


(≈ 8 000 pc = 8 kpc)

• Satélite Hipparcos mediu ~10,000 paralaxes com êrros ≤


±0.001”
Ø medidas até 500pc com 50% de incerteza

4.b. Magnitudes Aparentes

• Hipparchos: primeira escala de magnitudes em ~ 200


a.C.
Para o olho humano,
uma dada razão de brilho corresponde a uma diferença
de magnitudes

• Pogson (1856):
Fm 5
razão de brilhos aparentes : = 100 = 2.512
Fm+1
• Definição exata:
F
m = −2.5 log
F0
onde
F = Fluxo da estrela de magnitude m
F0=Fluxo da estrela de magnitude zero

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AGA291 - Cap. 4 – Distâncias e Magnitudes Magalhães 40

(Magnitudes aparentes – cont.)


• Ex. Razão de brilho entre duas magnitudes consecutivas
F
m − (m + 1) = −2.5 log m
Fm +1
Fm
⇒ = 10 + 0.4 = 5 100 = 2.512
Fm +1
• Exs.
Sirius: m = -1.5 (estrela + brilhante do céu!)
Sol: m = -26.8
Lua Cheia: m = -12.5
Estrelas mais fracas a olho nu: m ~ 5-6
Hubble Space Telescope: mlim ~ 30

4.c. Sistemas de Magnitude


• Magnitude dependo do filtro utilizado na medida
• Sistemas mais comuns:
óptico: UBVRI Filtros UBVRI: Karttunen Fig. 4.6∗
IR: J(1.2µm), H(1.6µm), K(2.2µm), L(3.6µm)
• Magnitude aparente bolométrica
Se refere a todo o espectro:
F 
mbol = mv − 2.5 log bol  = mv + BC
 Fv 
Zeilik, Tabela A4-3
BC = correção bolométrica
Ex. Para o Sol, BC = -0.07m

Créditos das Figuras ao final do texto.

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AGA291 - Cap. 4 – Distâncias e Magnitudes Magalhães 41

• Índices de Cor
são diferenças entre duas magnitudes

Ex.: U-B, B-V, etc.


FB
B − V = −2.5 log
FV
As constantes F0 de cada filtro são escolhidas tais que
U-B = B-V = 0 para estrelas de Teff = 10,000 K
(tipo A0V)

Ex. Vega (alpha Lyra):


V = 0.03 B-V = 0 U-B = 0
Sol:
V = -26.78 B-V = 0.66 U-B = 0.10
(mbolΠ= -26.78 + (-0.07) = - 27.85)
Estrelas mais frias que 10,000K => B-V > 0
Estrelas mais quentes que 10,000K => B-V < 0

Corpo Negro: T = 7090 / [(B – V) + 0.71] K


Estrelas: T = 8540 / [(B – V) + 0.87] K

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AGA291 - Cap. 4 – Distâncias e Magnitudes Magalhães 42

• Exemplos: Aglomerados estelares


Estrelas à mesma distância de nós
Ø magnitudes nos dão luminosidade relativa

Gráficos de V vs. (B-V)


Aglomerado aberto das Hyades
Karttunen Fig. 17.1; 17.5
Aglomerado globular ω Centauri
Karttunen Fig. 17.2; 17.7

Ø Estrelas não se distribuem aleatoriamente nos


diagramas! Veremos porque mais tarde…

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AGA291 - Cap. 4 – Distâncias e Magnitudes Magalhães 43

4.d. Magnitudes Absolutas


• É uma medida do brilho intrínseco, ou Luminosidade
símbolo: M
Karttunen Fig. 4.7
• Para uma estrela a uma distância r:

2
F (r )  10 pc 
=  (10 pc = distância padrão)
F (10 pc)  r 

• Relação entre magnitude aparente e absoluta:


F (r ) r 
m − M = −2.5 log ⇒ m − M = 5 log 
F (10)  10 

• A Magnitude Bolométrica absoluta pode ser escrita em


têrmos da Luminosidade:
L 
M bol − M bolΟ = −2.5 log * 
 LΟ 
Para o Sol:
LΠ= 3.9x1026 W
MbolΠ= +4.72m

⇒ log(L*/LŒ) = 1.89 – 0.4 Mbol*

Em geral, Mbol é obtido de MV e da correção


bolométrica.

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AGA291 - Cap. 4 – Distâncias e Magnitudes Magalhães 44

4.e. Extinção e Profundidade Óptica


• A relação
r 
m − M = 5 log 
 10 
só é válida quando não existe absorção entre fonte e
observador.

• Karttunen Fig. 4.8:


dL = - α L dr = - L dτ
onde
α = opacidade do meio, [α]=m-1
τ = profundidade óptica, adimensional
Integrando desde a fonte até o observador:
L dL τ
∫ = − ∫ dτ ⇒ L = L0e −τ
L0 L 0
2
 R
L = ωr F (r ) e L0 = ωR F0 ⇒ F ( r ) = F0   e −τ
2 2
r
Como
2
R F (r )
F (10) = F0   e m − M = −2.5 log ,
 10  F (10)

r
Ø m − M = 5 log + A , ( A = 1.086τ )
10

onde
A = extinção, em magnitudes, devida ao meio.

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AGA291 - Cap. 4 – Distâncias e Magnitudes Magalhães 45

• Se a extinção é uniforme ao longo da distância:


r
m − M = 5 log + ar ,
10

onde

a = 2.5 (log e) α = 1.086α .

Na Galáxia, o valor médio da extinção é:


<a> ~ 2 mag/kpc.

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AGA291 - Cap. 4 – Distâncias e Magnitudes Magalhães 46

• Excesso de Cor
A Poeira Interestelar avermelha a luz das estrelas:
V = MV + 5log(r/10) + AV
B = MB + 5log(r/10) + AB

Ø B – V = MB – MV + AB – AV
= (B – V)0 + EB-V
123
índice de cor intrínseco
EB-V = Excesso de cor = (B – V) - (B – V)0
Empiricamente,
A
R = V ≅ 3.0 ⇒ AV = 3.0 ∗ E B −V
E B −V
Na prática:
Ø Medimos B-V para a estrela;
Ø Se conhecemos o tipo espectral, sabemos (B-V)0;
Ø Calculamos EB-V = (B – V) - (B – V)0
Ø Calculamos AV = 3.0 EB-V
Ø Calculamos r de
r
mV − M V = 5 log + AV
10

Se não conhecemos as cores da estrela, podemos estimar a


distância usando
r
m − M = 5 log + ar .
10

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AGA291 - Cap. 4 – Distâncias e Magnitudes Magalhães 47

• Extinção Atmosférica
A atmosfera atenua o brilho aparente dos objetos:
Karttunen Fig. 4.9

m(X) = m0 + k.X,

onde

X = sec z = massa de ar
z = distância zenital
k = coef. extinção, ([k] = mag/massa de ar)

k pode ser determinado de observações de estrelas a


várias distâncias zenitais.

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AGA291 - Cap. 4 – Distâncias e Magnitudes Magalhães 48

RESUMO

Distâncias e Magnitudes

Ø A Paralaxe Trigonométrica permite a determinação de


distâncias das estrelas mais próximas (r ≤ 500 pc)

Ø Fluxos observados das estrelas e galáxias são expressos


em magnitudes aparentes

Ø Magnitudes aparente e absoluta de um objeto


relacionam-se entre si através da distância ao objeto

Ø Magnitudes bolométricas (aparente ou absoluta)


referem-se ao emitido pelo objeto em todo o espectro

Ø Índices de Cor das estrelas relacionam-se com a sua


Temperatura superficial

Ø É necessário corrigir as magnitudes e cores observadas


pela absorção interestelar

Ø Observações são sempre corrigidas pela extinção


atmosférica

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AGA291 - Cap. 4 – Distâncias e Magnitudes Magalhães 49

(Zeilik, Gregory & Smith, Tabela A4-3): Dados estelares. back

Créditos das Figuras


As figuras foram tomadas com autorização da seguinte
publicação:
• Karttunen et al., Fundamental Astronomy, Springer, 3rd
ed., 1996

A tabela A4-3 é de:


• Zeilik, Gregory & Smith, Introductory Astronomy and
Astrophysics.
Início da apostila

© 2000 Antonio Mário Magalhães


AGA291 - Cap. 5 – Temperaturas Magalhães 50

5. Temperaturas
5.a. Temperatura Efetiva (Te)

• Temperatura do Corpo Negro que irradia o mesmo fluxo


que o da estrela:

F = σTe
4

• Na superfície da estrela: Fluxo F


(4πR 2 )(σTe )
4
L
À distância r: Fluxo F = ’
=
4πr 2
4πr 2
α 
2 2
 R
Ø F ’=   σTe 4 =   σTe 4
r 2

onde α = 2R/r = diâmetro angular da estrela

• Ex. Arcturus (alpha Bootis)


Fluxo observado = F’ = 4.5x10-8 W m-2
Interferometria: α = 0.020” => α/2 = 4.85x10-8 rd
1
−8
 4.5 x10  4
=>Te =  −2 2 −8 
= 4300 K
 ( 4. 85 x10 ) (5. 669 x10 )

© 2000 Antonio Mário Magalhães


AGA291 - Cap. 5 – Temperaturas Magalhães 51

5.b. Temperatura de Brilho (Tb)


• Supõe que, em um dado λ, fluxo da superfície do objeto
vem da lei de Planck:
α 
2
 R
Fλ =   Fλ =  πBλ (Tb )

r 2

Em radioastronomia, Tb é usada para expressar a


intensidade (brilho superficial) da fonte:

2kν 2
Iν = Bν(Tb) ≈ 2 Tb (aprox. de Rayleigh-Jeans)
c
Ø Tb = λ2/2k Iν

5.c. Temperatura de cor (Tc)


• Determinada a partir do fluxo observado em dois
comprimentos de onda, λ1 e λ2:
Karttunen Fig. 6.1: Determinação de Tc∗
Como

λ2 kT c ) − 1
exp(hc
5
Fλ1 ’  λ1 
Bλ1 (Tc )
= =  .
Fλ2 ’ Bλ2 (Tc )  λ2  exp(hc
λ kT ) − 1 2 c


Créditos das Figuras ao final da apostila.

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AGA291 - Cap. 5 – Temperaturas Magalhães 52

Bλ1
Ø mλ1 − mλ2 = −2.5 log + cont.
Bλ2
Fλ1 ’
= −2.5 log + const.
Fλ2 ’
5
λ  hc  1 1 
= −2.5 log 2  + 2.5(log e)  −  + const.
λ
 1 kTc  λ1 λ2 
usando a lei de Wien no óptico.
b
Ø mλ1 − mλ2 = a +
Tc
onde a e b são constantes.

Ex: Corpo Negro: T = 7090 / [(B – V) + 0.71] K


Estrelas: T = 8540 / [(B – V) + 0.87] K

Carroll & Ostlie Fig. 3.10: Cores das estrelas e CN

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AGA291 - Cap. 5 – Temperaturas Magalhães 53

5.d. Temperatura Cinética (Tk)


• Relacionada com a Energia Cinética de uma partícula de
um gás ideal:

1 2 3
mv = kTk ,
2 2

onde
m = massa da partícula
k = const. de Boltzmann
v= v 2 = velocidade quadrática média

• A pressão de um gás ideal é:

P = n k Tk
onde
n = densidade numérica das partículas, m-3

5.e. Temperatura de Excitação (Texc)


• Dá a razão de população de dois níveis de energia:

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AGA291 - Cap. 5 – Temperaturas Magalhães 54

N2 g2  ∆E 
= exp − 
N1 g1  kTexc 

• Temperatura de Ionização = Ti = comparação de íons de


estados de ionização distintos.

• Num dado estágio de ionização, se as colisões dominan:

Texc = Tk .

• Em equilíbrio termodinâmico (ET):

T = Tk = Texc = Ti .

• Numa estrela:

Existe fluxo de energia para fora


⇒ não está em ET!

Entretanto,
se a distância através da qual T muda
significativamente,
T
HT = << distância l
dT / dr
entre as colisões para partículas e fótons,

⇒ Equilíbrio Termodinâmico Local

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AGA291 - Cap. 5 – Temperaturas Magalhães 55

Exemplo: Sol
T varia de 5650 K a 5890 K em 27.7 km:

5770 K
HT = = 6.66 × 107 cm
(5890 K − 5650 K ) /( 2.77 × 106 cm)

⇒ H T = 666 km
Como HT se compara com o caminho livre médio, l,
entre colisões?

Estimativa de l:
Átomos colidem se passam a 2 raios de Bohr, 2 a0, um
do outro:

Num tempo t,
um "átomo" de secção σ e velocidade v varre
um volume [σ v t]
contendo [n σ v t] átomos
com os quais colide:
vt 1
l= ⇒ l=
nσvt nσ
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AGA291 - Cap. 5 – Temperaturas Magalhães 56

n, σ =?

σ = π(2a0)2 = 3.52×10-16cm2

ρ = 2.5×10-7 g/cm3 ⇒ n = ρ/mH = 1.50×1017cm-3

1
⇒l = = 1.89×10-2 cm << HT !

⇒ átomos 'vêem' uma temperatura T cte. entre colisões.

Para os fótons da fotosfera do Sol,

l = 1.52×107 cm < HT,

mas não muito menor.

No interior do Sol, para os fótons

l ≈ 1 cm,

e o ETL é uma excelente aproximação!

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AGA291 - Cap. 5 – Temperaturas Magalhães 57

Crédito das Figuras


As figuras foram tomadas com autorização das seguintes
publicações :
• Karttunen et al., Fundamental Astronomy, Springer, 3rd
ed., 1996.
• Carroll & Ostlie, Introduction to Modern Astrophysics,
Addison-Wesley, 1996.
Início da apostila

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AGA291 - Cap. 6 – Mecânica Celeste Magalhães 59

6. Mecânica Celeste

6.a. Histórico
• Movimento annual do Sol para Leste
• Movimento de Mercúrio e Venus
• Movimento de Marte, Júpiter e Saturno
Carroll Fig. 1.2: Movimento retrógrado de Marte∗
• Modelo heliocêntrico de Copérnico
Carroll Fig. 1.5: Configurações planetárias

• Elongação
Ângulo entre Sol e Planeta, visto da Terra

Ângulo de 0o = conjunção (superior ou inferior)


180o = oposição
90o = quadratura

• Elongação Máxima
para planetas inferiores: Mercúrio (28o)
Venus (48o)
• Movimento Retrógrado
para planetas exteriores
Carroll Fig. 1.6: Movimento retrógrado de Saturno


Crédito das Figuras ao final da Apostila.

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AGA291 - Cap. 6 – Mecânica Celeste Magalhães 60

• Relação entre os Períodos Sinódico (S) e Sideral (P):


Zeilik Fig. 1.4: Períodos Sinódico e Sideral
1 1
 − planeta int erno
1  P P⊕
=
S 1 1
− planeta exterior
 P⊕ P

Ex. Venus: S = 583.92d => P = 224.7d

• Métodos de Kepler de determinação de órbitas


Zeilik Fig. 1.5: Determinação de distâncias
q Planetas interiores
r = sin (máxima elongação), em UA

q Planetas exteriores
A partir de posições do planeta separadas de P:
Sabemos ∠ESE’
De observações: ∠PES, ∠PE’S
Trigonometria: resolvemos ∆ ESE’
Õ EE’, ∠SEE’, ∠SE’E
Por subtração: ∠PEE’ e ∠PE’E
Trigonometria: resolvemos ∆EPE’
Do ∆SEP: determinamos r

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AGA291 - Cap. 6 – Mecânica Celeste Magalhães 61

6.b. Órbitas Planetárias


• Leis de Kepler
1a. lei: órbitas elípticas com Sol num dos focos

2a. lei: raio vetor do planeta varre áreas iguais em


tempos iguais.
Carroll Fig. 2.2: 1a. e 2a. leis de Kepler

3a. lei: P2 = k . a3 , a = semi-eixo maior


Carroll Fig. 2.3: 3a. lei de Kepler

• Secções Cônicas
Bless Fig. 8.11: Geração de secções cônicas
Carroll Fig. 2.5b: Secções cônicas
Elipse (e < 1)
a (1 − e 2 )
r= , Área = πab
1 + e cosθ
Carroll Fig. 2.4: Geometria da Elipse
Parábola (e = 1)
2p
r= , p = distância de max. aproximação
1 + cosθ

Hipérbole (e > 1)
a (e2 − 1)
r=
1 + e cosθ

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AGA291 - Cap. 6 – Mecânica Celeste Magalhães 62

6.c. Mecânica Newtoniana


• Leis de Newton
1a. lei (inércia): A menos que uma força aja sobre a
partícula,
dp dv
r r
p = mv = const. ou =m =0
r r
dt dt
2a. lei (força): taxa de mudança de p de um corpo é a
r

força que aje sobre ele,


r dp r
F=
dt
3a. lei (ação e reação): em um sistema fechado, a força
que é exercida por um corpo é igual e oposta a que age
sobre ele:
Fexercida = −Fagente , P = const.
r r r

6.d. Lei da Gravitação Universal


• Força centrípeta e Gravitação
Zeilik Fig. 1.11: Aceleração centrípeta
v2
Fcent = ma = m
r
Como
2πr 4π 2 m
v= e P = kr => F =
2 3
.
P kr 2
Da 3a. lei, F ∝ M (massa do corpo central),
GMm
Õ Fgrav = 2 (atrativa)
r
G = 6.67x10-11 m3 kg-1 s-2

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AGA291 - Cap. 6 – Mecânica Celeste Magalhães 63

• Aceleração gravitacional
g = G M⊕/R⊕2 ≈ 9.8 m s-2
M⊕ = massa da Terra
R⊕ = raio da Terra

6.e. Interpretação física das leis de Kepler


• Lei das Áreas
Zeilik Fig. 1.13: Lei das Áreas
dA/dt = r vt/2 = r2 (dθ/dt)/2 = cte = (L/m)/2

Ex. No perihélio (v = vt):


1
2A 2πab 2πa  1 + e  2
v ph = = =  
Pr Pa(1 − e) P 1− e 
e no afélio:
1
2πa  1 − e  2
vah =  
P 1+ e 
Ex. Terra:
a = 1 UA = 1.496x108 km
P = 1 ano = 3.156x107 s
e = 0.0167
Õ vph = 30.3 km/s; vah = 29.3 km/s

A Lei das Áreas expressa a conservação do momento


angular:

L = r xp = m( r x v) , [L] = kg . m s-2
r r r r r

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AGA291 - Cap. 6 – Mecânica Celeste Magalhães 64
r
dL r r r dp r r
r
Õ = vxp+ r x( ) = r xF
dt dt
Õ L/m = r vt = H = const.

• 3a. Lei de Kepler


Para 2 corpos orbitando em torno do C.M.:
Zeilik Fig. 1.14: Centro de Massa

F1 = m1v12/r1 = 4πm1r1/P2
F2 = m2v22/r2 = 4πm2r2/P2

Como
F1 = F2 => r1/r2 = m2/m1

Além disso,
r1 = m2a/(m1+m2) e Fgrav = F1 = F2Gm1m2/r2
4π 2 a 3
Õ P = 2
(a = r1 + r2)
G ( m1 + m2 )

No Sistema Solar,
Õ P 2 ≈ ka3 , k = 4π 2 / GM
(M = massa do Sol)

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AGA291 - Cap. 6 – Mecânica Celeste Magalhães 65

• Conservação da Energia Total (ET) de um sistema de


dois corpos:
ET = (m1v12)/2 + (m2v22)/2 – Gm1m2/r = const.
Constante = ?
Momento linear total do sistema é constante:
m1 v1 = m2 v2
Como v = v1 + v2,
Õ v1 = m2 v /(m1 + m2)
Õ v2 = m1 v /(m1 + m2)

 v2 G
Õ ET = m1m2  − 
 2(m1 + m2 ) r 

Calculando ET para o perihélio:


Õ ET = - G m1 m2/2a < 0
2 1
Õ v 2 = G ( m1 + m2 ) − 
 r a

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AGA291 - Cap. 6 – Mecânica Celeste Magalhães 66

6.f. Aplicações no Sistema Solar


• Podemos escrever a 3a. lei de Kepler,
4π 2 a 3
P =
2
,
G ( m1 + m2 )
comparando um sistema (m1, m2)
com um sistema (m1’, m2’):
 m1 + m2   P   a 
2 3

 m ’+ m ’  P’ =  a ’
 1 2    

Para o Sistema Solar e Estrelas usamos o sistema Sol-


Terra como referência:
=> P2 = a3 [P] = anos, [a] = UA, [M] = M‰

Para sistemas planetários, usamos o sistema Terra-Lua:


mp (P/P⊕)2 = (a/a⊕L)3; [P] = dias,[a] = km, [mp] = M⊕

Ex. Urano-Miranda: P = 1.4d, a = 128,000 km


Õ mU = 14 M⊕

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AGA291 - Cap. 6 – Mecânica Celeste Magalhães 67

• Lançando foguetes
Conservação da Energia no solo e a uma altura h
(<<R⊕):
mv2/2 = mgh => h = v2/2g
Em geral:
mv2/2 – GM⊕ m/R⊕ = - GM⊕ m/(R⊕ + h)
 
 
v 2  R⊕ 
Õ h=  

2g  v2
R −
 ⊕ 2g


 

Quando v = (2 g R⊕)1/2 = 11.2km/s, h→∞


Õ v = veloc. de escape.
• Satélites Artificiais
Velocidade Circular de um satélite em órbita a uma
altura r (altitude h = r – R⊕):
vc = (GM⊕/r)1/2 = vo(1 + h/R⊕)-1/2
onde
vo = (GM/R⊕)1/2 = 7.86 km/s
= veloc. circular em r = R⊕
Reescrevendo v = v(h) acima,
v = 2v 1
0 R 
1/ 2
 ⊕ + 1
 h 
   

ou seja, quando h→∞, vesc=√2.vo (a partir do solo)


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AGA291 - Cap. 6 – Mecânica Celeste Magalhães 68

A órbita atingida depende da velocidade de queima v:


Zeilik Fig. 1.16: Órbitas ao redor da Terra

Da eq. de conservação da Energia, no ponto A:


a = r/[2- (v/vc)2] <=> v = vc(2-r/a)1/2

Quando
v = vc → r = a (órbita circular)

v = √2 vc→ a = ∞ (órbita parabólica)


v > √2 vc → órbita hiperbólica

v < √2 vc → órbita elíptica:

se vc < v < √2 vc → a > r, injeção no perigeu


se 0 < v < vc → a < r, injeção no apogeu.

A seguir: Exemplo 7.11.2 do Karttunen.

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AGA291 - Cap. 6 – Mecânica Celeste Magalhães 69

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AGA291 - Cap. 6 – Mecânica Celeste Magalhães 70

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AGA291 - Cap. 6 – Mecânica Celeste Magalhães 71

Créditos das Figuras


As figuras foram tomadas com autorização das seguintes
publicações :
• Carroll & Ostlie, Introduction to Modern Astrophysics,
Addison-Wesley, 1996.
• Bless, Discovering the Cosmos, University Science
Books, 1996

As demais figuras são de:


• Zeilik, Gregory & Smith, Introductory Astronomy and
Astrophysics.
Início da apostila

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AGA291 - Cap. 7 – Espectros Estelares Magalhães 72

7. Espectros Estelares

7.a. Importância dos Espectros Estelares


• Fornecem Propriedades Físicas das Estrelas:
Temperatura Superficial
Composição Química
Processos Atmosféricos
Luminosidade

• Forma geral do Espectro [I = I(λ)]:


Um contínuo semelhante ao de um Corpo Negro
Superpostas a este contínuo:
linhas de absorção (maioria)
linhas de emissão (algumas estrelas)
Bless Fig. 11.1: Espectro de Vega∗

• Objetivo:
Definir Classes Espectrais
Relacioná-las à Temperatura e Luminosidade de uma
estrela


Crédito das Figuras ao final da Apostila.

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AGA291 - Cap. 7 – Espectros Estelares Magalhães 73

7.b. Medidas de Espectros


• Dois métodos básicos:
Prisma Objetivo
Bless Fig. 11.2
Espectrógrafo de Fenda
Bless Fig. 10.43

Karttunen Fig. 9.1: Espectro de η Peg (similar ao Sol)


Bless Fig. 11.7: Espectro de uma estrela similar ao Sol
Karttunen Fig. 9.2: Espectro estelar

• Perfil detalhado de uma linha espectral:


Perfil da linha
Karttunen Fig. 9.3: Largura Equivalente
Frequentemente, a Largura Equivalente, Wλ, é
utilizada

• Para classificação espectral, idéia geral é:


Quais linhas de absorção
estão presentes?
estão ausentes?
são mais fortes?
são mais fracas?
Ø Esquema de classificação de Harvard =>
Temperatura

Quão largas são as linhas de absorção?


Ø Classes de Luminosidade de Morgan-Keenan-
Kellman (MKK)

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AGA291 - Cap. 7 – Espectros Estelares Magalhães 74

7.c. Classificação de Harvard e Temperatura

• Questão:
Uma dada linha de absorção origina-se de transição a
partir de um nível E2
Quando a temperatura do gás é alta o suficiente para
povoar este nível?

Resposta: Quando ∆E ≈ kT

Se ∆E >> kT => nível E2 não é excitado


Se ∆E << kT => níveis mais elevados que E2 são
excitados e/ou átomo é ionizado

Assim, linhas de absorção “aparecem” e “desaparecem”


à medida que a Temperatura aumenta.
Karttunen Fig. 9.6: Largura Equivalente vs. classe espectral

• Linhas espectrais são alargadas por:


 Alargamento “natural” Bless Fig. 11.8
 Efeito Doppler (térmico, turbulento, etc.)
 Pressão do gás ambiente (§7.d)
 Rotação Bless Fig. 11.10

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AGA291 - Cap. 7 – Espectros Estelares Magalhães 75

• Catálogo Henry Draper (HD) contém ≈ 225 000 estrelas


até V≈ 9
Os Tipos Espectrais são designados por letras
maiúsculas:
C
O − B − A− F −G − K − M
(com subclasses 0…9)
S
Temperatura →
Classes C e S: ramos paralelos aos tipos G-M mas
com composição química diferente:
C → estrelas carbonadas (C/O > 1)
G-M → estrelas oxigenadas (C/O < 1)
S → estrelas com C/O ≈ 1

• Características dos vários tipos espectrais


Bless Fig. 11.4: Espectros de O7 a K2
Karttunen Fig. 9.4: Vega (A0) e Aldebaran (K5)
Karttunen Fig. 9.5: Espectros de vários tipos espectrais
U.Oregon: Espectros digitalizados 1 e 2

Tipo O
 Estrelas Azuis, T ≈ 20 000 – 50 000 K
 Linhas fortes de átomos várias vezes ionizados
 HeII, CIII, NIII, OIII, SiIV
 HeI visível
 HI fraco

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AGA291 - Cap. 7 – Espectros Estelares Magalhães 76

Tipo B
 Estrelas azul-brancas, T ≈ 15 000 K
 HeII já desapareceu
 HeI (403nm) mais fortes em B2 e desaparece em B9
 CaII K visível em B3
 HI mais intensas em nos tipos O
 OII, SiII, MgII visíveis

Tipo A
 Estrelas brancas, T ≈ 10 000 K
 HI bastante fortes, máximo em A0
 CaII H,K mais fortes
 HeI não mais visível
 Metais neutros aparecem

Tipo F
 Estrelas amarelo-brancas, T ≈ 7 000K
 HI mais fraco
 CaII mais fortes
 Metais (FeI, FeII, CrII, TiII,…) mais fortes

Tipo G
 Estrelas amareladas, como o Sol, T ≈ 5 500 K
 HI ainda mais fraco
 CaII mais fortes em G0
 Metais neutros mais fortes
 Banda G (CH) visível
 CN em estrelas gigantes

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AGA291 - Cap. 7 – Espectros Estelares Magalhães 77

Tipo K
 Estrelas laranja-amareladas, T ≈ 4 000 K
 Espectro dominado por metais neutros
 HI insignificante
 CaI 422.7nm visível
 CaII fortes; banda G; TiO aparece em K5

Tipo M
 Estrelas vermelhas, T ≈ 3 000 K
 Bandas de TiO intensas
 CaI 422.7nm forte
 Muitas linhas de metais neutros

Tipo C
 Estrelas vermelhas, T ≈ 3 000 K
 Bandas de C2, CN e CH
 Não têm TiO
 Espectro de linhas como tipos K e M

Tipo S
 Estrelas vermelhas, T ≈ 3 000 K
 Bandas de ZrO
 Outras bandas: YO, LaO, TiO

• Têrmos gerais empregados:


Tipos Recentes: estrelas quentes, átomos ionizados
Tipos Tardios: estrelas frias, átomos neutros

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AGA291 - Cap. 7 – Espectros Estelares Magalhães 78

7.d. Classificação de Yerkes e Luminosidade


• Feita a partir de linhas sensíveis à gravidade da estrela:
M
g =G 2
R

Para estrelas com massas normais (M ≈ 1-10 MŒ),


Ø estrelas grandes terão valores de g muito menores

Assim, o gradiente de pressão

dP Mρ
= −G 2 = − gρ
dr R

será muito menor para estrelas gigantes.

Isto causa:
 linhas de absorção mais estreitas (HI em tipos B-F)
 linhas de absorção de elementos ionizados mais
intensas (Eq. de Saha) (SrII e FeI)
Karttunen Fig. 9.7: Efeitos de luminosidade no espectro

• Classes de luminosidade de MKK


Ia supergigantes mais luminosas
Ib supergigantes menos luminosas
II gigantes luminosas
III gigantes
IV subgiantes
V de Sequência Principal

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AGA291 - Cap. 7 – Espectros Estelares Magalhães 79

7.e. Espectros Peculiares


• Estrelas Wolf-Rayet (WR)
Têm linhas largas em emissão de HeII, CIII, CIV, NII
Muito pouco HI
Jaschek Fig. 8.7: Espectros WR
Duas classes:
WN – linhas de emissão de N (sem C,O)
WC – linhas de emissão de íons de C,O e He (sem N)

Explicação: são estrelas massivas evoluídas!


T ≈ 60 000 – 100 000 K
Perdem massa significativamente
São precursoras de Supernovas

• Estrelas Be
tipo B com linhas de emissão (HI, FeII)
explicação: possuem disco de material ionizado ao redor
luz da estrela é linearmente polarizada
⇒ envelope estelar não é esférico!
Bless Fig. 11.5: Linhas de emissão
• Estes dois tipos de estrelas apresentam
linhas de emissão com perfil P-Cygni
Bless Fig. 11.9: Perfil P Cyg
• Outras estrelas também têm linhas de emissão
Ex. Estrelas gigantes vermelhas, pulsantes
Karttunen Fig. 9.8a: Espectro de emissão de R Gem

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AGA291 - Cap. 7 – Espectros Estelares Magalhães 80

7.f. O Diagrama H-R


• Ferramenta extremamente importante para o estudo da
Evolução Estelar!
• Construído em 1910 por Hertzprung e Russell:
gráfico de Magnitude Absoluta versus Tipo Espectral

Modernamente, é um gráfico de
Magnitude Aparente, Tipo Espectral , 
   
Magnitude Visual ou  vs.  B − V ou 
 Log (lu min osidade)  log(temperatura )
   

ou seja, “medida de brilho” vs. “medida de Temperatura”


Karttunen Figs. 9.9: Diagrama HR
Da relação
L
M bol − M bolO = −2.5 log
LO
com a relação
L = (4πR 2 )(σTe )
4

R T
Ø M bol − M bolO = −5 log − 10 log e
RO TeO

ou seja, linhas de mesmo Raio são retas no Diagrama


H-R.
Karttunen Figs. 9.12: Diagrama HR e raios estelares

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AGA291 - Cap. 7 – Espectros Estelares Magalhães 81

• Exemplo:
Raio de uma supergigante amarela de tipo G0
 Temperatura = ?
Fig. 9.9 (ou Tab. A4-3, Cap. 4) => T ≈ 6 000 K
 Luminosidade = ?
Fig. 9.9 (ou Tab. A4-3) => Mv ≈ - 5.5
Mbol = Mv+BC = -5.5 + (-0.06) = -5.56
L
De M bol − M bolO = −2.5 log ; com MbolŒ = +4.72
LO
Ø L = 1.3x104 LŒ

 De L = (4πR 2 )(σTe ) , Te ≈ TeŒ


4

Ø R = 113 RŒ = 7.9 x 1010 m = 0.52 UA

• A maioria das estrelas está na Sequência Principal (SP)

Estrelas G-K-M caem na SP e dentre as gigantes

Estrelas vermelhas mais brilhantes:


Supergigantes, com Mv ≤ -7
Ex. Alpha Orionis; R Š1 000 RΠ(~ 5 UA!)
L = 20 000 LŒ
HST: α Ori
Anãs Brancas: ≈ 10 magnitudes mais fracas que as de SP
Ex. Sirius B, companheira de Sirius (α Cma).
Karttunen Fig. 15.1: Sirius A e B
HST: Anãs brancas em M4
HST: Diagrama HR de M4

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AGA291 - Cap. 7 – Espectros Estelares Magalhães 82

• Quando graficamos somente estrelas dentro de 10 pc, o


diagrama H-R é bem diferente.
Karttunen Fig. 9.10: Diagrama HR p/ estrelas + brilhantes
e p/ estrelas próximas
Ø não existem gigantes ou estrelas brilhantes de SP.

• O que aprendemos de Diagramas H-R:


 Como estrelas vivem
 Como estrelas nascem
 Como estrelas morrem
 Detalhes de aglomerados estelares
quão velho é um aglomerado?
(Precisamos de conhecer a evolução estelar)
quão longe ele está?
Podemos obter ∆m = m - M superpondo
a SP do aglomerado em estudo
com
a SP de um aglomerado padrão (ex., Hyades)
Ø ∆m = 5 log(r/10) + A, [r] = pc

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AGA291 - Cap. 7 – Espectros Estelares Magalhães 83

7.g. Propriedades das Estrelas a partir das observações


• Massas
São determinadas a partir de estrelas binárias (Cap. 8)
Na Sequência Principal:
quanto mais brilhante a estrela, maior a massa
(Relação Massa-Luminosidade)
Karttunen Fig. 9.11: Relação Massa-Luminosidade

p/ M ≥ 3 MŒ : L ∝ M3
p/ M ≤ 0.5MŒ : L ∝ M2.5
Ex. M = 10MŒ → L = 103 LŒ (∆M = 7.5)
Menores massas observadas ≈ 1/20 MŒ
Massas das Anãs Brancas ≈ 1 MŒ
Massas das estrelas de SP + brilhantes e supergigantes
mais massivas ≈ 10 – 100 MŒ

• Raios
Anãs Brancas: RAB ≈ 10-2 RŒ
Supergigantes: RSG ≈ vários 103 RŒ

Ø ρSG ≈ 10-4 kg/m3; ρAB ≈ 109 kg/m3

• Temperaturas: 2 000 K ≤ T ≤ 50 000 K


• Luminosidades: 10-4 LŒ ≤ L ≤ 106 LŒ

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AGA291 - Cap. 7 – Espectros Estelares Magalhães 84

• velocidades de rotação:
Estrelas O-B: vrot ≈ 200 – 300 km/s
G: vrot ≈ 5 km/s

• Abundâncias (por massa):


[H] ≈ 75%; [He] ≈ 25%.
Abundância Relativa em número de alguns elementos
Elemento Ab. Relativa Elemento Ab. Relativa
Hidrogênio 1000 Neônio 0.1
Hélio 1000 Magnésio 0.04
C 0.4 Silício 0.04
Nitrogênio 0.1 Ferro 0.03
Oxigênio 0.8 Enxôfre 0.02
(Bless Tab. 11.2)

• Em Resumo, temos visto que:


Brilho depende fortemente da cor;
Brilho depende fortemente da massa;
Raio varia bastante com a massa.
Nossa tarefa: ENTENDER O PORQUE!

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AGA291 - Cap. 7 – Espectros Estelares Magalhães 85

(Zeilik, Gregory & Smith, Tabela A4-3): Dados estelares. back

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AGA291 - Cap. 7 – Espectros Estelares Magalhães 86

Créditos das Figuras


As figuras foram tomadas com autorização da seguinte
publicação:
• Karttunen et al., Fundamental Astronomy, Springer, 3rd
ed., 1996
• Bless, Discovering the Cosmos, University Science
Books, 1996

A tabela A4-3 é de:


• Zeilik, Gregory & Smith, Introductory Astronomy and
Astrophysics.

A tabela 11.2 é de:


• Bless, Discovering the Cosmos, University Science
Books, 1996.

A Fig. 8.7 é de
• Jaschek & Jaschek, The Classification of Stars,
Cambridge Univ. Press, 1990.

Início da apostila

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AGA291 - Cap. 8 – Estrelas binárias e Massas Estelares Magalhães 87

8. Estrelas Binárias e Massas Estelares

8.a. Estrelas Binárias


• “Ligadas” pela Gravitação
• Mais de 50% das estrelas são sistemas múltiplos
• Sistemas múltiplos são compostos por binárias em vários
níveis
• Importância das Estrelas Binárias:
calibram a relação Massa-Luminosidade (Cap. 7)

8.b. Tipos de Binárias


• Visuais
(incluem as Astrométricas)
Karttunen Fig. 10.1: Uma binária visual∗
• Espectroscópicas
Carroll Fig. 7.3: Binária Espectroscópica
• Fotométricas ou Eclipsantes
Carroll Fig. 7.8: Binárias eclipsantes

• Podem também ser classificadas quanto à separação


entre as duas componentes:
Binárias Afastadas ou distantes
a > 10 – 100 UA, P > 10 – 1000 anos
Binárias Próximas
a ≤ 1 UA, P ≤ horas e dias


Crédito das Figuras ao final da Apostila.

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AGA291 - Cap. 8 – Estrelas binárias e Massas Estelares Magalhães 88

8.c. Binárias Visuais


• Órbita relativa à mais brilhante
Ø separação angular (a”) e ângulo de posição
Carroll Fig. 7.4: Órbitais real e observada
Karttunen Fig. 10-2: ζ U Ma
• Órbita real é obtida a partir da projetada
Ø obtemos a” = semi-eixo maior em [” ]
• Se a distância é conhecida:
Ø a (UA) = a” x d (pc)
De a e P,
a3
Ø m1 + m2 = 2 , [m] = MŒ
P

Do movimento das componentes relativos ao C.M.


a m
Ø a1, a2 → 1 = 2
a2 m1
Karttunen Fig. 10.3: Sistema binário
• Ex. α Centauri
a” = 17.6”; π = 0.76”; P = 80.1 anos
3
 17.60  1
Ø m1 + m2 =  . = 1.95 MŒ
 0.76  80.1
Das observações: a1/a2 = 1/1.25
Ø m1 = 1.08 MŒ; m2 = 0.87 MŒ

• Binária Astrométrica
Ex. Sirius (α Cma, descoberta em 1930)
Karttunen Fig. 15.1: Sirius A & B
Karttunen Fig. 10.4: Trajetórias aparentes de Sirius A/B

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AGA291 - Cap. 8 – Estrelas binárias e Massas Estelares Magalhães 89

8.d. Binárias Espectroscópicas


• Aparentemente uma estrela simples, porém
o espectro mostra deslocamentos regulares p/ vermelho e
azul
Karttunen Fig. 10.5: κ Ari
• Velocidade observada v:
v = v0 sin i , Carroll Fig. 7.8: Ângulo de inclinação
i = ângulo de inclinação da órbita
= ângulo entre linha de visada e normal à órbita
Carroll Fig. 7.5: v vs. t (órbita circular)
Carroll Fig. 7.6: v vs. t (órbita elíptica)
• Para uma órbita circular
A partir de um espectro, usando:
a1/a2 = m2/m1 → a1 = a m2/(m1 + m2)
e
2πa1 2πa m2 sin i
v1 = sin i = ,
P P m1 + m2
mais a 3a. lei de Kepler, obtemos
m2 sin 3 i v13 P
3
= (função de massa)
( m1 + m2 ) 2 2πG

Se observarmos 2 espectros, podemos obter


a1/a2 = v2/v1, m1/m2 = v2/v1 e
m1 sin3i, m2 sin3i ,
além dos tamanhos das órbitas:
vP vP
a1 sin i = 1 , a2 sin i = 2 .
2π 2π

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AGA291 - Cap. 8 – Estrelas binárias e Massas Estelares Magalhães 90

8.e. Binárias Fotométricas


• Maior parte das variações de brilho devidas a eclipses
• Variação do brilho vs. tempo = Curva de Luz
Carroll Fig. 7.9: Curvas de luz (i = 90°)
Carroll Fig. 7.10: Curvas de luz (i ≠ 90°)
Karttunen Fig. 10.6: Curvas de luz típicas de binárias eclipsantes
• Inclinação ≈ 90° => massas individuais podem ser
obtidas se binárias forem espectroscópicas
• Várias binárias emitem também em Raios-X

8.f. Resultado da Determinação de Massas Estelares


• Relação Massa-Luminosidade
L ∝ M –3.5
Carroll Fig. 7.7: M vs. L para a SP
Bless Fig. 12.15: Diagrama HR

8.g. Uma aplicação interessante: separando Planetas de


Anãs Marrons
• Comparação entre propriedades das órbitas,
excentricidade e período
de sistemas binários de estrelas jovens vs. companheiros
invisíveis de estrelas
Sky & Telescope, Maio 98, p. 22

© 2000 Antonio Mário Magalhães


AGA291 - Cap. 8 – Estrelas binárias e Massas Estelares Magalhães 91

Créditos das Figuras


As figuras foram tomadas com autorização da seguinte
publicação:
• Karttunen et al., Fundamental Astronomy, Springer, 3rd
ed., 1996
• Carroll & Ostlie, An Introduction to Modern
Astrophysics, Addison-Wesley, 1st. ed., 1996.

Início da apostila

© 2000 Antonio Mário Magalhães


Cap. 9 – Estrutura Estelar Magalhães 92

Cap. 9 – Estrutura Estelar

9a. Estrutura e Evolução Estelar

• Qual é a Física das Estrelas?

• Qual a Física das Estrelas da Sequência Principal?

• Como as estrelas nascem

• Como elas envelhecem?

• Estudaremos inicialmente o centro de uma estrela da

Sequência Principal:

Equilíbrio e Pressão Hidrostáticos

Equação de Estado e Temperatura

Reações Nucleares

 2000 Antonio Mário Magalhães


Cap. 9 – Estrutura Estelar Magalhães 93

9.b. Equilíbrio Hidrostático


• Estrela esféricamente simétrica

Bless Fig. 13.2: Equilíbrio hidrostático
• Consideremos um elemento de volume dentro da estrela,
dV = dA dr
a um raio r.

Nesse raio,
densidade = ρ(r)
pressão = P(r)
Karttunen Fig. 11.1: Equilíbrio hidrostático
Força p/ fora (Pressão) = Força p/ dentro (Gravidade)

M (r )dm
[ P (r ) − P(r + dr )] x dA = G
r2
dP M (r ) ρ (r )dAdr
− [ dr ] x dA = G
dr r2

dP M (r ) ρ (r )
Ø = −G
dr r2

• Massa dentro de r:

Ø M (r ) = ∫0 4πr 2 ρ (r ) dr
r

Karttunen Fig. 11.2: Continuidade de massa


Créditos da Figuras ao final da Apostila.
 2000 Antonio Mário Magalhães
Cap. 9 – Estrutura Estelar Magalhães 94

• Aplicação: Pressão Central de uma Estrela


Raio = R e Massa = M
Aproximando:
- dr = R
- Pressão zero em r = R: dP = -Pc
M
- Densidade constante ρ (r ) =
4πR 3 / 3

Pressão Central Pc é
3M
M 2
Ø Pc = R x G 4πR 3 = 3GM
R2 R4

Ex: Para o Sol,


M = 1.99x1030 kg
R = 6.96x108 m

Ø Pc = 2.7x1014 N/m2
= 2.7x109 atm,
uma pressão enorme!

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Cap. 9 – Estrutura Estelar Magalhães 95

9.c. Equação de Estado


• Relaciona as propriedades da matéria

• Com boa aproximação:


P = n k T (lei dos gases perfeitos)

onde
P = P(r) = pressão a um raio r
T = T(r) = temperatura a um raio r
n = n(r) = ρ(r)/[µ(r) mH] = densidade numérica

com
ρ(r) = densidade de massa
µ(r) = peso molecular médio

• Estimativa do peso molecular médio:


1 mH
= n
µ ρ

Definimos frações de massa em termos de mH:

onde A = no. atômico para ”metais”.

Ex.: Para o Sol,


X = 0.71 Y = 0.27 Z = 0.02

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Cap. 9 – Estrutura Estelar Magalhães 96

peso molecular médio (cont.):


Se tivermos
- Hidrogênio
- Hélio
- Metais e seus elétrons, então
A
n = 2nH + 3nHe + (1 + )nmet
2
Assim,
1 3 Z
≈ 2X + Y + ,
µ 4 2
assumindo A >> 1.
• Aplicação: Temperatura Central

Usando a Eq. de Estado no centro da estrela:


ρkTc
Pc = P (0) = ,
µmH
junto com o equilíbrio hidrostático para Pc:

Pc = R x G 2
R
dá uma estimativa para Tc:
GMµmH
Tc = .
kR
Ex: Centro do Sol:
X=0, Y=0.98 => µ ≈ 1.34
Ø Tc = 1.2x107 K (!)
Ø dica importante para a fonte de energia nas
estrelas.

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Cap. 9 – Estrutura Estelar Magalhães 97

9.d. A fonte de energia nas estrelas


• Usando o Sol como exemplo:
Biologia e Geologia da Terra indica que
LŒ ≈ constante por bilhões de anos (109 a)

Idade da Terra ≈ 4.5 x 109 a → Sol existiu por pelo


menos esse tempo.
LΠ= 4x1026 W
Ø em 5.109 a → Eirradiada ≈ 6 x 1043 J
MΠ= 2x1030 kg;
Ø Sol deve produzir pelo menos 3x1013 J/kg

• Poderia ser a contração gravitacional?


M GM GM 2
Liberação de Energia U = ∫0 r
dM ≈
R
Para o Sol,
U ≈ 3.8x1041 J << Eirradiada
Ø Energia gravitacional não é a resposta!

• Reações Nucleares
A temperatura central do Sol é suficiente para que elas
ocorram
Dois tipos de reações são importantes:
Hadrônicas: ex., 1H + 2H → 3He + γ
Inter. Fracas: ex., 1H + 1H → 2H + e+ + νe

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Cap. 9 – Estrutura Estelar Magalhães 98

• Reações Nucleares (cont.)


Altas temperaturas são necessárias para que sobrepujar a
barreira eletrostática entre as partículas da reação:

As taxas das reações são muito sensíveis à Temperatura.


• A fonte primária de energia na Sequência Principal é
Conversão de H → He:
1H + 1H + 1H + 1H → 4He + 2e- + 2νe + Energia (∆E)

Quanta Energia é gerada?


∆E = (∆m) c2
∆m = 4x[m(1H)] – m[4He]
Karttunen Fig. 11.4: En. de ligação

m(1H) = 1.7625 x 10-27 kg


m(4He) = 6.644 x 10-27 kg
Ø ∆m = 4.7x10-29 kg ≈ 0.7% da massa inicial total
Ø ∆E = 4.1x10-12 J
∆E 4.1x10−12 J
Ø = ≈ 6 x1014
J / kg ,
4m p 4 x1.6725 x10− 27 kg

mais que o necessário (3x1013 J/kg).


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Cap. 9 – Estrutura Estelar Magalhães 99

Conversão de H → He (cont.):
• Hidrogênio se transforma em He, para estrelas com M ≤
1MŒ, através do ciclo próton-próton.
Karttunen Fig. 11.5
• A T ≥ 20x106 K, o ciclo do CNO é o dominante.
Karttunen Fig. 11.6
Neste ciclo, C, N e O são apenas catalisadores.

• Depois do H estar esgotado, o que acontece?

A primeira coisa a ‘queimar’ é o Hélio.

Entretanto, na reação

4He + 4He ⇔ 8Be

o 8Be decai em 2 4He 2.6x10-16 s (!) depois de


formado.

É necessária a reação de outro 4He quasi-


simultaneamente:
4He + 8Be → 12C + γ
o que ocorre a T > 108 K:

4He + 4He + 4He → 12C + γ (triplo-α).

Esta reação somente ocorre quando as estrelas já


passaram pela fase de Sequência Principal!

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Cap. 9 – Estrutura Estelar Magalhães 100

Créditos das Figuras


As figuras indicadas foram tomadas com autorização das
seguintes publicações:
• Karttunen et al., Fundamental Astronomy, Springer, 3rd
ed., 1996.
• Bless, Discovering the Cosmos, University Science
Books, 1996.
Início da Apostila

 2000 Antonio Mário Magalhães


Cap. 9 – Estrutura Estelar Magalhães 101

Cap. 9 – Estrutura Estelar


(continuação)

9.e. Equação da Produção de Energia


• Energia gerada = Energia transportada e irradiada

Karttunen Fig. 11.3: Luminosidade vs. r
Lr = luminosidade passando através do raio r
ε = energia gerada/kg/m3 = ε(r)

Ø dLr = L(r+dr) – L(r) = ε dMr = ε 4πr2 ρ dr

dL
Ø = 4πr 2 ρε
dr

Na prática, ε ≠ 0 somente nas regiões mais centrais.

9.f. O gradiente de Temperatura


• A Energia pode ser transportada por:
radiação
convecção
condução

dT/dr depende de como a temperatura é transportada


Créditos das Figuras ao final da Apostila.
 2000 Antonio Mário Magalhães
Cap. 9 – Estrutura Estelar Magalhães 102

• Transporte Radiativo
Duas superfícies a diferentes temperaturas:

O Fluxo líquido é
Frad ≈ σ(T+dt)4 - σT4

Como dT = l . dT/dr,
Frad ≈ - 4 l σ T3 dT/dr

Definindo a opacidade, κ,
κ = secção de choque p/ absorção por unidade de
massa (m2/kg)
∴, κρ = secção de choque por unid. de volume, m-1,

1
Ø livre caminho médio = l = , [l] = m
κρ

Valores típicos de l no interior estelar: 10-2 m,


comparado com 10-10 m para colisão entre partículas

Ø radiação domina a condução.

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Cap. 9 – Estrutura Estelar Magalhães 103

Usando Frad = Lr/4πr2,


dT   3  κρ  Lr 4σ
Ø  = −  3  ( a = =cte. de
dr rad  4 ac  T  4πr 2 c
radiação)
Quando a opacidade κ ou a luminosidade Lr ficam muito
grandes,
dT/dr)rad cresce muito => ocorre a convecção
Bless Fig. 13.4: Convecção
Bless Fig. 11.11: Sol
• A convecção também mistura partes do material estelar.

9.g. Modelos estelares


• Modelos estelares são construídos resolvendo as 4
equações diferenciais da estrutura estelar
dP M (r ) ρ (r )
= −G
dr r2
dM r
= 4πr 2 ρ dr
dr
dL
= 4πr 2 ρε
dr
dT   3  κρ  Lr
 = −  
dr rad  4ac  T 3  4πr 2

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Cap. 9 – Estrutura Estelar Magalhães 104

suplementadas por expressões para


P = P(ρ, T, composição química)
κ = κ(ρ, T, composição química)
ε = ε(ρ, T, composição química)

Quando isso é feito para estrelas de


diferentes Massas
e
composição química homogênea

Ø obtém-se a Sequência Principal de Idade Zero!

Karttunen Tab. 11.1: Seq. Principal de Idade Zero


Karttunen Fig. 9.10

Bibliografia
Karttunen et al., Fundamental Astronomy, Springer, 3rd.
ed., Cap. 11.

Créditos das Figuras


As figuras indicadas foram tomadas com autorização das
seguintes publicações:
• Karttunen et al., Fundamental Astronomy, Springer, 3rd
ed., 1996.
• Bless, Discovering the Cosmos, University Science
Books, 1996.
Início da apostila

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Cap. 10 - Evolução Estelar Magalhães 105

10. Evolução Estelar


10.a. Escalas de tempo Evolucionárias
• Escala de Tempo Nuclear
tn = tempo p/ a estrela irradiar toda Energia Nuclear que
ela possui
0.7% × 0.10 × Mc 2
tn ≈
L

Para o Sol, tn = 1010 anos = 10 bilhões de anos

Para uma estrela de massa M:

M / MΟ
tn = × 1010 anos
L / LΟ

Usando a relação Massa-Luminosidade, L ∝ M3

tn ≈ (M/MŒ)-2

• Escala de Tempo Térmica


tt = tempo para estrela irradiar energia térmica
armazenada
= tempo que a radiação leva p/ se propagar até a
superfície.

Bless Fig. 13.1: Contração Gravitacional


Créditos das Figuras ao final da Apostila.

 2000 Antonio Mário Magalhães


Cap. 10 - Evolução Estelar Magalhães 106

GM 2
tt =
3/ 5
R =
( M / M Ο )2
× 2 x107 anos
L ( R / RΟ )( L / LΟ )

Para o Sol: tt = 20 x 106 anos = 1/500 tn.

• Escala de tempo Dinâmica


td = tempo p/ estrela colapsar se a pressão fosse
removida
= tempo de queda livre

Usando
td = ½(Período) da órbita de semi-eixo maior R/2
3a. lei de Kepler:
4π 2 a3
Ø P = 2
G M +m

Ø td =
2π (R / 2)3
2 GM
R3
Ø td ≈
GM

Para o Sol, td ~ ½ h.

• Em geral,

td << tt << tn .

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Cap. 10 - Evolução Estelar Magalhães 107

10.b. Fases Gerais da Evolução de uma estrela


• Contração do Meio Interestelar
• Vida na Sequência Principal
• Gigante

10.c. Nuvem Interestelar colapsa em uma Protoestrela


• Nuvem grande de H2 se contrai
R ~ pc, T ~10 K

• Contração Gravitacional aquece o gás


Energia Gravitacional => En. Térmica + Radiação
Escala de tempo dinâmica

• Densidade aumenta até que nuvem fica opaca


T ( e P) aumentam mais rapidamente
Contração para quando gás está totalmente ionizado
(Tc ~105 K)
Equilíbrio Hidrostático
Evolução na escala de tempo térmica
Exs. M=15 MΠ=> tt = 60 000 anos
M=0.1 MŒ => tt = 100 milhões de anos
Opacidade alta => estrela convectiva

• Quando T aumenta mais no centro


Reações nucleares começam
Li, Be, B destruídos no ciclo-pp (II e III)

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Cap. 10 - Evolução Estelar Magalhães 108

• Quando Tc ≥ 4x106 K
Ø começa ciclo p-p de H→ He
Ø Fase de Sequência Principal
• Observacionalmente constatamos:
Ø Estrelas T Tauri em nuvens interestelares
têm abundância de Lítio elevada (ainda!)
Ø Objetos Herbig-Haro
Karttunen Fig. 12.1: Trilhas pré-SP
Zeilik Fig. 16.3: Evol. p/ 1MŒ
Bless Fig. 15.6, 15.9: Evolução Pré-SP
Observações de Formação Estelar

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Cap. 10 - Evolução Estelar Magalhães 109

10.d. Fase de Sequência Principal (SP)


• Queima de H→ He é a principal fonte de energia
Karttunen Fig. 12.2: Trajetórias no H-R

• Fase mais longa na vida da estrela:


Estrela tn (anos)
Sol 10 x 109
15 MΠ1 x 106
0.25 MŒ 70 x 109 anos (> idade da Galáxia)

• Limites de massa p/ estrelas na SP:


0.08 MŒ ≤ M ≤ 100 MŒ

SP Inferior SP Superior
M ≤ 1.5 MŒ M ≥ 1.5 MŒ
Ciclo pp domina Ciclo CNO domina (Tc > 18 x 106 K)
Núcleo radiativo Núcleo convectivo
Envelope convectivo Envelope Radiativo

• Estrelas com 0.08 MŒ ≤ M ≤ 0.26 MŒ


Ø são totalmente convectivas
Ø tornam-se Anãs Brancas depois do H ser consumido

Bless Fig. 13.5: Energia em ≠s estrelas

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Cap. 10 - Evolução Estelar Magalhães 110

10.e. Fase de Gigante


• Fase de SP termina quando 1H se esgota no núcleo
Ø núcleo rico em 4He
Ø H queima em uma casca ao redor do núcleo
• Estrelas de maior massa
Ex. estrela com M=9 MŒ
Na SP: Teff = 20.000 K => estrela tipo B
Tc=27x106 K => ciclo CNO
1H se esgota e núcleo se contrai
Ø queima 4He como Gigante Vermelha
4He se esgota no núcleo e núcleo se contrai
Ø queima 12C , 16O, 28Si, etc.
Ø Supernova! (de tipo II)
Bless Fig. 15.9: Evolução de M=9MŒ
• Estrela de menor massa
Ex. estrela com M= 1 MŒ
Na SP: Teff=5800 K => estrela tipo G
Tc=14x106 K => ciclo p-p domina
1H se esgota no núcleo

Ø queima 4He quando Gigante Vermelha


(‘helium flash’) Bless 15.10: M pequena
4He se esgota no núcleo mas núcleo não fica
quente o suficiente para queimar o 12C
Ø atmosfera é expelida, expondo núcleo
Ø estrela torna-se uma Nebulosa Planetária
Ø núcleo torna-se uma Anã Branca!

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Cap. 10 - Evolução Estelar Magalhães 111

10.f. Evolução de Estrelas Binárias Próximas


• Estrelas que crescem além do Lóbulo de Roche:
Ø perdem massa pelo ponto Lagrangeano interno
Karttunen Fig. 12.7: Binárias
• Ex. Algol
Sistema binário com:
{Estrela de SP normal} + {subgigante}
Subgigante tem:
massa menor
alta luminosidade
i.e., aparentemente já deixou a SP!

Solução para o paradoxo:


Subgigante era inicialmente a mais massiva
Perdeu massa para a companheira anteriormente.

• Evolução de uma binária de baixa massa


Karttunen Fig. 12-8
• Evolução de uma binária massiva
Karttunen Fig. 12-9

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Cap. 10 - Evolução Estelar Magalhães 112

10.g. Comparação com as observações


• A comparação dos modelos é mais diretamente feita com
os diagramas H-R de aglomerados de estrelas.
Karttunen Fig. 17-5, 17-7.
Suposição: Todas as estrelas formadas à mesma época
Evolução de um Aglomerado Estelar: aspecto
Evolução de um Aglomerado Estelar: Diagrama H-R

• Estrela mais massiva (ou luminosa) na SP:


Ø Esta estrela está para deixar a SP
Ø A idade do aglomerado é o tempo de vida na SP desta
estrela!

Karttunen Tabela 12.1: Tempos de vida

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Cap. 10 - Evolução Estelar Magalhães 113

10. h. Origem dos elementos


• Nas estrelas mais velhas: Z = 0.0002 (i.e., 0.02%)
Nas estrelas mais jovens: Z = 0.01-0.02
Ø maior parte das estrelas é 1H e 4He.

• 1H e 4H foram produzidos na criação do Universo


(assim com 7Li e 7Be)

• Núcleos mais pesados vêm da fusão nuclear em


interiores estelares!
Karttunen Fig. 12.10: Abundâncias

• Núcleos mais pesados que 56Fe são criados de dois


modos:
captura rápida de neutrons em Supernovas
captura lenta de neutrons em Gigantes Vermelhas
Karttunen 12.11: Construção dos elementos

Créditos das Figuras


As figuras indicadas foram tomadas com autorização das
seguintes publicações:
• Karttunen et al., Fundamental Astronomy, Springer, 3rd
ed., 1996.
• Bless, Discovering the Cosmos, University Science
Books, 1996.
Início da apostila

 2000 Antonio Mário Magalhães


Cap. 11 – Estágios Finais da Evolução Estelar Magalhães 114

Cap. 11 – Estágios Finais da Evolução


Estelar
11.a. Resumo da Evolução Estelar

• Evolução Estelar: jogo entre gravidade e pressão interna


das Estrelas
(MSP = Massa da estrela na Sequência Principal)

0.8 MŒ < MSP <11 MŒ 11 MŒ < MSP < 50 MŒ MSP > 50 MŒ

Estrela de SP Estrela de SP Estrela de SP


Tipo B, A, F ou G Tipo O ou B Tipo O c/ forte vento
Ú Ú Ú
Gigante Vermelha c/ Supergigante Estrela Wolf-Rayet
núcleo de He vermelha ou azul c/
núcleo de He
Ú Ú Ú
Supergigante Supergigante Supernova de Tipo Ib
Vermelha c/ núcleo vermelha c/ núcleo
de CO de Fe
Ú Ú Ú
Nebulosa Planetária Supernova de Tipo II
com estrela central
Ú Ú
Anã Branca Estrela de Neutrons Buraco Negro
MAB ≤ 1.4 MŒ 1.4 MŒ ≤ MEN ≤ 2 MŒ MBN ≥ 2-3 MŒ

Sky&Tel Dez 97, p. 36

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Cap. 11 – Estágios Finais da Evolução Estelar Magalhães 115

11.b. Relação entre Massa e Densidade Central


Karttunen Fig. 12.5∗
• Dois máximos na curva:
MCh = 1.44 MΠ(Massa de Chandrasekhar)
MOV = 1.5-2 MΠ(Massa de Openheimer-Volkov)

• Estrela com M < MCh


Ø se resfria e se contrai (ρc aumenta)
Ø acaba vida como ‘anã negra’ degenerada

• Estrela com MCh < M < MOV


Ø acaba vida como estrela de neutrons degenerada

• Estrela com M > MOV


Ø Não existe estado de equilíbrio possível
Ø Torna-se Buraco Negro


Créditos das Figuras ao final da Apostila.
 2000 Antonio Mário Magalhães
Cap. 11 – Estágios Finais da Evolução Estelar Magalhães 116

11.c. Anãs Brancas (AB)


• Descoberta das Anãs Brancas: Sirius B
= Anã Branca companheira de Sirius (A)
Karttunen Fig.15.1: Sirius
De Luminosidade e Temperatura:
Ø R = 7x10-3 RŒ ≈ 1 R⊕
Do movimento do sistema binário:
Ø M = 1.05 MŒ
Densidade:
ρ = M/(4πR3/3) = 4x109 kg/m3 = 4x106 ρH2O
Distância entre os átomos de Carbono:
d ≈ (mC/ρ)1/3 ≈ (12mH/ρ)1/3 = 1.7x10-2 Å
Ou seja, distância bem pequena! Típica distância atômica
≈ alguns Å
• Evolução de estrelas de pequena massa (M < 11 MŒ)
Bless Fig. 16.1
Para uma Anã Branca
⇒ quanto maior a Massa, menor o Raio!
Massa Raio Densidade Média
MΠRΠkg/m3
0.22 0.0200 3.8x107
0.40 0.0155 1.5x108
0.50 0.0138 2.6x108
0.74 0.0110 7.8x108
1.08 0.0071 4.2x109
1.33 0.0039 3.2x1010
1.44 colapso ---
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Cap. 11 – Estágios Finais da Evolução Estelar Magalhães 117

Para uma Anã Branca estar em equilíbrio hidrostático


Ø ρc ≥ 106 g/cm3 = 109 kg/m3
Ø gás degenerado!

• Pressão de um gás
P = [transferência de momento] por [unidade de área]
= [momento] x [velocidade] x [densidade numérica]
Gás ideal:
P = (mvx) × (vx) × n = n × 1 (mv2)
3
Ø P=nkT (½ mv2 = 3 kT)
2
Gás degenerado
Pelo Princípio da Exclusão de Pauli, cada partícula ocupa
n-1 m3
∆p x ∆x ≈ h ⇒ p x ≈ h n1 / 3
Gás degenerado não-relativístico:
p h ne1 / 3
v= =
me me
1 / 3  hne  h 2 ne 5 / 3
1/ 3
Ø P ≈ (hne ) n =
 me  e me
 

Gás degenerado relativístico:


P ≈ (h ne1 / 3 )(c )ne = h c ne 4 / 3 ,
lembrando que
ρ 1
ne = , µe = .
µ e mH X+ Y+ Z
2 1
4 2
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Cap. 11 – Estágios Finais da Evolução Estelar Magalhães 118

• Raio de uma Anã Branca


A massa de uma AB determina o seu raio:
dP M ρ
= −G r2 (Eq. de Equilíbrio Hidrostático)
dR r
dP P M ( M / R3 ) M 2
Ø ∝ ∝ 2
= 5
dR R R R
M2
Ø P∝ 4
R
No caso degenerado não-relativístico,
ρ5/3 M 5/3
P∝ ∝
me µ e 5/3
R5
Ø RAB ∝ M −1/ 3

Se a densidade for tão grande que o gás é degenerado


relativístico,
M 4/3
P∝ρ 4/3

R4
Ø não existirá raio de equilíbrio possível
Ø colapso!

• Massa limite de uma Anã Branca


P GM
= 2 nmn ⇒ P = GM 2 / 3 ( nmn ) 4 / 3 ,
R R
onde mn é a massa nos núcleos (>> me).

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Cap. 11 – Estágios Finais da Evolução Estelar Magalhães 119

No regime não-relativístico,
2 5/3
4 / 3 h ne
2/3
GM (nmn ) =
me
Ø M = h 3ne1 / 2 me −3 / 2 mn −2G −3 / 2
ou seja, para uma densidade n = ne
Ø uma massa M de equilíbrio pode ser
encontrada.
No regime relativístico,

GM 2 / 3 (nmn ) 4 / 3 = hcne 4 / 3 ,
a densidade se cancela e obtém-se
3/ 2
 hc 
M =  mn − 2 ≈ 1.5 M Œ
G
• A maior parte da energia da AB é transportada por
condução
Ø T ≈ 106 K, uniforme
Somente a atmosfera, fina, tem T ≈ 104 K.
• Destino final da AB:
resfriar até a invisibilidade!
Bless Fig. 16.2
• Estrelas perdem massa para chegar ao estágio de AB
Ex. M(Sirius A) = 2.2 MŒ
M(Sirius B) = 1.05 MŒ
Assim, Sirius B perdeu pelo menos Š1.2 MΠpara se
tornar uma AB.

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Cap. 11 – Estágios Finais da Evolução Estelar Magalhães 120

11.d. Estrelas de Neutrons (EN)


• Se M > 1.4 MŒ,
Ø o colapso só pode ser parado quando os prótons se
combinam com elétrons dando neutrons.
Ø Estrela de Neutrons

• Um processo importante nesta fase é o URCA


(Schönberg & Gamow)
(Z, A) + e- → (Z-1, A) + νe
(Z-1, A) → (Z, A) + e- +ν e

A 2a. reação é inibida quando o gás de elétrons é


degenerado
Ø prótons se transformam em neutrons.

• Raio de uma Estrela de Neutrons


Os neutrons, como os elétrons, são Férmions (partículas
de spin = ½):
ρ5/3
Pn ∝
mn µ n5 / 3
1
Ø REN ∝
M 1EN /3
mn µ n 5 / 3
Comparando os raios de uma AB e uma EN,
1/ 3 5/3
RAB  M EN   µn  mn
=     .
REN  M AB   µe  me

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Cap. 11 – Estágios Finais da Evolução Estelar Magalhães 121

Para uma AB de C puro, µe ≈ 2;


Para a EN, µe ≈ 1;
Supondo a mesma massa para as duas estrelas,
RAB
≈ 1 × ( 1 2 )5 / 3 × 1840 ≈ 600
REN

Tipicamente, REN ~ 10 km.

• Estrutura de uma EN
Karttunen Fig. 15.2
Limite superior para a massa de uma EN ≈ 2-3 MŒ

• EN’s foram previstas em 1934 e detectadas nos anos 60


como pulsares
Uma EN deve:
Ø estar girando rapidamente pela conservação do
momento angular
2
Iω = constante, I = MR 2 , ω = 2π / P
5
Por ex., Sol
Raio Inicial = 6.96x108 m, P=25 dias
Se encolhesse para R=12 km
Ø P = 10-3 s
Ø ter campo magnético elevado
Fluxo magnético = B × Área = constante
Ex. Sol
B = 1 Gauss = 10-4 Tesla
Ø BEN ≈ 106 T
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Cap. 11 – Estágios Finais da Evolução Estelar Magalhães 122

Se o eixo do Campo Magnético for inclinado em


relação ao eixo de rotação
Ø pulsar!
Bless Fig. 16.17: pulsar

• Outros argumentos p/ pulsares serem EN:


Densidade requerida para uma estrela girar
rapidamente
GM M ω2
2
>ω R ⇒ 2 ≈ ρ >
2
R R G
Para o pulsar do Caranguejo
P=0.033s (200 rad/s)
Ø ρ > 6x1015 kg/m3

Período do pulsar do Caranguejo aumenta com o


tempo
.
P = 1.3 × 10−5 s / ano
Se
1 dE dω
E = Iω 2 ⇒ L = = Iω
2 dt dt
usando
M = 1 MŒ, R=10 km
Ø L = 3x1031 W
bem maior que a luminosidade do pulsar
mas similar à da Nebulosa
Ø pulsar é a fonte de energia da
nebulosa!

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Cap. 11 – Estágios Finais da Evolução Estelar Magalhães 123

• Idade do pulsar do Caranguejo


1 P
t≈
2 dP / dt
Observacionalmente:
P=0.033 s
dP/dt = 36.5x10-9 s/dia
Ø t = 1240 anos
comparável à idade real, 930 anos.

• Estrelas de Neutrons são ainda observadas em


sistemas binários emissores de Raios-X:

Pulsares de R-X = EN + Supergigante OB


Karttunen Fig. 15-6

(comparar com Evolução de Sistemas Binários)

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Cap. 11 – Estágios Finais da Evolução Estelar Magalhães 124

11.e. Buracos Negros

• Consideremos o diagrama da massa de equilíbrio para


estrelas frias
Karttunen Fig. 12.5
Quando o limite de uma EN é excedido, o que
acontece?

• Energia de um próton na superfície de uma estrela de


M=1 MŒ:
GMo
φ= m p ≈ GM 2 / 3 ρ 1 / 3m p ,
R

Quando o raio R decresce (e ρ cresce):

(kg/m3) φ(MeV)
109 0.11
1012 1.1
1015 11
1018 110
1021 1100

1100 MeV > 938 MeV = massa de repouso do próton!

Isso acontece quando

GM O m p GM O
> m pc 2 ou 2
> 1.
R Rc

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Cap. 11 – Estágios Finais da Evolução Estelar Magalhães 125

• Um efeito mais dramático acontece com o espaço-


tempo ao redor de uma estrela uniforme.

O elemento de comprimento do espaço na Relatividade


Geral é:
−1
 2GM   2GM 
ds = −1 − 2  dr 2 − r 2 (dθ 2 + sin θdϕ 2 ) + 1 − 2 c 2 dt 2
2
 c r   c r 

Quando
GM
r=2
c2
Ø o termo radial diverge

GM
Ø p/ r < 2 2
, o termo radial troca de sinal.
c

Esse é o Raio de Schwarzchild:

GM  M 
RS = 2 = 3  km .
c2  O
M

Classicamente, a velocidade de escape ve de um corpo


de outro de raio R e massa M é
2GM
ve =
R
GM
Vemos que ve ≥ c quando R ≤ 2 2
= RS
c

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Cap. 11 – Estágios Finais da Evolução Estelar Magalhães 126

Alguns valores de RS:

M (MŒ) ρ(kg/m3) RS
1 2×1019 3 km
1011 2×10-3 0.03 pc
1022 2×10-25 3000 Mpc

• Da equação para ds2:


Relógio em repouso à distância r de M anda mais lento
por um fator
2GM
1−
c 2r

com relação a um observador distante de M.

Ø para um observador distante, um objeto caindo num


BN demora um tempo infinito para atingir RS.

RS é chamado de horizonte de eventos:


informação não pode ser enviada para for a de RS.

Isto é por causa da deflexão da luz no campo


gravitacional intenso.
Bless Fig. 16.32

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Cap. 11 – Estágios Finais da Evolução Estelar Magalhães 127

• A passagem mais vagarosa do tempo aparece como um


decréscimo na frequência dos sinais luminosos:
1/ 2 1/ 2
 GM 
ν ∞ = ν 1 − 2 2  = ν 1 − S 
R
 rc   r 
onde
ν∞ = frequência p/ um observador distante
ν = frequência emitida à distância r do BN
ν∞ → 0 quando r → RS.

• Ao redor de um BN:
órbitas estáveis são possíveis somente para r > 3 RS

Para um BN em máxima rotação:


a região de órbitas estáveis é r = ½RS.
Karttunen Fig. 15.8: Horizonte de um BN
• Toda a informação do material que colapsa como BN é
perdida:
somente restam Massa, Momento Angular, Carga
Elétrica.
• Um BN pode ser ‘observado’ indiretamente pela radiação
de um gás que cai sobre ele. Acresção em um BH

Isto pode acontecer num Sistema Binário:


a radiação deve ser observável em Raios-X
Karttunen Fig. 15-9.
Exemplos de sistemas binários emissores de Raios-X
suspeitos de conter um BN
Bless Fig. 16.33

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Cap. 11 – Estágios Finais da Evolução Estelar Magalhães 128

Créditos das Figuras


As figuras indicadas foram tomadas com autorização das
seguintes publicações:
• Karttunen et al., Fundamental Astronomy, Springer, 3rd
ed., 1996.
• Bless, Discovering the Cosmos, University Science Books,
1996.
Início da Apostila

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AGA291 - Cap. 12 – Estrelas Variáveis Magalhães 129

Cap. 12 – Estrelas Variáveis


12.a. Classificação
• Estrelas c/ magnitude variável
Karttunen Fig. 14-1: R e S Sco∗
• Importância:
Dicas de detalhes sobre estrutura estelar
Indicadores de Distância e Idade

• Exemplos históricos
SN de Tycho – 1572
omicron (ο) Ceti – descoberta em 1596

• Conhecidas ~ 40,000 variáveis ou suspeitas

• Causas:
Pulsações
Manchas quentes e frias na superfície + rotação
Explosões

• Variabilidade espalhada ao longo do Diagrama H-R


Karttunen Fig. 14-2: Variáveis no diagrama H-R
• Designação
Numa dada constelação:
Letras gregas por ordem de brilho
Ex. α Orionis ≡ Betelgeuse


Creéditos das Figuras ao final da Apostila.

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AGA291 - Cap. 12 – Estrelas Variáveis Magalhães 130

• Designação (cont.)
Normalmente
Primeiras 9 => R … Z
Seguintes 10 … 18 => RR … RZ
8 => SS … SZ
etc.

Isto permite
25
25(25 + 1)
9+ ∑ i= 9 +
2
= 334 estrelas
i =1
Seguintes: V335, V336, etc.

• Classificação é feita baseada em:


forma da curva de luz
classe espectral
movimento radial da superfície
Karttunen Fig. 14-3: Curva de luz de uma variável
• Tipos Principais
Eclipsantes
Estrelas binárias
Pulsantes
Regulares
de longo período
Eruptivas
Novas
Supernovas
Outras
T Tauri
Estrelas Flare

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AGA291 - Cap. 12 – Estrelas Variáveis Magalhães 131

12.b. Variáveis Pulsantes


• Devido à expansão e contração das camadas externas
Mudanças observadas pelo efeito Doppler
Velocidade do gás: 40-200 km/s
Karttunen Tab. 14-1: Variáveis Pulsantes

• Raio muda mas mudança de brilho é principalmente


devida à Te(R ∝ Teff4)

• Cefeidas e RR Lyrae

São estrelas gigantes


Cefeidas: tipo espectral F e G
População I: -6 < MV < -2
População II: -3 < MV < 0 (W Virginis)

RR Lyrae: tipo espectral A e F


População II
MV ≈ 0.5

Períodos de Pulsação Regular


Cefeidas: ~1 dia a ~100 dias
RR Lyr: ~1.5h a ~ 1 dia

Indicadores de distância
Correlação forte entre período de pulsação e brilho
intrínseco:
Relação Período-Luminosidade
Karttunen Fig. 14-5: Variáveis Cefeidas
Karttunen Fig. 14-6: Relação Período-Luminosidade p/ Cefeidas

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AGA291 - Cap. 12 – Estrelas Variáveis Magalhães 132

Relação P-L para Cefeidas:


Quase linear em MV (ie., log L) vs. log P
Curvas paralelas para Tipo I e Tipo II
Tipo I ≈ 4x mais brilhante que Tipo II

RR Lyrae
MV ≈ 0.5 independente do Período
Importante indicador para Aglomerados
Globulares

Estes dados permitem:


identificar a variável
Ø medir o período P
Ø com P, achar magnitude absoluta
Ø achar a distância!

Ex.
Cefeida com período P = 20d e <V> = 20
Da Fig. 14.6 => MV = -5
Ø m – M = 5 log(r/10)
Ø r = 10×10(m-M)/5 = 106 pc = 1 Mpc

Manutenção das Pulsações


devidas a zonas de ionização na atmosfera (H e He
parcialmente ionizados)
Estrelas com 6000 K < Te < 9000 K
têm zonas de ionização na atmosfera a
profundidades apropriadas

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AGA291 - Cap. 12 – Estrelas Variáveis Magalhães 133

Mecanismo de Pulsação de uma Cefeida


“Válvula de He+”
Estrela aumenta de brilho logo após mínimo de raio

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AGA291 - Cap. 12 – Estrelas Variáveis Magalhães 134

• Miras
Karttunen Fig. 14-4: Curva de luz de uma Mira
São gigantes vermelhas
protótipo: ο Cet (= Mira Ceti = Maravilha de Cetus)
Vmax ~ 2mag; Vmin ~10mag
Perdem massa
10-6 – 10-8 MŒ/ano por vento contínuo
Matéria visível posteriormente sob a forma de
Nebulosas Planetárias

• Períodos Longos:
100d – 500d

• Outras variáveis pulsantes:


Semi-regulares e Irregulares (ex.: α Ori)
Cefeidas anãs
β Cephei
RV Tau

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AGA291 - Cap. 12 – Estrelas Variáveis Magalhães 135

12.c. Variáveis Eruptivas


Karttunen Tab. 14-2: Variáveis eruptivas
• Novas
Variação rápida (dias) e grande (7 – 16 mag)

Três tipos:
Comuns
explosões maiores
Recorrentes
∆m ≤ 10 mag, ∆t ~ décadas
Anãs
∆m ≤ 2 – 6 mag, ∆t ~ 200 – 600 d

Membros de sistemas binários próximos


Karttunen Fig. 14.12: Novas

Depois que H suficiente acretou na Anã Branca


Ø Erupção da Nova

• Frequentemente, o gás em expansão é aparente


Medindo-se velocidade de expansão vr por Doppler
Medindo-se movimento próprio de expansão do
envelope, µ
Ø distância d = vr (km/s) / 4.74 µ (arc sec/ano)
Ø Magnitude Absoluta é bem determinada

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AGA291 - Cap. 12 – Estrelas Variáveis Magalhães 136

• Supernovas
Em alguns dias, ∆m ~ 20 mag
Três tipos principais
Tipo Ia:
Sistema binário com 2 Anãs Brancas de CO
Distância ≤ 3 RŒ
Ø radiação gravitacional emitida
Ø sistema perde energia e se funde
Ø nucleosíntese até o 56Fe
Ø explosão

Tipo Ib:
Estrelas que começaram na SP com M ≥ 50 MŒ
Pouco H no espectro

Tipo II:
Espectro de emissão com H
Em galáxias espirais
Ø estrelas massivas cujo núcleo colapsa

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AGA291 - Cap. 12 – Estrelas Variáveis Magalhães 137

• Ex. SN 1987A na Grande Nuvem de Magalhães


Karttunen Fig. 14-16: Supernova 1987A
Espectro de Tipo II
d = 52 kpc
Detecção de neutrinos
Ø Estrela de Neutrons formada!
Ø entretanto, nenhum pulsar observado até o
momento

Curva de luz decaiu exponencialmente


t1/2 = 77 d

Explicação
Curva de luz energizada por Raios-γ:
56Ni→ 56Co + e+ + ν + γ (t1/2 = 6.1 d)
56Co → 56Fe + e+ + ν + γ (t
1/2 = 77.1 d)

onde os núcleos instáveis foram criados no


colapso e ejetados.

Das observações => 0.07 MŒ de 56Ni foram criados,


o que compara bem com modelos teóricos de
nucleosíntese.
Fogos de Artifício devem ocorrer em ~ 2005!
Bless Fig. 16.27: Anéis em torno da SN1987A

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AGA291 - Cap. 12 – Estrelas Variáveis Magalhães 138

• Supernovas de Tipo II:


formam elementos mais pesados que o 56Fe
ejetam materiais no Meio Interestelar
Ø gerações posteriores de estrelas enriquecidas em
metais

Miras também contribuem com materiais


criados por captura lenta de neutrons
trazidos à superfície
ejetados pelo vento estelar (gás e poeira)

Créditos das Figuras


As figuras indicadas foram tomadas com autorização das
seguintes publicações:
• Karttunen et al., Fundamental Astronomy, Springer, 3rd
ed., 1996.
• Bless, Discovering the Cosmos, University Science
Books, 1996.
Início da Apostila

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AGA291 - Cap. 13 – Aglomerados e Associações Magalhães 139

Cap. 13 – Aglomerados de Estrelas e


Associações
13.a. Catálogos
• Charles Messier em 1784
102 objetos p/ evitar confusão com cometas!
30 Aglomerados Globulares
30 Aglomerados Galáticos
43 Nebulosas Gasosas e galáxias
Karttunen Fig. 17.1: Aglomerados Abertos
Karttunen Fig. 17.2: Aglomerado globular (ω Cen)
• John Dreyer em 1888
“New General Catalog of Nebulae and Clusters of
Stars”
= NGC
Ex. NGC 224 = Galáxia de Andromeda
Completado em 1895 e 1910 pelo Index Catalog (IC)

13.b. Associações
• Grupos esparsos de Estrelas Jovens
OB
T Tauri
• Movimento próprio de associações indicam:
estão se dispersando.
Karttunen Fig. 17.3: A Associação ξ Per
⇒ são Jovens (~106 anos)
T Tauri: associadas frequentemente a poeira e gás
concentrados no plano da Galáxia
Bless Fig. 15.5: Objetos Herbig-Haro

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AGA291 - Cap. 13 – Aglomerados e Associações Magalhães 140

13.c. Aglomerados Abertos ou Galácticos


• Têm algumas centenas de estrelas

• Tendem a se dispersar por causa de


Energia cinética
Rotação diferencial da Galáxia
Perturbações gravitacionais internas

• Distâncias podem ser obtidas


Fotometria e/ou Espectroscopia
Paralaxe Cinemática
Ajuste de Sequência Principal

• Paralaxe Cinemática
Para as Hyades:
Estrelas parecem dirigir-se ao mesmo ponto
Karttunen Fig. 17.4: Movimento próprio das Hyades
Fig. 17.4b:
v = velocidade total
vr = velocidade radial = v cosθ
vt = velocidade tangencial = v sinθ

vr ⇒ medido pelo efeito Doppler


vt ⇒ medido pelo movimento próprio das estrelas
dθ/dt = µr

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AGA291 - Cap. 13 – Aglomerados e Associações Magalhães 141

• Paralaxe Cinemática (cont.)


Ø r = distância ao aglomerado

vt v sin θ vr
= = = tgθ
µ µ µ

Note que
v[km / s ]
r[ pc] =
µ[" / ano] × 4.74

Resultado:
Distância das Hyades = 40 pc (aglomerado mais
próximo)
Ø permite ‘calibrar’ o diagrama H-R em MV!

• Diagramas H-R de aglomerados abertos


Karttunen Fig. 17.5: Diagrama HR das Hyades
Bless Fig. 15.13: Diagramas HR de aglomerados abertos

• diagrama H-R das Hyades permite


Ø achar a distância a outros aglomerados ajustando-se
a SP!
Ø distâncias até vários kpc podem ser obtidas!

• Por que não existem Aglomerados Abertos velhos?


A maioria não tem muitas estrelas
⇒ Não resistem às forças de maré da Galáxia por muito
tempo!
Uma exceção: M67 Bless Fig.15.15: M67

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AGA291 - Cap. 13 – Aglomerados e Associações Magalhães 142

13.d. Aglomerados Globulares (AGs)


• Contêm 105 - 106 estrelas (!)
Têm estrelas dentre as mais velhas da Galáxia
• Existem ~150-200 AGs na Galáxia
• Diagrama H-R de Ags
Karttunen Fig. 17.7: Diagrama HR de M5
SP de AGs distinta da SP de Agl. Abertos
diferente composição química
metalicidade que chega até ~ 10-3 da Solar!
Bless Fig. 15.14: Diagrama HR de AGs
Ramo Horizontal
MV ≈ 0
Ø permite achar distâncias a outros AGs
Ø com diâmetro angular, conhecemos
tamanhos
Ø maior parte da massa em r ≤ 1 – 10 pc do
núcleo

Estrelas a r ≥ 100pc do núcleo


escapam do AG por causa da força de maré da
Galáxia!

• Massas podem ser estimadas do Teorema do Virial:


<T> = - ½ <U>
e medindo-se as velocidades espectroscopicamente.
Ø 104 MŒ < M < 106 MŒ

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AGA291 - Cap. 13 – Aglomerados e Associações Magalhães 143

Ex: AG com diâmetro = 2R = 40pc


100,000 estrelas de m = 1MŒ
Qual velocidade média?
m 2 n(n − 1) m2 n2
U = −G ≈ −G
R 2 R 2
[n(n-1)/2 ≈ n /2 pares, separados por ~ R]
2

T = ½ m v2 n, onde v = <v2>½
Do Teorema do Virial, T = - ½ U
Gmn
⇒ v2 = ⇒ v ≈ 3 km / s
2R

• AGs são de dois tipos


AG de população intermediária ou do disco
abundância ~30% da solar
concentrados em direção ao disco e centro da
Galáxia
giram com a Galáxia

AG do halo
abundância ~1% da solar
esfericamente distribuídos
não giram com a Galáxia

• Idades dos AGs


~ 13x109 anos
Ø comparável com a idade do Universo!
Ø ainda controversa!

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AGA291 - Cap. 13 – Aglomerados e Associações Magalhães 144

Créditos das Figuras


As figuras indicadas foram tomadas com autorização das
seguintes publicações:
• Karttunen et al., Fundamental Astronomy, Springer, 3rd
ed., 1996.
• Bless, Discovering the Cosmos, University Science
Books, 1996.
Início da Apostila

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AGA291 - Cap. 14 – A Galáxia Magalhães 145

Cap. 14 – A Galáxia

14.a. A Via Láctea


• Visível como ‘banda luminosa’ a olho nu
Õ resultante da forma da Galáxia
Karttunen Fig. 18.1: Via Láctea
• Histórico
Sec. XVII – Galileu
Sec. XVIII/XIX – W. Herschel
1920’s – H. Shapley
Estimativas enviezadas pela absorção interestelar
r = 10(m-M-A+5)/5 = r’10-A/5

• Coordenadas Galáticas
Centro da Via Láctea: direção α2000 = 17h 45.7m
δ2000 = -29° 00’
distância: 8.0 kpc

Coordenadas: latitude galática (+90° ≤ b ≤ -90°)


longitude galática (0° ≤ l < 360°)
Karttunen Fig. 18.3: O plano Galáctico no céu
Carroll Fig. 22.17: Coordenadas Galácti cas

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AGA291 - Cap. 14 – A Galáxia Magalhães 146

14.b. Sistema Local de Repouso


• (‘Local Standard of Rest’ = LSR)
Ponto centrado no Sol e movendo-se em uma órbita
circular ao redor do Centro da Galáxia
• Nele, as estrelas da vizinhança solar (~100 pc) estão, em
média, em repouso
Karttunen Fig. 18.5: o LSR
• o que pode ser medido é:
velocidade da estrela c/ respeito ao Sol
= [velocidade peculiar da *] – [movimento solar]
= V*-LSR - V‰-LSR
Õ < vel. das estrelas c/ respeito ao Sol >
= - movimento solar
já que
< V*-LSR> = 0
por definição

Õ Movimento Solar: Vo = 19.7 km/s


na direção α = 18h 00m, δ = +30°
ou l = 56°, b = +23°
• O movimento do Sol pode ser usado para se determinar
paralaxes estatísticas de um grupo de estrelas.
Karttunen Fig. 18.6b: Paralaxe Estatística
• Resumo de métodos de determinação de distâncias
Karttunen Fig. 18.6a: Métdos de determinação de distância

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AGA291 - Cap. 14 – A Galáxia Magalhães 147

14.c. Distribuição de Objetos na Galáxia


• Tipos de objetos usados para estudos da Estrutura da
Galáxia
ΠEstrelas jovens OB
Œ Regiões HII
Œ Associações OB
ΠAglomerados Abertos
ΠAglomerados Globulares
ΠCefeidas e RR Lyr
• Resultado
Œ Objetos jovens (Regiões HII, associações OB e
aglomerados abertos)
Õ concentrados no plano da Galáxia
Karttunen Fig. 18.11: Objetos no Plano Galáctico
ΠObjetos velhos (Agl. Glob., RR Lyr)
Õ distribuição esférica em torno do Centro da
Galáxia (CG)
Karttunen Fig. 18.12: Aglomerados Globulares
• Populações Estelares
Œ População I
Estrelas jovens (108 a max.) c/ abundância de
elementos pesados Z = 0.02 – 0.04
matéria interestelar (gás, poeira)
Œ População II
Centro e Halo da Galáxia (até 50 kpc do centro)
= estrelas pobres em metais,
velhas (~ 15 x 109 anos = 15 G anos),
com órbitas fora do plano
• Existe uma sequência de populações entre os extremos

 2000 Antonio Mário Magalhães


AGA291 - Cap. 14 – A Galáxia Magalhães 148

14.d. Rotação Diferencial da Galáxia


• Galáxia não gira como corpo rígido

• Próximo ao Sol
Õ V(R) decresce com a distância R ao CG
Karttunen Fig. 18.13: Rotação diferencial
• V(R) obtida a partir de observações de HI (21 cm)
Karttunen Fig. 18.16, 18.18: Emissão rádio da Galáxia
Karttunen Fig. 16.17: Mapa da Galáxia em 21cm

Em R‰= 8.0 kpc => V(R‰) = 220 km/s


Õ uma volta completada em torno do CG a cada 250
milhões de anos

• À altura do Sol, a velocidade circular,


GM
Vc = ,
R
fornece
ROVO 2
M= = 1.9 × 1041 kg = 1.0 × 1011 M O
G

• A velocidade de escape à altura do Sol é


Ve = √2 Vc = 310 km/s

De fato, não vemos estrelas com


V > (310 - 220) = 90 km/s
c/ respeito ao LSR.

• A Galáxia possui um campo magnético


Karttunen Fig. 16.26: Campo Magnético da Galáxia

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AGA291 - Cap. 14 – A Galáxia Magalhães 149

A curva de rotação é incerta para R > 10 kpc.


V(R) não cai ‘keplerianamente’ como V(R) ∝ R-1/2
mas V(R) ~ cte. (ou cresce?) p/ R > 10 kpc
Karttunen Fig. 18.19: Curva de rotação da Galáxia
mV 2 GM r m V 2r
= ⇒ Mr =
r r 2 G
Õ massa da Galáxia pode ser 10x mais que o
estimado acima
Õ isto ocorre também com outras galáxias: matéria
escura!
Karttunen Fig. 19.9: Curvas de rotação p/ galáxias
• Natureza da Matéria Escura:
Œ Anãs Marrons
Œ ‘Júpiters’
Œ Anãs Brancas velhas
ΠEstrelas de Neutrons
ΠBuracos Negros
= Massive Compact Halo Objects (MACHOs)

Experimentos (em andamento) indicam que estes


componentes não constituem toda a matéria escura

Teoria sugere que só ≈ 10% da matéria escura é


bariônica! Physics Today Apr 96, p. 22

Œ Outras possibilidades, não bariônicas:


Partículas elementares massivas, ou WIMPs
(Weakly Interacting Massive Particles),
Physics Today, April 2000, p.17
Neutrinos com massa,…

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AGA291 - Cap. 14 – A Galáxia Magalhães 150

14.e. Estrutura da Galáxia


• Estrutura Espiral
Sugerida a partir de observações de regiões HII em
óptico e rádio
Karttunen Fig. 18.20: Estrutura Espiral da Galáxia
A Idade da Galáxia, ~ 10-15 G anos
>> Período de rotação = 250 x 106 anos
Õ braços espirais não provém da rotação Galática!
Carroll Fig. 23.17: Braços espirais e rotação Galáctica
ΠTeoria da onda de densidade (Lin e Shu):
braços causados por padrão espiral que gira com
≈metade da velocidade de rotação galática
Õ Matéria interestelar passa pela onda por ~107 anos
Õ compressão forma estrelas
Õ estrelas massivas e regiões HII evoluíram
+
estrelas menos massivas dispersam-se
Ex.: Considere um caminhão parado na estrada:

O caminhão pode se mover lentamente


Õ braços espirais podem girar!

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AGA291 - Cap. 14 – A Galáxia Magalhães 151

• Centro Galático
De observações no IR e em rádio
Estrelas: densidade cresce em direção ao CG
Gás: ‘buraco’ a 3 kpc do centro
Õ ‘barra’?
Karttunen Fig. 18.21: Partes centrais da Galáxia
COBE: Partes centrais da Galáxia
Dentro de 1.5 kpc do CG:
Õ gás é HI em disco
Õ concentrado em R < 300 pc
M = 108 M‰ (5% da massa molecular da Via
Láctea)
Dentro de 10 pc do CG:
Õ domínio de uma fonte em rádio, Sgr A, e um
aglomerado de estrelas VLA: Sgr A
Õ Sgr A*: fonte puntual em rádio = CG
(1” = 46 dias-luz)
Õ De observações de velocidades do aglomerado de
estrelas ao redor de Sgr A*:
Phys. Today Março 98, p. 21.
Aglomerado de estrelas no IR no centro da Galáxia

Œ objeto central tem M = 2.6 × 106 M‰


ΠBuraco Negro ? Provavelmente!
Õ Sgr A* está tendo sua paralaxe (!) medida em rádio,
com precisão de 0.0002 segundos de arco
Õ 0.2 mas = tamanho angular de uma pegada na
Lua!
Sky & Tel. Maio 98, p. 24.

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AGA291 - Cap. 14 – A Galáxia Magalhães 152

• Imagens do Centro Galáctico no IR em:


http://www.mpe-garching.mpg.de/www_ir/GC/gc.html
• Imagens da Galáxia em vários comprimentos de onda
em:
http://ads.gsfc.nasa.gov/mw/milkyway.html

Créditos das Figuras


As figuras indicadas foram tomadas com autorização das
seguintes publicações:
• Karttunen et al., Fundamental Astronomy, Springer, 3rd
ed., 1996.
• Carroll & Ostlie, An Introduction to Modern
Astrophysics, Addison-Wesley, 1996.
Início da Apostila

 2000 Antonio Mário Magalhães


AGA291 - Cap. 15 – Galáxias Magalhães 153

Cap. 15 – Galáxias
15.a. Propriedades Gerais
• ‘Tijolos do Universo’
Constituídas de
Πestrelas
Œ gás neutro
Œ gás ionizado
Πpoeira
Πnuvens moleculares
Œ campo magnético
Œ raios cósmicos
Œ +…
• Luminosidades: 105 L‰ ≤ L ≤ 1012 L‰
• Massas: 107 M‰ ≤ M ≤ 1013 M‰
(em ~0.5 kpc) (em ~30 kpc)
anãs gigantes elípticas
mas existem evidências de matéria escura!

15.b. Classificação Morfológica


• Mais usada: Hubble
Œ Elípticas
ΠLenticulares
ΠEspirais
ΠIrregulares
Karttunen Fig. 19.2: Sequência de Hubble∗
Sky&Tel May00, p. 38a: Sequência de Hubble


Créditos das Figuras ao final do documento.

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AGA291 - Cap. 15 – Galáxias Magalhães 154

• Galáxias Elípticas

Œ Formas esferoidais com grande variação de tamanho

Nomeclatura: En
onde
n = 10 (1 – b/a)
a = eixo maior
b = eixo menor

Observado: 0≤n≤7

Œ Têm pouca matéria interestelar


ΠInclui gigantes, chamadas cD
Õ normalmente em centro de aglomerados

Œ A maioria das estrelas são bastante velhas (~ 1010 a)


ΠMaior parte da massa em estrelas de pequena massa
ΠMaior parte da luz de estrelas gigantes vermelhas

• Lenticulares
Œ Pouca Matéria Interestelar, como elípticas
ΠCom disco de estrelas, como espirais

• Espirais
Œ Têm bojo central + disco de estrelas
Œ Têm bastante Matéria Interestelar

 2000 Antonio Mário Magalhães


AGA291 - Cap. 15 – Galáxias Magalhães 155

• Espirais (cont.)
Œ Associações OB e regiões HII em braços espirais
Õ formação estelar!

ΠDuas classes separadas:


Espirais normais: S ou SA
Espirais barradas: SB

Œ Sub-classes descrevem os braços espirais


Sub-classe a => braços bem ‘apertados’
b => braços mais claros
c => braços pronunciados e abertos
De a → c: bojo menor
Ex. Via Láctea = SABbc

• Irregulares
Œ Irr I: com gás e poeira, estrelas jovens
Karttunen Fig. 19.5a: Pequena Nuvem de Magalhães
Œ Irr II: elípticas pequenas com poeira

• Tipos adicionais:
Esferoidais Anãs
(dE) = ‘dwarf ellipticals’
Karttunen Fig. 19.5b: A galáxia de Sculptor
Compactas Azuis
= regiões HII extragalácticas
luz vem de estrelas jovens e brilhantes

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AGA291 - Cap. 15 – Galáxias Magalhães 156

• Limitações da classificação de Hubble


Sky&Tel May00, p. 38b: Disco e bôjo
Sky&Tel May00, p. 39b: Efeito do filtro
• Censo
Das observadas:
77% são espirais
20% são elípticas
3% são irregulares
Entretanto:
Espirais brilhantes e grandes são vistas a grandes
distâncias
Das galáxias dentro de 9.1 Mpc:
33% são espirais
13% são elípticas
54% são irregulares
É mais difícil detectar galáxias de baixo brilho
superficial!
Karttunen Fig. 19.1: Magnitudes e diâmetros
Sky&Tel May00, p.40b: Galáxias de baixo brilho superficial

Œ Observações recentes sugerem


metade das galáxias podem ser espirais de baixo
brilho superficial!
(m ≥ 23 mag/”2 < brilho do céu noturno s/
luar, num bom sítio)
• Evolução de Galáxias e a Sequência de Hubble
Galáxias elípticas e espirais têm ~ mesma idade
⇒ Sequência não é evolutiva
Como sequência depende da definição dos braços
⇒ Reflete idade média das estrelas em cada galáxia

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AGA291 - Cap. 15 – Galáxias Magalhães 157

• Por que existe a Sequência de Hubble?


Provavelmente, forma da galáxia depende do
tempo de colapso da protogaláxia (tc)
tc depende de
densidade e composição química do gás
momento angular
Sky&Tel May00, p. 42b: Colapso de galáxias

Colapso rápido:
Grande quantidade de gás → estrelas
Pouco gás sobra para formação de um disco
Colapso lento:
Formação estelar ineficiente
Grande quantidade de gás p/ formação de disco
Cenário é mais simples que a realidade
Galáxias formam-se em grupos
Espirais são menos abundantes em aglomerados
densos
Formação (lenta) do disco interrompida por
encontros com outras galáxias
• Questões em aberto
Galáxias são compostas de matéria escura predominante
⇒ Estrelas luminosas refletem bem a natureza da
galáxia?
Tipo da galáxia muda com o tempo cósmico?
⇒ HST: a alto redshift, mais e menores galáxias que
agora
⇒Como elas originam os tipos atuais?
HST: Galáxias

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AGA291 - Cap. 15 – Galáxias Magalhães 158

15.c. Determinação de distâncias


Œ Estrelas variáveis Cefeidas em M100
Œ Relação de Tully-Fisher
entre L e velocidade de rotação (medida em 21cm)
ΠLuminosidades de Aglomerados Globulares
Karttunen Fig. 19.15a: M87

Œ Galáxias mais brilhantes em aglomerados


Œ Expansão do Universo

15.d. Distribuição de Luminosidades


Luminosidade típica (L*) de galáxias brilhantes:
MV= - 21 mag
Karttunen Fig. 19.7: Luminosidades
Via Láctea: MV = - 20.2
cDs: MV = -24 ou mais brilhante

Densidade espacial de galáxias com L > L*


n ~ 3.5× 10-3 galáxia/Mpc3
Õ 1 galáxia a cada 6 Mpc

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AGA291 - Cap. 15 – Galáxias Magalhães 159

15.e. Massas
Determinadas a partir de movimentos de
estrelas (gal. elípticas) e gás (gal. espirais)
galáxias em aglomerados
Resultados expressos em têrmos da razão M/L
em unidades solares

Œ Massa de galáxias elípticas


Pelo Teorema do Virial,
2T + U = 0
A Energia Cinética das estrelas é
T = M v2 / 2
M = massa total da galáxia
v = velocidade a partir da largura das linhas
espectrais
U = - G M2 / (2R)
R = raio médio da galáxia
Õ M = 2 v2 R / G

Observações:
M/L ~ 10 dentro de 10 kpc
Elíptica brilhante: L ~ 1012 L‰
Õ M ~ 1013 M‰

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AGA291 - Cap. 15 – Galáxias Magalhães 160

Œ Massa de galáxias espirais


A partir da curva de rotação
Õ M(R) = R v(R)2 / G
Karttunen Fig. 19.9: Curvas de rotação

Observações:
v(R) ~ cte nas regiões externas
Õ M(R) cresce com R
M/L está entre 4 – 8
maior massa medida ~2×1012 M‰

Œ Massa a partir do movimento de galáxias em


aglomerados

M/L ~200 dentro de 1 Mpc dos centros dos


aglomerados

Em resumo:
Amostrando-se maiores volumes do espaço
Õ obtemos maiores M/L
Õ uma grande fração da massa do Universo deve
estar sob forma invisível
(N.B. O livro está incorreto: não é “missing mass problem”.)

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AGA291 - Cap. 15 – Galáxias Magalhães 161

15.f. Sistemas de Galáxias


• Galáxias aglomeram-se em
Πpares
Πgrupos pequenos
Πaglomerados
Πsuperaglomerados (= aglomerados de aglomerados)

• Interações entre galáxias


Karttunen Fig. 19.12a: M51 e companheira

São bastante frequentes


Ex.a. Galáxia + Nuvens de Magalhães (Irr I)
Há 2×108 anos, passaram a cerca de 10-15 kpc da
Galáxia causando o ‘Magellanic Stream’
(trilha de gás HI)
No futuro,
Nuvens de Magalhães unir-se-ão à Galáxia.
Ex.b. Galáxias Antenae
HST: Antenae
Ex.c. Elípticas gigantes podem ter-se formado pela
fusão de galáxias menores
• Grupos
Algumas dezenas de galáxias
Ex. Grupo Local
R ~ 1.5 Mpc
Via Láctea, Andrômeda + aprox. 30 membros
Carroll & Ostlie Fig. 25.11: O Grupo Local

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AGA291 - Cap. 15 – Galáxias Magalhães 162

• Aglomerados
Têm ≥ 50 galáxias brilhantes
R ~2 – 5 Mpc
Aglomerados próximos:
Virgo, r ~15 Mpc
Coma Berenices, r ~ 90 Mpc
Karttunen Fig. 19.13a,b: Aglomerados de Virgo e Coma

Emissão de raios-X de aglomerados


Õ gás com T ≥ 107 K
Mgás ~ Massa do aglomerado, em galáxias
Composição do gás ~ Sol (!)
Õ material ejetado/arrancado das galáxias
Œ Dispersão de velocidades das galáxias em
aglomerados
(‘movimento peculiar’)
σp = 400 – 1500 km/s
deve ser levada em conta na expansão cosmológica
para r ≤ 20 Mpc.

• Superaglomerados
Sistemas de grupos e aglomerados
Ex. Grupo Local + Virgo + outros grupos
Õ Superaglomerado Local
Õ R ~ 10 – 20 Mpc
A esta escala, os sistemas de galáxias se interconectam
com ‘vazios’ de até R ~ 50 Mpc entre os aglomerados.
Karttunen Fig. 19.14: Distribuição de galáxias

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AGA291 - Cap. 15 – Galáxias Magalhães 163

15.g. Galáxias Ativas


• Galáxia subjacente é ofuscada por um núcleo ativo e
bem mais luminoso
(Núcleo Ativo de Galáxia = ‘Active Galactic Nuclei’ =
AGN)

• Galáxias Seyfert
Œ Espirais com núcleo central brilhante
Bless Fig. 20.1: NGC 1068

Œ Espectro com linhas de emissão largas (v ≥ 104 km/s)


algumas proibidas (ex., [OIII])
Õ região de emissão de baixa densidade
Bless Fig. 20.2: Espectro de NGC1068

Œ Espectro contínuo ‘não-térmico’ (= synchrotron)


Bless Fig. 20.3: Espectros em rádio

Œ 1% das galáxias brilhantes são Seyfert


Œ Lnúcleo ~ 1036 – 1038 W ~ Lgal
ΠClassificadas como
Sey 1 → linhas largas e estreitas do H (104 km/s)
Sey 2 → linhas estreitas do H (103 km/s)

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AGA291 - Cap. 15 – Galáxias Magalhães 164

• Radiogaláxias
Galáxias com emissão synchrotron em rádio

F(ν) ∝ ν-α ⇒ log [F(ν)] = - α log ν + const.


Œ Lrádio ~1033 – 1038 W
Œ Frequentemente, a estrutura em rádio tem
Õ um lóbulo duplo
Õ jatos conectando a galáxia aos lóbulos
Karttunen Fig. 19.15: M87

• Quasares (= Quasistellar Radio Objects, QSOs)


Fontes (historicamente) puntuais, com alto red shift z
Inicialmente detectados em rádio
L ~ 1038 – 1041 W
Ex. 3C 273
Bless Fig. 20.19: Espectro de 3C 273
V = 13 mag
z = 0.158 ~ v/c ⇒ r = v / Ho = 630 Mpc
Õ M = -26 (e mais brilhante ainda em rádio!)
Bless Fig. 20.18: Linha de visada a um QSO
Bless Fig. 20.17: Espectro de Q2231-60

Observações recentes do Telescópio Espacial Hubble:


Quasares estão situados em galáxias HST: QSOs

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AGA291 - Cap. 15 – Galáxias Magalhães 165

15.h. Fonte de Energia dos AGN


• Dica:
rápida variabilidade temporal, ∆t
Õ fonte tem tamanho D ≤ c ∆t
Bless Fig. 16.13: Variabilidade de um objeto
Bless Fig. 20.12: Variabilidade de AGN

AGN têm variabilidade de horas e dias


Õ região emissora com R ~ sistema solar!
Dois exemplos:
• NGC 4151 Bless Fig. 20.1: NGC 1068

A. Explosões Ultravioleta do núcleo eram seguidas de


radiação em linhas de emissão
Õ distância núcleo – nuvens emissoras, R
B. Velocidade das nuvens estimada pelo efeito Doppler
das linhas de emissão largas
M = v2 R / G = 108 M‰ (!)
• M87
Galáxia elíptica no centro do Aglomerado de Virgo
Observações do Tel. Espacial Hubble
HST: M87
Disco em rotação ao redor do núcleo
Õ ∆λ/λ = ½ 20/5030 (linha do [OIII])
Õ v = 550 km/s
Tamanho da região emissora
R ≈ sin(1/3”) × 15 Mpc = 7.5 × 1017 m
⇒ M = 4×1039 kg = 2×109 M‰ (!)

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AGA291 - Cap. 15 – Galáxias Magalhães 166

• M87 (cont.)
Massa enorme dentro de R ~ 25 pc
Õ Provavelmente um Buraco Negro!

• Fonte de energia:
Matéria acretada pelo BN
Õ conversão da energia potencial em térmica
Õ tipicamente,
Mm
∆U = G = 0.06 − 0.4 mc 2
R
>> energia nuclear (~ 0.7 % × mc2 )!

Luminosidade:
dm 2
L = 0.06 − 0.4 c ,
dt

onde dm/dt é a taxa de acresção.

Além disso, a energia irradiada pode variar em escala


de tempo bastante curta,
∆t ≈ RS / c .
Œ Modelos unificados também têm sido propostos para
AGN.
Carroll & Ostlie Fig. 26.25: Modelo unificado de AGN

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AGA291 - Cap. 15 – Galáxias Magalhães 167

Créditos das Figuras


As figuras indicadas foram tomadas com autorização das
seguintes publicações:
• Karttunen et al., Fundamental Astronomy, Springer, 3rd
ed., 1996.
• Bless, Discovering the Cosmos, University Science
Books, 1996
• Carroll & Ostlie, An Introduction to Modern
Astrophysics, Addison-Wesley, 1996.

Outras figuras foram tomadas de:


• G. Bothun, Beyond the Hubble Sequence, Sky&Telescope
May 2000, p. 37.

Início da Apostila

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AGA291 - Cap. 16 - Observações Cosmológica Magalhães 168

Cap. 16 - Observações Cosmológicas


16.a. Paradoxo de Olbers
• Se
o Universo é infinito
e
estrelas estão uniformemente distribuídas no espaço
Õ céu não deveria ser escuro à noite!
Karttunen Fig. 20.1: Paradoxo de Olbers*
• Paradoxo explicável pela
vida finita das estrelas e do Universo
luz das estrelas distantes não teve tempo ainda de
chegar até nós.

16.b. Redshift das Galáxias


• Nos anos ’20, Hubble mostrou que
espectro das galáxias desloca-se p/ o vermelho
λ − λ0
Õ redshift z =
λ
redshift proporcional à distância da galáxia
Õ z = (H/c) r
• Para v << c
Õ z = v/c
Õ v = H r.

*
Créditos das Figuras ao final do documento.

 2000 Antonio Mário Magalhães


AGA291 - Cap. 16 - Observações Cosmológica Magalhães 169

• Usando magnitudes,
m = M0 + 5 log (r/10)
= M0 + 5 log(cz/H•10) = 5 log z + C
‘Padrões’ M0:
galáxias + brilhantes em aglomerados
Supernovas de tipo Ia
Karttunen Fig. 20.4: Lei de Hubble
• Estimativas de H0:
50 km/s/Mpc < H0 < 100 km/s/Mpc
Õ limite superior p/ a idade do Universo, TH
TH = 1/H0
Karttunen Fig. 20.5: tH e a Idade do Universo

Õ 10×109 a < TH < 20×109 a


A última estimativa de dados do Hubble Space
Telescope (Maio/99):
Õ H0 = 70 km/s/Mpc
Õ tH = 14 x 109 a

• A idade do Universo, para um dado H0, depende da


densidade atual do Universo
ou
parâmetro de desaceleração, q.
Chaisson Fig. 17.9: Idade do Universo

• A lei de Hubble não significa que a Via Láctea seja o


centro do Universo.
Karttunen Fig. 20.6: Lei de Hubble desde outras galáxias

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AGA291 - Cap. 16 - Observações Cosmológica Magalhães 170

16.c. A radiação térmica de fundo


(‘Cosmic Background Radiation = CBR)
• Descoberta acidentalmente em 1965
Corresponde a um corpo negro a T = (2.728±0.002) K
Esta radiação havia sido prevista em 1940
Karttunen Fig. 20.7: CBR

• Satélite COBE detectou variações de Temperatura,


∆T/T ~ 6×10-6
na CBR, em escala angular > 7°.
Chaisson Fig. 17.21: CBR vista pelo COBE

• Estruturas na CBR são interpretadas como devidas a


concentrações de massa que deram origem às
estruturas observadas hoje.

16.d. A idade do Universo


• Idade do Sol e do Sistema Solar
Õ 4.6×109 anos
• Idade dos Aglomerados Globulares
Õ 11- 13 × 109 anos, talvez algo mais
Õ esta é a idade mínima do Universo!

16.e. A abundância relativa do Hélio


• Objetos mais velhos têm Y ~ 23-25%
• Abundância de He é sensível à temperatura do Universo
• Os modelos do Universo em expansão explicam essa
abundância

 2000 Antonio Mário Magalhães


AGA291 - Cap. 16 - Observações Cosmológica Magalhães 171

16. f. O Princípio Cosmológico


• Universo parece o mesmo em todas as direções?
Sim, quando olhamos grandes volumes do espaço!
Karttunen Fig. 20.8, 20.9: O Princípio Cosmológico

• Princípio Cosmológico:
Universo parece o mesmo visto de qualquer posição
no espaço.

16.g. A geometria do Universo


• A estrutura em larga escala do Universo é determinada
Õ pela ação da Gravidade
Õ pelas propriedades da matéria
• A Teoria da Relatividade Geral de Einstein fornece
equações relacionando
R(t) = escala do Universo
ρ = densidade da matéria
P = Pressão da matéria
como função do tempo t :

2
 dR  8πG
  = ρR 2 − kc 2 (1)
 dt  3
d 2R 4πG  3P 
=−  ρ + 2 R (2)
dt 2 3  c 

k = -1, 0, +1

 2000 Antonio Mário Magalhães


AGA291 - Cap. 16 - Observações Cosmológica Magalhães 172

• Uma equação entre P e ρ também é necessária


• Derivando (1) em rel. a t
+
multiplicando (2) por 2R(dR/dt),

Õ
d
dt
3
( ) P dR3
ρR = − 2
c dt
(3)

• De (3)
Õ Se P > 0 => ρR3 ↓ se R↑
Portanto, de (1)
Õ têrmo em ρR2 fica < kc2 se R for suficientemente
grande
• De (1),
Se k = 0, -1
Õ dR/dt > 0 sempre
Õ o Universo expande-se indefinidamente.
• Se k = +1
Õ em algum t, dR/dt=0
Õ o Universo começará a se contrair.
• De (2):
Se ρ e P > 0
Õ sinal de d2R/dt2 é sempre oposto ao de R
Õ R(t) é convexa para cima.
• Curvas resultantes para R(t)
Chaisson Fig. 17.6: Distância vs. tempo
Karttunen Fig. 20.12: R(t)
Chaisson Fig. 17.7: Distância vs. tempo

 2000 Antonio Mário Magalhães


AGA291 - Cap. 16 - Observações Cosmológica Magalhães 173

• Assim,
k = +1 => Universo fechado
k = 0 => Universo aberto plano ou ‘chato’
k = -1 => Universo aberto hiperbólico
Karttunen Fig. 20.10: Espaços
Chaisson: Espaços

• Todas as quantidades físicas vão depender de R(t)


Ex.
As distâncias entre duas galáxias nos instantes t0 e t:
R (t )
r (t ) = r (t0 )
R (t0 )
Karttunen Fig. 20.11: Expansão do espaço

O mesmo ocorre com o compr. de onda λ da radiação:


λ0 R0 λ −λ
= ⇒z= 0
λ R λ
R
Õ 0 = 1+ z
R
Ex. z = 1
Õ quasar com esse z emitiu luz quando distâncias
entre galáxias eram metade do valor atual.
• Consequência:
Energia dos fótons da radiação de fundo
ε = hc/λ ∝ R-1
A densidade dos fótons da radiação de fundo é
ρCBR ∝ R-3
Õ dens. de energia da radiação de fundo é
uCBR = ρCBR.ε ∝ R-4

 2000 Antonio Mário Magalhães


AGA291 - Cap. 16 - Observações Cosmológica Magalhães 174

• Ou seja
No Universo primordial (R<<R0)
a densidade de energia da radiação dominava a da
matéria (∝ R-3 )!
4σT 4

Como uCBR = ∝ T4
c
Õ TCBR ∝ R-1 ou T.R = T0.R0
Õ Radiação é importante nas fases iniciais do Universo
• Até teq ≈ 1600 anos (z~2×104), a radiação dominou a
matéria
• Em z~1500, tr ~300 000 anos, quando
T ~ 1500 x 2.73 K ≈ 4000 K
Õ H se recombina e a radiação se desacopla da
matéria
• Comentários sobre P e ρ
Densidade vem da massa e da energia cinética EK
EK é importante somente quando v~c
P é também relacionada com EK
Em (2), P/c2 é pequeno se v << c
Podemos assim considerar duas situações extremas:
- ρ vem da massa de repouso: P=0
hoje, P ≈ 0 é uma boa aproximação.
- ρ e P determinadas por EK: P = 1/3(ρc2)
isto acontece no Universo primordial, quando a
radiação domina

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AGA291 - Cap. 16 - Observações Cosmológica Magalhães 175

16.h. Modelos de Friedmann


• Em 1917: Einstein apresentou modelo cosmológico
estático introduzindo a constante cosmológica, Λ
• Λ representa uma força adicional, além da Gravitação
Õ desprezível a pequenas distâncias
Õ repulsiva a grandes distâncias (se Λ >0).
• As equações para R(t) ficam
2
 dR  ΛR 2 8πG
  = + ρR 2 − kc 2 ( 4)
 dt  3 3
d 2R ΛR 2 4πG  3P 
= −  ρ + 2 R (5)
dt 2 3 3  c 
• Em 1922, Friedmann estudou soluções das eqs. de
Einstein com Λ≠0.
• Usando argumentos clássicos de Energia:
Galáxia com massa m, distância r:
mv 2 GMm
E= −
2 r (6)
1 4 
= mR 2  H 2 − πGρ 
2 3 
E = 0 quando a densidade média vale
3H 2
ρ = ρc = densidade crítica, onde ρ c =
8πG
Se ρ > ρc → Universo fechado
ρ = ρc → Universo aberto plano
ρ < ρc → Universo aberto hiperbólico
Estes três modelos são chamados modelos-padrão.

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AGA291 - Cap. 16 - Observações Cosmológica Magalhães 176

16.i. A constante de Hubble e o parâmetro de


desaceleração
• ρc pode ser obtida de (1) quando k = 0, já que
R (t ) 
r= r0  .
R (t 0 )
 v R(t )
.  ⇒ H = =
. R(t )  r R(t )
v=r= r0 
R(t0 ) 

Comparar agora a eq. (6) com a eq. (1)!

• Quando nos referimos à época presente, escrevemos


 . 
 R (t ) 
H0 =  
 R (t ) 
 0
Se H0 = 70 km/s/Mpc, a densidade crítica é
ρc,0 = 9.2×10-27 kg/m3 ≈ 5 átomos de H/ m3
(NB: Matéria bariônica obs. ρb,0 = (3-6)×10-28 kg/m3)
• Um modelo cosmológico é especificado pela sua
densidade média e constante de Hubble.
• Ao invés da densidade, é usado o parâmetro de
desaceleração, q
..
RR
q=− .
R2

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AGA291 - Cap. 16 - Observações Cosmológica Magalhães 177

• Da eq. (2), com P = 0 e para a época presente:


4πGρ0
Õ q0 =
3H 0 2
ρ0
Õ q0 =
2 ρc
Assim, q0 = ½ ⇒ limite entre Universos aberto e
fechado.
• Frequentemente é usado o parâmetro de densidade,
ρ
Ω≡ ≡ 2q
ρc
e, em particular, seu valor atual, Ω0.

Ω0 = 1 ⇒ limite entre Universos aberto e fechado.

16.j. O problema da idade do Universo


• A idade do Universo deve ser < tH = 1/H0
Com P = 0 na eq. (3):
Õ ρR3 = constante
Para k = 0 (Universo de Einstein-de Sitter), a eq. (1) dá

8πG 2 8πGρ c0 R0
2 3
 dR  H 0 2 R0 3
Õ   = ρR = =
 dt  3 3R R
R = R0 (t / t0 ) 3 ,
2
Õ
onde
t0 = 2/(3H0) = idade do Universo de Einstein-de
Sitter.

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AGA291 - Cap. 16 - Observações Cosmológica Magalhães 178

R0
• De = 1 + z e a relação entre R e R0 acima
R
Õ t(z) = t0 / (1 + z)3/2
Õ relação entre tempo e redshift.
• [ tempo ‘para trás’ (lookback time), tB
= quão para trás estamos olhando um objeto de redshift z
= diferença entre a idade atual do U e sua idade em t(z)
⇒ tB = t0 – t(z)
Ex. Q2231-60, z=3.020 ± 0.010 ⇒ tB = 0.8759
≈ 12% da vida do Universo (!) quando a luz foi emitida]
• Para H0 = 70 km/s/Mpc
Õ t0 ≈ 9.3 x 109 anos somente!
Õ menor que a idade dos Aglomerados Globulares!
• Outro problema:
Observações de Supernovas de Tipo Ia
Figs. de Hogan et al. , Sci.Am. Jan 1999
Õ SN têm menos redshift que antecipado
Õ Universo pode estar acelerando!
Explicações para o observado:
Espaço pode ser hiperbólico
(ou seja, Ω < 1)
Expansão era mais lenta no passado
Õ Λ > 0 !?
• Por que Λ > 0 ajuda?
As soluções para R(t) tem um período de tempo em
que R(t) não aumenta muito.

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AGA291 - Cap. 16 - Observações Cosmológica Magalhães 179

Exemplo supondo:
H0 = 70 km/s (dados do Hubble Space Telescope)
ΩΛ = Λ / (3 H02) = 0.65 Ωm = 0.35

Compare com seguinte modelo:

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AGA291 - Cap. 16 - Observações Cosmológica Magalhães 180

• O que mostram as observações a respeito de Ω?

Tipos de Matéria

Tipo Composição Evidência principal Contribuição


provável aproximada
aΩ
Visível Ordinária (p, n) Observações 0.01
em estrelas, telescópicas
poeira e gás

Escura Ordinária, muito Cálculos de 0.05


bariônica fraca p/ ser nucleosíntese do Big
visível Bang

Escura não- Exótica Gravidade da matéria 0.3


bariônica (neutrinos c/ visível insuficiente p/
massa, WIMPs) explicar curvas de
rotação e
aglomerados de
galáxias

Escura Constante CMB sugere cosmos 0.65


Cosmológica cosmológica plano mas não ∃
matéria, bariônica ou
não, para tal

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AGA291 - Cap. 16 - Observações Cosmológica Magalhães 181

16.k. Nucleosíntese primordial


• Matéria e Radiação no Universo hoje
Densidade de núcleons (i.e., prótons e neutros):
ρb ≈ 6×10-28kg/m3
Densidade da Radiação:
ρrad = uCBR(2.7K)/c2 = 4.5×10-31 kg/m3
⇒ ρb >> ρrad (matéria domina)
No entanto, existem bem mais fótons que bárions:
nγ = ρrad/<Eγ> = 2×108 fótons/m3 (<Eγ> = hc/λmax)
nn ≈ ρb/mH ≈ 0.36 núcleons/m3
⇒ nn/ nγ ≈ 10-9

• No início do Universo, a radiação domina (§16.g)


Da eq. (1), com k=0
 dR  8πG A 4σ 4
2

  = ρR , com ρ
2
= ρ rad = = 3T
 dt  3 R 4
c
Usando estas equações:
1
R t  8πGA  2
∫0R dR = ∫0 
 3 
 dt ⇒ R ∝ t1/2
Integrando e usando a expressão para ρrad,
1
 3c 3  4 − 12 1.5 x1010
T (t ) =   t
 = K, [t] = s
 128πGσ 
1
t 2

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AGA291 - Cap. 16 - Observações Cosmológica Magalhães 182

• No início, fótons geravam matéria+anti-matéria e vice-


versa:
_
γ+γ⇔p+ p
Abaixo de uma dada Temperatura,
partículas de um dado tipo não são mais produzidas
Ex. Para t = 10-6 s ⇒ T = 1.5×1013 K ⇒ kT ≈ mpc2

Quando… O que aconteceu…


1 µsegundo Prótons e neutrons
1 segundo Elétrons
3 minutos n+p → 2H + γ
105 anos átomos
• modelo padrão preve que
⇒ 23-25% do Universo tornou-se 4He
⇒ 15 minutos depois do início do Universo:
as reações nucleares cessaram
• Um teste melhor:
quantidade de Deutério (2H ) que sobrou
2H junta-se para formar 3He (pouco) e 4He

2H é bastante sensível à densidade:


maior densidade de núcleons ⇒ sobra menos 2H
menor densidade ⇒ sobra mais 2H
• Da abundância observada de 2H:
Õ Ωb = fração bariônica da densidade crítica
= 0.02- 0.04

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AGA291 - Cap. 16 - Observações Cosmológica Magalhães 183

16.l. Formação de Galáxias


• Como sabemos, existe Matéria Escura, talvez como
Neutrinos massivos relativísticos
= Hot Dark Matter (HDM)
Partículas massivas frias, i.e, não-relativísticas
= Cold Dark Matter (CDM, por ex. WIMPs)
• A matéria escura
começou a apresentar flutuações de densidade já após
a era da radiação
A matéria bariônica
condensou-se ao redor dessas flutuações somente
após a era de recombinação
Assim, uma irregularidade menor na CBR é necessária
para que existam galáxias hoje!
• HDM: tende a se condensar em regiões muito grandes
(1014 M‰) e muito recentemente
Formam-se superaglomerados e depois galáxias
Entretanto, observamos galáxias com z ~ 5!
• CDM: sistemas com 106 M‰ se formam primeiro (z ~10)
Galáxias (1011 M‰) não se formariam muito depois
Chaisson Figs. 17.19: Formação de estruturas
Chaisson Fig. 17..20: Simulação de matéria escura

• Hoje se acredita que, de Ωmatéria ~ 0.3,


1/3 seja HDM e 2/3 seja CDM

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AGA291 - Cap. 16 - Observações Cosmológica Magalhães 184

16.m. O modelo inflacionário


• O modelo padrão do Big Bang não explica duas
questões:
- por que o Universo é tão homogêneo?
regiões opostas do céu estão separadas por ~13
bilhões de anos
no entanto, sem entrar em contacto, são
semelhantes!
Õ problema do horizonte!
Ex: Considere dois objetos separados hoje por θ0 no céu:
Distância até eles: x0 = d θ0
Se eles estão na superfície de recombinação:
x0 = c(t0 – tr) θ0 ~c t0 θ0
Distância entre eles no instante de recombinação:
xr = (R/R0)x0 = (R/R0) c t0 θ0
xr deve ser < ctr p/ os objetos se ‘comunicar’:
t R
(R/R0) c t0 θ0 < ctr ⇒ θ0 < r 0
t0 R
3 × 105 a x 4000 K
T ∝ R ⇒ θ0 <
-1
= 3x10-2rd ~ 2°
1.3 × 1010 a x 3K
Ou seja, objetos hoje separados por mais de 2° não
podem ter interagido antes da recombinação!
Isto conflita com o mapa do COBE:
Radiação de fundo é bastante uniforme!

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AGA291 - Cap. 16 - Observações Cosmológica Magalhães 185

- Vimos que Ω0 ~ 1
Entretanto:
qualquer desvio de Ω ~1 no início do Universo
teria se amplificado
[ A relação entre Ω e Ω0 é
Ω = Ω0 (1 + z)/(1 + Ω0z) ]
Ω0 seria << 1 ou >> 1
Õ problema da planicidade (“flatness”)!

• Estes dois problemas são resolvidos pela Inflação


Entre t = 10-34s e 10-32s, a pressão P era dada por
P = -ρc2 (falso vácuo)
Isto é, na verdade, uma tensão! Carroll Fig. 28.8: falso vácuo
• Da eq. (3)
Õ dρ/dt = 0 => ρ = constante
De acordo com GUTs, ρ~ 1077 kg/m3
• Da eq. (1), desprezando kc2 já que R é pequeno:
2
 dR  8πG 2
  = ρR
 
dt 3
− 1/ 2
8πGρ 
Õ R = R exp   t
 3 
Ou seja, o Universo se expande exponencialmente por
um fator
e100 ≈ 1043 !
Essa expansão pode se realizar mais rapidamente que c.

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AGA291 - Cap. 16 - Observações Cosmológica Magalhães 186

• Assim,
- diferentes partes do Universo estiveram juntas no
passado
- espaço é ‘inflado’ a um raio muito grande de modo a
parecer ‘plano’
- Em t=10-34:
Raio do horizonte = r = ct = 3x10-26m
Em t=10-32: esta região tem r’=3x1017m
Como r’ se compara com nosso Universo visível hoje:
R = 13 bilhões de anos-luz
No período de recombinação
2
R0  13 x109 a  3
= ⇒ R 7
r = 1.02x10 anos-luz
Rr  3 x105 a 
Ao final do período de inflação:
1
Rr  9.48 x10 s  2
12
= ⇒ Ri = 3 m << r’!
Ri  10−32 s 
⇒ Nosso Universo é uma fração desprezível da região
que inflou!
Chaisson Fig. 17.18: Inflação

• A explicação da existência da relação P = -ρc2 está na


Física de Partículas Elementares:
Segundo as teorias de grande unificação (GUTs) de
partículas elementares
Õ a grandes energias (ou temperaturas) todas as
forças são unificadas

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AGA291 - Cap. 16 - Observações Cosmológica Magalhães 187

Forças Fundamentais
Força Intensidade Alcance
Relativa
Nuclear forte 100 ~ 10-13m
Nuclear fraca 10-12 ~10-15m
Eletromagnética 1 infinito (∝ r-2)
Gravitacional 10-37 infinito (∝ r-2)

• A Eletromagnética e a Nuclear fraca se unificam a


E = 1011 eV = 100 GeV (T ~ 1015 K)
Õ força Eletrofraca
Õ comprovada experimentalmente:
as partículas transportadoras da força W±, Z0 (além do
fóton) foram detectadas pelo CERN
Carroll Fig. 28.7: GUTs

• A Eletrofraca separou-se da Nuclear forte quando


E = 1015 GeV (T ~ 1028 K),
Isto ocorreu em t = 10-34 s provocando a Inflação!
• Dessa forma
Õ o macrocosmos está relacionado com o
microcosmos!

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AGA291 - Cap. 16 - Observações Cosmológica Magalhães 188

16.n. História do Universo


Karttunen Fig. 20.13: História do Universo

Chaisson: Início do Universo

Chaisson: História do Universo

Referências:

Tayler, The Hidden Universe Gasllmeir et al., Sky&Tel Janeiro 96, p.


92
Longair, Our Evolving Universe Bennett et al., Phys.Today Nov 97, p. 32
Bless, Discovering the Cosmos Vários, Scientific American Janeiro 99
Guth, The Inflationary Universe Karttunen, Cap. 20
Carroll & Ostlie Caps. 27 e 28. Allday, Quarks, Leptons & the Big Bang

Créditos das Figuras


As figuras indicadas foram tomadas com autorização das
seguintes publicações:
• Karttunen et al., Fundamental Astronomy, Springer, 3rd
ed., 1996
• Bless, Discovering the Cosmos, University Science
Books, 1996
• Carroll & Ostlie, An Introduction to Modern
Astrophysics, Addison-Wesley, 1996.
Onde indicado, algumas figuras de:
• Chaisson & McMillan, Astronomy: A Beginner’s Guide
to the Universe, Prentice-Hall, 1998,
foram utilizadas.
Site:http://cw.prenhall.com/bookbind/pubbooks/chaisson2/
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