You are on page 1of 3

Georg Michael Kerschensteiner

• Nascido em Munique, em 1854, Georg Michael Kerschensteiner foi o criador do


conceito "Escola Nova": a escola do trabalho.
• Foi pedagogo e deu aulas em alguns colégios, como professor de matemática e de
ciências naturais e, a partir de 1895, dedicou-se ao seu modelo de escola por 25
anos, sendo que a sua fama se espalhou por toda a Europa, o que fez com que
começasse a escrever as suas principais ideias pedagógicas.
• Kerschensteiner propôs uma escola do trabalho educativo em oposição à escola
intelectualista e memorista (considerando-a como um intelectualismo inútil).

 Ele visa revolucionar o conceito de educação e escola.

A educação era essencialmente um processo de cultura, mas ele compreendeu-a


radicalmente de uma maneira diferente da tradicional. Não se trata de saber, de absorver,
mas de se tornar ativo, refazer o processo de criação de bens culturais na história e tornar -
se membro participante e fator produtivo do mundo cultural. É por isso que a categoria
fundamental é o trabalho, que não é necessariamente manual (porque reconhece que o
trabalho espiritual é igualmente necessário na escola de trabalho).

O trabalho espiritual está ligado ao desenvolvimento do espírito cívico nos jovens,


alinhando valores individuais e comunitários (Estado). Daí que é importante. a
interiorização de uma pluralidade de valores: "cada um de nós, de acordo com a sua
individualidade e no seio da comunidade a que pertence, experimenta por conta
própria, no curso do seu desenvolvimento, os valores espirituais adequados aos bens
culturais e pessoais da dita comunidade". A educação como ato da comunidade
cultural, tem por objeto a formação do ser espiritual do indivíduo e pretende
realizar nele, os valores espirituais inerentes na comunidade.
Com um mínimo de matéria instrutiva, a escola do trabalho procura obter uma inteligência
prática. O trabalho educativo não é simplesmente um trabalho no sentido físico, mas supõe
o predomínio de interesses, de objetivos analisados, através do critério da utilidade.
O trabalho é um exercício para preparar cidadãos úteis. Para Kerschensteiner qualquer
outra imposição, como a liberdade, espontaneidade, criatividade, autonomia, etc deve
subordinar-se ao dever para com o Estado nacional. A escola deve formar cidadãos úteis ao
Estado. Ele defendia inclusive que, a vontade de aprender deveria partir da criança e que, a
aquisição de conhecimentos acontece de dentro para fora e não de fora para dentro. Se a
criança não tivesse vontade e interesse no assunto, não aprenderia.

Kerschensteiner acreditava principalmente, que a educação deveria servir para a formação


“cívica” e “social” dos alunos. Para ele “o caminho para o homem ideal" passa pelo
"homem útil" (como já tinha referido anteriormente) e, para se poder chegar a esse ideal, a
escola teria que ser como uma espécie de sociedade em miniatura, para que as crianças
aprendessem a viver e conviver, “trabalhar” em sociedade.
A escola é então assim, um instrumento de melhoria e aperfeiçoamento, e o estado devia
apresentar-se como um Kulturstaat (estado cultural), no qual cada um encontra o seu lugar
por meio da sua relação com o trabalho.
O autor orientou o sistema escolar para as necessidades sociopolíticas, para a chamada
«questão social», da injustiça social, das diferenças sociais nos salários e nas condições de
vida. A pacificação social seria realizada através da educação cívica.
A escola criada por Kerschensteiner também tem em conta a individualidade dos seus
alunos, como por exemplo, através da auto-avaliação e do autocontrole, para poder assim,
desenvolver a parte moral do aluno.
Como pudemos analisar, o trabalho é, para Kerschensteiner, um exercício para a formação
e preparação de cidadãos úteis. Para ele outros imperativos como liberdade,
espontaneidade, criatividade, autonomia e todos os demais, devem subordinar-se ao dever
para com o Estado Nacional.

• O trabalho tem então, um valor pedagógico, quando leva o indivíduo a comportar-


se de forma objetiva e a substituir os valores pessoais e subjetivos por valores
intemporais e globais.
• Uma vez que o caráter é formado pela ação e na ação, ou seja, «aprende-se a
trabalhar trabalhando», o educador tem de garantir que toda a ação é
caracterizada por reflexão profunda, com autonomia e responsabilidade.
• A aprendizagem acontece através da atividade do trabalho, opondo-se à simples
preparação para uma profissão específica.
• O trabalho tem o papel social de realização pessoal, como forma de expressar a
humanidade e de satisfazer a necessidade económica de trabalho.
• Kerschensteiner defendeu que a escola, através do cultivo da objetividade, devia
transformar o jogo e a atividade diletante em trabalho produtivo, que permitisse
colocar as competências e aptidões ao serviço dos valores. A educação tem então,
de fazer a interligação entre todas as áreas de conhecimento e formas de atividade:
intelectual e manual.
• Kerschensteiner esclarece que ao longo da vida estabelecemos objetivos que são
orientados pelos nossos valores. A pessoa egocêntrica estabelece os seus objetivos a
partir de valores subjetivos, ao passo que a pessoa heterocêntrica os determina de
forma altruísta, social e objetiva.
• A integração social no estado cultural é feita pelo cidadão, que, pelo seu trabalho,
participa na vida social da comunidade. A educação ética e moral é consolidada nos
três fins que Kerschensteiner definiu para a escola: formação profissional, formação
do caráter e moralização da comunidade.
Conclusão:

A configuração de uma nova ordem económica, social e política fez com que os estados
industriais do século XIX levassem a cabo a democratização e universalização da escola,
que passou a ser para todos (sem restrições), e se reformulassem os modelos de educação.
A experiência da escola de massas revelaria, no entanto, que os alunos retinham muito
pouco do que aprendiam, através de um ensino passivo e sem ligação à experiência e
realidade concretas. O debate passou a centrar-se, então, no valor pedagógico do trabalho
como método eficaz de aprendizagem.
Kerschensteiner foi o seu principal precursor e a sua inovação está no facto de ter
reformulado o conceito de educação para incluir noções de trabalho, cidadania e
preparação para a vida ativa. A educação deixou de ser vista como algo apenas teórico, mas
prático.
Ao longo do século XX, a Alemanha desenvolveu e aplicou este modelo de ensino
profissional, que se mantém até hoje.

You might also like