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Goiás – construção territorial do estado

Laércio de Mello1 1
Mestre em Engenharia
de Produção pela Univer-
sidade Federal de Santa
Catarina (UFSC). Bacharel
e Licenciado em Geografia
pela Universidade Federal
Para entendermos a atual formação territorial e econômica do estado do Paraná (UFPR). Atuou
como professor celetista
de Goiás temos que compreender como foi a construção e povoamento do de Teoria Regional, Geo-
grafia Econômica e Social
seu território. Assim como as outras Unidades Federativas (UF) do Brasil, as do Brasil, Espaço Paranaen-
se e Geografia da Popula-
principais características de Goiás resultam de vários fatores, entre estes o ção na UFPR. Professor de
Pós-Graduação em Bioge-
processo histórico. ografia e Práticas de Ensino
nas Faculdades Integradas
Espírita do Paraná  (FIES).
Professor de Ensino Funda-
A primeira configuração territorial do Brasil e, por consequência de Goiás, mental e Médio. Autor de
livros didáticos e paradidá-
é representada pelo Tratado do Tordesilhas, que no período da chegada dos ticos de Geografia.

europeus a este continente, dividiu o mundo entre portugueses e espanhóis.


A parte pertencente a Portugal, na porção leste, foi subdividida em capita-
nias hereditárias. Veja o mapa a seguir.

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Laércio de Mello.

De acordo com a divisão da Linha do Tratado de Tordesilhas feita em


1494, Goiás pertencia tanto ao domínio espanhol, porção oeste, quanto ao
português, porção leste.

As expedições feitas pelos bandeirantes portugueses em direção ao inte-


rior do continente, em busca de aprisionamento de indígenas, metais precio-
sos e mais tarde na captura de escravos fugitivos, resultaram na ampliação das
terras pertencentes a Portugal. Esse fato ocorreu devido aos bandeirantes não
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respeitarem os limites do Tratado de Tordesilhas. Observe no mapa a seguir as


principais expedições organizadas pelos bandeirantes:

Laércio de Mello.

Fonte: IBGE e Atlas Histórico Escolar. Rio de Janeiro: Fename, 1977. Adaptado.
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Antes da divisão interna do nosso país se chamar Unidade Federativa (UF)


ou estado, como atualmente, existiram outras denominações como provín-
cia e capitania.

O mapa Vice-Reino do Brasil, em 1763, demonstra a divisão do Brasil em


capitanias. Observe que o território de Goiás já foi muito maior do que é
hoje.

Laércio de Mello.

Nesse período, Goiás recebia o nome de Capitania de Goiás, suas terras


foram doadas pelo rei de Portugal a uma determinada pessoa da nobreza.
Essa capitania foi criada no ano de 1748, sendo uma parte desmembrada da
Capitania de São Paulo.

Até a chegada da família real portuguesa ao Brasil – momento que o Brasil


deixa de ser colônia e passar a ser império – em 1808, o território de Goiás
incorporava uma área com limites até o Triângulo Mineiro em Minas Gerais.
Verifique no mapa do Vice-Reino do Brasil – 1763 essas informações.

Os bandeirantes foram atraídos para essa região, para explorar jazidas de


metais preciosos como o ouro.

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O Museu das Bandeiras, na cidade de Goiás, possui objetos que retratam


esse período, conhecido economicamente como ciclo de ouro.

Divulgação Ministério da Cultura.


Museu das Bandeiras na cidade de Goiás.

Laércio de Mello.

Casa de Bartolomeu Bueno da Silva – cidade de Goiás.

Alguns historiadores defendem que o bandeirante Bartolomeu Bueno da


Silva – também conhecido como Anhanguera – fundou o primeiro povoado
nessa região.

Esse povoado se desenvolveu e, na época, passou a ser capital da provín-


cia, chamada de Vila Boa de Goiás, que atualmente é o município de Goiás ou
cidade de Goiás, como é mais conhecida.

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Creative commons/Larissa Warnavin.

Wikimedia commons/LeonardoG.
Construções históricas – Cidade de Goiás. Igreja da Boa Morte – Cidade
de Goiás.

Estima-se que até o fim do século XVIII, a Capitania de Goiás era respon-
sável pela extração de 20% de todo o ouro do terrritório brasileiro, represen-
tando um grande poder econômico e político.

O ouro como é um recurso não renovável se esgostou, devido à constante


exploração chegando ao fim no início do século XIX. Diante dessa realidade,
foram buscadas na região outras formas de desenvolvimento de atividades
econômicas.

A pecuária de subsistência foi a atividade exercida pelas pessoas que perma-


neceram nesse local. Com o fim do ciclo econômico do ouro, o estado de Goiás
ficou estagnado em termos econômicos e populacionais até o fim do século
XIX, quando novos migrantes chegaram e a população voltou a crescer. A agro-
pecuária deixa de ser apenas de subsistência e ganha um caráter comercial.

Construção de Brasília
A grande modificação na estrutura econômica da região ocorre com a
inauguração de Brasília, em 21 de abril de 1960.

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A transferência da capital do país, que até então localizava-se no Rio de


Janeiro, foi um grande impusionador para as transformações econômicas e
populacionais do interior do Brasil.

Veja no mapa a seguir que até esse período existiam poucas aglomera-
ções de pessoas no interior do território brasileiro.

Laércio de Mello.

Fonte: MELLO, Laércio; SANTOS, Milton. A Urbanização Brasileira. São Paulo, 1998.

Goiás cede uma parte do seu território para a construção e delimitação


do Distrito Federal. Observe os mapas a seguir:

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Laércio de Mello.

Laércio de Mello.
Criação do estado do Tocantins
Destaca-se também que no ano de 1988 o estado de Goiás perde mais
uma parcela de seu território, que foi desmembrado para a consolidação do
estado do Tocantins. Veja no mapa.

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Laércio de Mello.

Laércio de Mello.
Com essas mudanças, Goiás ficou com aproximadamente 50% a menos
das terras que possuía. Uma das explicações dadas na época, pelo governo
federal, era que com a criação de Tocantins ocorreria a estimulação do de-
senvolvimento econômico nessa porção. Porém, o motivo principal era aten-
der os anseios das elites locais por questões políticas.

Destaca-se que a porção do estado de Tocantins concentra grandes con-


flitos de terras disputadas por posseiros, grileiros e latifundiários, principal-
mente na região do chamado Bico do Papagaio na confluência dos rios Ara-
guaia e Tocantins.

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Construção de Goiânia
Uma importante medida para o desenvolvimento do estado foi a constru-
ção de Goiânia, atual capital. A ideia de mudar a capital da cidade Goiás para
Goiânia era antiga. Em outubro de 1933, foi demarcado o local da construção
da nova capital.

A transferência da capital do estado para Goiânia somente foi oficializa-


da em 1937, e a inauguração oficial da cidade ocorreu em 1942. Goiânia se
desenvolve com o propósito de desempenhar a função de centro político-
-administrativo e econômico do estado de Goiás. Hoje, Goiânia é a segun-
da cidade mais populosa da Região Centro-Oeste, com aproximadamente
1 281 75 habitantes, segundo estudos feitos pelo Instituto de Geografia e
Estatística (IBGE), em 2009. Fique sempre atento à página do IBGE na inter-
net, pois esses valores populacionais passam por constantes mudanças.

Domínio público.

Goiânia.

Atividades
1. (CEFET-GO – adap.) Sobre as bases econômicas comuns das coloni-
zações portuguesa e espanhola na América, assinale a alternativa in-
correta.

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a) A distribuição de grandes extensões de terras para a baixa nobreza


ibérica e para comerciantes concorreu decisivamente para a cons-
tituição de uma classe de fidalgos nas colônias americanas.

b) As estruturas econômicas engendradas pela mineração e pela agri-


cultura altamente especializada foram decisivas para a criação de
um mercado interno autodeterminado, nas Américas portuguesa
e espanhola.

c) A transferência do império espanhol para a América espanhola se


constitui em uma forma de centralização político-administrativa
de toda a região.

d) A perspectiva do “eldorado” fez-se presente nos dois sistemas colo-


niais.

e) As formas de trabalho compulsório – escravidão de índios e de afri-


canos, também chamada de mita ou encomienda, concorreram de
forma decisiva para a imposição dos diversos sistemas coloniais.

2. (UFGO) A Constituinte de 1988 abrigou diversas propostas para a for-


mação de novas Unidades Federativas, cujas proposições foram discuti-
das em meio à forte disputa política. O projeto de criação do Estado do
Triângulo, em Minas Gerais, foi vetado. A singularidade do caso goiano,
com a criação do Estado do Tocantins, vincula-se:

a) ao desenvolvimento econômico da região Norte de Goiás que mo-


tivou a proposta separatista.

b) ao aumento das tensões sociais advindas da campanha pela sepa-


ração do norte goiano.

c) ao investimento na modernização da região com base na atração


de capital estrangeiro.

d) à adequação das elites goianas às perspectivas políticas advindas


da divisão do território.

e) à emergência de uma cultura nortista, avessa aos valores culturais


do povo goiano.

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3. (UFGO) Observe a imagem a seguir:

Acervo Museu Pedro Ludovico Teixeira.


Foto do banquete oferecido ao presidente da República, no Palácio das Es-
meraldas de Goiânia, em 7 de agosto de 1940. Acervo: Museu Pedro Ludovico
Teixeira. In: PALACÍN, Luís; MORAES, Maria Augusta de Sant’Anna. História de
Goiás (1722-1972). 5. ed. Goiânia: UCG, 1989. p. 105.

A associação da fotografia ao contexto histórico do Estado Novo, em


Goiás, sinaliza:

a) a adoção de uma política de reforma agrária, voltada para os mi-


grantes pioneiros da colonização agrícola em Goiás.

b) o estímulo do governo central brasileiro ao processo de redistri-


buição populacional na região Centro-Oeste.

c) a articulação com o governo federal, visando à modernização de


Goiás, com a criação de colônias agrícolas.

d) as políticas de combate às endemias que assolavam as populações


interioranas, iniciando a campanha sanitarista em Goiás.

e) a difusão do projeto “estadonovista” de ocupação do Centro-Oeste,


baseado na urbanização e na industrialização da região.

4. (UFGO – adap.) Além de Minas Gerais, foram explorados ouro e dia-


mantes:

a) no Maranhão.

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b) em Goiás.

c) em Mato Grosso.

d) Mato Grosso do Sul.

Gabarito
1. B

a) Falso. A distribuição de terras não foi feita para os comerciantes,


mas sim para os “Amigos do Rei”, que em sua maioria pertenciam à
nobreza.

b) Verdadeiro. Esse fato também foi importante para que a região


de Goiás se transformasse em um uma capitania, pois chegou a
movimentar 20% do ouro retirado do Brasil. A grande exploração
desse metal precioso também propiciou o desenvolvimento para
a região.

c) Falso. Não aconteceu a transferência do império espanhol para a


América espanhola. A transferência do império aconteceu, na rea-
lidade, com a coroa portuguesa.

d) Falso. O Eldorado era principalmente buscado pelos espanhóis.

e) Falso. Um sistema colonial não depende da forma de organização


do trabalho, mas sim da centralização do poder político. O Brasil,
por exemplo, deixou de ser colônia em 1808 com a chegada da
família real.

Obs.: Os espanhóis chamavam de mita, também conhecida pelos


nomes de repartimiento e cuatéquil, uma forma de trabalho que
usava a mão de obra indígena e que foi amplamente empregado
na extração de minérios. Nesse sistema, os povos indígenas eram
escalados por sorteio para uma temporada de trabalho. Os traba-
lhadores recebiam uma baixa compensação salarial pelo trabalho
desenvolvido nas minas.

2. D

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a) Falso. A separação ocorreu para atender os anseios de uma elite


local, sendo muito mais um interesse político do que econômico.

b) Falso. Não existia campanha ou tensões sociais para separação.

c) Falso. O objetivo era atender as demandas das elites locais e não


atrair o capital estrangeiro.

d) Verdadeira. A separação aconteceu para atender a esses grupos


que tinham interesses políticos.

e) Falso. Não ocorreu reivindicação de separação por parte dos nor-


tistas.

3. C

a) Falso. O objetivo era modernizar o interior do Brasil e não realizar a


reforma agrária.

b) Falso. A política voltada à atração populacional somente ocorreu


com a construção de Brasília, a partir de 1960.

c) Verdadeira. Era necessário ter uma proximidade maior com o go-


verno federal que estava centralizado no Rio de Janeiro.

d) Falso. As políticas sanitaristas somente ocorreram na década seguinte.

e) Falso. Essa estrutura só ocorreu a partir da construção de Brasília.

4. B e C

a) Falso. Maranhão não teve exploração de diamante e ouro.

b) Verdadeiro. Durante muito tempo, praticamente 20% do ouro do


Brasil foi explorado em Goiás.

c) Verdadeiro. Principalmente próximo a Cuiabá.

d) Falso. Nem existia essa Unidade Federativa na época.

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