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escrever na escola”
Resumo
Introdução
Pois bem, tiremos proveito deste ‘faz de conta”. A voz e a letra que sempre se
dirigiam ao professor, como disse para avaliação dos alunos, podem também assumer
um novo caráter e empregadas efetivamente para desenvolver e tornar legítimas as
interações realizadas no mundo real. Isso pode ser feito a partir da necessidade que o
aluno terá de fazer valer a sua atuação como ser de linguagem imerso numa dada
situação de interação. Não importa se essa é real ou não, mas que seja baseada em
ações desenvolvidas num passado, num presente ou num futuro. Não podemos
esquecer que uma interação se realiza entre sujeitos, num dado tempo e espaço,
envolvendo um tema, um propósito e conhecimentos diversos compartilhados.
Realidade e ficção podem ser atadas de forma a fazer um tema de estudo ter sentido
para todos. Para que isso se dê o professor que está no outro polo da interlocução
precisa se abrir a novas práticas pedagógicas de ensino e de avaliação dos produtos.
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Em muitas escolas brasileiras, adota-se a organização em Ciclos de Ensino. Isso possibilita um maior equilíbrio em
relação à faixa etária dos alunos. Parte-se do pressuposto que esses alunos apresentariam um leque de demandas,
conhecimentos prévios que ajudariam a (re)dimensionar a prática pedagógica e a avaliação em termos de se
considerar o processo de ensino e aprendizagem dos alunos. Assim, garantir-se-ia uma continuidade, nos anos
escolares seguintes, e aprimoramento dos conteúdos escolares e saberes dos estudantes.
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As técnicas de representação ou encenação de papéis Wilhelm (1992) são aqui lidas como estratégias de
problematização e que têm diferentes fases de elaboração, de organização, de sistematização e de produção de
e fazem com que os alunos possam problematizar os conhecimentos diversos e, mais
do que isso, fazer as abstrações necessárias para interpreter, compreender, relacionar,
extrapolar os fatos em estudo e produzir novos sentidos.
Fazer de conta todo mundo pode fazer. É assim que muitas de nossas
experiências de vida se efetivam. Desde a mais tenra idade as crianças copiam o
mundo dos adultos e fazem do “faz de conta” uma forma de aprender a viver. Para
aquele momento da representação uma nova realidade se nos apresenta. Fazer de
conta neste artigo tem um propósito bem orientado para o aprendizado de leitura, de
escrita e de desenvolvimento das habilidades necessárias aos letramentos dos alunos.
Visa criar nos sujeitos necessidades para apreender as estratégias que lhes propiciará
agir com eficácia na sociedade: defrontar com um dado novo e selecionar o conjunto de
procedimentos e técnicas para chegar a uma solução e ter significado concreto para si
e intermedie suas ações na interação.
Nesse sentido, novas ações fazem com que a escola se abra para o mundo para
produzir conhecimentos reais. Participar de concursos literários, demandar ações de
autoridades, defender seus direitos na sociedade, participar de campanhas diversas.
Enfim, o professor deve olhar para o mundo a sua volta e ver o que está acontecendo e
que possa interessar o seu aluno ou o que seja importante para que elas exercitem a
sua cidadania. Para conseguir que os alunos cheguem a isso, eles precisam aprender
que a lingua portuguesa, em sua modalidade escrita, é apenas uma das formas de
linguagem existentes. Além disso, ela pode ser empregada em diferentes registros,
mais ou menos formais e vai variar também de acordo com as situações de uso, com os
espaços geográficos e sociais, com os tempos, com a cultura...
Portanto, a lingua que a escola ensina não é melhor nem pior que o modo a que
o aluno aprendeu a usar em sua casa – a lingua da mãe. Ele precisa se reconhecer
como um usuário em potencial de sua lingua nacional, tendo confiança de que deve
conhecimento significativo. Usarei os nomes criados por esse autor, a partir dessa nova leitura, resultante do
diálogo com pesquisas sobre letramentos e, portanto, ampliando o leque de objetos de estudo propostos por ele,
ou seja, tendo só a literatura como pano de fundo.
aprender outras formas de empregá-la, usando os recursos e tecnologias da escrita e
da fala com propriedade. Isso possibilita:
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Atores no sentido de que os interlocutores passam a agir com/na/pela linguagem no processo de interação{ECO
(1986), BAKHTIN (1929)}.
Como se vê, a interação entre vários polos de interlocução nos levam a
diferentes espaços sociais e, portanto, justifica-se a escolha teórica e metodológica
proposta neste estudo. Falar de letramentos nos leva a considerar diferentes locus e
estágios de conhecimento e põe os alunos como polo principal da interlocução: sujeitos
de saberes e sujeitos autores em um mundo letrado.
Neste momento inicia-se a terceira fase dos trabalhos: todos já conhecem o texto
e as suas diretrizes. Agora a estratégia é trabalhar com ideias e projeções para o futuro.
Os alunos fazem predicções, exploram possibilidades, atuam como sujeitos agentes o
tempo todo no sentido de descobrir o que poderá acontecer com o desenrolar dos fatos
para além daquilo que o texto apresenta. Essa estratégia possibilita aos estudantes a
chance de se defrontar com as perspectivas da vida real e ajudá-los a compreender
como e por que uma ação nunca é isolada e sempre vai gerar um comportamento de
aprovação ou de reprovação no meio social.
Isso é importante para que os alunos aprendam que as escolhas feitas vão gerar
comportamentos diferentes e que eles devem considerar vários fatores para isso: se
fossem um repórter como teriam de fazer a entrevista, como colher os dados de forma
confiável, como registrar as falas por escrito…Nessa fase, busca-se que as estratégias
usadas possam fazer o vínculo entre o que é estudado e o que de fato acontece no dia
a dia. Neste exercício, os alunos põem em prática as seguintes habilidades de leitura:
inferência sobre um personagem, enfrentamento de relacionamentos complexos,
preenchimento de espaços (buscam entender o que não foi (re)velado), leem nas
entrelinhas do texto. Têm a chance de perceber o que realmente se “fala” no/pelo texto
– oral ou escrito ou o apresentado em outras linguagens não-verbais.
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A noção de coral/jogral se caracteriza por serem os textos resultantes nesta etapa de trabalho coletivo: discussão,
seleção das partes/expressões/vocábulos do texto e a confecção do mural e, a seguir, um texto literário de
qualquer gênero.
Neste ponto, o professor deve chamar a atenção dos alunos em relação às
características do texto e as relações de sentido que se estabelecem com o uso de
recursos de linguagem distintos, principalmente em relaçao ao texto poético, crônica ou
conto, ou seja, a escrita literária. O professor pode negociar com os estudantes qual(is)
o(s) melhor(es) gêneros textuais serão utilizados e que características eles possuem
para assim se classificarem. Estão em uso as seguintes práticas de leitura e de escrita:
composição de uma resposta compartilhada, interpretação de sentidos, compreensão
da estrutura de texto e sua contribuições para a construção da relaçao de sentidos
textuais e a adequação formal e conceitual a determinado gênero textual.
Essa mostra traz, portanto, uma coletânea de contos, que já está sendo
impressa em gráfica, com ISBN, pelo Centro Pedagógico e da participação da edição
2012 da “Olimpíada da Língua Portuguesa: escrevendo o futuro”, crônicas e poemas
produzidos, respectivamente, por alunos de um dos nonos anos e de um dos sextos
anos, também do Centro Pedagógico. Um outro produto do trabalho realizado e que
comprova a eficácia de trabalharmos de mãos dadas com a realidade do aluno é a
Campanha da Solidariedade, organizada e dirigida pelos alunos desse mesmo sexton
ano (o 6o C) e que visa a coleta de alimentos, roupas, calçados e brinquedos para
crianças de uma creche de um bairro onde mora um dos alunos da turma .
Bibliografia