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Alvenaria estrutural: saiba como evitar patologias

Área Técnica ,  Artigos técnicos ,  Construindo Melhor ,  Sobre


Cimento ,  Sobre Concreto

10 de maio de 2013

Mão de obra qualificada, blocos em conformidade com as normas e projeto bem especificado são fundamentais para o sucesso
deste tipo de obra

Por: Altair Santos

Na história da construção civil brasileira há relatos de que na década de 1960 surgiram os primeiros prédios em alvenaria
estrutural. A tecnologia intensificou­se nos anos 1970, recrudesceu, mas a partir de 2009, quando foi lançado o Minha Casa,
Minha Vida, praticamente transformou­se no sistema construtivo oficial do programa. Hoje, a alvenaria estrutural que
utiliza blocos de concreto é a que predomina nas obras do MCMV. A intensidade de uso do sistema levou a ABNT (Associação
Brasileira de Normas Técnicas) a se debruçar, entre 2010 e 2011, na revisão das normas de blocos cerâmicos e blocos de
concreto, assim como dos métodos de construção. As medidas focaram no combate às patologias.

Segundo as diretoras do CDTEC (Centro de Desenvolvimento Tecnológico S/A) Tayana Bianco
Garcez Castellano Cunico e Lidia Krefer, as patologias que mais afetam a alvenaria
estrutural são as fissuras, decorrentes dos seguintes problemas: variação de temperatura,
principalmente nos pavimentos mais altos; cargas atuantes que excedam a capacidade
resistente da estrutura solicitada; recalques nas fundações e o assentamento inadequado das
aberturas, como portas e janelas. “Para que uma obra não venha a sofrer com patologias é
sempre importante respeitar o sistema construtivo, ou seja, cada etapa deve ser realizada
atendendo as particularidades de cada item”, ressalta Lidia Krefer.

A afirmação da tecnóloga é corroborada pelo gerente de desenvolvimento de produtos da
Construção em alvenaria ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland) Cláudio Oliveira Silva. “No último pavimento
estrutural: fase de
é preciso um cuidado especial com a movimentação da laje, caso contrário surgirão fissuras
planejamento é que garante
a operacionalidade do entre a laje e o respaldo da parede”, frisa. Ele alerta ainda que a alvenaria estrutural é o
sistema.
sistema construtivo que mais requer cumprimento das normas. “Os projetistas têm um guia
normativo para ser cumprido. A partir do momento que o projeto segue as normas, o risco de
patologias é muito pequeno”, diz.

As especialistas destacam ainda que na concepção dos projetos arquitetônicos em alvenaria estrutural deve­se estar atento a
critérios como modulações, tipos de blocos, argamassa e graute. “A mão de obra também deve ser treinada para entender as
particularidades do sistema construtivo, bem como ter ferramentas adequadas. A fiscalização eficiente das etapas executadas é
outro fator decisivo no sucesso desta tecnologia”, diz Tayana Bianco, sem esquecer que a manutenção também é componente
relevante para a alvenaria estrutural. “A conservação preventiva está prevista em norma, assim como são vetadas alterações
arquitetônicas sem autorização do projetista da obra”, complementa.

Blocos de concreto

É preciso observar ainda a conformidade dos blocos de concreto. A não obediência das
características físicas em relação à análise dimensional, como largura, altura e comprimento,
pode acarretar falhas na modulação, tanto horizontal quanto vertical, assim como na precisão
geométrica do conjunto – fundamental para a segurança das paredes que serão elevadas. Já
quanto à absorção dos blocos, se a porcentagem recomendada for superior ao especificado as
paredes ficam porosas e podem rapidamente absorver umidade e causar infiltrações, manchas
e bolor no revestimento interno. “Se essas especificações forem insatisfatórias, tendem a
prejudicar a integridade e a segurança de toda a estrutura”, destaca Tayana Bianco.

Neste item, mais uma vez Cláudio Oliveira Silva confirma o que diz a engenheira. “Como
estamos falando de um sistema que vai receber o carregamento da estrutura, construir com um
Tayana Bianco: mão de obra
bloco que não atenda a resistência mecânica especificada no projeto traz um risco muito
deve estar bem treinada. grande para essa estrutura. Então, eu diria que usar blocos em conformidade, aliada a uma
mão de obra bem treinada, assim como o cumprimento das normas, permite que uma
edificação em alvenaria estrutural gere uma economia de até 30% em relação à alvenaria
convencional, em se tratando de um edifício de até quatro pavimentos”, compara.

Outro elemento importante para o sucesso da alvenaria estrutural é a argamassa de
assentamento. Ela possui as funções básicas de solidarizar os blocos de concreto, transmitir e
uniformizar as tensões entre as unidades de alvenaria, absorver as deformações naturais a que
a alvenaria estiver sujeita e selar as juntas contra a penetração da água da chuva. “Por isso,
devem ser aplicadas as espessuras de juntas horizontais e verticais dentro dos limites das
superfícies estabelecidas e tolerâncias de norma, pois é através deste material que podem ser
detectados os primeiros sinais de falhas de todo o conjunto da estrutura”, lembra Lidia Krefer,
citando as normas que regulamentam a alvenaria estrutural:

– ABNT NBR 15961­ Alvenaria Estrutural – Blocos de concreto – Parte 1: Projeto.


Lidia Krefer: alvenaria – ABNT NBR 15961­ Alvenaria Estrutural – Blocos de concreto – Parte 2: Execução e
estrutural requer cumprimento
controle de obras.
das normas.
– ABNT NBR 6136 – Blocos vazados de concreto simples para alvenaria – Requisitos.
– ABNT NBR 12118 – Blocos vazados de concreto simples para alvenaria – Métodos de
ensaio.
– ABNT NBR 15812 – Alvenaria Estrutural – Blocos Cerâmicos – Parte 1: Projeto.
– ABNT NBR 15812 – Alvenaria Estrutural – Blocos Cerâmicos – Parte 2: Execução e Controle de obras.
– ABNT NBR 5738 e 5739 – Moldagem e ensaio de resistência à compressão do graute.

Entrevistados
Tayana Bianco Garcez Castellano Cunico e Lidia Krefer, diretoras do CDTEC (Centro de Desenvolvimento Tecnológico
S/A), e Cláudio Oliveira Silva, gerente de desenvolvimento de produtos da ABCP (Associação Brasileira de Cimento
Portland)
Currículos
– Tayana Bianco Garcez Castellano Cunico é graduada em engenharia civil pela UTP (Universidade Tuiuti do Paraná) com pós­
graduação em gestão da qualidade pela FAE (Faculdade de Administração e Economia)
– Atua como Diretora Técnica do CDTEC desde 2002
– Lidia Krefer é graduada em tecnologia da construção civil pela UTFPR, e especialista em concreto pelo IDD
– Atua como gerente técnica do CDTEC desde 2006
– Localizado em Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, o CDTEC atua no controle tecnológico do concreto e da alvenaria
estrutural, prestando assessoria quanto aos ensaios necessários dentro das recomendações das normas que englobam todo
sistema, bem como os especificados no projeto estrutural
– Cláudio Oliveira Silva é graduado em engenharia civil pela Universidade de Guarulhos (1993) com mestrado em materiais de
construção e administração industrial pela USP (Universidade de São Paulo), além de marketing pela ESPM (Escola Superior de
Propaganda e Marketing)
Contatos:  www.cdtecsa.com.br  /  cdtecsa@cdtecsa.com.br  /  claudio.silva@abcp.org.br
Créditos fotos: Chico Rivers / ABCP / Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330

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