02 – Caracterizar a Doença Diverticular do Cólon (conceito, epidemio, etiologia e

fisiopatologia).

Conceito (Lopes)

Os divertículos que acometem os cólons têm classificação de acordo com sua origem em
congênitos e adquiridos.

 Os congênitos são formados por todas as camadas da parede cólica, em razão disto, são
chamados de verdadeiros, com baixa incidência e de localização preferencial no cólon
direito.
 Os adquiridos ocorrem pela herniação da mucosa, por pulsão, mediante camada
muscular da parede cólica. São considerados falsos divertículos e responsáveis pela
enfermidade denominada doença diverticular do cólon.

Epidemio (Lopes)

Esta enfermidade é uma das mais frequentes nos países industrializados do Ocidente e
pouco comum nos países subdesenvolvidos da África e da Ásia.

Sua real incidência é desconhecida no Brasil, raramente encontrados antes da terceira

década de vida, com aumento significante a partir da quinta década, alcançando até 50% dos
indivíduos após a sétima e 66% depois da oitava, segundo estudos radiológicos e de necropsia.
Não há predominância em relação ao sexo.

Etiopatogenia (Lopes)

Seus fatores etiopatogênicos mais aceitos são:

• Idade do doente (envelhecimento)

• Alterações do colágeno e de elastina na submucosa cólica

• Aumento da pressão intracolônica

• Modificação da motilidade dos cólons

• Pouca ingestão de fibras.

O divertículo adquirido é formado por uma parte sacular, externa à parede cólica,
denominada corpo, e por um colo, o qual se trata do trajeto de comunicação deste com o lúmen
intestinal.

Apresenta tamanho variável e localiza-se em fileira junto aos apêndices epiploicos, entre
a tênia mesentérica e as duas antimesentéricas. O reto, com frequência, está poupado. Os
divertículos podem ficar cobertos pelos apêndices epiploicos e pela gordura pericólica e não
serem visíveis externamente.

A alteração muscular da parede cólica é a afecção mais importante dessa doença e

sempre precede o desenvolvimento dos divertículos, constituindo-se no fator desencadeante
da herniação da mucosa cólica, por pulsão, pela camada muscular, com duas formas de
apresentação:

1. Uma evidenciada pelo espessamento desta camada muscular, denominada hipertônica,

 2. Outra, na qual a musculatura apresenta-se adelgaçada, caracterizando o formato
hipotônico da enfermidade.

Obs.: Com frequência, os doentes são acometidos pelas duas alterações, configurando a forma
“mista”, e podendo manifestar o quadro clínico de ambas.

O fato de somente um terço dos indivíduos com a DDC (Doença Diverticular do Cólon)
apresentar sintomas é motivado por vários fatores, e os principais estão descritos a seguir:

• Microbiota intestinal – A flora intestinal tem participação na etiopatogênese da DDC, pois ela
compõe a função de barreira contra antígenos, toxinas e bactérias patogênicas. Uma dieta pobre
em resíduos altera a microbiota colônica e o equilíbrio do sistema imune intestinal causando
sua alteração, favorecendo a incidência de um processo inflamatório crônico nesta mucosa

• Microinflamação – Os pacientes com DDC sintomática apresentam, na mucosa

peridiverticular, uma inflamação microscópica, denominada microinflamação. Ela parece ser o
fator desencadeante da diverticulite e tem espectro variável, desde inflamação crônica
inespecífica a lesões microscópicas semelhantes às encontradas nas doenças inflamatórias
intestinais, tais como infiltrado mononuclear na lâmina própria da mucosa, abscessos de criptas
etc.

• Hipersensibilidade visceral – Sua origem está na resposta neural aferente aumentada dos
plexos intramurais do cólon, causando uma resposta excessiva aos seus estímulos fisiológicos.
Sua etiologia ainda é controversa. Algumas vezes, esta sensação visceral alterada é semelhante
aos sintomas dos pacientes com a síndrome do intestino irritável (SII)

• Motilidade intestinal – com a ingesta insuficiente de fibras, a motilidade colônica fica

diminuída, o que ocasiona estase intraluminal e supercrescimento bacteriano, favorecendo o
aparecimento dos sintomas da DDC.