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1.3.Histórico
Muitas foram as contribuições para o desenvolvimento do hoje
consagrado Motor de Combustão Interna. Ao longo desta seção se comentará
a respeito dos seus principais contribuidores: Lenoir, Carnot, Beau de Rochas,
Otto e Diesel. Outras tentativas também foram feitas por: Hautefeuille (1678),
Cristian Huygens (1680), John Barber (1791), Philipe Lebon (1799), Langren
(1867), Herbert Studart (1891). Dugald Clerk projetou um motor com ciclo de
dois tempos. Outros aperfeiçoamentos foram feitos por técnicos e construtores,
resultando nos motores Diesel da atualidade.
1.3.1 Lenoir (1860):
Construiu o primeiro motor de combustão interna comerciável. Tinha o
seguinte princípio de funcionamento: ar e gases eram aspirados para a câmara
de combustão e entravam em ignição através de uma faísca elétrica. O pistão
então se deslocava para o final do seu curso e no retorno expulsava os gases
remanescentes da queima. O motor trabalhava com pressão atmosférica,
principalmente devido a este fato sua eficiência térmica era de apenas 4%.
1.3.2 Nicolas carnot (1824)
A teoria fundamental dos motores à combustão interna de dois tempos
foi estabelecida por Nicolas Diogo Léonard Sadi Carnot (França, 1824), enquanto a
patente pelo primeiro motor à combustão interna foi desenvolvida por Samuel
Morey (Estados Unidos, 1826).
1.3.3 Beau De Rochas (1862):
Propôs, para que se fossem alcançados melhores resultados, o uso do
ciclo hoje conhecido como de quatro tempos: admissão, compressão, ignição e
expansão, e descarga de gases provenientes da queima.
1.3.4 Otto (1867):
Com o auxílio de Langen construiu um motor menos robusto em
comparação com da sua época. A máquina usava um cilindro invertido com um
pistão muito longo. Funcionava da seguinte maneira: com a explosão o pistão
movia-se para cima, devido a esta expansão e resfriamento dos gases
parcialmente era criado um vácuo no interior do cilindro. O pistão então se
deslocava para baixo com o auxilio do seu próprio peso e da pressão
atmosférica. À medida que o pistão descia uma engrenagem (ratchet) ligava a
conectora ao eixo de manivelas permitindo a transmissão de potência. A
eficiência térmica deste motor chegava a apenas 12%.
Em 1876 Otto construiu outro motor denominado “Otto Silent”, um
motor a gás que trabalhava segundo o princípio do ciclo de quatro tempos,
tinha ignição por (flame) centelha e era bastante popular devido a sua
eficiência térmica de 16%.
1.3.5 Diesel (1892)
Dr. Rudolf Diesel, engenheiro alemão, nasceu em Paris no dia 18 de
março de 1858 e faleceu a bordo de um navio no dia 29 de setembro de 1913.
Seus pais eram alemães que residiam em Paris e, com a Guerra Franco-
Prussiana, foram obrigados a se transferir para Augsburgo onde o jovem Diesel
pode dar continuidade a seus estudos.
No início de 1893, Dr. Diesel publica um trabalho intitulado “Teoria e
projeto de um motor térmico racional destinado a superar a máquina a vapor e
os demais motores conhecidos atualmente” onde mostrava com convicção as
várias vantagens do seu motor em relação ás outras máquinas térmicas da
época. Recebeu inúmeras críticas, todavia continuou com seu projeto
construindo seu primeiro motor ainda em 1893.
Em sua patente original Dr. Diesel propunha que no seu motor, o ar era
comprimido a uma taxa tal que a temperatura resultante superava em muito a
temperatura de ignição do combustível. Portanto, a injeção ocorreria de
maneira gradual sendo que a combustão, devido à expansão dos gases
comprimidos e ao movimento para baixo do pistão, iria ocorrer sem a pressão
causada pelo aumento de temperatura. Após a injeção ocorria a expansão da
massa de gás gerada.
Seu primeiro motor queimava carvão em pó e funcionava
satisfatoriamente, contudo logo esta idéia foi abandonada. Para o seu segundo
motor foi adotado o óleo combustível e com isso alcançou-se uma potência de
20HP. Com a pressão de compressão de ar de 1500 e a falta de um sistema
para o resfriamento dos cilindros os primeiros motores do Dr. Diesel
apresentavam falhas. Em 1897 constrói seu terceiro motor que, com uma
eficiência térmica de 24%, é um grande sucesso. Funcionava de acordo com o
ciclo de quatro tempos, tinha pressão de combustão de 450 e era arrefecida a
água. Diesel então vende sua patente para as grandes fábricas M.A.N., Krupp
(ambas alemãs), Sulzer (Suíça) e Morris (Inglaterra), que passam a construir
motores Diesel em larga escala e em várias potências, alcançando grandes
avanços principalmente após a I Guerra Mundial (1914-1918). O motor do Dr.
Diesel é considerado uma das maiores conquistas na área da energia
termodinâmica.
Antes de 1914 o motor Diesel foi primeiramente utilizado em aplicações
estacionárias e para a propulsão marítima sob a forma de motores rotação
relativamente baixa, a quatro tempos e com aspiração normal. A I Guerra
Mundial (1914-1918) impulsionou o desenvolvimento de motores de alta
rotação com “its much higher specific output”, e com um vislumbre de levar tal
aplicação para a área automobilística.
A pesar da primeira geração de motores veiculares terrestres terem
sido, sem dúvidas, do tipo ignição por centelha, de alguma maneira o posterior
desenvolvimento de motores operando com ignição por compressão se deu de
tal forma que em meados dos anos 30 os motores Diesel de alta rotação com
aspiração normal estavam firmemente estabelecidos como a mais eficiente
máquina motriz para ônibus e caminhões. Ao mesmo tempo, com a crescente
utilização do sistema de turbo alimentação, ou do inglês turbocharging,
começou-se a deixar de lado a altamente ineficaz máquina a vapor utilizando-a
apenas em locomotivas enquanto que a iminente II Guerra (1939 -1945) deu
um incentivo muito maior ao desenvolvimento do motor Diesel superalimentado
como um novo motor aeronáutico, particularmente na Alemanha.
Desde a II Guerra Mundial (1939-1945), todo país industrial tentou
desenvolver sua própria linha de motores Diesel. A maior expansão em termos
de Mercado inquestionavelmente ocorreu no ramo transporte rodoviário pesado
que, ainda hoje na Europa é dominante. Todavia, um processo contínuo de
modernização e aprimoramentos está acontecendo em todos os campos
aplicáveis, desde o gigantesco motor marítimo à dois tempos, aos motores
estacionários de baixa rotação e finalmente aos pequenos motores de cilindro
unitário utilizados em operações em áreas remotas. Acredita-se que é muito
provável que ele ainda continue como maior máquina motriz, visto que
combustíveis fósseis ainda são encontrados e então, como ele pode se tornar
menos sensível a qualidade do combustível, adentra-se na era dos
combustíveis sintéticos ou derivados do carvão. Através da comparação das
seguintes representações de motores em corte, ambos da Sulzer, pode-se
observar o avanço ocorrido em menos de um século, no que diz respeito a
presença de dispositivos eu permitem a obtenção das enormes potências dos
motores da atualidade.
Outro importante passo no fortalecimento do motor Diesel na propulsão
marítima foi a pesquisa e desenvolvimento aplicada que permitiu com que ele
viesse a queimar combustíveis mais baratos e mais pesados. Tal progresso foi
“spurred” em meados dos anos 50 pela disponibilidade de lubrificantes para
cilindros capazes de neutralizar produtos ácidos da combustão e “hence”
reduzirem a quantidade de desgastes a níveis observados com a queima de
óleo Diesel. Todos os navios a dois tempos com baixa rotação e muitos navios
a quatro tempos com rotação média são lançados operando com óleos
combustíveis de baixa qualidade cuja viscosidade é de até 700 cSt/508C.
O motor é composto por mecanismos fixos e móveis. Que por sua vez
estando em sincronismo transforma á energia calorífica em energia cinética.
Suas principais peças são:
2.2.1.Mecanismos fixos
2.2.1.1.Base (Base): como seu nome sugere, a base é o componente
que promove a sustentação da árvore de manivelas e a absorção da maior
parte dos esforços produzidos no interior do mesmo. Feita na maioria dos
casos de ferro fundido ou aço carbono. Nela encontram-se reentrâncias que
formam os mancais fixos, estes alojam o eixo de manivelas promovendo o seu
alinhamento e permitindo o seu movimento.
2.2.1.2.Cárter(Pan): peça geralmente em formato retangular cuja
principal função é fazer o fechamento do bloco na sua parte inferior servindo
ainda como depósito de óleo lubrificante. Nos motores de pequeno porte é
usinado juntamente com o bloco, (Figura 4).
Figura 4 cárter
Figura 5 poceto
2.2.1.3.Bloco (Cylinder block): maior peça fixa do motor, o bloco
costuma ser feito de ferro fundido. Ele envolve vários componentes dos quais
são destacados: camisas (removíveis ou fundidas ao bloco), eixo de comando,
engrenagens de transmissão, tuchos, etc. O bloco tem a estrutura do cárter
aparafusado a ele tendo entre eles uma junta de cortiça ou papelão. Na sua
parte superior encontramos o cabeçote fixado ao mesmo, também tendo entre
os mesmos uma junta de vedação feita de cobre, aço, amianto, ou uma
combinação de papelão e material metálico. (Figura.6 e Figura 7)
2.2.2.Mecanismos móveis
2.2.2.1.A árvore de manivelas (Crankshaft ) é composta por:
a) Flange (Flange): extremidade em forma de disco onde é fixado o
volante;
b) Munhões: partes do eixo que trabalham nos mancais fixos;
c) Moentes: partes do eixo onde articulam os mancais das cabeças
das conectoras;
d) Braços de manivela ou cambotas - partes do eixo que ligam os
pinos fixos (nos munhões) e móveis (nos moentes);
e) Contrapesos: prolongamentos dos braços de manivela que
servem para dar suavidade ao movimento de rotação e ajudando no
balanceamento do eixo;
f) Curvas de reforço: partes curvas nas junções dos pinos com as
cambotas;
g) Canais de lubrificação: canais no interior do eixo por onde escoa o
fluxo do óleo lubrificante dos mancais fixos para os móveis.
(Figura 13):
(fig.2.2.2.3)
Figura 17 biela
1° Tempo admissão.
Na fase de admissão, o pistão ao deslocar do PMS ao PMI, cria uma
depressão no interior do cilindro, fazendo com que a mistura ar combustível
seja aspirada.
2° Tempo de Compressão.
Na fase de compressão após o fechamento da válvula de admissão, o
pistão desloca do PMI ao PMS, comprimindo a mistura.
3° Tempo de Expansão.
Na fase de expansão um pouco antes do pistão atingir o PMS, uma
centelha elétrica solta entre os eletrodos da vela, dando início à combustão.
A temperatura dos gases cresce rapidamente, aumentando assim a
pressão no interior da câmera, que empurrará energicamente o pistão para
baixo, fazendo com que este retorne ao PMI.
4°Tempo de Descarga.
Na fase de descarga, um pouco ante de o pistão atingir o PMI, a válvula
de descarga se abre, e os gases da combustão, que ainda estão a certa
pressão, começam espontaneamente a sair. Devido à inércia do pistão, ele é
capaz de retornar ao PMS, expulsando assim, o resto dos gases queimados
(Figura 21)
Figura 21 fases do ciclo Otto a quatro tempos
5.4.Quanto à rotação:
- de baixa: até 350 rpm;
- de média: de 350 a 1000 rpm;
- alta: de 1000 rpm em diante.
(Figura 6.2)
onde,
V1 = cilindrada unitária
= constante 3,1416
D = diâmetro do cilindro
L = curso do êmbolo
Figura 32 cálculo da cilindrada
Solução:
Na prática, para obter a cilindrada total em centímetros cúbicos, você
pode resolver o problema de duas maneiras: ou entra na fórmula com os
valores de D e L em milímetros e depois transforma o resultado obtido em mm3
para cm3, ou então converte os valores de D e L para centímetros, antes de
entrar na fórmula.
1a maneira:
V1 = 0,7854 x 1002 x 150 x 6
V1 = 0,7854 x 10000 x 150 x 6
V1 = 7068600 mm3
Transformando para cm3, ou seja, correndo três casas para a
esquerda, tem-se:
V1= 7068,6 cm3
2a maneira:
D ................. 100 mm = 10 cm
L ................. 150 mm = 15 cm
Aplicando agora esses valores na fórmula, vem:
V1 = 0.7854 x D2 x L x n
V1 = 0,7854 x 102 x 15 x 6
V1=7068 cm3
A propósito, você já ouviu alguém falar em motor de 1500, 2000 ou,
sabe-se lá, quantas cilindradas? Se já ouviu, deve saber agora que esta
expressão não é correta. Como você viu no problema que acabamos de
resolver, o certo seria dizer: motor com cilindrada de 1500 cm3, ou motor com
2000 cm3 de cilindrada.
Você deve saber também que há outras unidades utilizadas no cálculo
da cilindrada. Entre elas encontram-se o litro ( l ) e a polegada cúbica ( pol3).
Você lembra que 1 litro é igual a 1 dm3?
Ainda sobre cilindrada, você já ouviu falar em carros populares com
motor 1.0 ou 1000? É claro que sim! Pois então não esqueça que nesse caso
estamos falando de cilindradas iguais, utilizando unidades diferentes. O motor
1.0 é aquele que tem uma cilindrada total equivalente a 1 litro ou 1 dm3; ou
seja: ele possui 4 cilindros e sua cilindrada unitária vale ¼ ou 0,250 do litro.
Para o caso do motor 1.0, veja só a aplicação dos valores na segunda fórmula
da cilindrada total:
V = V1 x n
V = 0,250 x 4
V = 1.0 litro
Por outro lado, o motor 1000 é aquele que tem uma cilindrada total
equivalente a 1000 cm3 possuindo, portanto, quatro cilindros com cilindrada
unitária igual a 250 cm3. Logo,
V = V1 x n
V = 250 x 4
V = 1000 cm3
6.8.Câmara de combustão: é o volume compreendido entre a face
superior do pistão e face inferior da tampa ou cabeça do cilindro, quando o
pistão se encontra no PMS o volume da câmara de combustão será
representado por (Figura 33).
Onde:
V2 é o volume do espaço morto ou câmara de combustão,
V1 é a cilindrada unitária e
Tc é a taxa de compressão.
250
V2
10 1
V2 = 27,77 cm3
como Vt = V1 + V2
Exercício II
Qual será a taxa de compressão do motor à explosão de quatro
cilindros de um carro popular que tem uma cilindrada de 1000cm3, sabendo que
o volume da câmara de combustão é igual a 27,77 cm 3?
Solução:
V1 = 1000 / 4
V1 = 250 cm3
Vt = V1 + V2
Vt = 250 + 27,77
Vt = 277,77
Tc = Vt / V2
Tc = 277,7 / 27,77
Tc = 10
Resposta: Tc = 10:1
6.12.Velocidade media no êmbolo: você sabe que, se o êmbolo realiza
um movimento de vai e vem dentro do cilindro, quanto mais ele se aproxima
dos pontos mortos, mais a sua velocidade diminui. Assim, no PMS e no PMI, a
velocidade do êmbolo cai para zero. Isso é muito lógico, porque nos pontos
mortos ele tem que parar para poder inverter o seu movimento. As velocidades
instantâneas não são de grande interesse neste curso. Entretanto, os manuais
dos fabricantes costumam mencionar um termo denominado velocidade média
do êmbolo, que é definido como a média das várias velocidades que o êmbolo
desenvolve no interior do cilindro durante uma rotação do eixo de manivelas,
ou seja, durante dois cursos do êmbolo.
A expressão matemática para o cálculo é a seguinte:
Onde:
Vm= velocidade média do êmbolo em m/s,
2 = número de cursos que o êmbolo realiza em uma rotação do eixo
de manivelas,
L = curso do êmbolo (em metro),
60 = número de segundos existentes em 1 minuto.
Exercício III
O curso do êmbolo de um motor auxiliar é igual a 300 mm. Se ele
funcionar a 800 rpm, qual será a velocidade média do êmbolo em m/s?
Solução: Primeiro você deve transformar 300 milímetros para metro.
Assim, 300 mm = 0,3 m
2 x 0,3 x 800
Vm
60
Vm = 8 m/s