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Autor(es)
Artur Beltrame Ribeiro1
Frida Liane Plavnik2
Fev-2011
A hipertensão arterial é definida como sisto-diastólica quando ambos os valores são iguais ou
maiores aos valores de corte, isto é ≥140/90 mmHg, e sistólica isolada quando apenas o valor
da pressão arterial sistólica está acima do valor de corte, isto é ≥140 mmHg, com a pressão
arterial diastólica é < 90mmHg.
Para firmar o diagnóstico, recomenda-se também que as medidas sejam feitas em pelo menos
duas consultas, exceto quando os valores estiverem acima de 170 mmHg (sistólica) e/ou 110
mmHg (diastólica). Nesta situação já consideramos o diagnóstico e devemos iniciar tratamento.
2 - Qual pressão é mais importante, a sistólica ou a diastólica?
O nível da pressão diastólica é fator preditivo de risco cardiovascular em pacientes com menos
de 50 anos. Acima dos 50, os níveis de pressão sistólica são os mais importantes
determinantes do risco cardiovascular.
3 - Tem-se ouvido muito falar em pré-hipertensão. O que é e qual o impacto da pré-
hipertensão na progressão para hipertensão sustentada e risco cardiovascular?
O termo pré-hipertensão foi descrito pela primeira vez em 1939 por Robinson e Brucer. Esses
autores relataram que a maioria dos futuros hipertensos se originava desta faixa de pressão
(120-139/80-89 mmHg) e que a mortalidade era cerca do dobro quando eles eram comparados
a pessoas com pressão arterial abaixo de 120/80 mmHg. Em 2003, a diretriz americana (JNC7)
incorporou essa designação não como uma categoria de doença, mas para permitir a
identificação de pessoas que poderiam se beneficiar com modificação mais precoce no estilo
de vida, na tentativa de diminuir a pressão arterial, a taxa de progressão para hipertensão
arterial sustentada, isto é, níveis persistentemente acima de 140/90 mmHg ou mesmo prevenir
a hipertensão arterial.
Já indivíduos com risco cardiovascular médio, alto ou muito –alto devem ser tratados com
modificação de estilo de vida e medicamentos, pois a literatura tem demonstrado benefício em
pacientes com risco cardiovascular alto e doença coronariana, doença cerebrovascular e em
diabéticos.
1
Professor titular de Nefrologia da UNIFESP - Escola Paulista de Medicina.
2
Professora afiliada da disciplina de Nefrologia da UNIFESP.
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5 - Como a diretriz brasileira de hipertensão se posiciona em relação à pré-hipertensão?
A Diretriz Brasileira de Hipertensão VI não faz menção a essa categoria. O termo usado é
hipertensão limítrofe e refere-se a níveis pressóricos de 130-139 e/ou 85-89 mmHg,
considerando que limítrofe equivale aos termos descritos na literatura para pressão normal alta
ou pré-hipertensão.
6 - Como classificar os pacientes de acordo com os níveis pressóricos obtidos em
consultório?
A tabela 1 define os níveis pressóricos que devem servir de referência para a classificação
pressórica de nossos pacientes de acordo com as Diretrizes Brasileiras de Hipertensão VI. O
valor mais alto de pressão sistólica ou diastólica estabelece o estágio do quadro hipertensivo.
Quando as pressões sistólica e diastólica situam-se em categorias diferentes, a maior deve ser
utilizada para classificação do estágio.
Tabela 1. Classificação pressórica de acordo com as Diretrizes Brasileiras de
Hipertensão VI
Classificação PA sistólica (mmHg) PA diastólica (mmHg)
Ótima <120 <80
Normal <130 <85
Limítrofe 130-139 85-89
Estágio 1 140-159 90-99
Estágio 2 160-179 100-109
Estágio 3 ≥180 ≥110
Sistólica isolada ≥140 <90
8 - Por que se fala tanto na forma padronizada da medida da pressão arterial, por que
devemos seguir a padronização?
Considerando que o diagnóstico de hipertensão arterial é feito pela medida casual da pressão
e que, portanto, esta deve ser feita da maneira mais adequada, é importante sempre
reforçarmos os problemas habitualmente encontrados com as medida feitas sem padronização.
Existem problemas relacionados ao examinador, como o hábito de arredondar o valor para “0”
ou “5”. Sabemos que o manômetro é separado a cada 2 mmHg, portanto, em uma única
medida é impossível se obter valor ímpar. Além disso, em grande parte das vezes, temos
disponível um manguito com uma única medida da bolsa de borracha, e sabemos que em
pessoas com braços cuja circunferência é maior que 34 cm haverá necessidade de correção
dos valores, ou o uso de manguito apropriado. Um exemplo prático dessa situação é a medida
da pressão em um paciente obeso, cuja circunferência seja de aproximadamente 38 cm. Nesta
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situação, a utilização de um manguito com bolsa de 12 cm resultará em valores
superestimados e, consequentemente, em modificação desnecessária da terapêutica. Por isso,
é recomendado que se use a padronização abaixo para a correta medida da pressão arterial.
Outros erros comuns são: insuflar o manguito até um valor determinado (às vezes muito alto)
que gera dor e desconforto, posicionamento do estetoscópio sob o manguito (geração de
ruídos). Há também alguns erros relacionados ao paciente e esses são descritos na tabela
abaixo, como condições que devemos evitar antes do início da aferição da pressão.
Preparo do paciente
• Explicar o procedimento ao paciente e deixá-lo em repouso por pelo menos 5 minutos
em ambiente calmo. Deve ser instruído a não conversar durante a medida. Possíveis
dúvidas devem ser esclarecidas antes ou após o procedimento.
Certificar-se de que o paciente não:
• Está com a bexiga cheia;
• Praticou exercícios físicos há pelo menos 60 minutos;
• Ingeriu bebidas alcoólicas, café ou alimentos;
• Fumou nos 30 minutos anteriores.
Posicionamento do paciente
• Deve estar na posição sentada, pernas descruzadas, pés apoiados no chão, dorso
recostado na cadeira e relaxado. O braço deve estar na altura do coração (nível do
ponto médio do esterno ou 4o espaço intercostal), livre de roupas, apoiado, com a
palma da mão voltada para cima e o cotovelo ligeiramente fletido.
Para a medida propriamente
• Obter a circunferência aproximadamente no meio do braço. Após a medida selecionar
o manguito de tamanho adequado ao braço*;
• Colocar o manguito, sem deixar folgas, 2 a 3 cm acima da fossa cubital;
• Centralizar o meio da parte compressiva do manguito sobre a artéria braquial;
• Estimar o nível da pressão sistólica pela palpação do pulso radial. O seu
reaparecimento corresponderá à PA sistólica;
• Palpar a artéria braquial na fossa cubital e colocar a campânula ou o diafragma do
estetoscópio sem compressão excessiva;
• Inflar rapidamente até ultrapassar 20 a 30 mmHg o nível estimado da pressão sistólica,
obtido pela palpação;
• Proceder à deflação lentamente (velocidade de 2 mmHg por segundo);
• Determinar a pressão sistólica pela ausculta do primeiro som (fase I de Korotkoff), que
é em geral fraco seguido de batidas regulares, e, após, aumentar ligeiramente a
velocidade de deflação;
• Determinar a pressão diastólica no desaparecimento dos sons (fase V de Korotkoff);
• Auscultar cerca de 20 a 30 mmHg abaixo do último som para confirmar seu
desaparecimento e depois proceder à deflação rápida e completa;
• Se os batimentos persistirem até o nível zero, determinar a pressão diastólica no
abafamento dos sons (fase IV de Korotkoff) e anotar valores da sistólica/diastólica/zero;
• Sugere-se esperar em torno de um minuto para nova medida;
• Informar os valores de pressões arteriais obtidos para o paciente;
• Anotar os valores exatos sem “arredondamentos” e o braço em que a pressão arterial
foi medida.
Na primeira consulta, medir nas posições deitada, sentada e em pé. Para seguimento, caso
não haja evidência de hipotensão ortostática, pode-se medir a pressão nas posições sentada
ou deitada. Na avaliação inicial deve-se, com manguito adequado, medir a pressão arterial nos
membros inferiores (manguito na coxa), para avaliar coarctação da aorta ou doença arterial
periférica.
O esfigmomanômetro aneróide deve ser calibrado a cada 6 meses e o de mercúrio a cada ano.
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9 - Quais as vantagens da monitorização ambulatorial da pressão arterial de 24 horas
(MAPA) sobre a medida casual (consultório) da pressão arterial?
De acordo com a IV Diretriz para uso da MAPA existem evidências de que as variáveis obtidas
pela MAPA prognosticam melhor os eventos cardiovasculares como infarto do miocárdio e
acidente vascular cerebral, quando comparadas às medidas casuais de consultório. Ainda
apresenta algumas vantagens potenciais em relação à medida casual de consultório, tais
como:
• atenuação do efeito do observador sobre a pressão arterial;
• eliminação dos vícios de medida;
• obtenção de valores que se aproximam mais da pressão habitual dos pacientes;
• possibilidade de avaliação do efeito da pressão durante o sono e na ascensão matinal;
• avaliação da resposta terapêutica durante as 24 horas.
Normalmente, durante o período do sono há uma queda fisiológica da pressão arterial, tanto
sistólica quanto diastólica. Mas hipertensos com descenso inferior a 10% apresentam relação
com pior prognóstico cardiovascular. O descenso noturno pode não ser detectado quando
houver: repouso inadequado, isto é, o paciente refere que não conseguiu dormir bem com o
aparelho, controle inadequado da pressão em pacientes tratados, pacientes com hipertensão
secundária, disautonomia e uso de algumas drogas podem cursar com inversão do padrão
pressórico ou ausência de descenso noturno.
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O descenso noturno é calculado de forma muito simples: (média da pressão da vigília – média
da pressão do sono/média da pressão da vigília x 100). Classificamos o descenso de pressão
durante do sono (%) para a pressão arterial sistólica e diastólica da seguinte forma:
• Presente ≥10;
• Ausente ≤0;
• Atenuado >0 e <10.
Define-se EAB como a diferença de pressão entre a medida obtida no consultório e fora dele,
desde que essa diferença seja igual ou superior a 20 mmHg para a pressão sistólica e/ou 10
mmHg na pressão diastólica. O EAB poderá ser verificado considerando-se a PA fora do
consultório comparada à AMPA, MRPA ou medidas de vigília à MAPA. É mais frequente em
mulheres, idosos, pacientes com sobrepeso e obesos.
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17 - Qual a etiologia da hipertensão arterial?
Analisando-se a fórmula: PA=DC x RP
Em que,
PA = pressão arterial;
DC = débito cardíaco;
RP = resistência periférica.
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Além da teoria citada acima, as duas outras teorias implicadas na retenção de sódio no
hipertenso são:
• vasoconstrição renal com diminuição da superfície filtrante glomerular;
• heterogeneidade dos néfrons.
A diminuição da área de filtração glomerular dificultaria a rápida e completa excreção da
sobrecarga de sódio, resultando em acúmulo deste íon. A outra teoria implica que nos
hipertensos haveria uma subpopulação de néfrons isquêmicos, hipersecretores de renina e
retentora de sódio, enquanto outra subpopulação agiria de forma compensatória à primeira.
Porém, esta subpopulação com características compensatórias seria incapaz de excretar toda
a carga de sódio de modo a manter o balanço de sódio e resultaria, em última instância em
algum grau de retenção.
22 - Quais os fatores ambientais implicados no aparecimento da hipertensão arterial?
Estão documentados:
• ingestão de sódio;
• obesidade e resistência à insulina;
• consumo exagerado de álcool;
• sedentarismo.
Hemodinâmicos:
• Aumento do débito cardíaco;
• Aumento do volume sistólico;
• Aumento do volume intravascular.
Hormonais:
• Aumento da atividade do sistema nervoso simpático;
• Aumento da atividade do sistema renina-angiotensina, presente inclusive no tecido
adiposo;
• Redução da vasodilatação mediada pelo óxido nítrico.
Cabe salientar que a Federação Internacional de Diabetes publicou uma nova estratificação
para a circunferência abdominal de acordo com a região geográfica. Para o Brasil os valores
sugeridos são os mesmos que para os asiáticos, ou seja, obesidade abdominal foi definida
como ≥80 cm para mulheres e ≥90 cm para homens. Como não existem dados epidemiológicos
que confirmem a validade da redução nos valores de corte, a DBH VI optou por manter os
níveis de corte da I Diretriz Brasileira em Síndrome Metabólica que é consistente com os
valores de corte do NCEP-ATP III.
Tabela 4. Componentes da síndrome metabólica segundo o NCEP-ATP III
Componentes Níveis
Obesidade abdominal por meio de circunferência abdominal >102 cm
Homens >88 cm
Mulheres
Triglicérides ≥150 mg/dL
HDL Colesterol <40 mg/dL
Homens <50 mg/dL
Mulheres
Pressão arterial ≥130 mmHg ou ³85 mmHg
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Glicemia de jejum ≥110 mg/dL
Síndrome metabólica: pelo menos 3 dos componentes acima
A presença de diabete melito não exclui o diagnóstico de SM
I Diretriz Brasileira de Diagnóstico e Tratamento da Síndrome Metabólica. (www.sbh.org.br)
25 - Como avaliar o paciente hipertenso?
A avaliação laboratorial tem como objetivo definir o estadiamento da pressão arterial, identificar
a presença de lesão de órgãos alvo, determinar a presença de outros fatores de risco
cardiovascular e procurar indícios de causas secundárias da hipertensão. Como exames de
rotina, recomendam-se:
• análise de urina;
• potássio plasmático;
• creatinina plasmática e estimativa do ritmo de filtração glomerular;
• glicemia de jejum;
• colesterol total, HDL, triglicérides plasmáticos;
• ácido úrico plasmático;
• eletrocardiograma convencional.
TFGE (ml/min) = [140 - idade] x peso (kg) / creatinina plasmática (mg/dL) x 72 para homens;
para mulheres, multiplicar o resultado por 0,85.
Estadiamento:
Função renal normal: >90 ml/min/1,73 m² sem outras alterações no exame de urina;
Radiograma de tórax
Recomendado para pacientes com suspeita clínica de insuficiência cardíaca quando outros
exames não estão disponíveis; e para avaliação de acometimento pulmonar e de aorta.
Ecocardiograma
Hipertensos estágios 1 e 2 sem hipertrofia ventricular esquerda ao ECG, mas com dois ou mais
fatores de risco; hipertensos com suspeita clínica de insuficiência cardíaca.
Microalbuminúria
Ultra-som de carótida
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Pacientes com sopro carotídeo, com sinais de doença cerebrovascular, ou com doença
aterosclerótica em outros territórios.
Teste ergométrico
Hemoglobina glicada
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Tabela 7. Achados clínicos que auxiliam na suspeita de hipertensão arterial
secundária
Achados Suspeita Estudos diagnósticos
diagnóstica adicionais
Ronco, sonolência diurna, Apneia obstrutiva do Polissonografia
síndrome metabólica (ver item sono
7.10 do texto)
Hipertensão resistente ao Hiperaldosteronismo Relação aldosterona/atividade
tratamento e/ou com primário de renina plasmática
hipocalemia e/ou com nódulo
adrenal
Insuficiência renal, doença Doença renal Taxa de filtração glomerular,
cardiovascular aterosclerótica, parenquimatosa ultrassonografia renal,
edema, ureia elevada, creatinina pesquisa de microalbuminúria
elevada, proteinúria/hematúria ou proteinúria
Sopro sistólico/diastólico Doença renovascular Angiografia por ressonância
abdominal, edema pulmonar magnética ou tomografia
súbito, alteração de função renal computadorizada,
por medicamentos que ultrassonografia com Doppler,
bloqueiam o sistema renina- renograma, arteriografia renal
angiotensina
Uso de simpaticomiméticos, Catecolaminas em Confirmar normotensão em
perioperatório, estresse agudo, excesso ausência de catecolaminas
taquicardia
Pulsos em femorais reduzidos Coarctaçâo da aorta Doppler ou tomografia
ou retardados, raios-x de tórax computadorizada de aorta
anormal
Ganho de peso, fadiga, Síndrome de Determinações: cortisol
fraqueza, hirsutismo, Cushing urinário de 24 horas e cortisol
amenorreia, face em “lua cheia”, matinal (8h) basal e 8 horas
“corcova” dorsal, estrias após administração de 1 mg de
purpúricas, obesidade central, dexametasona ás 24h.
hipopotassemia
Hipertensão paroxística com Feocromocitoma Determinações de
cefaleia, sudorese e palpitações catecolaminas e seus
metabólitos em sangue e urina
Fadiga, ganho de peso, perda Hipotireoidisrno Determinações de T4 livre e
de cabelo, hipertensão TSH
diastólica, fraqueza muscular
Intolerância ao calor, perda de Hipertireoidismo Determinações de T4 livre e
peso, paIpitações, hipertensão TSH
sistólica, exoftalmia, tremores,
taquicardia
Litíase urinária, osteoporose, Hiperparatireoidismo Determinações de cálcio sérico
depressão, letargia, fraqueza e PTH
muscular
Cefaleias, fadiga, problemas Acromegalia Determinação IGF-1 e de
visuais, aumento de mãos, pés hormônio do crescimento basal
e língua e durante teste de tolerância
oral à glicose
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• Relação entre o pico sistólico da artéria renal e o pico sistólico na aorta. Quando este
valor for maior que 3,5 há sensibilidade de 91% e especificidade de 95% para estenose
de artéria renal;
• Índice de resistência vascular, considerado um preditor de sucesso clínico pós-
intervenção. Quando este valor é maior que 80 há poucas chances de melhora.
Entende-se que o índice de resistência superior a 80 reflete lesões estruturais
irreversíveis na vasculatura renal distal à estenose induzida por hipertensão de longa
data.
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35 - Como suspeitar e diagnosticar hiperaldosteronismo?
O principal elemento de suspeita diagnóstica e a diminuição do potássio plasmático. No
entanto, alguns pacientes apresentam hiperaldosteronismo com níveis de potássio dentro da
normalidade. Nesses pacientes, temos dificuldade de conseguir o controle pressórico e por isso
devemos procurar hiperaldosteronismo. O fluxograma da figura 1 indica como devemos
proceder à investigação do hiperaldosteronismo primário.
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36 - Quando suspeitar e diagnosticar feocromocitoma?
Classicamente, o paciente apresenta grandes flutuações pressóricas na presença de sintomas
ou sinais de liberação adrenérgica. No entanto, 50-60% dos pacientes têm hipertensão fixa. Um
dado importante na suspeita de feocromocitoma é emagrecimento. Outro dado importante é o
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diagnóstico diferencial com síndrome do pânico, que pode induzir tanto circulação hipercinética
quanto a hipertensão paroxística e que se confunde com o feocromocitoma.
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Tabela 8. Medicações e drogas relacionadas ao desenvolvimento ou agravamento
da hipertensão arterial (VI diretrizes de hipertensão arterial)
Classe de medicamentos Efeito sobre a PA Ação sugerida
e frequência
Imunossupressores
Ciclosporina. tacrolimus Intenso e lnibidor de ECA e antagonista de canal
frequente de cálcio (nifedipino/anlodipino).
Ajustar nível sérico. Reavaliar opções
Anti-inflamatórios não-esteroides
Inibidores da cilooxigenase Eventual, muito Observar função renal e informar
1 e ciclooxigenase 2 relevante com uso efeitos adversos
contInuo
Anorexígenos/Sacietógenos
Anfeprarnona e outros Intenso e Suspensão ou redução de dose
frequente
Sibutramina Moderado, mas Avaliar a redução da pressão arterial
pouco relevante obtida com a redução de peso
Vasoconstritores, incluindo Variável, mas Usar por período determinado
derivados do ergot transitório
Hormônios
Eritropoietina humana Variável e Avaliar hematócrito e dose semanal
frequente
Anticoncepcionais orais Variável, Avaliar a substituição do método com
prevalência de especialista
hipertensão até
5%
Terapia de reposição Variável Avaliar risco e custo-beneficio
estrogênica (estrogênios
conjugados e estradiol)
Hormônio de crescimento Variável, uso Suspensão
(adultos) cosmético
Antidepressivos
Inibidores da Intenso, Abordar como crise adrenérgica
monoaminoxidase infrequente
Tricíclicos Variável e Abordar como crise adrenérgica. Vigiar
frequente interações medicamentosas
Drogas ilícitas e álcool
Anfetamina, cocaína e Efeito agudo, Abordar como crise adrenérgica
derivados intenso. Dose-
dependente
Álcool Variável e dose- Vide tratamento não medicamentoso
dependente. Muito
prevalente
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A prática de exercícios físicos regulares, pelo menos cinco vezes por semana, 30 minutos de
atividade física moderada de forma contínua ou acumulada, também mostra efeito benéfico na
redução da pressão arterial. O padrão dietético DASH (Dietary Approaches to Stop
Hypertension), rico em frutas, hortaliças, fibras, minerais e laticínios com baixos teores de
gordura, tem importante impacto na redução da PA.
40 - Quais as classes de medicamentos disponíveis para o tratamento do paciente
hipertenso?
São elas:
• Diuréticos;
• Inibidores adrenérgicos:
o Ação central: agonistas alfa-2 centrais;
o Betabloqueadores (bloqueadores beta-adrenérgicos);
o Alfabloqueadores (bloqueadores alfa-1 adrenérgicos).
• Vasodialtadores diretos;
• Bloqueadores dos canais de cálcio;
• Inibidores da enzima conversora da angiotensina;
• Bloqueadores do receptor AT1 da angiotensina II;
• Inibidor direto da renina.
Qualquer medicamento dos grupos de anti-hipertensivos comercialmente disponíveis, desde
que resguardadas as indicações e contra-indicações específicas, pode ser utilizado para o
tratamento da hipertensão arterial.
41 - Qual o mecanismo de ação dos diuréticos tiazídicos? Que doses utilizar? Há
interação medicamentosa que devemos evitar?
O mecanismo de ação decorre da inibição da bomba sódio-cloreto no túbulo convoluto distal.
No início do tratamento (1-2 semanas), ocorre diminuição do volume extracelular e do débito
cardíaco. Cronicamente, isto é, depois de quatro a seis semanas, a contração de volume
desaparece, o débito cardíaco volta ao normal e a resistência vascular periférica diminui. O
mecanismo celular responsável pela vasodilatação não é conhecido, porém deve envolver
alterações no transporte iônico vascular.
As doses recomendadas para tiazídicos são de 12,5 a 25 mg/dia. Doses maiores estão contra-
indicadas, pois não há maior eficácia em termos de redução pressórica, havendo maior risco de
efeitos colaterais, principalmente relacionados à alteração metabólica e hipocalemia.
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43 - Qual o papel dos diuréticos de alça no tratamento do paciente hipertenso?
Os diuréticos de alça não estão indicados para o tratamento da hipertensão em pacientes com
função renal normal. Estão indicados em pacientes com lesão renal (em geral, taxa de filtração
glomerular abaixo de 30 ml/min/1,73 m²) e insuficiência cardíaca, pois apresentam ação
natriurética muito mais potente que os tiazídicos. Também atuam como venodilatadores,
reduzindo a pré-carga, sendo muito úteis no edema agudo de pulmão. Atuam inibindo a
reabsorção de sódio e cloreto na porção ascendente espessa da alça de Henle.
44 - Qual o papel dos diuréticos poupadores de potássio na terapêutica anti-
hipertensiva?
Os diuréticos poupadores de potássio, como amilorida, triamtereno e espironolactona, possuem
ação anti-hipertensiva fraca e devem ser utilizados em associação com os tiazídicos para evitar
ou diminuir a hipocalemia. A espironolactona tem indicação específica nos casos de
hiperaldosteronismo por hiperplasia adrenal bilateral. Esses diuréticos são também úteis nos
casos de insuficiência cardíaca grave. Mais recentemente, a associação de espironolactona e
tiazídicos em doses baixas (50-12,5 mg/dia) tem mostrado boa eficácia na redução da pressão
arterial em pacientes com hipertensão arterial resistente e em obesos.
Com relação a clonidina é sempre importante lembrar o efeito rebote que ocorre quando do uso
irregular ou interrupção abrupta, que pode levar a um quadro de urgência hipertensiva. Assim,
mesmo quando associada a outros anti-hipertensivos, sua prescrição deve ser cuidadosa e
devemos sempre avaliar a aderência do paciente ao tratamento farmacológico.
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Os beta-bloqueadores de terceira geração, como o carvedilol e o nebivolol, diferentemente dos
de primeira e segunda gerações, também proporcionam vasodilatação, que no caso do
carvedilol decorre em grande parte do efeito de bloqueio concomitante do receptor alfa-1
adrenérgico e no caso do nebivolol, de aumento da síntese e liberação endotelial de óxido
nítrico.
Como efeitos adversos desse grupo observam-se: cefaléia, tontura, rubor facial, taquicardia
(mais frequentes com dihidropiridínicos de curta duração de ação) e edema periférico. Estes
efeitos colaterais são doses dependentes Os dihidropiridínicos de curta duração de ação não
são mais indicados face à ação deletéria ao sistema cardiovascular. Verapamil e diltiazem
podem provocar depressão miocárdica e bloqueio atrioventricular. Obstipação intestinal é um
efeito observado principalmente com verapamil.
49 - Qual o papel dos inibidores da enzima conversora de angiotensina em medicina
cardiovascular?
São hipotensores muito eficazes, tanto em monoterapia como em associação, especialmente
com diuréticos. A ação hemodinâmica dos inibidores da ECA caracteriza-se pela diminuição da
resistência periférica, sem causar taquicardia reflexa. Isso é explicado pela diminuição na pós-
carga com queda da resistência periférica, e diminuição da pré-carga, devido a vasodilatação
promovida nos vasos de capacitância. Por isso, esses medicamentos estão indicados no
tratamento da insuficiência cardíaca, com ou sem hipertensão concomitante. Seu uso crônico
tem demonstrado retardo no declínio da função renal em pacientes com nefropatias, quer de
etiologia diabética ou não diabética. Esta classe de drogas tem como vantagem um perfil
metabólico favorável, havendo vários relatos de melhora da sensibilidade a insulina.
Apesar de bem tolerados, podem causar alguns efeitos colaterais como tosse seca e reações
de hipersensibilidade (erupção cutânea, edema angioneurótico). São contra-indicados em
pacientes com estenose bilateral das artérias renais ou com estenose da artéria renal em rim
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único, com risco de queda abrupta e importante da função renal, na gravidez, pois estes podem
levar à lesão fetal e morte, e devem ser usados com cautela em mulheres em idade reprodutiva
que não façam uso de método de contracepção adequada, dado o risco de gravidez. Seu uso
em pacientes com função renal reduzida pode se acompanhar de aumento dos níveis séricos
de creatinina.
50 - Quais as características dos bloqueadores do receptor da angiotensina II?
Estes medicamentos antagonizam a ação da angiotensina II pelo bloqueio específico de seus
receptores AT1. São eficazes no tratamento do paciente hipertenso e benéficos para pacientes
com insuficiência cardíaca congestiva e isquemia miocárdica. São ainda reconhecidamente
nefro e cardioprotetores no paciente diabético tipo 2 com nefropatia estabelecida e incipiente.
Outro benefício documentado em estudos de desfechos com candesartana, losartana e
valsartana, observou-se que o tratamento com estes agentes se acompanhou de menor
incidência de novos casos de diabetes, sugerindo a possibilidade de prevenção do
estabelecimento do diabetes melito tipo 2. A losartana, especificamente, possui ação
uricosúrica, o que pode ser útil para o paciente hipertenso com chance de desenvolver gota.
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54 - O duplo bloqueio com IECA e bloqueador dos receptores AT1 é recomendado?
A não ser em paciente com insuficiência cardíaca classes III e IV da NYHA e em pacientes com
proteinúria maciça, situações em que essa combinação mostrou beneficio, a combinação
dessas duas classes de anti-hipertensivos não é recomendada. Estudos mostraram que a
combinação não trouxe benefícios em termos de redução de eventos cardiovasculares,
aumentando na verdade a ocorrência de eventos adversos. Mesmo nas situações indicadas
acima, deve-se usá-los com cautela em relação à ocorrência de hipotensão, síncope e
hipercalemia.
55 - Pacientes com edema de membros inferiores se beneficiam com o uso de
diuréticos?
O edema causado pelos bloqueadores dos canais de cálcio não é devido à retenção hidro-
salina, mas à vasodilatação predominantemente do território arteriolar que, em consequência,
aumenta em demasia a pressão hidrostática intravascular e promove o efluxo de líquido para o
interstício. A ação gravitacional favorece a localização maleolar do edema. Desta forma, a
associação de diuréticos para “tratamento” do edema associado ao uso de dihidropiridínicos
não é medida recomendada.
56 - Como são definidas urgência e emergência hipertensiva? Qual a conduta em cada
uma dessas situações?
Urgência hipertensiva
É definida como a elevação crítica da pressão arterial, em geral pressão arterial diastólica ≥120
mmHg, porém com estabilidade clínica, sem comprometimento de órgãos-alvo. O tratamento
deve ser feito com medicamentos por via oral buscando-se redução da pressão arterial em até
24 horas.
Emergência hipertensiva
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É definida como ocorrência de elevação crítica da pressão arterial com quadro clínico grave,
progressiva lesão de órgãos-alvo e risco de morte, exigindo imediata redução da pressão
arterial com agentes aplicados por via parenteral. O tratamento deve ser feito de modo a obter
redução progressiva dos níveis pressóricos, num intervalo de tempo de 1-6 horas, com agentes
intravenosos. Depois que a pressão for reduzida a níveis mais seguros, pode-se então iniciar
tratamento por via oral, com retirada gradativa dos agentes intravenosos.
57 - Até quanto podemos reduzir a pressão arterial considerando o efeito da curva J?
Embora uma metanálise recente tenha mostrado que existam poucas evidências do efeito da
“curva J” sobre o cérebro e rins, quer para a pressão sistólica quer para a diastólica, parece
adequado que se evite reduções importantes da pressão arterial diastólica abaixo de 65
mmHg, especialmente quando os valores basais forem muito elevados em pacientes com
doença coronariana oclusiva.
58 - Literatura recomendada
ADVANCE Collaborative Group. Effects of a fixed combination of perindopril and indapamide on
macrovascular and microvascular outcomes in patients with type 2 diabetes mellitus (the
ADVANCE trial): a randomised controlled trial. Lancet 2007;370:829–840.
Bokhari SW, Faxon DP. Current advances in the diagnosis and treatment of renal artery
stenosis Rev Cardiovasc Med. 2004;5:204-215.
IV Diretriz para uso da monitorização ambulatorial da pressão arterial. II Diretriz para uso da
monitorização residencial da pressão arterial. IV MAPA / II MRPA. Arq Bras Cardiol
2005;85(supl II):1-19.(www.sbh.org.br)
Law MR et al. Value of low dose combination treatment with blood pressure lowering drugs:
analysis of 354 randomised trials. BMJ 2003;326.
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essential hypertension: exactly how essential? J Am Coll Cardiol 2009,54;1827–1834.
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