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• Saudação

• apresentação
• título – crimes de massa no brasil: aspectos sobre a política nacional de segurança
pública e a violência policial
• mencionar mudança do título
• tema consiste essencialmente na análise de duas questões
• 1 – violência policial, enfocada na letalidade das polícias brasileiras, sobretudo a
Polícia Militar
• 2 – presença da violência policial nas políticas nacionais de segurança pública
desde 1988, isto é, como isso é tratado a nível federal desde o início da ordem
constitucional vigente
• essas duas questões são abordadas sobretudo nos capítulos 1º e 2º do trabalho
• do quadro construído nos dois primeiros capítulos, tem início o 3º e último capítulo,
que analisa algumas causas que possam explicar os resultados da pesquisa,
dentre as quais, para nós, se inserem os crimes de massa, outro elemento
presente no título
• justificativa para o trabalho: a própria importância do tema, a meu ver questão
social relevante, e sem dúvida um fenômeno presente há muitos anos no Brasil.
que por sua dimensão já era um pouco de meu conhecimento, visto que a violência
policial esporadicamente aparece nos noticiários em episódios como o Massacre
do Carandiru, a Chacina da Favela Naval, entre outros
• além da importância do tema surgiu também o interesse de partir desse
entendimento fragmentado da questão para analisá-la mais a fundo: o que significa
em termos estatísticos, qual a dimensão dela no Brasil se comparada à realidade
de outros países e porque ela assume essa proporção aqui no país
• metodologia: pesquisa bibliográfica e documental, analisando fontes tanto
brasileiras quanto estrangeiras, consultados artigos, livros, legislação,
jurisprudência e documentos oficiais
• 1º capítulo: objetivo foi estudar a violência, primeiramente dados gerais de
violência e criminalidade no Brasil e posteriormente a violência policial em
específico, comparando as cifras de violência policial do Brasil com números de
outros países
• o que se encontrou foi um quadro de profunda violência
• Brasil somou, entre 2011 e 2015, contando homicídios dolosos, latrocínios, lesões
corporais seguidas de morte e mortes decorrentes de intervenção policial,

279.567 mortes, número que supera, conforme o Anuário do Fórum Brasileiro de


Segurança Pública de 2016, a quantidade de mortes estimadas pela ONU para a
guerra na Síria dentro do mesmo período
• esse quadro é constante: entre 2004 e 2014 somaram-se 577.561 no Brasil,
conforme o Atlas da Violência de 2016
• considerado esse número, é de se destacar que entre 2005 e 2015 foram

verificadas mais de 319 mil mortes de jovens entre 15 e 29 anos no Brasil, de


acordo com o Atlas da Violência de 2017
• de cada 100 pessoas que sofrem homicídio no Brasil, 71 são negras , conforme
essa mesma fonte, tendo a mortalidade de negros entre 2005 e 2015 aumentado
em 18,2% enquanto a mortalidade de indivíduos não negros diminuiu
• numa decorrência lógica, 76% dos brasileiros teme morrer assassinado, e esse
medo se manifesta em 80% dos jovens entre 16 e 24 anos e 78% das pessoas
com renda familiar até 5 salários mínimos
• e deste medo, se reforça uma mentalidade violenta na população: 57% da
população brasileira em geral, 58% dos brasileiros mais pobres e 60% dos
brasileiros mais ricos concorda que “bandido bom é bandido morto”
• dentro da violência policial em específico, o outro objetivo do 1º capítulo, repetiu-se
a tendência, foram verificadas cifras elevadas, ainda mais se comparadas a outras
nações
• entre 2009 e 2013 contabilizaram-se no Brasil 11.197 vítimas de letalidade policial
• entre 2000 e 2012 a menor cifra anual de pessoas mortas em confronto com a

polícia foi de 1.040 pessoas, no ano de 2000

• em 2014 e 2015 foram registradas respectivamente 3.146 e 3.320 mortes


decorrentes de intervenção policial, o que supera, por exemplo, a quantidade de
latrocínios e de lesões corporais seguidas de morte em ambos os anos
• a violência policial é sentida particularmente entre jovens e entre os brasileiros
mais pobres: 67% dos brasileiros entre 16 e 24 anos de idade temem ser vítimas
de violência da Polícia Militar. Neste ponto, verifica-se uma grande discrepância
entre as classes sociais: 61% dos brasileiros com renda familiar de até 5 salários
mínimos temem ser vítimas de violência da PM, enquanto entre os brasileiros de
renda mensal superior a 10 salários mínimos essa estatística corresponde a 42%
• para comparação, pode-se apresentar o México, que tal como o Brasil apresenta

grande problema de violência – entre 2006 e 2016 contabilizaram-se 174.652


mortes decorrentes de conflito com os cartéis do narcotráfico. A letalidade policial
por sua vez, entre janeiro de 2008 e maio de 2011, fez 800 vítimas; enquanto a

ação do Exército no combate ao tráfico vitimou 1.598 pessoas


• embora sejam estatísticas expressivas, não se comparam às brasileiras. Só
somando mortes causadas, em 3 anos e 4 meses, pela atuação conjunta de
polícias e Exército mexicanos, chega-se a um número comparável às estatísticas
anuais brasileiras, 2.398 mortes – uma das cifras anuais brasileiras, inclusive,
supera esta soma, a do ano de 2010
• semelhante resultado se verifica analisando dados da Argentina. Entre 1983 e 2016

dados estatísticos contabilizaram 4.960 vítimas de letalidade policial naquele país,


conforme o anexo da página 81 demonstra, ou seja, a soma de 23 anos é apenas
um pouco maior às cifras anuais do Brasil, considerado, por exemplo, o número de
3.320 mortes verificado em 2015
• objetivos 2º capítulo: analisar a resposta do Estado, a nível federal, diante da
criminalidade e, em específico, da violência policial; abordar, por fim, como e com
que frequência os casos de violência policial são julgados
• primeira política nacional de segurança pública surge apenas em 2000: Plano
Nacional de Segurança Pública, 2º mandato de FHC
• políticas nacionais apresentam certa linha de continuidade ideológica
• ideologicamente, são projetos em geral bastante abrangentes, prevendo para o
controle da criminalidade em geral múltiplas ações, tanto de repressão quanto de
prevenção da violência, prevendo a cooperação de múltiplos órgãos
governamentais e a atuação conjunta de União, Estados e Municípios
• o combate à violência policial não apresenta o destaque que é dado a outras
dimensões da criminalidade e da violência, mas em geral está presente nas
políticas nacionais de segurança pública
• estas menções, no entanto, são breves
• Plano Nacional de Segurança Pública de 2000 – criação de Cadastro Nacional de
Policiais Expulsos da Corporação
• Plano Nacional de Segurança Pública de 2003 – regulamentação de Sistema Único
de Segurança Pública; DESCONSTITUCIONALIZAÇÃO DAS POLÍCIAS
• Pronasci – fortalecimento das ouvidorias e corregedorias de polícia; incentivo ao
policiamento comunitário e a ações de segurança preventiva;
• na prática, também se assemelham bastante: sua execução não apresenta a
abrangência com qual são projetados
• Cadastro Nacional de Policiais Expulsos e Sistema Único de Segurança Pública
jamais foram implementados;
• desconstitucionalização das polícias jamais chegou, sequer, a ser proposta no
Congresso;
• ouvidorias e corregedorias enfrentam grandes problemas de orçamento e,
sobretudo, de autonomia
• a concessão de bolsas de formação, correspondente a 7% das ações
orçamentárias do Pronasci, correspondeu a 46% dos recursos empenhados de
2008 a 2013 para o programa; somadas com outras ações de “fortalecimento das
instituições de segurança”, encontrou-se que 76% dos recursos empenhados para
o Pronasci caminharam para políticas corporativas, enquanto políticas sociais e
preventivas, suposto foco do Programa Nacional de Segurança Pública com
Cidadania, receberam apenas 24% dos recursos
• é de se destacar que a continuidade ideológica dos planos de segurança pública
pode ser quebrada até mesmo com a manutenção de um grupo político no poder: o
Pronasci foi submetido a um progressivo esvaziamento a partir do início do
mandato de Dilma Rousseff, indo de um empenho orçamentário de
aproximadamente 1,5 bilhão de reais em 2010 para cerca de 210 milhões em 2013
– tal constatação parece testemunho da fragilidade que o tema da segurança
pública ainda apresenta no Brasil
• o governo Dilma não apresentou qualquer plano nacional de segurança pública
unificado. A violência policial passa de breves menções nas previsões das políticas
nacionais de segurança pública para uma total ausência
• ação do Legislativo também é reduzida. Destaca-se o deslocamento da
competência para julgamento dos crimes praticados por policiais militares contra a
vida de civil para a justiça comum, pela Lei 9.299/1996. Iniciativas de reforma,
como as PECs 102 e 51 do Senado e 430 da Câmara, todas propondo polícias de
ciclo único, recebem pouca prioridade no Congresso
• resultados apontam que a letalidade policial também é pouco enfrentada no
Judiciário; a partir de 2005, constatou uma fonte que 99,2% dos inquéritos policiais
instaurados para estas mortes na cidade do Rio de Janeiro são arquivados com
fundamento na legítima defesa; no Rio Grande do Sul, entre 1997 e 2007, 20
processos foram apreciados pelo Tribunal de Júri em Porto Alegre, dos quais 5
resultaram em condenação – para comparar, somente em 2007 contabilizaram-se
54 mortes em confronto com a Brigada Militar
• também foi constatada grande dificuldade para encontrar jurisprudência sobre o
tema; deslocamento para a justiça comum tornou sua busca até mais difícil, visto
que os casos são, indistintamente, homicídios. A baixa presença do tema em 1ª
instância, logicamente, se repete no 2º grau
• objetivo do último capítulo foi encontrar algumas causas que pudessem explicar o
quadro de acentuada letalidade policial e pouca resposta do Estado
• os resultados apontaram para 1) um processo incompleto de desenvolvimento da
cidadania que favoreceu a desigualdade social; 2) a institucionalização da violência
e do autoritarismo durante o regime militar; e 3) a continuidade deste autoritarismo
após a redemocratização
• quanto à cidadania, tem-se que a concessão de direitos no Brasil ocorreu de forma
lenta e segmentada, não universal: a abolição do regime escravocrata, pilar para
uma sociedade de “cidadãos” só foi ocorrer em 1888;
• além disso, os direitos sociais surgem de forma outorgada à população,
diferentemente do que ocorreu em outros países. E não surgiram como direitos
universais: as leis sociais do governo Vargas beneficiaram grande parte dos
trabalhadores urbanos, mas ignoraram por completo os trabalhadores autônomos,
domésticos e rurais
• quanto à institucionalização da violência, verificou-se que esse processo se deu
durante a ditadura militar por fatores como a doutrina de segurança nacional
• a referida doutrina pregava, em apertadíssima síntese, uma nação em “guerra
total” contra o comunismo, um inimigo onipresente, que poderia estar representado
por qualquer pessoa
• nesse cenário, ocorreu intensa militarização das forças policiais
• também era fomentada forte competição entre os vários órgãos de polícia em
busca do cumprimento das “metas de segurança nacional”; isso levou a intensa
repressão contra indivíduos entendidos como “subversivos” e também a
“criminosos comuns” e pessoas que não haviam cometido qualquer tipo de crime
• nesse contexto desponta o que Zaffaroni denominou “crimes de massa”,
extermínios decorrentes de um poder punitivo descontrolado, onde as agências
deste poder punitivo cometem crimes e o Direito Penal se revela incapaz de punir
quem o executa
• essas considerações podem ser demonstradas por exemplo ao vermos que, muito
embora a Constituição de 1967 previsse “respeito à integridade física e moral do
detento e do presidiário” o emprego de tortura durante a ditadura militar é fato
notório
• ademais, embora o Ato Institucional nº 14 de 1969 tivesse reintroduzido a pena de
morte no Brasil, mantida até a Constituição de 1988, encontrou-se que nenhum dos
mortos pela ditadura foi executado conforme o procedimento previsto para a pena
capital APENAS 3 CASOS DE CONDENAÇÃO À MORTE, TIVERAM PENA
COMUTADA PELO STM
• findada a ditadura, mantiveram-se resquícios do período após a redemocratização
• constituição segue concebendo as polícias militares como “forças auxiliares e
reserva do Exército”, art. 144, §6º; segurança pública é exercida para “a
preservação da ordem pública” conforme o art. 144; manutenção da ordem pública
é prerrogativa presente em diversos estatutos estaduais das polícias militares
• para dar um exemplo de como tais atribuições poderiam ser diferentes: constituição
espanhola de 1978, que também foi a sucessora de um período autoritário, prevê
como missão das forças de segurança proteger o livre exercício dos direitos e
liberdades e garantir a segurança cidadã
• dado mais significativo: não foi implementada qualquer justiça de transição no
Brasil após a redemocratização, nenhum dos responsáveis pela ditadura militar
sofreu responsabilização e a lei de anistia segue em pleno vigor, ao contrário do
que ocorreu na Argentina por exemplo
• o contexto de “guerra total” contra um “inimigo” apresentado pela ditadura parece
ter sido transferido, hoje, ao narcotráfico, sendo a letalidade policial maior nos
locais onde o crime organizado é mais forte, frequente a justificativa de que sujeitos
vitimados pela polícia foram mortos em zona dominada pelo tráfico, após
resistência e intenso confronto com as forças policiais, o que por vezes pode servir
para acobertar execuções
• o quadro de criminalidade intensa e em franca ascensão verificado no Brasil faz
com que a violência policial não seja vista como um problema por ampla parcela da
população, incluindo aí pessoas que poderão eventualmente se tornar vítimas
desta violência
• diante da pouca atenção dada à questão nas políticas nacionais de segurança, nas
iniciativas do Legislativo e na ação do Judiciário, conclui-se que a mudança dessa
realidade poderá vir não pela ação isolada do Estado, e sim através de demanda
da sociedade
• tal clamor poderá vir quando o discurso acadêmico se tornar capaz de ganhar as
ruas e compreender os anseios da população; é necessário demonstrar que
respostas além da mera repressão – até hoje nunca executadas de forma
satisfatória, como os resultados demonstram – são imprescindíveis para que a
criminalidade e, por tabela, a violência policial diminuam
• AGRADECIMENTO

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