Professional Documents
Culture Documents
A posse de estado de filho caracteriza-se, primeiramente pelo tractus, ou seja, o filho deve ser tratado
como tal, criado e educado pelo pai/mãe como se o fosse. Em segundo lugar, deve haver o uso do nome da
família e a apresentação do indivíduo como filho de quem se pretende ver reconhecida a
paternidade/maternidade socioafetiva (nominatio). Por fim, o elemento reputatio deve ser preenchido, de
forma que o filho seja conhecido e visto pela opinião pública como pertencente àquela família socioafetiva
Indispensavelmente, pois, o filho socioafetivo deve ser tratado e apresentado como filho. A análise de
simples fatos do cotidiano pode servir como substrato probatório a determinar a socioafetividade, como, por
exemplo, a inclusão do filho como dependente quando da declaração do Imposto de Renda, o fato de o
pai/mãe incluir aquele quando lhe é perguntado quantos filhos têm, o modo de chamar aquela pessoa frente
aos outros – se se refere a ele como filho, como enteado, etc. Nesse sentido, os elementos visam a conferir
aparência ao relacionamento de pai/mãe e filho, de forma a haver verossimilhança entre a realidade e a
relação que se pretende ver reconhecida juridicamente.
Cabe consignar, ainda, que a chamada adoção à brasileira também se trata de instituto muito comum na
atualidade, tratando-se da hipótese em que alguém registra outrem como filho, em que pese saiba que não é o
seu pai/mãe biológico(a) – a mãe ou a família biológica “dá” a criança para outra pessoa, escolhida por ela, à
margem dos trâmites legais. Ainda que, após o advento da Lei da Adoção de 2009, qualquer adotante no
Brasil tenha de estar, obrigatoriamente, inscrito no CNA (Cadastro Nacional de Adoção), a prática
http://barufaldiadvogados.com.br/filiacao-socioafetiva-reconhecimento-e-requisitos-declaratorios/ 1/3
25/10/2017 Barufaldi Advogados » Filiação socioafetiva: reconhecimento e requisitos declaratórios.
supracitada é recorrente, ocorrendo, sobretudo, em se tratando de famílias mais humildes, que não
necessariamente desejam doar os seus filhos, mas acabam o fazendo por pressão social e econômica.
Quando a iniciativa para a constituição da relação de parentalidade não parte do pai/mãe socioafetivo(a),
falecido(a) sem manifestar formal e expressamente a vontade de adotar, descabe perquirir acerca da
existência do alegado vínculo socioafetivo. Isso porque, ainda que comprovada a alegada relação de
socioafetividade, não teria ela força suficiente para constituir uma nova relação jurídica de parentalidade pela
via judicial e, consequentemente, desfazer a hígida relação jurídica de filiação já estampada no registro civil.
Em se tratando de filiação socioafetiva post mortem, verifica-se que somente se poderá afirmar que houve
relação de filiação, se, além da caracterização do estado de posse de filho, tiver havido clara e inequívoca
intenção em vida, por parte do de cujus, de ser reconhecido como pai/mãe daquele indivíduo. Não havendo
indícios dessa vontade, improcede qualquer pretensão de se atribuir a parentalidade socioafetiva. Nesse
sentido: Apelação Cível 70063217707, 8ª Câmara Cível, TJRS, Relator: Luiz Felipe Brasil Santos, Julgado
em 09/04/2015; Apelação Cível 70060689288, 7ª Câmara Cível, TJRS, Rel.: Sérgio Fernando de
Vasconcellos Chaves, 27/08/2014; REsp 1328380/MS, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE,
TERCEIRA TURMA, julgado em 21/10/2014, D
DINIZ, Maria Helena. Manual de Direito das Famílias. 2. ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2005,
p. 341.
Voltar
http://barufaldiadvogados.com.br/filiacao-socioafetiva-reconhecimento-e-requisitos-declaratorios/ 2/3
25/10/2017 Barufaldi Advogados » Filiação socioafetiva: reconhecimento e requisitos declaratórios.
Rua Cel. Bordini, 1.395 | Bairro Auxiliadora | Porto Alegre /RS (51) 3316 2800 |
barufaldi@barufaldiadvogados.com.br
http://barufaldiadvogados.com.br/filiacao-socioafetiva-reconhecimento-e-requisitos-declaratorios/ 3/3