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HISTÓRIA DO BRASIL

6ª Edição - 2017
Curso Preparatório Cidade - SCLN 113 Bloco C - Salas 207/210 Tel.: 3340-0433 / 9975-4464 / 8175-4509 - www.cursocidade.com.br / cursocidade@gmail.com
Agradecimentos Prezado aluno do Curso de História do Brasil

Em primeiro lugar, meu agradecimento especial e minha consideração a dois professores O conhecimento, o entendimento e o perfeito domínio da História Brasileira, em suas
extraordinários – aqueles que me levaram a gostar de ensinar com excelência – Dometildes diversas muitas vertentes, são ferramentas essenciais para o sucesso em qualquer concurso
Tinoco e Euzébio Cidade. (Olá, Mamãe e Papai!) – especialmente no âmbito da carreira militar, com provas cada dia mais seletivas que
abordam diversas particularidades e singularidades da nossa história.
Um agradecimento sincero aos meus queridos alunos e a excelente e dedicada equipe de
professores da Cadeira de História, liderada pelo Professor Sirmany Fernandes, profissional Tendo em vista, essencial e prioritariamente, o sucesso de seus alunos, o Curso Cidade, por
ímpar, e que reúne as qualidades de um verdadeiro líder. Coordena com esmero a cadeira intermédio de sua equipe da Cadeira de História, apresenta este material. Confeccionado a
de humanas do Curso Cidade, com seu trabalho de incomensurável valor pedagógico partir de um sólido embasamento teórico, calcado na Bibliografia do concurso. A presente
reconhecido pela Direção do Curso, pela equipe que coordena e pelos demais alunos que já apostila traz cerca de mil exercícios gabaritados, com o intuito de fortalecer e solidificar a
se prepararam em nosso Curso. Agradeço também ao prestativo colaborador de todas as teoria aprendida em sala, trabalhada na apostila e praticada nos simulados semanais, cujo
horas e inestimável amigo Prof. Djalma Augusto, que procedeu a atualização dos objetivo é ajudar a pensar com fluidez a nossa história, sem recorrer a estratégias
conteúdos para o corrente ano. Um agradecimento especial a Laura Maciel pela mnemônicas ineficazes e ideias generalizadas, desprovidas de lógica.
coordenação da equipe de TI que executou excelente trabalho de formatação e
diagramação deste material. Aproveite! O material é seu: faça um ótimo uso dele!

Finalizando um agradecimento muito especial aos professores André Luiz e Felício Mourão, Temos certeza de que aquele que se dedicar com afinco à resolução das questões aqui
que com dedicação e competência auxiliaram na confecção desta apostila de história que apresentadas irá melhorar sobremaneira o seu desempenho nos exames vindouros. Nosso
apresenta 20 questões por subtópico, além das questões cobradas nos últimos concursos. principal objetivo, com este material, é contribuir para melhorar o desempenho de todo
Questões necessárias e fundamentais para um adestramento simples, rápido e eficaz para o candidato que, de fato, queira aprender.
concurso da EsFCEx.
Estamos aqui torcendo e trabalhando pelo seu sucesso!
Esperamos que você utilize esta obra, exercitando com atenção cada item apresentado e
pesquisando na bibliografia àqueles que apresentaram maior grau de dificuldade. Traga Bom trabalho e bom estudo!
para a aula as dúvidas das questões cuja resposta não esteja de acordo com seu
Equipe de História do Brasil
conhecimento ou envie-as por e-mail para seu professor.

Aceite nossa companhia nesta viagem de treinamento Rumo à EsFCEx.

Bons Estudos!!

Luiz Cidade

Diretor
EQ U I P E Equipe de Professores

Professores dos Idiomas


Diretor Geral Luiz Cidade – Espanhol
Luiz Alberto Tinoco Cidade Maristella Mattos Silva – Espanhol (EAD)
Monike Cidade – Espanhol (EAD)
Diretora Executiva Genildo da Silva – Espanhol
Clara Marisa May Leonardo dos Santos – Espanhol
Diego Fernandes – Espanhol
Diretor de Artes Rita de Cássia de Deus Vindo - Inglês
Fabiano Rangel Cidade Márcia Mattos da Silva – Francês (EAD)
Marcos Henrique – Francês
Coordenação Geral dos Cursos Preparatórios
Profº Luiz Alberto Tinoco Cidade Professores dos Concursos
Drº Adriano Andrade – Geografia do Brasil
Coordenação dos Cursos de Idiomas EAD Gibrailto Soares - Geografia do Brasil (EAD)
Profº Dr. Daniel Soares Filho Drº Daniel Soares Filho – Espanhol (EAD)
Drª Simone Tostes – Inglês (EAD)
Secretaria Edson Antonio S. Gomes – Administração de Empresas
Evelin Drunoski Mache Tomé de Souza – Administração de Empresas (EAD)
Sormany Fernandes – História do Brasil
Suporte Djalma Augusto – História do Brasil
Laura Maciel Cruz André Luís Gonçalves – História
Jefferson de Araújo Felício Mourão Freire – História Geral (EAD)
Geraldo Luís da Silva Júnior Albert Iglésias – Língua Portuguesa e Literatura
Valber Freitas Santos – Gramática, Redação e Literatura (EAD)
Editoração Gráfica Alexandre Santos de Oliveira – Direito
Edilva de Lima do Nascimento Lúcio dos Santos Ferreira – Direito
Emerson Marques Lima – Direito
Fonoaudióloga e Psicopedagoga Ms Edson da Costa Rodrigues – Ciências Contábeis
Mariana Ramos – CRFa 12482-RJ/T-DF Genilson Vaz Silva Sousa – Ciências Contábeis
Paulo Augusto Moreira – Ciências Contábeis
Assessoria Jurídica Anderson Silva de Aguiar – Ciências Contábeis
Luiza May Schmitz – OAB/DF – 24.164 Jorge Basílio – Matemática Financeira
Ricardo Sant'Ana – Informática
Assessoria de Línguas Estrangeiras Cláudio Lobo – Informática
Cleide Thieves (Poliglota-EEUU) Eliel Martins – Informática
João Jorge Gonçalves (Poliglota-Europa) Cintia Lobo César – Enfermagem
Elaine Moretto – Enfermagem (EAD)

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Conteúdo Divisão da Colônia durante o governo espanhol................................................................. 33
Tópico 1.0 – A Expansão Marítima.............................................................................................. 17
EXERCÍCIOS ........................................................................................................................ 34
Comentário inicial ............................................................................................................. 17
EXERCÍCIOS DE PROVA ........................................................................................................ 37
A EXPANSÃO MARÍTIMA ........................................................................................................ 17
Tópico 1.2 – As atividades econômicas e a expansão colonial – açúcar, mineração, gado e
A formação de Portugal..................................................................................................... 17 comércio. ................................................................................................................................. 40
Dinastia de Borgonha ........................................................................................................ 17 Comentário ...................................................................................................................... 40
A dinastia de Avis ............................................................................................................. 17 AS ATIVIDADES ECONÔMICA E A EXPANSÃO COLONIAL – AÇÚCAR MINERAÇÃO, GADO E
COMÉRCIO .......................................................................................................................... 40
A expansão ultramarina européia ...................................................................................... 18
O ciclo do pau-brasil ........................................................................................................ 40
A Escola de Sagres ........................................................................................................... 18
O ciclo do açúcar ............................................................................................................. 41
Novas tecnologias ............................................................................................................. 19
A pecuária ....................................................................................................................... 41
Os Tratados feitos com a Espanha ..................................................................................... 20
Os escravos ..................................................................................................................... 42
A Viagem de Cabral .......................................................................................................... 20
Drogas do sertão ............................................................................................................. 42
A questão da intencionalidade do descobrimento ............................................................... 21
Outras atividades econômicas........................................................................................... 42
As consequências da expansão marítima ........................................................................... 21
A exploração das minas .................................................................................................... 43
Brasil pré-colonial (1500 – 1530) ....................................................................................... 21
Os diamantes................................................................................................................... 43
Os habitantes do Brasil antes de Cabral ............................................................................. 22
Transformações na colônia ............................................................................................... 44
A estrutura político-administrativa: a expedição de 1530 de Martim Afonso de Souza. ......... 24
EXERCÍCIOS ........................................................................................................................ 45
EXERCÍCIOS ......................................................................................................................... 24
EXERCÍCIOS DE PROVA ........................................................................................................ 48
EXERCÍCIOS DE PROVA......................................................................................................... 28
Tópico 1.3 – Os Povos Indígenas e a Ação Jesuítica. .................................................................. 49
Tópico 1.1 – Capitanias Hereditárias e Governos Gerais .............................................................. 30
Comentário ...................................................................................................................... 49
Comentário....................................................................................................................... 30
OS POVOS INDÍGENAS E AÇÃO JESUÍTICA. .......................................................................... 49
AS CAPITANIAS HEREDITÁRIAS ............................................................................................ 30
A Ação Jesuítica ............................................................................................................... 51
Os Governos Gerais .......................................................................................................... 31
CARTA JESUÍTICA ............................................................................................................ 52
Primeiro Governo Geral (1549-1553) ................................................................................. 32
EXERCÍCIOS ........................................................................................................................ 54
As Câmaras Municipais ...................................................................................................... 32
EXERCÍCIOS DE PROVA ........................................................................................................ 58
O Segundo Governo Geral (1553-1558) ............................................................................. 32
Tópico 1.4 – A camada senhorial e os escravos .......................................................................... 60
O Terceiro Governo Geral (1558-1572) .............................................................................. 33
Comentário ...................................................................................................................... 60
Dois Governos: Um no norte e outro no sul ....................................................................... 33
A CAMADA SENHORIAL E OS ESCRAVOS ............................................................................... 60
O Domínio Espanhol ......................................................................................................... 33

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EXERCÍCIOS ......................................................................................................................... 61 Os Motins do Maneta (Salvador /1711) ............................................................................104
EXERCÍCIOS DE PROVA......................................................................................................... 67 A Revolta de Vila Rica (1720) ..........................................................................................105
Tópico 1.5 – A conquista dos sertões – entradas e bandeiras ...................................................... 69 EXERCÍCIOS .......................................................................................................................107
Comentário....................................................................................................................... 69 EXERCÍCIOS DE PROVA .......................................................................................................111
A CONQUISTA DOS SERTÕES – ENTRADAS E BANDEIRAS ...................................................... 69 Tópico 1.7 – Os conflitos coloniais e os movimentos rebeldes dos finais do século XVIII e início do
XIX. ........................................................................................................................................112
EXERCÍCIOS ......................................................................................................................... 73
Comentário .....................................................................................................................112
EXERCÍCIOS DE PROVA......................................................................................................... 78
OS CONFLITOS COLONIAIS E OS MOVIMENTOS REBELDES DO FINAL DO SÉCULO XVIII E
Tópico Especial - Ocupação Holandesa no Brasil ......................................................................... 81
INÍCIO DO XIX ....................................................................................................................112
Comentário....................................................................................................................... 81
Aclamação de Amador Bueno (São Paulo – 1641).............................................................112
A formação da União Ibérica ............................................................................................. 83
A Revolta contra os Xumbergas (Pernambuco -1666) .......................................................113
A campanha holandesa na Bahia (1624-1625).................................................................... 83
A Guerra dos Emboabas (1708-1709) ..............................................................................113
A campanha holandesa em Pernambuco (1630-1654) ........................................................ 84
O Levante do Terço Velho (1728) ....................................................................................114
Governo Nassoviano (1637-1644) ...................................................................................... 85
Inconfidência Mineira (1789) ...........................................................................................114
Insurreição Pernambucana (1644-1654) ............................................................................ 85
Conjuração Carioca (1794) ..............................................................................................116
EXERCÍCIOS ......................................................................................................................... 86
A Conjuração Baiana (1798) ............................................................................................116
EXERCÍCIOS DE PROVA......................................................................................................... 91
EXERCÍCIOS .......................................................................................................................117
Tópico Especial - A expansão territorial ...................................................................................... 93
EXERCÍCIOS DE PROVA .......................................................................................................123
Comentário....................................................................................................................... 93
Tópico 1.8 – A transferência da Corte portuguesa para o Brasil e seus efeitos ............................125
Expansão rumo ao Sul ........................................................................................................... 93
Comentário .....................................................................................................................125
Expansão rumo ao Norte ................................................................................................... 94
A TRANSFERÊNCIA DA CORTE PORTUGUESA PARA O BRASIL E SEUS EFEITOS.....................125
Os Tratados e Limites ....................................................................................................... 94
O contexto da vinda da família real (1808) .......................................................................125
EXERCÍCIOS ......................................................................................................................... 95
As transformações ocorridas no Brasil a partir da presença da corte no Rio de Janeiro .......126
EXERCÍCIOS DE PROVA......................................................................................................... 99
EXERCÍCIOS .......................................................................................................................128
Comentário..................................................................................................................... 100
EXERCÍCIOS DE PROVA .......................................................................................................134
O MONOPÓLIO COMERCIAL PORTUGUÊS ............................................................................ 100
Tópico 1.9 – A política expansionista de Dom João ....................................................................136
A Revolta da Cachaça (Rio de Janeiro /1660-1661) .......................................................... 100
Comentário .....................................................................................................................136
A Revolta de Beckman (Maranhão/1684) ......................................................................... 101
A POLÍTICA EXPANSIONISTA DE DOM JOÃO ........................................................................136
A Guerra dos Mascates (Pernambuco /1710-1711) .......................................................... 102
EXERCÍCIOS .......................................................................................................................137
A Revolta do Sal (São Paulo/1710) .................................................................................. 104
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EXERCÍCIOS DE PROVA....................................................................................................... 140 A GUARDA NACIONAL .........................................................................................................170
Tópico 2.1 – As lutas pela independência ................................................................................. 141 O Período regencial e a Guarda Nacional ..........................................................................170
Comentário..................................................................................................................... 141 Regência Trina Provisória (1831) .....................................................................................171
AS LUTAS PELA INDEPENDÊNCIA ........................................................................................ 141 A Regência Trina Permanente (1831-1834) ......................................................................171
A INDEPENDÊNCIA DO BRASIL ............................................................................................ 142 EXERCÍCIOS .......................................................................................................................172
A Revolução Liberal do Porto (1820) ................................................................................ 142 EXERCÍCIOS DE PROVA .......................................................................................................176
O "Fico" e o "Cumpra-se" ................................................................................................ 143 Tópico 2.5 – O Ato Adicional de 1834 .......................................................................................177
A Independência............................................................................................................. 144 Comentário .....................................................................................................................177
As guerras da Independência .......................................................................................... 145 O ATO ADICIONAL DE 1834 ................................................................................................177
EXERCÍCIOS ....................................................................................................................... 146 A Regência Una do Padre Diogo Antônio Feijó ..................................................................177
EXERCÍCIOS DE PROVA....................................................................................................... 151 A Regência de Araújo Lima ..............................................................................................178
Tópico 2.2 – A independência do Brasil e o Primeiro Reinado .................................................... 153 EXERCÍCIOS .......................................................................................................................179
Comentário..................................................................................................................... 153 EXERCÍCIOS DE PROVA .......................................................................................................182
A INDEPENDÊNCIA DO BRASIL E O PRIMEIRO REINADO...................................................... 153 Tópico 2.6 – As revoltas regenciais ...........................................................................................184
A Confederação do Equador (1824) e Guerra da Cisplatina (1825-1828) ........................... 153 Comentário .....................................................................................................................184
Abdicação do trono português ......................................................................................... 154 AS REVOLTAS REGENCIAIS .................................................................................................184
Abdicação do trono brasileiro .......................................................................................... 155 Rebeliões do Período Regencial .......................................................................................184
EXERCÍCIOS ....................................................................................................................... 155 A Cabanagem .................................................................................................................184
EXERCÍCIOS DE PROVA....................................................................................................... 160 A Sabinada .....................................................................................................................186
Tópico 2.3 – A Constituição de 1824 ........................................................................................ 161 A Balaiada ......................................................................................................................186
Comentário..................................................................................................................... 161 A Revolução Farroupilha ..................................................................................................187
A CONSTITUIÇÃO DE 1824.................................................................................................. 161 EXERCÍCIOS .......................................................................................................................188
Primeiro Reinado ............................................................................................................ 161 EXERCÍCIOS DE PROVA .......................................................................................................193
O reconhecimento da independência ............................................................................... 161 Tópico 2.7 – A consolidação da ordem interna: o fim das rebeliões, os partidos, a legislação, o
fortalecimento do Estado, a economia cafeeira, a tributação......................................................196
A Carta Outorgada de 1824 ............................................................................................. 162
Comentário .....................................................................................................................196
EXERCÍCIOS ....................................................................................................................... 163
A CONSOLIDAÇÃO DA ORDEM INTERNA: O FIM DAS REBELIÕES, OS PARTIDOS ..................196
EXERCÍCIOS DE PROVA....................................................................................................... 167
A consolidação da ordem interna .....................................................................................196
Tópico 2.4 – A Guarda Nacional ............................................................................................... 170
EXERCÍCIOS .......................................................................................................................197
Comentário..................................................................................................................... 170

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EXERCÍCIOS DE PROVA....................................................................................................... 201 Tópico 2.13 – O movimento republicano ...................................................................................245
Tópico 2.8 – Centralização x descentralização ........................................................................... 203 Comentário .....................................................................................................................245
Comentário..................................................................................................................... 203 O MOVIMENTO REPUBLICANO.............................................................................................245
CENTRALIZAÇÃO X DESCENTRALIZAÇÃO ............................................................................. 203 A Queda da Monarquia ....................................................................................................245
EXERCÍCIOS ....................................................................................................................... 205 A Questão Militar ............................................................................................................246
EXERCÍCIOS DE PROVA....................................................................................................... 209 O fim do Império ............................................................................................................246
Tópico 2.9 – Economia e cultura na sociedade imperial ............................................................. 210 Deodoro da Fonseca .......................................................................................................247
Comentário..................................................................................................................... 210 EXERCÍCIOS .......................................................................................................................247
ECONOMIA E CULTURA NA SOCIEDADE IMPERIAL ............................................................... 210 EXERCÍCIOS DE PROVA .......................................................................................................251
Modernização: economia e cultura na sociedade imperial. ................................................ 210 Tópico 3.1 – A constituição de 1891, os militares e a consolidação da República ........................254
EXERCÍCIOS ....................................................................................................................... 212 Comentário .....................................................................................................................254
Tópico 2.10 – A escravidão, movimento abolicionista e a abolição ............................................. 219 A REPÚBLICA VELHA (1889-1930) .......................................................................................254
Comentário..................................................................................................................... 219 O Governo Deodoro da Fonseca (1889-1891) ...................................................................254
A ESCRAVIDÃO, MOVIMENTO ABOLICIONISTA E A ABOLIÇÃO ............................................. 219 Bandeira Provisória da República .....................................................................................255
EXERCÍCIOS ....................................................................................................................... 220 O Congresso Nacional e a Constituinte de 1890 ................................................................256
EXERCÍCIOS DE PROVA....................................................................................................... 225 Governo Constitucional: tentativa de golpe e renúncia ......................................................258
Tópico 2.11 – Transição para o trabalho livre............................................................................ 226 Governo Floriano Peixoto (1891-1894) .............................................................................258
Comentário..................................................................................................................... 226 Governo Prudente de Morais (1894-1898) ........................................................................259
TRANSIÇÃO PARA O TRABALHO LIVRE ................................................................................ 226 EXERCÍCIOS .......................................................................................................................260
EXERCÍCIOS ....................................................................................................................... 228 EXERCÍCIOS DE PROVA .......................................................................................................264
EXERCÍCIOS DE PROVA....................................................................................................... 232 Tópico 3.2 – A política dos governadores ..................................................................................267
Tópico 2.12 – Política externa – as questões platinas e a Guerra do Paraguai............................. 233 Comentário .....................................................................................................................267
Comentário..................................................................................................................... 233 A POLÍTICA DOS GOVERNADORES ......................................................................................267
POLÍTICA EXTERNA – AS QUESTÕES PLATINAS E A GUERRA DO PARAGUAI ......................... 233 Governo Campos Sales (1898-1902) e a política dos governadores ...................................267
A Guerra contra Oribe e Rosas ........................................................................................ 233 EXERCÍCIOS .......................................................................................................................269
A Questão Christie .......................................................................................................... 234 EXERCÍCIOS DE PROVA .......................................................................................................274
A Guerra do Paraguai .......................................................................................................... 234 Tópico 3.3 – O coronelismo e o sistema eleitoral .......................................................................276
EXERCÍCIOS ....................................................................................................................... 238 Comentário .....................................................................................................................276
EXERCÍCIOS DE PROVA....................................................................................................... 242 CORONELISMO ...................................................................................................................276
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EXERCÍCIOS ....................................................................................................................... 277 O Governo Provisório (1930-1934) e a Revolução Constitucionalista de 1932. ....................322
EXERCÍCIOS DE PROVA....................................................................................................... 283 EXERCÍCIOS .......................................................................................................................325
Tópico 3.4 – Os movimentos sociais no campo e nas cidades .................................................... 284 EXERCÍCIOS DE PROVA .......................................................................................................331
Comentário..................................................................................................................... 284 Tópico 3.9 – O Governo Constitucional .....................................................................................333
OS MOVIMENTOS SOCIAIS NO CAMPO E NAS CIDADES ....................................................... 284 Comentário .....................................................................................................................333
Governo Afonso Pena (1906-1909) .................................................................................. 286 O GOVERNO CONSTITUCIONAL ...........................................................................................333
Governo Nilo Peçanha (1909-1910) ................................................................................. 286 EXERCÍCIOS .......................................................................................................................335
Governo Hermes da Fonseca (1910-1914) ....................................................................... 287 EXERCÍCIOS DE PROVA .......................................................................................................339
Governo Delfim Moreira (1919-1919) / Morte de Rodrigues Alves ..................................... 291 Tópico 3.10 – O Estado Novo (1937-1945) – populismo e intervenção do Estado na economia ...340
EXERCÍCIOS ....................................................................................................................... 292 Comentário .....................................................................................................................340
EXERCÍCIOS DE PROVA....................................................................................................... 296 O ESTADO NOVO (1937-1945): POPULISMO E INTERVENÇÃO DO ESTADO NA ECONOMIA ....340
Tópico 3.5 – Tenentismo ......................................................................................................... 298 EXERCÍCIOS ...................................................................................................................345
Comentário..................................................................................................................... 298 EXERCÍCIOS DE PROVA .......................................................................................................350
TENENTISMO...................................................................................................................... 298 Tópico 3.11 – A crise do governo Vargas ..................................................................................353
Governo Artur Bernardes (1922-1926) ............................................................................. 298 Comentário .....................................................................................................................353
EXERCÍCIOS DE PROVA....................................................................................................... 305 A CRISE DO GOVERNO VARGAS ..........................................................................................353
Tópico 3.6 – A Semana de Arte Moderna .................................................................................. 306 A política do Brasil pós-1945............................................................................................353
Comentário..................................................................................................................... 306 Governo Eurico Gaspar Dutra (1946-1951) ...........................................................................353
A SEMANA DE ARTE MODERNA ........................................................................................... 306 Governo Getúlio Vargas (1951-1954) ...............................................................................354
EXERCÍCIOS ....................................................................................................................... 308 A Carta-testamento de Getúlio Vargas .............................................................................356
EXERCÍCIOS DE PROVA....................................................................................................... 312 EXERCÍCIOS ...................................................................................................................357
Tópico 3.7 – A Aliança Liberal e a Revolução de 1930 ............................................................... 314 EXERCÍCIOS DE PROVA ..................................................................................................361
Comentário..................................................................................................................... 314 Tópico 3.12 – O governo JK e o desenvolvimentismo ................................................................363
A ALIANÇA LIBERAL E A REVOLUÇÃO DE 1930 .................................................................... 314 Comentário .....................................................................................................................363
EXERCÍCIOS ....................................................................................................................... 317 O GOVERNO JK E O DESENVOLVIMENTISMO .......................................................................363
EXERCÍCIOS DE PROVA....................................................................................................... 320 Governo João Café Filho (1954-1955) ..............................................................................363
Tópico 3.8 – O Governo Provisório (1930-1934)........................................................................ 322 Governo Juscelino Kubitschek (1956-1961) ......................................................................364
Comentário..................................................................................................................... 322 EXERCÍCIOS .......................................................................................................................367
O GOVERNO PROVISÓRIO (1930-1934) ............................................................................... 322 EXERCÍCIOS DE PROVA .......................................................................................................371

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Tópico 3.13 – A crise institucional nos Governos de Quadros e Goulart ...................................... 373 Período presidencial ........................................................................................................406
Comentário..................................................................................................................... 373 A CAMPANHA DAS DIRETAS JÁ. ...........................................................................................407
A CRISE INSTITUCIONAL NOS GOVERNOS DE QUADROS E GOULART .................................. 373 Governo Figueiredo .........................................................................................................407
Governo Jânio Quadros (1961) ........................................................................................ 373 Dados biográficos ...........................................................................................................407
EXERCÍCIOS ....................................................................................................................... 380 Período presidencial ........................................................................................................408
EXERCÍCIOS DE PROVA....................................................................................................... 385 EXERCÍCIOS .......................................................................................................................410
Tópico 3.14 - As reformas de base e a intervenção militar ......................................................... 386 EXERCÍCIOS DE PROVA .......................................................................................................415
Comentário..................................................................................................................... 386 Tópico 3.17 – A campanha pelas eleições diretas ......................................................................416
AS REFORMAS DE BASE E A INTERVENÇÃO MILITAR ........................................................... 386 Comentário .....................................................................................................................416
Os Atos Institucionais. .................................................................................................... 386 A CAMPANHA PELAS ELEIÇÕES DIRETAS .............................................................................416
GOVERNO COSTA E SILVA .................................................................................................. 388 Tancredo de Almeida Neves ............................................................................................416
Período presidencial ........................................................................................................ 388 Dados biográficos ...........................................................................................................416
JUNTA MILITAR .............................................................................................................. 390 José Sarney ....................................................................................................................416
Dados biográficos ........................................................................................................... 390 Dados biográficos ...........................................................................................................416
EXERCÍCIOS ....................................................................................................................... 391 Período presidencial ........................................................................................................417
EXERCÍCIOS DE PROVA .................................................................................................. 396 EXERCÍCIOS .......................................................................................................................418
Tópico 3.15 – O milagre econômico.......................................................................................... 397 EXERCÍCIOS DE PROVA .......................................................................................................423
Comentário..................................................................................................................... 397 Tópico 3.18 – A Constituição de 1988 .......................................................................................424
O MILAGRE ECONÔMICO .................................................................................................... 397 Comentário .....................................................................................................................424
Governo Médici ............................................................................................................... 397 CONSTITUIÇÃO DE 1988 .....................................................................................................424
Dados biográficos ........................................................................................................... 397 EXERCÍCIO .........................................................................................................................425
Período presidencial ........................................................................................................ 397 EXERCÍCIO DE PROVA .........................................................................................................429
EXERCÍCIOS ....................................................................................................................... 400 GABARITOS.............................................................................................................................430
EXERCÍCIOS DE PROVA....................................................................................................... 405 Tópico 1.0 – A Expansão Marítima .......................................................................................430
Tópico 3.16 – A redemocratização ............................................................................................ 406 EXERCÍCIOS ...................................................................................................................430
Comentário..................................................................................................................... 406 EXERCÍCIOS DE PROVA ..................................................................................................430
A REDEMOCRATIZAÇÃO ...................................................................................................... 406 Tópico 1.1 – Capitanias Hereditárias e Governos Gerais ........................................................430
Governo Geisel ............................................................................................................... 406 EXERCÍCIOS ...................................................................................................................430
Dados biográficos ........................................................................................................... 406 EXERCÍCIOS DE PROVA ..................................................................................................430
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Tópico 1.2 – As atividades econômicas e a expansão colonial – açúcar mineração, gado e Tópico 1.9 – A política expansionista de Dom João ...............................................................432
comércio............................................................................................................................. 430
EXERCÍCIOS ...................................................................................................................432
EXERCÍCIOS ................................................................................................................... 430
Tópico 2.1 – As lutas pela independência .............................................................................432
EXERCÍCIOS DE PROVA .................................................................................................. 430
EXERCÍCIOS ...................................................................................................................432
Tópico 1.3 – Os Povos Indígenas e a Ação Jesuítica.............................................................. 430
EXERCÍCIOS DE PROVA ..................................................................................................432
EXERCÍCIOS ................................................................................................................... 430
Tópico 2.2 – A independência do Brasil e o Primeiro Reinado ................................................432
EXERCÍCIOS DE PROVA .................................................................................................. 430
EXERCÍCIOS ...................................................................................................................432
Tópico 1.4 – A camada senhorial e os escravos .................................................................... 430
EXERCÍCIOS DE PROVA ..................................................................................................432
EXERCÍCIOS ................................................................................................................... 430
Tópico 2.3 – A Constituição de 1824 ....................................................................................432
EXERCÍCIOS DE PROVA .................................................................................................. 430
EXERCÍCIOS ...................................................................................................................432
Tópico 1.5 – A conquista dos sertões – entradas e bandeiras ................................................ 430
EXERCÍCIOS DE PROVA ..................................................................................................432
EXERCÍCIOS ................................................................................................................... 430
Tópico 2.4 – A Guarda Nacional ...........................................................................................432
EXERCÍCIOS DE PROVA .................................................................................................. 430
EXERCÍCIOS ...................................................................................................................432
Tópico Especial - Invasões Holandesas................................................................................. 431
Tópico 2.5 – O Ato Adicional de 1834 ...................................................................................432
EXERCÍCIOS ................................................................................................................... 431
EXERCÍCIOS ...................................................................................................................432
EXERCÍCIOS DE PROVA .................................................................................................. 431
EXERCÍCIOS DE PROVA ..................................................................................................432
Tópico Especial - A expansão territorial ................................................................................ 431
Tópico 2.6 – As revoltas regenciais ......................................................................................433
EXERCÍCIOS ................................................................................................................... 431
EXERCÍCIOS ...................................................................................................................433
EXERCÍCIOS DE PROVA .................................................................................................. 431
EXERCÍCIOS DE PROVA ..................................................................................................433
Tópico 1.6 – O monopólio comercial português .................................................................... 431
Tópico 2.7 – A consolidação da ordem interna: o fim das rebeliões, os partidos, a legislação, o
EXERCÍCIOS ................................................................................................................... 431 fortalecimento do Estado, a economia cafeeira, a tributação. ................................................433
EXERCÍCIOS DE PROVA .................................................................................................. 431 EXERCÍCIOS ...................................................................................................................433
Tópico 1.7 – Os conflitos coloniais e os movimentos rebeldes dos finais do século XVIII e início EXERCÍCIOS DE PROVA ..................................................................................................433
do XIX. ............................................................................................................................... 431
Tópico 2.8 - Centralização x descentralização .......................................................................433
EXERCÍCIOS ................................................................................................................... 431
EXERCÍCIOS ...................................................................................................................433
EXERCÍCIOS DE PROVA .................................................................................................. 431
EXERCÍCIOS DE PROVA ..................................................................................................433
Tópico 1.8 – A transferência da Corte portuguesa para o Brasil e seus efeitos ....................... 431
Tópico 2.9 – economia e cultura na sociedade imperial .........................................................433
EXERCÍCIOS ................................................................................................................... 431
EXERCÍCIOS ...................................................................................................................433
EXERCÍCIOS DE PROVA .................................................................................................. 431
EXERCÍCIOS DE PROVA ..................................................................................................433

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Tópico 2.10 - A escravidão, movimento abolicionista e a abolição.......................................... 433 EXERCÍCIOS DE PROVA ..................................................................................................435
EXERCÍCIOS ................................................................................................................... 433 Tópico 3.7 – A Aliança Liberal e a Revolução de 1930 ...........................................................435
EXERCÍCIOS DE PROVA .................................................................................................. 433 EXERCÍCIOS ...................................................................................................................435
Tópico 2.11 – Transição para o trabalho livre ....................................................................... 433 EXERCÍCIOS DE PROVA ..................................................................................................435
EXERCÍCIOS ................................................................................................................... 433 Tópico 3.8 – O Governo Provisório (1930-1934) ...................................................................435
EXERCÍCIOS DE PROVA .................................................................................................. 433 EXERCÍCIOS ...................................................................................................................435
Tópico 2.12 – Política externa – as questões platinas e a Guerra do Paraguai ........................ 434 EXERCÍCIOS DE PROVA ..................................................................................................435
EXERCÍCIOS ................................................................................................................... 434 Tópico 3.9 – O governo Constitucional .................................................................................435
EXERCÍCIOS DE PROVA .................................................................................................. 434 EXERCÍCIOS ...................................................................................................................435
Tópico 2.13 – O movimento republicano .............................................................................. 434 EXERCÍCIOS DE PROVA ..................................................................................................435
EXERCÍCIOS ................................................................................................................... 434 Tópico 3.10 – O Estado Novo (1937-1945) – populismo e intervenção do Estado na economia
..........................................................................................................................................435
EXERCÍCIOS DE PROVA .................................................................................................. 434
EXERCÍCIOS ...................................................................................................................435
Tópico 3.1 – A constituição de 1891, os militares e a consolidação da República .................... 434
EXERCÍCIOS DE PROVA ..................................................................................................435
EXERCÍCIOS ................................................................................................................... 434
Tópico 3.11 – A crise do governo Vargas ..............................................................................436
EXERCÍCIOS DE PROVA .................................................................................................. 434
EXERCÍCIOS ...................................................................................................................436
Tópico 3.2 – A política dos governadores ............................................................................. 434
EXERCÍCIOS DE PROVA ..................................................................................................436
EXERCÍCIOS ................................................................................................................... 434
Tópico 3.12 – O governo JK e o desenvolvimentismo ............................................................436
EXERCÍCIOS DE PROVA .................................................................................................. 434
EXERCÍCIOS ...................................................................................................................436
Tópico 3.3 – O coronelismo e o sistema eleitoral .................................................................. 434
EXERCÍCIOS DE PROVA ..................................................................................................436
EXERCÍCIOS ................................................................................................................... 434
Tópico 3.13 – A crise institucional nos Governos de Quadros e Goulart ..................................436
EXERCÍCIOS DE PROVA .................................................................................................. 434
EXERCÍCIOS ...................................................................................................................436
Tópico 3.4 – Os movimentos sociais no campo e nas cidades ................................................ 434
EXERCÍCIOS DE PROVA ..................................................................................................436
EXERCÍCIOS ................................................................................................................... 434
Tópico 3.14 – As reformas de base e a intervenção militar ....................................................436
EXERCÍCIOS DE PROVA .................................................................................................. 434
EXERCÍCIOS ...................................................................................................................436
Tópico 3.5 – Tenentismo ..................................................................................................... 435
EXERCÍCIOS DE PROVA ..................................................................................................436
EXERCÍCIOS ................................................................................................................... 435
Tópico 3.15 – O milagre econômico .....................................................................................436
EXERCÍCIOS DE PROVA .................................................................................................. 435
EXERCÍCIOS ...................................................................................................................436
Tópico 3.6 – A Semana de Arte Moderna ............................................................................. 435
EXERCÍCIOS DE PROVA ..................................................................................................436
EXERCÍCIOS ................................................................................................................... 435
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Tópico 3.16 – A redemocratização ....................................................................................... 436
EXERCÍCIOS ................................................................................................................... 436
EXERCÍCIOS DE PROVA .................................................................................................. 436
Tópico 3.17 – A campanha pelas eleições diretas ................................................................. 437
EXERCÍCIOS ................................................................................................................... 437
EXERCÍCIOS DE PROVA .................................................................................................. 437
Tópico 3.18 – A Constituição de 1988 .................................................................................. 437
EXERCÍCIOS ................................................................................................................... 437
EXERCÍCIOS DE PROVA .................................................................................................. 437

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Lista de Figuras Figura 38: Bandeira dos Sabinos ..............................................................................................186
Figura 39: Cena da Guerra dos Farrapos. ..................................................................................187
Figura 1: À Descoberta da História e Geografia de Portugal. ........................................................ 18 Figura 40: Estudo para a sagração de Dom Pedro II. ................................................................196
Figura 2: Navegações portuguesas. ............................................................................................ 18 Figura 41: D. Pedro II ..............................................................................................................204
Figura 3: Representação do Infante Dom Henrique num dos Painéis de São Vicente de Fora. ....... 19 Figura 42: Regiões de Produção de Café. ..................................................................................210
Figura 4: Astrolábio. .................................................................................................................. 19 Figura 43: Negros no porão de um navio negreiro. ....................................................................219
Figura 5: Nau de Pedro Álvares Cabral. ...................................................................................... 19 Figura 44: Os três chefes de Estado do Uruguai. .......................................................................235
Figura 6: Mapa de Cantino feito em 1502. .................................................................................. 20 Figura 45: O Imperialismo Brasileiro. ........................................................................................235
Figura 7: Desembarque de Cabral em Porto Seguro (estudo), óleo sobre tela, Oscar Pereira da Figura 46: (circa de 1867): dois cartes-de visite mostrando soldado e oficial paraguaios capturados
Silva, 1904. ............................................................................................................................... 21 por oficiais brasileiros e argentinos respectivamente. ................................................................237
Figura 8: Jean de Lery. Século XVI. ............................................................................................ 20 Figura 47: “Derrubado do trono”. .............................................................................................247
Figura 9: “Família de um chefe Camacã se preparando para festa” .............................................. 23 Figura 48: Juramento constitucional. Após a promulgação da 1ª Constituição Republicana do Brasil,
Figura 10: Capitanias hereditárias .............................................................................................. 31 assumem o poder os Marechais Manuel Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto. Francisco Aurélio
Figura 11: Chegada de Tomé de Sousa à Bahia, numa gravura de começo do século XIX ............. 32 de Figueiredo e Mello ...............................................................................................................258
Figura 12: Mem de Sá ............................................................................................................... 33 Figura 49: “A esfinge”. .............................................................................................................259
Figura 13: Derrubada do pau-brasil ............................................................................................ 40 Figura 50: Caricatura de Prudente de Morais e presidente Campos Sales. ..................................269
Figura 14: Moagem da Cana no Engenho ................................................................................... 41 Figura 51: As próximas eleições... “de cabresto”. ......................................................................276
Figura 15: Imagem de Rugendas ............................................................................................... 42 Figura 52: Charge. ...................................................................................................................285
Figura 16: Mineração de diamantes ............................................................................................ 44 Figura 53: Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon: quando Jovem, desbravando os ignotos
Figura 17: Ritual Antropogáfico .................................................................................................. 50 sertões da Amazônia brasileira. Hoje, Patrono da Arma de Comunicações do Exército Brasileiro. .286
Figura 18: Imagem de hans staden ............................................................................................ 50 Figura 54: Marinheiros revoltosos (1910). João Cândido ao centro. ............................................288
Figura 19: Nobrega e Anchieta ................................................................................................... 51 Figura 55: Sobreviventes da Guerra do Contestado. ..................................................................289
Figura 20: Redução Jesuítica...................................................................................................... 52 Figura 56: “Combatentes em torno de uma peça de artilharia após um dos combates travados na
Figura 21: Estátua de Antônio Raposo Tavares, um dos mais famosos bandeirantes..................... 70 região de Medeiros (PR), entre novembro de 1924 e janeiro de 1925.” ......................................299
Figura 22: Domingos Jorge Velho por Benedicto ......................................................................... 70 Figura 57: Crash de 1929. ........................................................................................................300
Figura 23: O Caminho de Peabiru. .............................................................................................. 71 Figura 58: Revolta dos 18 do Forte de Copacabana: da esquerda para direita, tenentes Eduardo
Figura 24: Selvagens Civilizados Soldados Índios da Província de Curitiba Conduzindo Prisioneiros Gomes, Siqueira Campos, Nílton Prado e o civil Otávio Correia. .................................................306
Indígenas .................................................................................................................................. 72 Figura 59: Getúlio Vargas (1882-1954) e João Pessoa (1878-1930) pouco antes da Revolução. ..315
Figura 25: Território sob domínio de Felipe II. ............................................................................ 82 Figura 60: Comitiva de Getúlio Vargas (ao centro) fotografada por Claro Jansson durante sua
Figura 26: Planta de restituição de Bahia .................................................................................... 84 passagem por Itararé (São Paulo) a caminho do Rio de Janeiro após a vitoriosa Revolução de 1930.
Figura 27: Óleo sobre tela Batalha dos Guararapes. .................................................................... 86 ..............................................................................................................................................322
Figura 28: Algodão no Brasil .................................................................................................... 101 Figura 61: Almerinda F. Gama, do Sindicato dos Datilógrafos, na eleição dos representantes
Figura 29: Beckman no Sertão do Alto Mearim.......................................................................... 102 classistas para a Assembleia Constituinte. Rio, 1933..................................................................333
Figura 30: Julgamento de Felipe dos Santos. ............................................................................ 106 Figura 62: Material da ANL apreendido pela Polícia Política do D.F. Rio, 1935. ............................334
Figura 31: Tropeiros ................................................................................................................ 113 Figura 63: Humor de J. Carlos à atuação de Getúlio na sucessão presidencial. Rio, 1937 ............340
Figura 32: Leitura da sentença dos inconfidentes. ..................................................................... 115 Figura 64: Getúlio Vargas comunica ao país a instauração do Estado Novo no Rio de Janeiro. 10 de
Figura 33: Vice-rei conde de Resende....................................................................................... 116 novembro de 1937. .................................................................................................................340
Figura 34: Escravos exercendo vários ofícios nas ruas de Salvador. ........................................... 116 Figura 65: Cartaz de propaganda da Ação Integralista Brasileira (AIB). ......................................341
Figura 35: Paço de São Cristóvão em 1816. .............................................................................. 127 Figura 66: Carteira de Trabalho de Getúlio Vargas ....................................................................342
Figura 36: Desembarque em Caiena. ........................................................................................ 136 Figura 67: Manifestação contra o afundamento de navios brasileiros pelos alemães. Rio, 1942. ..342
Figura 37: Belém do Pará, primeira metade do século XIX ......................................................... 185
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Figura 68: Embarque de tropas da FEB para a Itália. Rio, 1944 ................................................. 343
Figura 69: Manifestação "queremista" em frente ao Palácio Guanabara. Rio, 1945. .................... 344
Figura 70: Com Paulo Baeta Neves, por ocasião da posse no Senado. Rio, 1946. ....................... 353
Figura 71: Com Leonel Brizola (de terno claro), Ernesto Dornelles e outros, na campanha para a
presidência da República. Itaqui (RS), 1950. ............................................................................. 354
Figura 72: Manifestação contra Vargas por ocasião da missa de 7° dia do major Vaz. Rio, 1954. 356
Figura 73: Juscelino Kubitschek discursando para Benedito Valadares e Getúlio Vargas, durante a
inauguração da Avenida do Contorno (Belo Horizonte), em 12 de maio de 1940. ....................... 364
Figura 74: Jânio Quadros e Che Guevara no Brasil. ................................................................... 375
Figura 75: Carta-renúncia de Jânio Quadros. ............................................................................ 376
Figura 76: João Goulart foi o último presidente da República Populista. O famoso comício da
Central do Brasil, em 13 de março de 1964 não foi bem aceito pelos setores mais conservadores da
sociedade brasileira. Em poucos dias ocorreria a intervenção militar. ......................................... 377
Figura 77: Soldados protegendo o Palácio da Guanabara durante o Golpe de Estado no Brasil em
1964, em 31 de março............................................................................................................. 387
Figura 78: Brasília - Nas ruas de Brasília, diante do Congresso Nacional, o povo se manifesta e
exige o restabelecimento das eleições diretas para presidente da República em 1984................. 408
Figura 79: Charge de Miguel Paiva. ...............................................Erro! Indicador não definido.
Figura 80: Assembleia Constituinte de 1988.............................................................................. 417
Figura 81: Ulysses Guimarães e a Constituição de 1988. ........................................................... 424
Figura 82: Boa parte da imprensa brasileira apoiou a candidatura de Collor.Erro! Indicador não
definido.
Figura 83: Denunciado pelo irmão Pedro Collor. .............................Erro! Indicador não definido.
Figura 84: Charge. .......................................................................Erro! Indicador não definido.
Figura 85: Charge política. ............................................................Erro! Indicador não definido.

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16 | Curso Preparatório Cidade
Tópico 1.0 – A Expansão Marítima A EXPANSÃO MARÍTIMA

Comentário inicial A formação de Portugal

A península Ibérica, onde surgiu o Estado Português, fica situada na Europa, tendo seu território
Caro estudante, começaremos aqui nossa "viagem" pela História do Brasil. Nosso banhado pelo Oceano Atlântico e pelo Mar Mediterrâneo. A atividade pesqueira sempre foi uma
objetivo neste tópico é compreender os principais motivos que trouxeram os europeus constante naquela região da Europa. No século XIV, Portugal afirmou-se como primeiro Estado
ao "Novo Mundo" e o "início" da história brasileira. moderno da Europa. Sua origem ligou-se a um movimento peculiar à Península Ibérica chamado de
Reconquista, que consistiu na expulsão dos muçulmanos que dominavam parte da Península.
Tradicionalmente a história brasileira é contada a partir do chamado “descobrimento
do Brasil”. O ano 1500 d.C. seria então o “marco zero” da história brasileira. No entanto
é sabido que essa terra já existia e era habitada por diversos povos - os índios ou
silvícolas. Dinastia de Borgonha

Certamente, estimado leitor, você sabe que os rios, morros, planaltos e planícies já Inicialmente havia quatro reinos na península ibérica: Leão, Castela, Navarra e Aragão. O nobre
estavam aqui, mas ainda não existia o “Brasil” enquanto país. Henrique de Borgonha recebeu do Rei de Leão e Castela, como recompensa por seus serviços de
luta contra os muçulmanos, o Condado Portucalense. Mais tarde seu filho, D. Afonso Henriques,
Dessa forma uma “completa história brasileira” vai além do ano de 1500. São muito conseguiu a independência do condado através da assinatura, em 1143, do Tratado de Zamora,
mais que cinco séculos de História! Pesquisas recentes demonstraram que o homo formando o Reino de Portugal e fundando a primeira dinastia portuguesa.
sapiens sapiens habitava essas terras havia pelo menos dez mil anos. No Piauí, estado
do nordeste brasileiro, pesquisadores tentam provar que, se Cabral chegou em terras Auxiliado por cruzados que se dirigiam para o Oriente, D. Afonso Henriques estendeu os domínios
americanas cinco séculos atrás lá o homem teria chegado há cinqüenta mil anos – ou do Reino de Portugal para o sul, conquistando as localidades de Santarém, Lisboa, Palmela e Évora
seja, quinhentos séculos! aos mouros. A dinastia de Borgonha teve seu fim, quando em 1383, faleceu D. Fernando I, sem
deixar herdeiros.
Verdadeiras ou não, tais suspeitas demonstram que uma "verdadeira" história do
território brasileiro indubitavelmente é anterior à chegada de Cabral no Brasil.

No entanto é somente o período mais “recente” da história brasileira que nos interessa A dinastia de Avis
diretamente tendo em vista os objetivos desse curso. Estudaremos a vida dos povos
indígenas ainda nessa aula, principalmente o contato com os europeus, posto que esse A segunda dinastia portuguesa é a dinastia de Avis. Ela era apoiada pela burguesia mercantil, pois
é um item do conteúdo programático. Todavia é a partir da chegada dos europeus que o último rei da dinastia de Borgonha (D. Fernando I) faleceu sem deixar herdeiro. Para não
nos ocuparemos daqui em diante. perderem sua independência para o reino de Castela, pois a sua filha D. Beatriz, herdeira única do
trono português, era casada com o Rei de Castela, comerciantes portugueses das cidades do Porto
Entender os motivos que os trouxeram ao “Novo Mundo” é fundamental para que e de Lisboa financiaram o Mestre da Ordem Militar de Avis, D. João I, para armar um exército,
possamos entender os fatos posteriores. O programa curricular da avaliação não enfrentar as pretensões de Castela e assumir o trono. A batalha de Aljubarrota em 1385 marca o
aborda diretamente o tema Expansão Marítima e Comercial Européia, mas por questões fim da sucessão do trono português dando início à dinastia de Avis que durou até 1580. A
didáticas ele será o nosso ponto de partida. Como em uma novela é necessário que revolução de 1383-1385 foi um momento decisivo no processo de centralização política do Estado
saibamos o que aconteceu antes para entendermos melhor o que aconteceu depois. Português.

Sobre o assunto leia o texto a seguir. Bons estudos!

Curso Preparatório Cidade | Tópico 1.0 – A Expansão Marítima 17


Figura 1: À Descoberta da História e Sob o comando da dinastia de Avis foi Figura 2: Navegações portuguesas.
Geografia de Portugal. elaborada a expansão marítima portuguesa.
Incentivados pelo Infante D. Henrique de
Avis – “ O NAVEGADOR”, grandes sábios,
cartógrafos e navegadores se reuniram na
lendária Escola de Sagres.

A expansão ultramarina européia

Chamamos de expansão marítima o


processo de saída do homem europeu em
busca de riquezas em outros continentes
via Oceano Atlântico, conhecido à época
como Mar Tenebroso. Cabe aqui ressaltar
Fonte:MARIA LUÍSA SANTOS, CLÁUDIA AMARAL,
LÍDIA MAIA, À Descoberta da História e Geografia de que este foi um processo lento, fruto da
Portugal – 5º Ano, Porto: Porto Editora. união de diversos fatores e interesses. A situação piorou depois de 1453, devido à tomada de Constantinopla pelos turcos otomanos,
dificultando o comércio de especiarias pelo Mar Mediterrâneo.
Portugal foi o primeiro país da Europa a se atirar na aventura atlântica concorrendo para isso
diversos fatores. A solução encontrada foi buscar um novo caminho para se chegar a origem das especiarias: o
Oriente. O problema era como chegar...
Ocupou sempre lugar de destaque na economia lusa a atividade pesqueira, sendo esta a origem da
experiência portuguesa em navegação, mas o projeto expansionista português data do início do
século XV. O comércio foi o grande motor da expansão marítima portuguesa, pois as famosas
especiarias (pimenta, canela, gengibre, noz moscada, etc.), para serem distribuídas para o Norte A Escola de Sagres
da Europa, passavam pelos portos portugueses estimulando o comércio. No entanto, as especiarias
atingiam preços absurdos quando chegavam em Portugal devido à distância dos centros produtores O infante D. Henrique, filho do Rei D. João I, estabeleceu no seu castelo na Ponta de Sagres em
e ao monopólio exercido pelas cidades italianas de Gênova e Veneza na compra dos produtos em Portugal, um centro náutico conhecido como Escola de Sagres, que coletava informações de mapas
Constantinopla. e instrumentos de navegações. Em Sagres, com apoio e a proteção do Infante, reuniam-se
cartógrafos, matemáticos e peritos náuticos. A fundação deste centro de estudos está inserida no
contexto das transformações sociais pelas quais a Europa passava naquele momento, com a
propagação dos ideais humanistas que buscavam explicações racionais e científicas para a
compreensão do mundo, fugindo das teorias religiosas.

18 Tópico 1.0 – A Expansão Marítima | Curso Preparatório Cidade


Figura 3: Representação do Infante Dom Figura 4: Astrolábio. Figura 5: Nau de Pedro Álvares Cabral.
Henrique num dos Painéis de São Mantinha-se, no entanto, segredo das
Vicente de Fora. principais descobertas principalmente na
divulgação de mapas, os famosos
portulanos, nome dado aos documentos
nos quais estavam descritos os itinerários
marítimos com distâncias e ilustrações dos
principais portos marítimos e lugares de
atracação.

A centralização do Estado português ainda


no século XIV, a obtenção de informações
técnicas, os interesses da burguesia
mercantil, da Igreja, da nobreza,
principalmente a partir do Infante D.
Henrique, em busca de novas possessões
Fonte: Livro das Armadas (Biblioteca da Academia das Ciências
territoriais, possibilitaram a Portugal, entre Fonte:http://cvc.instituto-camoes.pt
Fonte: Museu Nacional de Arte Antiga Lisboa, de Lisboa).
Portugal. 1415 e 1500, diversas viagens e
descobertas náuticas.
Uma das invenções mais importante foi a caravela com vela triangular que permitiu a navegação
em mar oceânico. A caravela navegava contra o vento e tornava as viagens bem mais rápidas que
Estas ações eram assim motivadas, ao mesmo tempo, pelo espírito de cruzada e cavalaria e por
as antigas embarcações utilizadas no Mediterrâneo.
considerações políticas e econômicas.
A primeira conquista portuguesa foi a cidade de Ceuta (1415), grande entreposto comercial no
norte da África. Em 1420, foram atingidas as Ilhas da Madeira e Açores. Seguindo a política de
contornar a costa africana para poder chegar às Índias (Périplo Africano), o Navegador Gil Eanes,
Novas tecnologias
em 1434, dobra o cabo Bojador. Em 1488, Bartolomeu Dias conseguiu dobrar o cabo das
Tormentas (que passou a ser chamado de cabo da Boa Esperança). Coroando o projeto português,
A Escola de Sagres também foi responsável por aperfeiçoar várias tecnologias na área de
em 1498, Vasco da Gama descobre o caminho marítimo para as Índias, chegando a Calicute.
navegação como o sextante (peça árabe utilizada na localização de meridianos através de estrelas)
e a bússola (invenção chinesa utilizada pelos árabes para localizar o norte verdadeiro através de
Enquanto a costa ocidental da África era explorada, a navegação no Atlântico era um segredo de
uma agulha magnética).
estado, só quebrado por Colombo que pretendia alcançar o Oriente pelo Ocidente navegando para
a coroa espanhola. Sua teoria teria dado certo se não houvesse em seu caminho um continente
desconhecido pelos europeus: a América. Sua descoberta acirrou as relações entre Portugal e
Espanha como você verá a seguir.

Observe o esquema abaixo sobre as causas da expansão marítima e comercial européia.

Causas econômicas:

- Cobiça de lucros, o comércio Oriente-Ocidente era o mais rentável da Idade Média;

Curso Preparatório Cidade | Tópico 1.0 – A Expansão Marítima 19


- Busca de ouro e prata; Figura 6: Mapa de Cantino feito em 1502.

- O interesse em acabar com o monopólio italiano na venda de especiarias;

- Interesses em novas terras a serem descobertas.

Causas políticas:

- A tomada de Constantinopla pelos turcos;

- Atuação da burguesia, que passou a financiar parte das viagens marítimas;

- Formação dos Estados Nacionais absolutos capazes de financiar o empreendimento.

Causas religiosas:

- Levar a fé católica a outros povos;


Fonte: Academia de Ciências de Lisboa.

- Busca do Paraíso Terrestre. O rei de Portugal, D. João II, não ficou satisfeito com a bula papal, pois a linha imaginária passaria
no meio do Atlântico, ameaçando as conquistas portuguesas nas rotas do Atlântico Sul. Em 1494,
Causas tecnológicas:
foi assinado o Tratado de Tordesilhas, que seria o definitivo entre portugueses e espanhóis. Foi
traçado um novo meridiano, agora a 370 léguas do arquipélago de Cabo Verde, ficando as terras a
- Os grandes progressos náuticos, muitas vezes copiados dos árabes, como: bússola, astrolábio,
caravela, portulanos; leste do mesmo meridiano para Portugal. O novo tratado garantiu a Portugal não apenas as rotas
do Atlântico, como também uma parte da América, onde mais tarde Cabral fundaria o Brasil.
- Mudança de mentalidade européia com o movimento humanista que buscava explicações
racionais para compreensão do mundo.

A Viagem de Cabral

Os Tratados feitos com a Espanha Com o objetivo de fundar feitorias na Índia e de forçar o Marajá de Calicute a aceitar comercializar
com Portugal, o rei D. Manuel I, O Venturoso, preparou uma grande esquadra composta de 13
No ano de 1492, a Espanha iniciou sua expansão marítima. Os reis espanhóis, Fernando II e Isabel caravelas, a mais poderosa das expedições até então organizada. Com artilharia, munições e
I, financiaram o projeto do navegador genovês Cristóvão Colombo, que pretendia chegar às Índias mantimentos a esquadra levava o melhor possível. Transportava 1.500 homens de armas, entre os
navegando para o Ocidente, acreditando que a terra era redonda. Colombo chega à América em quais 20 degredados que deviam ser deixados em terra para aprender a língua. Esta esquadra
outubro de 1492, pensando ter chegado às Índias. estava sob o comando do Fidalgo Pedro Álvares Cabral, embaixador de Portugal perante o Marajá
de Calicute (cidade da Índia). Cabral não era navegador, mas por ser a figura mais importante da
A descoberta da América por Colombo em 1492 abriu uma etapa de negociações entre Portugal e frota, assumiu o comando. Tinha os melhores comandantes de navios na sua esquadra.
Espanha sobre as descobertas, tendo a Igreja o papel de mediadora. O primeiro tratado entre os
dois países foi a Bula “Inter Coetera”, de 1493, na qual o Papa Alexandre VI estabelecia um No dia 09 de março de 1500 a frota partiu do porto do Tejo em direção à Índia, contornando a
meridiano de 100 léguas a Oeste do arquipélago de Cabo Verde, concedendo à Espanha todas as costa africana, como era o projeto português, mas a viagem tinha objetivos secretos, e se afastou
possessões a Oeste deste meridiano cabendo à Portugal tudo a Leste. Portanto os resultados da muito da costa africana. No dia 21 de Abril de 1500 foram avistados os primeiros sinais da terra. A
primeira expedição de Colombo iniciaram uma disputa pela partilha do mundo. 22 de abril: terra firme. Era a costa, atualmente do sul da Bahia. O primeiro ponto percebido foi um

20 Tópico 1.0 – A Expansão Marítima | Curso Preparatório Cidade


monte, chamado de monte Pascoal, por estarem próximos da Páscoa. Aproximando-se da terra, - Posição geográfica estratégica (Península Ibérica – Sudeste europeu);
Cabral entrou em contato pacífico com os indígenas. No dia 26, foi rezada a primeira missa, na
localidade chamada Coroa Vermelha por frei Henrique de Coimbra, franciscano; o escrivão Pero Vaz - Portugal foi o primeiro Estado Nacional Moderno (centralização do poder);
de Caminha escreveu notícia do descobrimento para que o navegador Gaspar de Lemos a levasse a
Portugal e noticiasse o Rei e a Europa das novas possessões portuguesas. O Brasil teve vários - Presença de uma forte burguesia;
nomes além de Pindorama como os índios a chamavam, foi batizada pelos portugueses como Ilha
- A Espanha estava preocupada em expulsar os árabes de seu território;
de Vera Cruz, Terra de Santa Cruz e Brasil.
- Existência de escolas de navegação;
Figura 7: Desembarque de Cabral em Porto Seguro (estudo), óleo sobre tela, Oscar Pereira
da Silva, 1904.
- O rei e a burguesia mercantil de Portugal uniram-se com o objetivo de expandir o
comércio marítimo.

- Tradição Naval.

As consequências da expansão marítima

As grandes navegações representaram um dos mais significativos acontecimentos da Idade


Moderna. Entre as principais transformações trazidas por este processo podemos citar: a mudança
do eixo econômico europeu do Mar Mediterrâneo para os Oceanos Atlântico e Índico; decadência
Fonte: Acervo do Museu Histórico Nacional do Rio de Janeiro.
econômica das cidades italianas; duas novas potências ascenderam, Portugal e Espanha;
europeização do mundo.
O local chamado por Cabral como um porto seguro é hoje identificado como Baía Cabrália, ao sul
da Bahia. Não se conhecem as cartas de Cabral e as dos demais comandantes. As únicas que nos
As outras consequências da expansão marítima foram: a comprovação da esfericidade da terra; a
restam são a de Pero Vaz de Caminha e a do Astrônomo Mestre João.
ampliação do mundo conhecido com a descoberta de novos continentes; alta de preços na Europa;
o fortalecimento da burguesia; o reestabelecimento do escravismo; a formação de impérios
A questão da intencionalidade do descobrimento
coloniais; propagação da fé católica para América, África e Ásia; comércio de proporções mundiais
que agora uniam diversos continentes; dizimação de civilizações americanas e da cultura indígena
Muitos historiadores admitem que houvesse intencionalidade no descobrimento, isto é, julgam que
presente na América.
os portugueses já sabiam ou suspeitavam da existência de terras ao Oeste do Atlântico Sul. Entre
os argumentos podemos citar os seguintes:
A consequência principal para Portugal foi que, como um reino pequeno, se deparou com enormes
extensões territoriais para conquistar, não tendo de imediato a força para poder dominá-lo inteiro.
- A carta de Pero Vaz de Caminha não demonstra surpresa com a nova descoberta.

- D. João II não aceitou a primeira demarcação estabelecida pelo papa Alexandre VI,
através da Bula Inter Coetera.
Brasil pré-colonial (1500 – 1530)

- Mestre João, físico e cirurgião do rei de Portugal, alemão de nascimento, era dos mais
O processo de colonização do Brasil surgiu dentro da lógica comercial da Europa de então. A
categorizados astrônomos da época. Muito entendido na arte de determinar a longitude
expansão marítima modificou o mundo. O comércio, na Europa, teve grande impulso, devido às
de leste a oeste, não haveria ele, sendo um dos componentes da esquadra cabralina,
encarregado de corrigir com presteza a rota do Cabo da Boa Esperança a Calicute?

Curso Preparatório Cidade | Tópico 1.0 – A Expansão Marítima 21


especiarias vinda da Ásia e também à infinidade de produtos que chegavam da África como ouro e aos padrões tradicionais da vida indígena. Os índios forneciam a
marfim. madeira e, em menor escala, farinha de mandioca, trocadas por peças
de tecido, facas, canivetes e quinquilharias, objetos de pouco valor
No Brasil, de imediato, os portugueses não encontraram coisa alguma que fosse objeto de para os portugueses.
comercialização, exceção feita ao pau-brasil, madeira utilizada para tingir roupas. Por isso o
comércio com as Índias era, sem dúvida, mais rentável aos cofres portugueses. Além disso, FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo 2013. 14ª edição.
Portugal não dispunha de pessoal, dinheiro e navios suficientes para manter duas linhas de
comércio ao mesmo tempo, com o Oriente e com o Brasil. Devido a isso, até 1530, Portugal não se
interessou muito pelo Brasil. Os habitantes do Brasil antes de Cabral

Figura 8: Jean de Lery. Século XVI. O primeiro reconhecimento da terra foi feito
No Brasil foram encontrados muitos sítios arqueológicos (conjuntos de vestígios encontrados em
pelo próprio navio encarregado de levar as
uma determinada região) e seu estudo tem contribuído muito para elucidar o modo de vida dos
cartas narrando o descobrimento ao Rei D.
povos que aqui viveram nos primeiros tempos.
Manuel I, sob o comando de Gaspar de
Lemos. Verificou não se tratar de uma Os sítios arqueológicos encontrados no litoral brasileiro são conhecidos como sambaquis, ou seja,
simples ilha, como dissera Cabral, mas um montes de conchas e esqueletos de peixes associados e artefatos de pedra que atingem de 2 a 30
grande continente. metros de altura, resultantes das sucessivas ocupações de comunidades que se alimentavam de
animais marinhos, deixando os restos dos alimentos (cascas de moluscos e esqueletos de peixes)
Para que fossem obtidas maiores na própria área de habitação. Alguns sambaquis datam de 10 mil anos atrás.
informações a respeito da terra descoberta,
foram enviadas algumas expedições. Em São comuns também as pinturas rupestres, encontradas nas paredes rochosas das cavernas, em
1503, o governo português arrendou os lajes de pedras e em fragmentos de rochas. Trata-se de desenhos de figuras humanas e de
direitos de exploração do pau-brasil e um animais, cenas de caça e pesca. No Brasil, já foram catalogados mais de 220 abrigos usados por
grupo de comerciantes liderados por esses grupos pré-históricos, com cerca de 9 mil figuras pintadas. As mais famosas estão em
Fernando de Noronha. O arrendatário cavernas de Minas Gerais e do Piauí.
comprometia-se a pagar imposto ao
Jaen de Lery. Século XVI. governo português pela extração do pau- Ao chegar ao novo mundo os portugueses se depararam com habitantes que eles identificaram
brasil, que era considerado estanco do rei como gentio. Eram índios, em sua maioria do grupo étnico Tupi-guarani. Inicialmente tiveram
contato com duas grandes macro-famílias, os Tupinambás e os Tupiniquins, que viviam em
constante luta entre si e praticavam a antropofagia ritual.
de Portugal, ou seja, patrimônio real. Para a extração do pau-brasil, foi montado ao longo do litoral
algumas feitorias, depósitos destinados a armazenar pau-brasil. Os outros grupos indígenas brasileiros além do tupi eram: Jê, Aruaque e Caraíba. Estes por sua vez
se subdividiam em diversas outras famílias de línguas.
Nesses anos iniciais, entre 1500 e 1535, a principal atividade
econômica foi a extração do pau-brasil, obtida principalmente O grupo tupi ocupava a área referente ao litoral brasileiro, desde o Ceará até São Paulo. Desta
mediante troca com os índios. As árvores não cresciam juntas, em região até o Rio Grande do Sul, os Guaranis dominavam. O grupo Jê ocupava a região do Sertão se
grandes áreas, mas encontravam-se dispersas. À medida que a estendendo desde o Maranhão e Piauí até o Mato Grosso. Os Aruaques e Caraíbas ocupavam a
madeira foi se esgotando no litoral, os europeus passaram a recorrer região norte que inclui o Amapá, Pará e perto do Amazonas.
aos índios para obtê-la. O trabalho coletivo, especialmente a
derrubada de árvores, era uma tarefa comum na sociedade tupinambá.
Assim, o corte do pau-brasil podia integrar-se com relativa facilidade

22 Tópico 1.0 – A Expansão Marítima | Curso Preparatório Cidade


Figura 9: “Família de um chefe Camacã se preparando para festa” portugueses com o Oriente sofreu uma baixa devido à concorrência de outras nações que
chegavam às Índias para comercializar. Logo, a coroa portuguesa associada à burguesia mercantil,
iniciou pioneiramente entre os Estados modernos, uma nova forma de exploração econômica das
terras americanas, que não se assemelhava ao simples escambo nem se baseava na extração
predatória de metais preciosos.

A primeira expedição colonizadora foi comandada por Martim Afonso de Souza, que chegou em
1530 e trazia cerca de quatrocentas pessoas, entre elas trabalhadores, padres e soldados. Martim
Afonso de Souza veio de Portugal com a missão de expulsar os estrangeiros que contrabandeavam
pau-brasil, de procurar ouro e de iniciar a colonização. Tem início o povoamento português em
terras brasileiras.

Em 1532 foi fundada a Vila de São Vicente, primeiro núcleo de povoamento do Brasil. Lá se fixaram
quatrocentos colonos, que se dedicaram ao plantio da cana. E lá surgiu o primeiro engenho
produtor de açúcar.

A colonização do Brasil estava, como não poderia ser, dentro do sistema mercantilista mundial.
Nossa economia, graças ao Pacto Colonial, era transformada em uma economia periférica, cuja
função, era gerar riquezas para a metrópole.

Chamamos de mercantilismo o conjunto de práticas econômicas que vigorou entre as potências


européias entre os séculos XV e XVIII, baseado na direta intervenção do Estado na economia, e
por Jean-Baptiste Debret. cuja finalidade principal era enriquecer estes Estados. Podemos ainda acrescentar: política de
incentivo ao crescimento populacional, incentivo à construção naval e os monopólios.
Os índios brasileiros praticavam a caça, a pesca, a coleta de alimentos das matas e a agricultura,
sendo os principais produtos a mandioca, milho, amendoim e feijão, seu método agrícola baseava- O mercantilismo tem um conjunto de ideias que formam o corpo de sua doutrina. São elas:
se na coivara, cujo princípio básico era a queimada realizada após as colheitas. Este método levava
ao cansaço do solo e obrigava as aldeias a se deslocarem em busca de melhores regiões que os Balança comercial favorável: Maior exportação e menor importação.
alimentasse. Por isso, afirmamos que a maioria dos índios brasileiros eram seminômades. Neste
percurso, eram comuns os choques e guerras com outras tribos na disputa pelo território. Metalismo: Quantidade de metais preciosos que possui, o torna mais rico.

- O termo índio nasceu de um engano histórico: ao desembarcar na América, o navegador Protecionismo: Ideia da balança comercial favorável, garante o mercado interno às indústrias
Cristóvão Colombo chamou seus habitantes de índios, pois pensava ter chegado às nacionais.
Índias.
Industrialismo: Satisfação do mercado interno e fornecer manufaturados aos consumidores.
- Outras designações para o habitante da América pré-colombiana: aborígenes,
ameríndio, autóctone, brasilíndio, gentio, íncola, “negro da terra”, nativo, bugre, silvícola, Colonialismo: Procura de produtos e mão-de-obra, desenvolvimento do comércio mundial.
etc... (Revolução Comercial).

Como vimos anteriormente, a partir de 1530, surgiu um verdadeiro dilema para a coroa Existiram vários tipos de Mercantilismos, mas, basicamente, eles estavam ligados às riquezas que
portuguesa: ou ocupava as terras brasileiras ou as perdia para os franceses que constantemente cada nação poderia extrair de suas colônias. A saber:
vinham ao nosso litoral em busca de pau-brasil. Também devemos mencionar que o comércio dos

Curso Preparatório Cidade | Tópico 1.0 – A Expansão Marítima 23


Espanha: seu tipo de Mercantilismo foi chamado de Bulionista ou Metalista, ou seja, seu propósito EXERCÍCIOS
era acumular metais preciosos, isto se explica, pois teve contato precocemente com tribos que
conheciam o ouro e a metalurgia na América. 01. (Puccamp)

Portugal: em princípio Portugal adotou o comercialismo, ou seja, valorização das trocas comerciais, Erro de português
mas a partir do século XVIII, com a descoberta de ouro no Brasil se tornou metalista.
Quando o português chegou
França: desenvolveu o Industrialismo ou Colbertismo devido ao seu ministro Colbert, que optou Debaixo duma bruta chuva
pelo desenvolvimento das manufaturas têxteis com amplo incentivo do governo. Vestiu o índio
Que pena!
Holanda: seu Mercantilismo baseava-se na sua ampla frota naval, sendo responsáveis pela maioria
Fosse uma manhã de sol
dos fretes marítimos. Também buscou a implementação das Cias. privilegiadas de Comércio. É
O índio tinha despido
importante lembrar que na Holanda estavam concentrados os maiores bancos da Europa.
O português
Pacto colonial era, na verdade, a forma com que as metrópoles dominavam suas colônias. As
colônias só poderiam fazer comércio com a metrópole. A colônia fornecia produtos tropicais e (Oswald de Andrade. "Poesias reunidas". 2. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1972)
matéria-prima para a metrópole e esta vendia manufaturas à colônia.
Sobre o contexto histórico em que se insere o fenômeno que os versos identificam é correto
afirmar que:

A estrutura político-administrativa: a expedição de 1530 de Martim Afonso de Souza. (A) a descoberta de metais preciosos favoreceu o estabelecimento das primeiras relações
econômicas entre portugueses e indígenas.
Organizada por D. João III, o Colonizador, a expedição era constituída de cinco navios. Era (B) a agressividade demonstrada pelos nativos despertou o interesse metropolitano pela
comandada por Martim Afonso de Souza, que recebeu ordens de explorar o litoral desde o ocupação efetiva das novas terras.
Maranhão até o rio da Prata, dar combate aos franceses, estabelecendo núcleos de povoação. (C) a conquista da América pelos portugueses contribuiu para o crescimento demográfico da
população indígena no Brasil.
Logo que chegou ao Brasil aprisionou três naus francesas, que regularmente frequentavam o nosso
(D) no chamado período pré-colonial, o plantio e a exploração do pau-brasil incentivaram o
atual litoral, também explorando o pau-brasil, inclusive um dos fatores para o início da ocupação
tráfico africano.
destas terras, estava ligado ao receio de Portugal perder suas terras para outros países europeus.
(E) apesar de ter tomado posse da terra em nome do rei de Portugal, o interesse da
monarquia estava voltado para o Oriente.
Nessa expedição foi fundada a primeira vila brasileira, São Vicente, em 22 de janeiro de 1532, com
a ajuda de João Ramalho e também a segunda vila do Brasil: Santo André da Borda do Campo.
Foram trazidas as primeiras mudas de cana-de-açúcar, as primeiras cabeças de gado e foi
02. (Fuvest) Foram características dominantes da colonização portuguesa na América:
construído o primeiro engenho no Brasil.

(A) pequenas unidades de produção diversificada, comércio livre e trabalho compulsório.


(B) grandes unidades produtivas de exportação, monopólio do comércio e escravidão.
(C) pacto colonial, exploração de minérios e trabalho livre.
(D) latifúndio, produção monocultora e trabalho assalariado de indígenas.
(E) exportação de matérias-primas, minifúndio e servidão.

24 Tópico 1.0 – A Expansão Marítima | Curso Preparatório Cidade


03. (Fatec) Durante o Período Colonial brasileiro, a mão-de-obra do negro africano substituiu, 06. (Ufmg) Leia o texto.
progressivamente, a indígena. Isso se deveu:
"A língua de que [os índios] usam, toda pela costa, é uma: ainda que em certos vocábulos difere
(A) ao fato dos portugueses já utilizarem, há muito, o trabalho escravo negro no sul de em algumas partes; mas não de maneira que se deixem de entender. (...) Carece de três letras,
Portugal e nas ilhas do Atlântico. convém a saber, não se acha nela F, nem L, nem R, coisa digna de espanto, porque assim não tem
(B) à inabilidade do indígena para o trabalho agrícola e sedentário. Fé, nem Lei, nem Rei, e desta maneira vivem desordenadamente (...)."
(C) à reduzida e dispersa população pré-colombiana comparada com a grande oferta de mão-
de-obra negra africana. (GÂNDAVO, Pero de Magalhães. HISTÓRIA DE PROVÍNCIA DE SANTA CRUZ. 1576)
(D) ao fato dos negros africanos já aceitarem passivamente o trabalho na lavoura e na
mineração do Brasil. A partir do texto, pode-se afirmar que todas as alternativas expressam a relação dos portugueses
(E) aos interesses dos traficantes negreiros e de Portugal neste ramo de comércio colonial, com a cultura indígena, EXCETO:
altamente lucrativo.
(A) A busca da compreensão da cultura indígena era uma preocupação do colonizador.
(B) A desorganização social dos indígenas se refletia no idioma.
04. (Faap) A colonização portuguesa no Brasil é caracterizada por uma ampla empresa mercantil. É (C) A diferença cultural entre nativos e colonos era atribuída à inferioridade do indígena.
o próprio Estado metropolitano que, em conjugação com as novas forças sociais produtoras, ou (D) A língua dos nativos era caracterizada pela limitação vocabular.
seja, a burguesia comercial, assume o caráter da colonização das terras brasileiras. A partir daí (E) Os signos e símbolos dos nativos da costa marítima eram homogêneos.
os dois elementos - Estado e burguesia - passam a ser os agenciadores coloniais e, assim, a
política definida com relação à colonização é efetivada através de alguns elementos básicos que
se seguem: dentre eles apenas um não corresponde ao exposto no texto; assinale-o. 07. Sobre o Período Colonial brasileiro, pode-se considerar INCORRETA apenas uma das afirmações
a seguir:
(A) a preocupação básica será a de resguardar a área do Império Colonial face às demais
potências européias. (A) não apresentou movimentos sociais contestadores da dominação metropolitana;
(B) o caráter político da administração se fará a partir da Metrópole e a preocupação fiscal (B) o século XVI foi marcado pelo início da administração portuguesa e pela implantação da
dominará todo o mecanismo administrativo. rentável agroindústria açucareira;
(C) o vértice definidor, reside no monopólio comercial. (C) apesar do domínio português, nosso território chegou a ser ocupado parcialmente por
(D) a função histórica das Colônias será proeminente no sentido de acelerar a acumulação do franceses e holandeses;
capital comercial pela burguesia mercantil européia. (D) a vinda da família Real portuguesa para o Brasil desencadeou um processo de
(E) a produção gerada dentro das Colônias estimula o seu desenvolvimento e atende às transformação desde a quebra do pacto colonial em 1808 até a Independência em 1822;
necessidades de seu mercado interno. (E) a expansão territorial rompeu os limites estabelecidos pelo Tratado de Tordesilhas e, em
1750, o Brasil praticamente já tinha a atual configuração geográfica, reconhecida pelo
Tratado de Madri.
05. (Faap) No processo de colonização dos trópicos americanos, as relações entre as colônias e as
metrópoles foram definidas pelo regime:
08. (Fuvest) No período colonial o Brasil, exemplo típico de colônia de exploração, apresentava as
(A) de livre comércio. seguintes características:
(B) de oligopólio.
(C) de monopólio. (A) grande propriedade, policultura, produção comercializada com outras colônias e mão-de-
(D) liberal. obra livre.
(E) de livre iniciativa. (B) pequena propriedade, cultura de subsistência, produção para o consumo interno e
trabalho livre.

Curso Preparatório Cidade | Tópico 1.0 – A Expansão Marítima 25


(C) colonato, produção manufatureira comercialização com a Metrópole e mão-de-obra (E) a junção da autoridade temporal com a espiritual através da criação do Império da
compulsória. Cristandade.
(D) latifúndio, cultura de subsistência, produção destinada ao mercado interno e mão-de-obra
imigrante.
11. (Cesgranrio) "A História do Brasil nos três primeiros séculos está intimamente ligada à da
(E) grande propriedade, monocultura, produção para o mercado externo e mão-de-obra
expansão comercial e colonial européia na época moderna".
escrava.
(NOVAES, Fernando, A. "O BRASIL NOS QUADROS DO ANTIGO SISTEMA COLONIAL" in Brasil Perspectiva. Difil. S.Paulo,
1980, p.47)
09. (Cesgranrio) Sobre o Pacto Colonial que, na época mercantilista, definiu o relacionamento entre
Metrópole e Colônia e determinou a forma de organização da sociedade colonial, assinale a
afirmativa INCORRETA: Considerando-se a opinião do autor, podemos dizer que, durante o período colonial:

(A) "a metrópole, por isso que é mãe, deve prestar às colônias suas filhas todos os bons (A) Portugal foi o artífice único do desenvolvimento do Brasil.
ofícios e socorros necessários para a defesa e segurança das suas vidas e dos seus bens, (B) houve uma autonomia do Brasil em relação ao quadro de competição entre as várias
mantendo-se em uma sossegada posse e fruição dessas mesmas vidas e desses bens". potências.
(B) "é, pois necessário que os interesses da Metrópole sejam ligados com os das colônias, e (C) o comércio interno foi a mola maior do desenvolvimento de nosso país.
que estas sejam tratadas sem rivalidade. Quanto os vassalos são mais ricos, tanto o (D) a organização da vida econômica e social do Brasil se vinculou ao quadro geral europeu.
soberano é muito mais". (E) houve uma relativa dependência da estrutura do Brasil Colonial à conjuntura européia
(C) "esta impossibilidade de subsistir qualquer indivíduo sem alheios socorros, ou Lei moderna.
Universal que liga os homens entre si, tem a política nas colônias para maior utilidade e
dependência em que devem estar da Metrópole". 12. (Mackenzie) "Contudo tornava-se cada dia mais claro que se perderiam as terras americanas a
(D) "para viverem em igualdade e abundância... que todos ficariam ricos, tirados da miséria menos que fosse realizado um esforço de monta para ocupá-las permanentemente. Este
em que se achavam, extinta a diferença da cor branca, preta e parda, porque uns e esforço significava desviar recursos de empresas muito mais produtivas do oriente".
outros seriam sem diferença chamados e admitidos a todos os ministérios e cargos".
(E) "numa palavra, quanto os interesses e as utilidades da pátria-mãe se enlaçarem mais com (Celso Furtado)
os das colônias suas filhas, tanto ela será mais rica e quanto ela dever mais às colônias,
tanto ela será mais feliz e viverá mais segura". Para garantir sua presença em terras americanas e contornar os gastos elevados de uma
colonização, o governo português introduziu:

10. (Cesgranrio) Com a expansão marítima dos séculos XV/XVI, os países ibéricos desenvolveram a
(A) o sistema de capitanias, que transferia a particulares, em troca de privilégios e terras, as
ideia de "império ultramarino" significando:
despesas da colonização.
(B) a centralização administrativa através do governo geral.
(A) a ocupação de pontos estratégicos e o domínio das rotas marítimas, a fim de assegurar a
(C) a emigração maciça de mão-de-obra livre para a colônia, tendo em vista seu povoamento
acumulação do capital mercantil;
e desenvolvimento interno.
(B) o estabelecimento das regras que definem o Sistema Colonial nas relações entre as
(D) a criação de um sistema administrativo, totalmente original, baseado em feitorias que
metrópoles e as demais áreas do "império" para estabelecer as ideias de liberdade
incrementaram o povoamento.
comercial;
(E) o enfrentamento militar com as potências invasoras e a perda de consideráveis áreas
(C) a integração econômica entre várias partes de cada "império" através do comércio
coloniais.
intercolonial e da livre circulação dos indivíduos;
(D) a projeção da autoridade soberana e centralizadora das respectivas coroas e sobre tudo e
todos situados no interior desse "império";

26 Tópico 1.0 – A Expansão Marítima | Curso Preparatório Cidade


13. (Unirio) A descoberta do Brasil não alterou os rumos da expansão portuguesa voltada 16. (Mackenzie) "Pedro Álvares Cabral morreu na obscuridade por volta de 1520, sem nunca ter
prioritariamente para o Oriente, o que explica as características dos primeiros anos da retornado à corte e virtualmente sem saber que revelara ao mundo um território que era quase
colonização brasileira, entre as quais se inclui o(a): um continente. Em 1521, morria também o rei D. Manuel I, o monarca que jamais se
interessou pela terra descoberta por Cabral".
(A) caráter militar da ocupação, visando à defesa das rotas atlânticas.
(B) escambo com os indígenas, garantindo o baixo custo da exploração. (Eduardo Bueno - "A viagem do descobrimento")
(C) abertura das atividades extrativas da colônia a comerciantes das outras potências
européias. O desinteresse de Portugal pelo Brasil na época do descobrimento explica-se:
(D) migração imediata de expressivos contingentes de europeus e africanos para a ocupação
do território. (A) pela reduzida repercussão da descoberta entre as potências marítimas européias.
(E) exploração sistemática do interior do continente em busca de metais preciosos. (B) pelo fato dos interesses do Estado Português e da burguesia mercantil estarem voltados
para as riquezas do oriente.
(C) pela lógica da economia mercantilista, que valorizava acima de tudo a produção em
14. (Unirio) O início da colonização portuguesa no Brasil, no chamado período "pré-colonial" (1500 detrimento do comércio.
-1530), foi marcado pelo(a): (D) por estas terras pertencerem à Espanha, pelo Tratado de Tordesilhas.
(E) pelas enormes dificuldades de transportar com segurança os excedentes de produção dos
(A) envio de expedições exploratórias do litoral e pelo escambo do pau-brasil. índios brasileiros.
(B) plantio e exploração do pau-brasil, associado ao tráfico africano.
(C) deslocamento, para a América, da estrutura administrativa e militar já experimentada no
Oriente. 17. As características dos primeiros núcleos de ocupação no Brasil, dos quais emergiram os
(D) fixação de grupos missionários de várias Ordens Religiosas para catequizar os indígenas. mencionados grupos sociais nascentes, revelam o tipo de colonização empreendida por
(E) implantação da lavoura canavieira, apoiada em capitais holandeses. Portugal e predominante na América Latina, denominado pela historiografia de:

(A) colonização estatal.


15. (Ufmg) "A cidade que os portugueses construíram na América não é produto mental, não chega (B) colonialismo religioso.
a contradizer o quadro da natureza, e sua silhueta se enlaça na linha da paisagem. Nenhum (C) colonização de exploração.
rigor, nenhum método, nenhuma providência, sempre esse significativo abandono que exprime (D) neocolonialismo.
a palavra desleixo." (E) colonização de povoamento.

(HOLANDA, Sérgio Buarque de. "O Semeador e o Ladrilhador". In: RAÍZES DO BRASIL. Rio de Janeiro: José
Olympio, 1956.) 18. (Ufes) A organização da agromanufatura açucareira no Brasil Colônia está ligada ao sentido
geral da colonização portuguesa, cuja dinâmica estava baseada na:
A urbanização no Brasil colonial até o século XVII é vista como sendo provisória e acanhada. Um
dos motivos pelos quais Portugal deixou em segundo plano a questão da urbanização foi: (A) pesada carga de taxas e impostos sobre o trabalho livre, com o objetivo de isentar de
tributos o trabalho escravo.
(A) a inutilidade dos centros urbanos já que na colônia a administração ficava a cargo dos (B) unidade produtiva voltada para a mobilidade mercantil interna, ampliada pelo
Donatários. desenvolvimento de atividades artesanais, industriais e comerciais.
(B) as dificuldades para contratar técnicos especializados que pudessem organizar as cidades. (C) estrutura de produção, que objetivava a urbanização e a criação de maior espaço para os
(C) as lutas com os espanhóis para a manutenção das terras coloniais que impediram o homens livres da colônia.
desenvolvimento da colônia do Brasil. (D) pequena empresa, que procurava viabilizar a produção açucareira apenas para o mercado
(D) O predomínio da vida rural, nos engenhos e nas fazendas de criação, o que diminuiu a interno.
importância das cidades.

Curso Preparatório Cidade | Tópico 1.0 – A Expansão Marítima 27


(E) propriedade latifundiária escravista, para atender aos interesses da Metrópole Portuguesa EXERCÍCIOS DE PROVA
de garantir a produção de açúcar em larga escala para o comércio externo.

01. (EsFCEx - 2001) Sobre os fatos determinantes que levaram Portugal a se tornar uma grande
19. (Ufpe) Na opinião do historiador Caio Prado Jr., todo povo tem na sua evolução, vista a potência colonial e descobrir o Brasil no final do século XV, analise as afirmativas abaixo:
distância, um certo sentido. Este se percebe, não nos pormenores de sua história, mas no
conjunto dos fatos e acontecimentos essenciais... I. Portugal se transformou num país marítimo voltando-se para o oceano no alvorecer do
século.
Assinale a alternativa que corresponde ao "sentido" da colonização portuguesa no Brasil. II. A Espanha serviu de exemplo para Portugal porque precedeu os portugueses no início da
expansão marítima.
(A) A colonização se estabeleceu dentro dos padrões de povoamento e expansão religiosa. III. comércio europeu continental se caracterizou por ter se desenvolvido de forma quase
(B) A colonização foi um fato isolado, portanto, uma aventura que não teve continuidade. unicamente marítima até o século XIV.
(C) A colonização foi o resultado da expansão marítima dos países da Europa e, desde o IV. As demais nações européias só investiram na corrida colonial após o século XVII.
início, constituiu-se numa sociedade de europeus sem nenhuma miscigenação.
(D) A colonização se realizou no "sentido" de uma vasta empresa comercial para fornecer ao Com base na análise, assinale a alternativa correta:
mercado internacional açúcar, tabaco, ouro, diamantes, algodão e outros produtos.
(E) A colonização portuguesa teve, desde cedo, o objetivo de criar um mercado nacional no (A) Somente I está correta.
Brasil. (B) Somente II e IV estão corretas.
(C) Somente III e IV estão corretas.
20. (Cesgranrio) A política colonizadora portuguesa, voltada para a obtenção de lucros do (D) Somente I, II e III estão corretas.
monopólio na esfera mercantil, tinha como principal área de produção: (E) Todas estão corretas.

(A) a implantação da grande lavoura tropical, de base escravista e latifundiária caracterizada 02. (EsFCEx - 2002) Examinando-se a situação européia à época das grandes navegações e dos
pela diversidade de produtos cultivados e presença de minifúndios e latifúndios; grandes descobrimentos, pode-se corretamente afirmar que:
(B) o "exclusivo colonial", que subordinava os interesses da produção agrícola aos objetivos
mercantis da Coroa e dos grandes comerciantes metropolitanos; (A) acima dos Pirineus estavam os países responsáveis pelo início das Grandes Navegações.
(C) a agricultura de subsistência, baseada em pequenas e médias propriedades, utilizando (B) os Países Balcânicos viviam fechados na Europa.
mão-de-obra indígena; (C) a Inglaterra vivia ensimesmada na sua ilha.
(D) a integração agropastoril, destinada ao abastecimento do mercado interno colonial, (D) a Rússia não se comunicava com outros mundos fora da Europa.
sobretudo ao do metropolitano; (E) a Espanha e Portugal eram pontos de contato para a Europa.
(E) a criação de Companhias Cooperativas envolvidas com a produção de tecidos e demais
gêneros ligados ao consumo caseiro.

03. (EsFCEx - 2003) Dentre as causas que determinaram o surto expansionista europeu que levou
aos grandes descobrimentos encontramos o (a):

(A) renascimento do comércio de escravos.


(B) ausência da atividade pesqueira em Portugal.
(C) Marrocos como grande produtor de ouro e prata.
(D) desestímulo papal aos empreendimentos portugueses
(E) ausência de laços históricos com o imperialismo europeu medieval.

28 Tópico 1.0 – A Expansão Marítima | Curso Preparatório Cidade


04. (EsFCEx - 2005) Sobre as questões que motivaram o empreendimento marítimo dos
portugueses, não é correto afirmar que:

(A) o papel pioneiro de Portugal na expansão ultramarina está relacionado com a


intensificação da rota marítima comercial que contornava o continente europeu pelo
estreito de Gibraltar para chegar até o Mar do Norte.
(B) o projeto econômico da Coroa lusitana de navegar em direção à Ásia contou com os
recursos financeiros da nobreza tradicional e da burguesia, ambas unidas por uma aliança
matrimonial para a consolidação precoce do Estado português.
(C) a expansão marítima dos países da Europa deriva-se do desenvolvimento do comércio
continental europeu e de um novo sistema de relações internas que integrava o Mar
Mediterrâneo ao Mar do Norte, especialmente a partir da revolução da arte de navegar.
(D) os portugueses, buscando se livrar da concorrência no continente europeu e contando
com suas vantagens geográficas empregaram seus esforços no comércio com a costa
Ocidental da África.
(E) a riqueza das repúblicas italianas e dos mouros, originada do comércio com as Índias,
levou Portugal a desenhar um plano de navegação para atingir o Oriente contornando a
África.

05. (EsFCEx - 2006) No século XV, Portugal e Espanha deram início à expansão marítima européia,
da qual resultaram grandes impérios coloniais, a exemplo do Brasil. As afirmativas abaixo dizem
respeito às várias explicações acerca do expansionismo e dos descobrimentos portugueses dos
séculos XV e XVI. Analise-as e, a seguir, assinale a alternativa correta.

I. A busca por rotas comerciais alternativas na tentativa de escapar das altas taxas cobradas
pelos turco otomanos, a partir do domínio estabelecido por eles no Mediterrâneo oriental
em 1453.
II. O desenvolvimento de instrumental tecnológico para navegação, a partir de estudos
realizados por cartógrafos, astrônomos, matemáticos e navegadores na Escola de Sagres.
III. A aliança entre portugueses, venezianos e genoveses para fortalecer o monopólio que
mantinham sobre o Mediterrâneo, visando anular os prejuízos causados pela invasão árabe
na península Ibérica ocorrida naquele período.
IV. As aspirações da burguesia mercantil que havia consolidado a sua relação com a Coroa
durante a Revolução de Avis, entre 1383 e 1385, quando as forças de Castela foram
expulsas de Portugal e Dom João I assumiu o trono.

(A) Somente a I está correta.


(B) Somente a I e a III estão corretas.
(C) Somente a I, a II e a IV estão corretas.
(D) Somente a I, a III e a IV estão corretas.
(E) Somente a II e a IV estão corretas.

Curso Preparatório Cidade | 29


Tópico 1.1 – Capitanias Hereditárias e Governos Gerais A “descoberta” teria sido intencional ou não? Isso é uma outra história...

O fato é que o Brasil não interessou muito aos portugueses no primeiro momento, logo
Comentário após a chegada de Cabral.

No início do século XVI era no Oriente - terra das caras especiarias - onde se
Caro estudante! No tópico anterior vimos o que foi a expansão marítima e comercial encontravam as maiores possibilidades de lucro. A longa e penosa viagem de Vasco da
européia bem como as causas do pioneirismo português. Gama proporcionara um lucro de aproximadamente 2000%. Dessa forma o Brasil,
entre os anos 1500 e 1530, serviria basicamente como um entreposto de passagem.
Na passagem do século XV para o XVI as nações ibéricas lideraram a corrida colonial. Metais preciosos não foram encontrados e nada, nem um atrativo comercial, justificava
Portugal, depois Espanha, uniram o mundo de forma nunca imaginada anteriormente. o difícil esforço colonizatório naquele momento. O Brasil ficou em “segundo plano”. Era
O império português abarcou áreas distantes do globo terrestre. Prova disso é que o Oriente que interessava aos portugueses naquela conjuntura. Por isso os anos iniciais
atualmente o idioma português é falado em todos os continentes. No Japão, por da história do Brasil são classificados como período Pré-Colonial (1500-1530). Não
exemplo, o século XVI é conhecido como o “Século Cristão”. Oceania, África, América e houve efetiva colonização nesse período. Basicamente a exploração de uma madeira de
Ásia foram visitadas e exploradas pelos portugueses. tinta avermelhada era o que acontecia por essas paragens.

Num primeiro momento, ao se depararem com uma nova terra, os portugueses não Somente a partir de 1530, com a instalação do sistema das Capitanias Hereditárias, é
colonizavam, antes optavam pela instalação de feitorias, bases militares e postos que os portugueses decidiram iniciar a colonização do Brasil. Novos fatos se
comerciais ao mesmo tempo. Essa estratégia foi utilizada em vários locais, inclusive no sucederam. A mudança é a única lei da História.
Brasil. Era uma forma tateante de colonização e garantia, ainda que de forma
superficial, o domínio do território recém descoberto. Portugal sempre teve problemas Quais fatos ocorreram e mudaram a postura dos portugueses diante do Brasil? Por que,
com o tamanho reduzido de sua população e a tarefa colonizatória exigia um esforço somente depois de três décadas, eles decidiram iniciar a colonização? Trataremos
muito significativo. dessas e outras questões relativas ao período nesse tópico.

Colonizar é habitar! Boa leitura!

Isso não era tarefa fácil para um país pequeno e de população reduzida diante da
vastidão das terras "descobertas".
AS CAPITANIAS HEREDITÁRIAS
Vasco da Gama foi quem atingiu e completou a rota para o Oriente contornando a
África. O Oriente era a fonte das cobiçadas e desejadas especiarias. Alguns chegaram a Portugal percebeu que não conseguiria por muito tempo manter o território que havia tomado
imaginar que ele não conseguiria voltar e já estaria morto. A viagem estava demorando posse nas terras americanas, enviando apenas expedições, pois a colônia era bastante extensa e a
demais. Contrariando expectativas Vasco da Gama voltou e trouxera consigo boas presença de navios estrangeiros no que hoje é o litoral brasileiro era muito comum. Além disso,
notícias. O projeto português, iniciado em 1415 estava finalizado. O caminho marítimo havia falta de recursos do Estado português para colonizar o Brasil e um grande interesse na
para o Oriente estava descoberto. manutenção do lucrativo comércio com o Oriente. O Reino Português vai optar pela divisão da
colônia em grandes faixas de terras que seriam doadas a nobres, fidalgos e mercadores, para que
A possibilidade de novos ganhos animara os portugueses. Imediatamente, D. Manuel, esses realizassem a colonização no Brasil. Assim a colônia foi dividida em grandes lotes de terras,
rei de Portugal em 1500, decidiu enviar uma nova expedição com destino às Índias. as Capitanias Hereditárias. Algumas capitanias e seus donatários:
Chefiada por Pedro Álvares Cabral o objetivo principal consistia em estabelecer um
entreposto comercial na “terra das especiarias”. Cabral cumprira a missão e nesse
percurso “descobriu” o Brasil.

30 Tópico 1.1 – Capitanias Hereditárias e Governos Gerais | Curso Preparatório Cidade


Figura 10: Capitanias hereditárias ao longo da costa, dividida e quatro ou cinco lotes, isentos de qualquer tributo, exceto o dízimo.
- Primeira Capitania do Maranhão: Concedia, ainda, o privilégio de fabricar e possuir engenhos d´água e moendas.
donatário João de Barros
Foral: Dizia os direitos e deveres do donatário:
- Itamaracá: Donatário Pero Lopes
Direitos: cobrar impostos, distribuir sesmarias (lotes doados a outros colonos), explorar a capitania,
- Ilhéus: Jorge de Figueiredo administrar a justiça, escravizar os índios.
Correia
Deveres: pagar o imposto ao rei de Portugal, principalmente na extração do pau-brasil, cuidar da
terra, não vender, trocar ou dividir a capitania.
- Porto Seguro: Pero de Tourinho
Como vimos pelo fato da coroa não ter condições financeiras de bancar a colonização do Brasil,
- Bahia de Todos os Santos:
entregou esta responsabilidade aos donatários. No entanto, o rei mantinha uma série de privilégios
Francisco Pereira Coutinho
sobre a exploração da terra, tais como: monopólio sobre o comércio da capitania, direito exclusivo
de cunhagem de moedas, direito de 1/5 sobre a produção de metais preciosos encontrados e 1/10
- São Vicente: Martim Afonso de
(a dízima) sobre produtos exportados.
Fonte: Luís Teixeira. Roteiro de todos os sinais..., c. 1586. Souza
Lisboa, Biblioteca da Ajuda
Contudo, o projeto das capitanias não deu muito certo, só prosperando as capitanias de
- Pernambuco: Duarte Coelho Pernambuco e São Vicente. As razões desse fracasso foram: área muito grande das capitanias, o
que dificultava o controle do território; poucos recursos dos donatários, ataques indígenas e
estrangeiros; dificuldades de comunicação com a Europa e entre as capitanias.
Os donatários receberam uma doação de Coroa, pela qual se tornavam
possuidores, mas não proprietários da terra. Isso significava, entre outras Devido principalmente à falta de recursos, muitos donatários se quer vieram tomar posse de suas
coisas, que não podiam vender ou dividir a capitania, cabendo ao rei o terras na colônia. Era preciso que o rei tomasse novas providências para viabilizar a colonização.
direito de modificá-la ou mesmo extingui-la. A posse dava aos donatários
extensos poderes tanto na esfera econômica (arrecadação de tributos)
como na esfera administrativa. A instalação de engenhos de açúcar e Os Governos Gerais
moinhos de água e o uso de depósitos de sal dependiam do pagamento de
direitos; parte dos tributos devidos à Coroa pela exploração de pau-brasil, O fracasso das Capitanias Hereditárias forçou o governo de Portugal a elaborar uma nova forma de
de metais preciosos e de derivados da pesca cabia também aos capitães- organização administrativa do Brasil. Diante das dificuldades dos donatários, a coroa portuguesa
donatários. Do ponto de vista administrativo, eles tinham o monopólio da resolveu nomear um governador-geral para a colônia, tornando-se então participante direto da
justiça, autorização para fundar vilas, doar sesmarias, alistar colonos para empresa colonial. O Governador representaria diretamente o rei e teria poderes de fiscalização
fins militares e formar militares e formar milícias sob seu comando. sobre todas as capitanias. Portanto, a criação do governo-geral não destruiu o sistema de
capitanias, mas diminuiu os poderes dos donatários.
FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo 2013. 14ª edição.
A instituição de um Governo-geral representou um esforço de
centralização administrativa, mas isso não significa que o Governo-geral
Documentos que normatizavam o sistema de Capitanias detivesse todos os poderes, nem que em seus primeiros tempos pudesse
exercer uma atividade muito abrangente. A ligação entre as capitanias era
Carta de Doação: Título de posse dado pelo Rei, e a propriedade de 10 léguas de terra
bastante precária, limitando o raio de ação dos governadores. A
correspondência dos jesuítas dá claras indicações desse isolamento.
FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo 2013. 14ª edição.

Curso Preparatório Cidade | Tópico 1.1 – Capitanias Hereditárias e Governos Gerais 31


Primeiro Governo Geral (1549-1553) Para auxiliar o governador vieram alguns funcionários reais:

Em 1549, chegou ao Brasil o primeiro governador geral, Tomé de Souza, trazendo consigo ▪ Ouvidor-mor — encarregado da Justiça.
funcionários, soldados, artesãos e padres jesuítas.
▪ Provedor-mor — encarregado dos impostos.
Figura 11: Chegada de Tomé de Sousa à Bahia, numa gravura de começo do século XIX
▪ Capitão-mor — encarregado da defesa das costas do Brasil.

▪ Alcaide-mor — responsável pela segurança.

As Câmaras Municipais

O poder local era exercido nas câmaras municipais e os vereadores eram escolhidos entre os
homens-bons, que eram os grandes proprietários de terra. As Câmaras Municipais sempre
defendiam seus interesses. O poder político estava, portanto nas mãos dos senhores de engenho.
As Câmaras Municipais eram presididas por um juiz ordinário, também escolhido pelos “homens
bons”, e acumulavam vários poderes: abastecimento de mão-de-obra escrava de acordo com as
necessidades da região, cobrança de impostos, catequese, guerras contra os índios.

(Chegada de Tomé de Sousa à Bahia, numa gravura de começo do século XIX) Embora o sistema de Governo Geral tenha sido criado para centralizar o poder político, dando aos
governadores gerais amplos poderes, eles não conseguiam, porém, impor totalmente sua
O regimento Geral era a carta que dava autoridade ao governador, suas obrigações e deveres.
autoridade aos senhores de engenho. A classe que dominava econômica, social e politicamente no
Brasil colonial era a dos grandes proprietários de terras, chamada a aristocracia rural.
As funções do Governo Geral eram:

- Exercer a justiça na colônia;

O Segundo Governo Geral (1553-1558)


- Comandar a defesa da costa brasileira;

- Dar apoio ao processo colonizador incentivando a montagem de engenhos e auxiliando O segundo governador geral do Brasil foi Duarte da Costa. O seu governo é tido como fraco, pois
o combate aos índios; ocorreu a invasão francesa na Guanabara, onde foi fundada a França Antártica, em 1555 (tentativa
de estabelecer uma colônia francesa de povoamento no Brasil, de caráter protestante).
- Zelar e fiscalizar a arrecadação dos impostos que cabiam ao rei;
Também é fundado em 25 de janeiro de 1554, o colégio São Paulo de Piratininga, por José de
- Implantar novos cargos administrativos na colônia. Anchieta, onde hoje é a cidade de São Paulo. Porém, no seu governo, os índios se organizam na
Confederação dos Tamoios. A tribo dos Tamoios (quer dizer mais antigo do lugar), organizados,
O governo-geral se estabeleceu na capitania da Bahia, onde Tomé de Souza fundou a cidade de impôs resistência ao domínio lusitano, não só no Rio de Janeiro, mas em todo o litoral sul, até São
Salvador, primeira capital da colônia. As capitanias continuaram existindo governadas pelos Vicente. Em 1575, Antônio de Salema, com uma força de 400 portugueses e de 700 índios aliados,
donatários, que ficavam agora subordinados ao governador-geral. Tomé de Souza vem com provenientes do Espírito Santo, derrota a confederação dos Tamoios, pondo fim à primeira
autorização Papal para criar no Brasil o Primeiro Bispado. O primeiro Bispo do Brasil é frei Sardinha. resistência organizada contra o domínio português.

32 Tópico 1.1 – Capitanias Hereditárias e Governos Gerais | Curso Preparatório Cidade


O Terceiro Governo Geral (1558-1572) Habsburgo, se tornando o soberano mais poderoso que o mundo já conheceu até então. Tinha o
apelido de diabo do meio-dia, pois o Sol nunca se punha em seu reinado.
Figura 12: Mem de Sá
Apesar da unificação das coroas, Filipe II tentou preservar a imagem de Portugal, não o tratando
como nação conquistada, mas como um reino independente, que tinha como rei o mesmo rei de
O Governo de Mem de Sá, terceiro
Espanha. Este tratamento foi assegurado com a assinatura do juramento de Tomar, 1581. Ele
governador geral, é de pacificação da
garantia que Portugal continuaria com suas leis e a administração continuaria nas mãos dos
colônia, segue-se a proibição de escravizar
portugueses.
indígenas. Durante seu governo, seu
sobrinho, Estácio de Sá fundou a Cidade do
O domínio espanhol trouxe várias consequências para a evolução da colônia americana de
Rio de Janeiro em 1º de março de 1565 e
Portugal:
empreendeu a guerra definitiva que levou a
expulsão dos franceses da Baía da - Foi incentivada a ocupação do interior do território.
Guanabara entre 1565 e 1567.
Retrato de Mem de Sá por Manuel Vitor Filho.
- A linha de Tordesilhas na prática deixou de existir, já que todas as terras agora pertenciam à
Espanha.

Dois Governos: Um no norte e outro no sul - A primeira visitação do tribunal do Santo Ofício ao Brasil, expulsando os cristãos-novos.

- A invasão holandesa do tribunal do Santo Ofício do Brasil em Estado do Brasil e Estado do


Com a morte de Mem de Sá, o rei nomeou D. Luís de Vasconcelos para ser o quarto governador
Maranhão.
geral da colônia. Ele foi, porém, atacado por piratas franceses e morreu antes de chegar ao Brasil.

Com o objetivo de administrar melhor o vasto território brasileiro, Portugal decidiu, então, dividir a
colônia em dois governos distintos:
Divisão da Colônia durante o governo espanhol

▪ o governo do norte, com capital em Salvador, foi dado a D. Luís de Brito.


Durante o domínio espanhol houve outra tentativa de melhorar a administração do Brasil e
▪ o governo do sul, com capital no Rio de Janeiro, foi dado a D. Antônio de Salema defender o litoral contra a invasão dos franceses. Em 1621, o território brasileiro foi outra vez
dividido, desta vez em dois grandes estados. As diversas capitanias passaram a ser administradas
A tentativa não teve êxito e, em 1578, Lourenço da Veiga unificou os dois governos, tornando-se o em dois blocos que durariam até 1774. Eram eles:
quinto governador geral.
- Estado do Maranhão (da Amazônia ao Ceará): a capital era São Luís. Transformou-se
mais tarde em Estado do Grão-Pará, com capital em Belém.

O Domínio Espanhol - Estado do Brasil (do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul): a capital em Salvador.
A partir de 1763 a capital passou a ser o Rio de Janeiro.
Em 1578, o rei português, D. Sebastião, faleceu sem deixar herdeiros. O rei de Portugal morreu
lutando na batalha de Alcácer-Quibir, Norte da África, contra os muçulmanos. Seu tio, o Cardeal D.
Henrique, assume o trono, mas já contava com sessenta e cinco anos, morrendo então dois anos
depois que assumiu o trono. Fica então vago o trono português; o nome mais próximo na linha de
sucessão ao trono é Filipe II da Espanha, que assume o trono português. Ele era da dinastia dos

Curso Preparatório Cidade | Tópico 1.1 – Capitanias Hereditárias e Governos Gerais 33


EXERCÍCIOS (E) Os choques violentos com as tribos foram inevitáveis, já que os portugueses arrendatários
escravizaram as tribos litorâneas para a exploração do pau-brasil.

01. (Puccamp) Não, é nossa terra, a terra do índio. Isso que a gente quer mostrar pro Brasil:
gostamos muito do Brasil, amamos o Brasil, valorizamos as coisas do Brasil porque o adubo do 03. (Puccamp) Em razão de as comunidades primitivas indígenas representarem, no Período
Brasil são os corpos dos nossos antepassados e todo o patrimônio ecológico que existe por aqui Colonial, apenas reservas de força de trabalho a ser aproveitada no corte e transporte do pau-
foi protegido pelos povos indígenas. Quando Cabral chegou, a gente o recebeu com brasil, entre 1500 e 1530, no Brasil:
sinceridade, com a verdade, e o pessoal achou que a gente era inocente demais e aí fomos
traídos: aquilo que era nosso, que a gente queria repartir, passou a ser objeto de ambição. Do (A) o comércio realizava-se através da troca direta ou escambo.
ponto de vista do colonizador, era tomar para dominar a terra, dominar nossa cultura, anulando (B) a maioria das atividades produtivas concentrava-se na economia informal.
a gente como civilização. (C) o extrativismo mineral acabou desenvolvendo um mercado de consumo interno.
(D) a economia baseou-se essencialmente em atividades agrícolas.
(Revista "Caros Amigos". ano 4. no. 37. Abril/2000. p. 36). (E) a expansão da pecuária impulsionou a utilização da mão-de-obra escrava africana.

A respeito do início da colonização, período abordado pelo texto, pode-se afirmar que a primeira
forma de exploração econômica exercida pelos colonizadores, e a dominação cultural e religiosa 04. (Unirio) A colonização brasileira no século XVI foi organizada sob duas formas administrativas,
difundida pelo território brasileiro são, respectivamente: Capitanias Hereditárias e Governo Geral. Assinale a afirmativa que expressa corretamente uma
característica desse período.
(A) a plantation no Nordeste e as bandeiras realizadas pelos paulistas.
(B) a extração das "drogas do sertão" e a implantação das missões. (A) As capitanias, mesmo havendo um processo de exploração econômica na maior parte
(C) o escambo de pau-brasil e a catequização empreendida pela Companhia de Jesus. delas, garantiram a presença portuguesa na América, apesar das dificuldades financeiras
(D) a mineração no Sudeste e a imposição da "língua geral" em toda a Colônia. da Coroa.
(E) o cultivo da cana-de-açúcar e a "domesticação" dos índios por meio da agricultura. (B) As capitanias representavam a transposição para as áreas coloniais das estruturas feudais
e aristocráticas européias.
(C) As capitanias, sendo empreendimentos privados, favoreceram a transferência de colonos
02. (Mackenzie) A árvore de pau-brasil era frondosa, com folhas de um verde acinzentado quase europeus, assegurando a mão-de-obra necessária à lavoura.
metálico e belas flores amarelas. Havia exemplares extraordinários, tão grossos que três (D) O Governo Geral permitiu a direção da Coroa na produção do açúcar, o que assegurou o
homens não poderiam abraçá-los. O tronco vermelho ferruginoso chegava a ter, algumas rápido povoamento do território.
vezes, 30 metros(...) (E) O Governo Geral extinguiu as Donatarias, interrompendo o fluxo de capitais privados para
a economia do açúcar.
Náufragos, Degredados e Traficantes (Eduardo Bueno).

Em 1550, segundo o pastor francês Jean de Lery, em um único depósito havia cem mil toras. 05. (Unaerp) Em 1534, o governo português concluiu que a única forma de ocupação do Brasil
Sobre esta riqueza neste período da História do Brasil podemos afirmar que: seria através da colonização. Era necessário colonizar, simultaneamente, todo o extenso
território brasileiro. Essa colonização dirigida pelo governo português se deu através da:
(A) O extrativismo foi rigidamente controlado para evitar o esgotamento da madeira.
(B) Provocou intenso povoamento e colonização, já que demandava muita mão-de-obra. (A) criação da Companhia Geral do Comércio do Estado do Brasil.
(C) Explorado com mão-de-obra indígena, através do escambo, gerou feitorias ao longo da (B) criação do sistema de governo geral e câmaras municipais.
costa; seu intenso extrativismo levou ao esgotamento da madeira. (C) criação das Capitanias Hereditárias.
(D) O litoral brasileiro não era ainda alvo de traficantes e corsários franceses e de outras (D) montagem do sistema colonial.
nacionalidades, já que a madeira não tinha valor comercial. (E) criação e distribuição das Sesmarias.

34 Tópico 1.1 – Capitanias Hereditárias e Governos Gerais | Curso Preparatório Cidade


06. (Unesp) A implantação do sistema de Governo-Geral, em 1548, não representou a extinção do 09. (G1) Entre as causas da Criação das Capitanias Hereditárias no Brasil, podemos apontar:
anterior modelo administrativo descentralizado das Donatárias. Assinale a alternativa
diretamente relacionada com o governo Tomé de Souza. (A) a necessidade de apoio do governo português aos comerciantes de pau-brasil;
(B) a necessidade de organizar a exploração do ouro;
(A) Incorporação do reino português à Coroa espanhola pela morte do Rei D. Sebastião em (C) o fracasso do governo geral;
Alcácer-Quibir. (D) o interesse de Portugal no comércio de escravos indígenas;
(B) Fundação de São Paulo de Piratininga e da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. (E) a falta de recursos do governo português que transferiu aos donatários a
(C) Criação do Bispado do Salvador, o primeiro do Brasil. responsabilidade da colonização.
(D) Assinatura do Tratado de Madrid, restabelecendo os limites naturais previstos no Tratado
de Tordesilhas de 1494.
10. (G1) Entre as realizações de Men de Sá, o terceiro governador geral do Brasil, NÃO se destaca:
(E) Os franceses expulsos desistiram de contestar a soberania lusitana no Brasil.

(A) a expulsão dos franceses do Rio de Janeiro;


07. (Uece) "A armada de Martim Afonso de Sousa, que deveria deixar Lisboa a 3 de dezembro de (B) a construção da primeira capital do Brasil, Salvador;
1531, vinha com poderes extensíssimos, se comparados aos das expedições anteriores, mas (C) o apaziguamento da Confederação dos Tamoios, através dos jesuítas;
tinha como finalidade principal desenvolver a exploração e limpeza da costa, infestada, ainda e (D) o incentivo à agricultura e à pecuária;
cada vez mais, pela atividade dos comerciantes intrusos." (E) a permanência no Brasil além do que havia sido determinado, devido ao bom
desempenho.
(HOLANDA, Sérgio Buarque de. "As Primeiras Expedições." in: HOLANDA, Sérgio Buarque de. (org) HISTÓRIA GERAL DA
CIVILIZAÇÃO BRASILEIRA. Tomo I, Volume 1. São Paulo: DIFEL, 1960. p. 93.)
11. (Mackenzie) O sistema de capitanias hereditárias, criado no Brasil em 1534, refletia a transição
Com base nesta citação, assinale a alternativa que indica corretamente os principais objetivos das do feudalismo para o capitalismo, na medida em que apresentava como característica:
primeiras expedições portuguesas às novas terras descobertas na América:
(A) a ausência do comércio internacional, aliada ao trabalho escravo e economia voltada para
(A) expulsar os contrabandistas de pau-brasil e combater os holandeses instalados em o mercado interno.
Pernambuco. (B) uma economia de subsistência, trabalho livre, convivendo com forte poder local
(B) garantir as terras brasileiras para Portugal, nos termos do Tratado de Tordesilhas, e descentralizado.
expulsar os invasores estrangeiros. (C) ao lado do trabalho servil, uma administração rigidamente centralizada.
(C) instalar núcleos de colonização estável, baseados na pequena propriedade familiar, e (D) embora com traços feudais na estrutura política e jurídica, desenvolveu uma economia
escravizar os indígenas. escravista, exportadora, muito distante do modelo de subsistência medieval.
(D) estabelecer contatos com as civilizações indígenas locais e combater os invasores (E) uma reprodução total do sistema feudal, transportada para os trópicos.
franceses na Bahia.

12. (Uece) A administração colonial portuguesa exercia seus poderes através das Câmaras
Municipais. Sobre estas instituições de poder local no Brasil colônia, podemos afirmar
08. (Uel) A centralização político-administrativa do Brasil Colônia foi concretizada com a: corretamente que:

(A) criação do Estado do Brasil. (A) tinham funções exclusivas de aplicar as determinações da Coroa, sendo compostas por
(B) instituição do Governo Geral. funcionários sem qualquer poder de decisão.
(C) transferência da capital para o Rio de Janeiro. (B) eram compostas exclusivamente pelos "homens bons", os grandes proprietários de terras,
(D) instalação do Sistema das Capitanias Hereditárias. o que garantia a estabilidade econômica e permitia ampla autonomia local.
(E) política de descaso do governo português pela atuação predatória dos bandeirantes.

Curso Preparatório Cidade | Tópico 1.1 – Capitanias Hereditárias e Governos Gerais 35


(C) as câmaras detinham poderes limitados à aplicação da justiça em casos de crimes comuns (C) desde o final do século XVI até o início do XVII, negros e indígenas coexistiam nas
e à arrecadação dos impostos locais, apesar de formada pelos "homens bons" da colônia. propriedades açucareiras realizando, por vezes, tarefas diferenciadas;
(D) tinham amplos poderes, tanto ao nível político como administrativo, e eram compostas (D) as principais atividades econômicas nesse período tinham como base o trabalho familiar e
por vereadores escolhidos em eleições diretas e universais. a mão-de-obra livre;
(E) a falência do escambo do pau-brasil redundou em utilização exclusiva do indígena na
cultura açucareira e na criação do gado, até o final do século XVI.
13. (Fgv) A exploração do pau-brasil se fazia pelo sistema de escambo. Isto significa que:

(A) a exploração era monopólio real; 16. (Fuvest) "No seu conjunto, e vista no plano mundial e internacional, a colonização dos trópicos
(B) a exploração se baseava no trabalho forçado dos indígenas; toma o aspecto de uma vasta empresa comercial, ... destinada a explorar os recursos naturais
(C) a exploração era feita pelo sistema de arrendamento; de um território virgem em proveito do comércio europeu. É este o verdadeiro sentido da
(D) a exploração era feita por contrabandistas; colonização tropical, de que o Brasil é uma das resultantes; e ele explicará os elementos
(E) a exploração implicava na troca do produto por produto. fundamentais, tanto no social como no econômico, da formação e evolução dos trópicos
americanos".

14. (Fgv) "Há exagero em dizer que a extração do ouro liquidou a economia açucareira do (Caio Prado Júnior, HISTÓRIA ECONÔMICA DO BRASIL)
Nordeste. Ela já estava em dificuldades vinte anos antes da descoberta do ouro (...). Mas não
há dúvida de que foi afetada pelos deslocamentos de população e, sobretudo, pelo aumento do Com base neste texto, podemos afirmar que o autor:
preço da mão-de-obra escrava..."
(A) indica que as estruturas econômicas não condicionam a vontade soberana dos homens.
Uma das consequências do processo descrito no texto, em termos administrativos, foi: (B) demonstra a autonomia existente entre as esferas social e econômica.
(C) propõe uma interpretação econômica sobre a colonização do Brasil, acentuando seu
(A) a transferência da capital do Vice-Reinado para São Paulo, que passou a ser o pólo sentido mercantil.
econômico mais importante da Colônia. (D) dá ao Brasil uma especificidade dentro do contexto de colonização dos trópicos.
(B) a criação das Câmaras Municipais que passaram a deter, na Colônia, os poderes de (E) confere ao sentido da colonização uma relativa autonomia em relação ao mercado
concessão para exploração do ouro em Minas Gerais. internacional.
(C) o deslocamento do eixo da vida da Colônia para o Centro-Sul, especialmente para o Rio
de Janeiro, por onde entravam escravos e suprimentos, e por onde saía o ouro das
17. (Fuvest) O tráfico de negros para o Brasil foi importante elemento de:
minas.
(D) o desaparecimento do sistema de Capitanias Hereditárias e sua substituição, na região
(A) acesso a mão-de-obra de baixa rentabilidade econômica.
Sudeste, pelas Províncias.
(B) estímulo ao comércio de índios enviados para Portugal.
(E) o desenvolvimento de um comércio paralelo de escravos nas antigas regiões produtoras
(C) lucratividade, favorecendo a acumulação de capitais na metrópole.
de açúcar, que gerou a necessidade de centralizar o poder nas mãos dos ouvidores.
(D) incentivo à produção de manufaturas para o mercado interno.
(E) predomínio da agricultura de subsistência e da policultura.
15. (Fuvest) Quanto à utilização da mão-de-obra durante o primeiro século da colonização, na
região Nordeste do Brasil, pode-se afirmar que:
18. (Fei) Leia com atenção as afirmações a seguir:

(A) o escravo africano foi utilizado, preponderantemente, desde a fase do escambo do pau-
I. A economia colonial brasileira foi baseada na diversificação de atividades voltadas para o
brasil;
mercado interno.
(B) as tribos tupis realizavam o comércio das madeiras com os franceses, ao passo que
aimorés e os nagôs plantavam gêneros alimentícios para os jesuítas e colonos;

36 Tópico 1.1 – Capitanias Hereditárias e Governos Gerais | Curso Preparatório Cidade


II. A agricultura no período colonial era pautada pelo trinômio monocultura-latifúndio- (B) a ausência da ordem política e da fé entre os povos indígenas do Brasil.
escravidão.
III. Apesar da existência de homens livres em torno do engenho, principalmente em cargos (C) o relato do comportamento e da falta de moral do índio no tocante aos seus costumes.
técnicos, a mão-de-obra essencial do cultivo da cana e do preparo do açúcar era escrava.
(D) a descrição da organização militar e ausência da autoridade indígena.
(A) Apenas II está correta.
(E) a resistência do gentio à colonização e o estranhamento do colonizador frente à cultura
(B) Apenas I está correta.
indígena.
(C) II e III estão corretas.
(D) Todas estão corretas.
(E) I e III estão corretas.
EXERCÍCIOS DE PROVA

19. (Fgv) Quais as características dominantes da economia colonial brasileira:


01. (EsFCEx - 2002) Examinando a conquista e colonização do Brasil, analise as afirmativas abaixo.
(A) propriedade latifundiária, trabalho indígena assalariado e produção monocultura;
(B) propriedades diversificadas, exportação de matérias-primas e trabalho servil; I. O português vinha buscar no Brasil a riqueza, mas a riqueza que não custasse o trabalho.
(C) monopólio comercial, latifúndio e trabalho escravo de índios e negros; II. Os portugueses instauraram no Brasil uma civilização tipicamente agrícola.
(D) pequenas vilas mercantis, monocultura de exportação e trabalho servil de mestiços; III. A superpopulação do Reino Português contribuiu para a implantação de uma civilização
(E) propriedade minifundiária, colônias agrícolas e trabalho escravo. tipicamente agrícola no Brasil.
IV. O labor agrícola sempre foi mais atraente aos portugueses do que as aventuras marítimas e
as glórias da guerra e da conquista.
20. (Pucmg) "Havia muitos destes índios pela Costa junto das Capitanias, tudo enfim estava cheio
deles quando começaram os portugueses a povoar a terra; mas porque os mesmos índios se Com base na análise, assinale alternativa correta.
levantaram contra eles e faziam-lhes muitas traições, os governadores e capitães da terra
destruíram-nos pouco a pouco e mataram muitos deles, outros fugiram para o sertão, e assim ficou (A) Somente I está correta.
a costa despovoada de gentio ao longo das Capitanias. Junto deles ficaram alguns índios destes (B) Somente II e IV estão corretas.
nas aldeias que são de paz, e amigos dos portugueses. (C) Somente III e IV estão corretas.
Á língua deste gentio toda pela costa é, uma: carece de três letras - não se acha nela F, nem L, (D) Somente I, II e III estão corretas.
nem R, cousa digna de espanto, porque assim não têm Fé, nem Lei, nem Rei; e desta maneira (E) Todas estão corretas.
vivem sem justiça e desordenadamente.

Estes índios andam nus sem cobertura alguma, assim machos como fêmeas; não cobrem parte 02. (EsFCEx - 2003) Durante o Período Colonial e mesmo durante o Império Brasileiro pode-se
nenhuma de seu corpo, e trazem descoberto quanto a natureza lhes deu. (...). Não há como digo perceber que a Igreja no Brasil:
entre eles nenhum Rei, nem justiça, somente cada aldeia tem um principal que é como capitão, ao
qual obedecem por vontade e não por força; (...) [e que] não castiga seus erros nem manda sobre (A) gozava de total autonomia.
eles cousa contra sua vontade". (B) subordinava-se exclusivamente ao papado.
(C) estava estreitamente sujeita ao poder civil.
(GANDAVO, Pero de Magalhães. Tratados da Terra do Brasil. História da província Sta. Cruz. Belo
(D) nomeava livremente os seus bispos brasileiros.
Horizonte / São Paulo: Itatiaia/Edusp., 1980, p.52-54)
(E) estava desvinculada do poder secular.
O tema central do trecho dado pode ser resumido como sendo:

(A) a violência do processo colonizador contra os índios e sua submissão aos portugueses.

Curso Preparatório Cidade | Tópico 1.1 – Capitanias Hereditárias e Governos Gerais 37


03. (EsFCEx - 2005) Analise as afirmativas abaixo sobre a colonização brasileira e, a seguir, marque O texto acima auxilia na compreensão de que, a Coroa portuguesa decidiu dividir as terras no Brasil
a alternativa correta: em Capitanias Hereditárias, principalmente com o objetivo de:

I. Antes da fundação das Capitanias, algumas feitorias foram espalhadas pela costa brasileira. (A) povoar as terras brasileiras poupando seus recursos, atraindo o interesse e os recursos de
II. A Paraíba foi conquistada durante o período de unificação das Coroas Ibéricas. particulares para os quais transferia os riscos do empreendimento.
III. Martim Soares Moreno foi o conquistador do Ceará. (B) instalar núcleos de colonização estável, baseados na propriedade familiar, abdicando a
sua soberania sobre as terras do Brasil.
(A) somente a I e a III estão corretas (C) transferir amplos poderes aos capitães, diretamente submetidos à Coroa, no tocante à
(B) somente a I e a II estão corretas. administração pública, através da descentralização política, sem a vigilância dos
(C) somente a II e a III estão corretas. funcionários reais.
(D) somente a III está correta. (D) suprimir a tradição medieval européia de conceder benefícios em troca da lealdade
(E) todas estão corretas. política e militar entre os reis e seus vassalos, à medida que instituía a Carta de Doação
com os direitos do donatário.
(E) montar feitorias ao longo da costa litorânea e o consequente monopólio do comércio de
04. (EsFCEx - 2005) Leia o texto.
pau-brasil, nesse momento contrabandeado pelos franceses.

“ O Governador correrá todas as Capitanias acompanhado do provedor-mor, e com ele e com os


respectivos capitães e oficiais da Fazenda, consultará tudo quanto importar a sua boa governação e 06. (EsFCEx - 2006) A máquina administrativa colonial portuguesa primou pelos zelos fiscais e pela
defesa, fazendo levantar cerca onde as não houver e reparar as existentes”. preservação da soberania lusitana sobre as terras brasileiras.

(Regimento de Tomé de Sousa in CASTRO, 1982) Acerca dos mecanismos de controle criados por Portugal, é correto afirmar:

O texto indica o objetivo principal da Coroa portuguesa em implantar o Governo-Geral no Brasil,


(A) as câmaras municipais representavam a única manifestação autônoma da colônia. Entre
que era:
suas atribuições estava a possibilidade de contratar serviços, nomear os capitães-mores e
distribuir sesmarias.
(A) criar instituições administrativas que evitassem o conflito entre donatários e jesuítas.
(B) o Regimento Geral estabelecia as regras fiscais na própria Colônia. O Regimento trazido
(B) criar um centro administrativo e político e promover a unidade da Colônia.
pelos primeiros capitães-donatários determinava ainda os direitos e deveres dos mesmos.
(C) empreender viagens de fiscalização aos donatários.
(D) suprimir as Capitanias Hereditárias.
(C) o objetivo principal da criação do Governo Geral, estabelecido em Salvador em 1549, era
(E) estabelecer tribunais que julgassem os crimes de má governança na Colônia.
centralizar a administraçao metropolitana na própria colônia.
(D) os “homens bons” representantes da elite colonial tinham seu poder muito mais
05. (EsFCEx - 2005) Leia o texto. determinado pela quantidade de terras que possuíam do que pela quantidade de
escravos. Os forais regulavam o tamanho destas propriedades.
TEXTO (E) tanto donatários como sesmeiros possuíam as mesmas obrigações fiscais, oportunidades
fundiárias e direitos arrecadatórios determinados pelas Cartas de Doação.
“Depois de vossa partida se praticou se seria meu serviço povoar-se toda a costa do Brasil, e
algumas pessoas me requeriam capitanias em terra dela...depois fui informado que de algumas
partes faziam fundamento de povoar a terra do dito Brasil...determinei demarcar de Pernambuco
até o Rio da Prata cinqüenta léguas de costa a cada capitania [...]”

(Carta de Martim Afonso, 1532 in LINHARES, 1990, p. 29)

38 Tópico 1.1 – Capitanias Hereditárias e Governos Gerais | Curso Preparatório Cidade


07. (EsFCEx - 2013) Tomando como ponto de partida o texto “O sentido da Colonização”, de Caio 09. (EsFCEx 2012) O Estado português moderno estabeleceu o sistema de sesmarias na América a
Prado Junior (em Formação do Brasil Contemporâneo), analise as afirmativas abaixo e marque partir do século XVI. Com base na bibliografia sobre o tema, analise as afirmativas abaixo e
a opção correta. marque a opção correta.

I. Diferentemente da Espanha, Portugal inicia, logo após os primeiros contatos com os povos I. A instituição da sesmaria procurou atender àqueles que já tinham a posse da terra na
indígenas, a efetiva colonização das terras “descobertas”. colônia.
II. Para Caio Prado Jr, a idéia de povoar as novas terras derivou da necessidade de tornar II. O Regimento dado pelo Rei D. João III ao primeiro governador geral determinou que a
produtivas as feitorias, capacitando-as a fornecer gêneros para fins mercantis. concessão de sesmarias nas margens dos rios deveria ser feita apenas a pessoas que
III. No contexto colonial, os metais, mesmo sendo os maiores atrativos para os colonizadores, possuíssem recursos para construir engenhos.
ocuparam uma posição de pouca relevância nos dois primeiros séculos coloniais. III. A concessão de sesmaria não podia ser revogada, independente do aproveitamento das
terras pelos sesmeiros.
(A) Somente I é correta.
(B) Somente II é correta. (A) Somente I é verdadeira.
(C) Somente III é correta. (B) Somente II é verdadeira.
(D) Somente I e II são corretas. (C) Somente III é verdadeira.
(E) Somente II e III são corretas. (D) Somente I e II são verdadeiras.
(E) Somente I e III são verdadeiras.

08. (EsFCEx 2013) As afirmativas abaixo tratam do sistema de capitanias hereditárias e do


estabelecimento do governo geral na América portuguesa. Analise-as e marque a opção
correta.

I. Entre as motivações para a criação do sistema administrativo de governo geral nas


possessões portuguesas da América estava o risco de perda de parte do território para os
franceses.
II. A criação do sistema de capitanias hereditárias, implantado na América portuguesa durante
a década de 1530, foi uma decisão que provocou um acelerado crescimento populacional e
produtivo na região em poucas décadas.
III. Entre as prerrogativas entregues pelo rei de Portugal aos capitães donatários,
encontravam-se a de doar terras, a de reter para si parte da renda da produção e a de
monopolizar a justiça, o que incluía o poder de condenar à morte em certos casos.

(A) Somente I é correta.


(B) Somente II é correta.
(C) Somente III é correta.
(D) Somente I e II são corretas.
(E) Somente I e III são corretas.

Curso Preparatório Cidade | Tópico 1.1 – Capitanias Hereditárias e Governos Gerais 39


Tópico 1.2 – As atividades econômicas e a expansão colonial – açúcar, O ciclo do pau-brasil
mineração, gado e comércio.
A madeira do pau-brasil era conhecida dos europeus desde a Idade Média. No Brasil era natural da
Mata Atlântica. Foi uma riqueza disputada entre franceses e portugueses e não justificou de
Comentário imediato um esforço colonizador. A descoberta do pau-brasil favoreceu um processo de
conhecimento inicial da nossa terra e aproximou Portugal dos holandeses, maiores compradores do
produto e seus aliados.
Nesse tópico analisaremos os principais “ciclos econômicos” da história brasileira
durante o período colonial. Figura 13: Derrubada do pau-brasil

A noção de ciclo deve ser relativizada, pois nos passa a falsa ideia de que um produto
deixou de ser produzido e perdeu espaço para outro. O café, por exemplo, até os anos
70 do século XX foi produto decisivo para a balança comercial brasileira.

O texto a seguir é fruto de pesquisas mais recentes e aborda aspectos importantes da


economia colonial. Novos métodos e fontes permitiram aos historiadores da economia
colonial lançarem um novo olhar, mais completo, sobre o assunto. Destaca-se nessa
abordagem a importância do mercado interno. A economia colonial não foi um mero
apêndice da economia metropolitana e possuía uma dinâmica própria. Esse
entendimento foi importante na resolução de duas questões no certame de 2011
demonstrando que a prova para ingresso no Exército do Brasil tem incorporado temas e
estudos da historiografia mais recente. Sobre o assunto leia o texto a seguir.

Boa leitura!

(Derrubada do pau-brasil em ilustração da Cosmografia Universal de André Thevet, 1575.)


AS ATIVIDADES ECONÔMICA E A EXPANSÃO COLONIAL – AÇÚCAR MINERAÇÃO, GADO
E COMÉRCIO

Os indígenas conheciam o pau-brasil pelo nome de Ibirapitanga, os portugueses já conheciam uma


Uma forma de avaliarmos economicamente a história do Brasil colonial é estudarmos os ciclos variedade do pau-brasil, existente na Índia, dela serviam para extrair uma tinta de cor vermelha,
econômicos, porém a teoria dos ciclos econômicos são numerosas e variadas, mas para o nosso muito procurada no ocidente.
estudo iremos considerar a representação e duração dos ciclos de cada atividade econômica, com
expansão e retração de suas atividades. A forma de exploração do pau-brasil foi feita por meio de escambo, ou seja, a troca de
quinquilharias vinda de Portugal pelo trabalho do índio de executar a derrubada e o transporte de
Existem ciclos grandes de 70 anos, ciclos pequenos de 6 anos ou menos, e também os que duram toras até as feitorias portuguesas. Com o tempo, a relação entre portugueses e índios se agravou
séculos. É importante você entender que esta divisão é apenas didática e aponta a principal levando os portugueses a escravizarem indígenas para o trabalho.
atividade econômica desenvolvida no período, e junto a estas atividades existiram diversas outras
tais como: algodão, o tabaco e a produção de cachaça (utilizados na troca por escravos na África)
o comércio de couro e produção de alimentos para abastecimento interno, a criação de gado e o
tráfico de escravos. Todas estas atividades foram desenvolvidas ao mesmo tempo na colônia.

40 Tópico 1.2 – As atividades econômicas e a expansão colonial – açúcar, mineração, gado e comércio. | Curso Preparatório Cidade
O ciclo do açúcar Com o tempo, o açúcar se transformou no principal responsável pela ocupação do litoral brasileiro
pelos portugueses. Em sua obra definitiva sobre o Brasil rural do período colonial Stuart B.
O solo da região Nordeste, principalmente uma pequena faixa litorânea conhecido como solo de Schwartz afirma que:
Massapê, bastante rico de origem vulcânica, a proximidade do mar e a grande quantidade de água
doce, fizeram que o litoral nordestino se transformasse no maior produtor de açúcar do mundo no A abertura do Novo mundo à colonização e exploração criou
período, e se fizesse ali a primeira grande empresa colonial, ou seja, a empresa açucareira que deu oportunidades novas e aparentemente ilimitadas para a expansão da
origem ao ciclo do açúcar. agricultura de exportação em grande escala, da qual o açúcar era o
produto mais racional e provavelmente o mais lucrativo.
Não se conhece a data em que os portugueses introduziram a cana-de-
açúcar no Brasil. Foi nas décadas de 1530 e 1540 que a produção se (Stuart B. Schwartz. Segredos Internos. Engenhos e escravos na sociedade colonial. São
estabeleceu em bases sólidas. Em sua expedição de 1532, Martin Afonso Paulo. Companhia das Letras, 1988, p. 30)
trouxe um perito na manufatura do açúcar, bem como portugueses,
italianos e flamengos com experiência na atividade açucareira da ilha da
Madeira. Plantou-se cana e construíram-se engenhos em todas as As razões da escolha do açúcar, como produto para colonizar o Brasil, foram as seguintes:
capitanias, de São Vicente a Pernambuco.
▪ Clima tropical;
FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo 2013. 14ª edição.

▪ Portugal já tinha experiência no seu cultivo, pois plantava açúcar nas ilhas de Madeira e
Os primeiros engenhos que se instalaram na região ainda no século XVI, atingindo seu apogeu no
Açores;
século XVII foram montados com empréstimos do capital holandês, na época, aliados dos
mercadores portugueses. Aos holandeses também cabia o transporte do produto para a Europa, o ▪ O açúcar era um produto de alto lucro no mercado
refino final e a distribuição do produto no mercado europeu. Você deve estar se perguntando qual
era a parte de Portugal. Bom, a coroa portuguesa lucrava com a cobrança de impostos sobre a O maior desenvolvimento da indústria açucareira ocorreu em Pernambuco e na Bahia, devido à
produção. qualidade da terra e à proximidade com a Europa. No cultivo da cana, difundiu-se no Brasil o
sistema de plantation (monocultura, latifúndio e trabalho escravo), sendo a produção orientada
Figura 14: Moagem da Cana no Engenho para a exportação.

O predomínio da lavoura agroexportadora no Brasil colonial fez surgir uma sociedade


essencialmente rural, pois a maior parte da população se fixava no campo e, assim, as cidades
ficavam em segundo plano (com exceção das regiões mineradoras).

A pecuária

A pecuária surgiu no Brasil como atividade complementar da cana, inicialmente nos engenhos e
mais tarde no interior do Nordeste, às margens do rio São Francisco. A mão-de-obra era livre
(mestiços e índios) e o gado servia para alimento, transporte, vestuário, dentre outros. Nas regiões
(imagem de Benedixto Calixto, Moagem da Cana no Engenho) em que se desenvolveram a pecuária, as diferenças sociais eram menos acentuadas do que na
sociedade açucareira, uma vez que, nessas áreas, o trabalho livre e assalariado se sobrepôs ao

Curso Preparatório Cidade | Tópico 1.2 – As atividades econômicas e a expansão colonial – açúcar, mineração, gado e comércio. 41
trabalho escravo. Os vaqueiros estavam mais próximos dos proprietários, podendo no futuro sustentáculo da sociedade colonial brasileira. O tráfico negreiro tornou-se um lucrativo comércio.
tornarem-se fazendeiros também. Eram vendidos nos mercados, dormiam nas senzalas e em troca de seu trabalho recebiam apenas
roupas e comida para a sobrevivência. Os negros reagiam à escravidão evitando a reprodução
Com o crescimento dos rebanhos, surgiram as fazendas da criação, expandindo-se para o sertão, (para que os filhos não nascessem escravos), cometendo suicídio, matando feitores, capitães-do-
possibilitando o desbravamento e ocupação do interior. No século XVIII os campos meridionais mato e senhores ou fugindo para quilombos.
foram extremamente importantes para abastecer a economia mineradora (alimentação e
transporte). A pecuária é considerada a única atividade colonial que esteve prioritariamente voltada
para o mercado interno.
Drogas do sertão

Expressão que designa espécies e produtos vegetais nativos da Amazônia, extraídos pelos
Os escravos europeus, principalmente portugueses, ao constatar que essas espécies poderiam substituir as que
haviam encontrado no Oriente. As principais atividades econômicas na região eram a coleta de
Figura 15: Imagem de Rugendas cacau, de gengibre, da canela, da pimenta, do cravo e da noz-moscada orientais, castanha do Pará
e, em menor escala, de óleo-de-copaíba, de salsaparrilha, de algodão silvestre, de anil e de
baunilha, produtos abundantes na floresta equatorial amazônica.

A importância histórica desses produtos refere-se no fato de representarem a base econômica para
a posse da Amazônia, além de constituírem, também, incentivo para o desbravamento do interior
do país em geral, sendo, portanto e para além de uma tentativa do Estado para recuperar uma
posição de controle do mercado europeu de especiarias, a intensificação da busca de drogas do
sertão pode também ser considerada como um dos vetores que influiu no movimento de
colonização ocorrido no Norte do Brasil como reação à presença de europeus em território luso-
brasileiro.

Estes produtos eram extraídos com a exploração da mão-de-obra indígena e permitiram como já foi
dito a fixação de núcleos de povoamento e catequese dos índios da região.

(imagem de Rugendas)

Outras atividades econômicas

Para montar a empresa açucareira, era necessária mão-de-obra em grande quantidade. Os índios
Outras atividades econômicas de destaque eram: o tabaco, o algodão e agricultura para o
foram os primeiros a serem escravizados, mas foram sendo lentamente substituídos pelo negro
abastecimento interno – o primeiro era produzido principalmente na Bahia e era exportado para a
africano. Os motivos dessa substituição foram: a diminuição drástica do número de indígenas no
África, sendo utilizado no escambo do comércio negreiro. Integrava o comércio entre Brasil,
litoral, a oposição da Igreja católica à escravização do índio e o fato do comércio negreiro trazer
Portugal e África.
mais lucros para a coroa. Então, preste atenção! Não cabe afirmar que os índios foram substituídos
pelos negros pelo fato de serem indolentes, preguiçosos ou inferiores. As razões são mais
O algodão predominou no Maranhão, na segunda metade do século XVIII, voltado para o
complexas.
abastecimento da nascente indústria têxtil inglesa. Era uma atividade monocultora, latifundiária e
escravista, tal qual o açúcar. Seus momentos de apogeu estiveram vinculados ao declínio da
Os africanos que vinham para o Brasil eram basicamente de duas etnias: bantos (angolanos e
concorrência norte-americana, por problemas internos (guerra de independência, no século XVIII;
moçambicanos) e os sudanenes (nigerianos, guiné, malês). O trabalho escravo foi então o
e guerra de secessão, no século XIX).

42 Tópico 1.2 – As atividades econômicas e a expansão colonial – açúcar, mineração, gado e comércio. | Curso Preparatório Cidade
A agricultura para abastecimento interno ou de subsistência era realizada junto às principais - Capitação — cobrada sobre o número de escravos que o mineiro possuísse. 17 gramas
atividades econômicas. Por exemplo, cada engenho possuía uma pequena área destinada à anuais por escravo. Caso o minerador não possuísse escravos pagava pela "própria
produção de alimentos (mandioca, milho, feijão, etc). cabeça".

Com o desenvolvimento da colonização, surgiram diversas áreas destinadas exclusivamente ao - Fintas anuais — determinavam que uma quantidade de ouro devesse ser enviada
abastecimento interno. anualmente para Portugal, em princípio foram estabelecidas 30 arrobas que chegaram a
100 arrobas.

A exploração das minas


Os diamantes
As minas brasileiras ocupavam uma vasta região compreendida entre a serra da Mantiqueira e a
região de Cuiabá, atuais estados de Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso. Eram depósitos aluviais A intervenção estatal na empresa mineradora foi levada ao extremo na extração dos diamantes. As
recentes. Este fato tornou desnecessário o emprego de grandes capitais e mão-de-obra primeiras descobertas ocorreram em 1729, na região do Arraial do Tijuco (atual Diamantina),
especializada na sua exploração. Nos locais em que os veios se aprofundavam na terra, a pertencente à comarca do Serro do Frio, sendo imediatamente declarado que todos os minerais
exploração era abandonada pela deficiência técnica, buscando-se novas áreas. encontrados pertenciam à coroa. Eram explorados pelo regime dos contratos para a mineração a
um ou mais indivíduos, neste caso associados, que podiam empregar nas lavras até 600 escravos.
Mas, como era feita a exploração? Veja, em princípio, logo após a descoberta do ouro, por volta de Foram arrematantes João Fernandes de Oliveira e Francisco Ferreira da Silva, de 1740 a 1748, e
1695 na região de Minas Gerais, milhares de pessoas seguiram para o local o que acabou Felisberto Caldeira Brant e irmãos, de 1749 a 1752, e o mesmo João Fernandes de Oliveira e seu
motivando conflitos. filho de igual nome, famoso pela companheira Chica da Silva, até o final do período.

A fim de organizar a exploração, a coroa portuguesa criou em 1702, a Intendência das Minas, Foi esta a fase de apogeu da extração de diamantes, cuja entrada no território europeu era
órgão responsável pela demarcação, distribuição de datas e cobrança de impostos. severamente regulamentada (decreto de 1753) visando à manutenção dos elevados preços. Os
batalhões dos dragões asseguravam as medidas drásticas adotadas pela Intendência dos
A distribuição das datas (lotes de terras para exploração) seguia os seguintes critérios: ao Diamantes, diretamente subordinada a Lisboa, não havia Câmaras Municipais, juízes ou tribunais,
descobridor da jazida cabiam duas datas (uma como descobridor e outra como mineiro), ao rei e tudo se subordinando à vontade do intendente, mesmo as entradas e saídas da área.
ao guarda-mor outras duas. As restantes eram distribuídas por sorteio, sendo o número de
escravos o critério para a distribuição. Apesar de tamanha severidade, existiam a mineração e o comércio ilícito de diamantes, realizado
pela figura lendária do garimpeiro, perseguido pela administração, venerado pelo povo, e tendo na
Após a distribuição, os mineradores tinham o prazo de 40 dias para começarem a exploração, sob geografia acidentada da região o seu maior aliado. A partir de 1771 a exploração dos diamantes
pena de devolução. Mesmo com a organização inicial, havia um intenso contrabando de ouro, o coube exclusivamente à coroa portuguesa, sem contratadores.
que representava um grande prejuízo para a coroa. Desta forma, o rei decidiu estabelecer as casas
de fundição, cuja finalidade era reunir todo ouro extraído, quintar o ouro, ou seja, retirar 1/5 do
ouro, parte que cabia à coroa, e transformar todo o ouro em barras numeradas que poderiam
circular na colônia. A partir do estabelecimento das Casas de Fundição, ficou proibida a circulação
do ouro em pó ou em pepitas.

O sistema de impostos que vigorou nas Minas tinha como tributos principais:

- O quinto do ouro — 20 % de toda produção pertencia ao rei.

Curso Preparatório Cidade | Tópico 1.2 – As atividades econômicas e a expansão colonial – açúcar, mineração, gado e comércio. 43
Figura 16: Mineração de diamantes Para a região mineradora são atraídos os elementos marginalizados pela crise da lavoura
açucareira e a população das regiões pobres da colônia. De Portugal, a cada ano, chegavam levas
de imigrantes. Na Metrópole sucediam-se sem interrupção às leis colocando empecilhos a
emigração com resultados pouco práticos. O português, o futuro emboaba, que antes não via
oportunidade de progredir no Brasil, agora vê um novo horizonte, longe da Metrópole decadente.

A economia açucareira era uma economia de grandes proprietários, onde nenhum homem livre
com reduzido capital poderia fazer riqueza, a economia mineira ao contrário era uma economia de
pequenos capitais, onde até ex-escravos como Chico Rei poderiam enriquecer, dando oportunidade
ao homem livre de elevar-se socialmente. Assim compreendemos como aumentou o fluxo
migratório para o Brasil.

▪ No ano de 1709, foi criada a capitania de São Paulo e Minas de Ouro, destacada do Rio
de Janeiro, suprimindo a hereditária de São Vicente;

▪ A exploração da Colônia fica bem caracterizada na cobrança do “quinto”, que nem


sempre obedeceu às mesmas normas. As Casas de Fundição: só tinha valor o ouro
fundido e marcado com o selo Real, sendo proibida a circulação de pepitas ou do ouro em
pó. Durante a fundição era deduzido o quinto da Coroa, derivando daí, a expressão
Mineração de diamantes Carlos Julião. 1770. “quintar o ouro”;

Com a mineração surgiu o tropeirismo, pois o gado necessário para a região das minas vinha do sul ▪ Surgimento de novos grupos sociais (comerciantes, médicos, etc.), formando uma
do Brasil. Surgiu o Caminho do Viamão, ligando essa cidade à Sorocaba, em São Paulo. Ao longo camada intermediária urbana;
desse caminho foram surgindo inúmeras cidades.
▪ Transferência da capital de Salvador para o Rio de Janeiro;
Com a transferência do centro econômico para o centro-sul do Brasil, houve a mudança da capital
para o Rio de Janeiro, em 1763. A mineração acabou acarretando uma acumulação de capital na ▪ Mudança do eixo econômico para o Centro-Sul;
Inglaterra, que era para onde ia a maioria das riquezas do Brasil, pois Portugal pagava as
manufaturas que comprava dos ingleses com o ouro brasileiro. Essa riqueza acabou ajudando a ▪ Interligação econômica entre as diversas regiões;
Revolução Industrial da Inglaterra.
▪ Interiorização da colonização que antes estava fixada no litoral;

▪ Desenvolvimento do Rio de Janeiro, principal porto de embarque do ouro para Portugal;


Transformações na colônia
▪ Desenvolvimento de um mercado interno.

A descoberta do ouro acarretaria profundas transformações na vida da colônia. A primeira delas


está ligada ao surto demográfico: o Brasil que possuía cerca de 300.000 habitantes, em 1700,
passará para 3.000.000 cem anos depois. Este crescimento é devido ao fato de que, além do
natural fascínio exercido pelo ouro (chance de elevação social), a atividade mineradora surge numa
época de crise econômica no Império Português.

44 Tópico 1.2 – As atividades econômicas e a expansão colonial – açúcar, mineração, gado e comércio. | Curso Preparatório Cidade
EXERCÍCIOS 03. (Fuvest) A produção de açúcar, no Brasil colonial:

(A) possibilitou o povoamento e a ocupação de todo o território nacional, enriquecendo


01. (Pucsp) Personagem atuante no Brasil colônia, foi "fruto social de uma região marginalizada, de grande parte da população.
escassos recursos materiais e de vida econômica restrita (...)", teve suas ações orientadas "ou (B) praticada por grandes, médios e pequenos lavradores, permitiu a formação de uma sólida
no sentido de tirar o máximo proveito das brechas que a economia colonial eventualmente classe média rural.
oferecia para a efetivação de lucros rápidos e passageiros em conjunturas favoráveis - como no (C) consolidou no Nordeste uma economia baseada no latifundiário monocultor e
caso da caça ao índio - ou no sentido de buscar alternativas econômicas fora do quadro da escravocrata que atendia aos interesses do sistema português.
agricultura voltada para o mercado externo (...)". (D) desde o início garantiu o enriquecimento da região Sul do país e foi a base econômica de
sua hegemonia na República.
Carlos Henrique Davidoff, 1982.
(E) não exigindo muitos braços, desencorajou a importação de escravos, liberando capitais
para atividades mais lucrativas.
O personagem e a região a que o texto se refere são, respectivamente:

(A) o jesuíta e a província Cisplatina. 04. (Fuvest) No século XVIII a produção do ouro provocou muitas transformações na colônia. Entre
(B) o tropeiro e o vale do Paraíba. elas podemos destacar:
(C) o caipira e o interior paulista.
(D) o bandeirante e a província de São Paulo. (A) a urbanização da Amazônia, o início da produção do tabaco, a introdução do trabalho livre
(E) o caiçara e o litoral baiano. com os imigrantes.
(B) a introdução do tráfico africano, a integração do índio, a desarticulação das relações com
a Inglaterra.
(C) a industrialização de São Paulo, a produção de café no Vale do Paraíba, a expansão da
02. (Unesp) O açúcar e o ouro, cada qual em sua época de predomínio, garantiram para Portugal a
criação de ovinos em Minas Gerais.
posse e a ocupação de vasto território, alimentaram sonhos e cobiças, estimularam o
(D) a preservação da população indígena, a decadência da produção algodoeira, a introdução
povoamento e o fluxo expressivo de negros escravos, subsidiaram e induziram atividades
de operários europeus.
intermediárias; foram fatores decisivos para o relativo progresso material e certa opulência
(E) o aumento da produção de alimentos, a integração de novas áreas por meio da pecuária
barroca, além de contribuírem para o razoável florescimento das artes e das letras no período
e do comércio, a mudança do eixo econômico para o Sul.
colonial. Apesar desta ação comum ou semelhante, a economia aurífera colonial avançou em
direção própria e se diferenciou das demais atividades, principalmente porque:
05. (Fgv) No período colonial, a renda das exportações do açúcar:
(A) não teve efeito multiplicador no desenvolvimento de atividades econômicas secundárias
junto às minas e nas pradarias do Rio Grande. (A) Raramente ocupou lugar de destaque na pauta das exportações, pelo menos até a
(B) interiorizou a formação de um mercado consumidor e propiciou surto urbano chegada da família real ao Brasil.
considerável. (B) Mesmo no auge da exportação do ouro, sempre ocupou o primeiro lugar, continuando a
(C) o ouro brasileiro, sendo dependente do mercado externo, não resistiu à influência ser o produto mais importante.
exercida pela prata das minas de Potosi. (C) Ocupou posição de importância mediana, ao lado do fumo, na pauta das exportações
(D) representou forte obstáculo às relações favoráveis à Metrópole e não educou o colonizado brasileiras, de acordo com os registros comerciais.
para a luta contra a opressão do colonizador. (D) Ocupou posição relevante apenas durante dois decênios, ao lado de outros produtos, tais
(E) as bandeiras não foram além dos limites territoriais estabelecidos em Tordesilhas, apesar como a borracha, o mate e alguns derivados da pecuária.
dos conflitos com os jesuítas e da ação cruel contra os indígenas do sertão sul-americano. (E) Nunca ocupou o primeiro lugar, sendo que mesmo no auge da mineração, o açúcar foi
um produto de importância apenas relativa.

Curso Preparatório Cidade | Tópico 1.2 – As atividades econômicas e a expansão colonial – açúcar, mineração, gado e comércio. 45
06. (Uel) No Brasil Colônia, a pecuária teve um papel decisivo na: 10. (Fuvest) Entre as várias formas de resistência do negro ao regime escravista no Brasil Colonial
encontramos os quilombos. Palmares, o maior exemplo de grande quilombo, possuía uma
(A) ocupação das áreas litorâneas. organização econômica que apresentava as seguintes características:
(B) expulsão do assalariado do campo.
(C) formação e exploração dos minifúndios. (A) agricultura policultora como principal atividade, organizada com base num sistema de
(D) fixação do escravo na agricultura. sesmarias semelhante ao dos engenhos, que visava o consumo local e a comercialização
(E) expansão para o interior. do excedente.
(B) agricultura monocultora, que visava a comercialização, a caça, pesca, coleta e criação de
gado para o consumo interno.
07. (Ufmg) Todas as alternativas apresentam afirmações corretas sobre a atividade pecuária no
(C) agricultura policultora realizada em pequenos roçados das famílias, e um sistema de
processo de colonização no Brasil, EXCETO:
trabalho cooperativo que produzia excedentes comercializados na região, além da
extração vegetal e da criação para a subsistência.
(A) Constituiu-se numa atividade subsidiária da grande lavoura.
(D) atividades extrativas, pecuária bovina e caprina para atender o consumo local, e
(B) Criou núcleos urbanos destinados ao comércio do couro.
fabricação de farinha, aguardente e azeite para a comercialização.
(C) Destinou grande parte da produção de charque para o mercado externo.
(E) criação de animais, caça, pesca e coleta para a subsistência, e agricultura monocultora
(D) Foi um dos elementos importantes na interiorização da colonização.
que concorria com a produção dos engenhos.
(E) Produziu a figura do vaqueiro, um trabalhador livre geralmente pago em espécie.

08. (Unesp) O tráfico de negros escravos para o Brasil Colônia representou: 11. (Fuvest) Podemos afirmar sobre o período da mineração no Brasil que:

(A) certa lucratividade para a Metrópole portuguesa, favorecendo a acumulação de capitais. (A) atraídos pelo ouro, vieram para o Brasil aventureiros de toda espécie, que inviabilizaram a
(B) prejuízos à Metrópole lusitana pela não adaptação do negro ao trabalho agrícola. mineração.
(C) a possibilidade da exportação de índios para a Europa na condição de escravos (B) a exploração das minas de ouro só trouxe benefícios para Portugal.
domésticos. (C) a mineração deu origem a uma classe média urbana que teve papel decisivo na
(D) incentivo ao crescimento do mercado interno e à criação de um parque manufatureiro. independência do Brasil.
(E) maior estímulo à agricultura de subsistência em prejuízo dos produtos agrícolas (D) o ouro beneficiou apenas a Inglaterra, que financiou sua exploração.
exportáveis. (E) a mineração contribuiu para interligar as várias regiões do Brasil, e foi fator de
diferenciação da sociedade.
09. (Mackenzie) Constituíram importantes fatores para o sucesso da lavoura canavieira no início da
colonização do Brasil: 12. (Fuvest) No processo histórico de Portugal o Tratado de Methuen consolidou a:

(A) o domínio espanhol, que possibilitou o crescimento do mercado consumidor interno. (A) subordinação econômica de Portugal à Inglaterra.
(B) o predomínio da mão-de-obra livre com técnicas avançadas. (B) prosperidade da indústria nacional portuguesa.
(C) o financiamento, transporte e refinação nas mãos da Holanda e a produção a cargo de (C) liberdade de comércio entre as colônias portuguesas e inglesas.
Portugal. (D) posse das terras situadas além do meridiano de Tordesilhas.
(D) a expulsão dos holandeses que trouxe a imediata recuperação dos mercados e ascensão (E) supremacia da França como principal parceira comercial de Portugal.
econômica dos senhores de engenho.
(E) a estrutura fundiária, baseada na pequena propriedade voltada para o consumo interno.

46 Tópico 1.2 – As atividades econômicas e a expansão colonial – açúcar, mineração, gado e comércio. | Curso Preparatório Cidade
13. (Cesgranrio) Apesar do predomínio da agromanufatura açucareira na economia colonial (C) extração de pau-brasil e escambo;
brasileira, a pecuária e a extração das "drogas do sertão" foram fundamentais. A esse respeito, (D) mineração e pau-brasil;
podemos afirmar que: (E) pecuária e escambo.

(A) ocorreu uma grande absorção da mão-de-obra escrava negra, particularmente na


17. (G1) Sobre a descoberta do ouro nas Minas Gerais, podemos afirmar EXCETO:
pecuária.
(B) a presença do indígena na extração das "drogas do sertão" foi essencial pelo
(A) ainda no século XVI, foram feitas as primeiras descobertas de ouro no Brasil;
conhecimento da geografia da região nordeste.
(B) foi estabelecido o Regimento das Minas para controlar a exploração do ouro;
(C) por serem atividades complementares, a força de trabalho não se dedicava integralmente
(C) o ouro atraiu vários tipos de pessoas e de todos os lugares para a região, favorecendo o
a elas.
surgimento de cidades;
(D) ambas foram responsáveis pelo processo de interiorização do Brasil colonial.
(D) entre os impostos sobre o ouro, o Quinto era a entrega de 20% do ouro encontrado à
(E) possibilitaram o surgimento de um mercado interno que se contrapunha às flutuações do
Coroa;
comércio internacional.
(E) o comércio não se desenvolveu com a mineração.

14. (Mackenzie) Duas atividades econômicas destacaram-se durante o período colonial brasileiro: a
18. (Uece) Sobre a estrutura social e econômica dos engenhos coloniais no Brasil, marque a opção
açucareira e a mineração. Com relação a essas atividades econômicas, é correto afirmar que:
certa:

(A) na atividade açucareira, prevalecia o latifúndio e a ruralização, a mineração favorecia a


(A) a escravidão era a forma de trabalho predominante, fazendo com que não houvesse
urbanização e a expansão do mercado interno.
qualquer divisão técnica do trabalho.
(B) o trabalho escravo era predominante na atividade açucareira e o assalariado na
(B) na agro-manufatura do açúcar, os escravos trabalhavam nas plantações de cana-de-
mineradora.
açúcar enquanto os homens livres se ocupavam do trabalho nos engenhos.
(C) o ouro do Brasil foi para a Holanda e os lucros do açúcar serviram para a acumulação de
(C) os engenhos mantinham uma divisão do trabalho muito desenvolvida, com escravos
capitais ingleses.
realizando tarefas simples e homens livres realizando atividades que exigiam maior
(D) geraram movimentos nativistas como a Guerra dos Emboabas e a Revolução Farroupilha.
conhecimento técnico.
(E) favoreceram o abastecimento de gêneros de primeira necessidade para os colonos e o
(D) apesar de uma certa divisão do trabalho ser estabelecida nos engenhos, geralmente os
desenvolvimento de uma economia independente da Metrópole.
homens livres se ocupavam das tarefas menos importantes e mais simples, em que se
exigia somente a força física.
15. (G1) A expressão "engenho" no Brasil colonial, designava:

19. (Mackenzie) A função histórica das colônias era completar a economia das metrópoles; no caso
(A) as áreas de lavoura de algodão para exportação;
brasileiro, a atividade econômica que iniciou este papel histórico foi:
(B) locais onde se armazenavam produtos para exportação;
(C) companhias de comércio de açúcar;
(A) a criação de gado, facilitando a penetração e povoamento do sertão.
(D) grandes propriedades rurais onde se produzia açúcar;
(B) a cana-de-açúcar, produto em expansão no mercado europeu, que permitiu a ocupação
(E) local onde era moída a cana-de-açúcar.
efetiva da colônia.
(C) a exploração do ouro, fato que consolidou o modelo metalista de mercantilismo
16. (G1) São atividades que auxiliavam a lavoura açucareira: português.
(D) a exploração de drogas do sertão, utilizando trabalho indígena através de missões
(A) tabaco e pecuária; jesuíticas.
(B) extrativismo e mineração; (E) a produção de gêneros de primeira necessidade voltados para o mercado interno.

Curso Preparatório Cidade | Tópico 1.2 – As atividades econômicas e a expansão colonial – açúcar, mineração, gado e comércio. 47
20. (Uece) A corrida do ouro em Minas Gerais no final do século XVII trouxe uma riqueza muito (C) alterou as bases políticas da Metrópole com a participação de ricos mineradores no
grande para a Coroa portuguesa mas também exigiu muitos esforços no sentido de fiscalizar a Conselho Ultramarino, para evitar o contrabando aurífero.
produção e punir o contrabando. Assinale a expressão correta a respeito das medidas fiscais (D) reduziu a importação de escravos para o Brasil, pois a mão-de-obra liberada pela região
empreendidas por Portugal na área das minas: açucareira foi suficiente para atender as necessidades da região mineradora.
(E) provocou a decadência da agricultura e a conseqüente queda do poder político dos
(A) apesar dos protestos dos fidalgos encarregados da arrecadação, a Coroa portuguesa senhores de engenho no âmbito regional.
evitava pressionar os produtores através das derramas, limitando-se a aumentar os
impostos.
(B) sem conseguir se impor aos proprietários das minas, a administração colonial passou a
permitir a livre comercialização do ouro, arrecadando impostos nos portos e nas estradas.
(C) a administração colonial instalou as casas de fundição para regulamentar a produção do
ouro e arrecadar mais impostos, obtendo total apoio dos proprietários das minas.
(D) ao aumentar a carga fiscal e as casas de fundição, a Coroa logrou aumentar a
arrecadação de impostos, mas provocou a revolta dos proprietários das minas.

EXERCÍCIOS DE PROVA

01. (EsFCEx - 2002) A cultura da cana-de-açúcar no Brasil Colonial se caracterizou por:

(A) não ter contribuído para formação de uma estrutura agrária caracteristicamente
latifundiária no Brasil.
(B) desenvolver características jamais usadas, todas desenvolvidas em nosso País.
(C) falta total de adaptação dos portugueses ao Brasil, que não souberam se adaptar a novos
costumes.
(D) demonstrar que historicamente o índio não contribuiu com técnicas agrícolas para com os
portugueses.
(E) aplicar em larga escala um processo já instituído, inclusive com utilização dos negros da
Guiné.

02. (EsFCEx - 2005) Sobre o impacto da mineração no conjunto da economia colonial, pode-se
dizer que:

(A) a faixa de ocupação litorânea do território brasileiro recebeu grande fluxo de artesãos
especialistas na arte de fundir metais preciosos, o que promoveu expressiva dinamização
na economia da região.
(B) a economia do ouro conseguiu atrair para si a pecuária sulina, através de São Paulo, e a
nordestina, através do rio São Francisco, integrando povoamentos e mercados.

48 Tópico 1.2 – As atividades econômicas e a expansão colonial – açúcar, mineração, gado e comércio. | Curso Preparatório Cidade
Tópico 1.3 – Os Povos Indígenas e a Ação Jesuítica. resistência oposto aos portugueses. Por exemplo, os aimorés que se
destacaram pela eficiência militar e pela rebeldia, foram sempre
apresentados de forma desfavorável. Segundo as descrições, os índios
Comentário viviam em geral em casas, como homens; os aimorés, como animais na
floresta. Os tupinambás comiam os inimigos por vingança; os aimorés,
Caro estudantes, avancemos um pouco mais! Nesse tópico estudaremos a ação porque apreciavam a carne humana. Quando a Coroa publicou a primeira
jesuítica no Brasil. Eles foram fundamentais no processo colonizador em terras lei proibindo a escravização dos índios (1570), só os aimorés foram
brasileiras. Nem sempre o processo de conversão indígena mostrou-se uma tarefa especificamente excluídos da proibição.
simples. Acusados de criarem um "estado dentro do estado" foram expulsos do Brasil
no ano de 1759 por Marquês de Pombal. Sobre o assunto leia o texto a seguir. Há também uma falta de dados que não decorre nem da incompreensão
nem do preconceito, mas da dificuldade da sua obtenção. Por exemplo,
Bons estudos!
não se sabe quantos índios existiam no território abrangido pelo que é
hoje o Brasil e o Paraguai quando os portugueses chegaram ao Novo
Mundo, oscilando os cálculos em números tão variados como 2 milhóes
OS POVOS INDÍGENAS E AÇÃO JESUÍTICA. para todo o território e cerca de 5 milhões só para a Amazônia brasileira.

(Boris Fausto. História Concisa do Brasil. EdUsP. 2001. Página 15)


Falar dos índios que habitavam as terras brasileiras não é tarefa muito simples. O primeiro
Figura 17: Ritual Antropogáfico
problema enfrentado ocorre pela falta de dados precisos sobre essas populações. Outra dificuldade
reside no fato que o pouco que se sabe sobre os índios foi escrito pelos europeus. Os indígenas
não possuíam linguagem escrita e não puderam registrar sua própria visão da história. A tradição
oral se perdeu junto com essas populações.

Quantos eram? Como era a vida espiritual desses povos? Como foi o encontro entre índios e
europeus e como comparar essas duas formas de vida tão distintas? Eram realmente “preguiçosos”
e “traiçoeiros”?

Como os europeus encaravam e enxergavam práticas tão distintas daquelas que conheciam? Por
que andavam pelados? Será que conheceram o pecado original da cristandade? Como entender a
prática da antropofagia?

De acordo com Boris Fausto:

É difícil analisar a sociedade e os costumes indígenas porque se lida com


povos com uma cultura muito diferente da nossa, sobre a qual existiram e
ainda existem fortes preconceitos. Isto se reflete em maior ou menor grau
nos relatos escritos por cronistas, viajantes e padres, especialmente
jesuítas.

(Ritual Antropogáfico por Hans Staden. Século XVI)


Existe nesses relatos uma diferenciação entre índios com qualidades
positivas e negativas, de acordo com o maior ou menor grau de

Curso Preparatório Cidade | Tópico 1.3 – Os Povos Indígenas e a Ação Jesuítica. 49


Num primeiro momento, o contato entre índios e portugueses foi pacífico. A prática do escambo Figura 18: Imagem de hans staden
utilizada na exploração do pau-brasil tornava desnecessária a escravização do indígena. O corte
dessa madeira de tinta avermelhada ajustava-se perfeitamente ao cotidiano do indígena nativo. No
entanto, a implementação da empresa agrícola açucareira modificou tal situação: era necessário
fixar o homem à terra, diferente do que acontecera antes. Passaram do escambo à escravidão.
Dessa forma a agricultura comercial destinada à exportação incentivou a produção de açúcar em
grande escala e, como consequência, a escravidão no Brasil colonial.

Apesar de inicialmente pacífico, o contato entre e europeus e índios representou uma verdadeira
catástrofe demográfica para as populações ameríndias. A ausência de anticorpos para doenças
trazidas pelos europeus como a gripe e a varíola fez que epidemias dizimassem milhares de
homens, mulheres e crianças. Segundo Stuart B. Scwhuartz:

Já em 1559 relatava-se a existência de uma peste que assolava a costa


brasileira. A doença, provavelmente varíola (bexigas), alastrou-se em
direção ao norte.

Em 1559 ou 1560, matou mais de seiscentos escravos indígenas no


Espírito Santo em tão pouco tempo que precisavam ser enterrados
escravos dois corpos em cada cova. Não se tem ideia do número de
mortos entre os nativos livres. Em 1561, os efeitos da mortalidade
crescente faziam-se sentir no Recôncavo. O padre Leonardo do Vale
relatou que era chamado diariamente para tratar de escravos doentes, às
vezes em dois ou três lugares diferentes simultaneamente. A epidemia
atingiu o auge em 1562. Milhares pereceram. As estimativas são de 30 mil
mortos entre os índios sob o jugo português, sem mencionar as
incontáveis vítimas no sertão, onde a doença se alastrou à medida que os
nativos fugiram das condições mortíferas do litoral.

(Stuart B. Schwartz. Segredos Internos: Engenhos e escravos na sociedade colonial. Companhia das Letras. 1988. Pg.52)

Diante da necessidade de fixar o indígena à terra, a vulnerabilidade biológica do gentio representou


(imagem de hans staden)
um grande problema para os senhores de escravos. Este fator foi um dos responsáveis pela
substituição do “negro da terra” pelo africano na realização do trabalho compulsório. A expectativa
de vida de um gentio fazia dele um investimento arriscado e ajuda a explicar por que o preço dos
escravos índios era muito menor do que dos escravos vindos da África. Uma forma de resistência indígena à escravidão foi a interiorização, ou seja, as populações
ameríndias buscaram cada vez mais se distanciar da costa em busca de sobrevivência e liberdade.

Na maioria das sociedades indígenas encontradas, a atividade agrícola era uma função
essencialmente feminina. Aos homens cabiam outras tarefas como caça, pesca e fazer guerra. Isso
representou dificuldade muitos vezes insuperável na escravização de índios nas propriedades

50 Tópico 1.3 – Os Povos Indígenas e a Ação Jesuítica. | Curso Preparatório Cidade


agrícolas. A noção de trabalho compulsório era totalmente desconhecida para essas populações. complicada sem o auxílio efetivo da Igreja Católica. Participar da colonização na América foi uma
Um famoso diálogo entre um índio e um branco mostra o espanto das populações ameríndias das respostas da Igreja Católica frente ao avanço Protestante.
diante do esforço empreendido pelo homem branco.
Figura 19: Nobrega e Anchieta
Frente às dificuldades enfrentadas na escravização do indígena, o comércio de homens vindos da
África apresentou-se como alternativa. O tráfico negreiro representou outra possibilidade de lucros
no empreendimento colonial. Mais uma oportunidade de lucros dentro do empreendimento colonial.
Um escravo africano chegava a custar cinco vezes mais caro que um escravo indígena. De acordo
com Stuart B. Schwartz:

Muitos negros provinham da África ocidental, de culturas em que os


trabalhos com ferro, gado e outras atividades úteis para a lavoura
açucareira eram praticados. Esses conhecimentos e a familiaridade com a
agricultura a longo prazo tornava-os mais valiosos para os portugueses na
escravidão específica da indústria do açúcar. Os africanos sem dúvida não
eram mais “predispostos” ao cativeiro do que índios, portugueses,
ingleses ou qualquer outro povo arrancado de sua terra natal e submetido
à vontade alheia, mas as semelhanças de sua herança cultural com as
tradições europeias valorizavam-nos aos olhos dos europeus.

A suscetibilidade dos índios de todas as idades às doenças europeias


aumentava o risco do investimento de tempo e capital para treiná-los em
trabalhos artesanais ou de fiscalização. Naturalmente também os
africanos sofriam nas condições ambientais do Brasil, mas as taxas mais
elevadas de mortalidade entre os negros eram sempre encontradas entre
(Nobrega e Anchieta por Benedicto Calixto. Século XIX)
os recém-chegados (boçais) e as crianças. Assim, tão logo um escravo se
ambientava e ultrapassava a idade infantil, tinha grandes chances de
sobrevivência e, portanto, de ser um investimento seguro. A catequização de povos indígenas foi uma forte justificativa para colonização. Durante muito
tempo, a religião católica foi religião oficial no Brasil. Até 1889, ano da Proclamação da República
(Stuart B. Schwartz. Segredos internos. 1988. Cia das Letras. Engenhos e escravos na sociedade colonial. Pág 70) no Brasil, Estado e Igreja ainda estavam ligados. A laicização do Estado Brasileiro é relativamente
recente. Este fato demonstra a importância da Igreja Católica na história brasileira.
Podemos afirmar então que aspectos biológicos, culturais, geográficos e até mesmo religiosos
determinaram que o índio fosse preterido em detrimento do negro africano. Esse último aspecto diz A companhia de Jesus foi fundada no ano 1534 por Inácio de Loyola, líder de um grupo de
respeito ao fato da Igreja Católica considerar o negro africano um ser desprovido de alma. Opinião universitários. Os membros da Companhia de Jesus (jesuítas) tiveram papel fundamental a partir
diferente daquela relativa ao indígena brasileiro visto como um “povo criança” do Concílio de Trento (século XVI - Contra-reforma) no sentido de combater as ideias protestantes
e difundir a fé católica. Com esta missão, os jesuítas se incorporaram ao projeto colonizador,
garantindo a unidade religiosa e cultural na colônia através da evangelização e da educação.
A Ação Jesuítica
Os jesuítas foram a principal ordem religiosa atuante no Brasil. Foram decisivos. Cultos e
O apoio da Igreja Católica e a ação jesuítica em território brasileiro foram determinantes para que inteligentes couberam-lhes o papel de evangelizar os índios, vistos por eles como um “povo
o projeto colonizador fosse concretizado. De fato a colonização das terras brasileiras teria sido mais criança” ou uma “página em branco” pronta para ser preenchida pelos valores cristãos. Podemos

Curso Preparatório Cidade | Tópico 1.3 – Os Povos Indígenas e a Ação Jesuítica. 51


imaginar que o contato gerou um choque cultural tremendo. Os jesuítas eram jovens e CARTA JESUÍTICA
entusiasmados com a nova ordem religiosa recém-fundada. Quase não podiam acreditar no que
seus próprios olhos viam: colonos piores que os próprios índios, escândalos, filhos ilegítimos e todo A informação que vos posso dar destas partes do Brasil, padres e irmãos caríssimos, é que tem
tipo de comportamento ao sul do Equador. esta terra léguas de costa, toda povoada de gente que anda nua, assim mulheres como homens,
tirando algumas partes, muito longe de onde estou, nas quais as mulheres andam vestidas com
Figura 20: Redução Jesuítica traje de ciganas, com panos de algodão, por ser a terra mais fria que esta, a qual, aqui, é muito
temperada. De tal maneira que o inverno não é frio nem quente, e o verão, ainda que seja mais
quente, bem se pode sofrer; porém é terra muito úmida, pelas muitas águas que chovem todo o
tempo mui a miúdo. Pelo que os arvoredos e as ervas estão sempre verdes, e por isso é a terra
mui fresca. Em algumas partes é mui áspera pelos montes e matos, que sempre estão verdes.

Há nela diversas frutas de que comem os da terra, ainda que não sejam tão boas como as daí, as
quais creio que se dariam aqui, se se plantassem. Porque vejo dar-se parreiras, uvas até duas
vezes por ano, porém são poucas, por causa das formigas que fazem muito dano nisto como em
outras coisas. Cidras, laranjas, limões dão-se em muita abundância, e figos também, tão bons
como os daí.

O principal mantimento da terra é uma raiz de pau, a que chamam mandioca, da qual fazem uma
farinha de que comemos todos. E dá também milho, o qual misturado com a farinha faz um pão
que escusa o de trigo. Há muito pescado e também muito marisco, de que se mantêm os da terra,
e muita caça de mato, e gansos que criam os índios. Bois, vacas, ovelhas, cabras e galinhas
também dão na terra e há deles muita cópia.

Os gentios são de diversas castas, uns se chamam goianases outros carijós. É este o melhor gentio
(Redução Jesuítica por Zacarias Wagner. Século XVII)
que há nesta costa, aos quais foram, há não muitos anos, dois frades castelhanos ensinar-lhes, e
tão bem tomaram a doutrina que tinham já casas de recolhimento para mulheres, como freiras, e
Possuíam métodos próprios e, muitas vezes, objetivos distintos daqueles da coroa portuguesa. Em
outras de homens, como frades. E isso durou muito tempo, até que o demônio levou lá uma nau
alguns momentos, chocaram-se com o estado e colonos. No Brasil foi comum a criação de
de salteadores, e cativaram muitos deles. Trabalhamos por resgatar os cativos, e já temos alguns
aldeamentos ou reduções jesuíticas onde os nativos eram aculturados.
para os levar à sua terra, com os quais irá um padre dos nossos.
Diante da vastidão das novas terras descobertas mundo afora, os jesuítas tiveram que atuar em
Há outra casta de gentios que se chamam guaimures e é gente que habita pelos matos adentro.
vários continentes. Congo, Índia, Brasil e Japão são exemplos de locais onde os jesuítas deixaram
Não têm nenhuma comunicação com os cristãos, pelo que se espantam quando nos vêem, e dizem
suas marcas. Frente às dificuldades inerentes à missão catequizadora a comunicação era algo de
que somos seus irmãos porque trazemos barba como eles.
grande utilidade extremamente necessária. Interessava aos jesuítas saberem o que seus irmãos
realizavam em outros lugares. A utilização de cartas foi a solução encontrada. Em pleno século XVI
A qual não trazem todos os outros, antes rapam até as pestanas, e fazem buracos nos beiços e nas
conseguiram desenvolver um eficiente sistema de comunicações centralizado em Roma nas mãos
ventas, e põem neles uns ossos, que parecem demônios; e assim alguns, principalmente os
de Inácio Loyola. Ao chegarem em Roma as cartas eram reescritas e enviadas para outros lugares
feiticeiros, trazem o rosto cheio deles. Esses gentios são como gigantes. Trazem um arco mui forte
onde eram lidas de forma entusiasmada para o maior número possível de pessoas. Entre 1524 e
na mão, e na outra um pau muito grosso com que pelejam com seus contrários, e facilmente os
1556, Santo Inácio redigiu nada menos do que 6.815 cartas. A linguagem utilizada nessas cartas
despedaçam e fogem para os matos, e são muito temidos entre todos os outros.
era bastante direta, familiar e coloquial. Bem diferente das epístolas medievais.

52 Tópico 1.3 – Os Povos Indígenas e a Ação Jesuítica. | Curso Preparatório Cidade


Aqueles com quem temos comunicação até agora são de duas castas: uns se chamam tupiniquins vingariam, e outras coisas semelhantes. E, morto, corram-lhe logo o dedo polegar, porque com ele
e os outros tupinambás. Estes têm casas de palmas mui grandes, e tais que nelas habitariam atirava suas flechas, e o demais fazem em pedaços, para comê-lo assado ou cozido.
cinqüenta Índios casados, com suas mulheres e filhos. Dormem todos em redes de algodão, junto
do fogo, que durante toda a noite têm aceso, assim pelo frio, porque andam nus, como também Quando morre algum dos seus, põem sobre a sepultura pratos cheios de viandas, e uma rede em
pelos demônios que dizem fugir do fogo, e por esta causa trazem tições à noite, quando saem. que eles dormem, mui bem lavada. Isso porque crêem, segundo dizem, que depois que morrem
Esta gentilidade a nenhuma coisa adora, nem conhece a Deus, somente aos trovões chamam tupã, tornam a comer e descansar sobre a sepultura. Deitam-nos em covas redondas, e, se são
que é como quem diz coisa divina. E assim nós não temos outro vocábulo mais conveniente para principais, fazem-lhes uma choça de palma. Não têm conhecimento de glória nem de inferno,
trazê-los ao conhecimento de Deus que chamá- Lo pai tupã. Somente entre eles se fazem umas somente dizem que depois de morrer vão descansar num bom lugar, e em muitas coisas guardam
cerimônias da maneira seguinte: de certos em certos anos vêm uns feiticeiros de longes terras a lei da natureza.
fingindo trazer santidade, e ao tempo de sua vinda lhes mandam limpar os caminhos, e os vão
receber com danças e festas segundo seu costume. E antes que o feiticeiro chegue ao lugar, Nenhuma coisa própria têm que não seja comum, o que um tem reparte com os outros,
andam as mulheres de duas em duas pelas casas dizendo publicamente as faltas que fizeram a principalmente se são coisas de comer, das quais nada guardam para o outro dia, nem curam de
seus maridos, e umas às outras, e pedido o perdão delas. entesourar riquezas. Às suas filhas não dão nada em casamento, antes os genros ficam obrigados a
servir a seus sogros. A qualquer cristão que entre em suas casas, dão-lhe de comer do que têm e
Em chegando o feiticeiro, com muita festa, ao lugar, entra em uma casa escura e põe na parte uma rede lavada em que durma.
mais conveniente para seus enganos uma cabaça que traz em figura humana, e mudando sua
própria voz, como a de criança, junto da cabaça, diz-lhes que não cuidem de trabalhar, nem vão à São castas as mulheres aos seus maridos. Têm memória do dilúvio, porém falsamente, porque
roça, que o mantimento por si próprio crescerá, e que nunca lhes faltará o que comer, e que por si dizem que, cobrindo-se a terra de água, uma mulher e seu marido subiram em um pinho e, depois
virá a casa, e que as aguilhadas se irão a cavar, e as flechas se irão ao mato caçar para seu de minguadas as águas, desceram, e deles procederam todos os homens e mulheres. Têm muito
senhor, e que hão de matar muitos de seus contrários, e cativarão muitos para seus comeres; e poucos vocábulos para lhes podermos bem declarar a nossa fé, mas contudo damos a entender o
promete-lhes longa vida, e que as velhas se hão de tornar moças, e as filhas que as dêem a quem melhor que podemos, e algumas coisas lhes declaramos por rodeios. São mui apegados às coisas
quiserem, e outras coisas semelhantes lhes diz e promete, com o que lhes engana; de maneira que sensuais, muitas vezes me perguntam se Deus tem cabeça, e corpo, e mulher, e se come, e de que
crêem haver dentro da cabaça alguma coisa santa e divina, que lhes diz essas coisas, nas quais se veste, e outras coisas semelhantes.
crêem. E, acabando de falar o feiticeiro, começam a tremer, principalmente as mulheres, com
Dizem eles que São Tomé, a quem chamam Zome, passou por aqui, isso lhes vem do dito por seus
grandes tremores pelo corpo, que parecem endemoniadas, como decerto o são, lançando-se à
antepassados, e que pegadas dele estão assinaladas à beira de um rio, as quais eu fui ver por ter
terra, espumando pela boca, e nisto lhes persuade o feiticeiro de que então lhes entra a santidade,
mais certeza da verdade, e vi com meus próprios olhos quatro pegadas, com seus dedos, mui
e quem assim não age, tomam-lhe mal. E depois lhe oferecem muitas coisas.
assinaladas, as quais algumas vezes o rio cobre quando enche. Dizem também que quando deixou
E nas enfermidades dos gentios usam também esses feiticeiros de muitos enganos e feitiçarias. essas pegadas, ia fugindo dos índios que lhe queriam flechar, e chegando ali, abriu-se-Ihe o rio, e
Esses são os maiores inimigos que temos aqui: algumas vezes fazem crer aos enfermos que nós passou pelo meio dele até a outra margem, sem se molhar, e dali foi para a Índia. Assim mesmo
lhes metemos no corpo facas, tesouras e coisas semelhantes, e que com isso os matamos. E em contam que quando lhe queriam flechar os índios, as flechas se tornavam para eles, e os matos lhe
suas guerras os gentios aconselham-se com eles, além de agouros que obtêm de certas aves. abriam caminho por onde passasse. Outros contam isso como por escárnio. Dizem também que
lhes prometeu que havia de tornar outra vez a vê-Ias. Ele os veja do céu, e interceda por eles
Quando cativam algum, trazem-no com muita festa, com uma soga ao pescoço, e dão-lhe por junto a Deus, para que sejam trazidos ao seu conhecimento, e recebam a santa Fé, como
mulher a filha do principal, ou qualquer outra que mais lhe contente, e põem-no a cevar como esperamos.
porco, até que o hão de matar; para o que se ajuntam todos os da aldeia para ver a festa. E um
dia antes que o matem, lavam-no todo, e no dia seguinte tiram-no para um terreiro, atado pela Isto é o que brevemente, caríssimos irmãos, vos posso informar desta terra. Quando vier a ter
cintura com uma corda, e vem um deles mui bem ataviado, e lhe faz uma prática sobre seus mais conhecimento de outras coisas que há nela, não deixarei mui particularmente de disso dar-
antepassados; e, acabada, o que está para morrer lhe responde dizendo que é dos valentes não lhes notícia.
temer a morte, e que ele mesmo matara muitos dos seus, e que aqui ficavam seus parentes, que o
(Padre Manuel da Nóbrega)

Curso Preparatório Cidade | Tópico 1.3 – Os Povos Indígenas e a Ação Jesuítica. 53


Acusados de criar um estado dentro do estado foram expulsos do Brasil no ano de 1759 por Na questão adiante julgue os itens numerados de I a V e assinale a alternativa correta utilizando a
Marquês de Pombal. chave de respostas a seguir:

De acordo com esse os jesuítas eram "(...) com tantos, tão abomináveis, tão inveterados e (A) Apenas as afirmativas II e III são corretas.
tão incorrigíveis vícios (…) rebeldes, traidores, adversários e agressores, contra a paz (B) Apenas as afirmativas I, II e V são corretas.
pública dos meus reinos e domínios". Classifica-os também como "desnaturalizados, proscritos (C) Apenas as afirmativas I, IV e V são corretas.
e exterminados". (D) Apenas as afirmativas II, III, IV e V são corretas.
(E) Todas as afirmativas são corretas.
De fato Pombal não gostava dos Jesuítas e chegou a acusá-los de responsáveis por todos os males
portugueses.
02. (Ufba) "(...) Os senhores poucos, os escravos muitos; os senhores rompendo galas, os escravos
despidos e nus; os senhores banqueteando; os escravos perecendo a fome; os senhores
EXERCÍCIOS nadando em ouro e prata; os escravos carregados de ferros; os senhores tratando-os como
brutos, os escravos adorando-os e temendo-os como deuses; os senhores em pé apontando
para açoite, como estátua da soberba e da tirania, os escravos prostrados com as mãos atadas
01. (Ufba)
atrás, como imagem vilíssima da servidão e espetáculos da extrema miséria. Oh Deus!
Quantas graças devemos à Fé que nos destes, (...) para que à vista destas desigualdades
"(...) Os senhores poucos, os escravos muitos; os senhores rompendo galas, os escravos despidos
reconheçamos com tudo vossa justiça e providência! (...)"
e nus; os senhores banqueteando; os escravos perecendo a fome; os senhores nadando em ouro e
prata; os escravos carregados de ferros; os senhores tratando-os como brutos, os escravos (Vieira apud AVANCINI, p. 46)
adorando-os e temendo-os como deuses; os senhores em pé apontando para açoite, como estátua
da soberba e da tirania, os escravos prostrados com as mãos atadas atrás, como imagem vilíssima Vieram somar-se aos primeiros observadores do país, de que trata o texto, missionários jesuítas,
da servidão e espetáculos da extrema miséria. Oh Deus! Quantas graças devemos à Fé que nos como Anchieta e Manuel da Nóbrega, aqui chegados para:
destes, (...) para que à vista destas desigualdades reconheçamos com tudo vossa justiça e
providência! (...)" (A) promover a conversão do gentio.
(Vieira apud AVANCINI, p. 46) (B) instituir o nosso sistema literário.
(C) disseminar as ideias da Reforma.
Com base no sermão do Padre Vieira, pode-se inferir: (D) assimilar elementos do imaginário indígena.
(E) fundar nossas primeiras Academias.
I. A posição do jesuíta referente à escravidão reflete o pensamento da Igreja Católica no
período colonial.
II. As denúncias da Igreja se limitavam ao repúdio às torturas e aos maus tratos, não 03. (Pucmg) O texto, do ano de 1612, refere-se ao período colonial brasileiro. Leia-o com atenção.
havendo, porém, questionamento da escravidão enquanto instituição.
III. As desigualdades terrenas são reconhecidas no discurso do jesuíta, que elege como espaço "Os bens dos vassalos deste Estado são engenhos, canaviais, roças ou sementeiras, gados, lenhas,
de julgamento o fórum divino. escravos, que são o fundamento em que se estriba essa potência [...] porém a [posse] dos
IV. A dominação colonialista se fazia pelo poder econômico, jurídico, político e ideológico sobre escravos é a mais considerável porque dela depende o remédio de todos os outros.
a classe trabalhadora escravizada. Estes escravos hão de ser de Guiné, vindos das conquistas ou comércios de Etiópia, ou hão de ser
V. O negro ingressou na sociedade brasileira como cultura dominada, e as marcas da da própria terra, ou de uns e de outros.
escravidão persistem no Brasil de hoje.

54 Tópico 1.3 – Os Povos Indígenas e a Ação Jesuítica. | Curso Preparatório Cidade


[...] Os índios da terra, que parecem de maior facilidade, menos custo e maior número, como (B) A resistência do índio legitimou as "guerras justas", levando a sua captura e morte.
andam metidos com os religiosos aos quais vivem sujeitos de maravilha fazem serviço, nem dão (C) A aculturação do indígena foi feita pela catequese, tarefa exercida especialmente pelos
ajuda aos leigos, que seja de substância [...]" jesuítas.
(D) Na estrutura social indígena, o chefe exercia a autoridade e não poder de mando sobre a
(MORENO, Diogo de. Livro que dá razão do Estado do Brasil. Apud INÁCIO, Inês da C. e LUCA, comunidade.
Tania R. de. DOCUMENTOS DO BRASIL COLONIAL. São Paulo. Ática, 1993, p. 62-63)
(E) Dentre as formas de rebeldia do gentio, destacaram-se as fugas e o ataque às vila
Todas as afirmativas que se seguem têm relação com o texto, EXCETO: coloniais.

(A) A mão-de-obra escrava foi indispensável para a produção de riquezas coloniais. 05. (Puccamp) Não, é nossa terra, a terra do índio. Isso que a gente quer mostrar pro Brasil:
(B) O tráfico negreiro foi responsável, em grande parte, pelo abastecimento de escravos na gostamos muito do Brasil, amamos o Brasil, valorizamos as coisas do Brasil porque o adubo do
Colônia. Brasil são os corpos dos nossos antepassados e todo o patrimônio ecológico que existe por aqui
(C) A riqueza do colonizador media-se pelo volume de suas propriedades, incluindo os foi protegido pelos povos indígenas. Quando Cabral chegou, a gente o recebeu com
escravos. sinceridade, com a verdade, e o pessoal achou que a gente era inocente demais e aí fomos
(D) A contribuição do trabalho dos indígenas foi mais substancial que o dos africanos. traídos: aquilo que era nosso, que a gente queria repartir, passou a ser objeto de ambição. Do
(E) Os aldeamentos facilitaram a exploração, ainda que mais amena, da força de trabalho do ponto de vista do colonizador, era tomar para dominar a terra, dominar nossa cultura, anulando
índio. a gente como civilização.

(Revista "Caros Amigos". ano 4. no. 37. Abril/2000. p. 36).


04. (Pucmg) "Havia muitos destes índios pela Costa junto das Capitanias, tudo enfim estava cheio
deles quando começaram os portugueses a povoar a terra; mas porque os mesmos índios se Considere as afirmações adiante sobre o papel da Igreja no processo de colonização.
levantaram contra eles e faziam-lhes muitas traições, os governadores e capitães da terra
destruíram-nos pouco a pouco e mataram muitos deles, outros fugiram para o sertão, e assim I. Várias ordens religiosas atuaram na catequização dos índios brasileiros: franciscanos,
ficou a costa despovoada de gentio ao longo das Capitanias. Junto deles ficaram alguns índios carmelitas, beneditinos e, principalmente, jesuítas.
destes nas aldeias que são de paz, e amigos dos portugueses. II. As ordens religiosas acumularam, gradativamente, um considerável patrimônio econômico,
para o qual a mão-de-obra indígena foi fundamental.
Á língua deste gentio toda pela costa é, uma: carece de três letras - não se acha nela F, nem L, III. A expansão do catolicismo não contou com o apoio da Coroa Portuguesa, que mantinha
nem R, cousa digna de espanto, porque assim não têm Fé, nem Lei, nem Rei; e desta maneira com a Igreja o regime de padroado.
vivem sem justiça e desordenadamente. IV. A Inquisição não chegou a atuar no Brasil Colônia, uma vez que o grande sincretismo
existente impedia o estabelecimento de dogmas.
Estes índios andam nus sem cobertura alguma, assim machos como fêmeas; não cobrem parte
nenhuma de seu corpo, e trazem descoberto quanto a natureza lhes deu. (...). Não há como digo
São corretas SOMENTE:
entre eles nenhum Rei, nem justiça, somente cada aldeia tem um principal que é como capitão, ao
qual obedecem por vontade e não por força; (...) [e que] não castiga seus erros nem manda sobre
(A) I e II
eles cousa contra sua vontade".
(B) II e III
(GANDAVO, Pero de Magalhães. Tratados da Terra do Brasil. História da província Sta. Cruz. Belo (C) III e IV
Horizonte / São Paulo: Itatiaia/Edusp., 1980, p.52-54) (D) I, II e IV
(E) I, III e IV
Todas as afirmativas a seguir, têm relação com o texto de Gandavo, EXCETO:

(A) No início da colonização, os portugueses encontraram diversas tribos indígenas que 06. (Unesp) Os primitivos habitantes do Brasil foram vítimas do processo colonizador. O europeu,
habitavam o litoral. com visão de mundo calcada em preconceitos, menosprezou o indígena e sua cultura. A

Curso Preparatório Cidade | Tópico 1.3 – Os Povos Indígenas e a Ação Jesuítica. 55


acreditar nos viajantes e missionários, a partir de meados do século XVI, há um decréscimo da (B) à bem-sucedida campanha dos jesuítas em favor dos índios.
população indígena, que se agrava nos séculos seguintes. Os fatores que mais contribuíram (C) à completa incapacidade dos índios para o trabalho.
para o citado decréscimo foram: (D) aos grandes lucros proporcionados pelo tráfico negreiro aos capitais particulares e à
Coroa.
(A) a captura e a venda do índio para o trabalho nas minas de prata do Potosi. (E) ao desejo manifestado pelos negros de emigrarem para o Brasil em busca de trabalho.
(B) as guerras permanentes entre as tribos indígenas e entre índios e brancos. 09. (Unesp) Sobre os jesuítas, intimamente relacionados com a expansão européia e a realidade
(C) o canibalismo, o sentido mítico das práticas rituais, o espírito sanguinário, cruel e colonial, é correto afirmar que:
vingativo dos naturais.
(D) as missões jesuíticas do vale amazônico e a exploração do trabalho indígena na extração (A) foram expulsos de Portugal e do Brasil no reinado de D. José I.
da borracha. (B) respeitaram as culturas alheias, mas fizeram da educação uma das tarefas menos
(E) as epidemias introduzidas pelo invasor europeu e a escravidão dos índios. constantes na América, na Ásia e na África.
(C) a Ordem dos Jesuítas nunca foi reconhecida pela Santa Sé e pelos monarcas absolutos.
(D) deliberadamente buscaram aniquilar os guaranis catequizados.
07. (Fuvest) "Na primeira carta disse a V. Rev. a grande perseguição que padecem os índios, pela
(E) foram indispensáveis na luta contra-reformista, mas não estavam sujeitos a um modelo
cobiça dos portugueses em os cativarem. Nada há de dizer de novo, senão que ainda continua
de organização hierarquizada militarmente.
a mesma cobiça e perseguição, a qual cresceu ainda mais.

No ano de 1649 partiram os moradores de São Paulo para o sertão, em demanda de uma nação de 10. (Fgv) Com relação às populações indígenas brasileiras, NÃO é correto afirmar:
índios distantes daquela capitania muitas léguas pela terra adentro, com a intenção de os
arrancarem de suas terras e os trazerem às de São Paulo, e aí se servirem deles como costumam." (A) para praticar a agricultura, os tupis derrubavam árvores e faziam a queimada, técnica que
seria posteriormente incorporada pelos colonizadores.
(Pe. Antônio Vieira, CARTA AO PADRE PROVINCIAL, 1653, Maranhão.)
(B) quando os europeus chegaram aqui, encontraram uma população ameríndia homogênea
em termos culturais e lingüísticos, distribuída ao longo da costa e da bacia dos Rios
Este documento do Padre Antônio Vieira revela:
Paraná-Paraguai.
(C) ao longo do período colonial, em várias ocasiões os aimorés, tupis, xavantes, tupiniquins,
(A) que tanto o padre Vieira como os demais jesuítas eram contrários à escravidão dos
tapuias e terenas uniram-se para enfrentar os invasores europeus.
indígenas e dos africanos, posição que provocou conflitos constantes com o governo
(D) feijão, milho, abóbora e mandioca eram plantados pelas nações indígenas, sendo que a
português.
farinha de mandioca tornou-se um alimento básico na Colônia.
(B) um dos momentos cruciais da crise entre o governo português e a Companhia de Jesus,
(E) uma forma de resistência dos índios à presença do homem branco consistiu no seu
que culminou com a expulsão dos jesuítas do território brasileiro.
contínuo deslocamento, para regiões cada vez mais pobres.
(C) que o ponto fundamental dos confrontos entre os padres jesuítas e os colonos referia-se
à escravização dos indígenas e, em especial, à forma de atuar dos bandeirantes.
(D) um episódio isolado da ação do padre Vieira na luta contra a escravização indígena no 11. (Ufmg) Todas as alternativas contêm elementos corretos sobre o projeto missionário e
Estado do Maranhão, o qual se utilizava da ação dos bandeirantes para caçar os nativos. catequizador dos jesuítas, no momento da colonização brasileira, EXCETO:
(E) que os padres jesuítas, em oposição à ação dos colonos paulistas, contavam com o apoio
do governo português na luta contra a escravização indígena. (A) A legitimação da espoliação e da fraternidade cristã.
(B) A oratória barroca, marcada pelo discurso linear e retilíneo.
(C) A simbiose da alegoria cristã e do pensamento mercantil.
08. (Fuvest-gv) A escravidão indígena adotada no início da colonização do Brasil foi
(D) O ardor da diplomacia cristã, mistura de veemência e ambigüidade.
progressivamente abandonada e substituída pela africana entre outros motivos, devido:
(E) Os caminhos violentos e sedutores da pedagogia missionária.
(A) ao constante empenho do papado na defesa dos índios contra os colonos.

56 Tópico 1.3 – Os Povos Indígenas e a Ação Jesuítica. | Curso Preparatório Cidade


12. (Uel) Durante o período colonial, havia atritos entre os padres jesuítas e os habitantes locais 15. (Ufmg) Leia o texto adiante.
porque os:
"... Não castigar os excessos que eles [os escravos] cometem seria culpa não leve, porém estes
(A) colonos eram ateus belicosos, e os jesuítas, pacíficos católicos. [senhores] hão de averiguar antes, para não castigar inocentes, e se hão de ouvir os delatados e,
(B) religiosos pretendiam escravizar tanto o negro como o índio e os colonos lutavam para convencidos, castigar-se-ão com açoites moderados ou com os meterem em uma corrente de ferro
receber salários dos capitães donatários. por mão própria e com instrumentos terríveis e chegar talvez aos pobres com fogo ou lacre
(C) colonos desejavam escravizar o negro e os jesuítas se opunham. ardente, ou marcá-los na cara, não seria para se sofrer entre os bárbaros, muito menos entre os
(D) religiosos preocupavam-se com a integração dos indígenas no mercado de trabalho cristãos católicos."
assalariado e os colonos queriam escravizá-los. (ANTONIL, André João. CULTURA E OPULÊNCIA DO BRASIL. 1711.)
(E) colonos pretendiam escravizar os indígenas e os padres eram contra, pois queriam aldeá-
los em missões. Esse texto, escrito por um padre jesuíta em 1711, pode ser relacionado à:

(A) associação entre a escravidão e a moral cristã.


13. (Mackenzie) "Pouco fruto se pode obter deles se a força do braço secular não acudir para (B) condenação dos castigos aplicados aos escravos.
domá-los. Para esse gênero de gente, não há melhor pregação do que a espada e a vara de (C) oposição do clero católico à escravidão.
ferro." (D) regulamentação das relações entre senhores e escravos.

(José de Anchieta. Pedro Casaldáliga in "Na Procura do Reino")


16. (G1) Assinale a afirmativa que sintetiza a lógica dos empreendimentos coloniais em relação ao
O fragmento de texto anterior, escrito nos primórdios da colonização do Brasil, refere-se: trabalho:

(A) à evangelização do negro e o apresamento de escravos pelos bandeirantes. (A) A mão-de-obra indígena era mais facilmente obtida por ser menos dispendiosa e pela
(B) à expansão da cana-de-açúcar para o interior de Mato Grosso e a utilização de mão-de- grande quantidade de índios disponíveis na própria Colônia.
obra indígena. (B) A necessidade de grandes contingentes de trabalhadores levou os portugueses a
(C) à catequização do índio pelos jesuítas e a utilização dos silvícolas como mão-de-obra nas recorrerem ao trabalho indígena.
propriedades da Companhia de Jesus. (C) A questão da mão-de-obra foi um problema constante no período, conduzindo à
(D) à inadaptação do índio para o trabalho e a escravização do negro pelos jesuítas em suas escravização de índios e africanos.
reduções de ouro. (D) A escravização do gentio constitui-se numa questão polêmica que contrapôs,
(E) à determinação dos jesuítas em pregar o Evangelho junto aos índios e negros, ampliando frequentemente, lavradores e missionários.
os horizontes da fé. (E) O trabalho compulsório mostrou-se o mais adequado ante as diretrizes mercantilistas de
ocupação e exploração coloniais.
14. (G1) Sobre a presença dos jesuítas no Brasil, é INCORRETO afirmar:
17. (G1) A escravização do negro, pode ser explicada porque:
(A) Catequizavam os indígenas;
(B) Educavam os indígenas e os colonos; (A) os indígenas eram fracos e não suportavam o trabalho;
(C) Entregavam indígenas aos traficantes de escravos para manter as missões; (B) a Igreja a considerava legítima e o tráfico negreiro era altamente lucrativo;
(D) Fundaram vários colégios; (C) os indígenas fugiam para as missões;
(E) Contribuíram para amenizar as tensões entre indígenas e colonos. (D) os negros eram mais saudáveis que os indígenas;
(E) os indígenas resistiam à escravidão, organizando-se em quilombos.

Curso Preparatório Cidade | Tópico 1.3 – Os Povos Indígenas e a Ação Jesuítica. 57


18. (Uff) "Os escravos são as mãos e os pés do senhor de engenho, porque sem eles no Brasil não (B) pelo incentivo da Igreja e da Coroa à escravidão de índios e negros.
é possível fazer, conservar e aumentar fazenda." (C) por estar amplamente distribuída entre a população livre, constituindo a base econômica
da sociedade.
(Antonil, CULTURA E OPULÊNCIA DO BRASIL, 1711, livro 1, Capítulo, IX). (D) por destinar os trabalhos mais penosos aos negros e os mais leves aos índios.
(E) por impedir a emigração em massa de trabalhadores livres para o Brasil.

Assinale a opção que, baseada na citação do jesuíta Antonil, justifica corretamente os fundamentos
EXERCÍCIOS DE PROVA
da sociedade colonial.

(A) A sociedade colonial se resumia ao mundo da casa-grande e da senzala, espaços 01. (EsFCEx - 2001) Sobre os fatos preponderantes do Brasil Colônia em seus aspectos históricos,
fundamentais de um mundo rural mediado pelos engenhos açucareiros. geográficos e econômicos, analise as afirmativas abaixo:
(B) O ideal de sociedade colonial, segundo os inacianos, era o de uma sociedade de missões,
o que explica a crítica do jesuíta Antonil à escravidão. I. Aos Jesuítas coube a catequese apenas nas áreas tradicionais, Bahia e São Vicente.
(C) A estrutura social do Brasil Colônia era fundamentalmente escravista, uma vez que os II. O sistema de capitanias garantiu à Coroa Portuguesa a posse do longo litoral brasileiro.
setores essenciais da economia colonial, a exemplo da agro-manufatura do açúcar, III. As missões jesuíticas foram restritas à América Colonial Portuguesa.
dependiam do trabalho escravo, sobretudo dos africanos. IV. O bandeirantismo predador de índios e prospector de metais concorreu para a expansão
(D) A sociedade escravista erigida na Colônia sempre foi condenada pelos jesuítas que, a interior.
exemplo de Antonil, desejavam ardorosamente que índios e africanos se dedicassem ao
mundo de Deus. Com base na análise, assinale a alternativa correta.
(E) A sociedade colonial possuía duas classes, senhores e escravos, pólos antagônicos do
latifúndio ou da "fazenda" mencionada por Antonil. (A) Somente I está correta.
(B) Somente II e IV estão corretas.
19. (Mackenzie) "O ser senhor de engenho é título que muitos aspiram; traz consigo o ser servido, (C) Somente III e IV estão corretas.
obedecido e respeitado de muitos". (D) Somente I, II e III estão corretas.
(E) Todas estão corretas.
(Antonil - "Cultura e Opulência do Brasil").

O texto de Antonil retrata a sociedade açucareira brasileira, cujas características eram: 02. (EsFCEx - 2003) Analise as afirmativas abaixo sobre o elemento indígena no Brasil:

(A) a estrutura social rígida e a autoridade quase sem limites do grande proprietário, I. O sedentarismo era a maior característica do seu comportamento.
estendendo-se aos familiares, dependentes e escravos. II. Era possuidor de uma técnica de agricultura intensiva e altamente desenvolvida.
(B) a notável mobilidade social e as grandes possibilidades de ascensão para trabalhadores III. A prática da antropofagia era comum entre os Tupis.
livres, mestiços e escravos. IV. A poligamia era uma prática social entre os indígenas brasileiros.
(C) o predomínio da vida urbana e a ausência de relações patriarcais.
(D) senhor de engenho e trabalhador assalariado nas posições sociais chaves. Com base na análise, pode-se afirmar que:
(E) cultura e ideologia próprias, sem vínculos com a metrópole.
(A) somente a I está correta.
(B) somente a II e a IV estão corretas.
20. (Fuvest) No Brasil colonial, a escravidão caracterizou-se essencialmente: (C) somente a III e a IV estão corretas.
(D) a I, a II e a III estão corretas.
(A) por sua vinculação exclusiva ao sistema agrário exportador.

58 Tópico 1.3 – Os Povos Indígenas e a Ação Jesuítica. | Curso Preparatório Cidade


(E) todas estão corretas.

03. (EsFCEx – 2011) Sobre as relações entre colonos e jesuítas, no que diz respeito ao uso da mão
de obra indígena, analise as afirmativas abaixo e, em seguida, assinale a alternativa correta.

I. O uso da mão de obra escrava pelos colonos não conflitava com os interesses da Coroa e
nem com os dos jesuítas, mas ao insistirem no cativeiro indígena, os colonos despertaram a
oposição dos inacianos.
II. As relações contrárias aos padres jesuítas por parte dos colonos acentuou-se pelo fato de
os lusos acreditarem que os inacianos retardavam o desenvolvimento de suas atividades
econômicas ao dificultar o uso da mão de obra indígena.
III. Os jesuítas foram expulsos da Capitania de São Vicente porque os colonos os denunciaram
por transformar índios aldeados em escravos da Companhia.

(A) somente I está correta


(B) somente II está correta
(C) somente III está correta
(D) somente I e II estão corretas
(E) somente II e III estão corretas

04. (EsFCEx - 2013) No contexto colonial, a escravidão indígena foi limitada por diversos fatores.
Sobre o tema, analise as afirmativas abaixo e marque a opção correta.

I. Entre os fatores limitados da escravidão indígena, não esta presente qualquer posição da
Coroa Portuguesa.
II. Os índios que de fato reagiram à escravidão foram aqueles que habitavam as regiões mais
distanciadas do litoral.
III. Um dos fatores que desencadearam a expulsão dos jesuítas da América Portuguesa no
século XVIII foi a sua resistência ao uso da mão-de-obra indígena pelos colonos.

(A) Somente I é correta.


(B) Somente II é correta.
(C) Somente III é correta.
(D) Somente I e II são corretas.
(E) Somente II e III são corretas.

Curso Preparatório Cidade | Tópico 1.3 – Os Povos Indígenas e a Ação Jesuítica. 59


Tópico 1.4 – A camada senhorial e os escravos vidas. O trabalho agrícola era uma atividade realizada pelas mulheres na maior parte das
sociedades indígenas.

Comentário Biologicamente, a presença européia representou uma verdadeira catástrofe para as populações
indígenas. Vindos de outras paragens, os europeus também trouxeram um arsenal de novas
doenças para as quais os nativos não possuíam anticorpos. De acordo com Stuart B. Schwartz
Nesse tópico estudaremos um pouco mais sobre a sociedade colonial criada em torno
da atividade açucareira. A camada senhorial e os escravos representaram opostos
O contato intensivo com os europeus nas aldeias e nos engenhos tornava
extremos dessa sociedade. Entre eles uma infinidade de status possíveis.
os índios crescentemente suscetíveis a doenças européias. Já em 1559
relatava-se a existência de uma peste que assolava a costa brasileira. A
Quem foram os primeiros escravos no Brasil? Por que os europeus recorreram a tal
doença, provavelmente varíola (bexigas), alastrou-se em direção ao
instituição numa época que se dizia “moderna”? Por que houve a substituição do
norte. Em 1559 ou 1560, matou mais de seiscentos escravos indígenas no
trabalho indígena pelo trabalho do africano? Qual era o papel da Igreja Católica nesse
Espírito Santo em tão pouco tempo que precisavam ser enterrados dois
contexto?
corpos em cada cova. Não se tem ideia do número de mortos entre os
Sobre o assunto leia o texto a seguir. Bons estudos! nativos livres. Em 1561, os efeitos da mortalidade crescente faziam-se
sentir no Recôncavo. O padre Leonardo do Vale relatou que era chamado
diariamente para tratar de escravos doentes, às vezes em dois ou três
lugares diferentes simultaneamente. A epidemia atingiu o auge em 1562.
A CAMADA SENHORIAL E OS ESCRAVOS Milhares pereceram. As estimativas são de 30 mil mortos entre os índios
sob jugo português, sem mencionar as incontáveis vítimas do sertão,
onde a doença se alastrou à medida que os nativos fugiram das condições
Os primeiros escravos no Brasil colonial foram os próprios indígenas. Em um primeiro momento, o mortíferas do litoral.
escambo atendeu às necessidades dos desbravadores europeus. A madeira de tinta avermelhada
era obtida através da troca por outros produtos de menor valor e proporcionava um bom lucro ao (SCHWARTZ, Stuart B.. Segredos Internos – Engenhos e escravos na sociedade colonial
ser vendida na Europa. O escambo não exigia que o índio fosse fixado à terra e escravizado. brasileira. São Paulo: Companhia das Letras, 1988. p. 51 e 52).

Quando a opção pela empresa açucareira foi efetivada, coube aos índios o trabalho braçal.
Podemos dizer que a atividade açucareira foi responsável pelo início da escravidão no Brasil. A
escravidão indígena não durou muito tempo, mas foi o suficiente para que os colonizadores Na África, desde 1444, os europeus passaram a capturar e depois comprar escravos em fortalezas
conseguissem o capital necessário para a aquisição de escravos negros. Apesar de algumas regiões no atlântico africano.
brasileiras terem utilizado o trabalho escravo indígena por mais tempo, foi o trabalho escravo negro
o tipo de mão-de-obra predominante no Brasil colonial. A compra foi a principal forma de obtenção de escravos na África. Os africanos só tomaram
conhecimento da sua africanidade no século XIX. A escravidão mercantilista deixou marcas
Alguns fatores explicam a transição do trabalho escravo indígena para o trabalho escravo africano. profundas nessas sociedades.
Em primeiro lugar a demanda por escravos negros criou outro nicho no empreendimento colonial:
o tráfico de escravos. Apesar de ilegal, essa foi a atividade responsável pela acumulação das As viagens eram penosas e muitos decidiam dar a cabo a própria vida durante a travessia
maiores fortunas pessoais durante a época colonial brasileiro. acreditando que esta era uma forma de se livrar daquela condição. Acreditavam que o espírito
voltaria para terra natal.
Também é importante considerar o fato de que os indígenas não estavam dispostos a trabalhar de
acordo com os padrões europeus. Para eles, o trabalho tinha outro espaço e significado em suas No Brasil as cidades que mais receberam escravos negros foram o Rio de Janeiro e Salvador. Ao
chegar eram expostos e vendidos em feiras. O preço de um escravo negro normalmente era três
ou quatro vezes maior que o valor de um cativo indígena.

60 Tópico 1.4 – A camada senhorial e os escravos | Curso Preparatório Cidade


A maioria dos escravos que vieram para o Brasil foram trabalhar nas fazendas açucareiras. O (A) o dia da consciência negra celebra a assinatura da Lei Áurea no século XIX, que
trabalho não era fácil e a expectativa de vida era muito baixa. proclamou a liberdade dos escravos.
(B) aos escravos só restava a rebeldia como forma de reação, a qual se manifestava através
Em Minas Gerais o escravo brasileiro teve sua pior condição de trabalho. Principalmente depois que do assassinato de feitores, das fugas e até do suicídio. Não havia qualquer forma de
o ouro de aluvião (superfície) foi acabando e o metal tinha que ser buscado em galerias cada vez negociação com vistas a melhores condições de vida por parte dos negros.
mais profundas. (C) no continente africano os vários povos estavam divididos em etnias organizadas em
tribos, clãs e reinos. Apesar desta divisão, a unidade desses povos foi uma forma de
A resistência à escravidão também foi uma realidade no Brasil colonial. As principais táticas resistirem à escravidão e não serem transformados em mercadoria.
utilizadas foram o assassinato, suicídio, fugas e formação de quilombos. O quilombo de Palmares (D) a Constituição de 1988 afirma que “cabe aos remanescentes das comunidades de
foi o mais famoso quilombo da história brasileira. Durante cerca de um século ofereceu dura quilombos que estejam ocupando suas terras o reconhecimento da propriedade definitiva,
resistência às autoridades metropolitanas. O mito de Zumbi, morto pelos bandeirantes em 1695, é devendo o Estado emitir-lhes os títulos definitivos”. Este artigo da Constituição solucionou
evocado atualmente pelo Estado brasileiro. a “questão quilombola” no Brasil.
(E) através das obras do pintor e desenhista alemão Johan Moritz Rugendas, é possível
Somente no século XIX o Brasil conseguiu efetivar o processo abolicionista.
conhecer aspectos do cotidiano da escravidão. Ele aqui esteve no século XIX e deixou
preciosa fonte iconográfica sobre a vida no Brasil.
As razões da opção pelo escravo africano foram muitas. É melhor não
falar em causas, mas em um conjunto de fatores. A escravidão do índio
chocou-se com uma série de inconvenientes, tendo em vista os fins da 02. (PUC-RIO) Sobre as características da sociedade escravista colonial da América portuguesa
colonização. Os índios tinham uma cultura incompatível com o estão corretas as afirmações abaixo, À EXCEÇÃO de uma. Indique-a.
trabalho intensivo e regular e mais ainda compulsório, como
pretendido pelos europeus. Não eram vadios ou preguiçosos. Apenas (A) O início do processo de colonização na América portuguesa foi marcado pela utilização
faziam o necessário para garantir sua subsistência, o que não era dos índios – denominados “negros da terra” – como mão-de-obra.
difícil em uma época de peixes abundantes, frutas e animais. Muito de (B) Na América portuguesa, ocorreu o predomínio da utilização da mão-de-obra escrava
sua energia e imaginação era empregada nos rituais, nas celebrações e africana seja em áreas ligadas à agro-exportação, como o nordeste açucareiro a partir do
nas guerras. As noções de trabalho contínuo ou do que hoje final do século XVI, seja na região mineradora a partir do século XVIII.
chamaríamos de produtividade eram totalmente estranhas a eles. (C) A partir do século XVI, com a introdução da mão-de-obra escrava africana, a escravidão
indígena acabou por completo em todas as regiões da América portuguesa.
FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo 2013. 14ª edição.
(D) Em algumas regiões da América portuguesa, os senhores permitiram que alguns de seus
escravos pudessem realizar uma lavoura de subsistência dentro dos latifúndios
agroexportadores, o que os historiadores denominam de “brecha camponesa”.
EXERCÍCIOS
(E) Nas cidades coloniais da América portuguesa, escravos e escravas trabalharam vendendo
mercadorias como doces, legumes e frutas, sendo conhecidos como “escravos de ganho”.
01. (UFSC - adaptado) Os africanos foram trazidos do chamado continente negro para o Brasil em
um fluxo de intensidade variável. Os cálculos sobre o número de pessoas transportadas como 03. (FUVEST) Trabalho escravo ou escravidão por dívida é uma forma de escravidão que consiste
escravos variam muito. Estima-se que, entre 1550 e 1855, entraram pelos portos brasileiros 4 na privação da liberdade de uma pessoa (ou grupo), que fica obrigada a trabalhar para pagar
milhões de escravos, na sua grande maioria jovens do sexo masculino. uma dívida que o empregador alega ter sido contraída no momento da contratação. Essa forma
de escravidão já existia no Brasil, quando era preponderante a escravidão de negros africanos
(FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: Ed. da Universidade de São Paulo,1995. p. 51.)
que os transformava legalmente em propriedade dos seus senhores. As leis abolicionistas não
Sobre a escravidão no Brasil, é correto afirmar que: se referiram à escravidão por dívida. Na atualidade, pelo artigo 149 do Código Penal Brasileiro,
o conceito de redução de pessoas à condição de escravos foi ampliado de modo a incluir

Curso Preparatório Cidade | Tópico 1.4 – A camada senhorial e os escravos 61


também os casos de situação degradante e de jornadas de trabalho excessivas. (Adaptado de 04. (PUC-RIO)
Neide Estergi. A luta contra o trabalho escravo, 2007.)

Com base no texto, considere as afirmações abaixo:

I. O escravo africano era propriedade de seus senhores no período anterior à Abolição.


II. O trabalho escravo foi extinto, em todas as suas formas, com a Lei Áurea.
III. A escravidão de negros africanos não é a única modalidade de trabalho escravo na história
do Brasil.
IV. A privação da liberdade de uma pessoa, sob a alegação de dívida contraída no momento do
contrato de trabalho, não é uma modalidade de escravidão.
V. As jornadas excessivas e a situação degradante de trabalho são consideradas formas de
escravidão pela legislação brasileira atual.

São corretas apenas as afirmações:

(A) I, II e IV
(B) I, III e V
(C) I, IV e V
(D) II, III e IV
(E) III, IV e V

Cartazes, como o acima, registram algumas das características da escravidão na sociedade


brasileira, durante o século XIX.

Com base nas informações contidas no documento e no seu conhecimento acerca da escravidão,
assinale a única opção que NÃO apresenta uma característica correta.

(A) Os escravos especializados em algum ofício usufruíam de melhores condições de trabalho;


viviam, nas cidades, como homens livres, e evitavam fugas ou revoltas.
(B) O costume de andar calçado era um símbolo de status social que permitia estabelecer
critérios de distinção entre trabalhadores libertos (forros) e escravos.

62 Tópico 1.4 – A camada senhorial e os escravos | Curso Preparatório Cidade


(C) A identificação do escravo como “crioulo” apontava para sua condição de nascido no Assinale a alternativa correta.
Brasil, distinguindo-o, do “africano”, o recém-chegado, trazido pelo tráfico.
(D) As diferenças entre escravos e “forros”, isto é, cativos que haviam conseguido sua (A) Somente as afirmativas III e IV são verdadeiras.
alforria, em áreas urbanas, eram pouco expressivas em termos de matizes raciais. (B) Somente as afirmativas I e III são verdadeiras.
(E) As fugas de escravos, a despeito de sua recorrência, eram compreendidas pelos (C) Somente as afirmativas I, II, IV e V são verdadeiras.
proprietários como a perda de um bem constituído, o que justificava o pagamento de (D) Somente as afirmativas II, IV e V são verdadeiras.
recompensa pela captura. (E) Todas as afirmativas são verdadeiras.

05. (UDESC) Em 17 de março de 1872 pelo menos duas dezenas de escravos liderados pelo 06. (FUVEST) O Brasil ainda não conseguiu extinguir o trabalho em condições de escravidão, pois
escravo chamado Bonifácio avançaram sobre José Moreira Veludo, proprietário da Casa de ainda existem muitos trabalhadores nessa situação. Com relação a tal modalidade de
Comissões (lojas de venda e compra de escravos) em que se encontravam, e lhe meteram a exploração do ser humano, analise as afirmações abaixo.
lenha . Em depoimento à polícia, o escravo Gonçalo assim justificou o ataque: Tendo ido
anteontem para a casa de Veludo para ser vendido foi convidado por Filomeno e outros para se I. As relações entre os trabalhadores e seus empregadores marcam-se pela informalidade e
associar com eles para matarem Veludo para não irem para a fazenda de café para onde pelas crescentes dívidas feitas pelos trabalhadores nos armazéns dos empregadores,
tinham sido vendidos. (Apud: CHALHOUB, Sidney, 1990, p. 30 31) aumentando a dependência financeira para com eles.
II. Geralmente, os trabalhadores são atraídos de regiões distantes do local de trabalho, com a
Com base no caso citado acima e considerando o fato e a historiografia recente sobre os escravos promessa de bons salários, mas as situações de trabalho envolvem condições insalubres e
e a escravidão no Brasil, é possível entender os escravos e a forma como se relacionavam com a extenuantes.
escravidão da seguinte forma: III. A persistência do trabalho escravo ou semi-escravo no Brasil, não obstante a legislação que
o proíbe, explica-se pela intensa competitividade do mercado globalizado.
I. O escravo era uma coisa, ou seja, estava sujeito ao poder e ao domínio de seu proprietário.
Privado de todo e qualquer direito, incapaz de agir com autonomia, o escravo era Está correto o que se afirma em:
politicamente inexpressivo, expressando passivamente os significados sociais impostos pelo
seu senhor. (A) I, somente.
II. Nem passivos e nem rebeldes valorosos e indomáveis, estudos recentes informam que os (B) II, somente.
escravos eram capazes de se organizar e se contrapor por meio de brigas ou desordens (C) I e II, somente.
àquilo que não consideravam justo , mesmo dentro do sistema escravista. (D) II e III, somente.
III. Incidentes, como no texto acima, denotam rebeldia e violência por parte dos escravos. O (E) I, II e III.
ataque ao Senhor Veludo, além de relevar o banditismo e a delinqüência dos escravos, só
permite uma única interpretação: barbárie social.
07. (ADVISE) A escravidão negra no Brasil teve várias facetas. Dentre as assertivas a seguir, qual
IV. O tráfico interno no Brasil deslocava milhares de escravos de um lugar para outro. Na
não pode ser considerada uma marca do escravismo brasileiro?
iminência de serem subitamente arrancados de seus locais de origem, da companhia de
seus familiares e do trabalho com o qual estavam acostumados, muitos reagiram agredindo
(A) A vida nos engenhos era dura e penosa. Por isso, a expectativa de vida dos escravos era
seus novos senhores, atacando os donos de Casas de Comissões, etc.
muito pequena.
V. Pesquisas recentes sobre os escravos no Brasil trazem uma série de exemplos, como o
(B) Todos os escravos se reconheciam como iguais e lutaram juntos pelo fim da infame
texto citado acima, que se contrapõem e desconstroem mitos célebres da historiografia
escravidão.
tradicional: que os escravos eram apenas peças econômicas, sem vontades que
(C) O processo de derrocada da escravidão foi lento e gradual, durando, legalmente falando,
orientassem suas próprias ações.
quase quarenta anos (1850-1888).

Curso Preparatório Cidade | Tópico 1.4 – A camada senhorial e os escravos 63


(D) Era relativamente comum ao “preto forro”, caso tivesse algum pecúlio, adquirir um Sobre o tema escravidão, é CORRETO afirmar que:
escravo.
(E) Os escravos que conseguiam, ao longo de muito anos de trabalho duro, juntar algum (A) a partir de 1888, com a Lei Áurea, foram criadas condições especiais para que os libertos
cabedal compravam a sua liberdade. pudessem ingressar no mercado de trabalho, especialmente no meio rural com a
distribuição de terra a ex-escravos.

08. (UFPB) O texto, a seguir, retrata uma das mais tristes páginas da história do Brasil: a (B) dada à tradição de liberdade, a população indígena no Brasil nunca pode ser submetida à
escravidão. escravidão, optando-se, então, pela compra de negros da África.

“O bojo dos navios da danação e da morte era o ventre da besta mercantilista: uma má-quina de (C) no Brasil do século XXI ainda existem pessoas que vivem em condições de escravidão,
moer carne humana, funcionando incessantemente para alimentar as plantações e os engenhos, as tanto em grandes fazendas quanto no meio urbano.
minas e as mesas, a casa e a cama dos senhores – e, mais do que tudo, os cofres dos traficantes
de homens.” (D) em função das políticas de inclusão adotadas no Brasil nos últimos anos, as diferenças
salariais desapareceram quando comparados os salários entre brancos e negros.
(Fonte: BUENO, Eduardo. Brasil: uma história: a in-crível saga de um país. São Paulo: Ática, 2003. p. 112).
(E) hoje, a escravidão existente se relaciona diretamente a preconceitos étnicos e de cor, não
Sobre a escravidão como atividade econômica no Brasil Colônia, é correto afirmar:
tendo nenhuma relação com as condições sociais e a distribuição de renda.

(A) As pressões inglesas, para que o tráfico de escravos continuasse, aumentaram após 1850.
Porém, no Brasil, com a Lei Eusébio de Queiróz, ocorreu o fim do tráfico inter-continental 10. (Fuvest-SP) Os primitivos habitantes do Brasil foram vítimas do processo colonizador. O
e, praticamente, desapareceu o tráfico interno entre as regiões. europeu, com visão de mundo calcada em preconceitos, menosprezou o indígena e sua cultura.
(B) A mão-de-obra escrava no Brasil, diferente de outros lugares, não era permitida em A acreditar nos viajantes e missionários, a partir de meados do século XVI, há um decréscimo
atividades econômicas complementares. Por isso, destinaram-se escravos exclusivamente da população indígena, que se agrava nos séculos seguintes. Os fatores que mais contribuíram
às plantações de cana-de-açúcar, às minas e à produção do café. para o citado decréscimo foram:
(C) A compra e posse de escravos, durante todo o período em que perdurou a escravidão, só
foi permitida para quem pudesse manter um número de, pelo menos, 30 cativos. Essa (A) a captura e a venda do índio para o trabalho nas minas de prata do Potosí.
proibição justificava-se, devido aos altos custos para se ter escravos. (B) as guerras permanentes entre as tribos indígenas e entre índios e brancos.
(D) Muitos cativos, no início da escravidão, conseguiam a liberdade, após adquirirem a carta (C) o canibalismo, o sentido mítico das práticas rituais, o espírito sanguinário, cruel e
de alforria. Isso explica o grande número de ex-escravos que, na Paraíba, conseguiram vingativo dos naturais.
tornar-se grandes proprietários de terras. (D) as missões jesuíticas do vale amazônico e a exploração do trabalho indígena na extração
(E) Os escravos, amontoados e em condições desumanas, eram transportados da África para da borracha.
o Brasil, nos porões dos navios negreiros, como forma de diminuição de custos. Com isso, (E) as epidemias introduzidas pelo invasor europeu e a escravidão dos índios.
muitos cativos morriam antes de chegarem ao destino.
11. (Fuvest-SP) A sociedade colonial brasileira "herdou concepções clássicas e medievais de
09. (UFSC - adaptado) A Anti-Slavery Internacional, organização não-governamental que atua no organização e hierarquia, mas acrescentou-lhe sistemas de graduação que se originaram da
combate à escravidão no mundo contemporâneo, considerava que cerca de 25 milhões de diferenciação das ocupações, raça, cor e condição social. (...) as distinções essenciais entre
pessoas eram vítimas do trabalho escravo em 2003. Dentre essas pessoas haveria trabalho fidalgos e plebeus tenderam a nivelar-se, pois o mar de indígenas que cercava os colonizadores
infantil, exploração sexual e trabalhadores escravizados por dívida. Nesse mesmo ano, portugueses tornava todo europeu, de fato, um gentil-homem em potencial. A disponibilidade
conforme a Comissão Pastoral da Terra (CPT), aproximadamente 25 mil pessoas estariam de índios como escravos ou trabalhadores possibilitava aos imigrantes concretizar seus sonhos
vivendo nessas condições no Brasil. de nobreza. (...) Com índios, podia desfrutar de uma vida verdadeiramente nobre. O gentio
CATELLI JUNIOR, Roberto. História – Texto e Contexto. São Paulo: Editora Scipione, 2007. p. 268. transformou-se em um substituto do campesinato, um novo estado, que permitiu uma

64 Tópico 1.4 – A camada senhorial e os escravos | Curso Preparatório Cidade


reorganização de categorias tradicionais. Contudo, o fato de serem aborígines e, mais tarde, os 13. (Cesgranrio-RJ) "O senhor de engenho é título a que muitos aspiram, porque traz consigo o ser
africanos, diferentes étnica, religiosa e fenotipicamente dos europeus, criou oportunidades para servido, obedecido e respeitado de muitos." O comentário de Antonil, escrito no século XVIII,
novas distinções e hierarquias baseadas na cultura e na cor." pode ser considerado característico da sociedade colonial brasileira porque:

(Stuart B. Schwartz, Segredos internos.) (A) a condição de proprietário de terras e de homens garantia a preponderância dos senhores
de engenho na sociedade colonial.
A partir do texto pode-se concluir que: (B) a autoridade dos senhores restringia-se aos seus escravos, não se impondo às
comunidades vizinhas e a outros proprietários menores.
(A) a diferenciação clássica e medieval entre clero, nobreza e campesinato, existente na (C) as dificuldades de adaptação às áreas coloniais levaram os europeus a organizar uma
Europa, foi transferida para o Brasil por intermédio de Portugal e se constituiu no sociedade com mínima diferenciação e forte solidariedade entre seus segmentos.
elemento fundamental da sociedade brasileira colonial. (D) as atividades dos senhores de engenho não se limitavam à agroindústria, pois
(B) a presença de índios e negros na sociedade brasileira levou ao surgimento de instituições controlavam o comércio de exportação, o tráfico negreiro e a economia de
como a escravidão, completamente desconhecida da sociedade européia nos séculos XV e abastecimento.
XVI. (E) o poder político dos senhores de engenho era assegurado pela metrópole através da sua
(C) os índios do Brasil, por serem em pequena quantidade e terem sido facilmente designação para os mais altos cargos da administração colonial.
dominados, não tiveram nenhum tipo de influência sobre a constituição da sociedade
colonial.
(D) a diferenciação de raças, culturas e condição social entre brancos e índios, brancos e 14. (CESGRANRIO) No Brasil, o quilombo foi uma das formas de resistência da população escrava.
negros tendeu a diluir a distinção clássica e medieval entre fidalgos e plebeus europeus Sobre os quilombos no Brasil, é correto afirmar que o(a):
na sociedade.
(E) a existência de uma realidade diferente no Brasil, como a escravidão em larga escala de (A) maior número de quilombos se concentrou na região nordeste do Brasil, em função da
negros, não alterou em nenhum aspecto as concepções medievais dos portugueses decadência da lavoura cafeeira, já que os fazendeiros, impossibilitados de sustentar os
durante os séculos XVI e XVII. escravos, incentivavam-lhes a fuga.
(B) maior dos quilombos brasileiros, Palmares, foi extinto a partir de um acordo entre Zumbi
e o governador de Pernambuco, que se comprometeu a não punir os escravos que
12. (UNISO) Durante a maior parte do período colonial a participação nas câmaras das vilas era desejassem retornar às fazendas.
uma prerrogativa dos chamados "homens bons", excluindo-se desse privilégio os outros (C) existência de poucos quilombos na região Norte pode ser explicada pela administração
integrantes da sociedade. A expressão "homem bom" dizia respeito a: diferenciada, já que, no Estado do Grão-Pará e Maranhão, a Coroa Portuguesa havia
proibido a escravidão negra.
(A) homens que recebiam a concessão da Coroa portuguesa para explorar minas de ouro e (D) quase inexistência de quilombos no Sul do Brasil se relaciona à pequena porcentagem de
de diamantes; negros na região, o que também permitiu que lá não ocorressem questões ligadas à
(B) senhores de engenho e proprietários de escravos; segregação racial.
(C) funcionários nomeados pela Coroa portuguesa para exercerem altos cargos (E) população dos quilombos também era formada por indígenas ameaçados pelos europeus,
administrativos na colônia; brancos pobres e outros aventureiros e desertores, embora predominassem africanos e
(D) homens considerados de bom caráter, independentemente do cargo ou da função que seus descendentes.
exerciam na colônia.

15. (FATEC) A escravidão indígena adotada no início da colonização do Brasil, foi progressivamente
abandonada e substituída pela africana, entre outros motivos, devido:

(A) ao constante empenho do Papado na defesa dos índios contra os colonos.

Curso Preparatório Cidade | Tópico 1.4 – A camada senhorial e os escravos 65


(B) à bem sucedida campanha dos jesuítas em favor dos índios. 18. As leis portuguesas do século XVI são dúbias com relação aos indígenas, proíbem a
(C) à completa incapacidade dos índios para o trabalho. escravização do indígena, mas ao mesmo tempo abrem essa possibilidade em caso de “guerra
(D) aos grandes lucros proporcionados pelo tráfico negreiro aos capitais particulares e à justa”. Para os portugueses “guerra justa” significava:
coroa.
(E) ao desejo manifestado pelos negros de emigrarem para o Brasil em busca de trabalho. (A) A utilização da força para que esses povos pudessem participar do reino dos céus.
(B) Aquela no qual o indígena tomava a iniciativa de agressão contra o branco.
(C) O aprisionamento devido à necessidade vital de mão-de-obra.
16. Durante o período colonial, o Estado português deu suporte legal a guerras contra povos
(D) A ação missionária do jesuíta para ensinar os valores da sociedade branca.
indígenas do Brasil, sob diversas alegações; derivou daí a guerra justa, que fundamentou:
(E) O uso da violência na formação dos aldeamentos, evitando a ação dos jesuítas.

(A) o genocídio dos povos indígenas, que era, no fundo, a verdadeira intenção da Igreja, do
Estado e dos colonizadores. 19. Os senhores poucos, os escravos muitos; os senhores rompendo galas, os escravos despidos e
(B) a criação dos aldeamentos pelos jesuítas em toda a colônia, protegendo os indígenas dos nus, os senhores banqueteando, os escravos perecendo à fome...
portugueses.
(C) o extermínio dos povos indígenas do sertão quando, no século XVII, a lavoura açucareira Estas palavras, do padre Antônio Vieira, descrevem bem a situação da sociedade colonial à época
aí penetrou depois de ter ocupado todas as áreas litorâneas. do apogeu açucareiro. A respeito, considere as afirmativas:
(D) a escravização dos índios, pois, desde a antigüidade, reconhecia-se o direito de matar o
prisioneiro de guerra, ou escravizá-lo. I. Os senhores eram os donos dos engenhos e da riqueza neles gerada; logo, podiam comer
(E) uma espécie de "limpeza étnica", como se diz hoje em dia, para garantir o predomínio do bem e vestir-se luxuosamente.
homem branco na colônia. II. Os escravos eram uma propriedade dos senhores, como qualquer outro objeto de sua
lavoura e de seu engenho, não precisando de roupas e comendo apenas o mínimo
necessário.
17. A organização do engenho exigia a utilização de numerosos trabalhadores na produção
III. A Igreja Católica, inclusive os padres da Companhia de Jesus, admitiu em geral a
açucareira, estimulando a escravidão, já adotada por Portugal nas Ilhas Atlânticas, e que
escravidão africana, embora tenha combatido com coragem e tenacidade a escravização do
representava:
indígena.
IV. A minoria dos senhores de terras e escravos temia as ações dos jesuítas, tal como haviam
(A) a efetivação do sistema capitalista na periferia do sistema colonial, fundamental para a
feito os holandeses em Pernambuco, em prol da libertação dos escravos dos engenhos e
acumulação de riquezas.
plantações.
(B) um grande retrocesso para Portugal, que desde o Renascimento Humanista havia abolido
a escravidão de seus territórios.
Assinale:
(C) uma contradição, pois nos países europeus desenvolvia-se a mentalidade liberal,
antiescravista.
(A) Se somente as alternativas I e II estão corretas.
(D) um choque com a Igreja Católica, contrária qualquer forma de escravidão, por considerar
(B) Se somente as alternativas II e III estão corretas.
que todos são filhos de Deus.
(C) Se somente as alternativas I, II e II estão corretas.
(E) a retomada do escravismo antigo, tal como no Império Romano, em que o escravo era
(D) Se somente as alternativas II, III e IV estão corretas.
utilizado em atividades variadas.
(E) Se todas as alternativas estão corretas.

66 Tópico 1.4 – A camada senhorial e os escravos | Curso Preparatório Cidade


20. (PUC-PR) Sobre a sociedade brasileira da época colonial e primeiros tempos imperiais, é correto (C) Somente III e IV estão corretas.
afirmar-se: (D) Somente I, II e III estão corretas.
(E) Todas estão corretas.
I. A sociedade colonial foi predominantemente rural, ocorrendo a urbanização do interior de
Minas Gerais por efeito da economia aurífera.
02. (EsFCEx - 2008) Sobre a escravidão africana no Brasil é correto afirmar que:
II. A robusta casa grande, a característica do ciclo açucareiro e sociedade rural, passou a ter
sua equivalente arquitetônica no sobrado, símbolo da classe predominante, nos tempos
(A) os escravos urbanos eram mais vigiados porque conviviam com os seus proprietários no
finais da época colonial.
reduzido espaço da casa da cidade, enquanto que os escravos rurais ficavam mais
III. Enquanto o poder patriarcal caracterizou a sociedade rural, o poder semipatriarcal ou até
isolados trabalhando nas lavouras, favorecendo às rebeliões e às fugas.
paternal assinalaria a sociedade urbana. Uma suavização dos rudes costumes surgiu em
(B) no início do tráfico negreiro para o Brasil, a maioria dos africanos provinha da Guiné, na
função da urbanização.
África Ocidental, e integravam dois grandes grupos unidos por semelhanças linguísticas e
IV. Desde os primeiros tempos coloniais, a arquitetura espelhava os violentos contrastes
culturais: bantos e sudaneses.
sociais: a soberba casa grande tinha por contraste a senzala; os sobrados tiveram seus
(C) no quilombo de Palmares, símbolo da resistência africana, Ganga Zumba, então líder
opostos nos miseráveis mocambos, prenúncios antigos das atuais favelas.
daquele quilombo, foi substituído por Zumbi que, em 20 de novembro de 1694, venceu as
forças comandadas por Domingos Jorge Velho. Por sua vitória contra a opressão, o 20 de
(A) somente as opções II e III estão corretas;
novembro passou a ser o Dia da Consciência Negra.
(B) somente as opções I e IV estão corretas;
(D) os africanos, ao chegarem no Brasil, eram divididos pelos colonizadores em duas
(C) somente as opções I, II e III estão corretas;
categorias: a dos boçais, que reunia os recém chegados fossem bantos ou sudaneses
(D) somente as opções II, III e IV estão corretas;
que nada sabiam da cultura dos portugueses; e a dos ladinos, africanos aculturados que
(E) todas as opções estão corretas.
já entendiam a língua e alguns costumes dos colonizadores.
(E) Recife e Salvador, por se tratarem de grandes produtores de cana-de-açúcar, foram os
EXERCÍCIOS DE PROVA principais entrepostos escravistas, do início ao fim da escravidão no Brasil. Receberam,
sobretudo, africanos bantos.

01. (EsFCEx - 2002) Observando-se a formação étnica do povo brasileiro, analise as afirmativas 03. (EsFCEx - 2010) A sociedade colonial brasileira “herdou concepções clássicas e medievais de
abaixo. organização e hierarquia, mas acrescentou-lhe sistemas de graduação que se originaram da
diferenciação das ocupações, raça e condição social (...)”
I. Os portugueses (brancos) possuíam grande orgulho da sua raça, o que determinou as
relações étnicas no Brasil. (Schwartz, Stuart B. Segredos Internos.)
II. A facilidade com que ocorreu a miscigenação no Brasil foi determinada pelo português ser
um povo de mestiços, inclusive com sangue negro. A partir da análise do fragmento acima e dos conhecimentos sobre as consequências do processo
III. As ordens régias, cegamente acatadas no Brasil, proibiam que qualquer mulato, até a colonial para a formação da sociedade brasileira é correto afirmar que:
quarta geração, exercessem cargos municipais.
IV. O governo português estimulava os casamentos entre brancos e índios, protegendo-lhes a (A) a categoria “raça”, no que se refere aos indígenas e negros no Brasil colonial se constituiu
prole. em um importante elemento de submissão e dominação cultural e religiosa e, também,
de exploração da força de trabalho.
Com base na análise, assinale a alternativa correta. (B) Os elementos de diferenciação entre raça, cultura e condição social obedeceram, na
formação do Brasil colonial, o modelo medieval português que se utilizava dessas
(A) Somente I está correta. categorias em sua organização social.
(B) Somente II e IV estão corretas.

Curso Preparatório Cidade | Tópico 1.4 – A camada senhorial e os escravos 67


(C) A hierarquia gradual dos diversos grupos sociais se constituiu em um importante
elemento de formação da sociedade brasileira, a qual diluiu e superou as distinções
clássicas de raça, cor e condições sociais.
(D) As distinções essenciais entre colonizadores, índios e negros no Brasil colonial não
consideraram, como o modelo português clássico, a propriedade e o trabalho como
elementos do processo de hierarquização social.
(E) Localizados hierarquicamente no topo da pirâmide social do Brasil colonial, os
portugueses promoveram o processo de miscigenação com o objetivo de reduzir a
distância social entre brancos, índios e negros – o que resultou em uma sociedade
marcada pela convivência democrática e pacífica entre os seus grupos formadores.

68 Tópico 1.4 – A camada senhorial e os escravos | Curso Preparatório Cidade


Tópico 1.5 – A conquista dos sertões – entradas e bandeiras A CONQUISTA DOS SERTÕES – ENTRADAS E BANDEIRAS

“(...) os portugueses, até então, só haviam arranhado o litoral como caranguejos”.


Comentário
Prezado estudante, Frei Vicente do Salvador Arrais

Avancemos um pouco mais! Entradas e Bandeiras foram movimentos de penetração no interior do território brasileiro. Típicos
do século XVII e influenciados diretamente pela formação da União Ibérica estes movimentos
Entre as anos 1580 e 1640, Portugal foi dominado pela Espanha. A crise sucessória possuíram objetivos diversos como:
iniciada com a morte do jovem rei Dom Sebastião em 1578 fez que monarca espanhol,
Filipe II, assumisse a coroa portuguesa ao mesmo tempo em que era rei espanhol. Esse - promoção da expansão e exploração do novo território
período também é conhecido como Era Filipina e trouxe consequências para a colônia
- busca de metais preciosos
portuguesa na América do sul.
- aprisionamento de indígenas
Nesse contexto surgiu no Brasil, principalmente a partir de São Paulo, um movimento
conhecido como Bandeiras e Entradas.
- destruição de quilombos

Você conhece algo sobre o assunto? Provavelmente hoje o Brasil teria uma dimensão
Classificar essas expedições não é tarefa tão simples. De acordo com Synesio Sampaio Goes Filho.
geográfica muito inferior à atual se não fossem as andanças desses bravos
aventureiros! A realidade é complexa, pois o movimento de penetração territorial
apresenta aspectos diferentes em lugares e tempos diversos. Uma coisa
Foram eles os responsáveis pela expansão das fronteiras brasileiras. Ultrapassando os
são os grandes agrupamentos que adentravam os sertões, divididos em
limites de Tordesilhas (lembre-se que este tratado "perdeu o sentido" com a formação
unidades militares, bem armados, às vezes até acompanhados pelos
da União Ibérica!) e contando com a presença dos indígenas em suas tropas, os
agentes básicos das comunidades urbanas, como juízes, padres, tabeliães
bandeirantes realizaram feitos grandiosos e importantíssimos para o futuro do país.
e policiais. Verdadeiras "cidades em marcha", na expressão de Cassiano
Ricardo, tal como a célebre bandeira de Manoel Preto e Raposo Tavares,
Apesar de sua importância, a verdade é que o movimento das bandeiras e entradas não
de novecentos brancos e mamelucos e dois mil e duzentos índios, que, em
foi, ainda, definitivamente estudado pelos historiadores brasileiros. A própria
1629, destruiu as reduções jesuíticas do Guairá.
nomenclatura do que seriam as entradas e do que seriam as bandeiras ainda é um
pouco confusa.
Outra coisa são as expedições fluviais, de que é exemplo o grupo de "118
Ao ler o texto repare, estimado leitor, que as bandeiras tiveram um caráter povoador pessoas, 30 armas de fogo e 88 índios de frechar", que, chefiado por
em muitas regiões do Brasil, como Goiás, Minas Gerais e Mato Grosso. Por outro lado o Francisco de Mello Palheta, a mando do Governo de Belém, subiu em cinco
mesmo movimento teve um caráter despovoador em outras regiões, como no sul grandes embarcações o Amazonas e o Madeira em 1722, encontrando as
brasileiro, onde as bandeiras objetivavam principalmente a captura de índios. frentes espanholas da Missão de Moxos e descobrindo o rio Guaporé.
Diferente ainda são os corpos armados de sertanistas, como o de
Em outros momentos, o principal objetivo das bandeiras foi descobrir metais preciosos Domingos Jorge Velho, contratado em 1694 pelo Governo-Geral para
ou destruir quilombos. guerrear os negros do Quilombo de Palmares, em Alagoas. E, finalmente,
de espécie diversa são os grupos pequenos - quase nunca passavam de 50
Sobre o assunto, leia o texto a seguir. homens - que saíam à procura de pedras e metais preciosos, carregando
muito mais bateias e almoçares (enxadas para mineração) do que flechas
Bons estudos!

Curso Preparatório Cidade | Tópico 1.5 – A conquista dos sertões – entradas e bandeiras 69
e arcabuzes, tal como o de Antônio Dias de Oliveira, que descobriu ouro, Figura 21: Estátua de Antônio Raposo Figura 22: Domingos Jorge Velho por
em 1698, no local onde nasceria Ouro Preto. Tavares, um dos mais famosos Benedicto
bandeirantes
(Synesio Sampaio Goes Filho. Navegantes, Bandeirantes, Diplomatas. Um ensaio sobre a
formação das fronteiras do Brasil. Biblioteca do Exército Editora. 1ª edição. Janeiro de
2000. Págs. 90 e 91)

Percebemos que existiram diversos tipos de movimentos com diferentes características e objetivos.
Classificá-los é uma tarefa complexa, mas de forma geral podemos considerar que as chamadas
entradas tinham como principal objetivo expandir o território. Eram financiadas pelos cofres
públicos e com o apoio do governo colonial em nome da Coroa Portuguesa, ou seja, eram
expedições organizadas pelo governo de Portugal.

As bandeiras eram iniciativas de particulares, associados ou não, que com recursos próprios
buscavam obtenção de lucros. Ou seja, eram expedições organizadas por particulares. As bandeiras
geralmente partiam da capitania de São Vicente como Sorocaba, Taubaté e da Vila de São Paulo.
Boris Fausto chama a atenção para o fato que:

As relações entre os interesses da Coroa e o bandeirismo foram


complexas. Houve bandeiras que contaram com o direto incentivo da
administração portuguesa, e outras não. De um modo geral, a busca de
metais preciosos, o apresamento de índios em determinados períodos e a
expansão territorial eram compatíveis com os objetivos da Metrópole. Calixto. 1903.
Museu Paulista em São Paulo

(História Concisa do Brasil. Boris Fausto. EdUsP. São Paulo. 2001. Página 51)

Não existem documentos iconográficos que possam atestar o efetivo uso da insígnia : a bandeira. De acordo com relatos escritos "trajavam calças de algodão, protegidas de altas perneiras,
um cinturão sobre o qual caía a camisa, e um gibão [espécie de casaco] de couro ou
Não há imagens de bandeirantes feitas à época. Todas as imagens dos bandeirantes divulgadas uma vestimenta estofada de algodão, que protegia o peito e o ventre.
atualmente são representações posteriores e o típico bandeirante paulista com suas longas roupas
e botas na verdade foi inspirado na figura dos bandeirante canadense. Andavam quase sempre descalços. Um chapelão de palha de abas largas, uma bolsa de
couro a tiracolo, uma cuia para o rancho e um primitivo cantil de chifre completavam a
farda e os aprestos desses mateiros...”

Em relação às armas, usavam "o trabuco, o arcabuz, o mosquete". Alguns levavam


machados, e todos usavam o facão, ao passo que "os índios da tropa [a grande maioria,
marchando nus ou quase] iam armados de arco e flecha".

Também podemos citar, nessa época, outro movimento importante na formação territorial
brasileira: as monções. As monções foram expedições fluviais que se dirigiram para o sertão
posteriormente denominado das Minas Gerais; outras, descendo o curso do rio Tietê, atingiram as
bacias dos rios Paraná e Paraguai, o Pantanal Mato-grossense e, de lá, a bacia amazônica e o

70 Tópico 1.5 – A conquista dos sertões – entradas e bandeiras | Curso Preparatório Cidade
Oceano Atlântico. As monções foram importantes no desbravamento e incorporação da região Para o historiador Capistrano de Abreu, as bandeiras não podem ser bem entendidas sem levarmos
centro-oeste brasileira, povoada inicialmente a partir das descobertas de ouro e diamantes no Mato em conta o hábito tupi de levar estandartes em suas investidas bélicas contras os inimigos.
Grosso e em Goiás. Para os participantes das monções, os rios brasileiros poderiam servir como Sabemos que a maioria das bandeiras contava com tropas indígenas em suas fileiras. Aliás, sem os
verdadeiras estradas. Isto não quer dizer que muitos rios não fossem margeados ou servissem de indígenas seria muito difícil para os portugueses adentrarem o território brasileiro. Ao contrário do
pontos de referência nas jornadas desgastantes pelo sertão brasileiro. Somente no século XVIII é trabalho agrícola, a guerra e a formação de expedições era uma atividade masculina e natural para
que as monções efetivamente ganharam importância. os índios brasileiros e por isso o número de indígenas sempre superou o de brancos nessas
expedições.
Apesar da existência das monções, podemos afirmar que as bandeiras foram um movimento
essencialmente terrestre. É interessante notar também que apesar dos indígenas serem fundamentais nesse movimento, o
velho espírito aventureiro português, característico da expansão marítima, também se faz presente
O historiador Alfredo Ellis Junior afirma que as rotas bandeirantes eram basicamente as mesmas nesse movimento. De certa forma, as bandeiras são uma continuação terrestre da expansão
utilizadas pelos indígenas. A mais conhecida dessas trilhas é anterior à chegada de Cabral e tem marítima – momento privilegiado na descoberta de novas terras e regiões a serem exploradas.
cerca de 1400 quilômetros de extensão por 1,5 metro de largura. Se chamava “piaburu” e ligava o
Pacífico Andino até o litoral atlântico. Essa trilha passava por regiões como os atuais estados de As bandeiras partiram de diversas regiões brasileiras, mas foi a partir de São Paulo que ganharam
São Paulo e Paraná. destaque. Ao analisarem as causas do destaque paulista no movimento bandeirante Luiz Koshiba e
Denise Manzi Freira afirmam que:
Figura 23: O Caminho de Peabiru.
A capitania de São Vicente, apesar do relativo sucesso no começo da
colonização, terminou por mergulhar num estado de profunda pobreza por
causa da sua posição excêntrica em relação ao pólo dinâmico do nordeste.
A falta de contato com a Metrópole estimulou os vicentinos a entrarem
para o interior depois de subir a serra do Mar e atingir o planalto de
Piratininga. A princípio tratava-se de encontrar ouro ou prata. É a fase do
bandeirismo de ouro de lavagem.

(História do Brasil. Luiz Koshiba e Denise Manzi Freire. História do Brasil. Editora Atual. 7ª
edição revista e atualizada. São Paulo. Editora Atual. 1996. Pág. 66)

A busca por metais preciosos motivou os paulistas a começarem suas andanças pelo sertão
brasileiro. No entanto as principais empreitadas bandeirantes partiram de São Paulo e rumaram em
direção ao sul da colônia para a apreensão de indígenas – bandeirismo de preação.

A presença holandesa na África entre 1625 e 1650 dificultou temporariamente o tráfico de escravos
para o Brasil. Dessa forma o aprisionamento de indígenas atendia a demanda por escravos ainda
que estes não se adaptassem perfeitamente ao trabalho agrícola como queriam os senhores de
terras. O historiador John Manuel Monteiro afirma que o chamado bandeirismo de apresamento
deveu-se sobretudo às necessidades da agricultura na região em torno de São Paulo – importante
região produtora de trigo. Ou seja, nem todos os escravos indígenas eram destinados às
plantações de cana-de-açúcar no litoral.

A presença dos bandeirantes na região sul do continente gerou conflitos com jesuítas espanhóis
que montavam suas reduções (missões) em áreas de fronteira com a colônia portuguesa. Um dos

Curso Preparatório Cidade | Tópico 1.5 – A conquista dos sertões – entradas e bandeiras 71
bandeirantes que obteve mais êxito neste período foi Antônio Raposo Tavares, que após travar invasões haviam destruído boa parte das aldeias Guarani e virtualmente todas as reduções do
diversos conflitos com jesuítas ao sul, fez uma longa viagem ligando a região platina à região Guairá.
amazônica.
Após a retomada dos portugueses de suas possessões africanas e o consequente restabelecimento
Figura 24: Selvagens Civilizados Soldados Índios da Província de Curitiba Conduzindo do tráfico de escravos, o chamado bandeirismo de preação entrou em declínio e os bandeirantes
Prisioneiros Indígenas tiveram que se reinventar. Ainda de acordo com Luiz Koshiba e Denise Manzi Freire

Na época da conquista holandesa, ocorreram fugas em massa de


escravos, que formaram o mais famoso quilombo, o de Palmares, em
Alagoas. Da mesma forma, os indígenas oprimidos organizaram no Rio
Grande do Norte a Confederação dos Cariris. Para destruir esses focos de
rebelião, os grandes proprietários do nordeste recorreram a esses rústicos
bandeirantes que agora passaram a ser utilizados como força repressora.
Teve início aí o sertanismo de contrato, a última fase e forma do
bandeirismo. Para destruir a resistência do Quilombo dos Palmares e a da
Confederação dos Cariris foram contratados os serviços de Domingos
Jorge Velho.

(História do Brasil. Luiz Koshiba e Denise Manzi Freire. História do Brasil. Editora Atual. 7ª
edição revista e atualizada. São Paulo. Editora Atual. 1996. Pág. 66)

A independência dos paulistas precisa ser qualificada. Sem dúvida, não


tiveram um comportamento subserviente com relação à Coroa, cujas
determinações muitas vezes desafiaram. Foram inclusive chamados por
Jean-Baptiste Debret – Da obra “Voyage Pittoresque et Historique au Brésil”.
um governador geral de gente que “não conhecia nem Deus, nem Lei, nem
Justiça”. Não se pode dizer, porém, que os interesses da Coroa e o
Na região sul do continente, os índios guaranis eram maioria. Muitos já estavam disciplinados pelos
bandeirismo estivessem inteiramente divorciados. Houve bandeiras que
jesuítas nos aldeamentos ou reduções jesuíticas. O fato dos guaranis acreditarem em um deus
contaram com o direto incentivo da administração portuguesa e outras,
principal foi decisivo para que os jesuítas tivessem êxito no processo de aculturação indígena.
não. De modo geral, a busca de metais preciosos, o apresamento de índios
Repare que em regiões como Goiás e Mato Grosso o foco da ação bandeirante era principalmente a em determinados períodos e a expansão territorial eram compatíveis com
descoberta de metais. Nessas regiões os indígenas eram mais arredios e dificilmente capturados. os objetos da Metrópole. Os bandeirantes serviram também aos
Ao contrário do que ocorrera no sul, o bandeirismo teve um caráter povoador nessas regiões. propósitos de repressão de populações submetidas, no Norte e Nordeste
do país. Domingos Jorge Velho e outro paulista, Matias Cardoso de
Na região sul, a situação era diferente, pois num único ataque, os bandeirantes conseguiam mão- Almeida, participaram do combate no Rio Grande do Norte à longa
de-obra abundante e disciplinada. Jesuítas espanhóis afirmam que somente nas missões rebelião indígena conhecida como Guerra dos Bárbaros (1683-1713). O
paraguaias foram capturados mais de 300 mil indígenas. mesmo Domingos Jorge Velho conduziu a campanha final de liquidação do
Quilombo doa Palmares em Alagoas (1690-1695).
A situação era tão complicada para os jesuítas que em 1640 o Papa os autorizou a usarem armas.
A partir daí os bandeirantes conheceram algumas derrotas. No entanto, as armas e os FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo 2013. 14ª edição.
deslocamentos das reduções não freavam os bandeirantes paulistas. Até 1632, as sucessivas

72 Tópico 1.5 – A conquista dos sertões – entradas e bandeiras | Curso Preparatório Cidade
Aos bandeirantes devemos parte e responsabilidade importante na formação das fronteiras 03. (Ufmg) Leia o texto.
terrestres do Brasil. Toda fronteira brasileira está situada na banda espanhola delimitada
inicialmente pelo Tratado de Tordesilhas (1494). Foram eles os responsáveis por nossa “Marcha "Doenças, acidentes, deserções, combates com os índios iam dizimando paulatinamente a tropa.
para o Oeste”. Atualmente o território brasileiro alcança os contrafortes andinos e o ponto mais (...) Num dos momentos mais difíceis da aventura, o filho bastardo de Fernão, José Pais,
ocidental localiza-se a apenas 500 quilômetros do Pacífico. compreendeu que a única maneira de retornar à casa seria matando o obstinado líder da bandeira.
Mas Fernão descobriu a conspiração e quem morreu - enforcado à vista do arraial - foi José. E com
ele seus companheiros de conjura."
EXERCÍCIOS
(SANTOS, C Moreira dos. JORNAL DO BRASIL, Caderno B, 27/04/1974.)

01. (Fuvest) Em 1694, uma expedição chefiada pelo bandeirante Domingos Jorge Velho foi Assinale a alternativa que apresenta afirmação correta sobre as bandeiras que penetraram o sertão
encarregada pelo governo metropolitano de destruir o quilombo de Palmares. Isto se deu brasileiro no século XVII.
porque:
(A) O caráter nômade e provisório das bandeiras impediu que elas iniciassem a fixação de
(A) os paulistas, excluídos do circuito da produção colonial centrada no Nordeste, queriam aí população no interior.
estabelecer pontos de comércio, sendo impedidos pelos quilombos. (B) A adversidade da natureza impediu que os bandeirantes dessem início a qualquer tipo de
(B) os paulistas tinham prática na perseguição de índios, os quais aliados aos negros de atividade de subsistência.
Palmares ameaçavam o governo com movimentos milenaristas. (C) Os índios encontrados pelo caminho eram exterminados, quando impediam a captura de
(C) o quilombo desestabilizava o grande contingente escravo existente no Nordeste, mão-de-obra negra e escrava.
ameaçando a continuidade da produção açucareira e da dominação colonial. (D) Os bandeirantes paulistas, soltos no sertão bravio, muitas vezes usurpavam do Rei o
(D) os senhores de engenho temiam que os quilombolas, que haviam atraído brancos e poder que este lhes delegara.
mestiços pobres, organizassem um movimento de independência da colônia.
(E) os aldeamentos de escravos rebeldes incitavam os colonos à revolta contra a metrópole 04. (Ufu) A atividade bandeirante marcou a atuação dos habitantes da Capitania de São Vicente
visando trazer novamente o Nordeste para o domínio holandês. entre os séculos XVI e XVIII.

02. (Mackenzie) A historiografia tradicional atribui ao bandeirismo o alargamento do território A esse respeito, assinale a alternativa correta.
brasileiro para além de Tordesilhas.
(A) Buscando capturar o índio para utilizá-lo como mão-de-obra ou para descobrir minas de
Sobre esta atividade é correto afirmar que: metais e pedras preciosas, o chamado bandeirismo apresador e o prospector foram
importantes para a ampliação dos limites geográficos do Brasil colonial.
(A) jamais converteu-se em elemento repressor, atacando quilombos ou aldeias indígenas. (B) As bandeiras eram empresas organizadas e mantidas pela Metrópole, com o objetivo de
(B) as Missões do Sul foram preservadas dos ataques paulistas, devido à presença dos conquistar e povoar o interior da colônia, assim como garantir, efetivamente, a posse e o
jesuítas espanhóis. domínio do território.
(C) na verdade, o bandeirismo era a forma de sobrevivência para mestiços vicentinos, rudes e (C) As chamadas bandeiras apresadoras tinham uma organização interna militarizada e eram
pobres e a expansão territorial ocorreu de forma inconsciente como subproduto de sua compostas exclusivamente por homens brancos, chefiados por uma autoridade militar da
atividade. Coroa.
(D) eram empresas totalmente financiadas pelo governo colonial, tendo por objetivo alargar o (D) O que explicou o impulso do bandeirismo no século XVII foi a assinatura do tratado de
território para além de Tordesilhas. fronteiras com a Espanha, que redefiniu a Linha de Tordesilhas e abriu as regiões de
(E) era exercida exclusivamente pelo espírito de aventura dos brancos vinculados à elite Mato Grosso até o Rio Grande do Sul, possibilitando a conquista e a exploração
proprietária vicentina, cujas lavouras de cana apresentavam grande prosperidade. portuguesa.

Curso Preparatório Cidade | Tópico 1.5 – A conquista dos sertões – entradas e bandeiras 73
(E) Derivado da bandeira de apresamento, o sertanismo de contrato era uma empresa (E) a colonização indígena sofreu uma significativa queda com o início das Missões dos
particular, organizada com o objetivo de pesquisar indícios de riquezas minerais, Jesuítas.
especialmente nas regiões de Mato Grosso, Goiás e Minas Gerais.

07. (Fgv) "Assim, alguns dos irmãos mandados para esta aldeia, que se chama Piratininga,
05. (Unesp) "Nossa milícia, Senhor, é diferente da regular que se observa em todo o mundo. chegamos a 25 de janeiro do ano do Senhor de 1554, e celebramos em paupérrima e
Primeiramente nossas tropas com que vamos à conquista do gentio bravo desse vastíssimo estreitíssima casinha a primeira missa, no dia da Conversão do Apóstolo São Paulo e, por isso,
sertão não é de gente matriculada no livro de Vossa Majestade, nem obrigada por soldo, nem a ele dedicamos a nossa casa".
por pagamento de munição."
ANCHIETA, José de, "Carta de Piratininga (1554)". Cartas, informações, fragmentos históricos e sermões,
(Carta de Domingos Jorge Velho ao rei de Portugal, em 1694.) Belo Horizonte/São Paulo: Itatiaia/Edusp, 1988, p.48.

De acordo com o autor da Carta, pode-se afirmar que: Sobre a fundação da vila de São Paulo no período colonial podemos afirmar que:

(A) os bandeirantes possuíam tropas de mercenários, pagas pela metrópole, com o objetivo (A) Expulsos de Piratininga, os jesuítas retornaram em 1554 com tropas portuguesas que
de exterminar indígenas. promoveram a destruição dos grupos indígenas da região.
(B) havia proibição oficial de capturar índios para a escravização e os bandeirantes (B) Sua fundação acompanhou a tendência da colonização portuguesa em privilegiar a
pretendiam evitar ser punidos pelos colonos e pelos espanhóis. formação de núcleos no interior, em lugar de entrepostos litorâneos.
(C) os exércitos portugueses, organizados na colônia, tinham a particularidade de serem (C) Desde sua fundação até o final do século XVIII, sua principal atividade econômica foi a
compostos por indígenas especializados em destruir quilombos. produção de açúcar e algodão voltada para o mercado externo.
(D) algumas tribos indígenas ameaçavam a segurança dos colonos e as bandeiras eram (D) Sua fundação ocorreu em função dos interesses jesuíticos em controlar o comércio de
tropas encarregadas de transportar os nativos para as reduções religiosas. metais e pedras preciosas realizado pelas tribos indígenas da região.
(E) muitas das bandeiras paulistas eram constituídas por exércitos particulares, especializados (E) Sua fundação está vinculada à motivação missionária dos jesuítas que tinham nos
em exterminar e capturar indígenas para serem escravizados. colégios e aldeamentos suas bases principais.

06. (Ufc) A crueldade e impunidade dos participantes das entradas contra os indígenas foi 08. (Ueg) O processo de ocupação e desbravamento do interior brasileiro talvez seja uma das
denunciada pelo Pe. Antônio Vieira." ... e assim fala toda esta gente nos tiros que deram; nos etapas mais interessantes da formação social do Brasil no período colonial. As entradas e
que fugiram... nos que mataram, como se falassem de uma caçada e não valessem mais as bandeiras que desbravaram o sertão estão na origem da formação dos primeiros núcleos
vidas dos índios que a dos animais". urbanos no interior do país, como no caso da região de Goiás.

Fonte: Carta do Pe. Antônio Vieira, 1653, Maranhão, destinada ao Padre Provincial, in COLETÂNEA DE Sobre o processo de ocupação e povoamento de Goiás, é CORRETO afirmar:
DOCUMENTOS HISTÓRICOS PARA O 1º GRAU - 5• à 8• SÉRIES. SE/CENP. 1979, P.25.

(A) Até o início do século XVIII, a região do atual Estado de Goiás era desabitada e
Considerando este depoimento, é correto afirmar que:
considerada território desconhecido tanto por portugueses quanto por indígenas, que
ocupavam preferencialmente o litoral brasileiro.
(A) as aldeias indígenas consolidavam a solidariedade existente entre as tribos.
(B) A bandeira de Bartolomeu Bueno da Silva foi a primeira expedição de exploração do atual
(B) a população indígena, sobretudo no interior, sofreu um verdadeiro extermínio, vítima da
território goiano, que lançou as bases para outros descobertos, como o das minas de
escravidão.
Cuiabá.
(C) o bandeirismo contribuiu para o crescimento das vilas indígenas no atual território de São
(C) Por causa da grande distância a ser percorrida entre a região das minas dos Goyases e o
Paulo.
Estado de São Paulo, foi pequena a utilização da mão-de-obra africana na região, ficando
(D) a caça ao elemento indígena pelos bandeirantes foi condenada pelos senhores de terras.
a extração aurífera sob o encargo de indígenas escravizados.

74 Tópico 1.5 – A conquista dos sertões – entradas e bandeiras | Curso Preparatório Cidade
(D) O curto período de exploração aurífera em Goiás deve-se ao rápido esgotamento dos (C) A busca de terras para o gado, afastadas da região canavieira litorânea, estimulou os
veios auríferos localizados nos leitos dos rios e à técnica rudimentar utilizada na extração estancieiros do sul (Capitania de São Pedro do Rio Grande do Sul) a empreenderem
do ouro. entradas nos sertões paraibanos.
(E) O declínio da produção aurífera trouxe poucos abalos à dinâmica social goiana, visto que (D) A procura de ouro e, depois, o interesse no comércio decorrente da descoberta das minas
já havia se estabelecido na região uma intensa atividade comercial e agrícola que na região incentivaram os colonos paulistas a organizarem monções para a Capitania de
sustentava o crescimento econômico local. Mato Grosso, penetrando território, então, pertencente ao Império espanhol.
(E) A necessidade de expansão do gado para novas terras induziu os habitantes de São Paulo
a formarem bandeiras contra os índios guaranis, aldeados em Missões ao sudoeste dos
09. (Ufpb) O título e a letra da música a seguir fazem referência, em linguagem artística, ao
limites territoriais da América Portuguesa, à época.
processo de formação territorial do Brasil. Esse processo teve muitas motivações, diversos
agentes históricos, variadas formas de organização e múltiplas direções geográficas, dele
resultando o alargamento das dimensões originais das possessões portuguesas na América, que 10. (Mackenzie) "Os bandeirantes foram romantizados (...) e postos como símbolo dos paulistas e
haviam sido estabelecidas pelo Tratado de Tordesilhas (1494). do progresso, associação enobrecedora. A simbologia bandeirante servia para construir a
imagem da trajetória paulista como um único e decidido percurso rumo ao progresso,
ENTRADAS E BANDEIRAS encobrindo conflitos e diferenças."

O que vocês diriam dessa coisa (Abud, K. Maria. In: Matos, M. I. S. de São Paulo e Adoniram Barbosa)
Que não dá mais pé?
O que vocês fariam pra sair desta maré? Ainda que essa imagem idealizada do bandeirante tenha sido uma construção ideológica, sua
O que era sonho vira terra importância, no período colonial brasileiro, decorre:
Quem vai ser o primeiro a me responder?
(A) de sua iniciativa em atender à demanda de mão-de-obra escrava do Brasil Holandês,
Sair desta cidade ter a vida onde ela é durante o governo de Maurício de Nassau.
Subir novas montanhas diamantes procurar (B) de sua extrema habilidade para lidar com o nativo hostil, garantindo sua colaboração
No fim da estrada e da poeira espontânea na busca pelo ouro.
Um rio com seus frutos me alimentar (C) de sua colaboração no processo de expansão territorial brasileira, à medida que
ultrapassou o Tratado de Tordesilhas e fundou povoados, garantindo, futuramente, o
NASCIMENTO, Milton e BRANT, Fernando. Disponível em: direito de Portugal sobre essas terras.
<http://miltonnascimento.letras.terra.com.br/letras/252573/->. Acesso em: 08 set. 2006).
(D) de sua atuação decisiva na Insurreição Pernambucana, que resultou na expulsão dos
holandeses do nordeste, em 1654, considerada como o primeiro movimento de cunho
Considerando a letra da música, as informações apresentadas e seus conhecimentos sobre o tema,
emancipacionista da colônia.
verifica-se que as motivações, os agentes, as formas de organização e a direção geográfica da
(E) da colaboração dos mesmos na formação das Missões Jesuíticas, cujo objetivo era a
expansão territorial na América Portuguesa estão, corretamente, correlacionadas em:
proteção e catequização de índios tupis, obstáculo à ocupação do território colonial.
(A) A busca e aprisionamento de índios, para a sua comercialização nos engenhos do atual
Nordeste, desfalcados de escravos negros após a tomada de Angola pelos holandeses, 11. (Unifesp) "... a vila de São Paulo de há muitos anos que é República de per si, sem observância
motivou os habitantes de São Paulo a organizarem bandeiras para o extremo ocidental da de lei nenhuma, assim divina como humana..."
Amazônia.
(B) A procura de ouro e metais preciosos impulsionou autoridades metropolitanas e colonos a (Governador Geral Antonio L. G. da Câmara Coutinho, em carta ao Rei, 1692.)
formarem monções, aproveitando a navegabilidade do rio Paraná, em direção à Capitania
de Minas Gerais. O texto indica que, em São Paulo:

Curso Preparatório Cidade | Tópico 1.5 – A conquista dos sertões – entradas e bandeiras 75
(A) depois que os jesuítas, que eram a favor da escravidão, foram expulsos, a cidade ficou 2. A ocupação do Pampa gaúcho não teve nenhum interesse econômico, estando ligada aos
abandonada à própria sorte. conflitos luso-espanhóis na Europa.
(B) como decorrência da geografia da capitania e dos interesses da Metrópole, imperava a 3. O planalto central, nas áreas correspondentes aos atuais Estados de Minas Gerais, Goiás e Mato
autonomia política e religiosa. Grosso, foi um dos principais alvos do bandeirismo, e sua ocupação está ligada à mineração.
(C) a exemplo do que se passava no resto da capitania, reinava o mais completo descaso em 4. A zona missioneira no sul do Brasil representava um obstáculo tanto aos colonos, interessados
termos políticos e religiosos. na escravização dos indígenas, quanto a Portugal, dificultando a demarcação das fronteiras.
(D) com a descoberta do ouro de Minas Gerais, os habitantes passaram a se queixar do 5. O Sertão nordestino, primeira área interior ocupada no processo de colonização, foi um
abandono a que ficaram relegados. prolongamento da lavoura canavieira, fornecendo novas terras e mão-de-obra para a expansão
(E) graças à proclamação de Amador Bueno, os habitantes da cidade passaram a gozar de da lavoura.
um estatuto privilegiado.
As afirmações corretas são:

12. (Espm) "Essas longas jornadas fluviais diversificaram os meios de locomoção e exigiram nova
(A) somente 1, 2 e 4.
postura dos seus componentes. Os rios tornaram-se a principal artéria de deslocamento, razão
(B) somente 1, 2 e 5.
pela qual as técnicas fluviais alcançaram grande desenvolvimento entre os paulistas. Para
(C) somente 1, 3 e 4.
tornar a jornada menos perigosa formaram-se comboios que substituíram as unidades isoladas.
(D) somente 2, 3 e 4.
Porto Feliz era seu foco irradiador e as frotas que dali seguiam pelos rios Tietê, Paraná e
(E) somente 2, 3 e 5.
outros, reuniam por vezes 300 ou 400 canoas em expedições que com diversas variantes por
todo um século, inclusive com a difícil transposição de numerosas cachoeiras e corredeiras,
asseguravam as comunicações entre São Paulo e Mato Grosso". 14. (Fuvest) Entre 1750, quando assinaram o Tratado de Madrid, e 1777, quando assinaram o
Tratado de Santo Ildefonso, Portugal e Espanha discutiram os limites entre suas colônias
(Adaptado do "Dicionário do Brasil Colonial", direção de Ronaldo Vainfas). americanas. Neste contexto, ganhou importância, na política portuguesa, a ideia da
necessidade de:
O texto descreve o seguinte tipo de expedições:

(A) defender a colônia com forças locais, daí a organização dos corpos militares do centro-sul
(A) As monções.
e a abolição das diferenças entre índios e brancos.
(B) O sertanismo de contrato.
(B) fortificar o litoral para evitar ataques espanhóis e isolar o marquês de Pombal por sua
(C) A caça ao índio.
política nitidamente pró-bourbônica.
(D) O tropeirismo.
(C) transferir a capital da Bahia para o Rio de Janeiro, para onde fluía a maior parte da
(E) O comércio de drogas do sertão.
produção açucareira, ameaçada pela pirataria.
(D) afastar os jesuítas da colônia por serem quase todos espanhóis e, nesta qualidade,
13. (Cesgranrio) A ocupação do território brasileiro, restrita, no século XVI, ao litoral e associada à defenderem os interesses da Espanha.
lavoura de produtos tropicais, estendeu-se ao interior durante os séculos XVII e XVIII, ligada à (E) aliar-se política e economicamente à França para enfrentar os vizinhos espanhóis,
exploração de novas atividades econômicas e aos interesses políticos de Portugal em definir as impondo-lhes suas concepções geopolíticas na América.
fronteiras da colônia.

As afirmações a seguir relacionam as regiões ocupadas a partir do século XVII e suas atividades
dominantes.

1. No Vale Amazônico, o extrativismo vegetal - as drogas do sertão - e a captura de índios


atraíram os colonizadores.

76 Tópico 1.5 – A conquista dos sertões – entradas e bandeiras | Curso Preparatório Cidade
15. (Cesgranrio) A formação do território brasileiro no período colonial resultou de vários 17. (Fatec) "São os portugueses que antes de quaisquer outros se ocuparão do assunto. Os
movimentos expansionistas e foi consolidada por tratados no século XVIII. Assinale a opção espanhóis, embora tivessem concorrido com eles nas primeiras viagens de exploração,
que relaciona corretamente os movimentos de expansão com um dos Tratados de Limites: abandonarão o campo em respeito ao Tratado de Tordesilhas (1494) e à bula papal que dividira
o mundo a se descobrir por linhas imaginária entre as coroas portuguesa e espanhola. O litoral
(A) A expansão da fronteira norte, impulsionada pela descoberta das minas de ouro, foi brasileiro ficava na parte lusitana, e os espanhóis respeitavam seus direitos. O mesmo não se
consolidada nos Tratados de Utrecht. deu com os franceses, cujo rei (Francisco I ) afirmaria desconhecer a cláusula do testamento
(B) A região missioneira no sul constituiu um caso à parte, só resolvido a favor de Portugal de Adão que reservava o mundo unicamente a portugueses e espanhóis. Assim eles virão
com a extinção da Companhia de Jesus. também, e a concorrência só resolveria pelas armas".
(C) O Tratado de Madri revogou o de Tordesilhas e deu ao território brasileiro conformação
semelhante à atual. (PRADO Jr, Caio. HISTÓRIA ECONÔMICA DO BRASIL. São Paulo, Brasiliense, 1967.)

(D) O Tratado do Pardo garantiu a Portugal o controle da região das Missões e do rio da
Segundo o texto, é correto afirmar que:
Prata.
(E) Os Tratados de Santo Ildefonso e Badajós consolidaram o domínio português no sul,
(A) espanhóis e portugueses resolveriam a posse das terras da América pela força das armas.
passando a incluir a região platina.
(B) a concorrência entre Portugal e Espanha serviu de pretexto para que o rei da França
reservasse a si o direito de atacar a Península Ibérica e resolver o impasse pela força das
16. (Pucpr) "...sairão os missionários com todos os móveis, e efeitos, levando consigo os índios armas.
para aldear em outras terras da Espanha; e os referidos índios poderão levar também todos os (C) os franceses não reconheceram o Tratado de Tordesilhas e, por isso, não respeitaram a
seus bens móveis e semoventes, e as armas, pólvora e munições ... se entregarão as posse de terras pertencentes a Portugal ou Espanha.
povoações à Coroa de Portugal, com todas suas casas, igrejas, e edifícios e a propriedade e (D) lançando mão da "cláusula de Adão", o rei da França fundamentava a tese de que o Papa
posse de terreno..." tinha todo o direito de dispor do mundo, uma vez que era descendente direto de Adão.
(E) para os franceses, os espanhóis não respeitavam o litoral brasileiro e assolavam-no
"...como seria possível fazer a mudança de mais de trinta mil índios para outro lado do rio Uruguai constantemente porque não reconheciam, em nenhum documento, que Portugal detinha
sem causar-lhes danos irreparáveis; como transportar sem riscos mais de setecentas mil cabeças a posse das terras brasileiras.
de gado?..."

(Érico Veríssimo. O CONTINENTE. São Paulo, Círculo do Livro.) 18. (Ufrs) Considere as seguintes afirmações, referentes ao período colonial do Rio Grande do Sul
(séculos XVII e XVIII).
O texto refere-se ao:
I. Os Sete Povos das Missões foram uma tentativa de evangelização empreendida pelos
(A) Tratado de Santo Ildefonso - com entrega para a Espanha das terras da Colônia do jesuítas portugueses, visando à formação de reduções que abrigariam majoritariamente
Sacramento e dos Sete Povos. povos indígenas de etnia guarani, os quais, em troca da instrução religiosa, prestariam
(B) Convênio de El Pardo - que anulava o Tratado de Madri, em função da Guerra Guaranítica serviços nas estâncias missioneiras.
e atritos entre as comissões demarcadoras portuguesas e espanholas. II. A vila da Colônia do Sacramento foi a primeira capital da capitania do Rio Grande de São
(C) Tratado de Badajós - que restaurava, na prática, o que fora disposto no Tratado de Madri. Pedro, tendo a entrega daquele território aos espanhóis ocasionado a transferência da
(D) Princípio "Uti Possidetis": missionários e índios deveriam abandonar aquelas terras dado capital para Porto Alegre.
ao fato de as mesmas terem sido colonizadas efetivamente, antes, pelos portugueses. III. A ocupação efetiva do território do atual Rio Grande do Sul começou com o processo de
(E) Tratado de Madri - que, no Sul, entregava a Colônia do Sacramento para a Espanha e concessão de sesmarias e com a constituição das primeiras estâncias ou fazendas
destinava os Sete Povos para Portugal. dedicadas à pecuária extensiva.

Curso Preparatório Cidade | Tópico 1.5 – A conquista dos sertões – entradas e bandeiras 77
Quais estão corretas? 20. (Mackenzie) O desenvolvimento do ciclo de preação ao índio no banderismo vicentino, durante
as invasões holandesas no século XVII, explica-se porque:
(A) Apenas I.
(B) Apenas III. (A) os holandeses passaram a controlar as regiões africanas fornecedoras de escravos,
(C) Apenas I e II. impedindo o tráfico negreiro para área portuguesa, gerando assim a procura de escravos
(D) Apenas I e III. indígenas nas áreas sob domínio português.
(E) Apenas II e III. (B) os invasores holandeses substituíram o escravo negro pelo índio, mais habituado à
produção de excedentes.
(C) os portugueses sempre preferiram a escravidão indígena, que traziam lucros para a
19. (Ufc) Leia o texto a seguir.
colônia.
(D) os vicentinos, devido à abundância de escravos negros na região, relutaram em aceitar
"A barbarização ecológica e populacional acompanhou as marchas colonizadoras entre nós, tanto
escravos indígenas.
na zona canavieira quanto no sertão bandeirante; daí as queimadas, a morte ou a preação dos
(E) os bandeirantes paulistas aprisionaram somente indígenas destribalizados, poupando as
nativos. Diz Gilberto Freyre, insuspeito no caso porque apologista da colonização portuguesa no
missões jesuítas de seus ataques.
Brasil e no mundo: 'O açúcar eliminou o índio'. Hoje poderíamos dizer: o gado expulsa o posseiro;
a soja, o sitiante; a cana, o morador. O projeto expansionista dos anos 70 e 80 foi e continua
sendo uma reatualização em nada menos cruenta do que foram as incursões militares e EXERCÍCIOS DE PROVA
econômicas dos tempos coloniais".

(BOSI, Alfredo. "Dialética da colonização". São Paulo: Companhia das Letras, 1992, p. 22)
01. (EsFCEx - 2001) O grande afluxo populacional brasileiro para o interior do continente, a partir
A partir da leitura do texto, pode-se concluir, corretamente, que: do século XVIII, foi proporcionado pelo ciclo do (a) (s):

(A) os princípios republicanos garantiram, no século XX, uma ocupação territorial, feita com Escolher uma resposta.
base na realocação econômica, nos centros urbanos, dos sujeitos expulsos pelas novas
atividades implantadas no interior do país. (A) ouro
(B) o impacto ambiental e social das atividades econômicas implantadas é um problema que (B) pau-brasil
surgiu recentemente, a partir da mecanização das práticas agrícolas e pastoris. (C) cana de açúcar
(C) a marginalização social e econômica de alguns grupos constitui um dos efeitos das (D) couro
atividades econômicas desenvolvidas no Brasil desde o período colonial. (E) drogas do sertão
(D) o desenvolvimento da atividade açucareira na colônia alterou as condições naturais do
território, ao introduzir o plantio em áreas extensas, o que reverteu em ganhos para as 02. (EsFCEx - 2002) Sobre o Bandeirantismo no Brasil, analise as afirmativas abaixo.
comunidades locais.
(E) a introdução de atividades modernas, desde a colônia, vem substituindo a ocupação I. Foi um movimento histórico sem maiores consequências, inclusive no que diz respeito à
predatória do meio ambiente, pelos nativos, por outra mais racional que, ao otimizar os nossa expansão territorial.
recursos naturais, garante sua renovação. II. Os Bandeirantes com sua penetração impuseram o idioma português no trato civil e
doméstico.
III. Deve-se aos Bandeirantes, mais do que ao indígena, nossa riqueza extraordinária de
topônimos de procedência tupi.
IV. Este movimento foi responsável pelo sistema, quase matriarcal, a que ficavam sujeitas as
crianças em São Paulo.

78 Tópico 1.5 – A conquista dos sertões – entradas e bandeiras | Curso Preparatório Cidade
Com base na análise, assinale alternativa correta. (A) somente a I está correta.
(B) somente a I e a II estão corretas.
Escolher uma resposta. (C) somente a II e a III estão corretas.
(D) somente a II está correta.
(A) Somente I está correta. (E) todas estão corretas.
(B) Somente II e IV estão corretas.
(C) Somente III e IV estão corretas.
05. (EsFCEx - 2007) Relacione a coluna da direita de acordo com a da esquerda, identificando
(D) LEGENDA
características e situações que se referem a cada um dos ciclos econômicos do Brasil colonial,
(E) Todas estão corretas.
em destaque. A seguir, marque a alternativa que contém a sequência correta.

03. (EsFCEx - 2005) Numere a coluna da esquerda de conformidade com a da direita e, CICLOS ECONÔMICOS CARACTERÍSTICAS / SITUAÇÕES
posteriormente, marque a alternativa que apresenta a sequência encontrada:
1. Ciclo do pau-brasil 1. ( ) Teve como principal pólo de expansão econômica nos
ENTRADISTAS E BANDEIRANTES FEITOS HISTÓRICOS 2. Ciclo do açúcar primeiros séculos da colonização, a zona da mata das
3. Ciclo do ouro capitanias nordestinas. .
1. ( ) Gabriel Soares de Sousa. 01. Tornou-se o maior bandeirante. 2. ( ) Utilizou-se da mão-de-obra indígena na extração
02. Levou sete anos na região do predatória do seu produto cujo o trabalho era pago
2. ( ) Belchior Dias. Jequitinhonha. em utensílios diversos que substituíam a remuneração
03. Revelou as minas de Goiás. em moedas. .
3. ( ) Antônio Raposo Tavares. 04. Faleceu antes de alcançar o rio São 3. ( ) Caracterizou-se, do ponto de vista social, pela
Francisco. instituição do modelo patriarcal com grandes famílias
4. ( ) Antônio Rodrigues Arzão. 05. Chegou à Minas Gerais partindo da e agregados, e com forte inserção dos seus patriarcas
Bahia. na vida política regional. .
5. ( ) Bartolomeu Bueno da Silva. 06. Descobriu o ouro em Minas Gerais. 4. ( ) Gerou uma política de alta tributação da metrópole em
07. Excursionou pela Chapada Diamantina. relação à colônia. Dentre os impostos cobrados
destacava-se o quinto e a capitação. .
Escolher uma resposta. 5. ( ) A partir do seu desenvolvimento a interiorização do
território brasileiro veio acompanhada de um rápido
(A) 02 ; 06 ; 01 ; 05 ; 04. desenvolvimento urbano e a intensificação de diversas
(B) 04 ; 05 ; 06 ; 01 ; 03. atividades profissionais.
(C) 02 ; 04 ; 03 ; 06 ; 01.
(D) 03 ; 07 ; 06 ; 05 ; 04. Escolher uma resposta.
(E) 04 ; 07 ; 01 ; 06 ; 03.
(A) 3; 2; 3; 3; 1.
04. (EsFCEx - 2005) Analise as afirmativas abaixo sobre a formação étnica do povo brasileiro e, a (B) 2; 2; 1; 3; 1.
seguir, marque a alternativa correta: (C) 2; 1; 2; 3; 3.
(D) 3; 2; 1; 1; 2.
I. Os negros que foram introduzidos no Brasil não apresentavam diversidade cultural. (E) 2; 1; 1; 3; 2.
II. Os mamelucos eram os mestiços de colonos com as índias.
III. Os troncos das grandes famílias paulistas são geralmente de casais mulatos.

Curso Preparatório Cidade | Tópico 1.5 – A conquista dos sertões – entradas e bandeiras 79
06. (EsFCEx - 2010) Sobre a economia açucareira no período colonial, em particular na segunda
metade do século XVIII, analise as afirmativas abaixo e, a seguir, assinale a alternativa correta.

I. Nas áreas do Nordeste e Rio de Janeiro é possível identificar uma situação de recuperação,
marcado pelo surgimento de um novo mercado consumidor nas regiões mineradoras, a
partir do “renascimento agrícola”.
II. A política pombalina marca o referido contexto, uma vez que proporcionou a instalação de
refinarias em Portugal e a criação das Companhias de Comércio do Grão-Pará e Maranhão.
III. Em paralelo ao contexto da economia açucareira na América Portuguesa, as colônias
francesas vivenciaram um aumento da produção de açúcar, em decorrência da queda do
produto nas Antilhas.

(A) Somente I está correta.


(B) Somente II está correta.
(C) Somente III está correta
(D) Somente I e II estão corretas.
(E) Somente II e III estão corretas.

07. (EsFCEx 2013) O fator de maior efetividade para a conquista e ocupação de áreas sertanejas
da América portuguesa no primeiro século da colonização foi:

(A) a caça ao índio, que visava suprir as necessidades de mão-de-obra.


(B) a busca de metais e a implantação das minas de ouro e prata.
(C) a procura das especiarias e de drogas sertanejas.
(D) a implantação da cultura de produção do gado.
(E) a busca de madeiras de lei para a construção urbana e o mobiliário.

80 Tópico 1.5 – A conquista dos sertões – entradas e bandeiras | Curso Preparatório Cidade
Tópico Especial - Ocupação Holandesa no Brasil Qual foi o prejuízo da Holanda diante da formação da União Ibérica? É interessante
notar que a própria formação da Holanda enquanto país acontece necessariamente
diante de atritos com os espanhóis.
Comentário
No Brasil podemos dividir a presença holandesa em três momentos distintos: invasão
(1630-1637); auge (1637-1644) e guerras de reconquista (1644-1654). Durante o auge
Caro estudante, do período holandês no Brasil, o Nordeste foi governado por Maurício de Nassau. O
governo Nassau é importante demais em qualquer curso de história do Brasil. É muito
Na aula anterior, pudemos observar elementos importantes para formação e comum em qualquer avaliação em que a história nacional é abordada termos questões
construção do Brasil. sobre o governo de Nassau.

Vimos o que foi a expansão marítima e comercial européia bem como as causas do É muito importante também que você identifique as implicações que a formação da
pioneirismo português. Observamos que o início da colonização brasileira ocorreu União Ibérica trouxe para as fronteiras do Brasil. Se o Tratado de Tordesilhas dividia a
somente trinta anos após a chegada de Cabral no Brasil e que a implantação do sistema América entre espanhóis e portugueses o que aconteceu depois da "união" de
das capitanias hereditárias foi um marco no processo colonizatório. portugueses e espanhóis? Será que portugueses foram favorecidos no que se refere a
expansão territorial no Brasil com o advento da União Ibérica? Ou ocorreu o contrário?
Percebemos também que a sociedade e a economia colonial eram bem mais complexas
do que aqueles esquemas mecânicos nos fazem imaginar. Certamente a sociedade Motivados pela riqueza do açúcar e impulsionados pela Cia das Índias Ocidentais os
colonial era polarizada entre senhores e escravos, mas coexistiam entre eles uma holandeses estiveram no Brasil por mais de um quarto de século. Ocuparam o nordeste
diversidade enorme de status possíveis na sociedade colonial brasileira. Em relação aos brasileiro do Ceará à foz do Rio São Francisco.
aspectos econômicos, é lugar comum afirmar a existência das plantations . Elas
existiram sim, mas ao seu lado existiram pequenas e médias propriedades produzindo Sobre o assunto, leia o texto a seguir.
para o mercado interno.
Bons estudos, conte sempre com o apoio do professor-tutor e, sobretudo, não deixe de
Apesar de já termos estudado o século XVIII (o primeiro tópico do edital inseriu a realizar os exercícios da plataforma!
economia mineradora como subtópico), o assunto abordado na aula anterior restringiu-
se basicamente ao século XVI.

Nessa aula, começaremos estudando a traumática passagem do século XVI para o XVII INVASÕES HOLANDESAS NO BRASIL
em Portugal e seus reflexos no Brasil. Em 1580 Portugal foi anexado pelos espanhóis
dando início a chamada "União Ibérica" que durou até 1640. Os acontecimentos do As invasões holandesas tiveram como principal motivo a proibição do comércio entre a Holanda e
continente europeu refletiram diretamente na colônia Brasil. As invasões holandesas no as colônias portuguesas. Este fato foi decorrência da União Ibérica (1580-1640), onde Portugal e
nordeste brasiileiro não podem ser bem entendidas fora desse contexto. A nova suas possessões passaram a ser administrados pela Coroa Espanhola (dinastia Filipina – Filipe II)
situação no continente europeu motivou os batavos em suas investidas no Brasil. que tinha acabado de perder seu domínio sob as terras dos atuais holandeses.

Ao dominar Portugal, os espanhóis prejudicaram os negócios da Holanda no Brasil. Esta A proibição do comércio entre os holandeses e as colônias portuguesas é entendida como uma
desenvolveu uma verdadeira guerra mundial atacando os pontos mais vulneráveis do represália espanhola ao processo de emancipação de sua antiga possessão. Vejamos como isso
imenso império luso-espanhol. Em diversas áreas do globo terrestre. Dentre essas aconteceu.
áreas estava o Brasil.
Antes da independência, os holandeses viveram uma fase de intensa atividade econômica e o
Procure prestar atenção nos motivos que levaram os holandeses a não aceitarem a comércio florescia em cidades como Bruges, Haarlem, Utrecht, Leide, Ghent, Antuérpia e Amsterdã.
nova situação originada com a formação da União Ibérica e seus reflexos no Brasil. Nestas cidades se desenvolvera uma próspera burguesia mercantil que no século XVI converteu-se

Curso Preparatório Cidade | Tópico Especial - Ocupação Holandesa no Brasil 81


à doutrina calvinista, mais adequada às práticas e costumes econômicos burgueses. No entanto, Figura 25: Território sob domínio de Felipe II.
ainda eram governados pelos espanhóis. De acordo com Myriam Brecho e Patrícia Ramos Braick

Em 1568, a Holanda e outras províncias setentrionais dos Países Baixos,


de população majoritariamente calvinista, revoltaram-se contra o domínio
espanhol. Em 1579, as províncias do norte e alguns territórios do sul
formaram a União de Utrecht. Dois anos depois, os signatários da União
de Utrecht proclamaram a formação de um novo país, a República das
Províncias Unidas dos Países Baixos, sob a liderança do príncipe
Guilherme de Orange.

Nas décadas seguintes, os burgueses das Províncias Unidas enfrentaram


os exércitos e frotas da Espanha, que só reconheceu a independência do
país em 1648. Paralelamente, os holandeses reforçaram sua presença no
comércio europeu - e construíram um império mundial.

(extraído do livro "HISTÓRIA das cavernas ao terceiro milênio" de Myriam Brecho Mota e
Patrícia Ramos Braick. Dados incompletos)

Os laços comerciais entre portugueses e holandeses eram antigos. Os espanhóis não estavam
dispostos a manter esta situação. No Brasil os holandeses eram parte fundamental nos negócios do
Fonte: http://www.culturabrasil.org/holanda.htm
açúcar. Participavam de várias etapas desde o financiamento inicial da produção, transporte, refino
até a distribuição do produto na Europa.

Nessa época o comércio entre Lisboa e Amsterdã era intenso. Esta fornecia madeiras, trigos e
Na verdade, os holandeses estavam dispostos a invadir as partes mais frágeis deste novo e imenso
pescados em troca de vinho, sal e especiarias vindas do oriente e ocidente, entre elas o açúcar. A
império. Não estavam dispostos a aceitar as dificuldades impostas pelos espanhóis frente aos
independência frente os espanhóis aumentou ainda mais a importância regional dos comerciantes
negócios do açúcar. Pernambuco era a principal região produtora de açúcar no mundo e seu litoral
holandeses.
estava relativamente desguarnecido. Apesar da primeira tentativa de invasão ter sido mais ao sul,
A formação da União Ibérica deu origem a um dos maiores impérios que a história conheceu. Pelo na Bahia, foi a partir de Pernambuco que os holandeses dominaram considerável região do
menos em extensão territorial... nordeste brasileiro.

Os instrumentos utilizados pelos holandeses para financiar e organizar estas invasões eram duas
poderosas companhias comerciais, a Companhia das Índias Orientais, formada em 1602 e a
Companhia das Índias Ocidentais, formada em 1621.

82 Tópico Especial - Ocupação Holandesa no Brasil | Curso Preparatório Cidade


A formação da União Ibérica Por outro lado a formação da União Ibérica trouxe consequências negativas para os portugueses
uma vez que Portugal herdou os inimigos dos espanhóis. É nesse contexto que ocorrem as
Portugal sempre se viu espremida pelos espanhóis na ponta do continente. O desejo espanhol em invasões holandesas no Brasil. Estes ataques fazem parte de um contexto maior. Para o historiador
incorporar o território português é quase tão antigo quanto à formação dos dois países. No final do Charles Boxer trata-se da verdadeira primeira guerra mundial da história.
século XVI o desejo espanhol tornara-se realidade. Em 1578 o jovem rei português, D. Sebastião
Diversas partes do império ibérico foram invadidas. Na África os holandeses buscaram controlar o
morreu em combate no norte africano. Ironicamente onde havia começado anos antes, em 1415, a
fornecimento de escravos invadindo em 1641 o domínio luso de São Jorge da Mina, em Angola. No
formação do Império Português. Essa batalha ainda apresentava um caráter cruzadístico e o
Brasil a principal motivação foi o açúcar pernambucano – principal região produtora do mundo.
sumiço do corpo do rei abalou fortemente o imaginário português dando origem a um movimento
místico-secular conhecido como sebastianismo. Esta crença atravessou o Atlântico e chegou até o
Os principais momentos da presença holandesa no Brasil são os seguintes:
Brasil. Seus adeptos acreditam na volta do Rei D. Sebastião. A morte do rei português
simbolicamente é a morte do império português. De acordo com Luiz Koshiba e Denise Manzi Freire • 1624-1625 - Invasão de Salvador, na Bahia;

Em 1578, o rei de Portugal D. Sebastião, morreu na batalha de Alcácer- • 1630-1654 - Invasão de Recife e Olinda, em Pernambuco;
Quibir, contra os árabes, no norte da África. Com a morte do rei, que não
tinha descendentes, o trono de Portugal foi ocupado pelo seu tio-avô, o • 1630-1637 - Fase de resistência ao invasor;
velho cardeal D. Henrique, que, no entanto, faleceu em 1580. Com a
morte deste último, extinguia-se a dinastia de Avis, que se encontrava no • 1637-1644 - Administração de Maurício de Nassau;
trono desde 1385, com a ascensão de D. João I, mestre de Avis.
• 1644-1654 - Insurreição pernambucana.
Vários pretendentes se candidataram então ao trono vago: D. Catarina,
duquesa de Bragança, D. Antônio, prior de Crato e, também, Filipe II, rei
da Espanha, que descendia, pelo lado materno, em linha direta, do rei D. A campanha holandesa na Bahia (1624-1625)
Manuel, o Venturoso, que reinou nos tempos de Cabral. Depois de invadir
Portugal e derrotar seus concorrentes, o poderoso monarca espanhol
A primeira investida holandesa no Brasil ocorreu em 1624, na Bahia. O alvo principal era a capital –
declarou: Portugal, lo herde, lo compre y lo conquiste”.
Salvador. A campanha foi organizada e financiada pela Companhia das Índias Ocidentais, que
recebera o monopólio por 24 anos de navegação, comércio, transportes e conquista de todas as
(História do Brasil. Luiz Koshiba e Denise Manzi Freire. História do Brasil. Editora Atual. 7ª edição
revista e atualizada. São Paulo. Editora Atual. 1996. Págs. 36 e 37)
terras da costa atlântica situadas na América e na África.

A União Ibérica durou de 1580 até 1640. Este período também é denominado como a “Era dos A força holandesa chegou à cidade de Salvador com 26 navios, centenas de canhões e mais de três
Filipes”. Foram três em sessenta anos de dominação espanhola. Filipe II, III e IV. mil homens. Mesmo conhecendo previamente os planos neerlandeses os portugueses nada
puderam fazer, pois não dispunham de tropas suficientes para deter os invasores. O governador
A união das coroas ibéricas trouxe efeitos importantes para o Brasil. A primeira consequência dessa Mendonça Furtado foi preso e enviado para Holanda. Em seu lugar assumiu o holandês Van Dorth.
situação na América foi a superação e suspensão temporária da linha de Tordesilhas. Não fazia
mais sentido a divisão da América em duas partes através de uma linha imaginária posto que os A resistência baiana não se fez tardar. De acordo com Boris Fausto
dois lados agora eram governados pelo mesmo monarca – Filipe II. Esta situação estimulou o
As invasões começaram com a ocupação de Salvador em 1624. Os
avanço português rumo ao interior na região central da colônia, no sul do Brasil e na região
holandeses levaram pouco mais de 24 horas para dominar a cidade, mas
Amazônica. Nesse sentido merece destaque a ação dos bandeirantes através de um movimento
praticamente não conseguiram sair de seus limites. Os chamados homens
conhecido como bandeiras ou entradas.
bons refugiaram-se nas fazendas próximas à capital e organizaram a
resistência, a cargo de Matias de Albuquerque, novo governador por eles

Curso Preparatório Cidade | Tópico Especial - Ocupação Holandesa no Brasil 83


escolhido e do bispo Dom Marcos Teixeira. Utilizando-se de tática de O ataque começou em Olinda, em 1630. Somente em 1654 os holandeses foram expulsos do
guerrilhas e com reforços chegados da Europa, impediram a expansão dos Brasil. Esse período pode ser divido em três fases bem distintas:
invasores. Uma frota composta de 52 navios e mais de 12 mil homens
juntou-se a seguir às tropas combatentes. Depois de duros combates, os - invasão e resistência (1630 – 1637)
holandeses se renderam (maio de 1625). Tinham permanecido na Bahia
por um ano. - governo nassoviano (1637 -1644)

(História Concisa do Brasil. Boris Fausto. EdUsP. São Paulo. 2001. Página 45) - expulsão holandesa (1644-1654)

Figura 26: Planta de restituição de Bahia Na primeira fase os holandeses dominaram Olinda e Recife sem maiores dificuldades. Esse período
foi marcado pela resistência luso-brasileira terminando com a afirmação do poder holandês na
região situada entre a foz do rio São Francisco até o atual estado do Ceará. A invasão teve
momentos distintos e entre 1632 e 1635, com reforços advindos do continente europeu e a ajuda
de moradores nativos, os holandeses conquistaram pontos estratégicos como a Ilha de Itamaracá,
a Paraíba, o Rio Grande do Norte e, por fim, o Arraial do Bom Jesus, consolidando e garantindo a
ocupação de Pernambuco. Dentre os colaboradores dos holandeses, destacou-se negativamente a
figura de Domingos Fernandes Calabar. Mulato nascido em Alagoas, especialista no conhecimento
das terras onde se desenvolvia a guerra brasílica - as guerrilhas contra os holandeses -, Calabar
surge como vilão na historiografia de Brasil e Portugal. Inicialmente participou das forças que
tentavam impedir a conquista do território pernambucano, mas acabou tornando-se um valioso
aliado dos invasores holandeses. Luiz Koshiba e Denise Manzi Freire afirmam que

Calabar, grande conhecedor da região, foi uma peça fundamental para os


holandeses expandirem o seu domínio territorial no nordeste. Com a
chegada de mais reforços, os holandeses conquistaram o Rio Grande do
Norte e a Paraíba. Em 1635, finalmente, caiu a resistência sediada no
Arraial de Bom Jesus. Consolidou-se assim o domínio holandês.
Autor: Victor Couto (1631).
Entretanto, os resistentes chefiados por Matias de Albuquerque, em sua
retirada, conseguiram capturar Calabar, que foi imediatamente
No entanto, a sorte sorrira para os holandeses. Em 1628 o corsário Piet Heyn, em nome da
executado.
Companhia das Índias Ocidentais, realizou nas Antilhas o maior roubo proveniente de um
carregamento de prata americana para a Espanha. Os recursos obtidos com esse ato fantástico de (História do Brasil. Luiz Koshiba e Denise Manzi Freire. História do Brasil. Editora Atual. 7ª
pirataria foram utilizados para financiar uma nova invasão no Brasil. edição revista e atualizada. São Paulo. Editora Atual. 1996. Pág. 39).

A campanha holandesa em Pernambuco (1630-1654) Após inúmeros combates e pilhagens, a Companhia das Índias Ocidentais julgou que a conquista
estava efetivada e nomeou um governo para a região ocupada pelos holandeses. O Conde João
Financiados pelo roubo de Piet Heyn os holandeses elegeram a maior região produtora de açúcar Maurício de Nassau foi nomeado comandante das fortalezas e regimentos bem como governador
no mundo como o alvo da vez. Na verdade, as possessões portuguesas eram consideradas pelos da região conquistada.
holandeses como sendo calcanhar-de-aquiles do imenso império ibérico.

84 Tópico Especial - Ocupação Holandesa no Brasil | Curso Preparatório Cidade


Era necessário recuperar, reestruturar e reorganizar a região devastada por sete anos de guerras A popularidade de Nassau junto aos colonos brasileiros manifestava-se de forma inversa frente aos
para que esta pudesse fazer aquilo que os holandeses mais desejavam: prover lucros. dirigentes da Companhia das Índias Ocidentais. Os elevados custos militares e administrativos do
Posteriormente Nassau ocupou Alagoas e tomou o forte português que defendia a costa do Ceará, governo nassoviano faziam que o lucro da exploração no nordeste ficasse aquém do esperado.
embora fracassasse num ataque a Salvador em 1638.
Alguns fatores começaram a mudar o curso da administração nassoviana. A relação entre os luso-
Governo Nassoviano (1637-1644) brasileiros (zona rural) e holandeses (zona urbana) deteriorava-se rapidamente. Tratava-se do
mesmo conflito polarizado também na administração portuguesa: senhores de engenho e
Nassau chegou a Recife no início de 1637 para assumir sua função de governador do Brasil burguesia mercantil. Os produtores não conseguiam pagar suas dívidas e esse fato gradativamente
holandês. O cenário inicial era desolador. Após sete anos em guerra a produção açucareira estava tensionava o ambiente. No entanto, Nassau com sua habilidade conciliadora escamoteava o clima
em total estado de desorganização. Muitos proprietários refugiaram-se no interior ou fugiram para de insatisfação.
Bahia. Engenhos e canaviais estavam destruídos. Aproveitando-se do conflito centenas de escravos
Em 1640 novos fatos ocorridos no continente europeu novamente iriam interferir na vida colonial
buscaram abrigo em Palmares ajudando a consolidar a história do maior, mais duradouro e mais
brasileira. Terminara naquele ano a União Ibérica com a restauração portuguesa promovida por D.
importante quilombo da história brasileira. Palmares estava situado na Serra da Barriga, atual
João IV. Iniciava-se a dinastia de Bragança (1640-1777). Portugal saiu praticamente arruinado do
Estado de Alagoas. Holandeses e portugueses tentaram, sem sucesso, destruir o quilombo que
domínio espanhol e tratou de estabelecer com a Holanda uma trégua de dez anos na qual os dois
durou até fins do século XVII sendo vencido pelos bárbaros bandeirantes paulistas.
países comprometiam-se a não ameaçar os respectivos domínios coloniais. O tratado não foi
Dessa forma, as primeiras ações do governo de Nassau foram pensadas objetivando reestruturar a cumprido por ambas as partes. Porém essa medida fez que a Holanda diminuísse seus efetivos
economia açucareira no nordeste brasileiro. Determinou que fossem concedidos empréstimos a militares no Brasil.
juros baixos para reconstrução dos engenhos destruídos e compra dos engenhos abandonados.
Internamente a pressão exercida pela Companhia das Índias Ocidentais para a exigir a liquidação
Nassau também permitiu que os colonos praticassem a religião que bem lhes conviesse. Também
das dívidas dos senhores de engenho inadimplentes era enorme. De forma metafórica Nassau
obrigou os proprietários de terras a cultivar mandioca na proporção do número de pessoas
afirmava que “não era possível explorar mais leite do que a vaca pode dar”. Em 1644 Nassau foi
existentes dentro do engenho. Essa medida visava superar as sucessivas crises de abastecimento.
demitido e o governo local passou a ser exercido por um Conselho Supremo formado por três
Nassau também procurou estabelecer uma boa política com os colonos portugueses através de
membros. A nova administração mostrou-se extremamente severa e não seguiu os conselhos de
uma Assembleia que procurava diminuir as divergências entre os agricultores portugueses (que
Nassau que recomendara tolerância no trato com os luso-brasileiros. Dívidas deveriam ser pagas
antes da invasão tinham grande autoridade política) e os comerciantes holandeses. Nassau
imediatamente, engenhos foram confiscados e a liberdade religiosa já não era a mesma dos
também instituiu relativa liberdade no comércio para os colonos das capitanias conquistadas que
tempos de Nassau. A tensão pairava no ar e logo tomara corpo em forma de rebeliões que se
tivessem investido na produção açucareira a partir de seus engenhos. As medidas positivas eram
generalizaram rapidamente. Era o início da Insurreição Pernambucana.
várias. De acordo com Luiz Koshiba e Denise Manzi Freire
Insurreição Pernambucana (1644-1654)
Nos tempos de Nassau, Recife foi remodelada. Ele trouxe consigo vários
artistas, homens de ciência, escritores e até teólogos. Dentre eles,
podemos citar os pintores Frans Post e Albert Eckhout, que registraram a Com a saída de Nassau ocorreu o aumento das medidas repressivas sobre os colonos, sobretudo
fauna e flora locais; o astrônomo Marcgrave; o médico Willem Piso, que no campo dos impostos. Os prazos para o pagamento de impostos foram reduzidos, o que
estudou as doenças tropicais. Apesar de não ter vindo ao Brasil, merece concorreu para a revolta dos senhores de engenho contra a ocupação holandesa.
menção Piet Post, que projetou a Cidade Maurícia, “cuja localização
corresponde ao coração da moderna cidade de Recife”, conforme observa
o historiador Charles Boxer.

(História do Brasil. Luiz Koshiba e Denise Manzi Freire. História do Brasil. Editora Atual. 7ª
edição revista e atualizada. São Paulo. Editora Atual. 1996. Pág. 40).

Curso Preparatório Cidade | Tópico Especial - Ocupação Holandesa no Brasil 85


Figura 27: Óleo sobre tela Batalha dos Guararapes. africanos os neerlandeses passaram a investir também na região das Antilhas e passaram a
representar forte concorrência para as exportações do açúcar brasileiro. Nas ilhas do Caribe os
holandeses possuíam vantagens como isenção de impostos sobre a mão-de-obra (antes tributada
pela coroa portuguesa) e menor custo de transporte. No entanto o mercado interno absorveu a
produção colonial e ainda fez aumentar a demanda pelo produto. É por isso que mesmo diante da
forte concorrência internacional o número de engenhos de açúcar no Brasil não declinou, ao
contrário.

Ainda de acordo com Boris Fausto é importante observar que:

A forma pela qual se deu a expulsão dos holandeses impulsionou o


nativismo pernambucano. Ao longo de duzentos anos, até a Revolução
Autor: Victor Meirelles. Praieira (1848). Pernambuco tornou-se um centro de manifestações de
autonomia, de independência e de revolta aberta. Até a Independência, o
Dessa forma observamos que fatores internos e externos desencadearam a Insurreição alvo principal era a Metrópole portuguesa; depois dela, preponderou a
Pernambucana também conhecida como Guerra da Luz Divina. afirmação de autonomia da província, muitas vezes colorida com tintas de
reinvindicação social. O nativismo teve conteúdos variados, ao longo dos
Integrando as forças lideradas pelos senhores de engenho estavam André Vidal de Negreiros, João anos, de acordo com as situações históricas específicas e os grupos sociais
Fernandes Vieira, pelo afro-descendente Henrique Dias e pelo indígena Felipe Camarão. Esses envolvidos. Mas manteve-se como referência básica no imaginário social
homens foram os responsáveis pela guerra volante, “a guerra do Brasil”, em oposição à “guerra da pernambucano.
Europa”. No entanto de acordo com Boris Fausto
(História Concisa do Brasil. Boris Fausto. EdUsP. São Paulo. 2001. Página 48)
Sublinhar o papel das forças locais não significa que elas constituíssem
um exército democrático, um modelo de “união das três raças”. Por sua
importância Calabar ficou conhecido como “grande traidor” na primeira Também é importante observar que os efeitos da União Ibérica para o Brasil foram contraditórios.
fase da guerra. Mas ele não foi um caso único. Na realidade, os A presença holandesa e a quase perda do nordeste para estes é uma consequência direta da União
holandeses contaram sempre com a ajuda de gente da terra, entre vários Ibérica. Se por um lado os portugueses quase perderam o nordeste por outro lado tiveram a
senhores de engenho e lavradores de cana ou entre grupos mal ou não chance de ampliar suas possessões através da superação da linha imaginária de Tordesilhas, ou
integrados à ordem colonial portuguesa, como cristãos-novos, negros seja, outra consequência direta da formação da União Ibérica.
escravos, índios tapuias, mestiços pobres e miseráveis. É certo que os
índios de Camarão e os negros de Henrique Dias formaram com os luso-
brasileiros. Porém a mobilização se deu em níveis reduzidos. Por exemplo, EXERCÍCIOS
em 1648 o contingente de Henrique Dias contava com trezentos soldados,
o que equivalia a 10% do total dos homens em armas e a 0,75% da
população escrava local. 01. (Fuvest ) Foram, respectivamente, fatores importantes na ocupação holandesa no Nordeste do
Brasil e na sua posterior expulsão:
(História Concisa do Brasil. Boris Fausto. EdUsP. São Paulo. 2001. Página 47)
(A) o envolvimento da Holanda no tráfico de escravos e os desentendimentos entre Maurício
de Nassau e a Companhia das Índias Ocidentais.
No aspecto econômico é interessante notar que o capital holandês passou a dominar todas as (B) a participação da Holanda na economia do açúcar e o endividamento dos senhores de
etapas dos negócios do açúcar. Com o domínio de importante mercado fornecedor de negros engenho com a Companhia das Índias Ocidentais.

86 Tópico Especial - Ocupação Holandesa no Brasil | Curso Preparatório Cidade


(C) o interesse da Holanda na economia do ouro e a resistência e não aceitação do domínio 04. (Mackenzie) Acerca da presença dos holandeses no Brasil, durante o período colonial, assinale
estrangeiro pela população. a alternativa correta.
(D) a tentativa da Holanda em monopolizar o comércio colonial e o fim da dominação
espanhola em Portugal. (A) Garantiram a manutenção do direito e liberdade de culto, tabelaram os juros e
(E) a exclusão da Holanda da economia açucareira e a mudança de interesses da Companhia financiaram plantações.
das Índias Ocidentais. (B) Perseguiram judeus e católicos através do Tribunal do Santo Ofício.
(C) Aceleraram o processo de unificação política entre Espanha e Portugal.
02. (Ufmg) Leia o texto. (D) Criaram, no Brasil, instituições de crédito, financiando a industrialização contra os
interesses ingleses.
"Nassau chegou em 1637 e partiu em 1644, deixando a marca do administrador. Seu período é o (E) Visavam à ocupação pacífica do Nordeste.
mais brilhante de presença estrangeira. Nassau renovou a administração (...) Foi relativamente
tolerante com os católicos, permitindo-lhes o livre exercício do culto. Como também com os judeus
(depois dele não houve a mesma tolerância, nem com os católicos e nem com os judeus - fato 05. (Pucrs) Responder à questão associando os países europeus (coluna A) com os fatos relativos
estranhável, pois a Companhia das Índias contava muito com eles, como acionistas ou em postos às suas tentativas de ocupação territorial no Brasil colonial (coluna B).
eminentes). Pensou no povo, dando-lhe diversões, melhorando as condições do porto e do núcleo
Coluna A Coluna B
urbano (...), fazendo museus de arte, parques botânicos e zoológicos, observatórios astronômicos".

(Francisco lglésias) 1. França 1. ( ) Ocupou área de importância central para a economia


açucareira, desviando, para a região ocupada, grande
Esse texto refere-se: 2. Espanha parte do tráfico escravista de origem angolana.
2. ( ) Disputou a ocupação da zona conflituosa e militarizada
(A) à chegada e instalação dos puritanos ingleses na Nova lnglaterra, em busca de liberdade na fronteira meridional do império português.
religiosa. 3. Holanda 3. ( ) Dominou a área setentrional, de base econômica
(B) à invasão holandesa no Brasil, no período de União lbérica, e à fundação da Nova extrativista, com importância estratégica na expansão
Holanda no nordeste açucareiro. imperial rumo ao Pacífico.
(C) às invasões francesas no litoral fluminense e à instalação de uma sociedade cosmopolita 4. ( ) Desenvolveu importante base de apoio dos latifundiários
no Rio de Janeiro. luso-brasileiros, fornecendo empréstimos que
(D) ao domínio flamengo nas Antilhas e à criação de uma sociedade moderna, influenciada propiciaram melhorias para o setor açucareiro.
pelo Renascimento.
(E) ao estabelecimento dos sefardins, expulsos na Guerra da Reconquista lbérica, nos Países A numeração correta na coluna B, de cima para baixo, é:
Baixos e à fundação da Companhia das Índias Ocidentais.
(A) 1 - 2 - 2 -3
(B) 2 - 3 - 3 -1
03. (Fuvest) É característica da economia holandesa, na primeira metade do século XVII:
(C) 3 - 2 - 1 -3
(D) 2 - 2 - 3 -1
(A) a preponderância das atividades comerciais e financeiras, com a formação de importante
(E) 3 - 1 - 2 –1
frota naval.
(B) o predomínio do setor industrial na economia, em detrimento das atividades comerciais.
(C) a formação de companhias de comércio, dando início ao liberalismo econômico.
(D) o aproveitamento exclusivo de rotas fluviais, consolidando a hegemonia econômica na
Europa Oriental.
(E) a inexistência de agricultura e pesca, conduzindo à dependência dos países fornecedores.

Curso Preparatório Cidade | Tópico Especial - Ocupação Holandesa no Brasil 87


06. (Mackenzie) Dentre as consequências da expulsão dos holandeses do Brasil no século XVII, (E) os espanhóis, ao dominarem o Brasil, pretendiam desenvolver uma colonização fora do
destacamos: sistema mercantilista, e isto era lesivo aos interesses da Companhia das Índias
Ocidentais.
(A) o crescimento da produção açucareira, graças às novas técnicas aprendidas com os
holandeses.
09. (Cesgranrio) No século XVII, as invasões do nordeste brasileiro pelos holandeses estavam
(B) o desaparecimento da oposição senhor e escravo, em função da luta contra o invasor
relacionadas às mudanças do equilíbrio comercial entre os países europeus porque:
batavo.
(C) o declínio da produção açucareira do nordeste, devido à concorrência do açúcar holandês
(A) a Holanda apoiava a união das monarquias ibéricas.
produzido nas Antilhas.
(B) a aproximação entre Portugal e Holanda era uma forma de os lusos se liberarem da
(D) o alinhamento de Portugal à França, potência hegemônica da época.
dependência inglesa.
(E) o abrandamento das restrições do pacto colonial e a concessão de maior liberdade de
(C) as Companhias das Índias Orientais e Ocidentais monopolizavam o escambo do pau-
comércio.
brasil.
(D) os holandeses tinham grandes interesses no comércio do açúcar.
07. (Fatec) A administração de Maurício de Nassau, no Brasil Holandês, foi importante, pois, entre (E) Portugal era tradicionalmente rival dos holandeses nas guerras européias.
outras realizações: 10. (Mackenzie) Durante a União Ibérica, Portugal foi envolvido em sérios conflitos com outras
nações européias. Tais fatos trouxeram como consequências para o Brasil Colônia:
(A) eliminou as divergências existentes com os representantes da Companhia das Índias
Ocidentais. (A) as invasões holandesas no nordeste e o declínio da economia açucareira após a expulsão
(B) criou condições para que a Reforma Luterana se afirmasse no Nordeste. dos invasores.
(C) promoveu a efetiva consolidação do sistema de produção açucareira. (B) o fortalecimento político e militar de Portugal e colônias, devido ao apoio espanhol.
(D) integrou o sistema econômico baiano ao de Pernambuco. (C) a redução do território colonial e o fracasso da expansão bandeirante para além de
(E) realizou alterações na estrutura fundiária, eliminando os latifúndios. Tordesilhas.
(D) a total transformação das estruturas administrativas e a extinção das Câmaras Municipais.
(E) o crescimento do mercado exportador em virtude da paz internacional e das alianças
08. (Ufrs) "Motivos por que a Companhia das Índias Ocidentais deve tentar tirar ao rei da Espanha
entre Espanha, Holanda e Inglaterra.
a terra do Brasil e lista de tudo o que o Brasil pode produzir anualmente".

Este título de livro da época nos dá uma visão do espírito que norteou o movimento das invasões 11. (Fgv) Com relação ao domínio holandês no Brasil, no período colonial, pode-se afirmar que:
holandesas. Sobre estas podemos afirmar que:
(A) os limites das suas conquistas ficaram restritos a Pernambuco, então a Capitania que
(A) a política de invasões dos holandeses visava restabelecer o protecionismo ao comércio mais produzia açúcar na Colônia;
colonial, porque os produtos brasileiros só podiam ser comprados pelos comerciantes (B) o governo de Nassau, de acordo com a Companhia das Índias Ocidentais, procurou,
espanhóis. juntamente com os produtores locais, incrementar ainda mais a produção do açúcar;
(B) a criação da Companhia das Índias Ocidentais visava romper o bloqueio econômico (C) a partir de suas bases no Nordeste, os holandeses ampliaram o raio da sua dominação,
português que impedia o livre comércio do açúcar. chegando, em 1645, a conquistar a Amazônia peruana;
(C) os planos dos holandeses visavam à reapropriação dos lucros da distribuição e venda do (D) oriundo de uma Holanda dividida pelas guerras de religião, o protestante Nassau fez do
açúcar brasileiro, prejudicados pela dominação filipina sobre Portugal. seu governo, em Pernambuco, um regime teocrático de protestantismo radical;
(D) a hegemonia holandesa já estava estabelecida na Europa e era necessário agora ocupar a (E) nas regiões que dominaram, os holandeses transformaram a economia numa atividade
área açucareira com trabalhadores livres. igualmente lucrativa para Portugal e Espanha.

88 Tópico Especial - Ocupação Holandesa no Brasil | Curso Preparatório Cidade


12. (Ufrn) No Brasil colonial, a ocupação holandesa da costa nordeste está inserida num contexto Texto I: "... dos males que causou à Pátria, a História, a inflexível História, lhe chamará infiel,
de disputa mercantilista entre as potências européias. desertor e traidor, por todos os séculos"

Nesse sentido, é correto afirmar que o Rio Grande do Norte: Visconde de Porto Seguro, in: SOUZA JÚNIOR, A. "Do Recôncavo aos Guararapes". Rio de Janeiro: Bibliex,
1949.

(A) mesmo sendo um pequeno produtor açucareiro, contribuiria com uma grande produção Texto II: "Sertanista experimentado, em 1627 procurava as minas de Belchior Dias com a gente da
algodoeira, importante para as trocas mercantis. Casa da Torre; ajudara Matias de Albuquerque na defesa do Arraial, onde fora ferido, e desertara
(B) apesar de sua produção açucareira pouco expressiva, foi tomado pelos holandeses para em consequência de vários crimes praticados..." (os crimes referidos são o de contrabando e
assegurar o controle estratégico da nova colônia. roubo).
(C) por ter grandes rebanhos de gado, atraiu a cobiça de franceses e holandeses que
disputavam o controle da pecuária bovina para o mercado europeu. CALMON P. "História do Brasil". Rio de Janeiro: José Olympio, 1959.
(D) por sua posição geográfica privilegiada, interessava muito aos holandeses, pois facilitaria
o apoio a seus navios no caminho para as Antilhas. Pode-se afirmar que:

(A) A peça e os textos abordam a temática de maneira parcial e chegam às mesmas


13. (Uff) O domínio holandês no Brasil, sobretudo no governo de Maurício de Nassau, foi marcado conclusões.
por grande desenvolvimento cultural e artístico. Tal processo pode ser relacionado a (B) A peça e o texto I refletem uma postura tolerante com relação à suposta traição de
características peculiares da República das Províncias Unidas no século XVII. Calabar, e o texto II mostra uma posição contrária à atitude de Calabar.
(C) Os textos I e II mostram uma postura contrária à atitude de Calabar, e a peça demostra
Relativamente a este momento histórico é INCORRETO afirmar: uma posição indiferente em relação ao seu suposto ato de traição.
(D) A peça e o texto II são neutros com relação à suposta traição de Calabar, ao contrário do
(A) A assimilação da arte, identificada mais fortemente na produção artística de Rembrandt, texto I, que condena a atitude de Calabar.
testemunhou o poderio da burguesia holandesa do período. (E) A peça questiona a validade da reputação de traidor que o texto I atribui a Calabar,
(B) Os holandeses viviam num república descentralizada que encorajava não só a eficiência enquanto o texto II descreve ações positivas e negativas dessa personagem.
econômica, como também o florescimento das artes e ciências.
(C) O calvinismo foi o fator determinante para o desenvolvimento do capitalismo holandês.
(D) A cultura holandesa era mais receptiva às inovações, assim como os elementos 15. (Ufv) A respeito das invasões holandesas que ocorreram durante o século XVII no nordeste
estrangeiros. brasileiro, é CORRETO afirmar que:
(E) A inexistência de uma corte contribuiu para que a burguesia holandesa não assimilasse,
mais efetivamente, o consumismo exacerbado ditado pelos padrões culturais europeus. (A) foram iniciativas de grupos de aventureiros holandeses, sem qualquer vinculação com as
disputas internacionais entre os Estados-Nação do período.
(B) com a expulsão definitiva dos invasores holandeses em 1654, pela qual lutaram lado a
14. (Enem) Rui Guerra e Chico Buarque de Holanda escreveram uma peça para teatro chamada lado índios, negros e portugueses, saíram reforçados os vínculos entre a Metrópole e a
"Calabar", pondo em dúvida a reputação de traidor que foi atribuída a Calabar, pernambucano Colônia naquela região.
que ajudou decisivamente os holandeses na invasão do Nordeste brasileiro, em 1632. (C) nas batalhas de resistência à invasão dos holandeses em Pernambuco, destacou-se a
figura heróica de Domingos Fernandes Calabar.
- Calabar traiu o Brasil que ainda não existia? Traiu Portugal, nação que explorava a colônia onde (D) durante o período da dominação holandesa no nordeste brasileiro, a população foi
Calabar havia nascido? Calabar, mulato em uma sociedade escravista e discriminatória, traiu a elite obrigada a trocar o catolicismo pelo calvinismo, por ser esta a religião do príncipe
branca? Maurício de Nassau.

Os textos referem-se também a esta personagem.

Curso Preparatório Cidade | Tópico Especial - Ocupação Holandesa no Brasil 89


(E) a forma pela qual se deu a expulsão definitiva dos holandeses explica o surgimento (E) tiveram em Maurício de Nassau a maior figura holandesa no Brasil, pois foi ele quem
posterior de vários movimentos nativistas, como a Revolta de Beckman (1684-85), Guerra reorganizou a vida econômica, após ter garantido a ocupação do território.
dos Mascates (1710-14) e a Revolução Praieira (1848).

18. (Uel) Considere as afirmações.


16. (Uel) "Se determinais Deus meu dar estas mesmas terras aos piratas de Holanda, porque não
as destes enquanto eram agrestes e incultas, senão agora? Tantos serviços vos tem feito essa I. A Companhia das Índias Ocidentais foi criada pelos holandeses, em 1621, com o objetivo de
gente pervertida e apóstata, que nos mandasses primeiro cá por seus aposentadores, para lhe restabelecer, entre outros, o comércio do açúcar no nordeste brasileiro.
lavrarmos as terras, para edificarmos as cidades e depois de cultivadas e enriquecidas lhes II. A Coroa Ibérica enviou Maurício de Nassau para governar Pernambuco e expulsar os
entregardes? Assim se hão de lograr os hereges, e inimigos da fé, dos trabalhos portugueses e holandeses que tentavam ocupar a região produtora de açúcar em todo o nordeste
dos suores católicos (...)". brasileiro.
III. Durante a ocupação do nordeste brasileiro, a administração holandesa procurou manter
(VIEIRA, A. "Obras completas". Porto: Lello & Irmãos, 1951. v. XIV, p.315.) uma política de tolerância em relação às dívidas dos senhores de engenho, que foi rompida
a partir de 1644.
Com base no texto e em seus conhecimentos sobre a presença holandesa no Brasil, é correto
IV. Por serem calvinistas, os holandeses perseguiram principalmente os católicos e judeus,
afirmar:
durante o período de sua ocupação na zona produtora de açúcar, no nordeste brasileiro.

(A) O domínio holandês no Brasil constituiu o episódio central dos conflitos entre Portugal e
Sobre a ocupação holandesa no nordeste brasileiro no século XVII, estão corretas SOMENTE:
Países Baixos pelo controle do açúcar brasileiro, do tráfico de escravos africanos e das
especiarias asiáticas.
(A) I e II
(B) Senhores de engenho, escravos e índios converteram-se ao calvinismo e recusaram-se a
(B) I e III
participar do movimento de expulsão dos holandeses da Bahia e de Pernambuco.
(C) II e III
(C) A intolerância religiosa holandesa para com os católicos, impedindo as tradicionais festas
(D) II e IV
religiosas, procissões e missas, determinou a expulsão dos calvinistas do Brasil.
(E) III e IV
(D) Os portugueses renderam-se aos holandeses por acreditarem que os batavos fundariam
mais cidades no Brasil.
(E) Para os portugueses, o domínio holandês no Brasil representou uma disputa religiosa sem 19. (Ufv) O período que se estende de 1624 a 1654 é caracterizado por tentativas de colonização
implicações políticas e econômicas para o Brasil e Portugal. costeira do Brasil e pelo efetivo domínio holandês no nordeste. Sobre as "Invasões
Holandesas", nesse momento da história colonial brasileira, é INCORRETO afirmar que elas:

17. (Fatec) Os holandeses permaneceram no Brasil, em Pernambuco, de 1630 até 1654;


(A) iniciaram-se pela Bahia, de onde os holandeses foram expulsos, mas expandiram-se em
conquistaram terras, desenvolveram a indústria açucareira e urbanizaram Recife.
direção a Recife até atingir o entorno de São Luís, região estratégica para o ataque às
frotas oriundas das minas espanholas que por lá passavam carregadas de ouro e prata.
É correto afirmar, ainda, que:
(B) estavam relacionadas com a União Ibérica e a conseqüente guerra pela autonomia das
Províncias Unidas dos Países Baixos frente ao domínio espanhol, que interferiu nas
(A) foram traídos por Domingos Fernandes Calabar quando invadiram o Brasil.
relações políticas e comerciais entre portugueses e holandeses.
(B) invadiram primeiramente o Rio de Janeiro, onde fundaram o Brasil Holandês, uma colônia
(C) contaram com a participação da Companhia das Índias Ocidentais, empresa responsável
totalmente formada por protestantes.
pela administração do território holandês conquistado e que, em troca de apoio, ofereceu
(C) dominaram grande parte dos senhores de engenho preocupados não só em escravizar os
vantagens aos senhores de engenhos de Pernambuco.
índios para trabalhar na lavoura mas também em destruir o Quilombo de Palmares.
(D) fundaram o Arraial do Bom Jesus, de onde partiram e dominaram por completo os
brasileiros.

90 Tópico Especial - Ocupação Holandesa no Brasil | Curso Preparatório Cidade


(D) entraram em decadência a partir de 1642, devido à nova política adotada pela Companhia I. A composição do exército da Companhia das Índias Ocidentais, que lutou em Pernambuco,
das Índias Ocidentais, que obrigou os senhores de engenho a aumentar a produção de era de alemães, franceses, irlandeses e neerlandeses.
açúcar para que conseguissem pagar suas dívidas com os holandeses. II. Os holandeses impuseram e chegaram a consagrar o mesmo modelo de colonização e
(E) propiciaram a substituição da mão-de-obra escrava pela livre nas lavouras canavieiras do economia implantado pelos portugueses no Brasil.
nordeste, durante o governo do conde Maurício de Nassau, também conhecido por III. Todas as experiências colonizadoras dos Países Baixos no continente americano, durante o
implementar a urbanização e o embelezamento do Recife. século XVII, foram marcadas pelo êxito.
IV. As cidades do Brasil-Holandês se caracterizaram por simples e pobres prolongamentos dos
domínios rurais, sem apresentarem ostentações.
20. (Ufpr) Durante a União das Coroas Ibéricas (1580-1640), as formas de exploração do
continente africano sofreram mudanças consideráveis. Sobre esse aspecto, considere as
Com base na análise, assinale alternativa correta.
seguintes afirmativas:

(A) Somente I está correta.


I. O rei de Espanha e Portugal, Felipe II, proibiu os Países Baixos, entre eles a Holanda, de
(B) Somente II e IV estão corretas.
traficar escravos na costa africana. Isso levou os holandeses a fundar a Companhia de
(C) Somente III e IV estão corretas.
Comércio das Índias Ocidentais, com o objetivo de participar do tráfico de escravos para o
(D) Somente I, II e III estão corretas.
Novo Mundo.
(E) Todas estão corretas.
II. Os holandeses conquistaram a Costa da Mina e Angola, na costa africana. Apenas Angola
foi recuperada pelos portugueses, graças a uma expedição que partiu do Brasil liderada por
Salvador de Sá. 02. (EsFCEx - 2003) Analise as afirmativas abaixo sobre as Invasões Holandesas no Brasil:
III. Após a conquista da Costa da Mina pelos holandeses, o tráfico de escravos entre o Brasil e
aquela região africana praticamente desapareceu. I. Enquanto Portugal teve soberania, foi bom parceiro comercial da Holanda.
IV. A produção do tabaco da Bahia entrou em declínio, uma vez que aquele produto era II. Além do açúcar do Brasil, a Companhia das Índias Ocidentais visava, também, as minas de
comercializado essencialmente na Costa da Mina. prata do México e do Perú.
V. Única praça subordinada à administração portuguesa na África, Angola, através de seus III. A tática das guerrilhas no Brasil se iniciou na Bahia.
portos de Luanda, Cabinda e Benguela, passou a receber mercadorias, sobretudo, como a IV. Com a Insurreição Pernambucana os brasileiros não conseguiram expulsar os holandeses.
geritiba (cachaça), que eram trocadas por escravos africanos.
Com base na análise, pode-se afirmar que:
Assinale a alternativa correta.
(A) somente a I está correta.
(A) Somente as afirmativas I, II e V são verdadeiras. (B) somente a II e a IV estão corretas.
(B) Somente as afirmativas IV e V são verdadeiras. (C) somente a III e a IV estão corretas.
(C) Somente as afirmativas II, III e IV são verdadeiras. (D) a I, a II e a III estão corretas.
(D) Somente as afirmativas III e IV são verdadeiras. (E) todas estão corretas.
(E) Somente as afirmativas I e V são verdadeiras.

03. (EsFCEx - 2005) Analise as afirmativas abaixo sobre a defesa do território brasileiro durante o
EXERCÍCIOS DE PROVA período colonial, colocando entre parênteses a letra V, quando se tratar de afirmativa
verdadeira, ou a letra F quando se tratar de uma afirmativa falsa. A seguir, assinale a
alternativa que apresenta a sequência encontrada:
01. (EsFCEx - 2002) Sobre a Invasão Holandesa a Pernambuco e a presença dos holandeses na
América, analise as afirmativas abaixo. 1. ( ) Com a unificação das Coroas ibéricas os holandeses passaram a ameaçar o Brasil.

Curso Preparatório Cidade | Tópico Especial - Ocupação Holandesa no Brasil 91


2. ( ) A Companhia das Índias Ocidentais foi criada exclusivamente para conquistar as II. A invasão holandesa à cidade de Salvador, em 1624, ocorreu após a derrota dos holandeses
Capitanias do Brasil. em Pernambuco,
3. ( ) A resistência inicial aos holandeses na Bahia foi organizada sob o comando do bispo D. 08. onde o governador Matias de Albuquerque e seus colonos derrotaram a Companhia das
Marcos Teixeira. Índias Ocidentais.
4. ( ) A Bahia sofreu uma única tentativa de conquista por parte dos holandeses. III. A política de Maurício de Nassau instalou um sistema administrativo inspirado no modelo
5. ( ) A reação às invasões holandesas ao Brasil foram feitas através das guerras de guerrilhas. holandês, com grande ênfase na economia açucareira, sobre a qual tomaram todo o
6. ( ) Infelizmente não possuímos heróis nacionais se destacando nas lutas contra os controle, impossibilitando que os colonos exercessem suas atividades.
holandeses.
(A) Somente I está correta.
(A) V ; V ; V ; F ; F ; F. (B) Somente I e II estão corretas.
(B) V ; V ; F ; F ; V ; F. (C) Somente II está correta.
(C) V ; F ; V ; F ; V ; F. (D) Somente III está correta.
(D) F ; V ; F ; V ; F ; V. (E) Todas as afirmativas estão corretas.
(E) F ; F ; F ; V ; V ; V.

06. (EsFCEx - 2009) Quanto à presença holandesa no nordeste brasileiro, analise as afirmativas
04. (EsFCEx - 2006) Inegavelmente, fatores políticos europeus influenciaram a História do Brasil ao abaixo e, a seguir, assinale a alternativa correta.
longo dos tempos. Em particular, a invasão holandesa no nordeste brasileiro durante o século
XVII está relacionada: I. A primeira tentativa de conquista holandesa no Brasil ocorreu em 1624. O alvo era
Salvador, a capital da colônia.
(A) à Guerra dos Cem Anos que colocou as terras flamengas sob a égide do domínio britânico II. Em 1630 os holandeses chegaram a Pernambuco, do minando, sem maiores problemas,
obrigando os holandeses a buscarem novas terras para alocar a população perseguida. Recife e Olinda, apesar dos preparativos de defesa efetuados pelos pernambucanos.
III. No governo de Maurício de Nassau não houve a menor preocupação com a reorganização
(B) ao confronto entre lusitanos e castelhanos na região de fronteira de Portugal. Esse da produção açucareira, sendo esse administrador holandês um forte aliado dos senhores
conflito fragilizou as defesas da metrópole ibérica permitindo a ação holandesa no Brasil. de engenho de Pernambuco.
(C) às Guerras de Reconquista contra os mouros que deixou os portugueses à mercê do IV. Depois da saída de Maurício de Nassau do Brasil, a administração holandesa tornou-se dura
controle financeiro dos banqueiros holandeses. e violenta.
(D) aos Atos de Navegação estabelecidos pelo governo inglês. Essa medida prejudicou
enormemente os interesses marítimos holandeses deixando a nação flamenga com a Escolher uma resposta.
única opção de ocupar as zonas produtoras de açúcar.
(E) à União Ibérica que atrapalhou os interesses holandeses no comércio do açúcar levando o (A) Somente I, II e III estão corretas.
governo da Holanda a optar pela ocupação das zonas produtoras no nordeste. (B) Somente I, II e IV estão corretas.
(C) Somente I e III estão corretas.
(D) Somente II e III estão corretas.
05. (EsFCEx - 2007) Analise as proposições sobre as invasões holandesas no Brasil e assinale a
(E) Todas as afirmativas estão corretas.
alternativa correta.

I. As invasões se relacionam às desavenças entre holandeses e espanhóis, acirradas durante o


processo de independência das províncias do Norte, entre as quais a Holanda que,
juntamente com outras províncias dos Países Baixos, foi dominada durante algum tempo
pela Espanha.

92 Tópico Especial - Ocupação Holandesa no Brasil | Curso Preparatório Cidade


Tópico Especial - A expansão territorial Expansão rumo ao Sul

Comentário A formação da União Ibérica alterou a dinâmica das relações comerciais no mundo platino. Muitos
colonos brasileiros passaram a trocar escravos e açúcar por produtos como o couro, sebo e a prata
vinda da Bolívia.
Caro estudante,
Diante da intensa atividade comercial no sul do continente Filipe IV decidiu criar a Alfândega de
Em qual região brasileira você mora? Ela fica a leste ou a oeste da antiga linha de
Córdoba objetivando controlar esse comércio. Esse fato acabou por estimular o contrabando de
Tordesilhas?
produtos via rio Uruguai.
Será que hoje você falaria espanhol se os portugueses tivessem limitado sua ação
Com a restauração bragantina em 1640 e o conseqüente fim da União Ibérica os habitantes da
colonizatória aos limites impostos pelo Tratado de Tordesilhas?
capital argentina e de Córdoba passaram a enfrentar os colonos luso-brasileiros que atuavam na
Você já parou para pensar sobre como o Brasil conseguiu obter um território tão região. O mundo platino sempre foi objeto de interesse para a colônia portuguesa e uma região de
grande? intensas disputas entre os colonizadores ibéricos. Prova disso é que no final do século XVII o
soberano português nomeou D. Manuel Lobo para governar o Rio de Janeiro e de lá estender os
Somos um dos maiores países do mundo em extensão terrestre! domínios da colônia até a margem esquerda do rio da Prata, em frente à cidade de Buenos Aires.

Mas nem sempre foi assim... Sabemos que durante os dois primeiros séculos a Nesse sentido foi fundada em janeiro de 1680 a colônia do Santíssimo Sacramento, na região
colonização das terras brasileiras foi essencialmente litorânea. No século XVI o Brasil platina. Os portugueses davam início nesse momento ao processo de povoamento da região sul –
resumia-se basicamente ao litoral da atual região nordeste. Arrastávamos na costa ainda uma região periférica. Junto com Manuel Lobo seguiram casais de negros livres e brancos
feito caranguejos. que deveriam formar fazendas para criação de gado.

Durante o século XVII a situação mudou de forma considerável diante da ação dos A colônia de Sacramento era estratégica para os portugueses. Ali estavam em jogo interesses
bandeirantes. A formação da União Ibérica permitiu que a colônia ampliasse suas econômicos, diplomáticos, territoriais e militares. Os lusos pretendiam consolidar uma base
fronteiras. A superação de Tordesilhas foi inevitável. Os portugueses avançaram às populacional fixa na conflituosa região e implantar a cultura açucareira e a escravidão. Era uma
terras que pertenciam à Coroa espanhola. forma de frear o expansionismo espanhol na região. Não interessava aos portugueses que os
espanhóis dominassem os rios da bacia do Prata.
Entretanto foi somente durante o século XVIII que a expansão territorial efetivamente
ganhou força e deu ao país um formato muito parecido com o atual formato do A colônia de Sacramento de fato representava um problema para os espanhóis. Os portugueses
território brasileiro - o país-baleia! A economia mineradora mudara definitivamente os deram sinais claros de que pretendiam fixar-se definitivamente na região. Sacramento foi fundada
contornos e as áreas colonizadas no Brasil. A descoberta de ouro nos atuais estados de nos moldes das colônias portuguesas. Possuía governador, Igreja Católica, câmara de vereadores e
Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso foi fator decisivo no processo da expansão territorial juiz de paz.
da colônia portuguesa. Graças a esse metal os limites da incerta linha de Tordesilhas
foram empurrados um pouco mais para o interior. Como reação os castelhanos decidiram organizar uma expedição a partir de Buenos Aires composta
por mais de 12 mil homens. Sacramento foi sitiada e os seus habitantes praticamente todos mortos
O movimento ocorreu em várias frentes, de sul à norte, e posteriormente foi legitimada em conflito. Apesar disso em 1681, Portugal e Espanha assinaram o Tratado Provisional que
por uma série de tratados e acordos. Sobre o assunto leia o texto a seguir. devolvia a região da colônia de Sacramento para Portugal.

Bons estudos!!! A consequência mais notável da expansão portuguesa rumo ao sul foi a fundação da cidade de
Laguna, em Santa Catarina, em 1684 e a colonização da região do Rio Grande do Sul pelos

Curso Preparatório Cidade | Tópico Especial - A expansão territorial 93


tropeiros lusolagunenses a partir de 1725. A marcha da colonização seguiu seu curso e atravessou Os Tratados e Limites
regiões como os campos de Curitiba e Paraná – incorporadas aos domínios de Portugal.
À medida que a colonização na América ganhava força e novas áreas eram colonizadas discutia-se
Alguns ajustes territoriais ainda deveriam ser feitos, mas de forma geral o sul fora incorporado ao
cada vez mais a quem pertencia o território. A linha de Tordesilhas era imprecisa e a dificuldade
Brasil. No século XVIII uma série de tratados definiu melhor os limites da região.
para estabelecer onde ela passava era enorme.

Desde o século XVII os luso-brasileiros já haviam expandido as fronteiras brasileiras além dos
Expansão rumo ao Norte
limites definidos pela indefinida linha imaginária. A situação criada exigia uma revisão nas
fronteiras, principalmente entre o mundo espanhol e português. Gradativamente a questão passou
A colonização da região norte foi motivada principalmente pela necessidade de defender o imenso a ser discutida pelos diplomatas dos países interessados e culminaram nos seguintes acordos:
território colonial brasileiro. Ainda no século XVII exploradores lusos aventuraram-se na selva
amazônica em busca de riquezas. Produtos como cacau, salsaparrilhas, pau-cravo e outros foram - Tratado de Utrecht (1713) - o governo francês trocou com os portugueses as terras situadas à
coletados e denominados drogas do sertão. Muitos índios que viviam nas proximidades de rios margem esquerda do rio Amazonas pelas do rio Oiapoque, o limite entre a Guiana Francesa e o
importantes, como o Rio Negro, foram escravizados. Brasil.

Alijados do Tratado de Tordesilhas, os franceses representaram a maior ameaça a colonização das - Tratado de Utrecht (1715) – os espanhóis reconheceram a posse portuguesa da área onde estava
terras portuguesas. Em 1612 o Maranhão foi invadido pelos franceses que com o apoio do rei situada a colônia do Sacramento. Todavia, os conflitos entre os castelhanos e os luso-brasileiros
pretendiam fundar uma colônia – a França Equinocial. Nesse mesmo ano foi fundada a cidade de determinaram a elaboração de um novo tratado.
São Luís – o nome é uma homenagem um rei francês. (No entanto é possível que no sítio onde
atualmente localiza-se São Luís os portugueses tenham fundado uma pequena cidade - Tratado de Madri (1750) – nessa época a situação territorial do Brasil colonial era a seguinte: no
anteriormente à chegada dos franceses). Sul, os portugueses continuavam em atritos com os castelhanos; no Norte,os lusos ocupavam
efetivamente a região; e no Centro-Oeste, por causa economia aurífera, havia uma forte corrente
Somente três anos após a fundação de São Luís ocorreu a reação portuguesa. Liderados por migratória, especialmente para a região de Goiás. Para contornar essas questões, as Coroas
Jerônimo de Albuquerque os luso-brasileiros conseguiram expulsar os franceses e integrar Ibéricas decidiram assinar o Tratado de Madri, o grande acordo que limitava as fronteiras que
definitivamente a região à colônia brasileira. Para garantir o acesso às regiões interiores foi limitava as fronteiras entre os impérios coloniais ibéricos na América. Por meio dele, a Coroa de
fundada em 1616, na foz do rio Amazonas, o forte do Presépio, origem da cidade de Belém Portugal se tornava possuidora do Norte, do Centro-Oeste e do Sul do Brasil.
(primeira capital da região norte).
- Tratado de El Pardo (1761) – anulou os artigos do Tratado de Madri referentes ao Sul brasileiro,
Posteriormente os lusos edificaram o forte São José da Barra do rio Negro – origem da cidade de porém, manteve as decisões em relação ao Norte e ao Centro-Oeste. No Sul, novos conflitos
Manaus. Em 1621 a coroa portuguesa decidiu desmembrar administrativamente a colônia – foi aconteceram e o governador de Buenos Aires ocupou a colônia do Sacramento, o Rio Grande e
fundado o Estado do Maranhão incorporando os atuais estados de Ceará, Maranhão, Pará e Santa Catarina, a partir de 1763. Somente com a morte do rei português, D. José I, em 1776, foi
Amazonas. Esse novo estado estava diretamente subordinado à Lisboa e não ao governo da Bahia. que a Coroa de Portugal se viu obrigada a rever os limites de seu império colonial na América.
O principal objetivo desta medida era proteger a região da ocupação estrangeira, principalmente Realizou então outro tratado, o que acabou com a ocupação espanhola no Sul do Brasil.
dos franceses, ingleses e holandeses. Em 1637 Pedro Teixeira percorreu o rio Amazonas da foz à
nascente, integrando-o ao domínio lusitano nas América do Sul. Tratado de Santo Ildefonso (1777) - a Coroa de Portugal entregou a colônia do Sacramento aos
espanhóis e ficou definitivamente detentora da parte leste do Rio Grande, de Santa Catarina,
A colonização da região amazônica foi efetivada pelos missionários jesuítas. Estes pretendiam fixar Paraná, regiões Centro-Oeste e Norte do Brasil. O atual território uruguaio passava a pertencer à
os indígenas à terra através dos ensinamentos cristãos. A ideia era fazer do índio um trabalhador Coroa espanhola. Mas os portugueses não pararam aí: a partir de 1780 eles se expandiram e
adaptado às exigências mercantis-coloniais. ocuparam a margem leste do rio Uruguai, atual oeste do Rio Grande do Sul. O capitão-geral (o Rio
Grande já era capitania desde 1760) doava sesmarias, que se constituíram nas fazendas de criação
de gado, as estâncias, tradicional latifúndio que utilizava a mão-de-obra do negro africano. Na

94 Tópico Especial - A expansão territorial | Curso Preparatório Cidade


estância criava-se o gado que, posteriormente, era abatido e sua carne, salgada, o charque. A 02. (Unesp) A partir de 1750, com os Tratados de Limites, fixou-se a área territorial brasileira, com
capitania do Rio Grande se notabilizou na produção de charque para o mercado colonial. pequenas diferenças em relação a configuração atual. A expansão geográfica havia rompido os
limites impostos pelo Tratado de Tordesilhas. No período colonial, os fatores que mais
Tratado de Badajoz (1801) - consolidou a ocupação efetiva do atual oeste sul-riograndense, contribuíram para a referida expansão foram:
delimitando as fronteiras entre os portugueses e os espanhóis nas margens do rio Uruguai. Nessa
época, as estâncias de criação de gado formavam o cenário rio-grandense. (A) criação de gado no vale do São Francisco e desenvolvimento de uma sólida rede urbana.
(B) apresamento do indígena e constante procura de riquezas minerais.
Observamos a partir da análise dos tratados mencionados anteriormente que os lusos tinham muito (C) cultivo de cana-de-açúcar e expansão da pecuária no Nordeste.
interesse na região amazônica, especialmente em função das chamadas “drogas do sertão” que (D) ação dos donatários das capitanias hereditárias e Guerra dos Emboabas.
tinham um mercado forte e em crescimento no continente europeu. (E) incremento da cultura do algodão e penetração dos jesuítas no Maranhão.

Quanto à região sul o interesse lusitano era sobretudo estratégico. A ideia era impedir o avanço
espanhol na região. Para isso tiveram que entregar à Coroa espanhola a colônia do Sacramento. 03. (Uel) Em 1703, a Inglaterra impôs a Portugal o Tratado de Methuen que consistia basicamente
em:

(A) exclusividade comercial entre o Brasil e a Inglaterra.


EXERCÍCIOS (B) bloqueio marítimo aos navios de bandeira francesa.
(C) determinação de ruptura do Pacto Colonial.
(D) abertura dos mercados ingleses ao vinho português, em troca da abertura dos mercados
01. (Ufu) 'Uti possidetis' é um princípio de direito internacional bastante utilizado desde o século
lusitanos aos tecidos ingleses.
XVIII nas definições dos limites entre territórios vizinhos. Esse princípio reconhece o direito de
(E) proibição do comércio franco-espanhol com as colônias portuguesas.
posse a quem de fato ocupa determinado território.

Considerando o uso desse princípio e a formação territorial do Brasil, assinale a alternativa 04. (Unifesp) "A substância do Tratado [de Madri, 1750] consiste em concessões mútuas e na
INCORRETA. partilha de um imenso território despovoado. Nós cedemos a Portugal o que não nos serve e
para eles será de grande utilidade; e Portugal nos cede a Colônia e o rio da Prata que não os
(A) Espanha e Portugal tiveram poucos conflitos sobre territórios conquistados na América, beneficia e nos destrói".
durante o período colonial, pois suas posses foram definidas por tratados e bulas desde
(Francisco de Auzmendi, oficial maior da Secretaria dos Negócios Estrangeiros da Espanha e partícipe do
antes da ocupação das terras.
Tratado.)
(B) A expansão territorial da América Portuguesa no século XVII, motivada por fatores
econômicos, religiosos e políticos, gerou conflitos com nações européias. O 'uti possidetis' Essa interpretação do autor:
foi utilizado, por exemplo, para legitimar essas novas posses.
(C) Os domínios portugueses na América foram ampliados durante a União Ibérica, o que (A) ignora as vantagens que a Espanha obteve com o Tratado, haja vista a tentativa de
permitiu fixar-se no rio da Prata o limite sul do Brasil, até a separação da Província Portugal reconquistar a região em 1809.
Cisplatina no século XIX. (B) demonstra a cordialidade existente entre Portugal e Espanha nas disputas pela posse de
(D) A fixação das fronteiras nacionais do Brasil teve início no século XIX e, nos primeiros anos seus territórios americanos.
do século XX, vários problemas de limites foram solucionados pela diplomacia brasileira, (C) silencia sobre o fato de que o entendimento entre Portugal e Espanha resultava
apoiando-se no princípio do 'uti possidetis'. prejudicial para a Inglaterra.
(D) defende o acordo por ser parte interessada no mesmo, pois foi pago pelo governo
português para que a Espanha o aceitasse.

Curso Preparatório Cidade | Tópico Especial - A expansão territorial 95


(E) revela que Portugal e Espanha souberam preservar com muita habilidade seus interesses 07. (Ufpi) Algumas décadas depois da chegada de Cabral à América, os portugueses viram-se na
coloniais no Novo Mundo. necessidade de efetivar a ocupação das suas descobertas territoriais. Sobre o processo de
colonização implementado pelos lusitanos na América, podemos afirmar que:

05. A invasão espanhola na Ilha de Santa Catarina, em 1777, ocorreu devido ao conflito de
(A) Foi viabilizado pela descoberta de ouro e diamantes no interior, particularmente, em
fronteiras entre Portugal e Espanha.
terras hoje pertencentes aos Estados de Minas Gerais e Goiás.
(B) Teve, no cultivo da cana para a fabricação de açúcar a ser comercializado no mercado
Assinale a proposição CORRETA:
europeu e na utilização do trabalho escravo, fatores centrais.
(C) Teve, na exploração do pau-brasil, na utilização da mão-de-obra africana e na criação de
(A) A invasão na Ilha de Santa Catarina pelos espanhóis ocorreu depois de um intenso ataque
um sistema colonial centrado na vida urbana, elementos vitais para o sucesso inicial do
da esquadra espanhola aos fortes existentes na entrada da Baía Sul.
empreendimento colonial.
(B) Com assinatura do Tratado de Santo Ildefonso, a Ilha de Santa Catarina seria devolvida
(D) Teve, na Coroa Espanhola e nos mercadores da Nova Lusitânia, parceiros vitais para o
novamente para Portugal e a Colônia do Sacramento ficaria com a Espanha.
êxito do empreendimento.
(C) A ocupação espanhola na Ilha de Santa Catarina trouxe para a população local violenta
(E) Só foi efetivamente viabilizado com a unificação da Península Ibérica em 1580.
perseguição religiosa.
(D) O Tratado de Utrecht, assinado no final de 1777, trouxe o fim do conflito e novamente a
paz para a Ilha de Santa Catarina. 08. (Puc-rio) A formação do espaço territorial brasileiro resultou de um conjunto de experiências
(E) Portugal não se preocupou com a invasão espanhola na Ilha de Santa Catarina, pois históricas no qual interferiram processos de conquista e colonização, políticas de povoamento,
estava intensamente envolvido com as guerras napoleônicas. guerras e acordos diplomáticos. Os itens abaixo apresentam algumas dessas experiências:

I. O Tratado de Tordesilhas foi o primeiro documento legal a delimitar possessões


06. A invasão espanhola na Ilha de Santa Catarina, em 1777, ocorreu devido ao conflito de
portuguesas nas Américas.
fronteiras entre Portugal e Espanha.
II. As bandeiras promovidas por paulistas, no século XVII, promoveram a fundação de vilas e
cidades, nas atuais regiões Sudeste e Norte.
Assinale a proposição CORRETA:
III. Anexada ao território brasileiro, em 1821, a Banda Oriental do Uruguai vai permanecer por
poucos anos no Império do Brasil como a Província da Cisplatina.
(A) A invasão na Ilha de Santa Catarina pelos espanhóis ocorreu depois de um intenso ataque
IV. O Tratado de Petrópolis (1903) incorporou a região do Acre ao território brasileiro.
da esquadra espanhola aos fortes existentes na entrada da Baía Sul.
(B) Com assinatura do Tratado de Santo Ildefonso, a Ilha de Santa Catarina seria devolvida
Assinale:
novamente para Portugal e a Colônia do Sacramento ficaria com a Espanha.
(C) A ocupação espanhola na Ilha de Santa Catarina trouxe para a população local violenta
(A) Se somente I, III e IV estão corretos.
perseguição religiosa.
(B) Se somente I, II e IV estão corretos.
(D) O Tratado de Utrecht, assinado no final de 1777, trouxe o fim do conflito e novamente a
(C) Se somente II, III e IV estão corretos.
paz para a Ilha de Santa Catarina.
(D) Se somente I e II estão corretos.
(E) Portugal não se preocupou com a invasão espanhola na Ilha de Santa Catarina, pois
(E) Se todos os itens estão corretos.
estava intensamente envolvido com as guerras napoleônicas.

96 Tópico Especial - A expansão territorial | Curso Preparatório Cidade


09. (Ufes) O processo de expansão da conquista territorial que culminou com a incorporação da (B) Apenas a proposição IV é verdadeira.
Amazônia ao domínio português esteve vinculado a diferentes situações. NÃO faz parte desse (C) Apenas a proposição II é verdadeira.
contexto o(a): (D) Apenas as proposições II e IV são verdadeiras.
(E) Apenas a proposição III é verdadeira.
(A) iniciativa de colonos que se aventuravam na coleta de recursos naturais da região, como
as "drogas do sertão", ou formavam as "tropas de resgate".
12. (Ufv) Em finais do século XVI e durante o século XVII, inúmeras expedições percorreram os
(B) implantação da grande lavoura canavieira com base no latifúndio e no trabalho escravo
sertões brasileiros, partindo principalmente da Capitania de São Paulo. Tais expedições ficaram
negro, voltada para o mercado externo.
conhecidas como "bandeiras", e seus componentes, "bandeirantes". O objetivo principal das
(C) conflito entre colonos e missionários, que tinham, a respeito da população indígena,
bandeiras era:
interesses diversificados.
(D) prática de uma política oficial adotada pela Coroa, que incentivava o movimento
(A) encontrar um novo caminho para as Índias Orientais.
expansionista e fazia realizar expedições para o reconhecimento da área.
(B) abastecer as regiões mineradoras das Minas Gerais.
(E) ação das Ordens Religiosas que buscavam os indígenas para nucleá-los e catequizá-los,
(C) combater as incursões dos colonos espanhóis na fronteira do Rio Grande do Sul.
estabelecendo missões ou aldeamentos.
(D) destruir os quilombos de escravos fugidos das grandes fazendas de café.
(E) apresar índios e buscar ouro e pedras preciosas.
10. (Mackenzie) A partir do século XVII, uma série de fatores provocaram a expansão da colônia e
ocupação do interior do Brasil, exceto:
13. (Unirio) A definição dos limites do Brasil colonial em diversos tratados, durante o século XVIII,
foi o resultado político de vários movimentos, dentre os quais se destaca na região sul o(a):
(A) a pecuária desenvolvida no sertão nordestino e região sul.
(B) a busca de riquezas minerais liderada pelos bandeirantes de São Paulo.
(A) interesse português no rio da Prata, materializado na fundação da Colônia do
(C) a ação missionária dos jesuítas vinculada também à extração de drogas do sertão.
Sacramento.
(D) a União Ibérica, que possibilitou maior liberdade de circulação no território além de
(B) necessidade natural de ocupação de novas terras para a "plantation" canavieira.
Tordesilhas.
(C) proteção portuguesa aos aldeamentos indígenas, contrariando a política espanhola de
(E) o apoio de jesuítas e índios dos Sete Povos das Missões, confirmando os termos do
escravização do gentio.
Tratado de Madri em 1750.
(D) disputa pela posse das zonas mineradoras na região platina.
(E) interferência do Papado na negociação do Tratado de Madri para resguardar as zonas
11. Leia atentamente as proposições. missioneiras.

I. Durante os primeiros tempos da colonização, a ocupação portuguesa na América limitou-se


14. A anulação do Tratado de Tordesilhas, e a utilização do princípio "uti possidetis", que
à faixa litorânea.
determinou que Sacramento ficaria com a Espanha, e Sete Povos das Missões ficaria com
II. A ação dos bandeirantes contribuiu para a ocupação do interior do território brasileiro pelos
Portugal, ocorre mediante assinatura do Tratado de:
holandeses e ingleses.
III. A descoberta do ouro trouxe muitas mudanças para o Brasil Colônia, entre elas o
(A) Lisboa (1681)
surgimento de núcleos urbanos e novos estilos de vida nas regiões de mineração.
(B) Utrecht (1715)
IV. Os bandeirantes sempre tiveram relações cordiais e amistosas com os padres jesuítas.
(C) Madri (1750)
(D) El Pardo (1761)
Assinale a alternativa CORRETA:
(E) Santo Ildefonso (1777)

(A) Apenas as proposições I e III são verdadeiras.

Curso Preparatório Cidade | Tópico Especial - A expansão territorial 97


15. (Pucsp) As Bandeiras utilizaram amplamente os rios para penetrar no território brasileiro e 18. (Fgv) O princípio do "Uti possidetis" esteve presente como base à solução dos conflitos de
atingir regiões distantes do litoral. Entre suas funções, é possível afirmar que: fronteira entre Portugal e Espanha no século XVIII. O resultado efetivo dessa negociação foi o
Tratado de Madri (1750), que definiu, no caso brasileiro, limites territoriais muito próximo dos
(A) estavam intimamente ligadas ao tráfico negreiro e buscavam o interior para vender atuais. Foi o principal articulador desse tratado/princípio:
escravos africanos para aldeias indígenas.
(B) opunham-se às tentativas de catequização de índios pelos jesuítas por considerar os (A) Diego de Mendonça Corte Real;
índios destituídos de alma. (B) Francisco Pereira Coutinho;
(C) procuravam, a mando da metrópole portuguesa, pedras e metais preciosos no interior do (C) Luís Antônio de Sousa;
Brasil e no leito dos rios que navegavam. (D) Alexandre de Gusmão;
(D) fundavam cidades ao longo dos rios e dos caminhos que percorriam e garantiam, (E) João VI.
posteriormente, seu abastecimento de alimentos.
(E) eram contratadas, por senhores de terras, para perseguir escravos fugitivos e destruir
19. (Fgv) O princípio do "Uti possidetis" esteve presente como base à solução dos conflitos de
quilombos.
fronteira entre Portugal e Espanha no século XVIII. O resultado efetivo dessa negociação foi o
Tratado de Madri (1750), que definiu, no caso brasileiro, limites territoriais muito próximo dos
16. (Faap) O Brasil estava sob domínio ibérico de 1580 a 1640. Neste período os criadores de gado atuais. Foi o principal articulador desse tratado/princípio:
e os bandeirantes, que buscavam metais e pedras preciosas, atravessaram a linha imaginária
do Tratado de Tordesilhas, incorporando ao território brasileiro: (A) Diego de Mendonça Corte Real;
(B) Francisco Pereira Coutinho;
(A) Minas Gerais, Amazonas e Pará (C) Luís Antônio de Sousa;
(B) Ceará, Piauí e Alagoas (D) Alexandre de Gusmão;
(C) Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso (E) João VI
(D) Maranhão, Pernambuco e Bahia
(E) Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina
20. (Fgv) Entre os momentos definidores da penetração para além do limite do Tratado de
Tordesilhas e a conseqüente expansão territorial do Brasil, no século XVII, estão o/os:
17. (Unirio) A descoberta do Brasil não alterou os rumos da expansão portuguesa voltada
prioritariamente para o Oriente, o que explica as características dos primeiros anos da (A) Tratados de Utrecht e de Madri;
colonização brasileira, entre as quais se inclui o(a): (B) Tratados de Santo IIdefonso e de Utrecht;
(C) Tratado de Madri e o ciclo da caça ao índio;
(A) caráter militar da ocupação, visando à defesa das rotas atlânticas. (D) ciclos de caça ao índio e de sertanismo por contrato;
(B) escambo com os indígenas, garantindo o baixo custo da exploração. (E) Tratado de Madri e o ciclo de sertanismo por contrato.
(C) abertura das atividades extrativas da colônia a comerciantes das outras potências
européias.
(D) migração imediata de expressivos contingentes de europeus e africanos para a ocupação
do território.
(E) exploração sistemática do interior do continente em busca de metais preciosos.

98 Tópico Especial - A expansão territorial | Curso Preparatório Cidade


EXERCÍCIOS DE PROVA 03. (EsFCEx - 2007) Analise as alternativas abaixo sobre os tratados que fixaram as fronteiras
coloniais na América, colocando entre parênteses a letra V, quando se tratar de afirmativa
verdadeira, e a letra F quando se tratar de afirmativa falsa. A seguir, assinale a alternativa que
01. (EsFCEx - 2001) Preencher as lacunas com o nome de um Estado da Federação. apresenta a sequência correta.

TEXTO 1. ( ) O Tratado de Utrecht (1713), assinado entre representantes de Portugal e da França,


estabelecia que o rio Oiapoque, no extremo norte da colônia, seria o limite da fronteira
“Acompanhemos este litoral, quase sempre ingrato, de norte a sul, saltando apenas aqueles entre o Brasil e a Guiana Francesa.
trechos que já analisamos acima. Um primeiro percurso vai do extremo setentrional da colônia, o 2. ( ) O Tratado de Badajós (1801) estabelecia que a região dos Sete Povos das Missões ficaria
rio Oiapoque, ao Araguari; é a famosa região do ______________________, disputada ao Brasil com os portugueses, assim como a colônia do Sacramento.
durante séculos por ingleses, holandeses e finalmente franceses, e que se incorporou definitiva e 3. ( ) O Tratado de Madri (1750) determinava que a Portugal e Espanha caberia a posse das
indisputadamente no nosso território em 1899 (12). Formado no seu litoral de terras baixas e terras que ocupavam. O descontentamento entre índios e jesuítas dos aldeamentos dos
alagadiças onde a navegação costeira é muito difícil pela falta de abrigos, e a penetração interior Sete Povos das Missões gerou luta violenta que ficou conhecida como Guerra Guaranítica.
quase impossível, o __________________________ se conserva praticamente despovoado. 4. ( ) O Tratado de Santo Ildefonso (1777) estabelecia que a Colônia do Sacramento e a região
Algumas missões franciscanas, ..., tinham estendido para aí a sua catequese dos indígenas no séc. dos Sete Povos das Missões ficariam com Portugal que cederia à Espanha terras que
XVII. Seus resultados foram mínimos, se não nulos. Restariam delas, em fins do séc. XVIII, haviam sido anexadas ao Rio Grande do Sul.
algumas miseráveis e vegetativas aldeias de índios semicivilizados e degenerados.”
(A) V-V-F-F
(Adaptado de: Formação do Brasil Contemporâneo – Caio Prado Júnior – Editora Brasiliense – 6a. edição – 1965 – São
(B) V-F-V-F
Paulo – pág. 37.)
(C) F-V-F-V
Assinale a alternativa que completa corretamente as lacunas do texto VIII. (D) F-F-V-V
(E) V-F-F-F
(A) Rio Grande do Sul
(B) Amapá 04. (EsFCEx - 2010) Sobre a fixação de fronteiras no Brasil colonial, durante o século XVIII, analise
(C) Piauí as afirmativas abaixo e, a seguir, assinale a alternativa correta.
(D) Ceará
(E) Maranhão I. O tratado de Santo Ildefonso estabeleceria a concessão portuguesa dos Sete Povos das
Missões à França que passou a controlar a região do Rio da Prata.
02. (EsFCEx - 2003) Durante o Período Colonial, o Tratado de Limites que garantiu maior posse II. A delimitação de fronteiras durante o século XVIII foi favorecida pela expansão territorial
territorial ao Brasil foi o de: estimulada pela mineração, pelo bandeirismo, extrativismo e missões católicas.
III. O Segundo Tratado de Utrecht estabelecia o reconhecimento português do direito espanhol
(A) Tordesilhas. à Colônia do Sacramento.
(B) Petrópolis.
(C) Santo Ildefonso. (A) Somente I está correta.
(D) Tomar. (B) Somente II está correta.
(E) Madri. (C) Somente III está correta.
(D) Somente I e II estão corretas.
(E) Somente I e III estão corretas.

Curso Preparatório Cidade | Tópico Especial - A expansão territorial 99


Tópico 1.6 – O monopólio comercial português Bons estudos!

O MONOPÓLIO COMERCIAL PORTUGUÊS

Comentário
A Revolta da Cachaça (Rio de Janeiro /1660-1661)

Caro estudante,
Salvador Correia de Sá e Benevides era o governador poderoso do Rio de Janeiro. Apesar de
possuir linhagem espanhola pelo lado materno gozava de grande prestígio junto à Coroa
Avancemos um pouco mais em nossos estudos!
portuguesa. Seus poderes não eram subordinados ao governador-geral da Bahia.
Espero que você esteja aproveitando da melhor forma possível o material que está
Logo no início de sua administração criou um imposto predial cujas receitas deveriam atender aos
sendo disponibilizado com bastante cuidado e critério na plataforma.
crescentes custos de uma tropa subordinada diretamente ao governador.
Estudar a distância não é fácil. Requer do estudante capacidade de organização e boa
Durante os debates no Senado e na Câmara, foi aprovada a isenção da cobrança de impostos para
dose de disciplina.
as ordens religiosas dos jesuítas, dos carmelitas e dos beneditinos. Como alternativa ao imposto
O tópico 1.6 do edital foi rebatizado no edital referente a prova deste ano. No predial foi decidida a cobrança de impostos sobre a venda de carne e cachaça. Enquanto o imposto
penúltimo edital o tópico se chamava “Exploração e Conflitos no Brasil colonial”. predial atingia os proprietários de imóveis a cobrança de impostos sobre cachaça e carne atingia
toda população. No entanto o governador notou que a arrecadação estava abaixo do esperado e
Em sua opinião qual tipo de relação pode existir entre “monopólio comercial” e determinou que o imposto predial também fosse recolhido. Na sequência partiu para São Paulo a
“conflitos” no Brasil colonial? fim de observar a exploração de ouro tendo deixado seu primo, Tomé de Alvarenga para substituí-
lo. Outro parente foi encarregado de assumir a presidência do Senado da Câmara.
Compreender essa relação vai ser importante para o melhor entendimento das várias
revoltas do período. Esse será o enfoque da prova caso este tópico seja cobrado no dia No início de novembro de 1660 eclodiu uma revolta na capital carioca liderada por Jerônimo
do certame. Perceba que eles possuem basicamente uma relação de causa e efeito. A Barbalho Bezerra. Seu pai se chamava Luís Barbalho Bezerra e ficou conhecido por seu empenho
exploração metropolitana sobre a colônia é a causa principal da maior parte das na luta contra os holandeses.
revoltas no Brasil colonial. A principal queixa dos colonos dizia respeito aos vários
monopólios e exclusivismos comerciais existentes no Brasil e que na maioria das vezes Os motivos da revolta foram vários. Podemos destacar especialmente o fato do governador praticar
beneficiavam somente Portugal e os portugueses. um tipo de nepotismo escancarado, adotar atitudes tiranas, peculato, relações obscuras com donos
de casas de jogos e principalmente a pesada tributação. Sá e Benevides também era mal visto por
A maior parte dessas rebeliões surgiram em fins do século XVII e foram resultado ser aliado dos jesuítas. Estes defendiam a liberdade dos indígenas. Opinião contrária à da maioria
direto da nova política colonial adotada por Portugal depois da Restauração em 1640. dos colonos.
Após se libertarem do domínio espanhol, os portugueses decidiram explorar ainda mais
a colônia brasileira. A reação veio em forma de rebeliões. Como resultado da rebelião o governador interino foi deposto e preso na fortaleza de Santa Cruz.
Eleições foram realizadas para o Senado da Câmara (Câmara Municipal) e Agostinho Bezerra, irmão
Num primeiro momento, essas rebeliões não questionaram o pacto colonial (rebeliões do líder da rebelião, nomeou-se governador.
nativistas), mas o quadro alterou-se em fins do século XVIII a partir da Inconfidência
Mineira (rebeliões anticoloniais). Muitos colaboradores do antigo governador foram enviados para Portugal. Após alguns vacilos de
Agostinho Bezerra ao tentar manobras conciliatórias o Senado da Câmara o destituiu do cargo e
Logo viria a ruptura com Portugal... assumiu o governo da cidade em fevereiro de 1661. Dois meses após Salvador Correia voltou ao
Rio de Janeiro com a ajuda de forças militares vindas de Portugal. A cidade foi invadida de surpresa
Sobre o assunto leia o texto a seguir. e o antigo governador reconquistou o poder.

100 Tópico Especial - A expansão territorial | Curso Preparatório Cidade


Após a realização de investigações foram apontados Jerônimo Barbalho Bezerra e Jorge Ferreira Figura 28: Algodão no Brasil
Bulhões como líderes da revolta. O primeiro foi condenado à morte e em 10 de abril foi enforcado
na atual praça XV de Novembro – antigo Largo do Polé. Decapitado à machadas teve a cabeça
exposta no pelourinho existente próximo à forca. Outros integrantes foram presos e enviados à
Portugal até obterem o perdão e voltarem ao Rio de Janeiro. Jorge Ferreira Bulhões morreu na
prisão devido a maus tratos e não pode retornar ao Brasil.

Em primeiro de julho de 1661 a corte designou outro governador para o Rio de Janeiro. Era uma
evidência de que Salvador Correia Sá e Benevides já não gozava do prestígio de dias anteriores.

O novo governador, Pedro de Melo, só assumiu o cargo em 29 de abril de 1662.

A Revolta de Beckman (Maranhão/1684)

Desde 1677 prevalecia o regime do estanco de algumas mercadorias no Maranhão. Para a


população em geral esse regime significava exploração. O comércio de produtos como aço, ferro,
facas e outros era de exclusividade da Coroa. Era ela quem determinava os valores de compra e
venda. Muitas vezes não havia moedas suficientes para realizar essas transações o que acabava
gerando grande descontentamento na população.

Em abril de 1680 o descontentamento aumentou ainda mais, pois a Coroa decidiu estabelecer
O lucro da companhia muitas vezes significou o prejuízo da população. Frequentemente os
liberdade incondicional para os povos indígenas proibindo de forma clara qualquer tipo de
produtores tinham que vender seus produtos por preços muito baixos e eram obrigados a consumir
escravidão desses povos. Aos jesuítas foi confiada a catequização e conseqüente domínio dos
mercadorias vindas da Europa ou da África por preços muito acima da tabela. A exploração sobre a
indígenas.
população era cada vez maior.
A proibição da escravidão indígena gerou um sério problema de mão-de-obra para os colonos no
O que era ruim ficou ainda pior com as vantagens e privilégios oferecidos à companhia que
Maranhão. Em 1682 foi criada a Companhia do Comércio do Estado do Maranhão no intuito de
monopolizava o comércio. Em 1680 o governador Francisco de Sá Menezes chegou a São Luís no
solucionar a questão da mão-de-obra para as atividades agrícolas. A criação de companhias
mesmo navio que trazia Pascoal Pereira Jansen – representante da companhia comercial. A
monopolistas nunca foi bem aceita em nenhum lugar do Brasil.
população maranhense organizou-se para interpelar os ilustres membros da embarcação. Não
conseguiram muito.
A ideia era que a companhia abastecesse a região com 500 escravos por ano durante vinte anos.
Este era o tempo do monopólio da Companhia do Comércio do Estado do Maranhão. Toda
Diante desse quadro de abusos e exploração eclodiu a rebelião. Manuel Beckman – o Bequimão –
importação de tecidos e artigos necessários ao uso e consumo do Grão-Pará e Maranhão estava
senhor de terras e vereador liderou o movimento. Beckman era português e vivia as dificuldades
nas mãos da companhia. Além disso, toda exportação para Lisboa deveria ser realizada em navios
impostas pela coroa à população. Sentiu-se prejudicado pelo fato de não poder escravizar índios
da companhia que decidia previamente o preço de compra de produtos como cana-de-açúcar,
necessários no trabalho agrícola.
algodão, tabaco, baunilha e outros.

Curso Preparatório Cidade | Tópico Especial - A expansão territorial 101


Figura 29: Beckman no Sertão do Alto Mearim. Repare que o movimento não teve caráter separatista, ao contrário, reafirmava ainda mais o status
colonial da região ao esperar ordens da Metrópole.

Ao final Belquior Dias Gonçalves foi condenado ao degredo na África e açoitado nas ruas de São
Luís. Tomás Beckman foi condenado à morte mas teve a pena comutada para morte civil. Os
jesuítas conseguiram retomar ao Maranhão e o monopólio da companhia comercial foi suspenso.

A Guerra dos Mascates (Pernambuco /1710-1711)

Este movimento ocorreu na capitania de Pernambuco e teve como motivação principal a constante
e crescente rivalidade entre a decadente aristocracia rural pernambucana e os prósperos
comerciantes portugueses situados em Recife.

A dominação holandesa mudara a face da cidade do Recife.

Nassau embelezou a cidade e permitiu que esta prosperasse justamente por ser a capital do Brasil
holandês. Em Recife desenvolveu-se uma classe mercantil muito forte dominada principalmente
pelos portugueses. Estes eram pejorativamente chamados de mascates – ou seja, viviam da
mascateação. De acordo com a mentalidade das elites rurais as atividades braçais bem como o
comércio eram atividades inferiores, indignas.

(Obra de Antônio Parreiras sobre a revolta no Maranhão). A mascateação é o comércio ambulante. Atividade altamente desprezada pelos senhores de terras.
Os portugueses ligados ao comércio em Recife sofriam todo tipo de preconceito por parte dos
Vários setores da sociedade maranhense uniram-se aos rebeldes, até mesmo ordens religiosas senhores de terras. Eram chamados de forasteiros, marinheiros e grumetes.
como os carmelitas, franciscanos e até mesmo bispo Gregório dos Anjos. Todos condenavam o
monopólio dado a companhia de comércio. Exceção feita aos jesuítas que anteriormente haviam Por sua vez os comerciantes de Recife chamavam os fazendeiros de “pés-raspados”, pois estes
recebido o monopólio da jurisdição das aldeias indígenas. Por motivos óbvios estes se calaram. enfrentavam dificuldades após as guerras holandesas. As guerras advindas da presença holandesa
criaram dificuldades para fazendeiros. Escravos fugiram e muitos engenhos estavam arrasados. A
Em fevereiro de 1684 a revolta eclodiu após a ausência do governador que estava em Belém. Os solução encontrada pelos fazendeiros para enfrentar dificuldades de toda ordem foi a obtenção de
rebeldes prenderam o capitão-mor Baltazar Fernandes, depuseram o governador ausente, empréstimos junto aos comerciantes de Recife. O financiamento da produção açucareira passava a
expulsaram os jesuítas e acabaram com os privilégios da Companhia de Comércio do Estado do depender cada vez mais dos comerciantes de Recife. Os fazendeiros endividavam-se cada vez mais
Maranhão. junto aos comerciantes localizados na capital. Endividado não restava ao senhor de engenho
aceitar as condições impostas pelos comerciantes. Este dava duas opções ao seu devedor: ou lhe
Foi formada então uma Junta de Governo integrada por um frade carmelita, representantes dos pagava o dobro no ano seguinte ou vendia o açúcar por um preço muito abaixo do convencional –
proprietários e representantes das camadas populares. A junta deveria governar até que novas o que acaba deixando o fazendeiro sempre endividado.
ordens de Lisboa determinassem o que deveria ocorrer dali em diante.
A economia aurífera e seus efeitos inflacionários agravavam a situação. Enquanto o preço do
A junta foi auxiliada por três adjuntos João de Sousa de Castro, Manoel Coutinho de Freitas e o açúcar baixava o do escravo subia.
irmão de Bequimão – Tomás Beckman.

102 Tópico Especial - A expansão territorial | Curso Preparatório Cidade


O preço de um escravo em Pernambuco passou a custar cinco vezes mais do que custava A primeira proposta consistia em entregar o poder ao bispo D. Manoel Alves da Costa de acordo
anteriormente à descoberta das jazidas auríferas na região das minas. Devedores, os fazendeiros com orientações anteriores feita pela Coroa. A segunda proposta defendia a constituição de um
tinham sua situação cada vez mais complicada. governo republicano independente de Portugal inspirada no exemplo de Veneza e Holanda. É por
isso que alguns historiadores consideram a Guerra dos Mascates como o primeiro movimento
Por sua vez, os comerciantes, credores, desejavam acabar com a submissão política, nativista da história nacional.
administrativa, jurídica e religiosa de Recife diante de Olinda. Recife não possuía sequer a categoria
de vila. Era totalmente subordinada à Olinda. Os mascates portugueses tentaram reverter a Uma última proposta foi apresentada por um rico senhor de terras bastante conhecido na capitania
situação. Apesar de não serem nobres os principais comerciantes de Recife tinham relações pelo seu passado como governador do Rio Grande do Norte e como combatente contra o Quilombo
privilegiadas com integrantes do Conselho Ultramarino e com governadores da capitania de de Palmares. Afirmou que era melhor entregar a capitanias aos franceses.
Pernambuco. Principalmente com Francisco de Castro Morais, que governou de 1703 a 1707, e com
Sebastião de Castro e Caldas, que assumiu o governo em 1707. A maioria dos aristocratas preferiu entregar o governo ao bispo contando que este apoiasse as
decisões dos rebeldes. Durante cerca de sete meses Olinda manteve o controle da capitania.
Foi durante a administração de Castro e Caldas que eclodiu o conflito, uma vez que sua
administração era claramente favorável aos mascates de Recife. O governador foi acusado de No início de 1711 as autoridades metropolitanas tiveram conhecimento do que acontecera em
praticar relações comerciais escusas a partir da utilização de testas de ferro. Também foi acusado Pernambuco e ficaram preocupadas, afinal, a Guerra de Sucessão da Espanha continuava, Minas
de vender cargos na administração e vender escravos para o Rio de Janeiro o que era proibido por Gerais fora sacudida pouco antes com a Guerra dos Emboabas e ainda existia o perigo de uma
determinação da coroa. intervenção francesa na capitania de Pernambuco.

Os fazendeiros também queixavam-se da proibição de usar armas de fogo em Olinda. Acreditavam Contemporizando a Coroa decidiu enviar o governador Félix José Machado de Mendonça Eça Castro
que era necessário frente ao risco de um ataque estrangeiro, sobretudo francês. Castro e Caldas e Vasconcelos como governador. Provavelmente os mascates tiveram algum peso na decisão da
também foi acusado de traição ao permitir que uma embarcação francesa ancorasse em Recife Metrópole. Enquanto isso em Pernambuco os mascates procuravam se organizar para contra-atacar
quando Portugal estava entre os países adversários da França na Guerra de Sucessão na Espanha. a aristocracia rural e suas tropas.

Em fevereiro de 1710 uma frota de Lisboa trouxe uma Carta Régia datada de 19 de novembro do Dentre as táticas utilizadas pelos mascates era comum o suborno de autoridades civis e militares. O
ano anterior elevando Recife à condição de vila. Cabia ao governador e ouvidor da capitania dinheiro levantado pelos mascates também foi utilizado para compra de suprimentos e na formação
estabelecer os limites do novo município. O governador simpatizante dos mascates agiu de tropas compostas por negros e índios. Em junho de 1711 os mascates partiram para a contra-
sorrateiramente e mandou levantar um pelourinho na praça central da Vila de Santo Antônio do ofensiva obtendo vitórias e derrotas. A chegada do governador Félix Machado em 10 de outubro
Recife, privilégio de cidades e vilas. Também mandou instalar a Câmara Municipal integrada por cessou os conflitos.
dois pernambucanos e dois portugueses. Obviamente a reação de Olinda não tardou. Um atentado
contra o governador foi planejado mas este saiu ileso e também reagiu efetuando a prisão de Após a chegada do governador houve demonstrações públicas em banquetes e outras festividades
vários senhores de terras. O cenário de guerra estava armado. onde este procurava demonstrar neutralidade diante dos grupos rivais. No entanto após curto
período de tempo e alegando ter descoberto uma conspiração contra sua vida o governador
Os fazendeiros organizaram milícias compostas por agregados e lavradores dependentes da desencadeou uma campanha contra os que estariam envolvidos na trama. Mais de 150 pessoas
aristocracia. Diante de um novo atentado e percebendo que estava perdendo poder diante das foram presas e um número maior ainda fugiu para o sertão.
tropas Castro e Caldas fugiu para Salvador no que foi acompanhado por muitos portugueses.
Recife foi invadida, teve seu pelourinho destruído e sua Câmara fechada. Um grupo contratado pelo governador encarregou-se de espalhar o pânico. O chefe desse bando
se chamava Manoel Gonçalves e foi apelidado de “Tunda-Cumbé” – pessoa torta do corpo e da
Nas ruas de Olinda a população carregava um boneco representando o governador desertor. Assim cabeça. Esse grupo era extremamente violento e ficou conhecido pelas crueldades cometidas
como Judas, foi malhado, surrado e queimado. contra homens, mulheres e crianças. Em Olinda o cenário de horror não foi diferente: corpos
arrastados, amarrados, presos e encarcerados nas masmorras da Fortaleza de Cinco Pontas. Alguns
Os rebeldes pensaram em duas fórmulas para encaminharem a situação: foram enviados para prisão do Limoeiro em Lisboa. Dentre eles Bernardo Vieira de Melo e seu filho.

Curso Preparatório Cidade | Tópico Especial - A expansão territorial 103


Em 1714 alguns presos em Pernambuco foram libertados, mas desterrados para Índia. fazendeiro paulista responsável pelo ataque à Santos. No entanto este tinha a população a seu lado
e conseguiu fazer de sua fazenda um verdadeiro forte de guerra.
Recife foi definitivamente elevada à condição de vila. Era a vitória dos mascates sobre a
aristocracia rural. Somente em 1722 a prisão de Bartolomeu foi efetuada pelo coronel Luiz Antônio de Sá Queiroga,
governador militar de Santos. Com oitenta anos o velho fazendeiro paulista foi enviado para a
capital da colônia a fim de ser julgado. Contudo o julgamento não chegou a acontecer, pois
Bartolomeu foi vítima de varíola. Morreu antes de ser julgado. Seu enterro foi bancado por
A Revolta do Sal (São Paulo/1710) populares. Este fato explicita o apoio do povo à causa do homem que representou em seu tempo a
luta de oprimidos contra opressores.
O comércio de sal, produto amplamente consumido por todos os setores da sociedade colonial, a
exemplo de outros produtos também era monopólio da coroa. Essa permitia que apenas pequenos
grupos de comerciantes pudessem comercializar o produto, inclusive em Lisboa. Era proibido
extrair sal no Brasil embora houvesse extração e comércio ilegal. Os Motins do Maneta (Salvador /1711)

Os comerciantes que detinham o monopólio desse comércio associavam-se aos comerciantes da Trata-se na verdade de dois motins ocorridos em outubro e novembro de 1711 na capital da
colônia. Como consequência a população era a grande prejudicada muitas vezes tendo que se colônia – Salvador. O movimento recebe esse nome, pois João Figueiredo Costa, alcunha Maneta,
alimentar sem a presença do sal em suas refeições. foi o líder dos dois violentos tumultos embora estudos recentes afirmem que ele só tenha
participado do primeiro.
Na época em que foram descobertas as primeiras jazidas de ouro a região das minas pertencia à
capitania de São Paulo. Nessa capitania bem como em outras regiões da colônia grupos O primeiro motim teve início em 17 de outubro de 1711, três dias após a posse do novo
monopolistas forçavam a alta do preço do sal. Uma maneira eficiente de se atingir esse objetivo é governador – Pedro Vasconcelos e Sousa. O tumulto teve continuidade no dia 19 com mais
reduzir a oferta do produto. O sal era estocado pelos comerciantes que após verificarem a alta no intensidade porque à gente do povo juntaram-se soldados e oficiais da tropa.
preço do produto disponibilizavam-o para o comércio. Outras vezes o sal embarcado em Lisboa era
insuficiente para atender às necessidades usuais o que por si só é um fator de elevação no preço O motivo da revolta era a alta carga tributária. A multidão aos gritos dizia que não queria novos
do produto. No Rio de Janeiro a Câmara da cidade chegou a protestar junto à Coroa, mas esta não impostos. Envolvida na Guerra de Sucessão da Espanha, Portugal transferia para as colônias os
adotava nenhuma medida para aliviar a situação. custos do conflito. Em Salvador novos impostos geraram grande insatisfação. O imposto cobrado
por cabeça de escravo trazidos da Costa da Mina e Angola teve um aumento de 100% naqueles
Em São Paulo no ano de 1710 a situação de exploração atingiu seu ápice. O preço do sal era anos. A taxa de sal elevada em 50% e houve também a exigência do pagamento de imposto
impraticável e insustentável. Diante disso um grande fazendeiro decidiu, com forte apoio popular, alfandegário de 10% ad valorem sobre as mercadorias importadas do reino.
invadir e tomar de assalto a cidade de Santos. Os armazéns que guardavam o produto foram
invadidos. O nome do fazendeiro era Bartolomeu Fernandes de Faria. Suas propriedades eram O grau de insatisfação era elevado e até mesmo portugueses participavam ameaçando através de
imensas e ele possuía centenas de escravos. Seu bando formado por negros, índios e capangas panfletos tornarem-se vassalos de outros senhores caso a exploração continuasse. Saques foram
obrigou que os comerciantes vendessem os produtos por preços mais baixos. realizados e casas de homens de negócios foram depredadas.

No caminho de volta para São Paulo o fazendeiro e seu grupo levou grande quantidade de sal e Diante da gravidade dos fatos e sem forças militares o governador teve que ceder: os novos
foram derrubando árvores e pontes no caminho serra acima para que as autoridades de Santos impostos foram extintos e foi decretada anistia geral para os principais amotinados. Para o
não os alcançassem. governador Pedro de Sousa a falta de castigos exemplares era um problema. Somente com
punição severa as ordens da Coroa seriam cumpridas e obedecidas.
O governador paulista nada fez diante dos fatos e em 02 de novembro de 1710 foi denunciado às
autoridades metropolitanas pelo desembargador Antônio da Cunha Sottomaior. A denúncia levou o Um mês e meio depois explodiu novo motim em Salvador quando nesta cidade chegou notícias da
rei de Portugal, D. João V, a enviar ofício datado de 28 de abril de 1711 determinando a prisão do ocupação da cidade do Rio de Janeiro pelos franceses liderados pelo corsário René Duguay-Trouin.
Esta ocupação também é uma consequência da Guerra de Sucessão da Espanha.

104 Tópico Especial - A expansão territorial | Curso Preparatório Cidade


Este novo motim também é conhecido como Motim dos Patriotas. Os amotinados exigiam do gramas de ouro nos anos iniciais da sociedade e não era raro encontrar forasteiros embrenhados
governador a formação de uma força militar para defender e restaurar a liberdade do Rio de no mato na busca desesperada por alguma alimentação qualquer que fosse.
Janeiro. Muitos voluntários se apresentaram chegando inclusive a oferecer seus bens em nome da
liberdade carioca. Naturalmente a notícia da descoberta de ouro fez que Portugal estabelecesse uma legislação dura
de modo a reter a maior quantidade possível do precioso mineral. A legislação era extremamente
Apesar de tudo o governador postergou ao máximo a formação de tal força militar que acabou não repressiva e contribuía para deixar o clima mais tenso. Eram vários os impostos existentes na
sendo realizada pois os franceses após receberem o resgate dos cariocas deixaram a cidade. região das Minas Gerais. Crimes e faltas toleradas em outras circunstâncias passaram a ser punidas
até mesmo com a morte do infrator. A coroa tentava regular ao máximo as atividades na região de
No entanto a repressão ao líderes do segundo motim não se fez tardar. Os principais líderes foram exploração do ouro. Em Minas Gerais era evidente o contraste entre a pobreza da população e a
sentenciados, açoitados e degredados para África. exploração do ouro cada vez mais abundante.

A Coroa portuguesa e o Conselho Ultramarino julgaram estranho o comportamento do governador. Não era interessante que a migração continuasse intensa e descontrolada. Nesse sentido algumas
Enquanto anistiou os primeiros cujo delitos foram bem mais graves foi implacável com os estradas, como as que ligariam a região à Mato Grosso, foram proibidas bem como a presença de
participantes do segundo motim, causado por motivos justos e até mesmo nobres. Muitos frades e ourives. A expressão “santa do pau oco”, bastante utilizada no Brasil, refere-se justamente
participantes ofereceram à própria vida em nome da luta pela liberdade da população do Rio de ao tráfico de ouro praticado por religiosos. Nas mãos deste o ouro saia da região das minas e não
Janeiro. era fiscalizado nas alfândegas justamente por estar escondido e camuflado no interior de santos de
madeira.
Por ordem da Coroa foi enviado um novo governador para a Bahia com a missão de cobrar os
tributos anteriormente fixados. A orientação era para que a cobrança fosse feita empregando o uso Em meio a esse clima de dificuldades, cobiça, aventureirismo e forte intervenção estatal eclodiram
da força com a menor efusão de sangue que fosse possível. uma sucessão de rebeliões em diferentes localidades: Vila do Carmo, em 1712; Morro Vermelho,
em 1715; Rio das Velhas, em 1716; em São Francisco, em 1718; e no Pitangui, em 1719. Todas
elas duramente reprimidas. Em Pitangui, por exemplo, a justiça colonial determinou que fosse
enforcado um boneco no lugar do principal líder que conseguira fugir.
A Revolta de Vila Rica (1720)
Dentre esses movimentos o mais conhecido foi a Revolta de Vila Rica, ocorrida em 1720. Esse
Como é natural em regiões onde ocorrem descobertas minerais de relevância em Minas Gerais não movimento também é conhecido como Revolta de Filipe dos Santos ou Sedição de Vila Rica e não
foi diferente: para lá afluíram pessoas de diferentes regiões, profissões e religiões mas todos com o deve ser confundido com a Inconfidência Mineira de 1789.
mesmo interesse: enriquecimento rápido. De acordo com Boris Fausto
Foi em meio a esse clima de descontentamento e rebeliões que o governador mineiro à época da
A exploração de metais preciosos teve importantes efeitos na Metrópole e rebelião, Pedro Miguel de Almeida Portugal e Vasconcelos, o Conde de Assumar, determinou que
na Colônia. A corrida do ouro provocou em Portugal a primeira grande fosse aplicadas três medidas bastante impopulares:
corrente imigratória para o Brasil. Durante os primeiros sessenta anos de
século XVIII, chegaram de Portugal e das ilhas do Atlântico cerca de 600 • Criação de um bispado na capitania objetivando disciplinar determinados elementos do
mil pessoas, em média anual de 8 a 10 mil, gente da mais variada clero. Muitos levavam uma vida totalmente fora daquilo que era pregado pela Igreja
condição: pequenos proprietários, padres, comerciantes, prostitutas e Católica. Foi comum encontrar clérigos envolvidos com contrabando, vivendo
aventureiros de todo tipo. amancebados e praticando violências e delitos os mais diversos;

(Boris Fausto. História Concisa do Brasil. EdUsP. São Paulo 2001. Pág 52) • Divulgação de Carta Régia de 25 de abril de 1720, determinando a extinção de postos
de oficiais de ordenanças onde não houvesse corpos militares organizados, além de
Em um primeiro momento a situação dos que para lá migraram era muito complicada. Não havia reforçar o poder do governador, colocando à sua disposição um regimento de Dragões de
estrutura nenhuma para receber tantas pessoas. Crises de abastecimento foram comuns nos anos Cavalaria.
iniciais da sociedade mineira. Uma galinha que em outros tempos custava x chegou a custar 96

Curso Preparatório Cidade | Tópico Especial - A expansão territorial 105


• Instituição das Casas de Fundição. Para lá deveria ser levado todo ouro extraído onde o Figura 30: Julgamento de Felipe dos Santos.
mesmo seria quintado, ou seja, era lá que deveria ser pago os 20% de todo ouro
explorado. Nas Casas de Fundição o ouro era transformado em barras e identificado com
o carimbo real. Caso alguém fosse pego comercializando ouro que não estivesse no
formato era a prova de que o mesmo estava praticando uma atividade irregular – tráfico
de ouro. A criação das Casas de Fundição também foi o motivo da Revolta de Pitangui.

A insatisfação que já existia somou-se ao fato de que os mineradores teriam que percorrer longas
distâncias para chegar nas Casas de Fundição e ao chegarem lá estariam nas mãos de burocratas
corruptos e lentos. Em vários distritos os mineiros começaram a fazer demonstrações de força
contra as autoridades. Esses tumultos foram sufocados com relativa facilidade pela Companhia dos
Dragões. No entanto no dia de São Pedro, 28 para 29 de junho de 1720, eclodiu uma rebelião mais
séria em Vila Rica. Em meio aos fogos e barulhos tão comuns nesse tipo de festividades ficaria
mais fácil executar o plano rebelde que consistia em expulsar o governador e assassinar o ouvidor.
Julgamento de Felipe dos Santos
Um conjunto de medidas também deveriam ser aplicadas. A saber:

* anulação dos registros nos quais se cobravam impostos aos mineradores;


Óleo de Antônio Parreiras, retratando a versão mítica da execução. Ao fundo o pintor mostra a
* redução das custas judiciais e dos salários do foro;
fumaça da queima das casas dos revoltosos.
* supressão do monopólio do sal, da aguardente e do fumo pela coroa;
Como consequência da Revolta de Filipe dos Santos houve a criação da capitania das Minas de
* fim dos contratos de gado. Ouro, independente da capitania de São Paulo e a postergação da criação das casas de fundição
implantadas somente em 1725.
Um dos líderes do movimento foi o português Pascoal da Silva Guimarães. Grande proprietário de
terras, lavras e escravos foi denunciado pelo próprio filho, João da Silva, três dias antes da Depois da Sedição de Vila Rica de 1720 e antes da Inconfidência Mineira de 1789, ocorreram
conspiração ter início. As autoridades nada fizeram diante da carta-denúncia que revelava os outras rebeliões em Brejo do Salgado em 1736 e Montes Claros em 1736. Além da Conspiração de
propósitos dos rebeldes. Curvelo em 1775.

Somente em 16 de julho de 1720 o governador conseguiu invadir Vila Rica com cerca de mil e
quinhentos homens. O lugar cheirava conspiração.

Conde de Assumar mandou destruir e queimar as casas das principais lideranças. O objetivo era
dar um claro recado à população e aos conspiradores. Após isso começaram as prisões. O
português Filipe dos Santos Freire, representante das camadas populares, foi acorrentado,
algemado e depois arrastado pelas ruas. Depois de ser julgado sumariamente diante da população
foi condenado à morte na forca. Seu corpo foi arrastado por um cavalo e feito em pedaços. Sua
cabeça ficou exposta durante alguns dias no pelourinho em Vila Rica e as partes do seu corpo,
divididas, expostas nas estradas da região.

106 Tópico Especial - A expansão territorial | Curso Preparatório Cidade


EXERCÍCIOS (D) a função histórica das Colônias será proeminente no sentido de acelerar a acumulação do
capital comercial pela burguesia mercantil européia.
(E) a produção gerada dentro das Colônias estimula o seu desenvolvimento e atende às
01. (Ufrn) A Guerra dos Emboabas, a dos Mascates e a Revolta de Vila Rica, verificadas nas necessidades de seu mercado interno.
primeiras décadas do século XVIII, podem ser caracterizadas como:

(A) movimentos isolados em defesa de ideias liberais, nas diversas capitanias, com a intenção 04. (Ufes) A organização da agromanufatura açucareira no Brasil Colônia está ligada ao sentido
de se criarem governos republicanos. geral da colonização portuguesa, cuja dinâmica estava baseada na:
(B) movimentos de defesa das terras brasileiras, que resultaram num sentimento nacionalista,
visando à independência política. (A) pesada carga de taxas e impostos sobre o trabalho livre, com o objetivo de isentar de
(C) manifestações de rebeldia localizadas, que contestavam aspectos da política econômica tributos o trabalho escravo.
de dominação do governo português. (B) unidade produtiva voltada para a mobilidade mercantil interna, ampliada pelo
(D) manifestações das camadas populares das regiões envolvidas, contra as elites locais, desenvolvimento de atividades artesanais, industriais e comerciais.
negando a autoridade do governo metropolitano. (C) estrutura de produção, que objetivava a urbanização e a criação de maior espaço para os
homens livres da colônia.
(D) pequena empresa, que procurava viabilizar a produção açucareira apenas para o mercado
02. (Fuvest) A chamada Guerra dos Mascates, ocorrida em Pernambuco em 1710, deveu-se: interno.
(E) propriedade latifundiária escravista, para atender aos interesses da Metrópole Portuguesa
(A) ao surgimento de um sentimento nativista brasileiro, em oposição aos colonizadores de garantir a produção de açúcar em larga escala para o comércio externo.
portugueses.
(B) ao orgulho ferido dos habitantes da vila de Olinda, menosprezados pelos portugueses.
(C) ao choque entre comerciantes portugueses do Recife e a aristocracia rural de Olinda pelo 05. (Ufpe) Na opinião do historiador Caio Prado Jr., todo povo tem na sua evolução, vista a
controle da mão-de-obra escrava. distância, um certo sentido. Este se percebe, não nos pormenores de sua história, mas no
(D) ao choque entre comerciantes portugueses do Recife e a aristocracia rural de Olinda cujas conjunto dos fatos e acontecimentos essenciais...
relações comerciais eram, respectivamente, de credores e devedores.
(E) a uma disputa interna entre grupos de comerciantes, que eram chamados Assinale a alternativa que corresponde ao "sentido" da colonização portuguesa no Brasil.
depreciativamente de mascates.
(A) A colonização se estabeleceu dentro dos padrões de povoamento e expansão religiosa.
(B) A colonização foi um fato isolado, portanto, uma aventura que não teve continuidade.
03. (Faap) A colonização portuguesa no Brasil é caracterizada por uma ampla empresa mercantil. É (C) A colonização foi o resultado da expansão marítima dos países da Europa e, desde o
o próprio Estado metropolitano que, em conjugação com as novas forças sociais produtoras, ou início, constituiu-se numa sociedade de europeus sem nenhuma miscigenação.
seja, a burguesia comercial, assume o caráter da colonização das terras brasileiras. A partir daí (D) A colonização se realizou no "sentido" de uma vasta empresa comercial para fornecer ao
os dois elementos - Estado e burguesia - passam a ser os agenciadores coloniais e, assim, a mercado internacional açúcar, tabaco, ouro, diamantes, algodão e outros produtos.
política definida com relação à colonização é efetivada através de alguns elementos básicos que (E) A colonização portuguesa teve, desde cedo, o objetivo de criar um mercado nacional no
se seguem: dentre eles apenas um não corresponde ao exposto no texto; assinale-o. Brasil.

(A) a preocupação básica será a de resguardar a área do Império Colonial face às demais
potências européias. 06. (Unesp) O tráfico de negros escravos para o Brasil Colônia representou:
(B) o caráter político da administração se fará a partir da Metrópole e a preocupação fiscal
dominará todo o mecanismo administrativo. (A) certa lucratividade para a Metrópole portuguesa, favorecendo a acumulação de capitais.
(C) o vértice definidor, reside no monopólio comercial. (B) prejuízos à Metrópole lusitana pela não adaptação do negro ao trabalho agrícola.

Curso Preparatório Cidade | Tópico Especial - A expansão territorial 107


(C) a possibilidade da exportação de índios para a Europa na condição de escravos (E) a junção da autoridade temporal com a espiritual através da criação do Império da
domésticos. Cristandade.
(D) incentivo ao crescimento do mercado interno e à criação de um parque manufatureiro.
(E) maior estímulo à agricultura de subsistência em prejuízo dos produtos agrícolas
09. (Cesgranrio) A política colonizadora portuguesa, voltada para a obtenção de lucros do
exportáveis.
monopólio na esfera mercantil, tinha como principal área de produção:

07. (Cesgranrio) Sobre o Pacto Colonial que, na época mercantilista, definiu o relacionamento entre (A) a implantação da grande lavoura tropical, de base escravista e latifundiária caracterizada
Metrópole e Colônia e determinou a forma de organização da sociedade colonial, assinale a pela diversidade de produtos cultivados e presença de minifúndios e latifúndios;
afirmativa INCORRETA: (B) o "exclusivo colonial", que subordinava os interesses da produção agrícola aos objetivos
mercantis da Coroa e dos grandes comerciantes metropolitanos;
(A) "a metrópole, por isso que é mãe, deve prestar às colônias suas filhas todos os bons (C) a agricultura de subsistência, baseada em pequenas e médias propriedades, utilizando
ofícios e socorros necessários para a defesa e segurança das suas vidas e dos seus bens, mão-de-obra indígena;
mantendo-se em uma sossegada posse e fruição dessas mesmas vidas e desses bens." (D) a integração agropastoril, destinada ao abastecimento do mercado interno colonial,
(B) "é, pois necessário que os interesses da Metrópole sejam ligados com os das colônias, e sobretudo ao do metropolitano;
que estas sejam tratadas sem rivalidade. Quanto os vassalos são mais ricos, tanto o (E) a criação de Companhias Cooperativas envolvidas com a produção de tecidos e demais
soberano é muito mais." gêneros ligados ao consumo caseiro.
(C) "esta impossibilidade de subsistir qualquer indivíduo sem alheios socorros, ou Lei
Universal que liga os homens entre si, tem a política nas colônias para maior utilidade e
10. (Mackenzie) A riqueza produzida pela mineração trouxe poucos benefícios de caráter
dependência em que devem estar da Metrópole."
permanente à economia luso-brasileira, porque:
(D) "para viverem em igualdade e abundância... que todos ficariam ricos, tirados da miséria
em que se achavam, extinta a diferença da cor branca, preta e parda, porque uns e
(A) a rígida estrutura escravista da zona do ouro não permitiu alforrias e mobilidade social.
outros seriam sem diferença chamados e admitidos a todos os ministérios e cargos."
(B) o mercado interno não se desenvolveu mantendo-se a situação de ilhas econômicas.
(E) "numa palavra, quanto os interesses e as utilidades da pátria-mãe se enlaçarem mais com
(C) o contrabando e a voracidade do fisco português não podem ser considerados fatores que
os das colônias suas filhas, tanto ela será mais rica e quanto ela dever mais às colônias,
colaboraram para este resultado.
tanto ela será mais feliz e viverá mais segura".
(D) a região não atraiu mão-de-obra da metrópole, ocorrendo um povoamento disperso e
pouca vida urbana.
08. (Cesgranrio) Com a expansão marítima dos séculos XV/XVI, os países ibéricos desenvolveram a (E) a dependência econômica de Portugal, em relação à Inglaterra configurada no Tratado de
ideia de "império ultramarino" significando: Methuen, transferiu para este país grande parte do ouro explorado.

(A) a ocupação de pontos estratégicos e o domínio das rotas marítimas, a fim de assegurar a
11. (Ufrs) Considere a seguir, a nota de 1776 do Marquês de Pombal ao Embaixador da França em
acumulação do capital mercantil;
Lisboa:
(B) o estabelecimento das regras que definem o Sistema Colonial nas relações entre as
metrópoles e as demais áreas do "império" para estabelecer as ideias de liberdade
1. as colônias devem estar debaixo da imediata dependência de proteção dos fundadores;
comercial;
2. o comércio e a agricultura delas devem ser exclusivos dos mesmos fundadores;
(C) a integração econômica entre várias partes de cada "império" através do comércio
3. aos fundadores pertencem também privativamente 'os úteis provenientes da agricultura,
intercolonial e da livre circulação dos indivíduos;
comércio e navegação' das colônias;
(D) a projeção da autoridade soberana e centralizadora das respectivas coroas e sobre tudo e
4. para que prestem a utilidade desejada, as colônias não podem ter o necessário para subsistir
todos situados no interior desse "império";
por si sem dependência da metrópole;

108 Tópico Especial - A expansão territorial | Curso Preparatório Cidade


5. quando entretém algum comércio com estrangeiros, tudo o que importa esse comércio 13. (Unesp) "E o pior é que a maior parte do ouro que se tira das minas passa em pó e em moedas
clandestino e essas mercadorias introduzidas é um verdadeiro furto que se faz à respectiva para os reinos estranhos e a menor é a que fica em Portugal e nas cidades do Brasil, salvo o
metrópole e um furto punível pelas leis dos respectivos soberanos [...]; que se gasta em cordões, arrecadas e outros brincos, dos quais se vêem hoje carregadas as
6. portanto, não atentam contra a liberdade do comércio as potências que o restringem nas mulatas de mau viver e as negras, muito mais que as senhoras".
colônias a favor dos seus vassalos, e todo o governo que por indiferença tolere nos seus portos
a contravenção dos cinco princípios anteriores pratica 'uma política destrutiva do comércio e da (André João Antonil. "Cultura e opulência do Brasil", 1711.)

riqueza da sua nação'."


No trecho transcrito, o autor denuncia:

Com relação a essa nota, são feitas as seguintes afirmativas:


(A) a corrupção dos proprietários de lavras no desvio de ouro em seu próprio benefício e na
compra de escravos.
I. A liberdade de comércio é a base de todo o antigo sistema colonial.
(B) a transferência do ouro brasileiro para outros países em decorrência de acordos
II. A subordinação das colônias às metrópoles abrange a política, a agricultura, o comércio e a
comerciais internacionais de Portugal.
navegação.
(C) o prejuízo para o desenvolvimento interno da colônia e da metrópole gerado pelo
III. O comércio entre as colônias e metrópoles não estabelece dependência, tornando a colônia
contrabando de ouro brasileiro.
livre em termos de política econômica.
(D) o controle do ouro por funcionários reais preocupados em esbanjar dinheiro e dominar o
poder local.
Quais estão corretas?
(E) a ausência de controle fiscal português no Brasil e o desvio de ouro para o exterior pelos
escravos e mineradores ingleses.
(A) Apenas I
(B) Apenas II
(C) Apenas III 14. (Fei) Sobre o período colonial brasileiro, podemos afirmar que:
(D) Apenas II e III
(E) I, II e III I. Foi marcado por um rígido controle da economia por parte da metrópole portuguesa.
II. Teve na produção de açúcar no Nordeste e na mineração no Sudeste as duas principais
fontes de riqueza coloniais.
12. (Cesgranrio) A colonização brasileira foi sempre marcada por confrontos que refletiam a
III. Caracterizou-se pelo estabelecimento de um modelo agrário baseado na produção
diversidade de interesses presentes na sociedade colonial como pode ser observado nos(as):
diversificada de gêneros agrícolas em pequenas propriedades.

(A) conflitos internos, sem conteúdo emancipacionista, como as Guerras dos Emboabas e dos
(A) apenas I está correta
Mascates.
(B) I e III estão corretas
(B) ideais monárquicos e democráticos defendidos pelos mineradores e agricultores na
(C) II e III estão corretas
Conjuração Mineira.
(D) apenas II está correta
(C) projetos imperiais adotados pela Revolução Pernambucana de 1817 por influência da
(E) I e II estão corretas
burocracia lusitana.
(D) reações contrárias aos monopólios, como na Conjuração Baiana, organizada pelos
comerciantes locais. 15. (Ufsm) "O monopólio do comércio das colônias pela metrópole define o sistema colonial porque
(E) características nacionalistas de todos os movimentos ocorridos no período colonial, como é através dele que as colônias preenchem sua função histórica, isto é, respondem aos estímulos
nas Revoltas do Rio de Janeiro e de Beckman. que lhes deram origem, que formam a sua razão de ser, enfim, que lhes dão sentido."

(NOIVAS, Fernando A. O Brasil nos quadros do Antigo Sistema Colonial. In: MOTA, Carlos Guilherme(org.).
BRASIL EM PERSPECTIVA. São Paulo: Difel.)

Curso Preparatório Cidade | Tópico Especial - A expansão territorial 109


O texto expressa a situação do Brasil no chamado Pacto Colonial. Sobre isso, pode-se dizer que: 3. Guerra dos Emboabas na região mineira e criação das Casas de
Fundição.
(A) a colonização do Brasil se inseriu nos quadros da expansão imperialista mundial e 4. Guerra dos Mascates 3. ( ) Criação da Companhia Geral do
constituiu um importante pilar de sustentação do Estado colonial. Comércio do Maranhão e oposição dos
(B) a colonização foi, em sua essência, motivada pelo interesse do Estado e dos grupos 5. Revolta de Filipe dos Santos jesuítas à utilização da mão-de-obra
dominantes em adquirir e acumular metais preciosos e terras e em conquistar mercados. indígena pelos colonos.
(C) o pacto transformava a economia colonial numa economia central cuja função era gerar 6. Inconfidência Baiana 4. ( ) Insatisfação dos colonos com a tentativa
riquezas para a economia periférica metropolitana. de monopolização das minas auríferas
(D) o pacto favorecia os senhores feudais da metrópole que, recebendo dos colonos os pelos paulistas.
privilégios do monopólio, apropriavam-se do extraordinário lucro gerado pela
industrialização das colônias. A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é:
(E) a colônia era estimulada a produzir mercadorias manufaturadas, o que promovia o
desenvolvimento do mercado interno e a acumulação de capital comercial pela burguesia (A) 4 - 5 - 2 - 3.
mercantil nacional. (B) 1 - 2 - 3 - 6.
(C) 5 - 1 - 2 - 4.
(D) 3 - 2 - 6 - 5.
16. (Unifesp) "Não resta outra coisa senão cada um defender-se por si mesmo; duas coisas são
(E) 4 - 1 - 3 - 6.
necessárias... a fim de se recuperar a mão livre no que diz respeito ao comércio e aos índios".

(Manuel Beckman, 1684.) 18. (Unesp) Os preços dos produtos da colônia portuguesa da América, o Brasil, caíram
sensivelmente na segunda metade do século XVII. De 1659 a 1688, houve uma queda de 41%
As duas principais reivindicações do líder da Revolta que leva seu nome são:
no preço do açúcar; já o preço do tabaco encolheu 65% de 1668 a 1688. A diminuição dos
preços destes produtos coloniais produziu uma crise no comércio português. Na primeira
(A) a revogação do monopólio da Companhia de Comércio do Estado do Maranhão e a
metade do século XVIII, o déficit da balança comercial portuguesa foi compensado:
expulsão dos jesuítas que se opunham à escravidão indígena.
(B) a saída dos portugueses do Grão Pará e Maranhão e a supressão dos aldeamentos
(A) pela extinção dos monopólios estatais sobre produtos coloniais e pela suspensão do
indígenas, que monopolizavam as chamadas "drogas do sertão".
regime metropolitano do exclusivo colonial.
(C) a repressão ao contrabando estrangeiro, que prejudicava os negócios dos atacadistas
(B) pela entrega do nordeste brasileiro à Holanda e pelo incentivo à criação de gado nas
portugueses, e a liberdade para importar escravos negros.
regiões sul e sudeste da colônia.
(D) a expulsão dos holandeses do Nordeste, que monopolizavam o comércio do açúcar, e a
(C) pela implantação de indústrias na colônia do Brasil e pela intensificação do comércio de
reedição da guerra justa, que proibia a escravidão indígena.
especiarias com o Oriente.
(E) a revogação do monopólio comercial da Metrópole sobre o Norte e Nordeste da colônia e
(D) pela diminuição da exploração social, com o aumento dos salários dos operários, e o
a proibição para importar escravos negros.
fortalecimento dos sindicatos de trabalhadores.
(E) pelo estímulo governamental ao desenvolvimento de manufaturas no reino e pelo volume
17. (Ufrs) A seguir, na coluna I, são citadas seis revoltas ocorridas durante o período colonial crescente da produção aurífera no Brasil.
brasileiro. Na coluna II, são apresentadas as motivações de quatro daquelas revoltas.

19. (Ufv) O sistema de colonização introduzido no Brasil pelos portugueses baseou-se


1. Inconfidência Mineira 1. ( ) Insatisfação da comunidade mercantil
fundamentalmente:
recifense com o domínio político dos
2. Revolta de Beckman senhores de engenho olindenses.
2. ( ) Proibição da circulação de ouro em pó

110 Tópico Especial - A expansão territorial | Curso Preparatório Cidade


(A) no monopólio do comércio pelo Estado português, assegurando, assim, a máxima (D) somente a I, II e a III estão corretas.
lucratividade para os empresários metropolitanos. (E) todas estão corretas.
(B) no desenvolvimento de produtos tropicais para satisfação do mercado interno
consumidor.
02. (EsFCEx - 2006) Sobre os conflitos no Brasil colonial pode-se destacar dois modelos, não
(C) na exploração econômica da terra, com sua divisão em pequenos lotes chamados de
exclusivos, de revoltas e rebeliões que tensionaram o domínio português e contribuíram para o
feitorias.
desgaste do sistema colonial, a saber:
(D) no povoamento da terra pelos excedentes demográficos da Europa, semelhante ao
esforço colonizador empreendido nas Américas.
I. o primeiro modelo caracterizou-se por diversos levantes de colonos que se sentiam
(E) no trabalho da mão-de-obra européia assalariada, para garantir a maior produtividade da
prejudicados com as altas taxas de impostos cobrados pela Coroa e como exercício do
área plantada e atender aos interesses da colônia.
monopólio exercido pelas companhias mercantilistas. Estes movimentos não tinham caráter
anticolonial e independentista, porém, serviram para mostrar a existência de interesses de
20. (Mackenzie) Duas atividades econômicas destacaram-se durante o período colonial brasileiro: a uma população já enraizada no Brasil. Receberam o nome de rebeliões nativistas.
açucareira e a mineração. Com relação a essas atividades econômicas, é correto afirmar que: II. o segundo modelo caracterizou-se por revelar, claramente, a intenção em lutar pela
emancipação do Brasil em relação à Portugal mostrando-se possuidor de alguma
(A) na atividade açucareira, prevalecia o latifúndio e a ruralização, a mineração favorecia a consciência nacional, além de certa organização política. Não se limitou a contestar
urbanização e a expansão do mercado interno. determinados aspectos da dominação colonial, como impostos, mas questionava o próprio
(B) o trabalho escravo era predominante na atividade açucareira e o assalariado na pacto colonial. Buscava a independência política, apesar de circunscritos às regiões em que
mineradora. aconteceram. Recebeu o nome de rebeliões anticoloniais.
(C) o ouro do Brasil foi para a Holanda e os lucros do açúcar serviram para a acumulação de
capitais ingleses. Assinale a alternativa que combina, respectivamente, movimentos relacionados a cada um dos
(D) geraram movimentos nativistas como a Guerra dos Emboabas e a Revolução Farroupilha. modelos acima.
(E) favoreceram o abastecimento de gêneros de primeira necessidade para os colonos e o
desenvolvimento de uma economia independente da Metrópole. (A) Guerra dos Emboabas e Guerra dos Mascates.
(B) Inconfidência Mineira e Revolta de Beckman.
(C) Conjuração Baiana e Inconfidência Mineira.
EXERCÍCIOS DE PROVA (D) Rebelião de Vila Rica e Conjuração Baiana.
(E) Inconfidência Mineira e Guerra dos Mascastes.

01. (EsFCEx - 2005) Analise as afirmativas abaixo sobre a Revolta de Beckman no Maranhão e, a
seguir, marque a alternativa correta:

I. Este movimento foi uma explosão popular contra a Companhia de Comércio do Maranhão.
II. Os conjurados se apossaram facilmente do poder e constituíram um governo.
III. O movimento não conseguiu se expandir e entrou em declínio.
IV. A Companhia de Comércio do Maranhão conseguiu conservar o monopólio após o
movimento.

(A) somente a I está correta.


(B) somente a II e a IV estão corretas
(C) somente a III e a IV estão corretas.

Curso Preparatório Cidade | Tópico Especial - A expansão territorial 111


Tópico 1.7 – Os conflitos coloniais e os movimentos rebeldes dos finais do OS CONFLITOS COLONIAIS E OS MOVIMENTOS REBELDES DO FINAL DO SÉCULO XVIII
século XVIII e início do XIX. E INÍCIO DO XIX

Comentário Aclamação de Amador Bueno (São Paulo – 1641)

Também conhecida como Revolta de Amador Bueno. Trata-se de um acontecimentos mais curiosos
Caro estudante, da história brasileira.

Nesse tópico estudaremos um pouco mais sobre as principais rebeliões do Brasil No ano de 1640, Portugal livrou-se do jugo espanhol de mais de meio século. Era o fim da União
colonial. Ibérica e o início da dinastia de Bragança. Vimos na aula anterior que a união de Portugal e
Espanha favoreceu a superação da linha de Tordesilhas, sobretudo a partir de São Paulo, com o
Vimos anteriormente que essas revoltas possuem relação direta com o quadro de movimento das Bandeiras. Pois bem...
opressão fiscal e a contradição que o pacto colonial impunha ao Brasil.
Foi justamente em São Paulo, o local onde ocorreu a manifestação de um movimento de caráter
Depois de 1640, o império português não estava muito bem... E é dentro desse separatista logo após a restauração bragantina, e tinha neste fato sua causa principal. A formação
contexto que a história brasileira faz mais sentido. da União Ibérica favoreceu a atividade de contrabando em toda região da bacia do Prata. Havia o
temor de que com a restauração portuguesa essas atividades fossem proibidas.
Muitas colônias foram perdidas para holandeses e ingleses durante a União Ibérica
(período em que Portugal foi dominado pela Espanha – de 1580 a 1640). A partir de São Paulo partiam as bandeiras de preação no intuito de escravizar índios aldeados nas
missões jesuíticas. Obtendo grandes lucros com o tráfico negreiro, era natural que a Coroa
Concessões eram feitas constantemente para holandeses e principalmente ingleses. dificultasse as atividades de aprisionamento indígena realizada pelos paulistas e também proibisse
Somados a esse fato Portugal tinha que sustentar uma corte parasitária ao mesmo o contrabando na região platina. Havia um grupo de comerciantes que via na restauração
tempo em que buscava desesperadamente enfrentar uma grave crise econômica. portuguesa um obstáculo em sua tentativa de expandir as atividades comerciais até Buenos Aires.

O arrocho em relação ao Brasil era inevitável. Representou uma saída conveniente para Um grupo de famílias espanholas temeu pela perda de terras e privilégios diante da separação das
Portugal que assim poderia aliviar seus problemas fiscais e econômicos. coroas de Portugal de Espanha. Diante desse quadro de expectativas e rumores houve a aclamação
de um novo rei: Amador Bueno. O termo de aclamação foi assinado em 1º de abril de 1641. O
Depois das primeiras descobertas de ouro em solo brasileiro a opressão tornou-se cada
grupo era liderado pelos irmãos Rendon de Quevedo e Juan e Francisco Rendón de Quevedo y
vez mais insuportável! Não foi por acaso a enorme quantidade de rebeliões em Minas
Luna. Entre seus signatários também estavam nobres espanhóis no Paraguai. Ao que parece, os
Gerais. A Revolta de Vila Rica (1720) e a Inconfidência Mineira (1789) foram as mais
separatistas espanhóis desejavam tornar São Paulo parte das colônias espanholas platinas.
importantes rebeliões ocorridas em solo mineiro, mas não foram as únicas.
No entanto, Amador Bueno, ele próprio filho de espanhol, rejeitou a proposta e jurou fidelidade a
Sobre o assunto leia o texto a seguir.
D. João IV de Bragança. Era de origem espanhola por linhagem paterna, descendente de
bandeirantes e com o histórico de ter assumido cargos importantes dentro da administração
Bons estudos!
portuguesa. Era o homem mais prestigiado e rico da região.

Diante da recusa, o homem que não quis ser rei teve que se refugiar no convento dos beneditinos
em primeiro de abril de 1641. Na verdade, o movimento não trouxe consequências mais sérias,
pois seria facilmente debelado pela Coroa portuguesa dada a condição ainda periférica de São
Paulo no contexto colonial. Dias depois os paulistas juraram fidelidade à D. João IV. Para o

112 Tópico 1.7 – Os conflitos coloniais e os movimentos rebeldes dos finais do século XVIII e início do XIX. | Curso Preparatório Cidade
historiador Luiz Felipe de Alencastro o movimento não teve caráter separatista. Foi muito mais uma A Coroa não retaliou os integrantes da sedição. A principal consequência deste movimento foi o
espécie de invenção paulista. acirramento das rivalidades entre os senhores de engenho de Olinda e os mascates portugueses
situados em Recife.

A Revolta contra os Xumbergas (Pernambuco -1666)


A Guerra dos Emboabas (1708-1709)
A Revolta contra os Xumbergas foi uma revolta contra o governador da capitania de Pernambuco
cujo nome era Jerônimo de Mendonça Furtado. O governador foi apelidado de Xumbergas devido O termo “emboaba” provavelmente é de origem tupi e quer dizer “pássaros de pés emplumados”.
ao vasto bigode que usava numa tentativa de imitar o oficial alemão que comandou as tropas Há controvérsias a respeito do seu significado. A palavra poderia significar também forasteiro,
portuguesas na guerra de libertação portuguesa em 1640 – Armand Friedrich von Schomberg. estrangeiro ou inimigo.

A rebeldia pernambucana também é conhecida pelo nome de Conjuração do Nosso Pai. Referência Em Minas Gerais ocorreu um conflito entre paulistas e os emboabas: forasteiros, principalmente
ao fato do governador ter sido preso em uma procissão de extrema-unção conhecida como portugueses, pernambucanos e baianos. O conflito ocorreu entre os anos de 1708 e 1709 e
procissão do Nosso Pai. expunha diferenças culturais enormes, sobretudo a crescente rivalidade em torno do direito da
exploração do valioso metal.
Jerônimo de Mendonça Furtado governou a capitania de Pernambuco despoticamente de 1664 até
1666, ano em que foi deposto, preso e encarcerado na fortaleza do Brum, em Recife e depois Figura 31: Tropeiros
deportado para a Lisboa. Seu estilo de governo era autoritário e rude. Foi acusado pelas elites
rurais pernambucanas de uma série crimes. As elites rurais reunidas na Câmara de Olinda enviaram
representação para Lisboa denunciando os atos do tirano governador. Dentre as queixas contra o
Xumbergas constavam o roubo de um quinhão da receita do donativo da Rainha da Inglaterra e
paz da Holanda, imposto criado para a satisfação do dote de D. Catarina de Bragança, irmã do
monarca português casada com Carlos II. Também foi acusado de permitir que franceses
realizassem o comércio de pau-brasil na costa pernambucana. Foram vários os crimes imputados
ao Xumbergas e a maioria deles era verdade.

Para piorar a situação do governador, a capitania de Pernambuco foi assolada por curiosa epidemia
de bexigas. Para a população a causa da enfermidade era a passagem de cometas e as más
energias exaladas pelo governador do bigode grande.
Tropeiros. Rugendas.

Algumas medidas mais foram o suficiente para a conspiração ganhar corpo e apesar da população Boa parte da população paulista era composta por índios que viam na guerra uma espécie de
ter tomado parte do movimento ele foi encabeçado pelas elites locais. Personagens como João combustível para sua engenhoca social primitiva. Não aceitaram o trabalho fixo na agricultura de
Fernandes Vieira e André de Barros Rego, integrantes da alta elite aristocrata pernambucana, não cana-de-açúcar, mas se aliaram muito bem ao paulista que vinha de outras terras e via no
aceitavam as cobranças feitas pelo Xumbergas argumentando que foram eles os responsáveis pela desbravamento da imensidão dos sertões muito mais que uma atividade econômica e sim uma
expulsão holandesa em anos anteriores. Era injusto a opressão e tirania exercida. O nativismo forma de vida.
pernambucano ficara cada vez mais forte.
Para os descobridores paulistas somente eles poderiam explorar o novo metal. De acordo com ato
Após a prisão, deposição e deportação do governador corrupto uma Junta de Governo composta real de 18 de março de 1694 aqueles que descobrissem o metal teriam garantia da posse das
por três representantes da aristocracia rural, dentre eles André de Barros Rego, assumiu o minas desde que pagassem o quinto devido à Fazenda Real.
governo. A satisfação foi geral entre os populares.

Curso Preparatório Cidade | Tópico 1.7 – Os conflitos coloniais e os movimentos rebeldes dos finais do século XVIII e início do XIX. 113
Quando solicitaram à Coroa, em petição datada de 07 de abril de 1700, que a concessão de terras O Levante do Terço Velho (1728)
das regiões auríferas fosse realizada somente para os habitantes da capitania de São Vicente
tiveram seu pedido negado. Isso aumentou o descontentamento e as animosidades tenderam a Em 10 maio de 1728 ocorreu em Salvador um levante armado contando com a participação de
aumentar. mais de seiscentos militares. Esses homens pertenciam ao Terço Velho, corpo da mais antiga tropa
da capital da colônia.
À medida que o fluxo populacional crescia, os ânimos se exaltavam. Os paulistas eram os bárbaros
que andavam pelos sertões e, dentre outras atividades, foram os responsáveis pela destruição de Os amotinados desejavam soldos melhores e pagos de forma regular além de queixarem-se do
vários quilombos. Insistiam na legitimidade da exclusividade pretendida na exploração do metal. comportamento excessivamente rígido do ouvidor-geral.
Para alguns, eles eram mais rudes que os próprios quilombolas. Em pouco tempo foram acusados
de cometerem assassinatos contra forasteiros. Por seu turno os comerciantes portugueses, aliados Após tomarem a fortaleza do Campo da Pólvora, enviaram o mestre-de-campo João de Araújo de
dos baianos, especulavam com a venda de produtos de grande consumo. Entre os emboabas Azevedo ao encontro do vice-rei como representante dos rebeldes. Outros corpos da velha tropa
também havia o receio de uma rebelião de escravos que por sua vez não se relacionavam bem com aderiram ao movimento que também passou a reivindicar a soltura dos soldados presos pelo
os índios paulistas. ouvidor-geral. Nas ruas da cidade, grupos aos berros gritavam pela morte do ouvidor.

Um boato espalhado no início de 1708 divulgou a notícia de que os paulistas planejavam realizar Sorrateiramente o vice-rei reuniu presenças ilustres da capitania e convocou o representante dos
um massacre de forasteiros. amotinados, mestre-de-campo Azevedo. Perdoou os soldados presos pelo ouvidor e mandou
comunicar a notícia ao som de caixas pelas ruas. Posteriormente ordenou a divisão do velho corpo.
Diante desta possibilidade, os emboabas decidiram se organizar e decidiram criar um governo Suas lideranças foram enviadas para áreas distintas da capitania. Secretamente o governador
proclamando governador Manoel Nunes Viana. iniciou investigações sobre o movimento ocorrido e depois que os soldados estavam desarmados
sentenciou os envolvidos com degredos e enforcamento.
Muitos combates ocorreram e os paulistas perderam datas importantes. Aos poucos iam sendo
expulsos das terras que reivindicavam.

Um dos principais episódios do conflito é chamado de Capão de Traição. Esse fato foi ocorrido nas Inconfidência Mineira (1789)
proximidades da atual cidade de São João del Rei. Depois de cercar um grupo de paulistas o
sargento-mor Bento do Amaral Coutinho prometeu poupar a vida dos paulistas, caso entregassem A inconfidência mineira foi um movimento histórico que aconteceu no final do século XVIII na
as armas. Foram traídos e massacrados. região conhecida como Minas Gerais. Esse acontecimento está intimamente ligado com as
conjunturas do sistema colonial português no território brasílico.
Após o episódio, a Câmara Municipal de São Paulo aprovou a formação de uma força
expedicionária para vingar o assassinato do grupo atraiçoado. Formado por indígenas e mestiços, No final do século XVII, houve um processo marcante de interiorização e urbanização da paisagem
essa tropa foi comandada por Amador Bueno da Veiga que após quatro dias de ataques a brasileira, provocado pela exploração de metais preciosos na região centro oeste. Com a
emboabas fortificados próximo ao rio das Mortes decidiu retirar as tropas. Era novembro de 1709 e descoberta desses recursos naturais – ouro e diamantes - , tão desejados desde o período pré –
esse episódio marca o fim do conflito. colonial, além da modificação do viés exploratório, a coroa também necessitava de um novo
modelo fiscal/legal na nova dinâmica econômica que estava se criando e transformando as
No início de 1710, foi criada a capitania de São Paulo e das Minas de Ouro. Também foram criadas
estruturas culturais e sociais da colônia. Dessa forma, já em 1704 o rei de Portugal criou a
normas mais claras para a distribuição de terras entre paulistas e forasteiros.
instituição denominada Intendência das Minas Gerais, responsável pela distribuição e demarcação
de terras entre colonos, bem como na cobrança de diversos impostos, como o famoso quinto, taxa
Diante do clima de insegurança, os paulistas decidiram buscar ouro em outras regiões e em 1718
de vinte por cento do valor arrecadado sobre o montante de metais preciosos, sobretudo o ouro.
descobriram ouro em Mato Grosso.
Outro imposto que fazia parte desse modelo fiscal era a capitação, cobrado sobre o número de
escravos que o mineiro possuísse. Podemos também ressaltar as finas anuais que determinavam

114 Tópico 1.7 – Os conflitos coloniais e os movimentos rebeldes dos finais do século XVIII e início do XIX. | Curso Preparatório Cidade
uma taxação sobre o ouro, relacionando a quantidade produzida e o tempo de mineração, podendo envolvimento com os rebeldes. O rei de Portugal, mostrando sua benevolência perdoou todos os
chegar até trezentas arrobas. revoltosos, com exceção do alferes Joaquim da Silva Xavier, o Tiradentes, sendo condenado à forca
em 1792 no RJ e depois esquartejado. Os portugueses espalharam parte do seu corpo em MG para
Esse modelo fiscal teve um exacerbado rigor sobre a colônia, devido a problemas econômicos que servir de exemplo a qualquer outro revoltoso que atentasse contra o rei.
Portugal estava sofrendo com o mercado internacional, principalmente em relação à Inglaterra, no
que tange o tratado dos panos e vinhos ou tratado de Methuen, onde pelas suas cláusulas, os Figura 32: Leitura da sentença dos inconfidentes.
portugueses se comprometiam a consumir os produtos têxteis britânicos e em troca, teriam
exclusividade na venda de vinhos para Inglaterra. Todavia, dentro dessa lógica, os portugueses
tinham uma balança comercial desfavorável, em que se importavam muito mais tecidos do que se
exportava vinhos, gerando um endividamento latente. Devemos relembrar que, internamente,
Portugal também passava por dificuldade, tendo em vista o terremoto que devastou Lisboa em
1755, provocando, dentre outros fatores, um gasto para reconstrução dessa importante cidade
portuária, além da morte de cerca de quarenta mil pessoas.

Outro aspecto a ser ressaltado era a influência ideológica revolucionária advinda dos pensadores
das “luzes” que questionavam monarquias fortemente autoritárias, interligadas com o processo de
independência das treze colônias americanas em 1766 e que se adequavam ao sistema de
cobrança do quinto real. É importante pensar que quando o ouro entregue não perfazia cem
arrobas, ou seja, cerca de mil e quinhentos quilos, era decretada a derrama, um imposto sobre o
não pagamento do valor bruto mínimo desejado.

Dentro desse contexto, influenciados por uma possibilidade de enriquecimento pessoal, assim como
de autopromoção local da região de Minas Gerais, se formou o movimento reacionário denominado
inconfidência mineira, batizado com essa denominação, porque seus participantes agiam de
maneira secreta, como confidentes.

Os objetivos gerais do movimento eram:


Por Leopoldino Faria.
1) Proclamar um governo republicano;
Apenas no século XIX, começasse com o IHGB – Instituto Histórico e Geográfico do Brasil – no
2) Criar uma Universidade em Vila Rica; governo de Dom Pedro II a associar a figura de Tiradentes como uma mártir da história do Brasil,
tendo como objetivo criar uma identidade nacional. Em muitas figuras, tal “herói” é visto com
3) Estabelecer uma capital em São João Del Rei; barba e traços semelhantes a Jesus Cristo, tendo como intenção sensibilizar as pessoas sobre o
sentido da morte de Joaquim Xavier, todavia, é questionado na historiografia tal ponto de vista,
4) Adotar uma bandeira, selo e hino próprio;
levando em consideração que a inconfidência mineira era um movimento local e não tinha um
sentimento nacional, bem como seus participantes procuravam se autopromover e não estavam se
5) Se adequar economicamente nos ideais liberais de produção;
preocupando com a população humilde, haja vista a permanência do trabalho escravo negro. Jesus
A revolta deveria acontecer simbolicamente no dia da taxação derrama em 1788, todavia, tal plano cristo morreu para nos salvar, então somos todos irmãos em cristo. Tiradentes morreu em prol da
não deu certo, pois três participantes do movimento – Inácio Correia Pamplona, Basílio de Brito e nação, então somos todos irmãos brasileiros. Essa foi a ideia muitas vezes construída nesse
Joaquim Reis - procuraram o governador da província, Visconde de Barbacena, para denunciar a período histórico.
ação dos inconfidentes, tendo como objetivo que a coroa perdoasse suas dívidas e seu possível

Curso Preparatório Cidade | Tópico 1.7 – Os conflitos coloniais e os movimentos rebeldes dos finais do século XVIII e início do XIX. 115
Conjuração Carioca (1794) Figura 34: Escravos exercendo vários O clima de insatisfação vinha de longa data
ofícios nas ruas de Salvador. na capital baiana. O preço dos alimentos
Chamamos de Inconfidência Carioca o movimento de intelectuais reunidos em torno de uma era manipulado e os preços elevavam-se
organização acadêmica chamada Sociedade Literária. com frequência. Eram comuns queixas
contra o governador baiano antes da
As autoridades coloniais estavam atentas a qualquer sinal de contestação e no Rio de Janeiro a eclosão do movimento. Na Bahia o exemplo
difusão dos ideais iluministas e organização das lojas maçônicas preocupavam as autoridades. dos mineiros era conhecido e em 1792 o
Essas chegaram a ter as atividades suspensas pelo vice-rei Conde de Resende. Nesse contexto de Haiti tornara-se independente animando os
debates cada vez mais sem limites a Sociedade Literária foi fechada, mas seus membros baianos a fazerem o mesmo.
continuaram-se reunindo secretamente. Um dos participantes mais ilustre era o poeta Inácio da
Silva Alvarenga. Em 12 de maio de 1798 foram espalhados
panfletos rebeldes nas portas das igrejas e
Figura 33: Vice-rei conde de Resende Após novas denúncias, os integrantes lugares de grande circulação de pessoas.
dessas reuniões foram presos e Os panfletos diziam:
investigados entre os anos de 1794 e 1795.
No final nada foi provado, apenas a "Animai-vos Povo baiense que está para
acusação de circulação de livros proibidos. chegar o tempo feliz da nossa Liberdade: o
Todos os envolvidos foram libertados. tempo em que todos seremos irmãos: o
tempo em que todos seremos iguais”.

A Conjuração Baiana (1798)


A influência francesa é clara. Dentre as
principais reivindicações dos rebeldes
Enquanto os inconfidentes mineiros tiveram
estavam:
na independência estadunidense, seu
exemplo, os rebeldes baianos foram
- A criação de um governo
diretamente influenciados pelos ideais
republicano e igualitário
propagados pelos franceses.

- Libertação dos escravos


A Conjuração Baiana foi mais um movimento colonial de caráter separatista. Em 12 de maio de
- Liberdade de comércio
1798 a cidade de Salvador estava tomada por cartazes onde a influência francesa era clara. Entre
seus líderes estava Cipriano Barata – o “homem de todas as revoluções”. Médico e culto jornalista
- Aumento dos salários dos soldados
foi ele o único que realmente tomou partido do movimento entre as elites baianas. Esse grupo
reunia-se em torno da sociedade secreta Cavaleiros da Luz. A repressão ao movimento não se fez tardar. Muitos participantes delataram outros personagens
envolvidos. As investigações foram instauradas pelo governador baiano D. Fernando José de
Apesar disso, podemos dizer que a Conjuração Baiana, também conhecida como Inconfidência
Portugal. Após analise das caligrafias dos manifestos aprendidos chegaram logo ao verdadeiro
Baiana, não foi um movimento de caráter elitista. Apesar da participação das elites baianas, o
autor das mensagens – o soldado Luíz Gonzaga das Virgens.
movimento também é conhecido como Conjuração dos Alfaiates. Esse nome evidencia o caráter
popular da rebelião e o destaque que estes trabalhadores tiveram. Os participantes foram presos, sentenciados, degredados, tiveram seus bens despojados e seus
nomes amaldiçoados até a terceira geração. Os principais líderes foram enforcados e tiveram as

116 Tópico 1.7 – Os conflitos coloniais e os movimentos rebeldes dos finais do século XVIII e início do XIX. | Curso Preparatório Cidade
partes de seus corpos expostas à carne crua para a população. Cipriano Barata foi preso e solto em Mas o Recife sem história nem literatura
1800.
Recife sem mais nada
A Conjuração Baiana apresentou o projeto mais radical do período colonial. Apesar de duramente
punido pela Coroa portuguesa, deixou marcas profundas na sociedade baiana. Recife da minha infância

Ao mesmo tempo, ocorria na Inglaterra uma revolução silenciosa, sem (Manuel Bandeira, "Evocação do Recife, Libertinagem")

data precisa, tão ou mais importante do que as mencionadas, que ficou


Contextualizando historicamente a Guerra dos Mascates a que a poesia se refere, é correto afirmar
conhecida como Revolução Industrial. A utilização de novas fontes de
que ela:
energia, a invenção de máquinas, principalmente para a indústria
têxtil, o desenvolvimento agrícola, o controle do comércio
(A) teve conotação nativista, mas não antilusitana, uma vez que foi um movimento resultante
internacional são fatores que iriam transformar a Inglaterra na maior
da luta entre os grandes proprietários de terras de Olinda e o governo, pelo comércio
potência mundial da época. Na busca pela ampliação dos mercados, os
interno do açúcar no Recife.
ingleses impõem ao mundo o livre-comércio e o abandono dos
(B) resultou da insatisfação das camadas mais pobres da população da vila de Olinda contra o
princípios mercantilistas, ao mesmo tempo em que tratam de proteger
controle da produção e comercialização dos produtos de exportação impostos pelos
seu próprio mercado e o de suas colônias com tarifas protecionistas.
comerciantes de Recife.
Em suas relações com a América espanhola e portuguesa, abrem
(C) refletiu a lógica do sistema colonial: de um lado, os colonos latifundiários de Olinda
brechas cada vez maiores no sistema colonial, por meio de acordos
endividados e empobrecidos; de outro, os comerciantes metropolitanos de Recife,
comerciais, contrabando e aliança com os comerciantes locais.
credores e enriquecidos.
FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo 2013. 14ª edição. (D) significou o marco inicial da formação do nativismo na colônia: de um lado, criou um forte
sentimento antilusitano que se enraizou em Olinda; de outro intensificou a luta contra os
comerciantes lusos de Recife.
(E) foi um dos mais importantes movimentos de resistência colonial: de um lado, a recusa
EXERCÍCIOS dos proprietários rurais de Olinda em obedecer a metrópole; de outro, a luta dos
comerciantes de Recife pelo monopólio do açúcar.

01. (Puccamp)
02. (Cesgranrio) A colonização brasileira foi sempre marcada por confrontos que refletiam a
Recife diversidade de interesses presentes na sociedade colonial como pode ser observado nos(as):

(A) conflitos internos, sem conteúdo emancipacionista, como as Guerras dos Emboabas e dos
Não a Veneza americana Mascates.
(B) ideais monárquicos e democráticos defendidos pelos mineradores e agricultores na
Não a Mauritsstad dos amadores das Índias Ocidentais Conjuração Mineira.
(C) projetos imperiais adotados pela Revolução Pernambucana de 1817 por influência da
Não a Recife dos Mascates burocracia lusitana.
(D) reações contrárias aos monopólios, como na Conjuração Baiana, organizada pelos
Nem mesmo a Recife que aprendi a amar depois -
comerciantes locais.
(E) características nacionalistas de todos os movimentos ocorridos no período colonial, como
Recife das revoluções libertárias
nas Revoltas do Rio de Janeiro e de Beckman.

Curso Preparatório Cidade | Tópico 1.7 – Os conflitos coloniais e os movimentos rebeldes dos finais do século XVIII e início do XIX. 117
03. (Ufsm) Escravos, colonos, mineiros, padres, poetas, militares e até senhores de engenho se Estão corretas somente as afirmações:
revoltaram contra a dominação portuguesa no Brasil dos tempos coloniais. Nesse sentido,
pode-se considerar que a: (A) I e II.
(B) II e IV.
I. Revolta de Filipe dos Santos, em 1720, refletia posições antagônicas, ou seja, a tentativa de (C) I, II e III.
Salvador continuar dominando o Rio de Janeiro e de o Rio de Janeiro tornar-se (D) I, II e IV.
independente de Salvador. (E) II, III e IV.
II. Inconfidência Mineira de 1789 defendia o fim da dominação portuguesa, a proclamação da
República, a criação da Universidade e a fundação de fábricas.
III. Conjuração Baiana de 1789 pregava a luta pela independência do Brasil e a defesa dos 05. (Fgv) Antunes voltou ao capão e transmitiu a seus companheiros as promessas de Bento. Os
ideais de liberdade, igualdade e fraternidade. paulistas saíram dos matos aos poucos, depondo as armas. Muitos não passavam de meninos;
IV. Guerra dos Mascates de 1710 objetivava o fim da dominação portuguesa, a independência outros eram bastante velhos. Sujos, magros, cambaleavam, apoiavam-se em seus
do Brasil, o fim das desigualdades sociais e a instalação de um governo republicano. companheiros. Estendiam a mão, ajoelhados, suplicando por água e comida. Bento fez com que
V. Revolução Pernambucana de 1817 visava à manutenção do poder de escravizar os índios e os paulistas se reunissem numa clareira para receber água e comida. Os emboabas saíram da
à exploração igualitária das minas entre paulistas e mineiros. circunvalação, formando-se em torno dos prisioneiros. Bento deu ordem de fogo. Os paulistas
que não morreram pelos tiros foram sacrificados a golpes de espada.
Estão corretas:
(Ana Miranda, "O retrato do rei")

(A) apenas I e III.


O texto trata do chamado Capão da Traição, episódio que faz parte da Guerra dos Emboabas, que
(B) apenas II e III.
se constituiu:
(C) apenas I e V.
(D) apenas II e IV.
(A) em um conflito opondo paulistas e forasteiros pelo controle das áreas de mineração e
(E) apenas II e V.
tensões relacionadas com o comércio e a especulação de artigos de consumo como a
carne de gado, controlada pelos forasteiros.
(B) em uma rebelião envolvendo senhores de minas de regiões distantes dos maiores centros
04. (Fatec) Considere as afirmações seguintes, sobre a Conjuração Baiana.
- como Vila Rica - que não aceitavam a legislação portuguesa referente à distribuição das
datas e a cobrança do dízimo.
I. A chamada Conjuração Baiana (1798 - 1799) tinha como projeto o fim do Pacto Colonial, a
(C) no primeiro movimento colonial organizado que tinha como principal objetivo separar a
diminuição de impostos, a abolição da escravatura e o aumento dos soldos militares.
região das Minas Gerais do domínio do Rio de Janeiro, assim como da metrópole
II. Os revolucionários baianos pregavam ideias coincidentes com as doutrinas sociais francesas
portuguesa, e que teve a participação de escravos.
- igualdade, liberdade e representação popular soberana.
(D) no mais importante movimento nativista da segunda metade do século XVIII, que
III. Os articuladores tinham a pretensão de construir uma república libertária e igualitária,
envolveu índios cativos, escravos africanos e pequenos mineradores e faiscadores contra
apesar de manterem, no início, a escravidão para conseguirem o apoio dos grandes
a criação das Casas de Fundição.
proprietários.
(E) na primeira rebelião ligada aos princípios do liberalismo, pois defendia reformas nas
IV. A Conjuração Baiana foi mais que uma manifestação pelo fim da dominação colonial. Ela
práticas coloniais e exigia que qualquer aumento nos tributos tivesse a garantia de
mostrou possuir um caráter democrático, igualitário e popular, que se chocava com o
representação política para os colonos.
simples projeto de independência proposto pelos grandes senhores rurais, desejosos de
manter a estrutura escravista tradicional.

118 Tópico 1.7 – Os conflitos coloniais e os movimentos rebeldes dos finais do século XVIII e início do XIX. | Curso Preparatório Cidade
06. (Ufrs) A seguir, na coluna I, são citadas seis revoltas ocorridas durante o período colonial (D) Farroupilha, revolta que defendia a proclamação da República Rio-Grandense (República
brasileiro. Na coluna II, são apresentadas as motivações de quatro daquelas revoltas. dos Farrapos) como forma de obter liberdades políticas, fim dos tributos coloniais e
proibição da importação do charque argentino.
1. Inconfidência Mineira 1. ( ) Insatisfação da comunidade mercantil (E) Cabanagem, movimento de elite dirigido por padres, militares e proprietários rurais, que
recifense com o domínio político dos propunham a proclamação da república como forma de combater o controle econômico
2. Revolta de Beckman senhores de engenho olindenses. exercido pelos comerciantes portugueses.
2. ( ) Proibição da circulação de ouro em pó na
3. Guerra dos Emboabas região mineira e criação das Casas de
08. (Ufpel) "No decorrer do período colonial no Brasil os interesses entre metropolitanos e colonos
Fundição.
foram se ampliando.
4. Guerra dos Mascates 3. ( ) Criação da Companhia Geral do Comércio
do Maranhão e oposição dos jesuítas à
O descontentamento se agravou quando, a 1¡. de abril de 1680, a Coroa estabeleceu a liberdade
5. Revolta de Filipe dos Santos utilização da mão-de-obra indígena pelos
incondicional dos indígenas, proibindo taxativamente que fossem escravizados. Além disso confiou-
colonos.
os aos jesuítas, que passaram a ter a jurisdição espiritual e temporal das aldeias indígenas.
6. Inconfidência Baiana 4. ( ) Insatisfação dos colonos com a tentativa
Visando solucionar o problema da mão-de-obra para as atividades agrícolas do Maranhão, o
de monopolização das minas auríferas
governo criou a Companhia do Comércio do Estado do Maranhão (1682).
pelos paulistas.
Durante vinte anos, a Companhia teria o monopólio do comércio importador e exportador do
A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é: Estado do Maranhão e do Grão-Pará. Cabia-lhe fornecer dez mil escravos africanos negros, à razão
de quinhentos por ano, durante o período da concessão outorgada."
(A) 4 - 5 - 2 - 3.
(B) 1 - 2 - 3 - 6. (AQUINO, Rubim Santos Leão de [et al.]. "Sociedade Brasileira: uma história através dos movimentos
(C) 5 - 1 - 2 - 4. sociais". 3• ed., Rio de Janeiro: Record, 2000.)
(D) 3 - 2 - 6 - 5.
(E) 4 - 1 - 3 - 6. Pelos elementos mercantilistas, geográficos e cronológicos, o conflito inferido do texto foi a
Revolta:

07. (Fatec) No século XVIII, a colônia Brasil passou por vários conflitos internos. (A) dos Emboabas.
(B) dos Mascates.
Entre eles temos a: (C) de Amador Bueno.
(D) de Filipe dos Santos.
(A) Guerra dos Emboabas, luta entre paulistas e gaúchos pelo controle da região das Minas (E) de Beckman.
Gerais. Essa guerra impediu a entrada dos forasteiros nas terras paulistas e manteve o
controle da capitania de São Paulo sobre a mineração.
(B) Revolta Liberal, tentativa de reagir ao avanço conservador da monarquia portuguesa, que 09. Leia atentamente as seguintes afirmações sobre a chamada "Inconfidência Mineira":
usava de seus símbolos monárquicos e das baionetas do Exército da Guarda Nacional,
como forma de cooptar e intimidar os colonos portugueses. I. A Inconfidência Mineira foi um movimento de contestação à Coroa Portuguesa, em função
(C) Revolta de Filipe dos Santos, levante ocorrido em Vila Rica e liderado pelo tropeiro Filipe do aumento de impostos sobre o açúcar, principal produto de Minas Gerais no século XVIII.
dos Santos. O motivo foi a cobrança do quinto, a quinta parte do ouro fundido pelas II. Predominava entre os inconfidentes a ideia de se criar uma república.
Casas de Fundição controladas pelo poder imperial. III. Dos inconfidentes, apenas Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, foi morto; a maioria
foi condenada à prisão e ao degredo.

Curso Preparatório Cidade | Tópico 1.7 – Os conflitos coloniais e os movimentos rebeldes dos finais do século XVIII e início do XIX. 119
Assinale a alternativa CORRETA: (A) os mineiros eram mais radicais do que os baianos com relação à escravidão, pois
defendiam não só liberdade dos negros mas sua participação no governo.
(A) Apenas as proposições I e III são verdadeiras. (B) enquanto em Minas os revoltosos evitavam tocar em questões delicadas como a
(B) Apenas as proposições II e III são verdadeiras. escravidão, na Bahia a influência da Revolução Francesa era mais marcante.
(C) Todas as proposições são verdadeiras. (C) a revolta na Bahia foi liderada e apoiada por setores instruídos da população, o que ditou
(D) Apenas a proposição I é verdadeira. seu tom mais moderado, mas em Minas a população pobre foi às ruas e expulsou as
(E) Nenhuma proposição é verdadeira. lideranças conciliadoras.
(D) a influência da Independência dos EUA foi mais intensa na revolta baiana, enquanto que,
em Minas, a presença dos ideais franceses foi mais forte.
10. (Fgv) O movimento político organizado na Bahia em 1789 incluía em seu bojo e na sua
liderança mulatos e negros livres ou libertos, ligados às profissões urbanas, como artesãos ou
soldados, bem como alguns escravos. 12. (Uel) A Inconfidência Mineira foi uma conspiração que ocorreu em Vila Rica, hoje Ouro Preto,
com caráter separatista. Sobre esse movimento é correto afirmar que:
"Os conspiradores defendiam a proclamação da República, o fim da
escravidão, o livre comércio especialmente com a França, o aumento do (A) "foi um mero sintoma da generalização do pensamento socialista que vai explodir na
salário dos militares, a punição de padres contrários à liberdade. O geração seguinte. Apesar de sua existência efêmera representou um marco de resistência
movimento não chegou a se concretizar, a não ser pelo lançamento de colonial contra a opressão metropolitana..."
alguns panfletos e várias articulações. Após uma tentativa de se obter o (B) "inspirada nos ideais revolucionários franceses, visava à igualdade social, liberdade de
apoio do governador da Bahia, começaram as prisões e delações. Quatro comércio, trabalho livre e fim das distinções de raça e de cor."
dos principais acusados foram enforcados e esquartejados. Outros (C) "o movimento reflete o clima de tensão social e política vivida na região. Foi nesta região
receberam penas de prisão ou banimento." que se desenvolveu a maioria das sociedades secretas que divulgaram os ideais
revolucionários de liberdade."
O texto anterior refere-se à: (D) "foi um movimento que abortou antes de se iniciar, mas que mostrou um sintoma de
desagregação do Império português na América. Embora não tenha recebido influência
(A) Conjuração dos Alfaiates. direta da Revolução Francesa os ideais iluministas e liberais estavam presentes no
(B) Balaiada. movimento."
(C) Revolução Praieira. (E) "defendendo o federalismo, os insurretos pretendiam proclamar a independência e
(D) Sabinada. organizar o governo com base nos princípios de soberania popular e participação das
(E) Inconfidência Mineira. camadas mais pobres nas decisões políticas”.

11. (Uece) "Cada hum soldado he cidadão mormente os homens pardos e pretos que vivem 13. (Mackenzie) "A coalizão de magnatas comprometidos com a revolução mineira não era
escornados, e abandonados, todos serão iguaes, não haverá diferença, só haverá liberdade, monolítica, tendo na multiplicidade de motivações e de elementos envolvidos uma debilidade
igualdade e fraternidade." potencial. Os magnatas esperavam alcançar seus objetivos sob cobertura de um levante
popular".
(Manifesto dirigido ao "Poderoso e Magnífico Povo Bahiense Republicano", em 1798. Cit. por NEVES, Joana e NADAI,
Elza. HISTÓRIA DO BRASIL. DA COLÔNIA À REPÚBLICA. 13• ed. São Paulo: Saraiva, 1990. p. 119.) (Kenneth Maxwell - "A devassa da devassa").

Assinale a opção que melhor expressa as diferenças entre a Conjuração Baiana e a Inconfidência Assinale a interpretação correta sobre o texto referente à Inconfidência Mineira.
Mineira:
(A) A Inconfidência Mineira era um movimento de elite, com propostas sociais indefinidas e
que pretendia usar a derrama como pretexto para o levante popular.

120 Tópico 1.7 – Os conflitos coloniais e os movimentos rebeldes dos finais do século XVIII e início do XIX. | Curso Preparatório Cidade
(B) O movimento mineiro tinha sólido apoio popular e eclodiria com a adesão dos dragões: a (B) se apenas as afirmativas I e IV estiverem corretas.
polícia local. (C) se apenas as afirmativas III e IV estiverem corretas.
(C) Os envolvidos não tinham motivos pessoais para aderir à revolta, articulada em todo o (D) se apenas as afirmativas I , II e III estiverem corretas.
país através de seus líderes. (E) se todas as afirmativas estiverem corretas.
(D) A conspiração entrou na fase da luta armada, sendo derrotada por tropas metropolitanas.
(E) A segurança perfeita e o sigilo do movimento impediram que delatores denunciassem a
16. (Ufrs) Associe as afirmações apresentadas na coluna superior com as contestações
revolta ao governo.
setecentistas referidas na coluna inferior.

14. (Mackenzie) O fato de ser alferes influiu para transformar-me em conspirador, levado a tanto 1. Revolta de Vila Rica (1720) 1. ( ) Foi um movimento inspirado nas ideias
que fui pelas injustiças que sofri, preterido sempre nas promoções a que tinha direito. Uni revolucionárias francesas, com expressiva
minhas amarguras às do povo, que eram maiores, e foi assim que a ideia de libertação tomou 2. Conjuração Mineira (1789) participação popular, principalmente de
conta de mim. soldados e alfaiates.
3. Conjuração Carioca (1794) 2. ( ) O principal motivo de sua eclosão foi o
(Tiradentes) anúncio da criação das Casas de Fundição na
4. Conjuração Baiana (1798) região mineradora, visando coibir o
As razões da insatisfação do alferes e do povo mineiro em 1789 eram: contrabando do ouro.
3. ( ) Foi um movimento independentista de reação
(A) a opressão tributária sobre a capitania cujo ouro se esgotara, o empobrecimento e aos excessos do colonialismo português,
ameaça da derrama e a divulgação das ideias iluministas pela elite letrada. tendo como principais articuladores os
(B) a concentração de terras e do comércio em mãos de comerciantes lusos, provocando padres, os militares e os intelectuais.
intensa xenofobia na região do ouro.
(C) a criação de indústrias nesta área pelo governo de D. Maria I, fato que enriqueceu a A sequência correta de preenchimento dos parênteses de cima para baixo é:
população local, gerando a ideia da independência.
(D) o predomínio do trabalho escravo na zona mineradora e a ausência total de mecanismos (A) 1 - 2 - 4.
de alforria e trabalho livre, agravando a crise social. (B) 1 - 3 - 4.
(E) o declínio da produção de açúcar para exportação, despertando o choque de interesses (C) 4 - 2 - 3.
entre colônia e metrópole, e a ideia de libertação. (D) 4 - 1 - 2.

15. (Puc-rio) A Conjuração Mineira (1789) e a Conjuração Baiana (1798) possuem em comum o 17. (Fgv) Leia as afirmações sobre a Sedição Baiana de 1798 e assinale a alternativa CORRETA.
fato de terem sido movimentos que:
I. Conhecida como Conjuração Baiana ou dos Alfaiates, a Sedição de 1798, foi um movimento
I. evidenciaram a crise do Antigo Sistema Colonial. social de caráter republicano e abolicionista.
II. visavam à emancipação política do Brasil. II. Diferentemente da Conjuração Mineira, o movimento de 1798 teve apoio dos setores mais
III. apresentavam forte caráter popular. explorados da sociedade colonial.
IV. expressavam insatisfações em face da política metropolitana, particularmente desde a III. Entre as reivindicações dos sediciosos estavam o fim do domínio colonial, a separação
queda do Marquês de Pombal. Igreja-Estado e a igualdade de direitos, sem distinção de cor ou de riqueza.
IV. Dos muitos processados, quatro foram enforcados. Entre eles, Manuel Faustino dos Santos,
Assinale: de apenas 23 anos.
V. O movimento caracterizou-se pela distribuição de panfletos manuscritos na cidade de
(A) se apenas a afirmativa II estiver correta. Salvador.

Curso Preparatório Cidade | Tópico 1.7 – Os conflitos coloniais e os movimentos rebeldes dos finais do século XVIII e início do XIX. 121
19. Leia atentamente as seguintes afirmações sobre a chamada "Inconfidência Mineira":
(A) apenas I, II e IV estão corretas;
(B) apenas II, III e V estão corretas; I. A Inconfidência Mineira foi um movimento de contestação à Coroa Portuguesa, em função
(C) apenas III e V estão corretas; do aumento de impostos sobre o açúcar, principal produto de Minas Gerais no século XVIII.
(D) apenas I e IV estão corretas; II. Predominava entre os inconfidentes a ideia de se criar uma república.
(E) todas estão corretas. III. Dos inconfidentes, apenas Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, foi morto; a maioria
foi condenada à prisão e ao degredo.

18. (Udesc) Sobre os movimentos que questionaram a dominação colonial na América portuguesa,
Assinale a alternativa CORRETA:
assinale (V) para as afirmativas verdadeiras e (F) paras as afirmativas falsas.

(A) Apenas as proposições I e III são verdadeiras.


1. ( ) A Inconfidência ou Conjuração Mineira (1789) reunia intelectuais, clérigos, advogados,
(B) Apenas as proposições II e III são verdadeiras.
mineradores, proprietários, militares, etc.; dentre outros objetivos, pretendia proclamar
(C) Todas as proposições são verdadeiras.
uma república em Minas Gerais.
(D) Apenas a proposição I é verdadeira.
2. ( ) Os sentimentos de liberdade e independência dos inconfidentes de Minas Gerais foram
(E) Nenhuma proposição é verdadeira.
alimentados pelos ideais iluministas e influenciados pela Independência dos EUA (1776).
Mas nem chegaram a decretar a revolução, pois foram delatados por um dos seus
companheiros. 20. (Cesgranrio) No período colonial surgiram várias rebeliões e movimentos de libertação que
3. ( ) O movimento baiano (1798), também influenciado pelas ideias de liberdade, igualdade questionaram a dominação portuguesa sobre o Brasil. A respeito dessas rebeliões, podemos
e fraternidade da Revolução Francesa (1789), teve um caráter popular e contou com a afirmar que:
participação de pequenos comerciantes, soldados, artesãos, alfaiates, negros libertos,
mulatos e escravos. I. Todos os Movimentos de contestação visavam à separação definitiva do Brasil de Portugal.
4. ( ) Os movimentos mineiro e baiano foram duramente reprimidos pelas autoridades II. Até a 1 metade do século XVIII, os movimentos contestatórios exigiam mudanças, mas não
portuguesas. Alguns conspiradores, sobretudo os mais poderosos, conseguiram se livrar o rompimento do estatuto colonial.
das acusações ou receberam penas mais leves. III. Desde o final do século XVIII, os movimentos de libertação sofreram a influência do
5. ( ) No movimento mineiro, o único condenado à morte foi Tiradentes; e no movimento Iluminismo e defendiam o fim do pacto colonial.
baiano, apenas os negros e os mulatos foram punidos com rigor, com quatro IV. A luta pela abolição da escravatura era uma das propostas presentes em basicamente todas
integrantes condenados à morte, executados e esquartejados, a exemplo de Tiradentes. as rebeliões.
V. Uma das razões de vários movimentos contestatórios era o abuso tributário da Coroa
Assinale a alternativa que contém a sequência CORRETA, de cima para baixo. Portuguesa em relação aos colonos.

(A) V-F-V-V-F Estão corretas as afirmativas:


(B) V-V-F-V-V
(C) F-F-V-V-F (A) somente I, II e III.
(D) F-V-F-V-V (B) somente I, III e V.
(E) V-V-V-V–V (C) somente II, III e IV.
(D) somente II, III e V.
(E) somente III, IV e V

122 Tópico 1.7 – Os conflitos coloniais e os movimentos rebeldes dos finais do século XVIII e início do XIX. | Curso Preparatório Cidade
EXERCÍCIOS DE PROVA II. A Sociedade Literária – A Ilustração, agremiação dos intelectuais, foi centro divulgador das
ideias do movimento baiano.
III. A Revolta dos Alfaiates foi de natureza distinta, pois pretendia-se abolir a escravidão e
01. (EsFCEx - 2001) Os movimentos nativistas mais embasados filosoficamente pelas ideias revelava um forte anticlericalismo.
iluministas foram: IV. O movimento mineiro circunscreveu sua atuação a Minas Gerais na sua fase inicial e teve
por base em suas reivindicações o fim das amarras econômicas da Metrópole.
Escolher uma resposta.
Escolher uma resposta.
(A) Revolta Beckman e Guerra dos Mascates
(B) Guerra dos Emboabas e Revolta de Felipe dos Santos (A) somente a I está correta.
(C) Revolta Beckman e Inconfidência Mineira (B) somente a II e a IV estão corretas.
(D) Revolta de Felipe dos Santos e Revolução dos Alfaiates (C) somente a III e a IV estão corretas.
(E) Inconfidência Mineira e Revolução dos Alfaiates (D) somente a I, II e a III estão corretas.
(E) todas estão corretas.
02. (EsFCEx - 2005) Analise as afirmativas abaixo sobre a Inconfidência Mineira e, a seguir, marque
a alternativa correta: 04. (EsFCEx - 2008) Relacione a coluna da direita com a da esquerda, identificando características
e situações que se referem à Inconfidência Mineira de 1789 e à Conjuração dos Alfaites de
I. Uma das suas causas foi a ameaça do fisco com pesados impostos num ciclo econômico já 1798 e, a seguir, assinale a alternativa que contemple a sequência correta.
em declínio.
II. Minas Gerais possuía uma das mais famosas elites intelectuais da colônia, o que contribuiu 1. Inconfidência Mineira 1. ( ) Seus integrantes eram, em sua maioria, da elite
para o movimento. colonial.
III. Houve influências das ideias iluministas que existiam na Europa. 2. Conjuração dos Alfaiates 2. ( ) Seus integrantes eram majoritariamente de origem
IV. Constitui-se no único movimento político e social do mundo no último quartel do século popular, prevalecendo homens mulatos e negros.
XVIII (1776/1800). 3. ( ) Os conspiradores defendiam a proclamação da
república, o livre comércio, o fim da escravidão e
Escolher uma resposta. punição a padres contrários a liberdade.
4. ( ) As dívidas com a Coroa Portuguesa foram um dos
(A) somente a I está correta. fatores que levou seus integrantres a conspirar contra
(B) somente a II e a IV estão corretas. o domínio metropolitano
(C) somente a III e a IV estão corretas.
(D) somente a I, II e a III estão corretas. (A) 1- 2 - 2 - 1
(E) todas estão corretas. (B) 2-1-2-2
(C) 2-2-1-1
03. (EsFCEx - 2005) A independência do Brasil em 1822 foi precedida de movimentos antilusitanos, (D) 2-1-1-2
dentre eles destacamos, a Inconfidência Mineira em Minas Gerais, e a Revolta dos Alfaiates na (E) 1-2-1–2
Bahia, na segunda metade do século XVIII. Analise as afirmativas abaixo sobre esses
movimentos e, a seguir, marque a alternativa verdadeira: 05. (EsFCEx - 2009) Um clima de tensão e revolta tomou conta das camadas mais altas da
sociedade quando o governador da capitania, o Visconde de Barbacena, anunciou que haveria
I. O problema da escravidão foi amplamente debatido pelo movimento mineiro, constando da uma nova derrama. Ou seja, haveria uma nova cobrança forçada de impostos atrasados. Os
sua proposta de reivindicações a alforria dos negros.

Curso Preparatório Cidade | Tópico 1.7 – Os conflitos coloniais e os movimentos rebeldes dos finais do século XVIII e início do XIX. 123
fatos do enunciado acima se aplicam ao movimento que atingiu o Brasil durante o século XVIII
e que se denominou:

(A) Revolta de Vila Rica.


(B) Guerra dos Emboabas.
(C) Guerra da Cisplatina.
(D) Inconfidência Mineira.
(E) Conjuração Baiana.

06. (EsFCEx - 2010) No quadro dos movimentos coloniais separatistas destacou-se na Bahia, em
1798, a Conjuração Baiana. Analise as afirmativas abaixo sobre este movimento e, a seguir,
assinale a alternativa correta.

I. Um dos elementos de inspiração do movimento era o ideário revolucionário da Republica


jacobina estabelecida na França entre 1793 e 1794.
II. Os Cavaleiros da Luz, denominação dos integrantes da sociedade maçônica baiana,
impulsionaram o movimento de resistência fazendo circular panfletos que atacavam
ferozmente a administração local.
III. O contexto da transferência da capital da colônia para o Rio de Janeiro agravou a situação
das camadas mais pobres, sobretudo, pelo aumento nos preços dos produtos e pela
diminuição da oferta de empregos na Capitania da Bahia.
IV. A Conjuração Baiana, assim como a Inconfidência Mineira, se pautou, basicamente, na
discussão das questões políticas liberais e, apesar de obtido o apoio das camadas populares
foi liderada por intelectuais e grandes comerciantes.

Escolher uma resposta.

(A) Somente I e III estão corretas.


(B) Somente I, II e III estão corretas.
(C) Somente I, II e IV estão corretas.
(D) Somente II e III estão corretas.
(E) Todas estão corretas.

124 Tópico 1.7 – Os conflitos coloniais e os movimentos rebeldes dos finais do século XVIII e início do XIX. | Curso Preparatório Cidade
Tópico 1.8 – A transferência da Corte portuguesa para o Brasil e seus efeitos A TRANSFERÊNCIA DA CORTE PORTUGUESA PARA O BRASIL E SEUS EFEITOS

O contexto da vinda da família real (1808)


Comentário
Depois de governar cinco anos como cônsul, Napoleão Bonaparte foi coroado imperador da França
Caro estudante, em 1804. Conquistando grande parte da Europa continental, não conseguiu, contudo, submeter a
Inglaterra. Em 1806, o imperador francês Napoleão Bonaparte assinou em Berlim o decreto do
Continuemos nossos estudos. Bloqueio Continental, que proibia, a todos os países do continente europeu, fazer comércio com a
Grã-Bretanha (comumente chamada de Inglaterra, embora esta última não corresponda à
Veremos nesse tópico como ocorreu a transferência da Família Real portuguesa para o totalidade do território britânico). O fato de Napoleão ter determinado essa medida em plena
Brasil em 1808 bem como as principais consequências deste fato para a colônia. capital da Prússia – e não em Paris – nos dá conta da hegemonia que ele alcançara sobre as
demais monarquias da Europa.
O primeiro quartel do século XIX na América latina foi marcado pelas independências e
formação dos estados nacionais no continente. Incapaz de derrotar a inimiga Inglaterra no mar, devido à inferioridade naval francesa, o imperador
pretendia debilitá-la economicamente, forçando o governo de Londres a um entendimento com a
Em meio à república o Brasil constitui-se caso singular. A presença da família real França.
portuguesa possibilitou que o processo de formação do estado nacional brasileiro fosse
feito sob o manto de um regime monárquico. Na ocasião, a Inglaterra era o único país do mundo que já se encontrava em plena Revolução
Industrial. Como na França esse processo ainda era incipiente, seria impossível preencher o vácuo
D. Pedro I veio para o Brasil na ocasião da transferência da Família Real. Era o início do criado pela falta de produtos britânicos. Estes, portanto, continuaram a entrar na Europa
chamado processo de “inversão brasileira”. O Rio de Janeiro se tornou capital do Continental, por meio de contrabando. Na verdade, o Bloqueio Continental prejudicou mais os
império português e o Brasil experimentou as consequências de tal mudança. países que o praticaram do que aquele contra o qual ele fora planejado. A Holanda recusou-se a
acatar as determinações de Napoleão, que mandou invadi-la e impôs seu irmão, Luís Bonaparte,
Sobre a transferência da família real portuguesa para o Brasil é bom estudar melhor:
como rei dos holandeses.
*as causas;
O Bloqueio Continental deixou Portugal em uma situação delicada. Desde 1641, ou seja, logo após
o final da União Ibérica (1580-1640), o país caíra sob a dominação da Inglaterra. Essa relação se
*as transformações observadas no Rio de Janeiro e no Brasil;
consolidará ao longo dos anos, notadamente após a assinatura do Tratado de Methuen (ou dos
*os tratados comerciais especialmente o tratado de Abertura dos Portos e as Panos e Vinhos, 1703), e foram inúteis os esforços do ministro Marquês de Pombal (1750-77) para
consequências destas medidas para o Brasil; alterá-la.

*a elevação do Brasil à condição de Reino Unido à Portugal e Algarves em Em 1792, a rainha D. Maria I, atingida por irremediável doença mental, fora afastada da chefia do
1815; Estado. Em seu lugar, assumiu o governo, na qualidade de regente, o príncipe-herdeiro D. João
(futuro D. João VI).
*a Revolução Pernambucana de 1817;
Se por um lado Portugal não podia afrontar Napoleão, dada sua vulnerabilidade a um ataque
*a Revolução Liberal do Porto (1821) e o papel das Cortes na tentativa de francês (na ocasião, a França era aliada da Espanha, por cujo território as tropas francesas
recolonizar o Brasil. necessariamente teriam de passar), por outro também não podia simplesmente romper com a
Inglaterra. Aliás, a indiscutível supremacia marítima britânica inviabilizaria as comunicações entre
Sobre o período joanino leia o texto a seguir! Bons estudos!

Curso Preparatório Cidade | Tópico 1.8 – A transferência da Corte portuguesa para o Brasil e seus efeitos 125
Portugal e Brasil – principal colônia lusitana, de cuja exploração dependia a própria sobrevivência Majestade o Imperador dos Franceses ...” – e o selo do império francês.
econômica de Portugal. Abolidas as milícias e dispersas as forças armadas portuguesas,criou uma
polícia política. Sob comando do general Louis Loison (1771-1816), a
Em agosto de 1807, o governo francês enviou um ultimato a Portugal: ou aderia ao Bloqueio instituição ficou conhecida pela violenta repressão desencadeada contra
Continental, ou teria seu território invadido. Diante da negativa de D. João, os embaixadores da opositores.
França e Espanha retiraram-se de Lisboa em 1º de outubro, como prenúncio da invasão.
(Ana Canas D. Martins.Anos de guerra e incertezas.Revista de História da Biblioteca
Nessa situação crítica para o governo português, a Grã-Bretanha interveio por meio de seu Nacional.Rio de Janeiro, número 55,p.23, abril.2010.)
embaixador em Portugal, lorde Strangford: o governo britânico oferecia proteção naval para que
não só a Família Real, mas toda a Corte Portuguesa (isto é, os nobres que conviviam com a Família
Real e seus servidores) e os funcionários do governo se transferissem para o Brasil. Em As transformações ocorridas no Brasil a partir da presença da corte no Rio de Janeiro
contrapartida, Portugal se comprometia – mediante um acordo firmado secretamente – a ceder
temporariamente a estratégica Ilha da Madeira aos britânicos e a permitir o comércio direto entre a A transferência do Estado Português para o Brasil foi fundamental para que nosso país pudesse
Grã-Bretanha e o Brasil. encaminhar seu processo de emancipação política. O primeiro passo nesse sentido foi dado poucos
dias após o desembarque de D. João na Bahia (de onde depois se transferiria para o Rio de
Em 27 de outubro de 1807, França e Espanha assinaram o Tratado de Fontainebleau, que
Janeiro). Trata-se do decreto (na época denominado carta-régia) de abertura dos portos brasileiros
destronava a Dinastia de Bragança, reinante em Portugal desde a Restauração de 1640. O território
“a todas as nações amigas” – que na ocasião se resumiam à Inglaterra, já que até os Estados
português seria dividido em três partes, a maior das quais caberia pessoalmente a Napoleão.
Unidos mantinham relações preferenciais com a França Napoleônica.
Em 19 de novembro, o general francês Junot penetrou com suas tropas em Portugal, avançando
É verdade que pouco depois, pelos Tratados de 1810, o governo português concedeu ao comércio
rapidamente para o sul, em direção a Lisboa. Três dias antes, uma frota britânica ancorava no Rio
e aos cidadãos britânicos condição privilegiada para atuar no Brasil. Mas outra não poderia ser a
Tejo, colocando-se à disposição do príncipe D. João para trasladá-lo ao Brasil.
atitude lusitana, tendo em vista a fragilidade da posição de Portugal em face de seu poderoso
aliado.
O que se seguiu foi um grotesco quadro de atropelo, confusão e desespero, agravado pelas
notícias da célere aproximação dos franceses. Ao todo, mais de 10 000 pessoas apinharam-se a
Segundo Emília Viotti da Costa:
bordo de 16 navios de guerra e 20 de transporte – todos portugueses. A frota britânica do
almirante Sidney Smith dava-lhes cobertura. Seguiram-se medidas revogando os entraves à produção e ao comercio da
colônia cuja permanência era incompatível com sua nova situação de seda
Foram embarcados os arquivos dos ministérios, móveis e pratarias, bem como uma enorme soma
da monárquica. O alvará de 1 de abril de 1808 permitiu o livre
de dinheiro, equivalente à metade das moedas que circulavam em Portugal. Parte da guarnição
estabelecimento de fabricas e manufaturas, levando as restrições
militar de Lisboa também foi para bordo com seu armamento. Em suma: o estado metropolitano
anteriormente estabelecidas. A 30 de junho de 1810 revogou as
português transferiu-se para a sua principal colônia. Essa completa subversão das regras do pacto
disposições de 1749 e 1751 e autorizou todos os vassalos a vender, pelas
colonial traria enormes benefícios para o Brasil.
ruas e casas, qualquer mercadoria que tivesse pago os competentes
direitos. O alvará de 28 de setembro de 1811, prosseguindo na
No dia 29 de novembro de 1807, a frota anglo-portuguesa levantou âncoras. Menos de 24 horas
liberalização da economia, revogou o de 6 de dezembro de 1755 e
depois, à frente de seus soldados esfalfados, Junot entrava em Lisboa.
declarou livre a todos comerciar quaisquer gêneros não vedados. A 11 de
No início de fevereiro de 1808, Junot decretou, em nome de Napoleão, a janeiro, revogando-se medidas anteriores, autoriza-se o Conselho das
extinção da Casa de Bragança – suprema ironia, dado qe ela estava a Fazendas a conceder licenças para o corte de pau-brasil (...) O decreto de
salvo no Brasil – e nomeou um Conselho de Governo. Determinou que as 18 de julho de 1814, permitiu a entrada de navios de qualquer nação nos
armas portuguesas fossem retiradas ou cobertas e que se usassem na portos dos Estados Portugueses e a saída dos nacionais para portos
documentação oficial as referencias napoleônicas – “Em nome de Sua estrangeiros.

126 Tópico 1.8 – A transferência da Corte portuguesa para o Brasil e seus efeitos | Curso Preparatório Cidade
(DA COSTA,Emília Viotti. Introdução ao estudo da emancipação política do Brasil.in.: Figura 35: Paço de São Cristóvão em 1816.
MOTTA,Carlos Guilherme (org).Brasil em Perspectiva. São Paulo:Difel,1969,p.74)

Dada abertura às nações amigas, o que se observa é um aumento da influencia inglesa sobre o
domínio luso na América do Sul. Com a ocupação dos demais países europeus pela França
napoleônica, aproveitava-se, o Império britânico, da ausência da concorrência estrangeiro sobre o
comércio do Brasil. Como ressalta Pedro Octávio Carneiro da Cunha

(...) O convênio mercantil, dando aos ingleses uma tarifa preferencial,


afastou outros concorrentes e, sobretudo abafou a esperança da indústria
e de certas culturas incipientes. A Inglaterra ambicionava o mercado
brasileiro, mas a abertura dos portos já lhe dera um virtual monopólio,
pela forçada exclusão da Europa napoleônica. Mesmo quando viesse a paz
geral, a superioridade da manufatura inglesa, apoiada em marinha
igualmente superior, dispensaria proteção de alfândega para prosperar.
Queria, no entanto sempre mais, o que é o próprio do negociante - que em
geral, só não é imperialista quando não pode.

(CUNHA,Pedro Octávio Carneiro da. A Fundação de um Império liberal.in.:BARRETO,Célia de Barros [et


al.]. O Brasil monárquico, tomo II:o processo de emancipação. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2001,
p.145. (História Geral da Civilização Brasileira,v.1,t.2)
J.B. Debret - Biblioteca Nacional RJ

D. João também
Durante o tempo em que permaneceu no Brasil, D. João, assessorado por ministros capazes,
tomou numerosas iniciativas importantes, que deram ao Brasil um certo arcabouço administrativo e (...)Instalou os Ministérios do Reino, da Marinha e Ultramar e da Guerra;
cultural. No plano econômico, foi revogado o alvará de D. Maria I que proibia a instalação de estabeleceu o Erário Régio (Ministério da Fazenda, em 1821); instalou o
indústrias no Brasil; ainda no econômico, criaram-se a Casa da Moeda e o Banco do Brasil; no Conselho de Estado, as Mesas de Desembargo do Paço e da Consciência e
militar, fundaram-se as Academias Militar e Naval e foi implantada uma fábrica de munições; no Ordem, o Conselho da Fazenda e o Supremo Conselho Militar.
cultural, surgiram a Imprensa Régia, a Biblioteca Real, o Real Teatro de S. João, o Jardim Botânico
e as Escolas de Medicina da Bahia e do Rio de Janeiro, além de se contratar a vinda -após a queda (TEIXEIRA,Francisco M.P;TOTINI,Maria Elizabeth.História econômica e administrativa do
de Napoleão - de uma importante Missão Artística Francesa. Brasil. São Paulo: Ática, 1996,p.62-63.)

O coroamento de todas essas realizações deu-se em 1815, quando foi instituído o Reino Unido de
Portugal, Brasil e Algarves (este último território corresponde ao extremo sul de Portugal). Com
isso, o Brasil deixava de ser uma colônia, equiparava-se a Portugal e – mais que isso – tornava-se
a sede legalizada do Reino Lusitano.

De um modo geral, a aristocracia rural brasileira aceitou de bom grado a administração joanina. Tal
avaliação, porém, não se aplica a Pernambuco, onde o antilusitanismo sempre foi muito forte e
havia uma intensa atuação da Maçonaria (uma organização secreta, ideologicamente liberal, e,
portanto, oposta ao absolutismo de D. João). Acrescentem-se a esse quadro o aumento de

Curso Preparatório Cidade | Tópico 1.8 – A transferência da Corte portuguesa para o Brasil e seus efeitos 127
impostos (para sustentar a Corte Portuguesa no Brasil) e a crise nas exportações do açúcar (devido Assinale a opção que contém as afirmativas corretas:
ao consumo do açúcar de beterraba na Europa), e teremos os elementos detonadores da
Revolução Pernambucana de 1817. Esta foi duramente reprimida, mas alguns de seus líderes não (A) I e II
chegaram a ser executados, graças a um ato de clemência de D. João. (B) IeV
(C) II e IV
(D) III e IV
(E) IV e V
EXERCÍCIOS

03. (Fuvest) "... quando o príncipe regente português, D. João, chegou de malas e bagagens para
01. (Mackenzie) "O certo é que, se os marcos cronológicos com que os historiadores assinalam a residir no Brasil, houve um grande alvoroço na cidade do Rio de Janeiro. Afinal era a própria
evolução social e política dos povos, não se estribassem unicamente nos caracteres externos e encarnação do rei [...] que aqui desembarcava. D. João não precisou, porém, caminhar muito
formais dos fatos, mas refletissem a sua significação íntima, a independência brasileira seria para alojar-se. Logo em frente ao cais estava localizado o Palácio dos Vice-Reis".
antedatada de 14 anos..."
(Lilia Schwarcz. "As Barbas do Imperador".)
(Caio Prado Júnior - "Evolução Política do Brasil")
O significado da chegada de D. João ao Rio de Janeiro pode ser resumido como:
O fato histórico mencionado no texto e que praticamente anulou nossa situação colonial foi:
(A) decorrência da loucura da rainha Dona Maria I, que não conseguia se impor no contexto
(A) Criação do Ensino Superior. político europeu.
(B) Alvará de Liberdade Industrial. (B) fruto das derrotas militares sofridas pelos portugueses ante os exércitos britânicos e de
(C) Tratados de 1810 com a Inglaterra. Napoleão Bonaparte.
(D) Abertura dos Portos. (C) inversão da relação entre metrópole e colônia, já que a sede política do império passava
(E) Elevação do Brasil a Reino Unido. do centro para a periferia.
(D) alteração da relação política entre monarcas e vice-reis, pois estes passaram a controlar o
mando a partir das colônias.
02. (Ufes) No início do século XIX, a transformação do Brasil em sede da monarquia portuguesa
(E) imposição do comércio britânico, que precisava do deslocamento do eixo político para
levou D. João VI a adotar medidas que mudaram o contexto socioeconômico da antiga colônia.
conseguir isenções alfandegárias.

Dentre essas medidas, podemos destacar:


04. (Mackenzie) A Abertura de Portos foi um ato historicamente previsível, mas ao mesmo tempo
I. a organização da maçonaria, constituída por grandes latifundiários e comerciantes do Rio impulsionado pelas circunstâncias do momento. Portugal estava ocupado por tropas francesas e
de Janeiro; o comércio não podia ser feito através dele. Para a Coroa, era preferível legalizar o extenso
II. a criação do Banco do Brasil, da Casa da Moeda e do Jardim Botânico; contrabando existente entre Colônia e a Inglaterra e receber os tributos devidos.
III. a convocação de uma Assembleia Constituinte, que estabeleceu a liberdade de comércio
Boris Fausto
para os comerciantes nacionais;
IV. a criação da Faculdade de Medicina na Bahia, da Imprensa Régia, da Escola Nacional de A Abertura de Portos produziu inúmeras transformações EXCETO:
Belas-Artes e da Biblioteca Pública do Rio de Janeiro;
V. a assinatura de tratados de comércio e navegação com a Inglaterra, os quais favoreciam a (A) a escalada inglesa pelo controle do mercado colonial brasileiro, consolidada nos Tratados
comercialização de produtos portugueses pelas baixas tarifas alfandegárias. de 1810.
(B) a necessidade do governo Joanino de conciliar os interesses dos grandes proprietários
brasileiros e comerciantes reinóis.

128 Tópico 1.8 – A transferência da Corte portuguesa para o Brasil e seus efeitos | Curso Preparatório Cidade
(C) que a medida foi acompanhada da revogação dos decretos de proibição da produção de 07. (G1) Neste texto, Ruy Castro se transporta no tempo e se vê como um jornalista a noticiar a
manufaturas na Colônia. chegada da Família Real ao Rio de Janeiro, ocorrida há 200 anos.
(D) que a presença inglesa não anulou nossos esforços de industrialização, em virtude das
tarifas protecionistas e do pequeno volume de importações inglesas. É hoje!
(E) a questão da escravidão, que interessava à Inglaterra nesse momento, foi incluída nos
tratados e acordos entre Portugal e Inglaterra. Rio de Janeiro. O príncipe regente dom João desembarca hoje no Rio com sua família e um enorme
séquito de nobres, funcionários, aderentes e criados. Precisou que Napoleão botasse suas tropas
nos calcanhares da Corte para que esta fizesse o que há cem anos lhe vinha sendo sugerido:
05. (Pucrs) A chegada da Corte Portuguesa ao Rio de Janeiro, em 1808, representou o início do transferir-se para o Brasil.
desenvolvimento estrutural do Brasil, e também a introdução de princípios do liberalismo
econômico na Colônia, com a "Abertura dos portos às nações amigas". Essa abertura Não se sabe o que, a médio prazo, isso representará para a metrópole. Mas, para a desde já ex-
ocasionou: colônia, será supimpa. Porque, a partir de agora, ela será a metrópole. E, para estar à altura de
suas novas funções, terá de passar por uma reforma em regra - não apenas cosmética, para
(A) a diminuição dos laços coloniais, baseados no monopólio comercial mercantilista. receber o corpo diplomático, o comércio internacional e os grã-finos de toda parte. Mas,
(B) a diminuição das liberdades coloniais, fundadas na estrutura liberal. principalmente, estrutural. Afinal, é um completo arcabouço administrativo que se está mudando.
(C) o aumento da opressão colonial portuguesa, privilegiando-se a Inglaterra no comércio
com o Brasil. Para cá virão os ministérios, as secretarias, as intendências, as representações e a burocracia em
(D) o aumento de restrições ao comércio com a Inglaterra. geral. Papéis sem conta serão despachados entre esses serviços, o que exigirá uma superfrota de
(E) o aumento da distribuição de privilégios aos franceses, quanto ao comércio com o Brasil. estafetas [mensageiros]. A produção de lacre para documentos terá de decuplicar. O Brasil
importará papel, tinta e mata-borrões em quantidade, mas as penas talvez possam ser fabricadas
aqui, colhidas dos traseiros das aves locais.
06. “A história do Período Joanino no Brasil é inseparável do anedotário que traça o perfil de sua
mais importante personagem feminina: a Princesa Carlota Joaquina de Bourbon e Bragança”.
Estima-se que, do Reino, chegarão 15 mil pessoas nos próximos meses. Será um tremendo
(Fonte: AZEVEDO, Francisca L. Nogueira. "Carlota Joaquina na Corte do Brasil". Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,
impacto numa cidade de 60 mil habitantes. Provocará mudanças na moradia, na alimentação,
2003, p.17). nos transportes, no vestuário, nas finanças, na medicina, no ensino, na língua. Com a criação da
Imprensa Régia, virão os jornais. O regente mandará trazer sua biblioteca. Da escrita e da leitura,
Sobre a princesa Carlota Joaquina, são feitas as seguintes afirmações: brotarão as ideias.

I. A historiografia tanto brasileira, quanto portuguesa, foi comumente parcial tanto no tocante Até hoje, na história do mundo, nunca a sede de um império colonial se transferiu para sua própria
à vida pública quanto à vida privada da Princesa. colônia. É um feito inédito - digno de Portugal. E que pode não se repetir nunca mais.
II. O tratamento dado à figura da Princesa fixou no imaginário social a imagem de uma mulher
(Ruy Castro. "Folha de S. Paulo", 08/03/2008)
vulgar, ambiciosa e transgressora de todas as normas morais e éticas do seu tempo.
III. Enquanto no Brasil a imagem da princesa foi construída de modo negativo, em Portugal sua
O texto de Ruy Castro apresenta algumas mudanças ocorridas na Colônia após a chegada da
memória foi construída de forma apologética e D. Carlota é vista até hoje como heroína.
Família Real portuguesa ao Rio de Janeiro, as quais foram fundamentais para o processo da
Independência.
Assinale o correto.
Assinale a alternativa que apresenta uma medida adotada e sua importância para a emancipação
(A) Apenas as afirmações II e III são verdadeiras.
política do Brasil.
(B) Apenas as afirmações I e III são falsas.
(C) Apenas as afirmações I e II são verdadeiras.
(A) a transferência do corpo diplomático, do comércio internacional e dos grã-finos, pois
(D) Apenas as afirmações I e II são falsas.
garantiu a formação de uma elite nacional interessada na autonomia.

Curso Preparatório Cidade | Tópico 1.8 – A transferência da Corte portuguesa para o Brasil e seus efeitos 129
(B) um sensível crescimento da leitura e da escrita, com a criação da Imprensa Régia, os FALCÓN, F. C.; MATTOS, I. R. de. "O Processo de Independência no Rio de Janeiro". In: MOTA, C. G. (org).
1822. Dimensões. São Paulo: Perspectiva, 1972.
jornais, a biblioteca e o ensino, o que abriu espaço à formação e difusão de novas ideias.
(C) a vinda de ministérios, secretarias e intendências, pois sem essa burocracia seria
Entre as medidas que favoreceram essas transformações podem ser assinaladas:
impossível a formação de uma nação.
(D) a importação de papel, tinta e mata-borrões, sem os quais as aves não seriam utilizadas
(A) o início da construção do Paço Imperial, a sede do governo, a criação da Imprensa Régia
para o desenvolvimento de uma produção local.
e a instalação da iluminação a gás.
(E) as mudanças na moradia, na alimentação, nos transportes e no vestuário, pois
(B) a construção da primeira estrada de ferro do Brasil, a criação do banco do Brasil e a
favoreceram a formação de uma classe média crítica e transformadora.
fundação da Imperial Academia de Música.
(C) o estabelecimento da Intendência Geral de Polícia, a fundação do Banco do Brasil e a
08. (Mackenzie) Adotar em toda a extensão os princípios do liberalismo econômico significaria criação da Imprensa Régia.
destruir as próprias bases sobre as quais se apoiava a Coroa. Manter intacto o sistema colonial (D) a criação da Imprensa Régia, a instalação da iluminação a gás e a construção da primeira
era impossível nas novas condições. Daí as contradições de sua política econômica. estrada de ferro do Brasil.
(E) a permissão de instalação de manufaturas no Brasil, o estabelecimento da Intendência
Emília Viotti da Costa geral de Polícia e a construção da primeira estrada de ferro do Brasil.

Sobre a política econômica adotada por D. João VI durante a permanência da Corte portuguesa no
Brasil, é correto afirmar que: 10. (G1) Assinale a proposição CORRETA. A transferência da Corte portuguesa para o Brasil teve
consequências no processo de autonomia política brasileira.
(A) permanecia a proibição à produção das manufaturas nacionais e o estabelecimento de
fábricas no Brasil, que representariam uma possível concorrência aos produtos ingleses. (A) Foi possível ao governo metropolitano controlar o processo de independência do Brasil,
(B) proibia a entrada e a venda de vinhos estrangeiros no Brasil, estabelecendo tarifas que acabou ocorrendo de maneira lenta e gradual, diferentemente das demais colônias
favoráveis aos vinhos portugueses, que continuaram a ser os mais consumidos. do continente sul-americano.
(C) a abertura dos portos às nações amigas, em 1808, concedia liberdade de comércio à (B) A presença da monarquia no Brasil aguçou as contradições entre a Colônia e a Metrópole,
colônia, mas não extinguia o monopólio português exercido em nossa economia. levando a uma violenta separação, que se resolveu nos campos de batalha.
(D) com a assinatura dos Tratados de 1810, consolidou-se a dominação econômica inglesa (C) Confrontada pela realidade brasileira e pelo alto grau de desenvolvimento político das
sobre o nosso país, apesar de os súditos britânicos residentes no Brasil não terem instituições coloniais, a Coroa Portuguesa cedeu a independência de forma pacífica e
garantia de liberdade religiosa. generosa.
(E) as medidas tomadas durante esse período acentuaram as divergências entre os interesses (D) Os brasileiros, sentindo mais próximas as amarras metropolitanas, rebelaram-se e
da elite nacional, as exigências britânicas e as necessidades dos comerciantes conquistaram a independência no mesmo movimento que varria as colônias ibero-
metropolitanos. americanas.
(E) A presença da Corte possibilitou um grande desenvolvimento econômico, político e
cultural na Colônia, o que, paradoxalmente, acabou por retardar o surgimento de um
09. (Ufrrj) A citação a seguir destaca a chegada da corte portuguesa ao Rio de Janeiro, em 1808,
sentimento autonomista e nacionalista entre os brasileiros.
como um início de uma fase de grandes mudanças para a cidade que perdia então a sua
imagem colonial.
11. (Ufg) Leia os fragmentos a seguir.
Para o Rio de Janeiro, principalmente, era toda uma fase de sua história que agora terminava. Fase
de grandes transformações realizadas sob o impacto das necessidades de toda ordem despertadas "Não corram tanto ou pensarão que estamos fugindo!"
pela chegada e instalação da Corte portuguesa. Em pouco mais de uma década, a cidade passara
("REVISTA DE HISTÓRIA DA BIBLIOTECA NACIONAL". Rio de Janeiro, ano 1, n. 1, jul. 2005, p. 24.)
por um processo de modernização material e atualização cultural, perdendo muito de sua aparência
colonial para transformar-se numa metrópole.

130 Tópico 1.8 – A transferência da Corte portuguesa para o Brasil e seus efeitos | Curso Preparatório Cidade
"Preferindo abandonar a Europa, D. João procedeu com exato conhecimento de si mesmo. (E) a independência da economia portuguesa em relação aos interesses capitalistas
Sabendo-se incapaz de heroísmo, escolheu a solução pacífica de encabeçar o êxodo e procurar no britânicos.
morno torpor dos trópicos a tranquilidade ou o ócio para que nasceu".

(MONTEIRO, Tobias. "História do Império: a elaboração da Independência". Belo Horizonte: Itatiaia; São 13. (Puccamp) " 'A 3 de setembro de 1825, partimos do Rio de Janeiro. Um vento fresco ajudou-
Paulo: EDUSP, 1981. p. 55. [Adaptado]. nos a vencer, em 24 horas, a travessia de 70 léguas, até Santos, e isto significou dupla
vantagem, porque a embarcação conduzia, também, 65 negros novos, infeccionados por sarna
O embarque da família real para o Brasil, em 1807, deu origem a contraditórias narrativas. A frase da cabeça aos pés'. Assim começa o mais vivo, completo e bem documentado relato da famosa
acima, atribuída à rainha D. Maria I, tornou-se popular, passando a constituir uma versão narrativa Expedição de Langsdorff, que na sua derradeira e longa etapa, entre 1825 e 1829, percorreu o
ainda vigorosa. Nos anos de 1920, os estudos sobre a Independência refizeram o percurso do vasto e ainda bravio interior do Brasil, por via terrestre e fluvial - do Tietê ao Amazonas. Seu
embarque, assegurando uma interpretação republicana sobre esse acontecimento, tal como autor é um jovem francês de 21 anos, Hercules Florence, no cargo de desenhista topográfico.
exemplificado no trecho do jornalista e historiador Tobia Monteiro. Sobre essa versão narrativa em Encantado com as maravilhas das terras brasileiras e com seu povo hospitaleiro, Hercules
torno do embarque, pode-se dizer que pretendia: Florence permaneceu aqui, ao término da expedição, escolhendo a então Vila de São Carlos,
como Campinas foi conhecida até 1842, para viver o resto de sua vida. Florence morreu em 27
(A) conquistar a simpatia da Inglaterra, ressaltando a importância do apoio inglês no de março de 1879 (...)."
translado da corte portuguesa para o Brasil.
(B) associar a figura do rei ao pragmatismo político, demonstrando que o deslocamento da (Revista: "Scientific American Brasil", n. 7, São Paulo: Ediouro, 2002. p. 60)
corte era um ato de enfrentamento a Napoleão.
(C) ridicularizar o ato do embarque, agregando à interpretação desse acontecimento os Muitos franceses, principalmente professores, cientistas, arquitetos, escultores e pintores vieram
elementos de tragédia, comicidade e ironia. ao Brasil no século XIX a partir da instalação da Corte portuguesa no Rio de Janeiro. Pode-se
(D) culpabilizar a rainha pela decisão do embarque, afirmando-lhe o estado de demência explicar a presença desses franceses no país com o argumento de que:
lamentado por seus súditos.
(E) explicar o financiamento do ócio real por parte da colônia, comprovando que o embarque (A) a maioria deles chegou ao Brasil com o intuito de colonizar as regiões desabitadas do
fora uma estratégia articulada pelo rei. interior do país, constituindo núcleos de exploração de produtos tropicais, que seriam
comercializados na Europa.
(B) eles tinham como missão convencer o rei D. João VI a romper relações diplomáticas com
12. (Fatec) "Após o tratado, pelo regime de virtual privilégio do comércio britânico, ficou sendo o a Inglaterra, uma vez que este país tinha estabelecido o Bloqueio Continental, impedindo
seguinte o estado legal das relações mercantis no Brasil: livres, as mercadorias estrangeiras as relações comerciais entre França e Brasil.
que já tivessem pego direitos em Portugal, e bem assim os produtos da maior parte das (C) grande parte deles desembarcou no Rio de Janeiro estimulados por D. João VI, que tinha
colônias portuguesas; sujeitas à taxa de 24% 'ad valorem' as mercadorias estrangeiras como um dos seus grandes projetos trazer uma missão artística francesa, com o objetivo
diretamente transportadas em navios estrangeiros; sujeitas à taxa de 16% as mercadorias de constituir no Brasil uma base de desenvolvimento cultural.
portuguesas, e também as estrangeiras importadas sob pavilhão português; sujeitas à taxa de (D) todos esses franceses chegaram ao Brasil como refugiados políticos, uma vez que os
15% as mercadorias britânicas importadas sob pavilhão britânico, ou português." mesmos discordavam da política cultural do imperador Napoleão Bonaparte, que
perseguia os artistas contrários às suas determinações políticas.
(Lima, Oliveira - D. JOÃO VI NO BRASIL.)
(E) parte significativa da população francesa emigrou para o Brasil em razão dos intensos
O acontecimento histórico abordado no texto está diretamente relacionado com: combates ocorridos durante a Comuna de Paris, instalando-se principalmente nos Estados
do Maranhão e do Pará e trabalhando na extração da borracha.
(A) a abertura dos portos brasileiros às nações amigas, em 1808.
(B) o repúdio à manutenção do Pacto Colonial.
(C) o Tratado de Comércio e Navegação de 1810, celebrado entre Inglaterra e Portugal.
(D) o processo de emancipação política do Brasil, iniciado em 1810.

Curso Preparatório Cidade | Tópico 1.8 – A transferência da Corte portuguesa para o Brasil e seus efeitos 131
14. (Fei) O ato de D. João VI, proclamando a abertura dos portos do Brasil, na verdade garantia (E) II, III e V.
direitos preferenciais ao comércio inglês, que:

16. (Puccamp) (...) era o Leonardo Pataca. Chamavam assim a uma rotunda e gordíssima
(A) na época dependia economicamente de Portugal;
personagem de cabelos brancos e carão avermelhado, que era o decano da corporação, o mais
(B) estava prejudicado pelo bloqueio imposto por Napoleão Bonaparte;
antigo dos meirinhos(*) que viviam nesse tempo. (...) Fora Leonardo algibebe(**) em Lisboa,
(C) assegurava o desenvolvimento econômico da colônia;
sua pátria; aborreceu-se porém do negócio, e viera ao Brasil. Aqui chegando, não se sabe por
(D) pretendia favorecer os franceses, aliados tradicionais da Inglaterra;
proteção de quem, alcançou o emprego de que o vemos empossado, e que exercia, como
(E) era carente de produtos industriais e bom fornecedor de matérias primas.
dissemos, desde tempos remotos.

15. (Puccamp) Na limpidez transparente de um universo sem culpa, entrevemos o contorno de uma ( *) meirinho = funcionário da justiça.
terra sem males definitivos ou irremediáveis, regida por uma encantadora neutralidade moral.
Lá não se trabalha, não se passa necessidade, tudo se remedeia. Na sociedade parasitária e (**) algibebe = vendedor de roupas baratas; mascate.
indolente, que era a dos homens livres do Brasil de então, haveria muito disto, graças à
(Manuel Antonio de Almeida. "Memórias de um sargento de milícias. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e
brutalidade do trabalho escravo, que o autor elide junto com outras formas de violência. (...) Científicos, 1978, p. 6)
Por isso, tomamos com reserva a ideia de que as "Memórias de um sargento de milícias" são
um panorama documentário do Brasil joanino (...). Leonardo Pataca é uma personagem que viveu "nos tempos do rei" e obteve emprego por meio da
proteção de alguém, prática que integra a política exercida por D. João VI após 1808. São medidas
(Antonio Candido, Dialética da malandragem. "Memórias de um sargento de milícias")
tomadas durante a administração joanina:

Analise as afirmações sobre o período a que o texto se refere.


(A) a elevação do Brasil a Reino Unido a Portugal e Algarve e a decretação de Guerra ao
Paraguai.
I. A Coroa portuguesa suspendeu todas as concessões de futuras sesmarias, até o
(B) a Abertura dos Portos e o Tratado de Comércio e Navegação com a Inglaterra.
estabelecimento de um novo regime de propriedade legal da terra. Essas medidas
(C) a extinção do tráfico negreiro, imposta pela Inglaterra em 1810, e a criação do Banco do
favoreciam diretamente os interesses ingleses.
Brasil.
II. O governo português autorizou o livre-comércio entre o Brasil e as demais nações não
(D) a modernização da capital e o Golpe da Maioridade, que garantiu a sucessão de D. Pedro
aliadas da França; o imposto de importação a ser pago nas alfândegas brasileiras pelos
I ao trono.
produtos estrangeiros foi fixado em 24%; os produtos portugueses pagavam 16%.
(E) o saneamento dos gastos da Corte e o crescimento das exportações e do setor industrial.
III. Portugal, ao mesmo tempo que deu aos produtos ingleses tarifa preferencial de 15% no
Brasil, inferior a dos seus próprios artigos, comprometeu-se a limitar o tráfico de escravos.
IV. O governo foi responsável pela implantação de diversas academias e obras culturais no 17. Muitos franceses, principalmente professores, cientistas, arquitetos, escultores e pintores
Brasil e pela contratação de artistas e professores estrangeiros. vieram ao Brasil no século XIX a partir da instalação da Corte portuguesa no Rio de Janeiro.
V. Os acordos realizados com a Inglaterra impulsionaram a imigração européia para o Brasil, Pode-se explicar a presença desses franceses no país com o argumento de que:
deslocando o eixo econômico do Nordeste para a região Sudeste, no final do século XIX.
(A) a maioria deles chegou ao Brasil com o intuito de colonizar as regiões desabitadas do
É correto o que está afirmado SOMENTE em: interior do país, constituindo núcleos de exploração de produtos tropicais, que seriam
comercializados na Europa.
(A) I, II e IV. (B) eles tinham como missão convencer o rei D. João VI a romper relações diplomáticas com
(B) I, II e V. a Inglaterra, uma vez que este país tinha estabelecido o Bloqueio Continental, impedindo
(C) I, III e IV. as relações comerciais entre França e Brasil.
(D) II, III e IV.

132 Tópico 1.8 – A transferência da Corte portuguesa para o Brasil e seus efeitos | Curso Preparatório Cidade
(C) grande parte deles desembarcou no Rio de Janeiro estimulados por D. João VI, que tinha (D) Chegando ao Brasil, o monarca trabalhou muito para a ampliação da cidadania.
como um dos seus grandes projetos trazer uma missão artística francesa, com o objetivo (E) A política de terras foi imediatamente implementada e, em 1810, o Brasil realizava sua
de constituir no Brasil uma base de desenvolvimento cultural. primeira reforma agrária.
(D) todos esses franceses chegaram ao Brasil como refugiados políticos, uma vez que os
mesmos discordavam da política cultural do imperador Napoleão Bonaparte, que
20. (Uel) Leia os documentos a seguir.
perseguia os artistas contrários às suas determinações políticas.
(E) parte significativa da população francesa emigrou para o Brasil em razão dos intensos
"Sua Sagrada Majestade El-Rei de Portugal promete, tanto em seu próprio Nome, como no nome
combates ocorridos durante a Comuna de Paris, instalando-se principalmente nos Estados
de Seus Sucessores, admitir para sempre, de aqui em diante, no Reino de Portugal os panos de lã
do Maranhão e do Pará e trabalhando na extração da borracha.
e mais as fábricas de lanifício de Inglaterra, como era costume até os tempos em que foram
proibidos pelas leis, não obstante qualquer condição em contrário."
18. (Ufrs) Embora a independência política do Brasil tenha sido declarada somente em 1822, o
(Tratado de Methuen, entre Inglaterra e Portugal, em 1703. Disponível em:
início do processo de emancipação pode ser relacionado com uma conjuntura anterior, na qual <http://historiaaberta.com.sapo.pt//lib/doc002.htm.> Acesso em: 30 set. 2004.)
um acontecimento de grande impacto desencadeou as mudanças que levaram à separação
entre o Brasil e Portugal. Esse fato, que assinalou o final efetivo da situação colonial, foi: "Eu a rainha faço saber aos que este alvará virem [...] que sendo-me presente o grande número de
fábricas e manufaturas que [...] têm se difundido em diferentes capitanias do Brasil, com grave
(A) a Inconfidência Mineira, ocorrida em 1789, que introduziu no Brasil as ideias iluministas e prejuízo da cultura, e da lavoura, e da exploração das terras minerais naquele vasto continente;
republicanas, minando a monarquia portuguesa. porque havendo uma grande e conhecida falta de população, é evidente que, quanto mais se
(B) a Inconfidência Baiana, ocorrida em 1798, que introduziu no Brasil as ideias jacobinas e multiplicar o número de fabricantes, mais diminuirá o dos cultivadores; [...] hei por bem ordenar
revolucionárias, levando ao fim do domínio lusitano. que todas as fábricas, manufaturas ou teares [...] excetuando-se tão somente aqueles [...] em que
(C) a transferência da Corte para o Brasil em 1808, que significou a presença do aparato se tecem, ou manufaturam, fazendas grossas de algodão, que servem para o uso e vestuário de
estatal metropolitano na Colônia, a qual passou a ser a sede da Monarquia portuguesa. negros, para enfardar, para empacotar, [...]; todas as mais sejam extintas e abolidas por qualquer
(D) a Revolução Pernambucana de 1817, que trouxe para o cenário político brasileiro o parte em que se acharem em meus domínios do Brasil."
ideário maçônico e republicano.
(E) a convocação das Cortes de Lisboa em 1820, que exigiram o retorno de Dom João para (Alvará de Dona Maria I sobre a manufatura no Brasil, em 1785. Disponível em:
<http://www.webhistoria.com.br> Acesso em: 30 set. 2004.)
Portugal e a recolonização do Brasil.
(F) Chegaram à América portuguesa cientistas e viajantes estrangeiros, como o zoólogo Spix, Com base nos documentos, é correto afirmar:
o botânico Martius e o naturalista Saint-Hilaire, que percorreram o território realizando
inventários de comunidades, da geografia, da fauna e da flora. (A) Ao contrário da Inglaterra, a manufatura não se desenvolveu no Brasil devido à ausência
de vocação para a industrialização.
(B) As restrições da metrópole ao desenvolvimento manufatureiro no Brasil justificaram-se
19. (Udesc) O ano de 2008 assinala os duzentos anos da chegada da Família Real ao Brasil.
pela concorrência dos produtos ingleses, considerados de melhor qualidade.
Sobre isso assinale a alternativa CORRETA.
(C) No século XVIII, a Coroa portuguesa aumentou o controle sobre a Colônia enquanto
submeteu o seu reino aos interesses comerciais ingleses.
(A) A monarquia que chegava ao Brasil representava, em realidade, boa parte dos ideais da
(D) As medidas proibitivas dos portugueses contra as manufaturas da Colônia representaram
Revolução Francesa e do liberalismo europeu daquele período.
um afrouxamento no monopólio comercial, favorecendo os setores rurais.
(B) As motivações da vinda da Família Real para o Brasil estão relacionadas mais à realidade
(E) No século XVIII, Portugal e Inglaterra adotaram medidas conjuntas visando estimular a
européia do período do que à ideia de desenvolvimento de um Brasil monárquico e
produção e o comércio das manufaturas em suas respectivas colônias.
posteriormente independente de Portugal.
(C) Foi incentivada a manifestação pública de nossos problemas, seguindo as práticas liberais
e laicas da monarquia portuguesa.

Curso Preparatório Cidade | Tópico 1.8 – A transferência da Corte portuguesa para o Brasil e seus efeitos 133
EXERCÍCIOS DE PROVA Com base na análise, pode-se afirmar que:

(A) somente a I está correta.


01. (EsFCEx - 2001) Durante o primeiro quartel do século XIX, os fatos da História do Brasil (B) somente a II e a IV estão corretas.
demonstram claramente que: (C) somente a III e a IV estão corretas.
(D) a I, a II e a III estão corretas.
(A) a transmigração da Família Real para o Brasil não provocou consequências substanciais. (E) todas estão corretas.
(B) houve uma diminuição da influência inglesa na economia brasileira.
(C) a escravidão indígena e negra era adotada no Brasil, inclusive com legislação régia da
época. 04. (EsFCEx - 2004) Os cursos superiores leigos no Brasil começaram a ser implantados no período
(D) as fronteiras brasileiras mantiveram a mesma configuração que existia antes da de:
transmigração da Família Real para o Brasil.
(E) houve paz interna, sem ocorrência de qualquer movimento revolucionário. (A) D. João VI.
(B) D. Pedro I.
(C) Padre Feijó.
02. (EsFCEx - 2002) O desenvolvimento cultural da América Portuguesa e da América Espanhola, (D) Araújo Lima.
fez-se diferentemente durante a época colonial. Analise as afirmativas abaixo. (E) D. Pedro II.

I. Na América Espanhola, as universidades só surgiram no século XIX.


II. O número de graduados por universidades no Brasil era superior ao da América Espanhola. 05. (EsFCEx - 2005) O processo de emancipação política do Brasil teve ligação estreita com a
III. Os periódicos na América Colonial Portuguesa foram censurados pela Metrópole. transferência da Família Real portuguesa para a Colônia em 1808, pois esta:
IV. Só se estabeleceu a imprensa oficial no Brasil, no século XIX, com a transmigração da
Família Real. (A) introduziu pela primeira vez as ideias liberais na Colônia, incentivando várias rebeliões.
(B) reforçou os laços de dependência e monopólio do sistema colonial português com a
Com base na análise, assinale alternativa correta. assinatura dos tratados de 1810.
(C) incentivou as atividades mercantis dos brasileiros em detrimento dos interesses dos
(A) Somente I está correta. portugueses, grandes proprietários da lavoura canavieira.
(B) Somente II e IV estão corretas. (D) instalou no Brasil a estrutura do Estado português reforçando a autonomia da Colônia.
(C) Somente III e IV estão corretas. (E) proibiu que os portugueses e ingleses criassem manufaturas ou fábricas no Brasil para
(D) Somente I, II e III estão corretas. incentivar a industrialização nacional.
(E) Todas estão corretas.
06. (EsFCEx - 2005) A existência de governadores gerais no Brasil, estes que depois passaram ao
03. (EsFCEx - 2003) Analise as afirmativas abaixo sobre os últimos tempos da Era Colonial no título de vice-reis, sobreviveu até:
Brasil:
(A) 1808, quando a família Real se transferiu para o Brasil.
I. A ocupação de Portugal pela França precipitou a independência econômica do Brasil. (B) 1763, quando a sede do governo foi transferida para o Rio de Janeiro.
II. Nos últimos tempos da Colônia, os brasileiros haviam alcançado grande prestígio dentro da (C) 1572, quando o rei português resolveu dividir a administração da Colônia em dois
monarquia portuguesa. governos: Norte e Sul.
III. A vinda da corte portuguesa para o Brasil foi favorável ao nosso país. (D) 1580, quando o Brasil ficou subordinado à Coroa espanhola.
IV. O conceito brasileiro no exterior era de ser um território mais pobre e menos culto que (E) 1822, com o processo de Independência.
Portugal.

134 Tópico 1.8 – A transferência da Corte portuguesa para o Brasil e seus efeitos | Curso Preparatório Cidade
07. (EsFCEx - 2008) Sobre a vinda da família real e suas consequências é correto afirmar que:

(A) sua chegada ao Brasil retardou o processo de independência brasileira.


(B) inúmeras medidas tomadas por D. João visavam aferrar ainda mais os laços coloniais do
Brasil com Portugal.
(C) a Abertura dos Portos de 1808 beneficiou consideravelmente a Inglaterra.
(D) a presença da Corte no Brasil inibiu movimentos de contestação à ordem vigente.
(E) a ausência do aparelho burocrático estatal, deixado em Portugal, transformou o gabinete
de D. João em um gabinete composto somente por brasileiros.

08. (EsFCEx - 2012) A transferência da Corte portuguesa para o Brasil em 1808 teve efeitos
imediatos importantes no cenário do Império como um todo e no contexto particular da
colônia. Assinale a única opção que contém dois desses efeitos.

(A) O fim do exclusivo comercial – A extinção do tráfico de escravos.


(B) A independência da colônia ante a metrópole – As atividades da imprensa periódica.
(C) A mudança da capital colonial para o Rio de Janeiro – A extinção da escravidão.
(D) A extinção do tráfico de escravos – A independência da colônia ante a metrópole.
(E) A abertura do comércio para navios de bandeira não-portuguesa – A circulação dos
primeiros periódicos no território da América portuguesa.

Curso Preparatório Cidade | Tópico 1.8 – A transferência da Corte portuguesa para o Brasil e seus efeitos 135
Tópico 1.9 – A política expansionista de Dom João litígio com a assinatura do Tratado de Ultrecht, que estabeleceu o Rio
Oiapoque (ou Rio de Vicente Pinzón) como limite entre o território francês
e o português. Mas durante o século XVIII, a situação nunca foi tranqüila
Comentário naquela região, principalmente após a explosão da Revolução Francesa.
Mais tarde, com Portugal e França em lados opostos, D. João receou que
Caro estudante, Caiena se transformasse em base de apoio das forças napoleônicas. Por
isso, em maio de 1808 decidiu invadi-la, com apoio militar britânico (...)
A ação da política externa de D. João VI no Brasil refletiu bem as circunstâncias que o Caiena sucumbiu em 14 de janeiro de 1809 e ficou subordinada ao Grão-
trouxeram à colônia. Naquela conjuntura, França e Espanha, como consequência das Pará. Uma das vantagens da ocupação portuguesa foi o intercambio de
guerras napoleônicas, decidiram eliminar Portugal do mapa no início do século XIX. A plantas exóticas entre o Jardim Botânico de Caiena e os de Belém e do Rio
transferência da Família Real portuguesa para o Brasil já havia sido pensada de Janeiro.Após a queda de Napoleão, o Tratado de Paris (1814)
anteriormente e foi a forma encontrada para a manutenção do império lusitano. As determinou a devolução do território à França. D. João adiou o quanto
invasões promovidas por Napoleão no continente forçaram os portugueses a adotarem pode o cumprimento da decisão, alegando dúvidas na demarcação das
tal medida desesperadamente. fronteiras. Foi necessário um novo acordo diplomático, assinado em Paris
em 28 de agosto de 1817, para resolver o litígio. Cerca de três meses
A partir do Rio de Janeiro D.João VI determinou as invasões de Caiena e da Província depois, o Tratado de Viena confirmou a reintegração de Caiena à
Cisplatina - colônias francesa e espanhola respectivamente. Face ao contexto europeu soberania Francesa
Espanha e França foram retaliados pelos portugueses na América do sul.
(Equipe RHBN.Briga de Vizinhos.Revista de História da Biblioteca Nacional.Rio de Janeiro, número 55,p.25, abril.2010.)
Sobre a política externa de D.João VI no Brasil leia o texto a seguir. Bons estudos!

A POLÍTICA EXPANSIONISTA DE DOM JOÃO


Já a segunda ação militar teve maior importância. Aproveitando a ebulição emancipacionista que
agitava a Bacia Platina, D. João determinou a invasão da chamada Banda Oriental (atual Uruguai),
Figura 36: Desembarque em Caiena. que integrava o Vice-Reino do Prata.
No plano sul-americano, a política externa
do governo joanino empreendeu duas A monarquia portuguesa, durante o período de sua permanência no Rio de
ações militares. A primeira, como uma Janeiro, entre 1808 e 1821, tenta, em três momentos, conquistar o que
retaliação à invasão napoleônica de corresponde à atual República Oriental do Uruguai. A primeira tentativa,
Portugal, foi a ocupação da Guiana em 1808, tem, inicialmente, o apoio do príncipe regente D. João, e
Francesa por tropas portuguesas corresponde ao projeto de Carlota Joaquina em exercer a regência
transportadas em navios britânicos; espanhola a partir do Rio da Prata. No entanto, pela ação de Lorde
todavia, com a queda do imperador Strangford, representante britânico no Rio de Janeiro, e de D. Rodrigo de
francês, o território foi restituído ao novo Souza Coutinho, ministro de D. João, o plano de Carlota malogra.
rei, Luís XVIII.
Álvaro Martins.
Uma segunda tentativa expansionista lusa ocorre em 1811, mesmo ano
em que José Gervásio Artigas adere à Revolução de Maio, iniciada em
Buenos Aires, e que busca o rompimento com a Espanha. As tropas de D.
Pedra no sapato das autoridades lusitanas, a fronteira entre o Grão-Pará e
João invadem o território oriental sob a alegação de preservá-lo aos
Caiena, capital da Guiana Francesa, foi alvo de disputas com a França
Bourbon, casa real a qual Carlota pertence e, também, sob o argumento
desde o século XVII. Em 1713, as partes interessadas tentaram pôr fim ao
de que as perturbações no território oriental causavam turbulências na

136 Tópico 1.9 – A política expansionista de Dom João | Curso Preparatório Cidade
fronteira com o Rio Grande. No entanto, mais uma vez por pressão (E) o exemplo norte-americano e a influência iluminista não atingiam nossa realidade,
inglesa, D. João retira as suas tropas desse território em 1812. marcada por forte atraso intelectual.

Em 1816 ocorre a terceira tentativa expansionista lusa, que obtém êxito.


As tropas do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves são lideradas pelo 03. (Ufv) O desembarque da família real e da corte portuguesa, em 1808, não só marcou o início
então general Carlos Frederico Lecor e invadem o território oriental, de uma série de mudanças econômicas, políticas e administrativas como representou uma
conquistando Montevidéu em 20 de janeiro de 1817. etapa decisiva no processo de emancipação política da Colônia. Das alternativas abaixo,
assinale aquela que NÃO indica uma consequência da transferência da família real e da corte
portuguesa para a América.
Uma vez estabelecendo-se a conquista e o governo luso de Montevidéu,
permanece à frente desta empreitada o general Lecor, que administra o
(A) Ocupação da Guiana Francesa e da Província Cisplatina e sua incorporação ao Império
território oriental a partir de Montevidéu até 1825.
Português, como resultado da política externa agressiva adotada por D. João.
(B) Estabelecimento do Rio de Janeiro como sede do Império Português, que a partir de 1816
(FERREIRA,Fábio. A administração de Lecor e a Montevideo portuguesa – 1817-1822. Disponível em :
passou a se chamar Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves.
<http://www.revistatemalivre.com/lecor10.html> Acesso em: 26 fev. 2011.)
(C) Abertura dos portos da Colônia às nações aliadas de Portugal, como a Inglaterra, dando
início a uma fase de livre-comércio, ainda que com certas restrições.
EXERCÍCIOS (D) Revogação da lei que proibia a instalação de manufaturas na Colônia, o que provocou
maior dinamização da economia, apesar da forte concorrência dos produtos ingleses.
(E) Redução dos impostos e da emissão de papel-moeda, o que impediu a reedição de
01. (Fuvest) Durante o período em que a Corte esteve instalada no Rio de Janeiro, a Coroa movimentos de contestação ao domínio lusitano na América Portuguesa.
Portuguesa concentrou sua política externa na região do Prata, daí resultando:

04. (Cesgranrio) A transferência da corte portuguesa para o Brasil, em 1808, acelerou


(A) A constituição da Tríplice Aliança que levaria à Guerra do Paraguai.
transformações que favoreceram o processo de independência. Entre essas transformações,
(B) a incorporação da Banda Oriental ao Brasil, com o nome de Província Cisplatina.
podemos citar corretamente a(s):
(C) a formação das Províncias Unidas do Rio da Prata, com destaque para a Argentina.
(D) o fortalecimento das tendências republicanas no Rio Grande do Sul, dando origem à
(A) ampliação do território com a incorporação definitiva de Caiena e da Cisplatina.
Guerra dos Farrapos.
(B) implantação, na colônia, de vários órgãos estatais e de melhoramentos, como estradas.
(E) a coalizão contra Juan Manuel de Rosas que foi obrigado a abdicar de pretensões sobre
(C) redução da carga tributária sobre a colônia, favorecendo-lhe a expansão econômica.
Uruguai.
(D) política das Cortes portuguesas de apoio à autonomia colonial.
(E) restrições comerciais implantadas por interesse dos comerciantes portugueses.
02. (Mackenzie) No plano internacional, colaboraram para o processo de independência do Brasil:

(A) o desenvolvimento do capitalismo industrial, em prejuízo do mercantilista, e a política 05. (Puccamp) A transmigração da família real portuguesa para o Brasil em 1808, repercutiu de
napoleônica, resultando na transferência da Corte Portuguesa para o Brasil. forma significativa, no que se refere à participação do Brasil no mercado mundial, porque:
(B) a ideologia liberal que defendia restrições e monopólios, além de forte intervenção do
Estado na economia. (A) organizou-se uma legislação visando à contenção das importações de artigos supérfluos
(C) a tradicional dependência de Portugal em relação à França, já que desde o século XVII que naquela época começavam a abarrotar o porto do Rio de Janeiro.
estes países eram fortes aliados e parceiros econômicos. (B) o Ministério de D. João colocou em execução um projeto de cultivo e exportação do
(D) a política portuguesa liberal que garantia, após o retorno da Corte, todas as vantagens algodão visando a substituir a exportação norte-americana, prejudicada pela Guerra de
concedidas ao Brasil no período Joanino. Independência.

Curso Preparatório Cidade | Tópico 1.9 – A política expansionista de Dom João 137
(C) o tráfico de escravos negros para o Brasil foi extinto em troca do direito dos comerciantes (B) garantir a liberdade de comércio, ameaçada pela política de recolonização das Cortes de
portugueses abastecerem, com exclusividade, algumas das colônias Inglesas, como a Lisboa;
Guiana. (C) substituir a estrutura colonial de produção e desenvolver o mercado interno;
(D) o corpo diplomático joanino catalisou rebeliões na Província Cisplatina, favorecendo, (D) aproximar o país das repúblicas platinas e combater a Santa Aliança;
assim, a exportação de couro para a Europa. (E) integrar as camadas populares ao processo político e econômico.
(E) foi promulgada a Abertura dos Portos e realizados Tratados com a Inglaterra.
06. (MACKENZIE) Podem ser consideradas características do governo joanino no Brasil:
10. (FGV) A instalação da Corte portuguesa no Rio de Janeiro, em 1808, representou uma
(A) a assinatura de tratados que beneficiam a Inglaterra e o crescimento do comércio externo alternativa para um contexto de crise política na Metrópole e a possibilidade de implementar as
brasileiro devido à extinção do monopólio; bases para a formação de um império luso-brasileiro na América. Das alternativas abaixo,
(B) o desenvolvimento da indústria brasileira graças às altas taxas sobre os produtos assinale aquela que não diz respeito ao período joanino:
importados;
(C) a redução dos impostos e o controle do déficit em função da austera política econômica (A) Ocupação da Guiana Francesa e da Província Cisplatina e sua incorporação ao Império
praticada pelo governo; Português, como resultado da política externa agressiva adotada por D. João.
(D) o não envolvimento em questões externas sobretudo de caráter expansionista; (B) Abertura dos portos da Colônia às nações aliadas de Portugal, como a Inglaterra, dando
(E) a total independência econômica de Portugal com relação à Inglaterra em virtude de seu início a uma fase de livre-comércio.
acelerado desenvolvimento. (C) Ocorreu uma inversão da relação entre metrópole e colônia, já que a sede política do
império passava do centro para a periferia.
(D) Atendeu as exigências do comércio britânico que conseguiu isenções alfandegárias.
07. (UNIFENAS) Foram fatos importantes na política externa de D. João VI, no Brasil: (E) Ocorreu a Revolução Pernambucana de 1817, que defendia separatismo com governo
republicano e manutenção da escravidão.
(A) a invasão da Guiana Francesa e a anexação da Província Cisplatina;
(B) os tratados de Methuen e Madri;
(C) os diversos tratados de limites resolvendo as questões do Acre e do Amapá; 11. (FUND. CARLOS CHAGAS) O translado do governo português para o Brasil (1806) decorreu,
(D) a guerra contra a Inglaterra devido à questão Cisplatina; entre outros fatores:
(E) a questão Christie e a guerra contra o Uruguai.
(A) da ameaça de destruição da Monarquia em Portugal pela Espanha de Fernando VII;
(B) da fuga de D. João à Revolução Constitucionalista do Porto;
08. (FUND. CARLOS CHAGAS) O Tratado de Fontainebleau (1807) concorreu para determinar (C) da necessidade de manter a sobrevivência do Sistema Colonial;
indiretamente a "Inversão Brasileira" - período em que a Corte de Portugal esteve no Brasil (D) das imposições do Tratado de Methuen sobre Portugal;
(1808 - 1821) - pois, entre outras cláusulas, previa: (E) do conflito entre a Inglaterra e o expansionismo napoleônico.

(A) a extinção da Dinastia Bragantina, com o desmembramento de Portugal;


(B) a entrega do comércio externo de Portugal aos exportadores da Inglaterra; 12. (Fatec/SP — 1995) A abertura dos portos, realizada por D. João (1808), teve amplas
(C) a ocupação das colônias de Portugal por tropas sob o comando do general Junot; repercussões, pois na prática significou:
(D) a entrega do trono de Portugal a Paulina Bonaparte, irmã de Napoleão;
(E) o confisco dos bens dos cidadãos portugueses em favor do tesouro francês. (A) o aumento sensível das exportações sobre as importações, com a restauração da balança
de pagamentos.
(B) o estabelecimento de maiores laços comerciais com Lisboa, conforme o plano de Manuel
09. A maior razão brasileira para romper os laços com Portugal era: Nunes Viana, paulista de grande prestígio.
(C) manutenção da politica econômica mercantilista, segundo defendia José da Silva Lisboa.
(A) evitar a fragmentação do país, abalado por revoluções anteriores;

138 Tópico 1.9 – A política expansionista de Dom João | Curso Preparatório Cidade
(D) o rompimento do pacto colonial, iniciando em novo processo que culminou com a (B) contaram com a ativa participação de homens negros, pondo em risco a manutenção da
Independência. escravidão na região.
(E) a intensificação do processo de independência econômica do Brasil, em face da liberdade (C) dominaram Pernambuco e o norte da colônia, decretando o fim dos privilégios da
industrial. Companhia do Grão-Pará e Maranhão.
(D) propuseram a independência e a república, congregando proprietários, comerciantes e
pessoas das camadas populares.
13. A respeito da Revolução Pernambucana de 1817, considere as seguintes afirmativas:
(E) implantaram um governo de terror, ameaçando o direito dos pequenos proprietários à
livre exploração da terra.
I. Foi marcada por forte sentimento antilusitano, resultante do aumento dos Impostos e dos
grandes privilégios concedidos aos comerciantes portugueses.
II. Não contou com o apoio de religiosos e militares, tendo apenas a adesão dos demais 15. No Congresso de Viena, concluído em 1815, pouco antes da derrota de Napoleão em Waterloo,
segmentos da população, os soberanos europeus vitoriosos fixaram os destinos da Europa. Nessa reconstrução
III. Foi uma revolta sangrenta que durou mais de dois meses e deixou profundas marcas no geopolítica:
Nordeste, com os combates armados passando de Recife para o sertão, estendendo-se
também a Alagoas, Paraiba e Rio Grande do Norte. (A) a Inglaterra, lesada em posições estratégicas, perdeu definitivamente o domínio dos
IV. A revolta foi sufocada apenas dois anos depois por tropas aliadas, reunindo forças armadas mares para potências emergentes, como Espanha e Itália.
portuguesas, francesas e inglesas. (B) a nova carta político-territorial da Europa assegurou o equilíbrio entre as grandes
V. Propunha a República, com igualdade de direitos e a tolerância religiosa, mas não previa a potências ao reconhecer as aspirações nacionais.
abolição da escravidão. (C) a França, apesar da derrota, foi poupada, não perdendo seus territórios nem sendo
obrigada a pagar indenizações de guerra, em nome do equilíbrio europeu.
São verdadeiras apenas as afirmativas: (D) a Rússia abdicou de qualquer pretensão de tornar-se a potência dominante da Europa
oriental, enquanto a Áustria, que conquistou a Bélgica, perdeu seus domínios na Itália.
(A) I, III e V (E) o Brasil foi elevado à categoria de Reino Unido de Portugal e Algarves, o que permitiu a
(B) I, II e III permanência da família real no continente americano, sem perda do trono.
(C) I, IV e VI
(D) II, III e IV
16. Sobre as transformações político-sociais e econômicas ocorridas durante a permanência da
(E) II, III e V
Corte portuguesa no Brasil (1808-1821), estão corretas as afirmações a seguir, À EXCEÇÃO DE:

14. (FUVEST 2010) “Eis que uma revolução, proclamando um governo absolutamente (A) A vinda da família real para o Brasil transformou a colônia no principal centro das
independente da sujeição à corte do Rio de Janeiro, rebentou em Pernambuco, em março de decisões políticas e econômicas do Império português.
1817. É um assunto para o nosso ânimo tão pouco simpático que, se nos fora permitido (B) A abertura dos portos favoreceu os interesses dos proprietários rurais produtores de
[colocar] sobre ele um véu, o deixaríamos fora do quadro que nos propusemos tratar.” açúcar e algodão, uma vez que se viram livres do monopólio comercial.
(C) A permanência da Corte portuguesa no Rio de Janeiro satisfez os interesses dos
(F. A. Varnhagen. História geral do Brasil, 1854.) diferentes grupos sociais da colônia e trouxe benefícios para todas as regiões do Brasil.
(D) Durante o Período Joanino, organizaram-se novos órgãos e instituições, como o Banco do
O texto trata da Revolução pernambucana de 1817. Com relação a esse acontecimento é possível
Brasil e a Casa da Moeda.
afirmar que os insurgentes:
(E) Dentre as medidas que mudaram o perfil político-econômico da colônia, destacaram-se os
tratados de Aliança e Amizade e de Comércio e Navegação, que deram benefícios aos
(A) pretendiam a separação de Pernambuco do restante do reino, impondo a expulsão dos
ingleses.
portugueses desse território

Curso Preparatório Cidade | Tópico 1.9 – A política expansionista de Dom João 139
17. "Super Interessante", fev. 2002, p. 33. Esse mapa foi feito a partir da suposição de que, se a Cidadãos. Ajudai-os com [...] a vossa aplicação à agricultura, uma nação rica é uma nação
Família Real Portuguesa não tivesse vindo para o Brasil em 1808, o processo de independência poderosa. A Pátria é a nossa mãe comum, vós sois seus filhos, sois descendentes dos valorosos
brasileira teria sido diferente. O mapa permite a seguinte conclusão: Lusos, sois Portugueses, sois Americanos, sois Brasileiros, sois Pernambucanos." Proclamação
do Governo Provisório Revolucionário de Pernambuco, em 9 de março de 1817. Considerando-
(A) A divisão política da América Latina independe do rumo da história. se os princípios que fundamentam a Revolução Pernambucana de 1817, é INCORRETO afirmar
(B) Ao capitalismo industrial em expansão pouco importava a organização política dos que seus participantes:
Estados latino-americanos.
(C) A Corte portuguesa no Brasil foi capaz de manter a unidade territorial da colônia, (A) consideravam irrelevantes as questões tributárias e desigualdades existentes entre
submetendo-a ao regime monárquico. "Brasileiros", "Pernambucanos" e "Portugueses".
(D) A consciência nacional se forja exclusivamente a partir da unidade lingüística. (B) entendiam que a riqueza tornava uma nação poderosa, sendo a agricultura vista como
(E) As guerras napoleônicas difundiram o ideal monárquico-liberal entre as colônias luso- uma atividade econômica importante para a Pátria.
espanholas da América. (C) promoveram a constituição de um Governo Provisório em Pernambuco, em oposição ao
Governo Monárquico chefiado por D. João.
(D) reconheciam como identidades coletivas os "Pernambucanos", os "Portugueses" e os
18. (Fuvest) Podemos afirmar que tanto na Revolução Pernambucana de 1817, quanto na
"Brasileiros", defendendo que todos eles eram filhos da Pátria.
Confederação do Equador de 1824:

(A) o descontentamento com as barreiras econômicas vigentes foi decisivo para a eclosão dos EXERCÍCIOS DE PROVA
movimentos.
(B) os proprietários rurais e os comerciantes monopolistas estavam entre as principais
lideranças dos movimentos. NÃO CONSTAM EM PROVAS ANTERIORES QUESTÕES SOBRE ESSE TEMA.
(C) a proposta de uma república era acompanhada de um forte sentimento antilusitano.
(D) a abolição imediata da escravidão constituía-se numa de suas principais bandeiras.
(E) a luta armada ficou restrita ao espaço urbano de Recife, não se espalhando pelo interior.

19. O ato de D. João VI, proclamando a abertura dos portos do Brasil, na verdade garantia direitos
preferenciais ao comércio inglês, que:

(A) na época dependia economicamente de Portugal;


(B) estava prejudicado pelo bloqueio imposto por Napoleão Bonaparte;
(C) assegurava o desenvolvimento econômico da colônia;
(D) pretendia favorecer os franceses, aliados tradicionais da Inglaterra;
(E) era carente de produtos industriais e bom fornecedor de matérias primas.

20. Leia este trecho de documento: "Pernambucanos [...] o povo está contente, já não há distinção
entre Brasileiros, e europeus, todos se conhecem irmãos, descendentes da mesma origem [...]
Um governo provisório iluminado escolhido entre todas as ordens do Estado, preside a vossa
felicidade [...] Vós vereis consolidar-se a vossa fortuna, vós sereis livres do peso de enormes
tributos, que gravam sobre vós; o vosso, e nosso País [= Pernambuco] subirá ao ponto de
grandeza, que há muito o espera, e vós colhereis o fruto dos trabalhos e do zelo dos vossos

140 Tópico 1.9 – A política expansionista de Dom João | Curso Preparatório Cidade
Tópico 2.1 – As lutas pela independência AS LUTAS PELA INDEPENDÊNCIA

Comentário
Se no geral o governo de D. João VI (rei a partir de 1816, quando do falecimento de D. Maria I) foi
benéfico para o Brasil, em Portugal ele gerou fortes ressentimentos – sobretudo entre a burguesia,
Avancemos um pouco mais!
que desde 1808 perdera o lucrativo monopólio do comércio com o Brasil.
Nessa aula veremos como ocorreu o processo de Independência do Brasil em relação à
Além da crise econômica, Portugal sofrera com as invasões francesas (ao todo, foram três) e com
Portugal.
as lutas travadas principalmente por tropas britânicas para repeli-las. Adicionalmente, havia um
Pelo menos quatro momentos importantes marcaram o processo iniciado anos antes, sentimento de humilhação diante da Inversão Brasileira, que colocara o Brasil no topo do Reino
em 1808, com a transferência da Família Real portuguesa para o Brasil. Unido, tanto em termos administrativos como econômicos. Napoleão caíra definitivamente em
1815; mas D. João recusava-se a voltar para Portugal, o que abria a perspectiva de o Rio de
Naquela conjuntura o pacto colonial foi quebrado com a assinatura do Tratado de Janeiro se tornar a capital permanente da Monarquia Lusa.
Abertura dos Portos às Nações Amigas. O Brasil ganhou o direito de realizar comércio
com outras nações. Foi o fim do exclusivismo colonial. Aspecto estruturante do sistema Desde fins do século XVIII, as ideias liberais (isto é, antiabsolutistas) vinham penetrando em
colonial. Portugal. Essa ideologia ganhou maior espaço durante a ausência da Família Real, já que tanto
ingleses como franceses – cujas tropas disputavam o território português – representavam
O ano de 1815 também é considerado outro momento importante no processo de tendências contrárias ao Antigo Regime ainda vigente em Portugal: os britânicos, pelo fato de
"inversão brasileira". Gradativamente o Brasil ganhou importância dentro do conjunto adotarem a monarquia parlamentarista; os franceses, porque ainda personificavam o ímpeto de
do império português. Como consequência da reorganização europeia após as guerras sua Revolução, se bem que transmudado no centralismo napoleônico.
de Napoleão e a partir do Congresso de Viena (1815) o Brasil foi elevado à condição de
Reino Unido a Portugal e Algarves suplantando a própria metrópole. Após a expulsão dos invasores franceses, Portugal passou a ser administrado por um general
inglês, Beresford. D. João foi constrangido a nomeá-lo lugar-tenente (isto é, substituto imediato)
Em 1822 temos outro momento decisivo. Diante das ameaças de recolonização vindas do rei para o território português. Na prática, porém, Beresford atuava como administrador
de Portugal o jovem D. Pedro rompeu com as Cortes metropolitanas. Começava no absoluto, subordinado apenas formalmente à autoridade real. Uma humilhação a mais para os
Brasil o período que chamamos de Primeiro Reinado (1822-1831). portugueses.

Alguns historiadores argumentam que a independência brasileira só ocorreu, de fato, Em 24 de agosto de 1820, aproveitando a ausência de Beresford, que viajara para o Rio de
em 1831, após a abdicação de nosso primeiro monarca. Ou seja, após o fim do governo Janeiro, irrompeu na cidade do Porto uma Revolução liberal, conduzida pela burguesia mas com
de D.Pedro I. O Primeiro Reinado seria então parte do processo de transição para a forte participação popular. O movimento ganhou rapidamente o país e uma Junta Provisória de
independência posto que nos separamos de Portugal mas continuamos a ser governo convocou eleições para uma Assembleia Constituinte que poria fim ao absolutismo.
governados por um português.
No Brasil, as novas sobre a Revolução do Porto tiveram boa aceitação, tanto entre a aristocracia
Somente após a abdicação de D.Pedro I e o fim do Primeiro Reinado no Brasil é que os rural como entre os comerciantes portugueses aqui radicados. D. João VI, confrontado com uma
setores elitistas e conservadores puderam efetivamente governar o país. grande manifestação popular, jurou respeitar a Constituição que iria ser feita em Portugal; aceitou
ainda que as províncias brasileiras passassem a ser administradas por Juntas Provisórias formadas
Repare, estimado leitor, que a independência do Brasil é um processo que iniciou-se em por figuras locais preeminentes, enquanto não se promulgava uma Constituição para o Reino
1808 e durou até 1831. Unido.

Sobre o assunto leia o texto a seguir. Em janeiro de 1821, a Assembleia Constituinte foi instalada em Lisboa, com o nome de Cortes
(denominação de Assembleias que se reuniam em Portugal e Espanha desde a Idade Média; não
Bons estudos!

Curso Preparatório Cidade | Tópico 2.1 – As lutas pela independência 141


confundir com a Corte Portuguesa, que se encontrava no Rio de Janeiro). Deputados brasileiros Reflexos na Bahia - O levante se deu em 21 de fevereiro de 1821, pois era terra de espíritos
foram enviados para participar dos debates. exaltados, no verdor dos anos, como Cipriano José Barata de Almeida e José Lino Coutinho. Deram
início os quartéis. O Governador, conde da Palma, ordenou ao marechal Felisberto Caldeira Brant
Mas as Cortes de Lisboa tinham uma posição ambígua: eram indiscutivelmente liberais em relação Pontes, inspetor das tropas, reunir as tropas fiéis. Enfrentou os rebeldes com apenas 160 homens,
a Portugal; mas na atitude para com o Brasil eram reacionárias, pois tinham o projeto de pois a maior parte da tropa o abandonou.
recolonizá-lo, mediante a supressão do Reino Unido declarado em 1815. Para executar esse
projeto, porém, era necessário primeiro que o governo português se reinstalasse em Portugal. Não houve meio de os demover de constituir na Bahia uma Junta constitucional provisória, a
exemplo de Belém, pela qual se manifestasse completa obediência às Cortes de Lisboa, jurando-se
Como D. João VI não era mais absoluto e as Cortes representavam a máxima autoridade política do desde logo a Constituição. Palma cedeu, propondo ele mesmo os nomes das pessoas que
Reino Unido, não foi difícil pressioná-lo para voltar. Assim, em 24 de abril de 1821, o monarca formaram a Junta. E a Junta foi mais longe, dirigindo-se a Lisboa como se tal governo fosse já o
embarcou com sua família para Lisboa. Deixou no Rio de Janeiro, porém, com o título de príncipe- único legítimo da monarquia e pedindo tropa portuguesa. Foram-lhe mandados 1.184 homens, a
regente, seu filho e herdeiro D. Pedro, com 24 anos. E, ao se despedir, deu-lhe o célebre conselho: "Legião Constitucional Lusitana". A Junta nomeou ainda o marechal Luís Paulino de Oliveira Pinto
“Pedro, se o Brasil se separar de Portugal, toma a coroa para ti, antes que algum aventureiro lance de França para o cargo de Governador das armas, o coronel Inácio Luís Madeira de Melo para o de
mão dela.” inspetor das tropas, pois Caldeira Brant acompanhara Palma ao Rio.

Em 7 de setembro seguinte, com o grito do Ipiranga, o príncipe atendeu à recomendação do pai. Reflexos em Pernambuco - Luís do Rego Barreto tinha difícil situação desde a revolução de 1817
pois a terra ainda gemia com seu "depravado e estúrdio despotismo", como diz Rocha Pombo em
sua "História do Brasil". Animado com as mensagens de Lisboa e convite da Junta da Bahia, mas
temeroso de desaforos, conservou toda a plenitude de sua autoridade e dirigiu um manifesto ao
A INDEPENDÊNCIA DO BRASIL
povo, expondo as bases da Constituição que iria ser promulgada e convocando eleitores de todas
as paróquias. Os pernambucanos receberam suspeitosas, as promessas e votaram com
independência, elegendo as pessoas que lhes pareciam mais dignas - "quase todas pertenciam
A Revolução Liberal do Porto (1820)
mais ou menos ostensivamente aos vencidos de 1817". Foram os de Pernambuco os que primeiro
chegariam a Lisboa. O governador a 21 de agosto sofreu um atentado, e a pretexto de uma nova
O primeiro passo para a independência foi dado em Portugal. Depois da Revolução do Porto, em 24 conspiração republicana mandou prender quantos antigos patriotas se achassem em Recife e
de agosto de 1820, D. João VI não teve escolha senão voltar para seu país. A notícia da revolução embarcá-los para Lisboa - soltos quase ao desembarcar.
no Porto chegou ao Rio de Janeiro em 12 de outubro e produziu extraordinária sensação, abatendo
o ânimo do rei e de toda corte. A 29 de agosto de 1821 nomeou-se por aclamação uma Junta Provisional Temporária em Goiana,
para contrabalançar outra, do partido português, em Recife. Mesmo pedindo reforços da Paraíba,
Em Belém - A revolução foi fazendo seu caminho: já havia sido acolhida com entusiasmo na ilha da Rego Barreto foi cercado em sua capital, saiu vitorioso o povo patriota! O Governador assinou uma
Madeira e no arquipélago dos Açores quando a notícia chegou, no dia 1º de dezembro, a Belém do capitulação, a 5 de outubro, junto à povoação do Beberibe. A vitória dos pernambucanos ecoou
Pará. Como a província estava entregue a uma Junta interina, a circunstância facilitou o logo na vizinha Paraíba, onde a 25 de outubro foi eleita uma Junta Governativa para administrar a
pronunciamento de apoio entusiástico à causa constitucional. A bordo do mesmo navio que trouxe província em nome da Constituição portuguesa.
a notícia, a galera Nova Amazonas, chegou o estudante Filipe Patroni, desafrontado e ardente, que
"logo alcançou o concurso dos chefes militares, coronéis João Pereira Vilaça e Francisco José Reflexos no Maranhão - Ali governava deste 1819 o marechal Bernardo da Silveira Pinto da
Rodrigues Barata". Este último, no dia 1º de janeiro de 1821, em nome do povo e da tropa Fonseca. Não pode deixar de admitir a autoridade de um Conselho Consultivo, e conseguiu
proclamou a Constituição que iria ser elaborada pelas Cortes portuguesas". Elegeu-se por transformar em farsa a eleição da Junta, no dia 13 de abril, sendo ele próprio proclamado
aclamação uma Junta Constitucional provisória de nove membros, deu-se comunicação ao Rio, Governador provisório. Mandou a seguir deportar diversos patriotas, procedeu à eleição de dois
Patroni e Domingos Simões Cunha foram eleitos procuradores da província e encarregados de deputados às Cortes de Lisboa. Tinha triunfado o Governador, era terra muito atrasada. No dia 15
representar perante as Cortes e a Junta Suprema os interesses dos paraenses. de fevereiro de 1822 foi eleita uma Junta Provisória e o marechal embarcou de volta para Portugal.

142 Tópico 2.1 – As lutas pela independência | Curso Preparatório Cidade


A partida do rei - Podia, pois, considerar-se tanto em Portugal quanto no Brasil triunfante a Portugal; a obediência das províncias à Lisboa e não mais ao Rio de Janeiro; a extinção dos
revolução constitucionalista. Mas, muito longe achavam-se os liberais dos dois reinos de uma tribunais do Rio. O Príncipe Regente D. Pedro, começou a fazer preparativos para seu regresso.
perfeita unidade de vistas quanto à natureza do movimento! Mas estava gerada enorme inquietação. O partido brasileiro ficou alarmado com a recolonização e
com a possibilidade de uma explosão revolucionária.
Para não abandonar o Brasil, D. João VI deixou como regente o filho, D. Pedro de Alcântara, mais
tarde imperador como D. Pedro I. Se houvesse uma separação, era a maneira de garantir que a Segundo a historiadora Emília Viotti da Costa:
dinastia continuasse no poder.
(...) A série de medidas tomadas pelas Cortes tornou patente a nova
As divergências - Não se pode compreender o processo de independência sem pensar no projeto orientação assumida em relação ao Brasil, revelando as intenções de
recolonizador das Cortes portuguesas, a verdadeira origem da definição dos diversos grupos no restringir a autonomia administrativa da colônia, limitar a liberdade de
Brasil. Embora o rompimento político com Portugal fosse o desejo da maioria dos brasileiros, havia comércio, restabelecer monopólios e privilégios que os portugueses
muitas divergências. No movimento emancipacionista havia grupos sociais distintos: a aristocracia haviam usufruído anteriormente à transferência da Corte portuguesa para
rural do sudeste partido brasileiro, as camadas populares urbanas liberais radicais e por fim, a o Brasil(...) As decisões tomadas pelas Cortes repercutiram no Brasil como
aristocracia rural do norte e nordeste, que defendiam o federalismo e até o separatismo. uma declaração de guerra, provocando tumultos e manifestações de
desagrado(...) Os propósitos recolonizadores das Cortes tinham agravado
A aristocracia rural do sudeste, a mais poderosa, era conservadora, lutando pela independência, a tensão entre colônia e metrópole, pondo em risco a solução de
defendendo a unidade territorial, a escravidão e seus privilégios de classe. Os liberais radicais compromisso almejada pela maioria dos que compunham a classe
queriam a independência e a democratização da sociedade, mas seus chefes, Joaquim Gonçalves dominante no Brasil.
Ledo e José Clemente Pereira, permaneceram atrelados à aristocracia rural, sem revelar vocação
revolucionária. A aristocracia rural do norte e nordeste enfrentava a forte resistência dos (DA COSTA,Emília Viotti.Da Monarquia à República: momentos decisivos. São Palo:Unesp, 2007.p48)
comerciantes e militares portugueses, fortes no Pará, Maranhão e Bahia. Além disso, desconfiavam
da política centralizadora de José Bonifácio. A nova situação favoreceu a polarização: de um lado o partido português e do outro, o partido
brasileiro com os liberais radicais, que passaram a agir pela independência.
O partido português no Brasil chamado por vezes dos “pés de chumbo”, estava do lado das Cortes;
o partido brasileiro e os liberais radicais eram contra, mas divergiam quanto aos objetivos. Para o Na disputa contra os conservadores, os radicais cometeram o erro de reduzir a questão à luta pela
partido brasileiro, o ideal era a criação de uma monarquia dual (Brasil e Portugal) para preservar a influência sobre o Príncipe Regente. Era inevitável que este preferisse os conservadores. Ademais,
autonomia administrativa e a liberdade de comércio. Mas a intransigência das Cortes portuguesas, os conservadores encontraram em José Bonifácio um líder bem preparado para dar à
que nada tinham de liberais, fez o partido inclinar-se pela emancipação, sem alterar a ordem social independência a forma que convinha às camadas dominantes.
e os seus privilégios. Já os liberais radicais formavam agrupamento quase revolucionário, bem
perto das camadas populares urbanas, sendo alguns republicanos. No conjunto, tratava-se do
grupo mais receptivo às mudanças mais profundas e democráticas da sociedade.
O "Fico" e o "Cumpra-se"
A concretização das aspirações de cada um desses agrupamentos era distinta. Os grandes
proprietários rurais ligados ao partido dispunham dos meios efetivos para a realização de seus Sondado, o príncipe se mostrou receptivo. Foram enviados emissários a Minas e São Paulo para
objetivos. A ânsia por um comércio livre de entraves mercantilistas encontrava apoio em forças obter a adesão à causa emancipacionista, com resultados positivos. No Rio de Janeiro foi elaborada
internacionais, lideradas pela burguesia britânica. A sólida base econômica e social escravista uma representação (com coleta de assinaturas) em que se pedia a permanência de D. Pedro. O
garantia ainda os recursos materiais para resistir com êxito à provável ameaça recolonizadora de documento foi entregue a D. Pedro a 9 de janeiro de 1822 por José Clemente Pereira, presidente
Lisboa. do Senado da Câmara do Rio de Janeiro. Em resposta, o Príncipe Regente decidiu desobedecer às
ordens das Cortes e permanecer no Brasil: era o “Dia do Fico”.
A situação do Brasil permaneceu indefinida e 9 de dezembro de 1821, chegaram ao Rio de Janeiro
os decretos das Cortes que ordenavam a abolição da regência e o imediato retorno de D. Pedro a

Curso Preparatório Cidade | Tópico 2.1 – As lutas pela independência 143


A decisão do príncipe de desafiar as Cortes era produto de um amplo movimento, no qual se A Independência
destacou José Bonifácio de Andrada e Silva. Membro do governo provisório de São Paulo;
escrevera em 24 de dezembro de 1821 uma carta a D. Pedro, na qual criticava a decisão das No final de agosto, D. Pedro viajava para a província de São Paulo para acalmar a situação depois
Cortes de Lisboa e chamava a sua atenção para o papel reservado ao príncipe na crise. D. Pedro de uma rebelião contra José Bonifácio. Qual seria sua posição pessoal? Apesar de ter servido de
divulgou a carta, publicada na Gazeta do Rio de Janeiro de 8 de janeiro de 1822 com grande instrumento dos interesses da aristocracia rural, à qual convinha a solução monárquica para a
repercussão. Dez dias depois, havia chegado ao Rio uma comitiva paulista, integrada por José independência, não se deve desprezar seus interesses próprios. Tinha formação absolutista e por
Bonifácio, para entregar ao príncipe a representação paulista. No mesmo dia, D. Pedro nomeou isso se opusera à revolução do Porto, liberal. Da mesma forma, a política recolonizadora das Cortes
José Bonifácio ministro do Reino e dos Estrangeiros, cargo de forte significado simbólico: pela desagradou à opinião pública brasileira. E é nisso que se baseou a aliança entre D. Pedro e o
primeira vez o cargo era ocupado por um brasileiro. Os irmãos Andrada (José Bonifácio e seus «partido brasileiro». Assim, se a independência do Brasil pode ser vista, objetivamente, como obra
irmãos Antônio Carlos e Martim Francisco) tornaram-se figuras políticas de destaque nacional. da aristocracia rural, é preciso considerar que teve início como compromisso entre o
conservadorismo da aristocracia rural e o absolutismo do príncipe.
D. Pedro ganhou forte apoio popular com a decisão do Fico. Para resistir às ameaças de
recolonização, foi decretada, em 16 de fevereiro de 1822, a convocação de um Conselho de Ao voltar de Santos, parando às margens do riacho Ipiranga, D. Pedro de Alcântara recebeu as
Procuradores Gerais das Províncias do Brasil. Teoricamente, tinha por finalidade auxiliar o príncipe, ordens de seu pai para que voltasse para Portugal, se submetendo ao rei e às Cortes. Vieram
mas na prática tratava-se de manobra dos conservadores, liderados por José Bonifácio, contra os juntas duas cartas, uma de José Bonifácio, que aconselhava D. Pedro a romper com a metrópole, e
radicais, representados por Joaquim Gonçalves Ledo, um funcionário público para quem a a outra da esposa, Maria Leopoldina, apoiando a decisão do ministro. D. Pedro I, impelido pelas
preservação da unidade político-territorial do Brasil deveria ser feita através da convocação de uma circunstâncias, pronunciou as famosas palavras Independência ou Morte! rompendo os laços de
Assembleia Constituinte eleita pelo povo. O conselho foi convocado exatamente para evitar isso e união política com Portugal, a 7 de Setembro de 1822. Ao chegar à capital, Rio de Janeiro, foi
manter a unidade sob controle do poder central e dos conservadores. aclamado Imperador, com o título de D. Pedro I.

Em maio, a cisão entre D. Pedro e as Cortes aprofundou-se: o regente determinou que qualquer Culminava o longo processo de emancipação, iniciado em 1808 com a vinda da família real. A 12
decreto das Cortes só poderia ser executado mediante o « Cumpra-se » assinado por ele, o que de outubro de 1822, D. Pedro foi aclamado imperador e coroado em 1º de dezembro.
equivalia a conferir plena soberania ao Brasil. A medida teve imediato apoio. Quando dos festejos
pelo aniversário de D. João VI de Portugal, a 13 de Maio, o Senado da Câmara do Rio de Janeiro Apesar de ser heróica a história do rompimento com Portugal, a independência do Brasil teve
pediu ao Príncipe-Regente que aceitasse para si e para seus descendentes o título de "Defensor vários aspectos negativos. Na sua maioria, foi uma independência das elites, que ganharam mais
Perpétuo do Brasil". liberdade econômica e política. Coerentemente com as ideias da época, ao contrário do que
desejava José Bonifácio, por exemplo, a escravidão foi mantida.
Os liberais radicais mantinham-se ativos: por iniciativa de Gonçalves Ledo, uma representação foi
dirigida a D. Pedro para expor a conveniência de se convocar uma Assembleia Constituinte. O Segundo Emília Viotti da Costa:
príncipe decretou sua convocação em 13 de junho de 1822. A pressão popular levaria a
(...) Constituíram uma verdadeira oligarquia fazendo parte do Conselho de
convocação adiante.
Estado, Senado Câmara dos Deputados, exercendo funções de presidentes
José Bonifácio resistiu à ideia de convocar a Constituinte, mas foi obrigado a aceitá-la. Procurou de província e de ministros de Estado. Cônscios da distância que os
descaracterizá-la, propondo a eleição indireta, que acabou prevalecendo contra a vontade dos separava da grande maioria da população, empenhavam-se em manter a
liberais radicais, que defendiam a eleição direta. Embora os conservadores tenham obtido o ordem e em limitar as tendências democratizantes. Estavam também, na
controle da situação e o texto da convocação da Constituinte apresentasse declarações favoráveis à sua maioria, interessados na permanência da estrutura tradicional da
permanência da união entre Brasil e Portugal, as Cortes insistiam: o príncipe regente deveria produção baseada na grande propriedade, na escravidão, na exportação
retornar imediatamente. de produtos tropicais (...) Ficaram excluídos do poder as camadas
populares, uma vez que escravos e índios foram excluídos do conceito de
cidadão, tendo-se adotado ainda um sistema de eleição indireta,
recrutando-se os votantes segundo critérios censitários.
(DA COSTA,Emília Viotti.Da Monarquia à República: momentos decisivos. São Palo:Unesp, 2007, p.59-60)

144 Tópico 2.1 – As lutas pela independência | Curso Preparatório Cidade


As guerras da Independência Sobre os acontecimentos relacionados à Independência na província do Grão-Pará, Magda Ricci
ressalta que:

A independência do Brasil, depois disso, foi conquistada de um modo relativamente rápido. O apoio A província do Grão-Pará, só foi incorporada ao Império do Brasil em 23
da Inglaterra nessa independência foi crucial, usando sua diplomacia. O uso de mercenários de agosto de 1822. A elite da província mantinha estreitos vínculos
ingleses sufocando rebeldes e guerras foi decisivo. Depois disso, ela foi seguindo naturalmente. políticos, econômicos e até matrimoniais com Portugal. Os comerciantes
Inicialmente assustados com a ideia, os comerciantes e funcionários portugueses a aceitaram, já do Grão-Pará lucraram muito com a abertura dos portos, decretada no
que seus interesses seriam mantidos pelo fato de o imperador pertencer à dinastia de Bragança e ano anterior, e se empolgaram com a Revolução do Porto de 1820, em
ser herdeiro da Coroa Portuguesa. D. Pedro, agora Imperador Pedro I do Brasil, buscou retirar defesa de uma Constituição liberal, com a volta do rei para Portugal (...).
possíveis focos de resistência portuguesa dentro do território brasileiro. Encontrou ferrenha Nas ruas de Belém, aumentavam as divergências entre os brasileiros
oposição nas províncias do Piauí, Bahia e Pará, sem contar tropas portuguesas que ainda estavam nascidos na terra e aqueles tidos como “adotivos” – os portugueses
instaladas no Rio de Janeiro, e em outras cidades brasileiras. “enraizados” no Pará (...). Pedir a saída dos portugueses poderia soar
como uma reivindicação justa e afinada com a causa da Independência
Na Bahia, a independência foi difícil de se consolidar, ocorrendo depois da aclamação do brasileira. Mas clamar pela morte dos europeus era algo bem mais amplo
Imperador, D. Pedro I. e radical. Para o brigadeiro português José Maria de Moura, comandante
das Armas da província deposto coma Independência, a origem de tudo
Segundo Hendrik Kraay: estava na extrema insubordinação das tropas, sobretudo nas patentes
mais baixas, que, depois da adesão do Pará, passaram a hostilizar os
A Guerra de Independência na Bahia constitui-se de um sangrento
europeus enraizados ali. Ainda antes de outubro, alguns oficiais teriam
conflito ocorrido entre 19 a 21 de fevereiro quando o coronel Inácio Luís
tido a ousadia de ir até o presidente da Junta de governo exigir a expulsão
Madeira de Melo foi nomeado, em substituição de um coronel baiano para
de todos os oficiais portugueses das tropas do Pará. Este primeiro levante
o comando das tropas na região. A resistência que gerou os conflitos
fora sufocado, seus cabeças foram presos, mas logo libertados devido ao
culminou na derrota dos baianos pelos portugueses, que foram obrigados
clima político favorável à rebeldia patriótica brasileira. Isso teria
a fugir. Posteriormente, estes, articulados aos senhores de engenho do
aumentado a “ousadia” desses brasileiros que não queriam mais ser
recôncavo continuariam uma guerra contra os portugueses na região, na
governados, na política e nas milícias, por estrangeiros, especialmente
luta pela independência, a partir da organização do Exército Pacificador. A
portugueses e ingleses. Parece contraditório, pensar que esses “patriotas”
Bahia ainda jazia sobre o domínio português, após a aclamação de
radicais na verdade tinham como governante supremo um imperador
D.Pedro I, em 12 de outubro de 1822. O Imperador, em apoio à região,
português de nascimento. Mas é preciso lembrar que, em 1823, a noção
enviou reforço militar sob o comando de um oficial francês – Pedro
de pátria ainda não era bem definida por aqui. Os revoltosos, por sinal,
Labatut (1768-1849), auxiliado por forças da Paraíba e Pernambuco.
agiamem defesa de Pedro I, supondo que ele estaria sendo desrespeitado
Labatut, teve divergências com os senhores de engenho, pois o mesmo
pela Junta do Pará. Sua rebelião era contra os governantes paraenses de
propôs a alforria dos escravos que compusessem o Exército Pacificador. O
origem estrangeira (...)
brigadeiro José Joaquim de Lima e Silva, ao substituir o comandante
francês, posteriormente, reforçou a utilização da alforria para
(RICCI,Magda.Sangue ‘patriótico’.Revista de História da Biblioteca Nacional, Rio de
arregimentar mais negros em auxílio do Exército Pacificador. Os conflitos Janeiro,n.48, p.25-27,set. 2009 - adaptado)
se seguiram até 2 julho,sendo nesta data, que os baianos, ainda hoje,
comemoram a independência do Brasil, sobrepujando o próprio 7 de Na província do Piauí:
setembro.
Entre os vários episódios que os levaram à Independência, os piauienses
(KRAAY.Hendrik.Independência é liberdade.Revista de História da Biblioteca Nacional, Rio escolheram como símbolo maior da conquista um confronto do qual
de Janeiro,n.48, p.22-24,set. 2009 - adaptado) saíram derrotados. A sangrenta Batalha do Jenipapo ocorreu em 13 de

Curso Preparatório Cidade | Tópico 2.1 – As lutas pela independência 145


março de 1823. Tropas comandadas pelo major português Cunha Fidié EXERCÍCIOS
enfrentavam um exército improvisado de defensores da Independência às
margens do Rio Jenipapo, em Campo Maior. Munidos de armas simples, os
brasileiros foram massacrados. Vitoriosos, os soldados de Fidié deixaram 01. (Fuvest) Ao proclamarem a sua independência, as colônias espanholas da América optaram
a província rumo ao Maranhão, mas os piauienses, reforçados por pelo regime republicano, seguindo o modelo norte-americano. O Brasil optou pelo regime
cearenses, pernambucanos e maranhenses a favor da Independência, monárquico:
seguiram no seu encalço e finalmente os derrotaram na cidade de Caxias,
em 31 de julho. A rendição dos portugueses veio no dia seguinte. Mas o (A) pela grande popularidade desse sistema de governo entre os brasileiros.
que entrou para a História foi a brava resistência no Jenipapo. Quase dois (B) porque a República traria forçosamente a abolição da escravidão, como ocorrera quando
séculos se passaram, e o orgulho local em relação àquele feito está ainda da proclamação da independência dos Estados Unidos.
mais vivo do que nunca. No cenário da batalha, há 12 anos é realizada (C) como consequência do processo político desencadeado pela instalação da corte
uma representação teatral que a cada ano atrai mais gente. A data do portuguesa na colônia.
espetáculo não deixa dúvidas: para os piauienses, 13 de março é o dia de (D) pelo fascínio que a pompa e o luxo da corte monárquica exerciam sobre os colonos.
comemorar a Independência, e não 19 de outubro, quando foi (E) em oposição ao regime republicano português implantado pelas cortes.
oficialmente proclamada, em 1823, na vila de Parnaíba.
02. (Cesgranrio) A concretização da emancipação política do Brasil, em 1822, foi seguida de
(Equipe da RHBN.A batalha continua.Revista de História da Biblioteca Nacional, Rio de
divergências entre os diversos setores da sociedade, em torno do projeto constitucional,
Janeiro,n.48, p.31,set. 2009 - adaptado)
culminando com o fechamento da Assembleia Constituinte.

Assim, D. Pedro I contratou alguns militares europeus, a maioria de ingleses e franceses. Assinale a opção que relaciona corretamente os preceitos da Constituição Imperial com as
Comandados pelo marechal britânico Thomas Cochrane, os soldados brasileiros e mercenários características da sociedade brasileira:
contratados conseguiram retirar a resistência. Thomas Cochrane chegou a dissipar a resistência
maranhense com apenas um navio de guerra. (A) A autonomia das antigas Capitanias atendia aos interesses das oligarquias agrárias.
(B) O Poder Moderador conferia ao Imperador a proeminência sobre os demais Poderes.
Aclamado primeiro imperador do país a 12 de outubro de 1822, Dom Pedro I enfrentou a (C) A abolição do Padroado, por influência liberal, assegurou ampla liberdade religiosa.
resistência de tropas portuguesas. Ao vencê-las, em meados de 1823, consolidou sua liderança. (D) A abolição progressiva da escravidão, proposta de José Bonifácio, foi uma das principais
Seu primeiro grande ato político foi a convocação da Assembleia Constituinte, eleita no início de razões da oposição ao Imperador D. Pedro I.
1823. Foi também seu primeiro fracasso: dada a uma forte divergência entre os deputados e o (E) A introdução do sufrágio universal permitiu a participação política das camadas populares,
soberano, que exigia poder pessoal superior ao do Poder Legislativo e ao do Poder Judiciário, a provocando rebeliões em várias partes do país.
Assembleia foi dissolvida em novembro.

03. (Faap) O fuzilamento de Frei Caneca está ligado ao seguinte fato da História do Brasil:

(A) Inconfidência Mineira


(B) Confederação do Equador
(C) Revolta dos Canudos
(D) A Praieira
(E) Revolução Farroupilha

146 Tópico 2.1 – As lutas pela independência | Curso Preparatório Cidade


04. (Ufes) "Confederação do Equador: Manifesto Revolucionário 06. (Mackenzie) São fatores que levaram os E.U.A. a reconhecerem a independência do Brasil em
1824:
Brasileiros do Norte! Pedro de Alcântara, filho de D. João VI, rei de Portugal, a quem vós, após
uma estúpida condescendência com os Brasileiros do Sul, aclamastes vosso imperador, quer (A) Doutrina Monroe (América para os americanos) e os fortes interesses econômicos
descaradamente escravizar-vos. Que desaforado atrevimento de um europeu no Brasil. Acaso emergentes nos E.U.A.
pensará esse estrangeiro ingrato e sem costumes que tem algum direito à Coroa, por descender da (B) A aliança dos capitais ingleses e americanos interessados em explorar o mercado
casa de Bragança na Europa, de quem já somos independentes de fato e de direito? Não há delírio brasileiro e a crescente expansão do mercado da borracha.
igual (... )." (C) A indenização de 2 milhões de libras pagos pelo Brasil ao governo americano e a Doutrina
(Ulysses de Carvalho Brandão. A CONFEDERAÇÃO DO EQUADOR. Pernambuco: Publicações Truman.
Oficiais, 1924).
(D) A subordinação econômica à Inglaterra e o interesse de aliar-se ao governo constitucional
de D. João VI.
O texto dos Confederados de 1824 revela um momento de insatisfação política contra a:
(E) A identificação com a forma de governo adotada no Brasil e interesses coloniais comuns.

(A) extinção do Poder Legislativo pela Constituição de 1824 e sua substituição pelo Poder
Moderador. 07. (Mackenzie) "A nação independente continuaria subordinada à economia colonial,
(B) mudança do sistema eleitoral na Constituição de 1824, que vedava aos brasileiros o passando do domínio português à tutela britânica. A fachada liberal construída pela elite
direito de se candidatar ao Parlamento, o que só era possível aos portugueses. europeizada ocultava a miséria e a escravidão da maioria dos habitantes do país."
(C) atitude absolutista de D. Pedro I, ao dissolver a Constituinte de 1823 e outorgar uma
Constituição que conferia amplos poderes ao Imperador. (Emília V. da Costa)

(D) liberalização do sistema de mão-de-obra nas disposições constitucionais, por pressão do


A interpretação correta do texto anterior sobre a independência brasileira seria:
grupo português, que já não detinha o controle das grandes fazendas e da produção de
açúcar.
(A) a nossa independência caracterizou-se pelo processo revolucionário que rompeu
(E) restrição às vantagens do comércio do açúcar pelo reforço do monopólio português e
socialmente com o passado colonial.
aumento dos tributos contidos na Carta Constitucional.
(B) a preservação da ordem estabelecida, isto é, escravidão, latifúndio e privilégios políticos
da elite, seria garantida pelo novo governo republicano.
05. (Fuvest) O reconhecimento da independência brasileira por Portugal foi devido principalmente: (C) a rápida transformação da economia foi comandada pela elite política e econômica
interessada na superação da ordem colonial.
(A) à mediação da França e dos Estados Unidos e à atribuição do título de Imperador (D) o espírito liberal de nossas elites não impediu que estas mantivessem as estruturas
Perpétuo do Brasil a D.João VI. arcaicas da escravidão e do latifúndio, sendo a monarquia a garantia de tais privilégios.
(B) à mediação da Espanha e à renovação dos acordos comerciais de 1810 com a Inglaterra. (E) o rompimento com a dependência inglesa foi inevitável, já que após a independência o
(C) à mediação de Lord Strangford e ao fechamento das Cortes Portuguesas. governo passou a incentivar o mercado interno e a industrialização.
(D) à mediação da Inglaterra e à transferência para o Brasil de dívida em libras contraída por
Portugal no Reino Unido.
(E) à mediação da Santa Aliança e ao pagamento à Inglaterra de indenização pelas invasões
08. (Ufrs) Sobre o processo de emancipação política do Brasil em 1822, considere as afirmativas a
napoleônicas.
seguir.

I. Para a aristocracia brasileira era fundamental que o governo do Brasil emancipado


mantivesse o escravismo e as relações com a Inglaterra.
II. Pedro I negou publicamente sua disposição de indenizar Portugal pela separação, mas
assinou o compromisso que estabelecia o Tratado de Paz e Aliança.

Curso Preparatório Cidade | Tópico 2.1 – As lutas pela independência 147


III. O Tratado de Paz com Portugal manteve a Província Cisplatina sob controle português. I. O envio ao Brasil, de uma frota que bombardeou o Rio de Janeiro em 1823, sendo rechaçada a
seguir.
Quais estão corretas? II. A resistência, na Bahia, das tropas do Brigadeiro Madeira de Melo, até 1823.
III. A busca de apoio Militar Britânico, por parte de Portugal.
(A) Apenas I. IV. A dissolução da Constituinte de 1823 por D. Pedro, de origem portuguesa, e hostilizado pelos
(B) Apenas II. deputados.
(C) Apenas III. V. Resistência militar portuguesa no Maranhão, Pará, Piauí e Cisplatina.
(D) Apenas I e II.
(E) I, II e III. (A) I, III e IV.
(B) II, III e V.
(C) apenas I e III.
09. (Cesgranrio) Assinale a opção que apresenta um fato que caracterizou o processo de
(D) apenas II e V.
reconhecimento da Independência do Brasil pelas principais potências mundiais:
(E) apenas III e IV.

(A) Reconhecimento pioneiro dos Estados Unidos, impedindo a intervenção da força da Santa
Aliança no Brasil. 12. (Ufes) O banco que financiou a independência
(B) Reconhecimento imediato da Inglaterra, interessada exclusivamente no promissor
mercado brasileiro. O Rothschild é o mais antigo banco de investimentos do mundo [...]. Foram os Rothschild que
(C) Desconfiança dos brasileiros, reforçada após o falecimento de D. João VI, de que o deram o primeiro financiamento ao Brasil independente, em 1825.
reconhecimento reunificaria os dois reinos.
(D) Reação das potências européias às ligações privilegiadas com a Áustria, terra natal da "O Globo" - 21/9/98.

Imperatriz.
O texto refere-se à dívida externa do Brasil no Primeiro Reinado, contraída com banqueiros
(E) Expectativa das potências européias, que aguardavam o reconhecimento de Portugal, fiéis
ingleses, quase sempre com a casa Rothschild.
à política internacional traçada a partir do Congresso de Viena.
O Brasil começava sua história como país independente, acumulando dívidas com banqueiros
10. (Uece) Sobre a consolidação da Independência brasileira, é correto afirmar: internacionais, situação ligada, entre outras, à/ao:

(A) depois de algumas lutas no Sul, na Bahia e no Piauí e do pagamento de uma indenização (A) legislação que visava à contenção das importações de supérfluos, o que causava prejuízos
de 2 milhões de libras esterlinas, o governo português reconheceu a independência do aos comerciantes.
Brasil, em 1825. (B) redução do tráfico de escravos no Brasil, especialmente para o Nordeste, em troca do
(B) sob pressão da Inglaterra, que tinha interesses econômicos na independência, Portugal direito de os comerciantes brasileiros abasteceram com exclusividade algumas colônias
reconheceu imediatamente a autonomia do governo do Brasil. inglesas, fato que endividava o país.
(C) apesar da demora do governo português em reconhecer a independência, não houve (C) acordo sobre compensações, que previa o pagamento a Portugal de uma indenização em
lutas nem sublevações armadas que confrontassem portugueses e brasileiros. libras esterlinas em troca do reconhecimento da independência do Brasil.
(D) a independência brasileira obteve imediatamente o apoio de todas as grandes potências (D) rompimento de relações diplomáticas e comerciais com os Estados Unidos, que não
européias e dos EUA. concordaram com as taxas alfandegárias, medida que resultou na diminuição da receita
tributária do país.
(E) aumento do déficit público causado pelas despesas com a defesa das fronteiras
11. (Pucpr) Portugal resistiu à nossa Independência, procurando revertê-la, inclusive pela via das brasileiras, devido às rivalidades políticas com a França.
armas. Com respeito à oposição lusitana, quais das alternativas estão corretas?

148 Tópico 2.1 – As lutas pela independência | Curso Preparatório Cidade


13. (Ufrrj) SONETO (E) o início do governo de D. Pedro I com a expulsão de contingentes militares portugueses e
a afirmação de uma nacionalismo brasileiro.
(Feito quando fui solto em 1830)

14. (Ufc) A respeito da Independência do Brasil é correto afirmar que:


"Para quando, oh! Brasil, bem reservas
Numa cega apatia alucinado,
(A) implicou em transformações radicais da estrutura produtiva e da ordem social, sob o
Não vês teu solo aurífero ultrajado,
regime monárquico.
Por dragões infernais fúrias protervas?
(B) significou a instauração do sistema republicano de governo, como o dos outros países da
América Latina.
(...)
(C) trouxe consigo o fim do escravismo e a implementação do trabalho livre como única
forma de trabalho e o fim do domínio metropolitano.
Ainda não tens, Tamoio, povo bravo;
(D) implicou em autonomia política e em reformas moderadas na ordem social decorrentes do
Setas ervadas contra o lusitano
novo status político.
Que pretende fazer-te seu escravo?
(E) decorreu da luta palaciana entre João VI, Carlota Joaquina e Pedro I, que teve como
consequência imediata a abertura dos portos.
Eia! Dos lares teus, despe o engano
Quem nasceu no Brasil não sofre agravo,
E quem vê um Imperador, vê um tirano". 15. (Ufrn) Sobre a independência política do Brasil, Cáceres comenta:

Cipriano Barata A independência foi obra dos proprietários rurais e grandes comerciantes. Esses beneficiários da
sociedade colonial não pensaram na formação de uma nova sociedade, na abolição da escravidão e
(ln: CASCUDO, Luiz da Câmara. "Dr. Barata". Bahia, Imprensa Oficial do Estado, 1938. p.49.)
na promoção das camadas marginalizadas. O liberalismo, segundo a visão desses segmentos,
consistia em acabar com os últimos resquícios do sistema colonial, limitar o poder do imperador,
Vocabulário:
mas mantendo a forma monárquica de governo.
AGRAVO. Sm. Ofensa, injúria, afronta.
SETAS ERVADAS. Setas envenenadas. CÁCERES, Florival. História do Brasil. São Paulo: Moderna, 1995. p. 153.
PROTERVO [Adj.]. Impudente, insolente, descarado.
Essas ideias dominaram a Assembleia Constituinte. O projeto constitucional de 1823, por ela
Cipriano Barata teve ativa participação nos movimentos políticos brasileiros da primeira metade do elaborado, expressou fortemente os interesses das facções aristocráticas, uma vez que
século XIX, com um discurso libertário denunciando os arranjos políticos das elites sempre em
prejuízo da população desfavorecida. Os versos deste revolucionário brasileiro identificam um dos (A) instituía que o eleitor ou candidato aos cargos de deputado e senador teria que
momentos de crise política no Brasil Imperial, qual seja: comprovar elevada renda, proveniente, sobretudo, da atividade agrícola.
(B) estabelecia o exercício do poder moderador como atribuição exclusiva do imperador, que
(A) o enfraquecimento político de D. Pedro I, sua aproximação do "partido português" e a poderia interferir em decisões tomadas pelo Legislativo ou Judiciário.
repulsa dos brasileiros a este comportamento. (C) adotava diretrizes políticas que privilegiavam os proprietários de terras e de escravos e os
(B) a negativa dos setores conservadores em aceitar a decretação da maioridade de D. Pedro grandes comerciantes portugueses que tivessem renda em dinheiro.
II. (D) determinava a adoção do voto universal para os homens brancos, livres e cristãos, mas
(C) a contestação dos governos regenciais por movimentos armados nas províncias de norte impedia que mulheres, escravos e não-católicos se expressassem nas eleições.
a sul do Brasil.
(D) a expulsão dos Tamoios de suas terras pelos cafeicultores interessados na expansão de
sua atividade econômica.

Curso Preparatório Cidade | Tópico 2.1 – As lutas pela independência 149


16. (Pucmg) Sobre a independência do Brasil, é INCORRETO afirmar que: (D) da adesão de Gonçalves Ledo ao partido brasileiro, que defendia uma ampla autonomia
do nordeste brasileiro.
(A) resultou de um processo político comandado pelos grandes proprietários de terras. (E) de o anteprojeto constitucional - a Constituição da Mandioca - apontar para uma ordem
(B) girou em torno de D. Pedro I com o objetivo de garantir a unidade do país. administrativa igual à dos EUA.
(C) proporcionou mudanças radicais na estrutura de produção para beneficiar as elites.
(D) continuou a produção a atender às exigências do mercado internacional.
19. (Pucmg) O reconhecimento da nossa independência política enfrentou sérias dificuldades nas
negociações entre Brasil e Portugal, as quais só conseguiram ser sanadas com apoio da
17. (Unifesp) Realizada a emancipação política em 1822, o Estado no Brasil: Inglaterra, que exigiu em troca:

(A) surgiu pronto e acabado, em razão da continuidade dinástica, ao contrário do que ocorreu (A) a revogação do decreto de D. João VI que permitira a instalação de fábricas e
com os demais países da América do Sul. manufaturas no país desde 1808.
(B) sofreu uma prolongada e difícil etapa de consolidação, tal como ocorreu com os demais (B) a manutenção de tarifas alfandegárias preferenciais para os produtos portugueses nos
países da América do Sul. portos brasileiros.
(C) vivenciou, tal como ocorreu com o México, um longo período monárquico e uma curta (C) a renovação dos tratados de 1810 e a promessa brasileira de extinguir o tráfico negreiro
ocupação estrangeira. no prazo de três anos.
(D) desconheceu, ao contrário do que ocorreu com os Estados Unidos, guerras externas e (D) a abolição imediata da escravidão africana no Império sem a devida indenização à elite
conflitos internos. rural brasileira.
(E) adquiriu um espírito interior republicano muitosemelhante ao argentino, apesar da forma
exterior monárquica.
20. (G1) Considerando a permanência da Família Real no Brasil entre 1808 e 1821, é correto
afirmar, em relação ao processo de Independência do Brasil e à formação do Estado Nacional,
18. (Fgv) Iniciados os trabalhos da Constituinte [em maio de 1823], José Bonifácio procurou que:
articular em torno de si os propósitos dos setores conservadores, além de esvaziar radicais e
absolutistas. I. as elites econômicas e políticas pretendiam, mais que a emancipação política da metrópole
portuguesa, a extinção do sistema escravista brasileiro.
Na prática, José Bonifácio (...) procurou imprimir um projeto conciliador entre as pretensões II. foi o resultado de um arranjo político que perpetuou a monarquia, assim como os antigos
centralizadoras e os anseios das elites rurais. O papel do imperador deveria ser destacado dentro privilégios dos latifundiários escravocratas.
da organização do novo Estado, já que em torno de sua figura se construiria a unidade territorial III. as elites brasileiras, sobretudo do Nordeste, e próprio príncipe regente, buscaram o apoio
do novo país. das camadas médias urbanas e das camadas pobres rurais para legitimar a emancipação
política de Portugal.
(Rubim Santos Leão de Aquino et alli, "Sociedade brasileira: uma história através dos movimentos sociais")

Analise as proposições anteriores e assinale:


No momento em que os trabalhos constituintes eram iniciados, a manutenção da unidade territorial
do Brasil corria riscos em virtude:
(A) se apenas a proposição I estiver correta.
(B) se apenas a proposição II estiver correta.
(A) da ocupação exercida por forças militares portuguesas na Bahia, no Pará e na província
(C) se apenas a proposição III estiver correta.
Cisplatina.
(D) se as proposições I e II estiverem corretas.
(B) das pressões inglesas para que as regiões próximas da bacia amazônica fossem
(E) se as proposições II e III estiverem corretas.
separadas do Brasil.
(C) da Revolta dos Farrapos, que lutava pela emancipação das províncias do Rio Grande do
Sul e de Santa Catarina.

150 Tópico 2.1 – As lutas pela independência | Curso Preparatório Cidade


EXERCÍCIOS DE PROVA (E) se verificou a permanência da mesma cultura política vivenciada na colônia.

01. (EsFCEx-2001) Sobre os benefícios do Primeiro Reinado para o Brasil, analise as afirmativas 04. (EsFCEx-2002)
abaixo:
LEGENDA

I. Neste período se manteve intacto todo o território do Brasil Português que se tornara
1- REPÚBLICA DA BAHIA
independente.
2- REPÚBLICA DE PERNAMBUCO
II. O Brasil adquiriu organização administrativa, militar e judiciária.
3- REPÚBLICA DO MARANHÃO
III. As leis penais foram reformuladas, instituindo-se o primeiro Código Criminal Brasileiro.
4- GUIANA FRANCESA
IV. As províncias brasileiras passaram a ser presididas por pessoas eleitas localmente.
5- SURINAME
6- REPÚBLICA DO GRÃO PARÁ
Com base na análise, assinale a alternativa correta.
7- GUIANA
8- VENEZUELA
Escolher uma resposta.
9- COLÔMBIA
10- EQUADOR
(A) Somente I está correta.
11- PERU
(B) Somente II e IV estão corretas.
12- BOLÍVIA
(C) Somente III e IV estão corretas.
13- PARAGUAI
(D) Somente I, II e III estão corretas.
14- REPÚBLICA DO RIO DE JANEIRO
(E) Todas estão corretas.
15- REPÚBLICA DO PRATA
16- ARGENTINA
02. (EsFCEx-2001) A ideia do estabelecimento de uma monarquia dual, uma espécie de Federação 17- CHILE
Luso-Brasileira, era parte do ideário de uma corrente da: 18- REPÚBLICA DE STA. CATARINA

Escolher uma resposta.


A revista Super-Interessante da Editora Abril, nº 173, de fevereiro de 2002, publicou o Mapa acima
(A) Aclamação de Amador Bueno de como seria a América do Sul, com o território brasileiro fracionado, isto não aconteceu graças à
(B) Independência do Brasil (aos):
(C) Inconfidência Mineira
(D) Confederação do Equador (A) Revolução de 1817 e a Confederação do Equador.
(E) Revolução dos Alfaiates (B) Transmigração da Família Real e a Regência de D. Pedro.
(C) Movimentos nativistas e os movimentos libertários.
(D) Guerra Farroupilha e as Regências Una.
03. (EsFCEx - 2013) Quando tratamos da Independência do Brasil e da formação do Império (E) Revolução dos Tenentes e de 1930.
brasileiro, é correto afirmar que:

(A) ocorreu um processo de continuidade e também de ruptura entre colônia e metrópole. 05. (EsFCEx-2003) Uma das características da Guerra da Cisplatina foi a:
(B) o ano de 1822 foi o marco decisivo para a formação nacional.
(C) ocorreu a inauguração de valores e costumes muito diferentes dos portugueses. (A) Província da Cisplatina receber o mesmo tratamento das demais províncias.
(D) houve a permanência do mesmo linguajar político utilizado na colônia. (B) neutralidade da Argentina em relação ao conflito.

Curso Preparatório Cidade | Tópico 2.1 – As lutas pela independência 151


(C) não existência de apoio popular brasileiro à guerra.
(D) omissão do Imperador brasileiro em relação ao conflito.
(E) campanha curta e simples do conflito.

06. (EsFCEx-2003) Pode-se afirmar que a Independência do Brasil foi obra dos:

(A) positivistas.
(B) agnósticos.
(C) Reacionários.
(D) tomistas
(E) maçons.

152 Tópico 2.1 – As lutas pela independência | Curso Preparatório Cidade


Tópico 2.2 – A independência do Brasil e o Primeiro Reinado complicado e tumultuado Período Regencial Brasileiro (1831-1840). Sobre o assunto,
leia o texto a seguir.

Comentário Bons estudos!

O breve Primeiro Reinado no Brasil pode ser dividido em duas fases bem distintas.
A INDEPENDÊNCIA DO BRASIL E O PRIMEIRO REINADO
A primeira corresponde ao período de 1822 à 1824: D. Pedro I buscou o
reconhecimento internacional da nossa independência, combateu rebeliões no nordeste
e impôs o primeiro texto constitucional do país numa demonstração de força e A Confederação do Equador (1824) e Guerra da Cisplatina (1825-1828)
inabilidade política.

De 1824 até 1831 temos o plano inclinado do Primeiro Reinado. As forças políticas das províncias do Nordeste, lideradas por Pernambuco, se rebelaram contra a
Constituição, pois esta dava muitos poderes ao Soberano. Tal movimento desdobrou-se na
Logo na feitura da primeira constituição brasileira, D. Pedro I enfrentou os interesses
proclamação da chamada Confederação do Equador em 2 de julho de 1824. Sua proposta consistia
das elites brasileiras reunidas no parlamento. Isto se tornou um problema político cada
na criação na junção das províncias do nordeste – Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, cogitando-
vez mais difícil de ser contornado pelo monarca.
se, posteriormente, a inclusão de Ceará e Pará. Todas estas regiões se organizariam através de
regimes políticos republicanos reunidos por meio de uma federação. O movimento foi reprimido
Somado às questões políticas, o Brasil enfrentou sérias dificuldades financeiras naquele
com extrema violência pelas tropas imperiais, demonstrando um governo absolutista.
período.
A dissolução da Constituinte de 1823 e a outorga da carta constitucional
Dívidas foram feitas na ocasião do reconhecimento de nossa independência; custos
de 1824 pelo imperador desencadeariam ressentimentos até então
com a montagem do nascente estado brasileiro; novas dívidas para contratação de
refreados. A oposição viria violenta, principalmente de parte das
mercenários nas lutas contra a Confederação do Equador; guerra no sul (Cisplatina) e
províncias do Norte e Nordeste onde se avolumavam os
declínio das exportações. Tudo isso configurava um cenário de difícil administração
descontentamentos diante da centralização imposta pelo governo que
para D. Pedro I.
pareceria beneficiar apenas as províncias do Rio de Janeiro e regiões
Em 1826, com a morte de seu pai, D. João VI, a crise agravou-se ainda mais. O risco da vizinhas. (...) As reivindicações federalistas seriam temas constantes nas
recolonização voltou à tona visto que o trono de Portugal pertencia a D. Pedro I em revoltas então ocorridas. Um dos mais expressivos porta-vozes dessa
linhagem direta e a única forma de assumi-lo seria unificando as coroas brasileira e oposição foi Frei Caneca, antigo revolucionário de 1817 envolvido
portuguesa. Dom Miguel, irmão de Pedro, usurpou o trono português trazendo para o novamente na chamada Confederação do Equador. Argumentaria ele no
Brasil complicações da política sucessória portuguesa. Typhis Perambucano que o Brasil tinha todas as condições para formar um
estado federativo: a grandeza de seu território, a diversidade de suas
A insatisfação popular era enorme e logo atingiu as tropas militares insatisfeitas com riquezas e a variedade dos seus habitantes. Além da federação, pregava
as derrotas no sul durante a campanha da Cisplatina. em seus escritos a defesa da autonomia conquistada, a resistência às
arbitrariedades do governo, reivindicando ainda a imprensa livre,
A oposição da imprensa também foi um grave problema para o monarca. A morte de condenando a vitaliciedade do Senado, a criação de uma nobreza
Libero Badaró, ferrenho crítico do governo, trouxe mais lenha pra fogueira... “opressora dos povos”, a concessão ao executivo do direito de veto
absoluto, bem como a iniciativa de leis. Criticava ainda, no texto da carta
Em 07 de Abril de 1831 D. Pedro I decidiu abdicar. O trono brasileiro estava vago. Seu outorgada, a instituição do Poder Moderador. Este parecia-lhe uma
filho com apenas cinco anos de idade não pode assumir imediatamente. Era o início do “invenção maquiavélica”, “chave mestra da opressão”. Os Conselhos

Curso Preparatório Cidade | Tópico 2.2 – A independência do Brasil e o Primeiro Reinado 153
Provinciais que também haviam sido criados pela Carta, com o objetivo de Um dos mais graves problemas do Primeiro Reinado foi a Guerra da Cisplatina, quando uruguaios
gerir as províncias, pareciam-lhes “meros fantasmas para iludir os povos”. apoiados pelo governo argentino ocuparam toda a Província Cisplatina e um governo provisório
Negava, enfim, ao imperador, o direito de outorgar uma Carta, usurpando uruguaio decidiu a incorporação da Cisplatina à Republica das Províncias Unidas do Rio da Prata.
aos povos o direito de expressar sua vontade soberana através de seus
representantes na Constituinte. (...) Nas críticas e propostas de Frei Os problemas se agravaram a partir de 1825, com o envolvimento do Brasil na guerra da
Caneca estavam contidos os principais temas liberais que agitaram o Cisplatina, onde terminou derrotado. A perda da província, que se tornou independente com o
Primeiro Reinado e os primeiros anos da Regência. Em nome dessas idéias nome de República Oriental do Uruguai, em 1828, teve como consequência, uma crise econômica
sublevaram-se grupos em Pernambuco, Ceará e em algumas localidades oriunda dos gastos que a guerra gerou.
da Paraíba, Rio Grande do Norte e Alagoas, reunidos no que se chamou a
“Confederação do Equador”. A repressão veio impiedosa e rápida. Os Internamente, a guerra provocou o temido e impopular recrutamento da
cabeças do movimento, entre eles Frei Caneca, foram executados. população através de métodos de pura força. O rei decidiu contratar
tropas no exterior para completar as fileiras do exército. A maioria dessas
COSTA,Emília Viotti da. Da monarquia à república: momentos decisivos. São Paulo: tropas era formada por pessoas pobres, que nada tinham de militares
brasiliense, 1987, p.129-130. profissionais e que se inscreveram na Europa com a perspectiva de se
tornarem pequenos proprietários no Brasil. Como seria de esperar, em
Apesar de seu conteúdo nacionalista, diríamos melhor antilusitano, a nada contribuíram para fazer a guerra em favor do Império. Para piorar as
rebelião contou com a presença de vários estrangeiros. Dentre eles, coisas, algumas centenas de mercenários alemães e irlandeses, que
destacou-se a figura de um liberal português, filho de polonês, chamado faziam parte dessas tropas, se amotinaram no Rio de Janeiro em julho de
João Guilherme Rarcliff (...) A Confederação do Equador não teve 1828. A situação se tornou muito grave e o governo viu-se forçado à
condições de se enraizar e de resistir militarmente às tropoas do governo, humilhante proteção de navios ingleses e franceses.
sendo derrotada nas várias províncias do Nordeste, até terminar por
completo em novembro de 1824. A punição dos revolucionários foi além
(FAUSTO,Boris.História do Brasil.São Paulo: Edusp, 1997, p.155.)
das expectativas. Um tribunal manipulado pelo imperador condenou à
morte, entre outros, Frei Caneca, Ratcliff e o major de pretos Agostinho Abdicação do trono português
Bezerra Cavalcanti. Os próprios adversários, entre eles comerciantes
portugueses, enviaram ao rei pedidos de clemência em favor do último,
Seguindo a política da Constituição portuguesa de então, e aproveitando-se da fragilidade do Brasil
que evitara excessos de mortes. Mas não foram ouvidos. Levado à forca,
após a Guerra da Cisplatina, D. João VI e a ala absolutista de seu ministério procuram reaver o
Frei Caneca acabou sendo fuzilado diante da recusa do carrasco em
território brasileiro em meados de 1825. Na iminência de uma guerra, D. João VI decide por
realizar o enforcamento (...) As marcas da revolução de 1824 não se
nomear Pedro seu sucessor em Portugal, ignorando a deserção que ele mesmo impôs ao filho
apagariam facilmente. De fato, ela pode ser vista como parte de uma série
devido à sua rebeldia e aos acontecimentos de 1822 -- negociação essa, acompanhada à distância
de rebeliões e revoltas ocorridas em Pernambuco entre 1817 e 1848, que
pelo governo inglês. Habilmente, Pedro I aceita a proposta e retorna a Portugal para finalmente
fizeram da província um centro irradiador de muitas insatisfações do
sagrar-se Pedro IV de Portugal em maio de 1826, após a abdicação de seu pai. Contudo, vista a
Nordeste.
Constituição brasileira recém-aprovada, era proibido o Imperador brasileiro deter paralelamente o
título de regente de Portugal. Assim, apenas um mês depois de coroado rei português, Pedro
(FAUSTO,Boris.História do Brasil.São Paulo: Edusp, 1997, p.153-154.)
abdica ao trono, todavia garantido a sucessão à sua primogênita, D. Maria II, que
Apesar da Constituição de 1824 determinar que o regime vigente fosse liberal, D. Pedro I impunha momentaneamente não assumiria devido à sua idade, e entregando a regência do reino português
sua vontade com firmeza, gerando um crescente conflito com os liberais que começaram a a D. Miguel I. Pedro retorna ao Brasil, onde enfrentaria uma conjuntura política cada vez mais
identificá-lo como um governante ditatorial e autoritário. desfavorável a si.

Entretanto, D. Miguel, irmão de D. Pedro I, fez-se proclamar rei em lugar da filha do imperador
brasileiro. Todos esses problemas, que ocasionaram uma sucessiva substituição de ministérios,

154 Tópico 2.2 – A independência do Brasil e o Primeiro Reinado | Curso Preparatório Cidade
criaram uma grande hostilidade em relação a D. Pedro I, com manifestações como a Noite das Numa tentativa de conciliar novamente o seu governo com a opinião pública, D. Pedro I nomeou
Garrafadas – violentas lutas de rua entre brasileiros e portugueses em 13 e 14 de março de 1831. um novo ministério com pessoas aceitas pelos Liberais. Porém, a oposição não aceitou a manobra,
Assim em 7 de abril, depois de uma grande manifestação popular no Rio de Janeiro, ocorria a e continuou a pressioná-lo. O ministério assim formado foi destituído e constituído um novo com
abdicação de D. Pedro I e o trono brasileiro passava a seu filho de cinco anos, Pedro de Alcântara. portugueses de tendências absolutistas. Os soldados brasileiros aquartelados no bairro de São
Cristóvão e o povo reagiram formando uma oposição implacável, culminando com o cerco ao
A opinião pública começou a reagir contra o Imperador, entre outras razões, com a morte de D. palácio imperial pela população. Não houve resistência, pois poderia ocasionar uma guerra civil.
João VI (1826), sendo D. Pedro I o legítimo herdeiro do trono português. Após a morte do pai,
Pedro envolveu-se crescentemente na questão sucessória em Portugal. Para os portugueses, era o Revoltados, os portugueses instalados no Rio de Janeiro promoveram uma manifestação pública
herdeiro da Coroa. Para os brasileiros, o imperador não deveria ter vínculos com a antiga em desagravo que desencadeou a retaliação dos setores antilusitanos, havendo tumultos e
metrópole pois, ao proclamar a Independência, havia renunciado à herança lusitana. Depois de conflitos de rua. Irado, o imperador prometeu castigos mas lhe faltava sustentação política.
muita discussão, o imperador formalizou sua renúncia e abdicou do trono de Portugal em favor de
sua filha mais velha, Maria da Glória. A 7 de Abril de 1831, D. Pedro I renunciou ao Império, deixando o país nas mãos de seu
primogênito, Pedro II, que na época tinha 5 anos. No mesmo dia, embarcou a bordo do [Warspite],
Apesar de ter renunciado ao trono de Portugal em favor da filha, a oposição liberal brasileira de onde nomeou José Bonifácio de Andrada e Silva como tutor de seus filhos menores, e seguiu
continuou pressionando-o, principalmente diante do envolvimento do imperador, no plano externo, para Portugal.
com os problemas advindos dessa sucessão. A situação agravou-se, no plano externo, com a perda
da Província Cisplatina (1828). No fim da década de 1820, a oposição crescia. Pedro I faleceu em Sintra em 1834, depois de ainda ter participado das Guerras Liberais
portuguesas, onde lutou a favor de sua filha, D. Maria II, cujo trono português fora usurpado por
No plano interno, o imperador passou a enfrentar diversos problemas, tais como as dificuldades seu tio, D. Miguel I, o qual havia sido indicado regente português anteriormente.
financeiras advindas da falência do primeiro Banco do Brasil (1829 e a inflação ocasionada pela
elevação dos preços dos alimentos, a situação familiar do Imperador após o falecimento de sua
primeira esposa, Imperatriz Dª. Maria Leopoldina (1826), diante do envolvimento com a sua EXERCÍCIOS
amante a Marquesa de Santos, o assassinato do jornalista Líbero Badaró em São Paulo (1830),
executado por policiais ligados ao Império (Dom Pedro foi responsabilizado pela morte), e o 01. (Mackenzie) O episódio conhecido como "A Noite das Garrafadas", briga entre portugueses e
constante apoio pedido pelo governante aos burocratas e militares do setor português, gerando brasileiros, relaciona-se com:
conflitos entre portugueses e brasileiros.
(A) a promulgação da Constituição da Mandioca pela Assembleia Constituinte.
D. Pedro I procurou então apoio nos setores portugueses que instalara no Brasil na burocracia civil- (B) a instituição da Tarifa Alves Branco, que aumentava as taxas de alfândega, acirrando
militar e no comércio das principais cidades. Com sua imagem cada vez mais desgastada perante a as disputas entre portugueses e brasileiros.
opinião pública brasileira, as manifestações de protesto eram reprimidas com violência. (C) o descontentamento da população do Rio de Janeiro contra as medidas saneadoras
de Oswaldo Cruz.
(D) a manifestação dos brasileiros contra os portugueses ligados à sociedade "Colunas
do Trono" que apoiavam Dom Pedro I.
Abdicação do trono brasileiro (E) a vinda da Corte Portuguesa e o confisco de propriedades residenciais para alojá-la
no Brasil.
Uma tentativa de recuperar prestígio político foi frustrada pela má recepção em uma visita a Minas
Gerais - foi a última. A intenção era obter um acordo com os políticos da província, mas foi
02. (Fgv) No Brasil, durante o Primeiro Império, a situação financeira era precária, pelo fato de
recebido com frieza já que havia setores da elite mineira que o ligavam ao assassinato do
que:
jornalista.

(A) o comércio de importação entrou em colapso com a vinda da Família Real (1808);
(B) os Estados Unidos faziam concorrência aos nossos produtos, especialmente o açúcar;

Curso Preparatório Cidade | Tópico 2.2 – A independência do Brasil e o Primeiro Reinado 155
(C) os principais produtos de exportação - açúcar e algodão - não eram suficientes para o 06. (Ufsm) O tratado assinado entre o Brasil e a Inglaterra, em 1827, ratificava os tratados de
equilíbrio da balança comercial do país; 1810. Em decorrência, a crise econômico-financeira do Brasil se aprofundou, gerando conflitos
(D) o capitalismo inglês se recusava a fornecer empréstimos para a agricultura; políticos e econômicos que:
(E) o sistema bancário era praticamente inexistente, só tendo sido fundado o Banco do Brasil
em 1850. (A) promoveram a desanexação da Província de Cisplatina e o aumento da dívida externa
brasileira com os Estados Unidos, pois este exportava algodão para o Brasil em grande
quantidade.
03. (Mackenzie) "Morre um liberal mas não morre a liberdade".
(B) propiciaram a outorga da primeira Constituição Brasileira e a criação do Banco do Brasil,
com o fim de emitir papel-moeda para comprar charque da região do Prata.
A frase acima, atribuída a Líbero Badaró, foi pronunciada na seguinte circunstância histórica:
(C) originaram a Confederação do Equador e o necessário aumento da produção e exportação
do açúcar para equilibrar as contas públicas brasileiras.
(A) A dissolução da Constituinte pelo Imperador em 1823.
(D) determinaram o retorno imediato de D. Pedro I para Portugal e o fim do tráfico negreiro
(B) As críticas ao absolutismo de Pedro I, através do jornal "O Observador Constitucional".
para o Brasil, o que prejudicou a produção do tabaco e o comércio desse produto com a
(C) A condenação à morte dos líderes da Confederação do Equador.
Inglaterra.
(D) A derrota brasileira na Guerra Cisplatina.
(E) resultaram na abdicação de D. Pedro I e no aumento do déficit público e dos empréstimos
(E) A morte de patriotas brasileiros contra as forças portuguesas do General Madeira de Melo,
externos, ampliando as importações da Grã-Bretanha.
na Bahia.

07. (Mackenzie) Como em 1822, a união contra o perigo comum levou de vencida os adversários. O
04. (Mackenzie) A abdicação de Pedro I, a 7 de abril de 1831, resultou:
7 de abril aparece como o complemento necessário do 7 de setembro.

(A) na vitória do partido português, em seu projeto de restabelecer o Reino Unido. (1822 Dimensões - Carlos Guilherme Mota)
(B) na consolidação de nossa independência e do poder dos grandes proprietários, à frente
do Estado Brasileiro. O perigo comum a que se refere o texto e a complementação referida seriam:
(C) no declínio da elite rural, em virtude de amplas reformas sociais após a queda do
imperador. (A) a ameaça de recolonização liderada pelo partido português derrotado na Independência e
(D) em maior estabilidade política, traço que caracterizou o Período Regencial. na Abdicação a 7 de abril de 1831.
(E) na superação imediata da crise econômica que afligia o país. (B) a oposição dos grandes proprietários, que na Independência e Abdicação pretendiam
liquidar com a escravidão.
(C) o apoio dos democratas do Partido Brasileiro em ambas as ocasiões à política absolutista
05. (Unirio) A abdicação do Imperador Pedro I representou a culminância dos diferentes problemas
de Pedro I.
que caracterizam o Primeiro Reinado, a exemplo do(a):
(D) a união da Maçonaria e Apostolado para implantar a República nestes dois momentos
históricos.
(A) apoio inglês à política platina do Império.
(E) a coincidência de projeto de nação entre as elites portuguesa e brasileira em ambas as
(B) apoio das províncias à política do Reino Unido implantando por D. Pedro I, após a morte
oportunidades.
de D. João VI.
(C) conflito entre os interesses dos produtores tradicionais de açúcar e os novos produtores
de ouro.
(D) confronto entre os grupos políticos liberais e o governo centralizado e com tendências
despóticas de D. Pedro I.
(E) crescente participação popular nas manifestações políticas, favorecidas pela abolição do
tráfico.

156 Tópico 2.2 – A independência do Brasil e o Primeiro Reinado | Curso Preparatório Cidade
08. (Fatec) O fim do Primeiro Reinado, com a abdicação de D. Pedro I em favor de seu filho, 10. (Unesp) Brasileiros do norte! Pedro de Alcântara, filho de d. João VI, rei de Portugal, a quem
proporcionou condições para a consolidação da independência, pois: vós por uma estúpida condescendência com os brasileiros do sul aclamastes vosso imperador,
quer descaradamente escravizar-nos (...). Não queremos um imperador criminoso, sem fé nem
(A) as disputas entre os partidos conservador e liberal representaram diferentes concepções palavras; podemos passar sem ele! Viva a Confederação do Equador! Viva a constituição que
sobre a maneira de organizar a vida econômica da nação. nos deve reger! Viva o governo supremo, que há de nascer de nós mesmos!
(B) a vitória dos exaltados sobre os moderados acabou com as lutas das várias facções
políticas existentes. (Proclamação de Manuel Paes de Andrade, presidente da Confederação do Equador, 1824.)

(C) o governo de D. Pedro I não passou de um período de transição em que a reação


A proclamação de Manuel Paes de Andrade deve ser entendida:
portuguesa, apoiada no absolutismo do imperador, se conservou no poder.
(D) as rebeliões ocorridas antes da abdicação tinham caráter reivindicatório de classe.
(A) no contexto dos protestos desencadeados pelo fechamento da Assembleia Constituinte e
(E) na Assembleia Constituinte de 1823 as propostas do partido brasileiro tinham o apoio
da outorga, por D. Pedro I, da Carta Constitucional.
unânime dos deputados.
(B) como um desabafo das lideranças da região norte do país, que não foram consultadas
sobre a aclamação de D. Pedro.
09. (Ufes) "Havendo Eu convocado, como tinha direito de convocar, a Assembleia Geral (C) no âmbito das lutas regionais que se estabeleceram logo após a partida de D. João VI
Constituinte e Legislativa, por decreto de 3 de junho do ano próximo passado, a fim de salvar o para Portugal.
Brasil dos perigos que lhe estavam iminentes, e havendo a dita Assembleia perjurado ao tão (D) como resposta à tentativa de se estabelecer, após 1822, um regime controlado pelas
solene juramento que prestou à nação de defender a integridade do Império, sua câmaras municipais.
independência e a minha dinastia: Hei por bem dissolver a mesma Assembleia..." (E) como reação à política adotada pelo Conselho de Estado, composto em sua maioria por
portugueses.
LINHARES, M. Y. "História Geral do Brasil". Rio de Janeiro: Campus, 1996.

A passagem acima é parte integrante do Decreto de D.Pedro I, de 12 de novembro de 1823, que 11. (Ufpr) Com a abdicação do imperador D. Pedro I em 1831, o fracasso do primeiro reinado
mandava cercar e evacuar o prédio no qual estava instalada a primeira Assembleia Constituinte do tomou corpo. Com relação a isso, considere os fatos a seguir:
Brasil.
I. A imigração européia para o Brasil ocorrida nesse período.
Essa Constituinte foi fechada porque: II. A eclosão da guerra na Província Cisplatina (1825-1828) contra as Províncias Argentinas, a
qual consumiu recursos do Estado em formação, e cujo principal resultado foi a criação da
(A) defendia a dupla cidadania - Brasil e Portugal - para brasileiros e portugueses residentes República Oriental do Uruguai, em 1828.
no Brasil. III. A indisposição do Imperador nas negociações com os deputados das províncias do Brasil,
(B) previa, no projeto da Constituição em pauta, uma monarquia absolutista, na qual o que levou ao fechamento da Assembleia Constituinte, em 12 de novembro de 1823, e à
monarca era uma figura inviolável. imposição de uma carta constitucional em 1824.
(C) ousou desafiar o projeto de soberania do Imperador, tirando-lhe o direito não só de vetar, IV. A queda do gabinete dos Andradas, que levou o Imperador a se cercar de inúmeros
mas também de sancionar os atos dos constituintes. portugueses, egressos de Portugal ainda ao tempo do governo de D. João VI.
(D) era dominada pelo Partido Português, que defendia uma Monarquia Parlamentar como
Reino Unido a Portugal. Tiveram influência direta no desfecho do primeiro reinado os fatos apresentados em:
(E) inseriu no projeto da Constituição o Quarto Poder, o Moderador, que deveria ser exercido
pelo Imperador. (A) I, III e IV somente.
(B) III e IV somente.
(C) II, III e IV somente.
(D) I, II e III somente.

Curso Preparatório Cidade | Tópico 2.2 – A independência do Brasil e o Primeiro Reinado 157
(E) I e II somente. 15. (Fgv) "A propagação das ideias republicanas, antiportuguesas e federativas (...) ganhou ímpeto
com a presença no Recife de Cipriano Barata, vindo da Europa, onde representava a Bahia nas
Cortes. É importante ressaltar (...) o papel da imprensa na veiculação de críticas e propostas
12. (Cesgranrio) "Usando do direito que a Constituição me concede, declaro que hei de uito
políticas (...). Os Andradas, que tinham passado para a oposição depois das medidas
voluntariamente abdicado na pessoa de meu mui amado e prezado filho o Sr. D. Pedro de
autoritárias de D. Pedro, lançaram seus ataques através de 'O Tamoio'; Cipriano Barata e Frei
Alcântara. Boa Vista - 7 de abril de 1831, décimo da Independência e do Império - D. Pedro I."
Caneca combateram a monarquia centralizada, respectivamente na 'Sentinela da Liberdade' e
no 'Íbis Pernambucano'."
Nesses termos, D. Pedro I abdicou ao trono brasileiro no culminar de uma profunda crise, que NÃO
se caracterizou por: (Boris Fausto, "História do Brasil")

(A) antagonismo entre o Imperador e parte da aristocracia rural brasileira. A conjuntura exposta no texto anterior refere-se à emergência da:
(B) empréstimos externos para cobrir o déficit público gerado, em grande parte, pelo
aparelhamento das forças militares. (A) Rebelião Praieira;
(C) aumento do custo de vida, diminuição das exportações e aumento das importações. (B) Cabanagem;
(D) pressão das elites coloniais que queriam o fim do Império e a implantação de uma (C) Balaiada;
República nos moldes dos Estados Unidos. (D) Sabinada;
(E) conflitos entre o Partido Brasileiro e o Partido Português e medo da recolonização. (E) Confederação do Equador.

13. (Fuvest) Podemos afirmar que tanto na Revolução Pernambucana de 1817, quanto na 16. (Pucpr) "Art. 26 - Se o Imperador não tiver parente algum que reúna as qualidades exigidas no
Confederação do Equador de 1824: art. 122 da Constituição, será o Império governado durante a sua menoridade por um regente
eletivo e temporário, cujo cargo durará quatro anos, renovando-se para esse fim a eleição de
(A) o descontentamento com as barreiras econômicas vigentes foi decisivo para a eclosão dos quatro em quatro anos..."
movimentos.
(B) os proprietários rurais e os comerciantes monopolistas estavam entre as principais "Art. 32 - Fica suprimido o Conselho de Estado de que trata o título 5, capítulo 79 da Constituição".
lideranças dos movimentos.
(C) a proposta de uma república era acompanhada de um forte sentimento antilusitano. Os artigos citados compuseram:
(D) a abolição imediata da escravidão constituía-se numa de suas principais bandeiras.
(E) a luta armada ficou restrita ao espaço urbano de Recife, não se espalhando pelo interior. (A) A Constituição Imperial de 1824.
(B) O Ato Adicional de 1834.
(C) A Lei de Interpretação do Ato Adicional.
14. (Pucmg) Dentre os vários fatores que podem ser apontados no sentido de se explicar o
(D) O anteprojeto de Antônio Carlos, "A Constituição da Mandioca", que não terminou de ser
descontentamento da população com o governo de D. Pedro I (1822-1831), destacam-se,
debatido em função da Dissolução da Assembleia Constituinte em 1823.
EXCETO:
(E) A Declaração ou Lei da Maioridade.

(A) o profundo desequilíbrio observado nas finanças públicas.


(B) o estilo visivelmente centralista e absolutista do governo. 17. (Ufrs) Levando-se em conta o processo histórico da Cisplatina, considere as seguintes
(C) o imobilismo do Estado frente à questão da abolição da escravidão. afirmações:
(D) o desastroso resultado verificado ao término da guerra cisplatina.
(E) o clientelismo e a corrupção reinantes nas diversas esferas do poder. I. A tentativa inicial de apropriação da Cisplatina pelos lusitanos ocorreu nos primeiros anos
do governo joanino no Brasil, resultando no "êxodo do povo oriental", liderado por Artigas.

158 Tópico 2.2 – A independência do Brasil e o Primeiro Reinado | Curso Preparatório Cidade
II. A conquista lusitana da Cisplatina se deu no contexto da instabilidade política da Banda O texto, escrito pelo viajante Ernest Ebel, exprime
Oriental, onde bandos milicianos artiguistas lutavam contra fazendeiros sul-rio-grandenses.
III. A Guerra da Cisplatina, iniciada pelo movimento dos "33 orientales" liderados por Lavalleja, (A) a presença de um número significativo de negros na sociedade brasileira da época e as
resultou na manutenção da província pelo Império brasileiro. tarefas cotidianas que, como escravos, eram obrigados a realizar.

Quais estão corretas? (B) o estado de rebelião dos escravos brasileiros, coagidos a um trabalho extenuante sob os
olhos dos senhores e permanentemente acorrentados.
(A) Apenas I.
(C) uma visão positiva e otimista da sociedade dos trópicos, em que o trabalho é
(B) Apenas I e II.
acompanhado pela música e pela dança.
(C) Apenas I e III.
(D) Apenas II e III.
(D) o ritmo do trabalho urbano determinado pelas imposições do processo de industrialização
(E) I, II e III.
que se iniciava na cidade do Rio de Janeiro.

18. (Mackenzie) Está aí explicação para a originalidade do Brasil na América Latina: manter a (E) a ineficácia da mão-de-obra escrava no trabalho urbano, quando comparada com a
unidade e ser durante o século XIX a única monarquia da América. produtividade do trabalho assalariado.

(Caceres - "História do Brasil")


20. Usando o direito que a Constituição me concede, declaro que hei de muito voluntariamente
Assinale a alternativa que justifica a frase anterior.
abdicado na pessoa de meu muito amado e prezado filho o Sr. D. Pedro de Alcântara. Boa Vista
– 7 de abril de 1831, décimo da independência e do Império – D. Pedro I.
(A) A unidade e a monarquia interessavam à elite proprietária que temia o fim do trabalho
escravo e as lutas regionais, daí a independência feita de cima para baixo.
Nesses termos, D. Pedro I abdicou ao trono brasileiro no culminar de uma profunda crise, que não
(B) A forma de governo monárquico fora imposição da Inglaterra para reconhecer nossa
se caracterizou por:
independência.
(C) Os líderes da aristocracia rural eram abolicionistas e republicanos e relutavam em aceitar (A) antagonismo entre o imperador e parte da aristocracia rural brasileira;
o governo monárquico.
(D) O separatismo nunca esteve presente em nossa História, nem na fase colonial e (B) empréstimos externos para cobrir o déficit público, gerado, em grande parte, pelo
tampouco no império. aparelhamento das forças militares;
(E) O liberais no Brasil da época não temiam a haitização do país, já que defendiam o fim da
escravidão e amplos direitos à população. (C) aumento do custo de vida, diminuição das exportações e aumento das importações;

(D) pressão das elites coloniais que queriam o fim do império e a implantação de uma
19. (Unesp) O trabalho é incessante. Aqui uma chusma [grupo] de pretos, seminus, cada qual república nos moldes dos Estados Unidos;
levando à cabeça seu saco de café, e conduzidos à frente por um que dança e canta ao ritmo
do chocalho ou batendo dois ferros um contra o outro, na cadência de monótonas estrofes a (E) conflitos entre o Partido Brasileiro e o Partido Português e medo da recolonização.
que todos fazem eco; dois mais carregam no ombro pesado tonel de vinho [...], entoando a
cada passo melancólica cantilena; além, um segundo grupo transporta fardos de sal, sem mais
roupa que uma tanga e, indiferentes ao peso como ao calor, apostam corrida gritando a pleno
pulmão. Acorrentados uns aos outros, aparecem seis outros com balde d'água à cabeça. São
criminosos empregados em trabalhos públicos, também vão cantando em cadência...

(Ernest Ebel. "O Rio de Janeiro e seus arredores em 1824".)

Curso Preparatório Cidade | Tópico 2.2 – A independência do Brasil e o Primeiro Reinado 159
EXERCÍCIOS DE PROVA (A) O contexto é marcado pelas ideias da Revolução do Porto e tal política tinha o objetivo de
pressionar o então príncipe-regente. D. Pedro, a permanecer no Brasil e fortalecer o
estatuto do reino.
01. (EsFCEx-2001) Como as causas do declínio do Primeiro Reinado no Brasil, analise as afirmativas (B) A política recolonizadora buscou enviar de volta a Portugal as tropas mais próximas ao
abaixo: regente e fortalecer o Brasil com os grupos que apoiavam a política das cortes, a
exemplo, das tropas no Rio de Janeiro, Pernambuco e Bahia.
I. O Brasil não conseguiu consolidar como seu limite natural o rio da Prata, durante a (C) Buscou-se fortalecer a imagem e autoridade do príncipe, com a criação de repartições e
realização da Convenção Preliminar de Paz, de 1828. contratação de funcionários, principalmente para os tribunais.
II. A sucessão portuguesa se transformou numa das mais complicadas questões políticas e (D) Foram extintas as juntas governamentais das províncias e a comunicação entre as cortes
diplomáticas da Europa. lusitanas e a colônia passaram a ser realizadas diretamente entre Lisboa e Rio de Janeiro.
III. A campanha jornalística implacável deflagrada contra o autoritarismo do Imperador. (E) Foram reduzidas as taxas alfandegárias para os produtos transportados em navios
IV. A adesão das tropas ao movimento popular deste período que assumiu o caráter de motim. estrangeiros.

Com base na análise, assinale a alternativa correta.

Escolher uma resposta.

(A) Somente I está correta.


(B) Somente II e IV estão corretas.
(C) Somente III e IV estão corretas.
(D) Somente I, II e III estão corretas.
(E) Todas estão corretas.

02. (EsFCEx-2005) A abdicação de D. Pedro I teve vários precedentes; assinale, dentre os abaixo
apresentados, aquele que não está relacionado diretamente à abdicação do trono:

Escolher uma resposta.

(A) A assinatura de tratados de comércio com países estrangeiros. Errado


(B) A nomeação de um Conselho de Províncias composto por brasileiros natos.
(C) Os gastos financeiros com a guerra da Cisplatina.
(D) A ampliação da divulgação das ideias liberais no Brasil.
(E) A sucessão do trono português.

03. (EsFCEx-2010) Sobre o período regencial no Brasil e a política externa (ultramarina)


recolonizadora, assinale a alternativa correta.

Escolher uma resposta.

160 Tópico 2.2 – A independência do Brasil e o Primeiro Reinado | Curso Preparatório Cidade
Tópico 2.3 – A Constituição de 1824 - O Padroado Real

- Voto censitário e indireto.

Comentário Atente-se a esses pontos, caro estudante!

Sobre o assunto leia o texto a seguir. Bons estudos!


Caro estudante,

Após resolver os problemas relacionados à independência do país nosso jovem monarca A CONSTITUIÇÃO DE 1824
foi obrigado a enfrentar outra questão importante naqueles tempos iniciais de Brasil
independente: constitucionalizar o país. Primeiro Reinado

Era necessário definir as regras do jogo!


O Primeiro Reinado do Brasil é o nome dado ao período em que D. Pedro I governou o Brasil como
Se antes de 1822 podemos afirmar que D. Pedro conseguiu o apoio das elites Imperador e está situado entre 7 de setembro de 1822, data em que Pedro I proclamou a
brasileiras no intuito de romper com Portugal o mesmo não pode ser dito no que se independência do Brasil, e 7 de abril de 1831, quando abdicou do trono brasileiro. Caracterizou-se
refere à elaboração do texto da primeira constituição brasileira. Os atritos entre o por ser um período de transição, marcado por uma aguda crise econômico-financeira, social e
monarca e os setores conservadores e elitistas da sociedade brasileira surgiram logo política. A efetiva consolidação da independência do Brasil só ocorreria a partir de 1831, com a
durante os trabalhos da Assembleia Constituinte. abdicação de D. Pedro, ao dar às elites nacionais, a possibilidade de assumirem, de fato, o poder
político no Brasil.
Os brasileiros queriam limitar o poder do imperador fazendo do Brasil uma monarquia
constitucional onde o parlamento nacional seria a força política principal do jovem país.
O reconhecimento da independência
D. Pedro I, ao contrário, não queria ter seus poderes limitados e pretendia governar o
país de forma absolutista. Com a independência começou o Primeiro Reinado. Além das Guerras de Independência, também
foram marcantes nesse período, as organizações políticas do País; o reconhecimento da
Nesse embate político D. Pedro levou a melhor. Pelo menos no primeiro momento...
independência; a Confederação do Equador (1824) e a Guerra da Cisplatina (1825-1828).
O episódio conhecido como “Noite da Agonia” (11 de novembro de 1823) foi marcado
Apesar de a Independência ter sido proclamada a 7 de setembro, os europeus ainda não viam o
pelo fechamento da Assembleia e a prisão de deputados que lá estavam. D. Pedro I não
Brasil como Estado soberano.
aceitou a pretendida limitação de seus poderes e outorgou a primeira carta
constitucional do Brasil. No plano internacional, os Estados Unidos reconheceram a Independência
em maio de 1824. Informalmente, ela já era reconhecida pela Inglaterra,
O choque com as elites brasileiras tornou a situação política de D. Pedro I insustentável
interessada em garantir a ordem na antiga Colônia. Assim, os ingleses
nos anos seguintes.
preservavam suas vantagens comerciais em um país que, àquela altura, já
era seu terceiro mercado externo. O reconhecimento formal só foi
A Constituição de 1824 foi a Carta Magna brasileira que mais tempo durou. Em 1889
retardado porque os ingleses tentaram conseguir do Brasil a imediata
chegou a ser a segunda Constituição mais velha do mundo. Dentre suas características
extinção do tráfico de escravos. Mas, direta ou indiretamente, estiveram
principais merecem destaque:
presentes na consolidação da Independência, servindo também de
- O Poder Moderador mediadores no reconhecimento da nova nação por Portugal.
(FAUSTO,Boris.História do Brasil.São Paulo: Edusp, 1997, p.144.)

Curso Preparatório Cidade | Tópico 2.3 – A Constituição de 1824 161


Somente em 1825 a Inglaterra e Portugal reconheceram a independência, mediante o pagamento
brasileiro de 1,4 milhão de libras esterlinas para a coroa portuguesa, e uma indenização de guerra
no valor de 600 mil libras. Dom Pedro I renunciava a ideia de, futuramente, anexar colônias Embora a Constituição de 1824 determinasse que o regime fosse liberal, o governo de D. Pedro I
portuguesas na África. Aos britânicos, foi prometida a abolição da escravatura, mas este episódio foi sempre autoritário e ele, frequentemente, impunha sua vontade. Esse impasse constante gerou
perdurou até a segunda metade do século. um crescente conflito com os liberais, que cada vez mais o viam como autoritário. Preocupava a
todos também o seu excessivo envolvimento com a política interna portuguesa.

Na Constituição de 1824, foram definidas as primeiras regras do sistema eleitoral brasileiro. Foi
A Carta Outorgada de 1824 criada a Assembleia Geral, órgão máximo do poder Legislativo nacional, composta pelo Senado e
pela Câmara dos Deputados, cujos integrantes eram escolhidos pelo voto dos cidadãos.
D. Pedro I foi aclamado Imperador no dia 12 de outubro de 1822, e no início de 1823 convocou a
As eleições no Império eram indiretas, isto é, o pleito se dava em dois graus. No primeiro grau,
Assembleia Constituinte. A intenção de D. Pedro I era de organizar politicamente o país, fazendo
exercido pelos eleitores de paróquia, votavam os cidadãos de, no mínimo, 25 anos de idade e 100
um Império exemplar para o resto da América. Mas ele fracassou, pois havia muitas divergências
mil réis de renda anual, e eram escolhidos os eleitores de segundo grau. Esses, também
entre os deputados e o Imperador. As divergências eram oriundas da ambição do Imperador em
conhecidos como eleitores de província – com renda anual de 200 mil réis - elegiam os deputados
ter um poder pessoal (Poder Moderador) acima do Judiciário e Legislativo. Queria o Imperador ser
e senadores.
um soberano absolutista, e ao perceber que não teria o apoio da burguesia, dissolveu a Assembleia
Constituinte em novembro de 1823, após o envio de tropas, e mandou prender alguns Deputados.
O voto era obrigatório para os cidadãos, mas censitário, isto é, o eleitor de primeiro grau era
Uma vez feito isso, reuniu dez cidadãos de sua inteira confiança pertencentes ao Partido Português,
definido de acordo com suas posses econômicas, deveria possuir renda anual mínima de 100 mil
e, após algumas discussões à portas fechadas, redigiram a Primeira Constituição do Brasil,
réis. Os trabalhadores assalariados em geral, os soldados, as mulheres, os índios e os menores de
outorgada no dia 25 de março de 1824.
25 anos eram excluídos da vida política nacional. Por isso, as eleições brasileiras tinham uma
tendência concentradora, e o sufrágio ativo era um direito limitado a poucos cidadãos, por causa
A Constituição foi outorgada pelo imperador em 1824. Receberam-se algumas províncias do
da eleição censitária, que restringia o eleitorado aos cidadãos mais ricos. Em 1887, no final do
Nordeste, lideradas por Pernambuco, na revolta conhecida como Confederação do Equador,
Império, por exemplo, apenas 1,5% da população brasileira tinha direito ao voto. Tal tendência
severamente reprimida pelas tropas imperiais. A primeira Constituição, além do Legislativo, do
concentradora acontecia tanto nas eleições federais como nas municipais.
Executivo e do Judiciário, instituía o Poder Moderador, privativo do imperador. O Poder Moderador
permitia ao imperador nomear os presidentes das províncias, chefiar as forças armadas, dissolver a
A constituição de 1824 vigorou com algumas modificações até o fim do
Câmara dos Deputados e demitir ministros.
Império. Definiu o governo como monárquico, hereditário e
constitucional. O Império teria uma nobreza, mas não uma aristocracia,
O Poder Moderador provinha de uma ideia do escritor francês Benjamin
ou seja existiriam nobres por títulos concedidos pelo imperador (barão,
Constant, cujos livros eram lidos por Dom Pedro e por muitos políticos da
conde, duque, etc.), porém os títulos não seriam hereditários, eliminando,
época. Benjamin Constant defendia a separação entre o Poder Executivo,
portanto, a possibilidade de uma “aristocracia de sangue”.
cujas atribuições caberiam aos ministros do rei, e o poder propriamente
imperial, chamado de neutro ou moderador. O rei não interviria na política
(FAUSTO,Boris.História do Brasil.São Paulo: Edusp, 1997, p.149.)
e na administração do dia-a-dia e teria o papel de moderar as disputas
mais sérias e gerais, interpretando “a vontade e o interesse nacional”. No
(...) A Constituição de 1824 procurou assegurar ampla liberdade individual
Brasil, o Poder Moderador não foi tão claramente separado do Executivo.
(art. 179) e garantir liberdade econômica e de iniciativa. Resguardava o
Disso resultou uma concentração de atribuições nas mãos do imperador.
direito de propriedade em toda sua plenitude, fixava o preceito da
Pelos princípios constitucionais, a pessoa do imperador foi considerada
educação primária gratuita para todos, excluía, no entanto
inviolável e sagrada, não estando sujeita a responsabilidade alguma.
cuidadosamente dos direitos políticos as classes trabalhadoras, criados de
servir (exceto os primeiros caixeiros das casas de comércio, criados da
(FAUSTO,Boris.História do Brasil.São Paulo: Edusp, 1997, p.152.)

162 Tópico 2.3 – A Constituição de 1824 | Curso Preparatório Cidade


Casa Imperial de maior categoria e administradores das fazendas rurais e Outra importante característica do sistema eleitoral brasileiro durante o Império foi a proximidade
fábricas), bem como todos que não tivessem renda líquida anual entre o Estado e a religião. A Igreja Católica, declarada religião oficial do Brasil, tinha elevada
correspondente a 100$000 por bens de raiz, indústria ou emprego, o que influência sobre as relações políticas nacionais. Tal influência se refletia na exigência legal, por
significava exclusão da grande maioria da população. O sistema de parte dos candidatos a cargos políticos, de seguir o catolicismo, assim como na realização das
eleições indiretas em duas instâncias progressivas para qualificação de eleições dentro das igrejas. Além disso, uma boa porcentagem dos políticos eleitos no Brasil nessa
eleitores, restringiria ainda mais a representação popular, estipulando época era de origem sacerdotal, uma vez que eram os padres que faziam o recrutamento dos
que só poderiam ser eleitos deputados e senadores os que tivessem renda eleitores e a organização do pleito era realizada por padres.
líquida igual ou superior a 400$000 e 800$000 respectivamente, desde
que professassem a religião católica (o que significa uma evidente
restrição ao princípio da liberdade de culto, incluído no art. 179). (...) O EXERCÍCIOS
artigo 179 que garantia as liberdades individuais inspirava-se diretamente
na Declaração dos Direitos do Homem feita pelos revolucionários
franceses em agosto de 1789. Havia parágrafos que eram mera 01. (Ufu) Leia o texto a seguir."Dar-vos-ão um código de leis adequadas à natureza das vossas
transcrição. Omitiam-se, entretanto a afirmação, constante na Declaração circunstâncias locais, da vossa povoação, interesses e relações, cuja execução será confiada a
dos Direitos do Homem, da soberania da nação (nenhum corpo ou juízes íntegros, que vos administrem justiça gratuita, e façam desaparecer todas as trapaças do
indivíduo pode exercer autoridade que dela não emane), a definição de lei vosso povo, fundadas em antigas leis obscuras, ineptas, complicadas e contraditórias".
como expressão da vontade geral e a declaração do direito dos povos de
D. Pedro. Manifesto do Príncipe Regente aos Povos do Brasil - 1822. Apud. SOUZA, Iara Lis C. "A
resistirem à opressão. As omissões se explicam tendo em vista a intenção independência do Brasil". Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2000, p. 50.
de organizar um Estado Monárquico Constitucional, de representação
limitada pelo critério censitário, eleição indireta, e pela intenção de
manter escravizada mais de 1/3 da população. (...) No mais, o artigo 179 Considerando o modelo de Monarquia Constitucional adotado pelo projeto de Independência do
acompanhava as linhas gerais da Declaração dos Direitos do Homem. Brasil, podemos afirmar que:
Afirmava que nenhum cidadão poderia ser obrigado a fazer ou a deixar de
fazer alguma coisa senão em virtude da lei. Estabelecia a igualdade de I. D. Pedro tinha a intenção de conquistar a adesão das Câmaras à sua figura,
todos perante a lei, firmando o direito de todos serem admitidos aos compromissando-se a estabelecer e respeitar uma Constituição liberal que levasse em
cargos públicos civis e políticos ou militares “sem outra diferença que não consideração as particularidades de cada região (federalista).
fosse a dos seus talentos e virtudes”, abolia os privilégios, e garantia, e II. D. Pedro propunha, conforme o trecho, estabelecer no Brasil uma monarquia constitucional
garantia o direito de propriedade “em toda a sua plenitude” em que todos os brasileiros, incluindo mulheres, escravos e homens livres pobres, teriam
estabelecendo que, se o bem público legalmente verificado exigisse o “uso participação política.
e emprego da propriedade do cidadão” seria este previamente indenizado. III. D. Pedro aproximou-se de grupos políticos defensores do Estado monárquico constitucional
Extinguia ainda os foros privilegiados e as comissões especiais nas causas e dos valores liberais, os quais são contrapostos, no trecho acima, às supostas
cíveis ou criminais. Afirmava a liberdade de pensamento e de expressão, irracionalidade e arbitrariedade da legislação colonial.
ressalvada a responsabilidade pelos abusos cometidos no exercício desse IV. O Príncipe Regente tinha a convicção de que a legitimidade do poder advém do povo e da
direito, nos casos determinados por Lei. Estabelecia o princípio da Constituição, o que se refletiria, futuramente, no respeito do Imperador às decisões
liberdade religiosa, desde que respeitada a religião do Estado, isto é, a autônomas da Assembleia Constituinte de 1822 - 1823.
católica.
Assinale a alternativa correta.
COSTA,Emilia Viotti da.Introdução ao estudo da emancipação política do Brasil. In.:
MOTA,Carlos Guilherme (org).Brasil em perspectiva. Rio de Janeiro: Difel, 1977, p.123-
124
(A) I e III são corretas.
(B) I e II são corretas.

Curso Preparatório Cidade | Tópico 2.3 – A Constituição de 1824 163


(C) III e IV são corretas. 05. (Cesgranrio) A Constituição imperial brasileira, promulgada em 1824, estabeleceu linhas básicas
(D) II e IV são corretas. da estrutura e do funcionamento do sistema político imperial tais como o(a):

(A) equilíbrio dos poderes com o controle constitucional do Imperador e as ordens sociais
02. (Mackenzie) Relativamente ao Primeiro Reinado, considere as afirmações a seguir. privilegiadas.
(B) ampla participação política de todos os cidadãos, com exceção dos escravos.
I. A dissolução da Constituinte, o estilo de governo autoritário e a repressão à Confederação (C) laicização do Estado por influência das ideias liberais.
do Equador aceleraram o desgaste político de Pedro I. (D) predominância do poder do imperador sobre todo o sistema através do Poder Moderador.
II. O temor de uma provável recolonização, caso fosse restabelecida a união com Portugal, (E) autonomia das Províncias e, principalmente, dos Municípios, reconhecendo-se a formação
aprofundou os atritos entre brasileiros e portugueses. regionalizada do país.
III. O aumento das exportações agrícolas, a estabilidade da moeda e a redução do
endividamento externo foram os pontos favoráveis do governo de Pedro I.
IV. A cúpula do exército, descontente com a derrota militar na Guerra Cisplatina, aderiu à 06. (Pucmg) A primeira constituição brasileira de 1824 estabelece, EXCETO:
revolta, que culminou na Abdicação do Imperador.
(A) governo monárquico e hereditário.
Então: (B) unitarismo como forma de Estado.
(C) voto censitário e a descoberto (não secreto).
(A) todas estão corretas. (D) liberalismo econômico mantendo a escravidão.
(B) todas são falsas. (E) amplas restrições aos poderes do imperador.
(C) apenas I e II estão corretas.
(D) apenas I, II e IV estão corretas. 07. (Fuvest) A Constituição Brasileira de 1824 colocou o Imperador à testa de dois Poderes. Um
(E) apenas III está correta. deles lhe era "delegado privativamente" e o designava "Chefe Supremo da Nação" para velar
sobre "o equilíbrio e harmonia dos demais Poderes Políticos", o outro Poder o designava
03. (Fuvest) Qual o papel conferido ao Imperador pela Constituição de 1824? simplesmente "Chefe" e era delegado aos Ministros de Estado. Estes Poderes eram
respectivamente:
(A) Subordinação ao poder legislativo.
(B) Instrumento da descentralização político-administrativa. (A) Executivo e Judiciário
(C) Chave de toda a organização política. (B) Executivo e Moderador
(D) Articulador da extinção do Padroado. (C) Moderador e Executivo
(E) Liderança do Partido Liberal. (D) Moderador e Judiciário
(E) Executivo e Legislativo.

04. (Ufrs) Um projeto alternativo ao Estado Nacional Brasileiro estabelecido pela Carta
Constitucional de 1824 e defendido na Guerra dos Farrapos apresentou a: 08. (Pucrs) A Carta Constitucional de 1824 fixou um núcleo de poder político cujo exercício seria
marcante no parlamentarismo monárquico brasileiro e que incluía as seguintes atribuições:
(A) concentração do poder no Imperador e no Conselho de Estado. empregar a força armada; escolher os senadores a partir de lista tríplice; sancionar e vetar atos
(B) instalação de uma República. do legislativo; dissolver a Câmara; nomear juízes.
(C) instauração de uma Monarquia Constitucional.
(D) criação de uma Assembleia Nacional Popular. Segundo a referida Constituição, esse conjunto de atribuições era exercido:
(E) organização de Comitês Revolucionários para sustentar o governo.
(A) pelo Primeiro Ministro.

164 Tópico 2.3 – A Constituição de 1824 | Curso Preparatório Cidade


(B) pelo Supremo Tribunal de Justiça. 11. (Mackenzie) A respeito dos princípios presentes na Constituição de 1824, outorgada por D.
(C) pelo Monarca. Pedro I, é correto afirmar que:
(D) pela Câmara dos Deputados.
(A) garantiam ampla liberdade individual e resguardavam a liberdade econômica,
assegurando a participação política desvinculada da necessidade de uma renda mínima
09. (Ufpe) A Constituição de 1824, elaborada por "homens probos e amantes da dignidade imperial
por parte do cidadão.
e da liberdade dos povos", segundo o Imperador Pedro I, continha uma novidade em relação
(B) garantiam as liberdades individuais inspiradas na Declaração dos Direitos do Homem,
ao projeto de constituição de 1823: a criação do Poder Moderador. Assinale a alternativa que
elaborada pelos revolucionários franceses em 1789.
melhor define este Poder.
(C) estabeleciam a igualdade de todos perante a lei, estatuto que foi observado com rigor por
toda a sociedade brasileira.
(A) Com base no Poder Moderador, o Imperador restringiu os poderes dos regentes unos -
(D) estabeleciam o princípio da liberdade religiosa, segundo o qual o Estado permaneceria
Padre Diogo Feijó e Araújo Lima.
distante das questões religiosas.
(B) O Poder Moderador conferia à Câmara de Deputados a prerrogativa de vetar decisões do
(E) determinavam disposições jurídicas que eram as mais adequadas à realidade nacional da
Imperador.
época, não apresentando, portanto, contradições.
(C) A Constituição de 1824 conferia ao Poder Moderador, que era exercido pelo Senado,
nomear e demitir livremente os ministros de estado, conceder anistia e perdoar dívidas
públicas. 12. (Ufrrj) Leia os textos a seguir, reflita e responda. “Após a Independência política do Brasil, em
(D) O Poder Moderador era o quarto poder do Império e era exercido pelo Imperador Pedro I. 1822, era necessário organizar o novo Estado, fazendo leis e regulamentando a administração
Com base neste Poder, o Imperador poderia dissolver a câmara dos deputados, aprovar e por meio de uma Constituição. Para tanto, reuniu-se em maio de 1823, uma Assembleia
suspender resoluções dos conselhos provinciais e suspender os magistrados, entre outras Constituinte composta por 90 deputados pertencentes à aristocracia rural.(...) Na abertura dos
prerrogativas. trabalhos, o Imperador D. Pedro I revelou sua posição autoritária, comprometendo-se a
(E) O Poder Moderador de invenção maquiavélica, atribuído a Benjamin Constant, foi defender a futura Constituição desde que ela fosse digna do Brasil e dele próprio”.
responsável pelo golpe da maioridade em 1840 pelo Conselho de Estado.
VICENTINO, C; DORIGO, G. "História Geral do Brasil." São Paulo: Scipione, 2001.

10. (Fgv) A Constituição Brasileira de 1824: A Independência política do Brasil, em 1822, foi cercada de divergências, entre elas, o desagrado
do Imperador com a possibilidade, prevista no projeto constitucional, de o seu poder vir a ser
(A) Foi elaborada e aprovada pela Assembleia Geral Constituinte e estabeleceu a organização limitado, o que resultou no fechamento da Constituinte em novembro de 1823. Uma comissão,
do Estado a partir da divisão em três poderes: Legislativo, Judiciário e Moderador. então, foi nomeada por D. Pedro I para elaborar um novo projeto constitucional, outorgado por
(B) Ficou conhecida como a Constituição da Mandioca, em razão da adoção de um sistema este imperador, em 25 de março de 1824.
censitário que definia pelo critério de renda e bens aqueles que poderiam votar e ser
votados nas eleições gerais. Em relação à Constituição Imperial, de 1824, é correto afirmar que nela:
(C) Foi elaborada pelo Conselho de Estado após a dissolução da Constituinte e, além dos
poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, estabelecia o Poder Moderador, a ser exercido (A) foi consagrada a extinção do tráfico de escravos, devido à pressão da sociedade liberal do
pelo monarca brasileiro. Rio de Janeiro.
(D) Foi elaborada pelo Conselho de Estado após a dissolução da Constituinte e garantia forte (B) foi introduzido o sufrágio universal, somente para os homens maiores de 18 anos e
autonomia às Províncias, apesar da implementação do Poder Moderador, a ser exercido alfabetizados, mantendo a exigência do voto secreto.
pelo monarca brasileiro. (C) foi abolido o padroado, assegurando ampla liberdade religiosa a todos os brasileiros
(E) Foi elaborada pela Assembleia Geral Constituinte e caracterizou-se pela adoção dos natos, limitando os cultos religiosos aos seus templos.
princípios liberais, pela garantia da defesa dos direitos fundamentais do homem e pela (D) o poder moderador era atribuição exclusiva do Imperador, conferindo a ele, proeminência
adoção dos princípios federativos. sobre os demais poderes.

Curso Preparatório Cidade | Tópico 2.3 – A Constituição de 1824 165


(E) o poder executivo seria exercido pelos ministros de Estado, tendo estes total controle 16. Foi outorgada, definia a religião católica como oficial, estabeleceu o voto censitário, além da
sobre o poder moderador. liberdade econômica e de iniciativa. O contexto histórico da Constituição Brasileira que tinha
estas características está na opção:

13. (Unesp) No início dos trabalhos da primeira Assembleia Constituinte da história do Brasil, o
(A) o período da Inconfidência Mineira que adotou como constituição provisória a dos Estados
imperador afirmou "esperar da Assembleia uma constituição digna dele e do Brasil". Na sua
Unidos.
resposta, a Assembleia declara "que fará uma constituição digna da nação brasileira, de si e do
(B) a fase da administração pombalina que elevou o Brasil a Reino Unido a Portugal e
Imperador."
Algarves, por conseguinte, elaborando a primeira Carta Magna do Brasil.
(C) o processo de organização do Estado Brasileiro, coincidindo com o Primeiro Reinado.
Essa troca de palavras entre D. Pedro I e os constituintes refletia:
(D) momento que foi antecedido com a Proclamação da República e que culminou com a
Constituição Republicana do Brasil.
(A) a oposição dos proprietários rurais do nordeste ao poder político instalado no Rio de
(E) a implantação do Estado Novo com Getúlio Vargas que impunha para o povo brasileiro
Janeiro.
uma nova Constituição, a fim de regularizar e ratificar as suas ações e rumos que estava
(B) a tendência republicana dos grandes senhores territoriais brasileiros.
dando para o Brasil.
(C) o clima político de insegurança provocado pelo retorno da família real portuguesa à
Lisboa.
(D) uma indisposição da Assembleia para com os princípios políticos liberais. 17. (G1) "A Assembleia declara-se em sessão permanente e pede explicações sobre o movimento
(E) uma disputa sobre a distribuição dos poderes políticos no novo Estado. da tropa. Em tensa e exaustiva troca de mensagens, é informada que a oficialidade não tolera
'certos redatores de periódicos e seu incendiário partido', em especial 'O Tamoio', 'A Sentinela'
e os 'Andradas'. A sessão ficou conhecida como 'Noite da Agonia'".
14. (Puc-rio) Assinale a alternativa que identifica corretamente os critérios de cidadania política
definidos pela Constituição do Estado Imperial, no Brasil, em 1824:
Este trecho se refere a um acontecimento do(a):

(A) A vigência de um Estado laico impedia que membros da Igreja Católica ocupassem cargos
(A) Administração Joanina no Brasil.
públicos.
(B) Primeiro Reinado.
(B) Os princípios da liberdade e da propriedade regulavam o exercício do voto.
(C) Proclamação da República.
(C) O poder moderador permitia ao Imperador suspender os direitos políticos dos cidadãos.
(D) Implantação do Estado Novo.
(D) Escravos e homens livres e pobres podiam votar, mas não podiam ocupar cargos políticos.
(E) Outorga da Constituição de 1967 no Regime Militar.
(E) O sufrágio era censitário, permitindo o voto a homens e mulheres que possuíssem a
renda estipulada em lei.
18. (G1) Logo após a Independência brasileira teve início a discussão de um projeto constitucional
para regulamentar a política nacional. O anteprojeto, chamado de Constituição da Mandioca, foi
15. (Pucpr) Dentre as características da Carta Imperial de 1824, outorgada por D. Pedro I, NÃO
rejeitado pelo Imperador D. Pedro I que, em pouco tempo, outorgou a Constituição de 1824. A
está incluído ou incluída:
primeira constituição brasileira:

(A) o voto universal e secreto.


I. foi elaborada pela Assembleia Nacional Constituinte e estabelecia o Padroado, sistema pelo
(B) o exercício do Poder Moderador pelo monarca.
qual o Imperador se submetia a cumprir as determinações da Santa Sé.
(C) a forma unitária do Estado.
II. foi elaborada pela Assembleia Nacional Constituinte que aprovou a monarquia
(D) o casamento apenas religioso, com efeitos civis.
parlamentarista como forma de governo.
III. foi imposta a todos e determinava a criação de quatro poderes: o Legislativo, o Executivo, o
Judiciário e o Moderador, de competência exclusiva do Imperador.

166 Tópico 2.3 – A Constituição de 1824 | Curso Preparatório Cidade


Está(ão) correta(s) somente: De acordo com o texto e seus conhecimentos, é correto afirmar que a constituição:

(A) I. I. era democrática, considerando-se que os cargos para o poder Legislativo eram ocupados
(B) II. através do voto universal e secreto.
(C) III. II. adotava o chamado "voto censitário".
(D) I e II. III. garantia a liberdade religiosa a todos os residentes no Brasil, inclusive para os candidatos a
(E) I e III. cargos eletivos.
IV. foi outorgada por D. Pedro I.

19. (Unifesp) Os membros da loja maçônica fundada por José Bonifácio em 2 de junho de 1822 (e
Estão corretas apenas:
que no dizer de Frei Caneca não passava de um "clube de aristocratas servis") juraram
"procurar a integridade e independência e felicidade do Brasil como Império constitucional,
(A) I e II.
opondo-se tanto ao despotismo que o altera quanto à anarquia que o dissolve".
(B) II e III.
(C) I e IV.
Na visão de José Bonifácio e dos membros da referida loja maçônica, o despotismo e a anarquia
(D) II e IV.
eram encarnados, respectivamente:
(E) III e IV.

(A) pelos que defendiam a monarquia e a autonomia das províncias.


(B) por todos quantos eram a favor da independência e união entre as províncias. EXERCÍCIOS DE PROVA
(C) pelo chamado partido português e os republicanos ou exaltados.
(D) pelos partidários da separação com Portugal e da união sul-americana.
(E) pelos partidos que queriam acabar com a escravidão e a centralização do poder. 01. (EsFCEx-2001) Sobre os fatos históricos do Primeiro Reinado, do Brasil Império, analise as
afirmativas abaixo:
20. (Ufpel) Art. 91 - Têm voto nestas eleições primárias:
I. A Constituinte convocada em 1823 era uma Assembleia Constituinte sem função legislativa.
1¡. - os cidadãos brasileiros que estão no gozo de seus direitos políticos. [...] II. A Assembleia Constituinte pretendeu afastar o Imperador de todo o processo legislativo.
Art. 92 - São excluídos de votar nas Assembleias paroquiais: [...] III. Durante o período da Assembleia Constituinte o Brasil não teve crises militares.
5¡. - os que não tiverem de renda líquida anual cem mil réis por bens de raiz, indústria, comércio IV. A primeira constituição brasileira foi elaborada por um Conselho de Estado presidido pelo
ou empregos.[...] Imperador.
Art. 94 - Podem ser eleitores e votar nas eleições dos Deputados, Senadores e membros dos Com base na análise, assinale a alternativa correta.
Conselhos de Província os que podem votar na Assembleia Paroquial.
Excetuam-se: (A) Somente I está correta
1¡. - os que não tiverem de renda líquida anual duzentos mil réis por bens de raiz, indústria, (B) Somente II e IV estão corretas.
comércio ou emprego. [...]. (C) Somente III e IV estão corretas.
Art. 95 - Todos os que podem ser eleitores são hábeis para serem nomeados Deputados. (D) Somente I, II e III estão corretas.
Excetuam-se : (E) Todas estão corretas.
1¡. - os que não tiverem quatrocentos mil réis de renda líquida, na forma dos artigos 92 e 94. [...]
3¡. - os que não professarem a religião do Estado."
(Constituição Política do Império do Brasil, de 25 de março de 1824.)

Curso Preparatório Cidade | Tópico 2.3 – A Constituição de 1824 167


02. (EsFCEx-2005) A elaboração da Primeira Constituição do Brasil foi marcada por um conflito 04. (EsFCEx-2010) O processo de constituição do Estado nacional brasileiro estendeu-se pelo
político entre o autoritarismo do Imperador e parte considerável dos constituintes, provocando século XIX, após ter sido iniciado pelo imperador D. Pedro I. Sobre o referido processo, analise
a: as afirmativas abaixo e, a seguir, assinale a alternativa correta.

(A) aprovação de um regime federativo. I. O Brasil assinou o Tratado de Paz e Aliança com Portugal que, entre outros fatores,
(B) imposição de um regime político descentralizado. obrigava D. Pedro I a ceder o título honorário de Imperador do Brasil a D. João VI e a não
(C) promulgação da Constituição de 1824. aceitar união com qualquer outra colônia portuguesa.
(D) dissolução da Assembleia Constituinte. II. Foi adotada uma política livre-cambista que, apesar da tentativa de fomentar a indústria
(E) implantação de uma monarquia dual. nacional, fracassou em função dos baixos preços dos produtos britânicos.
III. A constituição outorgada em 1824 classificou, para fins eleitorais, os cidadãos em: passivos
– não alcançavam renda suficiente para ter direitos políticos; cidadãos ativos votantes – os
03. (EsFCEx-2007) Analise as proposições abaixo sobre o processo de independência do Brasil,
que possuíam renda suficiente para votar; cidadãos ativos eleitores elegíveis – os que
colocando entre parênteses a letra V, quando se tratar de afirmativa verdadeira, e a letra F
tinham renda suficiente para ser eleito.
quando se tratar de afirmativa falsa. A seguir, assinale a alternativa que apresenta a sequência
IV. A Confederação do Equador foi um momento crítico daquele período e se caracterizou pela
encontrada.
liderança das elites de Pernambuco, Rio Grande do Norte, Ceará, Paraíba e Bahia, atingidos
pela crise dos produtos típicos da região como o açúcar e o algodão.
1. ( ) A Proclamação da Independência foi cuidadosamente preparada por uma elite política de
formação liberal-conservadora, cujo representante mais ilustre era José Bonifácio de Andrada e
Escolher uma resposta.
Silva.
2. ( ) A condução do processo de emancipação política nas mãos de Dom Pedro pretendia
(A) Somente I e II estão corretas.
evitar que a proposta republicana conquistasse apoio popular e garantir que os grandes
(B) Somente II e IV estão corretas.
proprietários rurais, senhores de escravos e comerciantes, fossem afastados do processo.
(C) Somente I, II e III estão corretas.
3. ( ) A manutenção da escravidão revelava o caráter conservador e elitista do processo de
(D) Somente I, III e IV estão corretas.
independência, além de contrariar os princípios democráticos do novo regime.
(E) Somente II, III e IV estão corretas.
4. ( ) A Inglaterra foi o primeiro governo a reconhecer a independência do Brasil, que assinou
um tratado se comprometendo a pagar uma indenização de 2 milhões de libras esterlinas aos
portugueses. Esse dinheiro seria obtido através de empréstimo, concedido pelos ingleses. 05. (EsFCEx) Analise as afirmativas sobre a Constituição de 1824 e marque a opção correta.
5. ( ) Proporcionou a elaboração da primeira Carta Magna brasileira, promulgada em março de
1824, após acirradas disputas entre o Partido Português e o Partido Brasileiro. I. O texto constitucional considerou sagrada, inviolável e irresponsável a pessoa do
Imperador.
(A) V ; F ; F ; V; F. II. A constitucionalização da nação brasileira foi uma decorrência do respeito do Imperador à
(B) F ; V ; F ; F; V. Assembléia Constituinte que se incumbiu da elaboração da Carta.
(C) V ; V ; F ; F; V. III. A Constituição estabeleceu que todos os portugueses residentes no Brasil naquele momento
(D) F; V ; V ; F; F. seriam considerados brasileiros.
(E) V ; F ; F ; F; F.
(A) Somente I é correta.
(B) Somente II é correta.
(C) Somente III é correta.
(D) Somente I e II são corretas.
(E) Somente I e III são corretas.

168 Tópico 2.3 – A Constituição de 1824 | Curso Preparatório Cidade


06. (EsFCEx 2012) Analise as afirmativas abaixo e marque a resposta correta.

I. A Constituição brasileira de 1824, esquivando-se do federalismo, estabeleceu o sistema


monárquico unitário para o País.
II. A Confederação do Equador, cujo centro de gravidade foi a Província de Pernambuco em
1824, foi um movimento de reação ao processo de centralização comandado por D. Pedro
I.
III. A Constituição de 1824, outorgada pelo Imperador, foi facilmente aceita pelas regiões, pois
eram frágeis as aspirações localistas naquele contexto político da história brasileira.

(A) Somente I é verdadeira.


(B) Somente II é verdadeira.
(C) Somente III é verdadeira.
(D) Somente I e II são verdadeiras.
(E) Somente II e III são verdadeiras.

Curso Preparatório Cidade | Tópico 2.3 – A Constituição de 1824 169


Tópico 2.4 – A Guarda Nacional O Primeiro Reinado (1822-1831), instaurado logo após a Independência do Brasil (1822), passou
por diversas instabilidades políticas. Depois de graves problemas internos, advindos de crises
internacionais (como a disputa da Província Cisplatina e questões hereditárias em Portugal) e de
Comentário instabilidades políticas no país, o Imperador Pedro I se viu obrigado a abdicar do seu posto como
Imperador do Brasil, no dia 7 de abril de 1831, em favor de seu filho, Dom Pedro II, que tinha
Nessa aula estudaremos o período regencial brasileiro. Certamente este foi um dos pouco mais de cinco anos.
momentos de maior instabilidade política e social da história do país.
A abdicação do Imperador provocou um vazio político no país, acirrando a disputa pelo poder entre
Entender o porquê de tamanha instabilidade é fundamental para que se possa as duas principais correntes do Império: liberais exaltados e liberais moderados. O grupo dos
compreender bem o que foi o período regencial. O primeiro fator a ser considerado para exaltados era formado, principalmente, pelas camadas médias urbanas, enquanto que os
melhor compreensão do tumultuado período é justamente a ausência de um monarca moderados eram constituídos pelos representantes da aristocracia rural. Essas duas correntes
no trono. políticas compunham o chamado Partido Brasileiro, e tinham se aliado para derrubar D. Pedro do
poder e, com ele, os absolutistas do Partido Português, seus aliados.
Quatro regências diferentes num período de tempo inferior a uma década revelam o
grave quadro institucional da época, relativamente natural para um novo país que Conseguindo o seu intento, a aliança se desfez, e cada grupo passou a lutar para conseguir se
pretendeu manter seu formato de país-baleia. Diversas rebeliões eclodiram de norte a instalar no poder. Os liberais moderados redigiram, no dia seguinte à abdicação, um documento
sul do país. A manutenção da unidade territorial brasileira esteve seriamente ameaçada intitulado "Proclamação em nome da Assembleia Geral aos povos do Brasil", no qual informavam
nesse período. sobre os acontecimentos, afirmavam seu apoio aos regentes nomeados e aconselhavam prudência
e moderação à população, e que observasse a Constituição e respeitasse os novos governantes.
Em 1840 a “experiência republicana” mostrava-se incapaz de conter os levantes
regionais. A monarquia brasileira foi apressadamente reestabelecida com a coroação do Tendo Dom Pedro II apenas cinco anos de idade, era preciso escolher um regente. A Constituição
jovem imperador, D. Pedro II, de apenas 14 anos. de 1824 designava para essa função o membro da família real com mais de 25 anos de idade. Já
que não existia ninguém nessas condições, os deputados e senadores elegeram uma regência
Nesse tópico também iniciaremos o estudo do período a partir da formação e atuação composta por três membros. Já o grupo dos liberais exaltados via esse momento como a
da Guarda Nacional. Um dos tópicos da prova. possibilidade de transformações mais radicais, maior liberalização do regime e de mais participação
nos destinos do Império. Entendia que afastados do Governo, junto com D. Pedro, os portugueses
Bons estudos! identificados com o absolutismo, haveria condições de aqui se desenvolverem os ideais liberais,
revestidos de um caráter nacionalista. No entanto, os portugueses tinham se reorganizado e
lutavam, agora, pela volta de D. Pedro ao trono brasileiro, sendo por isso, chamados de
restauradores. E, ao mesmo tempo, o Governo era dominado pelo grupo dos moderados. Desta
A GUARDA NACIONAL forma, o movimento da abdicação transformou-se, para os exaltados, numa verdadeira "Journée
des Dupes" (Jornada ou Dia dos Logrados), pois não conseguiram chegar ao poder, além de verem
suas propostas esquecidas, apesar de terem participado ativamente para a deposição de D. Pedro
O Período regencial e a Guarda Nacional
I. Perceberam, portanto, que tinham lutado pelos outros. Assim, são três as tendências políticas em
jogo no cenário político brasileiro a partir de 1831: os restauradores, ou caramurus; os liberais
O Período regencial brasileiro (1831-1840) foi o intervalo político entre os mandatos imperiais da moderados, ou chimangos; e os liberais exaltados, ou farroupilhas.
Família Real Brasileira, quando o Imperador Pedro I abdicou do trono, e seu herdeiro, Pedro II, não
tinha idade o suficiente para assumi-lo. Devido à natureza do período e das revoltas e problemas Em meio a esse quadro de agitações políticas era necessário organizar o novo Governo, já que a
internos, o período regencial foi um dos momentos mais conturbados do Império Brasileiro. Constituição do Império estabelecia que, no caso de abdicação do imperador, o Governo brasileiro
seria exercido por um conselho de três regentes, eleitos pelo Legislativo, enquanto D. Pedro de

170 Tópico 2.4 – A Guarda Nacional | Curso Preparatório Cidade


Alcântara, o príncipe herdeiro, não atingisse a maioridade. Desse modo, cumprindo o preceito Câmara dos Deputados; decreto da suspensão das garantias constitucionais e concessão
constitucional, teve início o Governo das Regências, que passou por três etapas. de títulos de nobreza e condecorações;

O período regencial se inicia em 17 de julho de 1831, cerca de dois meses após a abdicação de • Anistia aos presos políticos para abafar a agitação política;
Dom Pedro I. Segundo a constituição de 1824, caso um monarca não pudesse assumir, deveria ser
formada uma regência composta por três pessoas, a chamada Regência Trina. O que • Proibição dos ajuntamentos noturnos em praça pública, tornando inafiançáveis os
impossibilitava a ascensão de Dom Pedro II ao trono do Brasil era a idade. Ele tinha apenas 5 anos crimes em que ocorresse prisão em flagrante.
em 1831.
Nesse momento, a rivalidade entre brasileiros e portugueses se aprofundava. No final de Abril, as
manifestações antilusitanas se acirraram, devido à inflamada sensação de nacionalismo e liberdade
contra o jugo português. Estabelecimentos comerciais portugueses eram atacados e saqueados,
Regência Trina Provisória (1831) funcionários públicos eram removidos de seus cargos, e a população movia verdadeiros confrontos
contra os portugueses que permaneceram no Brasil.
Como no dia da abdicação de D. Pedro I, o Parlamento brasileiro encontrava-se em férias, não
havia no Rio de Janeiro número suficiente de deputados e senadores que pudesse eleger os três
regentes. Os poucos parlamentares que se encontravam na cidade elegeram, em caráter de
A Regência Trina Permanente (1831-1834)
emergência, a 17 de julho daquele ano, a chamada Regência Trina Provisória, formada para conter
as revoltas que vinham ocorrendo desde que Dom Pedro I abdicou ao trono do Brasil, além de
organizar a eleição da Regência Trina Permanente. Uma vez instalada a Assembleia Geral, foi eleita em 20 de junho de 1831 a Regência Trina
Permanente, que ficou composta pelos deputados José da Costa Carvalho, político do sul do país,
Essa regência, que governou o país por aproximadamente três meses, era composta pelos João Bráulio Muniz, do norte, e novamente pelo Brigadeiro Francisco de Lima e Silva. Tal
senadores Nicolau de Campos Vergueiro e José Joaquim de Campos (Marquês de Caravelas) e pelo composição representava, por um lado, uma tentativa de equilíbrio entre as forças do norte e do
Brigadeiro Francisco de Lima e Silva, pai do Duque de Caxias. As três grandes correntes políticas do sul do país; por outro lado, a permanência do general Francisco de Lima e Silva, era a garantia do
Brasil Imperial estavam assim representadas: os liberais, representados pelo Senador Campos controle da situação e da manutenção da ordem pública.
Vergueiro, os conservadores, por Carneiro de Campos, e os militares, pelo General Francisco de
Lima e Silva, que ficaria conhecido como "Chico Regência". Característica importante dessa Regência era sua composição por deputados, ao contrário da
anterior, formada por senadores. A Câmara dos Deputados simbolizava a defesa da liberdade, e era
Apesar de manter as estruturas políticas do Império autoritário, mantendo inalterada a Constituição representativa dos interesses do grupo dos moderados. A Câmara tornou-se um centro de pressão
de 1824, a Regência Provisória tinha um caráter liberal e antiabsolutista. Era o início do chamado em favor das mudanças constitucionais, em contraste com o Senado, que simbolizava a oposição
avanço liberal, que durou até 1837, quando os grupos políticos das províncias alcançaram um às reformas e era considerado pelos moderados um "ninho de restauradores".
maior grau de autonomia.
Porém, a grande força política deste período não foram os regentes, mas sim, o Padre Diogo Feijó,
A Regência Provisória, por ter entrado no poder em caráter extraordinário e, como o próprio nome Ministro da Justiça, cargo que assumiu sob a condição de que lhe garantissem grande autonomia
pedia, provisório, não fizeram profundas mudanças na sociedade e na instituição. Entre outras de ação. Feijó teve carta branca para castigar os desordeiros e os delinqüentes, o direito de
medidas tomadas pela Regência Provisória destacam-se: exonerar e responsabilizar os funcionários públicos negligentes ou prevaricadores e a possibilidade
de manter um jornal sob sua responsabilidade direta. Feijó teve atuação enérgica na repressão às
• Reintegração do Ministério dos Brasileiros, demitido por D. Pedro I em Abril de 1831, agitações populares e aos levantes militares que ocorreram na capital e em diversos pontos do país
após a Noite das Garrafadas; nesse período.

• Promulgação da Lei Regencial, que restringia as atribuições do Poder Moderador, que


temporariamente seria exercido pelos regentes, vetando-lhes o direito de dissolver a

Curso Preparatório Cidade | Tópico 2.4 – A Guarda Nacional 171


Para garantir a integridade territorial e a defesa da ordem pública criou, em 18 de agosto de 1831, (E) no período regencial como instrumento dos setores conservadores destinado a manter e
o Corpo de Guardas Municipais Permanentes, no Rio de Janeiro, e a Guarda Nacional na Corte e restabelecer a ordem e a tranquilidade públicas.
em todas as províncias. Segundo o historiador Boris Fausto, em relação a esta última

(...) A ideia consistia em organizar um corpo armado de cidadãos 02. (Faap) A Guarda Nacional foi organizada por:
confiáveis, capas de reduzir tanto os excessos do governo centralizado
como as ameaças das “classes perigosas”. Na prática, a nova instituição Escolher uma resposta.
ficou incumbida de manter a ordem no município onde fosse formada. Foi
chamada, em casos especiais, a enfrentar rebeliões fora do município e a (A) José Bonifácio para consolidar a Independência
proteger as fronteiras do país, sob o comando do Exército. Compunham (B) Feijó para garantia e ordem interna durante a Regência
obrigatoriamente a Guarda Nacional, como regra geral, todos os cidadãos (C) Caxias como apoio à ação centralizadora no II Império
com direito de voto nas eleições primárias que tivessem entre 21 e 60 (D) Floriano Peixoto para obstar as tendências descentralizadoras
anos. O alistamento obrigatório para a Guarda Nacional desfalcou os (E) Rui Barbosa, quando candidato à Presidência da República
quadros do Exército, pois quem pertencesse à primeira ficava dispensado
de servir no segundo. Até 1850, os oficiais inferiores da Guarda Nacional 03. (Pucmg) Com a abdicação de D. Pedro I, o Brasil entra no período denominado regencial
eram eleitos pelos integrantes da corporação, eleição presidida pelo juiz (1831/40), caracterizado por, EXCETO:
de paz. A realidade nacional e as necessidades de estabelecer uma
hierarquia se sobrepuseram ao princípio eletivo. As eleições foram se Escolher uma resposta.
tornando letra morta e desapareceram antes mesmo que a lei fosse
mudada. (A) intensa agitação social, expressa nas rebeliões ocorridas em vários pontos do país.
(B) diminuição da interferência britânica na economia no pós-1827, época do término dos
(FAUSTO,Boris.História do Brasil.São Paulo:Edusp, 1997.p. 164) tratados comerciais de 1810.
(C) fortalecimento do poder político dos senhores de terra, com a criação da Guarda Nacional.
Órgãos subordinados ao Ministério da Justiça constituíram-se na principal força armada do Império.
(D) dificuldades econômicas geradas pela ausência de um produto agrícola de exportação.
Acabou por concentrar os poderes nacionais em suas mãos, até outorgar, em 1834, o Ato
(E) agravamento da crise financeira com a utilização de recursos em campanhas militares
Adicional, que mudava a constituição de 1824, criando a Regência Una.
desvantajosas, como a Guerra da Cisplatina.

04. (Ufpi) Observe o seguinte depoimento:


EXERCÍCIOS
"... Nasci e me criei no tempo da regência e nesse empo o Brasil vivia, por assim dizer, muito mais
01. (Fuvest)Sobre a Guarda Nacional, é correto afirmar que ela foi criada: na praça pública do que mesmo no lar doméstico."
(Justiniano José da Rocha)
(A) pelo imperador, D. Pedro II, e era por ele diretamente comandada, razão pela qual
tornou-se a principal força durante a Guerra do Paraguai. Partindo do comentário apresentado, é correto afirmar que:
(B) para atuar unicamente no Sul, a fim de assegurar a dominação do Império na Província
Cisplatina. Escolher uma resposta.
(C) segundo o modelo da Guarda Nacional Francesa, o que fez dela o braço armado de
diversas rebeliões no período regencial e início do Segundo Reinado. (A) a constante afluência às ruas resultava do crescimento comercial, registrado durante a
(D) para substituir o exército extinto durante a menoridade, o qual era composto, em sua Regência, nas principais cidades do país.
maioria, por portugueses e ameaçava restaurar os laços coloniais.

172 Tópico 2.4 – A Guarda Nacional | Curso Preparatório Cidade


(B) a ociosidade da nobreza brasileira estimulava a valorização dos passeios constantes nas 07. (Pucpr) O período Regencial da História do Brasil durou de 1831 a 1840. Sobre o mesmo, pode-
ruas e praças do Rio de Janeiro. se afirmar corretamente que:
(C) o comércio ambulante, a cargo de escravos que eram transferidos do setor rural para as
cidades, complementava a renda de seus senhores de engenhos. (A) O Governo Regencial não estava previsto no texto da constituição e foi uma improvisação
(D) a influência italiana nos usos e costumes da sociedade do Rio de Janeiro modificou a política, necessária devido à renúncia de D. Pedro I.
tradição da vida reclusa às residências. (B) Das guerras civis que eclodiram no período, a Cabanagem foi a que mais teve a
(E) a turbulência política desse período se fazia presente através das revoltas e manifestações participação das elites regionais.
populares nas ruas da Capital do Brasil. (C) Apresentou grande instabilidade política, nele ocorrendo o perigo de fragmentação
territorial, decorrente das várias guerras civis.
(D) Durante o período foi alterada a constituição, o que permitiu a substituição da forma
05. (Ufc) Entre os eventos do período regencial (1831-1840), podemos citar: unitária do Estado pela forma denominada federação.
(E) A criação da Guarda Nacional para a manutenção da ordem pública foi obra do Regente
Escolher uma resposta. Uno Pedro de Araújo Lima.

(A) a criação da Guarda Nacional, que garantiu a unidade do território brasileiro.


(B) a extinção do poder moderador, que garantiu a democratização no cenário político 08. (Puc-RJ) E foi justamente com o objetivo de garantir a continuidade desse "mal menor" que o
nacional. governo regencial promulgou, em novembro de 1831, uma lei proibindo o tráfico negreiro para
(C) a Reforma Constitucional de 1834, que criou as Assembleias Provinciais com autonomia o Brasil, declarando livres os escravos que aqui chegassem e punindo severamente os
política. importadores. Por meio dela, não se pretendia, na verdade, pôr fim ao tráfico negreiro, e sim
(D) a ameaça à centralização do poder e à unidade territorial do Brasil. diminuir a pressão dos interesses ingleses. Não por outra razão, comentava-se na Câmara, nas
(E) a eclosão de movimentos sociais, como a Guerra dos Farrapos e a Sabinada, favoráveis à casas e nas ruas, que o ministro Feijó fizera uma lei "para inglês ver".
volta de D. Pedro I.
(Ilmar R. de Mattos e Márcia de A. Gonçalves. "O Império da Boa Sociedade", p. 34)

06. (Ufsm-adaptado) O Período Regencial no Império brasileiro (1831-1840) caracterizou-se pelo Tendo como base o texto apresentado, assinale a única afirmativa CORRETA.
governo exercido por representantes do Poder Legislativo que promoveram:
(A) A lei anti-tráfico de 1831 não só pôs fim ao tráfico intercontinental de escravos, como
igualmente viabilizou a extinção da escravidão no Brasil.
(A) uma estabilidade política fundamentada no centralismo e na ampliação das atribuições do
poder Moderador.
(B) As pressões inglesas pelo fim do tráfico negreiro estiveram associadas à proposta de
(B) a criação da Guarda Nacional em 1831, composta por tropas de confiança e controlada,
investir na industrialização do Brasil.
principalmente, pelos grandes fazendeiros, que receberam o posto de comando e o título
de coronéis. (C) A lei anti-tráfico de 1831, ao cumprir cláusula presente nos tratados de 1827, contribuiu
(C) a mudança da Constituição de 1824 através do Ato Adicional de 1834, no qual a Regência para a maior entrada de trabalhadores imigrantes.
Una passaria a ser Trina e o poder municipal se restringiria ao Executivo.
(D) a criação das faculdades de Direito de São Paulo, de Olinda/ Recife e de Porto Alegre, (D) A "lei para inglês ver", na prática, não extinguiu o tráfico intercontinental de escravos,
com o fim de formar uma classe política nacional diferenciada das influências recebidas ampliando, contudo, de forma decisiva, a polêmica sobre tal questão.
nas universidades portuguesas.
(E) o surgimento de movimentos armados, que contestavam a legalidade do governo (E) O ministro da Justiça, Diogo Feijó, promulgou a lei antitráfico de 1831 em função das
regencial, como a Revolução Pernambucana, a Cabanagem e a Revolução Farroupilha. ameaças inglesas de restringir o comércio com o Brasil.

Curso Preparatório Cidade | Tópico 2.4 – A Guarda Nacional 173


09. (Ufrgs) Assinale a alternativa correta em relação aos eventos políticos ocorridos no período 12. O Período Regencial no Império brasileiro (1831-1840) caracterizou-se pelo governo exercido
regencial. por representantes do Poder Legislativo que promoveram:

(A) Na Regência Una do Padre Feijó, foi suspenso parcialmente o uso do Poder Moderador (A) uma estabilidade política fundamentada no centralismo e na ampliação das atribuições do
pelos regentes. poder Moderador.
(B) Na Regência Una de Araújo Lima, promulgou-se a Lei Interpretativa do Ato Adicional. (B) a criação da Guarda Nacional em 1831, composta por tropas de confiança e controlada,
(C) Na Regência Trina Provisória, foram criados os partidos progressista, regressista, liberal e principalmente, pelos grandes fazendeiros, que receberam o posto de comando e o título
conservador. de coronéis.
(D) Na Regência da Princesa Isabel, eclodiu o movimento oposicionista da Confederação do (C) a mudança da Constituição de 1824 através do Ato Adicional de 1834, no qual a Regência
Equador. Una passaria a ser Trina e o poder municipal se restringiria ao Executivo.
(E) Na Regência Trina Permanente, foi criada a Guarda Nacional. (D) a criação das faculdades de Direito de São Paulo, de Olinda/ Recife e de Porto Alegre,
com o fim de formar uma classe política nacional diferenciada das influências recebidas
nas universidades portuguesas.
10. (Uel) "...valorizava-se novamente o município, que fora esquecido e manietado durante quase
(E) o surgimento de movimentos armados, que contestavam a legalidade do governo
dois séculos. Resultava a nova lei na entrega aos senhores rurais de um poderoso instrumento
regencial, como a Revolução Pernambucana, a Cabanagem e a Revolução Farroupilha.
de impunidade criminal, a cuja sombra renascem os bandos armados restaurando o
caudilhismo territorial (...). O conhecimento de todos os crimes, mesmo os de responsabilidade
(...), pertencia à exclusiva competência do Juiz de Paz. Este saía da eleição popular, 13. O período Regencial da História do Brasil durou de 1831 a 1840. Sobre o mesmo, pode-se
competindo-lhe ainda todas as funções policiais e judiciárias: expedições de mandatos de busca afirmar corretamente que:
e seqüestro, concessão de fianças, prisão de pessoas, ..."
(A) O Governo Regencial não estava previsto no texto da constituição e foi uma improvisação
Em relação ao período regencial brasileiro, o texto refere-se: política, necessária devido à renúncia de D. Pedro I.
(B) Das guerras civis que eclodiram no período, a Cabanagem foi a que mais teve a
(A) ao Ato Adicional. participação das elites regionais.
(B) à Lei de Interpretação. (C) Apresentou grande instabilidade política, nele ocorrendo o perigo de fragmentação
(C) ao Código de Processo Criminal. territorial, decorrente das várias guerras civis.
(D) à criação da Guarda Nacional. (D) Durante o período foi alterada a constituição, o que permitiu a substituição da forma
(E) à instituição do Conselhos de Províncias. unitária do Estado pela forma denominada federação.
(E) A criação da Guarda Nacional para a manutenção da ordem pública foi obra do Regente
Uno Pedro de Araújo Lima.
11. (G1) O Ato Adicional de 1834, estabeleceu reformas na Constituição de 1824, entre as quais
NÃO podemos destacar:
14. Sobre a criação da Guarda Nacional, assinale a afirmativa CORRETA.
(A) a criação da Guarda Nacional;
(B) a substituição da regência trina pela regência una; (A) Foi instrumento político do Império para diminuir o poder político regional das elites,
(C) a autonomia dada às províncias, com a criação das Assembleias Legislativas; sempre em confronto com as medidas fiscais e tributárias da Coroa.
(D) a criação do município neutro do Rio de Janeiro; (B) Tinha a finalidade de defender a Constituição, a liberdade, a independência e a
(E) eleições para regente, para um mandato de quatro anos. integridade do Império, mantendo a obediência às leis, conservando a ordem e a
tranquilidade pública, incluindo os interesses dos escravos regularmente cadastrados pelo
Império.

174 Tópico 2.4 – A Guarda Nacional | Curso Preparatório Cidade


(C) Foi criada como força de combate no sul do país para conter as invasões dos países No relato sobre a Revolução Praeira acima reproduzido, é possível identificar como uma importante
cisplatinos envolvidos em guerras regionais. razão do movimento a:
(D) Foi o braço armado do Império nas disputas regionais e nas lutas contras as rebeliões que
eclodiram durante o período regencial. (A) atuação da imprensa conservadora de Recife.
(B) exoneração do gabinete conservador.
(C) agitação dos escravos malês.
15. (Ufrs) Associe os acontecimentos e medidas políticas do Brasil Império listados na coluna 1 com
(D) extinção da Guarda Nacional por Feijó.
as respectivas conjunturas políticas constantes na coluna 2.
(E) demissão do Ministério liberal.

1. Avanço Liberal 1. ( ) aprovação do Código de Processo Criminal


2. Regresso Conservador 2. ( ) criação da Guarda Nacional 17. Sobre as revoltas do Período Regencial (1831-1840), é correto afirmar que:
3. ( ) definição dos partidos políticos imperiais
4. ( ) aprovação do Ato Adicional (A) indicavam o descontentamento de diferentes setores sociais com as medidas de cunho
5. ( ) Lei de Interpretação do Ato Adicional liberal e antiescravista dos regentes, expressas no Ato Adicional.
(B) algumas, como a Farroupilha (RS) e a Cabanagem (PA), foram organizadas pelas elites
A sequência numérica correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é: locais e não conseguiram mobilizar as camadas mais pobres e os escravos.
(C) provocavam a crise da Guarda Nacional, espécie de milícia que atuou como poder militar
(A) 1 - 1 - 2 - 2 - 1. da Independência do país até o início do Segundo Reinado.
(B) 1 - 2 - 1 - 2 - 1. (D) a Revolta dos Malês (BA) e a Balaiada (MA) foram as únicas que colocaram em risco a
(C) 1 - 1 - 2 - 1 - 2. ordem estabelecida, sendo sufocadas pelo Duque de Caxias.
(D) 2 - 1 - 2 - 1 - 2. (E) expressavam o grau de instabilidade política que se seguiu à abdicação, o fortalecimento
(E) 2 - 2 - 1 - 1 - 2. das tendências federalistas e a mobilização de diferentes setores sociais.

16. "Senhores da Assembleia Legislativa Provincial, Desejarão, senhores, entregar ao esquecimento 18. (Ufrn) A Guerra dos Farrapos ou Revolução Farroupilha (1835-1845) eclodiu como uma reação
os dolorosos eventos que abalaram a paz e a tranquilidade da província, desde o próximo ao(s):
passado mês de novembro. Naqueles dias, rebeldes haviam embebido nos ânimos das classes
menos pensadoras sentimentos próprios para levá-las ao exaltamento. Sob o pretexto da (A) pesados impostos cobrados pela Coroa, que diminuíam a capacidade de concorrência dos
demissão do ministério de 31 de março, substituído por um gabinete que fez renascer o produtos gaúchos, especialmente do charque.
programa de tolerância e justiça no Império, os revoltados julgaram que era chegada a ocasião (B) regime de propriedade das terras gaúchas, que favorecia a concentração da posse de
de colocar em prática nefandos projetos. O primeiro sinal da revolta apareceu na Vila do Pão de latifúndios nas mãos dos nobres ligados à Corte.
Alho em fins de outubro, tentando o próprio comandante do destacamento da polícia sublevá- (C) intensos movimentos do exército imperial no Rio Grande do Sul, que limitavam a atuação
lo. Em Olinda, marchando para fora da cidade, uma parte da guarda nacional aliciada e política dos estancieiros gaúchos.
comandada por seus próprios chefes foi ocupar a Vila de Iguarassú. Os diretores do movimento (D) sistema de representação eleitoral, que excluía a possibilidade de participação política das
davam incremento à insurreição por todos os meios, fazendo em seu delírio gemer a imprensa camadas populares da sociedade gaúcha.
com as mais audaciosas e imorais publicações, a ponto de apregoar dentro da própria Capital,
onde abundavam os elementos da desordem! Recife, 10 de abril de 1849. Manuel Vieira Tosta"
19. (Ufc) Entre 1835 e 1840, ocorreu no Pará uma revolta chamada de "Cabanagem". Com relação
(RELATÓRIO do Presidente de Província de Pernambuco. Recife: Typografia de M. F. de Faria, 1849. a esta rebelião, é correto afirmar:
http//www.brazil.crl.edu/bsd/bsd/u2362/000002.hmtl. Acesso em: 19 ago 2003. Adaptado)
(A) os "cabanos" representavam o grupo mais radical do período da Regência, lutando por
uma República sem escravos e sem grandes proprietários rurais.

Curso Preparatório Cidade | Tópico 2.4 – A Guarda Nacional 175


(B) o governo central ignorou o movimento em função das tímidas propostas de reforma
social divulgadas pelos "cabanos", evitando a repressão.
(C) os líderes "cabanos" eram grandes proprietários de terras, enriquecidos com o ciclo da
borracha e insatisfeitos com a política de centralização do governo regencial.
(D) a repressão ao movimento ocorreu em resposta aos atos de violência perpetrados pelos
"cabanos", na maioria escravos rebelados e índios.
(E) os "cabanos" propunham a manutenção da estrutura social vigente, apesar das tropas
rebeldes serem compostas de negros, mestiços e índios.

20. (Ufpb) Sobre as insurreições ocorridas durante o Período Regencial e o II Reinado, relacione o
movimento social à esquerda com sua característica à direita.

1. Praieira 1. ( ) Rebelião iniciada em 1835 na província do Grão-Pará,


que levou as camadas populares ao poder.
2. Balaiada
2. ( ) Revolta ocorrida na Bahia em 1837, com predominância
3. Sabinada das camadas médias urbanas de Salvador.

4. Farroupilha 3. ( ) Revolta de sertanejos (vaqueiros e camponeses) e


negros escravos, que abalou o Maranhão de 1838 e 1841.
5. Cabanagem
4. ( ) A mais longa revolta da história do Império brasileiro,
ocorrida no Rio Grande do Sul, de 1835 a 1845.

O preenchimento dos parênteses está sequenciadamente correto em:

(A) 1, 3, 4, 2
(B) 2, 1, 4, 5
(C) 5, 3, 2, 4
(D) 3, 4, 1, 2
(E) 1, 2, 3, 4

EXERCÍCIOS DE PROVA

NÃO CONSTAM EM PROVAS ANTERIORES QUESTÕES SOBRE ESTE TÓPICO.

176 Tópico 2.4 – A Guarda Nacional | Curso Preparatório Cidade


Tópico 2.5 – O Ato Adicional de 1834 criaram-se Assembleias Provinciais com maiores poderes, em substituição
aos antigos Conselhos Gerais.

Comentário Além disso, legislou-se sobre a repartição dos das rendas entre o governo
central, as províncias e os municípios. Atribuiu-se às Assembleias
Um dos pontos mais importantes para o estudo do período regencial brasileiro foi a Provinciais competência para fixar as despesas municipais e das
criação de uma lei chamada Ato Adicional. Conhecer as causas, termos e consequências províncias e para lançar os impostos necessários ao atendimento dessas
deste instrumento jurídico é importante para compreensão da dinâmica de todo o despesas, contanto que não prejudicassem as rendas a serem arrecadadas
período regencial. pelo governo central. Essa fórmula vaga, de repartição de impostos
permitiu às províncias a obtenção de recursos próprios, à custa do
Esta lei alterou a constituição brasileira de 1824 em alguns temas específicos de forma enfraquecimento do governo central. Uma das atribuições mais
que as províncias brasileiras pudessem ter mais autonomia em relação ao governo importantes dadas às Assembleias Provinciais foi a de nomear e demitir
central. Algo próximo do federalismo estadunidense. Em sua essência o Ato Adicional funcionários públicos. Desse modo, colocava-se nas mãos dos políticos
foi uma medida de caráter descentralizador. Por isso alguns estudiosos consideram o regionais uma arma significativa, tanto para obter votos em troca de
período como sendo uma "experiência republicana" em meio à monarquia. favores como para perseguir inimigos.

Sobre o assunto leia o texto a seguir. (FAUSTO,Boris.História do Brasil.São Paulo:Edusp, 1997.p. 164)

Bons estudos! Portanto, a “experiência republicana”, além de presidencialista, teve um aspecto federalista (que se
constituem em elementos fundamentais do regime político dos EUA).

O ato também criaria o Município Neutro do Rio de Janeiro.


O ATO ADICIONAL DE 1834

O Ato Adicional foi talvez a experiência mais democrática ocorrida durante o Império, considerada A Regência Una do Padre Diogo Antônio Feijó
como uma espécie de “experiência republicana” do Império que usou elementos da Constituição
dos Estados Unidos.
Conforme estipulado pelo Ato Adicional, realizou-se, a 7 de abril de 1835, a eleição para o cargo de
O regente uno passou a ser eleito por voto censitário, com mandato temporário (quatro anos). A Regente Único. Duas candidaturas destacaram-se logo de início, sendo ambos os candidatos do
eleição e a alternância do chefe do poder executivo permitiram, entre 1835 e 1840, uma Partido Moderado: o paulista Diogo Antônio Feijó, apoiado pelas forças políticas do sul e, também,
experiência considerada republicana e presidencialista no Brasil. O mesmo Ato Adicional criou as pela Sociedade Defensora do Rio de Janeiro; e o pernambucano Antônio Francisco de Paula
Assembleias Legislativas Provinciais, compostas por deputados eleitos — também por voto Holanda Cavalcanti de Albuquerque, cuja família era dona de cerca de um terço dos engenhos de
censitário — e com poder deliberativo no campo civil, judiciário, eclesiástico, educacional, policial, açúcar de Pernambuco, legítimo representante da aristocracia nordestina. Feijó venceu por
econômico e tributário. Dessa forma, as províncias ganharam uma relativa autonomia legislativa. pequena diferença de votos (600), dos cerca de cinco mil eleitores do país que, nessa época, tinha
aproximadamente cinco milhões de habitantes. Segundo a Constituição Outorgada de 1824, os
Segundo o historiador Boris Fausto, o Ato Adicional de 1834 eleitores - cidadãos ativos - eram aqueles que votavam e podiam ser votados. O regente tomou
posse no dia 12 de outubro de 1835, enfrentando oposição até dentro do próprio Partido e uma
(...) determinou que o Poder Moderador não poderia ser exercido durante grave situação de agitação no país. Notícias das províncias falavam de revoltas nos "sertões" do
a Regência. Suprimiu também o Conselho de Estado. Os presidentes de extremo-norte: a Cabanagem no Grão-Pará; a dos escravos Malês, na Bahia; e no extremo-sul, a
província continuaram a ser designados pelo governo central, mas Farroupilha.

Curso Preparatório Cidade | Tópico 2.5 – O Ato Adicional de 1834 177


Tentando reverter o quadro político desfavorável, Feijó e seus companheiros criam um novo A Regência de Araújo Lima
partido, denominado Progressista. Contra ele logo se ergueu um grupo chamado Regressista -
porque queria o retorno à situação anterior ao Ato Adicional, ou seja, às condições políticas e Após a queda do Padre Feijó, o Ministro da Justiça, o pernambucano Pedro de Araújo Lima,
institucionais anteriores às medidas descentralizadoras. Este partido dará origem, ao Partido assumiria interinamente, nomeando um novo gabinete composto por políticos regressistas, que
Conservador, enquanto que os partidários do regente darão origem ao Partido Liberal. ficou conhecido como Ministério das Capacidades pela fama de que gozavam os seus componentes.
Nesse Ministério sobressaía Bernardo Pereira de Vasconcelos na pasta do Império e da Justiça. Em
Feijó provocou toda a fúria que uma pessoa poderia mostrar diante de tal situação e provocou a ira
abril de 1838 ocorreu a segunda eleição para Regente único, lançando-se Araújo Lima como
da aristocracia agrária ao manifestar-se publicamente em apoio à abolição da escravatura. Dizia ser
candidato, enfrentando o "progressista" Holanda Cavalcanti de Albuquerque. Araújo Lima foi eleito
uma "vergonhosa contradição com os princípios liberais que professamos; conservar homens
com grande maioria dos votos e assim, instalaram-se os regressistas no centro do poder.
escravos". Chegou a enviar uma missão a Londres para tratar com o Governo inglês medidas de
repressão ao tráfico negreiro. Essa atitude aumentou o temor dos proprietários rurais, que O núcleo do partido Regressista era a oligarquia fluminense, liderada por Joaquim José Rodrigues
passaram a assumir posições cada vez mais conservadoras. Desentendeu-se também com a Torres, futuro Visconde de Itaboraí, Paulino José Soares de Sousa, futuro Visconde de Uruguai, e
imprensa, que o atacava constantemente, e por isso assinou um decreto, em março de 1838, Eusébio de Queirós. Esses homens, conhecidos como a "trindade saquarema", conseguiram
limitando sua liberdade. O autoritarismo do regente fazia aumentar a cada dia seu grupo de estender, também, sua influência política à vizinha Província de São Paulo - graças ao apoio de
opositores, presente também na Câmara e no Senado. Feijó teve sua atuação bastante limitada, José da Costa Carvalho, que integrara a Regência Trina Permanente. Para os regressistas o
sendo responsabilizado pelas revoltas sociais que se espalhavam por todo o país. Sentindo-se importante era restaurar a autoridade do Estado, fortalecer o Executivo e eliminar a anarquia e a
acuado e sem respaldo político, renunciou em 19 de setembro de 1837. desordem que se espalhavam pelo país, que consideravam fruto do princípio democrático
predominante nos primeiros tempos da Regência. Nesse momento mais uma revolta estourava no
Esse primeiro momento das Regências (1831 - 1836) é caracterizado pela instabilidade política,
país, a Sabinada, dessa vez na Província da Bahia, em 1837.
mas, sobretudo, pelos projetos de liberdade e democracia. É o momento do Avanço Liberal,
baseado no princípio da liberdade, que irá se contrapor ao segundo momento, o do Regresso O homem forte deste período foi o Ministro Bernardo Pereira de Vasconcelos, que colocou abaixo o
Conservador, baseado no princípio da autoridade, a partir de 1836, que virá com a posição Ato Adicional, recuperando a centralização imperial. Foi ele, um dos articuladores do Golpe da
centralizadora. Maioridade, que em 1840, conduziria ao trono o Imperador Dom Pedro II, então com quinze anos
de idade. O golpe daria fim a nove anos de regência, e inauguraria o Segundo Reinado.
Feijó tinha consciência da ameaça que os grupos de oposição ao Governo representavam,
especialmente, o dos restauradores que, ao contrário dos exaltados, detinham uma parcela do Em abril de 1838, Bernardo Pereira de Vasconcelos, em discurso na Câmara dos Deputados,
poder, pois reuniam as forças conservadoras do Senado, além de deterem a tutela do príncipe comunica sua mudança de posição política. "Fui liberal... Sou regressista.", justificava pelo contexto
herdeiro e de suas irmãs. Assim, tentou tirá-los do poder. Procurou, inicialmente, que a Câmara político da época. Para ele e seu grupo, a situação no país estava à beira do caos, a anarquia
destituísse José Bonifácio do cargo de tutor, mas o Senado colocou-se contra. Tentou, então, ameaçando a liberdade. Focos de rebelião explodiam nas ruas, nos sertões e nas senzalas
converter a Câmara numa Assembleia Geral para que votasse as medidas que pleiteava, mas não ameaçando a segurança e a liberdade da nação. Em dezembro desse ano mais uma revolta eclodia,
obteve o apoio necessário dos deputados. Sentindo-se desprestigiado e sem apoio político, acabou dessa vez no Maranhão, chamada Balaiada. Era urgente que se fortalecesse a autoridade do
renunciando, em junho de 1832, ao cargo de Ministro da Justiça. Estado, que fosse detido o "carro da revolução", para que a "boa sociedade" pudesse gerir e
expandir seus negócios, além de preservar sua posição social e sua liberdade de ação. Para tal, era
A queda de Feijó significou uma vitória dos restauradores, que iniciaram um movimento pelo
indispensável que os assuntos do país fossem conduzidos por governantes competentes e bons
retorno de D. Pedro I. Por meio de seu jornal - “O Caramuru”- pregavam abertamente tal proposta.
administradores. Para eles, os regressistas, que ganhavam mais espaço político à medida que seus
Os moderados, temendo essa possibilidade, resolveram reagir e conseguiram acabar com a
opositores ficavam enfraquecidos, o importante era restaurar a ordem, a organização, a segurança
Sociedade Militar, desestabilizando o Partido Restaurador. José Bonifácio foi destituído do cargo de
pública e privada.
tutor e preso em dezembro de 1833, sendo substituído pelo marquês de Itanhaém. Com a morte
de D. Pedro I, em 1834, o Partido Restaurador perdeu sua razão de existir. Nesse momento, Toda essa discussão em torno da necessidade do restabelecimento de leis centralizadoras vai gerar
também, vão se tornar mais explícitas as divergências dentro do Partido Moderado. um movimento, liderado pelos regressistas, para a reformulação do Ato Adicional, a que chamavam
de "carta da anarquia", e do Código do Processo Criminal, considerados ambos responsáveis pelo

178 Tópico 2.5 – O Ato Adicional de 1834 | Curso Preparatório Cidade


caos social. Pretendiam também o restabelecimento do exercício do Poder Moderador. Segundo (E) uma etapa marcada pela estabilidade política, já que a oposição ao imperador Pedro I
Bernardo Pereira de Vasconcelos, as leis liberais, sobretudo a descentralização, tinham ido longe aproximou os vários segmentos sociais, facilitando as alianças na regência.
demais e estavam ameaçando a estabilidade do Governo e a integridade do Império.

Entretanto, as resistências em relação às mudanças fizeram com que essas discussões durassem 03. (Fuvest) O período regencial foi politicamente marcado pela aprovação do Ato Adicional que:
quase três anos, a ponto de que somente em maio de 1840 se deu a aprovação da Lei de
Interpretação do Ato Adicional e a reforma do Código do Processo Criminal só foi ser aprovada em (A) criou o Conselho de Estado.
dezembro de 1841. Por essa reforma os juízes de paz perdiam a função de polícia, que passava aos (B) implantou a Guarda Nacional.
juizes municipais e aos delegados nomeados pelo próprio poder central. Nesse momento procuram- (C) transformou a Regência Trina em Regência Una.
se resgatar os espaços formais de discussão política, como o Parlamento e o Palácio de São (D) extinguiu as Assembleias Legislativas Provinciais.
Cristóvão, em vez das ruas e das praças. O Estado vai se legitimando, assim, como o espaço (E) eliminou a vitaliciedade do Senado.
privilegiado dos "negócios políticos".
04. (Cesgranrio) O período regencial brasileiro (1831/1840) foi marcado por revoltas em quase
todas as províncias do Império, em meio às lutas políticas entre os membros da classe
dominante. Uma das tentativas de superação desses conflitos foi a aprovação, pelo Parlamento,
EXERCÍCIOS
do Ato Adicionalde 1834, que se caracterizava por:

(A) substituir a Regência Una pela Regência Trina.


01. (Unaerp) Assinale a alternativa incorreta:
(B) fortalecer o Legislativo e o Judiciário.
(C) conceder menor autonomia às Províncias.
(A) O Clube da Maioridade tinha como objetivo lutar, junto à Assembleia Nacional, pela
(D) extinguir os Conselhos Provinciais.
antecipação da maioridade de Pedro de Alcântara.
(E) estimular o desenvolvimento econômico regional.
(B) Os principais representantes do Clube da Maioridade eram os irmãos Martin Francisco e
Antônio Carlos de Andrada e Silva.
(C) O Clube da Maioridade teve o apoio das classes dominantes e uniu políticos progressistas 05. (Ufrs) Entre as medidas liberais determinadas pelo Ato Adicional de 1834, encontra-se a:
e parte dos regressistas.
(D) Em 1840, a Assembleia Nacional aprovou a tese da Maioridade e Pedro Alcântara apesar (A) instituição do poder Moderador.
de seus 15 anos incompletos, foi considerado apto para assumir a chefia do Estado (B) convocação de Assembleia Constituinte para elaboração de novo projeto constitucional.
Brasileiro. (C) eleição de uma Regência Trina Provisória em substituição ao Imperador Pedro I.
(E) O Clube da Maioridade, permitiu que D. Pedro assumisse o poder no dia 20 de dezembro (D) criação de Assembleias Legislativas Provinciais.
de 1840, marcando o início do Primeiro Reinado. (E) extensão do voto para todos os brasileiros.

02. (Mackenzie) Do ponto de vista político podemos considerar o período regencial como: 06. (Fuvest)A descentralização política do Brasil, no período regencial, resultou em:

(A) uma época conturbada politicamente, embora sem lutas separatistas que Escolher uma resposta.
comprometessem a unidade do país.
(B) um período em que as reivindicações populares, como direito de voto, abolição da (A) deslocamento das atividades econômicas para a região centro-sul, através de medidas de
escravidão e descentralização política foram amplamente atendidas. favorecimento tributário.
(C) uma transição para o regime republicano que se instalou no país a partir de 1840. (B) ampla autonomia das províncias, de acordo com um modelo que veio a ser adotado, mais
(D) uma fase extremamente agitada com crises e revoltas em várias províncias, geradas pelas tarde, pela Constituição de 1891.
contradições das elites, classe média e camadas populares.

Curso Preparatório Cidade | Tópico 2.5 – O Ato Adicional de 1834 179


(C) revoluções e movimentos sediciosos, que exigiam um modelo centralizador, em benefício 09. (Cesgranrio) A instabilidade política foi a marca mais significativa do período regencial na
das várias regiões do país. história do império brasileiro, quando estava em disputa a definição do modelo político do país,
(D) revoluções e movimentos sediciosos, exigindo que o futuro D. Pedro II assumisse o trono como sugere o(a):
para reduzir a influência do chamado "partido português". (A) projeto liberal da regência eletiva e da maior autonomia das Províncias assegurada pelo
(E) autonomia relativa das províncias, favorecendo o poder das elites regionais mais Ato Adicional.
significativas. (B) rebelião nas províncias do norte, como a Cabanagem e a Balaiada, reflexo do apoio das
oligarquias locais à política conservadora das Regências.
(C) força do movimento restaurador, já que a monarquia era vista pelos liberais como a
07. (Unesp) "O quadro político é evidentemente alterado com a nova ordem: quem fazia oposição
garantia da continuidade das estruturas econômicas como a escravidão.
ao governo se divide em dois grandes grupos - o dos moderados, que estão no poder; os
(D) estratégia da elite em mobilizar as camadas populares para pressionar por reformas
exaltados, que sustentam teses radicais, entre elas a do federalismo, com concessões maiores
sociais prometidas desde a Independência.
às Províncias. Outros, deputados, senadores, Conselheiros de Estado, jornalistas...,
(E) preponderância da burocracia do Conselho de Estado no comando do governo.
permanecem numa atitude de reserva, de expectativa crítica. Deles, aos poucos surgem os
restauradores ou caramurus..."
10. (Fatec) O Ato Adicional de 1834 foi de importância significativa para o Brasil porque:
(Francisco lglésias, BRASIL SOCIEDADEDEMOCRÁTICA.)

(A) restaurou a paz no Império, tendo em vista o término das rebeliões no Nordeste do País.
O texto refere-se à nova ordem decorrente:
(B) possibilitou a tomada do poder pelos conservadores que formavam a aristocracia rural.
(C) antecipou a maioridade de D. Pedro I, evitando, assim, um golpe de Estado dos
(A) da elaboração da Constituição de 1824.
conservadores.
(B) do golpe da maioridade.
(D) ampliou a autonomia das províncias, neutralizando a tendência centralizadora do Primeiro
(C) da renúncia de Feijó.
Reinado.
(D) da abdicação de D. Pedro I.
(E) limitou os poderes excessivos das Câmaras Municipais, que poderiam dividir a Nação.
(E) das revoluções liberais de 1842.

11. (Uel) Por ocasião da renúncia de D. Pedro I, 1831,conforme o estabelecido na Constituição de


08. (Cesgranrio) "O período regencial que se iniciou em 1831 teve no Ato Adicional de 1834 um
1824, organizaram-se Governos Regenciais. O período de transição regencial caracterizou-se:
alento de abertura e um ensaio de umr egime menos centralizado. Para os monarquistas
conservadores, a Regência foi uma 'verdadeira' república, que mostrou sua ineficiência. Tal
(A) pelo ato Adicional de 1834, que aboliu o voto censitário.
período é caracterizado como sendo de CRISE."
(B) pelo banimento da Família Imperial e rebeliões.
(C) pela instabilidade política e agitações sociais.
Segundo o texto, pode-se dizer que a crise ocorreu porque:
(D) pelo superávit crescente na balança comercial.
(E) pela desativação da poderosa Guarda Nacional.
(A) a descentralização era um desejo antigo dos conservadores.
(B) a centralização "encarnava" bem o espírito republicano.
(C) a partilha do poder não se coadunava com o espírito republicano. 12. (Fei) O equilíbrio federativo brasileiro vem sendo discutido no Congresso Nacional e entre os
(D) a descentralização provocou a reação dos meios conservadores. estudiosos do sistema político brasileiro. A construção da federação brasileira foi obra da
(E) a descentralização se opunha aos princípios liberais. República em nosso país, já que, no Império, vivíamos um período de centralismo bastante
acentuado. No entanto, mesmo naquele momento a discussão e os embates acerca da maior
ou da menor centralização do poder estavam em pauta. Acerca da questão centralização x
descentralização no período imperial é correto afirmar que:

180 Tópico 2.5 – O Ato Adicional de 1834 | Curso Preparatório Cidade


(A) a defesa do ideal descentralista era feita pelo Partido Conservador. 15. (Pucrs) Responder à questão sobre os grupos políticos no Império (período regencial),
(B) o grande número de rebeliões ocorridas no Período Regencial tiveram como causa numerando a coluna II de acordo com a coluna I.
fundamental a defesa da maior liberdade para as províncias.
(C) c. a maior liberdade das províncias no período do Segundo Reinado foi obra do Conselho 1. Farroupilhas 1. ( ) Grupo composto basicamente por burocratas,
de Estado. comerciantes e proprietários cafeeiros do Centro-
(D) poucas foram as manifestações a favor da descentralização política no final do Império. 2. Chimangos Sul.Defendiam o retorno de D. Pedro ao trono brasileiro.
(E) a defesa do descentralismo encontrava adeptos principalmente entre os membros da elite 2. ( ) Defendiama manutenção da ordem através de um
do Rio de Janeiro e da Bahia. 3. Caramurus governo centralizado, opondo-se às reformassociais e
econômicas, mas admitiam alterações na Carta de 1824.
3. ( ) Defendiam reformas mais profundas, tais como a
13. (Uel) No governo do regente Araújo Lima (1837-1840) foi aprovada a Lei de Interpretaçãoao
extensão do direito de voto e a autonomia das províncias.
Ato Adicional. Esta lei:
4. ( ) Representavam parcelas da aristocracia agrária e
também eram conhecidos como liberais moderados.
(A) modificava alguns pontos centrais da Constituição vigente, extinguindo o Conselho de
Estado, mas conservando o Poder Moderador e a vitaliciedade do Senado.
Relacionando-se a coluna da esquerda com a coluna da direita, obtêm-se de cima para baixo, os
(B) buscava a centralização como forma de enfrentar os levantes provinciais que ameaçavam
números na sequência:
a ordem estabelecida, limitando os poderes das Assembleias Legislativas Provinciais.
(C) criava o Município Neutro do Rio de Janeiro, território independente da Província, como
(A) 2, 1, 3, 2
sede da administração central, propiciando a centralização política.
(B) 3, 2, 1, 2
(D) revelava o caráter liberal dos Regentes, suspendendo o exercício do Poder Moderador
(C) 3, 1, 2, 1
pelo governo, eixo da centralização política no Primeiro Reinado.
(D) 1, 2, 3, 2
(E) restabelecia os poderes legislativos dos Conselhos Municipais, colocando nas mãos dos
(E) 3, 2, 1, 1
conselheiros o direito de governar as Províncias.

16. (Fgv) A abdicação de D. Pedro I em 1831 deu início ao chamado período regencial, sobre o
14. (Unifesp) No Brasil independente, os seis anos que separam o Ato Adicional (1834) da
qual se pode afirmar:
Maioridade (1840) foram chamados de"experiência republicana", devido:
I. As elites nacionais reformaram o aparato institucional de modo a estabelecer maior
descentralização política.
(A) ao caráter das revoltas intituladas Cabanagem, Balaiada e Sabinada.
II. Foi um período convulsionado por revoltas, entre elas, a Farroupilha e a Sabinada.
(B) aos primeiros anos da revolução Farroupilha no Rio Grande do Sul.
III. D. Pedro II sucedeu ao pai e impôs, logo ao assumir o trono, reformas no regime
(C) à força do Partido Republicano na Câmara dos Deputados.
escravista.
(D) à extinção da monarquia durante a menoridade de D. Pedro II.
IV. O exercício do Poder Moderador pelos regentes epelo Exército conferia estabilidade ao
(E) às Assembleias Legislativas Provinciais e à eleição do Regente Uno.
regime.

As afirmativas corretas são:

(A) l e ll
(B) I, lI e llI
(C) l e llI
(D) II, lll e lV
(E) II e lV

Curso Preparatório Cidade | Tópico 2.5 – O Ato Adicional de 1834 181


17. (Fatec) O período da História do Brasil entre 1831 e1840, conhecido como período regencial e (D) As Assembleias legislativas provinciais foram criadas para proporcionar autonomia política
cujas datas correspondem respectivamente à abdicação e à maioridade de D. Pedro II, tem e administrativa às províncias no intuito de atender às demandas locais.
como um de seus traços marcantes: (E) A Corte, com sede no Rio de Janeiro, por meio da aliança entre progressistas e
regressistas, continuou centralizando as ações em defesa da Constituição de 1824.
(A) a constante luta das correntes liberais contra o sistema escravista e a monarquia. Errado
(B) a perda da influência da economia inglesa sobre o Brasil, devido à crise da produção
algodoeira no Egito e na Índia. 20. (Cesgranrio) "O período regencial que se iniciou em 1831 teve no Ato Adicional de 1834 um
(C) o aumento do comércio de produtos primários de exportação, superando a crise do alento de abertura e um ensaio de um regime menos centralizado. Para os monarquistas
Primeiro Reinado. conservadores, a Regência foi uma 'verdadeira' república, que mostrou sua ineficiência. Tal
(D) o rompimento definitivo dos laços com Portugal, em virtude da ascensão dos liberais ao período é caracterizado como sendo de CRISE."
poder.
(E) a instabilidade política e social, decorrente de numerosos movimentos revolucionários. Segundo o texto, pode-se dizer que a crise ocorreu porque:

(A) a descentralização era um desejo antigo dos conservadores.


18. (Mackenzie) Em 1838, o deputado Bernardo Pereira Vasconcelos escrevia: (B) a centralização "encarnava" bem o espírito republicano.
"Fui liberal, então a liberdade era nova para o país, estava nas aspirações de todos, mas não nas (C) a partilha do poder não se coadunava com o espírito republicano.
leis, não nas ideias práticas; o poder era tudo, fui liberal. Hoje, porém, é diverso o aspecto da (D) a descentralização provocou a reação dos meios conservadores.
sociedade; os princípios democráticos tudo ganharam e muito comprometeram (...)" (E) a descentralização se opunha aos princípios liberais.

O texto se reporta:
EXERCÍCIOS DE PROVA
(A) ao Ato Adicional, à instabilidade política dele decorrente e as constantes ameaças de
fragmentação do território.
(B) ao Golpe da Maioridade, estratégia usada pelos liberais, que favoreceu o grupo de 01. (EsFCEx - 2001) Examinando o Período Regencial no Brasil, analise as afirmativas abaixo:
políticos palacianos.
I. A Regência Trina Provisória foi instalada porque a Assembleia Nacional estava em recesso.
(C) ao declínio do império, abalado pelas crises militar e da abolição.
II. Não houve interrupção administrativa no Brasil, graças a atuação da Regência Trina
(D) à crise sucessória portuguesa e à conseqüente abdicação de Pedro I. Errado
Provisória.
(E) ao Ministério da Conciliação, marcado pela estabilidade econômica e pela aliança entre
III. O governo na Regência Trina Permanente foi marcado por ampla liberdade de imprensa.
liberais e conservadores.
IV. O período histórico no qual o Brasil foi governado pela Regência Trina Permanente foi de
absoluta paz interna.
19. (Ufc) O Ato Adicional, decretado no período das regências no Brasil pela Lei n¡. 16, de 12 de
agosto de 1834, estabeleceu algumas modificações na Constituição de 1824. Acerca dessas Com base na análise, assinale a alternativa correta.
alterações, assinale a alternativa correta:
(A) Somente I está correta.
(A) O Conselho de Estado foi reorganizado para que fosse possível conter os conflitos (B) Somente II e IV estão corretas.
provinciais. (C) Somente III e IV estão corretas.
(B) Os presidentes provinciais passaram a ser eleitos e a ter o poder de aprovar leis e (D) Somente I, II e III estão corretas.
resoluções referentes ao controle dos impostos. (E) Todas estão corretas.
(C) O estabelecimento da Regência Una, ao invés da Regência Trina, significou a eleição de
um único regente, com mandato até a maioridade de D. Pedro II.

182 Tópico 2.5 – O Ato Adicional de 1834 | Curso Preparatório Cidade


02. (EsFCEx - 2003) Pode-se afirmar corretamente que o Ato Adicional de 1834 estabelecia a 05. (EsFCEx - 2011) O longo período regencial da monarquia brasileira (1831-1840) teve como um
manutenção do (a) (s): dos seus mais caros debates o que girou em torno das ideias e práticas de descentralização e
de centralização. Assinale a opção que contém exclusivamente medidas de cunho
(A) Vitaliciedade do Senado. descentralizador, considerando a expressiva maioria da opinião dos historiadores:
(B) Regência Trina.
(C) Conselho de Estado. (A) Ampliação das prerrogativas dos juízes de paz – Tribunal do Júri – habeas corpus.
(D) Eleição Regencial pelo Parlamento. (B) Ato Adicional – Lei de Interpretação do Ato Adicional – habeas corpus.
(E) Províncias sem Assembleias Provinciais. (C) Tribunal do Júri – ampliação das prerrogativas dos juízes de paz – reforma do Código de
Processo Criminal.
(D) Lei de Interpretação do Ato Adicional – Tribunal do Júri – reforma do Código de Processo
03. (EsFCEx - 2006) Como consequência do Ato Adicional à Constituição de 1824 deve-se excluir: Criminal.
(E) Ampliação das prerrogativas dos juízes de paz – Tribunal do Júri – Interpretação do Ato
(A) a criação do Conselho de Estado, órgão que reunia os políticos mais conservadores. Adicional.
(B) a Regência Una em substituição à Regência Trina.
(C) a criação das Assembleias Legislativas provinciais, com poderes para fazer leis referentes
às questões locais.
(D) a disputa entre progressistas, favoráveis à manutenção da autonomia provincial, e
regressistas, defensores da centralização.
(E) nenhuma das alternativas anteriores.

04. (EsFCEx - 2010) Sobre a Regência Una e a eleição de Feijó, assinale a alternativa correta.

(A) O contexto que antecede a eleição de Feijó como regente único está marcado pela divisão
política em dois grupos: os progressistas que apoiavam o Ato Adicional de 1834 e aqueles
que se opunham a ele, os regressistas.
(B) O Ato Adicional que viria a orientar as ações políticas da Regência Una tinha como
proposta a centralização do poder em mãos de um regente único, ao passo que buscava
a mesma unidade centralizadora para as províncias através do combate à autonomia
local.
(C) Com a eleição de Feijó, as Assembleias Legislativas que possuíam caráter apenas
consultivo cederam espaço aos Conselhos Provinciais, agora com amplos poderes de
legislação nas áreas civil e militar.
(D) A vitaliciedade do Senado foi extinta , promovendo o declínio dos restauradores e a
resposta aos anseios dos exaltados.
(E) A vitória de Feijó representou a vitória dos regressistas e a estabilidade entre as principais
forças políticas.

Curso Preparatório Cidade | Tópico 2.5 – O Ato Adicional de 1834 183


Tópico 2.6 – As revoltas regenciais Quando se sabe que muitas das antigas queixas da províncias se voltavam
contra a centralização monárquica, pode parecer estranho o surgimento
de tantas revoltas nesse período. Afinal de contas, a Regência procurou
Comentário dar alguma autonomia às Assembleias Provinciais e organizar a
distribuição de rendas entre o governo central e as províncias. Ocorre
O período regencial tem como característica principal a eclosão de rebeliões porém que, agindo nesse sentido, os regentes acabaram incentivando as
separatistas em diferentes regiões. Foram várias e sérias. disputas entre elites regionais pelo controle das províncias cuja
importância crescia. Além disso, o governo perdera a aura de legitimidade
Caro estudante, pense a respeito das seguintes questões: que, bem ou mal, tivera enquanto um imperador esteve no trono. Algumas
indicações equivocadas para presidente de províncias fizeram o resto.
Qual relação essas rebeliões têm entre si? Por que essas revoltas aconteceram na
mesma época? Qual relação existiu entre as várias revoltas do período e a promulgação (FAUSTO,Boris.História do Brasil.São Paulo:Edusp, 1997.p. 165)
do Ato Adicional de 1834?
A Cabanagem
Esses questionamentos devem ser a reflexão inicial sobre esse tópico. Posteriormente
identifique as causas e contextos próprios de cada uma dessas revoltas. A Cabanagem (1835-1840) foi uma revolta de cunho social ocorrida na então Província do Grão-
Pará, no norte Brasil.
Bons estudos!
Entre as causas dessa revolta citam-se a extrema miséria do povo paraense e a irrelevância política
à qual a província foi relegada após a independência do Brasil.
AS REVOLTAS REGENCIAIS
Segundo o historiador Boris Fausto

A Cabanagem explodiu no Pará, região frouxamente ligada ao Rio de


Rebeliões do Período Regencial
Janeiro. A estrutura social não tinha aí a estabilidade de outras províncias,
nem havia uma classe de proprietários rurais bem estabelecida. Era um
Várias rebeliões marcaram o período regencial. Essas revoltas tinham como causas comuns: mundo de índios, mestiços, trabalhadores escravos ou dependentes e uma
minoria branca, formada por comerciantes portugueses e uns poucos
- péssimas condições de vida da população mais pobre; ingleses e franceses. Essa minoria se concentrava em Belém, uma
pequena cidade de 12 mil habitantes. Por aí escoava a modesta produção
- a falta de autonomia das províncias, devido à centralização do governo imperial; de tabaco, cacau, borracha e arroz. Uma contenda entre grupos da elite
local, sobre a nomeação do presidente da província, abriu caminho para a
- o excesso de impostos, cobrados pelo governo central; rebelião popular. Foi proclamada a independência do Pará. Uma tropa cuja
base se compunha de negros, mestiços e índios atacou Belém e
- a luta pelo poder entre partidos e grupos políticos. conquistou a cidade, após vários dias de luta. A partir daí, a revolta se
estendeu ao interior da província.
Contudo, há que se ressaltar o fato de que, durante a Regência, algumas das mencionadas causas
das revoltas regenciais enfraqueceram-se. As reformas descentralizadoras, promovidas pelas elites
(FAUSTO,Boris.História do Brasil.São Paulo:Edusp, 1997.p. 166)
liberais no poder, reduziram de forma significativa as atribuições do poder central. No entanto, o
grau de autonomia proporcionado às províncias, não foi suficiente para refrear os movimentos A denominação Cabanagem remete ao tipo de habitação (cabanas) da população ribeirinha mais
revoltosos. Conforme demonstra o historiador Boris Fausto pobre, formada principalmente por mestiços, escravos libertos e índios. A elite fazendeira do Grão-

184 Tópico 2.6 – As revoltas regenciais | Curso Preparatório Cidade


Pará, embora morasse muito melhor, ressentia-se da falta de participação nas decisões do governo Figura 37: Belém do Pará, primeira metade do século XIX
central, dominado pelas províncias do Sudeste e do Nordeste.

Durante a Independência, o Grão-Pará se mobilizou para expulsar as forças reacionárias que


pretendiam reintegrar o Brasil a Portugal. Nessa luta, que se arrastou por vários anos, destacaram-
se as figuras do cônego e jornalista João Batista Gonçalves Campos, dos irmãos Vinagre e do
fazendeiro Félix Antônio Clemente Malcher. Formaram-se diversos mocambos de escravos foragidos
e eram frequentes as rebeliões militares. Terminada a luta pela independência e instalado o
governo provincial, os líderes locais foram marginalizados do poder.

Em julho de 1831 estourou uma rebelião na guarnição militar de Belém do Pará, tendo Batista
Campos sido preso como uma das lideranças implicadas. A indignação do povo cresceu, e em 1833
já se falava em criar uma federação. O governador da Província, Bernardo Lobo de Souza,
desencadeou uma política repressora, na tentativa de conter os inconformados. O clímax foi
atingido em 1834, quando Batista Campos publicou uma carta do bispo do Pará, Romualdo de
Sousa Coelho, criticando alguns políticos da província. Por não ter sido autorizada pelo governo da
Província, o cônego foi perseguido, refugiando-se na fazenda de seu amigo Clemente Malcher.
Reunindo-se aos irmãos Vinagre (Manuel, Francisco Pedro e Antônio) e ao seringueiro e jornalista
Eduardo Angelim reuniram um contingente de rebeldes na fazenda de Malcher. Antes de serem
atacados por tropas governistas, abandonaram a fazenda. Contudo, no dia 3 de novembro, as
tropas conseguiram matar Manuel Vinagre e prender Malcher e outros rebeldes.
Atlas de Spix e Martius.
Na noite de 6 de Janeiro de 1835 os rebeldes atacaram e conquistaram a cidade de Belém,
assassinando o presidente Sousa Lobo e o Comandante das Armas, e apoderando-se de uma Agora na presidência e no Comando das Armas da Província, Francisco Vinagre não se manteve fiel
grande quantidade de material bélico. No dia 7, Clemente Malcher foi libertado e escolhido como aos cabanos. Se não fosse a intervenção de seu irmão Antônio, teria entregue o governo ao poder
presidente da Província e Francisco Vinagre para Comandante das Armas. O governo cabano não imperial, na pessoa do marechal Manuel Jorge Rodrigues (julho de 1835). Devido à sua fraqueza e
durou por muito tempo, pois enquanto Malcher, com o apoio das classes dominantes pretendia ao reforço de uma esquadra comandada pelo almirante inglês Taylor, os cabanos foram derrotados
manter a província unida ao Império do Brasil, Francisco Vinagre, Eduardo Angelim e os cabanos e se retiraram para o interior. Reorganizando suas forças, os cabanos atacaram Belém, em 14 de
pretendiam separá-la. O rompimento aconteceu quando Malcher mandou prender Angelim. As agosto. Após nove dias de batalha, mesmo com a morte de Antônio Vinagre, os cabanos
tropas dos dois lados entraram em conflito, saindo vitoriosas as de Francisco Vinagre. Clemente retomaram a capital.
Malcher, assassinado, teve o seu cadáver arrastado pelas ruas de Belém.
Eduardo Angelim assumiu a presidência. Durante 10 meses, a elite se viu atemorizada pelo
controle cabano sobre a Província do Grão-Pará. A falta de um projeto com medidas concretas para
a consolidação do governo rebelde provocou seu enfraquecimento. Em março de 1836, o
brigadeiro José de Sousa Soares Andréia foi nomeado para presidente da Província. A sua primeira
providência foi a de atacar novamente a capital (abril de 1836), em função do que os cabanos
resolveram abandonar a capital para resistir no interior.

As forças navais sob o comando de John Pascoe Grenfell bloquearam Belém e, no dia 10 de maio,
Angelim deixou a Capital, sendo detido logo em seguida. Entretanto, ao contrário do que Soares
Andréia imaginou, a resistência não terminou com a detenção de Eduardo Angelim. Durante três

Curso Preparatório Cidade | Tópico 2.6 – As revoltas regenciais 185


anos, os cabanos resistiram no interior da província, mas aos poucos, foram sendo derrotados. Ela vontade da população da província. Outro motivo, foi a chegada à Bahia, de boatos de que o
só cederia com a decretação de anistia aos revoltosos (1839). Em 1840 o último foco rebelde, sob governo central convocaria tropas Baianas para combater os Farroupilhas do Rio Grande do Sul.
liderança de Gonçalo Jorge de Magalhães, se rendeu.
Sob a liderança do médico Francisco Sabino da Rocha Vieira (da onde originou-se o termo
Calcula-se que de 30 a 40% de uma população estimada de 100 mil habitantes morreu. Em Sabinada), a revolta conseguiu o apoio de parte das tropas do governo em Salvador, obrigando à
homenagem ao movimento Cabano, um monumento foi erguido na entrada da cidade de Belém: o fuga das autoridades e proclamando um governo republicano, com duração até à maioridade de D.
Monumento à Cabanagem. Pedro de Alcântara.

Figura 38: Bandeira dos Sabinos

A Sabinada

A Sabinada foi uma revolta autonomista que teve inicio em 7 de novembro de 1837 na então
Província da Bahia.

A tradição de lutas por autonomia política na Bahia remonta à Conjuração Baiana (1798), às lutas
pela independência entre 1822-23, à Federação do Guanais (1832) e à Revolta dos Malês (1835).
Durante o período regencial (1831-1840), diante da renúncia do Padre Diogo Antônio Feijó e da
apresentação da Lei de Interpretação do Ato Adicional (1837), o clima político brasileiro se tornou
mais tenso.

Nesse contexto, a classe média da Bahia se articulou através dos periódicos provinciais, em torno
Bandeira dos Sabinos. Desenhada por Lipe Fontoura.
da proposta de um movimento em favor da separação temporária da Província do restante do
império, proclamando uma república enquanto o príncipe D. Pedro de Alcântara não alcançasse a
Após dominar alguns quartéis, os rebeldes não conseguiram ampliar o seu campo de ação, ficando
maioridade.
restritos aos limites urbanos. Esse fato facilitou a repressão por parte do governo imperial, que
cercou a capital em uma operação combinada terrestre e marítima (março de 1838). Cerca de mil
Conforme o historiador Boris Fausto
pessoas pereceram em combates. Os rebeldes que sobreviveram foram capturados e julgados por
(...) O movimento buscou um compromisso com relação aos escravos, um tribunal composto pelos donos de latifúndios da província. Três dos líderes foram executados e
dividindo-os entre nacionais – nascidos no Brasil – e estrangeiros – outros três deportados, entre eles, Francisco Sabino Vieira, que foi confinado na, então remota,
nascidos na África. Serem libertados os cativos nacionais que houvessem Província de Mato Grosso.
pegado em armas pela revolução; os demais continuariam escravizados.

(FAUSTO,Boris.História do Brasil.São Paulo:Edusp, 1997.p. 166)


A Balaiada

A Balaiada foi uma revolta de fundo social, ocorrida entre 1838 e 1841 no interior da então
A revolta teve início com a fuga do líder Farroupilha, Bento Gonçalves, que se encontrava detido no Província do Maranhão, no Brasil.
Forte do Mar em Salvador. Livre, Bento Gonçalves incentivou a revolução.
Durante o Período regencial brasileiro o Maranhão, região exportadora de algodão, passava por
As causas foram que a população da província estava insatisfeita com o governo central. O motivo uma grave crise econômica, devido à concorrência com o gênero norte-americano. Em paralelo, a
era o fato de os regentes imporem governantes para Bahia sem se importar com os interesses e a atividade pecuária absorvia importante contingente de mão-de-obra livre nessa região. Esses

186 Tópico 2.6 – As revoltas regenciais | Curso Preparatório Cidade


fatores explicam o envolvimento de elementos escravos e de homens livres de baixa renda no Os líderes balaios - ou foram mortos em batalha ou capturados. Destes últimos, alguns foram
movimento. julgados e executados, como Cosme Bento, por enforcamento. Pela sua atuação na Província do
Maranhão, Lima e Silva recebeu o título de Barão de Caxias.
Segundo o historiador Boris Fausto:

A Balaiada maranhense começou a partir de uma série de disputas entre


grupos da elite local. As rivalidades acabaram resultando em uma revolta A Revolução Farroupilha
popular.Ela se concentrou no sul do Maranhão, junto à fronteira do Piauí,
uma área de pequenos produtores e de algodão e criadores de gado.À A Guerra dos Farrapos ou Revolução Farroupilha são os nomes pelos quais ficou conhecido o
frente, do movimento, estavam o cafuzo Raimundo Gomes, envolvido na conflito entre os republicanos do Rio Grande do Sul e o governo Imperial, e que resultou na
política local e Francisco dos Anjos Ferreira, de cujo ofício – fazer e vender declaração de independência do Rio Grande do Sul, dando origem à República Rio-Grandense. Sua
balaios – derivou o nome da revolta. Ferreira aderiu à rebelião para vingar duração foi de 1835 a 1845 e, para além da então Província do Rio Grande do Sul, chegou a
a honra de uma filha, violentada por um capitão de polícia. Paralelamente, alcançar a região de Santa Catarina, na região sul do Brasil. Teve como líderes: Bento Manuel
surgiu um líder negro conhecido como Cosme – sem sobrenome pelo Ribeiro e Bento Gonçalves.
menos nos relatos históricos – à frente de 3 mil escravos fugidos.
Os revoltosos foram alcunhados pejorativamente de Farrapos ou Farroupilhas. O termo, com o
(FAUSTO,Boris.História do Brasil.São Paulo:Edusp, 1997.p. 167) tempo, adquiriu uma significação elogiosa, sendo adotado com orgulho pelos revolucionários, de
forma semelhante à que ocorreu com os sans-cullotes à época da Revolução Francesa. Seus
No campo político ocorria uma disputa no seio da classe dominante pelo poder, que se refletia no oponentes imperiais eram por eles, chamados de Caramurus.
Maranhão opondo, por um lado, os liberais (bem-te-vis) e os conservadores (cabanos). À época da
Regência de Pedro de Araújo Lima, provocando o chamado regresso conservador, os cabanos Figura 39: Cena da Guerra dos Farrapos.
maranhenses aproveitaram a oportunidade para alijar do poder os bem-te-vis, tentando, ao mesmo
tempo, debilitar ainda mais estes últimos pela contratação dos serviços de vaqueiros, tradicional
apoio dos bem-te-vis

O evento que deu início à revolta foi a detenção do irmão do vaqueiro Raimundo Gomes, da
fazenda do padre Inácio Mendes (bem-te-vi), por determinação do sub-Prefeito da povoação de
Manga, José Egito (cabano). Contestando a detenção do irmão, Raimundo Gomes com o apoio de
um contingente da Guarda Nacional, invadiu o edifício da cadeia pública da povoação e libertou-o,
em dezembro de 1838. Em seguida, Raimundo Gomes, com o apoio de Cosme Bento, ex-escravo à
frente de três mil africanos evadidos, e de Manuel Francisco dos Anjos Ferreira, espalharam a
revolta pelo interior do Maranhão.
Reprodução parcial de óleo do acervo da prefeitura de São Paulo.José Wasth Rodrigues.
Apesar das tentativas de manipulação por parte dos bem-te-vis, o movimento adquiriu feição
própria, saindo de controle. Diante da proporção alcançada, envolvendo as camadas populares, as As causas remotas do conflito encontram-se na posição secundária, econômica e política, que a
elites locais se aproximaram em busca de estratégias para derrotar os revoltosos. Diante desse região sul, e em particular a Província do Rio Grande do Sul, ocupava nos anos que se sucederam à
esforço, o governo regencial enviou tropas sob o comando do então Coronel Luís Alves de Lima e
Independência. Diferentemente das províncias do sudeste e do nordeste, cuja produção de gêneros
Silva, nomeado Presidente da Província. Conjugando a pacificação política com uma bem sucedida primários se voltava para o mercado externo, a do Rio Grande do Sul produzia para o mercado
ofensiva militar, em uma sucessão de confrontos vitoriosos obtida pela concessão de anistia aos interno, tendo como principal produto o charque, utilizado na alimentação dos escravos africanos.
chefes revoltosos que auxiliassem a repressão aos rebelados, obteve a pacificação da Província em
A região sul, desse modo, encontrava-se dependente de um mercado que por sua vez dependia do
1841.
mercado externo e sofria as consequências disso.

Curso Preparatório Cidade | Tópico 2.6 – As revoltas regenciais 187


Como causa imediata, o charque rio-grandense era tributado mais pesadamente do que o similar • a anistia aos revoltosos;
oriundo da Argentina e do Uruguai, perdendo assim competitividade no mercado interno em função
dos preços. • os soldados rebeldes seriam incorporados ao exército imperial, nos mesmos postos
(excetuando-se os generais);
No interior da Província, existiam fazendas agrícolas cuja produção também era destinada ao
consumo interno. Ali, muitos colonos se estabeleciam e, entre eles, militares desmobilizados. • a escolha do presidente da Província caberia aos farroupilhas;
Alguns desses colonos não conseguiam adquirir terras para formar as próprias fazendas e
acabavam formando bandos armados que se ofereciam aos proprietários mais afastados. • as dívidas da República Rio-Grandense seriam assumidas pelo Império do Brasil;

Há que se considerar, ainda, que o Rio Grande do Sul, como região fronteiriça à região platina, era • haveria uma taxa de 25% sobre o charque importado.
militarizado desde o século XVII, citando-se a então ainda recente Guerra da Cisplatina. Embora
A atuação de Lima e Silva foi tão nobre e decente para com os rebeldes que os rio-grandenses o
vários rio-grandenses tenham se distinguido na carreira militar, não havia uma contrapartida
escolheram para presidente da província. O Império, reconhecido, outorgou ao general o título
política, sendo as posições de comando, civis e militares, ocupadas por elementos oriundos da
nobiliárquico de Conde de Caxias (1845).
Corte.
Segundo o historiador Boris Fausto
Também é preciso citar o conflito ideológico presente no Rio Grande do Sul a partir da criação da
Sociedade Militar, um clube com simpatia pelo Império e até mesmo suspeito de simpatizar com a
Há controvérsias entre os historiadores sobre se os farrapos desejavam ou
restauração de D. Pedro I. Os estancieiros rio-grandenses não viam com bons olhos a Sociedade
não separar-se do Brasil, formando um novo país com o Uruguai e as
Militar e pediam que o governo provincial a colocasse na ilegalidade.
províncias do Prata. Seja como for, um ponto comum entre os rebeldes
era o de fazer do Rio Grande do Sul, uma província pelo menos uma
Ao chegar o ano de 1835 os ânimos políticos estavam exaltados. Estancieiros liberais e militares
província autônoma, com rendas próprias, livre da centralização do poder
descontentes promoviam reuniões em casas de particulares, destacando-se as figuras de Bento
imposta pelo Rio de Janeiro.
Manuel Ribeiro e Bento Gonçalves, dois líderes militares.

Naquele ano foi nomeado como presidente da Província Antônio Rodrigues Fernandes Braga, nome A revolução farroupilha forçou o Brasil a realizar uma política externa na
que, se inicialmente agradou aos liberais, aos poucos se mostrou pouco digno de confiança. No dia região platina, bem diferente da tradicional. Durante anos, o Brasil seria
em que tomou posse, Fernandes Braga fez uma séria acusação de separatismo contra os forçado a não ter uma política agressiva na bacia do prata e a buscar
estancieiros rio-grandenses, chegando a citar nomes, o que praticamente liquidou as chances de acordos com Buenos Aires, para ocupar-se de uma revolução no interior
conviver em paz com os seus governados. Em 1840, por ocasião do Golpe da Maioridade que de suas fronteiras.
colocou Pedro II no trono, foi oferecida uma anistia, recusada pela maioria dos rebeldes. Alguns,
contudo, exaustos pelos anos de luta, começaram a compreender que não poderiam alcançar a (FAUSTO,Boris.História do Brasil.São Paulo:Edusp, 1997.p. 170)
vitória. Em 1842 foi finalmente promulgada a Constituição da República, o que deu um ânimo,
momentâneo, à luta. Nesse mesmo ano, entretanto, foi nomeado para presidente do Rio Grande
do Sul o general Luís Alves de Lima e Silva, o qual tratou de negociar a paz por via diplomática. EXERCÍCIOS

Os farroupilhas entraram em discordância, com episódios como a morte de Antônio Vicente da


Fontoura e o duelo entre Onofre Pires (ferido e depois morto) e Bento Gonçalves. 01. (Puc-rio) Para muitos brasileiros que vivenciaram o período regencial (1831-1840), aquele foi
um tempo de impasses, mudanças e rebeliões. Sobre esse período, é correto afirmar que:
As negociações de paz foram conduzidas por Lima e Silva, de um lado, e Davi Canabarro (que
substituiu Bento Gonçalves), do outro. No dia 28 de Fevereiro de 1845 (algumas fontes mencionam I. a renúncia inesperada do Imperador D. Pedro I levou à nomeação de uma regência trina e
1º de Março ou 25 de Fevereiro), depois de 10 anos de lutas, foi assinada a paz em Ponche Verde, à implantação, em caráter provisório, de um governo republicano.
que tinha como condições principais:

188 Tópico 2.6 – As revoltas regenciais | Curso Preparatório Cidade


II. a antecipação da maioridade de D. Pedro II, em 1840, garantiu o restabelecimento da (E) A Revolução Farroupilha (1835 -1845) no sul do País.
ordem monárquica e a pacificação de todas as revoltas que ameaçavam a integridade
territorial do Império.
III. houve uma série de revoltas envolvendo desde elementos das tropas regulares até 03. (Fuvest) "Sabinada" na Bahia, "Balaiada" no Maranhão e "Farroupilha" no Rio Grande do Sul
escravos, destacando-se, entre elas, a Farroupilha, a Cabanagem e a Revolta dos Malês. foram algumas das lutas que ocorreram no Brasil em um período caracterizado:
IV. a ausência provisória da autoridade monárquica estimulou a proliferação de projetos
políticos destinados à reorganização do Estado imperial. (A) por um regime centralizado na figura do imperador, impedindo a constituição de partidos
políticos e transformações sociais na estrutura agrária.
Assinale a alternativa: (B) pelo estabelecimento de um sistema monárquico descentralizado, o qual delegou às
Províncias o encaminhamento da "questão servil".
(A) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas. (C) por mudanças na organização partidária, o que facilitava o federalismo, e por
(B) se somente a afirmativa I estiver correta. transformações na estrutura fundiária de base escravista.
(C) se somente as afirmativas II, III e IV estiverem corretas. (D) por uma fase de transição política, decorrente da abdicação de Dom Pedro I, fortemente
(D) se somente as afirmativas III e IV estiverem corretas. marcada por um surto de industrialização, estimulado pelo Estado.
(E) se todas as afirmativas estiverem corretas. (E) pela redefinição do poder monárquico e pela formação dos partidos políticos, sem que se
alterassem as estruturas sociais e econômicas estabelecidas.

02. (Ufla) Leia o texto abaixo, analise e faça o que se pede.


04. (Unesp) "Mais importante, o país é abalado por choques de extrema gravidade; não mais os
"Por mais estranho que pareça, a Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL) está impondo o motins... mas verdadeiros movimentos revolucionários, com intensa participação popular, põem
Global Standart Mobile (GSM) como única tecnologia de segunda geração a ser adotada no País e em jogo a ordem interna e ameaçam a unidade nacional. Em nenhum outro momento há
bloqueando o uso do Code Division Multiplex Access (CDMA) em serviços de terceira geração tantos episódios, em vários pontos do país, contando com a presença da massa no que ela tem
(3G). Como consequência, a agência cria a mais anacrônica reserva de mercado na área de de mais humilde, desfavorecido. Daí as notáveis conflagrações verificadas no Pará, no
telecomunicações." Maranhão, em Pernambuco, na Bahia, no Rio Grande do Sul."

(Artigo "Anatel" recria a reserva de mercado, O Estado de São Paulo, 13 de Abril de 2003) (Francisco Iglésias, "BRASIL, SOCIEDADE DEMOCRÁTICA".)

O texto em questão, com base em uma situação específica do mercado de telefonia celular do Este texto refere-se ao período:
País, faz uma crítica aos procedimentos da ANATEL e, para tanto, traz de volta a chamada "Política
de Reserva de Mercado" criada no início da década de 70 (1974) com o intuito de proteger a (A) da Guerra da Independência.
indústria de informática nacional. Tal política causou, naquele momento histórico, atritos com os (B) da Revolução de 1930.
EUA que em retaliação taxou produtos brasileiros naquele país. (C) agitado da Regência.
(D) das Revoltas Tenentistas.
Historicamente, práticas de "reserva de mercado" têm contribuído para a gestação de guerras. No (E) da Proclamação da República.
caso específico da nossa história, qual das guerras abaixo teria sido causada por tentativas de
"reserva de mercado"?

(A) A Guerras dos Mascates (1710 - 1712) em Pernambuco.


(B) A Guerra de Canudos (1893 -1897) na Bahia.
(C) Revolta da Vacina (1904) no Rio de Janeiro.
(D) Guerra no Contestado (1912 - 1916) em região fronteiriça do Paraná e Santa Catarina.

Curso Preparatório Cidade | Tópico 2.6 – As revoltas regenciais 189


05. (Faap) Iniciado por holandeses e ingleses, o povoamento consolida-se com os portugueses. Em 08. (Fuvest) A Sabinada, que agitou a Bahia entre novembro de 1837 e março de 1838:
1835, é palco do movimento popular da Cabanagem. A economia fica estagnada até o fim do
século XIX. O crescimento é retomado com o ciclo da borracha e continua com a produção de (A) tinha objetivos separatistas, no que diferia frontalmente das outras rebeliões do
madeira e castanha. período.
(B) foi uma rebelião contra o poder instituído no Rio de Janeiro que contou com a
(A) Paraíba participação popular.
(B) Paraná (C) assemelhou-se à Guerra dos Farrapos, tanto pela postura anti-escravista quanto pela
(C) Mato Grosso do Sul violência e duração da luta.
(D) Pará (D) aproximou-se, em suas proposições políticas, das demais rebeliões do período pela
(E) Minas Gerais defesa do regime monárquico.
(E) pode ser vista como uma continuidade da Rebelião dos Alfaiates, pois os dois
movimentos tinham os mesmos objetivos.
06. (Uel) "... explodiu na província do Grão-Pará o movimento armado mais popular do Brasil (... ).
Foi uma das rebeliões brasileiras em que as camadas inferiores ocuparam o poder..."
09. (Unirio) A consolidação do Império foi marcada por várias rebeliões, que, representando
Ao texto pode-se associar: grupos, regiões e interesses diversificados, ameaçaram o Estado Imperial.

(A) a Regência e a Cabanagem. Assinale a opção que associa uma dessas rebeliões ocorridas durante o Império com o que foi
(B) o I Reinado e a Praieira. afirmado acima:
(C) o II Reinado e a Farroupilha.
(D) o Período Joanino e a Sabinada. (A) A Cabanagem, no Grão-Pará, expressou a reação dos comerciantes locais contra o
(E) a Abdicação e a Noite das Garrafadas. monopólio do comércio.
(B) A Praieira, em Pernambuco, foi a mais importante manifestação do Partido Restaurador.
(C) A Sabinada, na Bahia, teve origem na mais importante rebelião popular e de escravos do
07. (Uece) "O período regencial foi um dos mais agitados da história política do país e também um
período.
dos mais importantes. Naqueles anos, esteve em jogo a unidade territorial do Brasil, e o centro
(D) A Balaiada, no Maranhão, apesar da sua fidelidade monárquica, representou o ideal
do debate político foi dominado pelos temas da centralização ou descentralização do poder, do
federal da oligarquia.
grau de autonomia das províncias e da organização das Forças Armadas."
(E) A Farroupilha, no Rio Grande, foi a mais longa rebelião republicana e federalista,
(FAUSTO, Boris. HISTÓRIA DO BRASIL. 2• ed. São Paulo: EDUSP, 1995. p. 161.) expressando ideais dos proprietários gaúchos.

Sobre as várias revoltas nas províncias durante o período da Regência, podemos afirmar
10. (Ufv) "Nas Revoltas subseqüentes à abdicação, o que aparecia era o desencadeamento das
corretamente que:
paixões, dos instintos grosseiros da escória da população; era a luta da barbaridade contra os
princípios regulares, as conveniências e necessidades da civilização. Em 1842, pelo contrário, o
(A) eram levantes republicanos em sua maioria, que conseguiam sempre empolgar a
que se via à frente do movimento era a flor da sociedade brasileira, tudo que as províncias
população pobre e os escravos.
contavam de mais honroso e eminente em ilustração, em moralidade e riqueza."
(B) a principal delas foi a Revolução Farroupilha, acontecida nas províncias do nordeste, que
pretendia o retorno do Imperador D. Pedro I. (TIMANDRO. "O libelo do povo", 1849)
(C) podem ser vistas como respostas à política centralizadora do Império, que restringia a
autonomia financeira e administrativa das províncias. O texto anterior estabelece uma comparação entre a composição social das rebeliões do início do
(D) em sua maioria, eram revoltas lideradas pelos grandes proprietários de terras e exigiam período regencial e da revolução liberal de 1842. Essa visão refletia as distorções do ponto de vista
uma posição mais forte e centralizadora do governo imperial.

190 Tópico 2.6 – As revoltas regenciais | Curso Preparatório Cidade


da elite senhorial escravista ao julgar os movimentos populares. Historicamente, a CABANAGEM e a uma efêmera república inspirada nos ideais do socialismo utópico, difundido pelos
BALAIADA são consideradas: jornalistas e padres que lideravam o movimento.
IV. o "Manifesto ao Mundo", programa político da Revolução Praieira, propunha, entre outros
(A) grandes revoltas de escravos, liberadas por Zumbi dos Palmares. itens, voto livre e universal, plena liberdade de imprensa, trabalho como garantia de vida
(B) revoltas contra a dominação da metrópole portuguesa, no contexto da crise do antigo para o cidadão brasileiro, inteira e efetiva independência dos poderes constituídos.
sistema colonial.
(C) revoltas de proprietários brancos, contrários à centralização política em torno da pessoa Assinale a alternativa correta.
do Imperador.
(D) conflitos raciais e de classe, envolvendo índios, vaqueiros, negros livres e escravos. (A) II e III são corretas.
(E) rebeliões sociais que, com o apoio dos militares, pretendiam a proclamação da república e (B) I e IV são corretas.
o fim da monarquia. (C) I e II são corretas.
(D) III e IV são corretas.

11. (Pucrs) A Revolução Farroupilha (1835-1845) no Rio Grande do Sul, inscrita no quadro nacional
de revoltas provinciais, apresenta um conjunto complexo de condicionamentos específicos. Do 13. (Ufrs) Associe as afirmações apresentadas na coluna superior com os movimentos sociais
ponto de vista econômico, é correto apontar como um desses condicionamentos: ocorridos na primeira metade do século XIX referidos na coluna inferior.

(A) o incentivo do governo central à economia colonial alemã e italiana, em prejuízo da 1. Cabanada 1. ( ) Foi uma revolta de caráter antiregencial e federalista,
pecuária. contando com o apoio das camadas médias e baixas da
(B) as restrições legais do governo central ao ingresso de escravos nas charqueadas gaúchas. 2. Sabinada sociedade, que queriam manter a Bahia independente até a
(C) a proibição da livre exportação de trigo e gado sul-rio-grandenses para o Uruguai e a Maioridade de Dom Pedro II.
Argentina. 3. Cabanagem 2. ( ) Iniciou como um movimento da elite paraense contra
(D) a falta de estímulo estatal à nascente indústria gaúcha, que competia desigualmente com a centralização política. Transformou-se numa rebelião
o Rio de Janeiro e São Paulo. 4. Balaiada popular de índios e camponeses que chegou a tomar o poder
(E) a importação do charque platino, sem proteção para a produção similar gaúcha no durante quase um ano.
mercado interno brasileiro. 3. ( ) Foi um movimento popular de caráter restaurador
ocorrido em Pernambuco e Alagoas. Os revoltosos defendiam o
retorno de Dom Pedro I e eram favoráveis à recolonização do
12. (Ufu) Durante o período das Regências e início do Segundo Reinado, diversas rebeliões Brasil.
colocaram em risco a estabilidade política do Império e as relações de dominação existentes. A
respeito dessas rebeliões podemos afirmar que: A sequência correta de preenchimento dos parênteses de cima para baixo é:

I. a Guerra dos Farrapos foi um movimento que pretendia a independência do Rio Grande do (A) 1 - 2 - 4.
Sul, organizado pelos produtores de gado e charqueadores, contando com uma pequena (B) 1 - 3 - 4.
base popular de apoio. (C) 4 - 1 - 2.
II. a prolongada rebelião de escravos na Bahia em 1835 (Levante Malê), que pretendia a (D) 4 - 2 - 1.
independência da Bahia, espalhou-se por diversos estados nordestinos, recebendo a adesão (E) 2 - 3 - 1.
dos sertanejos e exigindo auxílio de tropas de estados vizinhos para sufocá-la.
III. submetidos à escravidão e/ou intensa exploração, índios, negros e mestiços se revoltaram
contra os grandes proprietários no Maranhão entre 1838 e 1841 (Balaiada), implantando

Curso Preparatório Cidade | Tópico 2.6 – As revoltas regenciais 191


14. (Puc-rio) Desde a Independência do Brasil, em 1822, assistiu-se à eclosão de diversos
movimentos sociais por meio dos quais os segmentos populares expressaram sua insatisfação
em face de uma ordem social excludente e hierarquizadora. Escolha a alternativa que tem a associação correta:

Assinale a OPÇÃO que apresenta movimentos que exemplificam o enunciado acima. (A) 1 - III; 2 - I; 3 - V; 4 - II; 5 - IV;
(B) 1 - II; 2 - V; 3 - II; 4 - I; 5 - V;
(A) Revolta da Armada / Ligas camponesas (C) 1 - III; 2 - II; 3 - V; 4 - IV; 5 - I;
(B) Cabanagem / Movimento dos Sem Terra (D) 1 - IV; 2 - I; 3 - V; 4 - III; 5 - II;
(C) Farroupilha / A guerrilha no Araguaia (E) 1 - V; 2 - III; 3 - IV; 4 - II; 5 - I;
(D) Sabinada / Revolução Constitucionalista (1932)
(E) Revolta dos Malês / Revolução de 1930
17. (Uff) O Período Regencial, compreendido entre 1831 e 1840, foi marcado por grande
instabilidade, causada pela disputa entre os grupos políticos para o controle do Império e
15. (Fgv) Leia atentamente as afirmações abaixo sobre a Guerra dos Farrapos e assinale a também por inúmeras revoltas, que assumiram características bem distintas entre si. Em 1838,
alternativa correta. eclodiu, no Maranhão, a Balaiada, somente derrotada três anos depois.

I. Foi a mais longa Guerra Civil do Brasil. Pode-se dizer que esse movimento:
II. Constituíram-se, em meio à luta, das efêmeras Repúblicas: a Juliana, em Santa Catarina, e
a Piratini, no Rio Grande do Sul. (A) contou com a participação de segmentos sertanejos - vaqueiros, pequenos proprietários e
III. Entre os participantes desse movimento estava a "heroína de dois mundos", a republicana artesãos - opondo-se aos bem-te-vis, em luta com os negros escravos rebelados, que
revolucionária Ana Maria de Jesus Ribeiro - Anita Garibaldi. buscavam nos cabanos apoio aos seus anseios de liberdade;
IV. Trata-se de uma revolução de caráter popular em que as elites foram postas à margem (B) foi de revolta das classes populares contra os proprietários. Opôs os balaios (sertanejos)
durante todo o processo. aos grandes senhores de terras em aliança com escravos e negociantes;
V. O desfecho da revolução foi sangrento. Não houve concessões nem anistia aos Farrapos. (C) foi, inicialmente, o resultado das lutas internas da Província, opondo cabanos
Todos foram executados. (conservadores) a bem-te-vis (liberais), aprofundadas pela luta dos segmentos sertanejos
liderados por Manuel Francisco dos Anjos, e pela insurreição de escravos, sob a liderança
(A) Apenas I, II e III estão corretas; do Negro Cosme, dando características populares ao movimento;
(B) Apenas II, III e IV estão corretas; (D) lutou pela extinção da escravidão no Maranhão, pela instituição da República e pelo
(C) Apenas II, IV e V estão corretas; controle dos sertanejos sobre o comércio da carne verde e da farinha - então monopólio
(D) Apenas III, IV e V estão corretas; dos bem-te-vis -, sendo o seu caráter multiclassista a razão fundamental de sua
(E) Todas as afirmações estão corretas. fragilidade;
(E) sofreu a repressão empreendida pelo futuro Duque de Caxias, que não distinguiu os
diversos segmentos envolvidos na Balaiada, ampliando a anistia decretada pelo governo
16. (Fgv) Associe os fatos político-militares do Primeiro Reinado e da Regência brasileira a seguir, imperial, em 1840, aos balaios e aos negros de Cosme, demonstrando a vontade do
com suas localizações: Império de reintegrar, na vida da província, todos os que haviam participado do
movimento.
1. Balaiada I. Pará
2. Cabanagem II. Bahia
3. Ato Adicional III. Maranhão
4. Sabinada IV. Pernambuco
5. Confederação do Equador V. Rio de Janeiro

192 Tópico 2.6 – As revoltas regenciais | Curso Preparatório Cidade


18. (Fgv) A revolta dos malês: (B) Caracterizou-se por uma forte presença de grandes proprietários rurais que exigiam o
retorno do imperador D. Pedro I.
(A) Foi comandada por escravos e libertos muçulmanos que controlaram Salvador por alguns (C) Foi um movimento dos criadores de gado e grandes comerciantes em defesa do
dias. federalismo, da república e do fim da escravidão.
(B) Foi iniciada por setores da elite maranhense contra as medidas centralizadoras adotadas (D) Foi uma revolta organizada por pequenos produtores rurais em defesa da religião católica,
pelo governo sediado no Rio de Janeiro. que julgavam ameaçada pelo protestantismo.
(C) Foi liderada por comerciantes paulistas contrários à presença dos portugueses na região (E) Envolveu muitos elementos provenientes das classes populares e teve como uma das
das minas. causas a insatisfação da população com o recrutamento militar obrigatório.
(D) Foi articulada pelo setor açucareiro da elite baiana descontente com a falta de
investimentos do governo imperial.
(E) Estabeleceu uma ampla rede de quilombos em Pernambuco, desafiando a dominação EXERCÍCIOS DE PROVA
holandesa.

01. (EsFCEx - 2001) Sobre os fatos ocorridos durante as Regências Unas no Brasil, analise as
19. (Pucpr) "Esta batalha vamos vencer. Después alguém conta a notícia para Bento Gonçalves, lá afirmativas abaixo:
no Rio de Janeiro, para alegrá-lo um pouco em seus pesares. O tio há de apreciar essa vitória.
Uma vitória macanuda. Os imperiais estão fugindo feito formigas." I. A eclosão da Revolução Farroupilha no Rio Grande do Sul foi liderada por Bento Gonçalves.
II. O Gabinete das Capacidades, conservador, foi nomeado por Araújo Lima.
(Wierzchowski, Letícia. "A casa das sete mulheres". 5• ed.,Record, 2003,p.149).
III. A questão com a Santa Sé foi provocada pelo Padre Feijó que era favorável à extinção do
O texto lembra: celibato clerical.
IV. A ocorrência da campanha da maioridade levou à extinção a própria Regência.
(A) Cabanagem.
(B) Revolução Federalista. Com base na análise, assinale a alternativa correta.
(C) Sabinada.
(D) Balaiada. (A) Somente I está correta.
(E) Revolução Farroupilha. (B) Somente II e IV estão corretas.
(C) Somente III e IV estão corretas.
(D) Somente I, II e III estão corretas.
20. (Ufpi) Leia o texto a seguir. (E) Todas estão corretas.

"As revoltas do período regencial não se enquadram em uma moldura única. Elas tinham a ver com
as dificuldades da vida cotidiana e as incertezas da organização política, mas cada uma delas 02. (EsFCEx - 2006) No Período Regencial (1831 a 1840) ocorreram grandes disputas políticas, que
resultou de realidades específicas, provinciais ou locais". se expressaram pelos jornais, nos debates do parlamento e, várias vezes, pela luta armada, em
revoltas sociais nas províncias.
(Boris Fausto. "História do Brasil". São Paulo: EDUSP, 2001, p.164)

Assinale a alternativa que identifica as condições políticas da sociedade brasileira naquele período.
A partir desse texto e dos seus conhecimentos, assinale a alternativa correta sobre a Balaiada no
Piauí.
(A) A presença do príncipe regente contribui para o pacifismo típico daquele período,
promovendo o equilíbrio das forças sociais e a concretização do objetivo do governo
(A) Iniciou-se em Pernambuco e atingiu o Piauí em virtude das disputas entre as elites das
provisório de manter a ordem e a lei até a maioridade do novo imperador.
duas províncias.

Curso Preparatório Cidade | Tópico 2.6 – As revoltas regenciais 193


(B) A elite política, tendo como principal objetivo a instauração de uma sociedade um saldo de aproximadamente 6 mil mortos, entre os
democrática, articulava-se de forma a garantir que as expectativas das diversas camadas cativos e sertanejos pobres.
sociais estivessem representadas e consolidadas no Estado nacional brasileiro. 4. ( ) Apoiado pela elite estacieira, o movimento
(C) O Brasil regencial foi um período politicamente agitado e violento, com uma grande conquistou também a adesão das camadas média
massa de marginalizados da participação política e uma elite que lutava entre si, urbanas e de setores do Exército.
denominando-se liberais ou conservadores, mas, na prática, se articulavam para a 5. ( ) Os revoltosos, após a fuga do presidente da
manutenção dos seus privilégios. província, contituíram um governo provisório e
(D) As rebeliões regenciais questionavam a situação de miséria em que se encontrava a lançaram um manifesto proclamando a indepedência.
maioria da população,reivindicando liberdade e maior acesso ao cenário político mas sem Foram derrotados em 1838 pelo governo imperial com
atacar a legitimidade e a centralização do poder exercido pelo imperador. auxílio de fazendeiros do Recôncavo.
(E) Os conflitos regenciais, a disputa entre as elites e as graves questões sociais e
econômicas, apesar de gerarem alguma instabilidade no âmbito das províncias, não (A) 3 - 2 - 1 - 3 -3
ameaçaram a unidade política do país. (B) 2 - 1 - 3 - 2 -2
(C) 2 - 1 - 1 - 2 -1
(D) 3 - 1 - 1 - 2 -3
03. (EsFCEx - 2002) A revista Super-Interessante da Editora Abril, número 173, de fevereiro de
(E) 3 - 1 - 2 - 2 –3
2002, publicou o mapa IV de como seria a América do Sul, com o território brasileiro
fracionado, isto não aconteceu graças à (aos):
05. (EsFCEx - 2008) Relacione a coluna da direita com a da esquerda, identificando as situações e
(A) Revolução de 1817 e a Confederação do Equador. fatos que se referem às revoltas provinciais do período regencial e, a seguir, assinale a
(B) Transmigração da Família Real e a Regência de D. Pedro. alternativa que contém a sequência correta.
(C) Movimentos nativistas e os movimentos libertários.
(D) Guerra Farroupilha e as Regência Uma. REVOLTAS 1. ( ) Ocorreu no Pará, onde os rebeldes atacavam
(E) Revolução dos Tenentes e de 1930. estrangeiros e marçons, defendendo a região católica e D.
1. Sabinada Pedro II.
2. ( ) Os revoltosos queixavam-se das taxações e da
04. (EsFCEx - 2007) Relacione a coluna da direita de acordo com a da esquerda, identificando as 2. Cabanagem falta de autonomia em relação ao governo central,
características e situações que se referem às revoltas regenciais e, a seguir, assinale a chegando a proclamar uma república na cidade de Piratini
alternativa correta. 3. Balaíada wm 1838.
3. ( ) Reuniu ampla base de apoio, até mesmo de
REVOLTAS CARACTERÍSTICAS
4. Farroupilha comerciantes e pessoas da classe média, em torno das
ideias federalista e republicanas, inclusive propondo
1. Balaiada 1. ( ) O alvo do descontentamento era o governo do
liberdade aos escravos nascidos no Brasil.
Regente Feijó, acusado de despotismo pelo jornal Novo
2. Guerra dos Farrapos Diário da Bahia.
(A) 3 - 2 -4
2. ( ) Com o apoio do Partido Liberal, cujos
(B) 2 - 3 -1
3. Sabinada integrantes eram conhecidos por bem-te-vis e de
(C) 3 - 4 -1
escravos liderados pelo Preto Cosme, os revoltosos
(D) 2 - 1 -4
lutaram de 1838 a 1842.
(E) 2 - 4 –1
3. ( ) O Coronel Luís Alves de Lima e Silva perseguiu
implacavelmente os revoltosos. Este confronto deixou

194 Tópico 2.6 – As revoltas regenciais | Curso Preparatório Cidade


06. (EsFCEx 2013) Sobre a rebelião regencial conhecida por Cabanagem, marque a opção correta.

(A) A intenção mais pungente do movimento foi o fim do regime de semi-escravidão imposto
à Província do Grão-Pará.
(B) As perspectivas políticas e sociais dos cabanos e dos seus líderes tinham como espelho o
governo regencial, embora pregassem a transferência do poder do Rio de Janeiro para o
Pará.
(C) A rebelião fracassou pela ausência de um sentimento comum de identidade, já que os
cabanos eram formados por povos de culturas e etnias diferentes.
(D) O movimento adquiriu ares revolucionários internacionais com a morte de autoridades
diplomáticas e a possibilidade de invasão de territórios nas Guianas e no Caribe.
(E) Na sua prática, o movimento não conseguiu sair do território do Pará, devido à falta de
unidade do projeto político pensado pelos seus líderes.

Curso Preparatório Cidade | 195


Tópico 2.7 – A consolidação da ordem interna: o fim das rebeliões, os partidos, Começaremos nossos estudos sobre o Segundo Reinado estudando o período da
a legislação, o fortalecimento do Estado, a economia cafeeira, a tributação. consolidação e o auge da monarquia brasileira.

Sobre o assunto leia o texto a seguir! Bons estudos!


Comentário
Caros estudantes,

A CONSOLIDAÇÃO DA ORDEM INTERNA: O FIM DAS REBELIÕES, OS PARTIDOS


Continuemos nossa caminhada!

Vimos na aula anterior que durante o período regencial a unidade territorial brasileira
A consolidação da ordem interna
foi seriamente ameaçada.

A ausência da figura do monarca; a descentralização política advinda do Ato Adicional O Segundo Reinado, na História do Brasil, foi um período que se iniciou a 23 de julho de 1840, com
(e o conseqüente esvaziamento do governo central); a ausência do sentimento de a declaração de maioridade de D. Pedro II, e teve o seu término em 15 de Novembro de 1889,
nacionalidade (o “Brasil” surgiu antes “dos brasileiros”) e o acirramento das rivalidades quando o Império do Brasil foi derrubado pela Proclamação da República. Compreende 49 anos de
regionais quase desmembraram a antiga colônia portuguesa em vários países. Nossos duração. O Segundo Reinado foi uma época de grande progresso cultural e industrial. O regime
vizinhos da América espanhola fragmentaram-se em diferentes países durante o monárquico consolidou-se com a ascensão de D. Pedro II, que foi o eixo desse período. O prestígio
processo de formação de seus estados nacionais e a “experiência republicana internacional que o Brasil alcançou nessa época, e seu progressivo desenvolvimento social e
brasileira” do período regencial conduzia o país para o mesmo caminho. econômico, justificam-se em grande parte pela firmeza com que D. Pedro II conduziu os destinos
de nosso país. Quando de sua maioridade, em 1840, ele cuidou de um governo de
Dessa forma em 1840 ocorreu a antecipação da maioridade do jovem Pedro de aproximadamente cinquenta anos de aparente paz interna, onde o Brasil ganhou influência sobre a
Alcântara. Antecipar a coroação do monarca adolescente foi um arranjo necessário e América do Sul - especialmente na região da Bacia Platina. Por outro lado, a situação social do
coordenado pelos grupos políticos dominantes para que o poder central pudesse ser Brasil não obteve muitos avanços, assim tendo um acúmulo da pobreza e do analfabetismo.
restabelecido. Com a volta do monarca as rebeliões poderiam ser sufocadas com mais
facilidade. Nisso os grupos políticos estavam certos e foi o que aconteceu. Figura 40: Estudo para a sagração de Dom Pedro II.

O fato é D. Pedro II, que perdera a mãe e o pai ainda na infância, fez o governo mais
duradouro da história brasileira. Foi preparado desde cedo para assumir essa função.
Foram quase cinqüenta anos de governo. Praticamente meio século.

Dada a extensão do período em questão pode ser útil a utilização divisão do seu
governo em fases, períodos relativamente distintos.

Assim, o longevo governo de Pedro II pode ser dividido em três fases bem distintas:

- 1840-1850: consolidação

- 1850-1870: auge Produzido por volta de 1840 por Manuel de Araújo.

- 1870-1889: declínio

196 Tópico 2.7 – A consolidação da ordem interna: o fim das rebeliões, os partidos, a legislação, o fortalecimento do Estado, a economia cafeeira, a tributação. | Curso Preparatório Cidade
Ainda vigorava a Revolução Farroupilha no sul do Brasil quando D. Pedro II assumiu o trono. A EXERCÍCIOS
Revolução tomava proporções assustadoras, e estava próxima de conseguir a sua independência
do resto do país, como a província Cisplatina. A fim de impedir este acontecimento, Pedro II
nomeou como Comandante-chefe do Exército, o barão de Caxias - que, anteriormente, havia 01. (Cesgranrio) No século XIX, as décadas de 50 e 60 são consideradas como o período de
sufocado as revoltas em Minas e em São Paulo. Além da liderança no Exército, o barão foi apogeu da história do Império. Assinale a opção que apresenta uma característica desse
agraciado com o título de Presidente da província do Rio Grande do Sul. período:

Mesmo tendo a liberdade de agir com violência contra os gaúchos, o barão de Caxias usou da (A) A superação das rebeliões que marcaram o período anterior e a estabilidade política
diplomacia, negociando com líderes e fazendo manifestos patrióticos aos insurretos. Por várias simbolizada pela Conciliação.
vezes, mencionava que o inimigo dos gaúchos não era Pedro II e os brasileiros, mas sim, Manuel (B) A consolidação política dos liberais, que amenizou a organização centralizada do Estado
Oribe e Juan Manuel de Rosas, presidentes respectivos do Uruguai e da Argentina. Estes buscavam Imperial.
a união das duas repúblicas, o que criaria um estado muito poderoso na Prata. (C) O encaminhamento da Abolição, o qual favoreceu o desenvolvimento da lavoura cafeeira
no vale do Paraíba.
As negociações e as revoltas vieram ao fim em 1845, quando da assinatura do Tratado de Poncho (D) A revogação da autonomia das Províncias e a ocorrência de movimentos revolucionários
Verde. O barão de Caxias foi nomeado "Pacificador do Brasil" e recebeu o título de Conde. no Norte e Nordeste.

A consolidação da monarquia brasileira durante o período 1840-1850 relacionou-se à três pilares


principais. 02. (G1) Em Pernambuco, as terras e o poder político eram controlados pela família Cavalcanti,
enquanto o comércio era monopolizado pelos portugueses. Com esta situação, a população
O fim das rebeliões de caráter separatista é um deles. A última rebelião separatista no Brasil marginalizada das terras e do trabalho, desencadeou a que seria a última revolta popular no
ocorrera no ano de 1848 em Pernambuco. Segundo Reinado.

A economia cafeeira representou outro pilar para consolidação do estado nacional brasileiro. Na A revolta popular a que se refere o texto foi:
medida em que as plantações avançavam rumo a região de São Paulo o governo central conseguia
relativa organização financeira graças aos impostos recolhidos diante do constante aumento das (A) a Revolução Praieira;
exportações do café. (B) a Sabinada;
(C) a Balaiada;
O "Parlamentarismo às avessas" por sua vez trouxe a estabilidade política necessária para a (D) a Guerra dos Farrapos;
condução e gestão do estado. O sistema foi implantado no Brasil no ano de 1847 a partir da (E) a Cabanagem.
criação de um cargo muito parecedo com o do primeiro-ministro do sistema parlamentarista
clássico - no Brasil se chamava Presidente do Conselho de Ministros. Durante o Segundo Reinado
houve 36 gabinetes diferentes. A grande alternância de gabinetes demonstra que os principais 03. (Fuvest) Historicamente o primeiro passo para o advento do Parlamentarismo no Brasil ocorreu
partidos políticos da época tinham a oportunidade de se revezarem no poder ao mesmo tempo em na época do Império com:
que a figura do monarca era preservada diante de desgastes políticos e de certa forma diante da
opinião pública. (A) a Constituição outorgada em 1824.
(B) a criação da Presidência do Conselho de Ministros por D. Pedro II.
(C) a abdicação de D. Pedro I.
(D) a declaração da Maioridade.
(E) a dissolução da Assembleia Constituinte em 1823.

Curso Preparatório Cidade | Tópico 2.7 – A consolidação da ordem interna: o fim das rebeliões, os partidos, a legislação, o fortalecimento do Estado, a economia cafeeira, a tributação. 197
04. (Pucmg) No Brasil, D. Pedro II, durante o Segundo Reinado, manteve uma estrutura O texto descreve o imperador tropical, Pedro II, que governou o país por meio século, atuando
burocrático-administrativa muito centralizada, pois, EXCETO: como grande fator catalisador e mobilizador das forças sociais, preservando, com seu governo,
sobretudo:
(A) os juizes de paz, eleitos localmente, tiveram parte de seu poder absorvido pelos
delegados de polícia nomeados pelo ministério da Justiça. (A) o poder das elites agrárias e a unidade territorial do país.
(B) as despesas provinciais estavam incluídas no orçamento geral do Império, ficando o (B) a democracia liberal segundo os modelos europeus da época.
Presidente de Província com as suas funções limitadas. (C) a ideia da modernização da nação através do apoio do governo ao desenvolvimento
(C) os senadores e deputados das províncias eram nomeados pelo Imperador através do industrial e uma política protecionista.
Poder Moderador, limitando assim a sua atuação. (D) O equilíbrio social e a distribuição de renda, através de políticas públicas para reduzir a
(D) a arrecadação de impostos estava diretamente submetida ao arbítrio central, exclusão.
impossibilitando que as províncias pudessem executar uma política fiscal própria. (E) as boas relações com os países platinos, privilegiando as soluções diplomáticas nos
(E) as Assembleias Provinciais possuíam pequeno poder efetivo considerando a rigidez da conflitos.
estrutura burocrática do governo imperial.

07. (Mackenzie) Para os conselheiros do Império, o Brasil era como um sistema heliocêntrico,
05. (Mackenzie) dominado pelo sol do Estado, em torno do qual giravam os grandes planetas do que
chamavam, "as classes conservadoras" e, muito longe, a miríade de estrelas da grande massa
Quem viver em Pernambuco do povo.
Há de estar enganado
Que ou há de ser Cavalcanti José Murilo de Carvalho

Ou há de ser cavalgado
Através do texto, compreendemos que a proposta política do Segundo Reinado privilegiava:
(quadra popular)
(A) as massas populares, base de sustentação política do império.
A quadra acima lembra uma das causas da Revolução Praieira de 1848, em Pernambuco. (B) as elites dominantes, que tinham no Império a garantia de seus interesses.
Identifique-a nas alternativas abaixo. (C) apenas os segmentos de classe média que emergiam economicamente após a imigração.
(D) os fazendeiros do Vale do Paraíba e senhores de engenho nordestinos, que jamais
(A) A contestação dos tratados comerciais e a concorrência do charque estrangeiro com a tiveram interesses contrariados pelo imperador.
produção local. (E) os escravos, base econômica do período, libertados pelo Império.
(B) A concentração de terras e poder político nas mãos de famílias oligárquicas.
(C) O monopólio comercial em Recife estava em mãos de comerciantes ingleses.
08. (Mackenzie) "Não há mais nada parecido com um saquarema do que um luzia no poder."
(D) A oposição do Partido da Praia às ideias socialistas utópicas e causas populares.
(E) A ascensão de um governo liberal na Província de Pernambuco, favorável à extinção da
A frase de Holanda Cavalcanti, referindo-se à atuação dos partidos Liberal e Conservador, durante
escravidão.
o segundo Reinado, pode ser interpretada da seguinte forma:

06. (Mackenzie) A figura de D. Pedro II, que de órfão da nação se transformou em rei magestático, (A) os partidos eram profundamente diferentes em suas propostas e ideologia.
de imperador tropical e mecenas do movimento romântico vira rei-cidadão, para finalmente (B) não havia possibilidade de conciliação entre ambos, em virtude de representarem
imortalizar-se no mártir exilado e em um mito depois da morte. segmentos e interesses divergentes.
(C) representavam a mesma camada social, sem ideologia definida, revezavam-se no governo
("As Barbas do Imperador" - Lilia M. Schwarcz) e tinham por objetivo a busca do poder.

198 Tópico 2.7 – A consolidação da ordem interna: o fim das rebeliões, os partidos, a legislação, o fortalecimento do Estado, a economia cafeeira, a tributação. | Curso Preparatório Cidade
(D) durante o governo do Marquês de Paraná, de 1853 a 1858, acirraram-se as disputas entre 11. (Ufes) "Senhores da Assembleia Legislativa Provincial, Desejarão, senhores, entregar ao
os partidos, dificultando o Sistema Parlamentarista. esquecimento os dolorosos eventos que abalaram a paz e a tranquilidade da província, desde o
(E) o imperador com reduzidos poderes ficava à mercê dos conflitos entre os partidos Liberal próximo passado mês de novembro. Naqueles dias, rebeldes haviam embebido nos ânimos das
e Conservador. classes menos pensadoras sentimentos próprios para levá-las ao exaltamento. Sob o pretexto
da demissão do ministério de 31 de março, substituído por um gabinete que fez renascer o
programa de tolerância e justiça no Império, os revoltados julgaram que era chegada a ocasião
09. (Ufmg) Considerando-se o II Reinado brasileiro, é CORRETO afirmar que: de colocar em prática nefandos projetos. O primeiro sinal da revolta apareceu na Vila do Pão de
Alho em fins de outubro, tentando o próprio comandante do destacamento da polícia sublevá-
(A) a alternância, no comando do Estado, entre os dois principais partidos do período lo. Em Olinda, marchando para fora da cidade, uma parte da guarda nacional aliciada e
expressava o poder e a vontade política do Imperador. comandada por seus próprios chefes foi ocupar a Vila de Iguarassú. Os diretores do movimento
(B) a dissolução do Conselho de Estado, à época, foi compensada com a criação do cargo de davam incremento à insurreição por todos os meios, fazendo em seu delírio gemer a imprensa
Presidente do Conselho de Ministros. com as mais audaciosas e imorais publicações, a ponto de apregoar dentro da própria Capital,
(C) a eliminação do Poder Moderador para a implementação do parlamentarismo "às avessas" onde abundavam os elementos da desordem! Recife, 10 de abril de 1849. Manuel Vieira Tosta"
estabilizou, então, o regime.
(D) o fortalecimento das elites locais nas Províncias permitiu, então, que fossem aprovadas (RELATÓRIO do Presidente de Província de Pernambuco. Recife: Typografia de M. F. de Faria, 1849.
http//www.brazil.crl.edu/bsd/bsd/u2362/000002.hmtl. Acesso em: 19 ago 2003. Adaptado)
leis de caráter descentralizador.

No relato sobre a Revolução Praeira acima reproduzido, é possível identificar como uma importante
10. (Ufmg) Leia este texto: razão do movimento a:

Sigamos os passos da política centralizadora e veremos que é a centralização das luzes o seu (A) atuação da imprensa conservadora de Recife.
complemento. A interpretação do ato adicional roubou às províncias o melhor do seu poder, (B) exoneração do gabinete conservador.
reconcentrando na corte a maior parte das atribuições das assembleias. As reformas judiciárias (C) agitação dos escravos malês.
avocaram para o mesmo centro a nomeação de quase todos os empregos judiciais. As províncias (D) extinção da Guarda Nacional por Feijó.
se acham pois já esgotadas de seus recursos; porque até se lhes tirou a administração da maior (E) demissão do Ministério liberal.
parte de seus rendimentos. Suas forças físicas, o recrutamento as tem extenuado. Que faltava pois
tirar-lhes? A Instrução, o único apoio que lhes resta.
12. (Uel) "Devo dizer, a bem da verdade, que a Corte ostentou nessa ocasião um luxo em
O Athleta, 16 set. 1843. équipages, em librés e em mobiliário de toda espécie, realmente espantoso neste país, onde os
recursos são muito limitados, onde outrora tudo faltava, e onde há pouco e, por assim dizer,
A partir das ideias contidas nesse trecho e considerando-se o contexto histórico do Brasil Imperial, nenhum precedente; [...] o golpe de vista no momento em que o Imperador se apresentou ao
é CORRETO afirmar que: povo de balaustrada da Varanda era magnífico e possivelmente incomparável por causa da
natureza do local."
(A) o restauracionismo, que congregava as classes médias urbanas, foi, durante esse período,
um dos mais severos críticos do processo de centralização imposto pelo Imperador. (Barão Daiser em sua correspondência ao príncipe Metternich Apud SCHWARCZ, Lilia M. "As barbas do imperador: D.
(B) a centralização do poder foi um dos instrumentos utilizados pela Monarquia no sentido de Pedro, um monarca nos trópicos". São Paulo: Companhia das Letras, 1998. p. 83.)
tentar coibir os conflitos que haviam eclodido na primeira metade do século XIX.
(C) o constitucionalismo das elites rurais advogava o fim da anarquia inicialmente vigente nas A descrição do baile de sagração e coroação do imperador D. Pedro II retrata o espetáculo do
províncias, o que se faria a partir do controle das novas instituições educacionais. acontecimento e seu significado para o Brasil do século XIX. Sobre o tema, é correto afirmar:
(D) o corporativismo influenciou diversas instituições na primeira metade do século XIX -
como o Exército e a Escola, ambos em processo de progressiva profissionalização.

Curso Preparatório Cidade | Tópico 2.7 – A consolidação da ordem interna: o fim das rebeliões, os partidos, a legislação, o fortalecimento do Estado, a economia cafeeira, a tributação. 199
(A) A sagração teve seu lado instrumental, com ela as elites recolocavam um Imperador Considerando-se essa reação de Saint Hilaire e as dificuldades que marcaram a definição da
como símbolo da nação e encontravam na monarquia um sistema necessário de identidade brasileira, é CORRETO afirmar que elas se explicam porque:
arbitramento entre elas.
(B) A riqueza do ritual e a força de sua divulgação restringiram-se às elites, logo, no (A) o grande número de índios, negros e mestiços, que fazia com que a população brasileira
imaginário popular, a mística do pequeno rei brasileiro passou despercebida. não fosse capaz de formular um projeto de emancipação política.
(C) Por serem inconstitucionais, a coroação e a sagração distanciaram-se da necessidade de (B) a baixa densidade populacional do País, que, resolvida com a vinda dos imigrantes
afirmação de um passado real ou de uma tradição imperial. estrangeiros, gerou a sensação de que essa população não seria, de fato, brasileira.
(D) A coroação de D. Pedro II diluiu as dificuldades políticas das Regências, consolidando e (C) o processo de construção de uma nação brasileira foi dificultado pela força das
estabilizando as instituições monárquicas brasileiras. identidades regionais formadas durante a colonização portuguesa.
(E) A subida do Imperador ao trono representou o fim da influência francesa na cultura (D) a independência foi uma conquista dos portugueses, especialmente os comerciantes
brasileira e a adoção de um estilo de vida, por parte da Corte, sóbrio e austero. estabelecidos no Brasil, o que dificultou a afirmação da cidadania dos brasileiros.

13. (Ufc) A manutenção do Parlamentarismo, durante quase todo o Segundo Reinado, esteve 16. (Pucpr) Uma medida administrativa importante ocorrida na época do segundo reinado
relacionada: brasileiro, foi a restauração de um importante órgão que havia sido suprimido pelo Ato
Adicional de 1834 e que tinha como objetivos, desde a boa execução das leis até propostas do
(A) ao apoio dado pelos liberais ao monarca, de forma a manter o poder dos conservadores monarca à Assembleia Geral. Trata-se:
circunscrito às áreas interioranas do país.
(B) à concessão de muitos poderes ao imperador e à alternância dos partidos liberal e (A) do Parlamento.
conservador no governo. (B) do Padroado.
(C) à inexistência de eleições para a escolha dos senadores e deputados, todos nomeados (C) do Conselho de Estado.
pelo imperador. (D) da Assembleia Constituinte.
(D) à estabilidade do cargo de presidente do Conselho de Estado, escolhido pela Câmara dos (E) da Regência Provisória.
Deputados.
(E) à difusão dos ideais revolucionários franceses, adotados pelo monarca na condução da
17. (Pucsp) "A enorme visibilidade do poder era sem dúvida em parte devida à própria monarquia
política imperial.
com suas pompas, seus rituais, com o carisma da figura real. Mas era também fruto da
centralização política do Estado. Havia quase unanimidade de opinião sobre o poder do Estado
14. (Fuvest) No período em que o Brasil foi Império houve, entre outros fenômenos, a: como sendo excessivo e opressor ou, pelo menos, inibidor da iniciativa pessoal, da liberdade
individual. Mas (...) este poder era em boa parte ilusório. A burocracia do Estado era
(A) consolidação da unidade territorial e a organização da diplomacia. macrocefálica: tinha cabeça grande mas braços muito curtos. Agigantava-se na corte mas não
(B) predominância da cultura inglesa nos campos literário e das artes plásticas. alcançava as municipalidades e mal atingia as províncias. (...) Daí a observação de que, apesar
(C) constituição de um mercado interno nacional, integrando todas as regiões do país. de suas limitações no que se referia à formulação e implementação de políticas, o governo
(D) incidência de guerras externas e a ausência de rebeliões internas nas províncias. passava a imagem do todo-poderoso, era visto como o responsável por todo o bem e todo o
(E) inclusão social dos índios e a abolição da escravidão negra. mal do Império."

Carvalho, J. Murilo de. TEATRO DE SOMBRAS. Rio de Janeiro, IUPERJ/ Vértice, 1988.
15. (Ufmg) Auguste de Saint Hilaire, naturalista francês, realizou inúmeras andanças pelo Brasil
entre 1816 e 1822. De volta à França, ao publicar seus relatos de viagem, afirmou, intrigado, O fragmento acima refere-se ao II Império brasileiro, controlado por D. Pedro II e ocorrido entre
que "havia um país chamado Brasil, mas absolutamente não havia brasileiros". 1840 e 1889. Do ponto de vista político, o II Império pode ser representado como:

200 Tópico 2.7 – A consolidação da ordem interna: o fim das rebeliões, os partidos, a legislação, o fortalecimento do Estado, a economia cafeeira, a tributação. | Curso Preparatório Cidade
(A) palco de enfrentamento entre liberais e conservadores que, partindo de princípios (C) promulgação do Código de Processo Criminal que, além de reforçar e ampliar o poder do
políticos e ideológicos opostos, questionaram, com igual violência, essa aparente juiz de paz – que detinha funções policiais e judiciárias nos municípios - aumentava a
centralização indicada na citação acima e se uniram no Golpe da Maioridade. influência dos potentados locais.
(B) jogo de aparências, em que a atuação política do Imperador conheceu as mudanças e os (D) aprovação da Lei Interpretativa do Ato Adicional e da reforma do Código do Processo
momentos de indefinição acima referidos - refletindo as próprias oscilações e incertezas Criminal, que diminuía os poderes das Assembleias Provinciais e colocava a polícia
dos setores sociais hegemônicos -, como bem exemplificado na questão da Abolição. judiciária sob o controle do Executivo Central.
(C) cenário de várias revoltas de caráter regionalista – entre elas a Farroupilha e a (E) dissolução da Regência Trina Permanente e a eleição do padre Antônio Diogo Feijó para a
Cabanagem - devido à incapacidade do governo imperial controlar, conforme mencionado Regência Una, que propunha o fortalecimento do Executivo como forma de acabar com a
na citação, as províncias e regiões mais distantes da capital. anarquia nas províncias.
(D) universo de plena difusão das ideias liberais, o que implicou uma aceitação por parte do
Imperador da diminuição de seus poderes, conformando a situação apontada na citação e
20. (Mackenzie) Em 1848, os ventos revolucionários europeus chegavam a Pernambuco, onde a
oferecendo condições para a proclamação da República.
realidade social era marcada pelo latifúndio, opressão dos Cavalcanti, miséria e concentração
(E) teatro para a plena manifestação do poder moderador que, desde a Constituição de 1824,
de poder político. Mobilizadas as massas urbanas sob o comando de Pedro Ivo, explodia o
permitia amplas possibilidades de intervenção políticas para o Imperador – daí a ideia de
último grito liberal do império.
centralização da citação – e que foi usado, no Segundo Reinado, para encerrar os
conflitos entre liberais e socialistas.
O movimento descrito ficou conhecido como:

18. (Unitau) A partir do golpe da maioridade, em 1840, a vida partidária brasileira resumiu-se a (A) Sabinada.
dois partidos: o antes partido progressista passou a chamar-se partido liberal e o regressista (B) Cabanagem.
passou a chamar-se partido conservador. Pode-se considerar como característica desses (C) Farroupilha.
partidos: (D) Balaiada.
(E) Praieira.
(A) Os partidos do império sempre tiveram plataformas políticas bem definidas.
(B) As divergências entre as várias classes da sociedade brasileira estavam representadas nos
programas partidários. EXERCÍCIOS DE PROVA
(C) Do ponto de vista ideológico, não havia diferenças entre os liberais e conservadores, pois
eram "farinha do mesmo saco".
(D) Os conservadores sempre estiveram no poder e os liberais sempre estiveram na oposição. 01. (EsFCEx - 2002) Examinando o período monárquico brasileiro, analise as afirmativas abaixo.
(E) Ambos tinham influência ideológica externa nos seus programas, apesar de proibido por
lei. I. Nossa política era monopolizada pelas classes urbanos abolicionistas.
II. Alguns dos mais importantes movimentos liberais foram empreendidos por representantes
da aristocracia rural.
19. (Cesgranrio) O processo de centralização monárquica que ocorre no Brasil, após 1840, III. O Parlamento e o Ministério Brasileiro eram dominados pela burguesia industrial brasileira.
acentuou-se através da: IV. Foram os próprios representantes da classe rural que promoveram os progressos materiais
que os levariam à ruina.
(A) promulgação do Ato Adicional à Constituição de 1824, que suprimia o Conselho de
Estado, conservava o Poder Moderador e a vitalicidade do Senado e criava Assembleias Com base na análise, assinale alternativa correta.
nas Províncias.
(B) criação da Guarda Nacional em 1931, constituída de milícias compostas por fazendeiros e (A) Somente I está correta.
seus subordinados, cujo objetivo era manter a ordem e reprimir a anarquia. (B) Somente II e IV estão corretas.

Curso Preparatório Cidade | Tópico 2.7 – A consolidação da ordem interna: o fim das rebeliões, os partidos, a legislação, o fortalecimento do Estado, a economia cafeeira, a tributação. 201
(C) Somente III e IV estão corretas A citação acima se refere ao acontecimento ocorrido no ano de 1848, em Pernambuco, conhecido
(D) Somente I, II e III estão corretas como “Revolução Praieira”. Depreende-se da análise do texto e do contexto histórico ao qual se
(E) Todas estão corretas. refere que as principais causas daquele movimento foram:

(A) A lusofobia fortalecida pelas ideias socialistas dos praieiros e o repúdio a qualquer tipo de
02. (EsFCEx - 2003) D. Pedro II governou o Brasil durante o Segundo Reinado: relação comercial com estrangeiros como forma de combate ao liberalismo econômico da
época.
(A) despoticamente, como seguidor da doutrina de Nicolau Maquiavel. (B) O combate ao domínio oligárquico dos senhores de engenho e a presença portuguesa no
(B) com um partido único, o conservador. Brasil com a radicalização das ideias liberais pregadas pelas lideranças do movimento
(C) reacionariamente, reagindo às mudanças culturais. que, entre outras coisas, reivindicavam a abolição da escravidão no Brasil.
(D) como conhecedor e admirador do Liberalismo europeu. (C) A destituição do governo conservador da presidência da província, após ataque dos
(E) rigidamente, sem adotar posições conciliadoras. praieiros à cidade de Recife e a implantação de um governo liberal, apoia do pelos
comerciantes portugueses e contestado pelos senhores de engenho da região.
(D) A crise da produção açucareira e o fortalecimento político dos setores liberais – senhores
03. (EsFCEx - 2005) Analise as afirmativas abaixo sobre a maioridade de D. Pedro II e, a seguir, de engenhos menores, profissionais liberais, artesãos, etc. – que monopolizavam o
marque a alternativa verdadeira: grande comércio local em detrimento do pequeno comércio exercido por estrangeiros,
principalmente, pelos portugueses.
I. Contou com o forte apoio de Pedro de Araújo Lima. (E) A insatisfação com a centralização política e o favorecimento do Centro-Sul; o combate ao
II. Foi liderada pelos fazendeiros de café que estavam preocupados com a onda de revoltas domínio oligárquico dos grandes senhores de engenho e ao monopólio do comércio pelos
ocorridas em território nacional. portugueses.
III. Os conservadores articularam uma política visando à centralização e fortalecimento da
unidade nacional.
IV. Os liberais fundaram o Clube da Maioridade para fazer propaganda de antecipação do
governo de D. Pedro II.

(A) somente a I está correta.


(B) somente a II e a IV estão corretas.
(C) somente a III e a IV estão corretas.
(D) somente a I, II e a III estão corretas.
(E) todas estão corretas.

04. (EsFCEx - 2009 - adaptado) Leia o trecho abaixo para responder.

“Não menos de seis mil casas de comércio a retalho se acham em Pernambuco, e todas elas de
estrangeiros: assim – lojistas, quitandeiros, taberneiros, armazeneiros, trapicheiros, açucareiros,
padeiros, casas de roupa feita, de calçado, funileiros, tanoeiros e tudo é estrangeiro.”
CASTRO, Therezinha. História documental do Brasil.

202 Tópico 2.7 – A consolidação da ordem interna: o fim das rebeliões, os partidos, a legislação, o fortalecimento do Estado, a economia cafeeira, a tributação. | Curso Preparatório Cidade
Tópico 2.8 – Centralização x descentralização do Ministério, retirando um elemento de desgaste político do imperador, sem que este tivesse
diminuída sua autoridade.

Comentário Segundo o historiador Ronaldo Vainfas

Considera-se que o sistema parlamentarista tenha sido implementado no


Caro estudante, Brasil Imperial em 1847, a partir do decreto de criação do cargo de
presidente do Conselho de Ministros (ou gabinete), indicado
Fixaremos nesse tópico o aspecto político do Segundo Reinado marcadamente pessoalmente pelo imperador. Inspirado no sistema parlamentarista
influenciado pela criação, em 1847, do cargo de Presidente do Conselho de Ministros. inglês, no qual o Poder Executivo é exercido pelo primeiro-ministro,
escolhido e apoiado pelo Parlamento, no parlamentarismo brasileiro
Vimos que a primeira fase do Segundo Reinado foi marcada pela estabilização e instaurado no século XIX, o Poder Legislativo, em vez de nomear o
consolidação do estado nacional brasileiro. A economia cafeeira tornou-se cada vez Executivo, subordinava-se a ele e ao Poder Moderador. Na prática, o
mais importante. À medida em que as plantações avançaram para o interior paulista as imperador poderia acionar o Poder Moderador para manter seus
finanças do ainda novo estado nacional brasileiro eram estabilizadas. ministros, dissolvendo a Câmara e convocando novas eleições. Como as
eleições eram viciadas, por causa da interferência do governo, este
Uma das principais questões dos anos iniciais do Segundo Reinado foi debelar as sempre saía vitorioso.
rebeliões que ameaçavam a unidade territorial brasileira. Caxias foi o grande
responsável pelo fim das revoltas: em uma mão a espada e na outra a anistia.
Ronaldo Vainfas (direção). Dicionário do Brasil imperial (1822–1889). Rio de Janeiro: Objetiva, 2002, p.
563 (com adaptações).
No plano político a implementação do “Parlamentarismo às avessas” significou a
criação de uma verdadeira engenhoca política. Por um lado permitiu que o Imperador
preservasse sua imagem junto à população, pois todas as ações cujos impactos eram
negativos junto à opinião pública sempre eram creditados na conta do " primeiro- Assim, o fato do Poder Moderador – de uso exclusivo do Imperador – indicar o Presidente do
ministro". Foram 36 gabinetes ao longo do Segundo Reinado. Também permitiu aos Conselho de Ministros, bem como impor ao parlamento a subordinação ao executivo; fez com que
principais partidos da época revezarem-se no poder. Aquele que estava na oposição o modelo parlamentar adotado no Brasil subvertesse o sentido do parlamentarismo britânico,
sabia que logo seria governo e vice-versa. O recurso às armas não era necessário. ficando conhecido pela expressão “Parlamentarismo às avessas”.

Sobre o assunto leia o texto a seguir. Na Inglaterra, a Coroa, baseada na maioria do Parlamento e em quem eles aconselham, escolhe o
primeiro-ministro. Após isso o Parlamento aprova ou não a decisão da Coroa. Ele será o chefe de
Bons estudos! governo do país, dirigindo e administrando a Inglaterra. Como o primeiro-ministro é um eleito do
Parlamento, ele deve prestar contas de suas ações ao órgão que, se quiser, poderá destituí-lo de
seu cargo, convocando outro.

CENTRALIZAÇÃO X DESCENTRALIZAÇÃO No Brasil, o Imperador era o poder máximo, acumulando funções de chefe de estado e de governo,
até a década de 1840, quando D. Pedro II decretou que o Imperador não possuía mais os dois
Poderes, e sim apenas o Moderador. Ele escolhia quem seria seu presidente do Conselho de
Em 1847, o Imperador criou o Conselho de Ministros, órgão que aconselharia o Imperador a dirigir Ministros (equivalente ao primeiro-ministro). Este escolhia, por sua vez, indicava os membros do
o Brasil, espelhado no parlamentarismo britânico. Naquele mesmo ano, também foi criado o cargo Conselho de Estado, que por fim, recebia ou não a aprovação do Parlamento. O que aconteceu
de Presidente do Conselho de Ministros (Primeiro-Ministro), que seria o chefe do ministério, muito no Brasil e no resto do mundo foi que o Parlamento muitas vezes não aprovava a decisão do
encarregado de organizar o Gabinete do Governo. Assim, o Imperador, em vez de nomear todos os Chefe de Estado, e este se via obrigado a dissolver o Parlamento (tanto em Monarquias
ministros, passou a nomear somente o Presidente do Conselho, e este escolhia os demais membros Parlamentaristas como em Repúblicas Parlamentaristas da época. Espanha e França até chegaram

Curso Preparatório Cidade | Tópico 2.8 – Centralização x descentralização 203


a usar o exército para calar o povo na hora de dissolver o Parlamento). A Inglaterra foi uma O Segundo Reinado seria caracterizado pela predominância de dois partidos políticos que se
exceção da época, pelo fato de ter surgido lá, de forma muito precoce, o modelo de Monarquia alternavam no poder. O partido liberal e o partido conservador.
Constitucional (durante o século XVII).
Segundo o historiador Rodrigo Patto Sá Motta, tais partidos
Segundo o historiador Boris Fausto, a utilização do Parlamentarismo às avessas no Segundo
Reinado, teve como grande consequência, o fato de que (...) surgiram no período compreendido entre a crise da abdicação de
D.Pedro I e a maioridade de D. Pedro II. Os partidos liberal e conservador,
(...) houve, em um governo de cinquenta anos, a sucessão de 36 formados no calor das lutas travadas nas duas primeiras décadas após a
gabinetes, com média de um ano e três meses de duração cada um. independência, eram também chamados de luzias e saquaremas. Os
Aparentemente, havia uma grande instabilidade, mas de fato, não era apelidos foram dados pelos respectivos adversários com a intenção de
bem isso o que ocorria. Na verdade, tratava-se de um sistema flexível que ironizar (...) Luzia era uma alusão ao insucesso dos liberais no levante
permitia o rodízio dos principais partidos no governo, sem maiores revolucionário de 1842, quando foram derrotados em uma batalha na
traumas. Para quem estivesse na oposição, havia sempre a esperança de cidade de Santa Luzia, Minas Gerais. Chamando-os Luzias seus
se chamado a governar. Assim, o recurso às armas se tornou adversários pretendiam irritá-los e fazer troça, lembrando de um
desnecessário. acontecimento desagradável. Os conservadores começaram a ser
chamados de saquaremas após um fato ocorrido na cidade de mesmo
(FAUSTO,Boris.História do Brasil.São Paulo: Edusp, 1997, p. 180) nome, no Rio de Janeiro. Houve, ali um episódio de conflito entre as
facções locais dos dois grupos, tendo os conservadores lançado mão da
Dom Pedro II conseguiu criar uma máquina eficiente para direção do Brasil, baseada na troca de força para se fazer prevalecer frente aos liberais.
favores. Como a elite agrária detinha o poder no Brasil do século XIX, Pedro II sempre governou
aliando-se a eles, realizando favores (como construção de ferrovias, açudes, aquisição de (MOTTA,Rodrigo Patto Sá. História dos partidos políticos brasileiros. Belo Horizonte: Editora UFMG, 1999,
maquinários ) em troca da estabilidade que Pedro II necessitava para se manter no poder. Assim, p.28)
Dom Pedro II conseguiu, nos primeiros anos de seu governo, lidar com um Brasil estável e, em
certo ponto de vista, próspero.
Em algumas regiões, destacava-se o predomínio de cada um dos grupos. Conforme o historiador
Figura 41: D. Pedro II Boris Fausto

(...) Uma distinção importante dizia respeito às bases regionais dos dois
partidos. Enquanto os conservadores extraíam sua força maior da Bahia e
Pernambuco, os liberais eram mais fortes em São Paulo, Minas Gerais e
Rio Grande do Sul. A união entre burocratas, com destaque para os
magistrados, e os grandes proprietários rurais fluminenses representou o
coração da política centralizadora sustentada pelos conservadores.

(FAUSTO,Boris.História do Brasil.São Paulo: Edusp, 1997.p. 182)

Poucas diferenças, guardavam entre si, ambos os partidos. Havia por parte dos liberais, uma maior
defesa da autonomia das províncias - que só poderia se consolidar com uma relativa
descentralização do poder político no país. Os conservadores, por sua vez, eram considerados os

D. Pedro II controlando o “carrossel político” em charge do período.

204 Tópico 2.8 – Centralização x descentralização | Curso Preparatório Cidade


defensores de um governo mais centralizado na figura do Imperador, sendo, nesse sentido, sua (A) os dois partidos - Conservador e o Liberal - dependiam estreitamente do Poder Moderador
principal base de apoio político. para implementarem seu projeto político centralizador;
(B) com o Apogeu do Estado Imperial, foi possível reduzir a intervenção política do Poder
Segundo o historiador Rodrigo Patto Sá Motta Moderador, e assim abrir caminho à descentralização administrativa;
(C) em oposição ao 1º Reinado, houve uma tendência para ampliar o poder em mãos dos
Até o final do Império, a disputa descentralização versus centralização e a chefes políticos locais - os coronéis - em nome da ordem e do fortalecimento da "Nação";
discussão sobre se o Estado deveria ter mais ou menos poder dominaram (D) esse regime parlamentar foi a forma encontrada para solucionar os conflitos entre o
o debate político, opondo os partidos liberal e conservador. Só mais poder local e o central, garantindo-se, com a Guarda Nacional e o Senado vitalício, a
próximo do final do século, por volta das décadas de 1870/1880, é que autoridade provincial;
outras questões começaram a empolgar a opinião pública e os políticos, (E) a vida política assegurava a livre participação de todos os cidadãos, através de eleições
principalmente os temas da abolição da escravidão e implantação da democráticas e diretas em todos os níveis.
República. Mesmo então os dois partidos tradicionais continuaram
dominando o cenário político, inclusive após a criação do partido
republicano, em 1870. 03. (Mackenzie)

(MOTTA,Rodrigo Patto Sá. História dos partidos políticos brasileiros. Belo Horizonte: Editora UFMG, 1999, I. O parlamentarismo às avessas consolidou o revezamento dos partidos no poder e as
p.33) eleições fraudulentas.
II. O imperador apresentava-se à opinião pública como uma figura neutra, pois aparentemente
não era responsável pela escolha do ministério e nem pela composição da Câmara.
EXERCÍCIOS III. O parlamentarismo brasileiro seguia rigidamente o modelo europeu, sendo o poder de
governar atribuição do chefe de governo e não do chefe de Estado.
IV. O poder moderador contribuiu para que o parlamentarismo brasileiro fosse autônomo e
01. (Mackenzie) Sobre o parlamentarismo praticado durante quase todo o Segundo Reinado e a sem a ingerência do imperador.
atuação dos partidos Liberal e Conservador, podemos afirmar que:
Relativamente às afirmações anteriores, referentes ao Parlamentarismo no Brasil durante o
(A) ambos colaboraram para suprimir qualquer fraude nas eleições e faziam forte oposição ao Segundo Reinado, podemos afirmar que:
centralismo imperial.
(B) as divergências entre ambos impediram períodos de conciliação, gerando acentuada (A) somente I e III são corretas.
instabilidade no sistema parlamentar. (B) somente I e II são corretas.
(C) organizado de baixo para cima, o parlamentarismo brasileiro chocou-se com os partidos (C) somente III e IV são corretas.
Liberal e Conservador de composição elitista. (D) todas são corretas.
(D) Liberal e Conservador, sem diferenças ideológicas significativas, alternavam-se no poder, (E) todas são incorretas.
sustentando o parlamentarismo de fachada, manipulado pelo imperador.
(E) os partidos tinham sólidas bases populares e o parlamentarismo seguia e praticava
rigidamente o modelo inglês. 04. (Mackenzie) "A vontade popular, passiva e dominada, adaptava-se à ordem do pensamento do
estamento burocrático, cuja cúpula dirigente era o Poder Moderador

02. (Cesgranrio) No Segundo Reinado, o parlamentarismo não ofusca a importância do Poder (...) A intervenção do poder pessoal mostrava-se franca e direta, como um golpe de Estado, ou
Moderador, mas o sistema como um todo expressa a hegemonia dos grandes proprietários e o dissimulada e sub-reptícia (...). A hábil alternação dos partidos no governo enfraquecia o azedume
compromisso entre a centralização e o poder local, de modo que: das quedas."

Raymundo Faoro

Curso Preparatório Cidade | Tópico 2.8 – Centralização x descentralização 205


O texto retrata um período histórico e suas características. Assinale-o. 06. (G1) No início do Segundo Reinado, apenas os partidos Liberal e Conservador figuravam na
política brasileira, sendo chamados "FARINHA DO MESMO SACO".
(A) Período Joanino e a transferência do Estado Metropolitano para o Brasil.
(B) A fase regencial e as lutas políticas internas. Sobre a expressão em maiúsculo, é correto afirmar, EXCETO:
(C) A República Velha e sua estrutura oligárquica.
(D) O Segundo Reinado e o Parlamentarismo às avessas. (A) os dois partidos eram formados por grandes proprietários de terras e escravos;
(E) O Estado Novo e a Constituição de 1937. (B) os partidos não tinham diferenças ideológicas;
(C) os dois partidos eram a favor da abolição da escravidão;
(D) os dois partidos lutavam apenas pelo poder;
05. (Puccamp) "Sob os preceitos do Iluminismo (...) a Academia Francesa de Ciências assumiu a (E) os dois partidos participaram do poder no Segundo Reinado.
incumbência de criar medições padronizadas. (...) A Academia convencionou que a unidade-
padrão de comprimento seria a décima milionésima parte da distância entre o Pólo Norte e o
Equador. (...) Os padrões de massa e de volume foram calculados a partir do metro, seguindo 07. (Ufrs) Considere o texto a seguir.
o mesmo princípio. O grama foi definido como a massa de 1 decímetro cúbico de água pura a 4
°C, temperatura em que atinge a maior densidade. O litro passou a equivaler ao volume de um "Nada mais conservador que um liberal no poder. Nada mais liberal que um conservador na
cubo com 10 centímetros de lado (ou seja, 1 centímetro cúbico). Foi uma mudança e tanto. oposição..."
(...) Apesar da revolução no pensamento e na concepção de mundo, um fator não mudou: as
(Oliveira Viana)
medidas continuaram a ser usadas como instrumento de poder. (...) Na época, dois impérios
rivalizavam em equilíbrio de poder: o francês, sob o comando de Napoleão Bonaparte, e o
O texto se refere:
inglês. Por isso, a França e todos sob sua influência direta ou indireta adotaram o sistema
métrico decimal, como o Brasil, que, em 1862, por decreto de dom Pedro II, abandonou as
(A) à política positivista durante a 1• República no RS, que se orientava pela doutrina de
medidas de varas, braças, léguas e quintais para aderir ao metro."
Augusto Comte e tinha como um de seus lemas: "conservar melhorando".
(Revista "Superinteressante", n. 186, São Paulo: Abril, 2003. p. 45-6)
(B) ao conflito político entre o partido português, que queria conservar o Brasil nas mãos de
Portugal, e o partido brasileiro, que queria libertar o Brasil da dominação colonial, no
A sociedade imperial brasileira herdou várias influências européias. Além do sistema métrico, no início do século XIX.
Segundo Reinado adotou-se na prática o parlamentarismo no Brasil, por influência inglesa. No (C) à política parlamentar no Império Brasileiro, que fazia aparentemente distinção entre
entanto, este diferia do inglês, uma vez que o: políticos liberais e conservadores.
(D) à ideologia liberal inglesa, vinda para o Brasil no século XIX, que entrou em conflito com a
(A) partido que detinha a maioria no Parlamento indicava o primeiro-ministro, que muitas liberal norte-americana, divulgada desde a Conjuração Mineira.
vezes vetou determinados projetos de lei provenientes do poder imperial. (E) aos conservadores e liberais, no período regencial, que se distinguiam ideologicamente
(B) gabinete não dependia inteiramente do Parlamento mas, principalmente, do Poder por programas políticos opostos.
Moderador.
(C) poder legislativo tinha autonomia política para indicar os membros do gabinete ministerial
e para dissolvê-lo quando este fosse incompatível com o Senado. 08. (Pucpr) A causa da grande semelhança entre os programas dos Partidos Liberal e Conservador,
(D) parlamento brasileiro era mais democrático, pois previa a participação das mulheres nas durante o Segundo Reinado (1840 -1889) tem origem no(na):
eleições provinciais.
(E) imperador acumulava as funções de monarca e de primeiro-ministro, previsto inclusive na (A) Claro desejo das duas facções de extinguir a vitaliciedade do Senado.
Constituição de 1824. (B) Despreparo intelectual dos componentes dos dois partidos, antes fidalgos rústicos do que
cavalheiros.

206 Tópico 2.8 – Centralização x descentralização | Curso Preparatório Cidade


(C) Fato de que seus componentes representavam a classe dominante na vida política e na V. O parlamentarismo republicano revelou-se eficiente, e sua flexibilidade permitiu a acalmia
sociedade brasileira: a dos grandes proprietários rurais. nas lutas partidárias e agitações sociais no governo de João Goulart.
(D) Ação do Poder Moderador, muito poderoso, ao qual procuravam agradar com as mesmas
estratégias. Estão corretas as alternativas:
(E) Desejo de maior autonomia às Províncias, uma vez que levavam em conta as
heterogeneidades geográficas do Brasil. (A) I, II, III e IV.
(B) II, III, IV e V.
(C) I, II, IV e V.
09. (Ufmg) A organização do sistema político foi objeto de discussões e conflitos ao longo do (D) apenas I, II e IV.
período imperial no Brasil. (E) apenas III, IV e V.

Com relação ao contexto histórico do Brasil Imperial e aos problemas a ele relacionados, é
CORRETO afirmar que: 11. (Pucmg) No Segundo Reinado (1840-1889), os políticos conservadores e liberais
caracterizavam-se por:
(A) a centralização do poder foi objeto de sérias disputas ao longo de todo o século XIX e
explica várias contendas internas às elites imperiais, como a Rebelião Praieira. (A) representarem os senhores de escravos e proprietários de terras.
(B) o Constitucionalismo ganhou força, fazendo com que o Legislativo, o Executivo e o (B) apoiarem o término da escravidão e a proclamação da República.
Judiciário se tornassem independentes e harmônicos, o que atendia às queixas dos (C) serem republicanos e oposicionistas ao imperador D. Pedro II.
rebeldes da Balaiada. (D) defenderem os interesses populares e contrários à Monarquia.
(C) o Federalismo de inspiração francesa e jacobina foi uma das principais bandeiras do
Partido Liberal, a partir da publicação do Manifesto Republicano, o que explica, entre
outras, a Revolução Liberal de 1842. 12. (Ufrrj) Leia o texto abaixo.
(D) os movimentos de contestação armada - como a Revolução Farroupilha, a Sabinada ou a
Cabanagem - tinham em comum a crítica liberal às tendências absolutistas, persistentes "Era comum ouvir-se dizer, em meados do século passado, não haver nada tão parecido com um
no governo de D. Pedro II. saquarema como um luzia no poder."

MATTOS, Ilmar Rohloff de. "O Tempo Saquarema". São Paulo: HUCITEC/Instituto Nacional do Livro, 1987. p. 103.

10. (Pucpr) Sempre inspirando-se em modelos estrangeiros, o Brasil adotou também o


Saquaremas e Luzias correspondiam, no período do Império do Brasil, respectivamente a:
sistema parlamentarista de governo.
(A) Conservadores e Liberais.
Analise as afirmações:
(B) Republicanos e Liberais.
(C) Liberais e Nacionalistas.
I. O parlamentarismo imperial foi implantado por lei ordinária em 1847. Não se fez por
(D) Conservadores e Realistas.
emenda à Constituição.
(E) Liberais e Abolicionistas.
II. O sistema parlamentar significa a bipartição do Poder Executivo: chefia de Estado e de
Governo exercidas por diferentes pessoas.
III. Tendo pequena importância durante o Império, o Partido Republicano tentou inutilmente e
por várias vezes revogar o sistema parlamentar.
IV. O parlamentarismo republicano foi a fórmula encontrada para acalmar os atritos políticos e
possibilitar a posse de João Goulart, tido por esquerdista pelos chefes militares em 1961.

Curso Preparatório Cidade | Tópico 2.8 – Centralização x descentralização 207


13. (Unesp) Os dois grandes partidos imperiais (...) completaram sua formação (...) como 16. (Mackenzie) O Golpe da Maioridade que colocou Pedro II no trono em 1840 representou:
agremiações políticas opostas. Mas havia mesmo diferenças ideológicas ou sociais entre eles?
Não passariam no fundo de grupos quase idênticos, separados apenas por rivalidades pessoais? (A) a vitória dos liberais que retornaram ao governo, convidados para formar o primeiro
Muitos contemporâneos afirmam isso. Ficou célebre uma frase atribuída ao político ministério do Segundo Reinado.
pernambucano Holanda Cavalcanti: 'nada se assemelha mais a um saquarema do que um Luzia (B) a ascensão dos conservadores afastados do poder desde o Avanço Liberal.
no poder'. (C) o enfraquecimento do regime monárquico e o crescimento do republicanismo.
(D) o declínio da aristocracia rural já que o novo governo não apoiava a manutenção de seus
(B. Fausto, "História do Brasil".)
privilégios.
A transcrição refere-se aos partidos: (E) o fortalecimento da democracia, fato comprovado na primeira eleição do Segundo
Reinado, a "eleição do cacete".
(A) Radical e Justicialista, que formaram a estrutura bipartidária vigente na Regência.
(B) Republicano e Democrático, que deram o tom político ao longo do Primeiro Reinado. 17. (Ufrs) Das rebeliões internas ocorridas no Brasil durante o II Reinado destaca-se o sentido
(C) Progressista e Ruralista, que se constituíram nas duas forças políticas em ação no social da Revolução Praieira de 1848, porque:
Segundo Reinado.
(D) Trabalhista e Positivista, que moldaram a vida política no Antigo Regime. (A) o governo rebelde aprovou uma Constituição que tornava cidadãos brasileiros os
(E) Conservador e Liberal, que dominaram a cena política até a proclamação da República. portugueses residentes no Brasil.
(B) pelo "Manifesto ao Mundo" os revoltosos pregavam o voto livre e universal para os
14. (Unesp) O resultado da discussão política e a aprovação da antecipação da maioridade de D. brasileiros.
Pedro II representou: (C) o Imperador Pedro II estabeleceu uma política de conciliação, anistiando os líderes
revoltosos e integrando-os ao Senado Vitalício.
(A) o pleno congraçamento de todas as forças políticas da época. (D) entre as intenções dos revoltosos estava o desejo de livrar-se dos impostos excessivos
(B) a vitória parlamentar do bloco partidário liberal. sobre a extração do ouro.
(C) a trama bem-sucedida do grupo conservador que fundara a Sociedade Promotora da (E) o movimento visava isentar de servir no Exército chefes de família e proprietários rurais.
Maioridade.
(D) a anulação da ordem escravista que prevalecia sobre os interesses particulares. 18. (Unirio) A consolidação do Estado Imperial brasileiro, na segunda década do Segundo Reinado,
(E) a debandada do grupo político liderado por um proprietário rural republicano. pode ser associado à (ao):

15. (Unirio) A consolidação do Império nas duas primeiras décadas do Segundo Reinado está ligada (A) vitória do Partido Liberal, acomodando as manifestações autonomistas das Províncias.
à (ao): (B) reforma da Constituição, limitando a ação do Poder Moderador.
(C) defesa conservadora da continuidade do tráfico negreiro.
(A) afirmação do projeto autonomista liberal, pondo fim às Rebeliões Provinciais. (D) antecipação da Maioridade, garantindo o apoio farroupilha à monarquia.
(B) recuperação das lavouras tradicionais, como açúcar, eliminando-se a hegemonia do setor (E) domínio conservador, consolidando a centralização política no poder monárquico.
cafeeiro.
(C) conciliação entre liberais e conservadores, para conter o crescente movimento
republicano. 19. (Ufv) "Santa Luzia, o pequeno arraial, tornou-se, em 8 de julho de 1842, a sede da Presidência
(D) hegemonia do projeto político conservador, centralizado e que projetava a Coroa sobre os provisória e aqui, em 20 de agosto do mesmo ano, terminou o movimento revolucionário. O
Partidos. presidente intruso desapareceu durante a noite e o então gênio bom do Partido Conservador,
(E) encaminhamento da abolição, garantindo-se a mão-de-obra à lavoura através da General Barão (hoje Marquês) de Caxias, atacou os insurgentes. O combate travou-se em torno
imigração. da ponte, começando às primeiras horas da manhã; o desfecho era ainda duvidoso às três da
tarde, quando o 8º Batalhão das Forças Regulares ocupou o ponto mais alto da aldeia e levou o

208 Tópico 2.8 – Centralização x descentralização | Curso Preparatório Cidade


inimigo à debandada. Os chefes, Srs. Ottoni, José Pedro, Padre Brito e outros, foram feitos EXERCÍCIOS DE PROVA
prisioneiros do estado, e, desde aquele dia desastroso, os ultraliberais foram chamados
'luzias'."
21. (EsFCEx - 2001) O governo pessoal de D. Pedro II, o Segundo Reinado, é marcado pelo
(Richard Burton, "Viagem de canoa de Sabará ao oceano Atlântico") sistema parlamentarista que procurou seguir o modelo:

O episódio narrado acima pelo viajante inglês Richard Burton, exemplifica uma das diversas (A) norte americano
rebeliões que marcaram a história brasileira, durante o século XIX. As Revoltas Liberais de Minas (B) francês
Gerais e São Paulo e a Revolução Praieira em Pernambuco marcam o início do período que ficou (C) português
conhecido como: (D) inglês
(E) latino americano.
(A) 1º República.
(B) 1º Reinado.
(C) Regência.
(D) 2º Reinado.
(E) Período Colonial.

20. (Ufsm) "Minha terra tem palmeiras / Onde canta o sabiá; / As aves que aqui gorjeiam, / Não
gorjeiam como lá. // Nosso céu tem mais estrelas, / Nossas várzeas têm mais flores, [...]./ Não
permita Deus que eu morra, Sem que eu volte para lá [...]"

("Canção do exílio", de Gonçalves Dias)

Esses versos, escritos por Gonçalves Dias quando estudava em Coimbra e publicados em livro em
1846, relacionam-se com o seguinte momento da história política brasileira:

(A) consolidação do escravismo a partir da exuberância tropical e do Estado imperial.


(B) luta pelo estabelecimento de uma sociedade agrária, latifundiária e baseada no trabalho
assalariado.
(C) manutenção dos vínculos culturais com Portugal e exaltação de aspectos europeus da
paisagem americana.
(D) construção do Estado nacional brasileiro e formação de uma identidade própria.
(E) construção de um passado místico no Brasil, enraizado na figura do seu primitivo
habitante: o índio.

Curso Preparatório Cidade | Tópico 2.8 – Centralização x descentralização 209


Tópico 2.9 – Economia e cultura na sociedade imperial nos Estados Unidos. Assim, em alguns anos, uma nova elite começou a surgir no sudeste brasileiro.
A elite cafeicultora, que em pouco tempo, se tornava mais poderosa e rica do que a elite
nordestina.
Comentário
Figura 42: Regiões de Produção de Café.

Caro estudante,

Avancemos um pouco mais agora. Nesse tópico trataremos da modernização


econômica do Brasil verificada durante o governo de D. Pedro II.

Foi durante o Segundo Reinado que o Brasil conheceu o seu primeiro surto industrial.

O fim do tráfico negreiro no ano de 1850 permitiu a liberação de grandes somas de


capitais. Com a proibição do tráfico muitos recursos foram aplicados em novas
atividades econômicas.

A tarifa Alves Branco promulgada anos antes também merece ser estudada. Em 1844
essa lei elevou os impostos sobre produtos estrangeiros. A medida é importante pois
favoreceu a atuação dos empresários nacionais. Foi a primeira lei de caráter
protecionista aprovada em solo brasileiro.

Por último o café. Os capitais advindos da produção e exportação desse produto


Segundo o economista Celso Furtado
também foram aplicados em outras atividades econômicas, dentre elas a indústria.
A economia cafeeira formou-se em condições distintas. Desde o começo,
Também merece atenção a atuação de Irineu Evangelista de Souza. O Barão de Mauá.
sua vanguarda esteve formada por homens com experiência comercial.
Em toda a etapa da gestação os interesses da produção e do comércio
Sobre o assunto leia o texto a seguir!
estiveram entrelaçados. A nova classe dirigente formou-se numa luta que
Bons estudos! se estende em uma frente ampla: aquisição de terras, recrutamento de
mão-de-obra, organização e direção da produção, transporte interno,
comercialização nos portos, contatos oficiais, interferência na política
financeira e econômica. A proximidade da capital do país constituía,
ECONOMIA E CULTURA NA SOCIEDADE IMPERIAL evidentemente, uma grande vantagem para os dirigentes da economia
cafeeira. Desde cedo eles compreenderam a enorme importância que
podia ter o governo como instrumento de ação econômica (...) Mas não é
Modernização: economia e cultura na sociedade imperial. o fato de terem controlado o governo o que singulariza os homens do
café. E sim que tenham utilizado esse controle para alcançar objetivos
Durante o Primeiro Reinado, a elite agrária do Brasil concentrava-se, sobretudo, no Nordeste (os perfeitamente definidos de uma política. É por essa consciência clara de
barões da cana). Mas nessa mesma época, o café começava a ser introduzido na Baixada seus próprios interesses que eles se diferenciam de outros grupos
Fluminense e no Vale do Paraíba, expandindo-se durante o século XIX. O mercado consumidor dominantes anteriores ou contemporâneos (...)
internacional prosperava o que propiciará a aceitação do café brasileiro, notadamente na Europa e (FURTADO,Celso. Formação econômica do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 2007,p.171-172)

210 Tópico 2.9 – Economia e cultura na sociedade imperial | Curso Preparatório Cidade
O desenvolvimento do comércio internacional baseado na exportação do café deveu-se alguns O café impulsionou uma indústria incipiente, ou seja, parte dos lucros gerados na produção de café
fatores específicos. No contexto externo, destacam-se o crescimento da demanda internacional ao era também usado na montagem de fábricas. Nessa mesma época, na Amazônia, iniciava-se a
café brasileiro, fruto do aumento do padrão de vida da população norte-americana e européia, o extração do látex para a produção de borracha, que viria a se consolidar e garantir, aos poucos,
que estimulou o aumento dos níveis de consumo; a industrialização dos EUA e Europa, que um significativo espaço no mercado internacional.
necessitavam de matérias-primas para suas indústrias de transformação; o aperfeiçoamento
técnico, o qual beneficiou o comércio internacional, tanto através de meios de transporte quanto na As transformações na estrutura produtiva brasileira permitiram o acúmulo de capitais
nova organização dos setores mercantil e financeiro. O final do século XIX proporcionou ao proporcionados pelo comércio internacional do café, possibilitando investimentos dos lucros
comércio internacional, através da afirmação constante do modelo liberal econômico, que grande obtidos, com a comercialização no próprio setor produtivo, assim como, a substituição da mão-de-
parte dos países capitalistas ocidentais comercializasse entre si. obra escrava pelo trabalho livre e assalariado nas atividades produtivas, motivado, entre outros
fatores, pelo fim do tráfico de escravos no oceano Atlântico e pela pressão internacional contrária à
Internamente, o que mais favoreceu o crescimento econômico foi a solução do problema da mão- exploração escravista no Brasil. A utilização de mão-de-obra livre e assalariada, se deu a partir do
de-obra através da imigração européia; a expansão do crédito, através de uma reforma bancária, incentivo à imigração europeia nas atividades produtivas do país, estimulado principalmente pelo
que forneceu recursos para a formação de novas lavouras cafeeiras; e a expansão das redes estado brasileiro, o que estimulou o crescimento e desenvolvimento do mercado interno. Por outro
ferroviárias em São Paulo, as quais reduziram o custo de transporte para os proprietários das novas lado, como nem todos os imigrantes europeus no Brasil se ocuparam com as lavouras de café,
lavouras, localizadas no interior paulista. A diversificação da economia estimulou a urbanização, já dedicando-se, também, às atividades comerciais, aos serviços e ao artesanato, houve espaço para
que toda a atividade comercial, induzida pela expansão do café, concentrava-se nas cidades o processo de urbanização da sociedade brasileira, sobretudo na região Sudeste, assim como a
portuárias. criação de bancos comerciais no país. Todos esses fatores, assim como os investimentos públicos
imperiais em infraestrutura, principalmente em ferrovias e estradas na região Sudeste do país (São
Segundo a historiadora Emília Viotti da Costa, o advento da estrada de ferro: Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais), foram determinantes para o surgimento das primeiras
indústrias no país.
(...) Fez nascer cidades e matou outras. Alguns dos núcleos promissores
da fase anterior que ficaram à margem da rede ferroviária viram decair Conforme demonstrou a historiadora Emília Viotti da Costa:
seu movimento, enquanto outros núcleos surgiram ao longo da ferrovia
junto às estações. Facilitando as comunicações, a ferrovia permitiu aos (...) Um grande número de estabelecimentos industriais foi fundado no
fazendeiros transferirem suas residências para os centros mais fim do século. Em pouco mais de dez anos o número de indústrias passou
importantes, reduzindo a importância dos núcleos interioranos e de 175, em 1874 para mais de seiscentas. Cresceu o número dos que se
reforçando a concentração nas grandes cidades. O crescimento da cidade dedicavam às atividades industriais. As indústrias tenderam a se localizar
de São Paulo, no fim do século, liga-se em parte ao fato de se ter tornado nos principais núcleos urbanos nos Estados do Rio de Janeiro, São Paulo,
em centro para onde convergiam as ferrovias (...) À medida que os Minas Gerais e Rio Grande do Sul, onde a concentração de mão-de-obra e
fazendeiros se mudaram para os grandes centros, cresceu a tendência em capitais e a existência de um mercado relativamente desenvolvido, bem
promover melhoramentos urbanos. Aumentou o interesse pelas diversões como de uma infraestrutura de transportes criavam possibilidade para o
públicas, a construção de hotéis, jardins e passeios públicos, teatros e desenvolvimento de indústrias do tipo de substituição de importação (...)
cafés. Melhorou o sistema de calçamento, iluminação e abastecimento de O aperfeiçoamento dos métodos de transporte, com o aparecimento das
água. Aperfeiçoaram-se os transportes urbanos. O comércio urbano vias férreas, as modificações introduzidas no processo de fabrico de
ganhou novas dimensões, bem como o artesanato e a manufatura. O açúcar e beneficiamento de café, a intensificação no ritmo das
processo foi favorecido pelo interesse que o capital estrangeiro teria construções civis e, finalmente, os melhoramentos urbanos estimularam
nesse tipo de empreendimentos urbanizadores. por sua vez o aparecimento de indústrias subsidiárias.

(COSTA,Emília Viottia da. Da monarquia à república: momentos decisivos. São Paulo: COSTA,Emília Viottia da. Da monarquia à república: momentos decisivos. São Paulo:
Fundação Editora Unesp,2007,p.257-258) Fundação Editora Unesp,2007,p.259-260.

Curso Preparatório Cidade | Tópico 2.9 – Economia e cultura na sociedade imperial 211
Apesar de o Império gozar de um momento de paz e prosperidade, ele tinha algumas pequenas
falhas. O uso de mão-de-obra escrava e a tentativa de impor sua influência sobre os países da (A) o Porto de Santos tornou-se conhecido, naquele contexto histórico, por ter sido o local
região do Prata, se tornaram agentes da degradação do Império, o que levaria ao fim do regime. escolhido pelo governo brasileiro para o controle de toda a exportação do café, que era
produzido tanto no Vale do Paraíba como no Oeste Paulista.
(B) o jovem francês partiu do Rio de Janeiro no momento em que a produção cafeeira no
EXERCÍCIOS Vale do Paraíba declinava, trazendo prejuízos incalculáveis aos fazendeiros que fizeram
altos investimentos com a compra de escravos.
01. O crescimento industrial na cidade de São Paulo foi especialmente favorecido por duas medidas (C) Florence faleceu durante o período em que a cidade de Campinas registrava uma crise
de grande repercussão econômica: a tarifa Alves Branco (1844) e a lei Eusébio de Queirós violenta da economia cafeeira, recuperando-se apenas no final do século com a retomada
(1850). Elas estabeleceram, respectivamente: do ciclo econômico açucareiro.
(D) o Porto de Santos teve um papel secundário no contexto de desenvolvimento econômico
(A) a fixação do preço mínimo da saca de café e a autorização para o funcionamento de na segunda metade do século XIX, pois o mesmo não atendia às normas de segurança
manufaturas em São Paulo. determinadas pelas exportadoras de café.
(B) a redução das taxas alfandegárias para os produtos importados da Inglaterra e a abertura (E) Florence esteve no Brasil durante o período da ascensão da produção cafeeira no Vale do
dos portos. Paraíba, presenciando inclusive a crise e a ascensão desse produto na região do Oeste
(C) o subsídio governamental à produção de café no Vale do Paraíba e a instituição do Paulista.
sistema de parceria.
(D) o aumento dos impostos sobre os produtos estrangeiros importados e a extinção do 03. (Ufv) Comparando a atividade cafeeira com a atividade açucareira, no Brasil na primeira
tráfico negreiro. metade do século XIX , pode-se afirmar que:
(E) a isenção de tributos sobre artigos manufaturados e a concessão de terras para
imigrantes europeus. (A) as duas atividades, pela sua localização, incrementaram o comércio, as cidades regionais,
a indústria nacional e a construção de ferrovias.
02. (Puccamp) " 'A 3 de setembro de 1825, partimos do Rio de Janeiro. Um vento fresco ajudou- (B) as duas atividades basearam-se na grande propriedade monocultora, na mão-de-obra
nos a vencer, em 24 horas, a travessia de 70 léguas, até Santos, e isto significou dupla escrava e na utilização de recursos técnicos rudimentares.
vantagem, porque a embarcação conduzia, também, 65 negros novos, infeccionados por sarna (C) a primeira concentrou-se inicialmente no oeste paulista, apesar de a região não possuir
da cabeça aos pés'. Assim começa o mais vivo, completo e bem documentado relato da famosa relevo e solos adequados ao cultivo.
Expedição de Langsdorff, que na sua derradeira e longa etapa, entre 1825 e 1829, percorreu o (D) na segunda, por se tratar de uma cultura temporária, havia um custo menor de instalação
vasto e ainda bravio interior do Brasil, por via terrestre e fluvial - do Tietê ao Amazonas. Seu desde o plantio até a sua transformação.
autor é um jovem francês de 21 anos, Hercules Florence, no cargo de desenhista topográfico. (E) a primeira usou as colônias de parceria como forma de suprir a escassez de mão-de-obra,
Encantado com as maravilhas das terras brasileiras e com seu povo hospitaleiro, Hercules desde as primeiras áreas cultivadas no período colonial.
Florence permaneceu aqui, ao término da expedição, escolhendo a então Vila de São Carlos,
como Campinas foi conhecida até 1842, para viver o resto de sua vida. Florence morreu em 27 04. (Fuvest) A economia brasileira, durante o período monárquico, caracterizou-se
de março de 1879 (...)." fundamentalmente:

(Revista: "Scientific American Brasil", n. 7, São Paulo: Ediouro, 2002. p. 60)


(A) pelo princípio da diversificação da produção agrária e pelo incentivo ao setor de serviços.
(B) pelo estímulo à imigração italiana e espanhola e pelo fomento à incipiente indústria.
O jovem francês partiu do Rio de Janeiro, em 1825, aventurou-se por várias regiões do Brasil,
(C) pela regionalização econômica e pela revolução no sistema bancário nacional.
fixando residência na Cidade de Campinas, até 1879. Considerando o triângulo percorrido pelo
(D) pela produção destinada ao mercado externo e pela busca de investimentos
jovem - Rio de Janeiro, Santos e Campinas - e os fatos históricos no período mencionado, pode-se
internacionais.
afirmar que:

212 Tópico 2.9 – Economia e cultura na sociedade imperial | Curso Preparatório Cidade
(E) pela convivência das mãos-de-obra escrava e imigrante e pelo controle do "déficit" O parágrafo acima refere-se:
público.
(A) à Borracha.
(B) ao Cacau.
05. (Fuvest) Há mais de um século, teve início no Brasil um processo de industrialização e
(C) ao Algodão.
crescimento urbano acelerado. Podemos identificar, como condições que favoreceram essas
(D) à Cana-de-Açúcar.
transformações:
(E) ao Café.

(A) a crise provocada pelo fim do tráfico de escravos que deu início à política de imigração e
liberou capitais internacionais para a instalação de indústrias. 08. (Puc-RJ) Sobretudo compreendam os críticos a missão dos poetas, escritores e artistas, nesse
(B) os lucros auferidos com a produção e a comercialização do café, que deram origem ao período especial e ambíguo da formação de uma nacionalidade. São estes os operários
capital para a instalação de indústrias e importação de mão-de-obra estrangeira. incumbidos de polir o talhe e as feições da individualidade que se vai esboçando no viver do
(C) a crise da economia açucareira do nordeste que propiciou um intenso êxodo rural e a povo. (...) E de quanta valia não é o modesto serviço de desbastar o idioma novo das
conseqüente aplicação de capitais no setor fabril em outras regiões brasileiras. impurezas que lhe ficaram na refusão do idioma velho com outras línguas? Ele prepara a
(D) os capitais oriundos da exportação da borracha amazônica e da introdução de mão-de- matéria, bronze ou mármore, para os grandes escultores da palavra que erigem os
obra assalariada nas áreas agrícolas cafeeiras. monumentos literários da pátria.
(E) a crise da economia agrícola cafeeira, com a abolição da escravatura, ocasionando a
aplicação de capitais estrangeiros na produção fabril. (José de Alencar. "Benção paterna". In Sonhos D'Ouro. Obra Completa. Rio de Janeiro: Editora José Aguilar,
1960, v. 1, pp. 699-700)

06. (Unesp) O transporte ferroviário no Brasil, da segunda metade do Século XIX ao início do O texto de José de Alencar, redigido em 1872, destaca um dos aspectos da formação da
Século XX, mereceu prioritariamente o interesse estatal e particular. As condições históricas nacionalidade brasileira em meados do século XIX.
relacionadas com a ampliação da rede em ritmo crescente foram:
Com base em seus conhecimentos e nas informações contidas no texto, analise as afirmativas a
(A) expansão da cafeicultura, principalmente em São Paulo, e o escoamento da produção seguir.
para o exterior.
(B) reservas de minério de ferro, do quadrilátero ferrífero, pouco acessíveis e demasiado I. José de Alencar foi, entre os escritores associados ao Romantismo, um dos que por meio de
distantes dos centros urbanos mais expressivos. sua obra buscaram construir e divulgar valores de uma identidade nacional brasileira, em
(C) políticas de industrialização e de reflorestamento. meados do século XIX.
(D) capitais externos em busca de lucros para a indústria automotiva e para as empresas II. A formação da nacionalidade brasileira impunha a existência de um "idioma novo",
distribuidoras de petróleo. diferente do "idioma velho" - a língua dos antigos colonizadores portugueses.
(E) devastações de pinhais para a extração de madeira e para a produção de papel. III. Para os escritores românticos, como José de Alencar, a pintura, o teatro e a música eram
artes menores, que pouco ou nada contribuíam para a formação da nacionalidade brasileira.
IV. Romances como "O Guarani" de José de Alencar tinham o índio e a natureza tropical como
07. (Unitau) "Principal responsável pelas transformações econômicas, sociais e políticas ocorridas temas, no intuito de afirmar a originalidade e a individualidade da nova nação americana.
no Brasil na segunda metade do século XIX, reintegrou a economia brasileira nos mercados
internacionais, contribuiu decisivamente para o incremento das relações assalariadas de Assinale a alternativa correta.
produção e possibilitou a acumulação de capital que, disponível, foi aplicado em sua própria
expansão e em alguns setores urbanos como a indústria, por exemplo. Foi ainda responsável (A) Somente as afirmativas I e III estão corretas.
pela inversão na balança comercial brasileira que, depois de uma história de constantes déficits, (B) Somente as afirmativas II e III estão corretas.
passou a superavitária entre os anos de 1861 a 1885". (C) Somente as afirmativas I, II e IV estão corretas.
(D) Somente a afirmativa IV está correta.

Curso Preparatório Cidade | Tópico 2.9 – Economia e cultura na sociedade imperial 213
(E) Todas as afirmativas estão corretas. fundou a Companhia de Gás para a iluminação das ruas do Rio de Janeiro e introduziu o
telégrafo urbano.

09. (Mackenzie) A Lei Eusébio de Queirós, promulgada em setembro de 1850, durante o Segundo
Reinado, extinguindo o tráfico negreiro, foi resultado: 11. (Ufpe) Durante o século XIX, a economia brasileira continuou essencialmente agro-exportadora.
O surgimento de uma nova cultura deslocou o centro econômico do país de uma região para
(A) de pressões do governo britânico, que, após a Revolução Industrial do século XVIII, se outra, porque:
interessava na ampliação dos mercados consumidores para seus produtos
manufaturados. (A) A expansão do mercado internacional do algodão deslocou para o Maranhão os capitais
(B) da crescente pressão da opinião pública nacional, contrária à escravidão, que se chocava aplicados no tráfico negreiro, tornando esta região um grande centro econômico.
com os interesses econômicos internacionais, especialmente os ingleses. (B) O Nordeste perdia para a Região Norte grandes contingentes populacionais, tendo em
(C) da pressão e do exemplo dos britânicos, que, por motivos religiosos, não aceitavam o vista a importância da borracha para o comércio de exportação.
trabalho compulsório, empregando e defendendo o trabalho livre assalariado. (C) O café, ao se tornar o produto de exportação mais rentável, transformou a região Sudeste
(D) da exigência britânica, que impunha a extinção do tráfico negreiro como cláusula para no centro econômico mais importante do País, desequilibrando a relação de poder no
reconhecimento da independência brasileira. Império.
(E) da pressão executada pela Inglaterra, por meio da lei Bill Aberdeen, que conferia o direito (D) A cultura do cacau associada à da cana-de-açúcar do Recôncavo Baiano deslocou para a
à Marinha britânica de confiscar e utilizar a mão-de-obra escrava nas suas colônias região Nordeste capitais empregados na exploração das minas.
antilhanas. (E) O crescimento das exportações de açúcar tornaram a região Nordeste o centro econômico
mais produtivo durante todo esse período.

10. (Ufu) Durante o longo reinado de D. Pedro II, manteve-se em grande parte a estrutura
econômica colonial, baseada na exportação de produtos primários, produzidos em grandes 12. (Pucsp) "É particularmente no Oeste da província de São Paulo - o Oeste de 1840, não o de
propriedades de tipo "plantation", através do trabalho escravo. Em termos gerais, a sociedade 1940 - que os cafezais adquirem seu caráter próprio, emancipando-se das formas de
mudou pouco, mas houve um momento de modernização. exploração agrária estereotipadas desde os tempos coloniais no modelo clássico da lavoura
canavieira e do 'engenho' de açúcar".
Em relação a esse surto de modernização ocorrido na segunda metade do século XIX no Brasil,
assinale a alternativa INCORRETA. (Buarque de Holanda, S. "Raízes do Brasil", Rio de Janeiro, José Olympio, 1987 [19• edição], p. 129.)

De acordo com o autor:


(A) A elite agrária tradicionalista e escravocrata continuou defendendo a divisão internacional
do trabalho, pela qual o Brasil só poderia ser essencialmente agrícola, mas isto não
(A) o caráter próprio dos cafezais do Oeste de 1840, pode ser identificado, por exemplo, pela
impediu o desenvolvimento da produção de tecidos, sapatos, chapéus, sabão e bebidas.
utilização de mão-de-obra predominantemente escrava, ao contrário da mão-de-obra
(B) O tráfico negreiro era o mais importante negócio do Brasil e imobilizava considerável
assalariada utilizada nos engenhos.
massa de capitais, que ficou disponível com a sua proibição em 1850. A utilização desses
(B) a diferenciação entre o Oeste de 1840 e o Oeste de 1940 refere-se ao fato de o primeiro
recursos em outras atividades gerou um importante surto de progresso econômico a
ser uma região de produção cafeeira e o segundo, uma região de concentração de
partir da década de 1850, desvinculando-o da influência do capital inglês.
engenhos de açúcar.
(C) Antes mesmo da extinção do tráfico, ocorreram experiências com o sistema de parceria.
(C) o modelo clássico da lavoura canavieira e do 'engenho' de açúcar significa, em geral, um
Os colonos tinham suas despesas de viagem e instalação pagas pelo fazendeiro, devendo
apego grande do senhor de engenho à rotina rural, ao contrário da maior abertura dos
restituir-lhe posteriormente, trabalhando nas fazendas em troca de uma parcela do lucro
cafezais do Oeste de 1840 à influência urbana.
obtido com a venda do café.
(D) a diferenciação entre o caráter próprio dos cafezais do Oeste de 1840 e o modelo clássico
(D) Além do pioneirismo no setor de serviços públicos e transporte, com o estímulo dado à
da lavoura canavieira explica-se, entre outros fatores, pela venda do produto dos
navegação com barcos a vapor e à construção das primeiras ferrovias, o Barão de Mauá
primeiros no mercado interno e da segunda no mercado externo.

214 Tópico 2.9 – Economia e cultura na sociedade imperial | Curso Preparatório Cidade
(E) as formas de exploração agrária estereotipadas desde os tempos coloniais contrapõem-se (E) Ao entrar em vigor, teve efeito contrário ao de sua intenção original, que era a de facilitar
ao caráter próprio dos cafezais do Oeste de 1840, pois as primeiras acompanharam o acesso à propriedade.
práticas de mandonismo político local e o segundo trouxe práticas políticas democráticas.

15. (Ufu) O trecho a seguir, escrito na década de 1850, refere-se à proliferação de anúncios
13. (Ufrn) Os poucos centros urbanos do Império tinham uma atividade literária estimulada pela comerciais na mídia escrita e em espaços urbanos do Brasil, especialmente na corte do Rio de
proliferação de livros franceses isentos de impostos de importação e pela atuação de Janeiro.
personalidades como Joaquim Nabuco, que se orgulhava de pensar em francês e preferia
construções européias, como a Via Appia e o Museu do Louvre, a paisagens como a floresta [...] O anúncio [...] esse agente do industrialismo, esse representante vivo do "make
amazônica e os pampas. money", triunfa até mesmo nas límpidas esferas onde outrora reinava soberana a inspiração.

[Adaptado de] COTRIM, G. "História e Consciência do Brasil". São Paulo: Saraiva, 1997. p. 164. "Novo correio das Modas", ago-set 1854. APUD: MAUAD, Ana Maria. Imagem e autoimagem do Segundo
Reinado. In: "História da Vida Privada no Brasil". Vol. 2, São Paulo: Companhia das Letras, 2002. p. 202.
Do texto, pode-se deduzir que, no século XIX, a cultura brasileira:
Considerando a citação apresentada e o contexto da época, marque a alternativa INCORRETA.
(A) refletia um conjunto de atitudes próprias da produção intelectual brasileira, a qual
defendia uma sociedade anticolonialista. (A) Os anúncios que proliferavam na mídia e nos espaços urbanos do Rio de Janeiro na
(B) inseria-se num contexto de dependência cultural, caracterizada pela presença de década de 1850 eram financiados por comerciantes norte-americanos. Tais anúncios
intelectuais e eruditos apegados às ideias eurocêntricas. faziam propaganda abolicionista, pregavam a respeito da necessidade da industrialização
(C) resultava do pensamento das elites, que, abandonando os regionalismos, iniciaram uma e divulgavam ideias liberais.
produção intelectual nacionalista. (B) A década de 1850 representa um momento da História do Brasil em que o liberalismo e
(D) reunia as correntes filosóficas e artísticas nacionais e européias, que não manifestavam os valores burgueses começavam a seduzir setores da elite imperial. Sintomas disso são
interesse pela natureza. as primeiras tentativas de industrialização e a construção das primeiras estradas de ferro
no Brasil.
(C) A partir da década de 1850, o processo de introdução de ideias liberais e valores
14. (Fgv) A Lei de Terras, aprovada em 1850, duas semanas após a proibição do tráfico de capitalistas no Brasil imperial foi intensificado. O fim do tráfico negreiro, o
escravos, "tentou pôr ordem na confusão existente em matéria de propriedade rural, desenvolvimento das lavouras de café e o advento da literatura romântica, por exemplo,
determinando que, no futuro, as terras públicas fossem vendidas e não doadas, como são alguns fenômenos articulados a esse processo.
acontecera com as antigas sesmarias, estabeleceu normas para legalizar a posse de terras e (D) A ideologia da industrialização, as ideias antiescravistas e o liberalismo, que ganhavam
procurou forçar o registro das propriedades." força no Brasil a partir da década de 1850, ora disputavam espaço ora se conjugavam
Boris Fausto, "História do Brasil", 1994. com os valores tradicionais das elites do Império, fundados no ruralismo, nas relações
senhoriais, no poder patriarcal, no clientelismo e na distinção social.
Sobre essa Lei de Terras é correto afirmar que:

16. (G1)
(A) Sua promulgação coincidiu com a Lei Eusébio de Queiroz, mas não há nenhuma relação
de causalidade entre ambas.
I. A Lavoura do café no Oeste Paulista, favoreceu a construção de ferrovias;
(B) Ao entrar em vigor, não foi respeitada, podendo ser considerada mais uma "lei para inglês
II. As iniciativas do Barão de Mauá receberam total apoio do Império;
ver".
III. Os cafeicultores do Vale do Paraíba, introduziram técnicas modernas e o trabalho
(C) Sua promulgação foi concebida como uma forma de evitar o acesso à propriedade da
assalariado em suas lavouras;
terra por parte de futuros imigrantes.
IV. Os cafeicultores do Oeste Paulista, introduziram a mão-de-obra imigrante em suas lavouras.
(D) Sua aprovação naquele momento decorreu de os Estados Unidos terem acabado de
aprovar uma lei de terras para o seu território.

Curso Preparatório Cidade | Tópico 2.9 – Economia e cultura na sociedade imperial 215
São falsas as afirmativas: 19. (Uerj) Acompanhei com vivo interesse a solução desse grave problema [a extinção do tráfico
negreiro]. Compreendi que o contrabando não podia reerguer-se, desde que a "vontade
(A) I e IV; nacional" estava ao lado do ministério que decretava a supressão do tráfico. Reunir os capitais
(B) II e III; que se viam repentinamente deslocados do ilícito comércio e fazê-los convergir a um centro
(C) I, II e IV; onde pudessem ir alimentar as forças produtivas do país, foi o pensamento que me surgiu na
(D) II, III e IV; mente, ao ter certeza de que aquele fato era irrevogável.
(E) II e IV.
(Visconde de Mauá - Autobiografia. Citado por MATTOS, Ilmar R. & GONÇALVES, Marcia de A. O
Império da boa sociedade. São Paulo, Atual, 1991.)
17. (Fatec) "Gradativamente, a produção [de café] concentrada no Vale do Paraíba entrou em
decadência. Antes da Proclamação da República, o chamado Oeste Paulista superava a região Os centros urbanos brasileiros, principalmente a capital – a cidade do Rio de Janeiro, passaram por
do vale como grande centro produtor". grandes transformações a partir da segunda metade do século XIX. Irineu Evangelista de Souza,
Visconde de Mauá, foi um dos principais personagens desse processo de mudanças.
(BORIS FAUSTO, Pequenos Ensaios de História da República - 1889/1945)
No período citado, a capital do império sofreu, dentre outras, as seguintes transformações:
O deslocamento da produção cafeeira do Vale do Paraíba para o Oeste Paulista deveu-se, entre
outros fatores: (A) criação de indústrias metalúrgicas e siderúrgicas, surgimento de bancos e diversificação
da agricultura
(A) ao desenvolvimento pouco adequado do sistema de transportes. (B) crescimento da economia cafeeira, utilização da mão-de-obra imigrante assalariada e
(B) à excepcional expansão do mercado interno no Oeste Paulista. mecanização do cultivo
(C) à presença da pequena propriedade como célula básica da agroexportação. (C) diminuição da importância da economia agroexportadora, desenvolvimento de
(D) à inexistência de mão-de-obra escrava no Oeste Paulista. manufaturas e exportação de bens de consumo manufaturados
(E) às condições geográficas do Oeste Paulista, superiores às do Vale do Paraíba. (D) aplicação de capitais na modernização da infra-estrutura de transportes, no
aprimoramento dos serviços urbanos e desenvolvimento de atividades industriais
18. (Fatec) "Os reflexos da Lei do Tráfico (1850) são transcendentes para a vida econômica do
país, modificando, em parte, sua fisionomia. O país dispunha de poucos capitais que se 20. (Ufsm) "Minha terra tem palmeiras / Onde canta o sabiá; / As aves que aqui gorjeiam, / Não
investiam, até então, principalmente no tráfico negreiro. Proibido esse comércio, o capital que gorjeiam como lá. // Nosso céu tem mais estrelas, / Nossas várzeas têm mais flores, [...]./ Não
se mantém no Brasil fica sem aplicação. É certo que esse capital pode ser conservado no permita Deus que eu morra, Sem que eu volte para lá [...]"
comércio interno de escravos, mas a maior parte tem que tomar outro rumo. O espírito
empresarial pode encaminhá-lo, então, para empreendimentos novos e úteis: abrem-se ("Canção do exílio", de Gonçalves Dias.)
fábricas, constroem-se estradas de ferro, criam-se bancos e companhias de todos o tipo."
Esses versos, escritos por Gonçalves Dias quando estudava em Coimbra e publicados em livro em
Segundo o texto, os reflexos da lei de supressão do tráfico de escravos modificaram a fisionomia 1846, relacionam-se com o seguinte momento da história política brasileira:
econômica do país porque, após a lei:
(A) consolidação do escravismo a partir da exuberância tropical e do Estado imperial.
(A) abrem-se possibilidades para o crescimento do comércio interno de escravos. (B) luta pelo estabelecimento de uma sociedade agrária, latifundiária e baseada no trabalho
(B) instaura-se uma economia baseada no trabalho livre. assalariado.
(C) desenvolve-se o interesse dos empresários estrangeiros pelo país. (C) manutenção dos vínculos culturais com Portugal e exaltação de aspectos europeus da
(D) inicia-se um surto de novos empreendimentos industriais e comerciais. paisagem americana.
(E) começa um grande movimento de capitais estrangeiros para dentro do país. (D) construção do Estado nacional brasileiro e formação de uma identidade própria.

216 Tópico 2.9 – Economia e cultura na sociedade imperial | Curso Preparatório Cidade
(E) construção de um passado místico no Brasil, enraizado na figura do seu primitivo grande pensador brasileiro, ele “tentou resolver todos, ou quase todos, os problemas econômicos
habitante: o índio. brasileiros, os problemas essenciais do período moderno de nossa História... foi o Caxias da nossa
unidade econômica.” (Tristão de Ataíde).
(IN: História do Brasil – Américo Jacobina Lacombe - Editora Nacional - São Paulo - 1979 - Pag. 200)
EXERCÍCIOS DE PROVA
A lacuna do texto acima será corretamente preenchida pela opção:
01. (EsFCEx - 2001) Sobre o desenvolvimento econômico do Império Brasileiro, no Segundo
Reinado, assinale a alternativa correta. (A) Cayru.
(B) Mauá.
(A) O cacau era o maior produto agrícola de exportação, maior gerador de saldos na balança (C) Rio Branco.
comercial. (D) Cotegipe.
(B) O preço do escravo negro barateou em consequência da lei de abolição do tráfico. (E) Herval.
(C) Houve um progresso material bastante significativo com o advento das estradas de ferro
e da navegação a vapor.
(D) Cresceu a exportação açucareira nos últimos anos do Império. 04. (EsFCEx - 2005) Com relação a economia no Segundo Reinado do Brasil, analise as seguintes
(E) Ocorreu o aumento crescente das exportações de algodão nos períodos posteriores à afirmativas e, a seguir, marque a alternativa correta:
Guerra Civil Americana.
I. Caracterizou-se pelo desenvolvimento crescente da lavoura do café.
II. O fumo, o cacau e o algodão deixaram de ser culturas ancilares com a produção de café.
02. (EsFCEx - 2002) Sobre a sociedade brasileira imperial, pré-republicana, analise as afirmativas III. Com a Tarifa Alves Branco de 1844, as tarifas sobre os produtos supérfluos ou de luxo
abaixo. foram reduzidas a 15%.
IV. A atividade comercial exportadora era desenvolvida pelos brasileiros.
I. O anel de grau e a carta de bacharel podiam equivaler a autênticos brasões de nobreza.
II. Os militares do império foram desprestigiados pela classe política. Escolher uma resposta.
III. D. Pedro II foi um grande protetor da cultura, um mecena.
IV. Havia uma unidade de pensamento entre os militares, todos favoráveis à Proclamação da (A) somente a I está correta.
República. (B) somente a II e a IV estão corretas.
(C) somente a III e a IV estão corretas.
Com base na análise, assinale alternativa correta. (D) somente a I, II e a III estão corretas.
(E) todas estão corretas.
(A) Somente I está correta.
(B) Somente II e IV estão corretas.
(C) Somente III e IV estão corretas. 05. (EsFCEx - 2006) Durante o Segundo Reinado desenvolveram-se no Brasil as atividades
(D) Somente I, II e III estão corretas. econômicas urbanas, caracterizadas pela criação de bancos, construção de ferrovias, abertura
(E) Todas estão corretas. de casas comerciais, etc. Pode-se afirmar que este movimento foi favorecido por várias
condições, exceto:

03. (EsFCEx - 2003) Examine o texto abaixo: Escolher uma resposta.

“ A ação de ________________no desenvolvimento brasileiro tem sido recentemente ressaltada (A) pelo impulso da renda advinda da produção cafeeira.
em trabalhos minuciosos. Nos escritos que publicou em defesa de sua atividade anteviu muitas
soluções que têm sido recomendadas por economistas contemporâneos. Na expressão de um

Curso Preparatório Cidade | Tópico 2.9 – Economia e cultura na sociedade imperial 217
(B) pelo incentivo da Lei de Terras que implementou uma tímida, porém, importante reforma III. Apesar da importância do café para o conjunto da economia nacional, nas décadas de 1870
agrária. e 1880, mais da metade da população escrava existente nas províncias cafeeiras estava
(C) pelo expressivo aumento das tarifas alfandegárias que ajudou no incremento da produção alocada em municípios, cuja produção voltava-se para a economia interna.
manufatureira.
(D) pela sobra de capitais oriunda do fim do tráfico negreiro.
(E) pela conjuntura internacional, como a Guerra de Secessão nos Estados Unidos que (A) somente I é verdadeira.
estimulou a produção de algodão no Brasil e, conseqüentemente, o desenvolvimento da (B) somente II é verdadeira.
indústria têxtil. (C) somente III é verdadeira.
(D) somente I e II são verdadeiras.
(E) somente I e III são verdadeiras.
06. (EsFCEx - 2008) Sobre a economia ao longo do Império analise as proposições abaixo e, a
seguir, assinale a alternativa correta.

I. O decréscimo das rendas advindas das exportações no período pós-independência obrigou


o Estado imperial a contrair empréstimos junto à Inglaterra com juros extorsivos.
II. As tarifas Alves Branco, de 1844, ao reduzirem os encargos sobre os produtos ingleses,
retardaram ainda mais o processo de industrialização brasileiro.
III. Os capitais disponíveis após a extinção do tráfico de escravos possibilitaram maior
dinamismo no aparelhamento técnico e na industrialização brasileira.
IV. A balança comercial brasileira, mesmo com o crescimento das exportações de café,
continuou deficitária durante todo o Segundo Reinado.
V. A abolição da escravidão, em 1888, provocou uma séria crise econômica com a
desorganização da produção, ausência das garantias hipotecárias baseadas nos escravos e
falta crônica de moeda circulante.

Escolher uma resposta.

(A) Somente I e II estão corretas.


(B) Somente III e IV estão corretas.
(C) Somente II, III e IV estão corretas.
(D) Somente I, III e V estão corretas.
(E) Somente I, II, III e V estão corretas.

07. (EsFCEx – 2011) Analise as afirmativas sobre a economia brasileira do século XIX e, em
seguida, assinale a opção correta.

I. O desinteresse do sudeste cafeeiro pela escravidão foi uma forte motivação para a extinção
do trabalho escravo nas últimas décadas do século XIX.
II. Após 1850, fortaleceu-se um movimento migratório da população escrava, cujo sentido era
sobretudo o das fazendas de cana-de-açúcar do norte do país.

218 Tópico 2.9 – Economia e cultura na sociedade imperial | Curso Preparatório Cidade
Tópico 2.10 – A escravidão, movimento abolicionista e a abolição Figura 43: Negros no porão de um navio negreiro.

Comentário

Continuemos nossa caminhada,

Neste breve tópico analisaremos o processo abolicionista no Brasil do século XIX.


Fomos um dos últimos países do ocidente a findar com essa instituição.

A escravidão durou mais de três séculos. Presente em todos os segmentos e setores da


sociedade brasileira. Possuir escravo era desejo de muitos e algo relativamente
possível para significativa parte da população no período colonial e monárquico.

O fim da escravidão ocorreu em etapas. Primeiro o tráfico, depois a escravidão.

Um dos principais atores do processo foi a Inglaterra, pois a Revolução Industrial


demandou novas necessidades para o imperialismo britânico: aumentar o mercado
consumidor na América e ao mesmo tempo manter a mão-de-obra negra na África.
Esses foram os principais objetivos do imperialismo inglês ao tentar combater o tráfico
de escravos. Johann Moritz Rugendas.

Muitas provas de concursos tem a tendência de cobrarem as várias leis feitas no


período principalmente aquelas decretadas em função da pressão inglesa. Essas leis As principais leis que contribuíram para o fim da escravidão no Brasil foram: a Lei Eusébio de
não “pegavam” aqui no país e deram origem a expressão “pra inglês ver”. Ou seja, o Queiroz, de 1850- que extinguiu o tráfico negreiro; a Lei do Ventre Livre, de 1871-que concedeu
Brasil fazia suas leis, mas elas não eram executadas. aos filhos dos escravos a liberdade devendo aos proprietários criá-los até os oito anos; a Lei dos
Sexagenários de 1885 - que garantiria a libertação do escravo a partir dos 65 anos de idade; e a
Sobre o assunto leia o texto a seguir. Bons estudos!
Lei Áurea de 13 de maio de 1888 (abolição total da escravidão, assinada pela princesa Isabel, que
substituía provisoriamente o Imperador).

(...) Na região cafeeira as consequências da abolição foram diversas. Nas


A ESCRAVIDÃO, MOVIMENTO ABOLICIONISTA E A ABOLIÇÃO
províncias que hoje constituem os Estados do Rio de Janeiro e de Minas
Gerais, em pequena escala em São Paulo, se havia formado uma
O processo abolicionista no Brasil do Segundo Reinado, tem relação com as pressões exercidas importante agricultura cafeeira à base de trabalho escravo. A rápida
pelo imperialismo inglês desde a primeira metade do século XIX, bem como as transformações que destruição da fertilidade das terras ocupadas nessa primeira expansão
o país vivenciou, durante a segunda metade do século XIX. A Inglaterra, na condição de potência cafeeira – situadas principalmente em regiões montanhosas facilmente
hegemônica naquele contexto, sentia uma necessidade de controlar e impedir o tráfico de escravos erodíveis – e a possibilidade de utilização de terras a maior distância com
africanos no Oceano Atlântico. a introdução da estrada de ferro, haviam colocado essa agricultura em
situação desfavorável já na época imediatamente anterior à abolição.
Seria de esperar, portanto, que ao proclamar-se esta, ocorresse uma
grande migração de mão-de-obra em direção das novas regiões em rápida

Curso Preparatório Cidade | Tópico 2.10 – A escravidão, movimento abolicionista e a abolição 219
expansão, as quais podam pagar salários substancialmente mais altos. Segundo a historiadora Emília Viotti da Costa:
Sem embargo, é exatamente por essa época que tem início a formação da
grande corrente migratória européia para São Paulo. (...) A situação A classe senhorial, ligada ao modo tradicional de produção, incapaz de se
favorável, do ponto de vista das oportunidades de trabalho, que existia na adaptar às exigências de modernização da economia, foi profundamente
região cafeeira valeu aos antigos escravos liberados salários abalada. Ela representara até então o alicerce da Monarquia. Com a Lei
relativamente altos. Com efeito, tudo indica que na região do café a Áurea, a Monarquia enfraqueceria suas próprias bases. “A nova oligarquia
abolição provocou efetivamente uma redistribuição da renda em favor da que se formava nas zonas pioneiras e dinâmicas, onde se modernizavam
mão-de-obra. Sem embargo, essa melhora na remuneração real do os métodos de produção, assumiria liderança com a proclamação da
trabalho parece haver tido efeitos antes negativos que positivo sobre a República Federativa que viria realizar os anseios de autonomia que o
utilização dos fatores. Para bem captar esse aspecto da questão é sistema monárquico unitário e centralizado não satisfazia (...) A abolição
necessário ter em conta alguns traços mais amplos da escravidão. O não é propriamente causa da República, melhor seria dizer que ambas,
homem formado dentro desse sistema social está totalmente Abolição e República, são sintomas de uma mesma realidade; ambas são
desaparelhado para responder aos estímulos econômicos. Quase não repercussões, no nível institucional, de mudanças ocorridas na estrutura
possuindo hábitos de vida familiar, a idéia de acumulação de riqueza é econômica do país que provocaram a destruição dos esquemas
praticamente estranha. Demais, seu rudimentar desenvolvimento mental tradicionais.
limita extremamente suas “necessidades”. Sendo o trabalho para o
escravo uma maldição e o ócio bem inalcançável, a elevação de seu (COSTA,Emília Viotti da. Da monarquia à república: momentos decisivos. São Paulo: Unesp,2007, p. 457).
salário acima de suas necessidades – que estão definidas pelo nível de
subsistência de um escravo – determina de imediato uma forte
preferência pelo ócio. (...) Na antiga região cafeeira onde, para reter a EXERCÍCIOS
força de trabalho, foi necessário oferecer salários relativamente elevados,
observou-se de imediato um afrouxamento das normas de trabalho.
01. (Fuvest) A(s) questão(ões) seguinte(s) é(são) composta(s) por três proposições I, II e III que
Podendo satisfazer seus fastos de subsistência com dois ou três dias de
podem ser falsas ou verdadeiras. Examine-as identificando as verdadeiras e as falsas e em
trabalho por semana, ao antigo escravo parecia muito mais atrativo
seguida marque a alternativa correta dentre as que se seguem:
“comprar” o ócio que seguir trabalhando quando já tinha o suficiente
“para viver”. Dessa forma, uma das consequências diretas da abolição,
I. A cessação do tráfico negreiro (1850) não provocou escassez de mão-de-obra para os
nas regiões em mais rápido desenvolvimento, foi reduzir-se o grau de
fazendeiros das províncias do Norte, graças ao grande número de escravos adquiridos nos
utilização da força de trabalho. Esse problema terá repercussões sociais
Estados Unidos.
amplas que não compete aqui refletir. (...) Observada a abolição de uma
II. Uma das primeiras tentativas de implantação do trabalho livre, no Brasil, foi o sistema de
perspectiva ampla, comprova-se que a mesma constituiu uma medida de
parceria.
caráter mais político que econômico. A escravidão tinha mais importância
III. A industrialização foi possível, entre outros fatores, pela acumulação de capital proveniente
como base de um sistema regional de poder que como forma de
da economia cafeeira.
organização da produção. Abolido o trabalho escravo, praticamente em
nenhuma parte houve modificações de real significação na forma de
(A) se todas as proposições forem verdadeiras.
organização da produção e mesmo na distribuição da renda. Sem
(B) se apenas forem verdadeiras as proposições I e II.
embargo, havia-se eliminado uma das vigas básicas do sistema de poder
(C) se apenas forem verdadeiras as proposições I e III.
formado na época colonial e que, ao perpetuar-se no século XIX,
(D) se apenas forem verdadeiras as proposições II e III.
constituía um fator de entorpecimento do desenvolvimento econômico do
(E) se todas as proposições foram falsas.
país.
FURTADO,Celso.Formação econômica do Brasil.São Paulo: Companhia Editora Nacional,
1997, p.139-141

220 Tópico 2.10 – A escravidão, movimento abolicionista e a abolição | Curso Preparatório Cidade
02. (Pucpr) "A abolição da escravatura no Brasil, sem uma política de inserção social daqueles 04. (Ufc) Em 29 de maio de 1829, oficiais ingleses abordaram o navio Veloz. "Os diários de bordo e
trabalhadores, trouxe uma imensa marginalização social dos afrodescendentes. Afinal, havia mais papéis do Capitão foram examinados... estavam em ordem. O número de pessoas
uma nova ordem social na qual a referência pelos imigrantes gerou a exclusão do negro do transportadas obedecia ao que estipulava a lei..."
mercado de trabalho, levando-o à miséria e a um tratamento diferenciado. Essa assimetria
social - sustentada e reforçada pelo racismo científico do séc. XIX - gerou uma situação GÓES José Roberto Pinto de, Cordeiros de Deus: tráfico, demografia e política no destino dos escravos, em: Marco. A.
Pamplona (org.) Escravidão, exclusão e cidadania. Rio de Janeiro, Access, 2001, p. 23
lastimável: negros ainda eram oprimidos pelas ideias escravocratas que pareciam não ter
realmente desaparecido do contexto." Com base no texto acima e em seus conhecimentos, assinale a alternativa correta sobre o tráfico
de escravos, durante o Império.
(Kossling, Karin Sant'Anna. Da liberdade à exclusão . Revista "Desvendando a História"., Ano 2, n.10, p. 39).

De acordo com o texto: (A) A Inglaterra vistoriava os navios para impedir o contrabando de produtos que pudessem
concorrer com as manufaturas inglesas.
I. A abolição da escravatura em 1888 pela princesa Isabel resolveu a questão de três séculos (B) Os traficantes de escravos obedeceram aos tratados e leis firmados com a Inglaterra,
de exploração, maus tratos e sofrimentos. A lei restituiu aos afrodescendentes a dignidade inclusive os compromissos assumidos por Portugal, a partir da transferência da Corte.
e o direito à cidadania. (C) Portugal tinha se comprometido a limitar a prática do tráfico ao sul do equador e, desde
II. A Lei Áurea emancipou os negros da escravidão sem, contudo, lhes oferecer possibilidades então, a Inglaterra tinha o direito de vigiar pelo cumprimento dos acordos firmados.
reais e dignas de participação no mercado de trabalho. (D) Tratados firmados entre o Brasil e a Angola proibiam o tráfico ao sul do equador.
III. Os afrodescendentes ficaram condenados a exercer um papel subalterno na sociedade,
levando-os à miséria. 05. (Fuvest) O Bill Aberdeen, aprovado pelo Parlamento inglês em 1845, foi:
IV. A preferência pelos imigrantes reforçou a tese da igualdade racial tão propagada no século
XIX. (A) uma lei que abolia a escravidão nas colônias inglesas do Caribe e da África.
(B) uma lei que autorizava a marinha inglesa a apresar navios negreiros em qualquer parte
Estão corretas: do oceano.
(C) um tratado pelo qual o governo brasileiro privilegiava a importação de mercadorias
(A) I e IV. britânicas.
(B) II e III. (D) uma imposição legal de libertação dos recém-nascidos, filhos de mãe escrava.
(C) II e IV. (E) uma proibição de importação de produtos brasileiros para que não concorressem com os
(D) III e IV. das colônias antilhanas.
(E) I e III.

06. (Cesgranrio) As Leis Abolicionistas, a partir de 1850, podem ser consideradas como o nível
03. (G1) "O café é negro e o negro é o café". Sobre esta relação e a economia cafeeira, é político da crise geral da escravidão no Brasil, porque:
INCORRETO afirmar que:
(A) a Lei Eusébio de Queiroz (1850) proibiu o tráfico quando a necessidade de escravos já era
(A) A mão-de-obra de negros escravos impulsionou a produção de café no Brasil; mesmo declinante, face à crise da lavoura.
após a chegada dos imigrantes, sua presença nas lavouras era forte. (B) o sucesso das experiências de parceria acelerou a emancipação dos escravos, crescendo
(B) Até o período final do Império, o Vale do Paraíba foi o principal pólo econômico do país. um mercado de mão-de-obra livre no país.
(C) O Vale do Paraíba foi o primeiro a introduzir a mão-de-obra livre nos cafezais. (C) a Lei do Ventre Livre (1871) representou uma vitória expressiva do movimento
(D) O Oeste Paulista foi beneficiado pela presença do solo de terra roxa. abolicionista, tornando irreversível o fim da escravidão.
(E) O café definiu a feição da aristocracia rural, que mudou de senhores de engenho do (D) as sucessivas leis emancipacionistas foram paralelas à progressiva substituição do
Nordeste, para fazendeiros de café do Sudeste. trabalho escravo por homens livres.

Curso Preparatório Cidade | Tópico 2.10 – A escravidão, movimento abolicionista e a abolição 221
(E) a Lei Áurea, iniciativa da própria Coroa, visava a garantir a estabilidade e o apoio dos 09. (Fuvest) A extinção do tráfico negreiro, em 1850:
setores rurais ao Império.
(A) reativou a escravização do Índio.
(B) ocasionou a queda da produção cafeeira no Oeste Paulista.
07. (Fatec) "O negro não só é o trabalhador dos campos, mas também o mecânico, não só racha a
(C) acarretou uma crise na indústria naval.
lenha e vai buscar água, mas também, com a habilidade de suas mãos, contribui para fabricar
(D) acentuou a crise comercial da segunda metade do século XIX.
os luxos da vida civilizada. O brasileiro usa-o em todas as ocasiões e de todos os modos
(E) liberou capitais para outros setores da economia.
possíveis..."

(Thomaz Nelson - 1846) 10. (Mackenzie) "A Princesa Imperial Regente, em nome de sua Majestade o Imperador, o Senhor
Dom Pedro II, faz saber a todos os súditos do Império que a Assembleia Geral decretou e Ela
Com relação à utilização do trabalho escravo na economia brasileira do século XIX, é correto
sancionou a lei seguinte:
afirmar:
Art. 1º . - É declarada extinta desde a data desta lei a escravidão no Brasil."
(A) com a independência de 1822, a sociedade escravista se modificou profundamente,
abrindo espaços para uma produção industrial voltada para o mercado interno. (COLEÇÃO DE LEIS - DAS LEIS DO IMPÉRIO DO BRASIL - IMPRENSA NACIONAL)
(B) a utilização do negro africano na economia colonial brasileira gerou um grande conflito
entre os vários proprietários de terras que mantinham o monopólio de utilização do braço Com relação à lei anterior, é correto afirmar que:
indígena.
(C) devido a sua indolência e incapacidade física, o índio brasileiro não se adaptou ao (A) atendeu aos interesses dos fazendeiros de café do Vale do Paraíba e senhores de
trabalho escravo. engenho do Nordeste.
(D) a utilização de ferramentas e máquinas foi muito restrita na sociedade escravista; com (B) a Lei Áurea solapou o poder econômico e político de setores da elite agrária que se
isso, o escravo negro foi o elemento principal de toda a atividade produtiva colonial. vinculavam ao Império.
(E) a abolição da escravidão, em 1888, deve-se principalmente à resistência dos escravos nos (C) o mercado de trabalho absorveu esta mão-de-obra nas indústrias em expansão, carentes
quilombos e às ideias abolicionistas dos setores mercantis. de trabalhadores.
(D) se desvinculou das Leis do Ventre Livre e do Sexagenário, atrelando-se aos interesses da
oligarquia monocultora.
08. (Uece) O epíteto "Terra da Luz" foi atribuído ao Ceará por ter sido a primeira província (E) aproximou da Monarquia importantes líderes como Benjamin Constant, José Bonifácio e
brasileira a abolir oficialmente a escravidão. Sobre este episódio tão marcante para a História Aristides da Silveira Lobo.
do Ceará, assinale a alternativa correta:

(A) a campanha abolicionista foi muito intensa, contando inclusive com a participação dos 11. (G1) Acabou com o Tráfico Negreiro para o Brasil:
jangadeiros, já que os escravos constituíam quase a metade da população da província.
(B) a escravidão representava a principal fonte de mão-de-obra para a província, (A) Lei Eusébio de Queirós;
principalmente na pecuária e na cultura do algodão. (B) Bill Aberdeen;
(C) o movimento abolicionista foi liderado pelos proprietários de terras insatisfeitos com a (C) Tarifa Alves Branco;
escravidão e interessados na imigração de europeus. (D) Lei de Imigração;
(D) na década de 1880, o número de escravos já era muito reduzido, fato agravado pela seca (E) Lei Áurea.
de 1877, quando as fugas e as alforrias foram intensificadas.

222 Tópico 2.10 – A escravidão, movimento abolicionista e a abolição | Curso Preparatório Cidade
12. (Mackenzie) Leia atentamente as afirmativas a seguir: 14. (Pucsp) As discussões em torno da aprovação da Lei do Ventre Livre reacenderam os debates
sobre questões cruciais a respeito das mudanças possíveis no regime de trabalho. O projeto
I. No final de 1886, abolicionistas conseguiram uma vitória significativa, isto é, foi revogado o aprovado estabelecia que os filhos dos escravos, nascidos a partir de 1872, seriam
uso do açoite como castigo para escravos indisciplinados. Tal fato encorajou os escravos à considerados livres. Estabelecia ainda que eles seriam dispensados da fazenda aos oito anos,
fuga e à luta pela sua liberdade. recebendo o senhor um título de renda do Estado, ou prestariam serviços até a idade de 21
II. Abolicionistas moderados e radicais intensificaram a campanha pelo fim da escravidão, que, anos, pelo ônus de sua criação.
afinal, a 13 de maio de 1888, extinguia o escravismo, prevendo, contudo, indenizações do
Estado aos proprietários. Podemos afirmar que essa lei tinha por objetivo:
III. As leis do Ventre-livre e do Sexagenário solucionaram a questão da escravidão e abriram
caminho para a efetiva integração do negro na sociedade, evitando sua marginalidade. (A) estabelecer obstáculos ao tráfico inter-provincial, dificultando a venda de escravos para as
IV. A escravidão era muito mais uma questão política do que econômica, visto que o regiões cafeicultoras.
Parlamento era composto por latifundiários e escravistas, que seriam prejudicados pela (B) estabelecer novas formas de relações trabalhistas, a vigorar entre os escravos, como a
abolição. parceria e o colonato.
(C) garantir condições mais humanitárias de vida aos escravos, propiciando novas formas de
Responda: relações familiares.
(D) estabelecer prazos para a emancipação dos escravos, que seria gradativa, garantindo a
(A) se somente I e IV forem corretas. continuidade da oferta de mão-de-obra nas propriedades agrícolas, protegendo o
(B) se somente II e III forem corretas. proprietário da descapitalização.
(C) se somente I, III e IV forem corretas. (E) estabelecer mudanças nas condições dos escravos, tirando totalmente das mãos do
(D) se todas forem corretas. fazendeiro o controle sobre os nascidos a partir da lei, o que representava uma
(E) se todas forem incorretas. descapitalização das propriedades cafeeiras.

13. (Puccamp) As Leis Abolicionistas, a partir de 1850, podem ser consideradas como o nível 15. (Mackenzie) Assinale a alternativa correta, relativa às consequências da extinção do tráfico
político da crise geral da escravidão no Brasil, porque: escravo para a economia e sociedade brasileiras no Segundo Reinado.

(A) a Lei Eusébio de Queirós (1850) proibiu o tráfico quando a necessidade de escravos já era (A) Os liberais romperam politicamente com os conservadores, invialibilizando o Ministério da
declinante, face à crise da lavoura. Conciliação.
(B) a experiência de parcerias acelerou a emancipação dos escravos, crescendo um mercado (B) A escravidão se consolidava internamente, não perdia legitimidade e nem seria
de mão-de-obra livre no país. substituída pelo trabalho livre.
(C) a Lei do Ventre Livre (1871) representou uma vitória expressiva do movimento (C) O tráfico escravo interno era também proibido, forçando-se a entrada de imigrantes.
abolicionista, tornando irreversível o fim da escravidão. (D) A transferência de capitais do tráfico escravo para indústria e comércio e o
(D) a Lei Áurea assinada pela Princesa Isabel, visava a garantir a estabilidade e o apoio dos desenvolvimento de um mercado de trabalho.
setores rurais ao Império. (E) A aprovação da Lei de Terras, que facilitou o acesso a terras públicas para posseiros e
(E) as leis emancipacionistas ocorreram paralelamente à progressiva substituição do trabalho imigrantes.
escravo por homens livres.

Curso Preparatório Cidade | Tópico 2.10 – A escravidão, movimento abolicionista e a abolição 223
16. (Puccamp) A famosa Lei Áurea aboliu definitivamente a escravidão no Brasil. Apesar disso, a (B) teve início a partir de exigências externas, com a assinatura dos Tratados de 1810 entre
situação dos negros após aquela Lei caracterizou-se: Portugal e Inglaterra e, após o "Bill Aberdeen", culminou com a aprovação das Leis
Eusébio de Queiróz e Nabuco de Araújo.
(A) pela marginalização da massa de ex-escravos, com o consequente aparecimento de áreas (C) introduziu-se no Brasil como tese econômica defendida pelo romantismo revolucionário ou
miseráveis, nas cidades, para onde parte dela se dirigiu, ou a manutenção das suas liberal, que se fundamentava em princípios humanitários defendidos por Alves Branco e
precárias condições de vida no campo, onde muitos preferiam permanecer. Castro Alves.
(B) pelo fortalecimento político da Monarquia, que manteve o apoio do Grupo parlamentar (D) teve início no Brasil como exigência dos fisiocratas, para o desenvolvimento do mercado
que representava os interesses do Vale do Paraíba, agora indiferentes à questão interno e da atividade manufatureira, considerada como a única fonte produtora de
republicana. riqueza.
(C) pela tentativa de superar o impasse político com a formação do Gabinete da Conciliação, (E) resultou na abolição do tráfico negreiro, graças à nova política alfandegária formulada por
reunindo liberais e conservadores. Alves Branco, que sobretaxou o ingresso de escravos, tornando o seu valor comercial
(D) pelo início da fase das questões militar, eleitoral, religiosa, sucessória e das guerras excessivamente elevado.
externas.
(E) pela crise econômica que favorece a queda do Império, pois as relações escravistas ainda
19. (Uerj) Ai, filha! Você não entende deste riscado. Neste mundo não existe coisa alguma sem sua
predominavam nas áreas produtoras mais importantes.
razão de ser. Estas filantropias modernas de abolição! É chover no molhado - preto precisa de
couro de ferro como precisa de angu e baeta. Havemos de ver no que há de parar a lavoura
17. (Fatec) Considere como possíveis fatores envolvidos no movimento abolicionista os seguintes: quando esta gente não tiver no eito. Não é porque eu seja maligno que digo e faço estas
coisas. É que sou lavrador, e sei dar o nome aos bois. Enfim, você pede, eu vou mandar tirar o
I. a resistência dos escravos. ferro. Mas são favas contadas - ferro tirado, preto no mato.
II. o custo do escravo que, a partir do Bill Aberdeen (1845), aumentou, encarecendo e
tornando inviável a sua utilização. (RIBEIRO, Júlio. A Carne. Rio de Janeiro, Francisco Alves, 1952 - com adaptações.)

III. os abolicionistas, moderados ou radicais, que lutavam contra esse sistema de mão-de-obra.
O autor do romance A Carne (1888) antecipa, no trecho acima, uma preocupação de muitos
IV. os latifundiários nordestinos, que perceberam que a mão-de-obra livre era mais eficiente
proprietários de terra, escravistas, quanto às consequências da abolição dos escravos para a
para suas lavouras.
agricultura brasileira.

Conjugaram-se para a abolição da escravatura no Brasil os fatores expostos em:


Esta posição pode ser resumida da seguinte forma:

(A) I, II e III apenas.


(A) A grande lavoura não teria futuro sem a mão-de-obra escrava.
(B) I, II e IV apenas.
(B) A abolição provocaria a superação da lavoura pela indústria.
(C) I e II somente.
(C) A agricultura ficaria restrita à produção para o mercado interno.
(D) I, II, III e IV.
(D) O fim da escravidão transformaria as lavouras em terras improdutivas.
(E) III e IV somente.

20. (Unirio) Art.1° As embarcações brasileiras encontradas em qualquer parte, as estrangeiras


18. (Puccamp) A respeito da política antitráfico negreiro, enquanto processo de transição para o
encontradas nos portos, enseadas, ancoradouros, ou mares territoriais do Brasil, tendo a seu
trabalho livre no Brasil, pode-se afirmar que:
bordo escravos, cuja importação é proibida por Lei de 7 de novembro de 1831, ou havendo-se
desembarcado, serão apreendidas pelas autoridades, ou pelos navios de guerra brasileiros, e
(A) desenvolveu-se após as exigências apresentadas por Talleyrand, no Congresso de Viena,
consideradas importadoras de escravos.
para a instituição do Reino do Brasil.
(Lei n° 531 de 4 de setembro de 1850. Estabelece medidas para a repressão do tráfico de africanos neste
império. In: ORGANIZAÇÕES E PROGRAMAS MINISTERIAIS. Rio de Janeiro, Arquivo Nacional, 1962.)

224 Tópico 2.10 – A escravidão, movimento abolicionista e a abolição | Curso Preparatório Cidade
A respeito dos diversos resultados que a lei anterior trouxe para a situação da mão-de-obra, no (A) Somente I está correta.
Império, podemos afirmar corretamente que o(a): (B) somente II e IV estão corretas.
(C) Somente III e IV estão corretas
(A) acesso à terra, como uma forma de atrair os imigrantes dispostos a trabalhar no país, foi (D) Somente I, II e III estão corretas.
facilitado. (E) Todas estão corretas.
(B) fracasso da experiência da parceria desestimulou a política de imigração no Império, a
qual só foi retomada na República.
03. (EsFCEx - 2003) A legislação sobre a escravidão negra no Brasil, Leis de Abolição do Tráfico,
(C) existência do comércio interno de escravos resolveu completamente a demanda de mão-
Ventre Livre, Sexagenários e a própria Lei Áurea foram obtidas pelos:
de-obra da cafeicultura do centro-sul.
(D) lei favoreceu o sucesso das experiências ligadas às colônias de parceria, principalmente
(A) conservadores.
aquelas empreendidas pelo senador Vergueiro.
(B) liberais.
(E) intensificação do tráfico interprovincial transferiu grandes contigentes de escravos do
(C) republicanos
norte para o centro-sul do país.
(D) restauradores.
(E) jurujúbas.
EXERCÍCIOS DE PROVA
04. (EsFCEx - 2004) O exame das consequências da Lei Áurea nos mostra que:
01. (EsFCEx - 2001) A historiografia tradicional tenta passar a ideia de uma democracia racial (boa
convivência entre senhores e escravos). A revolta dos negros contra a escravidão foi constante (A) os ex-escravos foram largamente utilizados como mão de-obra industrial.
durante a primeira metade do século XIX. Os fatos demonstram várias insurreições de 1807 até (B) ampliou-se a simpatia que os senhores rurais tinham pelo regime monárquico.
1835. O maior centro de agitações servis na história brasileira foi a província de (a) (o): (C) mesmo ressentidos, nenhum senhor rural aderiu ao Partido Republicano.
(D) grande parte da lavoura nacional foi arruinada com a abolição.
(A) Maranhão (E) surgiram novas leis que transformaram os negros em trabalhadores assalariados.
(B) Rio de Janeiro
(C) Minas Gerais
(D) Ceará
(E) Bahia

02. (EsFCEx - 2002) No que se refere à abolição do tráfico negreiro para o Brasil, analise as
afirmativas abaixo.

I. Os ingleses sempre respeitaram a nossa soberania, notamente após o Bill Aberdeen.


II. A lei Eusébio de Queirós aboliu o tráfico negreiro para o Brasil.
III. Nos anos imediatamente posteriores à lei da abolição do tráfico não entraram mais negros
no Brasil.
IV. A lei que aboliu o tráfico negreiro, que segundo Mauá representava a vontade nacional,
serviu também para aquecer nosso comércio exterior.

Com base na análise, assinale alternativa correta:

Curso Preparatório Cidade | Tópico 2.10 – A escravidão, movimento abolicionista e a abolição 225
Tópico 2.11 – Transição para o trabalho livre TRANSIÇÃO PARA O TRABALHO LIVRE

Comentário A vinda de imigrantes europeus para o Brasil no século XIX foi motivada por fatores diversos.

Caro estudante, Na Europa alguns países enfrentavam crises de abastecimento e guerras políticas. O Brasil era visto
como uma terra de oportunidades que poderia oferecer uma vida melhor para essas populações.
Avancemos um pouco mais em nossa caminhada pela história brasileira. Neste tópico
Internamente o Brasil convivia com a pressão inglesa em relação ao tráfico de escravos africanos
estudaremos a transição para o trabalho livre enfocando a imigração européia nos anos
desde o início do século.
oitocentos e início dos novecentos.
A pressão inglesa pelo fim do tráfico de escravos remonta à presença da Coroa portuguesa no
É muito comum encontrarmos informações que dizem ter sido na sociedade mineira do
Brasil em 1808. No ano de 1810 o Brasil assinou o primeiro tratado comprometendo-se a acabar
século XVIII o local de nascimento de uma classe média no Brasil. Em Minas Gerais, em
com o comércio de africanos. A partir desse momento foram feitas várias leis anti-tráfico, mas elas
função da diversificação da sociedade aurífera, o trabalho livre de artesãos, artistas,
não funcionavam, não “pegavam”. Daí a expressão “pra inglês ver”. No momento em que o Brasil
comerciantes, advogados e outros foi bastante significativo apesar das relações
rompeu os laços com Portugal uma das exigências feita pelos ingleses para o reconhecimento da
escravocratas também terem dominado as formas de trabalho nessa sociedade.
independência era que o país acabasse com o tráfico. É interessante notar como os setores
escravocratas conseguiram resistir por tanto tempo. Apesar das diversas leis proibindo o tráfico de
Teria sido então em Minas Gerais o local do surgimento dos primeiros trabalhadores
escravos o comércio de almas era realizado com o consentimento das autoridades.
livres e assalariados no Brasil?
Os ingleses decretaram o fim do tráfico em suas colônias no início do século XIX e em 1833
O fato é que o trabalho assalariado e livre existiu desde o século XVI mas esta não foi a determinaram o fim da escravidão. A Inglaterra haviam experimentado em sua economia a
relação de trabalho dominante nos séculos iniciais da colonização brasileira. O chamada Revolução Industrial e passaram a enxergar no escravo a possibilidade de aumento de
escravismo atendia a praticamente todas as necessidades em relação à mão-de-obra. mercado consumidor para seus produtos ao mesmo tempo em que pretendiam manter esses
homens na África. Somente no século XIX a África fora colonizada pelos países europeus.
No século XIX ao mesmo tempo em que o café avançava rumo ao interior de São Paulo
os setores mais conservadores da sociedade percebiam a necessidade de mão-de-obra. No ano de 1845 foi aprovada na Inglaterra uma lei chamada Bill Aberdeen pela qual era dado o
Os cafeicultores da São Paulo representavam uma elite moderna e modernizante. direito de “vistoria” a esquadra britânica. Com base na nova lei a esquadra britânica poderia
prender qualquer navio negreiro bem como aprisionar e julgar os traficantes. A ação inglesa
Por que não utilizar ex-escravos nas lavouras de café? Quais eram as condições dos representava séria ameaça para os traficantes de escravos que viam o risco de perder o capital
imigrantes europeus ao chegarem no Brasil? Quais mecanismos eram utilizados para investido. Muitos navios inclusive em águas territoriais brasileiras foram vítimas da ação repressora
levar os imigrantes até as lavouras de café? Como os fazendeiros acostumados no trato dos navios ingleses. Para os traficantes o comércio de homens tornara-se algo muito mais difícil e
com o negro agiram diante dos primeiros imigrantes? Quais foram as principais arriscado.
nacionalidades de imigrantes no Brasil? Trataremos dessas e outras questões ao longo
desse tópico. No Brasil o efeito foi o aumento do preço do escravo negro dificultando a permanência da
escravidão na sociedade brasileira.
Sobre o assunto leia o texto a seguir. Bons estudos!
Foi somente a partir de 1850 que o tráfico de escravos diminuiu significativamente. Nesse ano foi
criada a Lei Eusébio de Queirós. Apesar dessa lei não apresentar muitas novidades em relação a
leis anteriores podemos dizer que essa lei “pegou” e favoreceu a diminuição drástica do número de
cativos vindos para os portos brasileiros. Nos últimos anos da década de 1840 chegaram

226 Tópico 2.11 – Transição para o trabalho livre | Curso Preparatório Cidade
aproximadamente 50 mil escravos por ano no Brasil. Já nos anos iniciais da década de 1850 o prática foi o estabelecimento de um antigo regime de escravidão por dívidas onde o trabalhador
número fora reduzido para poucos milhares. nunca conseguia saldar suas contas frente aos fazendeiros.

Em 1850 também foi aprovada a importante Lei de Terras que tinha como objetivo dificultar o Os fazendeiros eram acostumados no trato cotidiano com o escravo. O imigrante europeu, mesmo
acesso a terra por parte dos pequenos proprietários exigindo o registro para comprovação da posse diante da penúria que o motivou a vir ao Brasil, não estava disposto a aceitar este tipo de
da terra. tratamento. A mentalidade dos fazendeiros não permitia que os imigrantes obtivessem um
tratamento muito diferente daquele dispensado aos escravos.
O fim do tráfico fatalmente levaria ao fim da escravidão. Além disso a imigração branca começava
no país. Era necessário criar mecanismos que dificultassem o acesso a terra por parte dos De acordo com Boris Fausto
pequenos proprietários.
Mesmo sendo provenientes de regiões da Europa batidas pela crise de
A crescente expansão da economia cafeeira rumo ao interior paulista demandava braços para o alimentos, os parceiros não se conformaram com as condições de
trabalho nos cafezais. Por que não os negros? existência encontradas no Brasil. Eles eram submetidos a uma disciplina
estrita, incluindo a censura de correspondência e o bloqueio da locomoção
No Brasil a vinda de imigrantes europeus era defendida principalmente pelos setores mais nas fazendas. Por fim uma revolta explodiu em 1856, na fazenda de
conservadores da sociedade que enxergavam na presença branca e européia a possibilidade de Ibicaba, de propriedade de Vergueiro. Daí pra frente, as tentativas de
tornar o país mais miscigenado e menos negro. Trata-se de um fator cultural que não pode ser parcerias cessaram.
menosprezado. Dessa forma é importante destacar a ação do ilustre Conde de Gobineau. O
filósofo e escritor francês foi um dos mais ilustres teóricos do racismo no século XIX e amigo (Boris Fausto. História Concisa do Brasil. EdUsP. São Paulo 2001. Pág 114).
pessoal de Dom Pedro II. Em seu livro Ensaio sobre a desigualdade das raças humanas publicado
no ano de 1855 notabilizou-se como um dos primeiros teóricos da eugenia. É dele a frase "Não A experiência vivida no Brasil pelo colono suiço Thomas Davatz foi transformada em um livro
creio que viemos dos macacos, mas creio que vamos nessa direção" ao justificar que a intitulado Memórias de um colono no Brasil. O livro causou alguma repercussão no continente
miscigenação degenarava a sociedade brasileira. europeu e alguns países chegaram até mesmo a proibir a emigração para o país.

Apesar do monarca brasileiro não compartilhar de todas as ideias presentes no pensamento de Este tipo de imigração é conhecido pelo nome de sistema de parceria e não obteve êxito.
Gobineau muitos setores conservadores no Brasil novecentista pensavam que era necessário
embranquecer a sociedade brasileira de modo a evitar o extermínio natural do povo. A grande imigração européia só ocorreu com a intervenção direta do estado através da imigração
subvencionada. A partir da década de 1870 o governo da província de São Paulo decidiu arcar com
Ao mesmo tempo havia o temor da haitianização do Brasil. Até 1850 o país era composto por uma os custos envolvidos na vinda do trabalhador europeu. No país os imigrantes eram hospedados em
massa de negros com uma ínfima população branca dominante. abrigos construídos especificamente para esse fim de onde eram enviados para as lavouras de
café.
Os fatos foram imperiosos. A necessidade cada vez maior de braços para a crescente lavoura de
café no sudeste do Brasil fez que os fazendeiros incentivassem a imigração européia. Nesse sentido Esse nova forma de imigração se mostrou mais atrativa e os resultados foram mais expressivos.
destacou-se a ação de Vergueiro de Campo. No ano de 1847 o ex-senador e regente (Nicolau de Durante os anos finais do Império Brasileiro e nos anos iniciais da República Velha a imigração
Campos Vergueiro fora um dos regentes da Regência Trina permanente) recebeu em sua fazenda européia ajudou a mudar a feição da sociedade brasileira.
no interior paulista a primeira leva de trabalhadores europeus. Foram recebidas mais de 170
famílias até o ano de 1857. As famílias se comprometeram a plantar o café e executar as demais (...) Entre 1887 e 1900, o território de paulista receberia 863 mil
etapas envolvidas na preparação do produto. Do plantio ao beneficiamento. O dinheiro da venda imigrantes, ou seja, 29,7% do total das entradas do período 1827-1936.
deveria ser repartido com o fazendeiro. Na teoria parecia funcionar bem... Mais de 60% desses imigrantes, nas duas últimas décadas do século XIX,
eram italianos (particularmente no norte da Itália). Na década de 1890,
Os primeiros imigrantes não tiveram vida fácil no Brasil. Como o imigrante deveria arcar com todos mais de 90% desse fluxo eram subsidiados pelo governo paulista. Esses
os custos envolvidos no transporte, hospedagem, alimentação e outros gastos o que aconteceu na imigrantes seriam inseridos em relações de produção que dificilmente

Curso Preparatório Cidade | Tópico 2.11 – Transição para o trabalho livre 227
poderiam ser denominadas capitalistas. Eles não estavam totalmente EXERCÍCIOS
afastados dos meios de produção, e não vendiam sua força de trabalho
recebendo, em troca, um salário com o qual retirassem integralmente
seus meios de subsistência do mercado. Esses trabalhos tinham com 01. (UDESC) Assinale a alternativa incorreta, sobre o processo de imigração no Brasil, nos séculos
principal remuneração a possibilidade de cultivar, em um lote de terra, XIX e XX.
produções que poderiam consumir ou vender. É desta produção de
mantimentos que tais trabalhadores imigrantes retiravam a sua (A) Pressionados pelos vários relatos de maus tratos sofridos pelos imigrantes no território
subsistência; a outra parte da remuneração era composta por dinheiro. brasileiro, governos europeus, como o italiano e o espanhol – no início do século XX -,
Tais traços conferem a essas relações de produção um caráter não- restringiriam a emigração para o Brasil.
capitalista. Esse regime de trabalho seria conhecido pela historiografia (B) Depois de 1822 o novo governo imperial procurou trazer imigrantes europeus para
como colonato e vigoraria, com algumas variações, até a primeira metade colonizar o vasto território brasileiro. A imigração de alemães, suíços e de outros
do século XX. (...) A organização do trabalho livre em regime de germânicos dominaria a primeira metade do século XIX.
plantation, fora de São Paulo, não seria acompanhada pela imigração em (C) A partir, mais ou menos, de 1880, o problema da mão-de-obra para manter as lavouras
larga escala de europeus Nas antigas áreas de café fluminense, por de café, base da economia nacional, provocaria uma explosão da imigração no Brasil.
exemplo, tal transição implicou o uso de trabalhadores nacionais livres (D) Dentro da questão da imigração, também havia outras motivações claramente racistas:
desde antes de 1888. Nessas áreas, as novas relações de produção “branquear o Brasil”, para “civilizá-lo”.
assumiriam a forma da parceria, em que o trabalhador direto recebia uma (E) O processo de imigração no Brasil foi bastante uniforme, principalmente se compararmos
faixa de terra da qual retirava sua subsistência básica (agricultura de os imigrantes instalados em Santa Catarina com aqueles instalados em São Paulo, no final
alimentos) e, em contrapartida, dividia a colheita do café com o do século XIX.
proprietário da terra. No momento da safra, a parceria era
complementada por trabalhadores sazonais assalariados. Não é
necessário dizer que esses tipos de relações de produção só foram 02. (UDESC) Em 2008 comemorou-se 100 anos da imigração japonesa no Brasil.
factíveis devido ao controle efetivo dos fazendeiros sobre as terras. Tal
reforço da concentração fundiária é válido tanto para a vigência da Sobre a história da migração japonesa no Brasil, assinale V (Verdadeiro) para as afirmações
parceria como para o colonato paulista. Ambos, pelo menos em tese, verdadeiras e F (Falso) paras as afirmações falsas.
pressupõem que a terra se tenha tornado efetivamente “cativa”. Há certos
indícios, para áreas do Rio de Janeiro, de que a antiga prática de ceder 1. ( ) Grande parte dos imigrantes japoneses que imigrou para o Brasil, no início do século XX,
terras a lavradores, sem cobrar em troca uma renda fundiária, era formada por camponeses de regiões pobres do Norte e Sul do Japão, que veio trabalhar nas
desaparecera progressivamente com a proximidade do término da fazendas de café do Oeste do Estado de São Paulo.
escravidão. 2. ( ) O acordo imigratório entre os governos brasileiro e japonês foi feito para suprir as
necessidades de ambos os países. No começo do século XX, o Brasil precisava de mão-de-obra
FRAGOSO,João Luís. O Império escravista e a República dos plantadores – economia estrangeira para as lavouras de café, enquanto o Japão passava por um período de grande
brasileira no século XIX: Mais do que uma plantation escravista-exportadora. In.: crescimento populacional.
LINHARES,Maria Yedda (org). História Geral do Brasil.Rio de Janeiro:Elvelsier, 1990,
3. ( ) A maioria dos imigrantes japoneses fixou-se no Estado de São Paulo, nessa região
p.163-164
formaram-se bairros e até mesmo colônias com um grande número de japoneses. Porém, algumas
famílias de japoneses espalharam-se para outros lugares do Brasil.
4. ( ) Durante o período da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), os japoneses enfrentaram
muitos problemas em território brasileiro. A imigração de japoneses para o Brasil foi proibida e
vários atos do governo brasileiro prejudicaram os japoneses e seus descendentes.

228 Tópico 2.11 – Transição para o trabalho livre | Curso Preparatório Cidade
5. ( ) Nos primeiros dez anos da imigração, aproximadamente quinze mil japoneses chegaram (B) a uma política organizada pelos abolicionistas para substituir paulatinamente a mão-de-
ao Brasil, número que aumentou com o início da Primeira Guerra Mundial. Hoje, o Brasil é o país obra escrava das regiões cafeeiras e evitar a escravização em novas áreas de
com a maior quantidade de japoneses fora do Japão. povoamento no sul do país;
(C) às políticas militares, estabelecidas desde D. João VI, para a ocupação das fronteiras do
Assinale a alternativa que contém a sequência correta de cima para baixo. sul e para a constituição de propriedades de criação de gado destinadas à exportação de
charque;
(A) V, F, V, V, F (D) à política do partido liberal para atrair novos grupos europeus para as áreas agrícolas e
(B) V, V, F, V, V implantar um meio alternativo de produção, baseado em minifúndios;
(C) V, V, V, V, V (E) à política oficial de povoamento baseada nos contratos de parceria como forma de
(D) F, F, V, V, F estabelecer mão-de-obra assalariada nas áreas de agricultura de subsistência e de
(E) F, V, F, V, V exportação.

03. Sobre a imigração alemã (1850 – 1870) não é certo afirmarmos: 06. (Mackenzie-SP) “Aqueles que estão bem na Itália, como vocês meus filhos, não devem deixá-la,
digo-lhes isto como pai (...) não acreditem naqueles que falam bem da América (...) é
(A) Radicou-se principalmente em Santa Catarina, no Vale do Itajaí e no Rio Grande do Sul, preferível estar numa prisão na Itália do que numa fazenda aqui.”
no Vale do Jacuí e Vale dos Sinos.
(B) Praticaram a policultura, introduziram no país os minifúndios, ou pequenas propriedades. Zuleika Alvim, Brava Gente

(C) São Leopoldo (RS), Novo Hamburgo (RS), Itajaí (SC), Brusque (SC), Joinville (SC),
O trecho da carta de um imigrante revela como era difícil “fazer a América” no Brasil, porque:
Colatina (ES) e Santo Amaro (SP) são localidades em que se fixaram um grande número
de alemães.
(A) com o declínio da produção cafeeira, o imigrante desempregado vivia em péssima
(D) Integrou-se facilmente na comunidade brasileira, especialmente nos estados sulinos de
situação social;
Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
(B) dívidas, maus-tratos, isolamento e a Lei de terras tornaram quase impossível o acesso à
(E) Influenciaram a alimentação, as construções e costumes, notadamente em Santa
terra e prosperidade;
Catarina.
(C) o choque cultural e dificuldades climáticas inviabilizaram a imigração;
(D) a falta de uma experiência capitalista anterior pelos imigrantes impedia a formação de
04. (FEI) Migrações pendulares são: uma poupança;
(E) a propaganda feita pelo governo e agenciadores era correta e cumpria as promessas
(A) movimentos ligados a atividades pastoris; feitas, mas a qualidade da mão-de-obra era precária.
(B) movimentos da população rural em direção aos grandes centros urbanos;
(C) troca de imigrantes entre as grandes regiões;
07. (Cesgranrio-RJ) A imigração estrangeira teve um papel importante na formação da estrutura
(D) deslocamento maciço de populações urbanas em direção ao campo;
populacional do Brasil. Sobre esse fluxo migratório, pode-se afirmar que os:
(E) movimentos diários de trabalhadores entre o local de residência e o local de trabalho.

I. eslavos, os italianos, os alemães e os poloneses concentram-se na região sul do país, onde


05. (Fuvest-SP) No século 19, a imigração européia para o Brasil foi um processo ligado: se instalaram no final do século XIX, o que explica em boa parte, a predominância de
brancos entre a população sulista;
(A) a uma política oficial e deliberada de povoamento, desejosa de fixar contingentes brancos II. japoneses, chegando, em grande parte, a partir de 1908, concentram-se em São Paulo e no
em áreas estratégicas e atender grupos de proprietários na obtenção de mão-de-obra; Pará, dedicando-se, nesse último estado à agricultura da pimenta-do-reino;

Curso Preparatório Cidade | Tópico 2.11 – Transição para o trabalho livre 229
III. negros, oriundos da África são mais numerosos no nordeste, primeira grande área de (D) Antonio Rocco retrata de forma otimista a imigração, destacando o pioneirismo do
atração populacional do Brasil. imigrante.
(E) Oswald de Andrade mostra que a condição de vida do imigrante era melhor que a dos ex-
Está(ão) correta(s) a(s) afirmativa(s): escravos.

(A) I, II e III.
10. "Naquela época não tinha maquinaria, meu pai trabalhava na enxada. Meu pai era de Módena,
(B) I e II apenas.
minha mãe era de Capri e ficaram muito tempo na roça. Depois a família veio morar nessa
(C) II e III apenas.
travessa da avenida Paulista; agora está tudo mudado, já não entendo nada dessas ruas". Esse
(D) I e III apenas.
trecho de um depoimento de um descendente de imigrante, transcrito na obra MEMÓRIA E
SOCIEDADE, de Ecléa Bosi, constitui um documento importante para a análise:
08. (PUC-Campinas) “...a ‘missão civilizadora’ dos povos brancos utilizou-se das ciências da época
para provar sua superioridade. (...) teorias proclamavam a desigualdade dos homens e das (A) do processo de crescimento urbano paulista no início do século atual, que desencadeou
raças como lei irrevogável, destacando-se a biologia e a etnografia...” crises constantes entre fazendeiros de café e industriais.
(B) da imigração européia para o Brasil, organizada pelos fazendeiros de café nas primeiras
O texto contém elementos que, servindo de respaldo ideológico, foram utilizados pelos europeus, décadas do século XX, baseada em contratos de trabalho conhecidos como "sistema de
no século 19, para justificar a: parceria".
(C) da imigração italiana, caracterizada pela contratação de mão-de-obra estrangeira para a
(A) reação dos americanos à política colonialista da Inglaterra; lavoura cafeeira, e do posterior processo de migração e de crescimento urbano de São
(B) ação colonizadora das missões jesuíticas nas colônias; Paulo.
(C) dominação e a aniquilação dos povos pré-colombianos; (D) do percurso migratório italiano promovido pelos governos italiano e paulista, que
(D) exploração e a subjugação de africanos e asiáticos; organizavam a transferência de trabalhadores rurais para o setor manufatureiro.
(E) expulsão dos povos árabes do mar Mediterrâneo. (E) da crise na produção cafeeira da primeira década do século XX, que forçou os fazendeiros
paulistas a desempregar milhares de imigrantes italianos, acelerando o processo de
industrialização.
09. (ENEM) Um dia, os imigrantes aglomerados na amurada da proa chegavam à fedentina quente
de um porto, num silêncio de mato e de febre amarela. Santos. — É aqui! Buenos Aires é aqui!
— Tinham trocado o rótulo das bagagens, desciam em fila. Faziam suas necessidades nos trens 11. Sobre o século XIX no Brasil assinale as alternativas FALSAS:
dos animais onde iam. Jogavam-nos num pavilhão comum em São Paulo. — Buenos Aires é
aqui! — Amontoados com trouxas, sanfonas e baús, num carro de bois, que pretos guiavam I. A Lavoura do café no Oeste Paulista, favoreceu a construção de ferrovias;
através do mato por estradas esburacadas, chegavam uma tarde nas senzalas donde acabava II. As iniciativas do Barão de Mauá receberam total apoio do Império;
de sair o braço escravo. Formavam militarmente nas madrugadas do terreiro homens e III. Os cafeicultores do Vale do Paraíba, introduziram técnicas modernas e o trabalho
mulheres, ante feitores de espingarda ao ombro. assalariado em suas lavouras;
IV. Os cafeicultores do Oeste Paulista, introduziram a mão-de-obra imigrante em suas lavouras.
(Oswald de Andrade. Marco Zero II – Chão. Rio de Janeiro: Globo, 1991).

Assinale:
Levando-se em consideração o texto de Oswald de Andrade e a pintura de Antonio Rocco
reproduzida acima, relativos à imigração européia para o Brasil, é correto afirmar que:
(A) I e IV;
(B) II e III;
(A) a visão da imigração presente na pintura é trágica e, no texto, otimista.
(C) I, II e IV;
(B) a pintura confirma a visão do texto quanto à imigração de argentinos para o Brasil.
(D) II, III e IV;
(C) os dois autores retratam dificuldades dos imigrantes na chegada ao Brasil.

230 Tópico 2.11 – Transição para o trabalho livre | Curso Preparatório Cidade
(E) II e IV. 15. (Cesgranrio) Em relação ao povoamento e à ocupação da terra na região Sul do Brasil,
podemos afirmar:

12. A introdução da mão-de-obra imigrante na lavoura cafeeira se deu através do sistema de


(A) A região da encosta do Rio Grande do Sul, coberta por matas, foi ocupada por imigrantes
parceria que não foi respeitado pelos fazendeiros. Eram características do sistema de parceria:
alemães e italianos, estabelecidos em pequenas e médias propriedades policultoras.
(B) A campanha foi ocupada já no século XX pelos descendentes dos imigrantes alemães e
(A) trabalho assalariado e divisão dos lucros;
italianos, que se dedicaram à pecuária extensiva em grandes propriedades.
(B) financiamento das despesas de viagem do imigrante pelo fazendeiro e divisão dos lucros
(C) O norte do Paraná teve seu povoamento iniciado no século XIX por imigrantes oriundos
excedentes do café;
do Nordeste para trabalharem nas grandes propriedades agrícolas dedicadas ao plantio
(C) a servidão por contrato, com o arrendamento de 50% das terras aos imigrantes e
da soja.
pagamento de salários;
(D) O oeste de Santa Catarina é uma área de ocupação antiga, feita por luso-brasileiros, em
(D) divisão dos custos e do lucro da lavoura de subsistência;
áreas de floresta tropical, que se dedicaram ao cultivo do café em grandes propriedades.
(E) arrendamento das terras apenas para a lavoura do café, proibindo-se a lavoura de
(E) O planalto Paranaense foi ocupado, no século passado, por imigrantes japoneses, que se
subsistência.
dedicaram à agricultura em grandes propriedades, cultivando principalmente cana-de-
açúcar.
13. (PUC) Entre os fatores que impulsionaram a migração européia para o Brasil entre 1870 - 1930,
podemos excluir:
16. (UNOPAR) Dos imigrantes que vieram para o Brasil, a maior contribuição populacional
populacional foi dada pelos:
(A) o desenvolvimento da cafeicultura;
(B) as iniciativas dos fazendeiros de auxiliar colonos;
(A) italianos e alemães
(C) a abolição da escravatura e a conseqüente liberação da mão-de-obra;
(B) japoneses e espanhóis
(D) a unificação política e industrialização tardia da Itália;
(C) portugueses e japoneses
(E) a Primeira Guerra Mundial.
(D) alemães e espanhóis
(E) portugueses e italianos
14. (FUVEST) A imigração de italianos (desde o final do século XIX) e a de japoneses (desde o
início do século XX), no Brasil, estão associadas a:
17. Escolha as alternativas corretas e que justificam a diminuição acentuada na imigração do Brasil
a partir da década de 1930.
(A) uma política nacional de atração de mão de-obra para a lavoura e às transformações
sociais provocadas pelo capitalismo na Itália e no Japão.
(0) A crise da Bolsa de Valores de Nova York e a conseqüente crise econômica do Brasil.
(B) interesses geopolíticos do governo brasileiro e às crises industrial e política pelas quais
(1) As medidas constitucionais de 1934 e 1937 regulamentando e restringindo a imigração.
passavam a Itália e o Japão.
(2) A cota dos 2%, medida segundo a qual a partir de 1934 só poderia entrar no Brasil 2% do total
(C) uma demanda de mão-de-obra para a indústria e às pressões políticas dos fazendeiros do
de imigrantes de cada nacionalidade entrados nos últimos 50 anos.
sudeste do país.
(3) Dificuldades impostas pelos países de emigração para evitar a saída de indivíduos.
(D) uma política nacional de fomento demográfico e a um acordo com a Itália e o Japão para
(4) A Lei Eusébio de Queiroz, proibindo o tráfico de escravos.
exportação de matérias-primas.
(E) acordos internacionais que proibiram o tráfico de escravos e à política interna de
(A) 0-F; 1-V; 2-F; 3-V; 4-F
embranquecimento da população brasileira.
(B) 0-V; 1-V; 2-V; 3-V; 4-V
(C) 0-F; 1-F; 2-F; 3-F; 4-F
(D) 0-V; 1-F; 2-V; 3-F; 4-V

Curso Preparatório Cidade | Tópico 2.11 – Transição para o trabalho livre 231
18. (UBC) A Lei de Terras de 1850 garantia que no Brasil: EXERCÍCIOS DE PROVA

(A) os escravos, após sua libertação, conseguissem um lote de terras para o cultivo de 01. (EsFCEx - 2011) Sobre a transição do trabalho escravo para o livre na região Centro-Oeste do
subsistência; Brasil, é correto afirmar:
(B) os brancos pobres ficassem ligados como meeiros aos grandes proprietários de terras;
(C) todas as terras fossem consideradas devolutas e, portanto, colocadas à disposição do (A) as relações de trabalho advindas da mão de obra livre eram baseadas no sistema
Estado; capitalista de assalariamento.
(D) a posse de terra fosse conseguida mediante compra, excluindo as camadas populares e (B) o sul de Goiás, por ter sido ocupado por pequenos trabalhadores livres, teve suas
os imigrantes europeus da possibilidade de adquiri-la. relações de trabalho marcadas pelo regime de colonato e de parcerias.
(E) n.d.a. (C) o trabalho livre foi implantado para acompanhar o avanço da agricultura de alimentos, da
agropecuária e, sobretudo, da pecuária extensiva voltada para o mercado interno.
(D) o declínio do número de escravos no Centro-Oeste decorreu do tráfico interprovincial,
19. (UCSAL) A introdução da mão-de-obra do imigrante na economia brasileira contribuiu para a:
uma vez que boa parte dos cativos dessa região foi levada para as lavouras de café do
Sudeste.
(A) desestruturação do sistema de parceria na empresa manufatureira;
(E) a ocupação decorrente do avanço da pecuária nessa região, implementada por migrações
(B) implantação do trabalho assalariado na agricultura alimentícia;
de mineiros e paulistas, nas primeiras décadas do séc. XIX mudou as relações de
(C) expansão do regime de co-gestão nas indústrias alimentícias;
trabalho, ao voltar-se para o mercado de exportação de carnes.
(D) criação de uma legislação trabalhista voltada para a proteção do trabalho;
(E) reordenação da estrutura da propriedade rural nas áreas de produção açucareira.

20. Sobre a imigração espanhola no século XIX julgue a alternativa incorreta:

(A) A imensa maioria dos espanhóis rumava para suas colônias ou ex-colônias, pelos laços
históricos e culturais que mantinham e, por esse fato, os destinos preferidos dos
imigrantes espanhóis eram a Argentina, o Uruguai e Cuba.
(B) A presença espanhola em terras brasileiras acontece desde o início da colonização do
Brasil. Porém, só se pode falar de uma efetiva imigração de espanhóis para o Brasil a
partir do final do século XIX.
(C) No início do século 20 muitos espanhóis se dedicaram ao trabalho na indústria em São
Paulo.
(D) Os espanhóis imigraram em grande número para o Brasil até meados do século XX. Em
sua maioria eram provenientes das regiões Galícia e Andaluzia.
(E) Os espanhóis concentraram-se sobretudo no estado do Rio de Janeiro, que atraiu cerca
de 70% dos imigrantes hispânicos e ficou marcada principalmente pela divisão dos
espanhóis: os Galegos se fixaram nas cidades, enquanto os Andaluzes se dedicaram à
colheita de café.

232 Tópico 2.11 – Transição para o trabalho livre | Curso Preparatório Cidade
Tópico 2.12 – Política externa – as questões platinas e a Guerra do Paraguai POLÍTICA EXTERNA – AS QUESTÕES PLATINAS E A GUERRA DO PARAGUAI

Durante a segunda metade do século XIX, a política externa brasileira orientou-se no sentido de
Comentário
evitar o fortalecimento da Argentina, Uruguai e Paraguai, mantendo-se o equilíbrio sul-americano.
A região platina é formada pela Argentina, Paraguai e Uruguai. Os rios que banham estes
territórios constituíam o melhor caminho para atingir certas regiões de nosso interior,
Neste tópico analisaremos um dos pontos mais importantes do Segundo Reinado no
especialmente o Mato Grosso. Preocupado com a livre navegação no Rio da Prata, D. Pedro II
Brasil: a política externa e o fim da monarquia brasileira. Esse também é um dos
enviou para a região um contingente militar, sob o comando de Caxias, vencendo a forças
assuntos mais cobrados na prova. A recorrência de questões sobre o Guerra do
uruguaias.
Paraguai é alta em todos as provas que envolvem o conhecimento da história nacional
brasileira. Não poderia ser diferente no certame para ingresso na carreira de oficiais do
A Guerra contra Oribe e Rosas
Exército.

Uma boa forma de pensarmos a questão é lembrarmos que o longevo Segundo Reinado Manuel Oribe e Juan Manuel de Rosas, respectivamente presidentes do Uruguai e da Argentina,
pode ser dividido em fases: estabilização (1840-1850); auge (1850-1870) e declínio buscavam, na década de 1850, criar um só país, o que desequilibraria as forças na bacia do Prata,
(1870-1889). uma vez que novo país controlaria sozinho os dois lados do estuário do rio da Prata, vindo contra
os interesses do Brasil na região. D. Pedro II declarou guerra aos dois países, e mandou organizar
O fato do Brasil ter se tornado uma monarquia entre repúblicas causou um certo um novo exército no Sul, sob cuidados do então conde de Caxias. Ele invadiu o Uruguai em 1851,
estranhamento e desconfiança entre nossos vizinhos. Não à toa estiveram entre os derrubando Oribe e neutralizou a possibilidade do Uruguai se fundir com a Argentina.
últimos a reconhecerem a independência brasileira.
Segundo o historiador José Murilo de Carvalho:
Por outro lado a adoção do sistema monárquico permitiu que o Brasil se organizasse
internamente de maneira relativamente rápida. Uma vez organizado internamente os Em 1845, o Brasil rompeu relações com Rosas por causa de uma
olhos da monarquia voltaram-se para o exterior. divergência, sobre a livre a livre navegação na bacia da Prata. Além disso,
Rosas interveio no Uruguai favor de Oribe, e juntos montaram um cerco à
Manter a livre navegação na bacia do Prata foi fundamental para os objetivos do cidade de Montevidéu contra o presidente Rivera. O representante de
governo de D. Pedro II. A medida permitiu o acesso às regiões interiores do país e Rosas no Rio de Janeiro, Tomás Guido, reclamava sempre do fato de o
dificultou o surgimento de uma grande nação no sul do continente. Brasil ter reconhecido a independência do Uruguai e do Paraguai. Para
ele, e para a política da Confederação Argentina, pelo menos na visão do
Vários conflitos ocorreram na região sul da América do Sul. A Guerra do Paraguai Brasil, Uruguai e Paraguai deveriam fazer parte de uma reconstituição do
(1864-1870) foi o mais traumático de todos. Vice-Reinado do Prata, sob a liderança argentina. Como complicação
adicional, Oribe passou a desapropriar sem indenização propriedades dos
O fim do conflito assinala o início da queda da monarquia. milhares de brasileiros que vivam no Uruguai. Os proprietários gaúchos
começaram a fazer grande pressão por uma intervenção do Império em
Sobre o assunto leia o texto a seguir.
defesa de seus interesses.
Bons estudos!
(Carvalho, José Murilo de. D. Pedro II. São Paulo: Companhia das Letras,2007, p.102)

Manuel Oribe foi um militar e político uruguaio. Lutou sob o comando de Artigas nas campanhas de
1811 e 1816. Em 1825, ao lado de Lavalleja, combateu o domínio brasileiro no Uruguai. Eleito
presidente do Uruguai em 1834, foi deposto por Rivera. Em 1843, apoiado por Rosas, da

Curso Preparatório Cidade | Tópico 2.12 – Política externa – as questões platinas e a Guerra do Paraguai 233
Argentina, organizou um exército e sitiou Montevidéu. Derrotado em 1851 pelas tropas brasileiras A Questão Christie
que haviam iniciado a campanha contra Rosas, abandonou a vida política. Foi o segundo presidente
da república do Uruguai. Em 1862, três arruaceiros foram presos no Rio de Janeiro, então capital do Brasil. Ao serem
detidos, foram identificados como marinheiros britânicos e, devido à relação entre Inglaterra e
Juan Manuel José Domingo Ortiz de Rozas y López de Osornio - Militar e político argentino, foi
Brasil, os marinheiros foram liberados. Mesmo assim, o embaixador inglês no Brasil, William Dougal
governador da Província de Buenos Aires, com status de um presidente da república. Entrou muito
Christie, exigiu que o Império indenizasse a Inglaterra pela carga do navio inglês Prince of Wales,
jovem para o exército, e enfrentou a segunda das chamadas invasões inglesas. Depois disso, foi
que foi saqueado próximo da província do Rio Grande do Sul. Exigiu também a demissão dos
para o campo e se converteu em um grande proprietário de gado no Pampa, organizando em sua
policiais que detiveram os marinheiros britânicos e um pedido oficial de desculpas do imperador à
estância um exército pessoal para combater os índios. Em 1828, ao ser derrubado o governador de
coroa britânica.
Buenos Aires, Dorrego, posteriormente executado pelos unitaristas, Rosas encabeçou um levante
popular que triunfou em Buenos Aires e no resto do litoral, enquanto que as províncias do interior No ano seguinte, navios britânicos bloquearam o porto do Rio de Janeiro e apreenderam cinco
permaneciam no campo unitarista. Depois de ter capturado o general unitarista Paz, o interior foi navios ali ancorados. D. Pedro II, sofrendo pressão popular, tentou uma saída diplomática,
reconquistado e a Argentina voltou à unidade sob a égide de Rosas. chamando o rei Leopoldo I da Bélgica para conduzir uma arbitragem imparcial. Leopoldo I
favoreceu o Brasil e, como a Inglaterra negou-se a pedir desculpas, o imperador cortou relações
A chamada Guerra contra Oribe e Rosas, ocorrida em meados do século XIX e integra o conjunto
diplomáticas com a Inglaterra, no mesmo ano de 1863. A Inglaterra apenas desculpou-se em 1865,
das Questões Platinas, na História das Relações Internacionais do Brasil. À época, o presidente da
quando mostrou apoio ao Brasil na Guerra do Paraguai.
Argentina, Juan Manuel de Rosas, uniu-se ao presidente do Uruguai, Manuel Oribe, na tentativa de
fazer um só país. Esse desequilíbrio de forças na bacia do rio da Prata ameaçava os interesses do A vitória do governo na disputa acabou por fortalecer a imagem do Brasil no exterior, pois o Brasil
Império do Brasil, que tomou a iniciativa de invadir o Uruguai (1851) e, na Batalha de Monte ainda tinha 40 anos de existência, e temia não ter reconhecimento junto aos países europeus. Os
Caseros (1852), venceu a guerra. Neste contexto ocorreu a passagem de Tonelero, no rio Paraná, outros países da América do Sul passavam por problemas parecidos.
protagonizada por uma Divisão Naval da Marinha do Brasil, em 17 de Dezembro de 1851. As forças
brasileiras, sob o comando do Almirante John Pascoe Grenfell, forçaram a passagem de Tonelero e A Questão Christie, em termos de Relações Internacionais, constitui-se num contencioso entre o
desembarcaram os efetivos da 1ª Divisão do Exército, comandados pelo Brigadeiro Manuel governo brasileiro e da Inglaterra entre 1862 e 1865. Esta questão diplomática foi fruto de um
Marques de Souza depois conde de Porto Alegre, que se engajaram em combate contra as forças conjunto de incidentes envolvendo ambas as nações, culminando, pela atuação inábil do
argentinas. embaixador britânico creditado no Brasil – William Dougal Christie - no rompimento das relações
diplomáticas por iniciativa do Brasil (1863).
Segundo o historiador Luiz Alberto Moniz Bandeira:

A Batalha de Caseros, com a derrota de Rosas, rompeu o equilíbrio de , na


Bacia do Prata, mudou a correlação de forças, a favor do Império do A Guerra do Paraguai
Brasil, possibilitando a expansão de as influência econômica e política,
inclusive sobre a Confederação Argentina, e propiciou a consolidação do
Os interesses em conflito – Durante cinco anos, o Brasil, a Argentina e o Uruguai, entraram em
novo sistema de alianças, dirigido pela Corte do Rio de Janeiro, mas não
guerra contra o Paraguai. Esse confronto militar ficou conhecido como a Guerra do Paraguai e foi a
superou as contradições que laceravam, interna e externamente, os
mais longa e sangrenta das guerras ocorridas na América do Sul. Os motivos dessa guerra foram
Estados da região e que ainda por cerca de vinte anos, gerariam
muito complexos, pois abarcaram inúmeros interesses, que, por fim, acabaram voltando-se contra
sucessivas guerras intestinas e confrontos internacionais, não menos
o Paraguai. O terreno para compreender a origem do conflito é a chamada Bacia do Prata, durante
dramáticos e sangrentos.
o processo de in-dependência da região.

(BANDEIRA,Luiz Alberto Moniz.O expansionismo brasileiro. Rio de Janeiro: Philopbilon, 1985, p. 150)

234 Tópico 2.12 – Política externa – as questões platinas e a Guerra do Paraguai | Curso Preparatório Cidade
Figura 44: Os três chefes de Estado do Uruguai. Figura 45: O Imperialismo Brasileiro.

(VICENTINO, Cláudio; DORIGO, Gianpaolo. História para Ensino Médio. Editora Scipione, 2001. Pág. 401)

A origem dos países platinos - A Argentina, o Uruguai e o Paraguai faziam parte do Vice-reino do
Assim, desde a sua independência, o Paraguai desenvolveu uma política voltada para dentro, a fim
Prata, uma possessão espanhola, à época da colonização. Em 1810, quando a Argentina proclamou
de depender o mínimo possível do exterior. Essa política foi inaugurada por Francia (1811-1840) e
a sua independência --- posteriormente reafirmada em 1816 no Congresso de Tucumán -, deu-se o
aprimorada por Carlos Antonio López (1840-1862) e seu filho e sucessor Francisco Solano López
primeiro passo no sentido da independência total da região do Prata da dominação espanhola. Em
(1862-1870). Foram esses os três ditadores que imprimiram ao Paraguai uma direção histórica
1811, José Gaspar Rodríguez Francia proclamou a independência do Paraguai. Mais tarde, em
peculiar. Francia compreendera muito cedo que o desenvolvimento do Paraguai com base numa
1828, o Uruguai libertou-se do Brasil, tornando-se um país independente. Com isso, desfez-se a
economia exportadora daria muitos poderes aos grandes proprietários rurais e à burguesia
antiga unidade do Prata. A fragmentação do antigo Vice-reino não estava, contudo nos planos dos
mercantil. Dependendo do mercado externo, dependeria igualmente de Buenos Aires, pois a
poderosos comerciantes de Buenos Aires, que esperavam manter a unidade sob sua direção. Isso
produção teria que ser embarcada ali, com o devido pagamento de taxas. Os grandes proprietários
equivalia a dominar e anexar o Paraguai e o Uruguai. O Paraguai, considerado por Buenos Aires
e comerciantes paraguaios fariam então concessões a Buenos Aires, tendo em vista seus interesses
uma província argentina, tinha motivos de sobra para temer por sua independência. Situado no
particulares, mesmo à custa da soberania do país. Grandes proprietários e comerciantes podiam
interior do Prata, sem acesso direto ao mar, encontrava-se à mercê de Buenos Aires, que
ser considerados, portanto, aliados em potencial de Buenos Aires; conseqüentemente, eram
controlava o estuário. É fácil perceber que, para o Paraguai, o direito de navegar com segurança e
categorias sociais perigosas para a segurança do Estado. Esse era o ponto de vista de Francia.
a garantia de manter aberta a sua comunicação com o exterior eram questões vitais.
Entende-se, assim, por que Francia optou por um modelo econômico voltado para dentro, com
ênfase ao mercado interno. Para enfrentar o desafio, Francia estimulou as pequenas e médias
Os ditadores paraguaios - Por tudo isso, o Paraguai era um país vulnerável. Bastaria bloquear o
propriedades dirigidas à produção de alimentos para o consumo local; confiscou, depois de lutas,
estuário do Prata ou qualquer trecho do rio Paraná para que o seu isolamento do resto do mundo
as propriedades dos grandes empresários rurais e monopolizou o comércio exterior. A essa
fosse completo.
combinação de pequenas propriedades e economia com elevado grau de estatização correspondeu,
no âmbito político, um poder despótico e ditatorial. Portanto, os traços que fizeram a originalidade

Curso Preparatório Cidade | Tópico 2.12 – Política externa – as questões platinas e a Guerra do Paraguai 235
paraguaia foram: pequena propriedade, estatização e ditadura. Lembremos apenas que a solução brasileiro em favor de Venâncio Flores, chefe colorado no Uruguai. Esse fato desfez o equilíbrio de
foi uma resposta à ameaça dos portenhos (habitantes de Buenos Aires) contra a independência forças no Prata, alarmando o Paraguai, que se sentiu diretamente ameaçado pelo Império
paraguaia, e não se deve concluir que o modelo de desenvolvimento econômico foi livre opção de brasileiro. Em represália, no dia 11 de novembro de 1864, Solano López ordenou que fosse
ditadores afeiçoados ao povo. apreendido no rio Paraguai o navio brasileiro Marquês de Olinda, que conduzia o presidente da
província de Mato Grosso, fazendo-o prisioneiro. Sem perda de tempo, as relações com o Brasil
Segundo o historiador Francisco Doratioto: foram rompidas e já no mês de dezembro o Mato Grosso foi invadido. Em março de 1865 as tropas
de Solano López penetraram em Corríentes (Argentina), visando o Rio Grande do Sul e o Uruguai.
(...) O isolamento anterior do país, sob a ditadura de José Gaspar A firme e fulminante iniciativa de López, procurando o rápido domínio do sul de Mato Grosso, de
Rodriguez de Francia (1814-1840), resultou da recusa de Buenos Aires em Corríentes, do Rio Grande do Sul e do Uruguai, mostrou que o ditador paraguaio tinha um plano
aceitar sua independência pois a burguesia mercantil dessa cidade prévio e definido. Esse projeto era o de transformar o Paraguai numa potência continental
almejava ser o pólo rearticulador, na forma de uma república hegemônica - o Paraguai Maior - que teria por base o território das antigas missões jesuíticas. Além
centralizada, do território do antigo Vice-Reino do Rio da Prata. O disso, a pronta mobilização de 64 mil homens, contra os 18 mil do Brasil e os mil do Uruguai,
isolamento facilitou a manutenção da ditadura de Francia, mas seu demonstrou que o Paraguai não estava improvisando em matéria militar. É o que sugere a
sucessor, Carlos Antonio Lopes, outro governante ditatorial, pôs fim ao conclusão de que, além da política visando a auto-suficiência econômica para diminuir o grau de
isolamento absoluto do Paraguai, aproximando-se do Império do Brasil e, vulnerabilidade, os ditadores paraguaios não haviam descuidado de um preparo militar adequado.
com o apoio deste, obteve o reconhecimento internacional da Em 1864, diante das agressivas e decididas ofensivas, estava claro que o Paraguai havia se
independência paraguaia. O início da abertura do Paraguai para o mundo transformado, à sombra da rivalidade entre Brasil e Argentina, numa potência respeitável e
foi facilitada por esse reconhecimento e pela liberação de navegação do desafiadora. A política iniciada por Francia estava dando os seus frutos: uma economia sólida e
rio Paraná pela Confederação Argentina, após a queda, em 1852, do uma força militar considerável. Mas foi precisamente devido ao êxito dessa política que se alterou a
ditador Juan Manuel de Rosas. correlação de forças na região, favorecendo a aliança entre Brasil e Argentina, que esqueceram
momentaneamente suas diferenças a fim de impedir a emergência de uma terceira potência no
(DORATIOTO,Francisco.Guerra do Paraguai.in.: MAGNOLI,Demétrio (org).História das Prata. Em 1° de maio de 1865, formaram a Tríplice Aliança: Brasil, Argentina e Uruguai.
guerras.São Paulo: Contexto, 2006. p.255.)

Segundo o historiador Francisco Doratioto


Os sucessores de Francia - Depois de ter governado por trinta anos, Francia foi sucedido por Carlos
Antonio López, que se preocupou em desenvolver a indústria. Em vez de consumir divisas obtidas Esse tratado estabelecia a aliança militar contra o Paraguai, mas afirmava
com as exportações de couro e erva-mate e com a importação de manufaturas, o novo ditador que a guerra era contra Francisco Solano López, e não o povo paraguaio.
tratou de equipar tecnicamente o país, visando a produção interna. A criação da fundição de Ibicuí Determinava que a luta terminaria somente com a retirada do ditador do
foi a mais famosa dessas iniciativas. Ao lado disso, estudantes paraguaios eram mandados para o país, que a paz não seria tratada isoladamente, mas em conjunto pelos
exterior e técnicos estrangeiros eram contratados. Com Solano López chegou ao fim essa três países aliados, e somente com o novo governo que se instalasse em
experiência original. A guerra destruiu o país, que, embora não houvesse atingido um nível Assunção. As fronteiras entre o Paraguai e os países aliados também eram
europeu de desenvolvimento, tinha praticamente eliminado a miséria. Quando a guerra começou, o estabelecidas pelo Tratado de 1º de Maio, sendo definidos como argentino
analfabetismo era praticamente desconhecido no Paraguai. todo o território do Chaco. A oeste do rio Paraguai – até a fronteira com
Mato Grosso – e as Missões, enquanto seria brasileiro não só o território
As tensões no Prata - O Brasil e a Argentina eram os dois países mais poderosos com interesses historicamente litigioso, como também entre este e o rio Igurei. No final
diretos na bacia do Prata e tinham no Uruguai um ponto muito sério de atrito. A situação da guerra das contas, terminada a guerra, o Império do Brasil conteve-se no limite
civil uruguaia entre blancos (apoiados pela Argentina) e colorados (apoiados pelo Brasil), que se que reinvidicava desde a década de 1840 e, mantendo sob virtual tutela
vinha arrastando desde 1850, despertou profundas preocupações no Paraguai. Do ponto de vista os governos paraguaios, a diplomacia imperial trabalhou para que a
paraguaio, a independência do Uruguai era a melhor garantia para manter livre o trânsito no Argentina não se apossasse de todo o Chaco.
estuário do Prata. Qual-quer outra solução punha em risco a única saída do Paraguai para o mar. E (DORATIOTO,Francisco.Guerra do Paraguai. In.: MAGNOLI,Demétrio (org).História das
isso era considerado intolerável. O motivo imediato da guerra foi a intervenção do Império guerras.São Paulo: Contexto, 2006. p.262).

236 Tópico 2.12 – Política externa – as questões platinas e a Guerra do Paraguai | Curso Preparatório Cidade
Apesar de sua imensidão territorial e densidade populacional, o Brasil tinha um exército mal de 1868, e em janeiro de 1869 os brasileiros entraram em Assunção.
organizado e muito pequeno. E, na verdade, tal situação era reflexo da organização escravista da Doente, desejando a paz, pois a continuação da guerra era motivada
sociedade, que, marginalizando a população livre não proprietária, dificultava a formação de um agora apenas por uma política de destruição, Caxias retirou-se do
exército com senso de responsabilidade, disciplina e patriotismo. Além disso, o serviço militar era comando. Foi substituído pelo Conde d’Eu, marido da Princesa Isabel,
visto como um castigo sempre a ser evitado e o recrutamento era arbitrário e violento. Um reforço herdeira do trono (...) Após vários combates, as tropas brasileiras
era, portanto, necessário. Para enfrentar o Paraguai, recorreu-se à Guarda Nacional e à formação derrotaram um último e pequeno exército de paraguaios, formado por
dos Voluntários da Pátria, organizados em batalhões que incluíam maciçamente negros alforriados. velhos, meninos e enfermos. Solano López foi afinal cercado em seu
acampamento e morto por soldados brasileiros a 1º de março de 1870.
Segundo o historiador Boris Fausto:
(FAUSTO,Boris.História do Brasil. São Paulo:Edusp, 1997, p.216.)
Senhores de escravos cederam cativos para lutar como soldados. Uma lei
de 1866 concedeu liberdade aos “escravos da Nação” que servissem no Em 1867, a atuação de Caxias no exército se fez notar com o isolamento da fortaleza de Humaitá,
Exército. A lei se referia aos africanos entrados ilegalmente no país, após principal ponto de defesa paraguaia, na confluência dos rios Paraguai e Paraná. No ano seguinte,
a extinção do tráfico, que haviam sido apreendidos e se encontravam sob 1868, finalmente, caiu a resistência paraguaia em Humaitá. Novas vitórias de Caxias ocorreram nas
a guarda do governo imperial. batalhas de Avaí, Itororó e Lomas Valentinas. No ano de 1869, Caxias finalmente chegou a
Assunção, enquanto Solano López recuava para Peribebuí, depois para Cerro-Corá, onde resistiu
(FAUSTO,Boris.História do Brasil. São Paulo:Edusp, 1997, p.214). até 1° de março de 1870, quando foi derrotado e morto.

Figura 46: (circa de 1867): dois cartes-de visite mostrando soldado e oficial paraguaios
Vitória dos aliados - Foi no setor naval que o Brasil, melhor preparado, infligiu, logo no primeiro capturados por oficiais brasileiros e argentinos respectivamente.
ano de guerra, uma pesada derrota aos paraguaios na batalha do Riachuelo, sob o comando do
almirante Barroso. No ano seguinte, 1866, as forças aliadas procuraram invadir o território
paraguaio, tentando desfazer o forte esquema defensivo montado por Solano López na confluência
dos rios Paraguai e Paraná. Ali os paraguaios sofreram nova derrota na batalha de Tuiuti. Nesse
mesmo ano de 1866, desentendimentos entre Venâncio Flores (Uruguai) e Mitre (Argentina)
fizeram ambos se retirarem do combate, deixando o Brasil praticamente sozinho na guerra. No final
de 1866, ainda um outro evento importante aconteceu: o comando das tropas brasileiras foi
entregue a duque de Caxias, que organizou o exército, dando-lhe novo alento.

Segundo Boris Fausto:

(...) a nomeação de Caxias para o comando das forças brasileiras, em


outubro de 1866. Ela se deu por pressão do Partido Conservador, na
oposição, que responsabilizava os liberais pelas incertezas do conflito. No
início de 1868, Caxias assumiu também o comando das forças aliadas.
Mitre fora obrigado a retornar a Buenos Aires para enfrentar problemas de
Autor desc. Biblioeteca Nacional Rio de Janeiro.
política interna, entre os quais se destacava a oposição das províncias ao
envio de tropas ao Paraguai. Daí para frente, o Brasil prosseguiu no
O estabelecimento da paz - Embora a guerra tenha terminado em 1870, os acordos de paz entre os
conflito praticamente sozinho (...) Antes de atacar Humaitá, Caxias
quatro países não foram concluídos de imediato. As negociações foram obstadas pela recusa
concentrou-se na tarefa de dotar o Exército de uma infra-estrutura
argentina em reconhecer a independência paraguaia, o que foi feito somente na Conferência de
adequada. Só então partiu para a ofensiva. Humaitá capitulou em agosto
Buenos Aires, em 1876, quando a paz foi definitivamente estabelecida.

Curso Preparatório Cidade | Tópico 2.12 – Política externa – as questões platinas e a Guerra do Paraguai 237
Consequências da guerra - Naturalmente, o país que mais sofreu com a guerra foi o Paraguai, que
teve seu território devastado e sua população dizimada, marcando profundamente sua história a Quinze de novembro
partir daí. Para o Brasil, que sustentou praticamente sozinho a guerra, as consequências foram
também desastrosas. De fato, a monarquia teve de concentrar esforços para vencer o Paraguai, e Deodoro todo nos trinques
isso contribuiu em grande parte para trazer à tona as contradições do Império brasileiro: a Bate na porta de Dão Pedro Segundo.
escravidão, que até então se mantinha como sua mais sólida base, começou a ser contestada com " - Seu imperador, dê o fora
grande intensidade. Ao mesmo tempo, ao se fortalecer, o Exército, que então superou a tradicional que nós queremos tomar conta desta bugiganga.
Guarda Nacional, tomou consciência de seu poder, recusando as lideranças civis que ocupavam as Mande vir os músicos."
pastas militares. Assim, na Guerra do Paraguai, embora o Brasil tenha saído vitorioso, a monarquia O imperador bocejando responde:
foi derrotada. Seu declínio foi concomitante à guerra, e as críticas atingiram o seu ponto vital: a "Pois não meus filhos não se vexem
escravidão. Por essa brecha que se abriu, os ideais republicanos se propagaram. me deixem calçar as chinelas
podem entrar à vontade:
Segundo Boris Fausto só peço que não me bulam nas obras completas
[de Victor Hugo".
O Paraguai saiu arrasado do conflito, perdendo partes de seu território (Murilo Mendes. "História do Brasil. Poemas." Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994, p. 169)
para o Brasil e a Argentina e seu próprio futuro. O processo de
modernização tornou-se coisa do passado, e o país se converteu em um Considere os itens a seguir.
exportador de produtos de pouca importância. Os cálculos mais confiáveis
indicam que metade da população paraguaia morreu, caindo de I. A guerra mostrou as contradições do Império brasileiro: a escravidão começou a ser
aproximadamente 406 mil habitantes em 1864, para 231 mil em 1872. A questionada com grande intensidade.
maioria dos sobreviventes era de velhos, mulheres e crianças (...) Para o II. Com a guerra, o Exército brasileiro, ao se fortalecer, tomou consciência de seu poder,
Brasil, uma das consequências do conflito foi que o país ficou ainda mais recusando as lideranças civis que ocupavam as pastas militares.
endividado com a Inglaterra, com a qual tinha restaurado as relações III. A guerra abalou os fundamentos do Império. O declínio da monarquia foi concomitante à
diplomáticas, no início das hostilidades. Mas a maior consequência foi a guerra e as críticas atingiram seu ponto vital, a escravidão.
afirmação do Exército como uma instituição com fisionomia e objetivos IV. A guerra contribuiu para o declínio do tradicional modelo econômico agroexportador e como
próprios. Entre outros pontos, as queixas contra o governo do Império, consequência para o isolamento da monarquia.
que vinham de longe ganharam outra expressão. Afinal de contas, o V. Após a guerra a monarquia conheceu uma relativa instabilidade política provocada pela luta
Exército sustentara a luta na frente de batalha, com seus acertos e erros. partidária entre liberais e conservadores.
Enquanto isso, as elites civis – os “casacas”, como passaram a ser
desdenhosamente chamados – haviam ficado a salvo e, em certos casos, O fenômeno descrito no poema pode-se associar a Guerra do Paraguai. Sobre o assunto é correto
enriqueceram com os negócios de fornecimento para a tropa. SOMENTE o que está afirmado em:

(FAUSTO,Boris.História do Brasil. São Paulo:Edusp, 1997, p.216.) (A) I, II e III.


(B) I, III e V.
(C) I, IV e V.
(D) II, III e IV.
(E) II, IV e V.
02. (Udesc) O período monárquico no Brasil costuma ser dividido em três momentos distintos:
EXERCÍCIOS Primeiro Reinado (1822-1831); Regências (1831-1840) e Segundo Reinado (1840-1889).

01. (Puccamp) Sobre as principais questões que marcaram esses momentos, assinale a alternativa INCORRETA.

238 Tópico 2.12 – Política externa – as questões platinas e a Guerra do Paraguai | Curso Preparatório Cidade
(A) A Guerra do Paraguai marcou o Primeiro Reinado e foi a grande responsável pelo A propósito da participação dos militares na Proclamação da República, pode-se afirmar que:
enfraquecimento do poder de D. Pedro I, resultando na Independência do Brasil.
(B) A primeira etapa da monarquia brasileira teve dificuldades para se consolidar, o Primeiro (A) o Republicanismo era um movimento uniforme, articulado em torno de proposições como
Reinado foi curto e marcado por tumultos e conflitos entre D. Pedro I que era português a de uma aliança sólida e permanente com os militares.
com os brasileiros. (B) Silva Jardim e Benjamim Constant eram partidários de uma revolução popular, apoiada
(C) A primeira Constituição Brasileira foi outorgada em 1824, por D. Pedro I. pelos militares, visando universalizar a cidadania.
(D) A segunda etapa da história do Brasil monárquico inicia-se em 1831, com a renúncia de (C) a pluralidade de propostas políticas e sociais existente se traduzia em divergências
D. Pedro I em favor do filho Pedro de Alcântara, com apenas cinco anos de idade. variadas, como o papel dos militares na eclosão do movimento.
(E) O terceiro momento da monarquia no Brasil inicia-se com o reinado de Dom Pedro II, (D) revela o desinteresse de todas as lideranças do exército com relação à questão da
período marcado pela centralização do poder de um lado e pelas disputas político- cidadania, da adesão popular e da participação democrática.
partidárias entre liberais e conservadores, de outro. (E) o Republicanismo brasileiro foi inspirado pelos EUA, onde os militares desempenharam
um papel preponderante na criação do Regime Republicano.

03. (Fuvest-gv) O lema "Ordem e Progresso" inscrito na bandeira do Brasil, associa-se aos:
06. (Unirio) O envolvimento do Brasil em sucessivos conflitos na região platina, na segunda metade
(A) monarquistas. do século XIX, pode ser explicado pela(o):
(B) abolicionistas.
(C) positivistas. (A) tradicional rivalidade entre Brasil e Argentina com vistas ao controle do estuário do Prata,
(D) regressistas. culminando com a derrubada de Rosas naquele país.
(E) socialistas. (B) neutralidade do Império em relação à política uruguaia, obrigação assumida quando da
Independência da Cisplatina.
(C) independência do Paraguai, apoiada pela Argentina, e suas pretensões expansionistas
04. (Fuvest) O descontentamento do Exército, que culminou na Questão Militar no final do Império,
sobre o território brasileiro.
pode ser atribuído:
(D) apoio inglês, à restauração do Vice-Reino do Prata, criando uma unidade de domínio na
região.
(A) às pressões exercidas pela Igreja junto aos militares para abolir a monarquia.
(E) conflito do Império Brasileiro com os países platinos em torno da competição no comércio
(B) à propaganda do militarismo sul-americano na imprensa brasileira.
de produtos pecuários.
(C) às tendências ultrademocráticas das forças armadas, que desejavam conceder maior
participação política aos analfabetos.
(D) à ambição de iniciar um programa de expansão imperialista na América Latina.
(E) à predominância do poder civil que não prestigiava os militares e lhes proibia o debate
político pela imprensa.

07. (Puccamp) "Neste país, que se pressupõe constitucional, e onde só deverão ter ação poderes
delegados, responsáveis, acontece, por defeito do sistema, que só há um poder ativo, onímodo,
05. (Fuvest) Quintino Bocaiúva, pouco antes da proclamação da República, disse:
onipotente, perpétuo, superior à lei e a opinião, e esse é justamente o poder sagrado,
inviolável e irresponsável."
"Sem a força armada ao nosso lado, qualquer agitação de rua seria não só um ato de loucura...
mas principalmente uma derrota de rua antecipada."

Curso Preparatório Cidade | Tópico 2.12 – Política externa – as questões platinas e a Guerra do Paraguai 239
"O privilégio, em todas as relações com a sociedade - tal é, em síntese, a fórmula social e política (A) a política desenvolvimentista.
de nosso país - (...), isto é, todas as distinções arbitrárias e odiosas que criam no seio da sociedade (B) o movimento republicano.
civil e política a monstruosa superioridade de um sobre todos ou de alguns sobre muitos..." (C) a semana de 22.
(D) a campanha tenentista.
Às ideias do texto pode-se associar, na evolução política brasileira: (E) o regime absolutista.

(A) a crítica dos republicanos ao centralismo monárquico.


10. (Uece) Assinale a opção que indica corretamente as principais correntes de pensamento que
(B) o desabafo da elite contra os defensores da democracia.
modelaram o movimento republicano no Brasil:
(C) o temor dos abolicionistas com os ideais republicanos.
(D) as aspirações partidárias das camadas populares urbanas.
(A) positivismo e federalismo
(E) os ideais de liberdade da nobreza ligada ao imperador.
(B) liberalismo e evolucionismo
(C) socialismo e positivismo
08. (Uel) Considere os seguintes itens: (D) centralismo e militarismo

I. decadência da aristocracia tradicional;


11. (Mackenzie) Segundo o historiador Boris Fausto, o fim do regime monárquico resultou de uma
II. aspirações das diferentes camadas sociais que exigiam mudanças significativas;
série de fatores de diferentes relevâncias, destacando-se:
III. instituição do padroado e do beneplácito, que agradou aos diversos setores do clero;
IV. falta de consciência política do exército que se transformou em aliado do imperador;
(A) unicamente o xenofobismo despertado pelo Conde d'Eu, nos meios nacionalistas.
V. aparecimento de uma aristocracia cafeeira mais dinâmica, moderna, rica e poderosa.
(B) a disputa entre a Igreja e o Estado, sem dúvida, o fator prioritário na queda do regime.
(C) a maior força política da época: os barões fluminenses, defensores da Abolição.
A crise do Império se deve a uma série de fatores que, interagindo, levaram à mudança do regime.
(D) a aliança entre exército e burguesia cafeeira que, além da derrubada da monarquia,
constituíram uma base social estável para o novo regime.
Assinale a alternativa que reúne corretamente esses fatores:
(E) a doutrina positivista, defendida pelas elites e que se opunha a um executivo forte e
reformista.
(A) I, II e V
(B) I, III e IV
(C) I, III e V 12. (Puccamp) Considere os itens a seguir:
(D) II, III e IV
(E) II, IV e V I. abolição do tráfico como golpe à hegemonia dos "senhores de engenho" e dos "barões do
café".
II. apoio da pequena burguesia urbana à escravidão e à monarquia.
III. término da Guerra do Paraguai e a ampliação e reorganização do Exército.
IV. aliança entre a monarquia e a Igreja.
V. oposição dos cafeicultores paulistas ao centralismo e a defesa do federalismo.
09. (Uel) "A autonomia das províncias é para nós mais que um interesse imposto pela solidariedade
O período compreendido entre 1870 e 1889 assinala, no Brasil, o "declínio" do Império. Os fatores,
dos direitos e das relações provinciais, é um princípio cardeal e solene que inscrevemos na
dentre outros, responsáveis por esse declínio podem ser identificados em APENAS:
nossa bandeira."

(A) I, II e IV
O texto identifica um dos princípios que norteou, no Brasil:
(B) I, III e IV
(C) I, III e V

240 Tópico 2.12 – Política externa – as questões platinas e a Guerra do Paraguai | Curso Preparatório Cidade
(D) II, III e V (B) o Brasil e a Argentina romperam a aliança durante essa guerra, o que possibilitou não só
(E) II, IV e V o fortalecimento militar e político paraguaio mas também o retardamento do final do
conflito.
(C) o Brasil entrou nessa guerra motivado por interesses relacionados à definição das
13. (Mackenzie) Guerra do Paraguai, modernização e politização do exército e queda da Monarquia
fronteiras e à garantia de livre navegação pelo Rio Paraguai, principal via de acesso ao
são fatos diretamente relacionados, já que:
Mato Grosso.
(D) o Exército Brasileiro, apesar da vitória, se enfraqueceu após essa guerra, em razão do
(A) o exército identificava-se com o elitismo do governo imperial, enquanto a marinha
elevado número de baixas e das dificuldades políticas e militares em colocar um ponto
compunha-se basicamente de classes populares e médias, contrárias à monarquia.
final no conflito.
(B) vitorioso na guerra, o exército adquiriu consciência política, transformando-se num
instrumento de defesa da abolição e do republicanismo.
(C) a derrota na guerra e o endividamento do país fortaleceram a oposição militar ao regime 16. (Pucmg) Durante o Segundo Reinado, as relações entre o Brasil e seus vizinhos da região
imperial. platina tornaram-se tensas a ponto de desembocar em várias intervenções militares. As
(D) embora sem vínculos com ideias positivistas, o exército aproximou-se dos republicanos autoridades brasileira tinham muitos interesses na região, entre os quais é possível listar,
radicais. EXCETO:
(E) para combater os interesses das camadas médias que apoiavam o governo monárquico, o
exército desfechou o golpe de 15 de novembro. (A) Evitar a concretização das ambições argentinas de anexar o Uruguai, dilatando suas
fronteiras.
(B) Assegurar a liberdade de navegação pelo rio da Prata, único caminho para o Mato Grosso.
14. (Uel) Em relação às consequências da Guerra do Paraguai, no Brasil, pode-se afirmar que:
(C) Desestruturar a criação de gado argentino, ampliando o mercado para o charque gaúcho.
(D) Impedir que os uruguaios invadissem as fronteiras brasileiras e atacassem as fazendas
(A) o declínio da monarquia foi concomitante à guerra e as críticas atingiram seu ponto vital:
gaúchas.
a escravidão. Foi através dessa brecha, que os ideais republicanos se propagam.
(B) o território foi devastado e a população gravemente afetada pelas mortes, o que retardou
o desenvolvimento econômico do país. 17. (Ufrn) Uma parcela dos republicanos brasileiros, no final do século XIX, era influenciada pela
(C) a abertura do mercado externo paraguaio, resultante da derrota na Guerra, trouxe filosofia de Auguste Comte.
grandes benefícios à expansão da economia cafeeira no país.
(D) ao favorecer o desenvolvimento do setor naval contribuiu para a reorganização da Esses REPUBLICANOS POSITIVISTAS:
marinha que, após a guerra, colocou-se contra a monarquia.
(E) a participação das camadas mais pobres da população na guerra respondeu pela sua (A) difundiam o lema do Positivismo, "Somos da América e queremos ser americanos",
integração nas decisões políticas após a proclamação da República. contribuindo para integrar o país no universo republicano.
(B) baseavam-se na ideologia do Positivismo, que pregava uma aliança das camadas
populares com os intelectuais, sob a inspiração da fé cristã.
(C) encaravam positivamente a aliança entre o Estado e a Igreja, uma vez que esta ajudaria
15. (Ufmg) Considerando-se os fatos relacionados à Guerra do Paraguai (1864-1870), é CORRETO a evitar as convulsões sociais que as elites tanto temiam.
afirmar que: (D) defendiam que a Monarquia seria superada pelo "estágio positivo da história da
humanidade", representado, de modo especial, pela República.
(A) a Tríplice Aliança agiu sob a ingerência dos Estados Unidos, que pretendiam, após o
término da Guerra Civil, ampliar o comércio de seus produtos nos países da Região
18. (Ufes) A Guerra do Paraguai, considerada o maior conflito armado da história da América do
Platina.
Sul, além de provocar a morte de inúmeros paraguaios, brasileiros, argentinos e uruguaios, foi

Curso Preparatório Cidade | Tópico 2.12 – Política externa – as questões platinas e a Guerra do Paraguai 241
a causa do desequilíbrio econômico e do aumento substancial das dívidas externas dos países
envolvidos no conflito. Apesar disso, a guerra foi um "bom negócio" para: (A) opôs Argentina e Uruguai ao Paraguai de Solano López; o Brasil apoiou o governo
paraguaio, que conseguiu, apesar da grande perda de soldados, vencer o conflito.
(A) os paraguaios, que conquistaram territórios estratégicos para seu desenvolvimento na (B) iniciou-se após desentendimentos militares e diplomáticos na região do Prata; o Brasil, em
Bacia do Prata. aliança com a Argentina, lutou contra o Uruguai, que foi incorporado ao território
(B) os argentinos, que conquistaram vastas porções do território paraguaio e anexaram áreas brasileiro após o conflito.
do Rio Grande do Sul. (C) foi marcada pela extrema violência e destruiu economicamente o Paraguai; o Brasil, por
(C) os norte-americanos, que aumentaram a sua exportação de açúcar e trigo para o Uruguai meio da guerra, organizou-se militarmente e ampliou sua interferência política na região
e para o Brasil. do Prata.
(D) os brasileiros, que não tiveram grandes prejuízos com a guerra e conquistaram parte do (D) terminou com a derrota do Paraguai para a Tríplice Aliança (Argentina, Brasil e Uruguai);
território argentino e paraguaio. o Brasil auxiliou, após o conflito, a recuperação do Paraguai por meio da realização de
(E) os ingleses, que emprestaram milhões de libras para os países da Tríplice Aliança, com obras conjuntas entre os países.
juros altos, através de seus bancos. (E) trouxe o fim da ditadura do paraguaio Solano López e a incorporação do Paraguai à
América Unida idealizada por Simón Bolívar; o Brasil, por seu papel na guerra, tornou-se
aliado militar constante da Argentina.
19. (Ufv) O trecho a seguir foi reproduzido pela revista "Veja" em sua edição de 30.08.2000, numa
reportagem sobre a edição no Brasil de parte da obra do escritor português Eça de Queiroz.
EXERCÍCIOS DE PROVA
“Falemos da mala deste príncipe ilustre! Ela deixa na Europa uma lenda soberba. Durante meses,
viu-o o Velho Mundo sulcar os mares, atravessar as capitais, medir os monumentos, costear os
montes, visitar os Reis, ensinar os sábios - com sua mala na mão! Que continha ela? Tal se nos 01. (EsFCEx - 2001) O Brasil enfrentou algumas “Questões de Limites”, inclusive em sua fase
afigura a verdade - a mala não guardava nada! A mala era uma insígnia. Como a coroa é o sinal de Republicana, como foi o caso de Palmas e do Acre. Elas foram solucionadas na:
sua realeza no Brasil, a mala era o sinal da sua democracia na Europa. A mala formava o seu cetro
de viagem - como o perpétuo chapéu baixo constitui a sua coroa de caminho de ferro.” (A) Era Getuliana
(B) Redemocratização do Brasil
Nesse trecho o escritor lusitano destila uma crítica mordaz ao Imperador Dom Pedro II em viagem (C) Nova República
pela Europa em 1872. As críticas contra Dom Pedro II podem ser interpretadas como um reflexo da (D) Época do Tenentismo
política externa brasileira, principalmente em relação ao Velho Mundo e à Guerra do Paraguai, (E) República Velha
terminada em 1870.

Assinale a alternativa que NÃO expressa um dos motivos que provocaram a Guerra do Paraguai: 02. (EsFCEx - 2001) TEXTO

“... seus jovens oficiais apresentavam-se mais cultos nas doutrinas filosóficas de Comte do que na
(A) Expansionismo territorial paraguaio.
estratégia e balística, por isto apaixonavam-se cada vez mais, freqüentando clubes e discutindo
(B) Imposição por parte do Brasil de um controle rigoroso à navegação na bacia do rio da
política. Isto nada mais era do que reflexo da política governamental, que amava o soldado na
Prata.
guerra, mas o desprezava na paz. Por isso, ... o exército ficara reduzido a uma tropa mal
(C) Apoio do Brasil aos "colorados" no Uruguai.
organizada e mal paga, ... “O erro dos nossos estadistas era de pensar que, quanto mais se tira a
(D) Violações de fronteira na região Sul do País.
um Exército a sua eficiência militar, mais inofensivo se torna ele para a ordem interna. Ora, o
(E) Apreensão brasileira em relação a uma possível união dos países platinos.
contrário é que se dá. Um Exército poderoso e bem disciplinado, voltado, diariamente, para as
ocupações da caserna ou do acampamento, bem armado, bem nutrido, bem equipado; um Exército
20. (Pucsp) A Guerra do Paraguai (1864-1870):

242 Tópico 2.12 – Política externa – as questões platinas e a Guerra do Paraguai | Curso Preparatório Cidade
em tais condições torna-se, mui dificilmente, um instrumento para a guerra civil e muito menos
uma arma de exploração nas mãos malandras dos políticos profissionais”.”
05. (EsFCEx - 2004) Sobre a questão militar, um militar e senador pelo partido liberal declarou:
(In: Therezinha de Castro – História da Civilização Brasileira – Vol. II – República – págs. 327 e 328 – Ed. Record – Rio “não temos Exército e a sua disciplina é péssima”. Foi ele:
de Janeiro/São Paulo.)
(A) Benjamim Constant.
A situação descrita no texto IX retrata o tratamento recebido pelos militares quando do período (B) Visconde de Pelotas.
imediatamente anterior a: (C) Visconde de Maracaju.
(D) Visconde de Ouro Preto.
(A) Revolução de 31 de março de 1964, após o Ato Adicional de 1961. (E) Floriano Peixoto.
(B) Crise de 1954 que levou Vargas ao suicídio, após o governo de Dutra.
(C) Redemocratização do Brasil em 1946, após a Segunda Guerra Mundial.
(D) Revolução de 1930, após o levante do Forte Copacabana. 06. (EsFCEx - 2006) A consolidação do Império no Brasil exigia ações no âmbito das relações
(E) Proclamação da República, após a Guerra do Paraguai. internacionais visando à afirmação dos interesses nacionais. Analise as proposições abaixo e, a
seguir, assinale a alternativa correta.

03. ( EsFCEx - 2001) Sobre a Questão Militar, analise as afirmativas abaixo: I. A Questão Christie, detonada a partir de incidentes entre Brasil e Inglaterra, gerou o
rompimento das relações diplomáticas entre estes dois países de 1863 a 1865, e teve em
I. A oficialidade do Exército Brasileiro era a mais representativa da classe média. seu desfecho a afirmação da hegemonia inglesa quando, por meio de arbitramento
II. A única motivação deste movimento foi a reforma do Montepio militar. internacional, o Brasil foi obrigado a apresenta desculpas oficiais à Inglaterra.
III. O Exército Brasileiro estava ligado às classes conservadoras. II. Os interesses na região platina levaram o Brasil a participar da guerra contra Oribe e Rosas.
IV. Os militares jamais pleitearam a anulação das punições decorrentes desta questão. O primeiro, presidente do Uruguai e líder do Partido Blanco e o segundo, presidente da
Argentina, que apoiava o presidente uruguaio visando a defesa da autonomia econômica e
Com base na análise, assinale a alternativa correta. política do Uruguai.
III. Entre as consequências da Guerra do Paraguai, podese destacar o fortalecimento da
(A) Somente I está correta. identidade nacional. Ao mesmo tempo, a guerra significou a consolidação do Exército
(B) Somente II e IV estão corretas. brasileiro como uma importante instituição do Império, passando a exigir uma participação
(C) Somente III e IV estão corretas. mais ativa na política imperial, o que não era bem visto pela elite política tradicional.
(D) Somente I, II e III estão corretas.
(E) Todas estão corretas. (A) Somente a I está correta.
(B) Somente a I e a II estão corretas
04. (EsFCEx - 2001) Sobre a política externa brasileira desenvolvida durante o Segundo Reinado, (C) Somente a II e a III estão corretas.
assinale a alternativa correta. (D) Somente a III está correta
(E) Todas estão corretas.
(A) A Inglaterra sempre foi nossa tradicional aliada e com ela jamais tivemos pendências
nesse período. 07. (EsFCEx - 2007) As causa e interpretações da guerra do paraguai ainda hoje são debatidas
(B) Na Guerra do Paraguai, perdemos a Dezembrada mas ganhamos a Campanha das entre os historiadores. Analise as proposições abaixo e, a seguir, assinale a alternativa correta.
Cordilheiras.
(C) Após a Independência da Cisplatina não tivemos mais problemas na Região do Prata. I. As origens do conflito estão ligadas à consolidação dos Estados Nacionais na Região do
(D) A Guerra da Tríplice Aliança foi a mais longa e intensa campanha militar do Brasil. Prata.
(E) A Missão Saraiva foi coroada de êxito no exterior.

Curso Preparatório Cidade | Tópico 2.12 – Política externa – as questões platinas e a Guerra do Paraguai 243
II. A preocupação do Império Brasileiro em evitar a formação de uma grande nação platina se 09. (EsFCEx - 2010) Analise as afirmativas abaixo sobre as situações relacionadas às intervenções
revela desde 1816 , quando exército imperial ocupou a Banda Ocidental (atual Uruguai). brasileiras na Região do Rio da Prata no século XIX, colocando entre parênteses a letra "V",
III. O tratado da Tríplice Aliança, assinado em 1865 por representantes do Brasil, da Argentina quando se tratar de afirmativa verdadeira, ou a letra "'F" quando se tratar de alternativa falsa.
e do Uruguai, representava um acordo político econômico e militar contra o Paraguai. A seguir, assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.
IV. O conflito fortaleceu o Exercito Brasileiro e contribuiu para afirmar o sentimento de
identidade nacional, além de fortalecer a economia do Império e a figura do imperador. 1. ( ) Houve a preocupação da não formação de um estado rival poderoso nas fronteiras
brasileiras do sul e a garantia de acesso a algumas províncias, como a de Mato Grosso.
Escolher uma resposta. 2. ( ) O ideal de reconstrução da unidade platina encontrava na anexação do Uruguai (Província
Cisplatina) ao Brasil, um dos entraves para a sua consolidação, constituindo-se num dos pólos de
(A) Somente I e II está correta. rivalidade entre o Brasil e Argentina e culminando com a Independência do Uruguai em 1828.
(B) Somente I e III estão corretas. 3. ( ) No campo econômico, a disputa entre os criadores de gado gaúchos e os proprietários
(C) Somente II e IV está correta. Blancos fomentava a aliança do Império brasileiro com os colorados e a oposição à Rosas,
(D) Somente III e IV estão corretas. presidente argentino.
(E) Todas as afirmativas estão corretas. 4. ( ) A expansão econômica paraguaia e o fortalecimento de uma certa autonomia
internacional daquele pais ampliou a inserção britânica no comércio da região, a qual foi favorecida
pelo alto poder aquisitivo das populações daquela região.
08. (EsFCEx - 2009) Analise as afirmativas abaixo que se referem à Guerra do Paraguai, colocando
5. ( ) O fortalecimento do Exército Brasileiro durante as incursões à Região do Prata e,
entre parênteses a letra “V”, quando se tratar de afirmativa verdadeira, e a letra “F” quando se
sobretudo, durante a Guerra do Paraguai, garantiu àquela instituição um caráter desestabilizador
tratar de afirmativa falsa. A seguir, assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.
do poder monárquico, haja vista a imposição de importantes ideias ao cenário político da crise
imperial.
1. ( ) A proibição da navegação brasileira em águas paraguaias e a invasão do território do
Mato Grosso pelas tropas de Solano López foram o estopim deflagrador do conflito.
Escolher uma resposta.
2. ( ) A assinatura do Tratado da Tríplice Aliança, em 1865, representou uma derrota
diplomática para o Paraguai, que contava com a neutralidade do governo argentino e com o apoio
(A) F–F–V–V–F
da população de Corrientes, província invadida naquele mesmo ano.
(B) V–V–F–F–V
3. ( ) O recrutamento de combatentes para a guerra contava, entre outros meios, com a
(C) V–F–F–F–F
arregimentação de escravos que buscavam a alforria prometida pelo governo do Brasil, como
(D) F–V–V–V–V
recompensa pela luta nos campos de batalha.
(E) V–V–V–F–V
4. ( ) A derrota paraguaia no conflito deveu-se, principalmente, ao despreparo do exército
paraguaio e à deficiência da economia daquele país, altamente dependente do capital estrangeiro,
sobretudo, da Inglaterra.
5. ( ) No que se refere ao Brasil, a vitória da Tríplice Aliança fortaleceu o Exército e o
sentimento de identidade nacional e, consequentemente, a figura do imperador D. Pedro II e da
política imperial.

(A) V–V–F–F–V
(B) F–V–V–F–V
(C) F–F–V–V–F
(D) V–V–V–F–F
(E) V–F–V–F–F

244 Tópico 2.12 – Política externa – as questões platinas e a Guerra do Paraguai | Curso Preparatório Cidade
Tópico 2.13 – O movimento republicano Sobre o assunto leia o texto a seguir. Bons estudos!

Comentário

O MOVIMENTO REPUBLICANO
Caro estudante. Continuemos os estudos. Neste tópico vamos estudar o processo de
instauração do governo republicano no Brasil.
A Queda da Monarquia
Podemos identificar cinco fatores para facilitar o estudo deste tópico:
A crise do Império foi resultado das transformações processadas na economia e na sociedade, a
- Questão Religiosa partir do século XIX, que, somando-se, conduziram importantes setores da sociedade à uma
conclusão: a Monarquia precisava ser superada para dar lugar a um outro regime político mais
Os constantes atritos do Estado brasileiro com integrantes da Igreja Católica do Brasil
adaptado às necessidades da época. A crise do Império foi marcada por uma série de questões que
desgastou a relação entre as instituições. Além do mais a separação das instituições
desembocaram na Proclamação da República.
era bem vista pelos diferentes setores republicanos. O Estado brasileiro tornou-se laico
após 1889. Além disto, houve a questão religiosa, esta provocada pela recusa dos bispos Dom Antônio de
Macedo Costa e D. Frei Vital em aceitar as interferências do governo influenciado pela maçonaria
- Questão Militar
na nomeação de diretores de ordens terceiras e irmandades.
O Exército do Brasil voltou da guerra exigindo maior participação na vida política do
Em seguida, a questão militar causada por atritos entre os militares e o império. Os profissionais
país. A influência do Positivismo francês entre a oficialidade do Exército do Brasil foi
das armas queriam uma maior autonomia nos assuntos políticos da nação, e o império punia as
marcante a partir do fim do conflito.
manifestações quaisquer que fossem.
- Ascensão Paulista
Os republicanos cresciam em poder e influência, a opinião pública já vislumbrava com bons olhos
A formação do Partido Republicano Paulista demonstrou que importantes setores da um Brasil sem imperador. O tenente-coronel Benjamin Constant na Escola Militar pregava o
vida econômica do país estavam insatisfeitos e viam na criação de uma república positivismo e a república.
inspirada no modelo estadunidense a solução para os seus interesses. Com o apoio dos
Em 1873, aconteceu um Congresso Republicano em São Paulo, neste, houve a confecção e a
mineiros foram vitoriosos na Assembleia Constituinte da Primeira República, em 1891.
aprovação de um projeto de constituição. O regime monárquico estava acabando, os ventos
- Questão Abolicionista republicanos já sopravam no horizonte. Com o agravamento da questão militar, o gabinete de Ouro
Preto iniciou sua queda.
A Lei Áurea decretada em 1888 e a criação do governo republicano provisório no ano
seguinte possuem relação direta. Setores escravocratas foram o último sustentáculo da É exagero supor que a Questão Religiosa que indispôs momentaneamente
monarquia brasileira. o Trono com a Igreja foi dos fatores primordiais na proclamação da
República. Para que isso acontecesse era preciso que a nação fosse
- Questão Sucessória profundamente clerical, a monarquia se configurasse como inimiga da
Igreja e a República significasse maior força e prestígio para o clero. De
Na hipótese de um Terceiro Reinado no Brasil o país poderia ser governado pelo duas uma, ou a nação estava a favor dos bispos e contra D. Pedro, e então
impopular Conde D’Eu, marido da princesa Isabel. Essa ideia era mal vista pela maior a perspectiva de substituição do imperador pela princesa seria vista com
parte dos brasileiros. bons olhos em virtude de suas conhecidas ligações com a Igreja; ou a
nação era pouco simpática aos bispos, e, nesse caso, ser solidarizaria com

Curso Preparatório Cidade | Tópico 2.13 – O movimento republicano 245


a Monarquia e a Questão Religiosa não poderia contribuir de modo trata do positivismo ortodoxo, pois mesmo Benjamin Constant,
preponderante para a queda da Monarquia. Quando muito, revelando o considerado um dos principais representantes do pensamento positivista
conflito entre o Poder Civil e o Poder Religioso, contribuiria para no Exército, não poder ser considerado um positivista ortodoxo, O fato de
aumentar o número dos que advogavam a necessidade de separação da o “Apostolado” ter um pequeno número de inscritos não impediu,
Igreja do Estado e, assim, indiretamente, favoreceria o advento da entretanto, que as ideias positivistas exercessem uma poderosa influência
República, que tinha essa norma como objetivo. na sociedade.

COSTA,Emília Viotti da. Da monarquia à república: momentos decisivos. São Paulo: COSTA,Emília Viotti da. Da monarquia à república: momentos decisivos. São Paulo:
Unesp,2007, p. 458-459. Unesp,2007, p. 459-460.

A Questão Militar O fim do Império

Durante o Império havia sido aprovado o projeto Montepio, pelo qual as famílias dos militares Na Década de 1870 diversos republicanos adquiriram visibilidade, a partir da publicação do
mortos ou mutilados na Guerra do Paraguai recebiam uma pensão. A guerra terminara em 1870 e, Manifesto Republicano (1870), da Convenção de Itú (1873), e da militância dos Clubes
em 1883 o montepio ainda não estava pago. Os militares encarregaram então o tenente-coronel Republicanos, que se multiplicam a partir de então. Fortemente influenciados pelo Positivismo
Sena Madureira de defender os seus direitos. Este, depois de se pronunciar pela imprensa, (Benjamin Constant), as suas ideias eram veiculadas pelo periódico A República. As propostas
atacando o projeto Montepio, foi punido. A partir de então, os militares ficaram proibidos de dar giravam em torno de duas teses: a evolucionista (que admitia que a proclamação era inevitável,
declarações à imprensa sem prévia autorização imperial. não justificando uma luta armada) e a revolucionista, que defendia a possibilidade de que se
pegasse em armas para conquistar a República.
O descaso que alguns políticos e ministros conservadores tinham pelo Exército levava-os a punir
elevados oficiais, por motivos qualificados como indisciplina militar. As punições disciplinares Outros republicanos de destaque são Aristides Lobo, Saldanha Marinho, Quintino Bocaiuva.
conferidas ao tenente-coronel Sena Madureira e ao coronel Ernesto Augusto da Cunha Matos,
provocou revolta em importantes chefes de Exército, como o Marechal Deodoro da Fonseca. Toda O movimento pró-República no Brasil tomava proporções irreversíveis, mas para que a alteração na
essa crise somara-se ao fato do Exército ter retornado da Guerra do Paraguai com um profundo forma de governo se desse de forma democrática, seria necessária uma Assembleia Geral
desejo de se institucionalizar.A guerra consolidou um ideal salvacionista do país, por parte dos majoritariamente republicana, o que parecia distante de ocorrer, pois a população não se mostrava
militares. As influências republicanas entre os mesmos, seria, nesse sentido, o elemento ideológico simpática à derrocada da monarquia.
pelo qual setores, no interior das forças armadas, utilizariam para se opor à monarquia.
O governo imperial, através do Gabinete do Visconde de Ouro Preto, percebendo a difícil situação
Segundo a historiadora Emília Viotti da Costa: política em que se encontrava, apresentou à Câmara dos Deputados, numa última tentativa de
salvar o Império, um programa de reformas políticas, do qual constavam:
A ideia de que os militares cabia a salvação da pátria generalizar-se no
Exército a partir da Guerra do Paraguai, à medida que o Exército se • A autonomia para as províncias;
institucionalizava. É claro que os militares estiveram em todos os tempos
divididos entre várias opções e seria um grande equívoco imaginá-los • A liberdade de voto;
como um todo. A ideia republicana contava, ao que parece, maior número
• O mandato temporário para os Senadores;
de adesões entre os oficiais de patentes inferiores e alunos da Escola
Militar, enquanto a Monarquia tinha o apoio dos escalões superiores (...) A
• A liberdade de ensino e seu aperfeiçoamento;
infiltração do pensamento positivista nos meios militares explica, em
parte, a sua adesão à República. É preciso lembrar, entretanto que não se • A liberdade religiosa.

246 Tópico 2.13 – O movimento republicano | Curso Preparatório Cidade


O Governo Imperial, percebendo, embora tardiamente, a difícil situação em que se encontrava com À noite, na Câmara Municipal do Município Neutro, José do Patrocínio redige a proclamação oficial
o isolamento da Monarquia, apresentou à Câmara dos Deputados um programa de reformas da República dos Estados Unidos do Brasil, aprovada sem votação. O texto vai para as gráficas de
políticas, do qual constavam: liberdade de fé religiosa; liberdade de ensino e seu aperfeiçoamento; jornais que apoiavam a causa e só no dia seguinte (16 de novembro) anuncia-se ao povo a
autonomia das Províncias; mandato temporário dos senadores. mudança de regime. O Imperador e a Família Imperial recebem ordem de banimento e são
embarcados à força do Paço para o exílio.
Deodoro da Fonseca
Vale ressaltar que a Proclamação da República Brasileira, foi essencialmente um movimento de
No Paço, o presidente do gabinete (primeiro-ministro), Visconde de Ouro Preto, pede ao elite, sem nenhuma participação popular, sendo estes considerados "bestializados" do fato que o
comandante do destacamento local, General Floriano Peixoto, que prenda os amotinados. Floriano país enfrentava, nas palavras de Aristides Lobo em artigo de primeira página publicado no Diário
se recusa e dá voz de prisão ao chefe-de-governo. Popular de São Paulo no dia 17 de novembro de 1889.

O Imperador, que estava em Petrópolis, é informado e decide descer para a Corte. Ao saber do
golpe, reconhece a queda do governo e procura anunciar um novo nome para substituir Ouro EXERCÍCIOS
Preto. No entanto, como nada fora dito sobre república até então, os republicanos mais exaltados,
Benjamin Constant à frente, espalham o boato de que o Imperador escolherá Gaspar Silveira
01. (Ufpe) Uma análise das relações sociais de poder no Brasil Império mostra mudanças
Martins, inimigo político de Deodoro desde os tempos do Rio Grande do Sul, para ser novo chefe
importantes com relação ao período colonial. Na época do Império, a sociedade brasileira:
de governo. Com este engodo, Deodoro é convencido a aderir à causa republicana. O Imperador é
informado disso e, desiludido, decide não oferecer resistência.
(A) tornou-se mais democrática, com o declínio acentuado da escravidão depois de 1840, e
Figura 47: “Derrubado do trono”. com a vinda de imigrantes europeus que traziam ideias modernizadoras.
(B) manteve a escravidão como fonte de produção de riqueza, embora restrita à cultura do
café, no oeste paulista e no interior do Rio de Janeiro.
(C) conseguiu livrar-se das influências européias, afirmando uma matriz, respeitando as
tradições seculares de sua história.
(D) permaneceu marcada pelo escravismo, embora já houvesse mudanças de muitos hábitos,
por influência da modernização de alguns setores.
(E) conviveu com rebeliões políticas freqüentes, lideradas pelos liberais radicais e movidas por
ideias abolicionistas e republicanas.

02. (Fuvest) No século XIX, a imigração européia para o Brasil foi um processo ligado:

(A) a uma política oficial e deliberada de povoamento, desejosa de fixar contingentes brancos
em áreas estratégicas e atender grupos de proprietários na obtenção de mão-de-obra.
(B) a uma política organizada pelos abolicionistas para substituir paulatinamente a mão-de-
obra escrava das regiões cafeeiras e evitar a escravização em novas áreas de
povoamento no sul do país.
(C) às políticas militares, estabelecidas desde D. João VI, para a ocupação das fronteiras do
sul e para a constituição de propriedades de criação de gado destinadas à exportação de
charque.
Charge de Agostini.

Curso Preparatório Cidade | Tópico 2.13 – O movimento republicano 247


(D) à política do partido liberal para atrair novos grupos europeus para as áreas agrícolas e (D) êxodo de nordestinos em direção aos grandes centros urbanos.
implantar um meio alternativo de produção, baseado em minifúndios. (E) queda da produção cafeeira em consequência da crise de 29.
(E) à política oficial de povoamento baseada nos contratos de parceria como forma de
estabelecer mão-de-obra assalariada nas áreas de agricultura de subsistência e de
06. (G1) No Brasil do século XIX:
exportação.

I. O café, principal produto de exportação e base da economia nacional, foi também o


03. (Unesp) O Segundo Reinado, preso ao seu contexto histórico, não foi capaz de dar resposta às principal responsável pela modernização da sociedade brasileira no eixo RJ/SP.
novas exigências de mudanças. Quando se analisa a desagregação da ordem monárquica II. Foi na lavoura cafeeira que se introduziu o trabalho livre com a vinda de imigrantes
imperial brasileira, percebe-se que ela se relacionou principalmente com a: europeus, acelerando o fim da escravidão no Brasil.
III. A Lei Áurea libertou o negro da escravidão e dos problemas econômicos e sociais, impondo
(A) estrutura federativa vigente e a conspiração tutelada pelo exército. mecanismos de integração profissional a esses trabalhadores.
(B) bandeira do socialismo levantada pelos positivistas.
(C) eliminação da discriminação entre brancos e negros. As afirmativas corretas são:
(D) forte diferenciação ideológica entre os partidos políticos.
(E) abolição da escravidão e o desinteresse das elites agrárias com a sorte do Trono. (A) somente a I;
(B) somente a III;
(C) I e II;
04. (Cesgranrio) A Proclamação da República, em 1889, está ligada a um conjunto de
(D) II e III;
transformações econômicas, sociais e políticas ocorridas no Brasil, a partir de 1870, dentre as
(E) I e III.
quais se inclui:

(A) a universalização do voto com a reforma eleitoral de 1881, efetivada pelo Partido Liberal. 07. (Mackenzie) "Aqueles que estão bem na Itália, como vocês meus filhos, não devem deixá-la,
(B) o desenvolvimento industrial do Rio de Janeiro e de São Paulo, criando uma classe digo-lhes isto como pai (...) não acreditem naqueles que falam bem da América (...) é
operária combativa. preferível estar numa prisão na Itália do que numa fazenda aqui."
(C) a progressiva substituição do trabalho escravo, culminando com a Abolição em 1888.
(D) a concessão de autonomia provincial, que enfraqueceu o governo imperial. (Zuleika Alvim, BRAVA GENTE)

(E) o enfraquecimento do Exército, após as dificuldades e os insucessos durante a Guerra do


O trecho da carta de um imigrante revela como era difícil "fazer a América" no Brasil, porque:
Paraguai.

(A) com o declínio da produção cafeeira, o imigrante desempregado vivia em péssima


05. (Fei) "Na historiografia referente ao binômio abolicionismo-imigrantismo, a noção que assume o situação social.
Oeste paulista é de importância capital. A designação de Oeste, quando se trata dessa etapa (B) dívidas, maus-tratos, isolamento e a Lei de Terras tornaram quase impossível o acesso à
histórica da cafeicultura, tem como referência notória o Vale do Paraíba." terra e prosperidade.
(C) o choque cultural e dificuldades climáticas inviabilizaram a imigração.
(Beiguelman, Paula, A CRISE DO ESCRAVISMO E A GRANDE IMIGRAÇÃO). (D) a falta de uma experiência capitalista anterior pelos imigrantes impedia a formação de
uma poupança.
O texto acima refere-se a:
(E) a propaganda feita pelo governo e agenciadores era correta e cumpria as promessas
feitas, mas a qualidade da mão-de-obra era precária.
(A) questão da mão-de-obra na cafeicultura.
(B) queda do regime monárquico.
(C) oposição casa-grande e senzala.

248 Tópico 2.13 – O movimento republicano | Curso Preparatório Cidade


08. (Unirio) A imigração para o Brasil de expressivos contingentes de europeus, na segunda 10. (Unesp) Leia os versos seguintes.
metade do século XIX, pode ser associada à:
"Itália bela, mostre-se gentil
(A) ampliação da força de trabalho artesanal nas cidades para atender à produção de e os filhos não a abandonarão
exportação. senão vamos todos para o Brasil,
(B) introdução do sistema de parceria na produção de café, garantindo a continuidade da e não se lembrarão de retornar.
produção do Vale do Paraíba. Aqui mesmo ter-se-ia no que trabalhar
(C) substituição do trabalho escravo na lavoura, o qual entrou em declínio a partir da Sem ser preciso para a América emigrar.
proibição do tráfico.
(D) Lei Áurea, que, ao abolir a escravidão, permitiu a introdução de trabalhadores livres no O século presente já nos deixa.
país. o mil e novecentos se aproxima.
(E) valorização do trabalho agrícola, impedindo o desenvolvimento do setor industrial. A fome está estampada em nossa cara
e para curá-la remédio não há
A todo momento se ouve dizer:
09. (Pucpr) Durante o segundo Reinado (1840-1889) ocorreu a transição do trabalhado escravo
eu vou lá, onde existe a colheita do café."
negro nos cafezais paulistas para a mão-de-obra do imigrante europeu, que inicialmente
formou o sistema de parceria. (Canção "Italia bella, mostrati gentile". Apud Zuleika M. F. Alvim. Brava gente!)

Sobre o tema é correto afirmar: Os versos fazem parte de um contexto no qual:

I. A origem do sistema ocorreu com o Senador Vergueiro, que mandou trazer 80 famílias (A) os italianos emigravam para o Brasil em decorrência de acordos entre os dois países,
alemãs para sua fazenda em Ibicaba. envolvendo contratos de trabalhos sazonais para a colheita do café.
II. Em decorrência da exploração dos imigrantes alemães, a Prússia e depois o Império Alemão (B) a imigração italiana foi favorecida pela promulgação da Lei de Terras brasileira de 1850
proibiram a vinda de novos imigrantes, fazendo-o o Segundo Reich pelo "Rescrito de que fornecia créditos para compra de lotes para produção de café.
Heydt". (C) as condições econômicas da Itália favoreciam a emigração para as regiões cafeeiras em
III. A denúncia dos maus tratos aos imigrantes alemães e da redução dos mesmos a um regime expansão após a abolição da escravidão no Brasil.
de semi-escravidão foi feita principalmente pela obra "Memórias de um Colono no Brasil", (D) a industrialização na Itália conduzia o país a uma política internacional de acordos com o
do suíço Thomaz Davatz. Brasil para que os italianos se tornassem cafeicultores.
(E) a emigração italiana para o Brasil tendia a crescer devido às propagandas dos grupos
Está correta ou estão corretas: pacifistas realizadas durante as guerras de unificação da Itália.

(A) I, II e III.
11. (G1) Os conflitos envolvendo Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai no século XIX, tinham como
(B) Apenas II e III.
causa principal:
(C) Apenas I e II.
(D) Apenas I.
(A) disputas pelo controle da bacia do Rio da Prata;
(E) Apenas I e III.
(B) a disputa pela indústria paraguaia;
(C) as disputas entre liberais e conservadores;
(D) a abolição da escravidão;
(E) estabelecer os limites territoriais, respeitando o Tratado de Madri.

Curso Preparatório Cidade | Tópico 2.13 – O movimento republicano 249


12. (Mackenzie) A abolição do tráfico escravo, por pressão inglesa em 1850, resultou em várias (E) todas as alternativas estão corretas.
alterações no quadro da economia imperial, EXCETO:

14. (Mackenzie) Sobre o contexto histórico responsável pela proclamação da República NÃO se
(A) a transferência de capitais do tráfico para as atividades industriais.
inclui:
(B) a Lei de Terras, que dificultava o acesso à propriedade da terra para imigrantes pobres e
posseiros.
(A) a insatisfação dos setores escravocratas com o governo monárquico após a Lei Áurea.
(C) o desenvolvimento da imigração como alternativa de mão-de-obra.
(B) a ascensão do exército após a Guerra do Paraguai, passando a exigir um papel na vida
(D) o crescimento do tráfico escravo interno, largamente utilizado pelos fazendeiros do
política do país.
centro-sul.
(C) a perda de prestígio do governo imperial junto ao clero, após a questão religiosa.
(E) o acesso democrático às terras públicas, a redução das atividades econômicas e o
(D) a oposição de grupos médios urbanos e fazendeiros do oeste paulista, defensores de
retrocesso no processo de modernização do país.
maior autonomia administrativa.
(E) o alto grau de consciência e participação das massas urbanas em todo o processo da
13. (Puc-RJ) "A raça ariana, reunindo-se, aqui, a duas outras totalmente diversas, contribuiu para a proclamação da República.
formação de uma sub-raça mestiça e crioula, distinta da européia. Não vem ao caso discutir se
isto é um bem ou um mal; é um fato e basta."
15. (Cesgranrio) No período da chamada "crise do império", a partir de 1870, vários fatores
(Sílvio Romero, HISTÓRIA DA LITERATURA,) contribuíram para provocar a queda da monarquia, em 1889, dentre os quais se destaca o(a):

Nos anos que antecederam a abolição da escravidão no Brasil e nas décadas que a sucederam, (A) envolvimento continuado do Império em conflitos externos, principalmente na região
houve uma longa controvérsia, expressa em polêmicas, discursos e livros, acerca do caráter racial platina.
brasileiro. Acerca desta questão, analise as afirmativas a seguir: (B) conflito entre o Império e a Igreja, que era simpática às novas ideias filosóficas como o
positivismo.
I. As teses sobre a inferioridade da "raça africana", aliada ao sentimento da sua incapacidade (C) incompatibilidade de amplos setores do Exército com a monarquia.
para o trabalho livre e auto-estimulado, reforçaram a opção dos cafeicultores paulistas pela (D) expansão da lavoura cafeeira e da indústria, ampliando o uso da mão-de-obra escrava.
imigração européia. (E) posição contrária ao federalismo adotada pelos republicanos, o que lhes garantiu o apoio
II. O argumento de "que a raça chinesa abastarda e faz degenerar a nossa" objetivou impedir das oligarquias agrárias.
a imigração de chineses - os "coolies" - para substituir a mão de obra escrava.
III. Vários homens de ciência, após a Abolição, defenderam que somente a fusão dos grupos
16. (Uff) "A primeira geração de proletários brasileiros convivera, nas fábricas e nas cidades, com
étnicos poderia aprimorar o homem brasileiro, ao propiciar o seu branqueamento.
trabalhadores escravos durante várias décadas. Este fato caracteriza toda a fase inicial do
IV. Ao longo da década de 20, mas principalmente na seguinte, o homem nacional mestiço foi
processo de formação do proletariado como classe no Brasil."
valorizado, sendo inclusive o argumento para a lei da nacionalização do trabalho, de 1931,
obrigando todas as empresas urbanas a empregar, pelo menos, 2/3 de mão de obra (FOOT, F. & LEONARDI, V. "História da Indústria e do Trabalho no Brasil." SP, Global, 1992, p. 111).
nacional.
Assinale a opção que se refere incorretamente à questão focalizada pelo texto na segunda metade
Assinale a alternativa que contêm as afirmativas corretas: do século XIX.

(A) somente I, II e III. (A) Os trabalhadores nacionais, tidos como preguiçosos, deviam ser controlados pelo aparato
(B) somente I, III e IV. policial e judicial.
(C) somente II, III e IV. (B) O regime escravista propiciava a formação de ideologias que valorizavam o trabalho
(D) somente I, II e IV. manual, considerado honroso para o homem e fonte da riqueza nacional.

250 Tópico 2.13 – O movimento republicano | Curso Preparatório Cidade


(C) A política de repressão à vadiagem era direcionada, principalmente, ao liberto, a ser 19. (Enem) O texto abaixo foi extraído de uma crônica de Machado de Assis e refere-se ao trabalho
reeducado numa nova ética do trabalho. de um escravo.
(D) A imagem ideal do trabalhador era representada pelo estrangeiro, portador em potencial
da civilização e da modernização do país. "Um dia começou a guerra do Paraguai e durou cinco anos, João repicava e dobrava, dobrava e
(E) Dentre as primeiras categorias de proletários brasileiros, formados no século XIX, repicava pelos mortos e pelas vitórias. Quando se decretou o ventre livre dos escravos, João é que
encontravam-se os ferroviários, estivadores, portuários e têxteis. repicou. Quando se fez a abolição completa, quem repicou foi João. Um dia proclamou-se a
república. João repicou por ela, repicara pelo Império, se o Império retornasse."

17. (Uel) Após a fase do apogeu do Império por volta de 1850 - assinala-se no Brasil a partir de (MACHADO, Assis de "Crônica sobre a morte do escravo João", 1897)
1870, o começo da decadência do Regime Político Monárquico. Entre os fatores que
contribuíam para este declínio, citam-se o: A leitura do texto permite afirmar que o sineiro João:

(A) movimento abolicionista e as reformas políticas realizadas por D. Pedro II. (A) por ser escravo tocava os sinos, às escondidas, quando ocorriam fatos ligados à Abolição
(B) estabelecimento do sistema de parceria na produção agrária e as fugas constantes de (B) não poderia tocar os sinos pelo retorno do Império, visto que era escravo.
escravos, descapitalizando os proprietários. (C) tocou os sinos pela República, proclamada pelos abolicionistas que vieram libertá-lo.
(C) movimento emigratório e a greve dos operários. (D) tocava os sinos quando ocorriam fatos marcantes porque era costume fazê-lo.
(D) Regime do Padroado e a pressão dos jornalistas contra a situação dos trabalhadores (E) tocou os sinos pelo retorno do Império, comemorando a volta da Princesa Isabel.
rurais e urbanos.
(E) posicionamento político dos militares, após a Guerra do Paraguai e os movimentos 20. (Pucmg) A chamada "Questão Christie" teve origem a partir de dois incidentes de pouca
republicanos e abolicionistas. relevância, mas, no contexto das relações anglo-brasileiras na segunda metade do século XIX,
atingiram dimensões graves, tendo como consequências, EXCETO:
18. (Puc-rio) Sobre a religiosidade e a Igreja Católica no século XIX, no Brasil, é correto afirmar
que: (A) a afirmação da soberania brasileira reconhecida pela Grã-Bretanha.
(B) o rompimento das relações diplomáticas entre o Brasil e a Inglaterra.
(A) Segundo as leis do Império, ao Imperador cabia o direito do padroado, nomeando bispos (C) a promulgação do Bill Aberdeen por parte do parlamento britânico.
e outros titulares de cargos eclesiásticos no Brasil e, desta forma, subordinando a (D) o arbitramento do rei belga Leopoldo I favorável ao Brasil.
hierarquia da Igreja ao poder imperial.
(B) A Constituição de 1824 estabelecia a "Região Católica Apostólica Romana" como "Religião
EXERCÍCIOS DE PROVA
do Império", e, assim, proibia, terminantemente, o culto de todas as outras religiões.
(C) A quase totalidade da população brasileira era católica e utilizava o espaço das igrejas
para praticar a religião. O episódio de Canudos, ao final do século, representando um
01. (EsFCEx - 2002) Sobre o período republicano no Brasil existe uma carta de Aristides Lobo que
desvio nos cânones da Igreja pelos seguidores de Conselheiro, configurou uma exceção.
diz: “por hora a cor do governo é puramente militar e deverá ser assim. O fato foi deles, deles
(D) A união entre Igreja e Estado nem sempre se realizou de forma harmônica. A "Questão
só, por que a colaboração de elemento civil foi quase nula. O povo assistiu àquilo bestializado,
religiosa", em fins do Império, expressou a insatisfação de alguns bispos perante a
atônito, surpreso, sem conhecer o que significava”.
proibição do Imperador ao livre funcionamento das lojas maçônicas.
(E) Enquanto algumas ordens religiosas, como a dos beneditinos e a dos carmelitas, (Fonte: Sérgio Buarque de Holanda – Op.Cit.)
estabeleceram-se livremente, no Brasil, outras, como a dos jesuítas e a dos franciscanos
foram proibidas de construir igrejas e mosteiros. Nesta carta de Aristides Lobo refere-se a fase da História Republicana do Brasil conhecida como:

(A) República da Espada.


(B) República do Galeão.

Curso Preparatório Cidade | Tópico 2.13 – O movimento republicano 251


(C) República dos Coronéis.
(D) Revolução de 1930.
05. (EsFCEx – 2004) Numere a coluna da esquerda de conformidade com a da direita e
(E) Revolução de 1964.
posteriormente transfira a sequência encontrada com a opção correta:

02. (EsFCEx - 2002) 56. A carta pastoral coletiva do episcopado brasileiro, de março de 1890, 1ºs Ministros do governo provisório Pastas
deixou claro que os bispos: republicano
1. ( )Rui Barbosa 1. Ministro do Interior.
(A) Aprovaram a nomeação do sucessor dos bispos pelas autoridades civis, que se perenizou. 2. ( )Benjamin Constant 2. Ministro da Agricultura.
(B) Apoiavam os Ministros de Estado, que ordenavam aos bispos. 3. ( )Demétrio Ribeiro 3. Ministro da Justiça.
(C) Acatavam a aprovação por leigos dos compêndios de teologia, que era a prática. 4. ( )Campos Sales 4. Ministro da Guerra.
(D) Aprovaram o fim do padroado, que “era uma proteção que nos abafava”. 5. ( )Eduardo Wandenkolk 5. Ministro das Relações Exteriores.
(E) Aprovaram as ideias de separação entre a Igreja e o Estado, que a República introduziu. 6. Ministro da Fazenda.
7. Ministro da Marinha.
(A) 4;5;1;2;3.
03. (EsFCEx - 2003) Examine o texto abaixo: (B) 7;3;1;5;4.
(C) 6;4;2;3;7.
“..., Honrado por muitos com o título de Fundador de Nossa República, sabe-se que nunca votou,
(D) 7;3;2;5;6.
senão no último ano da monarquia. E isso mesmo, porque desejou servir a um amigo de família, o
(E) 6;5;1;2;4.
conselheiro Andrade Pinto, que se apresentava candidato à senatoria. Costuma dizer que tinha nojo
de nossa política. E um dos seus íntimos refere-nos, sobre sua atitude às vésperas de inaugurar-se
o novo regime, que naquele tempo, decerto, nem sequer lia os jornais, tal a aversão que lhe 06. (EsFCEx – 2004) No ano de 1889, em 7 de junho, a elite letrada e os políticos civis não tinham
inspirava nossa coisa pública”. certeza de conveniência da república. Um deles declarou: “Há uma razão para não ter chegado
ainda a hora da república; é que ainda não temos povo e as oligarquias republicanas em toda a
(IN: Raízes do Brasil – Sérgio Buarque de Holanda – Companhia das Letras, Pag 159 – SP – 2000). América têm mostrado ser um terrível impedimento à aparição política e social do povo”. Foi
ele:
O texto acima refere-se a:

(A) Rui Barbosa.


(A) Deodoro da Fonseca.
(B) Cézar Zama.
(B) Benjamin Constant.
(C) João Alfredo.
(C) Ruy Barbosa.
(D) Simplício Resende.
(D) Floriano Peixoto.
(E) Joaquim Nabuco.
(E) Saldanha da Gama.

07. (EsFCEx – 2004) Com relação a questão religiosa, ou questão epíscopo-maçonica, os bispos
04. (EsFCEx – 2003) 36. A corrente filosófica que fundamentou o Movimento Republicano no Brasil
rebeldes foram condenados pelo gabinete conservador do Visconde do Rio Branco e anistiados
foi o:
pelo gabinete conservador do:

(A) Materialismo Histórico de Marx.


(A) Marquês de Herval.
(B) Existencialismo de Sartre.
(B) Duque de Caxias.
(C) Anarquismo de Marcuse.
(C) Barão de Ladário.
(D) Positivismo de Comte.
(D) Visconde de Itaparica.
(E) Nominalismo de Occam.

252 Tópico 2.13 – O movimento republicano | Curso Preparatório Cidade


(E) Visconde de Pelotas. marque a única opção que contém somente atores sociais ou agentes políticos que
contribuíram para a proclamação da forma republicana de governo.

08. (EsFCEx - 2011) Analise as afirmativas sobre a passagem da monarquia para a república no
(A) Cafeicultores paulistas, abolicionistas em geral e núcleos positivistas.
Brasil e assinale a opção correta.
(B) Exército, cafeicultores paulistas e produtores de cana da Bahia.
(C) Exército, núcleos positivistas e cafeicultores de São Paulo.
I. Uma das importantes motivações para o advento da República no Brasil foi à perspectiva
(D) Comando da Guarda Nacional, milícias e cafeicultores do Rio de Janeiro.
federalista emanada de algumas províncias.
(E) Cafeicultores paulistas, cúpula da Marinha e núcleos positivistas do Exército
II. Apesar de dividido ideologicamente, o movimento republicano promoveu uma mudança
revolucionária quando da instauração da República no Brasil.
III. Pode-se afirmar que a Monarquia foi superada, em grande medida, pela ação unificada do
Exército e da Marinha em apoio às camadas agrárias cafeeiras.

(A) somente I é verdadeira


(B) somente II é verdadeira
(C) somente III é verdadeira
(D) somente I e III são verdadeiras
(E) somente II e III são verdadeiras

09. (EsFCEx 2012) Sobre o Movimento Republicano, analise as afirmativas e a seguir assinale a
resposta correta.

I. O Manifesto Republicano do Rio de Janeiro, escrito por Quintino Bocaiúva, foi aceito de
imediato em quase todas as províncias, contribuindo para a consolidação do movimento
nessas regiões.
II. O Manifesto Republicano de 1870 foi um documento socialmente conservador, apesar de
trazer em seu conteúdo propostas importantes quanto à organização política do País em
moldes federalistas.
III. O Manifesto Republicano ganhou notoriedade à medida que defendia abertamente o fim da
escravidão e as reivindicações militares.

(A) Somente I é verdadeira.


(B) Somente II é verdadeira.
(C) Somente III é verdadeira.
(D) Somente I e II são verdadeiras.
(E) Somente II e III são verdadeiras

10. (EsFCEx 2012) A passagem da monarquia à república envolveu a ação de classes, grupos
profissionais e corporações diversificadas que, após um largo período de disputas, fizeram
prevalecer a nova forma de governo no Brasil. Analisando o momento histórico em pauta,

Curso Preparatório Cidade | Tópico 2.13 – O movimento republicano 253


Tópico 3.1 – A constituição de 1891, os militares e a consolidação da Repare que a República Velha foi o período mais longo da história republicana
República brasileira. Treze presidentes governaram o país naquele contexto.

O texto dessa aula abordará os fatos de forma cronológica. Tendo em vista nossos
Comentário objetivos os eventos considerados mais importantes serão apresentados na sequência
em que se manifestam. Dessa forma os itens recomendados no conteúdo programático
não serão estudados exatamente na mesma ordem em que se apresentam no edital nos
Caros estudantes, tópicos.

Avancemos um pouco mais... Os aspectos políticos são bastantes relevantes no estudo da República Velha. A
variedade de denominações referentes ao período de 1889-1930 pode nos ajudar
O período republicano da história nacional tradicionalmente é o mais abordado em conhecer melhor suas características: República Velha, República das Oligarquias,
concursos públicos no país. Isso justifica o planejamento deste curso: metade das aulas Repúblicas dos Coronéis, República do Café-com-leite e República dos Treze. Conceitos
foram destinadas para o estudo desse período. como Política dos Governadores, Coronelismo, Política do Café com leite, Federalismo e
outros são básicos para compreensão do período.
Na aula anterior observamos que após a Guerra do Paraguai (1864-1870) o Exército
brasileiro marcou posição na vida política nacional. A constituição de 1891 representou a vitória dos setores civis ao implementarem o
modelo federalista inspirado nos EUA. O país foi adotou o nome oficial Estados Unidos
A república brasileira foi instituída com a mão de ferro dos militares. Os primeiros do Brasil.
presidentes do novo regime eram integrantes do Exército. Na década de 10 do século
XX novo governo militar. Os mesmos militares que foram decisivos na Revolução de 30 Sobre República Velha (1889-1930) leia o texto a seguir. Bons estudos!
foram os mesmos do movimento que pôs fim ao governo varguista. Transição
democrática: mais um militar. JK governou junto com os militares. Foram os fiadores
de seu governo. Tensões com a renúncia de Jânio em 1961. De 1964 ao 1985 novos
governos militares... A Constituição de 1891: os militares e a consolidação da República.

Para fins didáticos é comum a divisão da história republicana brasileira em cinco etapas
distintas. A saber:
A REPÚBLICA VELHA (1889-1930)
- República Velha (1889-1930)

- Era Vargas (1930-1945) O Governo Deodoro da Fonseca (1889-1891)

- República Populista (1946 – 1964) O marechal Manuel Deodoro da Fonseca (Cidade de Alagoas, 5 de agosto de 1827 — Rio de
Janeiro, 23 de agosto de 1892) foi um militar e político brasileiro, proclamador da República e
- Período Militar (1964 – 1985)
primeiro Presidente do Brasil.

- Nova República (de 1985 aos dias de hoje...)


Na noite de 15 de novembro de 1889, foi constituído o Governo Provisório da República recém-
proclamada, tendo como Chefe o Marechal Deodoro, com poderes ditatoriais. O ministério foi
composto de republicanos históricos, como Campos Sales, Benjamin Constant e Quintino Bocaiúva,
e de liberais da Monarquia que aderiram de primeira hora ao novo regime, como Rui Barbosa e
Floriano Peixoto.

254 Tópico 3.1 – A constituição de 1891, os militares e a consolidação da República | Curso Preparatório Cidade
O primeiro ato do novo governo foi dirigir uma proclamação ao país, anunciando a mudança de Bandeira Provisória da República
regime e procurando justificá-la. Pelo Decreto nº 1 foi adotada, a título provisório, a República
federativa como regime político da nação brasileira, até que resolvesse a respeito o Congresso Diante da decisão inflexível de Deodoro, foram mantidos na Bandeira Nacional o losango amarelo
Constituinte que seria convocado. As Províncias do extinto Império foram transformadas em no retângulo verde, da antiga bandeira do Império, substituindo-se as armas da monarquia, por
Estados federados. uma esfera celeste, tendo ao centro o Cruzeiro do Sul, e cortada por uma faixa branca, com o mote
Ordem e Progresso. A bandeira foi desenhada por Teixeira Mendes, presidente do Apostolado
De todas as Províncias chegaram logo manifestações de adesão ao novo regime, quase sempre da
Positivista do Brasil, com o auxílio de Miguel Lemos e do professor de Astronomia Manuel Pereira
parte dos velhos partidos monárquicos. Destarte, a República foi estabelecida em todo o país
Reis.
praticamente sem lutas, salvo no Estado do Maranhão, em que antigos escravos tentaram esboçar
uma reação, correndo às ruas da capital com a bandeira do Império e dando vivas à Princesa Na tarde daquele 19 de novembro, o Chefe do Governo Provisório baixou o Decreto nº 4,
Isabel. Foram dispersos pelo alferes Antônio Belo, com o saldo de três mortos e alguns feridos. Os oficializando a Bandeira Nacional. A exposição de motivos do Decreto, considerava que as cores
três negros, de que a História não guardou os nomes, foram os únicos mortos da Proclamação da verde e amarelo, "independentemente da forma de governo, simbolizam a perpetuidade e
República no Brasil. integridade da Pátria entre as outras nações".

Em 16 de novembro, Deodoro mandou uma mensagem ao Imperador destronado, intimando-o a A primeira nação a reconhecer o novo governo foi a Argentina, em 20 de novembro de 1889.
deixar o país dentro de 24 horas, e oferecendo-lhe a quantia de 5 mil contos de réis para seu Indispostos com o Império, por suas intervenções militares na região platina, os argentinos
estabelecimento no exterior. Pedro II recusou a oferta, e partiu na madrugada de 17 de novembro promoveram em Buenos Aires homenagens especiais à Proclamação da República no Brasil.
para Portugal, pedindo somente um travesseiro com terras do Brasil, para repousar a cabeça
quando morresse. Seguiram à Argentina, os demais países da América: Venezuela (em 5 de dezembro), Bolívia (em
12 de dezembro), o Chile (em 13 de dezembro), o Paraguai (em 19 de dezembro), o Peru (em 27
Na manhã do dia 19 de novembro, o Marechal recebia em sua casa alguns republicanos, liderados de dezembro), o México (em 27 de janeiro de 1890) e o Equador (em 29 de janeiro). Os Estados
por Lopes Trovão, os quais iam submeter já como fato consumado, à sua apreciação, o projeto da Unidos, nação que os republicanos brasileiros preconizavam como padrão a ser imitado pelo Brasil,
nova Bandeira do Brasil. Deodoro, porém, considerou a bandeira que lhe fora apresentada por retardaram o reconhecimento oficial da República brasileira até 29 de janeiro de 1890. O governo
Lopes Trovão como um arremedo grosseiro da bandeira dos Estados Unidos. Os republicanos da República Francesa quis aproveitar-se do ensejo para conseguir do Brasil o reconhecimento de
insistiram que só restava a Deodoro oficializar a bandeira por eles apresentada, pois a mesma já seus supostos direitos sobre o norte do Amapá. Assim sendo, só reconheceu a República brasileira
tremulava em alto mar, no mastro do Alagoas, navio que conduzia o Imperador deportado ao em 20 de junho de 1890. O Império Alemão reconheceu o governo republicano brasileiro em 29 de
exílio. novembro de 1890. A Grã-Bretanha aguardou que se promulgasse a nova Constituição, e só em 4
de maio de 1891 o representante diplomático do Brasil foi recebido pela Rainha Vitória.
Irritado, o Marechal deu um soco na mesa, exclamando: Senhores, mudamos o regime, não a
Pátria! Nossa Bandeira é reconhecidamente bela e não vamos mudá-la de maneira nenhuma! Os Até o fim de 1891, a República brasileira estava reconhecida por todas as nações civilizadas. Só a
republicanos ficaram sem resposta e a sua bandeira foi, posteriormente, para o Museu da Marinha, Rússia é que não quis reconhecer o novo regime, senão depois do falecimento de D. Pedro II, por
ficando conhecida como a bandeira provisória da República, embora nunca tenha sido oficializada. ato de 26 de maio de 1892

A atitude patriótica do Marechal Deodoro, sublinhada com um soco na mesa, foi acompanhada pelo Como não havia ninguém para anistiar, o governo republicano resolveu decretar a grande
carrilhão da Igreja de São Jorge, que batia doze horas. Disso surgiu a tradição brasileira de só naturalização, em 14 de dezembro de 1889, pela qual passariam a ser brasileiros todos os
hastear-se a bandeira nacional, no dia que lhe é dedicado (19 de novembro), ao meio-dia em estrangeiros residentes no país que não manifestassem, no prazo de seis meses, o propósito de
ponto. conservar a respectiva nacionalidade.

A imprensa foi acusada de insuflar perturbações contra o regime. Assim, por um decreto de 23 de
dezembro resolveu-se instituir a censura e suprimir a liberdade de imprensa, criando uma junta,
composta só de militares, incumbida de julgar sumariamente os que fossem acusados de abusos

Curso Preparatório Cidade | Tópico 3.1 – A constituição de 1891, os militares e a consolidação da República 255
no exercício do jornalismo. Historiadores afirmam que o Governo Provisório republicano foi a não pôde comparecer à reunião, mandou seu voto por escrito, absolutamente contrário, tanto a
primeira ditadura militar do Brasil. esta como a outras garantias de juros. Os Ministros presentes foram todos do mesmo parecer.
Deodoro permaneceu irredutível e, quatro dias depois, a 21 de janeiro, aceitava a demissão
Em 15 de janeiro de 1890, Deodoro foi aclamado, pelas tropas, Generalíssimo de Terra e Mar, coletiva do ministério, nomeando, para substituir os Ministros demissionários, antigos políticos do
tornando-se, assim, o único oficial-general de seis estrelas no Brasil. Por decreto de 25 de maio, regime monárquico, chefiados pelo Barão de Lucena, amigo íntimo de Deodoro.
todos os Ministros civis receberam a patente de General-de-Brigada.

Em 7 de janeiro de 1890 foi decretada a separação entre a Igreja e o Estado. Por um decreto de O Congresso Nacional e a Constituinte de 1890
Deodoro, o Brasil deixou de ser um país oficialmente católico, apesar de o catolicismo ser
professado pela quase totalidade do povo brasileiro, na época. Foi também extinto o padroado, ou
Em 3 de dezembro de 1889 o Governo Provisório nomeou uma Comissão especial para elaborar o
seja, a intervenção do Estado nos assuntos da Igreja.
projeto de Constituição que seria apresentado ao Congresso Constituinte da República.
Compunham-na Joaquim Saldanha Marinho, signatário do Manifesto Republicano de 1870, que foi
Em 23 de janeiro do mesmo ano, foi institucionalizado o casamento civil, ficando sem efeitos
escolhido presidente da Comissão; os republicanos históricos Américo Brasiliense, Francisco Rangel
jurídicos o matrimônio religioso. Também foi instituído o registro civil, proibido o ensino de religião
Pestana e os juristas Antônio Luís dos Santos Werneck e José Antônio Pedreira de Magalhães
nas escolas públicas e secularizados os cemitérios.
Castro. Iniciados os trabalhos, três foram os anteprojetos que seus membros elaboraram, os quais
Em 17 de janeiro de 1890, o ministro da Fazenda, Rui Barbosa, intentando deslocar o eixo da foram reduzidos a um só, inspirado nas constituições dos Estados Unidos e da Argentina. Foi
economia brasileira da agricultura para a indústria, deu início a uma reforma monetária e bancária, entregue, em 30 de maio de 1890, ao Governo que, de 10 a 18 de junho realizou minuciosa
baseada nos melhores livros estrangeiros. A reforma consistia em autorizar os bancos a emitir revisão, efetuada, em especial, por Rui Barbosa, que melhorou sua redação e modificou sua
papel-moeda sem lastro em ouro e prata. O sistema de bancos emissores e as facilidades estrutura. Em 22 de junho de 1890 era aprovado o projeto dito "do Governo Provisório".
concedidas para a organização de empresas provocaram inflação e uma desastrosa especulação
O Congresso Constituinte foi convocado por decreto de 21 de dezembro de 1889, para reunir-se no
financeira, com a crise da bolsa e a ruína de numerosos investidores. A crise ficou conhecida como
dia 15 de novembro de 1890. No dia 15 de setembro realizaram-se as eleições em todos os estados
o "encilhamento".
brasileiros.
Por iniciativa do Ministro da Guerra, Benjamin Constant, foi reformado o ensino militar, de modo a
O Congresso Nacional Constituinte instalou-se, com toda a solenidade, no dia 15 de novembro de
receber nítida influência da doutrina positivista. Entrando Benjamin em grave divergência com
1890, no Paço da Boa Vista, Rio de Janeiro. O Congresso compunha-se principalmente de pessoal
Deodoro, foi transferido para a recém-criada pasta da Instrução Pública, Correios e Telégrafos, o
novo na política brasileira: republicanos históricos ou de última hora, muitos militares e alguns
que significou, de fato, a sua morte política. Para substituí-lo, no Ministério da Guerra, foi nomeado
remanescentes dos partidos da monarquia, quase sempre discretos ou adesistas entusiastas.
o Marechal Floriano Peixoto.
Depois de eleger a sua Mesa (sendo eleito presidente do Senado e do Congresso o republicano
Em 11 de outubro de 1890, foi promulgado o novo Código Penal, que extinguia a pena de morte, histórico Prudente de Morais), o primeiro ato do Congresso foi reconhecer os poderes do Governo
em tempo de paz, no Brasil. Provisório, e prorrogá-los até que se promulgasse a nova Constituição.

Duas correntes republicanas se chocavam dentro do próprio Governo Provisório: a corrente liberal- Houve um acordo geral para que fosse imediatamente votado e aprovado o projeto do Governo.
democrática, que visava a uma República federativa e presidencial, com separação de poderes, nos Não se fizeram, pois, alterações significativas.
moldes dos Estados Unidos; e a corrente positivista, que defendia uma ditadura republicana,
Depois de pouco mais de três meses, em 24 de fevereiro de 1891, foi solenemente promulgada a
segundo os princípios do filósofo Auguste Comte. Venceu a corrente liberal-democrática,
Constituição republicana. Os principais pontos abordados pela primeira Carta Magna da República
sustentada por Campos Sales, Rui Barbosa e Prudente de Morais.
foram :
Em 17 de janeiro de 1891 houve a última reunião ministerial do Governo Provisório. Nela tratou-se
• Abolição das instituições monárquicas;
de uma concessão de garantia de juros para as obras do porto de Torres, no Rio Grande do Sul –
concessão que Deodoro prometera a uma amigo pessoal. Rui Barbosa, o Ministro da Fazenda, que

256 Tópico 3.1 – A constituição de 1891, os militares e a consolidação da República | Curso Preparatório Cidade
• Os senadores deixaram de ter cargo vitalício; adotado pelo regime republicano, a partir da Constituição de 1891, veio atender à um antigo anseio
das elites oligárquicas: o da autonomia sobre suas regiões.
• Sistema de governo presidencialista;
Segundo a historiadora Emília Viotti da Costa:
• O presidente da República passou a ser o chefe do Poder Executivo;
(...) A excessiva centralização que caracterizava a administração imperial
• As eleições passaram a ser pelo voto direto, mas continuou a ser a descoberto (não- desgostava uma parcela da opinião pública que considerava tal sistema
secreto); um entrave ao desenvovlmento do país e à solução dos problemas mais
urgentes. A ideia federativa adquiria assim maior prestígio (...) A absorção
• Os mandatos tinham duração de quatro anos para o presidente, nove anos para crescente das províncias pelo Estado constrangia a prosperidade do país e
senadores e três anos para deputados federais; a dívida pública avultava ano para ano, onerando as províncias. No seu
entender, isso levaria fatalmente às ideias separatistas: “o grande
• Não haveria reeleição de Presidente e vice para o mandato imediatamente seguinte, não
perigo”, “o maior desastre” de que só a federação poderia nos afastar
havendo impedimentos para um posterior a esse;
decisivamente. Firmada sob o Império que lhe tolheria os abusos e
corrigiria os possíveis excessos, a federação levara o país, com segurança,
• Os candidatos a voto efetivo seriam escolhidos por homens maiores de 21 anos, à
ao regime democrático e à República.
exceção de analfabetos, mendigos, soldados, mulheres e religiosos sujeitos ao voto de
obediência;
COSTA,Emília Viotti da. Da monarquia à República: momentos decisivos. São Paulo:
Unesp, 2007, p.472-473.
• Ao Congresso Nacional cabia o Poder Legislativo, composto pelo Senado e pela Câmara
de Deputados;

• As províncias passaram a ser denominadas estados, com maior autonomia dentro da


A autonomia conquistada pelos Estados que formariam a união, fora consolidada na pela
Federação;
Constituição de 1891, a partir dos seguintes artigos:
• Os estados da Federação passaram a ter suas constituições hierarquicamente
Art. 2º - Cada uma das antigas províncias formará um Estado, e o antigo
organizadas em relação à constituição federal;
município neutro constituirá o Distrito Federal, continuando a ser a
Capital da União, enquanto não for observado o disposto do artigo
• Os presidentes das províncias passaram a ser presidentes dos Estados, eleitos pelo voto
seguinte.
direto à semelhança do presidente da República;

• A Igreja Católica foi desmembrada do Estado Brasileiro, deixando de ser a religião oficial Art. 5º - Incumbe a cada Estado prover, a expensas próprias, às
do país. necessidades de seu governo e administração; a União, porém, prestará
socorros ao Estado que, em caso de calamidade pública, o solicitar.
Além disso, consagrava—se a liberdade de associação e de reunião sem armas, assegurava-se aos
acusados o mais amplo direito de defesa, aboliam-se as penas de galés, banimento judicial e de CARONE,Edgar. A primeira república. São Paulo: Difel, 1973, p.93.
morte, instituía-se o habeas-corpus e as garantias de magistratura aos juízes federais
(vitaliciedade, inamovibilidade e irredutibilidade dos vencimentos). Consagrado artigo especial (Art. De acordo com uma disposição transitória da Constituição de 1891, o presidente e o vice-
3°) passando para a União a propriedade de uma área de 144.000 m² destinada à futura a presidente do primeiro período republicano deveriam ser excepcionalmente eleitos pelo Congresso
transferência da capital do Brasil para o planalto central. De todos os aspectos mencionados até Constituinte.
aqui, o do Federalismo merece atenção especial. Este modelo de organização do Estado brasileiro
Deodoro da Fonseca apresentou-se como candidato a Presidente, tendo como candidato a vice, na
mesma chapa, o Almirante Eduardo Wandenkolk. Na época, presidente e vice eram eleitos
Curso Preparatório Cidade | Tópico 3.1 – A constituição de 1891, os militares e a consolidação da República 257
separadamente. Como já havia forte oposição a Deodoro, esta articulou a candidatura de Prudente acontecimentos, convocando para as imediações do prédio as forças militares com cuja lealdade
de Morais, o presidente do Congresso, tendo o Marechal Floriano Peixoto como candidato a vice. podiam contar.
Floriano, além de candidatar-se a vice-presidente, na chapa de Prudente de Morais, apresentou
também candidatura própria à Presidência. Governo Constitucional: tentativa de golpe e renúncia

Apurada a votação, em 25 de fevereiro de 1891, foi obtido o seguinte resultado na eleição para O segundo mandato fora conseguido em grande parte graças à pressão dos militares
presidente: Deodoro da Fonseca - eleito com 129 votos; Prudente de Morais - 97 votos; Floriano (especialmente do exército), contra a vontade do setor civil e de parcelas dos militares. Deodoro da
Peixoto - 3 votos; Joaquim Saldanha Marinho - 2 votos; José Higino Duarte Pereira - 1 voto; Fonseca, em 3 de novembro de 1891, com a aprovação da lei que permitia o impeachment do
cédulas em branco - 2. Presidente, dissolveu o Congresso.

Para vice-presidente foi eleito o candidato da oposição, Marechal Floriano Peixoto, com 153 votos, Em 23 de Novembro de 1891, ocorre o episódio da Revolta da Esquadra, quando o Almirante
contra 57 recebidos pelo Almirante Wandenkolk. Custódio de Melo, a bordo do encouraçado Riachuelo, ameaça bombardear o Rio de Janeiro,
forçando a renúncia do Presidente, que entrega o poder ao vice-presidente, Floriano Peixoto.
Figura 48: Juramento constitucional. Após a promulgação da 1ª Constituição Republicana do
Brasil, assumem o poder os Marechais Manuel Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto.
O governo de Deodoro da Fonseca, com o fechamento do congresso, a decretação do estado de
Francisco Aurélio de Figueiredo e Mello
sítio e a política financeira do ministro Rui Barbosa, ruiu. Isolado, doente, Manuel Deodoro da
Fonseca morre no Rio de Janeiro, em agosto de 1892, pediu para ser enterrado em trajes civis, no
que não foi atendido, seu enterro teve toda a pompa e honras militares.

Governo Floriano Peixoto (1891-1894)

Marechal Floriano Vieira Peixoto (Vila de Ipioca, 30 de abril de 1839 — Barra Mansa, 29 de junho
de 1895) foi um militar e político brasileiro. Primeiro Vice-Presidente e segundo Presidente do
Brasil, governou de 23 de Novembro de 1891 a 15 de Novembro de 1894.

Floriano ocupava posições inferiores no exército até a Guerra do Paraguai, quando chegou ao posto
de tenente-coronel. Ingressou na política, como presidente da província de Mato Grosso, passando
alguns anos como ajudante-geral do exército.

Em 1889 assumiu a vice-presidência de Deodoro da Fonseca, e dois anos depois viria a assumir a
presidência com a renúncia do marechal Deodoro. O apelido de "marechal de ferro" era devido à
sua atuação enérgica e ditatorial, pois agiu com determinação ao debelar as sucessivas rebeliões
Após a promulgação da 1ª Constituição Republicana do Brasil, assumem o poder os Marechais Manuel Deodoro da que marcaram os primeiros anos da república do Brasil enfrentando diversas revoltas. Entre estas,
Fonseca e Floriano Peixoto. Francisco Aurélio de Figueiredo e Mello a Revolta da Armada no Rio de Janeiro, chefiada pelo Almirante Saldanha da Gama, e a Revolução
Federalista no Rio Grande do Sul. Ambas com apoio estrangeiro. A vitória de Floriano sobre essa
A vitória de Deodoro explica-se pelo temor de que o velho Marechal desse novo golpe militar, segunda revolta gerou a mudança de nome da cidade de Nossa Senhora de Desterro, para
fechando o Congresso e restaurando a monarquia. Mesmo os líderes da oposição haviam resolvido Florianópolis ("Cidade Floriana") em Santa Catarina.
que, numa eventual vitória de Prudente de Morais, o Congresso lhe daria imediatamente posse do
cargo, instalando-se sem demora o governo no próprio edifício do Parlamento, onde esperariam os

258 Tópico 3.1 – A constituição de 1891, os militares e a consolidação da República | Curso Preparatório Cidade
Figura 49: “A esfinge”. Floriano Peixoto entregou o poder em 15 de de um discurso que identificava a ordem legal com o Mal e defendia uma
novembro de 1894 a Prudente de Morais, prática social igualitária como preparação para o juízo final, ele reuniu em
vindo a morrer um ano depois, em sua torno de si, entre 1893 e 1897, cerca de 30 mil pessoas, a maioria
fazenda. Em seu governo determinou a perseguida por coronéis e latifundiários (...) Em Canudos, a posse da terá
reabertura do congresso e o controle sobre e de seus produtos era coletiva; a comunidade plantava, criava gado e
o preço dos gêneros alimentícios de comercializava com as cidades vizinhas. Alardeando suas posições
primeira necessidade e os aluguéis. contrárias à separação entre Estado e Igreja, e ao casamento civil,
Conselheiro foi acusado de monarquista em um momento em que a recém
proclamada República brasileira procurava se consolidar. Embora ele
Governo Prudente de Morais (1894- tivesse alguma simpatia por um tipo de monarquia, na verdade seu
1898) movimento e sua organizados nada tinha de político (...) Não foi assim,
porém, que o governo encarou a situação de Canudos. Inicialmente, os
Prudente José de Morais e Barros (Itu, 4 de integrantes dessa comunidade tiveram de se defender de duas expedições
outubro de 1841 — Piracicaba, 3 de sucessivas da polícia baiana, a qual derrotaram com facilidade. A questão
dezembro de 1902) foi um político ganhou então importância nacional, e o governo federal enviou tropas
brasileiro, terceiro presidente do Brasil e militares para destruir a comunidade, sem, contudo, obter êxito (...) Como
Angelo Agostini.
primeiro civil a assumir este cargo. os conflitos eternizavam-se, desgastando a jovem República, o presidente
Prudente de Morais enviou ma quarta expedição para finalmente
esmagar Canudos. A resistência dos sertanejos durou até outubro de
Prudente de Morais representava a ascensão da oligarquia cafeicultora ao poder nacional, após um 1897, quando o arraial foi totalmente destruído e seus habitantes, mortos
período em que essa oligarquia mantinha-se dominando apenas o legislativo. em ma verdadeira chacina.

Bacharel em direito, já 1866 ingressa na política como deputado. Prudente de Morais fez sua MORAES,José Geraldo Vinci de. História Geral e do Brasil. São Paulo: Atual, 2009, p.456.
carreira no Partido Republicano Paulista (PRP), ao qual se filiou em 1870. Em 1890, após um ano (com adaptações)
como presidente da junta governativa de São Paulo, é eleito senador; no cargo, chegou a presidir a
Assembleia Nacional Constituinte e ser vice-presidente do senado. Disputou a presidência da Se afastou do poder entre 10 de novembro de 1896 e 4 de março de 1897, por estar com a saúde
república em 1891, perdendo o pleito (indireto) para Deodoro da Fonseca por pequena margem de debilitada. Assumiu nesse período o Vice-Presidente, Manuel Vitorino Pereira.
votos.
As divergências internas no PRF e a Guerra de Canudos desgastam o governo. Mesmo com a
Durante seu governo, abandonou uma a uma as medidas inovadoras de Floriano Peixoto. Essa vitória das tropas do governo na guerra, os ânimos não se acalmam. Prudente de Morais sofreu um
cautela de Prudente foi necessária, já que os florianistas ainda tinham certa força, principalmente atentado a 5 de novembro de 1897; escapou ileso, mas perdeu seu Ministro da Guerra, Carlos
no Exército. Além disso, o vice-presidente estava ligado às ideias de Floriano. Em síntese, Prudente Machado Bittencourt. O presidente decretou, então, estado de sítio, para o Distrito Federal (Rio de
de Morais imprime uma direção ao governo que atende mais aos cafeicultores. Janeiro e Niterói) conseguindo assim livrar-se dos oposicionistas mais incômodos.

No início do seu governo consegue pacificar a Revolução Federalista no Rio Grande do Sul, Terminado o mandato, Prudente de Morais retirou-se para Piracicaba, onde exerceria a advocacia
assinando a paz com os rebeldes, que receberam anistia. Mas pouco tempo depois enfrentaria um por alguns anos. Faleceu devido a uma tuberculose em 1902.
movimento rebelde ainda maior: a Guerra de Canudos, no sertão baiano.

No interior da Bahia, uma comunidade de desenraizados e miseráveis


organizou-se em torno de um líder messiânico chamado Antônio
Conselheiro, um cearense que pregava pelo sertão nordestino. Por meio

Curso Preparatório Cidade | Tópico 3.1 – A constituição de 1891, os militares e a consolidação da República 259
EXERCÍCIOS 04. (Uff) A segunda metade do século XIX foi marcada pelo apogeu do cientificismo no mundo
ocidental. A Ciência transformava-se na panacéia para todos os males, capaz de indicar
soluções para tudo, inclusive prever, controlar e disciplinar os homens e seus comportamentos.
01. (Pucpr) O estudo da Carta Outorgada de 1824, Ato Adicional de 1834 e Constituição
Desde o evolucionismo de Darwin até o positivismo de Augusto Comte, a ideia de progresso
Republicana de 1891 mostra, no Brasil, notável evolução política.
servia como "bússola" no caminho da modernidade.

Assinale a alternativa correta:


À luz dessas informações, indique a opção que define o contexto de introdução das ideias
positivistas no Brasil.
(A) O Ato Adicional de 1834 atribui às províncias a mesma autonomia estabelecida pela
Constituição de 1891.
(A) O Positivismo ganhou destaque no Brasil ao penetrar na Escola Militar do Rio de Janeiro,
(B) Enquanto a Carta Outorgada de 1824 inspirou-se nos Estados Unidos, a Constituição de
que preparava jovens oficiais com vistas à abolição da escravidão e à implantação do
1891 baseou-se em modelo europeu.
regime republicano.
(C) A Carta Outorgada de 1824 estabelecia quatro poderes, reduzidos a três na Constituição
(B) O Positivismo penetrou no Brasil através da visita de uma missão militar inglesa ao país,
de 1891, com a supressão do Poder Moderador.
atingindo seu apogeu com a proclamação da República por Deodoro da Fonseca, um de
(D) A Religião Católica Apostólica Romana, oficial no Império, assim continuou na República,
seus principais líderes.
com base em artigo específico na Constituição de 1891.
(C) A ideia de progresso contida no Positivismo baseava-se na crença em um estágio superior
(E) O Ato Adicional de 1834 transformou a forma de Estado do Brasil de unitária em
da evolução humana a ser atingido, no caso do Brasil, quando toda a população do país
federativa.
fosse alfabetizada e gozasse de cidadania política.
(D) O Positivismo difundiu-se no Brasil, sobretudo através da juventude militar formada pela
02. (Fuvest-gv) O lema "Ordem e Progresso" inscrito na bandeira do Brasil, associa-se aos: Escola da Praia Vermelha, que valorizava o mérito individual e acreditava na Ciência
Positiva como religião da humanidade, em oposição ao catolicismo.
(A) monarquistas. (E) A difusão do Positivismo no Brasil deveu-se à sua penetração no Exército, envolvendo
(B) abolicionistas. tanto a juventude militar, quanto suas lideranças formadas pelos oficiais de alta patente,
(C) positivistas. dentre eles, Deodoro da Fonseca e Caxias.
(D) regressistas.
(E) socialistas.
05. (Espm) "A república era vista por essa filosofia como o único caminho para o progresso. Um
dos seus divulgadores no Brasil foi Benjamin Constant, professor da Escola Militar, onde tornou-
03. (Mackenzie) Sobre o contexto histórico responsável pela proclamação da República NÃO se se conhecido por pregar ideais expressos na trilogia 'O Amor por princípio, a Ordem por base e
inclui: o Progresso por fim', que depois da proclamação da república, ele cunharia na bandeira
brasileira sob o lema 'Ordem e Progresso'".
(A) a insatisfação dos setores escravocratas com o governo monárquico após a Lei Áurea.
(B) a ascensão do exército após a Guerra do Paraguai, passando a exigir um papel na vida (Ronaldo Vainfas. "Dicionário do Brasil Imperial")

política do país.
O texto trata da filosofia:
(C) a perda de prestígio do governo imperial junto ao clero, após a questão religiosa.
(D) a oposição de grupos médios urbanos e fazendeiros do oeste paulista, defensores de
(A) marxista;
maior autonomia administrativa.
(B) liberal;
(E) o alto grau de consciência e participação das massas urbanas em todo o processo da
(C) socialista utópica;
proclamação da República.
(D) absolutista;
(E) positivista.

260 Tópico 3.1 – A constituição de 1891, os militares e a consolidação da República | Curso Preparatório Cidade
06. (G1) Levando-se em consideração que a sobrevivência do Império Brasileiro se vinculava ao (D) Expressavam os interesses de algumas oligarquias do Império, defensoras da autonomia
escravismo, a abolição da escravidão, em 1888, foi um passo importante para a proclamação das províncias.
da República no ano seguinte. (E) Não expressavam os interesses de uma classe social, posicionando-se como adversários
do liberalismo e defendendo a República, dotada de um Poder Executivo forte.
Em relação a esse contexto histórico, é CORRETO afirmar:

09. (Unesp) A República brasileira emergiu no auge de um processo cujas raízes se encontravam
(A) A escravidão africana destinou-se a fornecer mão-de-obra para a indústria, em expansão
no II Reinado. Assinale a alternativa INCORRETA:
no Brasil no começo do período republicano.
(B) Os três séculos de escravidão africana, no Brasil, propiciaram a formação de ideologias
(A) A campanha abolicionista acabou por se confundir com a campanha republicana.
que valorizavam o trabalho manual, considerado nobre para o homem e importante fonte
(B) Nos termos da primeira Constituição Republicana o Brasil era uma República Federativa
da riqueza da nação.
Presidencialista e o Estado permaneceu atrelado à Igreja.
(C) No inicio da República, os trabalhadores estrangeiros (imigrantes), tidos como malandros,
(C) Para certos segmentos da sociedade, entre eles os cafeicultores, a forma republicana de
deviam ser controlados pelo aparato policial e judicial.
governo era concebida como moderna, avançada e mais eficiente.
(D) Embora o Brasil, no período que antecede a Proclamação da República, tivesse uma
(D) No primeiro aniversário da implantação do regime republicano foi instalado o Congresso
estrutura escravocrata, os escravos não participaram da Guerra do Paraguai, pois não
Constituinte e em 24/02/1891 foi promulgada a Constituição.
eram considerados cidadãos brasileiros.
(E) Os militares, influenciados pelas ideias do positivismo, uniram-se à camada média da
(E) No começo do período republicano, assistiu-se uma luta em torno da imagem do novo
sociedade contra os monarquistas.
regime com o objetivo de criar um imaginário dentro dos valores republicanos, entre os
quais se incluía um conceito positivo do trabalho.
10. (Ufv) A ideologia republicana ganhou força a partir de 1870, porque o desenvolvimento das
relações de produção capitalista em andamento no Brasil exigia mudanças que o Império não
07. (Fuvest) Com a instalação da República no Brasil, algumas mudanças fundamentais
podia realizar. Todavia, o Movimento Republicano não foi homogêneo; ele congregou
aconteceram. Entre elas, destacam-se:
diferentes segmentos sociais que, defendendo interesses específicos, opunham-se à
continuidade do Império e ao atraso por ele representado. Dentre estes segmentos sociais
(A) a militarização do poder político e a universalização da cidadania.
NÃO se encontrava:
(B) a descentralização do poder político e um regime presidencialista forte.
(C) um poder executivo frágil e a criação de forças públicas estaduais.
(A) o operariado, representado por líderes sindicais e políticos, que viam na consolidação da
(D) a aproximação entre o Brasil e os Estados Unidos e a instituição do voto secreto.
República a possibilidade de fortalecimento da sua organização.
(E) a fundação do Banco do Brasil e a descentralização do poder político.
(B) parte da oficialidade do Exército, ligada à ideologia positivista e que propunha a
consolidação de uma república autoritária.
08. (Fgv) Apesar da profunda rivalidade existente entre os grupos no interior do Exército no início (C) a burguesia industrial, ligada à produção ainda incipiente de bens de consumo e
da República, eles se aproximavam em um ponto fundamental: interessada em garantir mais industrialização.
(D) a burguesia cafeeira do oeste paulista, interessada em promover a descentralização
(A) Expressavam os interesses de uma classe social, defendendo uma República liberal com o política como forma de garantir a ampliação do seu poder.
Poder Executivo descentralizado. (E) a classe média dos centros urbanos, representada por ideólogos liberais, defensores de
(B) Expressavam a opinião segundo a qual o Império deveria ser preservado, devendo um sistema federativo nos moldes da Constituição Norte-Americana.
entretanto sofrer algumas reformas levemente descentralizadoras.
(C) Não expressavam os interesses de todo um segmento social, pregando o estabelecimento
de uma forma de Poder Executivo descentralizado e adaptado às peculiaridades regionais.

Curso Preparatório Cidade | Tópico 3.1 – A constituição de 1891, os militares e a consolidação da República 261
11. (Mackenzie) Sobre a participação dos militares na Proclamação da República é correto afirmar (C) o governo de Deodoro, marcado por atitudes democráticas e lisura administrativa, gerava
que: a oposição de grupos oligárquicos.
(D) eleito pelo povo em pleito direto, Deodoro da Fonseca sofria forte oposição do Legislativo.
(A) o Partido Republicano foi influenciado pelos imigrantes anarquistas a desenvolver a (E) as bem-sucedidas reformas econômicas de seu governo provocaram a insatisfação de
consciência política no seio do exército. grupos atingidos em seus privilégios.
(B) a proibição de debates políticos e militares pela imprensa, a influência das ideias de
Augusto Comte e o descaso do Imperador para com o exército favoreceram a derrubada
14. (Puccamp) Pode-se considerar o Exército como força política influente no movimento
do Império.
Republicano porque:
(C) o descaso de membros do Partido Republicano, como Sena Madureira e Cunha Matos, em
relação ao exército, expresso através da imprensa, levou os "casacas" a proclamar a
(A) seus integrantes, tendo origens, predominantemente na classe média, o indispunham à
República.
vigência de um Estado monárquico identificado com as camadas populares da sociedade.
(D) o Gabinete do Visconde de Ouro Preto formalizou uma aliança pró-republicana com os
(B) seus oficiais, quase todos pertencentes à Maçonaria, solidarizaram-se com os bispos
militares positivistas no Baile da Ilha Fiscal.
envolvidos na chamada Questão Religiosa, agudizando a crise política deflagrada contra o
Imperador.
12. (Mackenzie) "Policarpo era um patriota; monarquista conservador, foi ardoroso defensor do (C) o declínio do prestígio dos militares após a Guerra do Paraguai, tornava seus oficiais
governo (forte) de Floriano a favor do qual engajou-se na luta contra a Armada rebelada. críticos inexpressivos dos privilégios concedidos à Guarda Nacional.
Acabou preso, condenado e executado. Teve um triste fim." (D) seus oficiais mostraram-se descontentes com a recusa do Imperador em incorporá-los ao
processo de repressão organizada contra a rebeldia negra.
(Afonso H. Lima Barreto, TRISTE FIM DE POLICARPO QUARESMA). (E) a influência do Positivismo entre os jovens oficiais imprimiu o ideal de uma República
militar como base do progresso nacional, em oposição ao governo corrupto dos
O período da República referido no texto é:
"casacas".

(A) a República da Espada.


(B) o Estado Novo. 15. (Unesp) "Restauração e Antônio Conselheiro tornam-se sinônimos, pois ambos surgem como
(C) a República dos Coronéis. antípodas de republicanismo e jacobinismo. Os jornais são os maiores veículos desta
(D) a República Nova. propaganda imaginativa, de consequências trágicas."
(E) a Fase Populista.
(Edgar Carone. "A República Velha".)
A citação relaciona-se a:
13. (Mackenzie) "Não posso mais suportar este Congresso; é mister que ele desapareça para a
felicidade do Brasil." (A) Monarquismo e Guerra de Canudos.
(B) Federalismo e Revolução Farroupilha.
(Deodoro da Fonseca)
(C) Revolução Federalista e Proclamação da República.
(D) Deposição de D. Pedro II e Abolição.
A afirmação anterior, que antecedeu o golpe do Marechal Deodoro, ocorreu porque:
(E) Guerra do Paraguai e Questão Militar.
(A) tanto quanto Fernando Henrique Cardoso, Deodoro não conseguia aprovar as reformas
administrativa e da previdência. 16. (Ufrs) Leia o texto a seguir.
(B) o Congresso aprovara a Lei de Responsabilidade, que reduzia as atribuições do
presidente, criticado pelo autoritarismo. "Os soldados já estavam nas trincheiras, armas à mão; o canhão tinha ao lado a munição
necessária. Uma lancha avançava lentamente, com a proa alta assestada para o posto. De repente,

262 Tópico 3.1 – A constituição de 1891, os militares e a consolidação da República | Curso Preparatório Cidade
saiu de sua borda um golfão de fumaça espessa: Queimou! - gritou uma voz. Todos se abaixaram, 18. (Fgv) "Vai-se o marechal ingente, / vai-se o grande alagoano. / E eu leitor, digo somente:
a bala passou alto, zunindo, cantando, inofensiva (...). Alugavam-se binóculos e tanto os velhos Floriano foi um prudente; / seja o Prudente um Floriano."
como as moças, os rapazes como as velhas, seguiam o bombardeio como uma representação de
teatro: 'Queimou Santa Cruz! Agora é o Aquidabã! Lá vai'. E dessa maneira a revolta ia correndo Essa é uma quadrinha do escritor Artur de Azevedo. A respeito dos personagens e do período aos
familiarmente, entrando nos hábitos e costumes da cidade." quais se refere podemos dizer que:

(Lima Barreto. "Triste fim de Policarpo Quaresma." São Paulo: Scipione, 1994, p. 123.) (A) O escritor, como um crítico dos governos militares, posicionara-se contra a decretação do
estado de sítio e o fechamento do Congresso por parte de Floriano Peixoto.
A partir das informações apresentadas no texto acima, é possível inferir que o autor se refere à (B) O escritor, como um defensor dos ideais socialistas no Brasil, fora contrário ao estado de
Revolta: sítio decretado por Deodoro da Fonseca e prorrogado por Floriano Peixoto.
(C) O escritor, como um defensor do "marechal de ferro", mostrava-se satisfeito com a
(A) da Vacina. prudência do presidente que, com pulso firme, havia debelado a Revolta de Canudos.
(B) de Canudos. (D) O escritor, como um admirador de Floriano Peixoto, saudava a prudência do ex-
(C) Federalista. presidente, que teve de lidar com a Revolução Federalista e com a Revolta da Armada.
(D) do Contestado. (E) O escritor, como um democrata, reconhecia o despojamento de Floriano, que aceitou a
(E) da Armada. realização imediata de eleições logo após a renúncia de Deodoro da Fonseca.

17. (Ufrn) O movimento militar chefiado pelo marechal Deodoro da Fonseca, em 1889, proclamou a 19. (Fgv) "Heróis são símbolos poderosos, encarnações de ideias e aspirações... São, por isso,
República no Brasil, implantando um modelo de governo que se declarava democrático. Décio instrumentos eficazes para atingir a cabeça e o coração dos cidadãos a serviço da legitimação
Saes, ao estudar posteriormente esse movimento, afirma que a democracia nascente definia-se de regimes políticos... Os candidatos a herói não tinham, eles também, profundidade histórica,
desde logo como uma democracia elitista e limitada, que correspondia a um refinamento da não tinham a estatura exigida para o papel. Não pertenciam ao movimento da propaganda
dominação de classe dos proprietários de terras no plano das instituições políticas, republicana, ativa desde 1870... A busca de um herói para a República acabou tendo êxito onde
configurando um novo modelo de exclusão política. não o imaginavam muitos dos participantes da proclamação".
SAES, Décio. Classe média e sistema político no Brasil. São Paulo: T. A. Queiroz, 1984.
CARVALHO, J. M. de, "A formação das almas." O imaginário da República no Brasil, São Paulo: Cia das
Letras, p.55-57.
Pode-se afirmar que a democracia da República Velha foi um novo modelo de exclusão política na
medida em que, nesse período: A escolha e a construção do principal herói da República recaíram sobre:

(A) implantou-se o federalismo, em que cada estado-membro ganhava autonomia para eleger (A) Deodoro da Fonseca, devido à sua imensa popularidade, por ser um republicano histórico
o governador do estado e os deputados, que deveriam ser grandes proprietários rurais. e um ferrenho adversário dos poderes monárquicos.
(B) adotou-se como sistema de governo o presidencialismo, em que o presidente da (B) Benjamin Constant, líder popular identificado com a causa operária, defensor do
República deveria escolher seus ministros entre os grandes cafeicultores paulistas. positivismo e um representante civil com amplo trânsito entre os militares.
(C) garantiu-se o direito de voto aos brasileiros do sexo masculino, maiores de 21 anos, (C) Duque de Caxias, grande comandante da Guerra do Paraguai, identificado com uma
excetuando analfabetos, mendigos, soldados e religiosos sujeitos à obediência política centralizadora e patrono do Exército brasileiro.
eclesiástica. (D) Bento Gonçalves, presidente da república rio-grandense e principal líder da revolta
(D) proclamou-se a independência entre o Estado e a Igreja, pondo fim ao regime do farroupilha do século XIX, considerado o patrono militar do republicanismo no Brasil.
padroado, vigente no Império, embora fosse vetado o acesso de protestantes aos cargos (E) Tiradentes, militar e republicano transformado em mártir, cuja morte passou a ser
públicos. associada ao sacrifício de Jesus Cristo.

Curso Preparatório Cidade | Tópico 3.1 – A constituição de 1891, os militares e a consolidação da República 263
20. (Pucmg) "Tudo se torceu, tudo se falseou, tudo se confundiu. De um sistema cheio de 02. (EsFCEx - 2004) A política dos governadores de Campos Sales demonstra que:
correspondências complexas e sutis, onde não se podia tocar em qualquer parte, sem modificar
a ação das outras, fizeram um atarrancado de ferros velhos, digno de figurar numa exposição I. só ingressavam na câmara aqueles que estivessem com o governo;
industrial de doidos." II. só eram reconhecidos os candidatos do situacionismo estadual;
III. formou-se na realidade um “sindicato de governadores”.
(Rui Barbosa. "Finanças e Política")

(A) todas estão corretas.


Com esse desabafo, o Ministro da Fazenda do Governo Provisório da República tenta justificar,
(B) todas estão falsas.
perante a opinião pública, o fracasso de sua política financeira. São efeitos imediatos dessa política,
(C) somente a I e a II estão corretas.
EXCETO:
(D) somente a II e a III estão corretas.
(E) somente a I está correta.
(A) a inflação desenfreada, falência de inúmeras empresas e desvalorização da moeda
nacional em relação à libra esterlina.
(B) a substituição dos capitais ingleses por norte-americanos para restaurar e equilibrar o 03. (EsFCEx - 2004) Este item se reporta à República da Espada. Sobre ela podemos afirmar que:
combalido sistema financeiro brasileiro.
(C) a alta geral do custo de vida, instabilidade financeira e profundo desequilíbrio nas contas 1. ( ) a Constituição Republicana de 1891 limitou a autonomia dos estados.
externas do País. 2. ( ) a Constituição Republicana de 1891 pôs fim à vitaliciedade do senado.
(D) a enorme especulação gerada pelo surgimento de empresas-fantasma, cujo objetivo era 3. ( ) Floriano Peixoto não reintegrou o congresso dissolvido por Deodoro da Fonseca.
obter facilidade de crédito bancário. 4. ( ) Ruy Barbosa apoiou Floriano Peixoto tanto no senado quanto no Jornal do Brasil.
5. ( ) as disposições transitórias de constituição respaldavam a permanência de Floriano Peixoto
no poder.
EXERCÍCIOS DE PROVA 6. ( ) alegando ser um homem de caráter, Saldanha da Gama se recusou a ser Ministro da
Marinha.

01. (EsFCEx - 2002). Sobre o panorama republicano brasileiro, analise as afirmativas abaixo. (A) F;V;F;F;V;V.
(B) F;F;V;V;V;F.
I. O imigrante estrangeiro preferiu se estabelecer nos minifúndios. (C) V;F;F;V;V;V.
II. Muitos imigrantes transferiram-se para os grandes centros dos estados. (D) V;V;V;F;F;F.
III. A política café-com-leite marca o predomínio de São Paulo e Minas Gerais. (E) V;F;V;F;V;F.
IV. Descendentes de imigrantes assumiram altos cargos políticos.

Com base na análise, assinale a alternativa correta. 04. (EsFCEx – 2004) Podemos afirmar que a Proclamação da República no Brasil foi retardada pela:

(A) Somente I está correta. (A) Cabanada.


(B) Somente II e IV estão corretas. (B) Balaiada.
(C) Somente III e IV estão corretas. (C) Maioridade de Pedro II.
(D) Somente I, II e III estão corretas. (D) Sabinada.
(E) Todas estão corretas. (E) Revolução Farroupilha.

264 Tópico 3.1 – A constituição de 1891, os militares e a consolidação da República | Curso Preparatório Cidade
05. (EsFCEx – 2004) Sobre as ideias republicanas no Brasil podemos afirmar que: (B) Liderados por Floriano Peixoto, eram a favor do retorno a uma ordem monárquica.
(C) Liderados por Rui Barbosa, acreditavam que uma constituinte livre e popular salvaria a
(A) O pioneiro delas foi Benjamin Constant. economia brasileira.
(B) Os conjurados mineiros não pregavam a república. (D) Liderados por Floriano Peixoto, defendiam a militarização da República e um acelerado
(C) A censura portuguesa impediu as ideias revolucionárias no Brasil. crescimento econômico.
(D) Não há traços de republicanismo no Rio de Janeiro no século XVIII. (E) Liderados por Deodoro da Fonseca, acreditavam que só um Estado ultra-centralizado
(E) Foram reflexos da revolução Francesa. garantiria a ordem, tão ameaçada, da República.

06. (EsFCEx - 2006) Analise as afirmativas abaixo sobre a Constituição Republicana de 1891, 08. (EsFCEx - 2007) Observe a figura e leia o texto abaixo para solucionar a pergunta.
colocando entre parênteses a letra V, quando se tratar de afirmativa verdadeira, ou a letra F
quando se tratar de uma afirmativa falsa. A seguir, assinale a alternativa que apresenta a “Que ajuntamento
sequência encontrada. Que movimento
No encilhamento
1. ( ) O país adotou uma organização federativa. Com isso, os Estados-membros adquiriram Se faz notar!
amplas prerrogativas, como as de organizar força militar própria, constituir a Justiça estadual e Toda essa gente
criar impostos. Quer de repente
2. ( ) Foi mantida a separação de poderes entre o Executivo, o Legislativo e o Judiciário, mas Rapidamente Cobre apanhar”
foi extinto o Moderador. (Arthur de Azevedo na peça “Tribofe”, 1893)
3. ( ) Adotou-se o sistema presidencialista, em que o presidente da República era eleito para
um mandato de cinco anos.
4. ( ) No sistema eleitoral, eliminou-se a exigência de renda mínima para ser eleitor e
estabeleceu-se o voto aberto, o que permitia aos eleitores ampla autonomia na escolha dos seus A crise do “Encilhamento” foi:
candidatos.
5. ( ) A elaboração da primeira Constituição Republicana foi orientada por Rui Barbosa e (A) um modelo econômico adotado por Rui Barbosa que se baseava em um conjunto de
tomou como base o modelo republicano dos Estados Unidos da América. práticas anti-inflacionárias com o objetivo de resgatar setores produtivos tradicionais
como a cana e o tabaco.
(A) F; F; V; V; V. (B) resultado da crise por que passou a cafeicultura brasileira em fins do século XIX e que
(B) F; V; V; F; F. ocasionou sérias dificuldades dos primeiros regimes republicanos.
(C) V; V; F; V; V. (C) consequência da política econômico-financeira de Rui Barbosa que através de emissões e
(D) V; F; F; F; V. facilidades de crédito buscava promover o desenvolvimento do país.
(E) V; V; F; F; V. (D) o modelo econômico adotado por Rui Barbosa quando de sua passagem pelo Ministério
da Fazenda, e que se consistiu em promover o desenvolvimento das indústrias através,
exclusivamente, de empréstimos no exterior.
07. (EsFCEx - 2007) Na contramão do mito que se construiu em torno de um consenso nacional (E) a política econômica adotada pelo Governo Provisório de Deodoro através da qual se
após a Proclamação da República está a verdade histórica do desenvolvimento de uma agitação procurava melhorar a posição competitiva de nossos produtos agrícolas no mercado
política que se criou no entorno do novo regime, movida por variados grupos políticos. Entre internacional atribuindo-se um valor fixo em dólar para cada saca de café.
esses grupos está aquele conhecido como Jacobinistas. Identifique a liderança e a(s)
proposta(s) deste grupo.
09. (EsFCEx - 2008) A força política dos cafeicultores na Primeira República definiu, em grande
(A) Liderados por Deodoro da Fonseca, defendiam a liberalização política do país. medida, a política econômica daquele período. Analise as alternativas abaixo sobre este tema,
colocando entre parênteses a letra “V”, quando se tratar de alternativa verdadeira, e a letra “F”

Curso Preparatório Cidade | Tópico 3.1 – A constituição de 1891, os militares e a consolidação da República 265
quando se tratar de alternativa falsa e, a seguir, assinale a alternativa que contenha a
sequência correta.

1. ( ) A emissão de grandes somas de papel moeda sem lastro e o estabelecimento de


sociedades anônimas
2. ( ) Visando o fortalecimento da produção agro-exportadora, gerou um violento processo
inflacionário conhecido como a crise do “Encilhamento”.
3. ( ) A queda nos preços do café no mercado internacional não impactou sobre a política
econômica nacional, mantendo-se o cumprimento das obrigações com os bancos credores e o
pagamento da dívida externa.
4. ( ) A administração do estoque cafeeiro era a principal dinâmica estabelecida pelo Convênio
de Taubaté, acordo firmado entre os estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, que
visava minimizar os efeitos do excesso de produção mundial do produto.
5. ( ) O comprometimento do governo brasileiro com a compra dos estoques nacionais previsto
como um apoio à valorização do café não teve o fim esperado,uma vez que essa medida
estimulava a superprodução.
6. ( ) O Funding loan, acordo firmado entre os grandes agricultores e os bancos credores,
visando o adiamento do pagamento de suas dívidas e a liberação de novos empréstimos, impactou
positivamente sobre a economia cafeeira, apesar de não ter evitado por muito tempo o
agravamento da crise daquele setor produtivo.

(A) V–F–F–V–V
(B) V–V–V–F–V
(C) V–F–V–V–V
(D) F–F–V–F–F
(E) F–F–V–V–F

266 Tópico 3.1 – A constituição de 1891, os militares e a consolidação da República | Curso Preparatório Cidade
Tópico 3.2 – A política dos governadores Bacharel em direito pela faculdade de direito de São Paulo, Campos Sales ingressou, logo após se
formar, no Partido Liberal. A seguir, participou da criação do Partido Republicano Paulista (PRP),
em 1873.
Comentário
Elegeu-se senador em 1890, mas renunciou ao cargo quatro anos depois para se tornar
governador do estado de São Paulo, cargo que exerceu até 1898. Nesse ano foi eleito presidente
Observe o esquema abaixo:
da república, substituindo Prudente de Morais em uma época que a economia brasileira, baseada
na exportação de café e borracha, não ia bem. Julgava que todos os nossos problemas tinham uma
Nível Federal --------------- Café com Leite
única causa: a desvalorização da moeda.
Nível Estadual -------------- Política dos Governadores
Nível Municipal ------------ Coronelismo
Desenvolveu a chamada política dos governadores, através da qual tentou obter o apoio do
Congresso através de relações de clientelismo e favorecimento político entre o governo central,
Podemos dizer de forma superficial que o sistema político da República Velha pode ser
representado por si próprio enquanto presidente, estados, representados pelos respectivos
sintetizado em três níveis. Essa explicação é didática, pois na prática os três níveis
governadores, e municípios, representados pelos coronéis
relacionavam-se entre si.
(...) Coroando a pirâmide de compromissos que, a começar pelos coronéis
A Política dos Governadores foi um mecanismo criado no governo de Campos Salles. De municipais, terminava na presidência da República, Campos Salles
acordo com esta prática o Governo Federal deveria apoiar os Governos Estaduais – as instituiu, em 1900, a chamada “política dos governadores”. Essa política
famosas oligarquias regionais dominadas por famílias tradicionais. Em contrapartida os estabeleceu um acordo: em troca da garantia de total autonomia e do
estados deveriam, a partir da ação dos coronéis, eleger bancadas favoráveis ao direito de interferir na composição do Congresso, os Estados davam o seu
Governo Federal. apoio ao presidente da República. Nas eleições para sucessão
presidencial, o presidente em fim de gestão reservava-se o direito de
Esta política favoreceu a manutenção da política do Café com Leite na medida em que indicar o seu candidato, com prévia consulta aos governadores. Estes, em
os Governos Federais não encontravam oposição no Congresso. Ao mesmo tempo troca, teriam as mãos livres para “casar e batizar” em cada Estado. “O
favoreceu consolidação do poder das oligarquias regionais – uma das características verdadeiro público que forma a opinião” – dizia Campos Salles – “e
principais da Primeira República a ponto desta ser conhecida também pelo nome de imprime direção ao sentimento nacional é o que está nos Estados. É de lá
República das Oligarquias. que se governa a República, por cima das multidões que tumultuam,
agitadas, as ruas da Capital da União”. Era preciso, pois, evitar as
Sobre o assunto leia o texto a seguir. Bons estudos! multidões e estabelecer com as elites estaduais uma aliança que as
perpetuasse no poder. Essa foi a essência da “política dos governadores”.

Nosso Século. São Paulo: Abril Cultural, 1980, p.195.


A POLÍTICA DOS GOVERNADORES

Governo Campos Sales (1898-1902) e a política dos governadores Percebe-se que, pela estrutura da política dos governadores, o papel exercido pelos coronéis no
interior do país, era de suma importância. Esses, por sua vez, eram líderes oligárquicos que
Manuel Ferraz de Campos Sales (Campinas, 15 de Fevereiro de 1841 — Santos, 28 de junho de mantinham antigo controle sobre determinadas regiões do país.
1913) foi um advogado e político brasileiro e Presidente da República do Brasil entre 1898 e 1902.
(...) O domínio oligárquico dos Estados tinha por base uma extensa rede
de relações, cujo ponto de partida estava na estrutura agrária. O

Curso Preparatório Cidade | Tópico 3.2 – A política dos governadores 267


latifúndio monocultor estava e a dependência entre trabalhadores e A política dos governadores foi a base que tentaria sustentar um esquema de alternância no poder,
senhores de terras deram origem ao “regime de clientela” e aos “currais pelo controle do executivo, entre as elites oligárquicas de São Paulo e Minas Gerais. Apesar de não
eleitorais”. No Império e ainda no começo da República, os chefes ter se prolongado por todo o período da República Velha, tal estrutura de poder teve relativo
políticos regionais recebiam o título de major ou coronel da Guarda sucesso nos quase dez primeiros anos do regime.
Nacional, verdadeiro exército de reserva que era mobilizado em casos de
guerra ou “desordem social”. Nessas ocasiões, cada setor local da Guarda
Nacional devia obediência ao coronel de sua região (...) O patriarca local,
quase sempre m grande fazendeiro ou senhor de engenho, dirigia a vida
econômica e política do “curral” – que englobava sua família, seus
lavradores, seus devedores, outras fazendas dependentes, as cidades que
viviam do comércio de sua produção agrícola, municípios inteiros, enfim.
Todo o curral votava no candidato do patriarca ou coronel. Sua autoridade
não tinha limites (...) Para ganhar as boas graças do coronel e os votos de
seus dependentes, o partido do Governo fazia vista grossa a seus
desmandos. Entre o poder estadual e o patriarca estabelecia-se um
compromisso: este último garantia os votos aos políticos da situação, e
em troca o Governo lhe assegurava verbas e concessões. Com essas
verbas, o coronel promovia alguns melhoramentos no município –
construção de ma igreja, de da, de uma ou outra estrada, – conservando a
ascendência política na região.

Nosso Século. São Paulo: Abril Cultural, 1980, p.194 (com adaptações)

Segundo o historiador Boris Fausto:

(...) O coronelismo representou uma variante de uma relação


sociopolítica mais geral – o clientelismo -, existente tanto no campo como
nas cidades. Essa relação resultava da desigualdade social, da
impossibilidade de os cidadãos efetivarem seus direitos, da precariedade
ou inexistência de serviços assistenciais do Estado, da inexistência de
uma carreira no serviço público (...) Os coronéis forneciam votos aos
chefes políticos do respectivo Estado, mas dependiam deles para
proporcionar muitos dos benefícios esperados pelos eleitores. Isso ocorria
sobretudo quando os benefícios eram coletivos, quando se tratava, por
exemplo, de consertar estradas ou instalar escolas.

FAUSTO,Boris. História do Brasil. São Paulo: Edusp, 1997, 263-264.

268 Tópico 3.2 – A política dos governadores | Curso Preparatório Cidade


Figura 50: Caricatura de Prudente de Morais e presidente Campos Sales. Na economia, Campos Sales decidiu que a resolução do problema da dívida externa era o primeiro
passo a ser tomado. Em Londres, o presidente e os ingleses estabeleceram um acordo, conhecido
como "funding-loan". Com esse acordo, suspendeu-se por 3 anos o pagamento dos juros da dívida;
suspendeu-se por 13 anos o pagamento da dívida externa existente; o valor dos juros e das
prestações não pagas se somariam à existente; a dívida começaria a ser paga em 1911, com o
prazo de 63 anos com juros de 5% ao ano; as rendas da alfândega do Rio de Janeiro e Santos
ficariam hipotecadas aos banqueiros ingleses, como garantia.

Então, livre do pagamento das prestações, Campos Sales pôde levar adiante a sua política de
"saneamento" econômico. Combateu a inflação, não emitindo mais dinheiro e retirando uma parte
de circulação. Depois combateu os déficits orçamentários, reduzindo a despesa e aumentando a
receita. Joaquim Murtinho, Ministro da Fazenda, cortou o orçamento do Governo Federal, elevou
todos os impostos existentes e criou outros. Finalmente, dedicou-se à valorização da moeda,
elevando o câmbio de uma taxa de 48 mil-réis por libra para 14 mil-réis por libra.

Após o mandato presidencial, foi senador por São Paulo e diplomata na Argentina. Faleceu em
Santos, em 1913.

EXERCÍCIOS

01. (Fuvest) Caracteriza o processo eleitoral durante a Primeira República, em contraste com o
vigente no Segundo Reinado:

(A) a ausência de fraudes, com a instituição do voto secreto e a criação do Tribunal Superior
Eleitoral.
(B) a ausência da interferência das oligarquias regionais, ao se realizarem as eleições nos
grandes centros urbanos.
(C) o crescimento do número de eleitores, com a extinção do voto censitário e a extensão do
direito do voto às mulheres.
(D) a possibilidade de eleições distritais e a criação de novos partidos políticos para as
eleições proporcionais.
(E) a maior participação de eleitores das áreas urbanas ao se abolir o voto censitário e se
limitar o voto aos alfabetizados.

02. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO


Caricatura de Prudente de Morais e presidente Campos Sales numa caricatura na "Revista Illustrada".

(Ufrs) Recentemente, ao iniciar seu segundo mandato de Presidente da República, Fernando


Henrique Cardoso afirmou que faria um governo inspirado no legado de Campos Sales (1898-1902)

Curso Preparatório Cidade | Tópico 3.2 – A política dos governadores 269


e de Juscelino Kubitschek (1956-60). Portanto, caberia resgatar as características fundamentais 03. (Fatec) "Cabo de enxada engrossa as mãos - o laço de couro cru, machado e foice também.
destes dois governos. Caneta e lápis são ferramentas muito delicadas. A lida é outra: labuta pesada, de sol a sol, nos
campos e nos currais (...) Ler o quê? Escrever o quê? Mas agora é preciso: a eleição vem aí e o
Leia os trechos abaixo relativos ao governo de Campos Sales. alistamento rende a estima do patrão, a gente vira pessoa."

I. "... o verdadeiro público que forma a opinião e imprime direção ao sentimento nacional é o (Palmério, Mario. VILA DOS CONFINS)

que está nos Estados. É de lá que se governa a República por cima das multidões que
Com base no texto é correto afirmar que, na República velha:
tumultuam, agitadas, nas ruas da Capital da União".

(SALES, Campos. Da Propaganda à Presidência. São Paulo, 1908, p. 252.) (A) o predomínio oligárquico, embora vinculado à manipulação do processo eleitoral, estava
longe de estabelecer qualquer compromisso entre "patrão" e empregados.
II. "Coube a Campos Sales 'sanear' as finanças, executando as políticas a que o país se (B) a campanha eleitoral levada a cabo pelos chefes políticos locais visava a atingir,
comprometia com o Funding Loan: deflação, equilíbrio orçamentário, restauração do principalmente, os trabalhadores urbanos já alfabetizados e menos embrutecidos pela
imposto pago em ouro nas alfândegas. [...] cortou-se drasticamente o gasto público, tanto "labuta pesada".
o de consumo (que em 1902 estava 44% mais baixo do que em 1897/98) como o (C) a transformação operada no trabalhador durante o período eleitoral representava a marca
destinado ao investimento público, que em 1902 reduzira-se à terceira parte dos níveis já de um sistema político que estendia o poder dos grandes proprietários rurais, dos
baixos de 1898." "campos e currais", aos Municípios e, daí, à capital do Estado.
(D) o predomínio oligárquico, baseado em favores pessoais, buscava, sobretudo, dissolver os
(CARDOSO, F. H. Dos governos militares a Prudente-Campos Sales. In: FAUSTO, B. História Geral da Civilização focos de tensão social e oposição política, representados nas diversas formas de
Brasileira. Ed. Difel, Tomo III, 1984. 1º vol., p. 36.)
organização dos trabalhadores rurais naquele momento.
III. "Se Prudente de Morais deixou a Presidência sob os aplausos do povo, o mesmo não se (E) o período eleitoral era o único momento em que os chefes locais se voltavam para os
pode dizer da saída de seu sucessor Campos Sales. Esse presidente, também paulista, seus subordinados, impondo-lhes seus candidatos e dispensando-os dos trabalhos que
implementou uma política econômica-financeira das mais dolorosas da história da República "engrossavam as mãos".
do Catete debaixo de manifestações públicas de repúdio ao que fora seu governo. Milhares
de pessoas, nas ruas, nas praças, nos morros, munidas de apitos, vaiavam o presidente que 04. (Fgv)
partia."
I. Na primeira República a expressão "socialização de perdas" pode ser aplicada às sucessivas
(LUSTOSA, I. História de Presidentes - A República do Catete. São Paulo: Ed. Vozes, 1989.)
compras de excedentes da produção da indústria leve nacional por parte do governo.
A partir da leitura dos textos, é possível identificar: II. Apesar de seus limites regionais, a burguesia do café constitui-se numa classe articulada,
capaz de expressar seus interesses através do PRP (Partido Republicano Paulista) e de suas
(A) a Política dos Governadores, a política econômico-financeira restritiva e o associações de classe.
descontentamento popular. III. Controlados por uma elite reduzida, os partidos republicanos decidiam os destinos da
(B) a Política feijão-com-arroz, a política econômico-financeira emissionista e a política nacional e indicavam os candidatos à presidência da República.
incompreensão popular. IV. A República concretizou a autonomia estadual, dando plena expansão aos interesses de
(C) a Política desenvolvimentista, a política econômico-financeira restritiva e a ignorância cada região. No plano político, houve a formação de partidos republicanos restritos a cada
popular. Estado, sendo que fracassaram ou tiveram vida efêmera as tentativas de organização de
(D) a Política café-com-leite, a política econômico-financeira emissionista e o apoio popular. partidos nacionais.
(E) a Política dos Governadores, o Encilhamento e o descontentamento popular. V. A maioria da população brasileira votou, ao longo da Primeira República, para a escolha de
seus representantes junto às Assembleias Legislativas, Câmara do Deputados, Senado e
Presidência da República, sendo que o presidente eleito indicava os Governadores.

270 Tópico 3.2 – A política dos governadores | Curso Preparatório Cidade


Acerca da Primeira República (1889-1930) é correto APENAS o afirmado em: (B) supremacia política dos Estados da região sul - possuidores de maior poder econômico -
cuja força advinha da maior participação popular nas eleições.
(A) I, II e IV. (C) montagem de modernas instituições - autonomia estadual, voto universal - sobre
(B) I, III e V. estruturas arcaicas, baseadas na grande propriedade rural e nos interesses particulares.
(C) II, III e IV. (D) instituição da Comissão Verificadora de Poderes que possuia autonomia para determinar
(D) II, IV e V. quem deveria ser diplomado deputado - reconhecendo os vitoriosos nas eleições.
(E) III, IV e V. (E) predominância do poder federal sobre o estadual, que possibilitava ao governo manipular
a população local e garantir à oligarquia a elaboração das leis.

05. (Pucsp) Recentemente as páginas de um jornal paulista foram ocupadas pela polêmica entre
um renomado filósofo e um conhecido político do nordeste brasileiro. Este último foi apontado 08. (Ufmg) Leia o texto.
por seu debatedor como sendo praticante de "coronelismo".
"Na Bruzundanga, como no Brasil, todos os representantes do povo, desde o vereador até o
A expressão "coronelismo", cunhada na década de 30, no Brasil, diz respeito a uma prática política presidente da república, eram eleitos por sufrágio universal e, lá, como aqui, de há muito que os
que se define: políticos tinham conseguido quase totalmente eliminar do aparelho eleitoral este elemento
perturbador - 'o voto'. Julgavam os chefes e capatazes políticos que apurar os votos dos seus
(A) pela articulação de governadores dos estados mais poderosos com o objetivo de sustentar concidadãos era anarquizar a instituição e provocar um trabalho infernal na apuração porquanto
algum candidato ao poder executivo. cada qual votaria em um nome, visto que, em geral, os eleitores têm a tendência de votar em
(B) pelo controle político regional exercido através de favorecimentos e constrangimentos conhecidos ou amigos. Cada cabeça, cada sentença; e para obviar os inconvenientes de
pessoais. semelhante fato, os mesários de Bruzundanga lavravam as atas conforme entendiam e davam
(C) pelo comando de "lobbies" no Congresso Nacional com a finalidade de assegurar posições votações aos candidatos, conforme queriam. (...) Às vezes semelhantes eleitores votavam até com
pessoais. nome de mortos, cujos diplomas apresentavam aos mesários solenes e hieráticos que nem
(D) pela aliança de proprietários de terras com setores politizados do Exército. sacerdotes de antigas religiões".
(E) pela utilização de canais de comunicação de massa com objetivos políticos.
(BARRETO, Lima. OS BRUZUNDANGAS. Rio de Janeiro: Ediouro, s/d. p. 65-66)

06. (Uel) No Brasil, na denominada República Velha, as oligarquias se eternizavam no poder graças Todas as alternativas contêm afirmações que confirmam o comportamento eleitoral criticado na
ao controle: sátira de Lima Barreto, EXCETO:

(A) das filiações partidárias através do voto secreto. (A) O domínio político dos coronéis rurais garantia a mecânica eleitoral fraudulenta operada
(B) das eleições indiretas para os cargos majoritários. através do voto de curral.
(C) da política dos governadores e da máquina do coronelismo. (B) O interesse das elites agrárias e a exclusão das demais classes sociais da política estavam
(D) do poder moderador que privilegiava o poder regional. garantidos nesse sistema político-eleitoral.
(E) do voto universal que permitia a participação popular. (C) O sistema eleitoral descrito como corrupto estava na base da política dos governadores,
posta em prática pelas oligarquias na chamada República Velha.
(D) O sistema eleitoral fraudulento foi consolidado, no fim dos anos 20, através da ação
07. (Uel) O coronelismo, fenômeno social e político típico da República Velha, embora suas raízes decisiva da Aliança Liberal.
se encontrem no Império, foi decorrente da: (E) O voto de cabresto era uma forma de manipulação do eleitorado seja através da compra
de voto seja através da troca do voto por favores.
(A) promulgação da Constituição Republicana que institui a centralização administrativa,
favorecendo nos Estados as fraudes eleitorais.

Curso Preparatório Cidade | Tópico 3.2 – A política dos governadores 271


09. (Ufmg) A POLÍTICA DOS GOVERNADORES, instituída no governo Campos Sales (1898-1902), (D) Cumprindo ordens dos coronéis, os jagunços controlavam o voto de cada eleitor,
significou a resolução da contradição instituída pela Constituição de 1891. caracterizando-se assim o "voto de cabresto".
(E) A Comissão Verificadora das eleições foi instituída pelo Congresso Nacional, com a tarefa
Essa contradição se dava entre: de reconhecer a validade dos resultados das eleições, caracterizando, assim, uma justiça
eleitoral idônea e independente.
(A) a naturalização compulsória e a livre escolha da cidadania brasileira.
(B) a política de valorização do café e a indústria nascente.
11. (Mackenzie) "Preocupado em derrubar as velhas oligarquias..., acabou utilizando os velhos
(C) o bicameralismo e a democracia indireta.
costumes políticos de corrupção e coação, anteriormente criticados através de um novo
(D) o federalismo e o presidencialismo.
elemento: as tropas federais ( ... ). Substituindo uma oligarquia por outra, mantinha a
(E) os presidentes militares e os cafeicultores paulistas.
desigualdade social, agora com novos beneficiados."

10. (Unaerp) (Antônio Mendes Jr. e Ricardo Maranhão, BRASIL HISTÓRIA-REPÚBLICA, vol. III)

"Cabo de enxada, grossas as mãos... O texto relata um momento histórico do governo Hermes da Fonseca que se denominou:

Caneta e lápis são ferramentas muito delicadas. (A) Política do Café com Leite.
(B) Política das Salvações.
A lida é outra: labuta pesada de sol a sol, (C) "Funding-Loan".
(D) Política Desenvolvimentista.
nos campos e nos currais... (E) Socialização dos Prejuízos.

Ler o quê? Escrever o quê?


12. (Mackenzie) Sobre a política dos Governadores, é incorreto afirmar que:
Mas agora é preciso: a eleição vem aí,
(A) constituiu-se em adaptar a República aos interesses dos fazendeiros de café.
e o alistamento rende a estima do patrão, (B) ajustava o federalismo de modo a propiciar o domínio nacional aos Estados de São Paulo
e Minas Gerais.
a gente vira pessoa." (C) o Presidente da República comprometia-se a respeitar as decisões dos governos estaduais
e estes a eleger parlamentares simpatizantes do Presidente.
(Mário Palmério, VILA DOS CONFINS, p.62)
(D) a prática do "Voto de Cabresto", instituída pelos "coronéis", foi um fator de constante
No texto anterior, o escritor Mario de Palmério, faz alusões a práticas eleitorais frequentes no desestabilização das oligarquias regionais.
sistema político brasileiro, revelando a força e o poder dos "coronéis". Com relação ao exposto, é (E) através da Comissão de Verificação, eram ratificados os resultados eleitorais, sendo esta
incorreto afirmar: uma das engrenagens para a política dos Governadores.

(A) O sistema eleitoral da República Velha, era baseado no voto aberto, isto é, os eleitores 13. (Cesgranrio) Durante a República Velha (1889 -1930), desenvolveu-se a chamada "política dos
tinham que declarar publicamente o candidato de sua preferência. governadores", cujas características eram:
(B) A procedência do voto podia ser identificada e causar sérios problemas para o eleitor que
não votasse nos candidatos apoiados pelos grandes fazendeiros, mais conhecidos como (A) a articulação do coronelismo à política nacional, através da ideologia do favor,
coronéis. assegurando a hegemonia das oligarquias paulistas e mineiras sobre o poder central;
(C) Em troca de "favores" concedidos, os "coronéis" exigiam que as pessoas votassem nos
candidatos políticos por eles indicados.

272 Tópico 3.2 – A política dos governadores | Curso Preparatório Cidade


(B) a organização constitucional republicana em função do predomínio dos interesses 16. (Fgv) Qual foi a maneira como as oligarquias da República Velha se valeram da "Política dos
agroexportadores do café, representados por São Paulo; Governadores" para se manter no poder e garantir o controle pelo governo federal:
(C) a representação majoritária dos Estados, cujos governadores eram solidários com o poder
central, tanto no Senado quanto na direção dos órgãos federais; (A) os governadores dos estados apoiavam inúmeras emendas à Constituição Federal para
(D) a participação de todos os governadores estaduais na definição da política externa do país garantir a centralização do poder na União;
e a garantia da União aos empréstimos externos dos Estados; (B) através da Comissão de Verificação de Poderes, que controlava os resultados das
(E) a distribuição dos recursos federais entre os municípios, segundo a influência dos eleições, garantia-se a representação parlamentar dos governadores alinhados com o
coronéis, favoráveis aos respectivos governadores estaduais. governo federal;
(C) o governo federal favorecia menos os estados cujos governadores não se alinhassem com
a sua política, como quando ele financiou em São Paulo a valorização do café através do
14. (Mackenzie) Durante o governo Campos Sales foi negociado o acordo financeiro "Funding
Convênio de Taubaté;
Loan", visando restaurar as finanças da república e que trouxe como efeitos imediatos:
(D) o poder da União só se interessava pelo apoio dos grandes estados, daí a pequena
importância dos governadores nordestinos no sistema de poder da República Velha.
(A) o corte de despesas e abandono de obras públicas, desemprego, queda da indústria
(E) os governadores indicavam os ministros de Estados e os deputados federais, mediante
brasileira e favorecimento das importações.
apoio à política do governo central.
(B) a implantação de uma política industrialista, abandonando-se a crença de um país
exclusivamente agrícola, defendida por parte da elite da época.
(C) grandes investimentos em obras para vencer o desemprego. 17. (Cesgranrio) A implantação da República no Brasil teve como consequência a consolidação de
(D) um período de grande estabilidade econômica e política em função das boas condições um processo de dominação política por parte das oligarquias, que pode ser expresso nas
sociais. opções a seguir, EXCETO em uma. Assinale-a:
(E) grande popularidade do governo, sobretudo nas camadas baixas da população, em
virtude de sua política social. (A) Garantia da hegemonia dos grupos dominantes em cada Estado, através da "Política dos
Governadores".
(B) Manipulação do processo eleitoral, principalmente nas zonas rurais.
15. (Unirio) No período da história brasileira denominado de República Velha (1889 -1930), os
(C) Crescente predomínio do eleitorado, em especial dos setores populares.
grupos oligárquicos exerceram pleno domínio sobre o processo político, o que pode ser
(D) Instituição do Federalismo, com transferência de amplos poderes aos Estados.
exemplificado na(o):
(E) Papel preponderante dos "coronéis" no controle da política municipal.

(A) predominância dos grandes estados, principalmente os ligados à economia


agroexportadora. 18. (Uel) Durante a República Velha, a estabilidade dos governos acabou sendo assegurada pela
(B) política dos governadores, que isolou os estados das decisões políticas concentradas no vigência da Política dos Governadores. Na prática, essa política traduzia-se:
governo federal.
(C) aliança política entre os oficiais mais jovens, influenciados pelo Positivismo, e os grandes (A) na substituição dos governadores eleitos por interventores militares, comprometidos com
chefes políticos rurais. uma política de equilíbrio entre os Estados.
(D) participação permanente da oligarquia gaúcha no pacto café-com-leite. (B) nas atribuições econômicas concedidas aos governos estaduais pela Constituição de 1891.
(E) apoio popular aos movimentos eleitorais de oposição como a Reação Republicana. (C) na estrita alternância entre paulistas e mineiros no controle do Governo Federal.
(D) no compromisso de apoio mútuo firmado entre o governo federal, o estadual e os chefes
políticos municipais.
(E) na criação de milícias estaduais, base política das oligarquias dominantes nos Estados.

Curso Preparatório Cidade | Tópico 3.2 – A política dos governadores 273


19. (Pucmg) Durante a República Velha no Brasil (1889-1930), vigorou o conhecido "voto de 02. (EsFCEx - 2003) Sobre a campanha civilista de Rui Barbosa, constatamos que:
cabresto", que se relaciona com, EXCETO:
I. vetando Davi Campista, Rui Barbosa facilitou a candidatura do Marechal Hermes;
(A) pouca politização das camadas populares rurais e urbanas. II. Pinheiro Machado acabou apoiando a candidatura de Rui Barbosa;
(B) utilização de formas de violência por parte dos coronéis. III. a vitória de Rui Barbosa no pleito se deu graças a sua atuação no governo de Deodoro.
(C) votação aberta, permitindo a formação dos "currais eleitorais".
(D) predomínio de interesses dos grandes proprietários rurais. (A) todas estão corretas.
(E) troca de favores, melhorando as condições de vida dos trabalhadores. (B) todas estão falsas.
(C) somente a I e a II estão corretas
(D) somente a II e a III estão corretas.
20. (Ufsm) O federalismo, consagrado na primeira Constituição republicana brasileira (1891),
(E) somente a I está correta.
institucionalizou a hegemonia política dos grupos oligárquicos que, através da manipulação do
processo eleitoral, perpetuaram-se no poder até 1930. É correto dizer, sobre esse período da
República Velha Brasileira, que: 03. (EsFCEx - 2004) Sobre o Pacto de Ouro Fino, podemos afirmar que:

(A) os partidos políticos nacionais tiveram pouca expressão durante a Primeira República, I. visava fortalecer a posição gaúcha na república velha.
devido ao voto secreto que desarticulava a organização política dos chamados coronéis. II. era um compromisso dos mineiros e paulistas contra os gaúchos.
(B) se estabeleceu um pacto denominado "política dos governadores" que favoreciam os III. Rodrigues Alves foi eleito, pela segunda vez, ainda em consequência deste pacto.
opositores do regime oligárquico, respaldados na "Comissão de Verificação de Poderes".
(C) diminuiu a ação de interesses comerciais e financeiros estrangeiros nos setores (A) todas estão corretas.
fundamentais da economia, fortalecendo a nacionalização da indústria e diminuindo a (B) todas estão falsas.
exportação de matérias-primas e alimentos. (C) somente a I e a II estão corretas.
(D) cresceu a organização operária dos assalariados urbanos, liderados por anarquistas e (D) somente a II e a III estão corretas.
comunistas, especialmente na região Nordeste, devido ao amplo desenvolvimento (E) somente a I está correta.
econômico daquela região.
(E) preponderou a política do "café-com-leite", que entrou em crise no final da década de 20,
04. (EsFCEx - 2004) 37. Um dos políticos de maior prestígio da república velha foi o gaúcho e
principalmente em função da superprodução do café brasileiro, da queda de seus preços
senador Pinheiro Machado que:
no mercado internacional e da crise financeira mundial.

I. era o político preferido de Júlio de Castilhos, então governador do Rio Grande do Sul;
EXERCÍCIOS DE PROVA II. a transformou o Morro da Graça num poder paralelo ao palácio do Catete;
III. foi assassinado pelo seu conterrâneo Manso de Paiva.

01. (EsFCEx - 2003) A diplomacia brasileira destaca a figura de um diplomata a quem devemos a
(A) Todas estão corretas.
resolução das questões de Palmas e do Acre. O Congresso Brasileiro lhe concedeu o título de
(B) Todas estão falsas.
“Benemérito da Pátria”. Nos referimos a (ao):
(C) Somente a I e a II estão corretas.
(D) Somente a II e a III estão corretas.
(A) Oswaldo Aranha.
(E) Somente a I está correta.
(B) Barão de Penedo.
(C) Conselheiro Saraiva.
(D) Cândido Rondon.
(E) Barão do Rio Branco.

274 Tópico 3.2 – A política dos governadores | Curso Preparatório Cidade


05. (EsFCEx - 2004) A política dos governadores de Campos Sales demonstra que:

I. só ingressam na câmara aqueles que estivessem com o governo.


II. só eram reconhecidos os candidatos do situacionismo estadual.
III. formou-se na realidade um “sindicato de governadores”.

(A) Todas estão corretas.


(B) Todas estão falsas.
(C) Somente a I e II estão corretas.
(D) Somente a II e III estão corretas.
(E) Somente a I está correta.

06. (EsFCEx – 2011) Sobre a “Política dos Governadores”, analise as afirmativas abaixo e, em
seguida, assinale a opção correta.

I. Fundava-se no princípio do respeito à vontade do voto popular quando da eleição dos


governantes dos Estados.
II. Sustentava-se no reconhecimento da legitimidade das maiorias estaduais pelo governo
federal e, reciprocamente, no apoio das situações estaduais aos governantes em nível
federal.
III. Restaurava, após a curta fase ditatorial dos primeiros anos da República, um regime político
plenamente democratizado.

(A) somente I é verdadeira


(B) somente II é verdadeira
(C) somente III é verdadeira
(D) somente I e II são verdadeiras
(E) somente II e III são verdadeiras

Curso Preparatório Cidade | Tópico 3.2 – A política dos governadores 275


Tópico 3.3 – O coronelismo e o sistema eleitoral aberto e havia um grau elevado de fraude eleitoral, a pessoa capacitada de exercer seu sufrágio
estava subjugada aos mandos locais, temendo retaliações e/ou agressões. Econômico/ social, pois
esse senhor detinha a maior parte dos instrumentos de produção, concentrando em seu latifúndio
Comentário a cafeicultura, sustentada por muitos braços. Podemos entender que o café, produto majoritário
nas taxas de exportação é uma mercadoria extremamente elitista na produção, pois seu lucro
advém de cerca de dois anos, ou seja, não era qualquer produtor rural que tinha condições de
Caro estudante, plantar café em larga escala, comprar terras e manter a plantação sem capital de giro envolvido.

Neste tópico estudaremos uma das bases da ação política de todo o período Figura 51: As próximas eleições... “de cabresto”.
republicano e característica dominante da Primeira República – o Coronelismo.

A origem do termo remonta à época do Período Regencial (1831-1840) quando foi


criada a Guarda Nacional e o posto de “Coronel”.

O Coronelismo foi muito presente nos estados mais pobres do Brasil, principalmente
entre aqueles onde a ação estatal era menos visível. Os coronéis supriram essa lacuna
exigindo em troca a fidelidade política do seus agregados.

Não podemos afirmar que esta prática foi extinta da vida política nacional.

Sobre o assunto leia o texto a seguir. Bons estudos!

CORONELISMO

O coronelismo caracteriza – se como a reciprocidade entre o poder central exercido pelo governo
federal e o local promovido por homens de influência política, cultural e social denominados As próximas eleições... “de cabresto”. Na charge de Storni para a revista Careta (1927), uma das mais famosas fraudes
“coronéis. eleitorais da Primeira República, o voto de cabresto, recebe a devida crítica. O eleitor recebia um papel com o nome do
candidato escolhido pelo coronel da região, e apenas o depositava na urna.
Devemos entender que tal conceito está sendo entendido na história do Brasil no período da
primeira república (1889 – 1930), momento em que o nosso país tinha um modelo político Legenda original era:
Ella – É o Zé Besta?
republicano federalista presidencialista, com a dinâmica econômica agroexportadora. O Brasil vivia
Elle – Não, é o Zé Burro!
seu primeiro momento de democracia representativa do chefe do executivo, todavia, a grande Fonte: http://www.revistadehistoria.com.br/v2/home/?go=detalhe&id=1919
maioria da população não podia votar, pois a carta magna de 1891 restringia os votos aos poucos
que sabiam ler e escrever, levando a uma expressão do historiador José Murilo de Carvalho “uma
ilha de letrados num mar de analfabetos”. Esse poder está intimamente interligado com o conceito de clientelismo, pensado como sendo uma
troca de favores, em que o beneficiário fica em dívida com o concedente do favor, devendo pagar
O coronelismo também chamado de mandonismo local se encaixa desse modelo supracitado como essa ajuda em momento oportuno solicitado por seu cúmplice. Dessa forma, são feitas várias
sendo a notável autonomia político/ eleitoral e econômico/ social que uma oligarquia local possuía clientelas e jogos de interesses, onde na prática um governador de estado pode conceder um
para com a camada humilde da população. Político/ Eleitoral porque como nesse período o voto era emprego ao filho do coronel esperando em troca votos nas próximas eleições.

276 Tópico 3.3 – O coronelismo e o sistema eleitoral | Curso Preparatório Cidade


Nesse momento histórico acontece uma tensão no que tange a possibilidade de criação de um (...) Do ponto de vista da representação política, a Primeira República
estado forte nos moldes republicanos que conseguisse abarcar e não ser relevantemente (1889-1930) não significou grande mudança. Ela introduziu a
depreciado pelas relações de poderes individuais que ocorriam no solo brasileiro, trazendo muitas federação de acordo com o modelo dos Estados Unidos. Os presidentes
vezes um enfraquecimento sucessivo da figura presidencialista e um fortalecimento do velho dos estados (antigas províncias) passaram a ser eleitos pela
parlamentarismo da época do império, onde podemos ver várias vezes à interferência do executivo população. A descentralização tinha efeito positivo de aproximar o
no legislativo. Ou seja, como ter estabilidade política, nas finanças e socialmente, frente a uma governo da população via eleição de presidentes de estado e prefeitos.
gama de interesses singulares que de muito abalavam as estruturas daquele novo regime de Mas a aproximação se deu sobretudo com as elites locais. A
governo republicano/ presidencialista e por consequência mostrar uma confiabilidade para descentralização facilitou a formação de sólidas oligarquias estaduais.
incentivar investimentos e trazer respeitabilidade nas relações internacionais do Brasil? Tal reflexão Nos casos de maior êxito, essas oligarquias conseguiram envolver
conversa com a passagem a seguir Esta questão terá grande importância na construção do pacto todos os mandões locais, bloqueando qualquer tentativa de oposição
de consolidação da república. política. A aliança das oligarquias dos grandes estados, sobretudo de
São Paulo e Minas Gerais, permitiu que mantivessem o controle da
Percebe – se nitidamente uma pressão internacional para o funcionamento da economia política nacional até 1930. (...). A primeira República ficou conhecida
internacional para um funcionamento da economia brasileira segundo padrões confiáveis, bem como “república dos coronéis”. Coronel era o posto mais alto na
como a resistência de um pequeno grupo. Campo Sales precisa mostrar que pode cumprir com as hierarquia da Guarda Nacional. O coronel da Guarda era sempre a
exigências dos credores internacionais, especialmente deve provar que controla o congresso pessoa mais poderosa do município. Já no Império, ele exercia grande
nacional, tendo capacidade de implementar determinadas mudanças. influência política. Quando a Guarda perdeu sua natureza militar,
restou-lhe o poder político de seus chefes. Coronel passou, então, a
Campo Salles na tentativa de obter maioria de partidários nos jogos políticos do Brasil república, indicar simplesmente o chefe político local. O coronelismo era a
faz uma quantidade perceptível de concessões. Dentre elas podemos ter como relevantes cortes no aliança desses chefes com os presidentes dos estados e desses com o
orçamento, aprovação de muitas reformas e aumento de impostos. Sua tentativa de ter apoio das presidente da República. Nesse paraíso das oligarquias, as práticas
duas maiores facções políticas, dos concentrados e dos republicanos estava interelacionada com as eleitorais fraudulentas não podiam desaparecer. Elas foram
expectativas de futuro num âmbito regional e globalizante/nacional. Todavia, uma forte oposição aperfeiçoadas. Nenhum coronel aceitava perder as eleições. Os
entre tais grupos políticos era preocupante para o governo, então, foi planejado uma reforma que eleitores continuaram a ser coagidos, comprados, enganados, ou
foi denominado de “reforma do regimento” promulgada em 1889 com apoio de Minas Gerais, simplesmente excluídos.
Bahia, São Paulo e Pernambuco, modificando as normas de reconhecimento dos deputados.
Segundo a historiadora Ana Luiza, tal reforma se constituía de dois pontos fundamentais que CARVALHO,José Murilo de. Cidadania no Brasil: o longo caminho. Rio de
perpassaram mudanças nos critérios de escolha do presidente das sessões preparatórias e do Janeiro:Civilização Brasileira, 2006, p.41-42.
critério no reconhecimento dos diplomas.

Não querendo aprofundar em uma questão política da época, devemos entender a república velha EXERCÍCIOS
e o coronelismo unidos com o pacto de campo Sales. É importante ressaltar que “o fenômeno do
coronelismo não é de hoje (...)” , ou seja, mesmo aludindo tal característica na primeira república,
ele é um elemento brasílico desde o tempo da colônia, onde se confundiam segundo Sérgio 01. (Puccamp) Pode-se considerar o Exército como força política influente no movimento
Buarque de Holanda no livro “Raízes do Brasil” o público e o privado. O capitão donatário tinha a Republicano porque:
obrigação de zelar pela capitania hereditária que estava sobre sua tutela, mas aquele território não
o pertencia, continuava sendo propriedade do rei de Portugal, porém, pela distância do atlântico e (A) seus integrantes, tendo origens, predominantemente na classe média, o indispunham à
pela dificuldade de fiscalização da coroa, o donatário se comportava como o “dono do lugar” e vigência de um Estado monárquico identificado com as camadas populares da sociedade.
utilizava fortemente o clientelismo. (B) seus oficiais, quase todos pertencentes à Maçonaria, solidarizaram-se com os bispos
envolvidos na chamada Questão Religiosa, agudizando a crise política deflagrada contra o
Imperador.

Curso Preparatório Cidade | Tópico 3.3 – O coronelismo e o sistema eleitoral 277


(C) o declínio do prestígio dos militares após a Guerra do Paraguai, tornava seus oficiais (C) Apesar de o consumo do café estar adequado à aceleração do ritmo social no século XIX,
críticos inexpressivos dos privilégios concedidos à Guarda Nacional. a industrialização brasileira processou-se independentemente do complexo cafeeiro.
(D) seus oficiais mostraram-se descontentes com a recusa do Imperador em incorporá-los ao (D) A incorporação do positivismo pelos militares brasileiros foi impedida pelas definições de
processo de repressão organizada contra a rebeldia negra. Comte sobre o tipo militar como característico do regime teológico, marcado pelo domínio
(E) a influência do Positivismo entre os jovens oficiais imprimiu o ideal de uma República da força, da guerra e do comando irracional, ao contrário do tipo industrial que se
militar como base do progresso nacional, em oposição ao governo corrupto dos manifestava na cooperação, na livre produção e na aceitação racional.
"casacas". (E) A adoção do ideário cientificista favoreceu a separação da Igreja e do Estado, bem como
repercutiu no projeto de modernização conservadora das elites brasileiras no período
republicano.
02. (Fatec) O marechal Floriano Peixoto, em sua política econômico financeira:

(A) orientou-se no sentido de apoiar a lavoura, principalmente a cafeeira, cuja situação era 04. (Uel) "O Nicromante, pelos modos,/ Satisfazer procura a todos:/ Traz Benjamin que é o
precária devido à diminuição da demanda nos mercados internacionais. fundador,/ Deodoro, que é o proclamador,/ Floriano, o consolidador,/ Prudente, o pacificador./
(B) procurou combater a inflação, contando para isso com a colaboração de seu Ministro da Isto é que é ser enganador!"
Fazenda, Joaquim Murtinho.
(C) buscou particularmente a diversificação de produtos agrícolas, buscando substituir o café (Retratos. "O Paiz", 19/11/1895.)

pelo algodão, cacau e açúcar, como produtos básicos de nossa economia exportadora;
O advento da República no Brasil pouco representou para a efetiva construção da cidadania. Com
como consequência ocorreram rebeliões contra o governo central, promovidas pela
base em seus conhecimentos e na leitura do trecho do jornal "O Paiz", analise as seguintes
oligarquia cafeicultora paulista.
afirmativas:
(D) orientou-se no sentido de promover a industrialização do país através de uma política de
empréstimos e financiamentos.
I. A briga entre civis e militares pelo reconhecimento da fundação republicana, disputada
(E) visando a diminuir a dívida externa do Brasil, pagou a maior parte de nossos débitos no
pelos partidários de Deodoro e Benjamin Constant, prosseguiu por longo tempo e
exterior, principalmente junto aos Estados Unidos.
representou o conflito pela definição do novo regime.
II. O levante armado republicano pôs fim às simpatias pela monarquia, utilizando-se do apoio
03. (Fgv) Leia atentamente o texto abaixo e depois assinale a alternativa CORRETA: popular para impedir reações da família imperial.
III. A investida do Estado na regulamentação do cotidiano das pessoas foi uma das motivações
"As bases de inspiração dessas novas elites eram as correntes cientificistas, o darwinismo social do para as sublevações populares, como a revolta contra a vacinação obrigatória, em 1904, na
inglês Spencer, o monismo alemão e o positivismo francês de Auguste Comte. Sua principal base cidade do Rio de Janeiro.
de apoio econômico e político procedia da recente riqueza gerada pela expansão da cultura IV. O chamado jacobinismo florianista caracterizou-se pelo resgate da influência lusitana e pela
cafeeira no Sudeste do país, em decorrência das crescentes demandas de substâncias estimulantes postura antinacional de seus seguidores.
por parte das sociedades que experimentavam a intensificação do ritmo de vida e da cadência do
trabalho". Assinale a alternativa correta.
SEVCENKO, N., "Introdução". "História da vida privada no Brasil". São Paulo, Cia. das Letras,
1998, p.14.
(A) Apenas as afirmativas I, II e IV são verdadeiras.
(B) Apenas as afirmativas II, III e IV são verdadeiras.
(A) A difusão das teorias cientificistas e evolucionistas ao longo do século XIX forneceram
(C) Apenas as afirmativas I e III são verdadeiras.
argumentos para a crítica das práticas neocolonialistas, favorecendo o processo de
(D) Apenas as afirmativas III e IV são verdadeiras.
descolonização.
(E) Apenas as afirmativas II e IV são verdadeiras.
(B) A influência das teorias cientificistas no Brasil é exemplificada, principalmente, pela
formação de uma elite que estabeleceu uma plataforma de modernização que tinha como
base o desenvolvimento comercial e agrícola do país.

278 Tópico 3.3 – O coronelismo e o sistema eleitoral | Curso Preparatório Cidade


05. (Puc-rio) Os anos iniciais da República no Brasil (1889-1902) foram marcados por uma 07. (Ufrs) Leia o seguinte texto.
instabilidade sentida em diversos planos da vida social e política. Entre os fatores que
condicionaram essa instabilidade, podemos identificar: "É um engano supor que o golpe de Estado de 15/11/1889 foi a materialização de um projeto de
utopia, lentamente amadurecido por duas décadas de ação republicana. Talvez seja mais prudente
I. o confronto entre grupos e lideranças adeptos de projetos distintos para a organização do supor que a relevância da propaganda republicana se deve, apenas, ao fato de que se proclamou
governo republicano, destacando-se, nesse quadro, as divergências entre republicanos uma república, que lhe reivindicou como memória".
históricos, liberais, positivistas, jacobinos, fossem eles civis ou militares;
(Fonte: Lessa, Renato. "A invenção republicana". 1 988, p. 38.)
II. a ocorrência de revoltas e conflitos armados de proporções inesperadas, pondo em xeque a
manutenção do próprio sistema republicano e apontando, em particular, no caso da Guerra Levando em consideração o texto acima, analise as seguintes afirmativas sobre as motivações e os
de Canudos, para o caráter excludente e hierarquizador do novo regime, proclamado em desdobramentos da proclamação da República no Brasil (15.11.1889).
nome da ordem e do progresso;
III. a permanência de militares no controle do poder executivo federal, instaurando um governo I. Uma das principais causas do golpe foi a insatisfação de diversos segmentos da oficialidade
autoritário, que cerceava as pretensões federalistas e descentralizadoras das oligarquias militar, notadamente de alguns veteranos da Guerra do Paraguai e da "mocidade militar" da
regionais e fomentava a rivalidade entre civis e militares, como ocorreu na Revolução Escola Militar da Praia Vermelha.
Federalista no Rio Grande do Sul; II. Após o golpe, o governo de Deodoro foi extremamente pacífico, apesar das disputas entre
IV. a alta generalizada do custo de vida, ocasionada pelo Encilhamento e agravada pelo as diversas correntes republicanas (liberais, conservadores e girondinos).
Saneamento Financeiro, o qual, ao aplicar uma política de variação cambial em função das III. Ao contrário da proclamação da Independência em 1822, a proclamação da República foi
flutuações do preço do café, contribuiu ainda mais para a desvalorização monetária e a um movimento que, apesar de liderado pelos militares, teve ampla e expressiva
permanência da inflação. participação de setores populares, que formaram milícias nas principais cidades brasileiras.

Assinale a alternativa: Quais estão corretas?

(A) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas. (A) Apenas I.


(B) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas. (B) Apenas I e II.
(C) se somente as afirmativas II e IV estiverem corretas. (C) Apenas I e III.
(D) se somente as afirmativas III e IV estiverem corretas. (D) Apenas II e III.
(E) se todas as afirmativas estão corretas. (E) I, II e III.

06. (Fgv) Caracterizou-se por "encilhamento" a política econômica que: 08. (Ufpe) Sobre o papel dos militares no cenário que antecedeu a Proclamação da República no
Brasil, analise as afirmações abaixo.
(A) levou o país a uma crise inflacionária pela emissão de moeda, sem lastro-ouro e com
escassos empréstimos estrangeiros, gerando inúmeras falências; 1. Mudanças na estrutura social do exército, ao longo do século XIX, deixaram a liderança dessa
(B) pôde acomodar os primeiros anos da República à estabilização e ao investimento em instituição e a elite aristocrática brasileira afastadas. Dessa forma, faltou à monarquia o apoio
políticas públicas, principalmente educacionais; do exército.
(C) levou o país a pedir empréstimos para a reorganização do parque industrial e para a 2. Os baixos salários, as péssimas condições em que atuavam os militares brasileiros, nas guerras
exploração da borracha na região amazônica; que o Império promoveu, e questões ideológicas relativas à escravidão levaram os militares a
(D) pôde acomodar, por aproximadamente 50 anos, uma economia ainda dependente, apoiar os ideais republicanos.
permitindo a aplicação de recursos em serviços públicos; 3. Militares do Exército fundaram o Clube Militar, que era uma associação corporativista
(E) levou o país a receber apoio de todas as nações industrializadas para desenvolvimento de permanente, para defender a abolição, o fim da Guerra do Paraguai e a República.
parcerias, apesar da crescente inflação decorrente dos inúmeros empréstimos pedidos.

Curso Preparatório Cidade | Tópico 3.3 – O coronelismo e o sistema eleitoral 279


4. Os militares liderados por Caxias, o mais bem sucedido dos generais brasileiros, organizaram Tomando como referência as citações acima e a relação delas com o contexto social e político após
um ataque, pela imprensa, às instituições monárquicas, com vistas à proclamação da a Proclamação da República no Brasil, pode-se afirmar que:
República.
5. As crises entre os militares e o governo brasileiro, a partir de 1883, foram consequência de I. o comentário de Aristides Lobo refere-se ao caráter elitista da proclamação, realizada por
uma insatisfação geral, em relação à participação daqueles militares na vida social e política do militares com o apoio das oligarquias cafeeiras, transformando a população civil em meros
Brasil: os militares estavam proibidos de se pronunciarem através da imprensa e eram espectadores.
transferidos de uma região para outra, por questões políticas. II. a fala de Louis Couty, partidário da ala revolucionária dos republicanos, refere-se ao
processo de exclusão social, instaurado a partir da proclamação e consolidado pelos
Estão corretas apenas: republicanos jacobinos na montagem do Governo Provisório, na chamada República da
Espada.
(A) 3, 4e5 III. a participação popular nas decisões políticas concretizou-se a partir da promulgação da
(B) 1, 2e5 Constituição de 1891, com a qual criava-se uma República Federativa de cunho regionalista
(C) 1, 2, 4 e 5 e ampliava-se o direito de voto, tornando-o universal e secreto.
(D) 1, 3e5 IV. a mentalidade positivista assumida pelos oficiais do exército, em defesa da modernização a
(E) 2, 3e4 ser promovida pela República, tinha como perspectiva a instalação de um regime que
superasse o "atraso" mantido pelo Império e promovesse a "ordem" para viabilizar o
"progresso" capitalista.
09. (Uerj) A febre especulativa começou ainda sob o Império (...). A libertação dos escravos
provocara o súbito aumento da necessidade de pagar salários e os fazendeiros sentiam
Assinale a alternativa que contém somente afirmações corretas.
carência de dinheiro (...). [O] primeiro governo republicano, (...) convicto de que a circulação
monetária era insuficiente e, ademais, aberto a ideias de industrialização, (...) estabeleceu um
(A) II e III
mecanismo de bancos privados emissores, o que incitou ainda mais a especulação (...).
(B) I e IV
(GORENDER, Jacob. A burguesia brasileira. São Paulo: Brasiliense, 1986.) (C) I e II
(D) II e IV
O processo descrito acima ilustra a seguinte política econômica desenvolvida no governo provisório
de Deodoro da Fonseca, de 1889 a 1891:

(A) creditismo 11. (Puccamp)


(B) federalismo
(C) naturalização Estrangeiro é quem
(D) encilhamento mudou de país
mudou de paisagem
e fez da viagem
10. (Ufu) Por ora a cor do governo é puramente militar e deverá ser assim. O fato foi deles, deles um modo de estar.
só, porque a colaboração do elemento civil foi quase nula. O povo assistiu àquilo bestializado, Quem deixou para trás
atônito, surpreso, sem conhecer o que significava. o que tinha pela frente.
Quem era igual
Aristides Lobo. "Diário Popular". Rio de Janeiro, 15/11/1889.
e se tornou diferente.
O Brasil não tem povo. Estrangeiro é quem
mudou por inteiro:
Louis Couty. In: CARVALHO, José Murilo de. "Os bestializados". São Paulo: Cia. Das Letras, 1989. de ares, de amigos

280 Tópico 3.3 – O coronelismo e o sistema eleitoral | Curso Preparatório Cidade


e até de dinheiro. econômica, voraz em sua fome de força de trabalho a baixo custo, dispõe, nessa cidade, de um
(Alberto Martins. "A Floresta e o estrangeiro". São Paulo: Companhia das Letrinhas, 2000. p. 6-7) enorme mercado de mão-de-obra. No entanto, a cidade capitalista, apesar de gerar um novo
território comum, não consegue garantir um espaço para todos.
As lutas por conquistas trabalhistas faziam parte da memória social e pessoal de muitos
estrangeiros que chegaram no Brasil como imigrantes. Durante a Primeira República (1889-1930), Adaptado de ROLNIK, Raquel. "O que é cidade." São Paulo: Brasiliense, 1995.
eles tiveram um papel importante na organização do movimento operário brasileiro. Sobre esse
movimento, pode-se afirmar que: A análise feita no fragmento aplica-se ao processo de urbanização no Brasil, durante o século XX.
Considerando a primeira metade do século, é correto afirmar sobre esse processo:
(A) os sindicatos eram regulamentados por uma legislação trabalhista que excluía os
operários estrangeiros do direito de sindicalização. (A) O aumento da população urbana resultou da transferência progressiva de população das
(B) os operários imigrantes eram os mais organizados politicamente e atuavam sempre contra áreas rurais para as cidades, atraída pela industrialização.
as confederações de tendência anarquista. (B) A ampliação do operariado urbano nacional consolidou o poder das oligarquias
(C) as lideranças sindicais, por defenderem os princípios do liberalismo, obtiveram várias agroexportadoras, em fase de franca expansão nas cidades portuárias.
concessões dos empresários e do poder público. (C) O crescimento da população pobre nos centros urbanos levou o governo a criar uma
(D) muitos líderes operários que participaram da greve de 1917 foram condenados e política de geração de empregos para absorver esse contingente.
deportados do Brasil por serem imigrantes e defensores de ideias anarquistas. (D) A reformulação e a ampliação das cidades para receber os novos habitantes
(E) as organizações sindicais eram de natureza pacífica, o que explica as poucas conquistas desencadearam um processo de enriquecimento, extensivo aos trabalhadores.
trabalhistas obtidas pelos operários naquele contexto histórico.
14. (Fuvest) A imigração de italianos (desde o final do século XIX) e a de japoneses (desde o início
12. Sobre o processo de industrialização do Brasil, no período conhecido como República Velha do século XX), no Brasil, estão associadas a:
(1889 a 1930), sabe-se que:
(A) uma política nacional de atração de mão de obra para a lavoura e às transformações
(A) com o declínio da cafeicultura, atividade econômica mais expressiva do país durante sociais provocadas pelo capitalismo na Itália e no Japão.
quase todo o século XIX, os centros urbanos investiram maciçamente na criação de (B) interesses geopolíticos do governo brasileiro e às crises industrial e política pelas quais
fábricas. passavam a Itália e o Japão.
(B) a despeito da política de incentivo à industrialização, adotada pelo Governo, o Brasil só (C) uma demanda de mão de obra para a indústria e às pressões políticas dos fazendeiros do
conseguiu um desenvolvimento tecnológico autônomo ao final da década de 1930. sudeste do país.
(C) a concentração de capitais e a mão-de-obra, proveniente dos movimentos migratórios, fez (D) uma política nacional de fomento demográfico e a um acordo com a Itália e o Japão para
com que os centros urbanos do Nordeste se destacassem na implantação do sistema exportação de matérias-primas.
fabril. (E) acordos internacionais que proibiram o tráfico de escravos e à política interna de
(D) dentre os trabalhadores, era significativo o número de operários imigrantes nas fábricas embranquecimento da população brasileira.
de São Paulo e do Rio de Janeiro.
(E) os direitos garantidos aos trabalhadores urbanos pela Consolidação das Leis Trabalhistas 15. (Puc-rio) Os anos iniciais da República no Brasil (1889-1902) foram marcados por uma
justificaram o fluxo migratório para as cidades industrializadas. instabilidade sentida em diversos planos da vida social e política. Entre os fatores que
condicionaram essa instabilidade, podemos identificar:
13. (Ufrn) Leia o fragmento textual abaixo para responder às questões adiante.
I. o confronto entre grupos e lideranças adeptos de projetos distintos para a organização do
A cidade dos tempos do capitalismo do século XX adquiriu uma característica que, até o século XIX, governo republicano, destacando-se, nesse quadro, as divergências entre republicanos
era peculiar aos portos: passa a se constituir, sobretudo, de uma população estrangeira, de várias históricos, liberais, positivistas, jacobinos, fossem eles civis ou militares;
origens e regiões, e, quando muito, de uma população apenas de passagem. A produção

Curso Preparatório Cidade | Tópico 3.3 – O coronelismo e o sistema eleitoral 281


II. a ocorrência de revoltas e conflitos armados de proporções inesperadas, pondo em xeque a A chacina empreendida pelo Exército em 1897, no interior do Nordeste, e com a qual o leitor de
manutenção do próprio sistema republicano e apontando, em particular, no caso da Guerra "Os Sertões", de Euclides da Cunha, entra em contato, tem uma de suas explicações:
de Canudos, para o caráter excludente e hierarquizador do novo regime, proclamado em
nome da ordem e do progresso; (A) na necessidade, por parte do governo, de afirmar a irreversibilidade do projeto
III. a permanência de militares no controle do poder executivo federal, instaurando um governo republicano.
autoritário, que cerceava as pretensões federalistas e descentralizadoras das oligarquias (B) no fato de que o movimento seria uma extensão do Cangaço na região, provocando a
regionais e fomentava a rivalidade entre civis e militares, como ocorreu na Revolução reação dos latifundiários
Federalista no Rio Grande do Sul; (C) no objetivo do Estado republicano em conter quaisquer manifestações socialistas que
IV. a alta generalizada do custo de vida, ocasionada pelo Encilhamento e agravada pelo inculcassem ideologias revolucionárias nos camponeses.
Saneamento Financeiro, o qual, ao aplicar uma política de variação cambial em função das (D) na tentativa do Exército de impedir que os tenentes desertores continuassem sua
flutuações do preço do café, contribuiu ainda mais para a desvalorização monetária e a pregação pelo interior do país.
permanência da inflação. (E) na pressão exercida, pelo Vaticano, sobre as Forças Armadas, com o objetivo de barrar o
crescimento de igrejas alternativas.
Assinale a alternativa:

18. (Ufmg) Em 1893, o peregrino Antônio Conselheiro se instalou, com seus seguidores, na fazenda
(A) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas.
abandonada de Canudos, às margens do rio Vaza-Barris, no nordeste da Bahia.
(B) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas.
(C) se somente as afirmativas II e IV estiverem corretas.
Todas as alternativas apresentam afirmações corretas sobre o movimento de Canudos, EXCETO:
(D) se somente as afirmativas III e IV estiverem corretas.
(E) se todas as afirmativas estão corretas.
(A) A República proclamada em 1889 mostrou a sua face ditatorial na crueza com que
massacrou Canudos, onde praticamente não deixou sobreviventes.
16. (Unesp) A República Brasileira, na última década do Século XIX, caminhava para a consolidação (B) Belo Monte ou Canudos foi criado como refúgio sagrado contra as secas da região e as
da oligarquia dos coronéis-fazendeiros. A crise econômico-financeira agravava as condições de leis seculares da República.
vida na cidade e no campo. A rebelião de Canudos pode ser entendida como movimento de: (C) Canudos se destacou, entre outros movimentos messiânicos da época, pela oposição
frontal à Monarquia e pela adoção da República como sistema de governo.
(A) hesitação dos mandatários políticos em desfechar medidas repressivas contra a gente (D) Euclides da Cunha, enviado ao 'front' como correspondente de O ESTADO DE SÃO
oprimida. PAULO, escreveu uma série de reportagens, ponto de partida para OS SERTÕES.
(B) tensão social agravada pela expulsão dos camponeses que atuavam nas frentes pioneiras (E) O exército brasileiro utilizou, para reprimir o movimento, o que havia de mais moderno,
catarinenses e paranaenses. na época, em armamentos, como canhões Krupp e bombas de dinamite.
(C) resistência da população sertaneja contra a estrutura agrário-latifundiária e as medidas
repressivas oficiais.
19. (G1) "Canudos era exemplo perigoso que não deveria ficar na memória"
(D) descontentamento dos fanáticos que buscavam efetivar práticas liberais burguesas.
(E) rebeldia dos jagunços que se opunham à rede de açudes e às campanhas de combate às (Rui Facó)
secas.
Segundo a afirmativa, os motivos da intensa repressão ao movimento de Canudos, na Bahia,
ocorreram:
17. (Pucsp) "(O movimento) não se rendeu... resistiu até o esmagamento completo. Expugnado
palmo a palmo, na precisão integral do termo, caiu no dia 5 ao entardecer, quando caíram seus
(A) para que no local fosse realizada uma grande distribuição de terras pelo Governo.
últimos defensores, que todos morreram. Eram quatro apenas: um velho, dois homens feitos e
(B) porque se tratava apenas de um movimento de fanáticos religiosos.
uma criança, à frente dos quais rugiam raivosamente cinco mil soldados."

282 Tópico 3.3 – O coronelismo e o sistema eleitoral | Curso Preparatório Cidade


(C) porque foi realizada apenas pelos latifundiários locais onde não houve participação do (A) Todas estão corretas
Estado Brasileiro na repressão. (B) Todas estão falsas.
(D) porque os revoltosos lutavam contra a liberdade e a ordem injusta de suas vidas. (C) Somente a I e a II estão corretas.
(E) para que ninguém lembrasse uma revolta dos pobres do campo contra a miséria, a (D) Somente a II e a III estão corretas.
exploração, o monopólio da terra mantido pelos latifundiários que dominavam o Estado (E) Somente a I estão correta.
Brasileiro.

20. (Mackenzie) No final do século passado, surgiu no sertão da Bahia uma experiência
controvertida: sertanejos tentaram estabelecer uma nova sociedade, marcada pela
religiosidade, sobrevivendo à seca, à miséria e às injustiças sociais da época. O problema
fundamental de Canudos era a:

(A) oposição organizada dos rebeldes ao governo republicano.


(B) luta exclusiva da civilização contra a barbárie conforme interpretação positivista.
(C) repressão da Igreja contra a ação religiosa de Antônio Conselheiro.
(D) ameaça à ordem e à segurança do Estado, já que reunia marginalizados de toda a região.
(E) luta pela posse da terra, em confronto com o coronelismo e o latifúndio.

EXERCÍCIOS DE PROVA

01. (EsFCEx - 2004) Sobre o Pacto de Pedras Altas (1923), podemos concluir que:

I. com ele se inicia a guerra civil gaúcha.


II. o governo federal não tomou conhecimento da guerra civil gaúcha.
III. eram mantidos todos os postulados da Constituição do Rio Grande do Sul.

(A) Todas estão corretas.


(B) Todas estão falsas.
(C) Somente a I e a II estão corretas.
(D) Somente a II e a III estão corretas.
(E) Somente a I está correta.

02. (EsFCEx – 2004) Sobre a campanha civilista de Rui Barbosa, constatamos que:

I. vetando Davi Campista, Rui Barbosa facilitou a candidatura do Marechal Hermes;


II. Pinheiro Machado acabou apoiando a candidatura de Rui Barbosa;
III. a vitória de Rui Barbosa no pleito se deu graças a sua atuação no governo Deodoro.

Curso Preparatório Cidade | Tópico 3.3 – O coronelismo e o sistema eleitoral 283


Tópico 3.4 – Os movimentos sociais no campo e nas cidades As revoltas foram um sintoma. Elas ocorreram no campo e na cidade. As principais
foram a Revolta da Vacina (1904); Revolta da Chibata (1910); Guerra de Canudos
(1893-1897) e Guerra do Contestado (1912-1916).
Comentário
Sobre o assunto leia o texto a seguir.
Caro estudante,
Bons estudos!
Avancemos um pouco mais em nossa caminhada pela história brasileira.

Neste tópico veremos a parte intermediária da longa República Velha. Não é nossa
OS MOVIMENTOS SOCIAIS NO CAMPO E NAS CIDADES
pretensão esgotar um período tão vasto em poucos tópicos. Aqui selecionamos os
principais fatos do período relacionando-os com os itens do conteúdo programático.
Francisco de Paula Rodrigues Alves (Guaratinguetá, 7 de julho de 1848 – Rio de Janeiro, 16 de
Em sua jornada conte sempre com a ajuda do professor-tutor na resolução de
janeiro de 1919) foi um político brasileiro e quinto presidente do Brasil.
exercícios e eventuais dúvidas.
Último paulista presidente do Brasil, foi eleito duas vezes, cumpriu o primeiro mandato (1902 a
Vimos anteriormente que a República Velha pautou-se em práticas políticas de valores
1906), mas faleceu antes de assumir o segundo (que deveria se estender de 1918 a 1922).
morais e éticos questionáveis. Clientelismo, nepotismo e toda sorte de atitudes
condenáveis marcaram o período. No plano econômico o café foi o principal produto de Em 1890 foi eleito deputado à Assembleia Constituinte e em 1891 foi nomeado Ministro da
exportação. Em um país sem indústrias coube a agricultura de exportação gerar as Fazenda. Em 1893 foi eleito senador por seu estado, renunciando em 1894 para ocupar novamente
principais receitas do país. a pasta da Fazenda no governo Prudente de Morais. Rodrigues Alves foi o negociador da
consolidação dos empréstimos externos com os banqueiros ingleses Rothschild. Foi governador de
No final das contas sempre era o povo que sofria as piores consequências. A política de
São Paulo em 1900 antes de assumir a presidência da República, em 1902.
valorização do café, por exemplo, resultou no que os historiadores chamam de
socialização das perdas. Socialização dos lucros nunca aconteceu e quando os Seu governo foi destacado pela Campanha de Vacina Obrigatória (que ocasionou a Revolta da
cafeicultores tiverem que defender seus interesses não hesitaram: coube a população Vacina), promovida pelo médico sanitarista e Ministro da Saúde Osvaldo Cruz, e pela Reforma
arcar com os novos impostos que eram criados para sustentar a política de valorização. urbana do Rio de Janeiro, realizada sob os planos do Prefeito do Rio de Janeiro, o Engenheiro
Pereira Passos.
Dessa forma as diversas rebeliões da República Velha nos demonstram o elevado grau
de insatisfação existente entre populares e que a proclamação da república brasileira A 31 de outubro de 1904, por iniciativa de Oswaldo Cruz, o Congresso
não representou necessariamente a emancipação do povo brasileiro. É elucidativo o aprovou a lei que tornava obrigatória a vacina contra a varíola. Aplicada
fato de que, no que se refere à participação política, o novo regime conseguiu ser mais com êxito na Europa, a vacina era desconhecida do povo brasileiro e
excludente do que a monarquia que caíra. Se durante a monarquia o critério “requisito encarada com desconfiança. A imprensa atiçava os ânimos, fazendo correr
para a cidadania” era censitário, no Brasil republicano era necessário ser alfabetizado os boatos de que a vacina em vez de imunizar, provocaria a varíola. E as
para poder votar. Em um país onde cerca de 95% da população era iletrada podemos Brigadas Sanitárias, acompanhadas de policiais, entravam nas casas e
imaginar que a participação popular era mínima. E aqueles que tinham direito ao voto vacinavam seus ocupantes a força (...) No dia 10 de novembro, o
pouco se animavam em participar dos processos eleitorais, pois sabiam que as eleições descontentamento popular explodiu numa revolução. Por mais de uma
eram um jogo de cartas marcadas. semana, as ruas centrais da Capital Federal encheram-se de barricas.
Bondes foram incendiados, lojas foram depredadas e saqueadas, e postes
de iluminação foram destruídos. A Escola Militar da Praia Vermelha aliou-
se ao povo, comandada por altos escalões do Exército. Os alunos saíram

284 Tópico 3.4 – Os movimentos sociais no campo e nas cidades | Curso Preparatório Cidade
armados à rua, enquanto o prédio era bombardeado por navios fiéis ao Figura 52: Charge.
Governo. Morreram centenas de pessoas. O que haveria por trás disso?
Em primeiro lugar, uma razão política : os positivistas civis e militares,
que junto com Deodoro e Floriano haviam proclamado a República e
participado de sua direção nos primeiros anos, tinham sido alijados pelos
cafeicultores de São Paulo, que impunham seus políticos ao Governo. De
outro lado, a política de saneamento econômico de Campos Salles
reerguera as finanças do país, mas causara o rápido aumento do custo de
vida das cidades. Os pobres tornavam-se cada vez mais pobre, e mais
abertos à pregação antigovernamental. A vacina obrigatória foi o estopim.
Com a imprensa a seu serviço, os positivistas, a chamavam de “violadora
de lares” e “túmulo da liberdade”. Aproveitando-se da revolta popular,
políticos como o senador Lauro Sodré e militares como o general
Travassos, pretendiam derrubar o Governo. Lauro Sodré seria
“proclamado ditador”. Mas a revolução frustrou-se (...) Ameaçado, o
Governo agiu rápido e com dureza. Tropas leais foram chamadas para
atacar os revolucionários e percorreram os cortiços, capturando não
apenas os que haviam participado do motim, mas todos aqueles
encontrados desocupados. E enfiou-os a todos,s em ouvi-los, em porões
de navios, despachando-os para o território do Acre, que o Brasil acabava
de conquistar da Bolívia. Terminava o levante positivista. Começaria a
vacinação em massa da população carioca. Em alguns meses, a varíola
desapareceria do Rio.

Nosso Século. São Paulo: Abril Cultural, 1980, p.38.

Sua administração financeira foi muito bem sucedida. O presidente dispunha de muito dinheiro, já
que seu governo coincidiu com o auge do ciclo da borracha no Brasil, cabendo ao país 97% da Charge de José Carlos de Brito e Cunha.
produção mundial. Em 1903, Rodrigues Alves comprou a região do Acre da Bolívia, pelo Tratado de
Petrópolis, processo conduzido pelo então diplomata Barão do Rio Branco. Em seu primeiro
mandato, o vice-presidente eleito foi Francisco Silviano de Almeida Brandão, que faleceu; quem
Em 1912, foi novamente eleito presidente do Estado de São Paulo e, em 1916, voltou a ocupar
assumiu a vice-presidência foi Afonso Pena. Deixou a presidência com grande prestígio, sendo
uma cadeira no Senado Federal. Eleito para o segundo mandato como Presidente em 1918, havia
chamado "o grande presidente".
contraído Gripe Espanhola, e faleceu antes de tomar posse. O vice-presidente era Delfim Moreira,
que assumiu a presidência em virtude de seu falecimento.

É considerado hoje o presidente que mais se preocupou com a população da República Velha.

Curso Preparatório Cidade | Tópico 3.4 – Os movimentos sociais no campo e nas cidades 285
Governo Afonso Pena (1906-1909) Figura 53: Marechal Cândido Mariano da Fez a primeira compra estatal de estoques
Silva Rondon: quando Jovem, de café, transferindo assim, os encargos da
desbravando os ignotos sertões da valorização do café para o Governo Federal,
Afonso Augusto Moreira Pena (Santa Bárbara do Mato Dentro, 30 de novembro de 1847 — Rio de
Amazônia brasileira. Hoje, Patrono da que antes era praticada regionalmente,
Janeiro, 14 de junho de 1909) foi um político brasileiro, presidente do Brasil entre 15 de novembro
Arma de Comunicações do Exército apenas por São Paulo, Minas Gerais e Rio
de 1906 e 14 de junho de 1909, data de seu falecimento. Antes da carreira política, foi advogado e Brasileiro.
jurista. de Janeiro, que haviam assinado o
Convênio de Taubaté. Modernizou o
Seu primeiro mandato político foi como deputado pelo estado de Minas Gerais, em 1874. Nos anos Exército e a Marinha por meio do general
seguintes, enquanto se mantinha como deputado, também ocupou alguns ministérios: da Guerra Hermes da Fonseca, e incentivou a
(1882, da Agricultura, Comércio e Obras Públicas (1883 e 1884), e da Justiça (1885). Presidiu a imigração.
seguir a Assembleia Constituinte de Minas Gerais, nos primeiros anos da república.
Seus ministérios eram ocupados por
Foi governador do estado de Minas Gerais entre 1892 e 1894. Foi durante seu governo que se políticos jovens e que respeitavam muito a
decidiu pela mudança da capital do estado, de Ouro Preto para Curral d'El Rei, hoje Belo Horizonte. autoridade de Afonso Pena. Chegou mesmo
a declarar, em carta a Ruy Barbosa, que a
Imagem feita por autor desconhecido provavelmente
Tornou-se vice-presidente quando da eleição de Rodrigues Alves, em 1902 (substituindo Francisco função dos ministros era executar seu
antes de 1891.
Silviano de Almeida Brandão, morto antes da posse); e na eleição seguinte, foi elevado à
pensamento: "Na distribuição das pastas não me preocupei com a política, pois essa direção me
presidência (posse em 15 de novembro de 1906).
cabe, segundo as boas normas do regime. Os ministros executarão meu pensamento. Quem faz a
política sou eu."
Apesar de ter sido eleito com base na chamada política do café-com-leite, Pena realizou uma
Em virtude de seu afastamento dos interesses tradicionais das oligarquias, Pena enfrentou uma
administração que não se prendeu de tudo a interesses regionais. Incentivou a criação de ferrovias,
crise por ocasião da sucessão. David Campista, indicado pelo presidente, foi rejeitado pelos grupos
e interligou a Amazônia ao Rio de Janeiro pelo fio telegráfico, por meio da expedição de Cândido
de apoio a Hermes da Fonseca (principalmente por Pinheiro Machado, mais influente congressista
Rondon.
daquela época). Afonso Pena ainda tentou indicar os nomes de Campos Sales e Rodrigues Alves,
sem sucesso. Em meio a tudo isso, iniciou-se também a campanha civilista, lançada por Ruy
Barbosa.

Acabou falecendo durante o mandato, em 1909, em meio à crise e pouco depois da morte de seu
filho, Álvaro Pena. A presidência foi transferida a Nilo Peçanha.

Governo Nilo Peçanha (1909-1910)

Nilo Procópio Peçanha (Campos dos Goytacazes, 2 de outubro de 1867 — Rio de Janeiro, 31 de
março de 1924) foi um político brasileiro. Assumiu a presidência da república após o falecimento de
Afonso Pena, em 14 de junho de 1909, e governou até 15 de novembro de 1910.

Em 1903 foi sucessivamente senador e presidente do estado do Rio de Janeiro, permanecendo no


cargo até 1906 quando foi eleito vice de Afonso Pena. Em 1909, com a morte deste, assumiu o
cargo de presidente.

286 Tópico 3.4 – Os movimentos sociais no campo e nas cidades | Curso Preparatório Cidade
Seu governo foi marcado pela agitação política em razão de suas divergências com Pinheiro uma grande instabilidade política, o militar Hermes da Fonseca é eleito
Machado, líder do Partido Republicano Conservador. Graças à campanha civilista, os conflitos entre para a presidência. Na noite do dia 22 de novembro de 1910, o novo
as oligarquias estaduais se intensificaram, sobretudo Minas Gerais e São Paulo. Nilo Peçanha criou presidente recebe a notícia: os canhões de alguns dos principais navios de
o Ministério da Agricultura, Comércio e Indústria, o Serviço de Proteção ao Índio (SPI) e inaugurou guerra da Marinha Brasileira – neste momento ancorados em frente à
no Brasil o ensino técnico. Ao fim do seu mandato, retornou ao Senado e em dois anos depois foi cidade, na Baía de Guanabara - apontam para a capital do Rio de Janeiro e
novamente eleito governador do Estado do Rio de Janeiro. Renunciou a este cargo em 1917 para para o próprio palácio de governo. As tripulações se rebelaram e tomaram
assumir a pasta de Relações Exteriores. Em 1918 foi novamente eleito senador e em 1921 os principais navios da frota. Três oficiais e o comandante do encouraçado
encabeçou a chapa do Movimento Reação Republicana, que tinha como objetivo contrapor o Minas Gerais, João Batista das Neves, estão mortos. Os demais oficiais são
liberalismo político contra a política das oligarquias estaduais. Faleceu em 1924, no Rio de Janeiro, pegos de surpresa: os marinheiros manobram a frota exemplarmente,
afastado da vida política. como não acontecia sob seu comando. O movimento, articulado por
marinheiros como Francisco Dias Martins, o "Mão Negra" e os cabos
Gregório e Avelino, tem como seu porta-voz o timoneiro João Cândido. Os
motivos principais da Revolta eram simples: o descontentamento com os
Governo Hermes da Fonseca (1910-1914) baixos soldos, a alimentação de má qualidade e, principalmente, os
humilhantes castigos corporais. Estes haviam sido abolidos no começo do
Marechal Hermes Rodrigues da Fonseca (São Gabriel, 12 de maio de 1855 – Petrópolis, 9 de século, acompanhando o final da escravidão, sendo depois reativados pela
setembro de 1923) foi um militar e político brasileiro. Foi Presidente do Brasil entre 1910 e 1914. Marinha como forma de manter a disciplina a bordo. No Minas Gerais, por
Era sobrinho de Manuel Deodoro da Fonseca, sendo seus pais o capitão Hermes Ernesto da exemplo, no dia da Revolta, o marinheiro Marcelino Menezes é chicoteado
Fonseca e Rita Rodrigues Barbosa da Fonseca. como um escravo por oficiais, à frente de toda a tripulação. Segundo
jornais da época, recebe 250 chibatadas. Desmaia, mas o castigo
Quando Afonso Pena se elegeu manteve Hermes da Fonseca no ministério, até que esse pediu continua. O movimento então eclode. João Cândido no primeiro momento
demissão devido à discussão na Câmara sobre a participação dos militares na vida política do país. não está presente. No calor da luta, são mortos os oficiais presentes no
Lançou sua candidatura em oposição à Rui Barbosa e pela primeira vez no regime republicano se navio, o que terá consequências trágicas para os revoltosos.Além do
instalou um clima de campanha eleitoral com a disputa entre civilistas e hermistas. Com o convite Minas Gerais, os marinheiros tomam os navios Bahia, São Paulo, Deodoro,
de Nilo Peçanha para que retornasse ao cargo no ministério, Hermes da Fonseca se fortaleceu e Timbira e Tamoio. Hasteiam bandeiras vermelhas e um pavilhão: "Ordem
venceu as eleições de 1910. e Liberdade". A frota inclui mais de 80 canhões, que são apontados para a
cidade. Alguns tiros de aviso chegam a ser disparados. Os marujos enviam
Apesar de ser bastante popular quando eleito, ao ter de lidar com o primeiro problema grave de um radiograma, onde apresentam ao governo suas exigências: querem o
sua gestão, a Revolta da Chibata, sua imagem ficou abalada rapidamente. fim efetivo dos castigos corporais; o perdão por sua ação e que melhorem
suas condições de trabalho.A Marinha quer punir a insubordinação e a
Para conter o movimento ordenou o bombardeio aos portos.
morte dos oficiais. O governo, contudo, cede. A ameaça à cidade e ao
poder de Hermes da Fonseca são reais. Aprovam-se então medidas que
O Congresso brasileiro restabeleceu, no mês de agosto de 2003, os
acabam com as chibatadas e também um projeto que anistia os
direitos de todos os marinheiros envolvidos na chamada "Revolta da
amotinados. Depois de cinco dias, a revolta termina vitoriosa.Os
Chibata", ocorrida em 1910. O decreto devolve aos marinheiros suas
marinheiros, em festa, entregam os navios. O uso da chibata como norma
patentes, permitindo que recebam na Justiça os valores a que teriam
de punição disciplinar na Marinha de Guerra do Brasil finalmente está
direito se tivessem permanecido na ativa. Após 93 anos, resgata-se a
extinto. Logo, no entanto, o governo trai a anistia. Os marinheiros
memória dos marujos, especialmente do líder da Revolta, João Cândido
começam a ser perseguidos. Surgem notícias de uma nova revolta, desta
Felisberto, o "Almirante Negro". Para entender a história de João Cândido
vez no quartel da Ilha das Cobras. O governo recebe plenos poderes do
e da Revolta da Chibata - uma das poucas revoltas populares que atingiu
Congresso para agir. A ilha é cercada e bombardeada.Cerca de 100
seus objetivos no Brasil - é preciso voltar a 1910. Neste ano, no meio de

Curso Preparatório Cidade | Tópico 3.4 – Os movimentos sociais no campo e nas cidades 287
marinheiros são presos e mandados, nos porões do navio "Satélite" -
misturados a ladrões, prostitutas e desocupados recolhidos pela polícia
para "limpar" a capital - para trabalhos forçados na Comissão Rondon, ou O mandato de Hermes da Fonseca, que terminou em 1914, caracterizou-se no quadro político
simplesmente para serem abandonados na Floresta Amazônica. Na lista principalmente pela Política das Salvações. Além disso, o governo teve que negociar outro
de seus nomes, entregue ao comandante do "Satélite", alguns estão "funding-loan" (negociado antes por Campos Sales), pois a situação financeira do Brasil não andava
marcados por uma cruz vermelha. São os que morrerão fuzilados e, bem.
depois, serão jogados ao mar.
Figura 54: Marinheiros revoltosos (1910). João Cândido ao centro.

Fonte: http://www.cefetsp.br/edu/eso/patricia/revoltachibata.html

Logo outra revolta veio conturbar o seu governo, a Guerra do Contestado, que não chegou a ser
debelada até o fim de seu governo.

Entre 1912 e 1916, ocorreu um grave conflito numa região disputada


pelos estados de Santa Catarina e Paraná e, por essa razão, denominada
Contestado. Em torno de um líder messiânico, chamado Monge José
Maria, agruparam-se posseiros expulsos de suas terras, devido à
construção de uma ferrovia e à ação dos coronéis locais, e trabalhadores
desempregados após o término da construção da ferrovia. Marginalizados
e empobrecidos, os sertanejos perambularam por localidades disputadas
por catarinenses e paranaenses. Num conflito com esses últimos,
Foto de autor desconhecido.
apossaram-se de armas e iniciaram uma organização militar. Da mesma
forma que no episódio de Canudos, o governo federal entendeu que se Depois do mandato presidencial elegeu-se senador pelo Rio Grande do Sul, mas renunciou antes de
tratava de um movimento de inspiração monarquista. A Guerra do iniciar o mandato, partindo para a Europa e só retornando em 1920. Durante o governo de Epitácio
Contestado durou cerca de quatro anos. Além de seus efetivos militares, o Pessoa foi preso como presidente do Clube Militar devido a uma conspiração militar arquitetada
governo chegou a se utilizar de aviões para bombardear os rebeldes. contra o governo. Foi solto seis meses depois.
Como no Rio de Janeiro em 1893, as forças militares brasileiras
bombardeavam seu próprio povo. Como em Canudos, o massacre foi
brutal (...) a Guerra do Contestado foi o único (movimento) que tomou,
inequivocamente, um caráter milenarista. Adversários da República – ao Governo Venceslau Brás (1914-1918)
que não era estranho o fato de muitos deles serem antigos maragatos -,
os participantes da irmandade rebelde diziam-se monarquistas. Venceslau Brás Pereira Gomes (São Caetano da Vargem Grande, 26 de fevereiro de 1868 —
Entretanto, a monarquia que aspiravam. Mais do que uma instituição Itajubá, 15 de maio de 1966) foi um advogado e político brasileiro; presidente do Brasil entre 1914
política, era percebida como a realização do Reino escatológico. Na tosca, e 1918, com um pequeno afastamento de um mês em 1917 por motivo de doença. Seu vice-
mas expressiva indicação de um prisioneiro – era ‘uma coisa do céu’ -, presidente foi Urbano Santos da Costa Araújo.
uma nova ordem que resultaria da união entre combatentes terrestres e o
Em 1910 é eleito vice-presidente ao lado de Hermes da Fonseca. Em 1914, ao término do mandato
exército encantado de São Sebastião.
deste, seu nome foi proposto como medida reconciliatória entre Minas Gerais, São Paulo e os
outros Estados, tornando-se ele próprio presidente. Candidato único, logo de início teve de
MONTEIRO, Douglas T.”Um confronto entre Juazeiro, Canudos e Contestado”. In:
FAUSTO,Boris (org). História Geral da Civilização Brasileira. 2.ed. São Paulo: Difel, 1997. t. combater a Guerra do Contestado (crise herdada do governo anterior) e, após debelar a revolta,
III, v.2. p. 75. mediou a disputa de terras entre os Estados do Paraná e Santa Catarina, tendo sido um dos fatores

288 Tópico 3.4 – Os movimentos sociais no campo e nas cidades | Curso Preparatório Cidade
a dar origem ao conflito. Enfrentou também diversas manifestações militares, entre elas a Revolta privilegiadas, como foram todas as leis do império”, nas palavras do jornal operário A
dos Sargentos, que envolvia suboficiais e sargentos. Voz do Povo, de 6 de janeiro de 1890. (...) A eleição para a Constituinte, em 1890,
mobilizou um grande número de militantes no Rio de Janeiro. Eles criaram três
Figura 55: Sobreviventes da Guerra do Contestado. organizações partidárias e todas indicaram candidatos. A votação dos representantes
dos trabalhadores, no entanto, foi pequena. O único eleito foi o tenente José Augusto
Vinhaes, que também havia sido indicado pela chapa oficial do Partido Republicano da
Capital Federal. Apesar do insucesso eleitoral, outros partidos operários, de matriz
socialista, foram organizados ao longo das primeiras décadas da República, sempre
elegendo pouquíssimos membros. (...) Desiludidos com as urnas, porém, os
trabalhadores passaram a privilegiar outras estratégias. Associações denominadas na
época como “resistências”, “ligas” e “centros” assumiam funções sindicais, como lutar
pela diminuição da jornada, por melhores salários e por condições mais dignas de
trabalho. Em seu texto de apresentação, a Associação de Resistência dos Cocheiros,
Carroceiros e Classes Anexas, criada no Rio de Janeiro em dezembro de 1906,
argumentava que esses trabalhadores não tinham “descanso, nem horas de ocupação
perfeitamente limitadas”. Cocheiros e carroceiros trabalhavam de 12 a 14 horas por
dia. Diversas outras ocupações atingiam 14 horas no Rio de Janeiro e até 16 horas
diárias em São Paulo.(...) Os sindicatos tinham diferenças consideráveis entre si. Os
chamados reformistas procuravam transformar as reivindicações profissionais em leis,
utilizavam a greve apenas em último caso e buscavam intermediários, como os chefes
Foto de autor desconhecido. de Polícia e os prefeitos, para solucionar conflitos sociais. Já os sindicalistas
revolucionários, ligados aos anarquistas, repreendiam a utilização de intermediários
Promulgou o primeiro Código Civil brasileiro, que entrou em vigor em 1º de janeiro de 1916 (no para dirimir contendas entre empregados e patrões e defendiam a revolução, com o
entanto, em 2002, durante o governo do presidente Fernando Henrique Cardoso foi promulgado rompimento das relações de dominação capitalista. A greve geral era sua estratégia
um novo código civil, tendo entrado em vigor em 2003). crucial.(...) Também eram importantes, no período, as associações mutualistas. Não
eram organizações exclusivas dos trabalhadores, mas grupos de pessoas que
O torpedeamento de navios brasileiros, em 26 de outubro de 1917, por submarinos alemães, levou contribuíam para um fundo comum voltado a ajudar membros que necessitassem.
o Brasil a entrar na Primeira Guerra Mundial. Devido às dificuldades em importar produtos Assim atendiam a determinados direitos sociais negligenciados pelo Estado. A
manufaturados da Europa durante o seu mandato, causadas pela guerra, Venceslau Brás Sociedade União Beneficente e Protetora dos Cocheiros, por exemplo, oferecia,
incentivou a industrialização nacional. segundo o estatuto de 1906, quatro tipos de socorros: “contribuições feitas em caso de
enfermidade”, “pensão em caso de invalidez ou na prestação para retirar-se para fora
Faleceu em 15 de maio de 1966, em Itajubá, com 98 anos, sendo o mais longevo de todos os
da Capital Federal, por moléstia”, auxílio de um advogado para defesa dos direitos dos
presidentes brasileiros.
sócios e socorro para a realização de funeral. (...) As greves já eram praticadas ao
longo do Império – no período ocorreram 13 delas no Rio de Janeiro, inclusive por
O movimento operário
escravos – mas ganharam uma expressão muito maior na Primeira República. Entre
1890 e 1891, ocorreram 14 greves no Rio de Janeiro e, em 1903, elas chegaram a 39,
Embora fruto de um golpe militar, a Proclamação da República em 1889 foi recebida
uma delas a primeira greve geral do país. Na década seguinte, o período de 1917 a
com entusiasmo por muitos militantes operários, sobretudo pela abolição do critério 1920 concentrou 90 paralisações. No estado de São Paulo, estima-se em 116 o número
censitário – o limite à participação em eleições com base na renda. Os trabalhadores
de greves entre 1915 e 1929. (...) Na greve geral de São Paulo em 1917, uma das mais
vislumbraram o direito de votar e serem votados como uma possibilidade de fazer com
importantes do período, cerca de 44 mil trabalhadores cruzaram os braços. A
que a legislação se tornasse uma emanação do povo, “e não de algumas classes

Curso Preparatório Cidade | Tópico 3.4 – Os movimentos sociais no campo e nas cidades 289
paralisação de uma só categoria podia ser suficiente para provocar grandes TERRA,Paulo Cruz.Operários em construção.in.:
consequências. Em janeiro de 1900, por exemplo, a greve dos trabalhadores do http://www.revistadehistoria.com.br/secao/capa/operarios-em-construcao (adaptado)

transporte da Capital Federal afetou diretamente a circulação de pessoas e


mercadorias, dos produtos para a Alfândega até o pão, e recebeu fortíssima repressão
da Polícia e do Exército. Aliás, em todo o Brasil a violência policial foi uma constante na
(...) Sob o ponto de vista da cidadania, o movimento operário significou um avanço
reação às manifestações. (...) Grande parte das greves na Primeira República tinha
inegável, sobretudo no que se refere aos direitos civis. O movimento lutava por direitos
como principal motivo a questão salarial. Outras demandas variavam de acordo com a
básicos, como o de organizar-se, de manifestar-se, de escolher o trabalho. De fazer
categoria, como os cocheiros e carroceiros que, em 1890, se mobilizaram contra artigos
greve. Os operários lutaram também por uma legislação trabalhista que regulasse o
do Código Penal que previam punição para acidentes ocorridos no trabalho. Alguns
horário de trabalho o descanso semanal, as férias. E por direitos sociais como o seguro
órgãos da imprensa tentavam desqualificar os manifestantes, afirmando que eles não
de acidentes de trabalho e aposentadoria. No que se refere aos direitos políticos, deu-
compreendiam o tema em questão ou que haviam sido manipulados. O Jornal do
se algo contraditório. Os setores operários menos agressivos mais próximos do
Commercio considerou as reivindicações de cocheiros e carroceiros malevolamente
governo, chamados na época de “amarelos”, eram os que mais votavam, embora o
inventadas “por especuladores miseráveis, que vivem da simplicidade dos
fizessem dentro de um espírito clientelista. Os setores mais radicais, os anarquistas,
trabalhadores”, causando séria impressão no espírito “dócil dos pobres cocheiros”. A
seguindo orientação clássica dessa corrente de pensamento, rejeitavam qualquer
Gazeta de Notícias, ao comentar a paralisação de cocheiros e condutores da Companhia
relação com o Estado e com a política, rejeitavam os partidos, o Congresso, e até
Carris Urbanos, em 1898, fez pouco caso: “Quando se fala em greve no Brasil, a gente
mesmo a idéia de pátria. O Estado, para eles, não passava de um servidor da classe
não se assusta, porque entre nós uma greve, por mais grave que seja, nunca assume as
capitalista, o mesmo se dando com os partidos, as eleições e a própria pátria. Ao
proporções de verdadeira revolta, como no Velho Mundo”.(...). A Justiça exclusiva para
encerrar um Congresso Operário, em 1906, no Rio de Janeiro, um líder anarquista
questões de trabalho passaria a funcionar somente em 1941. Antes disso os
afirmou que o operário devia “abandonar de todo e para sempre a luta parlamentar e
trabalhadores recorriam a outras esferas judiciárias para tentar garantir e alargar os
política”. O voto, dizia, era uma burla. A única luta que interessava ao operário era a
seus direitos. Em 1918, o Centro de Carregadores em Carrinho de Mãos abriu processo
luta econômica contra os patrões. (...) Imprensados entre “amarelos” e anarquistas
no Supremo Tribunal Federal (STF) contra o chefe de Polícia e o prefeito do Distrito
achavam-se os socialistas, que julgavam fazer avançar os interesses da classe também
Federal, para garantir a liberdade de exercício da profissão, ameaçada por constantes
através da luta política, isto é, da conquista dos direitos políticos. Sintomaticamente, os
multas e apreensões de veículos.(...) Geralmente se atribui ao militante a imagem de
socialistas foram os que menor êxito tiveram. Fracassaram em todas as tentativas de
homem branco, imigrante, de origem italiana ou espanhola, ligado ao anarquismo.
formar partidos socialistas operários no Rio de Janeiro e em São Paulo. A política das
Estudos recentes demonstram que mulheres também tinham suas bandeiras
oligarquias, com sua aversão às eleições livres e à participação política, não lhes
específicas, como a denúncia de abusos sexuais no trabalho. Havia anarquistas, mas
deixava espaço para atuar. (...) Assim é que os poucos direitos civis conquistados não
também outras vertentes políticas. É inegável a importância dos estrangeiros, de
puderam ser postos a serviço dos direitos políticos. Predominaram, de um lado, a total
diferentes países, porém a maioria vinha de áreas rurais, não tendo experiência
rejeição do Estado proposta pelos anarquistas; de outro, a estreita cooperação
anterior com a indústria ou os sindicatos. A eles se juntaram muitos trabalhadores
defendida pelos “amarelos”. Em nenhum dos casos se forjava a cidadania política. A
nacionais, incluindo os negros, cuja participação no movimento operário esteve
tradição de maior persistência acabou sendo a que buscava melhorias por meio de
apagada até pouco tempo na historiografia nacional. (...) As formas de luta dos
aliança como o Estado, por meio de contato direto com os poderes públicos. Tal atitude
trabalhadores ajudam a entender por que, mesmo estando distantes da política oficial
seria mais bem caracterizada como “estadania”.
(enquanto eleitores e eleitos para cargos políticos), eles conseguiram que o Estado
garantisse alguns direitos ainda na Primeira República. A pressão que exerceram e sua CARVALHO,José Murilo de. Cidadania no Brasil: o longo caminho. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,
demonstração simbólica de força aliaram-se a fatores externos – como o Tratado de 2006, p.60-61.
Versalhes (1919), que recomendou a instituição do direito do trabalho – e foram
primordiais na criação de leis, como a que se referia aos acidentes de trabalho (1919) e
a que regulamentava as férias (1925). (...) Quando Getulio Vargas decretou a CLT, em
1943, o caminho já estava pavimentado. (...) O anarquismo , considerado como um movimento, nascera com a Primeira
Internacional (1864-1876), na Europa. Até a Primeira Guerra Mundial, nas suas

290 Tópico 3.4 – Os movimentos sociais no campo e nas cidades | Curso Preparatório Cidade
diferentes formas será uma das principais forças do movimento operário internacional. desenvolver laços de solidariedade com os movimentos operários da Espanha, Itália e
No Brasil haverá núcleos anarquista, de diversa orientação, a partir de pelo menos Portugal. Os anarquistas foram capazes de apresentar líderes que eram
1890, compostos em sua maioria de imigrantes e seus descendentes. Esses serão verdadeiramente operários, o que não acontecia com os movimentos reformistas cujos
responsáveis pela publicação de inúmeros jornais, como L’Avvenire (São Paulo, 1894), líderes provinham geralmente das classes médias. Além disso, diante do fechamento
em italiano e português, Il Risveglio (São Paulo, 1898), Il Diritto (Curitiba, Paraná, das classes dominantes a qualquer modificação fundamental de sua política em relação
1899), L’Asino Umano (São Paulo, 1893), Il Diritto (Rio de Janeiro, 1895-1899) e às classes trabalhadoras, tornava-se implausível qualquer proposta reformista no
L’Operaio (São Paulo, 1896). Além de anarquistas italianos, os imigrantes espanhóis e interior do sistema político. Para a revisão da noção tradicional da inadaptação do
portugueses também contribuíram para a circulação dessas idéias. Enquanto que na anarco-sindicalismo na sociedade brasileira, é preciso ter em conta que certos fatores (
Europa o anarquismo o anarquismo se isola progressivamente do movimento operário a como as características da estrutura interna da classe, suas divisões e dificuldades na
partir de 1880, no Brasil o anarco-sindicalismo constituirá a corrente mais importante consolidação de laços de solidariedade duradouros) marcaram o desempenho do
do movimento operário durante quase trinta anos. (...) O anarco-sindicalismo, muito movimento operário; fatores esses que teriam, certamente, colocado enormes
influenciado pela doutrina e pela prática do sindicalismo francês, sublinhava a obstáculos a qualquer estratégia. As mesmas dificuldades farão com que os êxitos do
importância dos sindicatos que deveriam liderar a luta contra o Estado e formar a base Partido Comunista, com uma estratégia radicalmente distinta, não sejam maiores –
da nova sociedade a ser criada. O anarco-sindicalismo enfatizava a luta econômica em pelo menos, durante a Primeira República.
oposição à luta política da classe operária. Acreditava que as associações e os
sindicatos poderiam ter dois objetivos. Primeiramente, servir como entidades PINHEIRO,Paulo Sérgio.O proletariado industrial na Primeira República .in.: FAUSTO,Boris.História Geral
da Civilização Brasileira.O Brasil Republicano. Sociedade e Instituições (1889-1930).Rio de Janeiro:
fundamentais para a luta pela melhoria das condições de vida do operariado e pela Bertrand Brasil, 1990 (Tomo III, v. 2), p. 149-51.
emancipação social. Ao mesmo tempo, julga que esses sindicatos podem ser
considerados as bases de ma nova organização econômica da sociedade, depois da
vitória da revolução, na qual a greve desempenha um papel fundamental. Os anarco- Governo Delfim Moreira (1919-1919) / Morte de Rodrigues Alves
sindicalistas pretendiam abolir o Estado e organizar as atividades da sociedade através
dos sindicatos. Opondo-se às associações mutualistas e às cooperativas, os anarco-
Delfim Moreira da Costa Ribeiro (Cristina, 7 de novembro de 1868 — Santa Rita do Sapucaí, 1º de
sindicalistas se lançaram à criação das sociedades de resistência que precederam os
julho de 1920) foi um advogado e político brasileiro. Foi presidente do Brasil entre 15 de novembro
sindicatos. Essas sociedades, no princípio do século, tomariam características sindicais
de 1918 e 28 de julho de 1919.
muito nítidas e se tornariam os primeiros sindicatos brasileiros. As greves eram
consideradas como um “exercício revolucionário”, devendo culminar na greve geral Delfim Moreira foi presidente da província de Minas Gerais, de 1914 a 1918. Vice na chapa de
revolucionária. A ação direta era a sua estratégia básica e qualquer cooperação com a Rodrigues Alves durante as eleições, assumiu a presidência em virtude do falecimento daquele,
política eleitoral ou parlamentar (que era um tema de interesse quase nulo na época) vítima da Gripe Espanhola, até que fossem convocadas novas eleições (à época a Constituição
era rejeitada. Entretanto, é preciso levar em conta que alguns pequenos grupos previa que o vice-presidente só assumiria provisoriamente, caso o presidente morresse antes da
anarquistas continuaram a atacar o anarco-sindicalismo, como o reformista e não- posse).
revolucionário (como os jornais La Battaglia, La Barricata e Guerra Sociale). (...) As
explicações tradicionalmente apresentadas, para explicar a predominância do anarco- No seu governo, o Brasil se fez representar na Conferência de Paz em Paris, pelo senador Epitácio
sindicalismo no movimento operário brasileiro, geralmente reduzem-se à origem Pessoa, eleito presidente em 13 de maio, em disputa com Rui Barbosa. Logo após a volta do novo
européia dos primeiros militantes. Ao contrário dos movimentos socialistas ou presidente do exterior, Delfim Moreira passou-lhe o cargo, voltando à vice-presidência.
reformistas - que insistiam na integração do imigrante e na aceitação da cidadania
brasileira – os anarquistas não faziam essas exigências. Havia uma forte ênfase no Seu curto mandato (que ficou conhecido como regência republicana) foi um período assinalado por
internacionalismo, que estaria presente mais tarde, inclusive no Partido Comunista do vários problemas sociais, especialmente um grande número greves gerais. O presidente, no
Brasil. Até 1920, somente 6 441 entre os 44 374 estrangeiros das cidades de São Paulo entanto, tendia a menosprezar essa crise, dizendo que as greves "não passavam de casos de
e do Rio de Janeiro tinham adotado a cidadania brasileira. Os anarco-sindicalistas polícia".
brasileiros se sentiam como parte de um movimento internacional e procuravam

Curso Preparatório Cidade | Tópico 3.4 – Os movimentos sociais no campo e nas cidades 291
Quando morreu ainda ocupava a vice-presidência do governo de Epitácio Pessoa. Francisco Álvaro do extremo do terreiro No confortável sobrado
Bueno de Paiva o substituiu. seu mais ilustre afilhado, do ilustre repentista
o mais devoto romeiro. recebia autoridades,
dava esmola e entrevista
Era Lampião que vinha contando suas mais terríveis
EXERCÍCIOS liderando um grupo armado façanhas a um jornalista.
dos lados de Pernambuco
pelo padre convidado Internacionalmente,
01. (Puccamp) Chegariam a uma terra desconhecida e civilizada, ficariam presos nela. E o sertão
para dar combate aos Prestes sobretudo no sertão
continuaria a mandar gente para lá. O sertão mandaria para cidade homens fortes, brutos,
cordialmente chamado. é sabido que a patente
como Fabiano, Sinha Vitória e os dois meninos.
honrosa de capitão
Andava a coluna Prestes Virgulino recebeu
Sobre o processo de industrialização do Brasil, no período conhecido como República Velha (1889 a
pregando pânico geral do padre Cícero Romão.
1930), sabe-se que:
e possivelmente como

(A) com o declínio da cafeicultura, atividade econômica mais expressiva do país durante
Conduzia Lampião
quase todo o século XIX, os centros urbanos investiram maciçamente na criação de
fábricas. suplícios martirizantes,
(B) a despeito da política de incentivo à industrialização, adotada pelo Governo, o Brasil só ferros de marcar novilhos
conseguiu um desenvolvimento tecnológico autônomo ao final da década de 1930. para ferrar delatantes
(C) a concentração de capitais e a mão-de-obra, proveniente dos movimentos migratórios, fez que fossem denunciar
com que os centros urbanos do Nordeste se destacassem na implantação do sistema sua presença às volantes. (...)"
fabril.
(Gonçalo Ferreira da Silva."Lampião, o Capitão do Cangaço", in http://www.ablc.com.br/cordeldavez/
(D) dentre os trabalhadores, era significativo o número de operários imigrantes nas fábricas
cordeldavez.htm)
de São Paulo e do Rio de Janeiro.
(E) os direitos garantidos aos trabalhadores urbanos pela Consolidação das Leis Trabalhistas
justificaram o fluxo migratório para as cidades industrializadas. Lampião é tratado, no cordel, como um:

02. (Pucsp) (A) guerreiro capaz de garantir a segurança dos sertanejos contra ameaças estrangeiras, daí
os versos "Foi para conter tal fúria/que Lampião foi chamado".
"(...) Com moedas de tostões, finalidade central (B) humanista dedicado ao próximo, daí os versos "Lampião fazia o bem/a muitos
de dois tostões e cruzados desestabilização necessitados/ principalmente aos mendigos, aos cegos e aos aleijados".
Lampião fazia o bem do governo federal. (C) personagem ambíguo que ajudava, mas também matava, daí os versos "dava esmola e
a muitos necessitados entrevista" e "Conduzia Lampião/suplícios martirizantes".
principalmente aos mendigos, Foi para conter tal fúria (D) devoto que se dedicava principalmente à causa religiosa, daí os versos "seu mais ilustre
aos cegos e aos aleijados. que Lampião foi chamado, afilhado,/o mais devoto romeiro".
na casa do repentista (E) militar de carreira e político, daí os versos "é sabido que a patente/honrosa de
Um dia a tarde caía João Mendes foi instalado capitão/Virgulino recebeu/do padre Cícero Romão" e "recebia autoridades".
e o santo do Juazeiro num sobrado onde ficou
viu da casa onde morava, com o seu grupo hospedado.

292 Tópico 3.4 – Os movimentos sociais no campo e nas cidades | Curso Preparatório Cidade
03. Sobre as relações entre três movimentos que marcaram o Brasil nas décadas de 1920 ou 1930 06. (Unitau) No governo Rodrigues Alves (1902-1906), ocorreu a revolta da vacina, que estava
(cangaço, atuação do Padre Cícero e Coluna Prestes), podemos dizer que: contextualizada:

(A) os cangaceiros representavam o banditismo do sertão e a Coluna Prestes os combateu (A) na modernização e no saneamento do Rio de Janeiro.
em sua tentativa de implantar o socialismo no país. (B) na modernização e no saneamento do Brasil como um todo.
(B) Padre Cícero, Lampião e Luis Carlos Prestes foram os três maiores líderes populares da (C) no combate às doenças epidêmicas promovido pela ONU.
história brasileira e se uniram para transformar o país. (D) na recepção aos imigrantes.
(C) a Coluna Prestes nasceu nos levantes tenentistas e defendia o poder popular, expresso, (E) na oposição entre os setores rural e urbano.
entre outros, pela ação do cangaço e pela fé religiosa.
(D) Padre Cícero e o cangaço, diferentemente da Coluna Prestes, foram manifestações
07. (Fuvest) Do "Convênio de Taubaté", em 1906, decorreu uma política de:
populares ligadas à vida e à história nordestina.
(E) as volantes contaram com o auxílio da Coluna Prestes e do Padre Cícero e seus fiéis na
(A) incentivo à policultura, para atender aos interesses dos pequenos proprietários.
perseguição e destruição dos grupos de cangaceiros.
(B) valorização do café, com a intervenção direta do Estado na economia cafeeira.
(C) controle da produção açucareira pelas limitações do mercado consumidor.
04. (Fuvest) Na última década do século XIX, o Brasil enfrentou uma série de problemas críticos. (D) estímulo à produção cafeeira no Vale do Paraíba e no sul de Minas Gerais.
Entre eles é possível citar. (E) reestruturação da economia paulista, sem a intervenção governamental.

(A) enorme dívida externa herdada do Império e aumento do déficit público.


08. (Ufv) Com as primeiras fábricas, surgiram, na Europa, os primeiros proletários modernos. Isso,
(B) crise internacional que diminuiu a exportação da borracha e do algodão.
no Brasil, verificou-se apenas em parte. A condição histórica relacionada com a gênese da
(C) contratação de um altíssimo empréstimo com os banqueiros dos Estados Unidos.
formação da classe operária no Brasil foram:
(D) instabilidade social gerada por uma série de greves operárias e movimentos no campo.
(E) alta inflação, índices econômicos negativos e desemprego crescente.
(A) a abolição da escravatura, processo de ruptura radical, que acabou transformando toda a
força de trabalho em assalariada.
05. (Unesp) "Restauração e Antônio Conselheiro tornam-se sinônimos, pois ambos surgem como (B) o capitalismo, que, da forma como foi introduzido no Brasil, liquidou com as estruturas
antípodas de republicanismo e jacobinismo. Os jornais são os maiores veículos desta sócio-econômicas preexistentes, o que possibilitou um rápido crescimento numérico e
propaganda imaginativa, de consequências trágicas" concentrado da força de trabalho operária.
(C) a burguesia industrial que, ao nível ideológico, diferentemente do que ocorreu com a
(Edgar Carone. "A República Velha".) oligarquia em todo o período do escravismo colonial, não concebia o operário como um
tipo de "débil mental" que necessitava de sua proteção.
A citação relaciona-se a:
(D) a predominância de uma sociedade colonial e dependente da dominação imperialista, na
qual o desenvolvimento capitalista acabou convivendo lado a lado com relações de
(A) Monarquismo e Guerra de Canudos.
produção de tipo não-capitalista.
(B) Federalismo e Revolução Farroupilha.
(E) as camadas médias urbanas, devido ao seu próprio processo de formação, à medida que
(C) Revolução Federalista e Proclamação da República.
assumiam uma posição autônoma e independente e jogavam um papel imprescindível
(D) Deposição de D. Pedro II e Abolição.
como aliada da classe operária em sua organização.
(E) Guerra do Paraguai e Questão Militar.

Curso Preparatório Cidade | Tópico 3.4 – Os movimentos sociais no campo e nas cidades 293
09. (Fuvest) Na Primeira República, o processo de industrialização no Brasil sofreu sensível impulso (B) revela o projeto político golpista resultante da atuação, no sul do Brasil, pouco tempo
com: antes, da Coluna Prestes-Miguel Costa.
(C) demonstra a impossibilidade de estabelecimento de um projeto comum entre os militares
(A) a extinção em 1906 da política de valorização do café, definida pelo Convênio de Taubaté. e civis que haviam controlado, até então, a República da Espada.
(B) a adoção da política protecionista, que impedia o estabelecimento de empresas (D) revela o projeto liberal-socialista que, uma década depois, seria expresso no Estado Novo.
estrangeiras no país. (E) demonstra a insatisfação político-institucional frente ao longo controle político do Estado
(C) o desencadear da Primeira Guerra Mundial, que acentuou as dificuldades para a brasileiro pelos cafeicultores paulistas organizados no PRP.
importação de produtos.
(D) a organização da "Comissão Verificadora", que controlava a entrada de manufaturas no
12. (Mackenzie) Na República Velha, ocorreu um extraordinário impulso à industrialização do Brasil:
Brasil.
imigrantes chegavam em grandes levas, proporcionando mão-de-obra qualificada, novas
(E) a criação do Ministério da Indústria e Comércio, ocupado por Rui Barbosa.
técnicas de produção e ideias anarquistas e socialistas.

10. (Cesgranrio) O governo Rodrigues Alves (1902-1906) foi responsável pelos processos de Sobre sociedade e economia nesse período, é incorreto afirmar que:
modernização e urbanização da Capital Federal - Rio de Janeiro. Coube ao prefeito Pereira
Passos a urbanização da cidade e ao Dr. Oswaldo Cruz o saneamento, visando a combater (A) o principal centro da industrialização brasileira foi o Estado de São Paulo, onde aconteceu
principalmente a febre amarela, a peste bubônica e a varíola. Essa política de urbanização e a greve geral de 1917, paralisando toda a Capital.
saneamento público, apesar de necessária e modernizante, encontrou forte oposição junto à (B) os setores urbanos, classe média e proletariado industrial, consolidaram a hegemonia das
população pobre da cidade e à opinião pública porque: oligarquias agrárias durante o período.
(C) em 1907, foi aprovada a Lei Adolfo Gordo, legalizando a expulsão de estrangeiros
(A) mudava o perfil da cidade e acabava com os altos índices de mortalidade infantil entre a acusados de atentar contra a segurança nacional.
população pobre. (D) o anarquismo, difundido principalmente por imigrantes italianos, lutava pelo fim do Estado
(B) transformava o centro da cidade em área exclusivamente comercial e financeira e e melhores condições de trabalho.
acabava com os infectos quiosques. (E) a oferta de mão-de-obra era superior ao número de vagas nas empresas.
(C) desabrigava milhares de famílias, em virtude da desapropriação de suas residências, e
obrigava a vacinação anti-variólica.
13. (Mackenzie) "Num momento em que a Marinha se reforma e tenta assimilar as técnicas
(D) provocava o surgimento de novos bairros que receberiam, desde o início, energia elétrica
modernas, seu elemento humano e seu mecanismo disciplinar ainda são regulados por códigos
e saneamento básico.
dos séculos XVIII e XIX. Os maus-tratos se somam à freqüência dos castigos corporais. O
(E) implantava uma política habitacional e de saúde para as novas áreas de expansão urbana,
trabalho é duro e excessivo."
em harmonia com o programa de ampliação dos transportes coletivos.
(Edgard Carone - "A República Velha")

11. (Pucsp) "No período de 1928 existiam em São Paulo pelo menos três propostas de revolução
O texto acima diz respeito:
vindas de agrupamentos políticos diferentes: O Partido Democrático, os 'tenentes' e o Bloco
Operário e Camponês".
(A) à Revolta da Armada do Almirante Custódio de Melo, que derrubou Deodoro da Fonseca.
(Decca, E. de, "O silêncio dos vencidos". São Paulo, Brasiliense, 1981, p. 81.) (B) à expedição que se dirigia à Bahia para combater Canudos.
(C) à modernização da Marinha pelo Almirante Cochrane e eliminação dos maus-tratos.
O trecho aponta algumas das tensões presentes no Brasil do final da década de 1920. A presença (D) às reclamações trabalhistas e por melhores condições de trabalho dos oficiais da Marinha.
de tais propostas revolucionárias: (E) à rebelião dos marinheiros chamada "Revolta da Chibata", comandada pelo "Almirante
(A) demonstra a revolta popular contra a política café-com-leite e a preparação de um levante Negro", João Cândido.
constitucionalista, que viria ocorrer anos depois em São Paulo.

294 Tópico 3.4 – Os movimentos sociais no campo e nas cidades | Curso Preparatório Cidade
14. (Faap) Governou com os militares e a preponderância de Pinheiro Machado, e seu governo foi 17. (Mackenzie) "MORRA A POLÍCIA! ABAIXO A VACINA (...)".
marcado pela disputa política e pela instabilidade. Houve choques armados nos Estados,
decorrentes da Política das Salvações, tentativa de neutralização do pinheirismo através da O trecho do livro "Os Bestializados" se reporta à reação popular que gerou a Revolta da Vacina,
derrubada de governadores da oposição. A Revolta da Chibata foi o levante dos marinheiros cujos antecedentes:
contra os maus tratos e a má alimentação, que culminou com o amotinamento dos couraçados
"Minas Gerais" e "São Paulo". (A) foi a intensa participação política dos setores populares beneficiados com a proclamação
da república.
(A) Epitácio Pessoa (B) foi a insatisfação do povo com o governo Rodrigues Alves, que anulou as grandes
(B) Hermes da Fonseca conquistas econômicas do governo anterior de Campo Sales.
(C) Artur Bernardes (C) foi a redução de obras públicas do governo Rodrigues Alves, provocando desemprego.
(D) Rodrigues Alves (D) foram os métodos arbitrários do governo usados na urbanização e saneamento do Rio de
(E) Afonso Pena Janeiro, aliados à oposição militar.
(E) foi o fracasso do Dr. Oswaldo Cruz na erradicação da febre amarela e peste bubônica,
gerando a revolta popular.
15. (Faap) O Tratado de Petrópolis - 1903 - que incorpora o Acre ao domínio do Brasil foi assinado
entre o Brasil e:
18. (Unirio) As duas primeiras décadas da história do Brasil no século XX foram marcadas pela
(A) Paraguai eclosão de diversos movimentos sociais, rurais e urbanos, entre os quais se inclui a(o):
(B) Uruguai
(C) Espanha (A) Guerra do Contestado, resultado da reação da oligarquia paranaense ao capital
(D) Bolívia estrangeiro ligado à exploração da erva-mate e das ferrovias.
(E) Portugal (B) Guerra de Canudos, movimento restaurador e socialista que conflagrou o sertão
nordestino.
(C) Revolta da Chibata, representando a influência dos ideais Tenentistas sobre soldados e
16. (Fei) "Não seria exagero dizer que a cidade do Rio de Janeiro passou, durante a primeira
marinheiros.
década republicana, pela fase mais turbulenta de sua existência. Grandes transformações de
(D) Cangaço, revolução ideológica da população nordestina contrária ao coronelismo.
natureza econômica, social, política e ideológica, que se gestavam há algum tempo,
(E) Movimento Operário com expressiva presença dos trabalhadores imigrantes e forte
precipitaram-se com a mudança do regime político e lançaram a capital em febril agitação, que
influência dos ideais anarquistas.
só começaria a ceder ao final da década."

(CARVALHO, José Murilo de. OS BESTIALIZADOS: O RIO DE JANEIRO E A REPÚBLICA QUE NÃO FOI. São 19. (Pucpr) "O termo 'messianismo' é usado para designar os movimentos sociais em que milhares
Paulo: Cia. das Letras, 1987)
de sertanejos fundaram importantes comunidades comandados por um líder religioso. A esse
Dentre os movimentos populares que agitaram o Rio de Janeiro no início do século, um destacou- líder atribuíam-se qualidades como o dom de fazer milagres, realizar curas e profetizar
se: aquele que vinha contrariar a política de saneamento e de reurbanização da cidade, com a acontecimentos.
demolição dos cortiços e quiosques do centro. Esse movimento foi:
O messianismo desenvolveu-se em áreas rurais pobres que reagiram à miséria. Seus componentes
básicos eram: religiosidade do sertanejo e seu sentimento de revolta contra a miséria, a opressão e
(A) a Revolta da Chibata
as injustiças da república dos coronéis".
(B) a Revolta de Canudos
(C) o movimento do Contestado (HISTÓRIA E CONSCIÊNCIA DO BRASIL - Gilberto Cotrim, Ed. Saraiva p.
(D) a Revolta da Armada 254)
(E) a Revolta da Vacina

Curso Preparatório Cidade | Tópico 3.4 – Os movimentos sociais no campo e nas cidades 295
No Brasil ocorreram vários destes movimentos e destacam-se pela sua abrangência social e III. A Revolta da Vacina: insurreição urbana ocorrida no Rio de Janeiro como reação ao
política, inclusive com conflitos armados, os movimentos de: programa público de saúde durante o governo de Rodrigues Alves quando era ministro da
saúde o cientista Oswaldo Cruz. O movimento surge após a aprovação no Congresso em 31
(A) Canudos e Praieira de outubro de 1904, da lei que tornou a vacina da varíola obrigatória no Brasil e permitiu
(B) Contestado e Cabanagem que brigadas sanitárias, acompanhadas de policiais, entrassem nas casas para aplicar a
(C) Canudos e Cabanagem vacina à força.
(D) Contestado e Praieira IV. A Revolta da Chibata: movimento associado aos maus tratos que os marinheiros sofriam
(E) Canudos e Contestado nos navios. Os marinheiros, tendo João Cândido como líder, resolveram sublevar-se. Num
golpe rápido, apoderaram-se dos principais navios da Marinha de Guerra brasileira e se
aproximaram do Rio de Janeiro. Em seguida mandaram mensagem ao presidente da
20. (Cesgranrio) O café, apesar de manter a condição de principal produto de exportação do Brasil,
República e ao ministro da Marinha exigindo a extinção do uso da chibata, ou seja, dos
enfrentou sucessivos problemas nas primeiras décadas do século XX, refletidos em diversas
castigos físicos, que ainda eram comuns na Marinha.
políticas do governo, como a(o):

(A) Somente a I, a III e a IV estão corretas.


(A) compra e estocagem de excedentes para garantir o preço do produto no mercado
(B) Somente a II e a III estão corretas.
internacional.
(C) Somente a I, a II e a IV estão corretas.
(B) estatização do comércio do café e controle da produção através do Departamento
(D) Somente a II e a IV estão corretas.
Nacional do Café.
(E) Todas estão corretas.
(C) erradicação dos cafezais para controlar o avanço das pragas e liberar terras para novas
culturas.
(D) incentivo à expansão da lavoura em áreas novas, em face da conjuntura favorável do 02. (EsFCEx - 2007) No Brasil, as primeiras notícias das lutas operárias remontam a 1858, quando
mercado internacional. tipógrafos do Rio de Janeiro entraram em greve reivindicando aumento de salário. Mas,
(E) encarecimento da produção em decorrência da carência da mão-de-obra após a Abolição. sabemos que a organização operária e sindical ganhou força no Brasil pela primeira vez durante
a República Velha. Acerca das organizações de trabalhadores nos primeiros anos do século XX,
não podemos afirmar que:
EXERCÍCIOS DE PROVA
(A) durante a Primeira República, começaram a se desenvolver as classes médias urbanas,
assim como a classe operária, que cresceu extraordinariamente à medida que a
01. (EsFCEx - 2006) Analise as afirmativas abaixo sobre os movimentos sociais de destaque industrialização se expandiu.
durante a República Velha e, a seguir, assinale a alternativa correta. (B) nas cidades que concentravam a maior parte das indústrias ( São Paulo e Rio de Janeiro),
cerca de 50% dos operários eram imigrantes europeus, como portugueses, italianos,
I. Tenentismo: movimento político desencadeado durante a década de 20 por jovens oficiais, espanhóis ou seus descendentes.
a maioria tenentes e capitães, em oposição ao governo e à alta oficialidade, que defendia (C) as condições de trabalho eram bastante precárias e não havia leis regulamentando a
os interesses da oligarquia. O ápice do movimento ocorreu durante a chamada Coluna relação patrões empregados. As jornadas de trabalho eram muito longas; não havia
Prestes que percorreu milhares de quilômetros pelo interior do país combatendo as tropas férias, aposentadoria ou descanso semanal remunerado; não havia proteção para o
do governo e as forças oligárquicas. trabalho de mulheres e crianças; muitas fábricas tinham o ambiente insalubre.
II. A Guerra de Canudos: episódio ligado ao messianismo e ao revolucionarismo primitivo. A (D) os operários procuraram se organizar para defender seus interesses, criando associações
guerra ocorreu no sertão da Bahia e está relacionada às pregações anti-republicanas do de auxílio mútuo, fundando jornais e sindicatos, reunindo-se em congressos. Houve
beato Antônio Maciel, conhecido como Conselheiro. A violenta repressão culminou com a também muitas greves nas cidades que concentravam o maior número de indústrias. A
total destruição do arraial do Belo Monte. maior delas ocorreu em São Paulo, em 1917, envolvendo cerca de 45.000 trabalhadores e
paralisando a cidade por vários dias.

296 Tópico 3.4 – Os movimentos sociais no campo e nas cidades | Curso Preparatório Cidade
(E) durante a Primeira República os movimentos eram tratados pelas autoridades como consolidou-se na década de 1920 como o principal centro de circulação de produtos de
“casos de polícia”. Os sindicatos eram fechados, as lideranças eram presas ou expulsas do importação e exportação e o mais diversificado pólo industrial do país, naquele período.
país, caso fossem imigrantes. Essa repressão impediu o nascimento de partidos de
esquerda, como o Partido Comunista e o Partido Socialista, que só surgiram décadas (A) Somente I está correta.
depois. (B) Somente I e III estão corretas.
(C) Somente II está correta.
(D) Somente III está correta.
03. (EsFCEx - 2008) Em relação à Revolta da Vacina, analise as afirmativas abaixo e, a seguir, (E) Somente II e III estão corretas.
assinale a alternativa correta:

I. Estava relacionada com o fracasso da campanha de saúde pública, liderada pelo médico
sanitarista Oswaldo Cruz, que não conseguia atender ao grande número de pessoas que
buscavam os postos de vacinação.
II. Estava relacionada com a remodelação da capital da República, a cidade do Rio de Janeiro,
proposta pelo Presidente Rodrigues Alves, em 1902, que implicou na desapropriação de
imóveis e no deslocamento dos seus moradores para os morros e bairros periféricos.
III. Estava relacionada à discriminação por parte dos órgãos de saúde pública que priorizavam
a vacinação das pessoas que residiam em bairros nobres, em detrimento ao atendimento
àquelas que viviam nos cortiços ou nos morros.

(A) Somente I está correta.


(B) Somente II está correta.
(C) Somente I e II estão corretas.
(D) Somente III está correta.
(E) Somente II e III estão corretas.

04. (EsFCEx - 2008) Analise as afirmativas sobre o processo de industrialização no Brasil durante a
Primeira República e, a seguir, assinale a alternativa correta.

I. Iniciou-se com a instalação de fábricas de pequeno e médio porte voltadas para a produção
de bens de consumo, mas logo atraiu investidores da indústria automobilística norte-
americana, como a Ford e a General Motors, que se instalaram, ainda nos anos 20 do
século passado, na cidade de São Paulo.
II. Teve na mão-de-obra estrangeira um importante elemento impulsionador da produção
industrial. Além de atender às ideias de “branqueamento” de parcela da elite, a chegada
dos imigrantes e o incremento no número de trabalhadores nas fábricas acalmaram as
grandes mobilizações que ocorriam pela redução da jornada de trabalho.
III. Concentrou-se, desde o seu início, na cidade de São Paulo, centro fabril que acumulava o
maior número de estabelecimentos industriais até 1910, motivo pelo qual aquele estado

Curso Preparatório Cidade | Tópico 3.4 – Os movimentos sociais no campo e nas cidades 297
Tópico 3.5 – Tenentismo TENENTISMO

Comentário Governo Artur Bernardes (1922-1926)

Artur da Silva Bernardes (Viçosa, 8 de agosto de 1875 — Rio de Janeiro, 23 de março de 1955) foi
Caros estudantes, um político brasileiro, presidente da República Federativa do Brasil entre 15 de novembro de 1922
e 15 de novembro de 1926.
Avancemos um pouco mais...
Nas eleições presidenciais (1922), derrotou Nilo Peçanha. O descontentamento com sua vitória e
Neste tópico estudaremos o final da República Velha e a ascensão de Getúlio Vargas ao
com o governo de seu antecessor, Epitácio Pessoa, foram algumas das causas do chamado Levante
poder.
do Forte de Copacabana, primeira ação do movimento tenentista.
Não é tarefa simples entender a Revolução de 1930. Na bibliografia sugerida no edital
O Tenentismo veio preencher o espaço vazio pela falta de lideranças civis aptas a conduzirem o
consta o livro "A Revolução de 30 - historiografia e história" de Boris Fausto. Trata-se
“processo revolucionário” brasileiro. Transformando o descontentamento generalizado em ação
de importante leitura para a compreensão do período fornecendo a interpretação
política contra os grupos dominantes, os “tenentes” assumiram, então, um papel de destaque
adequada sobre o movimento.
substituindo os inexistentes partidos políticos de oposição. A “revolução” aparecia como única saída
Apesar da primeira rebelião tenentista datar de 1922 foi somente durante o governo de naquele momento, para os graves problemas vividos pelo povo brasileiro. O tenentismo acabou
Arthur Bernardes que elas representaram ameaça maior. sendo a “revolta possível contra o sistema de dominação existente na República Velha”. Foi a
expressão de violência de todos os setores insatisfeitos e revoltados com a violência dos grupos
Governando praticamente todo o tempo sob estado de sítio Arthur Bernardes não oligárquicos dominantes. “Ele foi o fruto da crise da República Velha”.
conseguiu vencer os “revoltosos”. Em suas andanças pelo interior do país os
guerrilheiros procuravam conquistar o apoio da população rural demonstrando a Eles tinham uma série de condições específicas, que permitiram sua transformação na vanguarda
fraqueza do governo republicano. Nem sempre conseguiram... política da luta contra o domínio oligárquico dos cafeicultores de SP e seus aliados. Dispunham de
armas, estavam organizados em uma instituição de caráter nacional – o Exército, possuíam uma
Washington Luís, sucessor de Bernardes, também teve que enfrentar a Coluna Prestes “rede” de contatos em todo o país, eram numericamente majoritários dentro do Exército, tinham
além de uma grave crise econômica internacional. No final de seu governo um nível cultural acima da média existente no Brasil. Com tais fatores, atrelados a um novo ideário
desarranjo na política do café-com-leite levou a República Velha ao fim. para o país. Pela sua origem, formação e ligações, eles estavam mais próximos das camadas
médias urbanas, não tinham apenas a vontade de defender somente os interesses estritamente
Sobre o assunto leia o texto a seguir. coorporativos dos militares. Queriam amplas reformas dentro do Exército visando melhores
condições profissionais e fazer com que o Brasil viesse a possuir Forças Armadas modernas e
Bons estudos! aptas a cumprir a sua missão constitucional. Tanto o Exército quanto a Marinha estavam divididos
entre os Tenentes e seus simpatizantes e os legalistas, os quais apoiavam o governo. Os
“Tenentes” assumem a bandeira liberal, queriam moralizar os costumes políticos para que os
princípios liberais pudessem funcionar de fato (voto secreto, fim das fraudes...). Para eles, os
militares deveriam ter o papel de salvar o país e as instituições dos maus políticos. Visavam
implantar o legítimo poder civil que realizaria o programa liberal. Não queriam reformas sociais ou
referente a questão agrária, por exemplo. Segundo Anita Prestes, foi um movimento social
(abrange as massas; representa os interesses das camadas médias urbanas, pois queria a sua
maior participação política; não estavam isolados da sociedade) e político e social (sintetizou

298 Tópico 3.5 – Tenentismo | Curso Preparatório Cidade


melhor do que qualquer outro fenômeno da década conturbada, e complexidade de luta de classe Figura 56: “Combatentes em torno de uma peça de artilharia após um dos combates
que se desenvolvia no país). travados na região de Medeiros (PR), entre novembro de 1924 e janeiro de 1925.”

É importante salientar que o movimento Tenentista não foi totalmente organizado, tal como uma
hierarquia, algum tipo de estrutura, de funcionamento orgânico, mesmo estando dentro de uma
organização de caráter nacional. “O tenentismo enquanto fenômeno social claramente estruturado
jamais existiu. A própria denominação que lhe foi atribuída surgiria mais tarde, com o intuito
evidente de melhor caracterizá-lo”, afirma Anita Prestes. Durante toda a década de 1920, havia
uma constante movimentação da jovem oficialidade do Exército, que conspirava, preparavam
levantes (Rio de Janeiro, São Paulo, Pará, Amazonas, Rio Grande do Sul...) alguns totalmente
fracassados, outros um pouco mais vitoriosos (como o levante ocorrido em 1924, no Amazonas, em
que os revoltosos tomam a capital por mais de um mês, realizam diversas reformas. O ocorrido
ficou conhecido como a Comuna de Manaus).

Contudo, o movimento fracassou e uma teoria de causa para tal seria a


debilidade teórica no seu despreparo em assumir uma oposição política
independente. Sua formação militar vinha das ciências naturais e
matemáticas, não possuíam formação sólida no terreno das ciências
sociais, logo, não tinham um pensamento social, uma teoria.
Diferentemente no caso ocorrido na proclamação da República, em que os
militares estavam amplamente envolvidos pelo Positivismo. Além dos
Tenentes, sendo de grande relevância para as mudanças pretendias para Fonte: BRANDÃO, Ana Maria, A Revolução de 1930 e seus antecedentes, Pag. 55. Arquivo FGV/CPDOC.

o Brasil, mesmo com suas dificuldades e seus fracassos, veio a Coluna


Prestes, que foi além, ao adquirir a feição de um exército popular. Combatentes em torno de uma peça de artilharia após um dos combates travados na região de
Segundo Anita, a Coluna Prestes foi o “Episódio culminante do Medeiros (PR), entre novembro de 1924 e janeiro de 1925.
Tenentismo”.
Participou da chamada Revolução de 1930, que deslocou a oligarquia paulista do domínio federal;
no entanto, a seguir participou da Revolução Constitucionalista de 1932. Fracassado esse último
SANTOS, Juberto. Década de 20 e tenentismo. In:
http://www.historianet.com.br/conteudo/default.aspx?codigo=1071
movimento, Artur Bernardes foi obrigado a retirar-se para o exílio em Portugal.
Como consequência dos levantes tenentistas (outros dois aconteceriam nos anos seguintes),
De volta ao Brasil, em 1935, foi eleito deputado federal, mas já em 1937 perdeu o mandato devido
Bernardes teve que fazer frente à Coluna Prestes, movimento guerrilheiro que percorreu o país
ao golpe do Estado Novo. Com o restabelecimento da democracia em 1945 elegeu-se novamente
pregando a revolução e que jamais foi derrotado pelo governo.
deputado, cargo que ocupou até a morte, em 1955.
Além da oposição por parte da baixa oficialidade militar, ele ainda confrontou uma guerra civil no
Rio Grande do Sul, onde Borges de Medeiros tentava se eleger presidente do estado pela quinta
vez consecutiva, e também o movimento operário, que se fortalecia novamente. Em 1923 e 1924
ocorreram novas ações tenentistas no Rio Grande do Sul e em São Paulo, respectivamente. Tudo
isso levou Bernardes a decretar quase que ininterruptamente o estado de sítio. Sob Bernardes, o
Brasil se retirou da Liga das Nações em 1926.

Curso Preparatório Cidade | Tópico 3.5 – Tenentismo 299


Governo Washington Luís (1926-1930) interessa mais à ordem pública do que à ordem social, representa o estado de espírito de alguns
operários, mas não de toda a sociedade".
Washington Luís Pereira de Sousa (Macaé, 26 de outubro de 1869 — São Paulo, 4 de agosto de
1957) historiador e político brasileiro e Presidente do Brasil a partir de 15 de novembro de 1926. Não houve registro de nenhuma violência dele contra operários, tendo proposto, na sua posse no
Governo do Estado, a criação de uma justiça que arbitrasse os conflitos entre capital e trabalho.
Foi deposto em 24 de outubro de 1930, apenas 21 dias antes do término do mandato, por forças
político-militares comandadas por Getúlio Vargas, na chamada Revolução de 1930. Em 1929, Washington Luís apoiou Júlio Prestes, Presidente do Estado de São Paulo à sua sucessão,
e o Presidente da Bahia, Vital Soares, como candidato a vice-presidente.
Sua alcunha era Paulista de Macaé, pois, embora nascido no estado do Rio de Janeiro, sua
biografia foi toda construída em São Paulo. Figura 57: Crash de 1929.

Sua eleição para a presidência da república foi recebida com grandes esperanças, após um período
de agitações políticas. Isento de prevenções e de rancores, Washington Luís libertou todos os
presos políticos e até muitos cidadãos inocentes presos injustamente e não prorrogou o estado de
sítio que caracterizou o quadriênio anterior, de Artur Bernardes.

Enfrentou a crise internacional do café e a crise financeira internacional, em 1929, mas mesmo
assim, com grandes dificuldades, tentou estabilizar a taxa de câmbio e equilibrar o orçamento
nacional.

A coluna Prestes, esgotada e sem apoio da população para uma revolução, em 1926, se retira para
a Bolívia.

Uma de suas realizações foi a rodovia Rio-Petrópolis que, inaugurada em 1928, mais tarde
receberia seu nome, considerada na época como uma grande obra da engenharia civil brasileira;
um marco (muitos populares pensavam que as obras foram realizadas por norte-americanos ou
outros estrangeiros). Terminou a Rodovia São Paulo- Rio, iniciada no seu mandato como presidente Fonte: National Archives (EUA).
do Estado de São Paulo.
Os presidentes de 17 estados apoiaram o candidato indicado pelo Presidente Washington Luís.
De seu mandato destacam-se: Negaram apoio ao candidato Júlio Prestes, apenas os presidentes de três estados, Minas Gerais,
Rio Grande do Sul e Paraíba (Sendo que, até hoje, lê-se "NÉGO" na Bandeira da Paraíba).
 O grande número de obras rodoviárias executadas. "Governar é abrir estradas" foi seu
lema, na campanha eleitoral de 1920. Esse lema foi, depois, assimilado pelos Os presidentes destes três estados e políticos de oposição de diversos estados se unem formando a
governadores posteriores de São Paulo. Aliança Liberal) e lançam Getúlio Vargas candidato a presidente da república, e o Presidente da
 A criação de várias faculdades de farmácia e odontologia Paraíba, João Pessoa como candidato a vice-presidente da república.
 Modernizou o arquivo público do estado, editando e publicando documentos históricos
valiosos. Em 1º de março de 1930, Júlio Prestes venceu a eleição contra os protestos da oposição que
denunciava fraude. Surgem boatos sobre uma possível revolução, desmentidos por Getúlio Vargas
A ele, caluniosamente, quando Presidente do Estado de São Paulo, é atribuída a frase " Questão e outras lideranças da Aliança Liberal.
social é questão de polícia", quando a frase verdadeira foi "A agitação operária é uma questão que

300 Tópico 3.5 – Tenentismo | Curso Preparatório Cidade


O surgimento de um movimento insurgente em São José de Princesa, na Paraíba - que parecia ter legenda na longa marcha de 24 000 km pelo interior do país, as classes dominantes
sido instigado pelo Governo Federal contra o Presidente do Estado, João Pessoa, - seguido do regionais entrava em uma linha de composição entre 1926-1929. (...) Bernardes
assassinato (aparentemente por razões de política local) do mesmo João Pessoa e a grande governou em meio a uma situação difícil, recorrendo a seguidas decretações do estado
depressão econômica de 1929, servem de pretexto para reunir as forças aliancistas, que conspiram de sítio. Extremamente impopular nas áreas urbanas, especialmente no Rio de Janeiro,
e iniciam uma revolução em 3 de outubro de 1930. lançou-se nestas áreas a uma dura repressão policial para os padrões da época.

Em 24 de outubro de 1930, os ministros militares depõem Washington Luís, que é preso, sai do FAUSTO,Boris.A crise dos anos vinte e a Revolução de 1930.In.: FAUSTO,Boris.História Geral da Civilização
Brasileira. O Brasil Republicano. Sociedade e Instituições (1889-1930).Rio de Janeiro: Bertrand Brasil,
Palácio do Catete acompanhado do Cardeal-Arcebispo do Rio de Janeiro Sebastião Leme e é
1990. (Tomo III, v. 2), p.410-412.
conduzido ao Forte de Copacabana. Uma junta militar assume a presidência, entregando-a a
Getúlio Vargas no dia 3 de novembro de 1930.

Washington Luís foi exilado, vivendo muitos anos nos Estados Unidos da América e posteriormente (...) O comportamento político-ideológico dos tenentes pode ser explicado pela
na Europa. Regressou ao Brasil em 1947, recusando-se a voltar à política. Em 4 de agosto de 1957, conjugação de duas dimensões: sua situação institucional como membros do aparelho
faleceu em São Paulo. militar do Estado e sua composição social como membros das camadas médias
urbanas. A superposição dessas duas “situações” teria produzido esse movimento de
contestação das estruturas oligárquicas, muito radical em sua forma e limitado em sua
ideologia. (...) A participação no aparelho militar do Estado, responsável pelo resguardo
(...) Do ponto de vista de sua formação, a geração dos tenentes cursou a Escola do das instituições, explicaria o impulso de intervenção no processo político para corrigi-lo
Realengo, que tinha uma linha educacional diversa da Escola da Praia Vermelha. Esta “reconduzindo-o” a seus marcos institucionais. Enquanto militar o tenente se vê como
se caracterizava pela influência positivista, destinando-se a formar o soldado-cidadão; responsável pela sociedade e se vê como representante dos interesses gerais da
aquela tratou de profissionalizar o Exército, insistindo no ensino técnico e no seu nacionalidade, além do que possui os instrumentos para concretizar sua intervenção: a
afastamento da política. (...) O que se poderia chamar de programa de ação dos força e a organização. (...) A filiação às camadas médias urbanas explicaria o sentido da
tenentes tem o seu foco dirigido, a um tempo, para as Forças Armadas e para a intervenção tenentista e o conteúdo dela: expressariam a cena política as aspirações e
sociedade como um todo. Sob o primeiro aspecto, o tenentismo se distingue das reivindicações das camadas médias urbanas, limitadas por sua subordinação
pressões militares anteriores por estabelecer uma linha divisória no próprio grupo econômica, social e ideológica às oligarquias dominantes: “isto, se a violência de suas
militar, entre quadros médios e cúpula. Ele representa um movimento de cisão no intervenções se deveu à sua situação enquanto corporação profissional, a ausência de
interior do grupo, em um momento crucial em que a alta oficialidade opta pela objetivos próprios, distintos das metas políticas oligárquicas, é explicada pela sua
acomodação com Bernardes e a hierarquia se encontra abalada. Os tenentes não condição de expressão típica das camadas médias urbanas nesse período histórico”.
querem apenas purificar a sociedade, mas a instituição de onde provém. (...) O (...) As limitações ideológicas do tenentismo em sua primeira fase, típicas dos setores
programa do movimento com relação à sociedade e um bom exemplo da dificuldade médios urbanos, confirmam suas vinculações, ao invés de obscurecê-las. (...)
apontada por Morris Janowitz, de se definir em certos casos a ideologia dos militares, a Encontramos tanto no movimento político representante, como no grupo social
não ser em termos muito gerais: nacionalismo, certa xenofobia, tendências puritanas, representado, o mesmo “liberalismo jurídico-político”, a mesma incapacidade de
visão “antipolítica”. Dentro dessas características, na ideologia e no comportamento perceber seus interesses específicos e formulá-los num projeto global de
tenentista são hoje bastante conhecidos os traços autoritários, o elitismo, a busca da transformação da sociedade. As reivindicações centralizadas no nível jurídico-político
reforma política mesclada de um reformismo social ingênuo e de um vago são típicas tanto do tenentismo como de outras manifestações políticas dos setores
nacionalismo. (...) A defesa da maior centralização do Estado, da uniformização médios como, por exemplo, a atuação do Partido Democrático.
legislativa de acordo com o modelo federal, os seus ataques à “feudalização do Brasil”
têm como alvo implícito, e às vezes explícito, a oligarquia paulista. (...) Acima de tudo, FORJAZ,Maria Cecília Spina.Tenentismo e política- tenentismo e camadas médias urbanas na crise da
este Estado controlado por uma “elite de plutocratas”, vinculado entre os tenentes e as Primeira República. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1977, p.28-29.

oligarquias estaduais. Este entendimento dependia de um agravamento das


contradições internas do sistema. (...) Enquanto a rebelião militar começava a criar sua

Curso Preparatório Cidade | Tópico 3.5 – Tenentismo 301


EXERCÍCIOS (C) uma demanda de mão de obra para a indústria e às pressões políticas dos fazendeiros do
sudeste do país.
(D) uma política nacional de fomento demográfico e a um acordo com a Itália e o Japão para
01. (Puccamp) Uma ameaça que não se cumpriu exportação de matérias-primas.
(E) acordos internacionais que proibiram o tráfico de escravos e à política interna de
Em 1937, em Genebra, no plenário da Sociedade das Nações, o embaixador japonês barão Shudo embranquecimento da população brasileira.
levantou a tese de que as regiões inexploradas de vários países deveriam ser cedidas a nações
ricas e populosas, como o Japão, naturalmente. Nesse caso o Brasil Central desértico era uma
preocupação crescente. (...) Os estrategistas brasileiros concluíram que a Amazônia se 03. (Unesp) Ao negar apoio à Aliança Liberal, Luís Carlos Prestes manifestava-se a respeito do
autodefendia do colonizador branco com suas doenças, suas selvas e seu calor. Não havia porquê movimento contestatório, nos seguintes termos:
recear ali uma investida do Eixo. A mortandade provocada nos estrangeiros pela construção da
ferrovia Madeira-Mamoré, na atual Rondônia, também corroborava essa tese. "Mais uma vez os verdadeiros interesses populares foram sacrificados e vilmente mistificado todo
um povo por uma campanha aparentemente democrática, mas que no fundo não era mais que
Muito diferente, no entanto, era a situação da pré-Amazônia mato-grossense e goiana, com suas uma luta entre os interesses contrários de duas correntes oligárquicas."
extensas faixas de campos e cerrados habitáveis, colonizáveis sem maiores esforços. Era o caso
típico da região do Araguaia-Xingu, que continha a Serra do Roncador e seus prodígios, além dos Prestes referia-se ao movimento que ficou conhecido como:
garimpos de diamantes do alto Araguaia, em parte contrabandeados para a Alemanha.
(A) Revolução de 1964.
(Adaptado da Revista "Especial Temática". O Brasil que Getúlio sonhou. n.4. São Paulo: Duetto, 2004. p.71) (B) Revoltas Tenentistas.
(C) Revolução de 1930.
Sobre o fracasso da exploração da seringueira (produção da borracha) na Amazônia, é correto (D) lntentona Comunista.
afirmar que uma de suas principais causas foi: (E) Ação lntegralista.

(A) a falta de mão-de-obra especializada na região, suprida pela migração nordestina que, no
entanto, mostrou-se insuficiente. 04. (Mackenzie) "É um homem calmo numa terra de esquentados. Um disciplinador numa terra de
(B) a concorrência com a borracha produzida nas colônias britânicas do Sudeste asiático, cujo indisciplinados. Um prudente numa terra de imprudentes. Um sóbrio numa terra de
preço no mercado internacional era inferior. esbanjadores. Um silencioso numa terra de papagaios".
(C) a inadequação dessa atividade ao clima tropical úmido, que dificultava o transporte e o
(Érico Veríssimo)
armazenamento do látex.
(D) a crise econômica decorrente da Primeira Guerra Mundial, que paralisou as exportações A descrição refere-se ao líder da Revolução de 1930, Getúlio Vargas, que chegou ao poder através:
brasileiras e a produção da borracha.
(E) o subsídio governamental à produção de algodão, fumo e cacau no Nordeste, que tornou (A) da vitória nas urnas sobre o candidato oficial Júlio Prestes.
esses produtos mais lucrativos. (B) do movimento armado, que se seguiu à derrota da Aliança Liberal nas eleições, agravada
pelo assassinato de João Pessoa.
02. (Fuvest) A imigração de italianos (desde o final do século XIX) e a de japoneses (desde o início (C) da coluna Prestes e do apoio incondicional à liderança tenentista.
do século XX), no Brasil, estão associadas a: (D) da formação de um grupo homogêneo, composto de novas lideranças políticas e sem
vínculos com as velhas oligarquias.
(A) uma política nacional de atração de mão de obra para a lavoura e às transformações (E) da definição de uma política voltada exclusivamente para o setor agrário, atingido pela
sociais provocadas pelo capitalismo na Itália e no Japão. crise do café.
(B) interesses geopolíticos do governo brasileiro e às crises industrial e política pelas quais
passavam a Itália e o Japão.

302 Tópico 3.5 – Tenentismo | Curso Preparatório Cidade


05. (Puccamp) A Revolução de 1930 marcou o fim da República Velha e inaugurou uma nova forma 09. (Unitau) O declínio das oligarquias, no período final da República Velha, teve como contraponto
de atuação do Estado frente às transformações da sociedade brasileira, como exemplifica o: o surgimento de segmentos sociais identificados com o modo de vida urbano. Indique-os:

(A) atendimento de demandas de diferentes setores sociais como operários e empresários. (A) Burguesia industrial, classes médias urbanas e classe operária.
(B) afastamento do Estado da gestão da economia. (B) Sindicatos, associações e grêmios recreativos.
(C) abandono dos setores produtores agrícolas tradicionais. (C) Burguesia rural, classes militares e classe operária.
(D) controle da alta hierarquia militar sobre os principais órgãos estatais. (D) A burocracia estatal, o clero e o povo.
(E) apoio às oligarquias dominantes nos Estados. (E) Os imigrantes, a burguesia industrial e o clero.

06. (Fuvest) A revolução de 1924, movimento tenentista, relacionou-se: 10. (Fuvest) No Brasil, a década de 20 foi um período em que:

(A) aos desejos de reformas econômicas e sociais de caráter socialista que acarretassem a (A) velhos políticos da República, como Rui Barbosa, Pinheiro Machado e Hermes da Fonseca,
superação da República oligárquica e elitista. alcançaram grande projeção nacional.
(B) à violência praticada pelos governos republicanos controlados pelas oligarquias paulista e (B) as forças de oposição às chamadas "oligarquias carcomidas" se organizaram, sem
mineira contra lideranças operárias e camponesas. contudo apresentar alternativas de mudança.
(C) aos anseios por reformas políticas moralizadoras de cunho liberal que não se chocavam (C) as propostas de reforma permanecendo letra morta, não se configurou nenhuma
com os princípios de ordenação constitucionais da República. polarização político-ideológica.
(D) ao caráter conservador do governo Epitácio Pessoa, cuja política repressiva desencadeou (D) a aliança entre os partidos populares e as dissidências oligárquicas culminou com a
o movimento de intervenção federal nos estados oposicionistas. derrubada da República Velha nas eleições de 1º de março de 1930.
(E) à luta pela superação de caráter espoliativo e dependente da economia brasileira, visando (E) ocorreram agitações sociais e políticas, movimentos armados, entre eles a Coluna Prestes,
obter maior prestígio no concerto internacional. e várias propostas de reforma foram debatidas.

07. (Unitau) O germe da crise oligárquica na República Velha encontra-se na industrialização e no 11. (Ufpe) O tenentismo foi um movimento empreendido por jovens oficiais militares durante a
crescimento da vida urbana, que fizeram surgir: Primeira República. Dentre as alternativas a seguir, aponte a que se identifica com as
aspirações desse movimento:
(A) novas forças sociais e políticas.
(B) o regime militar. (A) A moralização dos costumes e a ideia de soldados-corporação.
(C) a influência de valores políticos externos, vindos com os imigrantes. (B) A ideia do soldado-cidadão que devia intervir no processo político, a defesa do voto
(D) a inserção do Brasil como prioridade da revolução comunista internacional. secreto, a centralização do poder e a independência do poder judiciário, e o ensino
(E) as grandes periferias urbanas formadas por imigrantes vindos do interior. público.
(C) A defesa do voto secreto e universal, incluindo os analfabetos e mulheres e a reforma
administrativa na direção da descentralização do poder.
08. (Unitau) O movimento tenentista teve vários momentos, cujo ápice foi:
(D) A centralização do poder do Estado, a reforma do Ensino e a intervenção "moderadora"
nos movimentos populares e nos governos civis despreparados, dentro do princípio do
(A) a Revolta do Forte de Copacabana.
"soldado-profissional."
(B) o Estado de Sítio permanente do governo Artur Bernardes.
(E) Apoio às oligarquias locais, incentivo ao ensino privado e religioso, moralização da
(C) a Coluna Paulista.
administração pública e o recolhimento dos militares aos quartéis.
(D) a Coluna Prestes.
(E) a Intentona Comunista.

Curso Preparatório Cidade | Tópico 3.5 – Tenentismo 303


12. (Ufmg) Durante os anos 20, a República Brasileira foi marcada por uma grande crise. (B) pela eleição de líderes sindicais para o Congresso, onde poderiam defender melhor as
reivindicações operárias contra os interesses oligárquicos e da burguesia industrial
Todas as alternativas apresentam evidências dessa crise, EXCETO: exploradora.
(C) pela formação de sindicatos mais combativos e dispostos a negociar com a burguesia
(A) A Campanha Civilista de Rui Barbosa pela presidência da República. industrial a manutenção da propriedade privada e a participação dos operários nos lucros
(B) A eclosão das revoltas tenentistas pela moralização do Estado. das fábricas.
(C) A erupção de inúmeras greves e movimentos sociais dos trabalhadores urbanos. (D) pela cooperação com o Estado, desde que este respeitasse o direito de greve, a livre
(D) A ocorrência de atos de banditismo social como o cangaço. negociação do operariado em sindicatos e aprovasse leis que defendessem melhores
(E) A decretação do estado de sítio no governo Artur Bernardes. condições de trabalho nas fábricas.
(E) pelo fim do sistema capitalista, da divisão da sociedade em classes e da abolição da
propriedade privada e do Estado através da ação direta do operariado organizado em
13. (Fuvest) Em 1922, as instituições republicanas sofrem importante abalo. O candidato oficial do
sindicatos.
Partido Republicano enfrentou forte oposição liderada pelo candidato dissidente, que promoveu
intensa campanha popular por todo o país.
16. (Cesgranrio) A crise social e política que abalou a estabilidade da República Velha (1889 -1930)
Identifique essa dissidência e seu candidato. quebrou a hegemonia das oligarquias no poder e preparou o terreno para a Revolução de 1930
foi motivada pelo(a):
(A) civilista / Rui Barbosa
(B) militarista / Hermes da Fonseca (A) aprofundamento das cisões oligárquicas, pelas rebeliões tenentistas, pela insatisfação das
(C) reação republicana / Nilo Peçanha classes médias urbanas excluídas da representação política e pela pressão reivindicatória
(D) salvação nacional / Pinheiro Machado das classes operárias.
(E) federalista / Assis Brasil (B) aliança política entre a burguesia industrial, as classes médias urbanas e o operariado
fabril contra o sistema liberal e democrático da República Velha, controlado pelas
oligarquias agrárias.
14. (Uel) Durante o Governo de Washington Luís (1926-1930) a insatisfação da população e a
(C) quebra do compromisso político entre as oligarquias agrárias e os trabalhadores rurais, o
tensão política agravaram-se com a:
que, durante toda a República Velha, impediu o desenvolvimento dos setores industriais e
a organização do movimento operário.
(A) instalação da Comissão de Verificação dos Poderes.
(D) fortalecimento da união entre as oligarquias paulistas e mineiras na indicação de Júlio
(B) destruição do arraial de Canudos.
Prestes à sucessão presidencial em 1930, o que desagradou as oposições constituídas
(C) realização da Semana de Arte Moderna.
pelas classes médias urbanas e operariado, defensores de Getúlio Vargas.
(D) crise econômica e financeira mundial.
(E) descontentamento da burguesia industrial com o tratamento dado pelas oligarquias ao
(E) disputa entre catarinenses e paranaenses que culminou com a Guerra do Contestado.
movimento operário - "caso de polícia" - e sua decisão de apoiar a Revolução de 30 e a
legislação trabalhista.
15. (Cesgranrio) O anarquismo (anarco-sindicalismo), uma das correntes políticas do movimento
operário na República Velha (1889 -1930), lutava:
17. (Cesgranrio) Com relação à revolução de 1930, do ponto de vista econômico-social, é possível
afirmar que ela:
(A) pela organização do proletariado urbano em partidos políticos, como forma de pressionar
o governo a adotar uma legislação trabalhista que defendesse os direitos dos
(A) assinala o início da primazia política das classes médias sobre o Estado;
trabalhadores contra a exploração capitalista.
(B) representa a derrota da burguesia mercantil diante das pressões conjuntas do
campesinato e operariado urbano;

304 Tópico 3.5 – Tenentismo | Curso Preparatório Cidade


(C) traduz a vitória do tenentismo, das camadas médias e dos segmentos industriais sobre os 20. (Cesgranrio) A Revolução de 1930 pode ser relacionada a várias transformações da sociedade
setores agroexportadores; brasileira, entre as quais NÃO podemos incluir:
(D) identifica a passagem para a dominação burguesa no Brasil, com a vitória dos grupos
industriais; (A) o abandono dos setores agrícolas pelo governo, que privilegiou a industrialização.
(E) significa o início do desenvolvimentismo e a decadência da agricultura de exportação. (B) a insatisfação dos setores médios urbanos com o domínio do processo político pelas
oligarquias agrárias.
(C) a crescente organização e mobilização da classe operária, surgida com o processo de
18. (Mackenzie)
industrialização.
(D) a mobilização de setores militares, principalmente dos oficiais mais jovens, contra o
I. O rompimento da política do café com leite enfraqueceu o grupo dominante, fortalecendo
regime.
as oligarquias dissidentes, ávidas de poder.
(E) às dissidências oligárquicas, materializadas na formação da Aliança Liberal.
II. O Tenentismo desde 1922 apresentava-se como um sintoma de insatisfação e mudança de
sociedade: a luta política seria realizada pelo exército "em nome do povo".
III. Após a vitória de Júlio Prestes, João Pessoa, favorável à luta armada, desencadeou o EXERCÍCIOS DE PROVA
movimento para a derrubada do governo.
IV. A política de perseguições do governo Washington Luís, a degola dos aliancistas e o
assassinato de João Pessoa desencadearam o movimento revolucionário. 01. (EsFCEx) Sobre o Tenentismo, analise as afirmativas e marque a opção correta.

Considere as afirmações anteriores, relativas aos antecedentes da Revolução de 1930, e assinale: I. Crítico às fraudes eleitorais e ao domínio das oligarquias, o Tenentismo pautou-se pela
defesa de uma democracia ampla no País.
(A) se todas forem corretas. II. Contrário ao domínio das oligarquias, o Tenentismo transitou progressivamente de uma
(B) se apenas I , II e IV forem corretas. conduta de caráter corporativo para a defesa crescente de propostas de transformação
(C) se apenas III for correta. política para o País.
(D) se apenas I e IV forem corretas. III. Apesar de críticos de sistema político vigente, os tenentes, rebeldes da década de 1920
(E) se todas forem incorretas. mantiveram uma conduta de neutralidade quando do golpe de Estado que levou Getúlio
Vargas ao poder em 1930.
19. (Ufrs) Sobre a Aliança Liberal, formada no decorrer do processo de sucessão ao Governo
Washington Luís, é correto afirmar que: (A) Somente I é correta.
(B) Somente II é correta.
(A) visava alterar a estrutura da economia brasileira, através de um novo processo de (C) Somente III é correta.
redistribuição de terras. (D) Somente I e II são corretas.
(B) pretendia combater o sistema capitalista, estabelecendo uma política de compromisso (E) Somente II e III são corretas.
com os trabalhadores.
(C) defendia o fim da propriedade privada e de qualquer forma de governo, sendo
influenciada pelas ideias de liberdade e igualdade.
(D) incentivava a saída do Estado como agente interventor nas relações econômicas, abrindo
espaço para a livre competição e modernização.
(E) anunciava o rompimento da política do café com leite, marcando o fim do antigo pacto
das oligarquias dominantes.

Curso Preparatório Cidade | Tópico 3.5 – Tenentismo 305


Tópico 3.6 – A Semana de Arte Moderna A SEMANA DE ARTE MODERNA

Comentário Epitácio Lindolfo da Silva Pessoa (Umbuzeiro, 23 de maio de 1865 — Petrópolis, 13 de fevereiro de
1942) foi um político brasileiro e presidente da república entre 1919 e 1922.

Avancemos um pouco mais... Professor de Direito, foi deputado no Congresso Constituinte de 1890 a 1891, ministro da Justiça
no Governo Campos Sales, e exerceu simultaneamente o cargo de ministro do Supremo Tribunal
Os anos 20 marcam o plano inclinado da República Velha. Neste contexto o ano de Federal e procurador-geral da República de 1902 a 1905. Com o fim da Primeira Guerra Mundial,
1922 foi simbólico: deflagração do primeiro movimento tenentista, Semana de Arte chefiou a embaixada do Brasil na Conferência de Paz de Versalhes, em 1919.
Moderna e a fundação do Partido Comunista Brasileiro.
Disputou a sucessão de Delfim Moreira pela presidência da República com o já septuagenário Rui
Cada um desses movimentos teve o seu peso na queda da República Velha. Os tenentes Barbosa, vencendo as eleições sem nem ter saído da França. Sua vitória foi marcada por
acreditavam que o Exército havia feito o “trabalho sujo” à época da proclamação, mas simbolismos, pois um presidente paraibano representava uma primeira derrota da política do café-
foram os civis que assumiram o poder e deturparam a República. com-leite, tendo apenas o gaúcho Hermes da Fonseca sido uma solitária exceção uma década
antes. Contudo, ainda assim ele representava a escolha das oligarquias paulista e mineira.
Os comunistas estavam muito presentes no Exército brasileiro e não podemos esquecer
que a instituição participou efetivamente do movimento de 1930. Eleito Presidente da República, cargo que assumiu em 28 de julho de 1919, enfrentou um dos
períodos políticos mais conturbados da Primeira República, com a Revolta do Forte de Copacabana,
No plano cultural e simbólico a Semana de Arte Moderna significou uma ruptura com os a crise das cartas falsas e a revolta do clube militar. Foi também uma época de problemas
padrões culturais dominantes no Brasil e representou a busca de uma arte financeiros, sendo contratado um empréstimo com a Inglaterra para fazer frente a uma terceira
verdadeiramente nacional. desvalorização do café.

No Brasil existia um jargão na política que afirmava ser impossível fazer política sem Figura 58: Revolta dos 18 do Forte de Copacabana: da esquerda para direita, tenentes
pão-de-queijo. Mesmo assim nas eleições de 1930 os paulistas romperam com os Eduardo Gomes, Siqueira Campos, Nílton Prado e o civil Otávio Correia.
mineiros. Pela segunda vez a política do café-com-leite fora quebrada. Dessa vez de
forma definitiva...

Olhando de longe vemos que o Brasil dos anos 20 havia se tornado uma sociedade
complexa demais para ser governada somente por representantes dos cafeicultores.
Era necessário um novo equilíbrio de forças. Foi esta a conjuntura histórica que
permitiu a ascensão de Getúlio Vargas - o novo “árbitro” das diferentes e emergentes
forças sociais brasileiras.

Sobre o assunto leia o texto a seguir.

Bons estudos!
Fonte: coleção "Nosso Século" (1980) da Editora Abril - volume relativo a 1910-1930.

Seu vice-presidente original era Delfim Moreira, que não chegou a assumir por falecimento; o
substituto foi Francisco Álvaro Bueno de Paiva.

306 Tópico 3.6 – A Semana de Arte Moderna | Curso Preparatório Cidade


Seus principais atos como presidente foram : a construção de mais de 200 açudes no Nordeste estético das inovações das vanguardas europeias. Essas duas correntes se
(considerada a maior obra de seu governo); a criação da Universidade do Rio de Janeiro - delineiam em 1924, com a publicação do primeiro manifesto de Oswald de
erradamente considerada pelos historiadores oficiais da época como a primeira do Brasil, embora a Andrade, Pau Brasil, no "Correio da Manhã". Nele já estava inscrito o lema
Universidade do Paraná tenha sido criada quase uma década antes, em 1912 ; a comemoração do que guiaria toda a atividade artística e intelectual da ala crítica
primeiro Centenário da Independência; a inauguração da primeira estação de rádio. a substituição modernista: "A língua sem arcaísmos, sem erudição. A contribuição
da libra pelo dólar que passou a ser nosso padrão monetário; a construção de mais de 1000 km de milionária de todos os erros. Como falamos. Como somos". A outra
ferrovias no sul do Brasil. corrente, conservadora, que iria opor-se a Oswald de Andrade, seria
conhecida por verde amarelismo, cujo batismo mostra bem a filiação
No último ano de seu governo, um movimento cultural em São Paulo lançaria as bases de uma nacionalista e xenófoba: um canto de amor, cego e irrestrito, às "glórias
mudança de paradigma na concepção artística brasileira. A chamada Semana de Arte Moderna, pátrias". Em 1928, essa oposição recrudesce. E, com ela, a politização do
ocorrida nos dias 13, 15 e 17 de fevereiro de 1922 daria início ao movimento modernistas modernismo. Verde-amarelismo transmuta-se em Anta; Pau-Brasil
brasileiro, a partir de uma nova reflexão sobre a identidade nacional. deságua no movimento antropofágico (...) Apesar de marcado ainda por
traços de dependência, o País se industrializou nas últimas décadas;
A respeito do movimento modernista, os críticos e os estudiosos entram houve mudanças sociais e econômicas significativas. Se não quisermos
em sintonia num ponto: a Semana de Arte Moderna, realizada em 1922, apenas celebrar ingenuamente a data, temos de nos perguntar: teria
em São Paulo, representou um marco, verdadeiro ponto de inflexão no ainda alguma coisa a dizer e a ensinar o manifesto literário escrito em
modo de ver o Brasil. Não só de ver como de escrever sobre o Brasil. Em 1928? Para isso, seria preciso situar o núcleo da antropofagia, que Oswald
geral, os artistas e intelectuais de 1922 queriam arejar o quadro mental de Andrade, aliás, nunca formulou clara e explicitamente; seu manifesto
da nossa "intelligentsia", queriam pôr fim ao ranço beletrista, à postura foi escrito numa linguagem elíptica, repleta de ambiguidades e sem
verborrágica e à mania de falar difícil e não dizer nada. Enfim, queriam ligação explícita entre as frases. Mas, mesmo assim, dele é possível
eliminar o mofo passadista da vida intelectual brasileira. Do ponto de extrair algumas formulações. O que o caracteriza é a retratação do caráter
vista artístico, o objetivo fundamental da Semana foi acertar os ponteiros assimétrico da nossa cultura, onde coexistiam o bacharelismo de Rui
da nossa literatura com a modernidade contemporânea. Para isso, era Barbosa, ou as piruetas verborrágicas de Coelho Neto, junto com as
necessário entrar em contacto com as técnicas literárias e visões de experiências vanguardistas do pintor Portinari. E hoje, de um lado, a
mundo do futurismo, do dadaísmo, do expressionismo e do surrealismo, moda de viola e a música sertaneja; doutro lado, a bossa nova e o cinema
que formavam, na mesma época, a vanguarda européia. Desse ângulo, o novo. Essa mistura, por assim dizer, era vista como resultado do
modernismo é expressão da modernização operada no Brasil a partir da desenvolvimento histórico no Brasil que, apesar de unitário, apresenta um
década de 20, que começava a dar sinais de mudança (vide, no plano abismo entre os aspectos arcaicos e modernos, entre as favelas e os
político, o movimento rebelde dos tenentes) de uma economia arranha-céus (...) O manifesto antropofágico tocou no cerne do
agroexportadora para uma economia industrial. Esse juízo é, do ponto de capitalismo no terceiro mundo: a dependência. Ou pelo menos captou
vista mais geral, certeiro; no entanto, ele não deve esconder as diferenças seus reflexos no plano da cultura. Denunciou o bacharelismo das camadas
no seio do movimento de 22. Diferenças de ordem política, ideológica e cultas, que permanecem alheadas da realidade do País, reproduzindo os
estética. Na verdade, houve duas correntes modernistas: uma de simulacros dos países capitalistas hegemônicos. Ironizou a consciência
inspiração conservadora e totalitária, que iria, em 1932, engrossar as enlatada de largos setores do pensamento brasileiro, que se comprazem,
fileiras do integralismo, e outra, mais crítica e dissonante, interessada em quando muito, em assimilar ideias, jamais criá-las. Se Oswald de Andrade
demolir os mitos ufanistas e contribuir para o conhecimento de um Brasil teve a lucidez de ridicularizar com o mimetismo que tanto seduz o
real que não aparecia nas manifestações oficiais e oficiais da nossa intelectual solene e bacharel, ele não caiu no equívoco de fechar as portas
cultura. O pressuposto essencial de 22, o autoconhecimento do País, tinha do País do ponto de vista cultural. Ao contrário, sua formulação em torno
a um só tempo de acabar com o mimetismo mental e denunciar o atraso, a da "deglutição antropofágica" exige o remanejamento das ideias mais
miséria e o subdesenvolvimento. Mas denunciar com uma linguagem do avançadas do Ocidente em conformidade com a especificidade de nosso
nosso tempo, moderna, coloquial, aproveitando o arsenal estilístico e

Curso Preparatório Cidade | Tópico 3.6 – A Semana de Arte Moderna 307


contorno social e político. Nesse ponto é difícil negar sua atualidade.
Ademais, a estrutura social que a antropofagia reflete e denuncia ainda a) o futurismo tupiniquim, isto é, a exploração de paisagens e temas urbanos de cidades em
não mudou em seus aspectos fundamentais. A industrialização das expansão.
últimas décadas, realizada sob a égide do capitalismo concentracionista, b) o indigenismo, isto é, a obrigatoriedade da incorporação da temática indígena nas artes
aguçou ainda mais o desenvolvimento desigual em nosso País, trazendo, plásticas e na literatura brasileira.
de um lado, sofisticação e modernização tecnológicas e, de outro lado, c) o verde-amarelismo, isto é, o estímulo à realização exclusiva de obras ufanistas e anti-
engendrando bóias-frias e marginalidade urbana. colonialistas.
d) o integralismo, isto é, a total integração e fusão das culturas européias e brasileira.
O Sarampo Antropofágico. Folha de S. Paulo. 15/05/1978, in: http://almanaque.folha.uol.com.br/semana22.htm e) a antropofagia cultural, isto é, o aproveitamento criterioso da cultura estrangeira para a
constituição de uma cultura brasileira original.
Ao deixar a presidência, foi eleito ministro da Corte Permanente de Justiça Internacional de Haia, 02. (Ufrn) Leia o fragmento textual abaixo para responder às questões adiante.
mandato que exerceu até novembro de 1930.
A cidade dos tempos do capitalismo do século XX adquiriu uma característica que, até o século XIX,
De 1924 até a Revolução de 1930, foi senador pela Paraíba. Apoiou a revolução, que tinha como era peculiar aos portos: passa a se constituir, sobretudo, de uma população estrangeira, de várias
um de seus mais importantes objetivos cumprir os ideais do 5 de Julho. A partir daí, foi-se origens e regiões, e, quando muito, de uma população apenas de passagem. A produção
desligando das atividades públicas. Em 1937, surgiram os primeiros sinais de que sua vida estava econômica, voraz em sua fome de força de trabalho a baixo custo, dispõe, nessa cidade, de um
chegando ao fim. A doença de Parkinson e os problemas cardíacos agravaram-se. Epitácio Pessoa enorme mercado de mão-de-obra. No entanto, a cidade capitalista, apesar de gerar um novo
ainda resistiu até 13 de fevereiro de 1942, quando morreu no sítio Nova Betânia, perto de território comum, não consegue garantir um espaço para todos.
Petrópolis (RJ).
Adaptado de ROLNIK, Raquel. "O que é cidade." São Paulo: Brasiliense, 1995.

A análise feita no fragmento aplica-se ao processo de urbanização no Brasil, durante o século XX.
EXERCÍCIOS Considerando a primeira metade do século, é correto afirmar sobre esse processo:

a) O aumento da população urbana resultou da transferência progressiva de população das


01. (Puccamp) A cidade de São Paulo nesse meio de século revelou-se solo fértil (...). Em nenhum áreas rurais para as cidades, atraída pela industrialização.
lugar, a urbanização e o crescimento industrial atingiram tal completude, o que lhe facultou b) A ampliação do operariado urbano nacional consolidou o poder das oligarquias
alçar-se à condição de metrópole. Ao mesmo tempo, as diferentes correntes migratórias lhe agroexportadoras, em fase de franca expansão nas cidades portuárias.
haviam imprimido um ar cosmopolita; inseridas na dinâmica econômica alteravam a c) O crescimento da população pobre nos centros urbanos levou o governo a criar uma
estratificação social, expandindo e diversificando a ocupação do espaço de que resultaram política de geração de empregos para absorver esse contingente.
formas renovadas de sociabilidade. Culturalmente, o legado modernista codificara uma tradição d) A reformulação e a ampliação das cidades para receber os novos habitantes
que se impôs às gerações posteriores e que puderam afirmar, dado o contexto, a necessidade desencadearam um processo de enriquecimento, extensivo aos trabalhadores.
de relacionamento entre criação e funcionalidade. O experimentalismo vanguardista adquiriu
em São Paulo inequívoca ambientação, uma vez que o concretismo na poesia teve na cidade a
sua expressão mais acabada. O quadro não se fecha sem que se considere a institucionalização 03. (Fuvest-gv) No final do século XIX e início do século XX o Nordeste foi assolado pelos
da vida universitária que acabou por alterar o estilo da reflexão, assim como a constituição das cangaceiros, bandos armados que roubavam, seqüestravam e matavam em seu próprio
organizações de cultura, os museus, os teatros, o cinema, conferiram lastro material à benefício ou a serviço de chefes políticos. Contribuíram para o aparecimento desse grande
divulgação das obras produzidas no exterior, adensando o processo de trocas culturais. contingente de marginalizados:

(Maria Arminda do Nascimento Arruda. Metrópole e Cultura: São Paulo no meio do século XX. São Paulo:
(A) os movimentos revolucionários republicanos dos fins do Império.
EDUSP, 2001. p. 20-1)
(B) a grande migração de nordestinos para a colheita da borracha na Amazônia.
O que melhor define o modernismo brasileiro nos anos 20 é:

308 Tópico 3.6 – A Semana de Arte Moderna | Curso Preparatório Cidade


(C) a propaganda da guerrilha comunista entre os camponeses. O texto acima, referente ao período da República Velha do Brasil, trata:
(D) o processo de urbanização e industrialização que expulsou muitos camponeses de suas
terras. (A) da organização dos quilombos, onde se abrigavam os escravos fugitivos.
(E) a concentração da propriedade, o aumento demográfico e os efeitos da seca. (B) dos entraves que os inglesas impuseram às manufaturas portuguesas face às restrições
ao tráfico negreiro.
(C) das revoltas violentas de trabalhadores rurais contra o poder oligárquico.
04. (Fuvest) A Semana de Arte Moderna de 1922, que reuniu em São Paulo escritores e artistas, foi (D) das revoltas das camadas populares oprimidas, influenciadas por filosofias externas.
um movimento: (E) da existência de grandes contingentes de trabalhadores rurais destituídos de propriedade,
no período anterior à Proclamação da República.
(A) de renovação das formas de expressão com a introdução de modelos norte-americanos.
(B) influenciado pelo cinema internacional e pelas ideias propagadas nas universidades de
São Paulo e do Rio de Janeiro. 07. (Cesgranrio) A crise da dominação oligárquica, que culminou com a Revolução de 1930,
(C) de contestação aos velhos padrões estéticos, às estruturas mentais tradicionais e um resultou de um processo crescente de transformações vividas pelo país dentre os quais se
esforço de repensar a realidade brasileira. destaca:
(D) desencadeado pelos regionalismos nordestino e gaúcho, que defendiam os valores
tradicionais. (A) a lenta politização dos trabalhadores rurais, após a Abolição, contestando o domínio dos
(E) de defesa do realismo e do naturalismo contra as velhas tendências românticas. "coronéis".
(B) a emergência de uma classe operária ligada à industrialização, que assumiu na década de
1920 formas políticas mais organizadas, como o BOC (Bloco Operário Camponês).
05. (Cesgranrio) A industrialização brasileira no início do século XX é definida como um "processo (C) o movimento Tenentista, disputa política no interior do Estado, sem ligação com as
de substituição de importações", como pode ser observado na: classes da sociedade.
(D) o caráter modernizante dos setores oligárquicos, cada vez mais ligados aos
(A) relação entre o crescimento da indústria e o declínio das vendas do café, após o Convênio empreendimentos urbano-industriais.
de Taubaté. (E) a crescente insatisfação dos Estados mais pobres contra o domínio do eixo "café-com-
(B) instalação de empresas multinacionais no Brasil, desde o século XIX, atraídas pelo fim da leite", expressa em rebeliões como as "guerras" do Cariri e de Princesa, ocorridas no
escravidão. Nordeste.
(C) adoção de políticas protecionistas, desde o Império, tornando proibitivas as importações.
(D) transferência maciça de mão-de-obra industrial e capitais norte-americanos para o Brasil.
(E) expansão industrial, durante a Primeira Guerra Mundial, quando ficaram restritas as 08. (Fgv) Acerca da greve geral de 1917, em São Paulo:
importações pelo Brasil.
I. A greve teve início em duas fábricas têxteis, abrangendo praticamente toda a classe
trabalhadora da cidade, num total de 50 mil pessoas e, durante alguns dias, controlando os
06. (Fatec) Em CANGACEIROS E FANÁTICOS, Rui Facó registra: bairros operários do Brás, da Moóca e do Ipiranga.
II. O comitê de Defesa Proletária, formado em São Paulo no curso da greve geral de 1917,
"... os senhores das classes dominantes e seus porta-vozes recusavam-se a acreditar na realidade: tinha como pontos principais de seu programa: aumento dos salários, proibição do trabalho
milhares de párias do campo armados em defesa da própria sobrevivência, em luta, ainda que de menores de 14 anos, abolição do trabalho noturno de mulheres e menores de 18 anos,
espontânea, não consciente, contra a monstruosa e secular opressão latifundiária e semifeudal, jornada de 8 horas de trabalho, garantia de emprego e respeito ao direito de associação.
violando abertamente o mais sagrado de todos os privilégios estabelecidos desde o começo da III. O governo mobilizou tropas, a Marinha mandou dois navios de guerra para Santos e, com a
colonização européia do Brasil - o monopólio da terra nas mãos de uma minoria a explorar a mediação de um comitê de jornalistas, os trabalhadores obtiveram um aumento salarial e
imensa maioria." promessas de atendimento das demais reivindicações.

Curso Preparatório Cidade | Tópico 3.6 – A Semana de Arte Moderna 309


IV. A greve, apesar de contar no início com a adesão apenas da metade da classe trabalhadora (A) Insurreição Armada dos Aliancistas contra Júlio Prestes.
da cidade de São Paulo, constituiu-se em grande sucesso, todas as reivindicações foram (B) Rebelião tenentista chefiada por Miguel Costa e Isidoro.
atendidas pelas entidades patronais e as lideranças operárias elogiadas publicamente pela (C) Revolta dos "18 do Forte" de Copacabana.
realização do movimento. (D) Revolução Constitucionalista de São Paulo.
V. O município sofreu intervenção do governo federal, as lideranças operárias detidas e (E) Revolução Federalista do Rio Grande do Sul.
enviadas para campos de prisioneiros em outros estados do país e a jornada de 8 horas de
trabalho foi legalizada.
11. (G1)

É correto afirmar apenas o contido em: "A vida é um pau de formiga

(A) I, II, III. Nestas grotas do sertão,


(B) I, II, IV.
(C) II, III, V. Mais a gente véve alegre
(D) I, III, IV.
(E) II, IV, V. No bando de Lampião

09. (Uel) No Brasil, o acontecimento que teve início em 1912 e que opôs os habitantes pobres da
região situada entre os rios Uruguai, Pelotas, Iguaçu e Negro às forças oficiais, ficou conhecido Se o cabra não tem corage
como:
Que mude de profissão
(A) Guerra de Canudos.
(B) Revolta da Armada. Vá prô cabo da enxada
(C) Guerra do Contestado.
Aprantá fava e argudão"
(D) Revolução Farroupilha.
(E) Pacto das Pedras Altas. (Melquíades da Rocha, "Bandoleiros das Caatingas")

No fim do século passado e nas primeiras décadas deste século, marginais e vítimas da seca e da
10. (Ufmg) Leia o texto.
miséria formaram bandos armados recebendo o nome de cangaceiros.
"Quando veio a revolução de 24, disparavam os canhões nas travessas da Rua da Moóca. Lembro
que todos os vizinhos rodeavam o Tenente Cabanas, que era muito destemido, levavam comida Sobre o fenômeno do cangaço não se pode afirmar que:
para os soldados, ou iam levar seu abraço. Nós víamos os petardos atravessarem as ruas; nas
Igrejas do Cambuci os soldados do governo acamparam e disparavam. (...) Os aviadores do (A) embora considerado banditismo social, refletia as condições sociais da época;
governo tinham ordem de jogar bombas no Brás; dizia que a italianada estava a favor da (B) o bando de Lampião era bastante valorizado;
revolução." (C) representava uma opção de meio de vida;
(D) seu principal chefe foi Irineu Evangelista de Souza, o Barão de Mauá;
(Lembranças do Sr. Ariosto, In: BOSI, Ecléa. MEMÓRIA E SOCIEDADE: LEMBRANÇA DE VELHOS. São Paulo: (E) localizou-se predominantemente no Nordeste, tendo como principal chefe, Virgulino
T. A. Queiróz, 1979. p. 144.) Ferreira da Silva, o Lampião.

As lembranças relatadas no texto referem-se à:

310 Tópico 3.6 – A Semana de Arte Moderna | Curso Preparatório Cidade


12. (Fuvest) No movimento operário brasileiro da Primeira República, a Greve Geral de 1917:
O fragmento acima é da música de João Bosco e Aldir Blanc, "O mestre-sala dos mares", numa
(A) localizou-se em São Paulo, reivindicando a adoção da jornada de oito horas de trabalho e homenagem ao "Almirante Negro" que liderou a revolta dos marinheiros em 1910 contra os
a proibição do trabalho feminino noturno. castigos físicos e a discriminação por parte dos oficiais.
(B) atingiu os principais núcleos urbanos e industriais do Brasil, prolongando-se devido à
recusa de negociações pelos grevistas. O líder e a revolta a que se refere o texto, são, respectivamente:
(C) restringiu-se ao Rio de Janeiro, articulando-se com movimentos militares de oposição ao
governo Wenceslau Brás. (A) João Cândido e a Revolta da Chibata;
(D) atingiu somente o Rio de Janeiro e São Paulo, sofrendo dura repressão conjunta do (B) Osvaldo Cruz e a Revolta da Vacina;
Exército e da Marinha. (C) o beato José Maria e a Revolta do Contestado;
(E) paralisou a produção cafeeira, reivindicando equiparação com os trabalhadores urbanos (D) Lampião e a Revolta de Juazeiro;
na jornada de oito horas de trabalho. (E) Giuseppe Garibaldi e as greves operárias de São Paulo.

13. (Fuvest) O movimento modernista brasileiro durante a década de vinte caracterizou-se pelo: 16. (Mackenzie) "São Paulo é uma cidade morta, sua população está alarmada (...) Nos bairros
fabris do Brás, Mooca, Barra Funda e Lapa, sucedem-se tiroteios com grupos populares."
(A) existencialismo.
(B) simbolismo. (comentários de um operário sobre a greve de 1917)

(C) estruturalismo.
Sobre as raízes deste fato histórico, assinale a afirmação INCORRETA:
(D) nacionalismo.
(E) concretismo.
(A) A morte de um operário anarquista em confronto com a polícia desencadeou a greve
geral de 1917.
14. (Mackenzie) A Semana de Arte Moderna de 1922, realizada na cidade de São Paulo entre os (B) Os grevistas reivindicavam também a regulamentação do trabalho infantil e feminino.
dias 11 e 15 de fevereiro, no palco do Teatro Municipal, identifica-se com: (C) A liderança anarquista combatia as taxas cobradas por algumas fábricas para auxiliar a
Itália na Primeira Guerra.
(A) as transformações sociais e econômicas por que passava a sociedade brasileira e a reação (D) As péssimas condições de trabalho incentivaram o movimento.
à oligarquia agrária dominante. (E) A greve geral marcou o declínio da liderança comunista, que foi substituída pelos
(B) os ideais estéticos e morais da aristocracia cafeeira, propostos no manifesto modernista. anarquistas nas décadas de 30 e 40.
(C) a contestação no campo das artes ao modelo neoliberal e desenvolvimentista que
caracterizava o governo do presidente Washington Luís.
17. (Ufmg) "Foi um período de intensa atividade sindical e política nos meios operários, fundando-
(D) reação cultural favorável ao impressionismo e aos padrões estéticos estrangeiros,
se inúmeras organizações de classe e círculos políticos e desempenhando também uma inédita
introduzidos no Brasil pelos imigrantes.
atividade cultural."
(E) a contestação à industrialização de São Paulo, bem como as reivindicações operárias
expressas no manifesto antropofágico. (RODRIGUES, José A. SINDICATO E DESENVOLVIMENTO NO BRASIL. São Paulo: Difel, 1968. p. 12)

A afirmação anterior refere-se à cena republicana nas duas primeiras décadas deste século, no
15. (G1)
Brasil.
"Conhecido como o navegante negro;
Assinale a alternativa que apresenta características desse momento histórico.
Tinha a dignidade de um mestre-sala;..."

Curso Preparatório Cidade | Tópico 3.6 – A Semana de Arte Moderna 311


(A) A luta pelas reformas de base que abrangia tanto as questões sindicais como a (E) decorreu da influência dos ideais positivistas na arte, na música e na literatura nacionais,
expectativa pela mudança na estrutura educacional do país. numa tentativa de consolidar a influência européia.
(B) A mobilização de amplas camadas da população exigindo a expansão do mercado de
trabalho e da oferta de produtos industrializados.
(C) A promulgação das leis trabalhistas e de um novo código civil que regulava questões EXERCÍCIOS DE PROVA
importantes da cidadania no país.
(D) As mobilizações dos marítimos, ferroviários e portuários com a eclosão de algumas greves
gerais e a intensificação do debate sobre a questão operária. 01. (EsFCEx - 2003) Analise as afirmativas abaixo sobre o desenvolvimento cultural brasileiro no
período republicano:

18. (Mackenzie) Organizando o espaço urbano sob a ótica da burguesia, o Prefeito Pereira Passos I. Heitor Vila-Lôbos escreveu Macunaíma em 1922.
encontrava sérios obstáculos para impor a "Modernidade" à população pobre do Rio de Janeiro, II. O Modernismo na Literatura teve como destaque, na poesia, Gonçalves Dias.
na Primeira República. Tais fatos associados às campanhas de saneamento do Dr. Oswaldo III. Lúcio Costa e Oscar Niemayer construíram Brasília nos moldes modernistas.
Cruz e à violência dos métodos do governo provocaram forte reação popular conhecida por: IV. Jeca Tatu, D. Benta, Narizinho e Emília foram criados por Monteiro Lobato.

(A) Revolta da Chibata. Com base na análise, pode-se afirmar que:


(B) Revolta da Vacina.
(C) Revolta da Armada. (A) somente a I está correta.
(D) Revolta do Contestado. (B) somente a II e a IV estão corretas.
(E) Revolta Quebra-Quilos. (C) somente a III e a IV estão corretas.
(D) a I, a II e a III estão corretas.
19. (Unesp) A década de 1920 no Brasil foi marcada por expressivos movimentos políticos e (E) todas estão corretas.
culturais. São daquele período:
02. (EsFCEx - 2009) Em relação às mobilizações e greves operárias ocorridas no Brasil durante a
(A) Semana de Arte Moderna e formação da Aliança Liberal. Primeira República, analise as afirmativas abaixo e, a seguir, assinale a alternativa correta.
(B) Movimento Tenentista e Convênio de Taubaté.
(C) Formação da Aliança Liberal e Campanha da Cisplatina. I. Reivindicavam melhores condições de trabalho emelhorias salariais, mas não apresentavam,
(D) Fundação do Partido Comunista Brasileiro e Convênio de Taubaté. ainda, um caráter organizado que resultasse em efeitos significativos para a massa
(E) Campanha da Cisplatina e Semana de Arte Moderna. trabalhadora.
II. Muitas inspiravam-se nas ideias anarquistas mas, até 1919, a maior parte das mobilizações
20. (Ufpi) Sobre a Semana de Arte Moderna de 1922, é correto afirmar que: era organizada e liderada pelos representantes do Partido Comunista do Brasil, inspirados
na Revolução Russa de 1917.
(A) reunia jovens poetas e escritores, músicos e artistas plásticos na busca de uma nova III. Por conta das grandes agitações lideradas por operários imigrantes, o governo promulgou
linguagem para explicar o Brasil. uma lei, em 1907, que expulsava do país o estrangeiro que ameaçasse a segurança
(B) restringiu-se às artes plásticas, uma vez que os literatos a consideravam anti-nacionalista, nacional ou a ordem pública.
de acordo com a reação liderada por Monteiro Lobato.
(C) foi organizada pelos intelectuais nordestinos, como um recurso de valorizar a cultura (A) Somente I e II estão corretas.
regional, a fim de libertá-la do modelo em vigor no Sudeste. (B) Somente II está correta.
(D) condenava a influência francesa no campo artístico e literário, na tentativa de preservar a (C) Somente II e III estão corretas.
tradição lusitana. (D) Somente III está correta.

312 Tópico 3.6 – A Semana de Arte Moderna | Curso Preparatório Cidade


(E) Todas as afirmativas estão corretas.

03. (EsFCEx - 2010) Sobre a Semana de Arte Moderna, relacione as principais obras aos seus
respectivos artistas e, a seguir, assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.

OBRAS ARTISTAS

1. A cinza das horas. 1. ( ) Manuel Bandeira


2. O Manifesto da Poesia Pau Brasil. 2. ( ) Mário de Andrade
3. Paulicéia desvairada. 3. ( ) Oswald de Andrade
4. Vendedor de frutas. 4. ( ) Di Cavalcanti
5. Operários. 5. ( ) Tarsila do Amaral
6. Samba.

(A) 4 – 2 – 5 – 6– 3
(B) 3 – 4 – 1 – 2– 5
(C) 3 – 5 – 4 – 1– 6
(D) 6 – 3 – 1 – 2– 4
(E) 1 – 3 – 2 – 6– 5

Curso Preparatório Cidade | Tópico 3.6 – A Semana de Arte Moderna 313


Tópico 3.7 – A Aliança Liberal e a Revolução de 1930 A ALIANÇA LIBERAL E A REVOLUÇÃO DE 1930

Era Vargas é o nome que se dá ao período em que Getúlio Vargas governou o Brasil (1930-1945).
Comentário
Essa época foi um divisor de águas na história brasileira, por causa das inúmeras alterações que
Vargas fez no país, tanto sociais quanto econômicas.

Caro estudante,
Até o ano de 1930, no Brasil, vigorava a República Velha, como é conhecida hoje. Caracterizada
por uma forte centralização do poder entre os partidos políticos e a conhecida aliança política do
Avancemos um pouco mais em nossa caminhada pela história brasileira!
"café-com-leite" (entre São Paulo e Minas Gerais), a República Velha tinha grande embasamento
Nos próximos tópicos estudaremos a segunda fase da história republicana do Brasil. na economia cafeeira e, portanto, mantinha vínculos com grandes proprietários de terras.
Você terá a oportunidade de realizar várias questões sobre o período varguista além de
Existia, de acordo com as políticas do "café-com-leite", um revezamento entre os presidentes
questões cobradas em certames anteriores. O Estado Novo (1937-1945) é o assunto
apoiados pelo Partido Republicano Paulista PRP, de São Paulo, e o Partido Republicano Mineiro
mais cobrado na prova.
PRM, de Minas. Os presidentes de um partido, ao término de seu mandato, anunciavam como
A Era Vargas foi um momento de intensas transformações para o país. É considerada o candidato do governo um nome do outro partido, e outros estados faziam a oposição oficial.
período “divisor de águas” da história brasileira. O Brasil de 1945 é indubitavelmente Contudo, essa estrutura, pensada pelo presidente Campos Salles foi questionada em diversos
um país muito diferente daquele de 1930. Aconteceram transformações profundas em momentos, sobretudo pelas oligarquias do Rio Grande do Sul e outras da região Nordeste. Por oito
vários aspectos da sociedade brasileira. anos, essa estrutura parecia inabalável até que, nas eleições de 1910, a partir de uma crise entre
Minas e São Paulo, a oposição cresceria, ao aproveitar-se da instabilidade do “café-com-leite”, e
No entanto essa modernização foi feita de cima pra baixo – boa parte das melhorias elegeria o gaúcho Hermes da Fonseca, cujo governo (1910-1914), representaria um rompimento
verificadas na vida social do país ocorreram sob a égide de uma ditadura – O Estado temporário com o esquema do “café-com-leite”. No governo seguinte, do presidente Venceslau
Novo (1937-1945). Por isso o termo “Modernização Conservadora” pode muito bem ser Brás (1914-1918), as oligarquias do sudeste recuperariam sua aliança e força. No entanto, a
aplicado quando nos referimos às mudanças do período. oposição não cessaria.

O episódio conhecido como Revolução de 1930 representou o esgotamento político dos O problema estourou em 1929, quando do fim do governo do presidente Washington Luís Pereira
cafeicultores e o início da Era Vargas. O Brasil tornou-se uma sociedade mais complexa de Sousa. O PRM indicou para Washington Luís o nome de Antônio Carlos, então governante de
nos anos 20 do século XX e foi necessário novo equilíbrio de forças. Nesse contexto Minas Gerais. Luís, todavia, defendeu a candidatura de Júlio Prestes, paulista, que defenderia a
surgiu Vargas. Uma espécie de árbitro das emergentes forças sociais: operários, classes oligarquia cafeeira frente à crise da I Guerra Mundial e a Depressão de 1929. O partido mineiro
médias, burguesia industrial, tenentes e os próprios cafeicultores que, apesar de não então anunciou que iria apoiar o nome da oposição e, aliando-se ao Rio Grande do Sul e Paraíba,
terem mais forças para dominarem o cenário político sozinhos, ainda são importante lançou o nome de Getúlio Vargas.
peça no tabuleiro de xadrez.
Júlio Prestes, conseguiu a vitória, mas ela foi negada pela Aliança Liberal (nome dado aos aliados
Sobre o assunto leia o texto a seguir! gaúchos, mineiros e paraibanos), que alegavam fraudes eleitorais. Minas Gerais, Rio Grande do Sul
e Paraíba uniram-se a políticos de oposição de diversos estados, inclusive do Partido Democrático
Bons estudos! de São Paulo (cujo chefe, Paulo Nogueira Filho, participou do Congresso Libertador realizado em
Bagé, em 1928), para se opor à candidatura de Júlio Prestes, formando, em agosto de 1929, a
Aliança Liberal, que lançou em 20 de setembro seus candidatos às eleições presidenciais: Getúlio
Dornelles Vargas para presidente da República e João Pessoa, presidente da Paraíba, para a vice-
presidência da República.

314 Tópico 3.7 – A Aliança Liberal e a Revolução de 1930 | Curso Preparatório Cidade
Washington Luís tentou convencer os presidentes gaúcho e mineiro de desistirem dessa iniciativa. Figura 59: Getúlio Vargas (1882-1954) e João Pessoa (1878-1930) pouco antes da
Em carta dirigida a Andrada, argumentava que 17 estados apoiavam a candidatura oficial. Revolução.

Getúlio Vargas enviou o senador Firmino Paim Filho para dialogar em seu nome com Washington
Luís e Júlio Prestes. Em dezembro, formalizou-se um acordo, em que Getúlio Vargas comprometia-
se a aceitar os resultados das eleições e, em caso de derrota da Aliança Liberal, a apoiar Júlio
Prestes. Em troca, Washington Luís comprometia-se a não ajudar a oposição gaúcha a Getúlio.

A Aliança Liberal teve o apoio de intelectuais como José Américo de Almeida, João Neves da
Fontoura e Lindolfo Collor, de membros das camadas médias urbanas e da corrente político-militar
chamada "Tenentismo".

Destacavam-se, entre os tenentes: Cordeiro de Farias, Eduardo Gomes, Siqueira Campos, João
Alberto Lins de Barros, Juarez Távora e Miguel Costa.

O presidente de Minas Gerais, Antônio Carlos, disse em um discurso interpretado como um


presságio e uma demonstração do instinto de sobrevivência de um político experiente, ainda em
1929, ao implantar o voto direto em Belo Horizonte: " Façamos serenamente a revolução, antes
que o povo a faça pela violência.".

Os estados aliados, principalmente o Rio Grande do Sul, arquitetou uma revolta armada. A situação
piorou ainda mais, quando o candidato à vice-presidente de Getúlio Vargas, João Pessoa, foi
assassinado em Recife, capital de Pernambuco.

Autor desconhecido. Fonte: Arquivo Público Estadual Jordão Emerenciano.

Curso Preparatório Cidade | Tópico 3.7 – A Aliança Liberal e a Revolução de 1930 315
Apesar dos motivos terem sido pessoais, a indignação aumentou, e o Exército - que era contrário (...) Tanto do ponto de vista social como político, os vitoriosos
ao governo vigente desde o tenentismo - se mobilizou a partir de 3 de Outubro de 1930. No dia 10, compunham um quadro heterogêneo. Eles se haviam unido contra um
uma junta governamental foi formada pelos generais do Exército. No mês seguinte, o poder foi mesmo adversário, com perspectivas diversas: os velhos oligarcas,
passado para Getúlio Vargas. representantes típicos da classe dominante regional, desejavam apenas
um maior entendimento à sua área, maior soma pessoal de poder, com um
Segundo o historiador Boris Fausto: mínimo de transformações; os quadros civis mais jovens inclinavam-se a
reformular o sistema político e se associaram transitoriamente com os
A Revolução de 1930 põe fim à hegemonia da burguesia do café, tenentes. Formando o grupo dos chamados “tenentes civis”; o movimento
desenlace inscrito na própria forma de inserção do Brasil, no sistema tenentista – visto como uma ameaça pelas altas patentes das Forças
capitalista internacional. Sem ser um produto mecânico da dependência Armadas – defendia a centralização do poder e a introdução de algumas
externa, o episodio revolucionário expressa a necessidade de reajustar a reformas sociais; o Partido Democrático – porta voz da classe média
estrutura do pais, cujo funcionamento, voltado essencialmente para m tradicional – pretendia o controle do governo do Estado de São Paulo e a
único gênero de exportação, se torna cada vez mais precário. A oposição efetiva adoção dos princípios do Estado Liberal, que aparentemente
ao predomínio da burguesia cafeeira não prove, entretanto, de um setor asseguraria seu predomínio. (...) Quanto à classe operária, era um
industrial, supostamente interessado em expandir o mercado interno. personagem problemático, cuja intervenção nos acontecimentos fora
Pelo contrário, dadas as características da formação social do país, na sua muito limitada. De qualquer modo, como se tem indicado, algumas
metrópole interna há uma complementaridade básica entre interesses manifestações em São Paulo, uma participação mais efetiva no Recife
agrários e industriais, temperada pelas limitadas fricções. Ao momento de deixam entrever que setores operários iam com um sistema repressivo.
reajuste do sistema, por isso mesmo, não corresponde o Ascenso ao poder Bem ou mal, a Aliança recolhera em seu benefício o prestígio dos
do setor industrial, seja de modo direto, seja sob a forma da ‘revolução do tenentes, embora a ruptura de Prestes, em maio de 1930, tenha
alto’, promovida pelo Estado (...) O agravamento das tensões no curso da contribuído para as primeiras desilusões. (...) O pequeno PC lançou
década de 1920, as peripécias eleitorais das eleições de 1930, a crise oficialmente candidato próprio e denuncio o que chamava de “caráter
econômica propiciam a criação de uma frente difusa, em março/outubro fascista da Aliança Liberal”. É curioso lembrar porém que, pelo menos até
de 1930, que traduz ambiguidade da resposta à dominação da classe antes das eleições de março de 1930, os dirigentes do partido chegaram a
hegemônica: em equilíbrio instável, contando com apoio das classes receber algumas armas e estabeleceram contatos com elementos
médias e de todos os centros urbanos, reúnem-se o setor militar, agora tenentistas que conspiravam em São Paulo. (...) A nova situação que se
ampliado com alguns quadros superiores, e as classes dominantes criara em 1930 combinava dois elementos cuja separação é
regionais. Vitoriosa a revolução, abre-se uma espécie de vazio de poder, historicamente impossível: a vitória de um movimento revolucionário
por força do colapso político da burguesia do café e da incapacidade das heterogêneo e a mudança de conjuntura decorrente da grande crise
demais frações de classe para assumi-lo, em caráter exclusivo. O Estado mundial. (...) Não por acaso, a Revolução de 1930 ficou estampada na
de compromisso é a resposta para esta situação. Embora os limites da memória social como um profundo corte no processo histórico brasileiro.
ação do Estado sejam ampliados para além da consciência e das intenções Sob o duplo efeito do episódio e da conjuntura internacional, rompia-se
de seus agentes, sob o impacto da crise econômica, o novo governo por fim o quadro sócio-político da dominação oligárquica, sob a
representou mais uma transação no interior das classes dominantes, tão hegemonia da burguesia cafeeira. (...) Em poucos anos, por razões
bem expressa na intocabilidade sagradas das relações sociais do campo. distintas, para a velha burguesia cafeeira, para a nascente “inteligentsia”
de classe média encastelada no aparelho do Estado, para os tenentes
FAUSTO,Boris. A Revolução de 1930. São Paulo: Brasiliense, 1987, p.112-113. revolucionários convertidos em canhestros estadistas, o mundo brasileiro
anterior a 1930 incorporou-se definitivamente a um longínquo passado.
FAUSTO,Boris.A crise dos anos vinte e a Revolução de 1930.In.: FAUSTO,Boris.História Geral da Civilização
Brasileira. O Brasil Republicano. Sociedade e Instituições (1889-1930).Rio de Janeiro: Bertrand Brasil,
1990. (Tomo III, v. 2), p.425-426.

316 Tópico 3.7 – A Aliança Liberal e a Revolução de 1930 | Curso Preparatório Cidade
Getúlio Dornelles Vargas (São Borja, 19 de abril de 1882 — Rio de Janeiro, 24 de agosto de 1954) 02. (Fuvest) Na história da República brasileira, a expressão "Estado Novo" identifica:
foi um político brasileiro, chefe civil da Revolução de 1930 que pôs fim à chamada República velha,
e foi, por quatro vezes, presidente da República do Brasil. Governou o Brasil de 1930 a 1934 no (A) o período de 1930 a 1945, em que Getúlio Vargas governou o país de forma ditatorial, só
Governo Provisório; de 1934 a 1937 no governo constitucional; de 1937 a 1945 no Estado Novo; e com o apoio dos militares, sem a interferência de outros poderes.
de 1951 a 1954, como presidente eleito pelo voto direto. Sua doutrina e seu estilo político foram (B) O período de 1950 a 1954, em que Getúlio Vargas governou com poderes ditatoriais, sem
chamados de Getulismo, ou, pelos brasilianistas, de Varguismo. Seus seguidores, que até hoje garantia dos direitos constitucionais.
existem, são chamados de getulistas. (C) o período de 1937 a 1945, em que Getúlio Vargas fechou o Poder Legislativo, suspendeu
as liberdades civis e governou por meio de decretos-leis.
(D) o período de 1945 a 1964, conhecido como o da redemocratização, quando foi
restabelecida a plenitude dos poderes da República e das liberdades civis.
EXERCÍCIOS (E) o período de 1930 a 1934, quando se afirmou o respeito aos princípios democráticos,
graças à Revolução Constitucionalista de São Paulo.

01. (Ufrn) A supremacia de um chefe político municipal, na Primeira República, não estava
correlacionada com o número de votantes, mas com a capacidade de controlar e impor a 03. (Faap) Em 1585, o português João Tavares constrói, na foz do rio Paraíba, o Forte de São
coerção. O coronelismo sofre um certo impacto no início dos anos trinta, mas em 1932 já Felipe, com a intenção de defender a área dos ataques piratas. Ali nasce a cidade de Filipéia.
estava recomposto sem aquela arrogância do senhor absoluto de outrora. A centralização Em 1684, é elevada à condição de capitania. O assassinato do governador João Pessoa é o
política de Vargas significou para os coronéis a perda parcial do controle de coerção, principal estopim da Revolução de 1930.
fonte de seu poder político na Primeira República. Após 45, a presença das massas urbanas na
política torna-se um fato muito mais importante do que se poderia pressentir sob a ditadura. O O texto refere-se a assuntos ligados a qual dos Estados a seguir?
golpe de 1964 foi recebido pelo coronelismo moribundo com extrema animação. Mas, a
recuperação do coronelismo foi apenas parcial. Males irreversíveis continuaram afetando-o (A) Minas Gerais
progressivamente. (B) Mato Grosso do Sul
(C) Paraíba
Adaptado de: DANTAS, Ibarê. Coronelismo e dominação. Aracaju: UFSE, 1987. p. 23-35. (D) Pará
(E) Paraná
A ascensão de Vargas ao poder, após o movimento de 1930, trouxe mudanças nas práticas
coronelísticas típicas da República Velha. Entre essas mudanças, podemos citar:
04. (Faap) Só uma destas datas não procede:
(A) os coronéis perderam o poder de mobilizar milícias na defesa de seus interesses, mas
fortaleceram as práticas de mandonismo local, mesmo contra a vontade de Vargas. (A) 1924 - Revolução que colocou Getúlio Vargas no poder
(B) as velhas e novas oligarquias foram derrotadas por Vargas, que acreditava serem elas (B) 1932 - Revolução Constitucionalista de São Paulo
incompatíveis com os seus projetos inovadores orientados para a modernização social e (C) 1934 - Promulgação da Segunda Constituição Republicana
econômica. (D) 1937 - Golpe de Estado implantou o Estado Novo
(C) os interventores, nomeados pelo novo regime, reduziram o poder dos coronéis, mesmo (E) 1945 - Deposição de Vargas
que, posteriormente, a política de cooptação de lideranças locais, adotada por Vargas,
tenha lhes devolvido parte desse poder. 05. (Ufpe) A Revolução de 1930 possibilitou uma divisão entre as oligarquias agrárias; o tenentismo
(D) os governantes indicados por Vargas destituíram os coronéis do poder, criando as bases provocou uma desestabilização na hierarquia militar; a fraqueza da burguesia, o chamado
de uma reforma agrária, com o intuito de alterar as arcaicas estruturas rurais. "vazio do poder".

Curso Preparatório Cidade | Tópico 3.7 – A Aliança Liberal e a Revolução de 1930 317
Que alternativa a seguir responde por esse "vazio do poder"? (B) o país, não tendo uma economia capitalista desenvolvida, ficou menos sujeito aos efeitos
da crise.
(A) A Revolução Constitucional de São Paulo de 1932 tentou preencher esse "vazio", (C) houve redução do consumo de bens e, com isso, foi possível equilibrar as finanças
procurando aliança com outros estados, como Rio Grande do Sul. públicas.
(B) A deposição de Vargas em 1945 e a tentativa dos militares em chegar ao poder. (D) acordos internacionais, fixando um preço mínimo para o café, facilitaram a retomada da
(C) A formação de duas forças políticas antagônicas: a Ação Integralista Brasileira, e a Aliança economia.
Nacional Libertadora. (E) um efeito combinado positivo resultou da diversificação das exportações e do crescimento
(D) A fundação do Partido Comunista Brasileiro e sua aliança com o PTB de Vargas. industrial.
(E) A política dos governadores e o aparecimento de movimentos como o de Antônio
Conselheiro, em Canudos na Bahia.
09. (Mackenzie) A questão social na Era Vargas assumiu um perfil totalmente diferente do existente
na República Velha, na medida em que:
06. (Mackenzie) O governo instalado com a Revolução de 1930 distinguiu-se do Estado Oligárquico
por promover: (A) o conflito de classes continuava sendo visto pelo governo como um "caso de polícia".
(B) a questão social deveria ser racionalizada, controlada pelo Estado, para permitir o
(A) o modelo liberal defendido pelo Partido Democrático, porta-voz da classe média paulista. desenvolvimento seguro do capitalismo brasileiro.
(B) uma economia exclusivamente agro-exportadora e a descentralização das decisões (C) o Estado permitiu total liberdade sindical, não interferindo mesmo nos sindicatos
econômico-financeiras. combativos.
(C) as reformas preconizadas pelos Tenentes, sobretudo a partir de 1932. (D) a Legislação trabalhista criada na época não tinha características paternalistas.
(D) a industrialização, tendo como suporte o aparelho do Estado, as forças armadas e a (E) o avanço de direitos trabalhistas estendeu-se igualmente aos trabalhadores urbanos e
aliança entre burguesia e setores do operariado. rurais.
(E) o declínio do projeto de industrialização, devido aos conflitos entre capital e trabalho não
mediados pelo governo.
10. (Mackenzie) O nacionalismo econômico, forte intervencionismo estatal, paternalismo nas
relações de trabalho e desenvolvimento da indústria de base foram traços acentuados do
07. (Mackenzie) Em 3 de outubro eclodiu a Revolução de 1930, pondo fim à República Velha. governo:
Dentre as causas deste episódio histórico destacamos:
(A) de Juscelino Kubitschek.
(A) a vitória da oposição nas eleições e o temor de revanchismos nas oligarquias derrotadas. (B) da Nova República.
(B) a dissidência das oligarquias nas eleições de 1930, fortalecendo a Aliança Liberal, (C) de Getúlio Vargas.
derrotada, contudo, pela fraude da máquina do governo. (D) militar pós 1964.
(C) o programa da Aliança Liberal não identificado com as classes médias urbanas. (E) da República Velha.
(D) a sólida situação econômica do núcleo cafeeiro no início da década de trinta.
(E) o apoio dos jovens militares, tenentistas, à política oligárquica nos anos vinte.
11. (Unirio) A Revolução de 1930 marcou o fim da República Velha e inaugurou uma nova forma de
atuação do Estado frente às transformações da sociedade brasileira, como exemplifica o:
08. (Fuvest) O Brasil recuperou-se de forma relativamente rápida dos efeitos da crise de 1929
porque (A) atendimento de demandas de diferentes setores sociais, como operários e empresários.
(B) afastamento do Estado da gestão da economia.
(A) o governo de Getúlio Vargas promoveu medidas de incentivo econômico, com (C) abandono dos setores produtores agrícolas tradicionais.
empréstimos obtidos no exterior. (D) controle da alta hierarquia militar sobre os principais órgãos estatais.
(E) apoio às oligarquias dominantes nos Estados.

318 Tópico 3.7 – A Aliança Liberal e a Revolução de 1930 | Curso Preparatório Cidade
12. (Mackenzie) Getúlio Vargas, dono de enorme carisma, era acusado de ditador pelos liberais, de (D) Petrobrás, detentora do monopólio de prospecção e refino do petróleo.
representante do populismo latino-americano e ainda de último dos caudilhos. Em qualquer (E) Eletrobrás, empresa operadora da produção e distribuição da energia da geração hídrica.
hipótese, Vargas marcou a História do século XX no Brasil porque:

15. (Fatec) A Revolução de 1930, ponto de partida de uma nova fase da História brasileira, atingiu
(A) fez a transição do Brasil rural para o urbano através de uma política de defesa do Estado
principalmente São Paulo, que perdeu sua tradicional hegemonia política realizada pela "política
na vida econômica e incorporação das massas urbanas ao processo político.
do café com leite". O sistema de interventorias, posto em prática pelo governo provisório, em
(B) marcou sua longa trajetória por um estilo anti-nacionalista, antidemocrático e anti-
nada melhorou o relacionamento deste com São Paulo.
personalista.
(C) eliminou drasticamente o coronelismo e a economia agrária.
Como consequência disso ocorreu:
(D) defendeu um Estado descentralizado e sem participação na economia, voltado para a
industrialização.
(A) a revolução constitucionalista a favor da imediata constitucionalização do país, o que
(E) durante a Segunda Guerra, desde o início, manteve-se ao lado dos aliados, combatendo o
abriria possibilidades de retorno dos paulistas ao poder.
nazi-facismo.
(B) a Intentona Comunista, liberada pela exterma-esquerda cujo lema era "Deus, Pátria,
Família".
13. (Mackenzie) "É um homem calmo numa terra de esquentados. Um disciplinador numa terra de (C) a Intentona Integralista, que chegou a ocupar o palácio presidencial, controlando o poder
indisciplinados. Um prudente numa terra de imprudentes. Um sóbrio numa terra de por quatro dias.
esbanjadores. Um silencioso numa terra de papagaios". (D) convocação imediata da Assembleia Constituinte que colocaria em prática a Constituição
de 1935.
(Érico Veríssimo) (E) o movimento tenentista, cujos revoltosos de Minas Gerais exigiam a formação de um
governo provisório, a eleição de uma Constituinte e a adoção do voto secreto.
A descrição refere-se ao líder da Revolução de 1930, Getúlio Vargas, que chegou ao poder através:

(A) da vitória nas urnas sobre o candidato oficial Júlio Prestes. 16. (Puccamp) A Revolução de 1930 marcou o fim da República Velha e inaugurou uma nova forma
(B) do movimento armado, que se seguiu à derrota da Aliança Liberal nas eleições, agravada de atuação do Estado frente às transformações da sociedade brasileira, como exemplifica o:
pelo assassinato de João Pessoa.
(C) da coluna Prestes e do apoio incondicional à liderança tenentista. (A) atendimento de demandas de diferentes setores sociais como operários e empresários.
(D) da formação de um grupo homogêneo, composto de novas lideranças políticas e sem (B) afastamento do Estado da gestão da economia.
vínculos com as velhas oligarquias. (C) abandono dos setores produtores agrícolas tradicionais.
(E) da definição de uma política voltada exclusivamente para o setor agrário, atingido pela (D) controle da alta hierarquia militar sobre os principais órgãos estatais.
crise do café. (E) apoio às oligarquias dominantes nos Estados.

14. (Cesgranrio) O perfil da política de desenvolvimento adotada no Brasil desde a década de 30, 17. (Mackenzie)
pode ser corretamente exemplificado pelo caso da:
I. Durante os anos 30, ocorre a transição da sociedade agrária-rural para urbana-industrial,
(A) Companhia Vale do Rio Doce, concessionária do monopólio de exportação e submetendo-se a participação das massas populares a um rígido controle.
comercialização do minério de ferro. II. O Estado getulista promoveu o capitalismo nacional, tendo dois suportes: o aparelho do
(B) Companhia Siderúrgica Nacional, empresa pioneira do setor e "holding" do sistema Estado e Forças Armadas e a aliança entre burguesia e massas urbanas.
siderúrgico. III. As decisões econômicas foram descentralizadas sob a orientação do Tenentismo;
(C) Telebrás, agência reguladora das atividades de comunicação, cuja exploração sempre foi fortaleceu-se a oligarquia cafeeira, não se estabelecendo um estado de compromisso.
aberta ao capital privado e estrangeiro.

Curso Preparatório Cidade | Tópico 3.7 – A Aliança Liberal e a Revolução de 1930 319
Dentre as afirmações anteriores, relativas à revolução de 1930 e suas transformações na economia industrial, em grande parte impulsionado pela revolução de 1930. No plano social, tais
e sociedade brasileiras, assinale: transformações econômicas implicaram a emergência das classes populares urbanas (...).
Chama-se de populismo, nesse contexto, a forma de manifestação das insatisfações da massa
(A) se todas estiverem corretas. popular urbana e, ao mesmo tempo, o seu reconhecimento e (...) manipulação pelo Estado."
(B) se apenas I e II estiverem corretas.
(C) se apenas I e III estiverem corretas. O populismo, ao qual o texto se refere, é o que caracterizou:
(D) se apenas III estiver correta.
(E) se todas estiverem incorretas. (A) o Estado Novo, em que as classes populares atingiram um alto grau de autonomia e
participação no processo político.
(B) predominantemente a política desenvolvimentista adotada durante o governo de Juscelino
18. (Mackenzie) A Era Vargas foi responsável por mudanças significativas na área sócio-econômica,
Kubitschek.
dentre elas:
(C) o descontentamento popular que levou à renúncia do presidente Jânio Quadros em 1961.
(D) o período da história republicana do Brasil que vai da ditadura Vargas ao golpe militar de
(A) a extensão dos direitos trabalhistas à zona rural, fruto da bem sucedida negociação do
1964.
governo com as oligarquias.
(E) a inexistência de conflitos entre os vários segmentos sociais no modelo de Estado do
(B) a criação de imposto sindical, fator de crescimento e independência dos sindicatos frente
período de 1954 a 1964.
ao governo.
(C) a legislação do trabalho, embora com conotações paternalistas e atendendo também às
necessidades do capital. EXERCÍCIOS DE PROVA
(D) a defesa intransigente do capital estrangeiro e a ausência de direitos para o trabalhador.
(E) o retorno à política que via a questão social como caso de polícia.
01. (EsFCEx - 2003) Observando a Revolução de 1930, podemos concluir que:
19. (Unirio) Após a Revolução de 1930, no Brasil, os tenentes e as oligarquias tradicionais
envolveram-se num debate que traduzia suas expectativas quanto a um novo modelo de I. um dos objetivos da revolução era a renovação do sistema político;
Estado. A polêmica expressava a defesa, pelos tenentes e pelas oligarquias, respectivamente, II. a Revolução de 1930 tinha o apoio dos militares;
dos princípios apresentados em uma das opções. Assinale-a: III. a organização dos planos militares da revolução foi entregue ao então coronel Góis
Monteiro;
(A) Um Estado democrático garantidor da vocação nacional identificada à agricultura e um IV. o então Capitão Luís Carlos Prestes foi uma das maiores lideranças do movimento.
Estado centralizador e industrializante.
(B) Um Estado centralizador que promovesse uma ligação direta com os grandes centros do (A) somente a I está correta.
capital internacional e um Estado liberal protecionista. (B) somente a II e a IV estão corretas
(C) Um Estado centralizador no nível federal mas com ampla autonomia dos poderes locais (C) somente a III e a IV estão corretas
estaduais e um Estado liberal com participação política de base censitária. (D) somente a I, II e a III estão corretas
(D) Uma completa centralização do poder e a retomada do modelo liberal, garantindo o (E) todas estão corretas
retorno ao federalismo característico da República Velha.
(E) Ideais liberais que implicariam o estabelecimento de um Estado democrático e de direito e 02. (EsFCEx - 2003) Sobre as eleições presidenciais de 1º de março de 1930, Getúlio Vargas tinha
um modelo centralista que afastasse a participação popular. como plataforma eleitoral:

20. (Puccamp) "O populismo foi (...) a expressão política do desenvolvimento do pólo dinâmico da I. a anistia para os revolucionários.
economia - do setor agrário para o urbano -, através do processo de desenvolvimento II. uma nova lei eleitoral.

320 Tópico 3.7 – A Aliança Liberal e a Revolução de 1930 | Curso Preparatório Cidade
III. o encaminhamento de questões sociais. 05. (ExFCEx - 2005) Com relação à Revolução de 1930, é correto afirmar que o movimento:
IV. o isolamento político e social do Nordeste.
Escolher uma resposta.
(A) somente a I está correta.
(B) somente a II e a IV estão corretas (A) articulou oligarquias não-vinculadas ao café, setores militares descontentes e camadas
(C) somente a III e a IV estão corretas. médias, que contaram com o apoio popular face à crise da hegemonia da burguesia
(D) somente a I, II e a III estão corretas. cafeeira.
(E) todas estão corretas. (B) Foi uma revolução tipicamente burguesa, cuja principal liderança era a burguesia
industrial emergente.
(C) foi um golpe de Estado dos tenentes, liderados pela oligarquia gaúcha.
03. (EsFCEx - 2004) Observando a Revolução de 1930, podemos concluir que:
(D) representou unicamente os interesses da classe média urbana, por suas propostas
programáticas, ganhando amplo apoio das camadas populares.
I. um dos objetivos da revolução era a renovação do sistema político;
(E) teve como principal liderança o Partido Democrático Paulista, interessado em derrubar a
II. a Revolução de 1930 tinha o apoio dos militares;
oligarquia cafeeira concentrada no Partido Republicano Paulista.
III. a organização dos planos militares de revolução foi entregue ao então coronel Góis
Monteiro;
IV. o então Capitão Luís Carlos Prestes foi uma das maiores liderenças do movimento.

(A) Somente a I está correta.


(B) Somente a II e a IV estão corretas.
(C) Somente a III e IV estão corretas.
(D) Somente a I, II e III estão corretas.
(E) Todas estão corretas.

04. (EsFCEx - 2004) Sobre as eleições presidenciais de 1º de março de 1930, Getúlio Vargas tinha
como plataforma eleitoral:

I. a anistia para os revolucionários.


II. uma nova lei eleitoral.
III. o encaminhamento de questões sociais.
IV. o isolamento político e social do Nordeste.

(A) Somente a I está correta.


(B) Somente a II e a IV estão corretas.
(C) Somente a III e a IV estão corretas.
(D) Somente a I, II e a III estão corretas.
(E) Todas estão corretas.

Curso Preparatório Cidade | Tópico 3.7 – A Aliança Liberal e a Revolução de 1930 321
Tópico 3.8 – O Governo Provisório (1930-1934) Sobre o assunto leia o texto a seguir.

Bons estudos!

Comentário

A Era Vargas é a segunda fase da história republicana do Brasil e pode ser dividida em O GOVERNO PROVISÓRIO (1930-1934)
três fases:
O Governo Provisório (1930-1934) e a Revolução Constitucionalista de 1932.
- Governo Provisório – De 1930 até 1934.
Figura 60: Comitiva de Getúlio Vargas (ao centro) fotografada por Claro Jansson durante sua
- Governo Constitucional – De 1934 até 1937. passagem por Itararé (São Paulo) a caminho do Rio de Janeiro após a vitoriosa Revolução de
1930.
- Estado Novo – De 1937 até 1945.

Normalmente quando se fala em Era Vargas ou quando o assunto é abordado em


provas ou concursos públicos é o último período o mais cobrado. O Estado Novo (1937-
1945) foi o ápice da Era Vargas. O Estado Novo é o tema de maior recorrência na prova
da EsFCeX. Merece ser estudado com atenção.

Durante a ditadura varguista os poderes foram centralizados em torno da figura do


presidente de forma nunca ocorrida antes. Legislativo, Judiciário e o próprio Executivo
estavam direta ou indiretamente submetidos ao presidente.

No entanto o processo de centralização política explícito durante a ditadura não


ocorreu abruptamente. Desde 1930 o governo Getulista tratou de concentrar o máximo
de poderes em suas mãos. Em 1937 tivemos a culminância do processo.

Entre 1930 e 1934 Vargas governou o país de forma provisória. Sem uma Constituição
à qual devesse respeitar. Ao assumir o poder rasgou a Constituição de 1891 e queimou
as bandeiras estaduais demonstrando que o Federalismo da Primeira República
chegara ao fim. O Brasil de Vargas deveria estar acima dos interesses regionais e
estaduais.

Prometeu reconstitucionalizar o país em no máximo dois anos – o que não aconteceu.


Fonte: http://www.itarare.com.br/%5Cimages%5Cgetu30.jpg
Em 1932 Vargas foi obrigado a enfrentar o primeiro grande desafio de seu governo – A
Revolução Constitucionalista de 1932.

Apeadas do poder em 1930 as elites cafeicultoras tentaram efetivar contragolpe dois Às 3 horas da tarde de 3 de novembro de 1930, a junta militar passou o poder, no Palácio do
anos depois. Vargas demonstrou grande habilidade política neste episódio. Os paulistas Catete, a Getúlio Vargas, (que vestia farda militar pela última vez na vida), encerrando a chamada
foram derrotados militarmente, mas vitoriosos politicamente. A Constituição foi feita e República Velha.
os cafeicultores agregados ao governo de Getúlio.

322 Tópico 3.8 – O Governo Provisório (1930-1934) | Curso Preparatório Cidade


Na mesma hora, no centro do Rio de Janeiro, os soldados gaúchos cumpriam a promessa de No plano econômico, em 1931, foi declarada uma moratória e renegociada a dívida externa
amarrar os cavalos no obelisco da avenida Rio Branco, marcando simbolicamente o triunfo da brasileira. Realizaram-se seguidas e grandes queimas de café em Santos, para a valorização do
Revolução de 1930. preço do café, o qual tinha caído muito durante a Grande Depressão de 1929.

Getúlio tornou-se Chefe do Governo Provisório com amplos poderes. A constituição de 1891 foi Em 9 de julho de 1932, eclodiu a Revolução Constitucionalista em São Paulo. O Partido
revogada e Getúlio governava por decretos. Getúlio nomeou interventores para os Governos Republicano Paulista e o Partido Democrático de São Paulo, que antes apoiara a Revolução de
Estaduais, na maioria tenentes que participaram da Revolução de 1930. 1930, uniram-se na Frente Única para exigir o fim da ditadura do "Governo Provisório" (Vargas
havia revogado a Constituição de 1891 e governava através de decretos) e a promulgação de uma
Houve no início, uma espécie do comando revolucionário, apelidado de "Gabinete Negro", mas logo nova constituição.
Getúlio conseguiu se livrar da influência dos tenentes e governar só com o ministério. O
ministério, de apenas 9 pessoas, foi cuidadosamente montado com elementos dos estados e Os paulistas consideravam que São Paulo estava sendo tratado como terra conquistada, sendo
partidos vencedores da Revolução de 1930. governada por tenentes de outros estados e sentiam, segundo eles, que a Revolução de 1930 fora
feita contra São Paulo. O estopim da revolta foram as mortes de 5 estudantes paulistas,
Foram investigadas as administrações e os políticos da república velha, e, como o próprio Getúlio assassinados no centro de São Paulo por partidários de Vargas em 23 de maio de 1932. Surgiu em
confirma em seu Diário, nada foi encontrado de irregularidades e corrupção naquele regime, seguida um movimento de oposição que ficou conhecido como MMDC, iniciais dos nomes dos
motivo pelo qual mais tarde surgiria a expressão: "os honrados políticos da República Velha". estudantes mortos: Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo. Esse movimento foi o responsável pela
revolução. Foi montado um grande contingente de voluntários civis e militares que travaram uma
A radicalização dos tenentes representou o maior perigo a Getúlio em 25 de fevereiro de 1932, luta armada contra o Governo Provisório, com o apoio de políticos de outros Estados, como Borges
quando foi destruído (por empastelamento) um jornal da oposição no Rio de Janeiro, o Diário de Medeiros, Artur Bernardes e João Neves da Fontoura.
Carioca, que levou à renúncia dois ministros de Getúlio e fazendo com que os jornais do Rio de
Janeiro ficassem 2 dias sem circular, em solidariedade ao Diário Carioca. Iniciado em 9 de julho, esse movimento estendeu-se até 2 de outubro de 1932, quando foi
derrotado militarmente. Porém o término da revolução constitucionalista marcou o início de um
Getúlio Vargas cumpriu as principais promessas da Revolução de 1930: 1- Anistiou os período de democratização do Brasil.
revolucionários dos anos 1920 (Levante do Forte de Copacabana de 1922, Revolução Paulista de
1924 e Coluna Prestes); 2- Criou o voto secreto e o voto feminino, o código eleitoral e a Justiça Em 3 de maio de 1933, foram realizadas eleições para a Assembleia Nacional Constituinte quando a
Eleitoral, o que fez diminuir muito a fraude eleitoral. 3- Ampliou os direitos trabalhistas, mulher votou pela primeira vez no Brasil em eleições nacionais. Nesta eleição, graças à criação da
formalizando-os, posteriormente, pela CLT, instituída em 1943. 4- Criou o Ministério do Trabalho, Justiça Eleitoral, as fraudes deixaram de ser rotina nas eleições brasileiras.
Indústria e Comércio (1930) e o Ministério da Educação e Saúde.
Na versão do governo, a Revolução de 1932 não era necessária, pois as eleições já tinham data
Durante o Governo provisório, Getúlio Vargas deu início à modernização do Estado brasileiro. Criou marcada para ocorrer. Segundo os paulistas não teria havido redemocratização do Brasil, se não
o código das águas, o código florestal, a propaganda comercial nas rádios e a lei da usura (na fosse o movimento constitucionalista de 1932.
verdade, um decreto) que proíbe os juros abusivos.
Terminada a Revolução de 1932, Vargas se reconcilia com São Paulo, e depois de várias
Em 19 de março de 1931, foi editada a Lei de Sindicalização, tornando obrigatória a aprovação dos negociações políticas, nomeia um civil e paulista para interventor em São Paulo, Armando de Sales
estatutos dos sindicatos trabalhistas e patronais pelo Ministério do Trabalho. Oliveira, e mais tarde participa pessoalmente da inauguração da Avenida 9 de Julho em São Paulo.

Getúlio conseguiu o restabelecimento de relações amistosas entre o Estado brasileiro e a Igreja


Católica, muito influente naquela época, e rompida com o governo brasileiro desde o advento da
república e do casamento civil. (...) Visto com a distância permitida pelo tempo, a rebelião de São Paulo
não pode nos surpreender em seu rápido e clamoroso fracasso.
Primeiramente, tratou-se de um levantamento mal conduzido, prematuro
e que acreditava ter o apoio dos outros estados. Estes, porém,

Curso Preparatório Cidade | Tópico 3.8 – O Governo Provisório (1930-1934) 323


especialmente Minas e Rio Grande do Sul, estavam hesitantes e foram uma intensa mobilização popular para enfrentar as forças federais. O
pegos de surpresa. Flores da Cunha, no Rio Grade do Sul, decidiu apoiar movimento de 1932 uniu diferentes setores sociais, da cafeicultura à
Getúlio Vargas. Por outro lado, além de ter ficado sozinho, São Paulo classe média, passando pelos industriais. Só a classe operária organizada,
ainda se viu em inferioridade de recursos em face da União, que se lançara em algumas greves importantes no primeiro semestre de
particularmente no ar e no mar. Finalmente, um dado importantíssimo: o 1932 ficou à margem dos acontecimentos. A luta pela
operariado não chegou a se envolver no problema, no que tinha razão, constitucionalização do país, os temas da autonomia e da superioridade
pois, afinal todo aquele conflito não era um assunto seu. (...) O colapso da de São Paulo diante dos demais Estados, eletrizaram boa parte da
rebelião da oligarquia paulista exauriu São Paulo, mas marcou também o população paulista. (...) Uma imagem muito eficaz, na época, associava
início do recuo do “tenentismo”, debilitado por suas divisões internas e, São Paulo a uma locomotiva que puxava vinte vagões vazios – os vinte
um dado novo, também pela oposição do Exército, pois, como disse Góes demais Estados da federação. O rádio, utilizado pela primeira vez em
Monteiro em seu precioso depoimento a Lourival Coutinho, a alta cúpula grande escala, contribuiu também para incentivar a presença do povo nos
militar não via com bons olhos essa quebra na hierarquia do Exército que comícios e o fluxo de voluntários à frente de combate. Muitas pessoas
era a participação dos “tenentes” nos assuntos do Estado. (...) Pode-se doaram jóias e outros bens de família, atendendo ao apelo da campanha
dizer que a rebelião de São Paulo de 1932 foi o ápice e a crise do avanço “Ouro por São Paulo”. Os revolucionários tentaram suprir suas notórias
“tenentista”. À manifestação de força da oligarquia seguir-se-ia um recuo deficiências em armamento e munições, utilizando os recursos do parque
estratégico do governo paulista. industrial paulista. Enviaram também emissários aos Estados Unidos, na
tentativa de comprar armas e aviões. Para simular a posse de armas que
LOPEZ,Luiz Roberto.História do Brasil Contemporâneo.Porto Alegre: Mercado Aberto, não existiam, inventou-se a “matraca” – uma geringonça que imitava o
2000, p.72-73.
ruído de uma metralhadora despejando balas. (...) Mas a superioridade
militar dos governistas era evidente. No setor sul, as forças do Exército
contavam com 18 mil homens, além da Brigada Gaúcha e outros
(...) Afinal, em 9 de julho de 1932, estourou em São Paulo a revolução contingentes menores. Os paulistas não passavam de 8500 homens. As
contra o governo federal. O esperado apoio do Rio Grande do Sul e de forças federais contavam também com munição suficiente e artilharia
Minas não veio. O interventor gaúcho Flores da Cunha, que hesitava, pesada, contrastando com a precariedade dos meios à disposição dos
decidiu apoiar Getúlio e enviar tropas contra São Paulo. Houve apenas revolucionários. No ar, os paulistas perdiam nitidamente para a aviação
uma rebelião no Sul, logo derrotada. Em Mato Grosso, o general Bertoldo do governo federal. A Revolução de 1932 marcou, aliás, o ingresso da
Klinger envolveu-se na articulação revolucionária, prometendo uma aviação no Brasil como arma de combate, em proporções consideráveis.
significativa ajuda em homens e munição. Mas chegou a São Paulo com (...) Apesar do desequilíbrio de forças, a luta durou quase três meses. O
apenas algumas centenas de soldados, assumindo o comando das ataque sobre o território paulista foi lançado a partir do sul do Estado, da
operações militares a partir de 12 de julho. (...) O plano dos fronteira com Minas Gerais e do Vale do Paraíba. De meados de setembro
revolucionários era realizar um ataque fulminante contra a capital da em diante, a situação dos revolucionários tornou-se cada vez mais
República, colocando o governo federal diante da necessidade de negociar precária. Os mineiros ocuparam Jundiaí e Itu e, no Vale do Paraíba, as
ou capitular. Mas o plano falhou. Embora a “guerra paulista” despertasse tropas federais ganharam terreno, entre marchas e contramarchas. A
muita simpatia na classe média carioca, ficou militarmente confinada ao ameaça de ocupação da cidade de São Paulo tornara-se real. Por fim,
território de São Paulo. Por sua vez, a Marinha bloqueou o porto de representantes da Força Pública paulista reuniram-se em 1º de outubro
Santos. (...) A verdade é que, apesar das divergências com o poder de 1932 com o general Góis Monteiro, em seu quartel-general de Cruzeiro,
central, as elites regionais do Rio Grande do Sul e de Minas não se no Vale do Paraíba. A Força Pública decidiu render-se, em um gesto que
dispunham a correr o risco de enfrentar, pelas armas, um governo que poupou vidas e pôs fim às últimas esperanças de resistência. (...) A
haviam ajudado a colocar no poder há menos de dois anos. São Paulo “guerra paulista” teve m lado voltado para o passado e outro para o
ficou praticamente sozinho, contando sobretudo com a Força Pública e futuro. A bandeira da constitucionalização abrigou tanto os que

324 Tópico 3.8 – O Governo Provisório (1930-1934) | Curso Preparatório Cidade


esperavam retroceder às formas oligárquicas de poder como os que empecilhos ao pleno desenvolvimento de suas riquezas e de seu
pretendiam estabelecer uma democracia liberal no país. O movimento progresso, segundo se afirmava. (...) Os pressupostos do liberalismo
trouxe conseqüências importantes. Embora vitorioso, o governo percebeu fundamentavam a luta contra a intervenção do Estado na economia e na
mais claramente a impossibilidade de ignorar a elite paulista. Os política. Com base neles, separatistas, federalistas e confederalistas
derrotados, por sua vez, compreenderam que teriam de estabelecer algum combateram o centralismo e a tendência unificadora do Governo
tipo de compromisso com o poder central. (...) Em agosto de 1933, Getúlio Provisório. (...) A classe dominante paulista queria recuperar a autonomia
nomeou afinal um interventor civil e paulista, no pleno sentido da de São Paulo, mesmo porque com isso seria possível readquirir o controle
expressão: Armando Salles Oliveira com vínculos no PD e cunhado de Júlio do Estado.
Mesquita Filho diretor do Jornal O Estado de S. Paulo. Naquele mesmo
ano, em agosto, baixou o decreto do chamado Reajustamento Econômico CAPELATO,Maria Helena.O movimento de 1932: a causa paulista.São Paulo: Brasiliense,
1982, p.50-57.
reduzindo o débito dos agricultores atingidos pela crise. Por sua vez a
elite política de São Paulo adotou uma atitude mais cautelosa daí para a
frente. EXERCÍCIOS
FAUSTO,Boris.História do Brasil.São Paulo: Edusp,2013,14..ed.p.293-299.

01. (G1) SANTOS DUMONT, O PIONEIRO DOS ARES.

(...) Em 32, a classe dominante paulista, não mais cindida como nos anos "Durante as compridas tardes ensolaradas do Brasil, deitado à sombra da varanda, eu me detinha
anteriores, lutou por seus interesses aos brados de “Viva São Paulo” e horas e horas a contemplar o belo céu brasileiro e a admirar a facilidade com que as aves, com
“Viva o Brasil”. (...) Os adversários do movimento, por outro lado, suas largas asas abertas, atingiam grandes alturas. E, ao ver as nuvens que flutuavam, sentia-me
construíram a imagem de uma “luta separatista na qual se levantava apaixonado pelo espaço livre."
Alberto Santos Dumont, 1873 - 1932
contra a nação”. Por trás dessas acusações recíprocas se situavam
desavenças entre os interesses dominantes paulistas e a nova política que
"Um dia, o homem há de voar - profetizou Júlio Verne. Essas palavras gravaram-se como a fogo no
vinha sendo posta em prática pelo Governo Provisório. (...) Nessa época, a
espírito inflamável do garoto Alberto Santos Dumont, filho de um riquíssimo fazendeiro de Riberão
fração da classe dominante paulista (PD) que se opunha às oligarquias
Preto, em São Paulo. Desde criança, Santos Dumont era apaixonado por motores, inventos e
(PRP) por conveniências do momento, fez alianças como os
engenhocas. Ainda adolescente, seu pai enviou-o à França, para que lá estudasse. Com apoio
“revolucionários” que defendiam propostas contrárias, muitas delas, a
paterno, Santos Dumont enveredou pelas pesquisas aeronáuticas e, em 1898, aos 25 anos,
seus interesses. (...) Vitoriosa a Revolução de 30, as diferenças não
sobrevoava Paris num balão esférico.
tardaram vir à tona. A oposição paulista não realizava seus anseios de
estar à frente do Governo do Estado, e não aceitava a política do Governo Mas seu espírito não sossegava, mordido pela vontade de dirigir o balão por onde quisesse, sem
Provisório. Nessa medida, viu-se na contingência de se aliar a seus depender dos ventos: "Se eu fizer um balão cilíndrico bastante comprido e bastante fino, ele
inimigos de outrora para lutar contra a centralização do poder e pela fenderá o ar..."
“volta da autonomia de São Paulo” contra “a humilhação de São Paulo”.
(...) Na defesa da autonomia de São Paulo, alegava-se que “a contribuição Até que experimentou um antigo projeto: combinar um balão com um motor a gasolina. E, em
de São Paulo ao governo federal representa 40 % da renda global da setembro de 1898, o Santos-Dumont n¡ 1, provido de hélice e leme, passeava pelos céus de Paris.
nação e somente 5% da renda federal beneficia São Paulo”. Além disso, o Uma grande consagração veio com a conquista do Prêmio Deutsch de la Meurthe: 125 000 francos
livre trânsito de produtos nacionais, sem impostos ou restrições (o equivalente a 100 contos de réis) ao primeiro que, partindo de St. Cloud, circunavegasse a torre
alfandegárias só poderia beneficiar os outros Estados. (...) A classe Eifel e voltasse ao ponto de partida num prazo de meia hora. A bordo do Santos-Dumont n¡ 6, o
dominante do “Estado mais forte da União” não podia aceitar um regime inventor finalmente realizou a façanha, a 19 de outubro de 1901. A repercussão internacional foi
político que punha restrições à sua autonomia, o que redundava em extraordinária. Parte do Prêmio Deutsch foi entregue por Santos Dumont a seu mecânico e a seus

Curso Preparatório Cidade | Tópico 3.8 – O Governo Provisório (1930-1934) 325


operários; o restante foi doado à Prefeitura de Paris, para cobrir penhores da população pobre. (C) o governo federal não estava aplicando leis para resolver problemas políticos e
Santos Dumont virou figura popular. Entre a montanha de congratulações, um telegrama o econômicos.
comoveu em especial: "A Santos Dumont, o pioneiro dos ares, homenagem de Thomas Edison". (D) sua posição política era de total apoio ao governo de Getúlio Vargas.
Era cumprimentado justamente por quem considerava o maior gênio de todos os tempos! O (E) aprovava a luta iniciada em São Paulo pela constitucionalização do país.
engenhoso aeronauta brasileiro tinha Paris a seus pés.

A celebração em torno de Santos Dumont culminaria em 1906, quando voou com o 14-Bis, avião 02. (Unitau) Considere as seguintes proposições:
inventado por ele.
I. A Constituição, de 25 de Março de 1824, instituía a religião Católica Romana como sendo
Seu aeroplano não foi concebido para matar. Santos Dumont jamais pensou em lucros ou oficial do Estado brasileiro.
destruições. Seu aeroplano não foi concebido para matar: era uma aliança de paz e amor. Uma II. A Carta Constitucional, de 24 de Fevereiro de 1891, estabelecia para o Brasil um Estado
abertura de rotas em todas as direções do planeta. Este, o seu sentido: vôo de compreensão entre Federativo, um sistema de governo parlamentarista e o sufrágio universal.
os homens. III. A Constituição, de 16 de Julho de 1934, instituía uma única Câmara, subordinando ainda as
suas decisões ao Poder Executivo.
(Texto adaptado de "A vida de grandes brasileiros - 7 - SANTOS DUMONT". São Paulo: Editora Três, 1974) IV. A extinção da autonomia dos Estados e a hipertrofia do Poder Executivo caracterizavam a
Constituição de 10 de Novembro de 1937.
Leia esta mensagem de Santos Dumont aos paulistas:
A alternativa que contém afirmações corretas é:
"São Paulo, 14 de julho de 1932.

Meus patrícios: (A) I e II.


(B) II e III.
Solicitado pelos meus conterrâneos, moradores neste Estado, para subscrever uma mensagem que (C) III e IV.
reivindica a ordem constitucional do país, não me é dado, por moléstia, sair do refúgio a que (D) I e IV.
forçadamente me acolhi, mas posso ainda, por estas palavras escritas, afirmar-lhes não só o meu (E) I e III.
inteiro aplauso, como também o apelo de quem, tendo sempre visado a glória de sua pátria, dentro
do progresso harmônico da humanidade, julga poder dirigir-se em geral a todos os seus patrícios
03. (Unesp) Depois de muitos movimentos operários; lutas e reivindicações trabalhistas, os
como um crente sincero em que os problemas de ordem política e econômica que ora se debatem,
sindicatos foram legalizados:
somente dentro da lei magna poderão ser resolvidos, de forma a conduzir a nossa pátria à superior
finalidade de seus altos destinos.
(A) no decurso da Revolução Paulista de 1924.
(B) através do Ato Institucional número 5 de 1968.
Viva o Brasil unido!
(C) no Governo Provisório de Vargas (1930-1934).
Santos Dumont" (D) durante a Campanha do Contestado.
(E) nos primórdios da República Oligárquica.
(Fonte: "A vida de grandes brasileiros - 7: SANTOS DUMONT". São Paulo: Editora Três, 1974)

Nessa mensagem, Santos Dumont revela que: 04. (Faap) "O Rio Grande, sem correr o menor risco,

Amarrou, por telegrama, os cavalos no obelisco."


(A) era refugiado político e obrigado a subscrever uma mensagem contra os revolucionários.
(B) era a favor do movimento separatista que surgira em São Paulo durante o governo de
A marcha de Lamartine Babo fala, com humor, da Revolução:
Getúlio Vargas.

326 Tópico 3.8 – O Governo Provisório (1930-1934) | Curso Preparatório Cidade


(A) de 1889 - que depôs D. Pedro II 07. (G1) A Revolução de 1932 pode ser explicada pela:
(B) de 1891 - que resultou na Renúncia do Marechal Deodoro da Fonseca
(C) de 1930 - que depôs Washington Luiz (A) tentativa de recuperação do poder pela oligarquia paulista.
(D) de 1932 - em que São Paulo exigia uma Carta Constitucional (B) frustração dos tenentes que foram afastados do poder.
(E) de 1964 - que depôs João Goulart (C) manipulação política das oligarquias nordestinas.
(D) luta exclusiva em torno de uma nova Constituição.
(E) insatisfação contra a ditadura de Getúlio Vargas.
05. (Ufmg) Leia o texto:

"Os deputados das profissões serão eleitos na forma da lei ordinária, por sufrágio indireto das 08. (G1) Apesar da derrota militar, os paulistas alcançaram seu objetivo político com a Revolução
associações profissionais, compreendidas para este efeito, com os quatro grupos afins respectivos, Constitucionalista de 1932 pois, em 1933, foi convocada uma Assembleia Constituinte e em
nas quatro divisões seguintes: lavoura e pecuária; indústria; comércio e transportes; profissões 1934 foi promulgada uma Constituição com importantes conquistas, entre as quais se
liberais e funcionários públicos." destacam, EXCETO:

(BRASIL. Constituição de 1934). (A) o voto secreto;


(B) a representação classista no Congresso Nacional;
A partir desse texto, pode-se afirmar que a Constituição Brasileira de 1934 inspirou-se no:
(C) o direito de greve aos operários e camponeses;
(D) a instituição do voto feminino;
(A) anarquismo.
(E) o número de deputados no Congresso, proporcional ao número de habitantes de cada
(B) comunismo.
estado.
(C) corporativismo.
(D) sindicalismo.
(E) socialismo. 09. (Uece) A Revolução Constitucionalista de 1932 mobilizou amplos setores de São Paulo contra o
governo federal. Sobre esta revolta é correto afirmar que:

06. (Unesp) Ao negar apoio à Aliança Liberal, Luís Carlos Prestes manifestava-se a respeito do
(A) Significou o levante da população paulista contra os desmandados do governo autoritário
movimento contestatório, nos seguintes termos:
de Getúlio Vargas após o golpe do Estado Novo.
(B) os paulistas pretendiam a imediata instalação de uma Assembleia Popular Constituinte,
"Mais uma vez os verdadeiros interesses populares foram sacrificados e vilmente mistificado todo
eleita livremente pela população trabalhadora e que defendesse uma solução socialista
um povo por uma campanha aparentemente democrática, mas que no fundo não era mais que
para os problemas brasileiros.
uma luta entre os interesses contrários de duas correntes oligárquicas."
(C) representou uma reação das oligarquias ao regime instalado em 1930, pretendendo
restaurar o regime constitucional dominado pela "política dos governadores".
Prestes referia-se ao movimento que ficou conhecido como:
(D) resultou de uma cisão entre as oligarquias paulistas a respeito do candidato a Presidente
nas eleições de 1934.
(A) Revolução de 1964.
(B) Revoltas Tenentistas.
(C) Revolução de 1930. 10. (Ufmg) Leia o texto.
(D) lntentona Comunista.
(E) Ação lntegralista. "A enorme simpatia da massa popular às lutas revolucionárias de novembro, especialmente em
Pernambuco, Rio Grande do Norte e demais estados do nordeste [faziam surgir] naturalmente os
grupos guerrilheiros, cada dia em maior número, em todo o País, especificamente no nordeste,
heróicos brasileiros - operários, camponeses, soldados, populares - levantam, de armas nas mãos,

Curso Preparatório Cidade | Tópico 3.8 – O Governo Provisório (1930-1934) 327


o cartel do desafio lançado à Nação por Getúlio e seus amigos imperialistas. [...] A insurreição de A partir da letra deste samba, gravado por Francisco Alves e Dalva de Oliveira, em agosto de 1939,
novembro foi o início de grandes combates. As guerrilhas são uma forma de seu prosseguimento." percebemos a construção de uma imagem para o Brasil que não correspondia totalmente às
características da sociedade brasileira nas décadas de 30 e 40.
Esse trecho, extraído de um folheto de época, faz referência a um movimento da história do Brasil
republicano provocado pelo(a): Dentre essas características, aquela que se relaciona à conjuntura da época é:

(A) desejo de Getúlio de se aliar aos nacional-libertadores para combater o imperialismo. (A) liberalismo como base da política nacional.
(B) denúncia de que o movimento de libertação nacional preparava a morte de Getúlio. (B) reforma agrária como solução para os problemas econômicos.
(C) revolta dos comunistas com a violência da reação de Getúlio ao movimento de 1935. (C) política assimilacionista como forma de integração do indígena.
(D) embate entre getulistas e prestistas por ocasião do massacre da Coluna. (D) crescimento econômico como decorrência da política industrialista.

11. (Uerj) BRASIL! 12. (Ufscar) Os anos trinta do século XX foram marcados por disputas ideológicas, por propostas
revolucionárias e pela emergência de regimes centralizadores e autoritários. No Brasil, a
Brasil, polarização ideológica intensificou-se em 1935, opondo:
És o teu berço dourado
O índio civilizado (A) a Ação Integralista Brasileira, partido político simpatizante do fascismo, à Ação Nacional
E abençoado por Deus Libertadora, que lutava pela instalação de um governo popular revolucionário.
(B) os anarco-sindicalistas, líderes do movimento operário em toda a Primeira República, ao
Brasil, Partido Comunista do Brasil, de tendência revolucionária bolchevista.
Gigante de um continente (C) os católicos ultramontanos do Centro Dom Vital, situado no Rio de Janeiro, aos partidários
És terra de toda gente do fascismo italiano e, sobretudo, do nazismo hitlerista.
E orgulho dos filhos teus (D) a social-democracia, representada pelo Partido Democrático de São Paulo, às tendências
políticas autoritárias do movimento tenentista.
O destino que te traz (E) os constitucionalistas paulistas, que haviam combatido na Revolução de 1932, ao Estado
Liberdade, amor e paz Novo, dominado pelo presidente Getúlio Vargas.
No progresso em que te agitas
Torrão de viva beleza
De fartura e de riqueza 13. (Ufpe) A Constituição promulgada em 16 de julho de 1934 resultou de intensos debates que se
E de mil coisas bonitas prolongaram por oito meses. Entre suas principais inovações não se inclui:

E porque tu tens de tudo (A) A legislação trabalhista, a nacionalização das minas e quedas d'água.
Porque te conservas mudo (B) O salário mínimo para os trabalhadores, os deputados classistas e o direito da União em
Na tua modéstia imerso monopolizar determinadas atividades econômicas.
Meu Brasil, (C) A criação das justiças Eleitoral e do Trabalho.
Eu que te amo Neste samba te proclamo Majestade do universo (D) A inviolabilidade dos direitos à liberdade, à segurança e à propriedade dos cidadãos como
também a liberdade de consciência e de crença.
(Benedito Lacerda / Aldo Cabral) (E) O cerceamento de todas as garantias individuais e a proibição do direito de voto das
mulheres.

328 Tópico 3.8 – O Governo Provisório (1930-1934) | Curso Preparatório Cidade


14. (Ufrs) No ano passado, completaram-se setenta anos da ocorrência da Revolução de 1930, um 16. (Pucrs) Considere o contexto de polarização das forças políticas do Entre-Guerras no Brasil,
momento de séria crise para o Estado oligárquico brasileiro. Neste sentido, analise as relacionando as agremiações políticas mencionadas na coluna I com as características arroladas
afirmações abaixo, relativas às repercussões políticas deste golpe de Estado. na coluna II.

I. O novo governo não teve nenhum grupo social hegemônico, o que abriu caminho para o 1. ( ) Tinha como base política setores
fortalecimento do poder pessoal de Getúlio Vargas. conservadores da intelectualidade, da
II. A ascensão de Vargas ao poder colocou o Rio Grande do Sul em posição hegemônica classe média urbana, do exército e das
nacional, alterando o jogo de forças anterior, que beneficiava a oligarquia paulista e (1) Aliança Nacional Libertadora elites.
fluminense. 2. ( ) Defendia um Estado autoritário,
III. A parcela derrotada da oligarquia paulista inconformou-se com a dominação varguista na nacionalista, corporativista, antiliberal e
Revolução Constitucionalista de 1932, mas acabou reatando politicamente com o governo (2) Ação Integralista Brasileira anticomunista, dirigido pelas elites
provisório. esclarecidas.
3. ( ) Tinha características de uma
Quais estão corretas? frente popular antifascista, composta por
ex-tenentes, democratas, sindicalistas,
(A) Apenas I. socialistas e comunistas.
(B) Apenas I e II. 4. ( ) Defendia a constituição de um
(C) Apenas I e III. governo popular nacional.
(D) Apenas II e III. 5. ( ) Defendia o não-pagamento da
(E) I, II e III. dívida externa e a luta contra o
imperialismo.

15. (Ufg) Em março de 1934, Luís Carlos Prestes fundou uma frente popular, a Aliança Nacional
A correta numeração da segunda coluna, de cima para baixo, é:
Libertadora, que objetivava atrair setores democráticos e antifascistas da sociedade para um
programa de reformas políticas e sociais. O governo de Vargas perseguiu Prestes devido à:
(A) 1 - 1 - 2 - 2 -2
(B) 1 - 2 - 2 - 1 -2
(A) emergência de regimes autoritários na Europa influenciando a organização partidária no
(C) 1 - 2 - 1 - 1 –1
Brasil.
(D) 2 - 2 - 1 - 1 -1
(B) cooptação dos sindicatos pelo Estado, com suas sedes tornando-se locais da propaganda
(E) 2 - 1 - 2 - 2 –1
oficial.
(C) proposta política de estabelecer um governo revolucionário no Brasil alinhado com a
União Soviética. 17. (Uel) Leia o poema a seguir.
(D) organização da Ação Integralista Brasileira, que defendia um projeto de Estado autoritário
para o país. "Governo mais avacalhado
(E) rivalidade entre integralistas e aliancistas, os quais mobilizaram o país, ampliando o clima O Gegê sempre sorrindo
de confrontos. Por causa da nossa 'Aliança'
Acabará caindo, acabará caindo.
O Gegê tá de calças na mão

Por causa da nossa revolução


O povo todo já está cansado

Curso Preparatório Cidade | Tópico 3.8 – O Governo Provisório (1930-1934) 329


De ser explorado (B) aproveitamento mais intenso da capacidade produtiva existente, com transferência de
Por este ladrão! capitais do setor agrícola para o industrial.
O Gegê entrou num botequim (C) aumento da participação do Governo nos investimentos econômicos em setores
estratégicos para o desenvolvimento nacional.
Bebeu cachaça e saiu assim... (D) política de substituição de importações de bens de consumo, com o crescimento das
Levando um tamanho chute indústrias alimentícias e as de equipamentos agrícolas.
Foi tomar vermute
Com amendoim".
19. (Ufu) Após a chamada "Revolução de 30", o governo Vargas foi marcado por disputas
(VIANNA, Marly de Almeida Gomes. "Revolucionários de 35: sonho e realidade". São Paulo: Companhia das
ideológicas e movimentos políticos, envolvendo facções de São Paulo, tenentes, comunistas e
Letras, 1999. p. 561.) integralistas. Até o golpe do Estado Novo, em 1937, os acontecimentos mais expressivos foram
a Revolta de 1932, a convocação da Constituinte de 1934 e a Intentona Comunista, de 1935.
Os versos transcritos foram cantados pelos "aliancistas", nos primeiros anos da Era Vargas (1930-
1945). Com base nos versos e nos conhecimentos sobre a Era Vargas, considere as afirmativas a A respeito desse contexto, marque a alternativa INCORRETA.
seguir.
(A) A AIB (Aliança Integralista Brasileira), comandada por Plínio Salgado, constituiu um
I. Teve como um de seus aspectos marcantes a tendência à democratização do Estado. movimento suprapartidário nacionalista, contrário ao liberalismo e ao socialismo,
II. A Aliança Nacional Libertadora (ANL) foi um movimento que congregou diversos atores defendendo um Estado forte e autoritário. Esta organização foi atraída por Vargas e
sociais: partidos políticos, sindicatos, associações e entidades diversas, sendo suas incorporada ao governo logo depois de apoiar o Golpe de 1937.
principais forças políticas os Tenentes e os comunistas. (B) Em 1932 eclodiu em São Paulo a chamada Revolução Constitucionalista, liderada pela
III. O suposto Plano Cohen, imputado aos comunistas pelos oficiais do exército, auxiliou no oligarquia cafeeira paulista e pelo Partido Democrático, exigindo a convocação da
recrudescimento da repressão anticomunista no país e foi uma das justificativas para a Assembleia Constituinte a fim de limitar os poderes da presidência e restaurar a
implantação do Estado Novo. autonomia dos Estados. Apesar da derrota dos rebeldes, o governo convocou a
IV. Com a aquiescência dos comunistas, o governo Vargas preparou os instrumentos de apoio Constituinte.
à ANL, primeira tentativa de organização da sociedade civil no Brasil, aprovando a Lei de (C) A Constituição de 1934 manteve o princípio da Federação, incorporou direitos trabalhistas,
Segurança Nacional, visando ao combate dos crimes contra a ordem política e social. criou o serviço militar obrigatório, o ensino primário gratuito e a extensão do direito de
voto às mulheres.
Estão corretas apenas as afirmativas: (D) A ANL (Aliança Nacional Libertadora), liderada por Luís Carlos Prestes, aglutinava alguns
tenentes, operários, intelectuais, membros da classe média, entre outros, combatendo o
(A) I e IV. nazifascismo. Na tentativa de tomar o poder pelas armas, organizou a Intentona
(B) II e III. Comunista, em 1935. Derrotada, a rebelião serviu de pretexto para a instauração do
(C) III e IV. estado de sítio e para a preparação do golpe de 1937.
(D) I, II e III.
(E) I, II e IV.
20. (Cesgranrio) A crise social e política que abalou a estabilidade da República Velha (1889 -
1930) quebrou a hegemonia das oligarquias no poder e preparou o terreno para a
18. (G1) Durante a Era Vargas (1930-1945), o processo de industrialização do Brasil caracterizou-se Revolução de 1930 foi motivada pelo(a):
pela (o):
(A) aprofundamento das cisões oligárquicas, pelas rebeliões tenentistas, pela insatisfação das
(A) expansão da indústria de bens de capital e pela retração dos bens intermediários através classes médias urbanas excluídas da representação política e pela pressão reivindicatória
do planejamento da economia estatal. das classes operárias.

330 Tópico 3.8 – O Governo Provisório (1930-1934) | Curso Preparatório Cidade


(B) aliança política entre a burguesia industrial, as classes médias urbanas e o operariado “ Concessão de anistia ... difusão intensiva de ensino público ... Instituir o Ministério do Trabalho,
fabril contra o sistema liberal e democrático da República Velha, controlado pelas destinado a superintender a questão social, o amparo e a defesa do proletariado urbano e rural.
oligarquias agrárias. Promover sem violência a extinção progressiva do latifúndio, protegendo a organização da pequena
(C) quebra do compromisso político entre as oligarquias agrárias e os trabalhadores rurais, o propriedade, protegendo a transferência de lotes de terra de cultura ao trabalhador agrícola,
que, durante toda a República Velha, impediu o desenvolvimento dos setores industriais e estimulando-o a construir, com suas próprias mãos, em terra própria, o edifício de sua
a organização do movimento operário. prosperidade.”
(D) fortalecimento da união entre as oligarquias paulistas e mineiras na indicação de Júlio
Prestes à sucessão presidencial em 1930, o que desagradou as oposições constituídas (IN: Therezinha de Castro – OP. CIT. – PAG. 397).

pelas classes médias urbanas e operariado, defensores de Getúlio Vargas.


O discurso acima é do presidente:
(E) descontentamento da burguesia industrial com o tratamento dado pelas oligarquias ao
movimento operário - "caso de polícia" - e sua decisão de apoiar a Revolução de 30 e a
(A) Getúlio Vargas, após a Revolução de 1930.
legislação trabalhista.
(B) Castelo Branco, após a Revolução de 1964
(C) Eurico Gaspar Dutra com a redemocratização.
EXERCÍCIOS DE PROVA (D) Juscelino Kubitschek e seu plano de metas.
(E) João Goulart, defendo as reformas de base.

01. (EsFCEx - 2001) 03. (EsFCEx - 2009) Analise as afirmativas sobre alguns acontecimentos do Governo Provisório de
Getúlio Vargas e, a seguir, assinale a alternativa correta.
“Qual a humilhação, a grave ofensa que se está fazendo a São Paulo.

Por que seu atual interventor não é paulista? Mas há vários Estados do Brasil administrados por I. Foi promulgado o Código dos Interventores, documento que legalizava a substituição dos
governadores de estados por aliados civis indicados por Getúlio Vargas.
interventores estranhos e que não se julgam, por isso, ofendidos...
II. Suspensão da Constituição Republicana de 1891 com o fechamento dos órgãos legislativos
Não me parece lógico que um paulista possa aspirar ao Governo do Brasil e um brasileiro, por não e a indicação de interventores militares para os estados.
ser paulista, se veja inibido de governar São Paulo.” III. Ocorreu uma grave crise econômica por conta da desvalorização do café no mercado
interno, que só foi superada após um acordo comercial com os Estados Unidos, maiores
(In: Therezinha de Castro – op. cit. – pág. 399.) importadores do café brasileiro.

O texto é parte do (a): (A) Somente I está correta.


(B) Somente I e III estão corretas.
(A) pronunciamento relativo a Jânio Quadros, matogrossense, que foi interventor de São (C) Somente II está correta.
Paulo. (D) Somente II e III estão corretas.
(B) declaração de Dutra quando nomeou Ademar de Barros interventor de São Paulo. (E) Somente III está correta.
(C) resposta de Getúlio Vargas aos opositores paulistas quando da nomeação de João Alberto
como interventor de São Paulo.
(D) discurso de Castelo Branco quando da adoção da eleição indireta para interventor 04. (EsFCEx – 2011) Sobre a política brasileira entre 1930 e 1932, período que antecede à
(E) resposta de Costa e Silva quando nomeou Laudo Natel interventor de São Paulo. constitucionalização da chamada Revolução de 1930, é correto afirmar que:

(A) o Tenentismo foi uma força política em constante ascensão, dadas as suas vinculações
02. (EsFCEx - 2003) O texto abaixo é um trecho do discurso de um Presidente da República com as oligarquias regionais.
apresentando os pontos principais do seu programa de governo:

Curso Preparatório Cidade | Tópico 3.8 – O Governo Provisório (1930-1934) 331


(B) um dos resultados práticos mais evidentes da Revolução de 1930 foi à centralização das
decisões a respeito da política cafeeira.
(C) a derrota paulista na Revolução de 1932 serviu para afastar ainda mais o núcleo regional
de São Paulo das esferas do poder central.
(D) crescentemente isolados em São Paulo, os tenentes no poder buscaram aproximar-se da
classe média e, sobretudo, das camadas agrárias do Estado.
(E) um marco importante para o crescimento político do Tenentismo foi à promulgação da
Constituição de 1934, que referendava a sua política liberal e democrática.

332 Tópico 3.8 – O Governo Provisório (1930-1934) | Curso Preparatório Cidade


Tópico 3.9 – O Governo Constitucional O GOVERNO CONSTITUCIONAL

Comentário O Governo Constitucional (1934-1937) e a Intentona Comunista

Foi instalada em novembro de 1933, a Assembleia Nacional Constituinte que promulgou uma nova
Caro estudante,
Constituição em 16 de julho de 1934. Nesta constituinte participou pela primeira vez uma mulher
deputada e houve a presença de deputados eleitos pelos sindicatos: os deputados classistas.
Avancemos um pouco mais.
Figura 61: Almerinda F. Gama, do Sindicato dos Datilógrafos, na eleição dos representantes
Em 1930 Getúlio Vargas assumiu o poder provisoriamente. O objetivo principal de seu
classistas para a Assembleia Constituinte. Rio, 1933.
governo era elaborar uma nova Constituição para o país. O movimento de 1930 foi
profundo e a Carta Magna da República Velha foi rasgada.

Acreditava-se naquela conjuntura que o governo provisório de Vargas duraria no


máximo dois anos. Após esse período uma nova constituição entraria em vigor e novas
eleições seriam realizadas. Getúlio postergou ao máximo os trabalhos constituintes.
Isto também explica o fato dos paulistas pegarem em armas em 1932.

Derrotados militarmente os paulistas obrigaram Getúlio a reconstitucionalizar o país.


Em 1934 a terceira constituição da história brasileira finalmente ficou pronta. Getúlio
acompanhou os trabalhos legislativos desde o princípio e foi eleito presidente pela
Assembleia Constituinte através do voto indireto. Uma espécie de “golpe branco”.

A Constituição de 1934 tinha características muito próximas da atual constituição


brasileira. Para muitos estudiosos a Carta de 1934 foi a mais avançada da história do
país.

Fonte: CPDOC/FGV.
Para Getúlio a nova constituição não era boa!!! Democrática demais para os anos 30
onde o Totalitarismo e Comunismo avançavam mundo afora... A Constituição de 1934
Constituição tida como progressista para uns e para Getúlio, com suas palavras: “Impossível de se
teve vida curta... Apenas três anos!
governar com ela!”
Sobre o assunto leia o texto a seguir.
Nesse mesmo dia, o Congresso Nacional elegeu, por voto indireto, Getúlio Vargas como Presidente
da República. Não havia, na constituição de 1934, a figura do vice-presidente.
Bons estudos!

Os estados fizeram, depois, suas constituições e muitos interventores se tornaram governadores, o


que significou uma ampla vitória, nos estados, dos partidários de Getúlio.

Neste período cresceu a radicalização política, especialmente entre dois grupos. A Ação Integralista
Brasileira (AIB), de inspiração fascista, liderada por Plínio Salgado, que segundo Roney
Cytrynowicz:

Curso Preparatório Cidade | Tópico 3.9 – O Governo Constitucional 333


Como movimento, ideologia e forma de ação política, o integralismo faz Figura 62: Material da ANL apreendido pela Polícia Política do D.F. Rio, 1935.
parte da constelação de partidos fascistas que surgiram na Europa e na
América Latina entre o fim da Primeira Guerra Mundial (1918) e a
ascensão do fascismo na Itália (1922) e do nazismo na Alemanha (1933).
Entre as ideias que ele propaga destacam-se a negação da democracia, do
pluralismo político e das eleições, o controle absoluto do Estado sobre a
sociedade, a eliminação da diferença ideológica e da oposição, o
preconceito e o racismo, a defesa de um nacionalismo radical e de um
partido único de massa, o culto à liderança única, o repúdio ao
liberalismo, ao socialismo e ao comunismo, e a crença no ideal
corporativo.

CYTRYNOWICZ,Roney. A força e a pátria em ação. Revista de História da Biblioteca


Nacional, Rio de Janeiro, nº 61, p.22, outubro 2010.

O outro grupo, que se opunha à A.I.B e ao governo de Getúlio Vargas, foi a Aliança Nacional
Libertadora (ANL), movimento dominado pelo Partido Comunista do Brasil (PCB), pró Moscou. Fonte: Arquivo Nacional - Polícias Políticas

Segundo o historiador Boris Fausto Conforme Boris Fausto:

O programa básico da Aliança Nacional Libertadora tinha conteúdo (...) O levante de 1935 - que lembra as revoltas tenentistas da década de
nacionalista, sendo curioso observar que nenhum de seus cinco itens 1920 – foi um fracasso. Começou a 23 de novembro do Rio Grande do
tratava de especificamente dos problemas operários. Eram eles a Norte, antecipando-se a uma iniciativa coordenada a partir do Rio de
suspensão definitiva do pagamento da dívida externa; a nacionalização Janeiro. Uma junta de governo tomou o poder em Natal por quatro dias,
das empresas estrangeiras; a reforma agrária; a garantia das liberdades até ser dominada. Seguiram-se as rebeliões no Recife e no Rio, esta
populares; e a constituição de um governo popular, do qual poderia última de maiores proporções. Houve aí um confronto entre os rebeldes e
participar “qualquer pessoa na medida da eficiência e de sua as forças legais do qual resultaram várias mortes, até a rendição. (...) Ao
colaboração”. que tudo indica, a tentativa de golpe no Brasil representava o canto de
cisne da linha política anterior. Ela foi alentada pelas informações
FAUSTO,Boris. História do Brasil. São Paulo: Edusp, 1997, p.359. fantasiosas dos comunistas brasileiros, dando conta da existência de um
clima pré-revolucionário no país. A influência dos métodos tenentistas
pesou também na decisão.

O fechamento da ANL, determinado por Getúlio Vargas, bem como a prisão de alguns de seus FAUSTO,Boris. História do Brasil. São Paulo: Edusp, 1997, p.361.
partidários, precipitaram as conspirações que levaram à Intentona Comunista de 27 de novembro
de 1935, movimento ocorrido nas cidades de Natal, Recife e Rio de Janeiro.

A partir daí, seguiram-se os "estado de sítio" e a instabilidade política, que levaram Getúlio a
implantar o Estado Novo.

334 Tópico 3.9 – O Governo Constitucional | Curso Preparatório Cidade


EXERCÍCIOS 03. (Mackenzie) Inconformado com a dissolução de seu partido, inspirado nas ideias fascistas,
liderado por Belmiro Valverde e Severo Fournier, na madrugada de 11 de maio de 1938, atacou
o Palácio Guanabara sitiando o Presidente Vargas. Tratava-se de um grupo:
01. (Unesp) "Subitamente, parecia que a esquerda havia ganho vida. Mais de 1600 sedes locais da
'Aliança Nacional Libertadora' haviam brotado (...). A plataforma da 'Aliança' pedia o (A) comunista.
cancelamento das 'dívidas imperialistas', a nacionalização das empresas estrangeiras e a (B) aliancista.
liquidação dos latifúndios. Os radicalizantes estavam igualmente ativos na direita. Um (C) integralista.
movimento fascista chamado Integralismo vinha por igual força...". (D) queremista.
(E) tenentista.
(Thomas Skidmore, DE GETÚLIO A CASTELO).

O texto refere-se a dois importantes e antagônicos movimentos, sobre os quais é verdadeiro 04. (Mackenzie) Luiz Carlos Prestes fundou, em 1935, a Aliança Nacional Libertadora, frente de
afirmar que ocorreram: oposição ao fascismo e ao imperialismo, que se confrontava no plano interno com a
organização criada pelo escritor Plínio Salgado, a Ação Integralista Brasileira, de declarada
(A) na Primeira República e motivaram a Revolução de 1930. inspiração fascista, cujo programa político propunha:
(B) no governo Jânio Quadros e provocaram a sua renúncia.
(C) na década de 30 e antecederam o golpe de Estado de 1937. (A) combate ao comunismo, extração dos partidos políticos, nacionalismo extremado e
(D) no Estado Novo e foram importantes para o processo de redemocratização. fiscalização das atividades artísticas.
(E) no segundo governo Vargas (1951-54) e contribuíram para o agravamento da crise (B) instauração de um governo popular, Estado onipotente, ampliação das liberdades civis e
política que levou ao suicídio do Presidente. hegemonia de um único partido.
(C) suspensão do pagamento da dívida do Brasil, ampliação das liberdades civis,
nacionalização das empresas Imperialistas e reforma agrária.
02. (Unesp) Decretada a extinção da Aliança Nacional Libertadora em 1935, seus membros, os não
(D) proteção aos pequenos e médios proprietários de terras, combate ao comunismo,
moderados, organizaram a insurreição comunista que foi abafada pelo Governo Vargas.
pluripartidarismo, suspensão do pagamento da dívida do Brasil.
Assinale a alternativa que apresenta a ação política subseqüente e relacionada com a referida
(E) como lema, "Deus, Terra, Trabalho e Família", nacionalização das empresas estrangeiras,
insurreição:
governo das elites esclarecidas e reforma agrária.
(A) A proposta antiimperialista e antilatifundiária, contida no programa da ANL, foi
completamente abandonada. 05. (Faap) Inspirada nas Constituições fascistas européias, especialmente na Constituição polonesa
(B) Vargas, em proveito de seus planos ditatoriais, explorou o temor que havia ao (daí seu apelido de "polaca"), estabeleceu o regime ditatorial no Brasil: o Poder Executivo (na
comunismo. mãos do presidente Vargas) assumia toda a autoridade, o Legislativo deixava de funcionar, os
(C) Dois meses após a Intentona, todos os presos políticos que aguardavam julgamento, Estados perdiam sua autonomia, a Justiça era enfraquecida com a suspensão ou eliminação dos
foram colocados em liberdade. direitos constitucionais, como o habeas-corpus, o direito de greve, o de livre expressão e o de
(D) A campanha anticomunista das classes dominantes contribuiu para que Vargas livre associação. Estamos falando da Constituição outorgada em:
abandonasse seus planos continuístas.
(E) Os revoltosos só se renderam depois de proclamada a suspensão definitiva do pagamento (A) 1930
da dívida externa. (B) 1932
(C) 1934
(D) 1937
(E) 1946

Curso Preparatório Cidade | Tópico 3.9 – O Governo Constitucional 335


06. (Mackenzie) O integralismo organizou-se no Brasil como força política nos anos trinta, atraindo 09. (Ufrs) A justeza de seu programa, difundido de extremo a extremo do País, conquistou
mais de cem mil adeptos. Dentre suas posições políticas destacamos: vertiginosamente amplas camadas da população das cidades e dos campos. Em três meses de
existência, essa frente popular acolhia, sob a bandeira heróica que desfraldara, cerca de 3
(A) o apoio ao imperialismo e a defesa da ordem democrática. milhões de brasileiros. Seu quadro social estava, em maio de 1935, aumentando numa média
(B) a oposição ao uso da força para atingir o poder. de 3 mil membros por dia, ou seja, 90 mil por mês. Mantido esse ritmo, teria ultrapassado um
(C) a defesa dos ideais socialistas e da internacionalização da economia. milhão em um ano.
(D) a crítica ao Estado Liberal, o culto à personalidade do líder e uma proposta de
modernização conservadora. O texto anterior faz uma clara referência:
(E) a imposição de um programa revolucionário, apoiado na luta de classes e sem vínculos
com as religiões. (A) à Ação Integralista Brasileira.
(B) ao Bloco Operário e Camponês.
(C) ao Partido Comunista Brasileiro.
07. (Fuvest) As ideias integralistas, de um modo geral, podem ser definidas como:
(D) ao Partido Democrático Paulista.
(E) à Aliança Nacional Libertadora.
(A) nacionalistas e materialistas;
(B) anti-semitas e internacionalistas;
(C) estatistas e pacifistas; 10. (Pucmg) Em 1935, foi criada no Brasil uma frente popular conhecida por Aliança Nacional
(D) corporativistas e anticomunistas; Libertadora, movimento de massas com intentos democráticos e reformistas.
(E) antiliberais e anticristãs;
Suas principais reivindicações eram, EXCETO:

08. (Pucpr) Frente criada na década de 30, reunindo setores da esquerda, da classe média e
(A) formação de um governo popular.
liberais afastados do poder, que defendia:
(B) realização da reforma agrária.
(C) manutenção da política coronelística.
₋ suspensão definitiva do pagamento das dívidas do Brasil.
(D) nacionalização de empresas estrangeiras.
₋ nacionalização das empresas imperialistas.
(E) suspensão do pagamento da dívida externa.
₋ proteção ao pequeno e médio proprietário rural e entrega de terra dos grandes proprietários
aos trabalhadores do campo.
₋ instauração de um governo popular. 11. (Fei) A década de trinta foi marcada por uma crescente polarização política no Brasil e no
mundo. No Brasil surgiram dois grupos políticos antagônicos, a Aliança Nacional Libertadora
A descrição corresponde: (ANL) e a Ação Integralista Brasileira (AIB). Sobre estes grupos, é INCORRETO afirmar que:

(A) ao Movimento Sem Terra. (A) Vargas se apoiou na ANL para dar um golpe de Estado e instaurar o regime do Estado
(B) ao Manifesto dos Mineiros. Novo, com muitas características comunistas.
(C) à Ação Integralista Brasileira. (B) a ANL contava com apoio de intelectuais de várias tendências, com predomínio de
(D) à Aliança Nacional Libertadora. membros ligados ao Partido Comunista (clandestino).
(E) ao Movimento Tenentista. (C) a AIB representava os ideais fascistas no país.
(D) fazia parte da plataforma política da ANL a defesa da nacionalização das multinacionais e
do cancelamento do pagamento da dívida externa.
(E) os integralistas defendiam um Estado centralizado e forte com o objetivo de manter a
ordem nacional.

336 Tópico 3.9 – O Governo Constitucional | Curso Preparatório Cidade


12. (Pucsp) Sobre a participação do Brasil na Segunda Guerra: 14. (Ufmg) Em 1934, Getúlio Vargas criou o Departamento de Propaganda e Difusão Cultural junto
ao Ministério da Justiça, esvaziando o Ministério da Educação não só da propaganda, mas
"O envio da FEB [Força Expedicionária Brasileira] ao teatro de operações veio coroar um processo também do rádio e do cinema. A decisão tinha como objetivo colocar os meios de comunicação
que se iniciara quase quatro anos antes, mas que se constituiu igualmente em ponto de partida de massa a serviço direto do poder executivo, iniciativa que tinha inspiração direta no recém-
para uma nova etapa, qual seja, a da busca por parte do governo brasileiro de participação nos criado Ministério da propaganda alemão. Este foi o embrião do DIP [...]
arranjos do pós-guerra, em função da instituição da nova ordem mundial."
Em 1939, as atribuições do extinto Departamento de Propaganda e Difusão Cultural passaram para
(Pinheiro, Letícia. A Entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial, in: Revista da USP, nº26, 1995, pp. 109- o Departamento de Imprensa e Propaganda, criado nesse ano.
117).
CAPELATO, Maria Helena. Propaganda Política e Controle dos Meios de Comunicação. ln: PANDOLFI, Dulce.
Em relação ao contexto ao qual o autor se refere, é correto afirmar que: (Org.)."Repensando o Estado Novo". Rio de Janeiro: Ed. FGV, 1999. p.172.

(A) o Estado brasileiro, comandado por Getúlio Vargas, manteve-se ideologicamente aliado às Com base nessas informações, é CORRETO afirmar que, durante o Estado Novo, o Departamento
forças que combatiam o nazi-fascismo, durante todo o conflito mundial. de Imprensa e Propaganda-DIP foi responsável pela:
(B) a nova ordem mundial pós-guerra foi estruturada com a predominância dos países
europeus mais desenvolvidos, notadamente a Inglaterra, com a qual o Brasil estreitou (A) ampliação do raio de atuação do Estado e das suas formas de intervenção no âmbito da
alianças comerciais e diplomáticas. cultura.
(C) o envio de tropas brasileiras à Itália, em defesa da democracia mundial, foi (B) desativação do sistema de comunicação encarregado da difusão das diretrizes econômicas
acompanhado, internamente, pelo crescimento das manifestações oposicionistas ao do regime.
governo Vargas. (C) restrição à utilização do rádio e da imprensa para a difusão da propaganda política
(D) a participação do Exército brasileiro na Segunda Guerra era disputada tanto pelo Eixo, estado-novista.
quanto pelos Aliados, graças à modernidade de seu aparelhamento bélico. (D) utilização da cultura como um instrumento a serviço da divulgação dos ideais
(E) os soldados da FEB tiveram atuação destacada no desembarque de tropas aliadas na democráticos.
Normandia, operação de retomada dos territórios franceses ocupados pelos nazistas.
15. (Pucrs) Em 1939, o Estado Novo criou um Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) que
13. (Ufsm) Tendo em vista a política econômica do Estado Novo, indique se é verdadeiro (V) ou estava encarregado de realizar a censura às ideias contrárias ao regime e difundir a
falsa (F) cada uma das afirmativas a seguir. propaganda política do governo. O DIP lançou mãos de vários meios de comunicação para
atingir o maior número de cidadãos com a ideologia do Estado Novo, visando mobilizar a
1. ( ) O Estado assume o papel de empresário, criando empresas estatais e impulsionando o sociedade em torno de seu programa político. Entre esses meios de comunicação e
crescimento industrial. propaganda, podemos destacar um novo meio, que, em especial, permitiu às ideias
2. ( ) O Estado abandona o setor agrícola e volta-se exclusivamente para a área industrial. estadonovistas atingirem as classes médias urbanas e o operariado. Estamos nos referindo:
3. ( ) O Estado cria organismos especializados para impulsionar e aperfeiçoar a produção
agrícola nacional. (A) à imprensa operária.
(B) ao rádio.
A sequência correta é: (C) à televisão.
(D) ao cinema.
(A) V - V - F. (E) às revistas quinzenais.
(B) V - F - V.
(C) F - V - F.
(D) F - V - V.
(E) F - F - V.

Curso Preparatório Cidade | Tópico 3.9 – O Governo Constitucional 337


16. (Ufv) Em 1937, com a instauração do Estado Novo por Getúlio Vargas, o Brasil passou a viver A cena anterior descrita refere-se aos:
sob uma nova Constituição, que ficou conhecida como "Polaca", em virtude de sua clara
inspiração na Constituição da Polônia. Essa Constituição deu ao presidente Getúlio Vargas os (A) enfrentamentos durante os comícios entre os integrantes da frente tenentista com a
poderes para a organização política, econômica e administrativa do Estado Novo. militância da Aliança Nacional Libertadora (ANL);
(B) confrontos de rua entre os integralistas e os tenentistas;
Dentre as alternativas a seguir assinale a que apresenta uma característica da Constituição de (C) enfrentamentos públicos entre os integrantes da Aliança Nacional Libertadora (ANL) e os
1937: integralistas;
(D) enfrentamos entre os militantes da Aliança Libertadora Nacional (ALN), dirigida por Agildo
(A) Instauração do direito de greve e de locaute. Barata, e os integralistas de Plínio Salgado;
(B) Instauração do direito de livre associação em sindicatos oficialmente reconhecidos. (E) confrontos públicos entre militares tenentistas e os comunistas da Aliança Libertadora
(C) Descentralização administrativa. Nacional (ALN).
(D) Internacionalização da economia.
(E) Instauração de princípios democráticos e de livre associação política.
19. (Mackenzie) Em maio de 1938, os Integralistas, prejudicados com a extinção dos partidos,
desfecharam um ataque ao Palácio Guanabara que resultou em inúmeros mortos e no exílio de
17. (Ufrs) Analise as seguintes afirmativas referentes ao Estado Novo (1937-1945). seus líderes. Para o governo Vargas, a principal consequência foi:

I. Os dois principais partidos políticos existentes no período do Estado Novo eram a AIB (Ação (A) inclinação do governo para o fascismo, dividindo com este grupo o poder.
Integralista Brasileira) e a ANL (Aliança Nacional Libertadora). (B) o fortalecimento do poder pessoal de Vargas, reprimindo dissidentes.
II. O pretexto utilizado por Vargas para o desfecho do golpe de Estado de 1937 foi o Plano (C) a entrada do Brasil na Guerra ao lado dos países totalitários.
Cohen, documento forjado que denunciava um suposto movimento revolucionário (D) a composição de um novo governo, tendo como base de sustentação integralistas e
comunista. comunistas.
III. Durante o Estado Novo a política externa brasileira oscilou entre a Alemanha nazista e os (E) a definição de uma política externa favorável aos aliados e a democratização interna do
Estados Unidos, alinhando-se a este último país no princípio da década de 1940. regime.

Quais estão corretas?


20. (Pucpr) O fato é que de obra de ficção o documento foi transformado em realidade, passando
das mãos dos integralistas à cúpula do Exército. A 30 de setembro, era transmitido pela "Hora
(A) Apenas III.
do Brasil" e publicado em parte nos jornais.
(B) Apenas I e II.
(C) Apenas I e III. (Fausto, Boris. História do Brasil. São Paulo. Edusp, 1996).
(D) Apenas II e III.
(E) I, II e III. O documento a que o texto se refere ajudou Getúlio Vargas a dar o golpe que criou o Estado Novo.
Trata-se do:

18. (Fgv) "Em plena Avenida Rio Branco, nas tardes de Sábado, pegávamos à força alguns
(A) Plano Bresser
atrevidos integralistas que se apresentavam fantasiados de camisa verde e os despojávamos
(B) Plano Qüinqüenal
das calças, largando-os depois, em plena via pública, apenas em fraldas de camisas. Não
(C) Plano de Metas
queriam eles andar de camisas verdes? Nós lhe fazíamos a vontade..."
(D) Plano Nacional de Desenvolvimento
(Agildo Barata) (E) Plano Cohen

338 Tópico 3.9 – O Governo Constitucional | Curso Preparatório Cidade


EXERCÍCIOS DE PROVA 03. (EsFCEx - 2007) Durante a fase constitucional da Eras Vargas o país viu surgir as primeiras
grandes modalidades de mobilização política organizada de caráter nacional. Se não podiam ser
chamados do partidos, por outro lado ANL e a AIB definiam de forma concreta suas aspirações
01. (EsFCEx – 2004) O estudo da Constituição Republicana Brasileira de 1934 demonstra que: ideológicas e políticas as quais podem ser defenidas respectivamente por:

I. consagrou o espírito unitário estabelecido na Constituição de 1891. (A) adotar um discurso de caráter esquerdizante, sindicalista e pró-soviético; e por assumir
II. o Poder Legislativo passou a ter representação profissional através dos deputados uma atitude nacionalista exacerbada com o lema "Deus, Pátria e Família".
classistas. (B) Adotar o lema "Pão, Terra e Liberdade"; e por combater a luta de classes e adotar um
III. os deputados classistas passaram a ser a maioria na câmara dos deputados discurso ultra-direitista.
IV. a constituição fixou a eleição indireta, pela assembleia, do presidente da república. (C) propor a intervenção do estado nos sindicatos; e por combater a luta de classe e adotar
um dicurso ultra-direitista.
(A) Somente a I está correta. (D) Apoiar a ideia de uma revolução socialista no Brasil; por defender abertamente a
(B) Somente a II e a IV estão corretas. Alemanha Nazista e o projeto racista de Adolf Hitler.
(C) Somente a III e a IV estão corretas. (E) Dar Continuidade ao ideário do Movimento Tenentista dos anos 20; por defender os
(D) Somente a I, II e a III estão corretas. princípios do movimento artístico modernista de 1922.
(E) Todas estão corretas.

02. (EsFCEx - 2006) Os Anos Trinta do século XX, vividos integralmente dentro da Era Vargas,
foram marcados por disputas ideológicas, por propostas revolucionárias e pelo desenvolvimento
de regimes centralizadores e autoritários. Fatores políticos garantiram a polarização das
ideologias políticas durante este período, opondo:

(A) os socialistas-trotskistas, líderes do movimento operário em toda a Primeira República, ao


Partido Socialista Brasileiro, de tendência revolucionária bolchevista.
(B) a Aliança Nacional Libertadora, que lutava pela instalação de um governo popular
revolucionário, à Ação Integralista Brasileira, partido político simpatizante do fascismo.
(C) os Caifazes Radicais, defensores da igualdade racial entre negros e brancos, situado no
Rio de Janeiro, aos partidários do fascismo franquista espanhol, de tendência racista e
autoritária.
(D) os constitucionalistas paulistas, que haviam combatido na Revolução de 1932, aos
trabalhistas defensores de Getúlio Vargas.
(E) os tenentistas, que defendiam a moralização do processo eleitoral, à social-democracia,
representada pelo Partido Democrático de São Paulo.

Curso Preparatório Cidade | Tópico 3.9 – O Governo Constitucional 339


Tópico 3.10 – O Estado Novo (1937-1945) – populismo e intervenção do Figura 63: Humor de J. Carlos à Figura 64: Getúlio Vargas comunica ao país a
Estado na economia atuação de Getúlio na sucessão instauração do Estado Novo no Rio de Janeiro. 10 de
presidencial. Rio, 1937 novembro de 1937.

Comentário

Em 1937 foi instaurada no Brasil uma ditadura inspirada no modelo totalitário.

É importante perceber que esse sistema de governo conviveu com índices elevados de
satisfação popular. E isso se deveu a força que o Estado tinha na vida do país.

O processo de centralização política começou em 1930 e em 1937 atingiu o ápice. O


Estado Novo foi feito para durar muito tempo. Foram as contradições criadas pela
participação do Brasil na Segunda Guerra que determinaram o fim do Estado Novo.

A Era Vargas é a inauguração do Brasil moderno. Vargas e Prestes foram os principais Crédito: Biblioteca Nacional - Revista da
Semana (dez./1935) Fonte: CPDOC/FGV.
nomes da história republicana brasileira. Vargas venceu Prestes e sua sombra ainda
paira na vida política brasileira.
Com a comoção popular causada pelo Plano Cohen, com a instabilidade política gerada pela
Sobre o assunto leia o texto a seguir. Intentona Comunista, com o receio de novas revoluções comunistas e com os seguidos estados de
sítios, foi sem resistência que Getúlio Vargas deu um golpe de estado e instaurou uma ditadura em
Bons estudos! 10 de novembro de 1937, através de um pronunciamento transmitido por rádio a todo o país.

O último grande obstáculo que Vargas enfrentou para dar o golpe de estado foi do bem armado e
imprevisível interventor no Rio Grande do Sul, Flores da Cunha, mas este não resistiu ao cerco de
O ESTADO NOVO (1937-1945): POPULISMO E INTERVENÇÃO DO ESTADO NA Getúlio e se refugiou no Uruguai, antes do golpe do Estado Novo (1937).
ECONOMIA
Essa ditadura recebeu o nome de Estado Novo, (nome tirado da ditadura de António de Oliveira
Salazar em Portugal), e durou até 29 de outubro de 1945, quando Getúlio foi deposto pelas Forças
Em 1937, quando se aguardavam as eleições presidenciais marcadas para janeiro de 1938, a serem Armadas.
disputadas por José Américo de Almeida e Armando de Sales Oliveira, foi denunciada pelo governo
a existência de um suposto plano comunista para tomada do poder. Getúlio Vargas determinou o fechamento do Congresso Nacional e extinção dos partidos políticos.
Ele outorgou uma nova constituição, que lhe conferia o controle total do poder executivo e lhe
Este plano ficou conhecido como Plano Cohen, e depois se descobriu ter sido forjado por um permitia nomear interventores nos estados e previa um novo Legislativo, porém nunca se
adepto do integralismo, o capitão Olympio Mourão Filho, o mesmo que daria início ao movimento realizaram eleições no Estado Novo.
de derrubada do presidente João Goulart, em 1964.
Esta constituição, apelidada de "Polaca", (denominação usada para mostrar que a Constituição
Brasileira de 1937 foi amplamente influenciada pela Constituição autoritária da Polônia e,
depreciativamente, o nome de uma zona de baixo meretrício no Rio de Janeiro), na prática não
vigorou, pois Getúlio governou durante todo o Estado Novo por decreto-lei e nunca convocou o
plebiscito previsto na Constituição de 1937.

340 Tópico 3.10 – O Estado Novo (1937-1945) – populismo e intervenção do Estado na economia | Curso Preparatório Cidade
Na versão de Francisco Campos que redigiu a "Polaca", esse foi o erro de Getúlio no Estado Novo: O conceito de populismo é muito discutido na ciência política. Aqui, não
não ter instalado o Poder Legislativo, nem ter se legitimado pelo voto em plebiscito. podendo apresentar essa discussão, diremos apenas que o populismo
resulta da convergência entre, de um lado, uma insatisfação popular
Como Francisco Campos afirmou que começara a redigir a nova constituição em 1936, suspeita-se difusa e politicamente impotente e, de outro lado, uma ação deliberada de
que a decisão de dar um golpe de estado foi tomada logo depois da Intentona Comunista em partidos políticos e do Estado de apoiar-se nessa insatisfação e dirigi-la
novembro de 1935. para um objetivo político que é definido sem a participação popular. O
Estado define uma direção política para essa insatisfação popular difusa,
Alguns escritores como Monteiro Lobato foram presos. No seu caso, o mesmo foi preso por ter dirigindo “do alto” os trabalhadores desorganizados. A relação direta do
enviado uma carta à Getúlio criticando a sua política em relação ao petróleo brasileiro. Monteiro político populista com a massa desorganizada é o aspecto formal mais
Lobato queria que o governo explorasse esse recurso natural para o desenvolvimento do País. O saliente desse fenômeno político.
governo, por sua vez, nada fazia, em parte em virtude das pressões das grandes companhias
estrangeiras, que, interessadas em continuar vendendo petróleo ao Brasil, insistiam em afirmar que JÚNIOR,Armando Boito.Vargas e a herança populista. In:
aqui não existia petróleo. As pressões populares, no entanto, acabaram levando ao próprio Vargas http://www.unicamp.br/unicamp/unicamp_hoje/ju/agosto2004/ju263pag02.html
a criar, mais tarde, em seu segundo mandato, a Petrobrás (1953).

O único protesto armado contra a instalação do Estado Novo ocorreu em 11 de maio de 1938. Os
integralistas, insatisfeitos com o fechamento da AIB, invadiram o Palácio Guanabara, numa Entre 1937 e 1945, Getúlio Vargas deu continuidade à reestruturação do estado e
tentativa de deposição de Getúlio Vargas. profissionalização do serviço público, criando o DASP (Departamento Administrativo do Serviço
Público) e o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Aboliu os impostos nas fronteiras
Figura 65: Cartaz de propaganda da Ação Esse episódio ficou conhecido como interestaduais e modernizou e ampliou o imposto de renda.
Integralista Brasileira (AIB). Levante Integralista e levou Getúlio a criar
uma guarda pessoal, apelidada depois de Orientou-se cada vez mais para a intervenção estatal na economia e para o nacionalismo
"Guarda Negra". econômico, e provocou um forte impulso à industrialização.

Uma série de medidas fizeram-se Adotou a centralização administrativa como marca para criar uma burocracia estatal ampliada e
necessárias para Getúlio se fortalecer no profissionalizada, até então inexistente. Um exemplo disto, é que o número de leis, decretos e
poder: 1- Nomeação de interventores de decretos-lei baixados por Getúlio Vargas é muito maior que o número de todos os diplomas legais
estrita confiança para governarem os baixados na República Velha.
estados e que fossem bem relacionados em
seus estados; 2- Eliminação dos tenentes Foram criados, nesse período, O Ministério da Aeronáutica e o CNP (Conselho Nacional do Petróleo)
de 1930 como força política relevante e que depois daria origem à Petrobrás em 1953.
acima da hierarquia militar; 3- Disciplina e
Foram criadas ainda a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), a Companhia Vale do Rio Doce, a
profissionalização das forças armadas; 4-
Companhia Hidrelétrica do São Francisco e a Fábrica Nacional de Motores (FNM), dentre outros.
Censura aos meios de comunicação
realizada pelo Departamento de Imprensa e
Foi criada uma nova moeda nacional, o cruzeiro. Foi feita uma reforma ortográfica, em 1943,
Fonte: Arquivo Nacional - Polícias Políticas. Propaganda (DIP), o qual também fazia
simplificando a grafia da língua portuguesa.
ampla propaganda do Estado Novo, e; 5-
Editou o Código Penal e o Código de Processo Penal e a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT),
Desarmamento das polícias estaduais, que passaram a ter somente armas leves. Tais medidas todos até hoje em vigor.
consolidaram o domínio de Vargas sobre o Estado brasileiro e as massas urbanas, a partir de uma
estratégia política conhecida pela expressão populismo. Segundo o professor Armando Brito Jr.

Curso Preparatório Cidade | Tópico 3.10 – O Estado Novo (1937-1945) – populismo e intervenção do Estado na economia 341
Figura 66: Carteira de Trabalho de Getúlio Vargas Logo em seguida, ainda em 1942, submarinos "alemães" atacaram navios mercantes brasileiros,
pondo um fim à neutralidade brasileira. Após estes ataques, Getúlio declarou guerra à Alemanha e
à Itália.

Brasil e Estados Unidos assinaram um


Figura 67: Manifestação contra o acordo pelo qual o governo norte-
afundamento de navios brasileiros pelos americano se comprometeu a financiar a
alemães. Rio, 1942. construção da primeira usina siderúrgica
brasileira em Volta Redonda, estado do Rio
de Janeiro, em troca da permissão para a
instalação de bases militares e aeroportos
no Nordeste e em Fernando de Noronha.

A construção da Companhia Siderúrgica


Nacional representou importante passo na
Crédito: CPDOC/FGV - Arquivo CFa
política de substituição de importações,
conduzida por Getúlio Vargas.
Créditos: Museu da República - Acervo e Arquivo Nacional - Empresa Brasileira de Notícias

A economia brasileira começaria a seguir, ainda que de forma lenta, um novo rumo: o da
independência econômica com relação ao modelo agroexportador, até então predominante.
Vargas criou a carteira de trabalho, a Justiça do Trabalho, o salário mínimo, a estabilidade do
emprego depois de dez anos de serviço (revogada em 1965) e o descanso semanal remunerado.

Regulamentou o trabalho dos menores de idade, da mulher e o trabalho noturno. Fixou a jornada Segundo Francisco Luiz Corsi
de trabalho em oito horas diárias de serviço e ampliou o direito à aposentadoria a todos os
trabalhadores urbanos. Vargas oscilou entre um desenvolvimento autônomo e um
desenvolvimento associado ao capital estrangeiro. Julgava ser possível
Durante o Estado Novo, deu-se a rápida e eficiente colonização e povoamento do Norte do Paraná desenvolver o Brasil, mudar sua inserção na economia mundial, garantir a
por empresas privadas de colonização, e foram criados territórios federais nas fronteiras, para o soberania nacional e conseguir um papel de destaque na América Latina,
desenvolvimento do interior do Brasil, ainda praticamente despovoado. contando para tanto com o financiamento externo. Com essas metas, o
projeto de Vargas encontrou crescentes dificuldades para se concretizar
Com o início da Segunda Guerra Mundial, em setembro de 1939, Getúlio Vargas manteve um
em um contexto em que os EUA firmavam-se como grande potência.
posicionamento neutro até 1941.
Apesar disso, as decisões adotadas no período foram de grande
importância para os rumos da economia brasileira das décadas seguintes.
No início de 1942, durante a conferência dos países sul-americanos no Rio de Janeiro, estes países
decidiram, a contragosto de Getúlio (este, um simpatizante das ideias fascistas, vendo que seu
CORSI,Francisco. O longo caminho da industrialização. História Viva: grandes temas,São
modelo político foi amplamente influenciado por essa doutrina autoritária), condenar os ataques
Paulo, nº 4, p.29.
japoneses aos Estados Unidos da América e romper relações diplomáticas com a Alemanha, a Itália
e o Japão. Os problemas econômicos e sociais dos primeiros anos do Estado Novo
eram de modo geral, os mesmos da fase anterior (...). As medidas para
resolvê-los foram intensificadas, implicando em maior participação do

342 Tópico 3.10 – O Estado Novo (1937-1945) – populismo e intervenção do Estado na economia | Curso Preparatório Cidade
Estado, e se alteraram quanto à forma, agora monolítica, de sua Os norte-americanos precisavam muito de borracha, pois não tinham mais a borracha da Ásia.
aplicação. Uma delas, das mais drásticas, foi o congelamento das dívidas Então houve, no Brasil, uma grande migração de nordestinos para a Amazônia para extrair o látex
externas, determinada pelo enorme déficit da balança de pagamentos, da borracha, ("o soldado da borracha"), que mudou a história da região.
conseqüência, por sua vez, da redução das exportações e dos preços do
café. Aquela decisão quebrava as promessas feitas por Osvaldo Aranha em Em 28 de janeiro de 1943, Vargas e Franklin Delano Roosevelt (Presidente dos EUA) participaram
1934 ao governo americano, porta-voz de nossos principais credores e da Conferência de Natal, onde ocorreram os primeiros acordos que resultaram na criação, em
seria mantida até 1940, desautorizando mais uma vez, em 1939, o novembro, da Força Expedicionária Brasileira (FEB).
embaixador brasileiro em Washington. (...) A Intervenção do Estado na
economia se intensificou ainda mais, pelo estímulo à diversificação da O símbolo da FEB era a "cobra fumando" pois Getúlio havia dito: -"É mais fácil uma cobra fumar do
produção agrícola, aproveitando-se culturas já existentes e em que o Brasil entrar na Guerra."
desenvolvimento. Foram criadas autarquias especiais, os Institutos do
Os pracinhas da FEB, um total de 25.000 homens, foram enviados, a partir de julho de 1944, para
Açúcar e do Álcool, do Mate, do Pinho, com múltiplas atribuições:
combater na Itália. Entre os pracinhas, havia oito estudantes de Direito da Universidade de São
financiamentos, experimentação e divulgação de técnicas mais
Paulo, participantes de manifestações pacíficas de oposição a Getúlio, como a Passeata do Silêncio,
aperfeiçoadas de cultivo. Por um processo espontâneo, o plantio de
em que desfilaram com mordaças negras para simbolizar a falta de liberdade de expressão. "Fomos
algodão se expandira, sobretudo do Estado de São Paulo atraindo capitais
convocados por castigo - como se pudesse ser um castigo servir ao Brasil!", escreveu um desses
antes investidos no setor do café: esse crescimento era devido apenas em
estudantes, Geraldo Vidigal, no livro O Aprendiz de Liberdade - Do Centro XI de Agosto à Segunda
parte ao aumento das exportações daquele produto para a Alemanha e o
Guerra Mundial. A função desses estudantes na guerra: desarmar minas terrestres antes que os
Japão, necessitados de matérias-primas, em virtude de sua participação
tanques passassem. Dos soldados enviados para combater na Europa, 450 não voltaram.
na guerra. (...) A diversificação da produção agrícola, em parte estimulada
pelo governo, tem outro fator dinâmico a explicar-lhe a eficácia. O esforço
Em 1943 ocorre o primeiro protesto
da guerra em que estavam envolvidos os países produtores de bens Figura 68: Embarque de tropas da FEB organizado contra o Estado Novo, em Minas
manufaturados reduzira a oferta desses bens de 40%, o que potenciou o para a Itália. Rio, 1944 Gerais, chamado “Manifesto dos Mineiros”,
processo de substituição de importações, através do desenvolvimento das
redigido e assinado por advogados
indústrias locais. Elas se beneficiavam assim de uma nova forma de
mineiros, muitos dos quais se tornariam
protecionismo conjuntural. Por volta de 1940, a capacidade produtiva
influentes juristas e políticos importantes da
ligada ao mercado interno estava sendo intensamente utilizada. Ora, o
UDN.
surto industrial implicaria numa absorção cada vez mais intensa das
matérias-primas, entre elas o algodão, produzidas na agricultura. De
Um ferrenho opositor do Estado Novo, foi
resto, o mercado consumidor crescia com o processo de urbanização,
Monteiro Lobato que chegou a ser preso e
aumentando a procura generalizada de produtos agrícolas. Finalmente,
acusava Getúlio de não deixar os brasileiros
uma das primeiras medidas tomadas pelo Estado Novo – a abolição ainda
procurarem petróleo livremente. Com a
em 1937 das taxas interestaduais de exportação – integrando os setores
aproximação do término da Segunda
rurais e urbanos, contribuiu para o desenvolvimento de um mercado
Guerra Mundial, em 1945, as pressões em
realmente nacional.
prol da redemocratização ficam mais fortes.
SOLA,Lourdes.O gole de 37 e o Estado Novo.in.: MOTA,Carlos Guilherme (org) .Brasil em
perspectiva.Rio de Janeiro: Difel, p.269-270. A entrevista, em 1945, de José Américo de
Crédito: Arquivo Nacional - Empresa Brasileira de Almeida a Carlos Lacerda marca o fim da
Notícias censura à imprensa no Estado Novo.

Curso Preparatório Cidade | Tópico 3.10 – O Estado Novo (1937-1945) – populismo e intervenção do Estado na economia 343
Apesar de algumas medidas tomadas, como a definição de uma data para as eleições (2 de e o começo da derrota germânica na Europa tiveram peso decisivo na
dezembro), a anistia, a liberdade de organização partidária, e o compromisso de fazer eleger uma guinada que a nossa política interna sofreu então. A neutralidade, com
nova Assembleia Constituinte. certa simpatia pelas forças do Eixo, transformou-se num antinazismo
decidido e o país foi cada vez mais abandonando a neutralidade. Em 1942,
Surge, então, liderado pelo empresário Hugo Borghi, o "Queremismo" com os lemas: "Queremos culminando com este processo, o Brasil, sob impacto de intenso clima
Getúlio" e "Constituinte com Getúlio", mas isto não ocorreu. emocional, declarou guerra à Alemanha. A participação de nosso país na
conflagração européia teve seu momento mais alto com o envio de uma
força expedicionária para a Itália e ela colocou em evidência a
Figura 69: Manifestação "queremista" Getúlio Vargas foi deposto em 29 de contradição entre a política externa e a realidade interna do regime: como
em frente ao Palácio Guanabara. Rio, outubro de 1945, por um movimento militar seria possível, a partir de então, sustentar o Estado Novo com os soldados
1945. liderado por generais que compunham seu brasileiros morrendo no Velho Mundo em defesa da liberdade? (...). A
próprio ministério, renunciando participação do Brasil na II Guerra Mundial foi fundamental para reativar
formalmente ao cargo de presidente. o movimento político que o golpe de 1937 liquidara. Em 1943, o
“Manifesto dos Mineiros” reclamou contra a falta de liberdade no país,
O pretexto para o golpe foi a nomeação de enquanto, simultaneamente, aumentava a pressão americana em favor da
um irmão de Getúlio para Chefe de Polícia redemocratização. (...) O ano da reabertura política foi 1945. A censura
no Rio de Janeiro. desapareceu quase que bruscamente depois de uma entrevista ousada de
Crédito: Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro - R 5213 José Américo de Almeida, cuja publicação não foi possível impedir. Além
Getúlio foi substituído pelo presidente do
P.570 disso, Getúlio foi constrangido a marcar eleições para a presidência e para
Supremo Tribunal Federal, porque na uma Assembleia Constituinte. Surgiram então novos partidos políticos: a
Constituição de 1937 não existia a figura do vice-presidente. E este presidente interino, José UDN ou União Democrática Nacional, partido da burguesia financeira
Linhares, ficou três meses no cargo até passar o poder ao presidente eleito em 2 de dezembro de urbana, ligada ao capital estrangeiro e herdeira do velho capitalismo
1945, Eurico Gaspar Dutra. liberal, o PSD ou Partido Social Democrático, aglutinador das velhas
oligarquias agrárias, e o PTB ou Partido Trabalhista Brasileiro, criado por
O Brasil não pôde, evidentemente, manter-se omisso por ocasião da II
Vargas e representativo do nacionalismo econômico e das massas
Guerra Mundial, visto que as contingências que haviam levado à
operárias citadinas. (...) Esses partidos e mais outros menores que
hecatombe estavam presentes em nosso país através de um modelo
apareceram inclusive o Partido Comunista Brasileiro, que voltou a
especial de fascismo sem base partidária. No começo da guerra, as
conhecer um fugaz momento de legalidade, ajudaram a fazer daquele ano
vitórias alemãs incentivaram o grupo fascista interno a se manifestar
de 1945 um efervescente caldeirão de idéias e conflitos. De sua parte,
simpaticamente em relação ao Eixo e o próprio Vargas sentiu-se bastante
Getúlio Vargas, ao mesmo tempo em que prometia deixar o poder,
respaldado para fazer um discurso discretamente favorável ao nazismo,
incentivava o “Movimento Queremista”, favorável à sua continuação no
quando das comemorações da Batalha do Riachuelo, em 1940, se bem que
cargo, e buscava ampliar suas bases populares para se manter. (...) A
tal discurso não fosse tão discreto a ponto de não gerar mal-estar nos
queda de Getúlio Vargas e o subsequente “exílio” em São Borja
Estados Unidos, já então se inclinando para a Inglaterra. (...) Getúlio
resultaram imediatamente de sua decisão de fazer do irmão, Benjamin
Vargas, porém, não era ingênuo a ponto de se ligar, ostensivamente à
Vargas, o chefe de polícia do Distrito Federal, o que desagradou
Alemanha, quando isso incomodava o poderoso vizinho do norte. Vargas,
profundamente Góes Monteiro. O ato de força do Exército serviu para
no fundo, estava jogando com as rivalidades interimperialistas com vistas
elevar o prestígio das Forças Armadas como elemento arbitral na política
a obter recursos para a construção da Usina de Volta Redonda, recursos
brasileira. (...) O reforço da posição das Forças Armadas e a intensificação
que, como já vimos, acabaram vindos dos Estados Unidos. (...) A mudança
da penetração do imperialismo americano em nosso país, depois da II
de posição do Brasil em face do Eixo ocorreu durante os anos de
Guerra Mundial, impuseram um alcance limitado à subseqüente
1941/1942. A ajuda americana na construção da Usina de Volta Redonda

344 Tópico 3.10 – O Estado Novo (1937-1945) – populismo e intervenção do Estado na economia | Curso Preparatório Cidade
redemocratização. Pode-se dizer que a queda do Estado Novo foi tramada Supunha-se sepultado um modelo econômico que tinha como principal ator o intervencionismo do
com o fito de preservar o que havia de reacionário e suprimir o que havia Estado, como atração política o paternalismo de cooptação e como modelo social a previdência
de progressista no regime vigente. O governo Dutra, que sucedeu Getúlio pública e a legislação trabalhista.
Vargas, foi a continuação da máquina política e administrativa varguista,
apenas que sem o comando do líder máximo e sem as tendências (NOGUEIRA, Octaciano. "Jornal da Tarde", 11/11/1998.)

nacionalistas.
Embora a citação acima apresente a legislação trabalhista de Getúlio Vargas como parte de um
LOPES,Luiz Roberto.História do Brasil Contemporâneo.Porto Alegre: Mercado ultrapassado modelo econômico, é possível apontar aspectos que, no sentido contrário, revelem o
Aberto,2000, p.96-98. significado da contribuição trazida pela Consolidação das Leis do Trabalho - CLT - para as relações
de trabalho.
Getúlio foi um dos casos únicos no mundo de um ditador afastado do poder sem sofrer nenhuma
punição (nem mesmo o exílio que impusera ao presidente Washington Luís, ao depô-lo), e sem ter Um aspecto dessa contribuição está indicado em:
os direitos políticos cassados. Getúlio Vargas retirou-se à sua estância em São Borja, no Rio Grande
do Sul. (A) manutenção da ação sindical e de direitos trabalhistas durante a ditadura militar.
(B) estabelecimento da pluralidade sindical e de partidos trabalhistas durante o Estado Novo.
Apoiou a candidatura do general Eurico Gaspar Dutra, seu ex-ministro da Guerra (hoje "Comando (C) criação de normas legais para os aumentos salariais reais e do gatilho salarial durante o
do Exército") durante todo o Estado Novo, à presidência da República. Dutra venceu a eleição. governo Sarney.
(D) instituição do estatuto político dos trabalhadores e do Tribunal Superior do Trabalho
Na formação da Assembleia Nacional Constituinte de 1946, Getúlio Vargas foi eleito senador por
durante o segundo governo Vargas.
dois Estados: Rio Grande do Sul e São Paulo, pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). Getúlio
participou muito pouco da Constituinte e foi o único parlamentar a não assinar a Constituição de
1946. Assumiu seu cargo no Senado Federal como representante gaúcho, e exerceu o mandato de 02. (Uel) Considere os itens a seguir.
senador durante o período 1946-1949.
I. "(...) a liberalização das importações pelo governo fez com que as divisas acumuladas
Deixando o Senado, foi viver na sua estância (propriedade rural nos pampas) em São Borja, onde durante a Guerra Mundial fossem consumidas na importação de supérfluos (chicletes,
foi muito assediado por seus partidários para retornar à vida pública. automóveis, televisores - numa época em que não havia emissoras(...)."
II. "(...) em seu governo, criou-se a Polícia Política, que tinha como objetivo reprimir indivíduos
Acabou aceitando voltar à política e, já com 68 anos, percorreu o Brasil em campanha eleitoral, e grupos políticos que discordassem do regime."
prometendo que o povo subiria com ele as escadarias do Palácio do Catete. III. "(...) essa Lei apenas reafirmou o sentido geral da legislação trabalhista do governo (...): de
um lado garantia direitos individuais aos trabalhadores, de outro mantinha sob rígido
Uma síntese das dificuldades que Getúlio enfrentaria como candidato e como presidente é dada
controle suas associações de classes..."
pela frase do escritor, político e jornalista Carlos Lacerda que afirmou, a respeito de Getúlio: "Esse
IV. "(...) em linhas gerais, pode-se afirmar que o objetivo maior, implícito durante todo o
homem não pode se candidatar, se se candidatar não poderá ser eleito, se for eleito não poderá
governo (...), foi mudar o perfil econômico do país, de agroexportador para urbano-
tomar posse, se tomar posse não poderá governar".
industrial..."
V. "(...) sob a alegação de que as mobilizações trabalhistas e sindicais eram um sintoma da
penetração comunista no Brasil, o governo desencadeou uma violenta repressão, que
EXERCÍCIOS
resultou no fechamento do Movimento Unificado dos Trabalhadores, na intervenção em
sindicatos e prisão de vários líderes dos trabalhadores."
01. (Uerj) O FIM DE UMA ERA

Em seu discurso de despedida do Senado, em dezembro de 1994, o presidente Fernando Henrique


Cardoso anunciou o fim da Era Vargas, como um prenúncio das mudanças que estavam por vir.

Curso Preparatório Cidade | Tópico 3.10 – O Estado Novo (1937-1945) – populismo e intervenção do Estado na economia 345
O Estado Novo, estabelecido em 1937, após um golpe continuísta de Getúlio Vargas, inaugurou (E) retorno das oligarquias agrárias ao poder, restaurando-se a Federação nos mesmos
uma nova fase na história política brasileira. Assinale a alternativa que reúne corretamente os itens moldes da República Velha.
que identificam esse período.

05. (Faap) "Batemo-nos pelo Estado Integralista. Queremos a reabilitação do princípio de


(A) I e IV
autoridade, que esta se respeite e faça respeitar-se. Defendemos a família, a instituição
(B) II e V
fundamental cujos direitos mais sagrados são proscritos pela burguesia e pelo comunismo."
(C) I, II e V
(D) I, III e V
Este texto, pelas ideias que defende, é provável que tenha sido escrito por:
(E) II, III e IV

(A) Jorge Amado


03. (Pucsp) No Brasil, a CLT - Consolidação das Leis do Trabalho - foi criada pelo Decreto 5452, de (B) Carlos Drummond de Andrade
1943, em meio ao governo de Getúlio Vargas, para reunir e sistematizar as leis trabalhistas (C) Mário de Andrade
existentes no país. Tais leis representaram a: (D) Oswald de Andrade
(E) Plínio Salgado
(A) conquista evidente do movimento operário sindical e partidariamente organizado desde
1917, defensor de projetos socialistas e responsável pela ascensão de Vargas ao poder.
06. (Ufes) "Foi a ascensão das classes sociais urbanas, com a deposição do governo Washington
(B) participação do Estado como árbitro na mediação das relações entre patrões e
Luís, em 1930, que criou novas condições sociais e políticas para a conversão do Estado
trabalhadores de 1930 em diante, permitindo a Vargas propor a racionalização e a
Oligárquico em Estado Burguês. Esse foi o contexto em que o Governo Getúlio Vargas, nos
despolitização das reivindicações trabalhistas.
anos 1930-1945, passou a pôr em prática novas diretrizes políticas quanto às relações entre
(C) inspiração notadamente fascista, que orientou o Estado Novo desde sua implantação em
assalariados e empregadores".
1937, desviando Vargas das intenções nacionalistas presentes no início de seu governo.
(D) atuação controladora do Estado brasileiro sobre os sindicatos e associações de (Ianni, Octávio - ESTADO E PLANEJAMENTO ECONÔMICO NO BRASIL (1930 - 1970). Rio de
trabalhadores, permitindo a Vargas criar, a partir de 1934, o primeiro partido político de Janeiro: Civilização Brasileira, 1977, p. 34).
massas da história brasileira.
(E) pressão norte-americana, que se tornou mais clara após 1945, para que Vargas Conforme o texto, novas diretrizes políticas passaram a nortear o governo Vargas, especialmente
controlasse os grupos anárquicos e socialistas presentes nos movimentos operário e após 1937, quando foi decretado o Estado Novo, que intensificou a regulamentação das relações
camponês. entre as classes patronais e os trabalhadores, no processo de industrialização vivido pelo Brasil no
período posterior a 1930. O espírito dessa intervenção estatal se expressa na:

04. (Cesgranrio) O regime político conhecido como Estado Novo implantado por golpe do próprio (A) negação de práticas valorizadas pelo fascismo, como o corporativismo e a máquina de
Presidente Getúlio Vargas, em 1937, pode ser associado à(ao): propaganda.
(B) tentativa de aproximar a política trabalhista, cada vez mais, dos integralistas, com vistas a
(A) radicalização política do período representada pela Aliança Nacional Libertadora, de aliciar Plínio Salgado para a chefia do PTB.
orientação comunista e a Ação Integralista Brasileira, de orientação fascista. (C) busca da harmonia social caracterizada pelo fortalecimento do Estado, que passa a tutelar
(B) modernização econômica do país e seu conflito com as principais potências capitalistas do as divergências e conflitos baseados em interesses particularistas.
mundo, que tentavam lhe barrar o desenvolvimento. (D) valorização exclusiva dos trabalhadores nacionais, objetivando dar-lhes oportunidade de
(C) ascensão dos militares à direção dos principais órgãos públicos, porque já se delineava o alcançar o poder e assim fazer prevalecer sua ideologia, conforme legislação que previa
quadro da Segunda Guerra Mundial. expulsão dos judeus e outros estrangeiros, residentes no Brasil.
(D) democratização da sociedade brasileira em decorrência da ascensão de novos grupos (E) concessão do direito de greve aos trabalhadores e do de "lockout" aos empresários, com
sociais como os operários. o fim de dirimir conflitos trabalhistas.

346 Tópico 3.10 – O Estado Novo (1937-1945) – populismo e intervenção do Estado na economia | Curso Preparatório Cidade
07. (Fei) O Estado Novo, período que se seguiu ao golpe de Getúlio Vargas (10/11/1937 até (D) 1, 2 e 5;
29/10/1945) caracterizou-se: (E) 1, 3 e 4.

(A) pela centralização político-administrativa, eliminação da autonomia dos estados e extinção


10. (Puccamp) No Brasil, o PTB (Partido Trabalhista Brasileiro) que procurou arregimentar os
dos partidos políticos;
Sindicatos e os trabalhadores, e o PSD (Partido Social Democrático) que reunia os setores mais
(B) pela proliferação de partidos políticos, revogação da censura, descentralização político-
conservadores da sociedade foram criados:
administrativa;
(C) pelo apoio ao comunismo internacional;
(A) por decreto, durante a vigência do Regime controlado pelos militares.
(D) pelo movimento tenentista, reconhecimento dos partidos de esquerda e estabelecimento
(B) após a decretação da anistia política no final do Governo de João Figueiredo.
das eleições diretas;
(C) no período em que vigorou o Regime Parlamentarista após a renúncia de Jânio Quadros.
(E) pela formação de uma Assembleia Constituinte que votaria a Constituição de 1937,
(D) pelos trabalhadores, logo após o movimento popular pelas eleições diretas.
conhecida como a mais liberal da República.
(E) nos momentos finais do Estado Novo sob a inspiração direta de Getúlio Vargas.

08. (Fgv) Durante a maior parte do Estado Novo (1937-1945), a política externa brasileira pode ser
11. (Pucsp) - De que depende, porém, a realização de todos esses empreendimentos que tornarão
caracterizada por uma:
o Brasil forte, próspero e feliz?

(A) orientação pragmática frente aos Estados Unidos e à Alemanha nazista.


- Da manutenção da ordem interna e da cooperação do povo com o governo. Um grandioso futuro
(B) subordinação total aos interesses dos Blocos Soviéticos e Pan-Americano.
delineia-se diante de nós. Mas a realização dessas esplêndidas possibilidades só será possível se a
(C) orientação de dependência relativa com relação à Itália e ao Japão.
ordem interna não for alterada. Para isto, é imprescindível que, tanto as forças armadas como o
(D) subordinação integral aos Estados Unidos e à Europa aliada.
povo, num movimento de coesão patriótica em torno do Presidente da República, se disponham a
(E) orientação de alinhamento automático aos países da América Latina.
manter a ordem a todo o transe e a reprimir quaisquer tentativas de indisciplina e de oposição ao
Estado Novo, que é a própria expressão orgânica da Nação.
09. (Ufpe) Quais os fatos, entre os a seguir relacionados, que ocorreram durante o Estado Novo,
no governo de Getúlio Vargas? ("Catecismo Cívico do Brasil Novo". Rio de Janeiro, DNP, n° 43, citado por Lenharo, A SACRALIZAÇÃO DA POLÍTICA.
Campinas: Papirus/Unicamp, 1986, p.197.)

1. Os partidos políticos foram extintos e a imprensa escrita e falada foi controlada pelo DIP. O texto anterior, fragmento do Catecismo Cívico, lançado durante o Estado Novo (1937-1945),
2. O plano Cohen, forjado pelo governo Vargas, justificou uma intervenção armada no próprio demonstra:
governo.
3. A Semana de Arte Moderna revolucionou o mundo das Letras e das Artes Plásticas. (A) que o Estado Novo era um governo popular, de inspiração socialista, preocupado em
4. O Governo do Brasil assinou contrato com indústrias alemãs para a construção de usinas estabelecer, no Brasil, um Estado democrático, o que se expressa na ideia de cooperação
nucleares em Angra dos Reis. do povo com o governo.
5. A queima de café para controlar preços e regular a produção foi denominada de "cotas de (B) a preocupação, em 1937, de assegurar o controle militar do Brasil, iniciando uma fase
sacrifício." desenvolvimentista, manifesta na intenção de tornar o Brasil forte, próspero e feliz e
expressa na então participação brasileira na Segunda Guerra Mundial.
Estão corretos apenas os itens: (C) a busca, pelo Estado Novo, do apoio popular, através da identificação entre Nação e
Estado, o que facilita a repressão a qualquer oposição política ao regime.
(A) 1, 2, 3 e 4; (D) o papel centralizador exercido pela Igreja, tornando o Brasil completamente submisso às
(B) 2, 3, 4 e 5; determinações políticas e religiosas enviadas pelo Vaticano.
(C) 1, 3, 4 e 5;

Curso Preparatório Cidade | Tópico 3.10 – O Estado Novo (1937-1945) – populismo e intervenção do Estado na economia 347
(E) a posição destacada do Presidente da República, chefe político e religioso, conforme (B) por um clima de ampla liberdade pois o governo cortejava os intelectuais para obter o
determinado pela Constituição então vigente. apoio ao seu projeto nacional.
(C) pela indiferença, pois os intelectuais não tinham expressão e o governo se baseava nas
forças militares.
12. (Enem) A figura de Getúlio Vargas, como personagem histórica, é bastante polêmica, devido à
(D) pelo desinteresse com relação aos intelectuais, pois o governo se apoiava nos
complexidade e à magnitude de suas ações como presidente do Brasil durante um longo
trabalhadores sindicalizados.
período de quinze anos (1930-1945). Foram anos de grandes e importantes mudanças para o
(E) por uma política seletiva através da qual só os adversários frontais do regime foram
país e para o mundo. Pode-se perceber o destaque dado a Getúlio Vargas pelo simples fato de
reprimidos.
este período ser conhecido no Brasil como a "Era Vargas".

Entretanto, Vargas não é visto de forma favorável por todos. Se muitos o consideram como um 14. (Mackenzie) Dentre as causas que levaram ao fim do Estado Novo, instituído por Getúlio
fervoroso nacionalista, um progressista ativo e o "Pai dos Pobres", existem outros tantos que o Vargas, destacam-se:
definem como ditador oportunista, um intervencionista e amigo das elites.
(A) o atentado da Rua Toneleiros contra o líder de oposição, Carlos Lacerda, que levou
Considerando as colocações apresentadas, responda à questão seguinte, assinalando a alternativa Vargas ao suicídio.
correta: (B) a insatisfação popular contra Getúlio Vargas, expressa no movimento queremista, e a
privatização da Petrobrás.
Provavelmente você percebeu que as duas opiniões sobre Vargas são opostas, defendendo valores (C) a formação da Aliança Liberal e o Golpe Militar promovido pelo General Góes Monteiro.
praticamente antagônicos. As diferentes interpretações do papel de uma personalidade histórica (D) a aliança entre U.D.N. e militares contra o queremismo e o golpe militar que levou Vargas
podem ser explicadas, conforme uma das opções a seguir. Assinale-a. à renúncia.
(E) a recusa de Getúlio Vargas em sancionar a Lei Antitruste, aprovada pelo Congresso e o
(A) Um dos grupos está totalmente errado, uma vez que a permanência no poder depende de Golpe dos Tenentes.
ideias coerentes e de uma política contínua.
(B) O grupo que acusa Vargas de ser ditador está totalmente errado. Ele nunca teve uma
15. (Mackenzie) A Consolidação das Leis do Trabalho (C.L.T.), criada durante o Estado Novo por
orientação ideológica favorável aos regimes politicamente fechados e só tomou medidas
Getúlio Vargas, objetivava principalmente:
duras forçado pelas circunstâncias.
(C) Os dois grupos estão certos. Cada um mostra Vargas da forma que serve melhor aos seus
(A) garantir aos trabalhadores o descanso semanal remunerado, a existência de sindicatos e
interesses, pois ele foi um governante apático e fraco - um verdadeiro marionete nas
o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (F.G.T.S.).
mãos das elites da época.
(B) impor o controle estatal sobre os sindicatos e garantir, através das leis trabalhistas, a
(D) O grupo que defende Vargas como um autêntico nacionalista está totalmente enganado.
imagem de Vargas como o "pai dos pobres".
Poucas medidas nacionalizantes foram tomadas para iludir os brasileiros, devido à política
(C) contrapor-se à "Carta do Trabalho", de autoria fascista, que regia as relações capital-
populista do varguismo, e ele fazia tudo para agradar aos grupos estrangeiros.
trabalho no Brasil.
(E) Os dois grupos estão errados, por assumirem características parciais, e às vezes
(D) garantir o salário-mínimo, a independência sindical, o seguro desemprego e a conciliação
conjunturais, como sendo posturas definitivas e absolutas.
entre capital e trabalho.
(E) apresentar Vargas como o grande protetor dos trabalhadores, instituindo o seguro-
13. (Fuvest) A política cultural do Estado Novo com relação aos intelectuais caracterizou-se: desemprego, o F.G.T.S. e regulamentando a jornada de trabalho.

(A) pela repressão indiscriminada, por serem os intelectuais considerados adversários de


16. (Uece) "Meu chapéu de lado
regimes ditatoriais.
Tamanco arrastado

348 Tópico 3.10 – O Estado Novo (1937-1945) – populismo e intervenção do Estado na economia | Curso Preparatório Cidade
Lenço no pescoço 17. (Cesgranrio) A respeito da política desenvolvida no Brasil de 1937 a 1945, é INCORRETO
afirmar que o Estado Novo:
Navalha no bolso
(A) empreendeu uma política modernizadora e industrializante, que beneficiou os setores
Eu passo gingando industriais e capitalistas, sobretudo através do investimento estatal na criação de
indústrias de base.
Provoco e desafio
(B) obteve a adesão dos setores agrários, que se beneficiaram com a intervenção reguladora
do governo na criação de organismos de apoio e incentivo à agricultura e com a
Eu tenho orgulho
manutenção da estrutura agrária.
De ser tão vadio" (C) exerceu uma política paternalista em relação à classe operária, promovendo a legislação
trabalhista, enquanto permitia a representação das classes dominantes no Congresso
(Lenço no Pescoço, 1933) através dos partidos políticos.
(D) reprimiu o pluralismo e a autonomia sindicais do operariado e criou uma estrutura
"Quem trabalha é quem tem razão corporativista de controle, intervenção e atrelamento dos sindicatos oficiais ao Ministério
do Trabalho.
Eu digo e não tenho medo de errar
(E) centralizou e racionalizou a máquina administrativa através da criação do DASP
(Departamento de Administração e Serviço Público) e exerceu forte controle e censura
O bonde São Januário
aos meios de comunicação através do DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda).
Leva mais um operário
18. (Cesgranrio) Tendo em vista o processo de democratização iniciado em 1946 no Brasil, pode-se
Sou eu que vou trabalhar"
afirmar que foi o resultado:
(Bonde São Januário, 1940, com Ataulfo Alves)
(A) das pressões populares, especialmente de setores médios, identificados com a ideia de
Com base nas letras destas canções de Wilson Batista, assinale a alternativa que expressa um Estado centralizador;
corretamente uma das faces da política cultural no período do Estado Novo: (B) do ambiente internacional pós Segunda Guerra Mundial, favorecendo o aparecimento de
períodos de redemocratização oposto às formas autoritárias;
(A) o ambiente democrático do período getulista favorecia a livre manifestação artística e o (C) da liberdade partidária, da economia de mercado e da industrialização - alguns dos
governo não se preocupava com a proliferação da vadiagem nos grandes centros fatores que favoreceram a redemocratização dirigida por Getúlio Vargas;
urbanos. (D) da liberdade de imprensa, da autonomia sindical e das novas alianças políticas (UDN/PTB
(B) toda atividade cultural deveria ser autorizada e financiada pelo governo, o que garantiu a e PSD/PCB), criando um clima propício para o processo de democratização brasileiro;
livre manifestação artística de todos os segmentos sociais, desde os mais pobres até os (E) da reestruturação do Estado através da revisão de sua política industrial, associada à
mais ricos. construção de uma capital federal (Brasília).
(C) os órgãos governamentais divulgavam permanentemente as diretrizes para todas as
atividades culturais, não intervindo, porém, na criação artística nem na escolha dos temas 19. (Faap) "Mais uma vez, as forças e os interesses contra o povo coordenaram-se novamente e se
a serem abordados pelos artistas. desencadeiam sobre mim. Não me acusam, insultam; não me combatem, caluniam e não me
(D) através do DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda), o governo reprimia a dão o direito de defesa. Precisam sufocar a minha voz e impedir a minha ação, para que eu não
malandragem e estimulava a ideia de trabalho árduo como alavanca para o progresso continue a defender, como sempre defendi, o povo e principalmente os humildes. Sigo o
individual e coletivo. destino que me é imposto. Depois de decênios de domínio e espoliação dos grupos econômicos

Curso Preparatório Cidade | Tópico 3.10 – O Estado Novo (1937-1945) – populismo e intervenção do Estado na economia 349
e financeiros internacionais, fiz-me chefe de uma revolução e venci. Iniciei o trabalho de 02. (EsFCEx - 2001) Sobre a participação do Brasil na Segunda Guerra mundial, analise as
libertação e instaurei o regime de liberdade...". afirmativas abaixo:

Trecho extraído do(a): I. A Força Expedicionária Brasileira só foi empregada no Teatro de Operações da Europa após
o “Dia D”.
(A) Carta Testamento de Vargas II. Nas suas vitorias iniciais, em número de duas, a Força Expedicionária Brasileira esteve sob
(B) Documento Renúncia de Jânio Quadros o comando do General Zenóbio da Costa.
(C) Discurso de João Goulart já no exílio III. As tropas brasileiras que constituíram a Força Expedicionária Brasileira atuaram
(D) Documento Renúncia de Fernando Collor isoladamente, sem vinculação a nenhum corpo militar
(E) Documento Renúncia de Marechal Deodoro IV. “A Linha Gótica” dos Apeninos só pode ser ultrapassada com a entrada em cena dos
Pracinhas Brasileiros.

20. (Faap) Todos os fatos enunciados a seguir assinalaram o governo de Getúlio Vargas, exceto:
Com base na análise, assinale a alternativa correta.

(A) desenvolvimento econômico, caracterizado pela penetração intensa do capital estrangeiro.


(A) Somente I está correta.
(B) incorporação do proletariado urbano ao Estado, através dos sindicatos controlados pelo
(B) Somente II e IV estão corretas.
Ministério do Trabalho.
(C) Somente III e IV estão corretas.
(C) crescimento da participação do Estado nos setores fundamentais da economia nacional.
(D) Somente I, II e III estão corretas.
(D) modernização da máquina burocrática estatal (DASP, planejamentos econômicos,
(E) Todas estão corretas.
tecnocratas).
(E) estabelecimentos de censura à imprensa e de um amplo serviço de propaganda.
03. (EsFCEx - 2002) O Estado Novo no Brasil, época da ditadura Getuliana, pode ser caracterizado
como:
EXERCÍCIOS DE PROVA
(A) democrático e liberal.
(B) democrático e reacionário.
01. (EsFCEx - 2001) Analise, abaixo, as características do Estado Novo no Brasil: (C) repressivo e renovador.
(D) renovador e liberal.
I. Ter uma Constituição outorgada no período republicano. (E) repressivo e descentralizador.
II. Levar o País ao unitarismo político.
III. Estabelecer bandeira única para todo o País.
IV. Ser uma fase de franca democracia no Brasil. 04. (EsFCEx - 2003) Analise as afirmativas abaixo sobre a participação do Brasil na 2ª Guerra
Mundial:
Com base na análise, assinale a alternativa correta.
I. Entramos no conflito porque tivemos nossos navios torpedeados.
(A) Somente I está correta. II. Tomamos Monte Castelo em ação conjunta com os americanos.
(B) Somente II e IV estão corretas. III. A FEB capturou a 148ª Divisão de Infantaria Alemã.
(C) Somente III e IV estão corretas. IV. O Brasil não participou das discussões de paz no pós guerra.
(D) Somente I, II e III estão corretas.
(E) Todas estão corretas. Com base na análise, pode-se afirmar que:

350 Tópico 3.10 – O Estado Novo (1937-1945) – populismo e intervenção do Estado na economia | Curso Preparatório Cidade
Escolher uma resposta. (E) todas estão corretas.

(A) somente a I está correta.


08. (EsFCEx - 2006)
(B) somente a II e a IV estão corretas.
(C) somente a III e a IV estão corretas.
A 6 de outubro, foram ocupadas localidades de Coraglia e Fornacci. Esta última era de grande valor
(D) a I, a II e a III estão corretas.
estratégico, pois a fábrica de munições e acessórios para aviões “Catarozzo” nela se localizava; os
(E) todas estão corretas.
alemães fugiram com tal alvoroço, frente ao rápido ataque brasileiro, que a deixaram praticamente
intacta. No dia 17, ocupou-se Barga e os montes vizinhos, passando o Destacamento FEB a
05. (EsFCEx - 2004) Durante o Estado Novo de Getúlio Vargas encontramos a: ameaçar Castelnuovo, importante fortificação alemã da “Linha Gótica”. Nesse mesmo dia, o
Ministro da Guerra, General Eurico Gaspar Dutra, visitou a FEB e, durante sua estada, oficializou o
(A) decretação do estado de emergência. termo “A Cobra Fumou”, transformando essa expressão no símbolo da FEB, com um escudo
(B) plenitude da liberdade de imprensa. desenhado de forma apropriada. Antes da FEB partir para a Itália, dizia-se que era “mais fácil uma
(C) garantia da liberdade de reunião. cobra fumar do que a FEB embarcar”... pois bem, a “cobra” já havia “fumado”, para desencanto
(D) garantia de inviolabilidade de domicílio. dos descrentes!(...)
(E) realização do plebiscito nacional que referendou a constituição.
Na noite do dia 28, por três vezes tropas alemãs tentaram abrir caminho para o Norte na região de
Felegara, mas foram repelidos e retraíram-se para a região de Fornovo. No dia 29, a tropa
06. (EsFCEx - 2004) A implantação do Estado Novo no Brasil nos deu: brasileira apertou o cerco aos alemães em Fornovo, e, ao meio-dia, o comandante do 6º RI
intimou-os a renderem-se; recebeu a resposta que apenas após a consulta ao seus superiores
(A) maior federalismo republicano. poderiam responder à intimação.
(B) a Constituição de 1937, organizada por Francisco Campos.
(C) o fortalecimento do Senado e da Câmara dos Deputados. Encerrava-se aqui um glorioso capítulo na história do Brasil. País pacífico, que procura o
(D) maior autonomia política e administrativa nos estados. entendimento entre as Nações, foi forçado a entrar na guerra após ter sido atacado pelo Eixo.
(E) o grupo integralista como partido do estado. Soube, com muito esforço, enviar uma tropa para combater no Continente Europeu, contribuindo
para a vitória Aliada. Mal-treinada que era, de início, os “pracinhas” suplantaram as dificuldades e
demonstraram o valor do soldado brasileiro. Foram 239 dias de combate, nos quais a FEB perdeu
07. (EsFCEx - 2005) O pan-americanismo teve uma importância primordial na modificação da 465 homens. Seu sacrifício não foi em vão!
política externa brasileira com relação à Segunda Guerra Mundial. Analise as afirmativas abaixo
sobre a participação e os reflexos da Segunda Guerra no Brasil e, a seguir, marque a (Rudnei Dias da Cunha. 2001, In: A Força Expedicionária Brasileira e a Campanha na Itália, 1944-1945)
alternativa correta:
Com referência ao texto e aos seus conhecimentos acerca da participação brasileira na II Guerra
I. Na Conferência Consultiva do Panamá, em 1939, o Brasil teve que declarar neutralidade. Mundial, podemos afirmar:
II. Na reunião de Consulta do Rio de Janeiro, em meados de 1942, ficou decidido o
rompimento de relações diplomáticas com as nações do Eixo. (A) o comprometimento definitivo do Brasil à causa aliada trouxe a presença de tropas norte-
III. A participação do Brasil na Guerra ocorreu de forma simbólica e material, com o envio de americanas ao Norte e Nordeste do país, bem como o envio de material militar,
tropas à França com suprimentos e serviços médicos. inicialmente aeronaves de combate, a fim de auxiliar na patrulha anti-submarino,
proteção de comboios e, eventualmente, proteger contra um ataque alemão.
(A) somente a I está correta. (B) com o rompimento das relações diplomáticas, o Eixo passou a atacar navios mercantes
(B) somente a II e a III estão corretas. brasileiros. Esses ataques apenas se deram após a declaração oficial de guerra feita pelo
(C) somente a I e a III estão corretas. governo brasileiro.
(D) somente a I e a II estão corretas.

Curso Preparatório Cidade | Tópico 3.10 – O Estado Novo (1937-1945) – populismo e intervenção do Estado na economia 351
(C) como meio de reparação aos danos causados pelos ataques de submarinos alemães à significativa orientação ideológica.
navegação mercante brasileira, o governo Vargas tomou a posse de todas as ações da 3. ( ) Entre a política de arregimentação
bolsa de valores e saldos em conta bancária dos alemães aqui residentes. da classe trabalhadora implantou-se
(D) a FEB, ao chegar à Itália, passou a fazer parte do VIII Exército britânico composto por a Lei de Sindicalização, a partir da
brasileiros, britânicos, canadenses, indianos, norte-americanos, poloneses e sul-africanos. qual os sindicatos tornavam-se
Isso fez com que as forças armadas brasileiras perdessem totalmente a autonomia já que órgãos consultivos e de colaboração
nossos soldados só respondiam a ordens de oficiais ingleses. com governo.
(E) as tropas alemãs, às quais se agregavam algumas unidades fascistas italianas
conseguiram rechaçar todas as intervenções brasileiras durante o ano de 1944. (A) 1 - 3 - 2
(B) 2 - 1 - 3
(C) 2 - 3 - 1
09. (EsFCEx - 2007) Sobre o período da história brasileira que vai de 1937 a 1945, assinale a
(D) 3 - 2 - 1
alternativa incorreta.
(E) 3 - 1 - 2

(A) O período ficou conhecido como “Estado Novo” e funcionou sobre um regime de
autoritarismo e fechamento político. 11. (EsFCex – 2011) Sobre o Estado Novo, analise as afirmativas e assinale a resposta correta.
(B) Durante o referido período o presidente da República pôde governar usando de decretos-
leis, demonstrando a centralização do poder no executivo federal. I. A Constituição de 1937 teve como principal característica o predomínio do Poder Executivo
(C) O governo utilizou-se de órgãos de controle como o DIP e o DASP que auxiliavam, sobre as demais instâncias de Poder do Estado.
respectivamente, no controle administrativo dos estados da Federação e na censura aos II. Em relação ao operariado, o Estado Novo procurou anular a sua influência por meio de uma
meios de comunicação. política trabalhista que negava a luta de classes.
(D) O regime instaurado em 1937 contava com o apoio dos principais setores componentes III. O Estado Novo surgiu de um golpe forjado pela união ampla das elites econômicas com as
da economia nacional, a saber, as elites agrárias e urbanas, beneficiadas pelo político-militares.
nacionalismo econômico de Vargas.
(E) Getúlio Vargas foi o responsável por manter a “ordem” política do período, marcada pela (A) somente I é verdadeira
censura e opressão às oposições. (B) somente II é verdadeira
(C) somente III é verdadeira
(D) somente I e II são verdadeiras
10. (EsFCEx - 2008) Considerando a Era Vargas, relacione a coluna da direita com a da esquerda,
(E) somente I e III são verdadeiras
identificando as características e fatos que se referem ao Governo Provisório, o Período
Constitucional e ao Estado Novo e, a seguir, assinale a alternativa que contém a sequência
correta. 12. (EsFCEx 2012) A Constituição de 1937 fundou uma fase política que ficou conhecida como
Estado Novo. Assinale a única opção que reúne duas características políticas do período.
Períodos Características / Fatos
(A) Só o parlamento poderia elaborar leis - Suspensão das liberdades civis.
1. Governo Provisório 1. ( ) Foi criado o DIP e teve no rádio o (B) Dissolução dos órgãos parlamentares - Pleno funcionamento dos partidos políticos.
2. Período Constitucional grande instrumento de divulgação (C) Executivo legislava por decretos leis - Fortalecimento da repressão política.
3. Estado Novo das ações do Estado e da formação (D) Interventores nomeados pelo Presidente para o governo dos Estados - Interventores
da opnião pública. nomeavam os deputados estaduais.
2. ( ) Teve na ação da AIB e da ANL os (E) Funcionamento do parlamento - Plena atividade e liberdade partidária.
primeiros movimentos políticos de

352 Tópico 3.10 – O Estado Novo (1937-1945) – populismo e intervenção do Estado na economia | Curso Preparatório Cidade
Tópico 3.11 – A crise do governo Vargas A CRISE DO GOVERNO VARGAS

Comentário A política do Brasil pós-1945

O Brasil em 1945 ansiava por democracia. Os aliados foram os vitoriosos da Segunda Guerra
Caro estudante, Mundial venceram os regimes fascistas. Internamente, a Ditadura de Vargas acabava a 29 de
outubro. Tornando mais urgente, o restabelecimento da ordem democrática, através de eleições e
Avancemos um pouco mais.
aprovação de uma nova Constituição.
Nessa aula você estudará o período da história brasileira conhecido como "República
Populista" ou "Período Democrático". Trata-se de uma época precedida por uma
ditadura e findada pelo movimento militar de março de 1964. Governo Eurico Gaspar Dutra (1946-1951)

Nesse período o jogo democrático voltou ao Brasil. No entanto a inserção das massas
populares ocorreu via populismo. Figura 70: Com Paulo Baeta Neves, por ocasião da posse no Senado. Rio, 1946.

Foram cinco os principais presidentes brasileiros deste período.

Sobre o assunto leia o texto a seguir. Bons estudos!

Crédito: CPDOC/FGV - Arquivo GV (Carlos)

Foi eleito com o apoio do PTB (Partido Trabalhista Brasileiro) e do PSD (Partido Social
Democrático). O governo do presidente Dutra apoiou-se na maioria pedessista e trabalhista do
Congresso Nacional. Esse núcleo político de centro era justificado como defesa do governo contra
os excessos dos liberais da UDN e a ameaça vermelha do PCB. Defesa de uma política econômica
que se dizia não-intervencionista e se afastava dos compromissos nacionalistas, e defesa de uma

Curso Preparatório Cidade | Tópico 3.11 – A crise do governo Vargas 353


política externa de completo alinhamento com os Estados Unidos no contexto da guerra fria. De Governo Getúlio Vargas (1951-1954)
seu governo, podem ser ressaltados: a Pavimentação da Rodovia Rio-São Paulo; elaboração do
PLANO SALTE (Saúde, Alimentação, Transporte e Energia), visando a coordenação dos gastos Figura 71: Com Leonel Brizola (de terno Candidatando-se para a sucessão de Dutra,
públicos; gastos supérfluos, utilizando-se as divisas acumuladas durante a II Guerra. O PCB claro), Ernesto Dornelles e outros, na Vargas venceu facilmente seu principal
(Partido Comunista Brasileiro) foi declarado fora da lei, decorrente do rompimento das relações campanha para a presidência da oponente, o Brigadeiro Eduardo Gomes. A
diplomáticas com a União Soviética; promulgação da quarta Constituição da República. O governo República. Itaqui (RS), 1950. vitória de Getúlio Vargas nas eleições
Dutra, portanto, passou de uma posição inicial liberal- democrática, reflexo da redemocratização do presidenciais de 1950 não chegou a ser
pós-guerra, para uma posição liberal-conservadora no contexto da guerra fria, marcada por um uma surpresa. Mesmo recolhido no interior
alinhamento automático com os Estados Unidos. Tal posicionamento, contudo, seria novamente do Rio Grande do Sul nesses anos todos,
alterado com o retorno de Getúlio Vargas à cena política. A Constituinte iniciou seus trabalhos a 2 Vargas continuava a ser a grande figura da
de fevereiro de 1946. O PSD era amplamente majoritário, com 177 representantes, seguido pela política nacional, o grande líder de massas,
UDN com 87 representantes, o PTB com 24 e o PCB com 15. O que mais diferenciava a constituinte o “Pai dos Pobres”, lançado pelo PTB e
de 1946 das anteriores era o fato de que seus membros não representavam mais, como antes, as apoiado pelo PSP (Partido Social
elites regionais, mas partidos políticos organizados em âmbito nacional. Aprovada a 18 de Progressista), e por parte do PSD e do PCB.
Crédito: CPDOC/FGV - Arquivo GV
setembro de 1946, a nova Constituição é a quarta da República e a quinta da história brasileira. A
Constituição de 1946 reflete a conjuntura do fim do Estado Novo e a volta aos princípios liberais,
com maior equilíbrio entre os poderes do Estado. Porém Seu governo foi agitado politicamente, em virtude da violeta oposição liderada por Carlos
Lacerda, diretor do jornal TRIBUNA DA IMPRENSA.
Principais aspectos da Constituição de 1946
Principais aspectos do segundo governo de Vargas :
▪ Manutenção do regime presidencialista;
a) política de defesa dos interesses nacionais;
▪ Estado Federativo, pluralidade partidária;
b) criação da Petrobras com a Lei nº 2.004, de outubro de 1953
▪ eleições diretas, assegurando os direitos cívicos;
c) expansão da Siderúrgica de Volta Redonda;
▪ restauração dos três poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário);
d) Criação do Ministério da Saúde, 1953
▪ presidente com mandato de 5 anos;
e) Criação da Campanha Nacional de Aperfeiçoamento de Pessoal do Ensino Superior
(Capes), dirigida por Anísio Teixeira, 1951.

À medida que Vargas se aproximava das massas operárias, através do Ministro do Trabalho, João
Goulart espalhava boatos de um novo golpe. Os meios militares agitaram-se no sentido da renúncia
de Getúlio, que então suicida-se em agosto de 1954. Afirmando numa carta que não pode resistir
às pressões de poderosos grupos nacionais e estrangeiros, contrários à sua política de orientação
nacionalista.

O Plano Nacional de Reaparelhamento Econômico, também conhecido como Plano Lafer, nome do
ministro Horácio Lafer; programa de investimentos em setores da indústria de base, transportes e
serviços públicos a ser supervisionado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico
354 Tópico 3.11 – A crise do governo Vargas | Curso Preparatório Cidade
(BNDE), criado em 1951 O governo nacionalista de Getúlio Vargas começou a entrar em crise a No início da década de 1950, o governo promoveu várias medidas
partir de 1953, graças à disputa pelo monopólio estatal do petróleo intensificada pela campanha do destinadas a incentivar o desenvolvimento econômico, com ênfase na
“O petróleo é nosso!” e a tentativa do governo federal de controlar a remessa de lucros industrialização. Foram feitos investimentos públicos no sistema de
provocaram o rompimento com os liberais. A diretoria das empresas estrangeiras e com o governo transportes e de energia, com a abertura de um crédito externo de 300
Americano . Para defender-se das pressões internas e externas, Vargas recorre ao apoio das milhões de dólares. Tratou-se de ampliar a oferta de energia para o
massas. Mas os sindicatos também pressionam o governo e o empresariado por melhores salários e Nordeste e equacionou-se o problema do carvão nacional. Ocorreu
melhores condições de trabalho. também o reequipamento parcial da marinha mercante e do sistema
portuário. Em 1952, foi fundado o Banco Nacional de Desenvolvimento
O getulismo dos anos 50, de feição marcadamente populista, totalmente Econômico (BNDE) diretamente orientado para o propósito de acelerar o
diferente dos tempos do Estado Novo e retomando uma linha adotada em processo de diversificação industrial. (...). Ao mesmo tempo em que
1945, procurou uma sistemática aproximação com os trabalhadores. Em tratava de dinamizar a economia, o governo Vargas se via diante de um
1954, por exemplo, o aumento salarial chegou até 100%. (...) O principal problema com fortes repercussões sociais – o avanço da inflação. (...). A
problema econômico do novo período varguista consistiu em como manter pressão inflacionária decorreu de vários fatores. A forte alta dos preços
o ritmo de crescimento na indústria substitutiva, na medida em que se internacionais do café, em 1949, gerou um aumento da receita em divisas.
fazia necessário o avanço para etapas mais adiantadas como bens Convertidas em cruzeiros, essas divisas resultaram em aumento do
duráveis e bens intermediários (acessórios, produtos químicos, cimento, volume de moeda em circulação, estimulando a procura de bens e a
metalurgia, siderurgia, etc.) Por volta de 1945, os preços do café caíram e elevação de preços. Por outro lado, ao eclodir a Guerra da Coreia, o
o governo não pode mais apoiar o crescimento industrial com o artifício governo se endividou no exterior, financiando importações adicionais,
da importação seletiva, estabelecido na era Dutra, quando a conjuntura pois esperava-se um acentuado aumento de preços e dificuldades para as
internacional era favorável para acumular divisas. (...) Uma alternativa importações,em decorrência do conflito. Outro dado importante se
seria favorecer a entrada de capital estrangeiro. Entretanto, a encontra no fato de que a expansão industrial vinha sendo estimulada,
consequência política seria insustentável: Getúlio perderia todas as suas apesar dos estrangulamentos nas áreas de transporte e de energia,
bases de apoio popular, canalizada nos sindicatos. De mais a mais, o acarretando elevações de custos e de preço final dos produtos. Dada a
getulismo sempre estivera associado ao nacionalismo econômico. Em natureza dos investimentos de infraestrutura, as medidas tomadas pelo
vista disso, só restava ao governo a solução de ampliar o governo só produziram efeitos a médio e longo prazo. Ao mesmo temo, o
intervencionismo estatal. E foi exatamente dentro dessa política que se desenvolvimento industrial era incentivado pela concessão de crédito fácil
elaboraram o Plano Aranha, que estabeleceu um rígido controle sobre os ao setor privado por parte dos bancos oficiais, especialmente o Banco do
créditos fornecidos às indústrias e o monopólio governamental na compra Brasil, presidido por Ricardo Jafet. (...). Em outubro de 1953, a Instrução
e venda das divisas eventualmente acumuladas como os lucros do nº 70 da Superintendência da Moeda e do Crédito (SUMOC) introduziu o
comércio exterior, e o Plano Laffer, que postulou a obtenção de um chamado confisco cambial. A medida fixou um valor mais baixo para o
empréstimo de 1.000.000 de dólares a serem aplicados em setores dólar recebido pelos exportadores de café, ao ser convertido em cruzeiros.
básicos e carentes de capital. (...) As maiores consequências do Isso significa que o governo ficava com uma parte dos dólares obtidos
intervencionismo econômico do governo getulista, todavia, não estiveram pela exportação do café, com o objetivo de financiar projetos
ligadas ao planejamento econômico e sim à criação do BNDE (Banco considerados prioritários. (...). O confisco cambial foi uma medida do
Nacional de Desenvolvimento Econômico) e da PETROBRAS. O governo no sentido de deslocar receitas obtidas com a exportação do café
intervencionismo de Getúlio Vargas e especialmente a PETROBRAS para outros setores econômicos, especialmente a indústria. Provocou
provocara, como não podia deixar de ser, a radical oposição da UDN e dos seguidas reações do setor cafeeiro, que tentou realizar marchas de
grupos ligados ao capital internacional, tornado a questão do nosso protesto com conteúdo político, impedidas pelo Exército. Foram as
desenvolvimento, mais do que nunca, um problema político. chamadas marchas da produção, já no governo de Juscelino Kubitschek.
LOPEZ,Luiz Roberto.História do Brasil contemporâneo. Porto Alegre: Mercado Aberto,
2000, p.102-103. FAUSTO,Boris.História do Brasil.São Paulo:Edusp,2013,p.349-350.

Curso Preparatório Cidade | Tópico 3.11 – A crise do governo Vargas 355


O movimento sindical vai, adquirindo força e autonomia diante do populismo do governo. Já em Mais uma vez, as forças e os interesses contra o povo coordenaram- se novamente e se
1954, a campanha antigetulista vira conspiração. Políticos da UDN, jornalistas, empresários, desencadeiam sobre mim. Não me acusam, insultam; não me combatem, caluniam e não me dão o
conservadores, anticomunistas e defensores da aliança com os Estados Unidos, acusam Vargas de direito de defesa. Precisam sufocar a minha voz e impedir a minha ação, para que eu não continue
preparar uma “República Sindicalista” para manter-se no poder. Em 5 de agosto, o atentado contra a defender, como sempre defendi, o povo e principalmente os humildes. Sigo o destino que me é
o jornalista e político da UDN Carlos Lacerda, torna-se o pretexto oposicionista a radicalização. imposto. Depois de decênios de domínio e espoliação dos grupos econômicos e financeiros
Getúlio Vargas é responsabilizado pelo atentado, onde acabou morrendo o major Rubens Vaz, da internacionais, fiz-me chefe de uma revolução e venci. Iniciei o trabalho de libertação e instaurei o
Aeronáutica, que fazia segurança para Carlos Lacerda, Getúlio é pressionado a renunciar pela regime de liberdade social. Tive de renunciar. Voltei ao Governo nos braços do povo. A campanha
oposição política e militar. subterrânea dos grupos internacionais aliou-se à dos grupos nacionais revoltados contra o regime
de garantia do trabalho. A lei de lucros extraordinários foi detida no Congresso. Contra a justiça da
Figura 72: Manifestação contra Vargas por ocasião da missa de 7° dia do major Vaz. revisão do salário mínimo se desencadearam os ódios. Quis criar a liberdade nacional na
Rio, potencialização das nossas riquezas através da Petrobrás, mal começa esta a funcionar, a onda de
1954. agitação se avoluma. A Eletrobrás foi obstaculizada até o desespero. Não querem que o
trabalhador seja livre. Não querem que o povo seja independente. Assumi o Governo dentro da
espiral inflacionária que destruía os valores de trabalho. Os lucros das empresas estrangeiras
alcançaram até 500% ao ano. Na declaração de valores do que importávamos existiam fraudes
constatadas de mais de 100 milhões de dólares por ano. Veio a crise do café, valorizou-se o nosso
principal produto. Tentamos defender seu preço e a resposta foi uma violenta pressão sobre a
nossa economia a ponto de sermos obrigados a ceder. Tenho lutado mês a mês, dia a dia, hora a
hora, resistindo a uma pressão constante, incessante, tudo suportando em silêncio, tudo
esquecendo a mim mesmo, para defender o povo que agora se queda desamparado. Nada mais
vos posso dar a não ser meu sangue. Se as aves de rapina querem o sangue de alguém, querem
continuar sugando o povo brasileiro, eu ofereço em holocausto a minha vida. Escolho este meio de
estar sempre convosco. Quando vos humilharem, sentireis minha alma sofrendo ao vosso lado.
Quando a fome bater à vossa porta, sentireis em vosso peito a energia para a luta por vós e vossos
filhos. Quando vos vilipendiarem, sentireis no meu pensamento a força para a reação. Meu
sacrifício vos manterá unidos e meu nome será a vossa bandeira de luta. Cada gota de meu sangue
será uma chama imortal na vossa consciência e manterá a vibração sagrada para a resistência. Ao
ódio respondo com o perdão. E aos que pensam que me derrotaram respondo com a minha vitória.
Era escravo do povo e hoje me liberto para a vida eterna. Mas esse povo de quem fui escravo não
Crédito: Arquivo Nacional mais será escravo de ninguém. Meu sacrifício ficará para sempre em sua alma e meu sangue será o
preço do seu resgate. Lutei contra a espoliação do Brasil. Lutei contra a espoliação do povo. Tenho
lutado de peito aberto. O ódio, as infâmias, a calúnia não abateram meu ânimo. Eu vos dei a minha
vida. Agora ofereço a minha morte. Nada receio. Serenamente dou o primeiro passo no caminho da
As Forças Armadas, articuladas em torno da “República do Galeão”, pois a aeronáutica promoveu
eternidade e saio da vida para entrar na história.
um IPM (Inquérito Policial Militar) , para apurar a causa da morte do major Rubens Vaz , e o
Galeão é um aeroporto no Rio onde existem bases da aeronáutica. Impotente diante da situação, Getúlio Vargas
só restando a Getúlio, como seu último grande ato político, o suicídio na manhã de 24 de agosto.

A Carta-testamento de Getúlio Vargas

356 Tópico 3.11 – A crise do governo Vargas | Curso Preparatório Cidade


EXERCÍCIOS (E) eleição presidencial de 1955 definiu o fim da influência varguista, dado o apoio que os
sindicatos e as centrais operárias deram à candidatura de João Goulart à Presidência da
República.
01. Entre 1945 e 1964, liberdades democráticas foram vivenciadas no Brasil. Tais liberdades
trouxeram consequências para as práticas coronelísticas, tendo em vista que:
03. (Pucsp) "O suicídio de Vargas não interrompeu um possível golpe udenista, tanto que Café
(A) os coronéis consolidaram sua influência política nas cidades, aproveitando-se das Filho assumiu a Presidência da República e governou com um ministério conservador. A grande
populações rurais que, embora migrassem para as zonas urbanas, não se desligavam da derrota da direita, aí sim, foi em outubro de 1955, quando Juscelino Kubitschek venceu as
dependência em relação aos chefes políticos locais. eleições presidenciais em aliança com João Goulart. A crise de 1961 acabou fortalecendo a
(B) o coronelismo, que fora fortalecido durante a Era Vargas, sofreu um processo de democracia como valor fundamental da República."
enfraquecimento a partir de 1945, quando os governos populares passaram a adotar
Marco Antonio Vila. "Jango. Um perfil (1945-1964)". São Paulo: Globo, 2004, p. 240
políticas visando ao desenvolvimento das cidades.
(C) a autoridade política dos coronéis foi fortalecida após 1945, uma vez que as eleições, em A frase:
todos os municípios, eram manipuladas pelos militares que participaram do poder durante
a ditadura Vargas. (A) "O suicídio de Vargas não interrompeu um possível golpe udenista" indica que o autor
(D) a capacidade de coerção dos coronéis deixou de ser a principal fonte de conquista e acredita que o suicídio do Presidente, em agosto de 1954, não impediu a ascensão
manutenção do poder, porque o voto da população urbana tornou-se determinante na política da direita.
escolha dos governantes. (B) "A grande derrota da direita, aí sim, foi em outubro de 1955" indica que o autor acredita
que a vitória eleitoral de Juscelino Kubitschek tenha sido um histórico triunfo político dos
02. (Pucsp) "O suicídio de Vargas não interrompeu um possível golpe udenista, tanto que Café comunistas brasileiros.
Filho assumiu a Presidência da República e governou com um ministério conservador. A grande (C) "A crise de 1961 acabou fortalecendo a democracia como valor fundamental da
derrota da direita, aí sim, foi em outubro de 1955, quando Juscelino Kubitschek venceu as República" indica que o autor acredita que, após a renúncia de Jânio Quadros, o Brasil se
eleições presidenciais em aliança com João Goulart. A crise de 1961 acabou fortalecendo a tornou definitivamente uma democracia.
democracia como valor fundamental da República." (D) "Café Filho assumiu a Presidência da República e governou com um ministério
conservador" indica que o autor acredita que a direita conseguiu impor seu projeto de
Marco Antonio Vila. "Jango. Um perfil (1945-1964)". São Paulo: Globo, 2004, p. 240 governo de 1954 em diante.
(E) "Juscelino Kubitschek venceu as eleições presidenciais em aliança com João Goulart"
A partir dos vários episódios políticos relacionados pelo texto e de seus conhecimentos sobre o indica que o autor acredita que não havia, em 1955, qualquer risco para a continuidade
período 1945-1964, pode-se afirmar que a: da hegemonia política do varguismo.

(A) disputa entre direita e esquerda se expressava no confronto que opunha militares e
políticos da UDN (União Democrática Nacional) a partidários do PSD (Partido Social 04. (Fuvest) A(s) questão(ões) seguinte(s) é(são) composta(s) por três proposições I, II e III que
Democrático), as duas principais forças políticas da época. podem ser falsas ou verdadeiras. Examine-as identificando as verdadeiras e as falsas e em
(B) morte de Getúlio Vargas, ao contrário do que a história oficial conta, foi provocada por seguida marque a alternativa correta dentre as que se seguem:
uma ação conservadora de políticos ligados ao PTB (Partido Trabalhista Brasileiro).
(C) vitória eleitoral de Juscelino Kubitschek e João Goulart, políticos de esquerda, favoreceu a I. A crise de 1929 no Brasil acelerou o processo de substituição de importações.
imediata realização do golpe militar de direita que impediu a posse de JK e depôs Goulart II. Com o fim da Segunda Guerra e do Estado Novo, o setor industrial emergiu como a área
da Presidência em 1964. mais dinâmica da economia brasileira.
(D) renúncia de Jânio Quadros, em 1961, provocou uma profunda crise política e, apesar de III. O "desenvolvimentismo" - ao utilizar como estratégia a realização de investimentos diretos,
tentativas golpistas, negociações políticas asseguraram o respeito à Constituição e a financiados por meio de emissões monetárias - contribuiu para agravar o processo
posse do Vice-Presidente João Goulart. inflacionário.

Curso Preparatório Cidade | Tópico 3.11 – A crise do governo Vargas 357


(A) se todas as proposições forem verdadeiras. solo brasileiro. 5. ( ) Epitácio Pessoa
(B) se apenas forem verdadeiras as proposições I e II. 5. Pequenas rebeliões da FAB (Força Aérea Brasileira)
(C) se apenas forem verdadeiras as proposições I e III. em Aragarças e Jacareacanga. 6. ( ) Arthur Bernardes
(D) se apenas forem verdadeiras as proposições II e III. 6. Criação do Banco Central do Brasil e Decreto-Lei nº
(E) se todas as proposições foram falsas. 200, que criou a Reforma Administrativa:
administração direta e indireta.

05. (Uff) Segundo alguns especialistas, o populismo foi um fenômeno político ímpar na história
A sequência correta é:
recente do Brasil, sendo definido como manipulação das massas populares por líderes
carismáticos.
(A) 4 - 3 - 1 - 6 -2 -5
(B) 1 - 4 - 5 - 3 -2 -6
No entanto, há autores que consideram tal visão pouco elucidativa do fenômeno porque, em
(C) 2 - 3 - 6 - 4 -1 -5
verdade:
(D) 2 - 3 - 5 - 6 -4 -1
(E) 3 - 5 - 1 - 6 -4 –2
(A) O populismo teve vida efêmera na história política do país no século atual.
(B) O populismo não deve ser visto como a manipulação das massas urbanas e rurais no
Brasil recente. 08. (Unesp) O início da implantação da indústria de base liga-se à política nacionalista da era
(C) O populismo é um fenômeno político que permanece inalterado no processo eleitoral Vargas. As dificuldades externas, devido ao envolvimento dos países industrializados nas
brasileiro. guerras, contribuíram para que se consolidasse a política das substituições das importações.
(D) Populismo e pacto social são um mesmo fenômeno político. Dentre as realizações que marcaram o último governo de Getúlio Vargas (1951-1954), e que se
(E) O populismo implicou o reconhecimento da presença das massas no cenário político tornaram importantes para o desenvolvimento econômico do país, podemos citar:
nacional.
(A) a transferência da Capital Federal para Brasília.
(B) o programa de integração econômica da Amazônia, com a instalação do porto livre de
06. (Pucmg) O Populismo no Brasil, iniciado após a Revolução de 1930, termina com:
Manaus.
(C) o estabelecimento do monopólio da extração e da refinação do petróleo.
(A) a promulgação da Constituição Federal em 1946.
(D) a instalação da indústria automobilística no país.
(B) o suicídio de Getúlio Vargas em 1954.
(E) a criação do Banco Nacional de Habitação.
(C) a renúncia de Jânio Quadros em 1961.
(D) o movimento civil-militar em 1964.
09. (Unesp) A Segunda Guerra Mundial e as transformações subsequentes abalaram
profundamente o equilíbrio de poderes até então existente, abrindo caminho para uma nova
07. (Pucpr) Numere a coluna 1 de acordo com a coluna 2:
ordem político-econômica e militar, com evidentes implicações no Terceiro Mundo. Neste
contexto, a política externa do Governo Eurico Gaspar Dutra expressava:
1. Convênio de Taubaté - visando impedir o aviltamento do 1. ( ) Washington Luiz
preço do café.
(A) favorecimento ao bloco socialista.
2. (2) Revolução Paulista de 1924 e marcha pelo Brasil 2. ( ) Juscelino Kubitschek
(B) alinhamento à política norte-americana.
da coluna Prestes.
(C) postura neutralista.
3. (3) Depressão, crise de 1929 devido à quebra da 3. ( ) Rodrigues Alves
(D) visão terceiro-mundista de resistência ao imperialismo.
Bolsa de Nova Iorque.
(E) posição de defesa da autodeterminação latino-americana.
4. Centenário da Independência do Brasil e traslado dos 4. ( ) Castelo Branco
restos mortais de D. Pedro II e Teresa Cristina para o

358 Tópico 3.11 – A crise do governo Vargas | Curso Preparatório Cidade


10. (Unitau) No seu segundo governo, Getúlio Vargas (1951-1954), para pôr em prática seu E tu vais enfeitar?
programa de investimento, criou em 1952 o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico
(BNDE), destinado a: O sorriso do velhinho

(A) fornecer créditos a longo prazo e juros baixos para incentivar a atividade industrial. Faz a gente trabalhar"
(B) atrair investimentos estrangeiros, especialmente a indústria automobilística.
(RETRATO DO VELHO, de Mário Pinto e Haroldo Lobo)
(C) construir casas para a população de baixa renda.
(D) anular ou reduzir as deficiências infra-estruturais que impediam o regular Esse samba, muito popular na época, foi utilizado como instrumento de propaganda pelo
desenvolvimento da economia brasileira. movimento político que visava o retorno do seu líder. Identifique esse movimento e seu líder.
(E) colocar em prática as propostas de desenvolvimento sugeridas pelas missões de
cooperação econômica americanas. (A) Jacobinismo e Floriano Peixoto.
(B) Monarquismo e D. Pedro II.
11. (Unesp) São características do segundo governo Vargas (1951-1954): (C) Janismo e Jânio Quadros.
(D) Queremismo e Getúlio Vargas.
(A) instabilidade política, crescente aumento do custo de vida, oposição sistemática do PTB e (E) Tenentismo e Luís Carlos Prestes.
PSD às medidas governamentais, não participação do capital estrangeiro nas atividades
econômicas. 13. (Unirio) A redemocratização do Brasil, em 1945, e o fim da Segunda Guerra Mundial
(B) estabilidade política, desenvolvimento econômico, monopólio estatal do petróleo, apoio da consolidaram uma política externa, já esboçada durante o conflito Mundial, que pode ser
ampla frente partidária (UDN, PTB, PSD, PCB) ao programa de governo. caracterizada pelo(a):
(C) crescente instabilidade política, aumento do custo de vida, greves, monopólio estatal do
petróleo, sistemática oposição da UDN ao governo. (A) "pragmatismo responsável", no qual os interesses econômicos prevaleceram sobre as
(D) intransigente defesa dos interesses populares, apoio sistemático do Partido Comunista, posições políticas.
monopólio estatal do petróleo, proibição da entrada de capitais estrangeiros no país. (B) alinhamento aos Estados Unidos e ao Bloco Capitalista no contexto da Guerra Fria.
(E) limitada participação do capital estrangeiro, nas atividades econômicas, controle da (C) "política externa independente", que priorizava a aproximação com as antigas colônias
inflação, estabilidade política, oposição sistemática da UDN e PC ao programa de governo. recém-independentes.
(D) valorização da integração e formação de blocos, dentro de uma concepção latino-
12. (Fuvest) americanista.
(E) aproximação com os países europeus, visando a recuperar os mercados perdidos durante
"Bota o retrato do velho outra vez a Segunda Guerra.

Bota no mesmo lugar


14. (Faap) Até o começo do século XX, pertence à Bolívia. Com o ciclo da borracha (1827-1915), os
O sorriso do velhinho brasileiros tornam-se a maioria da população e, em 1899, quando os bolivianos começam a
recolher impostos, eles se revoltam. Os conflitos terminam com a assinatura do Tratado de
Faz a gente se animar, oi Petrópolis (17/11/1903): o Brasil recebe a posse definitiva do território em troca de áreas no
Mato Grosso, do pagamento de 2 milhões de libras esterlinas e do compromisso de construir a
Eu já botei o meu estrada de ferro Madeira-Mamoré para o escoamento de produtos bolivianos. Integrado ao
Brasil como território, é elevado à condição de Estado em 15/6/1962, durante o governo João
E tu não vais botar? Goulart.

Já enfeitei o meu
Curso Preparatório Cidade | Tópico 3.11 – A crise do governo Vargas 359
O Estado da Federação de que fala o texto é: (C) aos políticos comunistas.
(D) ao movimento trabalhista.
(A) Acre (E) às organizações tenentistas.
(B) Amapá
(C) Amazonas
18. (Fuvest) Em 1947, o Partido Comunista foi colocado na ilegalidade no Brasil. Esta decisão se
(D) Bahia
explica basicamente:
(E) Alagoas

(A) pela bipartição do mundo em blocos antagônicos, consequência da guerra fria.


15. (Faap) "Senhoras e senhores telespectadores, boa noite. A PRF-3 TV - Emissora Associada de (B) pela linha insurrecional dos comunistas que pretendiam iniciar uma revolução a curto
São Paulo orgulhosamente apresenta neste momento o primeiro programa de televisão da prazo.
América Latina." (C) por ser o Partido Comunista frágil e destituído de expressão social.
(D) por um acordo partidário firmado pela UDN, o PSD e o PTB.
(Abertura da transmissão inaugural da TV Tupi de São Paulo, apresentada pela atriz Iara Lins) (E) pelo desejo de acalmar as Forças Armadas que ameaçavam interromper o jogo
democrático.
Este fato importante aconteceu às 22 horas do dia 18 de setembro do mesmo ano em que:

(A) Hitler invadia a Polônia. 19. (G1) O Plano SALTE, priorizava como metas de governo: saúde, alimentação, transporte e
(B) os pracinhas voltavam aclamados da Europa, após o término da Guerra. energia.
(C) morria Getúlio Vargas.
(D) Getúlio Vargas disputava as eleições presidenciais com Eduardo Gomes. O Plano corresponde ao governo de:
(E) João Goulart é deposto da Presidência.
(A) Jânio Quadros;
(B) Jucelino Kubistcheck;
16. (Uel) "... criou em 1945 um partido social-democrata que, como todos sabemos, se consolidou
(C) Eurico Gaspar Dutra;
como o mais importante partido agrário do país. (...) criou também um partido trabalhista, e há
(D) Getúlio Vargas;
quem diga que buscou inspirar-se no 'Labour Party'..."
(E) João Goulart.

O texto permite associar:


20. (Cesgranrio) Na década de 1950, durante o segundo governo de Getúlio Vargas (1950 -1954),
(A) Jânio Quadros ao PDS e ao PSB. setores da sociedade brasileira se mobilizaram numa campanha:
(B) Eurico Gaspar Dutra ao PCB e ao PFL.
(C) Juscelino Kubitschek ao PRM e ao PDT. (A) por uma política externa independente, que fez com que o Presidente criasse, sem a
(D) Getúlio Vargas ao PSD e ao PTB. ajuda de capitais estrangeiros, a Companhia Siderúrgica Nacional.
(E) João Batista Figueiredo ao MDB e ao PRN. (B) pela nacionalização da pesquisa, exploração e refino do petróleo, que culminou com a
criação da Petrobrás, símbolo do nacionalismo econômico.
(C) que exigia reformas de base, forçando o Congresso a votar leis que permitissem a
17. (Puccamp) No Brasil pós-1945, Getúlio Vargas, procurando apoiar-se na grande massa popular
reforma agrária e a nacionalização das empresas estrangeiras.
para sustentar o seu programa econômico, concedeu especial atenção:
(D) pela entrada sem restrições do capital estrangeiro no país, que culminou com a
formulação, por setores governamentais, do Plano de Metas.
(A) aos partidos socialistas.
(E) pela modernização tecnológica do país, que resultou no investimento estatal em novas
(B) às facções integralistas.
fontes de energia e na criação de usinas nucleares.

360 Tópico 3.11 – A crise do governo Vargas | Curso Preparatório Cidade


EXERCÍCIOS DE PROVA 03. (EsFCEx - 2008) Considere o texto abaixo para responder o item.

“Meu sacrifício vos manterá unidos e meu nome será a vossa bandeira de luta.(...)
01. (EsFCEx - 2001) Sobre a reorganização política brasileira e o Governo Dutra, analise as
afirmativas abaixo:
Eu vos dei a minha vida. Agora ofereço a minha morte. Nada receio. Serenamente dou o primeiro
passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na história.”
I. Os políticos organizaram partidos políticos nacionais.
II. O P.S.D. (Partido Social Democrático) foi herdeiro dos velhos partidos oligarcas. (Trecho da carta-testamento de Getúlio Vargas, de 24 de agosto de 1954.)
III. O Brasil retornou ao federalismo passando os Estados a gozar autonomia.
IV. O Partido Comunista Brasileiro recebeu apoio governamental durante todo o quinquênio O suicídio de Getúlio Vargas (1954) representou o fim de uma “era” na história do Brasil. Após um
Dutra. conturbado período de transição se seguiu um governo marcado:

Com base na análise, assinale a alternativa correta. (A) por uma política desenvolvimentista que aplicou muitos recursos em áreas estratégicas,
como transportes e energia, mas que fracassou nos aspectos sociais gerando grande
(A) Somente I está correta. insatisfação popular, principalmente entre os trabalhadores rurais.
(B) Somente II e IV estão corretas. (B) por uma nova política de caráter populista que, para reduzir o déficit público, adotou uma
(C) Somente III e IV estão corretas. política econômica austera e ditada pelo FMI, congelando salários e gerando grande
(D) Somente I, II e III estão corretas. insatisfação popular.
(E) Todas estão corretas. (C) pela continuidade da política liberal-democrática que teve em Jânio Quadros a sua maior
liderança e que, a partir das reformas de base, conduziu o Brasil a um acentuado índice
de desenvolvimento social.
02. (EsFCEx - 2004) Com a reorganização partidária no Brasil, surgiram os partidos nacionais de
(D) pela ruptura com a política desenvolvimentista e pela priorização do enfrentamento dos
várias tendências. Numere a coluna da esquerda de conformidade com a da direita e transfira a
problemas sociais, tendo nas Ligas Camponesas o melhor exemplo dos resultados
sequência encontrada para a opção correta:
positivos de valorização dos trabalhadores do campo.
CARACTERÍSTICA PARTIDO POLÍTICO (E) por uma política desenvolvimentista, bem articulada entre os diversos setores produtivos
_____Defesa de ideias liberais. 1. União Democrática Nacional da economia brasileira mas que, por sua concepção nacionalista, privilegiou, sobretudo,
_____Herdeiro dos velhos partidos 2. Partido Social Democrático mudanças nas áreas educacional e agrícola.
oligarcas. 3. Partido Comunista Brasileiro
_____Intelectuais da esquerda 4. Partido Social Progressista 04. (EsFCEx - 2009) Analise as afirmativas abaixo sobre alguns acontecimentos do governo de
democrática. 5. Partido Trabalhista Brasileiro Eurico Gaspar Dutra, colocando entre parênteses a letra “V”, quando se tratar de afirmativa
_____Tendência integralista.4. 6. Partido Socialista Brasileiro verdadeira, e a letra “F” quando se tratar de afirmativa falsa. A seguir, assinale a alternativa
_____Extrema direita. 7. Partido de Representação Popular que apresenta a sequência correta.

(A) 1 ; 7 ; 3 ; 2 e 4. 1. ( ) Foi promulgada a Constituição de 1946 que estabelecia eleições diretas para os cargos
(B) 2 ; 4 ; 3 ; 1 e 7. executivos e legislativos municipais, estaduais e federais.
(C) 6 ; 1 ; 7 ; 5 e 2. 2. ( ) Houve o rompimento de relações com a União Soviética e o Partido Comunista do Brasil
(D) 2 ; 5 ; 7 ; 1 e 6. foi colocado na ilegalidade.
(E) 4 ; 2 ; 6 ; 7 e 1. 3. ( ) Foram priorizados os aspectos políticos aos econômicos e continuou assegurando as
vantagens às elites agrárias em detrimento de um projeto modernizador.

Curso Preparatório Cidade | Tópico 3.11 – A crise do governo Vargas 361


4. ( ) Foi implantado um plano de metas, o Plano Salte, com ênfase na produção de energia e (C) Somente III é verdadeira.
na industrialização priorizando aspectos como saúde, alimentação, transporte e energia. (D) Somente I e II são verdadeiras.
(E) Somente II e III são verdadeiras.
(A) V–V–F–V
(B) V–F–F–V
(C) V–V–F–F
(D) F–V–F–F
(E) F–V–V–V

05. (EsFCEx – 2011) Sobre o processo político da segunda fase de Getúlio Vargas e do Governo JK,
analise as afirmativas e, em seguida, assinale a alternativa correta.

I. Apesar das amplas liberdades consagradas na Constituição vigente, o direito de greve sofreu
considerável restrição, dependendo de autorização judicial para configurar-se como legal.
II. Uma característica importante do período pós-1950, quando da segunda fase de Vargas no
poder, foi o retraimento do nacionalismo e do populismo.
III. Durante a década de 1950, parte das atitudes oposicionistas advinha de comandantes militares,
cuja ideologia era o anticomunismo de inspiração norte-americana.

(A) somente I é verdadeira


(B) somente II é verdadeira
(C) somente III é verdadeira
(D) somente I e II são verdadeiras
(E) somente I e III são verdadeiras

06. (EsFCEx - 2012)

Sobre o trabalhismo brasileiro, analise as afirmativas abaixo e assinale a opção correta.

I. Foi uma política restrita ao Partido Trabalhista Brasileiro, que via na sua prática a saída para
a implementação de reformas sociais e econômicas.
II. O trabalhismo, apesar do seu aporte paternalista, correspondeu a um programa de
reformas sociais, nacionalistas e desenvolvimentistas.
III. Constituiu-se em uma doutrina cujas características podem ser sintetizadas em um projeto
de cidadania bastante específico, no qual se misturaram elementos da social-democracia e
do assistencialismo do governo.

(A) Somente I é verdadeira.


(B) Somente II é verdadeira.

362 Tópico 3.11 – A crise do governo Vargas | Curso Preparatório Cidade


Tópico 3.12 – O governo JK e o desenvolvimentismo O GOVERNO JK E O DESENVOLVIMENTISMO

Governo João Café Filho (1954-1955)


Comentário
Café Filho assumiu o governo da República imediatamente após a morte de Getúlio Vargas. Em seu
Avancemos um pouco mais! novo gabinete, teve como ministro da Fazenda Eugênio Gudin, defensor de ma política econômica
mais ortodoxa, que buscou estabilizar a economia e combater a inflação. O ministro adotou como
Nessa aula estudaremos o governo JK. Um dos mais importantes presidente da história principais medidas a contenção de crédito e o corte de despesas públicas, procurando, assim,
republicana brasileira. reduzir o déficit público , causa, em sua avaliação, do processo inflacionário. Durante o governo
Café Filho, instituiu-se o imposto único sobre a energia elétrica, gerando o Fundo Federal de
Ao estudar esse período repare que JK foi um dos poucos presidentes da história do Eletrificação, e o imposto na fonte sobre a renda do trabalho assalariado. Destacaram-se, ainda em
Brasil que, eleito pelo voto direto, governou do primeiro ao último dia de seu mandato. sua administração a criação da Comissão de Localização da Nova Capital Federal, a inauguração,
Somente FHC e Lula, algumas décadas depois, conseguiram fazer o mesmo. em janeiro de 1955, da usina hidrelétrica de Paulo Afonso e o incentivo à entrada de capitais
estrangeiros no país, que repercutiria no processo de industrialização que se seguiu. Afastou-se
Estabilidade foi uma das características do governo do presidente "bossa-nova" e tal
temporariamente da presidência em 3 de novembro de 1955, em virtude de um distúrbio
fato chama a atenção, pois o período foi altamente instável do ponto de vista político.
cardiovascular, e em 8 de novembro foi substituído por Carlos Luz, presidente da Câmara.
Um dos trunfos de JK foi sua peculiar habilidade e visão política: não por acaso os Restabelecido, tentou reassumir os poderes presidenciais, mas seu impedimento foi aprovado pelo
militares foram fiadores de seu governo apesar das dificuldades encontradas pelo Congresso Nacional em 22 de novembro de 1955, e confirmado pelo Supremo Tribunal Federal em
presidente eleito para assumir o cargo. dezembro.

Estabilidade política, forte crescimento econômico baseado no Plano de Metas e a De acordo com a Constituição de 1946, o presidente da Câmara dos
transplantação da capital brasileira para o planalto central (meta-síntese) foram traços Deputados exerceria a presidência da República na ausência do titular do
marcantes no governo de Juscelino Kubitschek. cargo e de seu vice-presidente. Assim, na qualidade de presidente da
Câmara, Carlos Luz assumiu interinamente a presidência da República em
Sobre o assunto leia o texto a seguir. Bons estudos! 8 de novembro de 1955, como substituto legal de Café Filho, afastado da
chefia do governo. Em 11 de novembro de 1955, em decorrência do
movimento político-militar liderado pelo general Lott, ministro da Guerra,
Carlos Luz foi deposto, sob alegação de que estaria ligado a conspiradores
que queriam impedir a posse do presidente eleito, Juscelino Kubitschek.
Refugiou-se no cruzador Tamandaré, de onde tentou organizar a
resistência, mas ainda em 11 de novembro, por decisão do Congresso
Nacional, foi considerado impedido, e substituído no cargo por Nereu
Ramos, presidente do Senado. Com a deposição de Carlos Luz, em 11 de
novembro de 1955, Nereu Ramos assumiu a presidência da República,
pois como vice-presidente do Senado, era o seguinte na linha sucessória.
Em 22 de novembro, com o afastamento definitivo de Café Filho, a quem
Carlos Luz substituía, a Câmara dos Deputados confirmou Nereu Ramos
como ministro da Justiça e Negócios Interiores em 1956, exonerou-se em
1957 e retornou ao Senado.”
Fonte: Os presidentes e a República – Deodoro da Fonseca a Luiz Inácio Lula da Silva.Arquivo Nacional, p.
91-100.

Curso Preparatório Cidade | Tópico 3.12 – O governo JK e o desenvolvimentismo 363


Governo Juscelino Kubitschek (1956-1961) economia brasileira, integrando a economia brasileira as grandes correntes do capitalismo mundial,
era o objetivo da política econômica de JK.
Figura 73: Juscelino Kubitschek discursando para Benedito Valadares e Getúlio Vargas,
durante a inauguração da Avenida do Contorno (Belo Horizonte), em 12 de maio de 1940.

CEPAL

Criada em 1948, a Comissão Econômica Para a América Latina, era ligada à


Organização das Nações Unidas (ONU) e se transformou na mais importante escola do
pensamento econômico dos países subdesenvolvidos. Pregava a reforma agrária e a
industrialização da América Latina. Um de seus mais importantes economistas foi Celso
Furtado, nomeado, em 1950, diretor da divisão de desenvolvimento da instituição,
cargo que ocupou até 1957. Em 1953, Celso Furtado presidiu um convênio entre o
Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE) e a CEPAL, com o objetivo de
colher dados sobre a economia brasileira e propor um programa de desenvolvimento
para o Brasil. Este estudo, conhecido como “Esboço de um programa de
desenvolvimento para a economia brasileira no período de 1955 a 1962” serviu de base
para a elaboração do Plano de Metas de JK.

Revista Nossa História ano 2 Nº 23

Durante o seu mandato verificou-se uma expansão da produção industrial, seguindo a orientação
de uma política desenvolvimentista. A base de seu governo foi o trinômio: Estradas, Energia e
Transporte - pontos principais de seu Programa de Metas. Construiu Brasília em menos de cinco
anos, transferindo para lá a capital federal em 21 de abril 1960. Com Juscelino Kubitschek, foi dado
o impulso necessário à implantação definitiva da indústria automotiva. Ele criou o GEIA – Grupo
Executivo da Indústria Automobilística, sob a direção do ministro de Viação e Obras Públicas, Lucio
Martins Meira. Os resultados do estímulo governamental para o novo setor de produção não se
fizeram esperar.

Aspectos importantes do Governo JK:

Livro: Meu Caminho para Brasília - A experiência da humildade, 1º volume. Autor desconhecido.
▪ Plano de Metas: conjunto de programas de desenvolvimento econômico setorial,
especialmente energia, transportes, indústria de base, produção de alimentos;
Juscelino Kubitschek de Oliveira, ex-governador mineiro, ganhou as eleições presidenciais apoiado
na aliança PSD-PTB. Seu governo tornou-se famoso pelas grandiosas realizações. “Cinquenta anos ▪ Industrialização com participação do capital estrangeiro, incrementando-se a indústria
de progresso em cinco”, foi à promessa do Presidente. Nasce o desenvolvimentismo, centrado na automobilística com a fundação do GEIA (Grupo Executivo da Indústria Automobilística);
modernização e crescimento econômico-industrial. Acelerar o processo de modernização da

364 Tópico 3.12 – O governo JK e o desenvolvimentismo | Curso Preparatório Cidade


▪ Manifestação da oposição através de levantes de oficiais da FAB em Jacareacanga e obras". Durante esse período a taxa de crescimento real da economia foi
Aragarças; de 7% ao ano, a produção industrial cresceu 100%. Todo esse
desenvolvimento foi definido a partir do Plano de Metas, que priorizou a
▪ Construção de Brasília: considerada a “meta-síntese” do Plano de Metas; a nova capital substituição de importações nos setores de bens de capitais e bens de
federal, inaugurada em 1960, seria fator de ocupação, desenvolvimento e integração do consumo duráveis. O Estado continuou a financiar grande parte das
interior do país; indústrias de base através de novas emissões de moedas ou de
empréstimos externos. que pretendia um processo de integração com
▪ criação do Estado da Guanabara outros setores da vida nacional. Já o setor de bens de consumo
desenvolveu-se a partir da internacionalização da economia e para isso
▪ a criação da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) em 1959,
utilizou-se a instrução 113 da SUMOC ( Superintendência da Moeda e do
para o desenvolvimento e integração da mais pobre das regiões brasileiras;
Crédito) que garantia a importação de máquinas e equipamentos no
exterior, sem impostos, desde que os empresários estrangeiros tivessem
sócio nacional. Desta maneira realizou-se a abertura do mercado nacional
SUDENE para as grandes empresas estrangeiras, que passaram a investir
maciçamente no Brasil, numa época onde havia disponibilidade de
Secretariada por Celso Furtado e ligada diretamente ao presidente da República, a capitais devido a retração da indústria de guerra. Assim, os EUA e outras
Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste nasceu em 1959, defendendo a nações europeias retomavam a expansão imperialista. Apesar do
reforma agrária no Maranhão e a industrialização do Nordeste. Foi apoiada pela ala crescimento da produção interna, cresceu também a dependência
progressista da Igreja Católica, representada por d. Hélder Câmara, pelas Ligas tecnológica, pois as empresas aqui instaladas continuavam a importar
Camponesas, com Francisco Julião à frente, pelo empresariado industrial, reunido em máquinas; e a dependência financeira fruto do maior endividamento e da
torno da Confederação Nacional da Indústria, e por vários políticos progressistas. Seu remessa de lucros realizadas pelas multinacionais. O crescimento urbano
objetivo era estudar, propor diretrizes e coordenar projetos de desenvolvimento para foi acompanhado pelo crescimento de uma "classe média", em grande
os estados castigados pela seca e pela “indústria da seca” a corrupção que explorava a parte vinculada ao setor de serviços, ampliando-se também o consumo.
pobreza, desviando recursos públicos e construindo poços, açudes e estradas em Com um volume menor de dinheiro em circulação, a inflação voltou a
propriedades de políticos locais e de seus apadrinhados. crescer e apesar dos investimentos públicos no setor de serviços, as
cidades não estavam preparadas para o crescimento, pois atraíam
Revista Nossa História ano 2 Nº 23 milhares de homens que abandonavam o campo. A política para o setor
agrária caracterizou-se pela manutenção do modelo tradicional. A
concentração fundiária manteve-se e foi menos questionada, uma vez que
toda a discussão econômica passou a basear-se no desenvolvimento
Os anos JK compreendem um período de euforia social e crescimento econômico. Os famosos anos
industrial. Desta maneira, os financiamentos tradicionais garantiram a
dourados. A implantação da indústria automobilística, a construção de Brasília, o respeito às
manutenção do latifúndio ao mesmo tempo em que a não existência de
liberdades democráticas. Houve transformações importantes: a expansão industrial, a urbanização,
uma nova política para o campo garantia o afluxo constante de mão de
a consolidação democrática. O modelo desenvolvimentista de JK, porém, pagou alto preço:
obra barata para as cidades. Um dos primeiros exemplos dessa inversão
abertura total da economia ao capital estrangeiro, às grandes multinacionais, e submissão político-
pode ser presenciado na própria construção de Brasília, onde o
econômica à hegemonia norte-americana. O custo social interno foi igualmente elevado:
trabalhador, chamado então candango, torna-se uma figura peculiar,
descontrole inflacionário, pesando especialmente sobre os assalariados.
inclusive do ponto de vista cultural, homens de diversas regiões,
Identificar a ideia de desenvolvimentismo no governo JK não é difícil. O principalmente do nordeste, trabalhadores braçais, unidos a partir do
desenvolvimento tradicional, que é a visão predominante, que significa na ideal de que constroem -- literalmente- o progresso. A crise econômica
prática o aumento da produção industrial, a urbanização, enfim "as manifestou-se com intensidade no final do governo JK, eliminando grande

Curso Preparatório Cidade | Tópico 3.12 – O governo JK e o desenvolvimentismo 365


parte do ufanismo desenvolvimentista, fazendo com que o candidato trazidas ao público (isto é, aos segmentos urbanos de uma sociedade de
oficial, o Marechal Lott saísse derrotado na disputa pela sucessão classes em transição, com alto grau de mobilidade social) para
presidencial. encontrarem a devida ressonância, nos quadros de uma espécie de regime
“prebiscitário-empresarial”, com o próprio presidente da República
Fonte: http://www.historianet.com.br/conteudo/default.aspx?codigo=16 investido no papel de Grande Empresário. A continuidade de uma situação
como essa, contudo, não se obteria sem um preço: e este, era,
precisamente, que se firmasse a expansão econômica que os anos finais
da década aparentavam assegurar. Não ocorrendo isso, as tensões sociais
(...) A ênfase cada vez maior dada ao desenvolvimento industrial como viriam à tona com tanto maior força e alcance, como efetivamente
fulcro da expansão da economia global no Brasil encontra sua explicação sucedeu na década seguinte.
em condições muito mais amplas e complexas do que a eventual ação de
COHN,Gabriel.Problemas da industrialização no século XX. in.:MOTA,Carlos Guilherme.Brasil em
um empresariado coeso e agressivo; embora, é claro, essa classe não
perspectiva.Rio de Janeiro: Difel,1977,p.310-311.
tenha sido apenas beneficiária, mas também pressionadora no sentido da
continuidade (talvez mais do que na adoção) dessa política. (...) Ao nível
político, essa linha de ação manifestou-se através do
“desenvolvimentismo” (encarado esse como a ideologia que deu sentido A política econômica de Juscelino foi definida no Programa de Metas. Ele
ao tipo de mobilização almejada) e, ao nível da execução, exprimiu-se no abrangia 31 objetivos, distribuídos em seis grandes grupos: energia,
“Programa de Metas”. Este programa foi formulado em 1956, tendo em transportes, alimentação, indústrias de base, educação e a construção de
vista o desbravamento do campo para uma efetiva expansão do setor Brasília, chamada de metassíntese. (...) Os pressupostos do Programa de
industrial, através da satisfação de um conjunto de exigências Metas mostram que no governo J.K, ocorreu uma definição nacional-
quantitativas (“as metas”) ao nível do investimento público (transportes, desenvolvimentista de política econômica. O que queremos dizer com
energia) e privado (na indústria de base e de bens de consumo final). essa expressão? Como distinguir entre “nacionalismo” e “nacional-
Encarado do ponto de vista daquilo que se propunha, esse programa foi desenvolvimentismo”?(...) Com frequência, a política de substituição de
bem sucedido, ao menos no que e refere à produção industrial, que se importações estava associada a uma postura nacionalista. Seus
expandiu amplamente (cerca de 80% entre 1955 e 1961) e, o que é mais defensores viam nela um instrumento essencial para que o Brasil
importante, com predominância da produção de bens de capital superasse o subdesenvolvimento e se tornasse uma potência autônoma.
(siderurgia, indústria mecânica, de material de transportes etc.). Já no Os nacionalistas sustentavam a necessidade de controle pelo Estado da
tocante à meta fixada para os produtos alimentares, os resultados foram infraestrutura (transportes, comunicação, energia) e da indústria básica,
menos brilhantes, em razão da própria inércia relativa do setor agrário. ficando as outras áreas da atividade econômica nas mãos da empresa
No conjunto, os seus efeitos imediatos foram de molde a injetar uma privada nacional. Sem chegar a recusar em princípio o capital estrangeiro,
poderosa carga de dinamismo no sistema, atenuando, por essa via, as insistia na necessidade de só aceitá-lo com muitas restrições, seja quanto
tensões mais prementes que se faziam sentir anteriormente; mas não sem à área dos investimentos, seja quantos aos limites à remessa de lucros
ter o consagrado, ao final, uma modificação do maior alcance nos para o exterior. (...) O governo JK promoveu uma ampla atividade do
mecanismos de poder na sociedade brasileira, ao absorver e plasmar as Estado tanto no setor de infraestrutura como no incentivo direto à
tendências herdadas da fase precedente, no sentido de chamar-se ao industrialização, mas assumiu também abertamente a necessidade de
centro do palco os grupos sociais mais influentes, senão para decidir ao atrair capitais estrangeiros, concedendo-lhes inclusive grandes
menos para sancionar as medidas de maior alcance no plano econômico. facilidades. Assim, o governo permitiu uma larga utilização da Instrução
No contexto do “desenvolvimentismo”, fortalecido pelo êxito de 113 da Sumoc, baixada no governo Café Filho. Essa instrução autorizava
“Programa de Metas”, essa mobilização política era tendente a fortalecer as empresas a importar equipamentos estrangeiros sem cobertura
as bases do poder: as decisões tomadas no escalão mais alto eram cambial, ou seja, sem depositar moeda estrangeira para o pagamento

366 Tópico 3.12 – O governo JK e o desenvolvimentismo | Curso Preparatório Cidade


dessas importações. A condição para gozar da regalia era possuir, no A construção de Brasília e a consequente transferência do Distrito Federal do Rio de Janeiro para o
exterior, os equipamentos a serem transferidos para o Brasil ou recursos planalto Central corresponderam a uma estratégia de fundo geopolítico que pretendia:
para pagá-los. As empresas estrangeiras. Que podiam preencher esses
requisitos com facilidade, ficaram em condições vantajosas para transferir (A) dinamizar a economia das regiões litorâneas mais desenvolvidas com uma industrialização
equipamentos de suas matrizes e integrá-los a seu capital no Brasil. A com base nacional.
Instrução 113 facilitou os investimentos estrangeiros em áreas (B) propiciar a seus moradores amplos espaços públicos de convivência para o exercício da
consideradas prioritárias pelo governo: indústria automobilística, cidadania política.
transportes aéreos e estradas de ferro, eletricidade e aço. (...) A (C) difundir um planejamento urbano moderno e democrático, integrando as cidades-satélites
expressão nacional-desenvolvimentismo, em vez de nacionalismo, ao plano Piloto.
sintetiza, pois uma política econômica que tratava de combinar o Estado, (D) por meio de seu zoneamento, integrar as áreas residenciais, comerciais e políticas,
a empresa privada nacional e o capital estrangeiro para promover o garantindo espaços com ausência de segregação.
desenvolvimento, com ênfase na industrialização. Sob esse aspecto, o (E) integrar territorialmente o País com a ocupação dos espaços interiores e ao mesmo tempo
governo JK prenunciou os rumos da política econômica realizada, em isolar geograficamente o centro de decisão política do País.
outro contexto pelos governos militares após 1964.

FAUSTO,Boris.História do Brasil.São Paulo: Edusp,2013,p.362-364. 02. (Ufv) Leia atentamente as afirmativas a seguir:

I. Nos anos 60, sob o regime da ditadura militar, iniciou-se no Brasil uma fase de
desenvolvimento na agricultura caracterizada como "modernização conservadora".
EXERCÍCIOS II. O governo JK pautou-se por um projeto de crescimento econômico baseado no setor
industrial, pela implementação do Plano de Metas que privilegiava os setores de geração de
energia, transportes, alimentação, educação e construção civil.
01. (Puccamp) Planos, metas e Brasília III. O Plano Trienal do governo João Goulart compreendia as Reformas de Base, entendidas
como um projeto de caráter conservador.
- O "planejamento econômico" estava no ar desde os anos 30, influenciado principalmente pelo
sucesso da política do New Deal, aplicada por Franklin Delano Roosevelt à Depressão norte-
Sobre as afirmativas apresentadas é CORRETO afirmar que:
americana. Como governador de Minas (1945-51), JK adotara o binômio energia/transportes como
metas de desenvolvimento. O Plano de Metas foi a primeira medida de planejamento econômico
(A) somente a afirmativa I é correta.
'stricto sensu', no Brasil.
(B) somente a afirmativa II é correta.
(C) somente a afirmativa III é correta.
Constava de 31 metas, agrupadas em cinco setores básicos, para os quais deveriam ser
(D) são corretas as afirmativas I e II.
encaminhados todos os investimentos públicos e privados do país: energia, transportes, indústrias
(E) são corretas as afirmativas I, II e III.
de base, alimentação e educação (...). A meta 31, denominada meta síntese, era a construção de
Brasília, que foi inaugurada em 21 de abril de 1960.
03. (G1) Todas as alternativas a seguir referem-se a transformações ocorridas no Brasil a partir dos
Entre 1956 e 1961, a economia brasileira cresceu, em média, 8,1% ao ano (...). A fabricação de anos 50, EXCETO:
automóveis e de material elétrico ultrapassou 25% ao ano. Vários outros setores, como siderurgia,
álcalis, celulose e papel, construção e pavimentação de rodovias, ultrapassaram as metas (A) O governo de Juscelino Kubitscheck, cujo lema era "50 anos em 5", tinha como objetivo
estabelecidas. modernizar o Brasil, dotando-o de indústrias de base e de bens de consumo.
(B) No período iniciado pelo golpe de 1964, a partir do segundo governo - do General Costa e
(Revista "Problemas Brasileiros". n. 352. julho/ago/2002. p. 22)
Silva (1967-1969) -, cessaram no país as manifestações públicas contra a ditadura militar.

Curso Preparatório Cidade | Tópico 3.12 – O governo JK e o desenvolvimentismo 367


Manifestações questionando a ordem vigente eram comuns apenas na Europa e nos EUA (B) doutrinas do crescimento dependente, que possuíam forte influência da social-
e tiveram seu auge em maio de 1968. democracia.
(C) A partir dos anos 50, a sociedade brasileira adquire uma feição urbana, movida pela (C) normas das centrais sindicais internacionais, emanadas dos movimentos anarquistas da
ideologia do desenvolvimento e pela associação com capitais externos, com a instalação Itália.
de um novo parque industrial. (D) novas exigências do capitalismo internacional, que tinha os Estados Unidos como centro
(D) Em 1950, respirava-se um clima de otimismo raramente visto no Brasil: Getúlio Vargas hegemônico.
voltara ao poder, fora construído o Maracanã e o Brasil tinha a possibilidade real de (E) regras do sistema financeiro mundial, que tinha a Grã-Bretanha como pólo catalisador.
ganhar, pela primeira vez, a Copa do mundo de futebol.
(E) No período do "milagre brasileiro" (1969-73), o governo militar não deu ênfase à solução
07. (Cesgranrio) O desenvolvimento foi um dos elementos de maior importância nos debates
de problemas sociais, preocupando-se mais em gerar desenvolvimento econômico. Tal
políticos e intelectuais ocorridos no Brasil, a partir da década de 40, sendo também a
política foi sintetizada pelo Ministro da Fazenda Delfim Neto na frase: "É necessário fazer
preocupação das políticas governamentais do período.
o bolo crescer antes de dividi-lo".

Assinale a opção que NÃO expressa uma política governamental no período:


04. (Fuvest) Os governos de Getúlio Vargas (1930-45/1951-54), no Brasil, de Juan Domingo Perón
(1946-55), na Argentina, de Victor Paz Estensoro (1952-56/1960-64), na Bolívia, e de Lázaro (A) O segundo governo de Getúlio Vargas (1951-1954) imprimiu um caráter nacional ao
Cárdenas (1934-40), no México, foram, alguns dos mais significativos exemplos do populismo desenvolvimentismo com restrições ao capital estrangeiro e criação de empresas estatais.
latino-americano que se caracterizou notadamente: (B) Os "cinquenta anos em cinco", "slogan" do Programa de Metas de JK, caracterizado por
um rápido crescimento industrial, foi facilitado pela atração de capitais estrangeiros.
(A) pela aliança com as oligarquias rurais na luta contra os movimentos de caráter socialista. (C) A política desenvolvimentista, em todas as suas etapas, foi acompanhada por crescente
(B) pelo predomínio político do setor agrário-exportador em detrimento do setor industrial. interferência do Estado no domínio econômico através da formulação de planos, criação
(C) pelo nacionalismo, e intervenção do Estado na economia, priorizando o setor industrial. de agências de financiamento e de empresas estatais.
(D) por propostas radicais de mudanças nas estruturas sócio-econômicas, em oposição ao (D) A abertura da economia brasileira ao capital estrangeiro, a partir do Estado Novo, com a
capitalismo internacional. participação dos Estados Unidos no desenvolvimento da siderurgia, foi o principal fator de
(E) por ter concedido às multinacionais papel estratégico nos setores agrário e industrial. estímulo ao desenvolvimento brasileiro.
(E) As empresas estatais de grande porte criadas no período, como a Vale do Rio Doce, a
Petrobrás e a Eletrobrás, colocavam sob o controle do governo setores de base
05. (Fuvest-gv) O desenvolvimento do governo de Juscelino Kubitschek, que se traduziu no Plano
considerados estratégicos, que exigiam vultosos investimentos.
de Metas, foi realizado com:

(A) imensas dificuldades porque não previa a utilização de investimentos estatais. 08. (Ufes)
(B) consideráveis investimentos da Comunidade Européia e dos países asiáticos.
(C) grandes investimentos do Estado e entrada maciça de capital estrangeiro. "Presidente Bossa Nova
(D) investimentos particulares nos serviços públicos e privatização das empresas estatais. Bossa Nova mesmo é ser Presidente
(E) imposição de restrições nas atividades políticas e implantação da reserva de mercado
para as empresas nacionais. Desta terra descoberta por Cabral

Para tanto basta ser tão simplesmente


06. (Puccamp) Uma das dimensões, talvez a mais importante, do denominado estilo
desenvolvimentista do período de Juscelino Kubitschek foi o pleno enquadramento do Brasil às: Simpático, risonho e original (...)"

(A) diretrizes políticas de caráter nacionalista, influenciadas por princípios neo-liberais. (Juca Chaves)

368 Tópico 3.12 – O governo JK e o desenvolvimentismo | Curso Preparatório Cidade


A letra da música se refere ao presidente JK, e o termo Bossa Nova, que aparece no final da (E) diminuíram as diferenças entre as populações dos grandes centros industrializados (como
década de 50 como movimento musical, passa a designar tudo que é novidade, diferente, São Paulo e Rio de Janeiro) e as esfomeadas populações do Norte-Nordeste,
inusitado, inclusive o Presidente Juscelino Kubitschek (1956-1961), segundo Juca Chaves. concentradas em latifúndios, pois estes também receberam investimentos externos.
As novidades na cultura, nessa fase, se davam paralelamente à euforia desenvolvimentista,
resultante da política econômica, que tinha como um dos objetivos:
10. (Fgv)

(A) nacionalizar o setor mineral e transformar o setor estatal e o privado nacionais em


"No plano da política partidária, o acordo entre o PSD e o PTB garantiu o apoio aos principais
principais agentes do desenvolvimento econômico.
projetos do Governo Juscelino Kubitschek no Congresso."
(B) acelerar o desenvolvimento econômico, em particular o das indústrias, ainda que por
meio de uma política inflacionária e de abertura para o capital estrangeiro.
O traço comum que aproximava os dois partidos era:
(C) desencadear um surto de progresso industrial e agrícola, com a redistribuição de terras,
resolvendo todos os problemas estruturais do campo.
(A) A preocupação dominante com a sorte das camadas médias urbanas, articuladas em
(D) transformar os camponeses em trabalhadores assalariados com a conseqüente elevação
torno dos sindicatos de serviços e de funcionários autônomos.
da produtividade agrícola e dos investimentos no setor.
(B) O getulismo do PSD (setores dominantes no campo, a burocracia governamental e
(E) possibilitar o desenvolvimento agrícola, por meio de um vigoroso monopólio nacional dos
setores da burocracia industrial e comercial) e o getulismo do PTB (burocracia sindical e
chamados setores de ponta da nossa economia, obtendo grande apoio da burguesia
do Ministério do Trabalho, a burguesia industrial nacionalista e a maioria dos
nacional.
trabalhadores urbanos organizados).
(C) O autoritarismo esclarecido do PTB (organizando as massas urbanas dos pequenos e
09. (Fatec) Afirmou o economista Luís Carlos Bresser Pereira sobre o período em que Juscelino médios centros do país) e o despotismo do PSD (criando as condições básicas para a
assumiu a Presidência do Brasil: sobrevivência de pequenos sindicatos).
(D) A atuação junto aos setores despossuídos (os chamados "marmiteiros") das grandes
"... as empresas estrangeiras exportadoras de produtos manufaturados (...) em face do surgimento metrópoles, que sempre atuaram no sentido de alcançar uma melhor situação de vida.
de empresas nacionais e às barreiras cambiais e tarifárias à entrada de seus produtos no Brasil, (E) A defesa incondicional da instrução 113 da SUMOC (Superintendência da Moeda e do
viram-se diante da alternativa de ou realizar grandes investimentos industriais no Brasil ou perder o Crédito) que, ao propiciar uma fuga de capitais estrangeiros do país, permitia que o
mercado brasileiro. É evidente que optaram pela primeira solução". capital industrial nacional encontrasse condições para a sua ampliação.

Nesse período:
11. (Uel) A base do programa administrativo do governo de Juscelino Kubitschek era constituída
pelo trinômio:
(A) a entrada maciça de investimento foi dificultada pela Instrução de 113 da SUMOC
(Superintendência da Moeda e do Crédito).
(A) estradas, energia e transportes.
(B) a vertiginosa expansão industrial ocorrida entre 1956 e 1961 significava que a chamada
(B) comércio, educação e privatização.
Revolução Industrial Brasileira, iniciada nos anos 30 por Getúlio, consolidava-se e
(C) indústria, exportação e importação.
encerrava a primeira fase.
(D) agricultura, pecuária e reforma agrária.
(C) pela Instrução 113, as empresas estrangeiras eram prejudicadas em relação às empresas
(E) saúde, estabilidade monetária e habitação.
nacionais.
(D) visando ao "desenvolvimento", o governo cercou-se de uma equipe de técnicos,
notadamente economistas, ligados à Comissão do Petróleo Brasileiro para a América 12. (Mackenzie) "Lutei contra a espoliação do Brasil. Lutei contra a espoliação do povo. Tenho
Latina (CEPAL). lutado de peito aberto. O ódio, as infâmias, a calúnia não abateram meu ânimo. Vos dei a
minha vida. Agora vos ofereço a minha morte ( ... ). "

Curso Preparatório Cidade | Tópico 3.12 – O governo JK e o desenvolvimentismo 369


O trecho acima está relacionado aos acontecimentos de 24 de agosto de 1954, que culminaram: 15. (Cesgranrio) A famosa portaria 113 da SUMOC, Superintendência da Moeda e do Crédito, do
Ministério da Fazenda, na gestão de Café Filho, foi uma das bases para a implantação dos
(A) na morte do recém eleito Presidente Tancredo Neves, em função de graves problemas de "cinquenta anos em cinco" de JK porque:
saúde.
(B) no fim do período populista, com a queda do Presidente João Goulart. (A) possibilitou a ampliação das exportações brasileiras para atrair divisas.
(C) no afastamento do Presidente Costa e Silva, devido a problemas de saúde e o (B) atraiu investimentos estrangeiros para o setor agro-industrial, que precisava modernizar-
impedimento do Vice-Presidente civil Pedro Aleixo. se.
(D) na renúncia do Presidente Jânio Quadros, gerada pela oposição da UDN à política externa (C) inseriu o Brasil no mercado econômico internacional, por alterar as taxas cambiais.
independente. (D) possibilitou a atração do capital estrangeiro associado ao capital nacional.
(E) no suicídio do Presidente Getúlio Vargas, pressionado por setores conservadores e grupos (E) diminuiu a oferta de moedas e dificultou a concessão de empréstimos para conter a
internacionais. inflação.

13. (Ufv) Das afirmativas a seguir, assinale a que se caracteriza como causa estrutural da crise de 16. (Unesp) Foram características do Governo Juscelino Kubitschek (1956 -1961):
poder em agosto de 1954, que culmina no suicídio de Getúlio Vargas:
(A) Plano de Metas, apoio da UDN, oposição frontal dos comunistas e abertura ao capital
(A) A crise de 1954, que expressou as contradições do modelo político populista e que fez estrangeiro.
aflorar o choque de interesses entre as classes populares e o conjunto da burguesia no (B) Plano de Metas, desenvolvimento industrial, apoio da aliança PSD-PTB e oposição da
bloco de poder. UDN.
(B) A denúncia de João Neves da Fontoura, ex-ministro da Justiça de Vargas, afirmando (C) Plano de Metas, apoio da aliança PSD-PTB, restrição à presença do capital estrangeiro e
possuir provas de que Vargas vinha mantendo entendimentos para a formação do "Pacto apoio dos comunistas.
ABC" (Argentina, Brasil e Chile) para enfrentar os Estados Unidos. (D) Plano de Metas, instabilidade política, marcante presença do Estado na economia e
(C) O discurso de Vargas no dia 1º de maio, no qual teria dito aos trabalhadores: "Hoje vocês oposição da aliança PSD-PTB.
estão com o governo. Amanhã vocês serão o governo". (E) Plano de Metas, apoio dos comunistas, instabilidade política e restrição à presença do
(D) O "Manifesto à Nação", lançado pela UDN, no qual se denunciava supostas atividades Estado na economia.
subversivas de João Goulart, então Ministro do Trabalho de Vargas.
(E) O decreto de Vargas que reajustava em 100% o valor do salário mínimo da época.
17. (Cesgranrio) A política desenvolvimentista, associada ao governo Juscelino Kubistschek pode
ser representada pela:
14. (Fuvest) O governo Juscelino Kubitschek, marcado pelo Desenvolvimentismo, caracterizou-se
pela: (A) mudança da capital para o interior como ação de integração econômica e política.
(B) criação do Estado do Acre e incentivo à construção de rodovias e crescimento da indústria
(A) utilização do Estado como instrumento coordenador do desenvolvimento. automobilística.
(B) eliminação da entrada do capital estrangeiro. (C) ampliação do poder do legislativo através da descentralização política com a criação do
(C) concentração da mão-de-obra nas áreas tradicionais do nordeste. voto distrital.
(D) criação da Petrobrás e da Companhia Vale do Rio Doce. (D) modernização do interior do Brasil através da criação de incentivos ao desenvolvimento
(E) diminuição da inflação e aumento da exportação. industrial e a integração dos mercados do sul através da construção de ferrovias.
(E) expansão do poder executivo, com a instauração das salvaguardas constitucionais.

370 Tópico 3.12 – O governo JK e o desenvolvimentismo | Curso Preparatório Cidade


18. (Pucmg) Os anos 1950 marcaram um novo momento do processo industrial brasileiro, 20. (Pucsp) O governo de Juscelino Kubitschek foi marcado pelo discurso desenvolvimentista. O
denominado nacional-desenvolvimentista. Nele é correto situar, EXCETO: "Plano de Metas" foi a expressão concreta desse discurso, expresso no slogan "50 anos em 5".

(A) a criação da SUDENE, objetivando integrar o Nordeste ao mercado nacional. Esse Plano trazia uma proposta de desenvolvimento planejado acelerando a acumulação,
(B) a criação de uma série de hidrelétricas para o abastecimento das cidades e grandes aumentando a produtividade dos investimentos existentes e aplicando novos em atividades
indústrias. produtoras, com a finalidade de elevar o nível de vida da população, gerando oportunidades de
(C) a abertura para o capital estrangeiro das indústrias de bens de consumo, como a emprego. Essa política abriu as portas também para a instalação da indústria automobilística,
automobilística. representada principalmente pela Volkswagen.
(D) o crescimento do PIB e do mercado consumidor, consequências do período do "milagre
econômico". Considerando as características do desenvolvimentismo levado a efeito por JK e os seus resultados
(E) a construção da nova capital, Brasília, para integrar as várias regiões do País. a médio prazo, pode-se afirmar que essa política priorizava:

(A) o desenvolvimento de setores básicos, como transportes, energia e indústria, facilitando


para isso a entrada de capital estrangeiro no país.
19. (Fgv) A respeito da política desenvolvimentista do governo Juscelino Kubitschek, podemos
(B) o investimento maciço de capital estrangeiro na agricultura, pois acreditava-se na vocação
afirmar que:
agrícola da economia brasileira.
(C) o desenvolvimento da indústria de bens de consumo duráveis, com a utilização exclusiva
I. levou a um desenvolvimento integrado do território nacional, diminuindo sensivelmente as
de capital nacional, pois o governo queria evitar o endividamento externo.
disparidades regionais;
(D) o desenvolvimento da indústria de bens de produção (aço, petróleo, energia elétrica) com
II. contribuiu para uma integração mais profunda da economia brasileira ao sistema capitalista
o capital nacional.
mundial, dentro de um desenvolvimento industrial acelerado, com o apoio de capitais e
(E) as reformas de base: reforma agrária, administrativa, fiscal e bancária do Brasil.
tecnologia estrangeiros;
III. representou o privilegiamento da indústria alimentícia e de bens de consumo populares,
dada a preocupação marcadamente social que caracterizava seu projeto de
EXERCÍCIOS DE PROVA
desenvolvimento;
IV. apesar da modernização a que levou uma parte do país, deixou sérios problemas
econômicos e sociais de herança para os governos seguintes, como a dependência em
01. (EsFCEx - 2003) Analise as afirmativas abaixo sobre as cidades artificiais do Brasil:
relação ao capital estrangeiro, índices elevados de inflação, e dívida externa crescente.
I. Aracajú foi construída na Época Republicana.
Estão corretos os itens:
II. Belo Horizonte substituiu Juiz de Fora como capital mineira.
III. Goiânia foi fundada na Era Getuliana.
(A) I e IV;
IV. O Plano Piloto de Brasília foi traçado por Lúcio Costa.
(B) I e III;
(C) I e II;
Com base na análise, pode-se afirmar que:
(D) II e III;
(E) II e IV.
(A) somente a I está correta.
(B) somente a II e a IV estão corretas.
(C) somente a III e a IV estão corretas
(D) a I, a II e a III estão corretas.
(E) todas estão corretas

Curso Preparatório Cidade | Tópico 3.12 – O governo JK e o desenvolvimentismo 371


02. (EsFCEx - 2006) Os anos conhecidos como “Era JK” foi um período de impressionante surto da II. O Primeiro Congresso Nacional de Lavradores e Trabalhadores Agrícolas ocorreu sob a
atividade econômica nacional. Por outro lado, alguns setores acusaram Juscelino Kubitschek de liderança de Francisco Julião e pregou a reforma agrária e a extensão das leis trabalhistas
desenvolver uma política “entreguista” e submissa ao capital internacional. Para rebater as ao campo.
críticas e agradar os setores mais nacionalistas o governo preservou dois setores estratégicos III. A formação elas Ligas Camponesas limitou-se à região Nordeste, onde a questão da terra
para o controle nacional, foram eles: gerava muitos conflitos no enfrentamento de problemas como miséria, seca e fome.

(A) mineração e siderurgia. (A) Somente I está correta.


(B) indústria automobilística e indústria de base. (B) Somente III está correta.
(C) indústria de bens não-duráveis e mineração. (C) Somente I e II estão corretas.
(D) petróleo e construção civil. (D) Somente II e III estão corretas.
(E) setor alimentício e indústria automobilística. (E) Todas estão corretas.

03. (EsFCEx - 2009) Analise as afirmativas sobre o nacional desenvolvimentismo do governo de


Juscelino Kubitscheck e, a seguir, assinale a alternativa correta.

I. O Estado reafirmou o seu papel de promotor das melhorias de infraestrutura tendo como
parceiros o capital privado nacional e o estrangeiro.
II. Teve no Plano de Metas o seu principal projeto de desenvolvimento com a pretensão de
realizar mudanças estruturais na economia e estimular o crescimento industrial.
III. Criou a SUDENE no intuito de resolver problemas de ordem econômica e social da região
Nordeste.
IV. Apesar do caráter modernizador na economia, politicamente o governo de Juscelino refletia
a continuidade dos mecanismos eleitoreiros e da instabilidade política.

Escolher uma resposta.

(A) Somente I, II e III estão corretas.


(B) Somente I e II estão corretas.
(C) Somente I, III e IV estão corretas.
(D) Somente II, III e IV estão corretas.
(E) Somente II e IV estão corretas.

04. (EsFCEx - 2010)Sobre as Ligas Camponesas, analise as afirmativas abaixo, a seguir, assinale a
alternativa correta.

I. Tiveram origem no movimento de trabalhadores rurais do Nordeste, na década de 1950,


que lutavam pelo acesso à terra e melhores condições de trabalho,

372 Tópico 3.12 – O governo JK e o desenvolvimentismo | Curso Preparatório Cidade


Tópico 3.13 – A crise institucional nos Governos de Quadros e Goulart bloco socialista e a condecoração oferecida a Ernesto Guevara são pontos críticos de uma crise que
culminaria com a sua renúncia em agosto de 1961.

Em 1961, tendo vencido o marechal Lott nas urnas, assumiu a Presidência


Comentário
o candidato da UDN Jânio Quadros. Sua plataforma foi a moralidade
administrativa e, com isso, ganhou as simpatias da classe média urbana.
Caro estudante, Tornou-se uma espécie de líder carismático para elas. Era um novo
representante populista em perspectiva. Para tais grupos sociais, Jânio foi
Avancemos um pouco mais! a contrapartida da dissipação do período juscelinista. Uma vez no poder,
Jânio adotou uma política interna de modo a agradar os conservadores e
Nesse tópico estudaremos o breve governo Jânio Quadros.
uma política externa visando atrair as simpatias progressistas. No aspecto
financeiro, Jânio desvalorizou a moeda e cortou subsídios para
Após governar menos de um ano Jânio Quadros renunciou à presidência jogando o país
determinadas importações. No aspecto do desenvolvimento econômico,
numa grave crise político-institucional.
procurou vincular-se aos interesses dos investimentos americanos,
Preste atenção nos diversos aspectos no governo Jânio Quadros sobretudo as ações da aderindo aos princípios da Aliança para o Progresso, do então presidente
política externa brasileira. Nesse sentido merece destaque a busca brasileira por uma Kennedy. (...). Esta adesão traduziu-se num acordo que entraria em vigor
terceira via. Uma posição equidistante em relação aos EUA e a URSS. em 1965 e que consistiu no fornecimento de garantias pelo governo
brasileiro ao governo americano contra eventuais danos às companhias
Leia o texto a seguir e bons estudos! americanas instaladas em território nacional. O desejo de dar segurança a
estas companhias decorreu do fato de serem de seus lucros que sairiam os
fundos destinados aos programas assistenciais da Aliança para o
Progresso. (...) No que tange à política externa, Jânio Quadros procurou
A CRISE INSTITUCIONAL NOS GOVERNOS DE QUADROS E GOULART seguir uma linha independente ao apoiar Cuba e China, e condecorar o
líder revolucionário “Che Guevara”. (...) A tentativa janista de se
equilibrar entre interesses extremos provocou críticas violentas,
Governo Jânio Quadros (1961) principalmente de Carlos Lacerda, governador do Estado da Guanabara.
Como os militares não apoiaram o presidente em seu desejo de intervir na
O Processo de sucessão presidencial polarizou o debate político. Setores oposicionistas lançaram o Guanabara, este renunciou em 25 de agosto de 1961, após sete meses de
Movimento Popular Jânio Quadros (MPJQ). Jânio era um político de grande popularidade, mandato. Tal como o suicídio de Getúlio, foi uma atitude drástica e
sobretudo em São Paulo, onde era governador. Embora não fosse udenista, foi lançado pela UDN inesperada, cujos motivos são até hoje objeto de discussão, embora se
como candidato à sucessão de JK. Acusando o governo de uso indevido do dinheiro público, Jânio possa sopor que Jânio Quadros, respaldado na popularidade que tinha em
prometia acabar com a corrupção e com a inflação. Seus comícios sacudiam o país. Para enfrentar cuja força acreditava, pretendesse contar com ela para voltar ao poder.
a oposição, o PSD, apesar das dificuldades, retomou a aliança com o PTB e lançou as candidaturas Enfim, a renúncia, vista por esse lado, não teria sido o gesto de um
do marechal Henrique Teixeira Lott a presidente e de João Goulart, mais uma vez, a vice. Mas, homem desiludido, mas uma tentativa esperta de um político que
como Jango era um candidato forte, e como os votos para presidente e vice-presidente eram manobrava para capitalizar o apoio da massa e ter força para da um golpe
desvinculados, o próprio Jânio passou a estimular em todo o país a criação de comitês Jan-Jan: de Estado em função de seus objetivos próprios. (...). Se esse era
Jânio para presidente e Jango para vice. O movimento Jan-Jan ganhou as ruas, e Jânio e Jango efetivamente o plano de Jânio, ele falhou, visto que esse apoio popular
ganharam as eleições. Eleito por forças oposicionistas - UDN (União Democrática Nacional) não apareceu. Em parte, porque a renúncia apanhou o povo de surpresa e
enfrentou uma violenta crise econômico-financeira, herdada do governo anterior. A tentativa de desmobilizado para tentar qualquer coisa. E em parte, porque o próprio
moralização nas finanças, através de uma política de restrições, e a busca de uma política externa Jânio já estava com sua imagem bastante desgastada ante a massa
independente, revoltou mais ainda as forças da oposição. Sua tendência à aproximação com o devido à incapacidade de controlar a inflação – o que desagradava à

Curso Preparatório Cidade | Tópico 3.13 – A crise institucional nos Governos de Quadros e Goulart 373
classe média – e à política de compressão salarial – prejudicial aos descansar. Às seis horas da manhã, teria de levantar e seguir diretamente
interesses da classe trabalhadora urbana. para a Praça dos Três Poderes, onde saudaria a bandeira e passaria em
revista às tropas. Enquanto isso, vários oficiais da Guarda Presidencial,
LOPEZ,Luiz Roberto.História do Brasil contemporâneo.Porto Alegre: Mercado Aberto, indignados com a presença do dirigente comunista, se rebelavam. Não
2000, p.111-112.
queriam participar do evento programado. O clima era de tensão. Após
grande esforço dos oficiais mais graduados, por toda a madrugada, a
situação foi resolvida a tempo, e tudo transcorreu como planejado.
Entre os muitos episódios que marcaram a vida de Che Guevara, seu
encontro com o presidente Jânio Quadros é, talvez, um dos menos Eram sete horas da manhã quando Guevara, em seu tradicional uniforme
conhecidos ou documentados. Os relatos de seus biógrafos são verde-oliva, era recebido com honras militares. Mesmo aparentando certo
coincidentes em sua brevidade e escassez de detalhes. Ainda assim, sua desconforto com a cerimônia, ouviu os hinos nacionais dos dois países e
visita-relâmpago ao Brasil, em 1961, foi considerada por muitos bateu continência à bandeira, diante dos soldados enfileirados (os oficiais
polemistas da época e jornalistas sensacionalistas de plantão, como, responsáveis pela tropa, por sua vez, se recusaram a se perfilar diante do
possivelmente, a “gota d’água” para a renúncia de Jânio, naquele mesmo Che). Dezoito minutos depois, já estava no Salão Verde do Palácio do
ano. Planalto, onde foi acolhido com entusiasmo por Jânio.

O então ministro das Indústrias de Cuba acabava de partir do Uruguai, Aquela não era a primeira vez que os dois se encontravam. Jânio havia
após vários dias de acalorados debates na reunião do CIES (Conselho visitado Cuba no final de março e início de abril de 1960, a convite de
Interamericano Econômico e Social, um órgão da OEA), em Punta del Este, Fidel, quando ainda era candidato à presidência. A delegação era
onde cumprira uma agenda cheia (naquele balneário e em Montevidéu) de composta, além do próprio Quadros, de sua mulher, filha e sogra, do
discursos, reuniões políticas, coquetéis e entrevistas para a imprensa coordenador da viagem, José Aparecido, do secretário particular, Augusto
estrangeira. Guevara estava exausto, mas antes de retornar a Havana, Marzagão, e de importantes escritores, jornalistas e políticos, como
ainda tinha dois compromissos importantes: encontrar-se secretamente Fernando Sabino, Rubem Braga, Luiz Alberto Moniz Bandeira, Afonso
com o presidente Frondizi, na Argentina e em seguida, partir para o Brasil, Arinos, Carlos Castello Branco, Márcio Moreira Alves, Villas-Boas Correa,
onde seria recebido pelo primeiro mandatário do país, Jânio Quadros. Paulo de Tarso Santos, Francisco Julião, entre vários outros. Jânio varou
uma noite inteira proseando com o Che em seu gabinete, ainda no Banco
O turbo-hélice quadrimotor Bristol Britannia, da Cubana de Aviación
Nacional de Cuba.
pousou na Base Aérea de Brasília às 23:30 horas, do dia 18 de agosto de
1961. Destacado para receber o revolucionário argentino, o então Também se impressionou com seu interlocutor quando participava de uma
deputado federal José Sarney acabou não permanecendo no local para a recepção na Embaixada do Brasil em Havana. Enquanto Fidel, cauteloso,
sua chegada, por causa dos sucessivos atrasos no vôo da delegação da se esquivava de algumas perguntas, respondendo com evasivas, Guevara
ilha caribenha. Assim, a tarefa ficou a cargo do diplomata Carlos Alberto fez questão de declarar a Jânio, com todas as letras, que ele era
Leite Barbosa, que recepcionou o ilustre convidado e o levou “marxista-leninista”, uma franqueza que impressionou bastante o
imediatamente, junto com sua comitiva de 45 pessoas (vinte das quais visitante. Agora era a vez do Che visitar seu colega em Brasília.
eram seguranças), para o Brasília Palace Hotel, onde ocupariam um andar
inteiro. A viagem de Guevara à capital brasileira fora decidida pouco tempo antes
e era basicamente de “cortesia”, com caráter protocolar. Quando o Che ia
O Che demonstrava cansaço, especialmente porque no dia anterior sofrera à reunião da OEA, no Uruguai, fez breve escala no aeroporto do Rio de
um forte ataque de asma em Montevidéu. Passou parte da noite Janeiro, onde recebeu o convite de João Dantas, em nome de Jânio (há
conversando em sua suíte com o então fotojornalista do jornal O Estado quem diga que o convite teria partido do então ministro Clemente
de S. Paulo, Raymond Frajmund, e um grupo de amigos, e depois foi Mariani). O encontro serviria, supostamente, para estreitar os laços de

374 Tópico 3.13 – A crise institucional nos Governos de Quadros e Goulart | Curso Preparatório Cidade
amizade entre os dois países. E também para discutir a situação e o Palácio do Planalto. Poucos dias depois, ele renunciava. Os militares, por
destino de 168 exilados cubanos, que se encontravam na residência da sua vez, depois do golpe de 1964, em outro gesto simbólico, iriam retirar
Embaixada brasileira em Havana. O ato mais importante e simbólico da aquela comenda do famoso revolucionário.
visita, contudo, seria a condecoração do Che com a “Grã-Cruz da Ordem
Nacional do Cruzeiro do Sul”, a mais alta comenda do governo. PERICÁS,Luiz Bernardo.O encontro de Che Guevara e Jânio Quadros.Disponível em :
http://www.historianet.com.br/conteudo/default.aspx?codigo=1118

Na verdade, a decisão de condecorar Guevara foi abrupta. Como o


Figura 74: Jânio Quadros e Che Guevara no Brasil.
Itamaraty (e sua divisão de cerimonial) na época ainda ficava no Rio (em
Brasília só havia um escalão avançado, com o gabinete do chanceler), foi
necessário mandar buscar, às pressas, a medalha na antiga capital. O
chefe do cerimonial, Câmara Canto (mais tarde embaixador do Brasil no
Chile, durante o golpe de Pinochet), providenciou para que fosse levada a
tempo a Brasília, num Caravelle da Cruzeiro do Sul. Numa cerimônia com
poucas pessoas, Jânio colocou a insígnia no “comandante” e seguiu então
para uma conversa reservada com ele em seu gabinete.

O gesto, aparentemente singelo, foi considerado imperdoável para alguns


setores das Forças Armadas. É verdade que outros dignitários cubanos já Autor desconhecido.
haviam recebido aquela comenda, anos antes, como Osvaldo Dorticós e
Raúl Roa. Até mesmo o cosmonauta soviético Yuri Gagarin ganhara uma Segundo o historiador Boris Fausto:
condecoração, a “Ordem do Mérito Aeronáutico”. Todos estes, durante o
O presidente vinha administrando o país sem contar com uma base de
governo de Juscelino. Mas agora, as coisas eram diferentes. A situação,
apoio. O PSD e o PTB dominavam o Congresso; Lacerda passara para a
desta vez, não permitia tamanha ousadia. Os militares não perdoariam
oposição, martelando suas críticas a Jânio com a mesma veemência com
Jânio por isso. Alguns deles até ameaçaram devolver suas próprias
que o apoiara. A UDN tinha várias razões de queixa. O presidente agia
condecorações em protesto.
praticamente sem consultar a liderança udenista no Congresso. Além
O clima esquentara também com o governador da Guanabara, Carlos disso, a política externa independente causava preocupações, assim como
Lacerda. Algumas horas antes da chegada do Che a Brasília, Lacerda se a simpatia presidencial pela reforma agrária.
encontrara com Jânio e ficara extremamente irritado ao saber da
condecoração. Ele iria entregar as chaves do Rio de Janeiro, logo depois, Na noite de 24 de agosto de 1961, Lacerda – que tinha sido eleito
ao contra-revolucionário anticastrista cubano Manuel “Tony” Varona. governador da Guanabara – fez m discurso, transmitido pelo rádio,
denunciando uma tentativa de golpe janista articulado pelo ministro da
Após uma reunião fechada com Jânio, Guevara conversou com jornalistas Justiça Oscar Pedroso Horta. Estranhamente, teria sido convidado a aderir
e, junto com o encarregado de negócios de Cuba e alguns membros de sua a ele. Pedroso Horta negou a acusação. Logo no dia seguinte, Jânio
delegação, foi para um almoço com o prefeito do Distrito Federal, Paulo renunciou à presidência da República, comunicando a decisão ao
de Tarso, na residência oficial do Riacho Fundo. Em seguida, deu uma Congresso Nacional.
volta de helicóptero sobre a capital e seguiu para a Base Aérea. Seu avião
decolou às 15 horas com destino a Havana. A renúncia não chegou a ser esclarecida. O próprio Jânio negou-se a dar
uma versão clara dos fatos, aludindo sempre às “forças terríveis” que o
A visita do Che durou menos de dezesseis horas, mas passou como um levaram ao ato. A hipótese explicativa mais provável combina os dados de
furacão. A condecoração de Guevara foi a última solenidade de Jânio no uma personalidade instável com um cálculo político equivocado. Segundo

Curso Preparatório Cidade | Tópico 3.13 – A crise institucional nos Governos de Quadros e Goulart 375
essa hipótese, Jânio esperava obter com uma espécie de “tentativa de Figura 75: Carta-renúncia de Jânio Quadros.
renúncia” maior soma de poderes para governar, livrando-se até certo
ponto do Congresso e dos partidos. Ele se considerara imprescindível para
o Brasil como presidente. Acaso os conservadores e os militares iriam
querer entregar o país a João Goulart?

Em novembro de 1959 Jânio renunciara à sua candidatura, obrigando os


partidos que o apoiavam a pedir reconsideração de seu gesto. Voltou à
campanha, com as mãos mais livres. Agora porém o ato de renúncia à
presidência da República resultaria em um desastre, não só para ele como
principalmente, para o país.

Logo após renunciar Jânio partiu apressadamente de Brasília e desceu em


São Paulo, no Aeroporto Cumbica, que era então uma base militar. Aí
recebeu um apelo de governadores dos Estados, entre os quais se
encontravam Carvalho Pinto, de São Paulo,e Magalhães Pinto, de Minas
Gerais, para que reconsiderasse seu gesto. Afora isso, não houve
nenhuma outra ação significativa pelo retorno do presidente. Cada grupo
tinha razões de queixa contra ele e começava a tomar pé na nova
situação. Como renúncias não são votadas e sim simplesmente
comunicadas, o Congresso tomou apenas conhecimento de Jânio. A partir
daí, a disputa pelo poder começou.

FAUSTO,Boris. História do Brasil. São Paulo:Edusp, 1997, p.440-442.

Carta-renúncia de Jânio Quadros. Obra do próprio.

376 Tópico 3.13 – A crise institucional nos Governos de Quadros e Goulart | Curso Preparatório Cidade
Governo João Goulart (1961-1964) Impedido de tomar posse de imediato, em virtude das acusações de chefes militares, de que
estava comprometido com comunistas. Esse fato quase levou o país a uma guerra civil, pois Leonel
Brizola, governador do Rio Grande do Sul, organizou a Campanha da Legalidade.

Figura 76: João Goulart foi o último presidente da República Populista. O famoso comício da Em agosto de 1961, ele se tornaria conhecido nacionalmente. Diante da
Central do Brasil, em 13 de março de 1964 não foi bem aceito pelos setores mais renúncia do presidente Jânio Quadros, os três ministros militares vetaram
conservadores da sociedade brasileira. Em poucos dias ocorreria a intervenção militar. a posse do vice, João Goulart. Brizola deu então início ao movimento
conhecido como Campanha da Legalidade. Para mobilizar o país pela
posse de Jango, instituiu a Cadeia Radiofônica da Legalidade, que
alcançou 150 rádios no Brasil e no exterior em transmissões feitas do
próprio Palácio Piratini, sede do governo gaúcho.

Cerca de 45 mil voluntários se apresentaram para lutar. Brizola os armou


com fuzis, metralhadoras e munições da Brigada Militar, além de mil
revólveres requisitados no comércio. Um confronto parecia iminente. Na
manhã de 28 de agosto, o governo gaúcho interceptou ordens do ministro
da Guerra, general Odílio Denys (1892-1985), para que o comandante do
III Exército, general Machado Lopes (1900-1990), bombardeasse o
Palácio Piratini. Brizola discursou na Rede da Legalidade: “Se ocorrer a
eventualidade do ultimato, ocorrerão, também, consequências muito
sérias. Porque nós não nos submeteremos a nenhum golpe. A nenhuma
resolução arbitrária. Não pretendemos nos submeter. Que nos esmaguem!
Que nos destruam! Que nos chacinem, neste Palácio! Chacinado estará o
Brasil com a imposição de uma ditadura contra a vontade de seu povo.
Esta rádio (...) não será silenciada sem balas”.

Àquela altura a campanha conquistara boa parte da sociedade brasileira.


Organizações de trabalhadores, estudantes, empresários, advogados,
jornalistas, a Igreja Católica e partidos políticos exigiam o cumprimento
da Constituição. Quando o comandante do III Exército também apoiou a
posse de Goulart, os ministros militares cederam, não sem antes negociar
uma “saída honrosa”: a implantação do parlamentarismo – na prática,
Jango tomaria posse, mas não governaria.

João Goulart aceitou a condição. Seu plano era pacificar o país e lutar pelo
retorno do presidencialismo. Brizola discordava. Para ele, o Congresso
Créditos: http://upassos.wordpress.com/2011/04/18/o-discurso-de-brizola-no-comcio-da-central-do-brasil-13-de-maro- perdera a legitimidade ao instituir o parlamentarismo durante a
de-1964/
madrugada. Defendia uma atitude extrema: Jango deveria marchar até
Brasília com as tropas do III Exército, assumir a Presidência, dissolver o
A posse de João Goulart, então em visita oficial à China, seria o desdobramento legal da renúncia
de Jânio Quadros. No próprio dia 25 de agosto ocorreram as primeiras manifestações populares.

Curso Preparatório Cidade | Tópico 3.13 – A crise institucional nos Governos de Quadros e Goulart 377
Congresso por violar a Constituição e convocar uma Assembleia Nacional em comício público, em 13 de março, uma série de decretos determinando
Constituinte. reformas radicais como a nacionalização das refinarias e a reforma
agrária. Essa atitude significava passar por cima do Congresso Nacional e
FERREIRA,Jorge. Nasce um líder das esquerdas. Disponível em: suas prerrogativas legislativas e decisórias. A fissura institucional e a
http://www.revistadehistoria.com.br/secao/retrato/nasce-um-lider-das-esquerdas aparente adesão de Goulart à causa do reformismo nacionalista e social
fizeram com que os setores conservadores civis e militares se unissem
para conspirar. O presidente acreditava de seu lado, ter o apoio popular.
Todavia, o povo, ta como em 1937, 1945, 1954 e 1961, não estava
A solução para sua posse foi a instauração do Ato Adicional de setembro de 1961, estabelecendo o
mobilizado. Além disso, a classe media urbana organizou passeatas em
Parlamentarismo. Nesse sistema, é o Presidente do Conselho de Ministros que se ocupa da política
São Paulo e outras capitais “em nome de Deus, da Família e da
governamental. As crises que se sucedem a partir do estabelecimento do novo regime, pois a
Liberdade”, num evidente repúdio às intenções populares e reformistas do
Câmara dos Deputados não aceitava as indicações para Primeiro Ministro, levou à realização de um
governo, o que mais ainda animou os que preparavam o golpe.
plebiscito em janeiro de 1963, restabelecendo o Presidencialismo.
LOPEZ,Luiz Roberto.História do Brasil contemporâneo.Porto Alegre: Mercado Aberto,2000,p.113-114.
Jango lutou pelas reformas de base e foi duramente acusado de continuar o programa de Vargas.

(...) O parlamentarismo de emergência durou instavelmente de 1961 a


1963, quando foi abolido por um plebiscito, o qual estabeleceu a volta do Sob essa ampla denominação de "reformas de base" estava reunido um
presidencialismo. (...). A supressão do parlamentarismo significou a volta conjunto de iniciativas: as reformas bancária, fiscal, urbana,
dos poderes habituais e originalmente previstos para Goulart e essa administrativa, agrária e universitária. Sustentava-se ainda a necessidade
vitória de um homem comprometido com a causa do populismo de estender o direito de voto aos analfabetos e às patentes subalternas
nacionalista e reformista levou a situação política brasileira a um clima de das forças armadas, como marinheiros e os sargentos, e defendia-se
radicalização de posições. Os conservadores, financiados pelo capitalismo medidas nacionalistas prevendo uma intervenção mais ampla do Estado
norte-americano e contando com o respaldo de apoio do Alto Comando na vida econômica e um maior controle dos investimentos estrangeiros no
Militar, utilizavam-se, de parte da imprensa e de organismos como o IBAD país, mediante a regulamentação das remessas de lucros para o exterior.O
e IPES para desenvolver sua ação política. Entre esses conservadores, carro-chefe das reformas era, sem dúvida, a reforma agrária que visava
devem ser citados os partidos políticos PRP e UDN e figuras de proa como eliminar os conflitos pela posse da terra e garantir o acesso à propriedade
os governadores estaduais Lacerda e Ademar de Barros. (...). À sombra do de milhões de trabalhadores rurais. Em discurso por ocasião do
comprometimento oficial multiplicavam-se, do outro lado, os grupos que encerramento do 1° Congresso Camponês realizado em Belo Horizonte em
exigiam reformas sociais e nacionalistas e trabalhavam para obter a difícil novembro de 1961, João Goulart, afirmou que não só era premente a
conscientização coletiva. Esse populismo evoluía de maneira rápida e realização da reforma agrária, como também declarou a impossibilidade
desordenada e chegou até o campo, através das Ligas Camponesas de de sua efetivação sem a mudança da Constituição brasileira que exigia
Francisco Julião. Tal como o lado direitista, também o setor da esquerda indenização prévia em dinheiro para as terras desapropriadas. No
tinha apoio de partidos (PTB, PCB) e de governadores estaduais (Miguel entanto, a aceitação da mudança da constituição encontrava forte
Arraes e Leonel Brizola). Faltava a ela, entretanto, o importante apoio resistências por parte dos setores mais conservadores do próprio governo.
militar. (...). Além disto, as divisões internas de esquerda criavam grande Para enfrentar tais dificuldades, Goulart criou em 1962 o Conselho
confusão e reduziam a eficácia do trabalho de conscientização e Nacional de Reforma Agrária, mas essa iniciativa não teve nenhum
mobilização coletiva com vistas às reformas necessárias ao país. (...). Nos resultado prático. Durante todo o governo parlamentarista a agenda das
começos de 1964, a inflação e a instabilidade interna atingiram índices reformas não avançou.Com o restabelecimento do presidencialismo em
insustentáveis. O governo Goulart, que já não controlava lado nenhum, janeiro de 1963 e a ampliação dos poderes de Goulart, a implementação
tentou uma aproximação definitiva com o setor progressista, assinando, das reformas tornava-se urgente. Novamente a reforma agrária voltava

378 Tópico 3.13 – A crise institucional nos Governos de Quadros e Goulart | Curso Preparatório Cidade
ao centro do debate político. No primeiro semestre de 1963, Goulart Rural Brasileira -, a Marcha foi cerrada com eloqüentes discursos de
apresentou às lideranças políticas para debate, um anteprojeto de deputados do PSD e da UDN contra o governo Goulart. Como observou um
reforma agrária que previa a desapropriação de terras com título da dívida estudioso, ais demonstrações públicas tinham o propósito de “criar clima
pública, o que forçosamente obrigava a alteração constitucional. Uma sócio-político favorável à intervenção militar, bem como de incitar
segunda iniciativa para agilizar a agenda das reformas foi o diretamente as forças armadas ao golpe de Estado” (Décio Saes, “Classe
encaminhamento de uma emenda constitucional que propunha o Média e Política, In: Brasil Republicano, vol. 3) Estas manifestações civis –
pagamento da indenização de imóveis urbanos desapropriados por onde praticamente era inexistente a presença popular e operária – nunca
interesse social com títulos da dívida pública. Essas propostas, no foram “espontâneas”; além de se inspirarem em campanhas
entanto, não foram aprovadas pelo Congresso Nacional, o que provocou anticomunistas realizadas em outros países, sempre foram estimuladas e
forte reação por parte dos grupos de esquerda. O fortalecimento dos incentivadas pelos conspiradores na áreas militar. (...). Apesar de ter sido
movimentos populares, concretizado através do aumento do poderio dos precipitada pelo comício do dia 13, a intervenção das Forças Armadas, na
trabalhadores urbanos e da crescente organização das massas rurais, verdade, vinha sendo preparada desde os primeiros dias em que Goulart
intensificou as pressões sobre o governo para a implementação das tomara posse no regime parlamentarista. Se naquela ocasião era reduzido
reformas. A eclosão, em setembro de 1963, da Revolta dos Sargentos – o número dos “conspiradores de primeira hora”, vários acontecimentos
movimento que reivindicava o direito de que os chamados graduados das ocorridos no período, envolvendo as forças armadas (Revolta dos
forças armadas (sargentos, suboficiais e cabos) exercessem mandato Sargentos; Estado de Sítio; atritos entre oficiais e setores políticos
parlamentar em nível municipal, estadual ou federal, o que contrariava a nacionalistas; freqüentes substituições de ministros militares no governo;
Constituição de 1946 - foi mais um fator para a polarização política e para etc.), contribuíram para aumentar o quadro de descontentes. Na
denunciar a urgência das reformas de base. O ano de 1964 iniciou-se com perspectiva da alta oficialidade militar, no País e no interior da corporação
o virtual isolamento de Jango e com o esgotamento das negociações com vinham sucedendo-se “situações intoleráveis”: “quebra da disciplina e da
o Partido Social Democrático (PSD) e as forças mais conservadoras, para hierarquia”, “subversão da lei e da ordem”, “crise da autoridade”, “caos
implementar a agenda do governo. Neste quadro, a nova estratégia de administrativo”. A conspiração nos meios militares, inicialmente
Goulart foi organizar uma ofensiva política apoiada pelos principais desarticulada e dispersa em várias “células de oficiais”, conseguiu
grupos de esquerda para garantir o apoio às reformas de base. O plano de unificar-se mediante a liderança do gal. Castelo Branco, empossado na
ação era o seu comparecimento a uma série de grandes comícios nas chefia do Estado-Maior do Exército em setembro de 1963. (...). Uma
principais cidades do país, a fim de mobilizar a maioria da população semana após o comício do dia 13, num memorando de caráter reservado à
brasileira em favor das reformas. alta hierarquia do Exército, o gal. Castelo Branco faria graves
considerações sobre a situação político-institucional do país. Neste
FERREIRA,Marieta de Moraes. As reformas de base. Disponível em: documento advertia-se para o período representado pela convocação de
http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/Jango/artigos/NaPresidenciaRepublica/As_reformas_de_base uma Constituinte (“a ambicionada Constituinte é um objetivo
revolucionário pela violência com o fechamento do atual Congresso” que
implicaria a “instituição de uma ditadura síndico-comunista”) e para o
desencadeamento de “agitações generalizadas do ilegal poder do CGT”. A
(...) Desde o início de março, setores das classes médias e da burguesia
retirada do apoio militar ao governo Goulart foi sintetizada no seguinte
sob a bandeira do anticomunismo e da defesa da propriedade, da fé
trecho: “o meios militares nacionais e permanentes não são propriamente
religiosa e da moral, saíram às ruas em diversas capitais a fim de pedir o
para defender programas de governo, muito menos a sua propaganda,
impeachment do governo federal. Entre as manifestações civis destacou-
mas para garantir os poderes constitucionais, o seu funcionamento e
se a “Marcha da Família com Deus pela Liberdade”, realizada em São
aplicação da lei”. Aqui estava a senha para o início da ofensiva na área
Paulo, no dia 19 de março, reunindo cerca de 500 mil pessoas. Organizada
militar. No entanto, a data para a deflagração do movimento visando à
por movimentos femininos – com a inteira colaboração do governo do
derrubada do governo Goulart ainda não tinha sido decidida pelos altos
estado e de São Paulo, setores da Igreja Católica, da FIESP, da Sociedade

Curso Preparatório Cidade | Tópico 3.13 – A crise institucional nos Governos de Quadros e Goulart 379
comandos militares. Nesta altura, julgava-se que o consenso quanto à tensões entre seu governo e setores militares. No dia 30 de março, o
“solução cirúrgica” ainda não tinha sido conseguido no interior da alta presidente compareceu a uma reunião de sargentos, discursando em prol
oficialidade. Além dos “moderados” ou “legalistas”, falava-se na das reformas pretendidas pelo governo e invocando o apoio das forças
existência de um “sólido dispositivo militar” de sustentação do governo. armadas. Em 31 de março de 1964, o comandante da 4ª Região Militar,
(...). Uma nova revolta no seio dos setores subalternos das Forças sediada em Juiz de Fora, Minas Gerais, iniciou a movimentação de tropas
Armadas contribuiu pra que o problemático consenso fosse em direção ao Rio de Janeiro. A despeito de algumas tentativas de
imediatamente alcançado. Foi a chamada “Revolta dos Marinheiros”. No resistência, o presidente Goulart reconheceu a impossibilidade de
dia 26 de março, mais de 1 000 marinheiros e fuzileiros navais reuniam-se oposição ao movimento militar que o destituiu. O novo governo foi
no Sindicato dos Metalúrgicos (Guanabara), a fim de comemorar o reconhecido pelo presidente norte-americano, Lyndon Johnson, poucas
segundo aniversário da proibida Associação dos Marinheiros e Fuzileiros horas após tomar o poder.”
Navais do Brasil. Um contingente de fuzileiros navais, enviado para
prender os manifestantes insubordinou-se e solidarizou-se com seus Fonte: Os presidentes e a República – Deodoro da Fonseca a Luiz Inácio Lula da Silva.Arquivo Nacional, p.124.
camaradas revoltosos. Tendo como intermediário o CGT, o governo
convenceu os rebelados a se entregarem, levando-os presos a um quartel.
Contudo, em poucas horas estes sairiam livres, anistiados pelo novo EXERCÍCIOS
ministro da Marinha. (Comentou-se que este oficial tinha sido escolhido
por Goulart, algumas horas antes, a partir de uma lista elaborada pelo 01. Leia os trechos abaixo relativos ao governo de Juscelino Kubitschek.
“ilegal CGT”) A sublevação dos marinheiros, a anistia e a nomeação do
novo ministro atingiram a alta oficialidade das forças armadas como uma I. "[...] o programa de governo que me proponho a realizar prevê, inicialmente, a adoção de
“verdadeira bomba”. O Clube Militar e o Clube Naval denunciaram com um Plano Nacional de Desenvolvimento no qual se determinam os objetivos e as condições
veemência o “ato de indisciplina acobertado pela autoridade constituída, necessárias para que a iniciativa privada nacional, com o auxílio do capital estrangeiro e a
destruindo o princípio da hierarquia”. Estava, assim, selada a sorte de eficaz assistência do Estado, possa realizar a grande tarefa de nosso progresso..."
Goulart.
(J. K. OLIVEIRA. "Diretrizes Gerais do Plano Nacional de Desenvolvimento". Belo Horizonte, 1955. p. 17-18.)

TOLEDO,Caio Navarro de. O governo Goulart e o golpe de 64. São Paulo: brasiliense, 1994.
P.89-90.
II. "Contudo, a intransigência do Fundo [Monetário Internacional] forneceu ao Presidente um
álibi exemplar para unir os desenvolvimentistas em torno de si, bem como para transferir os
problemas da inflação e, particularmente, do grave endividamento externo de curto prazo
que se seguiu, para seu sucessor, mantendo intacta sua reputação desenvolvimentista,
“Em 1964, em meio às tensões sociais e à pressão externa, precipitaram- provavelmente com vistas às eleições presidenciais de 1965."
se os acontecimentos. Em 13 de março, o presidente discursou na Central
(MALAN, P. S. As relações econômicas internacionais do Brasil. In FAUSTO, B. "História Geral da Civilização
do Brasil para 150 mil pessoas, anunciando reformas como a encampação
Brasileira". Ed. Difel. Tomo III, 1984. 4º vol., p. 92.)
das refinarias particulares de petróleo. Em 19 de março, realizou-se, no
Rio de Janeiro, a Marcha da Família com Deus pela Liberdade, organizada III. "Embora durante sua administração o processo inflacionário brasileiro tenha sofrido uma
pela Campanha da Mulher pela Democracia (Camde) e a Sociedade Rural aceleração, o crescimento da população 'per capita' evidencia o grande desenvolvimento do
Brasileira (SBR), entre outras entidades. A marcha tinha como objetivo país. Com as garantias e as facilidades concedidas pelo governo, instalaram-se fábricas de
mobilizar a opinião pública contra a política desenvolvida pelo governo de caminhões, tratores e automóveis. Construíram-se grandes obras hidrelétricas, abriram-se
Jango, que conduziria, de acordo com seus opositores, à implantação do estradas e grandes rodovias. A expansão da indústria do aço e do petróleo, a construção
comunismo no Brasil. Em 25 de março ocorreu a Revolta dos Marinheiros, naval contribuíram também para mudar o aspecto geral do país. [...] A 21 de abril de 1960
quando marinheiros e fuzileiros navais contrariaram ordens do ministro inaugurou a cidade de Brasília..."
da Marinha e foram, posteriormente, anistiados por Goulart, acirrando as (SOUTO MAIOR, A. "História do Brasil". São Paulo, Cia. Ed. Nacional, 1967. p. 409.)

380 Tópico 3.13 – A crise institucional nos Governos de Quadros e Goulart | Curso Preparatório Cidade
A partir da leitura dos textos, é possível identificar: as indispensáveis garantias ao desembarque, permanência em Brasília e investidura na Presidência
da República do Senhor Doutor João Goulart (...)".
(A) o programa de Metas, o enfrentamento ao FMI e o Desenvolvimentismo.
(B) o Plano Salte, o enfrentamento ao FMI e o Populismo. Auro de Moura Andrade. (Presidente do Congresso Nacional, em 03/09/1961).

(C) o Programa de Metas, o apoio do FMI e o Populismo.


(D) o Plano Salte, a ajuda do FMI e o Desenvolvimentismo. II. "Excelentíssimo Senhor Senador Auro de Moura Andrade:
(E) o Populismo, a criação da Petrobrás e o Programa de Metas.
Senhor Presidente:

Nos termos e para os efeitos do Ato Adicional, tenho a honra de comunicar a Vossa Excelência e ao
02. (G1) No período de 1930 a 1960, o setor industrial brasileiro apresentou elevados índices de Congresso Nacional que indico para o Cargo de Primeiro-Ministro o Senhor Tancredo de Almeida
crescimento, tendo o país realizado um rápido processo de industrialização por substituição de Neves, que, por meu intermédio, submete à patriótica consideração desse plenário o seguinte
importações. A respeito desse processo, pode-se afirmar que: Gabinete: (segue-se a lista dos Ministros) (...)."

(A) teve, ao longo de todo o período, intensa participação do capital internacional, que foi o João Belchior Marques Goulart.(Presidente da República, em 08/09/1961).
responsável exclusivo pela instalação da indústria de base.
(B) teve uma decisiva participação do Estado, através de políticas de estímulo à
(A) Os dois documentos contêm indícios que revelam ser presidencialista o sistema de
industrialização, da concessão de amplos financiamentos, da criação de infra-estrutura e
governo na ocasião.
de investimentos diretos.
(B) Estes documentos não contêm informações que permitam saber se o sistema de governo,
(C) foi realizado quase que exclusivamente por capitais privados nacionais, já que a postura
na ocasião, era o presidencialismo, ou o parlamentarismo.
nacionalista dos governos da época permitia uma pequena participação aos investimentos
(C) O primeiro documento - e somente ele - revela que era parlamentarista o sistema de
estrangeiros.
governo na ocasião.
(D) caracterizou-se pela implantação de um parque industrial com produção voltada para a
(D) Os dois documentos contêm informações que revelam ser parlamentarista o sistema de
exportação, aproveitando as boas condições oferecidas pelo mercado internacional nesse
governo na ocasião.
período.
(E) O segundo documento - e somente ele - revela que era parlamentarista o sistema de
governo na ocasião.

03. (Fuvest) Com base nos documentos assinale a alternativa correta.


04. (Unitau) O colapso do populismo no Brasil se deveu a vários fatores:
I. "Excelentíssimo Sr. Deputado Ranieri Mazzilli.
I. O vertiginoso crescimento das forças populares e o radicalismo de seus movimentos não se
DD. Presidente da República em exercício.
deixavam controlar como antes.
II. As classes trabalhadoras rurais saíam da sua secular letargia e se organizavam para lutar
Senhor Presidente:
por reforma agrária e pela posse da terra.
Em face da próxima chegada do Sr. Doutor João Belchior Marques Goulart a Brasília, com o fito de III. As classes empresariais sentiam que o Estado populista perdera a eficácia e a autoridade.
prestar compromisso perante o Congresso Nacional e indicar à aprovação dele o nome do IV. O capital internacional se indispôs com Jango devido à restrição da remessa de lucros.
Presidente do Conselho e a composição do Primeiro Conselho de Ministros, bem como para receber V. A continuidade do ritmo de industrialização dependia de mais empréstimos externos e de
em sessão do Congresso Nacional posse, juntamente com aquele Conselho e o seu Presidente, uma política de controle da natalidade.
tudo nos termos do Artigo 21, parágrafo único da Emenda Constitucional nº 4 (Ato Adicional de
02/09/1961), venho, na minha condição de Presidente do Congresso, solicitar de Vossa Excelência (A) As afirmações I, II e III estão corretas.
(B) As afirmações I, III e V estão corretas.

Curso Preparatório Cidade | Tópico 3.13 – A crise institucional nos Governos de Quadros e Goulart 381
(C) As afirmações II e V estão erradas. 08. (Faap) "Industrializar aceleradamente o país; transferir do exterior para o nosso território as
(D) A afirmação V está errada. bases do desenvolvimento autônomo; fazer da indústria manufatureira o centro dinâmico das
(E) Todas as afirmações estão corretas. atividades econômicas nacionais - isto resume o meu propósito, a minha opção."

O texto pode ser considerado o resumo do programa de governo de:


05. (Unesp) Assinale a alternativa correta sobre a denominada política externa independente do
governo Jânio Quadros:
(A) Café Filho
(B) Eurico Gaspar Dutra
(A) Manter o país atrelado ao bloco socialista e participando do processo de divisão mundial
(C) Nereu Ramos
do trabalho.
(D) Juscelino Kubitschek
(B) Submeter projetos de desenvolvimento nacional à apreciação de um comitê norte-
(E) Washington Luiz
americano.
(C) Captação de recursos internos para a solução de todos os problemas sociais.
(D) Assumir a defesa da Aliança para o Progresso e apoiar a política de isolamento de Cuba. 09. (Ufmg) Leia o texto.
(E) Reatamento de relações diplomáticas com a União Soviética e apoio à tese de
autodeterminação dos povos. "... Espero que nestas circunstâncias V.Exa. sentirá que o seu país deseja unir-se ao nosso,
expressando os seus sentimentos ultrajados frente a este comportamento cubano e soviético e que
V.Exa. achará por bem expressar publicamente os sentimentos do seu povo."
06. (Cesgranrio) Assinale a opção que apresenta uma característica do quadro partidário brasileiro,
"Quero convidar V.Exa. para que suas autoridades militares possam conversar com os meus
entre 1945 e 1964:
militares sobre a possibilidade da participação em alguma base apropriada com os Estados Unidos
e outras forças do Hemisfério em qualquer ação militar que se torne necessária pelo
(A) Todos os Partidos surgidos ao final do Estado Novo representavam as forças de oposição
desenvolvimento da situação em Cuba..."
à ditadura.
(B) A UDN (União Democrática Nacional), principal força de oposição a Getúlio Vargas, foi a (Do arquivo pessoal de João Goulart, citada por Moniz Bandeira.)
grande vencedora nas eleições nacionais do período.
(C) A permanente e radical oposição entre PSD (Partido Social Democrático) e PTB (Partido Esse é um trecho de uma carta pessoal enviada por John Kennedy, presidente dos Estados Unidos,
Trabalhista Brasileiro) pode ser associada à oposição rural X urbano. a João Goulart, presidente do Brasil, no início da década de 60.
(D) Os maiores Partidos Políticos (PSD, UDN e PTB) eram organizações criadas a partir de
cúpulas tendo limitadas bases populares. Os termos dessa carta podem ser associados:
(E) Os Partidos do período eram instituições fortemente marcadas por práticas democráticas
e rigor doutrinário. (A) à critica à política externa independente adotada pelo Brasil, desde o governo Jânio
Quadros, a qual identificava o país com os governos não-alinhados.
(B) à pressão sobre o governo brasileiro para que fossem adotadas medidas drásticas contra
07. (Faap) Com a renúncia de Jânio Quadros, João Goulart toma posse como Presidente da
o crescimento das ideias comunistas no país.
República no sistema Parlamentarista cujo Primeiro Ministro foi:
(C) à sugestão para o governo brasileiro apoiar o programa ALIANÇA PARA O PROGRESSO
que fornecia recursos aos estados e municípios brasileiros.
(A) Franco Montoro
(D) ao estímulo às ações da Escola Superior de Guerra (ESG) que baseava suas ações no
(B) Tancredo Neves
binômio DESENVOLVIMENTO E SEGURANÇA.
(C) Ulisses Guimarães
(E) ao incentivo aos investimentos privados, à livre concorrência e à abertura do mercado
(D) Ademar de Barros
brasileiro ao capital estrangeiro.
(E) Auro de Moura Andrade

382 Tópico 3.13 – A crise institucional nos Governos de Quadros e Goulart | Curso Preparatório Cidade
10. (Mackenzie) Cinquenta anos de progresso em cinco anos de governo foi o slogan do período de 13. (Uece) O período imediatamente anterior ao golpe de 64 foi de intensas movimentações sociais
JK, caracterizado por: e manifestações públicas. Sobre as "passeatas" que ocorreram durante este período, pode-se
dizer corretamente:
(A) conseguir eleger seu sucessor, graças à estabilidade econômica gerada pelo Plano de
Metas. (A) não só a "esquerda" se movimentou, mas também outros setores manifestaram-se
(B) reprimir as oposições, anulando os direitos democráticos e a liberdade de imprensa. publicamente, como as "Marchas da Família com Deus pela Liberdade" organizadas por
(C) reduzir a produção de bens de consumo duráveis, voltando-se totalmente para a indústria grupos conservadores contra o governo de João Goulart.
de base. (B) foram monopolizadas pelas organizações comunistas lideradas pelo Partido Comunista do
(D) acelerar o desenvolvimento industrial, internacionalizar nossa economia, gerando, Brasil para derrubar o governo populista de João Goulart e impedir a efetivação das
contudo, endividamento e inflação. reformas de base.
(E) acentuar o caráter nacionalista de nossa economia, conforme o modelo varguista. (C) as manifestações de rua foram intensamente reprimidas pelas organizações de soldados e
marinheiros que se formaram para defender o governo e a hierarquia militar ameaçada
pelos comunistas.
11. (Mackenzie) A U.D.N. inventou uma argumentação jurídica acusando os candidatos vitoriosos à
(D) as passeatas aconteceram somente em São Paulo e Belo Horizonte, refletindo o
presidência e à vice-presidência de receberem apoio do comunismo internacional e de não
descontentamento destas cidades para com o governo centralizador de Juscelino
terem alcançado a maioria dos votos. O Ministro da Guerra, General Lott, suspeitando de um
Kubitschek.
golpe, ordenou a ocupação de prédios públicos, estações de rádio e principais jornais do Rio de
Janeiro, garantindo a posse aos eleitos.
14. (Cesgranrio) No governo de João Goulart, as chamadas reformas de base foram motivos de
Este episódio está ligado à eleição de: muitas discussões. Dentre elas, a mais polêmica foi a reforma agrária, que NÃO estava
intimamente ligada:
(A) Jânio Quadros e João Goulart.
(B) Juscelino Kubitschek e João Goulart. (A) à falta de correspondência entre desenvolvimento econômico e estrutura da propriedade
(C) Getúlio Vargas e João Goulart. da terra;
(D) Eurico Gaspar Dutra e Nereu Ramos. (B) ao favorecimento do desenvolvimento capitalista nacional, com o aumento das áreas
(E) Carlos Lacerda e Café Filho. cultivadas no país e da diminização do mercado interno que daí resultaria;
(C) à redistribuição da propriedade da terra, compromisso assumido pelo governo com os
trabalhadores rurais;
12. (G1) Sua campanha eleitoral teve como símbolo a Vassourinha, para varrer a corrupção. Seu
(D) à justiça social no campo com a defesa dos interesses dos camponeses no acesso à
governo caracterizou-se por medidas excêntricas, como a proibição do biquíni e os
propriedade de terras;
"bilhetinhos", para expedir suas ordens. Aproximou-se dos países comunistas e aos sete meses
(E) à transformação dos camponeses em trabalhadores assalariados, com a consequente
de governo, renunciou alegando ser pressionado pelas "Forças Ocultas".
elevação da produtividade agrícola e dos investimentos no setor.

O texto acima, refere-se a:


15. (Uece) Sobre a política estabelecida por Jânio Quadros na Presidência da República, pode-se
(A) Jânio Quadros; afirmar corretamente:
(B) Eurico Gaspar Dutra;
(C) Fernando Collor de Mello; (A) no plano interno, Jânio ocupava-se muitas vezes de questões menores, como a briga de
(D) Tancredo Neves galos ou os trajes das misses, enquanto procurava estabelecer uma independente e
(E) Getúlio Vargas confusa política externa.

Curso Preparatório Cidade | Tópico 3.13 – A crise institucional nos Governos de Quadros e Goulart 383
(B) apesar das hesitações com relação às reformas de base prometidas na campanha (C) Apenas III
eleitoral, Jânio implementou uma arriscada e independente política externa, chegando a (D) Apenas I e II
condecorar "Che Guevara". (E) I, II e III
(C) Jânio elegeu-se prometendo "varrer" a corrupção da política brasileira, mas foi deposto
sob acusação de enriquecimento ilícito com verbas de campanha.
18. (Fuvest) Sobre o governo de João Goulart (1961-1964), é possível afirmar que:
(D) procurando implementar as promessas de campanha a respeito da reforma agrária e
querendo dissolver o Congresso, Jânio renunciou quando encontrou resistências entre os
(A) tomou medidas claras e definidas para a implantação do socialismo no Brasil;
sindicatos operários que o haviam apoiado.
(B) propôs as chamadas "reformas de base" que pretendiam promover, entre outras, as
reformas agrária e urbana;
16. (Cesgranrio) Durante o governo do Presidente Jânio Quadros foram alteradas as diretrizes da (C) fechou os olhos às lutas guerrilheiras que se implantavam em diversos pontos do Brasil;
política externa. Essas alterações ficaram conhecidas como: (D) foi anti-imperialista, promovendo a ruptura das relações diplomáticas com os Estados
Unidos;
(A) política externa independente, com aproximação comercial e cultural dos países africanos, (E) tomou medidas drásticas contra os capitais externos, nacionalizando as empresas
especialmente os de língua portuguesa. estrangeiras.
(B) política externa independente, com aproximação cultural e econômica dos países da
Europa Central e Ocidental.
19. (Fatec) Em 25 de agosto de 1961, quando da renúncia de Jânio Quadros, os ministros militares
(C) política externa independente, com aproximação comercial e industrial, dos países
acharam inconveniente à segurança nacional a posse do então vice-presidente João Goulart,
comunistas.
que se encontrava na época, no estrangeiro. Temendo o surgimento de uma guerra civil ou de
(D) política externa dependente, com definição do pragmatismo econômico sob a direção
um golpe militar, o Congresso para contornar essa crise, resolveu aprovar um Ato Adicional à
americana.
Constituição de 1946, com o intuito de diminuir os poderes do novo presidente.
(E) política externa dependente, com aproximação comercial e cultural dos países latino-
americanos.
Através desse Ato Adicional:

17. (Ufrs) Em relação ao golpe de 1964, que expressa o colapso do populismo no Brasil, são feitas (A) implantou-se o sistema parlamentarista de governo.
as seguintes afirmações: (B) admitiu-se a pena de morte para os casos de subversão.
(C) surgiu a Revolução de 1964.
I. As classes dominantes civis e militares e setores das classes médias apoiaram a derrubada (D) o Congresso entrou em recesso e estabeleceu o Ato Institucional número 5.
do Presidente João Goulart, pois ficaram temerosos com a crescente politização das massas (E) o vice-presidente não seria mais considerado presidente do Congresso Nacional.
populares.
II. Entre as forças da chamada direita destacavam-se organizações como o Instituto de
20. (Ufpe) Indique a alternativa que corresponde a uma série de acontecimentos políticos
Pesquisas e Estudos Sociais (IPES) e o Instituto Brasileiro de Ação Democrática (IBAD)
vivenciados durante o governo Goulart:
financiadas pelos E.U.A.
III. Os governadores de São Paulo, de Minas Gerais e da Guanabara conspiravam com a ala
(A) O parlamentarismo, o plebiscito, as reformas de base, a marcha da família com Deus pela
militar golpista.
liberdade.
(B) O "milagre brasileiro", o plebiscito, a ditadura militar, a doutrina de segurança nacional.
Quais estão corretas?
(C) O presidencialismo, o plebiscito, as reformas de base e o "milagre brasileiro".
(D) As reformas de base, o "milagre brasileiro" e a Nova República.
(A) Apenas I
(E) A renúncia de Jânio Quadros, o plebiscito e a estatização do petróleo e das companhias
(B) Apenas II
telefônicas do país.

384 Tópico 3.13 – A crise institucional nos Governos de Quadros e Goulart | Curso Preparatório Cidade
EXERCÍCIOS DE PROVA

01. (EsFCEx - 2002) Sobre a fase republicana no Brasil, analise as afirmativas abaixo.

I. Houve influência positivista no setor educacional.


II. Na Era Vargas, o ensino secundário no Brasil foi centralizado.
III. A Lei de Diretrizes e Bases, votada pelo congresso em 1961, descentralizou o ensino.
IV. O I.B.G.E. (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) é obra do Estado Novo.

Com base na análise, assinale alternativa correta.

(A) Somente I está correta.


(B) Somente II e IV estão corretas.
(C) Somente III e IV estão corretas.
(D) Somente I, II e III estão corretas.
(E) Todas estão corretas.

02. (EsFCEx - 2008) O governo de João Goulart foi caracterizado por manifestações de contestação
da situação política e social do Brasil. Analise as afirmativas abaixo e, a seguir, assinale a
alternativa correta.

I. A maior parte das agitações políticas devia-se à difícil relação entre João Goulart e o
movimento sindical, por suas convicções elitistas e pouco favoráveis à classe trabalhadora.
II. O curto período parlamentarista do governo João Goulart foi marcado pela apresentação do
chamado Plano Trienal que privilegiava o desenvolvimento econômico focado na
industrialização.
III. As reformas de base propostas por João Goulart encontraram forte oposição das
associações patronais, sobretudo, por implementar uma política de tributação que consistia
no imposto progressivo (quanto maior a renda mais alta a alíquota do imposto).
IV. Na marcha liderada por empresários, representantes das camadas médias urbanas e
setores da Igreja, intitulada Marcha da Família com Deus pela Liberdade, os manifestantes
atacavam diretamente o “comunismo” do governo Goulart.

(A) Somente I está correta.


(B) Somente II e IV estão corretas.
(C) Somente II e III estão corretas.
(D) Somente IV está correta.
(E) Somente III e IV estão corretas

Curso Preparatório Cidade | Tópico 3.13 – A crise institucional nos Governos de Quadros e Goulart 385
Tópico 3.14 - As reformas de base e a intervenção militar AS REFORMAS DE BASE E A INTERVENÇÃO MILITAR

Comentário Os Atos Institucionais.

Em 2 de abril de 1964, o presidente da Câmara dos Deputados, Ranieri Mazzilli, assumiu, a


Caro estudante, presidência da República, por ocasião do golpe político-militar que depôs o presidente João Goulart.
Apesar disso, o poder de fato passou a ser exercido por uma junta, autodenominada Comando
Em abril de 1964 os militares assumiram mais uma vez o poder político no Brasil. A
Supremo da Revolução, composta pelo general Artur da Costa e Silva, almirante Augusto
República populista chegou ao fim com o término do governo de João Goulart.
Rademaker Grünewald e brigadeiro Francisco de Assis Correia de Melo. O regime instaurado com o
O objetivo inicial dos militares consistia em promover reformas no Estado brasileiro de golpe de 1964 apresentava-se como uma intervenção militar de caráter provisório, que pretendia
forma a dificultar práticas populistas através da modernização das instituições reinstaurar a ordem social e retomar o crescimento econômico, contendo o avanço do comunismo
governamentais. O plano inicial era que Castello Branco terminasse o mandato de Jânio e da corrupção.
Quadros em 31 de janeiro de 1966 quando o poder seria devolvido para os civis. Esse
No dia 9 de abril, o Comando Supremo baixou o ato institucional nº 1
tempo seria o suficiente para a execução das reformas defendidas por setores mais
(A-I-1). Redigido pelo jurista Francisco Campos, o ato estabelecia:
moderados do Exército nacional.
eleições indiretas para presidente da República; suspensão temporária da
No entanto o Exército do Brasil nunca foi uma instituição homogênea e a chamada estabilidade dos funcionários públicos; suspensão da imunidade
"linha-dura", gradativamente, envolveu a ala mais moderada - o "Grupo de Sorbonne" parlamentar e cassação de mandatos eletivos; suspensão dos direitos
ou "Castelistas". O regime militar alongou-se por mais de vinte anos. políticos por dez anos; fortalecimento do poder do presidente da
República, que poderia apresentar projetos de lei e emendas
Um dos instrumentos mais importantes nas mãos dos militares durante esse período constitucionais que deveriam ser votadas em trinta dias, do contrário
foram os "Atos Institucionais". É importante que você conheça essas medidas. Para fins seriam aprovadas por decurso de prazo; e decretação do estado de sítio
de realização de exames os principais foram o número 02 e o número 05, mas qualquer sem aprovação parlamentar.
um deles pode ser cobrado na prova. Veremos os Atos Institucionais de acordo com a
sequência das aulas e não apenas neste tópico. Após o golpe, iniciaram-se as perseguições políticas, com a queima do
prédio da União Nacional dos Estudantes (UNE), o empastelamento da
Avancemos um pouco mais! sede do jornal Última Hora, que apoiava João Goulart, e a intervenção em
sindicatos e federações de trabalhadores. Ainda no mês de abril, soldados
Sobre o assunto leia o texto a seguir! invadiram a Universidade de Brasília, prendendo professores e alunos, e
foi decretada a intervenção na universidade; cerca de cem pessoas
Bons estudos!
tiveram seus direitos políticos suspensos por dez anos com base no AI-1;
oficiais militares foram transferidos para a reserva; e efetuaram-se novas
cassações de civis e militares. No mesmo mês, instaurou-se o Inquérito
Policial Militar (IPM), que possibilitava a perseguição aos adversários do
regime.

Obedecendo ao calendário eleitoral estipulado pelo AI-1, no dia 11 de


abril o Congresso elegeu o marechal Castelo Branco como presidente da
República e José Maria Alkmin, do Partido Social Democrático (PSD),

386 Tópico 3.14 - As reformas de base e a intervenção militar | Curso Preparatório Cidade
como vice-presidente. Em 15 de abril de 1964, com a posse de Castelo Período presidencial
Branco, iniciou-se uma longa sucessão de governos militares no país.
O governo de Castelo Branco foi marcado pela criação de um aparato legal que procurou legitimar
Os presidentes e a república: Deodoro da Fonseca a Luiz Inácio Lula da Silva. Arquivo Nacional, p.129-130. o progressivo endurecimento do regime. As sucessivas manifestações de oposição ao governo
resultaram em intervenção em sindicatos, extinção de entidades de representação estudantis,
GOVERNO CASTELO BRANCO invasão de universidades, detenções e prisões indiscriminadas. Para muitos, a saída foi o exílio.
Uma das primeiras medidas do governo foi o rompimento de relações diplomáticas com Cuba,
assinalando a mudança de orientação da política externa brasileira, que passaria a buscar apoio
econômico, político e militar nos Estados Unidos. Em junho de 1964, foi criado o Serviço Nacional
Figura 77: Soldados protegendo o Palácio da Guanabara durante o Golpe de Estado no Brasil
de Informações (SNI), órgão encarregado das atividades de informação e contrainformação no
em 1964, em 31 de março.
interesse da segurança nacional. Em julho, foi aprovada a emenda constitucional no 9, que
prorrogou o mandato de Castelo Branco até 15 de março de 1967. Mantida a eleição direta para
governador de estado em 3 de outubro de 1965, a oposição venceu na Guanabara e Minas Gerais,
provocando uma reação do governo.

Novos atos institucionais foram promulgados, ampliando os poderes do


Executivo: o AI-2, em 27 de outubro de 1965, que instituiu eleições
indiretas para a presidência e vice-presidência da República, a extinção
dos partidos políticos e o julgamento de civis por tribunais militares; o ato
complementar nº 4 (AC-4), de 20 de novembro de 1965, que estabeleceu
novas regras para a reorganização partidária e impôs a formação de
somente duas agremiações, que foram organizadas no prazo previsto, a
Aliança Renovadora Nacional (Arena), de apoio ao governo, e o
Movimento Democrático Brasileiro (MDB), de oposição; o AI-3, de 5 de
fevereiro de 1966, que determinava eleições indiretas para o governo dos
estados e a indicação dos prefeitos das capitais
Créditos: Arquivo Nacional.
pelos governadores; e o AI-4, de 7 de dezembro de 1966, que convocava o
Dados biográficos Congresso Nacional para votar a nova Constituição, promulgada em 24 de
janeiro de 1967.
Militar, nascido na cidade de Fortaleza, estado do Ceará, em 20 de setembro de 1897. Estudou no
Colégio Militar de Porto Alegre, na Escola Militar de Realengo, na Escola de Aperfeiçoamento de Os presidentes e a república: Deodoro da Fonseca a Luiz Inácio Lula da Silva. Arquivo Nacional, p.134.
Oficiais da Armada, na Escola de Estado-Maior e na Escola de Aviação Militar. Integrou a Seção de
Planejamento e Operações da Força Expedicionária Brasileira (FEB), na campanha da Itália durante
a Segunda Guerra Mundial. Foi subchefe do Estado-Maior das Forças Armadas (EMFA), comandante
da Escola de Estado-Maior e diretor do departamento de estudos da Escola Superior de Guerra Segundo o historiador Boris Fausto:
(ESG). Promovido a general-de-exército (1962), foi nomeado comandante do IV Exército, em
Recife (1962-1963), e designado chefe do Estado- Maior do Exército (1963-1964). Foi um dos O AI-2 reforçou ainda mais os poderes do presidente da República ao
principais articuladores do golpe militar de 1964, que depôs o presidente João Goulart. Através de estabelecer que ele poderia baixar atos complementares ao ato, bem
eleição indireta passou a exercer o cargo de presidente da República em 15 de abril de 1964. como decretos-leis em matéria de segurança nacional. O governo passou
Faleceu no Ceará, em 18 de julho de 1967, em acidente aéreo. a legislar sobre assuntos relevantes através de decretos-leis, ampliando

Curso Preparatório Cidade | Tópico 3.14 - As reformas de base e a intervenção militar 387
até onde quis o conceito de segurança nacional existentes. Mas a medida GOVERNO COSTA E SILVA
mais importante do AI-2 foi a extinção dos partidos políticos existentes.
Os militares consideravam que o sistema multipartidário era um dos
fatores responsáveis pelas crises políticas. Desse modo, deixaram de Dados biográficos
existir os partidos criados o fim do Estado Novo que, bem ou mal,
exprimiam diferentes correntes da opinião pública. A legislação partidária Militar, nascido na cidade de Taquari, estado do Rio Grande do Sul, em 3 de outubro de 1899.
forçou na prática a organização de apenas dois partidos: a Aliança Estudou no Colégio Militar de Porto Alegre, na Escola Militar de Realengo, na Escola de
Renovadora Nacional (Arena), que agrupava os partidários do governo, e Aperfeiçoamento de Oficiais da Armada e na Escola de Estado-Maior do Exército. Integrou o
o Movimento Democrático brasileiro (MDB), que reunia oposição. A maior movimento tenentista (1922), tendo sido preso e anistiado. Em 1932 aliou-se às forças que lutaram
parte dos políticos que se filiaram à Arena tinha pertencido à UDN e em contra a revolução constitucionalista de São Paulo. Foi adido militar junto à embaixada do Brasil na
número quase igual ao PSD; o MDB foi formado por figuras do PTB, vindo Argentina (1950-1952). Promovido a general-de-divisão (1961), assumiu o comando do IV Exército,
a seguir o PSD. em Recife (1961-1962). Foi um dos principais articuladores do golpe militar de 1964, que depôs o
presidente João Goulart, e integrou o Comando Supremo da Revolução, ao lado do brigadeiro
Correia de Melo e do almirante Augusto Rademaker. Ministro da Guerra durante o governo Castelo
FAUSTO,Boris.História do Brasil. São Paulo: Edusp, 1997, p. 474-475.
Branco (1964-1966), desincompatibilizou-se do cargo para candidatar-se às eleições indiretas na
legenda da Arena. Em 3 de outubro de 1966, Costa e Silva e Pedro Aleixo foram eleito,
respectivamente, presidente e vice-presidente pelo Congresso Nacional, com a abstenção de toda a
Na área econômica, foi implementado o Plano de Ação Econômica do Governo (PAEG), com o bancada do MDB, partido oposicionista. Em 15 de março de 1967 foi empossado na presidência, e
objetivo de conter a inflação, retomar o crescimento econômico e normalizar o crédito. Em 1964, em agosto de 1969 afastou-se do cargo em virtude de uma trombose cerebral, sendo substituído
destacaram-se a criação do Conselho Monetário Nacional e do Banco Central. por uma junta militar. Faleceu no Rio de Janeiro, em 17 de dezembro de 1969.

Nesse mesmo ano, foi criado o Banco Nacional de Habitação (BNH), com o
objetivo de promover a construção e a aquisição de moradias pelas
classes de menor renda. Em setembro de 1966, o governo instituiu o Período presidencial
Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), que substituiu a
estabilidade do trabalhador no emprego, e em novembro, unificou os Os dois primeiros anos do governo Costa e Silva foram de intensa atividade política, pois crescia o
institutos de aposentadoria e pensões, criando o Instituto Nacional de movimento de oposição ao regime militar. O Partido Comunista Brasileiro, reunido em seu VI
Previdência Social (INPS). Congresso, condenou a opção pela luta armada como forma de combate ao governo, dando origem
a várias dissidências na esquerda brasileira. Em 1967 foi descoberto o foco de guerrilha rural na
Em janeiro de 1967 entrou em vigor a nova Constituição federal, que seria serra de Caparaó, Minas Gerais. Políticos de diferentes tendências formaram a Frente Ampla, sob a
duramente criticada nos meios políticos e praticamente derrogada, em liderança de Carlos Lacerda e com o apoio de Juscelino Kubitschek e João Goulart. De caráter
dezembro de 1968, pelo ato institucional no 5. Em fevereiro de 1967 foi oposicionista, a Frente Ampla propunha a luta pela redemocratização, anistia, eleições diretas para
baixado o decreto que autorizou a entrada em circulação do cruzeiro presidente e uma nova constituinte.
novo, a nova unidade monetária e, em março, entraram em vigor duas
importantes leis que definiram os limites do novo regime: a Lei de O ano de 1968 foi marcado pela intensificação dos protestos e a imediata
Imprensa, que restringia a liberdade de expressão, e a Lei de Segurança reação do governo. As manifestações estudantis, que denunciavam a falta
Nacional, que definiu os crimes contra a segurança nacional e a ordem de verbas para educação e se opunham ao projeto de privatização do
política e social. ensino público, ganharam nova dimensão com a morte do estudante
secundarista Edson Luís, em conflito com a Polícia Militar no Rio de
Os presidentes e a república: Deodoro da Fonseca a Luiz Inácio Lula da Silva. Arquivo Nacional, p.133-135. Janeiro. Em resposta, houve uma greve estudantil nacional, comícios e
manifestações urbanas com a participação de amplos setores da

388 Tópico 3.14 - As reformas de base e a intervenção militar | Curso Preparatório Cidade
sociedade, cujo ponto alto foi a Passeata dos Cem Mil, ocorrida no Rio de Ao mesmo tempo, ocorreram duas greves operárias agressivas – as de
Janeiro. O ambiente político tornou-se ainda mais tenso, e em abril o Contagem, perto de Belo Horizonte, e de Osasco, na Grande São Paulo. A
governo proibiu a Frente Ampla, tornando ilegal suas reuniões, greve de Contagem começou quando 1700 operários da Siderúrgica
manifestações e publicações. No movimento trabalhista ocorreram duas Belgo-Mineira paralisaram o trabalho e tomaram seus diretores como
importantes greves, em Contagem (MG) e Osasco (SP), com a intervenção reféns. Em uma semana, havia 15 mil trabalhadores parados, exigindo um
do governo no sindicato dos metalúrgicos desta cidade. Em outubro, a aumento salarial de 25%. Após cerca de dez dias, um acordo pôs fim ao
União Nacional dos Estudantes (UNE) realizou um congresso clandestino movimento.
em Ibiúna (SP), que, descoberto, resultou na prisão dos líderes
estudantis. A greve de Osasco (julho de 1968) teve características diferentes.
Enquanto a de contagem foi até certo ponto espontânea, a de Osasco
Os presidentes e a república: Deodoro da Fonseca a Luiz Inácio Lula da Silva. Arquivo Nacional, p.140-141. resultou de um trabalho conjunto de trabalhadores e de estudantes,
começando com a ocupação da Cobrasma. A prova de força com o
governo, tendo a greve como instrumento, de mau resultado. O Ministério
do Trabalho interveio no Sindicato dos Metalúrgicos, forçando seu
Segundo o historiador Boris Fausto:
presidente José Ibraim a optar pela clandestinidade. Pesado aparato
militar realizou com violência a desocupação da Cobrasma.
1968 não foi um ano qualquer. Em vários países, os jovens se rebelaram,
embalados pelo sonho de um mundo novo. Nos Estados Unidos, houve
grandes manifestações contra a Guerra do Vietnã; na França, a luta inicial FAUSTO,Boris.História do Brasil. São Paulo: Edusp, 1997, p. 477-478.

pela transformação do sistema educativo assumiu tal amplitude que


chegou a ameaçar o governo De Gaulle. Buscava-se revolucionar todas as
áreas do comportamento, em busca de liberação sexual e da afirmação da Ocorreram as primeiras ações da guerrilha urbana em São Paulo, com a
mulher. As formas políticas tradicionais eram vistas como velharias e explosão de uma bomba no consulado americano, o assalto a um trem
esperava-se colocar “a imaginação no poder”. Esse clima, que no Brasil pagador em Jundiaí e o roubo de armas do hospital militar do Cambuci.
teve efeitos visíveis no plano da cultura em geral e da arte, especialmente Em setembro, o deputado Márcio Moreira Alves, do MDB, discursou na
da música popular, deu também impulso à mobilização social. Era um Câmara dos Deputados, responsabilizando os militares pelas violências
árduo caminho colocar “a imaginação no poder”, em um país submetido a praticadas contra os estudantes. Seu pronunciamento foi considerado
uma ditadura militar. O catalisador das manifestações de rua em 1968 foi ofensivo às forças armadas e resultou no pedido de cassação de seu
a morte de um estudante secundarista. Edson Luís foi morto pela Polícia mandato pelo governo, negado pela Câmara dos Deputados em 13 de
Militar durante um pequeno protesto realizado no Rio de Janeiro, no mês dezembro de 1968. A derrota do governo no episódio Moreira Alves e a
de março durante um pequeno protesto realizado no Rio de Janeiro, no intensificação das manifestações contra o regime militar levaram à
mês de março, contra a qualidade da alimentação fornecida aos promulgação, ainda em 13 de dezembro, do ato institucional nº 5 (AI-5),
estudantes pobres no restaurante Calabouço. Seu enterro e a missa que ampliou os poderes presidenciais, possibilitando: o fechamento do
rezada na igreja da Candelária foram acompanhados por milhares de Legislativo pelo presidente da República , a suspensão dos direitos
pessoas. A indignação cresceu com a ocorrência de novas violências. políticos e garantias constitucionais, a intervenção federal em estados e
municípios, a demissão e aposentadoria de funcionários públicos, entre
Esses fatos criaram condições para uma mobilização mais ampla, reunindo outras medidas. O fechamento do Congresso foi acompanhado pela
não só os estudantes como setores representativos da Igreja e da classe cassação de diversos parlamentares.
média do Rio de Janeiro. O ponto alto da convergência dessas forças que
se empenhavam na luta pela democratização foi a chamada passeata dos Os presidentes e a república: Deodoro da Fonseca a Luiz Inácio Lula da Silva. Arquivo Nacional, p.141-142.
100 mil, realizada a 25 de junho de 1968.

Curso Preparatório Cidade | Tópico 3.14 - As reformas de base e a intervenção militar 389
Segundo o historiador Boris Fausto: JUNTA MILITAR

O AI-5 foi o instrumento de uma revolução dentro das revolução ou, se


Em 30 de agosto de 1969, Artur da Costa e Silva foi afastado da presidência da República, em
quiserem, de uma contra-revolução dentro da contra-revolução. Ao
virtude de uma trombose cerebral. Como o Alto Comando das Forças Armadas temesse a
contrário dos atos anteriores, não tinha prazo de vigência e não era, pois,
reabertura do Congresso e a suspensão dos atos institucionais em vigor, foi editado em 31 de
uma medida excepcional transitória. Ele durou até o início de 1979.
agosto o ato institucional no 12 (AI-12), que impedia a posse do vice-presidente Pedro Aleixo,
sucessor natural de Costa e Silva, e dava posse à junta militar composta pelos ministros Augusto
O presidente da República voltou a ter poderes para fechar Hamann Rademaker Grünewald, da Marinha, Aurélio de Lira Tavares, do Exército, e Márcio de
provisoriamente o Congresso. Podia além disso intervir nos Estados e Sousa e Melo, da Aeronáutica. O Congresso manteve-se fechado e a situação política foi agravada
municípios, nomeando interventores. Restabeleciam-se os poderes com o sequestro do embaixador americano Charles Elbrick por militantes das organizações
presidenciais para cassar mandatos e suspender direitos políticos, assim clandestinas Ação Libertadora Nacional (ALN) e Movimento Revolucionário 8 de outubro (MR-8), no
como para demitir ou aposentar servidores públicos. Rio de Janeiro, em 4 de setembro de 1969. As condições impostas pelos sequestradores para
libertar o embaixador foram aceitas pelo governo e 15 presos políticos, libertados e conduzidos
Desde o AI-2, tribunais militares vinham julgando civis acusados da para o México. O governo intensificou as medidas repressivas e editou o AI-13 e o AI- 14. O
prática de crimes contra a segurança nacional. Pelo AI-5, ficou suspensa a primeiro ato estabeleceu a pena de banimento em caso de ameaça à segurança do Estado, e o
garantia de habeas corpus aos acusados desses crimes e das infrações segundo instituiu a pena de morte e a prisão perpétua para os casos de guerra revolucionária ou
contra a ordem econômica e social e a economia popular. subversiva. Em outubro, a junta editou o AI-16, que declarava extinto o mandato do presidente
Costa e Silva e de seu vice Pedro Aleixo, estabelecendo, ainda, um calendário para a nova eleição
A partir do AI-5, o núcleo militar do poder concentrou-se na chamada presidencial. O AI-17 transferiu para a reserva os militares considerados ameaçadores à coesão das
comunidade de informações, isto é, naquelas figuras que estavam no forças armadas, o que foi interpretado como um golpe naqueles que resistiam à indicação do
comando dos órgãos de vigilância e repressão. Abriu-se um novo ciclo de general Emílio Garrastazu Médici à presidência da República. A junta editou também a emenda
cassação de mandatos, perda de direitos políticos e expurgos no constitucional no 1, que incorporava à Carta de 1967 o AI-5 e os atos que lhe sucederam,
funcionalismo, abrangendo muitos professores universitários (...) organizando assim todo o aparato repressivo e punitivo do Estado, e acirrando o embate entre o
governo e os movimentos de esquerda. Em 22 de outubro, o Congresso Nacional foi reaberto para
FAUSTO,Boris.História do Brasil. São Paulo: Edusp, 1997, p. 480. eleger os novos presidente e vice-presidente, Garrastazu Médici e Rademaker Grünewald,
respectivamente.

Na área econômica, o período foi de crescimento, conciliando expansão


industrial, facilidade de crédito, política salarial contencionista e controle Dados biográficos
da inflação em torno de 23% ao ano. No campo administrativo, o governo
criou, em 1967, o Movimento Brasileiro de Alfabetização (Mobral) e
transformou o Serviço de Proteção ao Índio (SPI) em Fundação Nacional Augusto Hamann Rademaker Grünewald, almirante. Militar, nascido na
do Índio (Funai). Foram criadas ainda a Empresa Brasileira de Aeronáutica cidade do Rio de Janeiro, em 11 de maio de 1905. Participou do
(Embraer) e a Companhia de Pesquisa e Recursos Minerais (CPRM). movimento político-militar que depôs o presidente João Goulart.
Integrou, ao lado do general Costa e Silva e do brigadeiro Correia de Melo,
Os presidentes e a república: Deodoro da Fonseca a Luiz Inácio Lula da Silva. Arquivo Nacional, p.139-142. a junta militar autodenominada Comando Supremo da Revolução que,
juntamente com o presidente interino Ranieri Mazzili, governou o país até
a posse de Castelo Branco. Foi ministro da Marinha e da Viação e Obras
Públicas, nos primeiros dias do governo de Castelo Branco. Com a posse
de Costa e Silva na presidência da República, reassumiu o cargo de

390 Tópico 3.14 - As reformas de base e a intervenção militar | Curso Preparatório Cidade
ministro da Marinha (1967-1969). Através de eleição indireta, em 30 de 02. (Mackenzie) Em dezembro de 1968, o governo militar editou o Ato Institucional nº 5 (AI-5),
outubro de 1969 passou a exercer o cargo de vice-presidente da que determinava:
República no governo de Emílio Garrastazu Médici. Faleceu no Rio de
Janeiro em 13 de setembro de 1985. Márcio de Sousa e Melo, brigadeiro. (A) que o Presidente da República teria poderes para fechar o Congresso, intervir nos Estados
Militar, nascido na cidade de Florianópolis, estado de Santa Catarina, em e suspender os direitos políticos de qualquer cidadão.
26 de maio de 1906. Foi adido militar em Buenos Aires e em Montevidéu. (B) as eleições para Governadores dos Estados e Presidente da República passariam a ser
Nomeado ministro da Aeronáutica em 1964, permaneceu apenas 22 dias decididas no Colégio Eleitoral.
no cargo, exonerando-se por divergências com o presidente Castelo (C) a extinção dos partidos políticos existentes até então, e a criação do Movimento
Branco. Foi novamente ministro da Aeronáutica durante os governos Democrático Brasileiro - MDB - e da Aliança Renovadora Nacional - ARENA.
Costa e Silva e Garrastazu Médici, exonerando-se do cargo em 26 de (D) a obrigatoriedade da transmissão, por todas as emissoras de rádio, do programa "A Voz
novembro de 1971. Faleceu no Rio de Janeiro, em 31 de janeiro de 1991. do Brasil" e do horário eleitoral gratuito no rádio e TV.
Aurélio de Lira Tavares, general. Militar, nascido na cidade de Paraíba, (E) a concessão de "habeas-corpus" pelo Supremo Tribunal Federal e a cassação de
atual João Pessoa, no estado da Paraíba, em 7 de novembro de 1905. mandatos de deputados e senadores pelo Congresso Nacional.
Serviu no Estado-Maior do Exército (1943), tendo sido encarregado de
organizar a Força Expedicionária Brasileira (FEB). Durante o governo
03. (Fgv) Em 13 de Dezembro de 1968, foi decretado no Brasil o Ato Institucional nº 5. Entre
Castelo Branco foi comandante do IV Exército; em 1966, passou a
outras medidas, o AI-5:
comandar a Escola Superior de Guerra (ESG) e, durante o governo Costa e
Silva, assumiu o Ministério do Exército (1967-1969). Em abril de 1970 foi
I. dava ao presidente poderes para fechar o Congresso Nacional, as Assembleias Estaduais e
eleito membro da Academia Brasileira de Letras e, em junho, foi nomeado
Câmaras Municipais e suspender direitos políticos de qualquer cidadão por 10 anos;
embaixador do Brasil na França, cargo que ocupou até dezembro de 1974.
II. suspendia a garantia do "Habeas-Corpus";
Faleceu em 18 de novembro de 1998.
III. foi escrito por Gama e Silva e teve a sua redação modificada pelo Marechal Castelo Branco;
IV. permitia que o presidente pudesse demitir ou aposentar sumariamente funcionários
Os presidentes e a república: Deodoro da Fonseca a Luiz Inácio Lula da Silva. Arquivo Nacional, p.145-147.
públicos e juízes de tribunais.

Estão corretos apenas os itens:


EXERCÍCIOS
(A) I e II
(B) II e IV
01. (Unirio) No período em que o Brasil foi dirigido por governos militares a decretação do AI 5 (C) I, II e III
(Ato Institucional número 5) representou um "endurecimento" do regime instalado em 1964, (D) I, II e IV
que pode ser explicado pela(s): (E) II, III e IV

(A) inquietação dos setores militares favoráveis à redemocratização.


04. (Fatec) Revogou o Ato Institucional nº 5, mas fez incorporar à Constituição a possibilidade do
(B) ação dos grupos de oposição, que trocaram a luta armada pela oposição parlamentar ao
Presidente da República decretar Estado de Sítio, sem a aprovação do Congresso Nacional.
regime.
Propôs a Lei da Anistia que, aprovada, no início de 1980 libertou os presos políticos e permitiu
(C) crise decorrente do impedimento do Presidente Costa e Silva.
aos exilados retornar ao país.
(D) crise econômica resultante do esgotamento do milagre brasileiro.
(E) crescentes manifestações oposicionistas de líderes políticos, estudantes e intelectuais
Essas resoluções ocorreram respectivamente nos governos de:
contra o regime.

Curso Preparatório Cidade | Tópico 3.14 - As reformas de base e a intervenção militar 391
(A) Ernesto Geisel e João Batista Figueiredo. 07. (Uece) Em 1968, o governo militar do Presidente Costa e Silva editou o Ato Institucional nº 5
(B) Garrastazu Médici e João Batista Figueiredo. (AI-5) com o objetivo de combater a subversão, sob pretexto de defender a "segurança
(C) Garrastazu Médici e Ernesto Geisel. nacional". Sobre este mecanismo jurídico do regime autoritário, é correto afirmar:
(D) Costa e Silva e João Batista Figueiredo.
(E) Costa e Silva e Garrastazu Médici. (A) foi aprovado com apoio total do Congresso Nacional, já que expressava a convicção geral
de que a luta armada precisava ser derrotada.
(B) submetia ao Congresso todas as decisões do Presidente, evitando assim os desmandos
05. (Mackenzie) O pretexto para a implantação do Ato lnstitucional Nº 5, a 13 de dezembro de
que tinham levado o País ao caos e à ditadura.
1968, pelo governo Costa e Silva, foi:
(C) apesar de ter fechado o Congresso e suspendido o processo eleitoral, tornou a tortura e a
perseguição aos comunistas em crimes inafiançáveis.
(A) a passeata dos Cem Mil, no Rio de Janeiro, exigindo o retorno à democracia.
(D) permitia uma concentração de poder ainda maior nas mãos do Executivo, favorecendo a
(B) a luta armada liderada pelo PCB, contra o regime militar.
tortura e a ação de grupos paramilitares de perseguição aos comunistas.
(C) as greves de Osasco e Contagem.
(D) a decisão do Congresso de não suspender as imunidades do deputado Márcio Moreira
Alves, acusado de ofender as Forças Armadas. 08. (Ufpe) Durante o regime militar (1964/1984), os governos decretaram vários atos institucionais,
(E) a morte do estudante Edson Luis, em protesto contra o governo. o que permitiu o aparecimento de um processo crescente de arbitrariedade, autoritarismo e
desrespeito aos direitos humanos. Em relação a este regime, podemos afirmar que:

06. (Ufrrj)
(A) os atos institucionais foram os instrumentos legais que o regime militar teve em mãos
"(...) Considerando que, assim, se torna imperiosa a adoção de medidas que impeçam sejam para garantir a ordem política democrática.
frustrados os ideais superiores da Revolução, preservando a ordem, a segurança, a tranquilidade e (B) nesse período de regime militar, em que vigoraram os atos institucionais, o Congresso
o desenvolvimento econômico e cultural e a harmonia política e social do país (...)." Nacional funcionou plenamente, e os atos de corrupção parlamentar foram punidos.
(C) A opção por um regime militar simbolizou o caminho escolhido pelas elites políticas,
(Ato Institucional nº 5 - 13/12/1968.) aliadas a interesses internacionais, para enfrentarem a crise social, política e econômica,
face à crescente organização de parcelas da sociedade civil que reivindicavam os direitos
A edição do AI-5 representou, há 30 anos, uma radicalização do poder gerado pelo golpe político- de cidadania.
militar de abril de 1964 no Brasil. Diante do quadro que se apresentava na época, podemos (D) Os vinte anos de regime militar introduziram o Brasil na modernidade e garantiram que os
entender que "os ideais superiores da Revolução" significavam: militares, aliados a um Congresso Nacional que funcionou com plena liberdade no
cerceamento à livre expressão, evitassem a adesão do país ao comunismo.
(A) a integração do capitalismo brasileiro ao grande capital internacional e a representação da (E) Entre os atos institucionais publicados durante a vigência do regime militar, o AI5 foi o
segurança nacional por um anticomunismo radical. símbolo maior das medidas autoritárias necessárias à passagem ao regime democrático,
(B) a implantação da chamada "República Sindicalista" e a vinculação econômica ao sistema alcançado imediatamente após sua publicação.
financeiro internacional.
(C) o desenvolvimento capitalista independente e a aproximação político-cultural com os
09. (Fgv) "A vigência do Ato-5, os limites impostos à instituição parlamentar, a repressão política, a
países latino-americanos.
censura prévia e a ação privilegiada do Executivo evidenciam a predominância em relação ao
(D) a maior aproximação com o capitalismo europeu, para romper a dependência com os
Estado da 'sociedade política', da função coercitiva que potencializa toda uma rede de
Estados Unidos e a União Soviética.
mecanismos de sujeição acionados em lugares estratégicos do corpo social, da fábrica ao
(E) a criação de uma economia planificada e uma aproximação com outros regimes
aparelho escolar. Em nome do desenvolvimento e dos ideais do Ocidente promove-se a
revolucionários da América.
criminalização da atividade política"

(Heloísa B. de Hollanda e Marcos A. Gonçalves - "Cultura e participação nos anos 60", p. 93).

392 Tópico 3.14 - As reformas de base e a intervenção militar | Curso Preparatório Cidade
O texto descreve: (C) houve o retorno, ao país, de intelectuais, cientistas e políticos exilados no período anterior
ao Ato.
(A) O processo de abertura política do regime militar. (D) houve a redução do poder da chamada comunidade de informações e órgãos de vigilância
(B) O fortalecimento do coronelismo após o golpe de 1964. e repressão.
(C) A implementação da censura durante o regime populista. (E) houve a suspensão do Habeas Corpus aos acusados de crimes contra a segurança
(D) O endurecimento do regime militar a partir de 1968. nacional, abrindo caminho para prisões arbitrárias e torturas.
(E) A adoção do regime parlamentarista entre 1961-1963.

12. (Mackenzie) O Ato Institucional nº 5, editado em dezembro de 1968, durante o governo de


10. (Pucpr) De todos os Atos Institucionais, o denominado AI-5, de dezembro de 1968, sob o Costa e Silva, determinava que:
Governo Costa e Silva, foi o que mais atingia a ideologia liberal-democrática, antítese do ideal
de governo instalado com a posse de Castelo Branco. (A) na área econômica, seria seguida, em linhas gerais, a orientação do governo de João
Goulart, principalmente no setor agrícola.
A respeito do tema, assinale a alternativa correta. (B) o Congresso Nacional seria colocado em recesso, eliminando, dessa forma, um dos
poderes do Estado, o Poder Executivo.
(A) O Governo Militar de então editou o AI-5 visando ter condições de combater o movimento (C) seria alterada a estrutura do Poder Judiciário e retirada do Supremo Tribunal a
guerrilheiro que se instalara no Araguaia. capacidade de arbitrar o conflito entre as leis.
(B) O AI-5 autorizava o Presidente da República a fechar o Congresso Nacional, cassar e (D) seriam restringidas às liberdades constitucionais dos cidadãos, mas permaneceria,
suspender mandatos e direitos políticos de qualquer pessoa. contudo, o direito de habeas-corpus.
(C) Começando em dezembro de 1968, o AI-5 foi inteiramente revogado (anulado) na (E) seriam concedidos, ao Executivo, amplos poderes, inclusive o de poder legislar durante o
Presidência de Emílio G. Médici. recesso parlamentar.
(D) O AI-5 foi prontamente repudiado pelos Estados Unidos, pois Washington via nesse ato
uma maneira de violentar direitos humanos.
13. (Fgv) Tendo como estopim a recusa do Congresso Nacional, na sessão de 12 de dezembro de
(E) Embora o AI-5 desse ao Executivo Federal um poder extraordinário, este conseguiu
1968, em conceder licença para que o deputado Márcio Moreira Alves fosse processado por
conviver em paz com o Legislativo, cuja independência foi sempre preservada.
ofender os militares num discurso na Câmara, no qual os responsabilizou pela violência contra
os estudantes, o governo editou o mais repressor de todos os Atos Institucionais: o AI-5.
11. (Mackenzie) "Horas mais tarde, Gama e Silva anunciou diante das câmeras de TV o texto do
Ato Institucional nº 5. Pela primeira vez, desde 1937, e pela quinta vez na História do Brasil, o (Marcos Napolitano, "O regime militar brasileiro: 1964-1985")

Congresso era fechado por tempo indeterminado(...).


Entre outras medidas, o AI-5 permitia ao presidente da República:
Restabeleciam-se as demissões sumárias, cassações de mandatos, suspensões de direitos
políticos." (A) legislar por meio de medidas provisórias e indicar senadores e deputados federais.
(B) intervir em Estados e municípios, cassar mandatos e suspender direitos políticos.
Elio Gaspari - "A ditadura envergonhada" (C) cassar mandatos políticos apenas com a permissão da Câmara dos Deputados.
(D) decretar a pena de morte para quem atentasse contra a segurança nacional.
Dentre as consequências do AI-5 para a sociedade brasileira, é correto afirmar que: (E) criar uma nova moeda, censurar a imprensa escrita e torturar presos políticos.

(A) os funcionários públicos e os professores universitários não foram atingidos pelo processo
de expurgo proposto pelo AI-5.
(B) o Ato não reforçou a tese da luta armada, já que o regime mostrava-se capaz de ceder e
se reformar, desestimulando assim as organizações clandestinas.

Curso Preparatório Cidade | Tópico 3.14 - As reformas de base e a intervenção militar 393
14. (Fatec) No dia 13 de dezembro de 1968, o governo brasileiro baixou o Ato Institucional nº 5 (AI mudar as instituições do país através de decretos, chamados de Atos Institucionais (AI). Eles
- 5). Em fevereiro de 1969, surgiu o decreto-lei nº 477. eram justificados como decorrência 'do exercício do Poder Constituinte, inerente a todas as
revoluções'".
O governo, com estas duas medidas jurídicas, pretendia:
(FAUSTO, B. "História do Brasil". São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1996. p. 465.)

(A) anistiar os envolvidos com a guerrilha do Araguaia e iniciar um período de distensão


Com base no texto, assinale a alternativa correta.
política.
(B) consolidar as reformas iniciadas pelo vice-presidente Pedro Aleixo, permitindo,
(A) O AI-5 foi o instrumento que mais contribuiu para que o regime militar seguisse o curso
respectivamente, o funcionamento dos partidos políticos e das entidades estudantis.
de uma ditadura. A partir da sua instituição, vários atos de repressão passaram a fazer
(C) institucionalizar a repressão, suspendendo as garantias constitucionais e individuais, e
parte dos métodos utilizados pelo governo.
afastar das universidades brasileiras os elementos considerados subversivos.
(B) O Ato Institucional nº. 1, instituído pelos comandantes do Exército, atingiu principalmente
(D) isolar os generais que defendiam um endurecimento do regime militar e preparar o país
o patrimônio da Igreja Católica e promoveu o início da secularização da sociedade
para a "abertura política" realizada pelo presidente Emílio Garrastazu Médici.
brasileira.
(E) acabar com a guerrilha do Bico do Papagaio (AI - 5) e impedir a votação da Lei de Anistia
(C) Logo após o golpe militar de 1964, as eleições para Presidente da República foram
proposta pela Arena em agosto de 1968.
estabelecidas de forma democrática através de eleições diretas.
(D) A principal orientação dos governos militares foi a aproximação com os Estados Unidos,
15. (Pucpr) "Começava a ditadura envergonhada, como a batizou Elio Gaspari. (...) Mas, como tudo afastando-se da tendência nacionalista que vinha sendo empreendida antes do golpe de
na vida pode piorar, quem se queixava de 64 não sabia o que nos esperava em 68. Aí sim, com 1964.
o Ato Institucional n¡. 5, o pau comeu. A ditadura esgotou o manual e criou em cima: (E) Os grupos de luta armada, de orientação socialista, nas conversas e encontros que
implantou a censura, cassou mandatos, fechou o Congresso, suspendeu o 'habeas corpus', tinham com os representantes do governo federal reivindicavam o direito à formação de
revogou a Constituição, instituiu a pena de banimento, liberou a tortura e tolerou as execuções partidos políticos de esquerda.
sumárias - tudo em defesa da segurança nacional".

(Martins, Oswaldo. Aos nascidos em 1964. Revista "Cult", São Paulo, n. 78, março/2004. p. 54). 17. (Fatec)

A partir desse contexto, marque a alternativa INCORRETA: Caminhando e cantando

(A) O Ato Institucional nº 5 foi um instrumento que proporcionou amplos poderes ao E seguindo a canção
Presidente da República que podia inclusive fechar provisoriamente o Congresso Nacional.
Somos todos iguais,
(B) A economia brasileira desse período (1969-1973) vai ser marcada pelo chamado "milagre
brasileiro".
Braços dados ou não.
(C) Nesse período o governo ditatorial declara que o país vivia uma guerra subversiva, sob
esse pretexto aprova-se inclusive a pena de morte. Nas escolas, nas ruas,
(D) O "slogan" BRASIL: AME-O OU DEIXE-O foi um grande instrumento de propaganda dos
grupos da guerrilha de esquerda brasileira nessa fase. Campos, construções
(E) A vitória do Brasil na Copa do Mundo de 1970 foi usada, junto aos efeitos do milagre
econômico, como instrumento de construção positiva do regime militar. Caminhando e cantando,

E seguindo a canção. (...)


16. "O movimento de 31 de março de 1964 tinha sido lançado aparentemente para livrar o país da
corrupção e do comunismo e para restaurar a democracia, mas o novo regime começou a (Geraldo Vandré, 1968)

394 Tópico 3.14 - As reformas de base e a intervenção militar | Curso Preparatório Cidade
Os festivais da canção eram ocasiões nas quais novas vozes e novos compositores passavam a ser Se arrepiar
conhecidos pelo público. Era o momento das torcidas, dos cartazes na plateia, de poder, de alguma Ao lembrar
forma, demonstrar a insatisfação contra o regime militar. Porém, em 13 de dezembro de 1968, no Que aqui passaram sambas imortais
mesmo ano em que os jovens se atreviam a cantar e aplaudir "Pra não dizer que não falei das Que aqui sangraram pelos pés
flores", o governo militar anunciou à nação o Ato Institucional nº 5. Que aqui sambaram nossos ancestrais
Por esse ato: Num tempo
Página infeliz da nossa história
(A) ficavam suspensos todos os direitos civis e constitucionais e autorizava-se o presidente a Passagem desbotada da memória
decretar o recesso do Congresso Nacional. Das nossas gerações
(B) iniciava-se a abertura política no Brasil, com a liberação do pluripartidarismo e a anistia Dormia
geral e irrestrita. A nossa pátria mãe tão distraída
(C) a censura prévia foi definitivamente abolida e retornaram as eleições diretas para os Sem perceber era subtraída
governos estaduais. Em tenebrosas transações (...)
(D) foram convocados deputados e senadores para a elaboração de uma nova Constituição, a
vigorar no ano seguinte. (Chico Buarque de Holanda (disco). Rio de Janeiro: Polygram, 1984. - ln. Leonel I. A. Mello e Luis C. A. Costa. "História
moderna e contemporânea". São Paulo: Scipione, 1999, p.402.)
(E) tornou-se indireta a eleição para os governos estaduais e para os prefeitos de capitais
consideradas de segurança nacional.
Os versos acima que pertencem à música "Vai Passar" identificam um momento da realidade
histórica brasileira que pode ser associado:
18. (Ufpe) Acerca do regime militar, que assumiu o poder em 1964, com o apoio de uma parcela
da classe política, de setores da sociedade e do governo dos Estados Unidos, é incorreto (A) à campanha das Diretas-já que marcou o auge da luta pela redemocratização do país,
afirmar que: embora o fim da Ditadura Militar ocorresse somente por intermédio do colégio eleitoral.
(B) aos movimentos estudantis, liderados pela UNE que adotaram os versos e a música como
(A) procurou reprimir as oposições, formadas por políticos, intelectuais, padres progressistas, hino nas manifestações contra o governo militar e pela abertura política.
estudantes e líderes sindicais. (C) ao repúdio manifestado pela intelectualidade do país ao ufanismo difundido pelos órgãos
(B) utilizou os chamados atos institucionais, que alteravam a Constituição, tornando legais as de publicidade do governo militar e encampado por parte das elites.
medidas ditatoriais. (D) às greves operárias do ABC, durante a década dos anos 80 que contribuíram para a
(C) revogou a lei de remessa de lucros e o projeto de reforma agrária aprovados no governo implantação do período conhecido como "anos de chumbo" no país.
do presidente João Goulart. (E) às manifestações populares contra a arbitrariedade dos Atos lnstitucionais Nº. 1 e 2 que
(D) reconduziu o País à prática democrática de eleições presidenciais diretas. limitaram o livre exercício da cidadania durante o governo militar.
(E) anunciou que a intervenção militar era por um curto período, necessária apenas para
sanear e salvar o país do comunismo.
20. (Ufc) Leia a seguir o trecho de uma canção de Chico Buarque, lançada e proibida em 1978:

19. (Puccamp) Leia os versos da canção. "Hoje você é quem manda


Falou tá falado
Vai passar
Nessa avenida um samba popular Não tem discussão
Cada paralelepípedo
Da velha cidade A minha gente hoje anda
Essa noite vai
Falando de lado

Curso Preparatório Cidade | Tópico 3.14 - As reformas de base e a intervenção militar 395
E olhando pro chão, viu (B) Somente II e IV estão corretas.
(C) Somente III e IV estão corretas.
Você que inventou esse estado (D) Somente I, II e III estão corretas.
(E) Todas estão corretas.
Que inventou de inventar toda escuridão

Você que inventou o pecado


02. (EsFCEx - 2003) Analise as afirmativas abaixo sobre o Período Revolucionário a partir de 31 de
Esqueceu-se de inventar o perdão." março de 1964:

Identifique nas alternativas abaixo a que corresponde ao contexto da história do Brasil que a I. Castelo Branco constitucionalizou o Brasil em 1967.
canção criticava. II. Costa e Silva fez uma primeira abertura durante o ano de 1968.
III. Médici tomou posse apelando para que o país voltasse à normalidade democrática.
(A) O governo de Getúlio Vargas, caracterizado pela centralização e personalização do poder IV. Geisel desenvolveu uma política internacional isolacionista.
e pela suspensão dos direitos constitucionais.
(B) O governo de Médici, que intensificou a repressão aos opositores, tornou a censura ainda Com base na análise, pode-se afirmar que:
mais rígida e manteve o Ato Institucional n° 5, que lhe dava poderes para fechar o
Congresso. (A) somente a I está correta.
(C) O governo de Médici, que, a partir das críticas feitas pela sociedade, foi se encaminhando (B) somente a II e a IV estão corretas
em direção à abertura democrática. (C) somente a III e a IV estão corretas.
(D) O governo de Castelo Branco e o Ato Institucional n° 3, que extinguiu os partidos, acabou (D) a I, a II e a III estão corretas.
com as eleições e reprimiu os movimentos de trabalhadores do campo e da cidade. (E) todas estão corretas.
(E) A Junta Militar, que, para resistir aos ataques dos grupos de extrema esquerda, teve de
aumentar o controle sobre os meios de comunicação.
03. (EsFCEx - 2006) As constituições republicanas de 1937 e 1967 apresentam várias congruências
históricas e ideológicas, exceto:
EXERCÍCIOS DE PROVA
(A) foram elaboradas em períodos de exceção política marcados por governos centralistas.
(B) estabeleciam a censura aos meios de comunicação e o controle sobre as atividades
01. (EsFCEx - 2001) Sobre o ciclo histórico iniciado no Brasil pela Revolução de 31 de março de
artísticas e culturais.
1964, analise as afirmativas abaixo:
(C) foram promulgadas por constituintes influenciadas pelos regimes fascistas europeus que
vicejaram na segunda metade do século XX.
I. Carlos Lacerda tentou formar a Frente Ampla para restaurar a liderança política civil.
II. Adoção do Ato Institucional Nº 5 como forma de assegurar a sobrevivência revolucionária.
(D) caracterizaram-se por estabelecer um princípio de “Estado Máximo” dentro do panorama
III. Houve a formação de uma Junta Militar, composta pelos três ministros militares, após a
sócio-econômico nacional.
enfermidade de Costa e Silva.
(E) defendiam a submissão do Legislativo ao Executivo federal.
IV. A propaganda governamental foi estimulada visando informar ao povo as realizações do
Governo.

Com base na análise, assinale a alternativa correta:

(A) Somente I está correta.

396 Tópico 3.14 - As reformas de base e a intervenção militar | Curso Preparatório Cidade
Tópico 3.15 – O milagre econômico O MILAGRE ECONÔMICO

Comentário Governo Médici

Caro estudante, Dados biográficos

Avancemos um pouco mais em nossa caminhada pela história brasileira.


Militar, nascido na cidade de Bagé, estado do Rio Grande do Sul, em 4 de dezembro de 1905.
Neste tópico analisaremos um dos principais momentos da história econômica do país. Estudou no Colégio Militar de Porto Alegre, na Escola Militar de Realengo e na Escola de
O chamado “milagre econômico brasileiro” do final dos anos 60 e início dos anos 70. Aperfeiçoamento de Oficiais da Armada. Tenente do 12o Regimento de Cavalaria, em Bagé, apoiou
a Revolução de 1930 e, em 1932, aliou-se às forças que lutaram contra a Revolução
De “milagre” mesmo não havia nada. O crescimento via endividamento cobrou o seu
Constitucionalista de São Paulo. Comandante da Academia Militar das Agulhas Negras, apoiou o
preço nos anos 80 – a chamada “Década Perdida”.
golpe de 1964 que depôs o presidente João Goulart. Nomeado adido militar em Washington,
Observe que durante o governo Médici a ditadura mostrou duas faces bem distintas e exerceu também a função de delegado brasileiro na Junta Interamericana de Defesa Brasil-Estados
complementares: Unidos. Foi chefe do Serviço Nacional de Informações (SNI) em 1967 e comandante do III
Exército, no Rio Grande do Sul, em 1969. Com o afastamento de Costa e Silva, teve seu nome
Se por um lado a repressão e a perseguição política eram características do regime por indicado pelo Alto Comando do Exército à sucessão presidencial. Através de eleição indireta, passou
outro lado o regime militar, durante o governo Médici, conseguira alcançar a exercer o cargo de presidente da República em 30 de outubro de 1969. Faleceu no Rio de
impressionantes níveis de crescimento econômico - era o chamado "Milagre Janeiro, em 9 de outubro de 1985.
Econômico". Item recomendado no conteúdo programático e assunto deste tópico.

Durante alguns anos o Brasil crescera a "taxas chinesas"...


Período presidencial
Sobre o assunto leia o texto a seguir.

Com a posse do presidente Médici, entrou em vigor a emenda


constitucional nº 1, que se denominou “Constituição da República
Bons estudos! Federativa do Brasil” e incorporou as medidas de exceção previstas no ato
institucional no 5 (AI-5). O período foi marcado pelo recrudescimento da
Sobre o assunto leia o texto a seguir. Bons estudos!
repressão política, da censura aos meios de comunicação e pelas
denúncias de tortura aos presos políticos. A esquerda intensificou sua
ação, com várias organizações optando pela luta armada. Durante o
governo Médici, foram combatidos dois focos de guerrilha rural: Ribeira,
em São Paulo, e Araguaia, no Pará. Verificou-se também a intensificação
da guerrilha urbana, com assaltos a bancos, sequestro de aviões e de
diplomatas estrangeiros. Em resposta à radicalização das organizações
armadas de esquerda, o governo transferiu o comando das operações
repressivas para a recém-criada Operação Bandeirantes (Oban), em São
Paulo, que passou a se chamar Comando de Operações de Defesa Interna

Curso Preparatório Cidade | Tópico 3.15 – O milagre econômico 397


(CODI) e coordenava as atividades dos Departamentos de Operações e Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Sócio-
Informações (DOIs). O aparato repressivo do governo contava, ainda, Econômicos), o salário mínimo em 1975 teria que ser quase três vezes
com os centros de informação das forças armadas: o Ciex, do Exército, o maior do que era para equiparar-se ao de 1958 e, por isso, o último
Cenimar, da Marinha, e o Cisa, da Aeronáutica. Nesse período, assistiu-se aumento deveria ter sido de 275% e não pouco mais de 40% (cf.
à desestruturação das organizações de esquerda, com a prisão, exílio ou Camargo, 1976, p.45). (...). Isso tudo vinha aliado a uma redobrada
morte de seus principais líderes. Na área econômica, numa conjuntura extorsão do trabalho na produção – aumento do ritmo de trabalho, horas
internacional favorável, observou-se o chamado “milagre brasileiro”, que extras, normas de disciplina draconianas nos locais de trabalho, pressão
consistiu na grande expansão da economia brasileira, expressa no das chefias, salários inferiores pagos às mulheres e menores. (...).
vertiginoso crescimento do PIB, na estabilização dos índices Garantindo a política econômica do governo estava a repressão
inflacionários, na expansão da indústria, do emprego e do mercado sistemática e qualquer manifestação operária, a proibição total das greves
interno. e o controle sobre os sindicatos. (...). A ditadura militar não só manteve
inalterada a estrutura sindical herdada de Getúlio Vargas, baseada na
Os presidentes e a república: Deodoro da Fonseca a Luiz Inácio Lula da Silva. Arquivo Nacional, p.150. concepção de conciliação de classes, no corporativismo e na unicidade
sindical, como a reforçou intervindo para colocar ou manter cúpulas
sindicais pelegas e imobilistas. Tudo isso convergiu para uma prolongada
paralisia da luta sindical, embora nunca tenham deixado de existir, em
(...) Na realidade, o crescimento da economia brasileira entre 1969 e 1973
todos aqueles anos, manifestações de resistência dos trabalhadores nas
nada tinha de milagroso. O período Médici representou a consolidação da
fábricas. (...). A “milagrosa” expansão da economia brasileira fazia-se,
expansão capitalista nos moldes que já vinham se delineando, contando
pois, à custa da pauperização e do silêncio forçado de imensos
com as bases econômicas e políticas anteriormente implantadas e com a
contingentes de trabalhadores assalariados.
recuperação da economia mundial a partir de 1967-68. (...). O que se
convencionou chamar de “milagre” tinha a sustentá-lo três polares HABERT,Nadine.A década de 70: apogeu e crise da ditadura militar brasileira. São Paulo:
básicos: o aprofundamento da exploração da classe trabalhadora Ática, 1992, p.13-15.
submetida ao arrocho salarial, às mais duras condições de trabalho e à
repressão política; a ação do Estado garantindo a expansão capitalista e a
consolidação do grande capital nacional e internacional; e a entrada
maciça de capitais estrangeiros na forma de investimentos e de Segundo o historiador Boris Fausto:
empréstimos. (...). O arrocho salarial e a intensificação da exploração do
trabalho foram os elementos básicos para a grande acumulação de O período chamado “milagre” estendeu-se de 1969 a 1973, combinando o
capitais. Desde 1964, era o governo que fixava os índices anuais de extraordinário crescimento econômico com taxas relativamente baixas de
reajustes salariais com base em cálculos da inflação passada, ficando os inflação. O PIB cresceu na media anual, 11,2%, tendo seu pico em 1973,
salários cada vez mais abaixo da inflação e da produtividade reais. O com uma variação de 13%. A inflação média anual não passou de 18%.
controle total sobre a política econômica e a circulação de informações Isso parecia de fato um milagre. Só que o fenômeno tinha uma explicação
permitia ao governo anunciar índices de inflação reais, rebaixando ainda terrena e não podia durar indefinidamente.
mais os reajustes salariais, como o caso flagrante ocorrido em 1973 com
Delfim Neto como ministro da Fazenda. (...). Além do arrocho salarial, Os técnicos planejadores do “milagre”, com Delfim à frente, beneficiaram-
contou-se com a implantação do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de se, em primeiro lugar, de uma situação da economia mundial
Serviço), instituído em 1966, que eliminou a estabilidade no emprego e caracterizada pela ampla disponibilidade de recursos. Os países em
facilitou aos empresários demitirem, aumentando assim a rotatividade e a desenvolvimento mais avançados aproveitaram as novas oportunidades
insegurança dos trabalhadores e contribuindo para maior rebaixamento para tomar empréstimos externos. O total da dívida externa desses
salarial. (...). Os salários deterioraram-se de tal forma que, segundo o países, não produtores de petróleo, aumentou de menos de 40 bilhões de

398 Tópico 3.15 – O milagre econômico | Curso Preparatório Cidade


dólares em 1967 para 97 bilhões em 1972 e 375 bilhões de dólares em convivência com a inflação no presente mas dificultar a resolução do
1980. Ao lado dos empréstimos, cresceu no Brasil o investimento de problema no futuro.
capital estrangeiro. Em 1973, os ingressos de capital tinham alcançado o
nível anual de 4,3 bilhões de dólares, quase o dobro do nível de 1971 e Quais eram os pontos fracos do “milagre” ?
mais de três vezes p de 1970. Um dos setores mais importantes do
investimento estrangeiro foi o da indústria automobilística, que liderou o
Devemos distinguir entre outros pontos vulneráveis e pontos negativos. O
crescimento industrial com taxas anuais acima de 30%. A ampliação do
principal ponto vulnerável estava em sua excessiva dependência do
crédito ao consumidor e a revisão das normas de produção, autorizando a
sistema financeiro e do comércio internacional, que eram responsáveis
fabricação de carros de tamanho médio, atraíram fortes investimentos da
pela facilidade dos empréstimos externos, pela inversão de capitais
General Motors, da Ford e da Chrysler.
estrangeiros, pela expansão das exportações etc. Outro ponto vulnerável
era a necessidade cada vez maior de contar com determinados produtos
Houve também uma grande expansão do comércio exterior. A importação importados, dos quais o mais importante era o petróleo. Os aspectos
ampliada de determinados bens era necessária para sustentar o negativos do “milagre” foram principalmente de natureza social. A esse
crescimento econômico. As exportações se diversificaram com os respeito, devemos fazer uma ressalva sobre a significação do PIB – um
incentivos dados pelo governo à exportação de produtos industriais: indicador que temos utilizado com frequência. O PIB é um bom indicador
créditos em condições favoráveis, isenção ou redução de tributos e outras do estado geral da economia, mas, seja em números brutos, sem em
medidas semelhantes. Nas exportações agrícolas, destacou-se o avanço números per capta, não exprime a distribuição da renda. Tomando-se o
da soja, cujos preços no mercado internacional eram bastante favoráveis. exemplo do PIB per capta, lembremos que ele divide igualmente o
produto pela população total sem considerar os diferentes ganhos dos
O esforço pela diversificação, que visava tornar o Brasil menos grupos sociais. O PIB não exprime também necessariamente o volume e a
dependente de um único produto, deu resultados. Entre 1947 e 1964, o qualidade de serviços coletivos postos à disposição da população, nem a
café representava 57% do valor das exportações brasileiras. Passou a forma Omo um país preserva ou destrói seus recursos naturais.
representar 37% entre 1965 e 1971 e apenas 15% entre 1972 e 1975.
A política econômica de Delfim tinha o propósito de fazer crescer o bolo
Outro fator a ser destacado é o do aumento da capacidade de arrecadar par só depois pensar em distribuí-lo. Alegava-se que antes do crescimento
tributos, por parte do governo. Esse fato contribuiu para a redução do pouco ou nada havia para distribuir. Privilegiou-se assim a acumulação de
déficit público e da inflação. capitais através das facilidades já apontadas e da criação de um índice
prévio de aumento de salários em nível que subestimava a inflação. Do
A política de Delfim se destinava a promover o que se chamou de ponto de vista do consumo pessoal, a expansão da indústria, notadamente
desenvolvimento capitalista associado. Seria engano que essa política no caso dos automóveis, favoreceu as classes de renda alta e média. Os
aplicava uma receita liberal, deixando à “mão invisível do mercado” a salários dos trabalhadores de baixa qualificação foram comprimidos,
tarefa de produzir o desenvolvimento. Pelo contrário, o Estado intervinha enquanto os empregos em áreas como administração de empresas e
em uma extensa área, indexando salários, concedendo créditos, isenções publicidade valorizaram-se ao máximo. Tudo isso resultou em uma
de tributos aos exportadores etc. Muitos setores da grande indústria, dos concentração de renda acentuada que vinha já de anos anteriores.
serviços e da agricultura que gritam contra os gastos e a intromissão do Tomando-se como 100 o índice do salário mínimo de janeiro de 1959, ele
Estado na economia beneficiaram-se largamente da ação do Estado caíra para 39 em janeiro de 1973. Esse dado é bastante expressivo se
naqueles anos. levarmos em conta que, em 1972, 52,5% da população economicamente
ativa recebiam menos de um salário mínimo e 22,8%, entre um e dois
salários. O impacto social da concentração de renda foi entretanto
A fórmula do “milagre” não tinha por trás dela o FMI. Por exemplo, em
atenuado. A expansão das oportunidades de emprego permitiu que o
seu relatório de 1971, o FMI criticou-a entre outros pontos, por facilitar a

Curso Preparatório Cidade | Tópico 3.15 – O milagre econômico 399


número de pessoas que trabalhavam, por família urbana, aumentasse acordos: com a Bolívia, para a construção de um gasoduto entre Santa
bastante. Por outras palavras, ganhava-se individualmente menos, mas a Cruz de la Sierra e Paulínia, e com o Paraguai, para a construção da usina
redução era compensada pelo acesso ao trabalho de um maior número de hidrelétrica de Itaipu. No ano seguinte, foi inaugurada a maior usina
membros de uma determinada família. hidrelétrica da América do Sul, na Ilha Solteira, e a ponte Presidente
Costa e Silva, ligando o Rio de Janeiro a Niterói.
Outro aspecto negativo do “milagre” que perdurou depois dele foi a
desproporção entre o avanço econômico e o retardamento ou mesmo o Os presidentes e a república: Deodoro da Fonseca a Luiz Inácio Lula da Silva. Arquivo
Nacional, p.149-151.
abandono dos programas sociais pelo Estado. O Brasil iria notabilizar no
contexto mundial pó uma posição relativamente destacada pelo seu
potencial industrial e por indicadores muito baixos de saúde, educação e
EXERCÍCIOS
habitação, que medem a qualidade da vida de um povo.

O “capitalismo selvagem” caracterizou aqueles anos e os seguintes, como 01. (Uerj) Utilizando os trechos das composições de Chico Buarque e outros parceiros, que dizem
seus imensos projetos que não consideravam nem a natureza nem as muito sobre o período da ditadura militar no Brasil, responda à(s) questão(ões).
populações locais. A palavra “ecologia” mal entrara nos dicionários e a
poluição industrial e dos automóveis parecia uma benção. No governo I IV
Médici, o projeto da Rodovia Transamazônica representou um bom "Apesar de você "Pai, afasta de mim esse cálice
exemplo desse espírito. Ela foi construída para assegurar o controle Amanhã há de ser De vinho tinto de sangue
brasileiro da região – um eterno fantasma na óptica dos militares – e para Outro dia Como beber essa bebida
assentar em agrovilas trabalhadores nordestinos. Após provocar muita Ainda pago pra ver [amarga
destruição e engordar as empreiteiras, a obra resultou em fracasso. O jardim florescer Tragar a dor; engolir a labuta
Qual você não queria Mesmo calada a boca, resta o
FAUSTO,Boris.História do Brasil. São Paulo: Edusp, 1997, p. 485-488. Você vai amargar [peito
Vendo o dia raiar Silêncio na cidade não se
Sem lhe pedir licença
E eu vou morrer de rir [escuta"
Em outubro de 1970, o Brasil obteve do Banco Interamericano de Antes do que você pensa." ("Cálice" - 1973)
Desenvolvimento (BID) o maior empréstimo até então concedido a um ("Apesar de você" - 1970)
país da América Latina. Ainda em 1970, ampliou-se o limite do mar V
territorial brasileiro para duzentas milhas. Nesse mesmo ano foi criado o II "Cadê o meu!
Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), lançado "Vai meu irmão Cadê o meu, ô meu?
oficialmente o Movimento Brasileiro de Alfabetização (Mobral) e o Pega esse avião Dizem que você se defendeu
Programa de Metas e Bases para Ação do Governo, que coordenava cerca Você tem razão É o milagre brasileiro
de duzentos projetos tidos como prioritários para a política de De correr assim Quanto mais trabalho, menos
desenvolvimento. Foi institucionalizado o Projeto Rondon, decretado o Desse frio, mas veja [vejo dinheiro
Estatuto do Índio e lançado o Plano de Integração Nacional, que previa a O meu Rio de Janeiro É o verdadeiro boom
construção das rodovias Transamazônica, Cuiabá-Santarém e Manaus- (...) Tu tá no bem bom
Porto Velho. Em 1972 foi inaugurada a refinaria de petróleo de Paulínia, Pede perdão Mas eu vivo sem nenhum"
em São Paulo, a maior do país e, em 1973, o Brasil assinou dois Pela duração dessa temporada ("Milagre brasileiro" - 1975)
importantes Mas não diga nada

400 Tópico 3.15 – O milagre econômico | Curso Preparatório Cidade


Que me viu chorando VI Sem lhe pedir licença
E pros da pesada "Meu caro amigo eu bem queria E eu vou morrer de rir [escuta"
Diz que eu vou levando" [lhe escrever Antes do que você pensa." ("Cálice" - 1973)
("Sombra de Orly" - 1970) Mas o correio andou arisco ("Apesar de você" - 1970)
Se permitem, vou tentar-lhe V
III [remeter II "Cadê o meu!
"Ninguém Notícias frescas nesse disco "Vai meu irmão Cadê o meu, ô meu?
Ninguém vai me segurar Aqui na terra tão jogando futebol Pega esse avião Dizem que você se defendeu
Ninguém há de me fechar Tem muito samba, muito choro Você tem razão É o milagre brasileiro
As portas do coração [e rock 'n' roll De correr assim Quanto mais trabalho, menos
(...) Uns dias chove, noutros bate Desse frio, mas veja [vejo dinheiro
Ninguém [sol O meu Rio de Janeiro É o verdadeiro boom
Ninguém vai me acorrentar Mas eu só quero lhe dizer que a (...) Tu tá no bem bom
Enquanto eu puder cantar [coisa aqui tá preta." Pede perdão Mas eu vivo sem nenhum"
Enquanto eu puder sorrir ("Meu caro amigo" - 1978) Pela duração dessa temporada ("Milagre brasileiro" - 1975)
Enquanto eu puder cantar Mas não diga nada
Alguém vai me ouvir." Que me viu chorando VI
("Cordão" - 1971) E pros da pesada "Meu caro amigo eu bem queria
Diz que eu vou levando" [lhe escrever
("Sombra de Orly" - 1970) Mas o correio andou arisco
Sobre o chamado Milagre Brasileiro (1967-1973), uma característica salientada pelo compositor no Se permitem, vou tentar-lhe
trecho V é a ausência de uma ampla política de: III [remeter
"Ninguém Notícias frescas nesse disco
a) redução da inflação. Ninguém vai me segurar Aqui na terra tão jogando futebol
b) fomento às exportações. Ninguém há de me fechar Tem muito samba, muito choro
c) distribuição da riqueza. As portas do coração [e rock 'n' roll
d) liberalização crescente de crédito. (...) Uns dias chove, noutros bate
Ninguém [sol
Ninguém vai me acorrentar Mas eu só quero lhe dizer que a
02. (Uerj) Utilizando os trechos das composições de Chico Buarque e outros parceiros, que dizem Enquanto eu puder cantar [coisa aqui tá preta."
muito sobre o período da ditadura militar no Brasil, responda à(s) questão(ões). Enquanto eu puder sorrir ("Meu caro amigo" - 1978)
Enquanto eu puder cantar
I IV Alguém vai me ouvir."
"Apesar de você "Pai, afasta de mim esse cálice ("Cordão" - 1971)
Amanhã há de ser De vinho tinto de sangue
Outro dia Como beber essa bebida Na canção MEU CARO AMIGO, o compositor faz uma ironia que poderia ser motivada não somente
Ainda pago pra ver [amarga pelo desencanto com o regime militar, mas também pela situação econômica do país.
O jardim florescer Tragar a dor; engolir a labuta
Qual você não queria Mesmo calada a boca, resta o Essa situação econômica desfavorável é manifestada pelo:
Você vai amargar [peito
Vendo o dia raiar Silêncio na cidade não se (A) avanço das empresas estatais desencadeando a formação dos sindicatos.

Curso Preparatório Cidade | Tópico 3.15 – O milagre econômico 401


(B) crescimento econômico mantendo parte da população à margem do mercado consumidor. 05. (Mackenzie) O modelo econômico pós 1964 deixou como herança para o processo histórico
(C) arrocho salarial desestimulando o crescimento dos setores mais dinâmicos da economia. brasileiro:
(D) esgotamento do milagre econômico provocando a adoção de medidas contra o
desemprego. (A) o crescimento econômico e modernização da base industrial, paralelamente ao
endividamento externo responsável em parte pela estagnação econômica dos anos 80.
(B) o não desenvolvimento do mercado interno e nem a incorporação de modernas
03. (Puc-rio) São exemplos de práticas centralizadoras e intervencionistas do Estado brasileiro ao
tecnologias.
longo do século XX:
(C) a independência financeira e econômica em relação aos países centrais do sistema
capitalista.
I. A criação de associações e sindicatos de trabalhadores urbanos, no início do século.
(D) o pequeno endividamento adequado ao desenvolvimento sustentável.
II. A atuação do Departamento de Imprensa e Propaganda na regulamentação dos meios de
(E) a redução das desigualdades sociais e melhor distribuição de renda.
comunicação, durante o Estado Novo.
III. O crescimento da indústria do entretenimento, nos anos cinquenta, através da expansão do
rádio, da criação da televisão e da popularização do cinema. 06. (Uff) "Brasil, ame-o ou deixe-o" foi um dos célebres 'slogans' do regime militar, em torno de
IV. A política econômica de concessão de subsídios às exportações agrícolas como estratégia 1970, época em que o Governo Médici divulgava a imagem do "Brasil Grande" e proclamava o
de sustentação do "Milagre Brasileiro", no início dos anos 70. "Milagre Econômico" que faria do país uma grande potência. Assinale a opção que melhor
caracteriza a política econômica correspondente ao chamado "Milagre".
Está(ão) correta(s)
(A) Fusão do capital industrial e do bancário, gerando monopólios capazes de impor preços
(A) apenas a afirmativa I. inflacionários, dos quais resultaram o crescimento econômico e o aumento do mercado
(B) as afirmativas I e III. consumidor nos grandes centros urbanos.
(C) as afirmativas II e IV. (B) Desenvolvimento de obras de infra-estrutura, a exemplo de hidrelétricas e rodovias, com
(D) as afirmativas II, III e IV. base na poupança nacional e no investimento de bancos públicos.
(E) todas as afirmativas. (C) Crescimento econômico e aquecimento do mercado de bens duráveis ancorados em
políticas salariais redistributivas e na indexação de rendimentos do mercado financeiro.
(D) Elevados investimentos no setor de bens de capital e na indústria automobilística
04. (Ufmg) A economia brasileira na década de 1980 se caracterizou:
combinados a uma vigorosa agricultura comercial de médio porte.
(E) Incentivo à entrada maciça de capitais estrangeiros combinada ao arrocho salarial,
(A) pela continuação do modelo de substituição de importações, que mantinha o equilíbrio da
resultando em elevados índices de crescimento econômico e inflação baixa.
balança de pagamentos.
(B) pela estagnação do PIB e pelo aumento do volume das exportações que se orientava para
saldar a dívida externa. 07. (Pucpr) O "milagre econômico" fez da economia brasileira, na década de 70, a oitava economia
(C) pelo aumento da produção industrial e do mercado consumidor, o que permitia uma do mundo capitalista. O PIB - produto interno bruto, teve notável crescimento e o ufanismo
divisão mais igualitária da renda. chegou até a "slogans" como: "Brasil, ame-o ou deixe-o"; "Ninguém segura este país". O
(D) pelo crescimento acelerado do PIB, que convivia com altas taxas de inflação. Presidente Médici era aplaudido quando entrava no estádio do Maracanã.
(E) pelo crescimento exagerado da renda e do produto, que era acompanhado da elevação
do nível de vida em geral. O "milagre" apoiou-se em algumas colunas básicas, entre as quais não está incluído:

(A) A empresa nacional - apoiada por subsídios e por uma política de arrocho salarial.
(B) A prática do liberalismo econômico - com livre jogo nos mercados, de produtos nacionais
e importados, tendo os últimos baixas taxas alfandegárias.

402 Tópico 3.15 – O milagre econômico | Curso Preparatório Cidade


(C) O capital estrangeiro - em forma de empréstimos e investimentos diretos, que afluíam 10. (Ufrs - Adaptado) Deem-me um ano, e vos darei uma década.
abundantemente.
(D) Conjuntura favorável do capitalismo mundial, incluindo preços baixos do petróleo (Antônio Delfim Netto, Ministro da Fazenda)

árabe/venezuelano.
A economia vai bem, mas o povo vai mal.
(E) A empresa estatal - com numerosas atribuições, respondendo por 50% do PIB em 1970.
(General-Presidente Emílio Garrastazu Médici)

08. (Mackenzie) O chamado "milagre brasileiro" estendeu-se de 1969 a 1973. Assinale a alternativa
As duas fases anteriores fazem parte de um contexto da história do Brasil que apresentou
correta, relativa a seus pontos críticos.
determinadas características.

(A) Era totalmente atrelado à política do FMI, que organizou o próprio modelo econômico.
Leia os itens a seguir.
(B) Causou notável desproporção entre o avanço econômico e a qualidade de vida, sobretudo
pelo abandono dos programas sociais pelo Estado.
I. Processo de abertura política lenta, gradual e segura.
(C) Baseava-se na política liberal, rejeitando qualquer interferência do Estado na economia.
II. Crescente centralismo político-administrativo.
(D) Embora com altos indicadores sociais, não obteve os índices de crescimento esperados.
III. Crescimento dos investimentos estrangeiros na economia nacional.
(E) Não aumentou a capacidade de arrecadar tributos e beneficiou sobretudo as camadas
baixas da população.
Quais apresentam características do contexto acima referido?

09. (Fatec) O chamado "Milagre Econômico" do período da ditadura militar brasileira, entre 1968 e (A) Apenas I
1973, resultou de: (B) Apenas II
(C) Apenas III
(A) arrocho salarial; situação internacional vantajosa, preços dos produtos brasileiros mais (D) Apenas I e III
altos e dos estrangeiros mais baixos; grandes investimentos estatais; taxas de juros (E) Apenas II e III
internacionais baixas; grande endividamento externo público e particular; participação de
multinacionais.
11. (Mackenzie) O modelo econômico brasileiro dos anos 70 não se sustentou na década seguinte,
(B) arrocho salarial; situação internacional vantajosa, pois o preço dos produtos brasileiros
dentre outras causas, porque:
era mais alto, e o dos estrangeiros, mais baixo; pequeno endividamento externo e
interno; taxas de juros internacionais baixas.
(A) a distribuição equilibrada de renda e a politização das massas inviabilizaram a alternativa
(C) arrocho salarial; situação internacional complicada, favorecendo o mercado externo para
econômica autoritária.
nossos produtos; taxas de juros internacionais altas; pequenos investimentos das estatais
(B) a política eficaz de controle à inflação gerou desemprego e redução do mercado interno.
e participação das multinacionais na implantação de indústrias de base.
(C) os altos investimentos, no ensino público e pesquisa, impossibilitaram o Estado de
(D) situação internacional vantajosa; taxas de juros internacionais altas; pequeno
manter-se como agente do desenvolvimento.
endividamento externo público e particular; transferência de capital de multinacionais
(D) as preocupações ecológicas e pressões internacionais exigiam a mudança do modelo.
para o Brasil; privatização das estatais.
(E) o Estado perdeu sua capacidade de financiar o modelo de substituição de importações,
(E) situação internacional vantajosa; taxas de juros internacionais baixas; desenvolvimento
que se esgotou.
do mercado interno, devido à política de aumentos salariais; participação de
multinacionais.

Curso Preparatório Cidade | Tópico 3.15 – O milagre econômico 403


12. (Uflavras) Os governos militares que integraram o período do Regime Militar no Brasil (1964- (E) II e IV
1985) foram caracterizados por ações distintas. Assim, o início do período que se convencionou
chamar de "milagre econômico" e a consolidação da chamada "abertura política" se deram,
15. (Uerj) A estratégia do "milagre econômico", no Brasil do início da década de 1970, buscava
respectivamente, nos governos:
conter os ânimos da oposição, através da diminuição do desemprego e da exaltação patriótica.

(A) Geisel e José Sarney.


Essa estratégia motivou, dentre outras, a seguinte política:
(B) Médici e João Figueiredo.
(C) Castelo Branco e Junta Militar.
(A) ação no setor de serviços, com a diminuição de impostos e o aumento na oferta de bens
(D) Costa e Silva e Médici.
duráveis.
(E) João Figueiredo e Castelo Branco.
(B) ocupação da Amazônia, com a construção da rodovia Transamazônica e a propaganda da
integração nacional.
13. (Mackenzie) Em 1969 e 1973, combinando crescimento econômico e taxas baixas de inflação, o (C) valorização das atividades administrativas, com a adoção dos concursos públicos e o
país viveu o chamado "milagre econômico". Dentre seus aspectos negativos, ressaltamos: estímulo à organização sindical.
(D) criação de incentivos fiscais para a agricultura, com a absorção do homem do campo e o
(A) o crescimento do déficit público e a redução do comércio exterior. desenvolvimento de novas atividades primárias.
(B) a redução das exportações agrícolas, sobretudo da soja.
(C) a ausência de inflação limitando a expansão econômica.
16. (Ufpe) Assinale abaixo a alternativa que apresenta as ações desenvolvidas pelo governo
(D) o desenvolvimento sustentável, preservando-se a natureza e evitando-se o endividamento
brasileiro, durante o período do "milagre econômico" (1969 - 1973).
externo.
(E) o descompasso entre os avanços econômicos e os programas sociais além da alta
(A) Grande plano rodoviário, abertura ao capital estrangeiro, taxa média anual de
concentração de renda.
crescimento do PIB de 8,0% e tolerância aos partidos políticos de oposição.
(B) Combate à agitação social e à formação de grupos políticos radicais, retração do capital
14. (Fgv) Durante a Ditadura Militar, a economia brasileira apresentou um desempenho estrangeiro e taxa média anual de crescimento do PIB de 4,5%.
extraordinário no período conhecido como "Milagre econômico" (1969-1973), em que o PIB (C) Início da política de distensão e abertura, combate à crise política e social, agravada pelas
cresceu a uma taxa média anual de 11,2%. Sobre a política econômica desse período, é greves, e taxa média anual de crescimento do PIB de 11%.
possível afirmar: (D) Extinção dos partidos políticos, criação da Arena e do MDB e taxa média anual de
crescimento do PIB de 8%.
I. Foi implementada sob a direção do ministro Delfim Netto. (E) Abertura ao capital estrangeiro, endividamento externo, repressão política e taxa média
II. Teve como importante resultado uma distribuição de renda equitativa. anual de crescimento do PIB de 11,1%.
III. Expandiu o crédito ao consumidor para elevar o consumo interno de produtos industriais.
IV. Foi a solução adotada para enfrentar o aumento drástico do preço do petróleo no mercado
17. (G1) Uma característica do "Milagre Brasileiro" foi a (o):
externo.

(A) incentivo à entrada maciça de capitais estrangeiros, combinada ao arrocho salarial,


As afirmativas corretas são:
resultando em elevados índices de crescimento econômico e inflação baixa.
(B) fusão do capital industrial e do bancário resultando no crescimento econômico e na
(A) l e ll
ampliação do mercado consumidor nas cidades de pequeno porte.
(B) I, II e III
(C) elevação dos investimentos no setor de bens de capital e na indústria automobilística
(C) II, lll e IV
combinados e uma vigorosa agricultura comercial de médio porte.
(D) I e lll

404 Tópico 3.15 – O milagre econômico | Curso Preparatório Cidade


(D) crescimento econômico e aquecimento do mercado de bens duráveis ancorados em (D) a construção de grandes obras como a Transamazônica e a ponte Rio-Niterói com o
política salariais redistributivas. intuito de integrar e controlar as várias regiões do país.
(E) a concentração da renda em benefício das elites ligadas ao setor urbano-industrial, ao
mesmo tempo em que ocorria contenção salarial.
18. (Mackenzie) Os anos 80, no Brasil, foram denominados a década perdida porque:

(A) o país não recobrou a normalidade democrática, permanecendo sob regime militar. EXERCÍCIOS DE PROVA
(B) o isolamento político em relação aos países do continente dificultou as relações
econômicas.
(C) a economia estagnou e o Estado perdeu a capacidade de investimento nas áreas sociais. 01. (EsFCEx - 2003) Analise as afirmativas abaixo sobre o Período Revolucionário a partir de 31 de
(D) o "apartheid social" foi contornado por melhores condições de vida, mas o modelo março de 1964:
político excluía a maioria dos cidadãos.
(E) embora o Estado tenha conseguido eliminar a violência nas grandes cidades, não foi bem I. Castelo Branco constitucionalizou o Brasil em 1967.
sucedido no controle da corrupção no setor público. II. Costa e Silva fez uma primeira abertura durante o ano de 1968.
III. Médici tomou posse apelando para que o país voltasse à normalidade democrática.
19. (Unesp) Frases como "Ninguém segura este País", "Ame-o ou deixe-o", "O Brasil é feito por IV. Geisel desenvolveu uma política internacional isolacionista.
nós", veiculadas através de cartazes, adesivos e documentários de televisão e cinema e o uso
político da marchinha "Prá frente, Brasil", que marcou a conquista do tricampeonato mundial de Com base na análise, pode-se afirmar que:
futebol pelo Brasil, expressam:
Escolher uma resposta.
(A) euforia nacional pelas conquistas democráticas, asseguradas pela Constituição de 1967.
(B) incentivo à abertura política democrática, que levou à anistia de presos e exilados (A) somente a I está correta.
políticos. (B) somente a II e a IV estão corretas
(C) comemoração nacionalista pela vitória dos países Aliados na Segunda Guerra Mundial. (C) somente a III e a IV estão corretas.
(D) campanha de integração nacional da ditadura militar, no chamado "milagre econômico". (D) a I, a II e a III estão corretas.
(E) mobilização dos meios de comunicação, para comemorar a inauguração de Brasília. (E) todas estão corretas.

20. (Ufv) No período de 1968 a 1973, conhecido como a época do "milagre econômico", o Produto
Interno Bruto (PIB) brasileiro obteve crescimento em torno de 11%, taxa que, em meados de
2001, esteve em torno de 3,0% ao ano.

Das alternativas abaixo, aquela que NÃO se refere ao período do "milagre brasileiro" é:

(A) o crescimento da indústria automobilística, da construção civil e, em menor escala, da


produção agrícola.
(B) a instituição da Constituição de 1969, que, dentre outros direitos, estendeu o voto aos
analfabetos e aos jovens entre 16 e 18 anos.
(C) a forte repressão militar sobre os movimentos de estudantes, de trabalhadores e de
artistas que se opunham ao regime militar.

Curso Preparatório Cidade | Tópico 3.15 – O milagre econômico 405


Tópico 3.16 – A redemocratização A REDEMOCRATIZAÇÃO

Governo Geisel
Comentário

Dados biográficos
Caro estudante,

Sobre o governo Figueiredo é bom saber que trata-se de uma continuidade do projeto Militar, nascido na cidade de Bento Gonçalves, estado do Rio Grande do Sul, em 3 de agosto de
de abertura política iniciado por Ernesto Geisel. Este afirmara que a distensão deveria 1908. Estudou no Colégio Militar de Porto Alegre, na Escola Militar de Realengo, na Escola de
ser "lenta, gradual e segura". Aperfeiçoamento de Oficiais da Armada e na Escola de Estado-Maior. Apoiou a Revolução de 1930
e em 1932 aliou-se às forças que lutaram contra a Revolução Constitucionalista de São Paulo. Foi
Geisel foi bastante habilidoso ao promover medidas liberalizantes ao mesmo tempo em secretário-geral do Conselho de Segurança Nacional (1946-1947), adido militar junto à embaixada
que combatia a linha dura. Foi necessário combater o avanço das esquerdas e ao do Brasil no Uruguai (1947-1950), adjunto do Estado-Maior das Forças Armadas (1950-1952),
mesmo tempo enfrentar a “linha dura”. Essa ala não aceitava o fim da presença militar subchefe do Gabinete Militar no governo Café Filho (1955), chefe da Seção de Informações do
no comando do país. Estado-Maior do Exército (1957-1961), cargo que acumulou com o de representante do Ministério
da Guerra no Conselho Nacional do Petróleo, e chefe do Gabinete Militar do presidente Ranieri
No último governo militar – João Baptista de Oliveira Figueiredo (1979-1985) - o Mazzilli (1961). Participou do movimento político-militar que originou o golpe de 1964, tendo sido
projeto de abertura ganhou mais força apesar dos avanços e recuos. nomeado chefe do Gabinete Militar do presidente

O governo Figueiredo foi marcado por: Castelo Branco (1964-1967). Promovido a general-de-exército em 1966, foi ministro do Supremo
Tribunal Militar (1967-1969) e presidente da Petrobras (1969-1973). Através de eleição indireta
Anistia ampla, geral e irrestrita; a histórica campanha das "Diretas Já!" e a eleição passou a exercer o cargo de presidente da República em 15 de março de 1974.
indireta de um civil à presidência do Brasil.
Em junho de 1980 tornou-se presidente da Norquisa-Nordeste e, nessa qualidade, do Conselho de
Sobre o assunto leia o texto a seguir... Administração da Companhia Petroquímica do Nordeste (Copene). Faleceu no Rio de Janeiro, em
12 de setembro de 1996.

Bons estudos!
Período presidencial

O governo Geisel foi marcado, desde seu início, pelo processo denominado
pelo próprio presidente como de distensão lenta, gradual e segura, com
vistas à reimplantação do sistema democrático no país. O binômio
desenvolvimento e segurança, formulado pela ESG, foi mantido durante
seu governo, caracterizado pela convivência entre uma política de
tendência liberalizante e a atuação dos órgãos de segurança implantados
após o golpe militar de 1964. Em 1974, o governo permitiu a realização de
propaganda eleitoral, proibida desde a edição do AI-5, e os candidatos do

406 Tópico 3.16 – A redemocratização | Curso Preparatório Cidade


MDB à Câmara dos Deputados e ao Senado obtiveram uma expressiva Luís Inácio da Silva, o Lula, presidente do sindicato da categoria. Desde o
vitória nos principais estados do país, aumentando consideravelmente a início do governo Geisel, imprimiu-se nova orientação à política externa
bancada oposicionista nas duas casas. No início desse ano havia expirado brasileira, substituindo-se o alinhamento automático com os Estados
o prazo de suspensão dos direitos políticos dos primeiros cassados pelo Unidos, privilegiado nos períodos anteriores, pela ampliação de relações
AI-1, como os ex-presidentes Juscelino Kubitschek e Jânio Quadros e, em diplomáticas e comerciais com países da África, Ásia e Europa. Nesse
1975, teve fim a censura prévia ao jornal O Estado de S. Paulo, medida sentido, o Brasil foi o primeiro país a reconhecer o governo português
estendida mais tarde a outros órgãos da imprensa. As iniciativas formado em seguida à derrubada da ditadura salazarista, em 25 de abril
liberalizantes não evitaram, entretanto, os recuos autoritários do governo, de 1974; foram reatadas relações com a República Popular da China e
registrando-se, durante todo o período Geisel, a repressão às estabelecidas embaixadas em Angola, Moçambique, Guiné Equatorial,
organizações clandestinas e ao Partido Comunista Brasileiro (PCB) e a entre outras iniciativas. No que se refere à política econômica, as
utilização, em diversas ocasiões, do AI-5. A morte por enforcamento do principais metas do governo Geisel foram estabelecidas no II Plano
jornalista Vladimir Herzog, ainda em 1975, nas dependências do DOI- Nacional de Desenvolvimento, que priorizava os investimentos no setor
CODI de São Paulo, resultou em manifestações políticas contra o governo energético e em indústrias básicas, com o intuito de adequar a economia à
e evidenciou a existência de divergências com os setores militares crise internacional do petróleo e ao estágio de desenvolvimento industrial
contestadores da política de distensão. No ano seguinte, a morte do do país, e de reduzir o capital estrangeiro em setores considerados
operário Manuel Fiel Filho, no mesmo local e nas mesmas condições, infraestruturais. Nesse sentido, foi lançado, em 1975, o Programa
levaria à exoneração do comandante do II Exército, general Ednardo Nacional do Álcool (Proálcool) e assinado o acordo nuclear Brasil-
D’Ávila Melo, e ao confronto entre o governo e os militares que se Alemanha. O plano econômico do governo ressentiu-se, entretanto, do
opunham ao processo de abertura do regime. As relações entre a Igreja e impacto da crise do petróleo, do aumento da dívida externa e do
o governo acirraram-se, em 1976, com o sequestro do bispo de Nova desequilíbrio da balança de pagamentos. Nesse contexto, uma das
Iguaçu (RJ), dom Adriano Hipólito, e o assassinato do padre João Bosco medidas defendidas pelo governo, em outubro de 1975, foi a adoção de
Burnier, em Mato Grosso, ambos envolvidos na formação de comunidades contratos de risco entre a Petrobras e empresas estrangeiras para a
eclesiais de base e em movimentos populares. Ainda em 1976, foi prospecção de petróleo no país. Em 1978, no final do governo Geisel, os
elaborada a Lei Falcão, que alterou a propaganda eleitoral, impedindo o principais problemas da economia continuavam sendo o crescimento da
aparecimento de candidatos ao vivo no rádio e na televisão. Em 1977, o taxa de inflação e da dívida externa. Em 31 de dezembro de 1978, o
Congresso Nacional foi fechado por 14 dias, em virtude da não aprovação presidente Geisel revogou o AI-5, dando um passo decisivo no processo
da proposta de reforma do Poder Judiciário encaminhada pelo governo. de redemocratização do país.
Para assegurar a maioria governista no Legislativo, instituiu-se, em
seguida, o chamado “pacote de abril”, que incluía uma série de medidas, Os presidentes e a república: Deodoro da Fonseca a Luiz Inácio Lula da Silva. Arquivo Nacional, p.155-158.
dentre as quais a manutenção de eleição indiretas para governadores; a
eleição indireta de um terço dos membros do Senado, que resultaria na
criação da figura do “senador biônico”; a ampliação das restrições
impostas pela Lei Falcão e a extensão do mandato do sucessor de Geisel A CAMPANHA DAS DIRETAS JÁ.
para seis anos.
Governo Figueiredo

Em outubro desse mesmo ano, foi demitido o ministro do Exército, general Dados biográficos
Sílvio Frota, cuja candidatura à sucessão presidencial era articulada por
setores militares identificados com a chamada linha dura. Registrou-se,
Militar, nascido na cidade do Rio de Janeiro, em 15 de janeiro de 1918. Estudou no Colégio Militar
em maio de 1978, a primeira greve de operários metalúrgicos desde 1964,
de Porto Alegre, na Escola Militar de Realengo, na Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais, na Escola
em São Bernardo do Campo, salientando-se, na ocasião, a liderança de
de Comando e Estado-Maior do Exército e na Escola Superior de Guerra. Durante o governo Jânio

Curso Preparatório Cidade | Tópico 3.16 – A redemocratização 407


Quadros integrou a Secretaria Geral do Conselho de Segurança Nacional. Participou do movimento cassados desde 1964, permitindo a volta de exilados ao país. Foram
político-militar que originou o golpe de 1964, tendo sido nomeado chefe da agência do Serviço também anistiados os responsáveis pelos excessos cometidos em nome
Nacional de Informações (SNI) no Rio de Janeiro (1964-1966). Foi comandante da Força Pública de do governo e da segurança nacional. Em novembro, foi aprovada pelo
São Paulo (1966-1967), do 1o Regimento de Cavalaria de Guardas – Dragões da Independência Congresso Nacional a nova Lei Orgânica dos Partidos que extinguia o
(1967-1969) e chefe do estado-maior do III Exército (1969). Chefe do Gabinete Militar do governo bipartidarismo. Com o fim da Arena e do MDB, formaram-se o Partido
Médici (1969- 1974), tornou-se ministro-chefe do SNI durante o governo Geisel (1974-1979), Democrático Social (PDS), que congregava a maior parte dos ex-
sendo promovido a general-de-exército em 1977. Através de eleição indireta, passou a exercer o arenistas; o Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB),
cargo de presidente da República em 15 de março de 1979. Faleceu no Rio de Janeiro, em 24 de constituído sobretudo pelos antigos emedebistas; o Partido Popular (PP),
dezembro de 1999. fundado pelo senador emedebista Tancredo Neves e dissidentes da antiga
Arena; o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), liderado pela ex-deputada
Figura 78: Brasília - Nas ruas de Brasília, diante do Congresso Nacional, o povo se manifesta Ivete Vargas; o Partido Democrático Trabalhista (PDT), liderado pelo ex-
e exige o restabelecimento das eleições diretas para presidente da República em 1984. governador gaúcho Leonel Brizola e o Partido dos Trabalhadores (PT),
fundado pelo líder sindical Luís Inácio Lula da Silva. Ainda em novembro,
foi aprovado o projeto do governo que previa eleições diretas de
governadores e extinguia a figura do senador eleito indiretamente.

Em 1980, verificaram-se reações ao processo de abertura do regime,


quando grupos de direita foram responsabilizados por atentados a bomba
em bancas de jornais que vendiam periódicos de esquerda. Em agosto
desse ano, cartas-bombas foram enviadas à Câmara Municipal do Rio de
Janeiro e ao presidente da OAB, resultando na mutilação do funcionário
José Ribamar, da Câmara, e na morte da secretária Lida Monteiro da Silva,
da OAB. Em 1981, ocorreria o caso mais polêmico do governo Figueiredo,
quando duas bombas explodiram nas proximidades do Riocentro, no Rio
de Janeiro, durante a realização de um show comemorativo do Dia do
Trabalho. As únicas vítimas do atentado foram dois militares lotados no
CODI do I Exército. O episódio teve ampla repercussão pública e o
resultado do inquérito, inocentando os dois militares, seria colocado sob
suspeição, e acarretaria uma grave crise no governo.

No que diz respeito à política econômica, registrou-se, durante o governo


Figueiredo, o esgotamento do modelo econômico adotado pelos governos
Créditos: Arquivo da Agência Brasil.
militares, agravado pela nova crise do petróleo em 1979 e a elevação dos
Período presidencial juros no mercado internacional. Em 1979, o governo congelou as
importações de petróleo e criou o Conselho Nacional de Energia.
Intensificaram-se, nesse período, as atividades do Proálcool e
estenderam-se os contratos de risco com empresas estrangeiras para a
O general Figueiredo assumiu a presidência da República reafirmando o
prospecção de petróleo a todo o território nacional. Em 1981, o aumento
projeto de abertura política iniciado no governo anterior. Em agosto de
da dívida externa, que girava em torno de 61 bilhões de dólares,
1979 foi aprovada a Lei de Anistia que, apesar das restrições, beneficiou
associado ao crescimento negativo do PIB e aos altos índices
cidadãos destituídos de seus empregos, presos políticos, parlamentares

408 Tópico 3.16 – A redemocratização | Curso Preparatório Cidade


inflacionários geraram o fenômeno denominado pelos economistas como Segundo o historiador Boris Fausto
estagflação, ou seja, estagnação das atividades econômicas e produtivas
aliada à inflação dos preços. No curso de 1983, o PT assumiu como uma de suas prioridades promover
uma campanha pelas eleições diretas para presidência da República. Pela
Em 1982 foi criado o Finsocial, que destinava 0,5% da renda bruta de primeira vez, sua direção dispôs-se a entrar em uma frente com outros
empresas públicas e privadas a programas considerados pelo governo partidos para alcançar esse objetivo. Por sua parte, em junho daquele
como prioritários, atribuindo o gerenciamento desses recursos ao BNDE, ano, a direção nacional do PMDB decidiu lançar uma campanha no mesmo
que passaria a chamar-se Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico sentido que começou com um pequeno comício em Goiânia.
e Social (BNDES).
Uma primeira manifestação em frente única, que reunia o PT, PMDB,
Paralelamente ao quadro de crise econômica, observou-se, desde 1978, a PDT,CUT, Conclat e outras organizações, realizou-se em São Paulo, em
eclosão de movimentos grevistas de diversas categorias profissionais, novembro de 1983. Ela contou com um público composto principalmente
destacando-se, em 1980, a paralisação dos metalúrgicos do ABC paulista, de militantes do PT, sua repercussão foi limitada.
mantida por 41 dias, e que resultou em demissões, choques com as tropas
da polícia e do Exército, intervenção em sindicatos, e na prisão e Nos primeiros dias de janeiro de 1984, o PMDB entrou na campanha para
enquadramento de líderes sindicais na Lei de Segurança Nacional (LSN). valer, destacando-se as iniciativas de seu presidente Ulysses Guimarães.

Em 1981 reuniu-se a primeira Conferência Nacional das Classes Um grande comício foi realizado em Curitiba. Por iniciativa do governador
Trabalhadoras (Conclat) e dois anos depois foi criada a Central Única dos Franco Montoro, formou-se em São Paulo um comitê integrado por
Trabalhadores (CUT). representantes dos partidos de oposição e dos sindicatos, encarregado de
promover um comício a 27 de janeiro, na Praça da Sé. O comício
Em relação à política externa, o governo Figueiredo manteve a orientação ultrapassou todas as expectativas, reunindo milhares de pessoas.
pragmática adotada por seu antecessor, privilegiando o estabelecimento
de relações comerciais com países que propiciassem vantagens ao Daí para a frente, o movimento pelas diretas foi além das organizações
desenvolvimento nacional. Destacou-se, no período, a reaproximação com partidárias, convertendo-se em uma quase unanimidade nacional. Milhões
a Argentina, e a criação, em 1980, de uma comissão bilateral para analisar de pessoas encheram as ruas de São Paulo e do Rio de Janeiro, com um
futuras ações de interesse para os dois países. entusiasmo raramente visto no país. A campanha das “diretas já”
expressava ao mesmo tempo a vitalidade da manifestação popular e as
Em novembro de 1982 realizaram-se eleições diretas para o Congresso e dificuldades dos partidos para exprimir reivindicações. A população punha
os governos estaduais. A oposição obteve maioria na Câmara dos todas as suas esperanças nas diretas: a expectativa de uma representação
Deputados e o PDS, no Senado e nos governos estaduais. Em 1983 autêntica, mas também a resolução de muitos problemas (salário baixo,
formou-se uma frente única que reuniu partidos e entidades de oposição segurança, inflação) que apenas a eleição direta de um presidente da
numa campanha que tomou o país, reivindicando eleições diretas para a República não poderia solucionar.
presidência da República, era a campanha das “Diretas já”.
Havia porém uma distância entre a manifestação de rua e o Congresso
Os presidentes e a república: Deodoro da Fonseca a Luiz Inácio Lula da Silva. Arquivo Nacional, p.166. com maioria do PDS. A eleição direta dependia de uma alteração
constitucional, pelo voto de dois terços dos membros do Congresso. Para
que isso acontecesse, seria necessário que muitos congressistas do PDS
votassem a favor das diretas. A emenda constitucional que pretendia
introduzir as eleições diretas ficou conhecida como Emenda Dante de

Curso Preparatório Cidade | Tópico 3.16 – A redemocratização 409


Oliveira, nome do deputado do PMDB por Mato Grosso que a apresentou. opinião pública. As eleições favoreceram enormemente as oposições e
Ela foi votada sob grande expectativa popular. Em Brasília, Figueiredo efetivaram a possibilidade de articulações políticas objetivando a
impôs o estado de emergência, executado pelo general Newton Cruz. O realização de eleições diretas para presidente da República. (...) A
general, entre outras façanhas, tentou impedir um “buzinaço” no dia da proposta de eleições diretas para todos os níveis de poder ganhara espaço
votação (24 de abril de 1984), saindo em seu cavalo branco e desde que os líderes e presidentes do PMDB, PP, PTB, e PT, reunidos em
chicoteando o capô dos automóveis dirigidos pelos desobedientes São Paulo, em julho de 1981, aprovaram uma declaração conjunta na qual
motoristas. apoiavam, também, o direito de greve e de organização sindical livre da
tutela do Estado e a revogação da Lei de Segurança Nacional, todas
A Emenda Dante de Oliveira não passou. Faltaram na Câmara dos medidas de importância no contexto da abertura. (...) Em novembro de
Deputados somente 22 votos. Precisava de 320 votos de um total de 479 1983, os governadores do PMDB, na Declaração de Poços de Caldas,
congressistas e recebeu 298. Desses votos, 55 eram de deputados do PDS reafirmaram seu empenho em promover uma campanha suprapartidária
que, apesar das pressões do governo e do partido, votaram a favor da em favor das eleições diretas. (...) O PT por sua vez, promoveu em São
emenda. De qualquer forma, tendo em vista a composição do Senado, era Paulo uma manifestação pública com a mesma finalidade. (...) Ainda em
muito problemático que a emenda passasse no Senado, caso fosse novembro, os governadores da oposição, reunidos no Palácio dos
aprovada pela Câmara. Bandeirantes, em São Paulo assinaram o manifesto “A nação tem o direito
de ser ouvida”, no qual afirmavam a eleição direta para presidente da
FAUSTO,Boris.História do Brasil. São Paulo: Edusp, 1997, p. 509-510. República é o caminho para a superação da nossa crise econômica,
política e social [...] o alento de que necessitam os que vivem de salário e
as empresas (Folha de S. Paulo, 27 nov. 1983, p.6). (...) Apenas o PDS,
através de sua executiva, manifestou-se formalmente contra as diretas,
A emenda constitucional das diretas, de autoria do deputado embora houvesse no partido um grupo favorável à sua realização. (...)
peemedebista Dante de Oliveira, foi derrotada na Câmara em abril de Enquanto no âmbito do Poder Executivo aconteciam articulações entre os
1984. Em janeiro de 1985, Tancredo Neves e José Sarney foram eleitos governadores da oposição, o deputado pelo PMDB de Mato Grosso, Dante
indiretamente pelo Colégio Eleitoral, respectivamente, presidente e vice- de Oliveira, apresentava ao Congresso uma emenda propondo as eleições
presidente da República, derrotando os candidatos governistas Paulo direitas. (...) Visando pressionar no sentido de sua aprovação, foi
Maluf e Flávio Marcílio. organizada a campanha pelas diretas.

Os presidentes e a república: Deodoro da Fonseca a Luiz Inácio Lula da Silva. Arquivo Nacional, p.163-166. RODRIGUES,Marly.A década de 80 – Brasil: quando a multidão voltou às praças. São
Paulo: Ática, 1992, p.17-18.

(...) Ao realizar a reforma partidária, o governo objetivava legitimar a EXERCÍCIOS


representação política, mas, sobretudo, fragmentar a oposição. Pretendia
também conquistar os governos estaduais nas eleições de 1982, as
01. (Mackenzie) A transição lenta, gradual e segura para a democracia, iniciada no governo Geisel
primeiras que se fariam pelo voto direito desde o final dos anos 60. Para
em 1974, completa-se na Constituição de 1988, que pôs fim aos últimos vestígios do regime
tanto apoiou-se, ainda, no “Pacote de Novembro”, aprovado pelo
autoritário. Dentre as consequências deste processo mencionamos:
Congresso em janeiro do ano eleitoral, estabelecendo a vinculação do
voto para todos os cargos eletivos, o registro de chapas completas e a
(A) o não aparecimento de fortes abalos sociais, o restabelecimento de direitos políticos,
proibição de alianças entre os partidos. (...) Em 1982 foram eleitos doze
embora ainda houvesse desigualdade social e falta de confiança no Estado, marcado
governadores do PDS, dez do PMDB e um do PDT mostrando que, embora
historicamente pelo clientelismo e corrupção.
munido de fortes dispositivos legais, o governo não conseguira vencer a

410 Tópico 3.16 – A redemocratização | Curso Preparatório Cidade


(B) inúmeras crises sociais que obrigaram o regime a retroceder e voltar ao autoritarismo 03. (Cesgranrio) O processo de redemocratização brasileiro, no final da década de 1970, combinou
anterior. pressões da sociedade civil e a estratégia de distensão/abertura do próprio regime militar,
(C) a instalação de uma economia forte, caracterizada pela igualdade de oportunidades, sem como pode ser observado na(no):
a concentração de renda.
(D) a punição rigorosa de todos os crimes políticos e indenização a todas as vítimas deste (A) vitória do movimento popular das "Diretas Já", permitindo eleições gerais diretas em
período. 1982.
(E) a ascensão ao poder de grupos radicais, com práticas contrárias à democracia, (B) concessão de anistia "ampla, geral e irrestrita", por lei de iniciativa do governo, mas que
inviabilizando a abertura. excluía as principais lideranças ligadas ao governo derrubado em 1964.
(C) total autonomia do movimento sindical, forçada pelas greves do ABCD paulista.
(D) revogação dos Atos Institucionais, por iniciativa do governo, após negociação com setores
02. (Ufmg) Leia este trecho de reportagem:
representativos da sociedade civil.
Às 11h34 deste 15 de janeiro, explode o grito parado no ar durante 21 anos [...]. A multidão se (E) "pacote de abril" de 1977, que transformou o Congresso Nacional em Assembleia
abraça e chora, ergue os braços e pula, rompe os cordões de isolamento, atravessa as rampas Constituinte.
proibidas e escala a cúpula do Senado, agitando faixas e bandeiras.
04. (Fuvest) Sobre o fim do período militar no Brasil (1964-1985), pode-se afirmar que ocorreu de
Trio elétrico, bumba-meu-boi, charanga do Atlético Mineiro, samba, frevo e maracatu, bandeiras do forma:
Brasil, do Corinthians, dos partidos comunistas, do PMDB, do Flamengo, gente moça e velha, de
terno ou de calção, cantando e dançando, um homem grita: .A liberdade chegou.[...]. (A) conflituosa, resultando em um rompimento entre as forças armadas e os partidos
políticos.
Um último susto: o carro de bombeiros liga a sirene, mas é só para poder levar uma jovem que
(B) abrupta e inesperada, como na Argentina do General Galtieri.
desmaiou de alegria, primeira vítima da democracia nascente.
(C) negociada, como no Chile, entre o ditador e os partidos na ilegalidade.
KOTSCHO, Ricardo. "Folha de S. Paulo". (D) lenta e gradual, como desejavam setores das forças armadas.
(E) sigilosa, entre o presidente Geisel e Tancredo Neves, à revelia do exército e dos partidos.
Considerando-se as informações desse trecho, é CORRETO afirmar que, nele, se faz referência à:

05. (Fatec) Os governos dos presidentes Geisel e Figueiredo foram marcados pela chamada
(A) posse de Fernando Collor de Mello, presidente eleito pelo voto direto, como sucessor do
"distensão política, gradual e segura". Sobre ela pode-se afirmar:
General João Batista Figueiredo.
(B) aprovação da Emenda Dante de Oliveira, que previa eleições diretas após o término do
(A) ocorreu graças à delegação paternalista do poder militar, então hegemônico.
Governo Geisel, pelo Congresso Nacional.
(B) desenvolveu-se pela pressão direta do governo norte-americano.
(C) vitória de Luís Inácio Lula da Silva para o cargo de Presidente da República, na sua
(C) ocorreu pela pressão dos setores políticos e econômicos dominantes no Brasil, em busca
terceira tentativa de conquistar o poder.
de novas relações de hegemonia.
(D) eleição por via indireta, no Colégio Eleitoral, de um presidente civil, que colocava um fim
(D) surgiu e desenvolveu-se pela iminente possibilidade do acesso ao poder dos partidos de
no regime militar.
extrema esquerda.
(E) foi estimulada pela pressão dos grandes proprietários interessados em impedir a reforma
agrária.

Curso Preparatório Cidade | Tópico 3.16 – A redemocratização 411


06. (Ufmg) A reforma partidária, que implantou o pluripartidarismo no Brasil, no governo 08. (Ufrs) Em 1976, o Decreto-Lei nº 6.639 da Presidência da República, mais conhecido como "Lei
Figueiredo, tinha por objetivo: Falcão":

(A) consolidar os resultados das eleições de 1974 que deram ampla vitória ao partido do (A) criou o voto distrital misto para municípios com mais de 200 mil habitantes.
governo, o PDS. (B) proibiu os comícios e reuniões partidárias.
(B) levar os liberais, concentrados no PP, para engrossar as fileiras do PRS e fortalecer o (C) limitou a propaganda eleitoral no rádio e na televisão.
apoio ao governo. (D) reestruturou as eleições diretas para prefeitos nos municípios enquadrados como de
(C) quebrar o monopólio que o MDB exercia na oposição fragmentando-o em inúmeros "Segurança Nacional".
partidos e evitando a sua ascensão ao poder. (E) estabeleceu o bipartidarismo no Brasil.
(D) revigorar o PDT para que esse pudesse enfrentar o PT nas eleições majoritárias.
(E) utilizar os antigos militantes da UDN nos quadros da ARENA para que essa, fundindo-se
09. (Ufrs) Com o chamado "pacote de abril", baixado pelo então presidente Ernesto Geisel:
com o PDS, vencesse as eleições para governadores.

(A) surgiram os "senadores biônicos" e foram prorrogadas as eleições indiretas dos


07. (Fatec) O período compreendido entre a Redemocratização de 1945 e o início das "aberturas governadores de Estados.
democráticas" pelo ex-presidente Ernesto Geisel apresentou diferentes momentos com relação (B) determinava-se que os presos políticos, trocados por diplomatas sequestrados, seriam
às políticas econômicas adotadas. banidos do Brasil.
(C) editou-se um decreto-lei, segundo o qual o presidente podia convocar eleições diretas
Assim, podemos dizer que: para o Executivo.
(D) promulgou-se a lei da anistia política, com restrições a quem tinha participado da luta
(A) João Goulart tentou, durante seu governo, retomar o crescimento econômico do Brasil armada.
com o Plano Salte (que visava ao pagamento de nossa dívida externa e o combate à (E) proibiam-se alianças para a escolha de candidatos aos governos dos Estados, bem como
inflação), o que lhe daria amplo apoio dos grupos financeiros internacionais. o "voto vinculado".
(B) No governo de Jânio Quadros, o apelo nacionalista de grande impacto sobre a classe
média urbana levou ao desenvolvimento da capacidade produtiva dos setores ligados à
10. (Pucmg) A campanha das "Diretas já", em 1984, expressou um importante momento da vida
energia e aos combustíveis, sendo exemplo disso a fundação da Petrobrás.
política brasileira. Esse momento foi caracterizado, EXCETO:
(C) Juscelino Kubitschek, com seu Plano de Metas, possibilitou o desenvolvimento industrial
em função de um vigoroso monopólio nacional dos chamados setores de ponta de nossa
(A) pelo surgimento do "mandato de transição", no qual Tancredo Neves impediu que a
economia e, para tal, obteve forte apoio da burguesia nacional.
pressão popular fosse trocada por um acordo de gabinete.
(D) O período compreendido entre 1970 e 1973 representou o apogeu do conhecido "milagre
(B) pela decretação do Presidente Figueiredo das "medidas de emergência" no Distrito
brasileiro", que se baseava no investimento de capitais estrangeiros, na participação do
Federal e em dez municípios de Goiás.
Estado nos chamados setores básicos e na expansão do sistema de crédito ao
(C) pela criação do Comitê Nacional Pró-Diretas, composto pelos setores sociais progressistas.
consumidor.
(D) por uma intensa mobilização popular, que reuniu membros dos vários segmentos sociais
(E) O populismo do governo de Getúlio Vargas tentou orientar a política econômica no
em torno da defesa do direito ao voto.
sentido de favorecer as classes agrárias, que constituíram o segmento político mais
(E) pela pressão, sobre o governo federal, dos setores conservadores, os quais viam no
expressivo naquele momento.
movimento uma ameaça à ordem política.

412 Tópico 3.16 – A redemocratização | Curso Preparatório Cidade


11. (Fgv) Dos fatos a seguir, qual NÃO teve relação com o Movimento das "Diretas-Já" de 1984: Cada paralelepípedo
Da velha cidade
(A) a eleição direta de José Sarney para a presidência da República; Essa noite vai
(B) a mobilização política da juventude de classe média, que se repetiria com os "caras- Se arrepiar
pintadas" anti-Collor alguns anos depois; Ao lembrar
(C) o fortalecimento da candidatura de Tancredo Neves a presidente, ainda que escolhido Que aqui passaram sambas imortais
indiretamente; Que sangraram pelos nossos pés
(D) a transformação de uma parte dos políticos que apoiavam a ditadura militar em membros Que aqui sambaram nossos ancestrais.
da Frente Liberal, pela cisão dentro do PDS; Num tempo
(E) a ampliação da participação político-partidária, inclusive com a formação de partidos Página infeliz de nossa história
novos e o enfraquecimento do regime militar. Passagem desbotada na memória
Das novas gerações
Dormia
12. (Fgv) O Movimento "Diretas Já", que promoveu em 1984 uma intensa mobilização popular a
A nossa pátria mãe tão distraída
favor da eleição direta para Presidente da República, teve como resultado imediato:
Sem perceber que era subtraída
Em tenebrosas transações."
(A) a eleição de um governo popular e democrático chefiado por José Sarney;
(B) a eleição do candidato da oposição, Tancredo Neves, pela via indireta;
Os versos anteriores são de Chico Buarque de Holanda e pertencem à composição "Vai Passar",
(C) a primeira eleição direta do Presidente da República, a primeira em quase trinta anos,
lançada no final de 1984. O Brasil estava prestes a virar mais uma página de sua história.
com a vitória de Fernando Collor de Mello;
(D) a anti-candidatura de Ulysses Guimarães e a convocação da Assembleia Nacional
Sobre esse período é correto afirmar:
Constituinte;
(E) a revogação dos Atos Institucionais, apesar da derrota da emenda das Diretas.
(A) Apesar da modernização e do crescimento econômico acelerados, muitas camadas da
população não se beneficiaram com o "milagre econômico."
13. (Unesp) Assumindo o governo após o período repressivo do general Médici, o general Geisel (B) As reivindicações sindicais passaram ao patamar das exigências políticas, desaguando em
pretendia iniciar um processo de liberalização do regime autoritário. Foi, entretanto, um uma participação maciça dos trabalhadores nas Diretas Já.
período marcado por alternâncias de medidas tênues de abertura e outras de natureza (C) Mesmo após atribuir a si mesmos poderes excepcionais, os militares brasileiros
discricionária. Em 1977, o governo publica um conjunto de medidas conhecidas como "o pacote procuraram legitimar suas atitudes, fazendo referendar parte de suas medidas pelo poder
de abril", cuja característica foi: legislativo, ao contrário do ocorrido em outros países latino-americanos.
(D) A ação contra elementos vinculados ao governo deposto gerou atos primitivos, tendo sido
(A) procurar impedir a vitória das oposições nas próximas eleições. fechadas entidades estudantis e da sociedade civil.
(B) atacar de maneira frontal a ação da "linha-dura". (E) A extrema direita realizava sequestros e atentados com a cumplicidade dos setores
(C) editar medidas que atenuassem a ação do Ato Institucional nº 5 (AI-5). governamentais da linha dura, que, percebendo a reação negativa da população a esses
(D) propor medidas liberalizantes na legislação trabalhista. atos, atribuíam sua autoria à extrema esquerda.
(E) impor medidas coercitivas ao movimento sindical.

15. (Pucmg) A campanha das "Diretas-já" (1984) é considerada um marco na história política do
14. (Fatec) Brasil, porque, EXCETO:

"Vai passar (A) mobilizou milhares de cidadãos nos grandes comícios.


Nessa avenida um samba popular (B) obteve ampla cobertura da imprensa, escrita e televisionada.

Curso Preparatório Cidade | Tópico 3.16 – A redemocratização 413


(C) contou com o apoio das Forças Armadas e das elites conservadoras. (B) a libertação de alguns presos políticos que haviam cometido atos contra o governo
(D) constituiu-se numa união suprapartidária. democrático de João Goulart.
(E) representou uma etapa importante no processo de democratização. (C) a libertação de praticamente todos os presos políticos, inclusive os condenados pela
prática de crimes de terrorismo, assalto, seqüestro e atentado pessoal.
(D) a libertação de alguns presos políticos, como Leonel Brizola, Miguel Arraes e Luís Carlos
16. (Ufsm) "Eu briguei, apanhei, eu sofri, aprendi / eu cantei, eu berrei, eu chorei, eu sorri / eu saí
Prestes, e a condenação dos militares que se envolveram em atos de tortura a presos
pra sonhar meu país / e foi tão bom, não estava sozinho / a praça era alegria sadia / o povo
políticos.
era senhor / e só uma voz, numa só canção / e foi por ter posto a mão no futuro / que no
(E) a libertação de todas as pessoas que foram detidas por crimes políticos a partir do início
presente preciso ser duro / que eu não posso me acomodar / quero um país melhor."
do governo Figueiredo (1979), e a redução das penas dos que foram presos entre 1964 e
A letra da música "Carta à República", de autoria de Mílton Nascimento e Fernando Brant, embora 1979.
seja ainda adequada à atualidade, é expressão da resistência à ditadura militar e da luta pela
democratização política do Brasil nos anos 80. Sobre esse período, é correto afirmar: 18. (Fgv) O chamado "pacote de abril", conjunto de medidas promulgadas pelo presidente Ernesto
Geisel em 1977, representou:
I. A partir do final dos anos 70, os movimentos sociais, tanto do campo quanto da cidade,
deram novo impulso às atividades sindicais, liderados, principalmente, pela CUT, UNE, MST, (A) a institucionalização da ditadura militar, na medida em que criava mecanismos de
CONTAG e partidos políticos de oposição à ditadura. repressão à oposição, através de uma série de atos institucionais, entre eles o AI-5.
II. A anistia aos presos políticos e aos exilados resultou de uma ampla campanha popular, (B) a inauguração da política de abertura lenta e gradual, na medida em que estabelecia o
vitoriosa em 1979, possibilitando a conquista do pluripartidarismo nos anos 80. voto direto e universal para a escolha de senadores e deputados.
III. A partir dos últimos meses de 1983, intensificou-se a campanha pelas eleições diretas para (C) a reação do governo às conquistas eleitorais da oposição, na medida em que impunha
presidente da República, tornando-se vitoriosa com a aprovação da emenda Dante de restrições, como a eleição indireta de um terço dos senadores por colégios eleitorais
Oliveira, em abril de 1984. estaduais.
IV. A vitória eleitoral de Tancredo Neves, por eleição direta, resultou de uma aliança política (D) o retrocesso na política de abertura lenta e gradual, na medida em que impunha a
entre liberais descontentes com a ditadura militar e a totalidade dos oposicionistas de censura, até então inexistente, a todos os órgãos de comunicação.
esquerda. (E) o fim da ditadura militar, na medida em que estabeleceu as eleições diretas para todos os
cargos de governo, inclusive a presidência da República.
Está(ão) correta(s):

(A) apenas I e II. 19. (Ufc) O golpe militar de 1964 foi o início de um dos períodos de maior autoritarismo na história
(B) apenas I, II e III. do Brasil - a ditadura militar. Mas as práticas repressivas do Estado não calaram os segmentos
(C) apenas IV. organizados da sociedade civil, que buscaram a redemocratização do país. Nesse sentido, é
(D) apenas III e IV. correto afirmar que:
(E) I, II, III e IV.
(A) no final da década de 1970, foram ampliados os espaços de protesto, com as passeatas
do movimento estudantil, a greve dos metalúrgicos do ABC e o surgimento de um novo
17. (Fatec) A Lei da Anistia, formalizada em 28 de agosto de 1979, em pleno governo do general sindicalismo.
João Baptista Figueiredo (1979 - 1985), significou: (B) a redemocratização decorreu da política neoliberal adotada, redefinindo as ações do
Estado e corrigindo as distorções sociais.
(A) a libertação de praticamente todos os presos políticos e a volta ao país de pelo menos (C) o processo de redemocratização foi realizado de forma ágil por governos contrários à
5.000 exilados, inclusive líderes de esquerda, como Leonel Brizola, Miguel Arraes e Luís política do FMI, fortalecendo, assim, o mercado interno.
Carlos Prestes.

414 Tópico 3.16 – A redemocratização | Curso Preparatório Cidade


(D) a reforma partidária de 1979 possibilitou o surgimento de novos partidos de oposição, EXERCÍCIOS DE PROVA
entre eles o Partido Comunista Brasileiro.
(E) a emenda das "diretas já" encontrou ressonância no Congresso Nacional, controlado pelo
PDS, que aprovou o projeto. 1. (EsFCEx – 2011) Sobre a conjuntura da superação dos governos militares entre 1984 e 1985, é
correto afirmar:

20. (Ufrrj) (A) a aprovação da emenda constitucional das eleições diretas possibilitou a livre escolha de
Tancredo Neves pela maioria da população brasileira.
"O Brasil é hoje uma Nação dividida. Há 14 anos tenta-se silenciar seu povo. O regime, imposto
(B) a aprovação da emenda constitucional das eleições diretas não foi atingida, pois a
contra os interesses da maioria da população, outorgou-se o direito de legislar sobre tudo e sobre
oposição não reuniu os dois terços de votos necessários no Congresso Nacional.
todos. A tudo e a todos, por todos os meios, tentou impor sua vontade.
(C) um fator decisivo para a não aprovação das eleições diretas para Presidente da República
(...) Expressando insatisfações nacionais, os participantes do Congresso repudiam a marginalização em 1984 foi o declínio numérico e político que a campanha sofreu nos seus momentos
política, econômica e social do povo brasileiro, condenam a repressão que sobre ele se abate e finais.
exigem anistia. (D) o desgaste político do Governo durante as campanhas de rua pelas eleições diretas criou
condições para a vitória do candidato oposicionista pelo voto popular em janeiro de 1985.
(...) As entidades presentes no Congresso Nacional pela Anistia assumiram o compromisso da (E) a instauração do Colégio Eleitoral que escolheu o Presidente da República em 1985 foi o
transformação da luta pela anistia num amplo e estruturado movimento popular, entendendo que é resultado das negociações políticas entre Governo e oposição, como forma de evitar uma
da organização e da pressão popular que depende a conquista do fim da legislação repressiva, situação revolucionária no País.
inclusive a revogação da Lei de Segurança Nacional e da insegurança dos brasileiros;
desmantelamento do aparelho de repressão política e fim da tortura; liberdade de organização e
manifestação e anistia ampla, geral e irrestrita. (...)"

("Manifesto à Nação - do Congresso Brasileiro pela Anistia". Folha de São Paulo: 6/11/1978.)

A luta pela anistia política no Brasil, segundo o Manifesto à Nação, tinha objetivos:

(A) restritos à libertação dos presos políticos, por serem as prisões arbitrárias e ilegais.
(B) os mais amplos, voltados à derrubada do sistema capitalista e à conquista do socialismo
no Brasil.
(C) puramente político-partidários, garantindo a eleição do maior número de parlamentares
oposicionistas.
(D) amplos, de derrubada dos instrumentos repressivos da ditadura e a conquista de uma
sociedade mais livre.
(E) os mais limitados, dada a grande força que ainda tinha na época o governo ditatorial e
seu aparato repressivo.

Curso Preparatório Cidade | Tópico 3.16 – A redemocratização 415


Tópico 3.17 – A campanha pelas eleições diretas bipartidarismo pelo AI-2, de 27 de outubro de 1965, ingressou no MDB, tornando-se um dos seus
líderes. Reelegeu-se deputado federal seguidas vezes (1963-1979).

Senador pelo MDB em 1978, com a volta do pluripartidarismo fundou o Partido Popular (PP) e,
Comentário
nessa legenda, continuou a exercer seu mandato (1979-1982). Ingressou no PMDB e elegeu-se
governador de Minas Gerais (1983-1984). Em virtude da derrota da emenda Dante de Oliveira, que
Caro estudante, propunha a realização de eleições diretas para presidente da República em 1984, foi lançado
candidato à presidência por uma coligação de partidos de oposição reunidos na Aliança
Em 1984 a população brasileira saiu às ruas exigindo o direito de escolher o seu Democrática, tendo como vice o senador José Sarney. Foi eleito presidente da República pelo
presidente pelo voto direto. Após mais de vinte anos de governos militares... Colégio Eleitoral em 15 de janeiro de 1985, vencendo o candidato governista Paulo Maluf. Na
véspera da posse, em 14 de março de 1985, foi internado em estado grave, assumindo
O resultado não foi o esperado mas a história não se apaga: a campanha pelas “Diretas
interinamente o cargo o vice-presidente José Sarney.
Já” mobilizou corações e mentes. Foi um dos movimentos de maior participação
popular da recente história brasileira. Faleceu em São Paulo, no dia 21 de abril de 1985. A lei no 7.465, de 21 de abril de 1986,
determinou, em seu art. 1o, que Tancredo Neves passaria a figurar na “galeria dos que foram
Sobre o assunto leia o texto a seguir.
ungidos pela Nação brasileira para a Suprema Magistratura, para todos os efeitos legais”.

Bons estudos!

José Sarney

A CAMPANHA PELAS ELEIÇÕES DIRETAS

Dados biográficos
Tancredo de Almeida Neves
Advogado, nascido na cidade de Pinheiro, estado do Maranhão, em 24 de abril de 1930. Elegeu-se
suplente de deputado federal pelo Partido Social Democrático (PSD), assumindo o mandato em
Dados biográficos 1956 e 1957. Foi deputado federal (1959-1966) pela União Democrática Nacional (UDN) e, com a
extinção dos partidos políticos e a imposição do bipartidarismo pelo AI-2, em 27 de outubro de
Advogado, nascido na cidade de São João del Rei, estado de Minas Gerais, em 4 de março de 1965, ingressou na Arena, partido de sustentação do regime militar. Elegeu-se governador do
1910. Iniciou sua carreira política no Partido Progressista (PP), por cuja legenda foi eleito vereador Maranhão (1966-1970) e senador (1971-1985).
de São João del Rei (1935-1937). Elegeu-se deputado estadual (1947-1950) e deputado federal
Tornou-se presidente da Arena em 1979 e, no ano seguinte, com a instalação do pluripartidarismo,
(1951-1953) na legenda do Partido Social Democrático (PSD).
do Partido Democrático Social (PDS). Em 1980 foi eleito membro da Academia Brasileira de Letras.
De 25 de junho de 1953 até o suicídio de Getúlio Vargas exerceu o cargo de ministro da Justiça e Em 1984, juntamente com outros dissidentes do PDS, passou a integrar a Frente Liberal, que o
Negócios Interiores. Novamente eleito deputado federal (1954-1955), foi diretor do Banco de lançou como vice-presidente da República na
Crédito Real de Minas Gerais (1955) e da Carteira de Redescontos do Banco do Brasil (1956-1958).
chapa de Tancredo Neves, do PMDB, tendo sido eleito pelo Colégio Eleitoral em janeiro de 1985.
Assumiu a Secretaria de Finanças do estado de Minas Gerais (1958-1960). Com a renúncia de Jânio
Assumiu interinamente a presidência, em 15 de março de 1985, em virtude da doença de Tancredo
Quadros e a instauração do regime parlamentarista, tornou-se primeiro-ministro (1961-1962).
Neves e, com a morte de Tancredo, em 21 de abril, foi efetivado no cargo. Após o término de seu
Eleito deputado federal em 1963, com a extinção dos partidos políticos e a decretação do
mandato presidencial, elegeu-se três vezes senador pelo Amapá (1991- ), exercendo a presidência
do Senado de 1995 a 1997 e de 2003 a 2005.

416 Tópico 3.17 – A campanha pelas eleições diretas | Curso Preparatório Cidade
Período presidencial salarial a cada vez que a inflação ultrapassasse 20%, e o incentivo à
produção em detrimento da especulação financeira. A moeda valorizada
O governo do presidente Sarney foi marcado, sobretudo, por duas grandes funcionaria como um instrumento de distribuição de renda, aumentando o
tarefas que se impunham ao país: reconstruir a democracia e enfrentar a poder de compra dos salários. Inicialmente, os resultados foram positivos,
crise inflacionária. Assim, em 1o de fevereiro de 1987 instalava-se a com inflação inferior a 2% ao mês. Todavia, em dezembro daquele ano,
Assembleia Nacional Constituinte, iniciando suas atividades sob a foram sentidos os efeitos do aumento camuflado de preços e do que foi
liderança do deputado Ulisses Guimarães. A nova Constituição foi avaliado como um aquecimento excessivo da economia. Em fevereiro de
promulgada em 5 de outubro de 1988, tendo sido a mais democrática da 1987, as reservas cambiais caíram rapidamente e o ministro Funaro
história brasileira. A Carta estabeleceu eleições diretas em dois turnos suspendeu os pagamentos dos juros da dívida externa aos bancos
para presidente, governadores e prefeitos, adotou o presidencialismo privados, enquanto a inflação atingia um patamar de 365,7% anuais.
como forma de governo, afirmou a independência dos três poderes,
A moratória foi suspensa em novembro, quando o Brasil pagou 500
restringiu a atuação das forças armadas, estendeu o voto aos analfabetos
milhões de dólares ao FMI. Em janeiro de 1988, o novo ministro da
e maiores de 16 anos, universalizou o direito de greve, entre diversas
Economia, Luís Carlos Bresser, promoveu um outro plano de estabilização,
outras garantias civis, sociais e trabalhistas, deixando lacunas, no
que, ainda assim, não conteve a inflação, cujo índice girou em torno de
entanto, no que se refere à reforma agrária.
1.000% naquele ano. Em janeiro de 1989, um terceiro programa
Figura 79: Assembleia Constituinte de 1988. econômico foi anunciado pelo governo, batizado de Plano Verão, porém o
ano encerrou-se com a taxa anual de inflação de 1.764,86%.

O Brasil vivia então os efeitos da crise que atingiu amplamente a América


Latina na década de 1980, quando o aumento da taxa de juros americana
e a recessão mundial atingiram as exportações brasileiras. Em
consequência, verificou-se a diminuição dos

investimentos públicos, traduzidos em cortes orçamentários, e a retração


da iniciativa privada, dadas as altas taxas de juros e a reduzida
perspectiva de consumo.

Destacou-se, nesse período, a criação do Ministério da Cultura, em 15 de


março de 1985, obedecendo, segundo o decreto que o originou, à
“situação atual do Brasil” que não poderia prescindir de uma “política
nacional de cultura, condizente com os novos tempos e com o
Fonte: http://www.agenciabrasil.gov.br/galerias-de-fotos/2008/10/01/galeria_de_fotos.2008-10-
01.7803856103.
desenvolvimento já alcançado pelo país”. Na política externa, foram

No plano econômico, o governo Sarney anunciou, em 1o de março de reatadas relações diplomáticas com Cuba e assinado o protocolo do
1986, uma ampla reforma monetária que ficou conhecida como Plano Mercosul, em conjunto com a Argentina e o Uruguai.
Cruzado, em referência à nova moeda implantada. Comandado pelo
Os presidentes e a república: Deodoro da Fonseca a Luiz Inácio Lula da Silva. Arquivo
ministro da Fazenda Dílson Funaro, e considerado heterodoxo por diferir Nacional, p. 176-178
dos planos recomendados pelo Fundo Monetário Internacional (FMI),
tinha como medidas de estabilização econômica o congelamento de
preços e salários, o abono de 8% para todos os trabalhadores, o “gatilho”

Curso Preparatório Cidade | Tópico 3.17 – A campanha pelas eleições diretas 417
(...) Muito se falou sobre a Constituição. A imprensa e os comentaristas funcionários sem concurso público. (...) Outros exemplos de desrespeito à
políticos a exaltaram como instrumento antiditatorial. De repente, a Constituição e intolerância com a livre prática dos direitos sociais não
Constituição começou a parecer uma cortina cor-de-rosa que separaria a faltam. Talvez um dos mais gritantes tenha acontecido durante a greve
população de todos os males que a afligiam. Esta idéia também está dos metalúrgicos de Volta Redonda, em novembro de 1988, quando o
contida na fala do presidente da Assembleia Nacional Constituinte, governo, negando o direito de greve recém garantido
Uliysses Guimarães, quando da promulgação do “documento da liberdade, constitucionalmente, ordenou que o Exército invadisse as dependências
da dignidade, da democracia, da justiça social no Brasil”. (...). A nova da Usina ocupada pelos grevistas que exigiam 26% de reposição salarial,
Constituição brasileira passou a vigorar em 5 de outubro de 1988. Para implantação do turno de 6 horas de trabalho e a readmissão de 70
que ela possa ser posta em prática, em toda sua plenitude, serão ainda companheiros demitidos nas últimas greves da empresa. Da violência do
necessárias 450 leis complementares. (...). Entre inúmeras outras choque resultaram três operários mortos e 42 feridos. (...). O respeito aos
importantes medidas, a Constituição restringe o poder das Forças direitos do cidadão não depende, portanto, só das leis. Ele é conquistado
Armadas à garantia dos poderes constitucionais. As liberdades individuais por uma postura individual reivindicatória e pela ação organizadora das
também foram ampliadas, assim como as possibilidades de influência forças populares que possibilitem, entre outras coisas, a superação da
popular no Legislativo, por meio da “iniciativa popular”, isto é, da mentalidade do “levar vantagem”, expressa até nas pequenas atitudes do
apresentação de projetos de lei assinados por 1% do eleitorado. (...). A dia-a-dia, segundo a qual todo abuso do espaço alheio é legítimo.
ordem trabalhista também melhorou. Houve diminuição do máximo de
horas de trabalho semanal, o aumento da remuneração durante o período RODRIGUES,Marly.A década de 80 – Brasil: quando a multidão voltou às praças. São
Paulo: Ática, 1992, p.26-29.
de férias, a ampliação da licença gestante e a criação da licença
paternidade. (...). A importância de uma Constituição na qual foram
incorporadas algumas liberdades, como a proibição da censura, e
reconhecidos alguns direitos, como o de greve e de não- interferência do
EXERCÍCIOS
Estado nas organizações sindicais é inegável. Mas é indiscutível que sua
existência não altera os equilíbrios sociais e nem garante que o nela
instituído é direito de todos os brasileiros e muito menos que ela abarcará 01. (Cesgranrio) A economia brasileira, desde o final da década de 1970, apresenta índices de
as tensões próprias do confronto democrático entre as classes sociais. inflação alta, redução do crescimento econômico e dificuldades com endividamento externo e
(...). Como nos lembra o jurista Fábio Konder Comparato, embora a nova interno que caracterizam os anos 80 como a chamada "década perdida". Assinale a opção que
Constituição tenha ampliado direitos e liberdades individuais, ela atribuiu expressa corretamente uma característica do período.
a garantia de tais direitos ao Estado. (...). Do ponto de vista das classes
trabalhadoras, essa vinculação reforça ainda mais a necessidade de uma (A) Os planos de estabilização (Cruzado, Bresser, etc.) eliminaram momentaneamente a
prática social organizada, através da qual se amplie a pressão e o controle inflação, mas seus resultados foram de curta duração.
sobre o Estado. Ao mesmo tempo, essa prática deve desenvolver-se de (B) A elevação da inflação brasileira está ligada à diminuição da produção de alimentos,
modo a criar um espaço independente de exercício da cidadania e a decorrente do direcionamento da produção agrícola para o mercado externo.
garantir que a “lei suprema da nação” não seja apenas um instrumento a (C) O crescente endividamento brasileiro no exterior não repercutiu na economia interna,
mais nas mãos dos segmentos sociais para os quais, no dizer de Florestan porque foi compensado pelos investimentos estrangeiros no país.
Fernandes, ela já é efetiva, uma vez que tais segmentos dispõem do (D) A Constituição de 1988 agravou a crise brasileira, ao reduzir a carga de impostos e limitar
arbítrio. (...). Às vésperas da promulgação da Constituição, algumas das os benefícios trabalhistas e previdenciários.
resoluções já aprovadas começaram a ser desrespeitadas, e pelo próprio (E) A crise levou o governo a aumentar sua participação na economia, criando estatais ou
governo. O presidente da República, invadindo atribuições agora assumindo empresas privadas, com o objetivo de manter os níveis de crescimento.
específicas do Legislativo, reformulou ministérios e aprovou concessões
de rádio e TV, além de assinar medidas irregulares, como a contratação de

418 Tópico 3.17 – A campanha pelas eleições diretas | Curso Preparatório Cidade
02. (Fatec) No mesmo dia da morte de Tancredo Neves, José Sarney assumiu a Presidência da (C) a proposta social de Collor, francamente favorável à reforma agrária, e a defesa de um
República do Brasil. O consenso sobre o processo democrático foi uma das válvulas mestras maior papel do Estado na economia.
que impulsionaram Sarney a enviar ao Congresso, em maio de 1985, uma série de medidas (D) a convicção de Lula de privatizar estatais e o discurso moralizante, assustaram os
democratizantes, transformadas em lei. segmentos mais ilustrados da classe média.
(E) Lula e Collor tinham em comum o apoio da massa, mas a proposta de Luis Inácio Lula da
Com essas medidas: Silva de abertura total do mercado, impediu o apoio da burguesia nacional à sua
candidatura.
(A) restabeleceram-se as eleições diretas para prefeito das capitais, das áreas consideradas
de segurança nacional e das estâncias hidrominerais.
05. (Uerj) MANIFESTO CONTRA A MODA DE SE FALAR MAL DO BRASIL
(B) restabeleceram-se as eleições diretas para presidente e vice, e consequentemente
manteve-se o colégio eleitoral. Sim, o Brasil tem problemas medonhos e não é um exemplo de desenvolvimento e justiça social,
(C) criou-se a Lei Falcão, que permitiu a propaganda eleitoral nos veículos de comunicação, mas, com o perdão da má palavra, já ando de saco cheio desse negócio de tudo aqui ser o pior do
principalmente tevê e rádio. mundo, ninguém aqui prestar e nada aqui funcionar e sermos culpados de tudo o que de ruim
(D) apesar da liberdade de organização de novos partidos políticos, não foi permitida a acontece na Terra. Saco cheiíssimo [sic.] de sair do Brasil e enfrentar ares de superioridade e
legalização dos partidos que viviam na clandestinidade. desprezo por parte da gringalhada, todos nos olhando como traficantes de cocaína, assassinos de
(E) restabeleceram-se as eleições diretas para prefeitos, mas não para a Presidência da índios e crianças, corruptos natos e mais uma vasta coleção de outras coisas, a depender do país e
República. da platéia. (...) Chega desse negócio, eu não sou bandido, nós não somos bandidos, nós somos
brasileiros, eles que vão se catar, enfurnados lá no frio escuro e triste deles.
03. (Fuvest) Acerca da década de 1980 no Brasil, podemos afirmar, do ponto de vista econômico,
(RIBEIRO, João Ubaldo. Veja, 31/03/93.)
que foi um período:
Em 1985, com o fim da ditadura militar, surge em segmentos da sociedade brasileira, a esperança
(A) de grande expansão, embora fortemente perturbado pelas incertezas quanto à
de construção de uma nova sociedade - a Nova República.
consolidação da democracia.
(B) de forte desenvolvimento da indústria, ainda que não acompanhado por outros setores da
Contudo, como é ilustrado pelo texto acima, antigos problemas persistem, contribuindo para
economia.
alimentar uma determinada imagem negativa do Brasil.
(C) de recomposição da mão-de-obra, como resultado do declínio das migrações.
(D) de recessão das atividades econômicas, tanto que muitos o consideram uma década
Dentre os fatores abaixo, aqueles que indicam, respectivamente, mudança e permanência na
perdida.
ordem político-econômica, durante a Nova República, são:
(E) de ampla abertura ao capital estrangeiro, propiciando por essa via o aumento do produto
interno bruto.
(A) supressão do direito de greve - centralização dos poderes no Executivo.
(B) extensão do direito de voto aos analfabetos - pequeno poder de compra dos salários.
04. (Mackenzie) Dentre os fatores que favoreceram a vitória, por reduzida margem de votos, de (C) elaboração de leis referentes ao meio ambiente - restrições à organização dos partidos
Fernando Collor de Mello sobre Luis Inácio Lula da Silva, no segundo turno das eleições em políticos.
1989, apontamos: (D) extensão dos direitos previdenciários aos trabalhadores do campo - sobrevivência da
legislação política de exceção.
(A) as táticas amendrontadoras de Collor sobre o eleitorado conservador, o confronto
ideológico e o apoio da mídia.
(B) a oposição do governo norte-americano ao candidato Collor de Mello, já que este se
posicionava contra o modelo neoliberal.

Curso Preparatório Cidade | Tópico 3.17 – A campanha pelas eleições diretas 419
06. (Fatec) Sobre o governo José Sarney (1985-1990) pode-se afirmar: (B) A campanha das "Diretas-Já", iniciada após a derrota da emenda Dante de Oliveira pela
eleição direta para presidente, reuniu políticos e intelectuais na chamada Aliança Liberal,
(A) Para manter a ordem social, lançou mão de um governo autoritário, abolindo conquistas tendo sido fortemente impulsionada pela mídia televisiva.
políticas anteriores. (C) A década de 1980 pode ser identificada como a década dos movimentos sindicais
(B) Durante os cincos anos desse governo, o país enfrentou recordes de taxas de inflação, operários, após a fundação da CUT, Central Única dos Trabalhadores. Isto deveu-se à
diversas crises ministeriais (só da Fazenda foram quatro) e vários planos econômicos que desmobilização dos servidores públicos, ao enfraquecimento do movimento ecológico
alteraram as regras da economia. após a morte do líber seringueiro Chico Mendes e à diminuição dos saques, invasões de
(C) Cancelou a moratória, que havia sido requerida no governo anterior. terras e terrenos.
(D) Devido às grandes agitações sociais, Sarney não conseguiu renegociar a dívida externa, e (D) A comoção social observada com a morte e o enterro do presidente Tancredo Neves, cuja
a redução dos juros só foi possível com o auxílio do FMI. eleição selou o fim da ditadura, tornou-se símbolo de mobilização nacional popular,
(E) No fim desse governo, foi aprovado o plano Cruzado, que contribuiu para que Sarney possibilitando a vitória das esquerdas na constituinte de 1988 contra o chamado
deixasse o cargo com prestígio e apoio integral do PMDB. "Centrão", sobretudo com os avanços obtidos na legislação sobre a Reforma Agrária.

07. (Mackenzie) "Sarney convocou os brasileiros e brasileiras para colaborar na execução do Plano 09. (Puc-rio) A Constituição brasileira de 1988 é conhecida como a "Constituição cidadã". Dentre
e travar uma guerra de vida ou morte contra a inflação" suas decisões, instaurou e possibilitou a vigência de medidas e códigos legais relacionados aos
direitos de grupos específicos, entre os quais podemos identificar:
Boris Fausto

I. O Estatuto da Criança e do Adolescente.


O Plano Cruzado entrava em vigor em fevereiro de 1986, resultando:
II. O Estatuto do Idoso.
III. A afirmação do racismo como crime inafiançável.
(A) na abertura da economia e no bloqueio das contas de poupança, medidas que
IV. A demarcação das terras indígenas.
controlaram rapidamente a inflação.
(B) inicialmente, na retomada do crescimento e, posteriormente, no fracasso econômico, em
Assinale:
virtude de razões eleitorais, ágio e desabastecimento.
(C) na elevação das taxas de juros, no retorno do real como moeda e na volta da
(A) Se apenas a afirmativa I está correta.
hiperinflação.
(B) Se apenas as afirmativas I e III estão corretas.
(D) no pleno emprego, na criação da URV e no déficit na balança comercial em função da
(C) Se apenas as afirmativas II e IV estão corretas.
abertura de mercado.
(D) Se apenas as afirmativas I, II e III estão corretas.
(E) em um vasto programa de privatizações, na inadimplência, no desemprego e na queda do
(E) Se todas as afirmativas estão corretas.
consumo.

10. (Ufmg) Leia este trecho de reportagem:


08. (Ufu) A respeito das manifestações sociais ocorridas no Brasil entre 1983 e 1993, assinale a
alternativa correta.
Às 11h34 deste 15 de janeiro, explode o grito parado no ar durante 21 anos [...]. A multidão se
abraça e chora, ergue os braços e pula, rompe os cordões de isolamento, atravessa as rampas
(A) Entre os mais significativos movimentos, estão o dos consumidores em defesa do
proibidas e escala a cúpula do Senado, agitando faixas e bandeiras.
congelamento de preços no Plano Cruzado e o dos estudantes "caras-pintadas", que
ocuparam as ruas exigindo o impeachment do presidente Collor, investigado por Trio elétrico, bumba-meu-boi, charanga do Atlético Mineiro, samba, frevo e maracatu, bandeiras do
corrupção e enfraquecido pelo fracasso na política econômica de combate à inflação. Brasil, do Corinthians, dos partidos comunistas, do PMDB, do Flamengo, gente moça e velha, de
terno ou de calção, cantando e dançando, um homem grita: .A liberdade chegou.[...].

420 Tópico 3.17 – A campanha pelas eleições diretas | Curso Preparatório Cidade
Um último susto: o carro de bombeiros liga a sirene, mas é só para poder levar uma jovem que de praticar uma religião, ter educação, saúde, previdência social, lazer e segurança
desmaiou de alegria, primeira vítima da democracia nascente. pública.
(C) O Presidente Fernando Collor de Melo cumpriu totalmente o seu mandato.
KOTSCHO, Ricardo. "Folha de S. Paulo". (D) José Sarney foi o primeiro Presidente deste período eleito diretamente pelo voto popular.
(E) A República Nova tem como principal característica o fim dos conflitos sociais e o
Considerando-se as informações desse trecho, é CORRETO afirmar que, nele, se faz referência à:
decréscimo das desigualdades sociais. Assim, sindicatos e movimentos sociais, como o
MST, não demonstraram nenhuma resistência aos projetos apresentados pelos
(A) posse de Fernando Collor de Mello, presidente eleito pelo voto direto, como sucessor do
governantes do período.
General João Batista Figueiredo.
(B) aprovação da Emenda Dante de Oliveira, que previa eleições diretas após o término do
Governo Geisel, pelo Congresso Nacional. 13. (Espm) Em 15 de janeiro de 1985, Tancredo Neves derrotou Paulo Maluf no colégio eleitoral
(C) vitória de Luís Inácio Lula da Silva para o cargo de Presidente da República, na sua por 480 votos contra 180.
terceira tentativa de conquistar o poder.
(D) eleição por via indireta, no Colégio Eleitoral, de um presidente civil, que colocava um fim "Fomos ao colégio eleitoral para que ele nunca mais seja utilizado", afirmou Tancredo Neves, cuja
no regime militar. eleição encerrava o período de 21 anos de regime militar no país. No entanto, Tancredo não tomou
posse, vindo a falecer após doença que o obrigou a sete intervenções cirúrgicas. O vice-presidente,
José Sarney, assumiu a presidência, iniciando a Nova República.
11. (Ufla) No contexto histórico que se sucedeu à morte de Tancredo Neves (21/04/85) e à posse
de José Sarney, um dos desafios deste foi o da recuperação da economia, então com uma Leonel Itaussu A. Mello e Luís César Amad Costa. "História do Brasil"
inflação próxima dos 200% ao ano. É nesse contexto que foi implantado o Plano Cruzado. Uma
figura bastante conhecida do Plano Cruzado foi a dos "fiscais do Sarney". As alternativas a Quanto ao período de governo do presidente José Sarney é correto afirmar que em seu mandato:
seguir estão ligadas a essa "figura", EXCETO:
(A) Foi revogado o Ato Institucional número cinco (AI-5).
(A) Donas-de-casa observavam permanentemente as prateleiras dos supermercados, (B) Foi promulgada a atual Constituição brasileira, em 1988.
munidas de tabelas de preço da Sunab, à procura de mercadorias ilegalmente (C) Foi implantado o Plano Real com o objetivo de reordenar a economia brasileira.
remarcadas. (D) Foi extinto o bipartidarismo e promovida uma reforma partidária que reintroduziu o
(B) Congelamento das poupanças e contas bancárias em todo o país. pluripartidarismo.
(C) Proprietários e gerentes de estabelecimentos comerciais foram presos por violar o (E) Foi aprovada uma emenda constitucional que permitiu a reeleição presidencial
congelamento dos preços após denúncias. consecutiva.
(D) Milhares de pessoas passaram a vigiar os preços no comércio e a denunciar as
remarcações feitas.
14. (Espm) Com a volta dos militares aos quartéis e redemocratização do Brasil, o presidente José
Sarney convocou uma Assembleia Nacional Constituinte, que foi eleita em novembro de 1986.
12. (G1) Muitos historiadores costumam chamar Nova República o período compreendido entre o Em 5 de outubro de 1988 foi promulgada aquela que ficou conhecida por "Constituição Cidadã".
final da ditadura militar no Brasil (1985) e os dias de hoje. Sobre este período, assinale a
alternativa CORRETA: Assinale entre as alternativas aquela que apresenta novidades incorporadas ao texto constitucional
brasileiro em 1988:
(A) O Presidente Luís Inácio Lula da Silva foi o único Presidente da Nova República a se
reeleger para o cargo. (A) Ampliação da cidadania com a extensão do direito de voto aos analfabetos; criação do
(B) Em 1988, foi promulgada a nova Constituição do Brasil, a qual garante alguns direitos "habeas-data" que permite ao cidadão obter informações relativas à sua pessoa,
fundamentais para os cidadãos como direito de votar, de participar de partidos políticos, constantes de registros oficiais.

Curso Preparatório Cidade | Tópico 3.17 – A campanha pelas eleições diretas 421
(B) Ampliação da cidadania com a extensão do direito de voto aos maiores de 16 anos - voto 17. (Udesc) Entre as décadas de 1970 e 1980 aconteceu uma série de questões que marcou a
facultativo; fim da unicidade sindical. história do passado recente brasileiro.
(C) Fim da unicidade sindical; obrigação das empresas estrangeiras manterem no mínimo 2/3
de empregados brasileiros. Assinale a alternativa INCORRETA em relação ao conjunto de questões e acontecimentos que
(D) Instituição da reeleição para a presidência da república e mandato presidencial de cinco caracterizaram este período.
anos.
(E) Voto universal obrigatório para maiores de 18 anos (exceto analfabetos, soldados e (A) É possível observar a existência de dois processos de redemocratização no Brasil neste
cabos); o direito do presidente baixar decretos com força de lei. período: um a partir do próprio governo militar, que passou a prever a impossibilidade de
manter o autoritarismo e as leis de exceção no longo prazo; e outro com foco na
sociedade civil, que reuniu diferentes atores e organizações na luta pela democracia.
15. (Mackenzie) O modelo econômico brasileiro dos anos 70 não se sustentou na década seguinte,
(B) Em 1985, Fernando Collor de Mello venceu a eleição para presidente da República e foi o
dentre outras causas, porque:
primeiro presidente civil depois de 21 anos de regime militar.
(C) A Lei de Anistia (1979), embora sancionada pelo regime militar, foi sobretudo resultado
(A) a distribuição equilibrada de renda e a politização das massas inviabilizaram a alternativa
da campanha pela Anistia promovida por diversos setores da sociedade civil brasileira que
econômica autoritária.
se opunham ao governo militar, ocorrida no período conhecido como de
(B) a política eficaz de controle à inflação gerou desemprego e redução do mercado interno.
redemocratização.
(C) os altos investimentos, no ensino público e pesquisa, impossibilitaram o Estado de
(D) A campanha Diretas Já marcou o período de redemocratização no Brasil, mas a eleição
manter-se como agente do desenvolvimento.
para presidente em 1985 ainda seria decidida pelo Colégio Eleitoral e não pelo voto
(D) as preocupações ecológicas e pressões internacionais exigiam a mudança do modelo.
popular.
(E) o Estado perdeu sua capacidade de financiar o modelo de substituição de importações,
(E) A Constituição de 1988, ao expressar a organização de uma sociedade democrática,
que se esgotou.
marcaria definitivamente o fim do autoritarismo do regime militar no Brasil.

16. (Ueg) O período de transição da ditadura militar para a chamada redemocratização no Brasil,
18. (Unitau) As Assembleias constituintes de 1987 davam direito aos cidadãos de apresentarem
em meados da década de 1980, caracterizou-se por disputas políticas que giravam em torno da
propostas e emendas ao texto constitucional. Nesse sentido, foram intensas as pressões dos
possibilidade de ruptura ou continuidade do modelo que havia vigorado até então. Acerca da
grupos organizados para representar interesses setoriais junto ao Congresso Constituinte e
década de 1980 no Brasil, pode-se afirmar que foi um período de:
forçar suas decisões de acordo com esses interesses. Esses grupos eram chamados de:

(A) grande expansão social e econômica, embora fortemente perturbado pelas incertezas
(A) lobbies.
quanto à consolidação do modelo democrático.
(B) constituintes.
(B) forte desenvolvimento da indústria de base e de transformação, ainda que não tenha sido
(C) reformistas.
acompanhado por outros setores da economia.
(D) interventores.
(C) recomposição da mão-de-obra, como resultado do declínio das migrações internas,
(E) relatores.
especialmente as do Nordeste para o Sudeste.
(D) recessão das atividades econômicas e de crises sucessivas marcadas por uma inflação
ascendente, tanto que muitos a consideram uma década perdida. 19. (Puccamp) No Brasil, a organização política implantada pelo Regime Militar, instalado pós/64,
(E) ampla abertura ao capital internacional, propiciando por essa via o aumento do produto caracterizou-se pela
interno bruto (PIB) e o desenvolvimento do Brasil.
(A) ampliação dos poderes estaduais sustentada por acordos regionais entre chefes políticos
conservadores e setores de vanguarda empresarial.

422 Tópico 3.17 – A campanha pelas eleições diretas | Curso Preparatório Cidade
(B) crescente concentração de poderes para o Executivo com os Atos Institucionais 02. (EsFCEx - 2006) O processo conhecido como Abertura Democrática se deu sob a liderança de
legitimando a manutenção de um Estado forte. vários protagonistas políticos. Dante de Oliveira, Ulysses Guimarães e Franco Montoro
(C) permanente utilização de instrumentos de exceção controlados pelos representantes do acercaram-se da figura histórica de Tancredo Neves como atores de destaque no palco político
Congresso que passou a ser autônomo e independente. daquele momento de transição. Tancredo já havia assumido o comando do executivo na
(D) implantação de controle popular sobre os antigos caciques políticos municipais que História recente do país quando:
ameaçavam a estabilidade do Regime.
(E) estratégia de abertura e distensão política executada de forma lenta e gradual com o (A) Getúlio Vargas faleceu e ele, como Ministro da Justiça, assumiu a presidência da
objetivo de fortalecer o poder dos partidos políticos. República.
(B) estabeleceu-se a crise sucessória na presidência após o afastamento de Café Filho por
motivos de saúde.
20. (Fuvest) O próximo presidente da República será eleito, em 15 de janeiro de 1985, por um
(C) foi escolhido primeiro ministro durante a única experiência parlamentarista da República
Colégio Eleitoral composto por:
após a renúncia de Jânio Quadros.
(D) Vargas foi deposto em 1945 e ele, como presidente do Congresso Nacional, assumiu a
(A) todos os prefeitos das capitais, todos os deputados federais e estaduais.
chefia do executivo federal.
(B) todas as pessoas alfabetizadas, maiores de 18 anos, portadoras do titulo eleitoral.
(E) foi indicado para assumir a presidência para que Juscelino pudesse concorrer à reeleição
(C) todos os deputados federais e senadores e uma representação de seis deputados
em 1960.
estaduais de cada Assembleia Legislativa.
(D) 138 representantes dos governadores estaduais e todos os componentes do Congresso
Nacional.
(E) todos os deputados estaduais e federais e todos os senadores.

EXERCÍCIOS DE PROVA

01. (EsFCEx - 2006) O Plano Cruzado, medida de combate à inflação do governo Sarney, baseou-se
em princípios heterodoxos para a economia e caracterizou-se por vários aspectos, exceto:

(A) reforma monetária: cortou três zeros do Cruzeiro e substituiu-o por uma nova moeda, o
Cruzado.
(B) congelamento de preços por um ano e de salários, pelo valor médio dos últimos seis
meses acrescido de um abono de 8%.
(C) “gatilho salarial”: toda vez que a inflação atingisse ou ultrapassasse 20%, os assalariados
teriam um reajuste automático no mesmo valor, mais as diferenças negociadas nos
dissídios das diferentes categorias.
(D) extinção da correção monetária e criação do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) para
corrigir a poupança e as aplicações financeiras superiores a um ano.
(E) contenção da inflação e aumento do poder aquisitivo da população. Isso garantiu um
ganho real para o trabalhador que atingiu demanda positiva crescente.

Curso Preparatório Cidade | Tópico 3.17 – A campanha pelas eleições diretas 423
Tópico 3.18 – A Constituição de 1988 Figura 80: Ulysses Guimarães e a Constituição de 1988.

Comentário

Caro estudante,

Avancemos um pouco mais. Estamos nos aproximando do final do curso.

Neste tópico estudaremos a Constituição de 1988. Vigente nos dias de hoje. Esta
Constituição também é conhecida pelo nome de “Constituição Cidadã”, pois incorporou
em seu texto diversas conquistas e direitos sociais. É importante lembrar que a feitura
desta Carta Magna ocorreu logo após a ditadura. Daí a ênfase nos valores
democráticos.

Sobre o assunto leia o texto a seguir. Bons estudos!

CONSTITUIÇÃO DE 1988 Fonte: http://www.agenciabrasil.gov.br/galerias-de-fotos/2008/10/01/galeria_de_fotos.2008-10-01.7803856103

Interrompendo vinte e um anos de ditadura, a presidência de José Sarney se iniciou com o claro
dever de reinserir o povo na política. O governo Figueiredo pôs fim a um longo período de
Uma constituinte bastante tumultuada. Os diversos segmentos da sociedade queriam garantir seus
transição entre a ditadura e um governo democrático. O processo, iniciado pelo presidente Médici,
direitos na carta magna brasileira. Associações, sindicatos, empresas, militares, classe média,
foi lento e gradual. A falta de pressão efetiva por parte de setores influentes da sociedade
defensores dos direitos dos índios todos queriam uma constituição que os servisse. O resultado?
contribuiu para esse ponto. Fato é, também, que a abertura política patrocinada pelos militares
Horas e horas de debates sobre os mais variados temas, e por fim uma série de reformas, desde a
brasileiros foi consideravelmente mais pacífica que a dos vizinhos argentinos e chilenos.
educação até os direitos indígenas.
O primeiro presidente do pós-militarismo foi Tancredo Neves, que morreu antes mesmo de tomar
O fruto foi uma Constituição extremamente inovadora. Direito de voto aos analfabetos, redução do
posse, vítima de complicações cirúrgicas. Mesmo sem o apóio explícito do General Figueiredo,
mandato presidencial de 5 para 4 anos, criação do décimo terceiro salário e do habeas datas –
Sarney assumiu a presidência e, em 1º de fevereiro de 1987, a constituinte foi aberta sobre a
direito a ter acesso sobre dados pessoais – são algumas das várias mudanças ocorridas na mais
presidência de Ulysses Guimarães.
nova constituição brasileira, que veio ao mundo no dia 5 de outubro 1988.

De fato, foi a constituição de 1988 que pôs fim a ditadura militar. Essa quebra não foi total. Ao
contrário do que ocorreu na Espanha, que transitou do franquismo para a democracia, vestígios
dos militares ainda poderiam ser encontrados nas mais altas instâncias de poder da terceira
democracia brasileira. Prova disso, a permanência de velhas figuras de partidos como a ARENA,
partido pró-ditadura.

424 Tópico 3.18 – A Constituição de 1988 | Curso Preparatório Cidade


Embora tenha assegurado uma gama de direitos políticos e sociais para a população brasileira, a de praticar uma religião, ter educação, saúde, previdência social, lazer e segurança
constituição deixou escapar problemas estruturais da nação. É claro que não se pode culpar apenas pública.
esse momento da história como o responsável pela permanência de certo “hábitos” brasileiros, (C) O Presidente Fernando Collor de Melo cumpriu totalmente o seu mandato.
como a corrupção, a desigualdade de oportunidades e o clientelismo, mas o que estava ocorrendo (D) José Sarney foi o primeiro Presidente deste período eleito diretamente pelo voto popular.
era uma grande oportunidade de se mudar, estruturalmente, o país que acabou passando em (E) A República Nova tem como principal característica o fim dos conflitos sociais e o
branco. O êxtase vivido pela população, que buscava a democracia, pode ter facilitado a decréscimo das desigualdades sociais. Assim, sindicatos e movimentos sociais, como o
continuação de tais práticas. A democracia plena em um sonho platônico, mas um regime MST, não demonstraram nenhuma resistência aos projetos apresentados pelos
democratizado e consolidado pode ser alcançado e para isso não basta simplesmente um furor governantes do período.
popular que logo se cala.

03. Em seu discurso, ao lançar o plano econômico, o presidente descreveu a inflação como "o
inimigo público número um". O plano obteve imediato apoio da população e, da noite para o
EXERCÍCIO dia, o presidente e o ministro Funaro se tornaram heróis nacionais. O povo entrava nos
supermercados, verificava os preços e denunciava os gerentes quando notava que algum
produto havia sido remarcado irregularmente. O texto anterior refere-se ao Plano:
01. Em 1989, depois de 29 anos, a sociedade brasileira resgatou o legítimo direito de eleger o seu
presidente da República, consolidando a transição democrática. O pleito mobilizou a população. (A) Verão
Para o segundo turno ficaram Fernando Collor de Melo e Luiz Inácio Lula da Silva. Com forte e (B) Cruzado
bem planejado esquema de marketing, o ex-governador de Alagoas foi eleito. Com relação aos (C) Collor
fatos mais marcantes do governo de Fernando Collor de Melo, assinale a alternativa CORRETA. (D) Bresser
(E) Campos-Bulhões
(A) Provas de corrupção contra membros do governo, principalmente PC Farias e
impeachment, assumindo o vice-presidente José Sarney.
04. A economia brasileira, desde o final da década de 1970, apresenta índices de inflação alta,
(B) Implantação do Plano Real, graves denúncias de corrupção e apoio da maioria dos
redução do crescimento econômico e dificuldades com endividamento externo e interno que
partidos políticos no Congresso Nacional.
caracterizam os anos 80 como a chamada "década perdida". Assinale a opção que expressa
(C) Retorno da hiperinflação, insucesso do plano de estabilização econômica e impeachment.
corretamente uma característica do período.
(D) Derrota do Plano Bresser, privatização da Petrobrás e impeachment do vice-presidente
Tancredo Neves.
(A) Os planos de estabilização (Cruzado, Bresser, etc.) eliminaram momentaneamente a
(E) Isolamento político, implantação do Plano Verão e estatização da Companhia Vale do Rio
inflação, mas seus resultados foram de curta duração.
Doce.
(B) A elevação da inflação brasileira está ligada à diminuição da produção de alimentos,
decorrente do direcionamento da produção agrícola para o mercado externo.
02. Muitos historiadores costumam chamar Nova República o período compreendido entre o final (C) O crescente endividamento brasileiro no exterior não repercutiu na economia interna,
da ditadura militar no Brasil (1985) e os dias de hoje. Sobre este período, assinale a alternativa porque foi compensado pelos investimentos estrangeiros no país.
CORRETA: (D) A Constituição de 1988 agravou a crise brasileira, ao reduzir a carga de impostos e limitar
os benefícios trabalhistas e previdenciários.
(A) O Presidente Luís Inácio Lula da Silva foi o único Presidente da Nova República a se (E) A crise levou o governo a aumentar sua participação na economia, criando estatais ou
reeleger para o cargo. assumindo empresas privadas, com o objetivo de manter os níveis de crescimento.
(B) Em 1988, foi promulgada a nova Constituição do Brasil, a qual garante alguns direitos
fundamentais para os cidadãos como direito de votar, de participar de partidos políticos,

Curso Preparatório Cidade | Tópico 3.18 – A Constituição de 1988 425


05. A grave crise do sistema de saúde refletida no noticiário da imprensa está relacionada à (C) permanente utilização de instrumentos de exceção controlados pelos representantes do
implantação do SUS (Sistema Unificado de Saúde), estabelecido pela Constituição de 1988, que Congresso que passou a ser autônomo e independente.
preconiza: (D) implantação de controle popular sobre os antigos caciques políticos municipais que
ameaçavam a estabilidade do Regime.
(A) a centralização do atendimento médico pelo INAMPS (Instituto Nacional de Assistência (E) estratégia de abertura e distensão política executada de forma lenta e gradual com o
Médica da Previdência Social), subordinado ao Ministério da Saúde. objetivo de fortalecer o poder dos partidos políticos.
(B) a transferência da rede de atendimento aos Municípios e supletivamente aos Estados,
cabendo à União o repasse das verbas.
08. Elaborada ao longo de um ano e meio, a Constituição de 1988 apresentou como principais
(C) a universalização do atendimento médico pela rede pública e privada, através dos
características: 1. sistema presidencialista, com presidente eleito por voto popular direto e
Seguros de Saúde, controlados pelo governo.
eleição em dois turnos; 2. reforço dos poderes do Legislativo e transformação do Judiciário
(D) a vinculação do atendimento médico ao sistema de seguridade social gerido pelo
num poder verdadeiramente independente, apto inclusive de julgar e anular atos do Executivo;
Ministério da Previdência Social.
3. consolidação dos princípios democráticos e defesa dos direitos individuais e coletivos dos
(E) a total descentralização do sistema com a transferência aos Estados e Municípios de todas
cidadãos; 4. assistencialismo social, ampliando os direitos dos trabalhadores. Use o código:
as suas etapas, desde a arrecadação das contribuições até a prestação dos serviços.

(A) desde que apenas estejam corretas 1 e 3.


06. No mesmo dia da morte de Tancredo Neves, José Sarney assumiu a Presidência da República (B) desde que apenas estejam corretas 2 e 4.
do Brasil. O consenso sobre o processo democrático foi uma das válvulas mestras que (C) desde que apenas estejam corretas 1 e 2.
impulsionaram Sarney a enviar ao Congresso, em maio de 1985, uma série de medidas (D) desde que apenas estejam corretas 3 e 4.
democratizantes, transformadas em lei. Com essas medidas: (E) desde que todas estejam corretas.

(A) restabeleceram-se as eleições diretas para prefeito das capitais, das áreas consideradas
09. Os militares tiveram, ao longo do tempo, presença marcante na história política do Brasil.
de segurança nacional e das estâncias hidrominerais.
Entretanto, a Constituição promulgada em 05/10/1988 restringiu o papel das Forças Armadas,
(B) restabeleceram-se as eleições diretas para presidente e vice, e consequentemente
que pode ser resumido em:
manteve-se o colégio eleitoral.
(C) criou-se a Lei Falcão, que permitiu a propaganda eleitoral nos veículos de comunicação,
(A) defesa do país em caso de ataque externo e combate ao "inimigo interno".
principalmente tevê e rádio.
(B) garantia dos poderes "constituídos", da lei e da ordem.
(D) apesar da liberdade de organização de novos partidos políticos, não foi permitida a
(C) preservação da paz social, através de intervenções diretas em momentos de instabilidade.
legalização dos partidos que viviam na clandestinidade.
(D) manutenção do controle da sociedade, através de organizações como o SNI.
(E) restabeleceram-se as eleições diretas para prefeitos, mas não para a Presidência da
(E) defesa da pátria e garantia dos poderes constitucionais.
República.

10. Sobre o governo do Presidente Itamar Franco considere as seguintes afirmações:


07. No Brasil, a organização política implantada pelo Regime Militar, instalado pós/64, caracterizou-
se pela:
I. Embora os graves problemas sociais e econômicos continuassem a exigir providências, o
grande debate político dava-se em torno da definição das futuras candidaturas para
(A) ampliação dos poderes estaduais sustentada por acordos regionais entre chefes políticos
presidente da república.
conservadores e setores de vanguarda empresarial.
II. Após a realização do plebiscito que decidiu sobre o regime e a forma de governo que
(B) crescente concentração de poderes para o Executivo com os Atos Institucionais
deveriam vigorar no país, a revisão constitucional (questão de fundamental importância)
legitimando a manutenção de um Estado forte.
não foi adiante.

426 Tópico 3.18 – A Constituição de 1988 | Curso Preparatório Cidade


III. A culminância da atuação do Ministério da Fazenda deu-se com a implantação de um novo 12. "Nesses 25 anos, acompanhei com entusiasmo cada fase da vida política nacional. Depositei fé
plano econômico: o Plano Real. Tratava-se de um conjunto de medidas que deveriam no país em momentos como as Diretas Já, em 1984. Vibrei com a eleição, mesmo indireta, de
recuperar a moeda e promover a estabilidade da economia. Tancredo Neves e chorei com sua morte. No Plano Cruzado, fui fiscal do Sarney e fiquei nas
filas do leite e da carne. Meu maior momento de descrença e pessimismo foi o confisco da
Dessas afirmações: poupança, promovido pelo assaltante que se instalou no Planalto. No ano passado fui para as
ruas pedir sua saída." Sobre o período relatado no texto (1968-1993) é correto afirmar que:
(A) apenas a II e a III são corretas.
(B) apenas a I e a III são corretas. (A) a campanha das Diretas Já foi desencadeada após a morte de Tancredo Neves como
(C) apenas a I e a II são corretas. reação à posse de José Sarney.
(D) apenas a I é correta. (B) a Emenda Dante de Oliveira foi votada e rejeitada pelo Congresso em Brasília, com a
(E) todas são corretas. capital sob estado decretado de emergência.
(C) o confisco da poupança como parte do plano de estabilização da moeda pelo governo
Collor foi a causa imediata do movimento pelo seu impeachment.
11. A crítica feita através da charge refere-se um aspecto da política econômica adotada pela
(D) o voto direto para Presidente da República, retirado do cidadão brasileiro pelo Estado
administração FHC.
Novo, só lhe foi restituído pela Constituição de 1988.
(E) o período da Ditadura Militar, tal como o da Ditadura Vargas, foi resultante de um golpe
de Estado articulado pelo imperialismo norte-americano.

13. A respeito do panorama político no Brasil na década de 1990, assinale a alternativa correta.

(A) O segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso, iniciado em 1998, foi obtido em
função de sua grande aprovação popular, tendo em vista o sucesso do Plano Real que fez
diminuir os índices de desemprego e aumentar a distribuição de renda. Ao defender o
monopólio nacional do petróleo e das telecomunicações, o governo FHC conseguiu
(Fonte: IMPRENSA, n.o 20, setembro de 1997, p. 86.)
interromper o crescimento das esquerdas, derrotadas nas eleições de 2000.
Leia as afirmações a seguir sobre a administração FHC. I - A administração FHC tem privilegiado a (B) A eleição de Fernando Henrique Cardoso em 1994 representou a vitória da social
abertura e a desnacionalização da economia do País, a privatização do setor público e uma política democracia no Brasil por meio do Plano Real, concebido pelo PSDB, Partido Social
de compressão dos salários do funcionalismo público federal. II - O governo FHC nega ser um Democrático do Brasil, evitando assim uma aproximação do governo aos setores mais
governo de perfil neoliberal e justifica a política de desmantelamento do setor estatal com o conservadores da política como o PFL, Partido da Frente Liberal.
discurso da necessidade de modernizar a economia brasileira como condição para inserir-se (C) Apesar de todo o discurso do presidente Collor em defesa dos "descamisados" e da
competitivamente no processo de globalização. III - O sucesso do Plano Real e o processo de promessa de "caça aos marajás" do serviço público, a decepção e a indignação da
privatização da economia provocaram sensíveis melhorias sociais junto às massas dos excluídos do população, bem como o envolvimento do presidente em esquemas de corrupção, foram
campo, esvaziando quase por completo a luta política dos movimentos sociais organizados no meio marcas do primeiro governo eleito após o fim da ditadura.
rural. Quais estão corretas? (D) A construção de imagens carismáticas dos governantes pela mídia e pela propaganda
governamental, na década de 1990, especialmente de Collor e de Itamar Franco, baseou-
(A) Apenas I se na disseminação do culto à modernidade e à democracia. Com a revalorização do
(B) Apenas II princípio da ética na política, os esquemas de corrupção, detectados no governo Collor,
(C) Apenas I e II foram diminuindo nos governos seguintes.
(D) Apenas II e III
(E) I, II e III

Curso Preparatório Cidade | Tópico 3.18 – A Constituição de 1988 427


14. Muitos historiadores costumam chamar Nova República o período compreendido entre o final 16. Em relação à Nova República, é COERENTE afirmar que:
da ditadura militar no Brasil (1985) e os dias de hoje. Sobre este período, assinale a alternativa
CORRETA: (A) o Plano Cruzado, no governo Sarney, marcou o processo de estabilização da economia
brasileira, pondo fim à especulação financeira e à centralização da renda.
(A) O Presidente Luís Inácio Lula da Silva foi o único Presidente da Nova República a se (B) no processo eleitoral de 1989, confirmou-se a implantação da democracia no Brasil, com
reeleger para o cargo. a participação de candidatos de várias tendências políticas, em que o vencedor, no final
(B) Em 1988, foi promulgada a nova Constituição do Brasil, a qual garante alguns direitos do segundo turno, foi o candidato do PT, Lula, que assumiu a presidência pela primeira
fundamentais para os cidadãos como direito de votar, de participar de partidos políticos, vez.
de praticar uma religião, ter educação, saúde, previdência social, lazer e segurança (C) o Plano Real, lançado no primeiro ano de governo de Fernando Henrique Cardoso, deixou
pública. o povo brasileiro num período de expectativa de consumo; após as eleições de 1998, foi
(C) O Presidente Fernando Collor de Melo cumpriu totalmente o seu mandato. substituído por outro plano que causou grande frustração na população, com a perda do
(D) José Sarney foi o primeiro Presidente deste período eleito diretamente pelo voto popular. poder aquisitivo.
(E) A República Nova tem como principal característica o fim dos conflitos sociais e o (D) o Plano Collor, que ficou marcado pelo confisco das poupanças, tanto garantiu a
decréscimo das desigualdades sociais. Assim, sindicatos e movimentos sociais, como o segurança dos direitos sociais dos trabalhadores como rejeitou as imposições neoliberais
MST, não demonstraram nenhuma resistência aos projetos apresentados pelos do FMI.
governantes do período. (E) no governo Lula, um dos principais aspectos da política social foi o programa Fome Zero,
que caracterizou a preocupação do governo com as camadas mais humildes do país.

15. Leia os documentos do debate de 1993 sobre Formas e Sistemas de governo: Não à República.
Nem Ditadura, nem anarquia. O povo brasileiro quer de volta a monarquia. Não fique parado. 17. No contexto histórico que se sucedeu à morte de Tancredo Neves (21/04/85) e à posse de José
Cabe ao povo se mobilizar para pôr fim a todas as mentiras republicanas, restituindo a única Sarney, um dos desafios deste foi o da recuperação da economia, então com uma inflação
forma de governo que garantiu dignidade, prosperidade, paz, liberdade e estabilidade ao povo próxima dos 200% ao ano. É nesse contexto que foi implantado o Plano Cruzado. Uma figura
brasileiro. Isto não é uma utopia. A monarquia parlamentar garantirá ao Brasil como garantiu bastante conhecida do Plano Cruzado foi a dos "fiscais do Sarney". As alternativas a seguir
no passado e garante atualmente aos países mais ricos e livres do mundo - Japão, Inglaterra, estão ligadas a essa "figura", EXCETO:
Suécia, Nova Zelândia, Dinamarca, Noruega, Bélgica, Canadá, Holanda, Austrália, Espanha - a
verdadeira representação popular e a dignidade do Parlamento. (Panfleto do Movimento (A) Donas-de-casa observavam permanentemente as prateleiras dos supermercados,
Parlamentarista Monárquico. [adapt.]) [...] os republicanos revidam - não era bem assim. - Não munidas de tabelas de preço da Sunab, à procura de mercadorias ilegalmente
havia representação verdadeira da sociedade. O sistema do voto censitário só admitia como remarcadas.
eleitores aqueles que comprovassem determinado nível de renda. A maioria da população, de (B) Congelamento das poupanças e contas bancárias em todo o país.
resto, não tinha direito nenhum - vivia submetida ao hediondo regime da escravidão, só o qual (C) Proprietários e gerentes de estabelecimentos comerciais foram presos por violar o
repousava o Império. (Suplemento especial da Editora Abril.) Essa polêmica entre monarquistas congelamento dos preços após denúncias.
e republicanos, em 1993, foi decidida através do (de): (D) Milhares de pessoas passaram a vigiar os preços no comércio e a denunciar as
remarcações feitas.
(A) plebiscito.
(B) referendo.
18. Lei do Máximo, de 29/09/1793. Fixa limites para os preços e salários, aprovada sob pressão
(C) projeto de lei.
popular pela Convenção Nacional. Plano Cruzado "[...] Se, por um lado, lançou o Plano Cruzado
(D) emenda constitucional.
congelando preços e salários, reduzindo bruscamente a inflação que penalizava os
(E) medida provisória.
trabalhadores de baixo poder aquisitivo, por outro foi extremamente inoperante em relação às
elites quando estas iniciaram o boicote ao Plano e passaram a reter produtos provocando a
escassez no mercado, assim pressionando para a elevação dos preços através da formação de

428 Tópico 3.18 – A Constituição de 1988 | Curso Preparatório Cidade


mercado paralelo. Com isso, a corrosão dos salários se manifestava na prática, sem entrar, 20. Segundo a Constituição da República Federativa do Brasil promulgada em 5 de outubro de
contudo, nos cálculos oficiais da inflação." AQUINO, Rubim et al. "Sociedade Brasileira: uma 1988, cabe:
história através dos movimentos sociais. Da crise do escravismo ao apogeu do neoliberalismo".
Rio de Janeiro: Record, 2000. A legislação brasileira contemporânea imitou aquela estabelecida (A) – à União representar, no plano internacional, a totalidade do Estado brasileiro e, no
pela Convenção Nacional. As conjunturas históricas a que correspondem os textos, plano interno, uma posição alinhada com os Estados Federados, o Distrito Federal e com
respectivamente, são: os Municípios;
(B) – aos Estados legislar sobre questões relativas às populações indígenas porventura
(A) a da Revolução Francesa e a do governo Sarney. existentes em seu território, desapropriações, energia, informática e telecomunicações;
(B) a da Revolução Industrial e a do governo Collor de Mello. (C) – aos Municípios zelar pelas áreas nas ilhas oceânicas e costeiras que estiverem no seu
(C) a da Revolução Americana e a do governo Itamar Franco. domínio, bem como ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à União;
(D) a da Revolução Inglesa e a do governo Fernando Henrique Cardoso. (D) – às entidades estatais federativas zelar pelos bens que integram o patrimônio público da
(E) a do Império Napoleônico e a do governo João Figueiredo. União, sejam eles terrestres, aquáticos ou insulares;
(E) – às entidades estatais autônomas elaborar e executar planos nacionais e regionais de
ordenação do território, bem como responder pela manutenção do serviço postal e do
19. INSTRUÇÃO: Responder à questão a partir da leitura e análise das letras das músicas a seguir.
correio aéreo.
GERAÇÃO COCA-COLA - Letra: Renato Russo Quando nascemos fomos programados A receber
o que vocês nos empurraram Com os enlatados dos USA, de 9 a 6. Desde pequenos nós
comemos lixo Comercial e industrial Mas agora chegou nossa vez Vamos cuspir de volta o lixo EXERCÍCIO DE PROVA
em cima de vocês. Somos os filhos da revolução Somos burgueses sem religião Somos o futuro
da nação Geração Coca-Cola. Depois de vinte anos na escola Não é difícil aprender Todas as
manhas do seu jogo sujo Não é assim que tem que ser Vamos fazer nosso dever de casa E aí 01. (EsFCEx - 2006) A atual Carta constitucional tem vários fatores característicos, exceto:
então, vocês vão ver Suas crianças derrubando reis Fazer comédia no cinema com as suas leis
(...) QUE PAÍS É ESSE? - Letra: Renato Russo Nas favelas, no senado Sujeira pra todo lado (A) estabeleceu a independência entre os três Poderes. Estabeleceu eleições diretas com dois
Ninguém respeita a Constituição Mas todos acreditam no futuro da nação Que país é esse? (...) turnos para presidência, governos estaduais e prefeituras com mais de 200 mil eleitores.
As letras das músicas "Geração Coca-cola" e "Que país é esse?", da banda de rock Legião
Urbana, referem-se a um contexto particular de transformações na política, na sociedade e na (B) permaneceu omissa em relação ao racismo e a intolerância social e religiosa.
economia brasileira. A sensação de frustração frente às promessas de mudança e de maior (C) limitou a jornada de trabalho para 44 horas semanais, estipulou o seguro-desemprego,
participação popular e estudantil na política, presente nas letras dessas músicas, refere-se a um ampliou a licença-maternidade para 120 dias e concedeu licença-paternidade, fixada mais
determinado contexto político. Qual é esse contexto? tarde em cinco dias.
(D) proibiu a ingerência do Estado nos sindicatos e assegurou aos funcionários públicos o
(A) A crise institucional causada pela corrupção no governo de João Goulart. direito de se organizar em sindicatos e utilizar a greve como instrumento de negociação,
(B) A derrota do movimento "Diretas Já" e a eleição indireta para Presidente. salvo nos casos dos serviços essências.
(C) A censura e a repressão do governo do último Presidente militar, o General Médici. (E) procurou dificultar as demissões ao determinar o pagamento de uma multa de 40% sobre
(D) As privatizações e a globalização da economia brasileira do Governo de FHC. o valor total do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) nas dispensas sem justa
(E) A crise atual do governo de Luis Inácio Lula da Silva, causada pelo "mensalão". causa.

Curso Preparatório Cidade | Tópico 3.18 – A Constituição de 1988 429


GABARITOS
Tópico 1.3 – Os Povos Tópico 1.4 – A camada Tópico 1.5 – A conquista
Tópico 1.0 – A Expansão Tópico 1.1 – Capitanias Tópico 1.2 – As Indígenas e a Ação senhorial e os escravos dos sertões – entradas e
Marítima Hereditárias e Governos atividades econômicas e Jesuítica. bandeiras
Gerais a expansão colonial –
açúcar mineração, gado EXERCÍCIOS
EXERCÍCIOS e comércio. 01-e EXERCÍCIOS
01-e EXERCÍCIOS 02-c 01-c
02-b EXERCÍCIOS 01-e 03-b 02-c
03-e 01-c EXERCÍCIOS 02-a 04-a 03-d
04-e 02-c 01-d 03-d 05-d 04-a
05-c 03-a 02-b 04-c 06-c 05-e
06-a 04-a 03-c 05-a 07-b 06-b
07-a 05-c 04-e 06-e 08-e 07-e
06-c 05-b 07-c 09-c 08-d
08-e 07-b 06-e 08-d 10-e 09-d
09-d 08-b 07-c 09-a 11-d 10-c
10-d 09-e 08-a 10-b 12-b 11-b
11-d 10-b 09-c 11-b 13-a 12-a
12-a 11-d 10-c 12-e 14-e 13-c
13-b 12-b 11-e 13-c 15-d 14-a
14-a 13-e 12-a 14-c 16-d 15-c
15-d 14-c 13-d 15-a 17-a 16-e
16-b 15-c 14-a 16-e 18-b 17-c
17-c 16-c 15-d 17-b 19-e 18-b
18-e 17-c 16-a 18-c 20-e 19-c
19-d 18-c 17-e 19-a 20-b
20-b 19-c 18-c 20-c
20-e 19-b EXERCÍCIOS DE PROVA
20-d 01-b EXERCÍCIOS DE PROVA
EXERCÍCIOS DE PROVA EXERCÍCIOS DE PROVA 02-d 01-a
01-a EXERCÍCIOS DE PROVA 01-b 03-a 02-c
02-e 01-a EXERCÍCIOS DE PROVA 02-c 03-e
03-a 02-c 01-e 03-b 04-d
04-b 03-e 02-b 04-c 05-c
05-c 04-b 03-b 06-d
05-a 07-d
06-c
07-e
08-e
09-b

430 GABARITOS | Curso Preparatório Cidade


Tópico Especial - Tópico Especial - A Tópico 1.6 – O Tópico 1.7 – Os conflitos Tópico 1.8 – A
Invasões Holandesas expansão territorial monopólio comercial coloniais e os transferência da Corte
português movimentos rebeldes portuguesa para o Brasil
dos finais do século e seus efeitos
EXERCÍCIOS EXERCÍCIOS XVIII e início do XIX.
01-b 01-a
02-b 02-b EXERCÍCIOS
03-a 03-d 01-c EXERCÍCIOS EXERCÍCIOS
04-a 04-e 02-d 01-c 01-d
05-c 05-b 03-e 02-a 02-c
06-c 06-b 04-e 03-b 03-c
07-c 07-b 05-d 04-d 04-d
08-c 08-a 06-a 05-a 05-a
09-d 09-b 07-d 06-a 06-c
10-a 10-e 08-d 07-c 07-a
11-b 11-a 09-b 08-e 08-e
12-b 12-e 10-e 09-b 09-c
13-c 13-a 11-b 10-a 10-a
14-e 14-c 12-a 11-b 11-c
15-e 15-e 13-c 12-d 12-c
16-a 16-c 14-e 13-a 13-c
17-e 17-b 15-b 14-a 14-b
18-b 18-d 16-a 15-b 15-d
19-e 19-d 17-a 16-d 16-b
20-a 20-d 18-e 17-e 17-c
19-a 18-e 18-c
20-a 19-b 19-b
EXERCÍCIOS DE PROVA EXERCÍCIOS DE PROVA 20-d 20-c
01-a 01-b
02-d 02-e EXERCÍCIOS DE PROVA
03-c 03-b 01-d EXERCÍCIOS DE PROVA EXERCÍCIOS DE PROVA
04-e 04-b 02-d 01-e 01-c
05-a 02-e 02-c
06-b 03-c 03-d
04-a 04-a
05-d 05-d
06-b 06-a
07-c
08-e

Curso Preparatório Cidade | GABARITOS 431


Tópico 1.9 – A política Tópico 2.1 – As lutas Tópico 2.2 – A Tópico 2.3 – A Tópico 2.4 – A Guarda Tópico 2.5 – O Ato
expansionista de Dom pela independência independência do Brasil Constituição de 1824 Nacional Adicional de 1834
João e o Primeiro Reinado

EXERCÍCIOS EXERCÍCIOS EXERCÍCIOS


EXERCÍCIOS EXERCÍCIOS EXERCÍCIOS 01-a 01-e 01-e
01-b 01-c 01-d 02-d 02-b 02-d
02-a 02-b 02-c 03-c 03-b 03-c
03-e 03-b 03-b 04-b 04-e 04-b
04-b 04-c 04-b 05-d 05-d 05-d
05-e 05-d 05-d 06-e 06-b 06-e
06-a 06-a 06-e 07-c 07-c 07-d
07-a 07-d 07-a 08-c 08-d 08-d
08-a 08-d 08-c 09-d 09-b 09-a
09-b 09-e 09-c 10-c 10-c 10-d
10-d 10-a 10-a 11-b 11-a 11-c
11-e 11-e 11-c 12-d 12-b 12-b
12-d 12-c 12-d 13-e 13-c 13-b
13-a 13-a 13-c 14-b 14-d 14-e
14-d 14-d 14-c 15-a 15-c 15-b
15-e 15-a 15-e 16-c 16-e 16-a
16-c 16-c 16-a 17-b 17-e 17-e
17-c 17-b 17-b 18-c 18-a 18-a
18-c 18-a 18-a 19-c 19-a 19-d
19-b 19-c 19-a 20-d 20-c 20-d
20-a 20-b 20-d

EXERCÍCIOS DE PROVA EXERCÍCIOS DE PROVA


EXERCÍCIOS DE PROVA EXERCÍCIOS DE PROVA 01-b 01-d
01-d 01-e 02-d 02-a
02-b 02-b 03-e 03-a
03-a 03-b 04-c 04-a
04-b 05-a 05-a
05-c 06-d
06-e

432 GABARITOS | Curso Preparatório Cidade


Tópico 2.6 – As revoltas Tópico 2.7 – A Tópico 2.8 - Tópico 2.9 – economia e Tópico 2.10 - A Tópico 2.11 – Transição
regenciais consolidação da ordem Centralização x cultura na sociedade escravidão, movimento para o trabalho livre
interna: o fim das descentralização imperial abolicionista e a
EXERCÍCIOS rebeliões, os partidos, a abolição EXERCÍCIOS
legislação, o EXERCÍCIOS EXERCÍCIOS
01. D fortalecimento do EXERCÍCIOS 01. E
02. E Estado, a economia 01. D 01. D 02. C
03. E cafeeira, a tributação. 02. A 02. E 01. D 03. D
04. C 03. B 03. A 02. B 04. E
05. D EXERCÍCIOS 04. D 04. D 03. C 05. A
06. A 05. B 05. B 04. C 06. B
07. C 01. A 06. C 06. A 05. B 07. A
08. B 02. A 07. C 07. E 06. D 08. D
09. E 03. B 08. C 08. C 07. D 09. C
10. D 04. C 09. A 09. A 08. D 10. C
11. E 05. B 10. D 10. B 09. E 11. B
12. B 06. A 11. A 11. C 10. B 12. B
13. E 07. B 12. A 12. C 11. A 13. E
14. B 08. C 13. E 13. B 12. A 14. A
15. A 09. A 14. B 14. C 13. E 15. A
16. A 10. B 15. D 15. D 14. D 16. E
17. C 11. E 16. A 16. B 15. D 17. B
18. A 12. A 17. B 17. E 16. A 18. D
19. E 13. B 18. E 18. D 17. A 19. B
20. E 14. A 19. D 19. D 18. B 20. E
15. C 20. D 20. D 19. A
EXERCÍCIOS DE PROVA 16. C 20. E EXERCÍCIOS DE PROVA
17. B EXERCÍCIOS DE PROVA EXERCÍCIOS DE PROVA
01. E 18. C EXERCÍCIOS DE PROVA 01. C
02. C 19. D 01. D 01. C
03. B 20. E 02. D 01. E
04. D 03. B 02. B
05. E EXERCÍCIOS DE PROVA 04. A 03. A
06. D 05. B 04. D
01. B 06. D
02. D 07. C
03. C
04. E

Curso Preparatório Cidade | GABARITOS 433


Tópico 2.12 – Política Tópico 2.13 – O Tópico 3.1 – A Tópico 3.2 – A política Tópico 3.3 – O Tópico 3.4 – Os
externa – as questões movimento republicano constituição de 1891, os dos governadores coronelismo e o sistema movimentos sociais no
platinas e a Guerra do militares e a eleitoral campo e nas cidades
Paraguai EXERCÍCIOS consolidação da EXERCÍCIOS
República EXERCÍCIOS EXERCÍCIOS
EXERCÍCIOS 01. D 01. E
02. A EXERCÍCIOS 02. A 01. E 01. D
01. A 03. E 03. E 02. A 02. C
02. A 04. C 01. C 04. C 03. E 03. D
03. C 05. A 02. C 05. B 04. C 04. A
04. E 06. C 03. E 06. C 05. A 05. A
05. C 07. B 04. D 07. C 06. A 06. A
06. A 08. C 05. E 08. D 07. A 07. B
07. A 09. A 06. E 09. D 08. B 08. A
08. A 10. C 07. B 10. E 09. D 09. C
09. B 11. A 08. E 11. B 10. B 10. C
10. A 12. E 09. B 12. D 11. D 11. E
11. D 13. E 10. A 13. A 12. D 12. B
12. C 14. E 11. B 14. A 13. A 13. E
13. B 15. C 12. A 15. A 14. A 14. B
14. A 16. B 13. B 16. B 15. A 15. D
15. C 17. E 14. E 17. C 16. C 16. E
16. C 18. A 15. A 18. D 17. A 17. D
17. D 19. D 16. E 19. E 18. C 18. E
18. E 20. C 17. C 20. E 19. E 19. E
19. B 18. D 20. E 20. A
20. C EXERCÍCIOS DE PROVA 19. E EXERCÍCIOS DE PROVA
20. B EXERCÍCIOS DE PROVA EXERCÍCIOS DE PROVA
EXERCÍCIOS DE PROVA 01. A 01. E
02. D EXERCÍCIOS DE PROVA 02. E 01. B 01. C
01. E 03. B 03. D 02. E 02. E
02. E 04. D 01. E 04. A 03. B
03. A 05. C 02. A 05. A 04. A
04. D 06. E 03. A 06. B
05. B 07. B 04. C
06. D 08. A 05. E
07. B 09. B 06. E
08. E 10. C 07. D
09. E 08. C
09. E

434 GABARITOS | Curso Preparatório Cidade


Tópico 3.5 – Tenentismo Tópico 3.6 – A Semana Tópico 3.7 – A Aliança Tópico 3.8 – O Governo Tópico 3.9 – O governo Tópico 3.10 – O Estado Novo (1937-
de Arte Moderna Liberal e a Revolução de Provisório (1930-1934) Constitucional 1945) – populismo e intervenção do
EXERCÍCIOS 1930 Estado na economia
EXERCÍCIOS EXERCÍCIOS EXERCÍCIOS
01. B EXERCÍCIOS EXERCÍCIOS
02. A 01-E 01. E 01. C
03. C 02-A 01. C 02. D 02. B 01. A
04. B 03-E 02. C 03. C 03. C 02. E
05. A 04-C 03. C 04. C 04. A 03. B
06. C 05-E 04. A 05. C 05. D 04. A
07. A 06-C 05. C 06. C 06. D 05. E
08. D 07-B 06. D 07. A 07. D 06. C
09. A 08-A 07. B 08. C 08. D 07. A
10. E 09-C 08. E 09. C 09. E 08. A
11. B 10-B 09. B 10. C 10. C 09. D
12. A 11-D 10. C 11. D 11. A 10. E
13. C 12-A 11. A 12. A 12. C 11. C
14. D 13-D 12. A 13. E 13. B 12. E
15. E 14-A 13. B 14. C 14. A 13. E
16. A 15-A 14. D 15. C 15. B 14. D
17. C 16-E 15. A 16. D 16. B 15. B
18. B 17-D 16. A 17. B 17. D 16. D
19. E 18-C 17. B 18. C 18. C 17. C
20. A 19-A 18. C 19. B 19. B 18. B
20-A 19. D 20. A 20. E 19. A
EXERCÍCIOS DE PROVA 20. D 20. A
EXERCÍCIOS DE PROVA EXERCÍCIOS DE PROVA EXERCÍCIOS DE PROVA
01. B EXERCÍCIOS DE PROVA EXERCÍCIOS DE PROVA
01. E 01. C 01. B 01. D
02. A 01. D 02. A 02. B 02. D
03. E 02. D 03. C 03. A 03. C
03. D 04. B 04. D
04. D 05. A
05. A 06. B
07. A
08. A
09. C
10. D
11. D
12. C

Curso Preparatório Cidade | GABARITOS 435


Tópico 3.11 – A crise do Tópico 3.12 – O governo Tópico 3.13 – A crise Tópico 3.14 – As Tópico 3.15 – O milagre Tópico 3.16 – A
governo Vargas JK e o institucional nos reformas de base e a econômico redemocratização
desenvolvimentismo Governos de Quadros e intervenção militar
Goulart EXERCÍCIOS EXERCÍCIOS
EXERCÍCIOS EXERCÍCIOS EXERCÍCIOS
EXERCÍCIOS 01. C 01. A
01. D 01. E 01. E 02. B 02. D
02. D 02. D 01. A 02. A 03. C 03. D
03. A 03. B 02. B 03. D 04. B 04. D
04. A 04. C 03. E 04. A 05. A 05. C
05. E 05. C 04. D 05. D 06. E 06. C
06. D 06. D 05. E 06. A 07. D 07. D
07. E 07. D 06. D 07. D 08. B 08. C
08. C 08. B 07. B 08. C 09. A 09. A
09. B 09. B 08. D 09. D 10. E 10. A
10. D 10. B 09. A 10. B 11. E 11. A
11. C 11. A 10. D 11. E 12. B 12. B
12. D 12. E 11. B 12. E 13. E 13. A
13. B 13. A 12. A 13. B 14. D 14. B
14. A 14. A 13. A 14. C 15. B 15. C
15. D 15. D 14. E 15. D 16. E 16. A
16. D 16. B 15. A 16. A 17. A 17. A
17. D 17. A 16. A 17. A 18. C 18. C
18. A 18. D 17. E 18. D 19. D 19. A
19. C 19. E 18. B 19. A 20. B 20. D
20. B 20. A 19. A 20. B
20. A EXERCÍCIOS DE PROVA EXERCÍCIOS DE PROVA
EXERCÍCIOS DE PROVA EXERCÍCIOS DE PROVA EXERCÍCIOS DE PROVA
EXERCÍCIOS DE PROVA 01. D 01. E
01. D 01. C 01. E
02. E 02. A 01. E 02. D
03. A 03. E 02. E 03. C
04. C 04. C
05. E
06. E

436 GABARITOS | Curso Preparatório Cidade


Tópico 3.17 – A Tópico 3.18 – A
campanha pelas eleições Constituição de 1988
diretas
EXERCÍCIOS
EXERCÍCIOS
01. C
01. A 02. B
02. A 03. B
03. D 04. A
04. A 05. B
05. B 06. A
06. B 07. B
07. B 08. E
08. A 09. E
09. E 10. E
10. D 11. C
11. B 12. B
12. B 13. C
13. B 14. B
14. A 15. A
15. E 16. E
16. D 17. B
17. B 18. A
18. A 19. B
19. B 20. A
20. C
EXERCÍCIOS DE PROVA
EXERCÍCIOS DE PROVA
01. B
01. E
02. C

Curso Preparatório Cidade | GABARITOS 437

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