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Volume I

COSMOGÊNESE
Por H. P. Blavatsky
Ed. Pensamento

PROÊMIO

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Proêmio
Páginas de Uns Anais Pré-Históricos
 ANTE os OLHOS da escritora está um manuscrito arcaico,
uma coleção de folhas de palma que se tornaram
impermeáveis à água e imunes à ação do fogo e do ar, por
algum processo específico desconhecido. Vê-se na primeira
página um disco de brancura sem mácula, destacando-se
sobre fundo de um negro intenso.

O Cosmos na Eternidade, antes do


despertar da Energia ainda em
repouso.

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Páginas de Uns Anais Pré-Históricos
 Na página seguinte aparece o mesmo disco, mas com um
ponto no centro. O primeiro representa o Cosmos na
Eternidade, antes do despertar da Energia ainda em
repouso, a emanação do Verbo em sistemas posteriores. O
ponto no círculo, até então imaculado, Espaço e Eternidade
em Pralaya, indica a aurora da diferenciação.

Germe interno de onde se


desenvolverá o Universo, o Todo, o
Cosmos infinito e periódico

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Páginas de Uns Anais Pré-Históricos
 É o ponto dentro do Ovo do Mundo, o germe interno de
onde se desenvolverá o Universo, o Todo, o Cosmos infinito
e periódico; germe que é latente e ativo, revezando-se
periodicamente os dois estados. O único círculo é a
Unidade Divina, de onde tudo procede e para onde tudo
retorna: sua circunferência, símbolo forçosamente
limitado, porque limitada é a mente humana, indica a
PRESENÇA abstrata e sempre incognoscível, e seu plano, a
Alma Universal, embora os dois sejam um.

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Páginas de Uns Anais Pré-Históricos
 Sendo branca a superfície do disco e negro todo o fundo
que o rodeia, isso mostra que esse plano é o único
conhecimento, não obstante ainda obscuro e nebuloso, que
ao homem é dado alcançar. No plano têm origem as
manifestações manvantáricas, porque é naquela ALMA que,
durante o Pralaya, dorme o Pensamento Divino, no qual jaz
oculto o plano de todas as cosmogonias e teogonias
futuras.

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Páginas de Uns Anais Pré-Históricos
 É a VIDA UNA, eterna, invisível - mas onipresente; sem
princípio nem fim - mas periódica em suas manifestações
regulares (em cujos intervalos reina o profundo mistério
do Não-Ser); inconsciente - mas Consciência absoluta;
incompreensível - mas a única realidade existente por si
mesma; em suma, "um Caos para os sentidos, um Cosmos
para a razão".

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 Seu atributo único e absoluto, que é Ele mesmo, o
Movimento eterno e incessante, é chamado,
esotericamente, o Grande Alento, que é o movimento
perpétuo do Universo, no sentido de Espaço sem limites e
sempre presente;

 O que é imóvel não pode ser Divino. Mas, de fato e na


realidade, nada existe absolutamente imóvel na Alma
Universal.

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 Desde o aparecimento dos arquitetos do globo em que
vivemos, a Divindade não revelada foi reconhecida e
considerada sob o seu único aspecto filosófico — o
Movimento Universal, a vibração do Alento criador na
Natureza;
 O movimento intracósmico é eterno e incessante; o
movimento cósmico, o que é visível ou objeto da
percepção, é finito e periódico. Como eterna abstração, é o
Sempre Presente; como manifestação, é finito, na direção
do futuro e na direção do passado, sendo estes dois o Alfa e
o Ômega das reconstruções sucessivas.

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Páginas de Uns Anais Pré-Históricos
 O Cosmos — o Númeno — não tem nada que ver com as
relações causais do mundo fenomenal. Só em relação à
Alma intracósmica, ao Cosmos ideal no imutável
Pensamento Divino é que podemos dizer: "Jamais teve
começo, nem jamais terá fim." Quanto ao seu corpo ou
organismo cósmico, ainda que se não possa dizer que haja
tido uma primeira construção ou deva ter uma última, em
cada novo Manvantara pode esse organismo ser havido
como o primeiro e o último de sua espécie, pois evoluciona
cada vez para um plano mais elevado...

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"A Doutrina Esotérica” ensina, tal como o budismo e o
bramanismo, e também a Cabala, que a Essência Una, infinita
e desconhecida existe em toda a eternidade, e que é ora ativa,
ora passiva, em sucessões alternadas, regulares e harmônicas.
Na linguagem poética de Manu, chamam-se esses estados
Dias e Noites de Brahmâ. Este último se encontra 'desperto'
ou 'adormecido'. Os Svâbhâvikas, ou filósofos da mais antiga
escola do budismo (e que ainda existe no Nepal), limitam suas
especulações ao estado ativo da 'Essência', a que dão o nome
de Svâbhâvat, e pensam que é insensato construir teorias
acerca do poder abstrato e 'incognoscível' em sua condição
passiva.

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 Daí o serem chamados ateus pelos teólogos cristãos e pelos
sábios modernos, incapazes uns e outros de compreender
a lógica profunda daquela filosofia. Os teólogos não
querem admitir outro Deus senão o que personifica as
potências secundárias que deram forma ao universo visível
— aquele que passou a ser o Deus antropomórfico dos
cristãos, o Jehovah masculino, branindo no meio dos
trovões e dos raios.

 Por sua vez, a ciência racionalista considera os budistas e


os svâbhâvikas como os "positivistas" das idades arcaicas.

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 Se olharmos a filosofia destes últimos em apenas um de
seus aspectos, poderão os nossos materialistas ter razão à
sua maneira. Sustentam os budistas que não há Criador,
mas uma infinidade de potências criadoras, que formam
em seu conjunto a substância una e eterna, cuja essência é
inescrutável e, por conseguinte, insuscetível de qualquer
especulação por parte de um verdadeiro filósofo. Sócrates
recusava-se invariavelmente a discutir sobre o mistério
universal, e nem por isso ocorreu a ninguém acusá-lo de
ateísmo, exceto aqueles que desejavam sua morte.

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 Ao iniciar-se um período de atividade — diz a Doutrina
Secreta — dá-se uma expansão daquela Essência Divina, de
fora para dentro e de dentro para fora, em virtude da lei
eterna e imutável, e o universo fenomenal ou visível é o
resultado último da longa cadeia de forças cósmicas, postas
assim em movimento progressivo. Do mesmo modo,
quando sobrevém a condição passiva, efetua-se a contração
da Essência Divina, e a obra anterior da criação se desfaz
gradual e progressivamente, o universo visível se
desintegra, os seus materiais se dispersam, e somente as
"trevas" solitárias se estendem, uma vez mais, sobre a face
do "abismo".

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 Para usar uma metáfora dos
livros secretos, que tornará
ainda mais clara a idéia, uma
expiração da "essência
desconhecida" produz o
mundo, e uma inspiração o faz
desaparecer. É um processo
que se observa por toda a
eternidade, e o nosso atual
universo não representa
senão um dos termos da série
infinita — que não teve
princípio nem terá fim.
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 O trecho acima será explicado na presente obra. E se bem
que nada contenha de novo para o orientalista, tal como se
acha escrito, sua interpretação esotérica pode encerrar
muita coisa que até o momento permaneceu
completamente ignorada dos eruditos ocidentais..

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 A primeira figura é um disco simples:

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 A segunda é um disco com um
ponto no centro, um símbolo
arcaico que representa a
primeira diferenciação nas
manifestações periódicas da
Natureza eterna, sem sexo e
infinita, "Aditi em AQUILO" , ou
o Espaço potencial no Espaço
abstrato.

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 Na terceira fase, o ponto se
transforma em um diâmetro, é
o símbolo da Mãe-Natureza,
divina e imaculada, no
Infinito absoluto, que abrange
todas as coisas.

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 Quando o diâmetro horizontal
se cruza com um vertical, o
símbolo se converte na cruz do
mundo. A humanidade
alcançou sua Terceira Raça-
Raiz: é o signo do começo da
vida humana.

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 Quando a circunferência
desaparece, ficando apenas a
cruz, este signo representa a
queda do homem na matéria,
começando então a Quarta
Raça. A Cruz inscrita no círculo
simboliza o Panteísmo puro;
suprimido o círculo, passa a ser
um símbolo fálico.

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 Por meio do terceiro símbolo – o círculo dividido em dois
pelo diâmetro horizontal – se dava a entender a primeira
Manifestação da Natureza criadora ainda passiva (porque
feminina). Daí ser a Natureza Feminina e as divindades
femininas mais sagradas que as masculinas;
 A Natureza é feminina e o Princípio Espiritual que a
fecunda permanece oculto (Mistério da Conceição
Imaculada);
 Com a linha vertical acrescentada ao diâmetro horizontal,
forma-se o Tau – T . Este foi o símbolo da Terceira Raça até
sua queda simbólica, ou seja, a separação dos sexos por
evolução natural.

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 Então a figura passou a ou a vida assexuada modificada
e dividida que transformou-se depois no emblema egípcio
da vida , e depois no símbolo de Vênus.

 A seguir vem a Suástica (o martelo de Thor ou a Cruz


Hermética atual), separada completamente do círculo, e ,
portanto fálica.

 O símbolo esotérico da Kali Yuga é a estrela de cinco


pontas invertida

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 Espera-se que a leitura do presente livro contribua para
modificar as idéias errôneas que o público tem em geral a
respeito do Panteísmo;
 Sendo Parabrahman (dos hindus) o representante das
divindades ocultas e inominadas de outras nações e o
Princípio absoluto, é o protótipo de todas as demais
divindades;
 Parabrahman não é Deus como não é um Deus. Como
Realidade sem par, é o cosmos que tudo contém – no
sentido espiritual mais elevado;
 Como Aquilo, ele não pode ser sujeito de cognição.

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 “No princípio, o universo fenomenal (jagat) era Ele mesmo,
um somente” (Sankârachârya);
 Dizer que Isto não pode criar, não significa negar a
existência de um Criador (ou melhor, agregado coletivo de
criadores). Significa reconhecer que um ato finito como o
da formação não pode ser atribuído a um Princípio
Infinito;
 Parabrahman. sendo o Todo Supremo. não pode ter
atributos. O Absoluto exclui naturalmente toda a idéia de
finito ou condicionado;
 O Vedantinos afirmam que só a emanação de Parabrahman,
Ishvara em união com Mâyâ e Avidyâ, possui atributos.
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 Para os sentidos e percepções dos seres finitos, AQUILO é o
Não-Ser, no sentido de que é a Seidade Una;

 Neste Todo jaz latente sua coeterna e coeva emanação ou


irradiação inerente, a qual, ao se converter periodicamente
em Brahmâ (a Potência masculino-feminino) se expande
no universo manifesto;

 “Narayana, movendo-se sobre as águas (abstratas) do


Espaço”, transforma-se nas Águas de substância concreta,
impulsionadas por ele, que vem a ser o Verbo ou Logos
manifestado;
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 Sustentam os Ocultistas que a Unidade absoluta não
pode converter-se na infinidade, porque o infinito
pressupõe a extensão ilimitada de “algo” e a duração deste
algo; e o Todo não é nem sujeito nem objeto de percepção;

 Se se admitisse que o Todo eterno e infinito, a Unidade


onipresente, em vez de ser na Eternidade, se transformasse
– por manifestações periódicas, em um universo múltiplo
ou em uma Personalidade múltipla, tal Unidade deixaria de
ser una;

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 Brahman (neutro), o não manifestado é o Universo in
abscondito e Brahmâ, o manifestado, é o Logos macho-
fêmea ;

 O Deus do Apóstolo cristão assim como o do Rishi é ao


mesmo tempo o Espaço Invisível e Visível, o “vazio sem
limites” e a plenitude condicionada ao mesmo tempo; o
“Mãe-Pai Eterno de Sete Vestes” do simbolismo esotérico,
constituído de sete capas, desde sua superfície não-
diferenciada até a diferenciada;

 Recusamos acreditar no Deus do dogma humano como


uma revelação direta do Espaço Uno e não revelado.
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 O ocultista aceita a revelação como procedente de Seres
Divinos, mas finitos; das Vidas manifestadas mas não da
Vida Una não-manifestada;
 São essas Vidas os Homens Primordiais, Bhyani-Bhuddhas
ou Dhyân-Chohans, os Rishi-Prajapatis dos hindus, os
Elohim dos Judeus;
 Adi-Shakti - emanação direta de Mulaprakriti, a Eterna Raiz
de Aquilo – é o aspecto feminino da Causa Criadora,
Brahmâ, em sua forma âkhâshica de Alma Universal –
como Mâyâ, filosoficamente, e causa da Mâyâ humana.
 Parabrahman aparece ao Logos como Mulaprakriti.
Parabrahman é uma realidade incondicionada e absoluta e
Mulaprakriti uma espécie de véu lançado sobre ele.
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 Religiões mais antigas do mundo: a indostânica, a
masdeísta e a egípcia. Segue a dos Caldeus, produto das
anteriores, hoje perdida para o mundo, restando desta o
desfigurado Sabeísmo.

(Sabeísmo era a religião dos antigos sabeus, do Reino de Sabá,


no atual Iêmen. Pouco se sabe hoje sobre sua organização, e
embora admitisse uma multiplicidade de deuses menores,
parecia estar centralizada em torno de uma divindade solar
suprema denominada Almaqah (ou Ilmuqah), conforme
indicado pelo Alcorão.) (Fonte: Wikipedia)

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 Em seguida vem a religião judaica que, esotericamente,
acompanha a linha do magismo babilônico.

 Devemos esclarecer que a Ciência Oculta reconhece a


existência de sete Elementos cósmicos, quatro
inteiramente físicos, e o quinto semimaterial (o Éter). Este
último chegará a ser visível no ar até o final da nossa
Quarta Ronda. Os dois restantes ainda estão absolutamente
fora do alcance da percepção humana. Aparecerão, todavia,
como pressentimentos, durante as Raças Sexta e Sétima da
Ronda atual, e se tornarão de todo conhecidos na Sexta e
Sétima Rondas, respectivamente.

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 O Quinto Elemento não é o Éter imaginado por Sir Isaac
Newton;
 As Estâncias apresentadas neste livro tratam
unicamente da cosmogonia de nosso sistema
planetário e do que é visível em torno dele, após um
Pralaya solar;
 Os ensinamentos secretos referentes à evolução do Cosmos
Universal não podem ser expostos, pois seriam
incompreensíveis no momento;
 Antes de apresentarmos as Estâncias do Livro de Dzyan, é
necessário que se apresente alguns conceitos
fundamentais que interpenetram todo o sistema de
pensamento para o qual vamos dirigir a atenção.
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 A Doutrina Secreta estabelece três proposições
fundamentais:

 I. Um PRINCÍPIO Onipresente, Sem Limites e Imutável,


sobre o qual toda especulação é impossível, porque
transcende o poder da concepção humana e porque
toda expressão ou comparação da mente humana não
poderia senão diminuí-lo. Está além do horizonte e do
alcance do pensamento, ou, segundo as palavras do
Mândûkya, é "inconcebível e inefável.

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 Assim, há uma Realidade Absoluta anterior a tudo o
que é manifestado ou condicionado. É a Raiz sem Raiz de
tudo quanto foi, é e será. É desprovida de qualquer atributo
e permanece essencialmente sem nenhuma relação com o
Ser manifesto e finito;

 É a “Asseidade”, mais propriamente que o Ser, Sat em


sânscrito, e está fora do alcance de todo pensamento ou
especulação;

 Esta Asseidade é simbolizada na Doutrina Secreta sob dois


aspectos:
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 De um lado o ESPAÇO ABSTRATO (subjetividade pura,
aquilo que nenhuma mente humana pode excluir de
qualquer conceito);
 De outro lado o MOVIMENTO ABSTRATO ABSOLUTO, que
representa a Consciência Incondicionada. Este aspecto é
simbolizado pelo “Grande Sopro”;
 Assim, o primeiro axioma fundamental da DS é aquele
UM ABSOLUTO metafísico – a ASSEIDADE;
 Parabrahman, a Realidade Una, o Absoluto, é o campo da
Consciência Absoluta, daquela Essência que está fora de
toda relação com a essência condicionada e cuja existência
consciente é um símbolo condicionado.
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 Logo que saímos, em pensamento, desta Negação Absoluta
(para nós), surge o dualismo no contraste entre o Espírito
(Consciência) e a Matéria, entre o sujeito e o objeto;

 Espírito (ou Consciência) e Matéria devem ser


considerados como dois aspectos do Absoluto
(Parabrahman) que constituem a base do ser
condicionado;

 O Grande Sopro tem o caráter de Ideação pré-cósmica. A


Substância-Raiz pré-cósmica (Mûlaprakriti) é o aspecto do
Absoluto que serve de substratum a todos os planos
objetivos da natureza.
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 O contraste desses dois aspectos do Absoluto (Ideação Pré-
Cósmica e Substância-Raiz Pré-Cósmica) é essencial para a
existência do universo manifesto;

 É necessário uma base física (upâdhi-veículo) para


concentrar um Raio da Mente Universal a certo grau de
complexidade;

 O Universo Manifesto acha-se, portanto, formado pela


dualidade que é a essência de sua existência como
manifestação, sendo os dois polos opostos de Sujeito e
Objeto, de Espírito e Matéria não mais que aspectos da
Unidade Una, que é a sua síntese;
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 No Universo manifesto existe algo que une Espírito e
Matéria. Esse algo se chama FOHAT;
 Fohat é a “ponte” pela qual as idéias existentes no
Pensamento Divino passam a imprimir-se sobre a
Substância Cósmica, como Leis da Natureza;
 FOHAT É A ENERGIA DINÂMICA DA IDEAÇÃO CÓSMICA.
É o Pensamento Divino transmitido e manifestado por
intermédio dos Dhyân Chohans, os Arquitetos do mundo
visível;
 Do Espírito ou Ideação Cósmica provém a nossa
Consciência; da Substância Cósmica os diversos
veículos em que esta Consciência se individualiza e
chega ao Eu,
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 à consciência de si mesma ou reflexiva, enquanto Fohat é o
elo misterioso que une o Espírito à Matéria, o princípio
animador que eletriza cada átomo para dar-lhes vida.
 O resumo a seguir facilita a noção do leitor:
O Absoluto, Parabrahman dos Vedantinos ou a
Realidade Una, Sat, Ser e Não-Ser.
O Primeiro Logos: o impessoal, não-
manifestado, precursor do manifestado, a Causa
Primeira.
O Segundo Logos: Espírito e Matéria, O Espírito
do Universo, Purusha e Prakriti.
O Terceiro Logos: a Ideação Cósmica. Mahat ou
Inteligência. A Alma Universal do Mundo. O
Númeno Cósmico da Matéria.
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 II. A Eternidade do Universo in toto, como plano sem
limites; periodicamente cenário de Universos
inumeráveis, manifestando-se e desaparecendo
constantemente, chamados “as Estrelas que se
manifestam” e “as Centelhas da Eternidade". "A
Eternidade do Peregrino” é como um abrir e fechar de
olhos da Existência-por-si-Mesma, segundo o Livro de
Dzyan. “O aparecimento e o desaparecimento de
Mundos são como o fluxo e o refluxo periódico das
marés”.

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 Este segundo asserto é a universalidade absoluta da lei de
periodicidade, de fluxo e refluxo, de crescimento e
decadência, como Vida e Morte, Dia e Noite, Sono e Vigília
etc.

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 III. A identidade fundamental de todas as Almas com a
Alma Suprema Universal, sendo esta última um
aspecto da Raiz Desconhecida; e a peregrinação
obrigatória para todas as Almas através do Ciclo de
Encarnação, ou de Necessidades, durante todo este
período.
 Assim, nenhum Buddhi puramente espiritual (Alma
Divina) pode ter uma existência consciente independente,
antes que a centelha emanada da Essência Pura do Sexto
Princípio Universal – ou seja, da ALMA SUPREMA – haja
passado por todas as formas elementais pertencentes ao
mundo fenomenal do Manvantara, e adquirido a
individualidade. Primeiro por impulso natural e depois
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 à custa dos próprios esforços, conscientemente dirigidos e
regulados pelo Carma, escalando assim todos os graus de
inteligência, desde o Manas inferior até o Manas superior;
desde o mineral e a planta ao Arcanjo mais sublime
(Dhyani-Buddha);

 A Doutrina axial da Filosofia Esotérica não admite a


outorga de privilégios nem de dons especiais ao
homem, salvo aqueles que forem conquistados pelo
próprio Ego com o seu esforço e mérito pessoal, ao
longo de uma série de metempsicoses e reencarnações;

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 Por isso dizem os hindus que o Universo é Brahman e
Brahmâ; porque Brahman está em todo átomo do Universo,
sendo os seis princípios da natureza a expressão ou os
aspectos vários e diferenciados do Sétimo e Uno, a
Realidade única do Universo, seja cósmico ou
microcósmico; e ainda porque as permutações psíquicas,
espirituais e físicas do Sexto (Brahmâ, o veículo de
Brahman), no plano da manifestação e da forma, são
consideradas, por antífrase metafísica, ilusórias e
mayávicas. Embora a raiz de todos os átomos,
individualmente, e de todas as formas, coletivamente, seja
o Sétimo Princípio, ou a Realidade Una, em sua aparência
manifestada, fenomenal e temporária tudo isso não é senão
uma ilusão efêmera dos nossos sentidos.
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 Em seu modo de ser absoluto, o Princípio Uno, sob seus
dois aspectos, Parabrahman e Mûlaprakriti, não tem sexo, é
incondicionado e eterno. Sua emanação manvantárica,
periódica, ou irradiação primária, é também una,
andrógina e finita em seu aspecto fenomenal. Quando, por
sua vez, a emanação irradia, todos os seus raios são
igualmente andróginos, convertendo-se nos princípios
masculino e feminino em seus aspectos inferiores.

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 Depois de um Pralaya, quer seja o Grande Pralaya ou o
Pralaya Menor — deixando este último os mundos em statu
quo — o primeiro a despertar para a vida ativa é o plástico
Âkâsha, o Pai-Mãe, o Espírito e a Alma do Éter, ou seja, o
Plano do Círculo. O Espaço é chamado a Mãe, antes de sua
atividade cósmica, e Pai-Mãe no primeiro estágio do seu
despertar. Na Cabala ele é também Pai-Mãe-Filho. Mas,
enquanto na doutrina oriental constituem estes o Sétimo
Princípio do Universo Manifestado, ou Âtmâ- Buddhi-Manas
(Espírito-Alma-Inteligência), ramificando-se e dividindo-se a
Tríade em sete Princípios Cósmicos e em sete Princípios
Humanos, na Cabala ocidental dos místicos cristãos
correspondem à Tríade ou Trindade, e, entre os seus
ocultistas, ao Jehovah macho-fêmea, Jah-Havah. Nisso
consiste toda a diferença entre as Trindades esotérica e cristã.
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 Tais são os conceitos fundamentais em que assenta a
Doutrina Secreta. Não é esta a ocasião própria para fazer-
lhes a defesa ou dar provas de sua razão de ser, nem
podemos tampouco deter-nos em demonstrar que em
verdade se acham eles no fundo de todos os sistemas de
filosofia digno deste nome, embora, por vezes, sob
enganosas aparências;

 Quando o leitor os houver compreendido claramente, e


percebido a luz que espargem sobre todos os problemas da
vida, mais nenhuma identificação se tornará necessária;
pois a verdade lhe saltará aos olhos, tão evidente como a
luz do Sol.
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Proêmio
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 Passo, agora, ao assunto de que tratam as Estâncias
apresentadas neste volume;

 A história da Evolução Cósmica, tal como figura nas


Estâncias, é, em certo sentido, a fórmula algébrica abstrata
da mesma evolução. Não deve se esperar que nelas se
encontre a explicação de todas as fases e transformações
verificadas desde os primeiros passos da Evolução
Universal até o nosso estado atual. Dar semelhante
explicação seria tão impossível ao escritor quanto
incompreensível àqueles que se não acham ainda em
condições de penetrar, sequer, a natureza do plano de
existência ao em que tem, por enquanto, confinada a sua
consciência.
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Páginas de Uns Anais Pré-Históricos
 As Estâncias oferecem uma fórmula abstrata que se aplica
mutatis mutandis a toda evolução: à de nossa diminuta
Terra; à da Cadeia Planetária a que pertence a Terra; à do
Universo Solar no qual se integra esta Cadeia; e assim
sucessivamente, em escala ascendente, até onde a nossa
mente se vê compelida a deter-se, exausta em sua
capacidade;

 As sete Estâncias expostas neste volume representam os


sete termos dessa fórmula abstrata. Referem e descrevem
os sete grandes estádios do processo evolutivo, que os
Purânas mencionam como as "sete criações" e a Bíblia
como os "dias da Criação”.
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Proêmio
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 A Estância l descreve o estado do TODO UNO durante o
Pralaya, antes do primeiro movimento da Manifestação em
seu despertar;

 Tal estado não pode ser expresso senão simbolicamente,


pois é impossível defini-lo. E até mesmo o símbolo tem que
ser negativo; porque, em se tratando do estado do Absoluto
per se, não pode comportar nenhum dos atributos que nos
servem para descrever os objetos em termos positivos. Daí
a razão por que tal estado só pode ser sugerido por meio
da negação de todos aqueles atributos mais abstratos, que
os homens mais pressentem do que propriamente
percebem, como o limite máximo a que pode chegar o seu
poder de concepção.
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Proêmio
Páginas de Uns Anais Pré-Históricos
 A Estância II refere-se a um estado que para a inteligência
ocidental é quase tão idêntico ao descrito na primeira
Estância que a explanação das diferenças exigiria, por si só,
um tratado. Convém portanto, deixar à intuição e às
faculdades superiores do leitor o assimilar, até onde seja
possível, o significado das frases alegóricas que ali se
encontram. Em verdade, deve-se ter presente que estas
Estâncias falam mais às faculdades íntimas que à
inteligência ordinária do homem físico.

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Proêmio
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 A Estância III descreve o despertar do Universo para a
vida após o Pralaya. Mostra o emergir das Mônadas do seu
estado de absorção no UNO; é o primeiro e o mais alto
estádio na formação dos Mundos — podendo aplicar-se o
termo Mônada tanto aos vastos Sistemas Solares como ao
átomo mais íntimo;

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 A Estância IV expõe a diferenciação do "Germe" do
Universo na Hierarquia Setenária de Poderes Divinos
conscientes, que são as manifestações ativas da Suprema
Energia Una. São eles os construtores e modeladores, numa
palavra, os criadores de todo o Universo manifestado, no
único sentido em que se faz inteligível o nome de "Criador";
dão forma ao Universo e o dirigem; são os Seres
inteligentes que ajustam e controlam a evolução,
encarnando em si mesmos aquelas manifestações da Lei
Una que conhecemos como "Leis da Natureza“;

 Genericamente são chamados Dhyân Chohans. Na


mitologia hindu essa fase da evolução é conhecida como a
"Criação dos Deuses".
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Proêmio
Páginas de Uns Anais Pré-Históricos
 A Estância V apresenta o processo da formação do mundo.
Em primeiro lugar, Matéria Cósmica difusa; depois, o
"Torvelinho de Fogo", primeiro estádio da formação de
uma nebulosa. A nebulosa se condensa e, depois de passar
por várias transformações, forma um Universo Solar, uma
Cadeia Planetária ou um simples Planeta, conforme o caso.

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Proêmio
Páginas de Uns Anais Pré-Históricos
 A Estância VI indica as fases subseqüentes da formação de
um "Mundo", descrevendo a evolução deste Mundo até o
seu quarto grande período, que corresponde àquele em
que vivemos presentemente;

 A Estância VII dá prosseguimento à história, e traça a


descida da vida até o aparecimento do homem; e assim
termina o livro primeiro de A DOUTRINA SECRETA.

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Proêmio
Páginas de Uns Anais Pré-Históricos
 As Estâncias, que formam a tese de todas as seções, estão
reproduzidas mediante sua tradução em linguagem
moderna;

 Somente parte das sete Estâncias são aqui mencionadas; a


publicação completa não as tornaria compreensíveis para
ninguém, à exceção de alguns Ocultistas mais graduados. A
própria autora, ou melhor, a humilde redatora destas
linhas, não entende mais que os profanos aqueles trechos
suprimidos.

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Proêmio
Páginas de Uns Anais Pré-Históricos
 Considerou-se útil dispor textos e comentários uns após
outros, empregando, onde quer que se fizesse necessário,
nomes sânscritos e tibetanos de preferência aos originais
— o que só trará benefício à compreensão, tanto mais que
esses nomes são todos aceitos como sinônimos, e os
últimos são usados apenas entre os Mestres e seus Cheias
(discípulos);

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Proêmio
Páginas de Uns Anais Pré-Históricos
 O leitor não teósofo pode, se bem lhe parece, ver em tudo o
que se segue não mais que um conto de fadas; ou, quando
muito, uma especulação de sonhadores, destituída de
provas; ou, ainda, uma nova hipótese, entre tantas outras,
científicas, passadas, presentes e futuras, algumas já
condenadas outras em posição de simples expectativa. Esta
hipótese, em todo caso, não é menos científica do que
muitas das teorias a que se empresta semelhante caráter;
mas é, certamente, mais filosófica e mais provável.

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