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CENTRO UNIVERSITÁRIO CLARETIANO

Curso: Licenciatura em Filosofia

Disciplina: Filosofia no Brasil

Tutor: Ronaldo Antonio Pereira da Silva RA: 1081321

Aluno: Moacir Alves Tobias Turma: DGLF1103SPOJ

Unidade: 4º Ciclo - Unidades 3 e 4

(Dissertação) Liberdade, semelhanças e diferenças entre os pensadores


Atividade:
Vieira e Magalhães.

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Resumo

Esta atividade tem por objetivo apresentar a ideia de liberdade


tomando por base os fundamentos filosóficos desenvolvidos pelos pensadores Padre
Antonio Vieira (1608-1697) e Gonçalves de Magalhães (1811-1882), desenvolvendo
através das seguintes etapas:

• Identificar e analisar as influências europeias;


• Discutir as contribuições para a Filosofia brasileira.
 Ressaltar as semelhanças e diferenças entre estes dois
pensadores.

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Sumário

1. Introdução

2. Desenvolvimento

2.1. Padre Antonio Vieira e a liberdade

2.2. Liberdade para Gonçalves de Magalhães

3. Considerações finais

4. Referências bibliográficas

1. Introdução

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Esta dissertação, para atender seu objetivo, apresenta estrutura simples e
direta: parte da apresentação de cada pensador e o desenvolvimento do entendimento
em separado; e no item posterior, destaco semelhanças e divergências de ideias.

Para melhor embasamento do texto, de ambos pensadores, descrevo o


cenário histórico e influências as quais foram submetidos.

2. Desenvolvimento

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2.1. Padre Antonio Vieira e a liberdade

Padre Vieira nos é apresentado como intelectual, teólogo, interpretador


do texto bíblico, professor de retórica, escritor, orador, moralista e, de certo modo,
sociólogo, devido à sua preocupação com o futuro da sociedade. Em seus sermões,
desempenhava o papel de filósofo cristão, na procura da Verdade.
Vieira, religioso da Companhia de Jesus, foi personagem influente em
termos de política e oratória, destacando-se como missionário no Brasil, defendendo os
indígenas e judeus, promoveu a evangelização e criticou a Inquisição.
Vamos conhecer um pouco da Companhia de Jesus: congregação
religiosa, fundada em 1534, conhecida por seu trabalho missionário e
educacional. Possui residências, colégios e missões. Fundamentada no contexto
da Reforma Católica( Contrarreforma), teve destaque devido à sua estrutura que
permite certa flexibilidade de ação e o empenho e vidro apostólico de padres
jesuítas. Além da Europa, atuaram no Oriente (Ceilão, Molucas, China, Japão e
Tibete) e na África (Congo, Marrocos e Etiópia). Na América do Sul,
chegaram ao Brasil em 1549, liderados por Manuel da Nóbrega. Através de
colégios, missões e conventos, catequizando e defendendo os indígenas, até
serem expulsos pelo Marquês de Pombal em 1760.
Para desenvolver a ideia de liberdade destaco um ponto exclusivo: o
conceito de "escravidão" defendido por Vieira.
Este conceito tem por base a visão cristã daquela sociedade. Mas, o que
pretendo avaliar é a divergência de tratamento dispensado por Vieira para a "escravidão
indígena" e a "escravidão dos negros africanos". Pretendo evitar o assunto polêmico
sobre os interesses da Companhia de Jesus e o que disso influenciou o discurso
conformista de alguns sermões dirigidos aos escravos negros.

Para avaliar este aspecto sobre a ideia de Vieira sobre a liberdade,


analisarei alguns sermões proferidos para os trabalhadores negros de engenhos da
Bahia.

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Pretendo evitar o tema complexo sobre a relação entre escravidão e a
catequese praticada. Terei foco nos conceitos cristãos de que a "escravidão" pode ser
justificada como "decisão divina" e contra a qual os escravos não poderiam se opor.
Mas, outro conceito básico, de características evangélicas, determina a igualdade natural
entre todos os homens. Vieira desenvolveu o conceito de liberdade para os indígenas,
mas, também, sabe-se que ele aceitava a escravização para índios que eram prisioneiros
de guerra, os que praticavam antropofagia ou que tornavam-se, por livre vontade,
escravos da Fazenda Real. Condenava as demais formas de escravização, invasão de
aldeias protegidas pelos jesuítas, aos quais chamava de "ilícitos".
Em 1661, expulso por colono do Maranhão e Grão-Pará, pregou em
Portugal sua posição quanto à escravidão na Colônia do Brasil:
"Não é minha tenção que não haja escravos, antes procurei nesta corte,
como é notório e se pode ver da minha proposta, que se fizesse, como se fez,
uma junta dos maiores letrados sobre este ponto, e se declarassem, como se
declararam por lei – que lá está registrada – as causas do cativeiro lícito. Mas,
porque queremos só os lícitos, e defendemos os ilícitos, por isso nos não querem
naquela terra, e nos lançam dela ".
A postura de Vieira e da Companhia de Jesus com relação à escravidão,
está de acordo com a tradição cultural cristã e teólogos clássicos do cristianismo, pois a
“escravidão do corpo” não é obstáculo para a salvação da alma.
Tanto em Santo Agostinho, como em São Tomás de Aquino, encontramos
justificativas para a escravidão para os que resistem à fé cristã e aqueles que “nasceram”
para serem escravos. Vieira pregava aos negros que, eles, por suas características
naturais, tinham a escravidão como a única forma de transformá-los em verdadeiros
cristãos e candidatos à vida-eterna.
O Padre Antonio Vieira atuou no seguinte cenário: o modelo colonial
português, adotado no Brasil (entre os séculos XVI e XIX), que tinha por base o
trabalho do escravo negro, os arbitrários “senhores de engenho” e os demais obedientes
“vassalos”.

Portanto, nosso padre pregava de acordo com os interesses econômicos que,


também, eram apoiados pela Companhia de Jesus, uma das maiores proprietárias de
escravos do Brasil. O escravo negro no Brasil Colonial era tratado de forma desumana,
reconhecido por Vieira no Sermão do Rosário:
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" ...Não se pudera nem melhor nem mais altamente descrever que
coisa é ser escravo em um engenho do Brasil. Não há trabalho
nem gênero de vida no mundo mais parecido à Cruz e Paixão de
Cristo que o vosso em um destes engenhos. 'O fortunati
nimium sua si bona norint'! Bem-aventurados vós, se soubéreis
conhecer a fortuna do vosso estado, e, com a conformidade e
imitação de tão alta e divina semelhança, aproveitar e santificar
o trabalho".

Vieira apresenta-nos esta visão contraditória, mas coerente com a Igreja:


pregava a liberdade dos índios e justificava a escravidão dos negros e, naquele Brasil
Colonial, contribuiu na estruturação da hegemonia do pensamento católico.

2.2. Liberdade para Gonçalves de Magalhães.

Para Magalhães, a liberdade é a base moral da ordem social, sendo,


assim, evidente e, portanto, indiscutível. Admite que a liberdade, assim como a

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inteligência, é concessão de Deus e que garantem a nossa semelhança. O que limita a
nossa potencialidade é o corpo, evitando que abusássemos desta liberdade. Percebemos,
aqui, a convivência pacífica entre o cristianismo e o liberalismo.
Somos merecedores desta liberdade devido ao nosso comportamento
moral. Diante desta ideia, Magalhães admite que Deus interfere parcialmente nos atos
humanos.
Em sua obra "Comentário e Pensamentos" ele reafirma o livre-arbítrio,
apesar daqueles que criticam e o definem como "liberdade como consciência de uma
possibilidade diversa", pois só há liberdade no "mundo dos possíveis". Magalhães
rebate com a seguinte afirmação: "É certo que a consciência não é profética; que não
temos consciência antecipada da escolha que faremos, e do modo por que nos
resolveremos; como também antes de pensar e de sentir, não temos consciência do que
pensaremos e sentiremos. Mas quando escolhemos, preferimos, e nos resolvemos, temos
consciência desses atos. E se os escolhemos mal, sentimos e temos consciência de ter
podido fazer melhor escolha. É quanto basta para que os consideremos agentes livres, e
afirmemos o nosso livre-arbítrio”.
Pressupunha que a liberdade é observada nos fatos concretos e
condicionada pelas necessidades; construída pelo ato humano e consequência da nossa
civilização. Aqui a liberdade tem função social. Mesmo a existência da escravidão não
impediria o pleno desenvolvimento da liberdade.
Magalhães considera a filosofia como indispensável à sociedade,
principalmente porque ela disponibiliza todos os elementos necessários à civilização
(moral, filosofia, motivação e artes).
Chega a propor, quando presidiu a comissão para a Instrução Pública
(1847), o ensino da religião oficial em todas as escolas.

3. Considerações Finais

Considero como semelhanças o caráter e o respeito religioso, isto é, ao


catolicismo, quando ambos concordam com a ideia de que a Liberdade é uma "dádiva

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divina", uma concessão de Deus e, por isso, reforma o conceito cristão de nossa
semelhança.
Outra semelhança é a aceitação do trabalha escravo para a constituição de
uma sociedade. E de certo que por motivos diferentes: Vieira compara a escravidão a
uma "oportunidade" para a salvação, enquanto Magalhães vislumbra as imposições
econômicas de uma nação.
São dois séculos que separam estes pensadores, mas ficam evidentes as
influências europeias em suas ideias, principalmente do aristotelismo português.

4. Referências Bibliográficas

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ANTISERI, Dario e REALE, Giovanni. História da Filosofia. Tradução de Ivo
Stomiolo. SP: Paulus, 2003.

CERQUEIRA, L. A.Filosofia brasileira: ontogênese da consciência de si.


Petrópolis: Vozes, 2002.

LITERATURA BRASILEIRA, Textos literários em meio eletrônico, Sermão da


Epifania (1662), de Padre Antônio Vieira.
http://www.literaturabrasileira.ufsc.br/arquivos/texto/0043-01843.html
[03/08/2012 20:49:41]

MAGALHÃES, Domingos José Gonçalves de. Philosophia da religião. Obras de


Domingos José Gonçalves de Magalhães. Rio de Janeiro: Garnier, 1965.

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