Professional Documents
Culture Documents
Biotecnologia é uma área multi- e interdisciplinar que pode ser definida como a aplicação industrial das
ciências Biológicas e da Engenharia e sua aplicação a organismos, células e moléculas biológicas
(componentes biológicos) para obtenção de produtos e serviços de valor acrescentado.
Crescimento
Preparação do Operação
das Células
meio de usando células Recuperação Armazenamento
Imobilização Produto Purificação
Crescimento e ou enzimas (Concentração) do Produto
(Celular ou
Esterilização imobilizadas
Enzimática)
A biotecnologia assenta na crescente compreensão dos mecanismos que mantêm os organismos vivos e
que lhes permite o fenómeno da reprodução. A área da Biotecnologia Moderna é relativamente recente,
tendo aparecido nos últimos 20-25 anos, contudo a Biotecnologia Tradicional remota aos primórdios da
Humanidade.
BIOTECNOLOGIA TRADICIONAL
O Homem tem aproveitado e adaptado organismos vivos nas Biotecnologias tradicionais, que incluem a
preparação de bebidas fermentadas, silagem, lacticínios e também a agricultura. Em relação à Indústria
Farmacêutica, destaca-se a produção de antibióticos, nomeadamente de Penicilina na 2ªGuerra Mundial,
com uma produção em larga escala. Caracterizada por biofármacos de baixo peso molecular.
BIOTECNOLOGIA MODERNA
Está sempre associada à produção de fármacos, sendo a maior parte resultante de Tecnologias de DNA.
Na Biotecnologia Moderna, fala-se obrigatoriamente na Biotecnologia das Proteínas em que há recurso a
técnicas de DNA Recombinante, que visam a manipulação desse mesmo DNA (Indução de um
determinado microrganismo para produzir em excesso determinada proteína, ou produzi-la de forma
modificada). Atualmente são manipuladas pequenas regiões do genoma de um organismo,
posteriormente introduzidas no interior de outro organismo, sem qualquer relação filogenética: é
ultrapassada a barreira natural das espécies Transgénicos
O primeiro biofármaco de alto peso molecular foi produzido em 1982, utilizando Tecnologia de DNA
Recombinante, tratando-se da Insulina.
Com a evolução da ciência foi possível a sequenciação genómica,
possibilitando assim a identificação de novos alvos terapêuticos e obtenção
de novos fármacos.
Os microrganismos usados na produção de antibióticos foram desenvolvidos
através da mutação e seleção de estripes anteriormente, menos produtivas
e eficazes.
No entanto, o desenvolvimento da produção de proteínas recombinantes requer uma investigação
dispendiosa que eleva os custos dos biofármacos (os custos de produção não são necessariamente
elevados).
A Biotecnologia Farmacêutica tem assim, como objetivo geral, a promoção da aquisição e aplicação de
conhecimentos sobre a produção de medicamentos por via biotecnológica. Desta forma, evidencia o
importante papel destes medicamentos, das fontes de obtenção, da produção propriamente dita e a
dispensa pelo farmacêutico.
o Ciclos Longos
Um medicamento demora em média 10anos para chegar
ao mercado, patentes levam tempo a ser concedidas.
o Investimentos avultados
Para colocar um medicamento no mercado são gastos
cerca de 800milhões de Euros
o Retorno apreciável
Risco/retorno, 2/3 dos medicamentos no mercado não
geram receitas para pagar o I&D efetuado
o Muito Sustentado pela Industria Farmacêutica
10% das vendas de medicamentos já são de produtos com
origem biotecnológica
BIOFÁRMACOS
Todo o fármaco obtido por via biotecnológica que inclua a engenharia genética, em parte ou na totalidade
da sua obtenção. Fármacos cujo desenvolvimento envolve sempre a manipulação genética (RNA e DNA),
efetuada por tecnologia de DNA recombinante (as proteínas recombinantes são biofármacos). A insulina
foi o 1ºbiofármaco produzido a nível mundial.
o Menos tóxicos e com melhores índices de
o Mais puros, menos efeitos laterais metabolização (atuam de modo semelhante às
o Mais eficazes, atuando em baixas doses moléculas fisiológicas)
o Mais específicos, atuando numa só célula ou órgão o Mais baratos, com maior rendimento, menor mão-
de-obra, apesar de investigação muito mais cara
As proteínas para fins terapêuticos são normalmente produzidas em pequenas quantidades, estando
sujeitas a processos de separação e purificação rigorosos, que asseguram elevados graus de pureza.
FERMENTAÇÃO
Contudo, em Biotecnologia tem um sentido mais lato, sendo definido como o processo levado a cabo
por células vivas, ocorrendo sempre que temos crescimento, não apenas em anaerobiose. No final
obtemos produtos de fermentação como álcoois, ácidos, AB, enzimas…
BIOTRANSFORMAÇÃO
BIORREATORES
o Reatores para biotransformação
Onde ocorrem reações executadas por enzimas, purificadas ou não. Ocorrem reações
enzimáticas com células que não estão em crescimento. Só executam determinada reação
enzimática.
o Reatores enzimáticos
Biorreactores onde há a produção de enzimas
o Fermentadores
Recipientes usados no crescimento de células
EM CONTÍNUO
No ínicio coloca-se uma determinada quantidade de meio, contendo alguns nutrientes e substratos. Contudo, durante o processo
vai havendo entrada de nutrientes com a saída em simultâneo de meio contendo produtos, células e nutrientes não convertidos.
Tem grandes vantagens, mas não é muito usado pois a entrada contínua de meio é muito suscetível a sofrer contaminações.
EM DESCONTÍNUO (“BATCH”)
Quando se inicia o processo nestes biorreactores, são colocados logo de início todos os nutrientes e substratos necessários ao
processo. Não há entrada nem saída de meio no biorreactor. É comum a nível farmacêutico industrial.
Um biorreactor em descontínuo pode também funcionar em contínuo.
EM SEMI-DESCONTÍNUO (“FED-BATCH”)
Situação intermédia entre o biorreactor contínuo e descontínuo. Neste caso não há sempre entrada e saída de meio. No início
colocam-se os nutrientes e apenas ao fim de alguns intervalos de tempo são adicionados nutrientes.
É o mais usado na indústria farmacêutica.
MODO DESCONTÍNUO MODO SEMI-CONTÍNUO MODO CONTÍNUO
1) Elevada conversão de 1) Produtividades Volumétricas elevadas
1) Produtividade volumétrica superior
nutrientes e produtos (a fase de latência de crescimento é
2) Elevada conversão de nutrientes e
minimizada)
produtos
2) Facilidade de execução e 2) A taxa específica de crescimento é
3) Possibilidade de operar abaixo das []
controlo mantida constante ao longo do tempo
inibitórias
Vantagens 3) A adição constante de substrato
4) O metabolismo pode ser manipulado
3) Aprovado pela FDA para a permite trabalhar abaixo da []
por controlo da concentração de
produção de proteínas inibitória
nutrientes
recombinantes 4) O metabolismo pode ser manipulado
5) Elevada concentração final de
por controlo da [] de nutrientes
produto.
4) Volume Constante
1) Inibição pelo produto 1) Utilização incompleta de nutrientes
1) [S] inicial tem que ser inferior 2) Taxa de diluição máxima tem que ser
2) Maior duração da cultura pode
às concentrações inibitórias inferior a μmax, p evitar “wash-out”
conduzir a uma maior degradação do
Desvantagens 3) Não são utilizados sistemas que
produto
2) Impossibilidade de necessitam de indução
3) Não aprovado para produção de
manutenção da [S] 4) Risco de contaminação
proteínas recombinantes
MONOGRAFIA: PRODUTOS DE TECNOLOGIA DE DNA RECOMBINANTE
Hospedeiro, através da expressão de um gene inserido por via de um plasmídeo ou vetor: Vetor e
tradução proteica
Master cell bank (MCB): pool homogénea de células originais transformadas = sistema vetor-célula
hospedeiro
Working cell bank (WCB): suspensão homogénea de células derivadas do MCB numa mesma passagem,
dividida em alíquotas para produção em sistemas de cultura contínua ou em passagem fixa.
Extração e Purificação: capacidade de remoção de contaminantes provenientes das células (DNA, HCP,
proteínas) ou do meio de cultura (agentes adventícios).
Validação: capacidade de exclusão de agentes adventícios, de remoção do vetor, das células, meio de
cultura, contaminantes de processo, rendimento de produção definido, estabilidade.
Substância ativa: identidade, pureza, potência e estabilidade, análise química, física, imunoquímica e
biológica
Sistema de expressão:
Célula parental humana/animal = tecido, órgão, etnia/espécie-estirpe, zona geográfica, idade, sexo,
saúde, patogénicos
Células microbianas= espécies, estirpe, genótipo, fenótipo, patogenicidade, toxicidade, células
parentais: isolamento, manipulação, seleção, dentificação/características, taxa de duplicação
Contaminantes virais :
o Materiais de origem biológica / tecidos ou linhagens celulares animais / materiais de origem
humana.
o Avaliação de cargas virais nas etapas de fabrico
o Avaliação de cargas virais do granel não processado
o Análise da inativação ou remoção viral pelo processo de fabrico
o Estudos em scale-down devidamente qualificados como representativos.
Produto final
Enquadrados no critério dos testes respetivos:
o Caracterização físico-química: heterogeneidade qualitativa /quantitativa
o Consistência de fabrico - libertação de lote
o Caracterização da actividade biológica in vivo ou in vitro: potência, libertação de lote
o Caracterização imunoquímica: identidade, homogeneidade, pureza, massa, libertação de lote
o Pureza: heterogeneidade / substâncias aparentadas, actividade específica
o Impurezas de processo: substrato celular (proteína, DNA do hospedeiro) / cultura celular
(antibióticos, soro, vírus) / processo (reagentes, ligandos)
o Impurezas de produto: degradação / agregação
Caracterização biológica
Potência: mede a actividade biológica através de bioensaio quantitativo relacionado com um atributo
do produto relevante para o seu desempenho
Caracterização biológica
Imunoreatividade e reação cruzada
PROCESSO DE FABRICO DE FÁRMACOS POR BIOTECNOLOGIA
I. Seleção do biocatalizador
Os biocatalizadores permitem executar uma reação ou passos reacionais difíceis de executar por
métodos químicos. A biocatálise surge como uma alternativa à via química tradicional.
14. Caso sejam processos que utilizem enzimas extracelulares nunca se pode recorrer a processos de
fermentação contendo os microrganismos inteiros
15. O biocatalisador tem que ser uma célula inteira viável pela necessidade de uma atividade particular
A biocatálise é uma alternativa relativamente aos processos químicos, isto porque os processos biológicos
apresentam inúmeras vantagens relativamente aos processos químicos, nomeadamente:
1. Natureza da reação
2. Necessidade de cofatores
3. Escala a que a biotransformação
4. Para enzimas excretadas pelos microrganismos (amílases, protéases e lipases) não é possível a utilização de
microrganismos inteiros
5. O biocatalisador tem que ser uma célula inteira viável pela necessidade de uma atividade partículas (enzima
ligada à membrana, sistema de regeneração do cofator, utilização de um sistema multienzimático)
Enzimas
As enzimas podem atuar como biocatalizadores. Podem ser enzimas intracelulares ou extracelulares,
podendo ainda ser usadas na forma solúvel ou insolúvel.
Enzimas na Forma Solúvel: não são reutilizáveis, pois o processo de remoção da mesma do meio onde se
solubilizou é extremamente caro.
Enzimas na forma insolúvel: a enzima não se solubiliza no meio reacional, ficando em suspensão.
Isto permite a sua reutilização.
Objetivo da imobilização de uma célula ou enzima é convertê-la numa forma sólida tal que possa ser
recuperada ou retirada no reator. Um dos objetivos da imobilização de células inteiras é a substituição da
imobilização de enzimas intracelulares.
Vantagens:
o Grande especificidade reacional o Regio e enantioselectivos
o Elevadas velocidades catalíticas em condições o Altamente eficientes (elevadas produtividades)
relativamente suaves o Necessidades energéticas e custos de capital baixo
(temperatura ambiente, pressão atmosférica, o A sua especificidade minimiza a formação de
soluções neutras) produtos laterais não desejados
Células
Células metabolizadoras: também designadas células viáveis ou em crescimento. Possuem todos os seus
sistemas viáveis a crescer. É o caso da produção de metabolitos 1ários e 2ários,
que ocorrem no fermentador.
Células não metabolizadoras: também designadas células não viáveis ou células em não crescimento.
Possuem apenas um ou outro sistema enzimático ativo, sendo que esse sistema
enzimático terá que ser intracelular. Este processo é complexo.
Vantagens:
Por vezes não é possível utilizar microrganismos e temos de recorrer a células eucariotas, apesar das
desvantagens que estas apresentam.
As células animais são eucariotas e portanto mais complexas, têm forma muito variada (30μm), não
apresentam parede celular rígida, o que constitui uma desvantagem, visto que as torna mais sensíveis às
condições do meio, no entanto sofrem modificações pós-traducionais como glicosilação.
Células de mamífero, células de inseto (são mais resistentes, de manipulação mais fácil e de crescimento
rápido).
O desenvolvimento de células animais, em geral, depende da superfície de adesão, mas algumas crescem
em suspensão.
Exemplo de células animais que crescem em suspensão:
• Células sanguíneas, Células de hibridomas (fusão de linfócitos B produtores de anticorpos com
células tumorais)
Como a maior parte das células e das superfícies de adesão estão carregadas negativamente, são
necessárias glicoproteínas (por exemplo fibronectina, gelatina) e/ou catiões divalentes (Ca 2+, Mg2+) que
promovam adesão célula suporte.
A qualidade, a funcionalidade, a
velocidade de produção e rendimento
da proteína são os fatores mais
importantes a considerar quando se
escolhe a sistema de expressão
heteróloga para produção de proteínas
recombinantes.
o Metabolitos primários
São metabolitos necessários ao crescimento exponencial das células. São produzidos
durante a fase de crescimento, ou fase exponencial. Estes incluem biomassa celular,
álcool, aminoácidos, ácidos orgânicos, polissacáridos, vitaminas e também enzimas.
o Metabolitos secundários
Não são necessários ao crescimento das células. São apenas libertados para o meio depois
do microrganismos ter atingido a fase estacionária do crescimento. Exemplos destes
metabolitos incluem AB, alcaloides e aminoácidos.
As variáveis de processo mais frequentemente monitorizadas em linha:
• Concentração Celular
• Temperatura
• pH
• Oxigénio dissolvido
• Concentração de componentes na fase gasosa
Um conhecimento detalhado da fisiologia, metabolismo, viabilidade e morfologia das células permite uma
melhor otimização de todo o processo.
Variáveis fundamentais do processo como concentração de biomassa, de substrato e de produto são
determinadas através de análises a amostras do meio de fermentação.
Biomassa
A concentração de biomassa é um parâmetro chave numa cultura celular (microbiana, animal ou vegetal).
A definição da concentração de biomassa pode significar o número ou massa de células viáveis ou a
totalidade da massa celular ou de massa seca.
A concentração de biomassa numa cultura celular pode ser avaliada, através de amostras do caldo por
um processo off-line. No entanto o custo e duração das análises limita a frequência das medições, sendo
os resultados desfasados no tempo em relação à amostragem.
Por outro lado, à própria amostragem está sempre associado um risco de contaminação da cultura.
Para quantificar o crescimento celular, podemos fazer medições in situ ou em linha que devem
obedecer a requisitos gerais:
Fiabilidade
Com especial destaque para a estabilidade a longo termo e manutenção da esterilidade
Calibração
A resposta deve ser linear com a variação da concentração de biomassa, isto é desde baixo
valores após inoculação até valores muito elevados no final da fermentação, e devem permitir
a calibração em linha
Sensibilidade e interferências
Não devem existir interferências de sólidos não biológicos, de células não viáveis, e da luz do
meio e devem ser pouco sensíveis a alterações nas condições operacionais (agitação,
arejamento, concentração de oxigénio dissolvido, pH e temperatura) e na composição do meio
de crescimento
Desenho
Com especial ênfase para a possibilidade de esterilização e limpeza no local de ação do sensor e
posicionamento numa zona do birreator de mistura total.
As medições in situ são efetuadas por sensores, mais sofisticados, para análise da luz, transmitida in situ,
diretamente no fermentador:
Sensibilidade
Técnicas Analíticas:
HPLC, UV, IF, GC, RMN, eletroforese
Métodos da Farmacopeia:
Cromatografia
A cromatografia aplica-se à análise de aminoácidos, determinação do M, estrutura quaternária,
mapa peptídico e pureza. Esta cromatografia pode ser de vários tipos:
Troca iónica, exclusão molecular, adsorção, fase reversa, bioafinidade
Eletroforese
Determinação da massa molecular
Estrutura quaternária
Espectrometria de massa
Determinação massa molecular
Pureza
Mapa peptídico
Informação sequência/estrutura primária
Estrutura quaternária
Deste modo, diversos que analisam variáveis mensuráveis em tempo real, em particular sensores para
determinação in situ e em linha da concentração de biomassa e análise dos componentes celulares, apesar
do seu desenvolvimento e aplicação estar no início o seu potencial é claro.
O meio adicionado permite crescimento dos microrganismos que os utilizam em reações bioquímicas
intracelulares. Estas reações permitem a formação de biomassa (células, proteínas, DNA, RNA, lípidos,
açúcares), macromoléculas extracelulares e ainda metabolitos primários e secundários.
• Meios Complexos
A fórmula química dos nutrientes não é conhecida. Muitas vezes, estes meios apresentam um aspeto sujo,
pois os nutrientes não se encontram totalmente solubilizados. Como vantagem permitem um aumento
rápido de biomassa.
• Meios Semi-Definidos
Meios com alguns nutrientes de fórmula química é conhecida, enquanto a de outros é desconhecida.
Normalmente contêm um hidrolisado proteico em vez de aminoácidos puros. Sofrem adição de glicerol a
40% e são armazenados a -70ºC.
Para conservação de culturas ou para reativação de microrganismos.
À formação de biomassa
À produção de metabolitos
Ao fornecimento de energia
Meios definidos: os cálculos são diretos, as quantidades de carbono, azoto e fósforo calculam-se
diretamente a partir da fórmula química dos nutrientes e da biomassa.
DESCRIÇÃO QUÍMICA DO CRESCIMENTO MICROBIANO
Permite escrever a fórmula química da fração orgânica da biomassa. Quando se pretende formular o
meio, é necessário ter esta fórmula em consideração. É então possível fazer a descrição química do
crescimento bacteriano (M).
A cultura em modo descontínuo permite uma elevada conversão de nutrientes em produto, assim como
facilidade na execução e no controlo, no entanto, a concentração inicial de substrato tem de ser inferior
aos níveis inibitórios originando uma impossibilidade de manipulação da concentração de substratos.
Fase de Latência
Fase de adaptação ao meio pelo microrganismo
Corresponde à adaptação do microrganismo às novas condições do meio, reorganizando os seus
constituintes para o novo ambiente.
A fase de latência deve ser curta, pois consomem-se nutrientes sem haver crescimento. Para minimizar
esta fase usa-se um inóculo.
A preparação de uma população de microrganismo a partir de uma cultura armazenada, para um
estado “útil” de inoculação e um estado produtivo final é designados de desenvolvimento do
inóculo. O inóculo é essencial a qualquer processo de fermentação (minimiza o tempo de
fermentação).
Inóculo permite que o microrganismo esteja em condições de crescimento semelhantes às
utilizadas no fermentador, conduzindo a uma adaptação mais rápida. O volume de inóculo varia
entre 5-10%.
a. Minimização da perda de viabilidade do microrganismo durante a recuperação a partir
do estado de conservação
b. Obtenção de uma cópia genotipicamente idêntica à população armazenada
c. Desenvolvimento da cultura para um estado fisiológico adequado à população
d. Diminuição da fase de latência e do tempo de fermentação
Fase de aceleração
Fase muito rápida, por vezes difícil de detetar. Sabe-se que há o início da divisão celular, a uma velocidade
de crescimento cada vez maior. Fase que não se encontra bem descrita matemática nem biologicamente.
Fase Exponencial
Corresponde a um crescimento da população microbiana como função exponencial do tempo.
O crescimento mantêm-se a uma velocidade máxima até que a falta de um ou vários nutrientes e/ou a
acumulação de produtos inibitórios originem a diminuição e a paragem do crescimento.
X = X0 eμt
Fase de Retardamento
Desaceleração por diminuição brusca da concentração de substrato limitante.
Isto ocorre devido à elevada concentração de biomassa que rapidamente utiliza o substrato
remanescente e/ou à acumulação de inibidores.
A população microbiana ainda está a aumentar, mas a taxa específica de crescimento tende a diminuir.
As células podem sofrer alterações metabólicas e fisiológicas.
Fase Estacionária
Ocorre consumo total do substrato limitante, acumulação de produtos inibitórios ou alteração do
ambiente físico-químico. O número de células viáveis diminui e ocorre formação de metabolitos
secundários. Fase patamar.
Fase de Declínio
Fase em que a concentração de biomassa diminui como resultado, do metabolismo de manutenção pu
por autólise.
As células não mantêm as suas atividades fisiológicas e, à medida que a viabilidade diminui, pode ocorrer
autólise com a libertação para o meio de produtos intracelulares.
1. Crescimento diáuxico
Ocorre num meio contendo mais do que uma fonte de carbono e energia, sendo que estas são
usadas uma de cada vez. Vão aparecer duas fases de crescimento, correspondendo às 2 fontes
de carbono.
Utilização sequencial de substrato
(Exemplo: E.coli a crescer num meio contendo glucose (1) e a glucose é consumida em primeiro
lugar)
Existe uma 1ªfase exponencial muito curta e só depois se observa um curto crescimento mais
prolongado. Ocorre em microrganismo que são modificados.
CRESCIMENTO EXPONENCIAL
Velocidade volumétrica
Dá a variação da concentração de células na unidade de tempo. Dá-nos a massa de células que se forma
por unidade de volume e por unidade de tempo. Para passar de velocidade volumétrica a velocidade
específica de crescimento (ou taxa específica de crescimento) basta dividir pelo número de células.
À medida que a concentração de nutrientes [S] aumenta, a taxa específica de crescimento (μ) também
aumenta.
A partir deste gráfico, é possível determinar uma constante de substrato KS que representa a S] que
origina uma taxa específica que é metade da taxa específica máxima. Para baixas S], a relação entre a
taxa específica e a S] é uma relação linear.
KS S] Elevada afinidade do microrganismo para o substrato (ex: glucose e E.coli)
KS S] Baixa afinidade do microrganismo para o substrato (ex:lactose e E.coli)
Na fase exponencial:
Logo,
S] = KS
Na fase estacionária
S] << KS
MODELOS “NÃO-ESTRUTURADOS”
Crescimento “equilibrado”
No período de tempo de uma cultura durante o qual as propriedades das células se mantêm constantes:
Fase exponencial na cultura em modo descontínuo
Em estado estacionário na cultura contínua
Não descrevem situações dinâmicas, nomeadamente a transição de uma fase de crescimento a velocidade
elevada para uma fase de crescimento lento, situação de crescimento escalonado ou fase de crescimento
entre duas situações de estado estacionário.
Modelos não estruturados de Crescimento
Consumo de substrato
Construção de um modelo de um sistema reacional de consumo de substrato
Manutenção Celular
Manutenção dos gradientes de concentração (e.g. protões e do potencial elétrico através da membrana)
Turn-over de macromoléculas, umas são muito estáveis na célula, outras (enzimas, constituintes da
parede celular, mRNA) são degradados e continuamente sintetizadas no interior da célula
Motilidade celular
O coeficiente de manutenção varia com os fatores ambientais, com o estado fisiológico das células
Fatores de Rendimento
Biomassa/ Substrato
Na formação de uma quantidade de biomassa X é consumida uma quantidade S de substrato
Variação da concentração de substrato consumido num intervalo de tempo. O nutriente consumido é
considerado o limitante.
Rendimento em produto:
Este rendimento em produto é um rendimento geral, sendo portanto calculado para metabolitos
primários, como para secundários, uma vez que existe uma variação na concentração de substrato. Pode
calcular-se em relação ao nutriente limitante, ou a outro nutriente presente no meio de fermentação.
α=0
A formação do produto está totalmente dissociada do crescimento
(Formação de metabolitos secundários)
A equação reduz-se a: dP/dt = β .x
β=0
A formação do produto está associada ao crescimento
(Formação de metabolitos primários)
A equação reduz-se então a: dP/dt = α .dx/dt
α=β
Cinética mista: a formação do produto não começa logo no início da fase exponencial, mas decorre
durante o crescimento (formação de metabolitos intermédios)
O modelo de Luedeking e Piret além de ser descrito na forma de taxas ou velocidades volumétricas,
também pode ser definido na forma de Taxas específicas.
Cultura Contínua
Monod alterou o processo em descontínuo (“Batch”) para que este se convertesse em contínuo em
1949. Para isso, proporcionou adição contínua de meio e saída de meio contendo produtos.
A cultura contínua permite produtividades volumétricas elevadas e devido à adição contínua de substrato,
permite operar abaixo das concentrações inibitórias. O metabolismo pode ser manipulado por controlo
da concentração de nutrientes, permitindo controlar a formação de metabolitos inibitórios.
No entanto possui como desvantagens:
Utilização incompleta de nutriente
Taxa de diluição máxima inferior a max para evitar o “wash-out”
Não se utiliza em sistemas que necessitam indução
1. Biostato
A velocidade de crescimento é mantida constante por controlo da concentração de CO2 libertado
para o meio de fermentação. É pouco usado pois é muito caro e sensível
2. Turbidostato
A turbidimetria (DO) é mantida constante através do controlo do caudal do meio, de modo a que
seja mantida dentro de certos limites. A velocidade de crescimento é mantida contraente através
do controlo de pH. É um sistema pouco utilizado.
3. Quimiostato
A velocidade de crescimento é controlada pelo meio químico envolvente, através de um
substrato limitante. O sistema mais usado.
Em meio contínuo como o volume é constante, a taxa de diluição vai depender
fundamentalmente do caudal.
O tempo médio de residência traduz o tempo que o meio permanece no fermentador.
>> α logo,
No estado estacionário:
dx/dt = 0 logo, = D
Consoante o inóculo é
mais ou menos
concentrado, obtém-se
gráficos diferentes
Geralmente,
(qP.x) / YP / S muito
No estado estacionário:
dS/dt = 0 logo, = D
x = Y (S0 - S)
No estado estacionário:
dP/dt = 0 logo, = D
P = YP/S (S0 - S)
K=0
Quando o metabolito produzido não está a ser utilizado pela célula, podendo ser
desprezado
Quando Monod relacionou o crescimento celular com a cultura, fez uma relação também para o modo
contínuo. Considerando um estado estacionário.
P = D.x
Monod concluiu que é vantajoso trabalhar com caudais
elevados, pois a produtividade também é maior.
Produtividade (g/L.h)
Quanto maior a taxa de diluição (D) e a concentração de substrato,
maior é a produtividade, contudo existe um limite para este aumento
(Dc), pois quando se trabalha com taxas de diluição muito elevadas,
pode ocorrer wash-out.
A produtividade é um parâmetro que pode ser comparável para o
modo contínuo e o descontínuo. Esta comparação é feita através de G:
G = Produtividade max. em contínuo no quimiostato
Produtividade max. em descontínuo
P é maior em modo contínuo do que em modo descontínuo
O ambiente exerce um efeito determinante sobre o microrganismo ou a célula, tanto numa cultura em
modo contínuo, como em modo descontínuo e semi-descontínuo. Geralmente a influência dos fatores
ambientais é estudada em descontínuo.
1. Temperatura
Quando Ea= 60-90 Kcal/mol ocorre um predomínio da morte celular, sendo necessário alterar a
temperatura
a. Psicrófilos
Têm T ótima de crescimento na ordem dos 10-15ºC
b. Mesófilos
Têm T ótima de crescimento na ordem dos 30-40ºC
c. Termófilos
Têm T ótima de crescimento na ordem dos 55-60ºC
d. Hipertermófilos
Têm T ótimo de crescimento na ordem dos 85-90ºC
Esta redução de temperatura provoca um abrandar dos processos metabólicos e permite que a proteína
seja produzida a uma velocidade inferior e seja armazenada na célula sem ser em corpos de inclusão, logo
na forma ativa.
Outros sistemas de expressão de proteínas fazem uso da própria temperatura para induzir a produção da
proteína recombinante de interesse.
2. pH
Por vezes, utilizam-se fontes de azoto capazes de induzirem alterações do pH do meio, como é o caso de
NH4+, que induz a descida do pH e NO3-, que induz o seu aumento. É ainda de salientar que alguns
microrganismos produzem diferentes metabolitos, consoante o pH do meio, por exemplo, os Aspergillus
niger a pH baixo produz ácido cítrico, mas a pHs mais elevados produz ácido glucorónico e na zona neutra
produz ácido oxálico.
Existem processos biológicos em que a variação de pH é usada para controlo do processo de produção,
por exemplo, na produção de penicilina, a velocidade de adição da fonte de carbono e de azoto pode ser
controlada pela medição do pH, a fonte de azoto é metabolizada a catiões básico e a fonte de carbono a
dióxido de carbono e ácido orgânicos, o balanço entre estes dois nutrientes fornece uma base para o
controlo de pH.
O controlo automático do pH e a medição dos volumes e das concentrações das soluções das soluções de
ácido e de base utilizadas para manter o pH pré-definido permitem realizar uma estimativa em tempo
real da evolução da concentração de ácido acético durante uma fermentação.
Importante, não só para as fermentações de E.coli durante as quais se produz ácido acético em situações
de limitação de oxigénio ou de excesso de glucose, mas também para fermentações de produção de
proteínas recombinantes com S.cerevisiae, uma vez que se verifica que os períodos de produção/consumo
de ácido acético estão relacionados com períodos de ativações de vias metabólicas biossintéticas.
3. Efeito de elevadas concentrações de nutriente
Quando há inibição o gráfico torna outra forma, o que constitui uma desvantagem nos processos de
fermentação.
Outros nutrientes podem atuar como inibidores de crescimento celular, por exemplo, tolueno,
formaldeído, metanol e compostos fenólicos.
Quando existem nutriente que, apesar de serem essenciais ao crescimento têm uma ação inibitória,
pode usar-se como alternativa o crescimento contínuo, tendo esse nutriente concentrações
inferiores às que provocam inibição.
Existem ainda outros tipos de inibição do crescimento:
o Inibição competitiva
Não há alteração de VMAX. A presença de um inibidor, ou de elevadas concentrações de
substrato provocam o aumento de KM
o Inibição anti-competitiva
Há alteração de KM e VMAX Considera-se que quando há inibição pelo substrato, o
mecanismo mais frequente é o anti-competitivo.
O crescimento celular pode também ser limitado pela solubilidade ou velocidade de difusão dos
nutrientes no meio.
Agregados microbianos, células encapsuladas, nutrientes sólidos, nutrientes líquidos pouco solúveis ou
praticamente insolúveis em meio aquoso]
O oxigénio é um gás pouco solúvel e a sua solubilidade é tanto menor quanto maior for a temperatura do
meio de crescimento. O oxigénio tem que passar da fase gasosa para a fase líquida e depois, desta para o
microrganismo. A passagem da fase gasosa para a fase líquida é descrita através de uma equação de
transferência de massa:
Sabendo que a utilização do oxigénio pela célula segue uma cinética de saturação (cinética de Monod), o
crescimento em condições limitantes de oxigénio é função linear do oxigénio consumido pela célula. Os
problemas de transferência de oxigénio resultantes da sua baixa solubilidade podem ser minimizados
através de um bom arejamento, com uma agitação adequada.
IV. IMOBILIZAÇÃO CELULAR / ENZIMÁTICA
IMOBILIZAÇÃO DE BIOCATALIZADORES
Operação que tem por finalidade o seu confinamento a uma região bem definida do espaço, com retenção
das suas atividades catalíticas, podendo ser repetida e continuamente utilizados.
Principais vantagens:
O custo adicional da imobilização de uma enzima ou célula só se justifica se a estabilidade operacional for
adequada.
Enzimas
• Enzimas modificadas de forma a ficarem insolúveis
• Enzimas solúveis usadas em reatores dotados de membranas de ultrafiltração
• Enzimas cuja mobilidade foi restringida por ligação a outra macromolécula
Células
• Células ligadas a superfícies sólidas
• Células aprisionadas
• Células em suspensão livres em reatores equipados com membranas semipermeáveis
• Células floculadas
Condições de imobilização
• Suaves
• Bem controladas
• Evitar reações a altas temperaturas
• Evitar meios ácidos ou alcalinos
• Evitar solventes orgânicos
• Elevadas concentrações de sais
IMOBILIZAÇÃO
Constantes cinéticas aparentes:
V(max)ap
Km (ap)
(VMAX/Km)ap
A cinética de um biocatalisador surge complicada em relação à forma livre
Limitações:
1. Composição
Suportes orgânicos
Mais adequados à imobilização porque contém grupos funcionais utilizáveis em ligação com a enzima
Polímeros Naturais
Polissacáridos (Carragéneo, alginato, celulose, amido, dextrano, quitina, agar)
Proteínas (colagénio, seda)
Materiais carboníferos
Polímeros Sintéticos
Polistireno, Poliacrilados, Polímeros de anidrido maleico, Polipeptídeos, Polímeros de vinil e aril, poliamidas
Suportes Inorgânicos
Preferíveis industrialmente pela sua maior resistência mecânica e microbiana apesar da sua ligação à enzima ser mais
difícil.
Minerais
Gesso, bentonite, pedra-pomes
Materiais fabricados
Vidro de poro controlado, metais, vidro não poros
2. Morfologia
a) Porosos
b) Não Porosos
Em função dos parâmetros do suporte, área superficial e diâmetro de poros
Tamanho de partícula
Fator crucial que contribui para determinação:
• Da extensão das limitações à transferência de massa e difusão interna na atividade enzimática
• Queda de pressão nas colunas de leito fixo
• Velocidade de fluidização nos reatores de leito fluidizado
• Potência de agitação necessária a suspender as partículas nos reatores agitados
• Estabilidade
Suportes porosos
Poros pequenos
Retêm o biocatalisador mas apresentam
problemas à difusão substrato/produto o que
implica redução da produtividade global do
processo
Poros largos
Facilitam a difusão substrato/produtos, mas
facilitam a saída do biocatalisador
Contido a maior parte dos materiais de suporte e métodos
de imobilização descritos na literatura não são adequados
para a escala industrial devido aos custos e à natureza dos
materiais utilizados.
Os principais efeitos modificadores das propriedades catalíticas das enzimas, durante ou após a imobilização são:
a) Efeitos conformacionais
b) Efeitos estereoquímicos
c) Efeitos microambientais
d) Efeitos difusionais
a) Efeitos conformacionais
Devidos a modificações químicas da proteína enzimática durante a imobilização
Quando afetam os resíduos dos aminoácidos que formam o local ativo ou quando são importantes na manutenção da
estrutura terciária da enzima, podem ter sérios efeitos na atividade enzimática.
b) Efeitos Estereoquímicos
Ocorrem quando as moléculas enzimáticas são imobilizadas numa posição tal que o local ativo está relativamente
inacessível às moléculas de substrato.
c) Efeitos microambientais
Devido à enzima agir num ambiente diferente do encontrado na solução (existem interações electrostáticas entre o
suporte e o substrato).
Substâncias hidrofilicas vão ser seletivamente ligadas à superfície e poros do suporte hidrofílico.
Substratos hidrofóbicos vão ser repelidos dos suportes hidrofilicos mas seletivamente ligados aos suportes hidrofóbicos.
Substratos carregados positivamente e protões vão ser atraídos ara suportes carregados, negativamente, originando
uma grande concentração de substrato à superfície e baixo pH no interior do suporte.
Efeitos de partição deste tipo podem dar origem a valores de K M e ótimos de pH para a enzima imobilizada diferentes
dos da enzima livre.
As diferenças das concentrações de equilíbrio dos compostos solúveis carregados podem ser descritos pelo coeficiente
de partição, P
P = CI / C0
CI = concentração do composto no microambiente
C0= concentração do composto no macroambiente
d) Limitações difusionais
O substrato tem que se difundir-se para a enzima ou célula imobilizada antes de a reação ter lugar.
Limitações difusionais externas
Devidas à velocidade limitada de difusão do substrato na película de filme de fluído que envolve a partícula de
suporte.
A velocidade de transferência de massa externa do substrato, Vdif da solução até à superfície enzimática é dada pela
equação:
A difusão se solutos através de 3 regiões (meio, fluido à volta da esfera, interior da partícula) é governada pela
Lei de Fick:
O coeficiente de difusão está relacionado com o tamanho e formas moleculares. A adsorção de moléculas na parede da
matriz pode complicar o processo de difusão.
A transferência de massa interna processa-se em paralelo com a reação enzimática, obtendo-se:
o Uma diminuição de velocidade de reação com a diminuição da concentração do substrato ao longo
dos poros
A velocidade global da reação dependerá do gradiente de concentração do substrato
Baseia-se na ligação do biocatalisador (célula, enzima) na superfície do suporte, por forças de van der Waals
Em ambientes naturais, solo, rios, certas partes do corpo humano (boca, pele) as células microbianas existem adsorção
às superfícies. Sabe-se desde longa data que uma superfície em contacto com uma suspensão microbiana com o tempo
se vai tornar biologicamente ativa devido à adesão do microrganismo.
O fenómeno de adsorção ou adesão baseia-se em interações electroestáticas – forças de Van der Waals, ligação de
hidrogénio – entre a superfície do biocatalisador e o suporte de material.
Principais vantagens:
Principais desvantagens:
Baseia-se na ligação iónica da proteína enzimática ao suporte contendo resíduos de troca-iónica (normalmente
associa-se com a adsorção física)
Principais vantagens:
o Método suave
o Não provoca alterações conformacionais do local ativo
o Em muitos casos as atividade enzimáticas obtidas são elevadas
Outro fator que influencia a ligação e está estritamente dependente das propriedades do microrganismo é a
composição da parede celular.
As células de levedura por exemplo, estão carregadas negativamente, logo é preferível um suporte carregado
positivamente.
Principais desvantagens:
o Desadsorção
o Alteração do pH
Baseia-se na ligação da enzima (grupo amina, carboxílico, tiol, imidazólico as proteinas) a um suporte ativado.
o Diazo
o Peptídica
o Alquilação
É um dos métodos mais utilizados para imobilização de enzimas, devido à obtenção de preparações enzimáticas com
elevada estabilidade operacional.
Não é muito utilizado para células devido à toxicidade dos agentes de ligação utilizados, do que resulta algumas vezes
perda da viabilidade e da atividade celular.
Principais vantagens:
o Obtenção de um sistema livre de limitações difusionais
o Ligação forte e estável durante longos períodos de tempo
Principais desvantagens:
o Método pouco suave
o Alterações da conformação e do centro ativo, o que implica diminuição/perda de atividade ou alterações da
especificidade do substrato.
Método de ligação covalente + adsorvente
Suporte a utilizar:
Principais vantagens:
Obtenção de enzimas imobilizadas praticamente puras,
devido à natureza do reagente
Limitações:
Dificuldade em controlar as reações e a necessidade de
grandes concentrações de enzima e às propriedades
mecânicas devido à natureza gelatinosa do agregado.
Devido a estas propriedades mecânicas de natureza gelatinosa dos agregados enzimáticos e celulares, este método
deve ser utilizado em conjugação com suportes de materiais inertes para aumentar a força mecânica do sistema
especialmente quando se pretende a sua utilização em reatores mecanicamente agitados.
Principais desvantagens:
Método severo: pode levar à perda de atividade devido à participação do centro ativo na reticulação
Ligação irreversível entre o grupo amina da enzima e o glutaraldeido e resistente a extremos de pH e
temperatura.
A reticulação das células pode obter-se por um processo físico ou químico.
O método de reticulação químico baseia-se na formação de ligações covalentes entre as células por agentes bi- ou
multifuncionais, tais como aldeídos ou aminas.
A toxicidade destes agentes para a células limita a sua aplicabilidade.
A ligação da célula microbiana com o glutaraldeído envolve a reação entre o agente bifuncional e o resíduo do
aminogrupo livre do mucopeptido microbiano.
A reticulação física das células, por floculação, apresenta alto potencial de aplicação na imobilização das células
(viáveis ou não) pois na tecnologia industrial este processo origina latas concentrações celulares por unidade de
volume de reator.
Agentes de floculação usados na formação de agregados celulares:
o Polielectrólitos catiónicos (poliaminas, polietilenoiminas, poliacrilamidas, polielectrólitos aniónicos)
o Compostos metálicos (óxidos, hidróxidos, sulfatos e fosfatos de magnésio)
Baseia-se na oclusão das células ou enzimas em matrizes (polímeros ou membranas) suficientemente eficazes de
modo a impedir a sua libertação para a solução, permitindo a difusão de substratos e produtos.
É o método mais utilizado para imobilização de células (mortas, em estado latente ou em crescimento)
Para retenção da viabilidade celular são preferidos métodos não químicos, especialmente ao utilizar materiais não
tóxicos (k-carragéneos, alginato…)
Principais vantagens:
Principais desvantagens:
o Limitação a substratos e produtos de baixo peso molecular
O material resultante deve possuir porosidade suficiente para o transporte do substrato e saída do produto,
permanecendo as células no seu interior.
Método de oclusão em géis
Envolve a oclusão do biocatalisador nos espaços intersticiais do gel insolúvel.
O biocatalisador pode ser aprisionado tanto por:
o Polimerização
o Formação de ligação iónica
o Precipitação
Matrizes mais utilizadas no método de oclusão:
1. Polímeros orgânicos
Naturais
Polisacárideos (alginatos, carragéneos, agar e agarose, quitina e quitosano, pectinas, celulose, gelano)
Proteinas (colagénio, gelatina, albumina)
Sintéticos
Nylon, poliacrilatos, polimetacrilatos, poliamidas, polipéptidos, polímeros de vinilo e alilo, álcool vinílico,
silicone, poliuretano, resinas epóxi
Os géis podem ser formados por precipitação de polímeros naturais o u sintéticos, por alteração de alguns
parâmentros da solução, tais como temperatura, salinidade, pH ou solvente.
K-carragéneo – polissacárido extraído das algas vermelhas e utilizado como aditivo alimentar não tóxico
O gel forma-se por contacto da solução de K-carrageneo contendo o biocatalizador com iões metálicos como o
potássio.
No caso do agar a gelificação é obtida por arrefecimento. O gel pode ser granulado em partículas de tamanho
desejado.
Desvantagens do k-carragéneo:
o Dissolução do gel quando o ião indutor do gel não está presente na mistura reacional, o que resulta na
libertação das células.
o Por outro lado, o reagente indutor do gel pode ser inibidor da atividade enzimática desejada
Pode ser útil para investigação das características das células depois da imobilização, por exemplo, viabilidade celular
ou estudos de adsorção na matriz tanto de substratos como de produtos.
Principais vantagens:
Foi um dos primeiros polímeros, gel de poliacrilamida a ser utilizado na imobilização das células. A preparação do gel
baseia-se na polimerização dos radicais livres de poliacrilamida em solução aquosa. Devido à sua solubilidade em água
têm que ser insolubilizados por reticulação com compostos bifuncionais, normalmente N,N- metilenobisacrilamina
(BIS). BIS - agente de reticulação
Principais desvantagens:
o Toxicidade do monómero de acrilamida e do agente de reticulação (BIS) do que resulta uma diminuição da
atividade enzimática e da viabilidade celular
É um dos métodos mais comuns na imobilização de células inteiras. É um processo muito versátil, não tóxico e
preferido para células vivas e células muito sensíveis como células vegetais e protoplastos.
O processo de imobilização inclui a preparação da solução de alginato, por exemplo, por adição de biomassa e
dispersão da mistura numa solução de iões, o que resulta na formação de esferas com microporos que retêm o
biocatalisador.
Principais vantagens:
o Método simples
o Suave
o Rápidos
Principais desvantagens:
O fato de a utilização de esferas de alginato de cálcio num meio contendo agentes queladores do cálcio, como
fosfatos e alguns catiões Mg2+ ou K+ resultar na dissociação do gel.
Bioencapsulação sol-gel
O oligómero é totalmente hidrolisado formando-se uma dispersão coloidal (sol) à qual é adicionada uma solução
tamponizado contendo biocatalisador, dando inicio ao processo de policondensação, donde resulta a formação de
uma fase distinta – o hidrogel ou xerogel contendo o biocatalisador.
A matriz é depois envelhecida e liofilizada resultando nano ou micromatrizes com dimensões na gama 2nm a 2m,
diâmetros de poro de 0,5 a 20nm e áreas superficiais a 1000m2g-1
Principais vantagens:
Principais desvantagens:
Aplicações:
Microencapsulação
Aplicações:
o Retenção de moléculas como a glucose (180Da)
o Macromoléculas de IgG (1,6x104 Da)
o Células de E.coli encapsuladas para metabolização de ureia em ratos com insuficiência renal
o Microencapsulação de células de mamíferos para produção de anticorpos monoclonais permitiu a redução de
escala de 100x , relativamente à cultura de células em suspensão convencionais, resultando num produto
mais puro.
o Produção de dopamina, interferões e imunoglobulinas
Micelas Invertidas
Uma solução tampão, contendo o biocatalisador é dispersa e emulsionada numa fase orgânica composta por agentes
de superfície, aditivos e um hidrocarboneto (solvente) para formação de membranas líquidas com o biocatalisador
imobilizado.
Agregados esféricos de moléculas de tensioativo, a camada externa é constituída pelas camadas hidrofobas das
moléculas de tensioativo e o interior pelos grupos polares das moléculas.
Formação espontânea quando se dissolve um tensioativo num solvente orgânico apolar.
O tamanho depende da razão molar da água e do agente de superfície, pode ser alterados pela presença de proteínas
grandes. Enzima solubilizada no interior de uma micela está protegida do contacto direto com o solvente orgânico.
Desvantagens:
Aplicações:
Retenção das enzimas ou células no seu estado livre continuamente por longos períodos de tempo, em reatores
providos de membranas de filtração.
Vantagens:
Método que não envolve nenhuma modificação da enzima ou do microrganismo imobilizado, nem do seu
microambiente, não se registando alterações das suas propriedades cinéticas ou retenção da atividade catalítica.
Desvantagens:
Possibilidade de adsorção do substrato (macromoléculas) Às membranas e possível redução da velocidade de reação,
devido à resistência à difusão através da membrana.