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CIRURGIA DE PEQUENOS – AVI

Data: 23.02.2015
Prof: Leonardo

FRATURAS: CLASSIFICAÇAO, BIOMECANICA E TRATAMENTOS

A fratura é caracterizada pelo rompimento das corticais ósseas ou de uma cortical óssea. Na
grande maioria das vezes é secundária a um trauma e em poucas vezes é secundária a uma doença
pré-existente, como por exemplo num osteossarcoma.
A fratura pode envolver somente o osso como pode envolver também a articulação, são
fraturas que chamamos de fraturas articulares e sempre necessitam de tratamento cirúrgico que
deve ser o mais próximo possível da normalidade.
Lembrando que todos os ossos são compostos de duas corticais e um canal medular, então
quando temos a fratura de uma cortical são os casos que classificamos como fissura ou fratura
incompleta, que não necessita de tratamento cirúrgico e sim de repouso e anti-inflamatório.
Quando envolve as duas corticais ósseas o tratamento cirúrgico vai depender muito dos fatores que
envolvem o paciente.

Anatomia óssea:
Os ossos são divididos em regiões, nas extremidades temos as epífises proximal e distal,
logo abaixo ou acima das epífises temos a metáfise ou região metafisária, que é uma região de
suma importância nos jovens, porque é nela que se localizam as linhas de crescimento que é a região
mais frágil do osso, então algumas fraturas na linha de crescimento precisam ser corrigidas
rapidamente.
A região central do osso é chamada de diáfise ou região diafisária e é onde ocorre a maioria
das fraturas nos adultos. Para localizar a fratura num osso longo, dividimos a região diafisária em 3
porções, terço proximal, terço médio e terço distal.
Histologicamente temos dois ossos, um chamado cortical e outro chamado esponjoso, a
diferença entre eles é que o osso cortical é um osso mais denso, mais rígido e que possui poucas
trabéculas, poucos orifícios microscópicos, então a irrigação é mais dificultosa quando comparada ao
osso esponjoso. O osso esponjoso é mais trabecular, é mais poroso então o aporte sanguíneo é mais
facilitado. A maioria dos ossos são corticais, vamos ter osso esponjoso na bacia, na costela e nas
epífises.
O osso esponjoso por ser mais poroso ele é a principal escolha para fazer enxerto ósseo, ou
seja, quando temos uma perda muito grande da região epifisária do osso, quando tem grande
destruição óssea nós coletamos esse enxerto do osso esponjoso, raramente vamos fazer enxerto de
cortical, porque para o enxerto pegar ele precisa neovascularizar, então é muito mais fácil fazer isso
com o osso esponjoso do que com o cortical. As principais áreas de coleta são na asa do íleo na
bacia, na cabeça do úmero na epífise proximal e se for grande quantidade pode tirar uma costela ou
podemos usar a epífise proximal da tíbia. Podemos usar o Genox que é matriz óssea liofilizada
bovina, que é um pó que deve ser misturado com sangue e depois injetado no local da ferida, não
funciona tão bem quanto o enxerto ósseo, mas pode ser utilizado. Também podemos usar células
tronco para potencializar um enxerto ósseo, mas o problema é o custo disso. Porém, podemos usar
o PRP que é o plasma rico em plaquetas, onde coletamos o sangue do próprio paciente, deixa
conservado em citrato, vamos fazer centrifugações seguidas e depois separa o plasma rico em
plaquetas do resto do sangue. Foi comprovado que dentro das plaquetas existem vários fatores de
crescimento e esses fatores são pluripotenciais, ou seja, estimulam o crescimento de qualquer coisa.
Classificação das fraturas:
 Quanto a presença de comunicação externa:
1. Fratura fechada: não tem comunicação com o meio externo, então não tem necessidade
de fazer antibiótico.
2. Fratura aberta: existe alguma solução de continuidade. Não classificamos como fratura
exposta porque nos leva a pensar em exposição óssea e nem sempre numa fratura
aberta vamos ter exposição óssea. Então consideramos uma fratura aberta quando tem
uma lesão de pele próximo a área da fratura. Obrigatoriamente no primeiro
atendimento ao paciente é sempre necessária limpeza da ferida, mobilização e uso de
antibiótico, porque elas têm maior propensão a infecção. A infecção óssea é chamada de
osteomielite. Os tipos de fratura aberta são:
- Tipo I: pequena laceração em tecido mole < 1 cm; limpa;
- Tipo II: moderada laceração > 1 cm; ausência de flap ou avulsão musculotendínea;
contaminada;
- Tipo III (a): grave laceração em tecido mole ou flap; contaminada; ausência de
exposição óssea.
- Tipo III (b): grave laceração; presença de exposição óssea; destruição periosteal.
- Tipo III (c): grave laceração; presença de exposição óssea; Destruição da vascularização
arterial.

 Localização, morfologia e gravidade:


A AO/ASIF é a versão humana e a AO vet é a veterinária criada em 1950, é como se fosse
uma organização de todos os ortopedistas do mundo.
1. Fraturas diafisárias: nós vamos ter as seguintes classificações:
- Fissura: que é a ruptura de uma única cortical, também podemos chamar de fratura
incompleta.
- Fratura transversal: é uma linha de fratura que acomete as duas corticais e quando a
linha de fratura forma um ângulo de 90° em relação ao eixo ósseo.
- Fratura oblíqua: a linha de fratura forma um ângulo oblíquo em relação ao eixo ósseo,
na grande maioria das vezes tem um grande deslocamento do eixo ósseo. O
alinhamento é bem difícil.
- Fratura em espiral: na radiografia é muito semelhante a imagem da obliqua, mas a
linha de fratura da espiral faz uma volta ao redor do osso. Elas ocorrem exclusivamente
no úmero e tíbia, porque anatomicamente eles têm uma ligeira torção no eixo ósseo.
- Fratura fragmentar redutível: temos fragmentos grandes e no máximo com dois ou
três fragmentos e é possível fazer o encaixe desses fragmentos nos seguimentos ósseos.
- Fratura fragmentar não-redutível: tem muitos fragmentos e não tem como saber
exatamente de onde são os fragmentos. Aqui não tem necessidade de abrir o foco da
fratura, pois vamos colocar pinos e barras externos promovendo o alongamento do
osso. Para se consolidar a fratura só precisa de duas coisas, estabilidade e ausência de
infecção.
Toda vez que tivermos fratura completa de rádio e ulna é cirúrgico, se tiver fratura só do
rádio ou só da ulna dá para tratar de maneira conservadora. A mesma coisa acontece com a
tíbia e fíbula. Além disso, vamos tratar de forma conservadora as fissuras e as fraturas de
metacarpo ou metatarso quando nem todos estão fraturados.
2. Fratura extra-articular: ainda não tem envolvimento da articulação, mas estão bem
próximas da articulação.
- Fratura metafisária: é a fratura que acomete a região da metáfise. Geralmente são
fraturas transversais ou ligeiramente oblíquas e podem envolver a linha de crescimento
ou não. Quando envolve a linha de crescimento geralmente são animais jovens, porque
a linha de crescimento ainda está aberta. Geralmente os fragmentos são bem pequenos
e a fratura é corrigida com pinos de Rusch que colocamos de forma cruzada. Só que os
pinos de Rusch são mais caros, então podemos usar o pino cruzado de Steimann que é
mais barato. A diferença entre eles é que o pino de Rusch é mais flexível do que o pino
cruzado de Steimann.
- Fratura por avulsão: é uma fratura caracterizada por um arrancamento de uma
inserção do musculo tendíneo. O tratamento deve ser feito com banda de tensão ou
faixa de tensão, que é caracterizada pela inserção de um pino, uma perfuração do osso e
uma passagem de um fio de aço pelo orifício feito no osso e pelo pino.
- Fratura de Monteggia: é uma fratura caracterizada por uma fratura na ulna associada a
luxação da cabeça do rádio. A fratura de ulna acontece primeiro, depois tem ruptura do
ligamento interósseo que acaba puxando a cabeça do rádio. Nesse caso temos que
reduzir a luxação da cabeça do rádio e promover um ligamento interósseo sintético
usando um ou dos parafusos para travar o rádio na ulna.

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