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PAINEL DA LOJA DE APRENDIZ

Neste trabalho sobre o Painel de Aprendiz, inicialmente apresentaremos


seu conceito simbólico e relacionaremos todos os elementos que nele estão
desenhados. Então iremos comparar o desenho do Templo e suas 2 Colunas,
acrescidas das Romãs, Lírios, e Correntes, ao Templo Maçônico e ao Templo
de Salomão. Por fim, apresentaremos breves informações sobre cada um dos
símbolos ali representados.

Por Painel entendemos o Quadro que a Loja apresenta por ocasião da


abertura dos trabalhos, conforme é encontrado nas primeiras páginas do ritual
do G∴ O∴ B∴, e são três: o da Loja de Aprendiz, da Loja de Companheiro, e da
Loja Mestre. Nos graus filosóficos normalmente não se usa a denominação
Painel, mas sim, Emblema ou Escudo.

No Painel estão desenhados todos os símbolos maçônicos, necessários


ao desenvolvimento dos trabalhos de seu respectivo grau. A sua colocação na
Loja indica que continua viva toda a simbologia que orienta os trabalhos. Sua
presença na Loja idealiza também que nenhum trabalho seja iniciado sem que
antes tenha havido um planejamento das atividades. Por outro lado, todos os
participantes, ao adentrarem ao Templo e olharem para o Painel, estarão
cientes do grau em que os trabalhos serão realizados.

No inicio, os símbolos hoje representados no Painel eram desenhados,


com giz, no chão, de tal sorte que pudessem ser apagados ao fim dos
trabalhos. Posteriormente passaram a ser pintados ou bordados sobre panos
ou tapetes. Foi o maçom John Harris, em 1820, quem desenhou os Painéis
que, salvo pequenas modificações, se encontram em uso até hoje.

Todo o templo, incluindo o assoalho, as paredes e o teto, é contemplado


no Painel, sendo
composto por:


Duas Colunas sobre as quais estão plantadas Romãs;

A Porta do Templo, antecedida por três degraus;

O Delta Luminoso, em cima da porta;

O Pavimento Mosaico, representado pela Orla Dentada que circunda o
quadro;1

3 Janelas fechadas com malha de arame;

Uma Pedra Bruta e uma Pedra Cúbica;

Uma corda que emoldura o quadro, representando a corda de 81 nós;

O Sol e a Lua.
Os instrumentos de trabalho dos pedreiros também estão representados:


O Esquadro e o Compasso;

O Prumo e o Nível;

O Malho e o Cinzel;

A Prancha de Traçar.

1Os Painéis antigos apresentam, entre a Porta e os degraus, um


quadro mosaico em perspectiva representando o Pavimento Mosaico.
1
1. O TEMPLO DE SALOMÃO

O Templo de Salomão foi construído com pedra, madeira de cedro e


ouro. A pedra representando a estabilidade; a madeira a vitalidade; e o ouro a
espiritualidade. Na Maçonaria, a Loja surge no Templo. O vocábulo sugere
local de habitação e seria onde os operários da construção descansavam e
debatiam seus problemas sociais e espirituais. Na busca de uma definição
simbólica e perfeita para o Templo que cada um de nós tem em si próprio, a
Bíblia fornece aos MM∴MM∴ o Templo de Salomão, símbolo de alcance
magnífico.
Como simples confirmação disto, sabemos que o Templo foi edificado
com pedras lapidadas na pedreira, pois assim, durante a construção da Casa
de Deus, não seriam ouvidos nem o som do martelo nem de qualquer outro
instrumento de ferro. Ora, assim é o Templo do aprendiz, onde a pedra bruta
será lapidada sem o barulho do martelo, somente no silêncio dos estudos e das
meditações.

2. AS DUAS COLUNAS (1º Livro dos Reis, Cap.VII - Bíblia)

Para a construção do Templo, o Rei Salomão trouxe de Tiro, um artesão


de nome Hiran Abif, israelita por parte de pai e nephtali, por parte de mãe. Foi
esse homem quem executou todos os ornatos do Templo de Salomão,
incluindo as 2 colunas construídas em bronze, que simbolicamente
representavam as 2 colunas de homens que Moisés dirigiu quando da fuga dos
Hebreus do Egito.

No alto das duas colunas, Hiran colocou um capitel fundido em forma de


lírio. Ao redor deste, uma rede trançada de palmas em bronze, que envolviam
os lírios. Desta rede, pendiam em 2 fileiras, 200 romãs. À coluna da direita foi
dado o nome de Jachin (Yakin) e à da esquerda, Booz. Atribui-se à coluna
Jachin a cor vermelha – ativo, Sol ; e à coluna Booz a cor branca ou preta –
passivo, Lua. O Vermelho simboliza a inteligência, a força e a glória; o Branco
simboliza a beleza, a sabedoria e a vitória.
Há quem suponha que as colunas se destinariam à guarda dos
instrumentos e ferramentas dos operários, e que junto a elas estaria o local
onde os operários recebiam seus pagamentos pelos serviços prestados.
Nestas colunas, estariam guardados ainda as espécies e o ouro com que os
operários seriam pagos. No entanto, pelo tamanho das colunas fornecido pela
Bíblia, seria impossível, em tão pequeno espaço, caberem todas as
ferramentas e instrumentos, além do ouro e espécies. Tampouco essa
suposição é suportada pela Bíblia, que em nenhum momento cita as colunas
como local possuidor de portas ou armários.

Na tradução latina dos nomes, Yakin significa “Ele firmará” e Booz , “nele
está a força” , ou seja “Ele firmará a força”; ou ainda, “nele está a força que
firmará”, como quem quer dizer que Nele, em Deus, está a força necessária à
estabilidade, ao sucesso. Assim sendo, as 2 colunas simbolizam a presença do
Senhor no Templo.

As Romãs, os Lírios e as Correntes:

As romãs são frutas muito interessantes. De sabor suave e agridoce, ela


possui muitas sementes avermelhadas e unidas. Crescem em árvores que
mais se assemelham a arbustos. Oval, em sua extremidade inferior tem um
terminal exatamente como uma pequena coroa. Conforme amadurece na
árvore, a romã passa do verde para o amarelo e para o vermelho, inchando
tanto, que em determinado momento ela racha e suas sementes vão ao chão,
germinando novas árvores.

Essa quantidade imensa de sementes e a forma como ela se propaga, a


fez símbolo da virilidade masculina, da fecundidade e da riqueza. Salomão, que
a fez símbolo de seu reinado, dizia ter poderes afrodisíacos, em especial seu
suco e o vinho dela produzido, consumido em Israel desde seus primórdios.

Na Maçonaria, os grãos da Romã, mergulhados em sua polpa


transparente, simbolizam os maçons unidos com a energia e a força
necessárias para realizarem o trabalho.

Os Lírios, por sua vez, simbolizam a pureza e a virgindade: a beleza


feminina. Representam a chama pura e fecundante: o calor.

Além dos lírios e das romãs, sete voltas de correntes envolvem o capitel
das colunas. Entre os antigos, as correntes representavam o cativeiro
experimentado pelo povo judeu, mas, o verdadeiro significado dessas correntes
nas colunas é obscuro. Para a Maçonaria representam, por um lado, os laços
que acorrentam os profanos e, pelo outro, os elos que unem os maçons.

3. OS TRÊS DEGRAUS
No Painel da Loja de Aprendiz, os degraus simbolizam os esforços que
os Aprendizes devem fazer para, primeiramente, se libertarem do Plano Físico;
em seguida, ultrapassarem o Plano Austral; e, finalmente, terem ascensão aos
Planos Superiores da espiritualidade.
Por outro lado, no grau de Aprendiz, o número 3 é tão encontrado, que
sua representação no quadro ainda poderia também significar:

A idade do Aprendiz – 3 anos

A sua marcha – 3 passos

Sua Bateria – 3 golpes

4. O PISO MOSAICO

O Piso Mosaico é formado por lajes quadradas que se alternam nas


cores branco e preto, formando um tabuleiro de xadrez. Tem, como significado,
a união íntima que deve existir entre os Irmãos Maçons, ligados pela verdade.

A alternância do branco com o preto, por sua vez, demonstra a


existência do contraste, representando aquilo que é contestável, uma vez que,
sem o contraste, tudo seria uniforme e perfeito, confundindo-se com o nada. Se
assim fosse, nada diferenciaria o Maçom do profano e, portanto, não haveria
nenhuma verdade a ser revelada ao Aprendiz.

Sendo a representação do contraste, dos opostos, o Piso Mosaico


simboliza a presença do Bem ao lado do Mal; o Corpo e o Espírito: unidos, mas
não confundidos.

5. AS TRÊS JANELAS

Mais uma tríade no Painel do Aprendiz. As 3 Janelas representam as 3


posições do Sol: o Oriente, o Meio-dia e o Ocidente. Nenhuma janela se abre
para o norte e as 3 são cobertas por uma rede de arame, simbolizando que a
luz ilumina o templo, mas o que está fora, fora permanece; e o que está dentro,
lá fique. Ou seja, as sessões não devem ser perturbadas por eventos profanos
e, o que dentro se realiza, não deve ser divulgado no mundo profano. A janela
do oriente nos dá, através da aurora, a renovação das atividades; a do meio-
dia nos dá a força e o calor, iluminando constantemente os Aprendizes
colocados ao Norte do Templo; a do ocidente nos convida ao repouso.

Nenhum Templo Maçônico é construído com janelas ou outras aberturas, a não


ser sua Porta do Ocidente, que durante os trabalhos permanece fechada.

6. A PEDRA BRUTA e a PEDRA POLIDA

A Pedra Bruta simboliza as imperfeições do espírito e do coração que o


Maçom deve se esforçar para corrigir. Quando da iniciação maçônica, o
Aprendiz reencontra seu estado bruto na Natureza. Reencontra sua Liberdade
de Pensamento e, com os instrumentos que lhe são dados, ele próprio
desbastará sua Pedra Bruta, tornando-a a mais perfeita possível, imprimindo
personalidade sua e única.
É, portanto, o próprio Maçom, orientado pelo seu Mestre, que se
desbasta transformando a Pedra Bruta num Cubo Perfeito, utilizando-se, para
isso dos instrumentos que lhe são fornecidos: Esquadro, Compasso, Prumo,
Nível, Malho e Cinzel. A Pedra Polida, que encontramos no Painel de Aprendiz
servirá para que o Aprendiz a tenha por exemplo, por inspiração, e por objetivo.

7. A ORLA DENTADA.

A Orla Dentada simboliza a união dos Maçons. Os dentes representam


os planetas que giram no Cosmos. Cada dente tem o formato de um triângulo.
O Triângulo expressa a espiritualização dos Maçons que partindo da
individualidade unem-se de forma indissolúvel, em torno de um ideal.

A Orla Dentada erradamente é confundida com a Corda de 81 Nós e


com a Cadeia de União. A Corda de 81 Nós, colocada no Templo entre a
Abóbada Celeste e o cimo das 4 paredes, simboliza os 81 laços do amor
fraterno existente entre todos os membros da Loja. A Cadeia de União
expressa o Cerimonial que reúne todos os membros da Loja. Envolve aspectos
emocional, filosófico, esotérico e espiritual. É através da Cadeia de União que
se transmite a Palavra Semestral ou se invoca sobre algum Ir∴ necessitado,
forças vitais para afastar-se de enfermidade ou aflição.

8. A PRANCHA DE TRAÇAR.

No Painel de Aprendiz, a Prancha de Traçar corresponde ao papel onde


o Mestre estabelece seus planos. A Prancha constitui um dos símbolos da
Maçonaria e significa que o Maçom deve traçar seus planos, estabelecer seus
objetivos e empenhar-se em conquistá-los com habilidade e preparo.
9. OS INSTRUMENTOS MAÇÔNICOS.

O Esquadro e o Compasso:

O Esquadro simboliza a retidão limitada por duas linhas: uma horizontal


que representa a trajetória que temos que percorrer na Terra, ou seja, no
mundo físico; a outra, vertical, representa o caminho para cima, que por ser
sem fim, nos leva ao Cosmos, ao Infinito, e a Deus.

O Compasso simboliza o equilíbrio, a vida correta, a justiça. Ensina onde


começa e termina os direitos de cada um de nós. É a Jóia do Mestre; O
Esquadro, a do Companheiro; e a Régua a do Aprendiz. O conjunto desses 3
instrumentos constitui o símbolo da Maçonaria. No Altar essas 3 Jóias estão
presentes. O L∴ da L∴ que tem o significado de medir a nossa conduta no Lar,
no Trabalho e na Sociedade, substitui a Régua de 24”. E sobre ele, são
colocados o Esquadro e o Compasso.

O Prumo e o Nível:

O Prumo, utilizado pelos pedreiros para buscar o alinhamento vertical


representa, na simbologia maçônica, a retidão, o acerto, a justiça e a moral que
cada Maçom deve desenvolver em si, através da construção de seu próprio
Templo Espiritual. É a Jóia do 2º Vig∴

O Nível, utilizado pelos pedreiros na busca da horizontalidade, simboliza, na


Maçonaria, a igualdade, pois nivela a todos. É a Jóia do 1º Vig∴

O Malho e o Cinzel:
O Malho é um instrumento de trabalho braçal e pesado, em que se
emprega a força. É um instrumento só utilizado na Sessão de Iniciação. Já o
seu diminutivo, o Malhete, é utilizado em todas as Sessões pelas 3 Luzes: V∴
M∴ , 1º e 2º VVig∴ .

Símbolo da força e da autoridade, o malhete é utilizado para dar inicio,


suspender ou cessar os trabalhos, bem como para dar ênfase a trechos do
ritual. Em sua forma esotérica destina-se a desbastar a Pedra Bruta, retirando-
lhe, através do Cinzel, as arestas.

Quando do inicio dos trabalhos, o som do 1º golpe, produzido pelo V∴


M∴ , encontra continuidade nos golpes dados pelos VVig∴, produzindo ondas
sonoras iniciadas no oriente (V∴ M∴ ) e espalhadas pelo Norte (1ºVig∴ ) e Sul
(2ºVig∴ ) do Universo.

O Cinzel é o símbolo do trabalho inteligente. É um instrumento de ferro


endurecido (aço) que apresenta em uma de suas extremidades a forma
pontiaguda, arredondada, ou achatada; na outra extremidade situa-se a cabeça
que sofrerá os golpes do Malho (desbaste da Pedra Bruta) ou os retoques do
Malhete (aperfeiçoamento).
10. AS DUAS LUMINÁRIAS: O SOL e a LUA.

O Sol é o vitalizador essencial, possuidor de uma generosa fecundidade. Sem ele


não existiríamos. É o princípio ativo.

A Lua é o reflexo do Sol. Representa, tanto quanto o Sol, a saúde, pois recebe e
reflete os raios do Sol. É o princípio passivo

No Templo, o Sol e a Lua ficam no Oriente atrás do Venerável, indicando a simbologia


de que os trabalhos no grau de aprendiz são abertos ao meio-dia e fechados à meia-
noite.

11. A PORTA DO TEMPLO e o DELTA LUMINOSO.

No centro do Painel do Aprendiz, vê-se uma Porta, situada entre as


Duas Colunas, representando a Porta do Templo. Este Templo, por ser cópia
do Templo de Salomão, é construído em formato retangular e, estando o
Venerável sempre colocado no Oriente e em lado oposto à entrada, conclui-se
que a Porta do Templo sempre se situará no lado do Ocidente.
Por isso, ela é frequentemente chamada de Porta do Ocidente,
representando que no seu limiar não existe luz (o Sol se põe no Ocidente), mas
somente trevas; ou seja, o mundo profano.

Em cima do desenho que representa a Porta do Templo, está


desenhado um triângulo representando o Delta Luminoso. No Templo, este
Delta está no Oriente, atrás e acima da cadeira do V∴ M∴ .

O Delta Luminoso simboliza, no Plano Físico, o Sol de onde emana a


vida e a luz. No plano intermediário, ou astral, simboliza o Verbo, o Princípio
Criador. No plano espiritual, o Grande Arquiteto do Universo.

O Delta Luminoso é um dos principais símbolos maçônicos. Representa


a presença permanente de Deus, demonstrando sua onisciência. Simboliza a
eterna e divina vigilância que observa e registra os atos do ser Humano.

E, assim, terminamos por brevemente descrever o Painel de Aprendiz e sua simbologia.

Bibliografia:
A Bíblia Sagrada – Antigo Testamento.
Antônio Montovani Filho – Primeiras Instruções -- Jan. / 2000 – Editora A
Trolha
Grande Oriente do Brasil – 1º Grau Aprendiz – Ritual
Jules Boucher – A Simbólica Maçônica –7ª Ed. 2000 – Editora Pensamento
Carlos Alberto Baleeiro Beltrão -- Abreviaturas na Maçonaria -- Editora Madras
Rizzardo da Camino e Odéci Schilling da Camino – Vade -- Mécum do Simbolismo
Maçônico – Editora
Madras, 1999
Rizzardo da Camino – Dicionário Maçônico – Editora Madras, 2001
Alberto Victor Castelleti – O que é a Maçonaria – Editora Madras

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