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máscaras
Ao criar personagens, as crianças refletem sobre sua identidade
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Quando se pensa em teatro na escola, a primeira imagem que vem à mente é a daquela
apresentação de final de ano, assistida por pais com máquinas fotográficas em punho.
Mas o estudo dessa modalidade artística não se restringe às produções que chegam ao
palco. Esse conteúdo também é útil para que as crianças aprendam a linguagem e a
utilizem, por exemplo, para a compreensão de si mesmo e do outro. "O teatro é uma arte
em que a ferramenta de trabalho é o próprio ser humano e que só funciona por meio de
uma interação generosa entre ele e os outros", comenta Maria Paula Zurawski, atriz e
mestre em Educação pela Universidade de São Paulo (USP). Bem longe dos palcos, o
professor Flávio Gonçalves realizou as aulas do 3º ano do Colégio da Polícia Militar do
Ceará General Edgard Facó, em Fortaleza. Com vários jogos dramáticos, desenhos,
confecção de máscaras e muito diálogo, os alunos descobriram possibilidades de atuação
com base em sua personalidade. Assim, mergulharam na criação de personagens, o
"quem" do tripé do teatro conceituado pela pesquisadora norte-americana Viola Spolin
(1906-1994). No livro Improvisações para o Teatro (384 págs., Ed. Perspectiva, tel.
11/3885-8388, 45 reais), a especialista explica que, além dos papéis representados pelos
atores e atrizes, essa arte é formada pelos elementos "onde" (o local da cena) e "que" (a
ação dramática propriamente dita).
Gonçalves listou com a turma quais aspectos caracterizam uma pessoa, como peso,
altura, cor dos olhos, estilo do cabelo e os modos de andar e falar. E um novo jogo
começou. Desta vez foram grupos de quatro participantes. Três saíam da sala, enquanto
um ficava e escolhia, junto com os demais, uma personalidade conhecida por todos.
"Tivemos de Michael Jackson (1958-2009) a Max Steel", conta o docente. O objetivo
daquele que representava a celebridade era fazer com que os outros três descobrissem
sua identidade sem que ele dissesse seu nome ou se descrevesse com palavras. No fim,
os alunos comentaram a diferença entre imitar um colega de classe e alguém famoso.
Perceberam que, apesar de todo mundo saber como as celebridades são fisicamente,
conhecem muito mais as características psicológicas do colega. Então, é muito mais fácil
imitá-lo.