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A VERDADE

SOBRE AS
PERSEGUIÇÕES
IMPLACÁVEIS
SOFRIDAS PELA
RÁDIO K
EM CINCO ANOS

Uma história de corrupção e truculência

Venda proibida
Distribuição gratuita

Jorge Kajuru

Goiânia - Goiás
2002
Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)
(GPT/BC/UFG)

Kajuru, Jorge
K13d Dossiê K : uma história de corrupção e trucu-
lência / Jorge Kajuru. – Goiânia : Rádio K do
Brasil, 2002.

268p. :il.

1. Corrupção política – Goiás – 1998/2002


2. Corrupção administrativa – Goiás – 1998/2002
II. Título.

CDU: 328.185(817.3)”1998/2002"

Reserva dos Direitos Autorais, em Língua Portuguesa


ou em qualquer outro idioma.

Tudo aqui, escrito e carimbado, como GRAVADO, fica


à disposição de todo cidadão que desejar buscar a cópia
das gravações na sede da Rádio K ou via internet. Também
a cópia de todos os documentos, que se tornam públicos.

Projeto Gráfico:
Graça Torres

Revisão:
Auricélia de P. Rodrigues

Av. Goiás nº 174 - Ed. São Judas Tadeu - 16º andar - Centro - Goiânia
CEP 74.010-010 - Fone: (62) 213-2929 - Fax: (62) 521-0407
E-mail: kajuru@radiokdobrasil.com.br
Para meus amigos ouvintes,
minha história e consciência.

Desafio os bajuladores de
palácio a escreverem um
livro que desminta tudo
aqui escrito e provado.
Mas apresentem
documentos.
Prefácio
O que você lerá neste livro aconteceu no século passa-
do e continua a acontecer neste.
Mas lembra a longínqua Inquisição e a bem mais próxima
ditadura militar, que assolou o País nos últimos anos 60 e 70.
O que você lerá neste livro, fartamente documentado, é a
luta de um jornalista que parece não ser deste século, nem do
passado e nem do anterior.
A luta de um romântico que se imola em praça pública,
que abre o peito para levar balas e estocadas, que sabe ser
impotente para enfrentar forças tão maiores, mas que, mesmo
assim, não desiste, trava o bom combate, apesar de saber que
protagoniza um filme no qual o mocinho morre no fim.
Jorge Kajuru é o Don Quixote de Goiás, que fez de sua
Rádio K o Sancho Pança, na batalha contra moinhos de vento
bem concretos, dois governos sucessivos e adversários entre
si – um do PMDB, com Íris Rezende, outro do PSDB, com
Marconi Perillo.
Atenção, poderosos: o personagem de Cervantes aqui é
tratado como merece, como um herói em busca da justiça e
da liberdade e não como um ator de ópera bufa.
Como diz o genial Ariano Suassuna, “ser Quixote é uma
qualidade”. Quem procura fazer dele algo caricato é a socie-
dade apodrecida, tão bem retratada nas páginas que seguem.
Ao deixar seu testemunho também em forma de livro,
Jorge Kajuru dá, mais uma vez, a cara a tapa, para que seus
ouvintes o julguem.
Ao expor a sucessão de derrotas que o levaram a sepultar
seu casamento, a perder seu patrimônio e a responder a uma
série interminável de processos, Kajuru emerge vitorioso pelo
simples fato de ter se mantido fiel aos seus propósitos públi-
cos e às suas idéias, algumas vezes manifestados de maneira
caótica; muitos, com a voz do coração e não da cabeça; to-
dos, com profundidade, honestidade e santa indignação.
Chances de capitular ele teve diversas. Propostas para
sair rico da guerra não faltaram.
Mas Kajuru, tal como um Darci Ribeiro, preferiu orgu-
lhar-se de suas derrotas. À custa do bolso, do corpo que
fraquejou, do coração despedaçado, do equilíbrio, precário,
às vezes.
Porque Jorge Kajuru tem a coragem dos que têm medo e
a intuição de que a vitória não precisa, necessariamente, ser
comemorada em vida.
É a História quem dirá o nome do mocinho e dos bandi-
dos. E a História está ao seu lado no embate travado com os
pusilânimes e covardes.
Não houve nenhuma pessoa próxima a Kajuru que não
lhe tenha dito, pelo menos uma vez, para largar tudo, vender
a emissora, tratar da vida num centro maior, como São Paulo,
deixar fluir seu incomensurável poder de comunicação e alar-
gar seus horizontes.
Houve momentos em que até pareceu que Kajuru con-
cordaria. Só pareceu.
Neste libelo recheado, por um lado, de atitudes dignas e,
de outro, de torpezas quase inverossímeis, eis que emerge
não só a face miserável do poder exercido de maneira arbitrá-
ria, desonesta e corrupta, em nome de interesses pessoais e
inconfessáveis. Vem à tona, ainda, o papel nefasto, compro-
metido, calhordamente interesseiro de veículos nacionais de
informação.
Felizmente Jorge Kajuru sobreviveu para contar esta his-
tória. Por sorte e habilidade, não teve o fim de tantos jornalis-
tas de centros menores, pelo Brasil afora, que acabaram víti-
mas de pistoleiros de aluguel.
Seu testemunho, porém, está longe de se esgotar nos li-
mites do estado de Goiás. O teor de suas denúncias tem o
condão de espalhar vergonha pelo país inteiro, do Palácio do
Planalto, passando pelo Ministério das Comunicações e por
algumas redações do eixo Rio-São Paulo.
Porque, de fato, é de fazer corar a constatação de que
alguém venha lutando sozinho e, há tanto tempo, contra o
dragão da maldade.
Mas Quixote não desiste e Sancho não se cala para fazer
ranger os dentes dos moinhos de vento.
E é ai que mora o perigo para os coronéis, para os oligarcas,
para os corruptos.
Há vozes que não se calam jamais.

Juca Kfouri
Índice

Janeiro de 1998 ........................................................ 11


Julho de 1998 .......................................................... 14
Agosto de 1998 ........................................................ 14
Setembro de 1998 .................................................... 15
Outubro de 1998 ..................................................... 16
Novembro de 1998 .................................................. 27
Dezembro de 1998 .................................................. 28
Janeiro de 1999 ........................................................ 29
Fevereiro de 1999 .................................................... 30
Março de 1999 ........................................................ 38
Abril de 1999 ........................................................... 39
Maio de 1999 .......................................................... 53
Agosto de 1999 ........................................................ 65
Setembro de 1999 .................................................... 74
Outubro de 1999 ..................................................... 78
Dezembro de 1999 .................................................. 83
Fevereiro de 2000 .................................................... 87
Março de 2000 ........................................................ 87
Abril de 2000 ........................................................... 97
Maio de 2000 .......................................................... 105
Junho de 2000 ......................................................... 116
Julho de 2000 .......................................................... 116
Agosto de 2000 ........................................................ 116
Setembro de 2000 .................................................... 117
Outubro de 2000 ..................................................... 117
Novembro de 2000 .................................................. 123
Dezembro de 2000 .................................................. 123
Janeiro de 2001........................................................ 133
Abril de 2001 ........................................................... 134
Junho de 2001 ......................................................... 137
Julho do 2001 .......................................................... 158
Agosto de 2001 ........................................................ 163
Setembro de 2001 .................................................... 171
Outubro de 2001 ..................................................... 173
Novembro de 2001 .................................................. 175
Dezembro de 2001 .................................................. 176
Janeiro de 2002........................................................ 178
Fevereiro de 2002 .................................................... 181
Março de 2002 ........................................................ 181
Abril de 2002 ........................................................... 182
Maio de 2002 .......................................................... 198
Julho de 2002 .......................................................... 222
Agosto de 2002 ........................................................ 237
Setembro de 2002 .................................................... 242
Janeiro de 1998
Com apenas um mês de vida no ar, a Rádio K
engatinhava na montagem de seu Departamento de Jorna-
lismo. No esporte, a emissora já nascia herdeira da consa-
grada marca “Feras do Kajuru”, desde 1987, com lideran-
ça absoluta nas transmissões de futebol. A Rádio K não
pensava ser diferente, apenas não queria ser igual ao res-
tante da imprensa goiana, que não servia ao povo, mas se
servia do povo, escondendo a verdade sobre os 16 anos de
PMDB em Goiás. Milhões eram gastos em publicidade ofi-
cial e pessoal. Governantes eram tão endeusados que, em
todos os anos, no aniversário de Íris Rezende, havia
colunista que pedia para decretar feriado.

Decisões tomadas pela Rádio K:

1) Pioneirismo, dando exemplo de imprensa livre.

2) Ser a primeira emissora a recusar dinheiro público,


só aceitando anúncio da iniciativa privada, com restrição
a alguns produtos. Mídia de governo, jamais.

3) Estabelecer uma relação de mão dupla com o ou-


vinte, que passou a ser o único censor da emissora, com
liberdade de expressão, sendo nosso “ombudsman”.

4) Introduzir, pela primeira vez, a prática do jornalis-


mo investigativo, com denúncias embasadas e documen-
tadas.

11
Quanto custava o silêncio da imprensa goiana? Aqui,
a Rádio K denunciava os gastos do PMDB, somente em
mídia oficial do Governo.

Rela tório Sintético por tipo de Veículo


elatório
1998

J or nais - 21.565.310,00
ornais
TV - 20.533.470,00
Rádio - 6.713.160,00

Total: R$ 48.808.940,00

(Ex
(Exccluídos ggastos
astos de empr esas e autar
empresas quias
quias,, como
autarquias
Celg, Saneago, Beg, Detram, Crisa, Iquego,
Tr ansurb
ansurb,, Metr ob
Metrob us
us,, que
obus que,, somadas
somadas,,
che
hegg av am a15 milhões de rreais)
eais)

12
13
Julho de 1998
Diretamente da França, onde cobria a Copa do Mun-
do pela Rádio K, Kajuru, em comentário de uma hora, de-
sabafou e desafiou a oposição política em Goiás, no senti-
do de que, se não houvesse um homem capaz de enfrentar
Íris Rezende, ele próprio sairia candidato de oposição ao
governo.

Agosto de 1998
Agosto
A Rádio K inicia a cobertura das eleições para o Go-
verno de Goiás, com a coragem de contar a verdadeira
história dos 16 anos do PMDB e revelar as mazelas do co-
ronel Íris Rezende.

Marconi Perillo, único adversário de Íris na eleição,


aproveitava-se dessa cobertura inédita da Rádio K, em seu
primeiro ano de vida. Marconi e Kajuru nunca haviam tro-
cado uma palavra. Kajuru tomara essa decisão de cobertu-
ra jornalística porque, desde 1986, já enfrentava Íris sozi-
nho na imprensa goiana.

O único político, aliado de Marconi, que tinha relacio-


namento com Kajuru era Ronaldo Caiado, embora ideologi-
camente não houvesse nenhuma identidade. Todavia,
Ronaldo salvou a vida de Kajuru, quando um diretor da UDR,
(Wolney) já falecido, resolveu matar o jornalista.

14
Setembr
Setembroo de 1998
Dez dias antes da eleição, no primeiro turno, Kajuru
denuncia a fraude da pesquisa do IBOPE, comandada em
Goiás, pela afiliada da Rede Globo, Organização Jaime
Câmara, que dava a Íris Rezende vitória no primeiro turno,
com 26% de frente.

Aconteceu que, em Maio (quatro meses antes das elei-


ções), o IBOPE foi contratado pela afiliada da Globo para
fazer 04 rodadas de pesquisa em Goiás. Foi feita a 1ª, que
dava a Íris, naquele momento, 26% de frente. Estranhamente,
a TV Anhanguera dispensou as outras 03 rodadas que o Ibope
faria. Por sua vez, o PMDB ficou propagando essa pesquisa
até 10 dias antes do 1º turno. Naturalmente, sem revelar a
data em que o Ibope pesquisava. Abaixo, através do Pro-
grama “Roda Viva”, da Rede Cultura de Televisão, o Sr.
Carlos Augusto Montenegro revelou o segredo, que, para a
Rádio K, já havia sido desmascarado, provocando revolta e
a virada de Marconi no 1º turno.

PROGRAMA “RODA VIVA” - TV Cultura

José Roberto (jornalista/Folha de São Paulo): “Mas só se


colocando no lugar do eleitor de Goiás, do Mato Grosso
do Sul, que ficou com o resultado defasado e que, quan-
do chegou na hora da apuração, teve uma surpresa.”

Carlos Augusto Montenegro: “Eu acho que o eleitor tem


todo o direito de reclamar com a TV Anhanguera, de
Goiânia ou de Goiás, tem todo o direito de chegar e man-
dar uma carta pra televisão, e falar: olha, foi horrível o
papel de vocês; eu, como eleitor daqui, gostaria de acom-
panhar isso até o final; é, fiquei muito triste, muito chate-
ado de vocês não terem contratado o Ibope até o final,
então, acho que o eleitor de Goiânia tem todo o direito.
Agora, fazer pesquisa de graça eu não faço.”
r
sil.com.b
iokdobra
www.rad
Audio no

15
Outubr
Outubroo de 1998
Marconi Perillo vence o primeiro turno e faz agrade-
cimento histórico a Kajuru. Como Íris Rezende foi mais
criticado e denunciado, Kajuru era o máximo para o jo-
vem político.

O CANDIDATO
MARCONI PERILLO
DECLAROU, NO DIA
DA VITÓRIA:

– “...Kajuru, parabéns
a você, a toda a sua equi-
pe, pela cobertura e pelo
trabalho jornalístico exem-
plar. Corretíssimo. Você Depoimento, ao vivo,
às 19:35hs, pela Rádio K.
está dando uma lição de in- 06 de Outubro de 98.
dependência e a sua rádio
está, sem dúvida, contribu-
indo para a democracia em
Goiás. Vocês fizeram um
trabalho sério, você chegou
a ponto de colocar a sua rá-
dio em jogo para que a ver-
dade prevalecesse. Você
deu uma grande contribui-
ção à democracia em
Goiás. Você teve um gesto
de civismo, ao colocar em
jogo seu patrimônio, para
que a verdade prevaleces-
se em Goiás. Você ajudou
muito a democracia, em
Goiás, com a sua rádio e a
sua pesquisa.”
r
sil.com.b
iokdobra
www.rad
Audio no
16
Kajuru denuncia na Rádio K o Caso Caixego.

17
18
19
Kajuru começa a receber ameaças de morte.

20
21
22
23
Kajuru recusa, publicamente, através da Rádio K, pro-
posta de 100 mil reais, como patrocínio de cobertura das
eleições no segundo turno, feita por um dos coordenado-
res financeiros da campanha de Marconi, Ebrahim Arantes,
que, juntamente com o repórter Weldon Paulo, foi até a
residência de Kajuru, levando dinheiro em espécie.

DEPOIMENTO DE WELDON PAULO

“Depois do primeiro turno da grande eleição de


1998, com cobertura maciça da Rádio K do Brasil,
fui convidado por um membro do departamento co-
mercial da Rádio K do Brasil a entrar em contato
com a Paula Panarelo, já que eu tenho amizade com
o Camarguinho (Camarguinho que casou com Paula
Panarello, filha do Paulo Panarelo), pra providenci-
ar um grande patrocínio, visando esse grande deba-
te do segundo turno das eleições de 1998. Estive aqui
na Rádio K, entrei em contato com o Paulo Panarello,
ele disse que não tinha o mínimo interesse. Ao che-
gar na Rádio K, fiquei de frente com o Ebraim Arantes,
que estava sentado no sofá da recepção da Rádio K,
cumprimentei ele, e chamei ele pra entrar no depar-
tamento comercial, e aí me falaram que a Rádio K
estava saindo às ruas para arrumar patrocínio visan-
do patrocínio desse grande debate. Eu falei pro
Ebraim, o Ebraim assistiu à reenvindicação que foi
feita por mim. Ele falou: ‘Olha, já tenho os patrocíni-
os, que é Viena Medicamentos, do Arione José de
Paula, loja que pertence a Arnaldo Rabelo e a
Torneadora Aeroporto’. Era um final de semana, eu
peguei meu carro, fui na residência desses profissio-
nais e desses empresários e peguei a assinatura no
contrato da Rádio K do Brasil, aí peguei o contrato,
preenchido, nome da firma, CGC, tudo. Recebi um

24
telefonema na minha residência, do senhor Ebraim
Arantes. Ele estava no Supermercado Cristal, que fica
ali no Setor Oeste, perto da galeria do Cinema Um.
Ele me falou que estava com o dinheiro, aí ele pe-
gou um envelope do Castro´s Park Hotel, eu me lem-
bro perfeitamente, escreveu no envelope, Heldon
Paulo, com H e não com W, que é meu nome e fa-
lou: ´olha, tô te entregando o dinheiro, 100 mil re-
ais’; eu telefonei pro Kajuru, falei: ´Kajuru, eu já re-
cebi do Ebraim.’ Ele pegou e falou: ‘eu não aceito
esse dinheiro.’ Eu falei: ´como é que é? Não aceito
esse dinheiro, eu não quero esse dinheiro’. Eu pe-
guei e falei: ´ó, Kajuru, eu vou na sua residência,
onde você está’; ele tava com gota, em cima da
cama, aí cheguei lá com o Ebraim Arantes, entreguei
o pacote de 100 mil reais, ele não aceitou, falou:
´não, não quero esse dinheiro.’ O Ebraim insistiu
demais pra que ele pegasse o dinheiro, e a Rádio K
tava precisando do dinheiro, o Kajuru não aceitou.
O Weldon Paulo perdeu 10 mil reais nessa brinca-
deira e o Kajuru não aceitou, Ebraim falou assim:
´Kajuru não gosta de dinheiro. `Eu falei: ´mas eu gos-
to’; eu falei assim: ‘eu vou pegar esse dinheiro, vou à
diretora financeira da rádio’. Kajuru, irritado: ´Se você
pegar esse dinheiro, eu denuncio você na Rádio K’.
Eu falei: ‘bom, então fim de papo, Kajuru não quer
mesmo. Ebraim, tchau.”
om.br
obrasil.c
www.radiokd
Audio no

25
"Eu, Jorge Kajuru, não tenho ne-
nhum partido, acho os dois candidatos
péssimos para Goiás, na minha opinião.
Péssimos dos péssimos. Tanto é que o
meu voto é nulo. Não vou votar em ne-
nhum.
Essa é a minha posição.
O Jorge Kajuru não tá nem aí com
nenhum dos dois. Não preciso de ne-
nhum dos dois. Conheci esse Marconi
Perillo agora. E dei a opinião antes de
começar o primeiro turno sobre os dois,
da seguinte maneira: para mim, trata-
va-se de Iris Sênior e Iris Júnior. Na mi-
nha opinião, o Íris não tem nenhum fi-
lho tão parecido com ele, como o
Marconi.
Essa é minha opinião.
Disse, aqui, que os mesmos erros
de Íris, certamente Marconi os terá da-
qui a 4 anos. A menos que ele me sur-
preenda, o Sr. Marconi Perillo.
A Rádio K do Brasil vai continuar
fazendo oposição jornalística a qual-
quer governo eleito em Goiás, porque
essa é a nossa posição de independên-
cia. Não queremos nenhuma relação
com o governo. Não aceitamos aqui, e
é o único veículo de comunicação que
não aceita publicidade oficial de gover-
no. Todo mundo, em Goiás, aceita.
Vença quem vencer as eleições,
continuaremos com esse trabalho po-
liticamente jornalístico."
r
sil.com.b
iokdobra
www.rad
Audio no

Kajuru declara, no ar, que vai anular seu voto e faz


comparação entre Íris e Marconi. Aconteceu no dia 9, às 9
e meia da manhã, em programa ao vivo, onde estavam
presentes os jornalistas Altair Tavares e Cassim Zaiden, e a
deputada federal Nair Lobo.
26
Novvembr
No embroo de 1998
Já eleito, antes de tomar posse, o governador Marconi
Perillo, acompanhado dos auxiliares Demóstenes, Sandoval,
Luiz Felipe e Ferrari foi até a residência de Kajuru, quando
aconteceu o primeiro encontro entre ambos, dia 20. À es-
pera de Kajuru, Isabela, sua mulher, e a empregada Biga
ouviam da cozinha, com medo de alguma discussão.

Na oportunidade, Marconi, sem constrangimento, fez


duas propostas:

1) Que a Rádio K desse uma trégua em crítica a seu


governo, alegando que ele precisaria de muito tempo para
recuperar o Estado. Revelou o tempo de 08 anos;

2) Toda denúncia que chegasse até Kajuru que, pri-


meiro, entregasse a ele, deixasse o governo resolver e apu-
rar e, quando o governo terminasse esse processo, liberaria
a Rádio K para falar do assunto.

A resposta de Kajuru: “Imprensa não foi feita para dar


trégua. E, sobre entregar a denúncia antes, trata-se de uma
censura prévia, Sr. governador”.

O secretário de comunicação, Luiz Felipe, ponderou


que a melhor mídia técnica seria a da Rádio K. Ainda nessa
conversa, o governador pediu sugestão de nome para a
Secretaria de Esportes. Kajuru pediu que o governador des-
se os nomes e ele faria comentários. Nada teve sequência.
Sobre mídia, Kajuru pediu para que nunca mais alguém do
governo falasse em assunto comercial, pois já era público,
meses atrás, no ar, o compromisso da Rádio K, de jamais
aceitar mídia de Governo.

27
Dezzembr
De embroo de 1998
A Rádio K denuncia que Jalles Fontoura foi escolhido
como secretário da Fazenda por causa de um empréstimo
na campanha eleitoral, de 3 milhões de reais, feito por seu
pai, Otávio Lage, durante o 1º turno. Até hoje, a emissora
não foi desmentida.

23 de dezembro de 1998
20 horas e 30 minutos – Cafeteria Bandeira Café
O secretário de comunicação, Luiz Felipe, pede en-
contro com Jorge Kajuru e, sem nenhum constrangimento,
faz uma proposta em nome do governador Marconi Perillo:
Um milhão de reais, em dez parcelas, para ser sócio da
Rádio K. Kajuru, estupefato, pergunta: “Quem seria meu
sócio?” Resposta de bate-pronto: “O governador, por que
não?” Imediatamente, Kajuru recusa e avisa Ronaldo Caia-
do que, no dia seguinte, vai ao governador, conta a conver-
sa, diz que Kajuru não é homem de dinheiro e, sim, de
amizade, pede uma reação de Marconi e o governador ga-
rante demissão antecipada do secretário. Moral da história:
O secretário, até hoje, faz parte da equipe de comunicação
do governo e, somente cinco meses depois deste episódio,
pediu demissão do cargo de secretário de comunicação por
outro motivo. Foi denunciado por sua própria superinten-
dente, Marialda Valente, por irregularidades e favorecimento
na licitação de agências.

28
Janeir
aneiroo de 1999
No dia 1º, na posse do governador Marconi Perillo, a
Rádio K foi a única emissora que transmitiu, recusando-se
a receber os 9 mil reais que o Governo pagava pela trans-
missão de cada rádio. Durante a cerimônia, a Rádio K criti-
cou veementemente o discurso de Marconi, declarando
que o povo de Goiás era injusto com Ari Valadão e Otávio
Lage, seus maiores aliados na eleição. Dois ex-governado-
res de tristes lembranças.

Ao colocar no ar a chamada, com a voz do governa-


dor, prometendo em campanha que, a partir do seu pri-
meiro dia de governo, reduziria os impostos de 17% para
12%, eis que o secretário da Fazenda, Jalles Fontoura, veio,
no ar, para dizer que o governador não havia feito essa
promessa. A Rádio K o desmascarou, reproduzindo, na ín-
tegra, a declaração do próprio governador, feita no horário
político da campanha. Jalles calou-se.

MARCONI PROMETEU

“O imposto de Goiás é o mais


caro do Brasil, é o mais ver-
gonhoso do Brasil, e eu, no
primeiro dia, vou enviar uma
mensagem para a Assem-
bléia, reduzindo o imposto da
energia, da água, da gasolina,
do gás de cozinha, porque
isso é cidadania, esse é um
compromisso que eu assumo
aqui. Eu vou acabar com essa
indecência, se Deus quiser.”

Setembro/98 - Horário Eleitoral r


sil.com.b
iokdobra
Não foi cumprida a promessa. www.rad
Audio no

29
Ainda em janeiro, a Rádio K coloca no ar chamada
com a voz do governador Marconi Perillo, prometendo e
garantindo que, em seu governo, a imprensa seria livre para
denunciar qualquer escândalo.

MARCONI PROMETEU

“.....Quando ganhássemos
as eleições, a imprensa se-
ria livre, não haveria mais
tutela, a imprensa é livre,
pode colocar todo dia na
capa do O Popular, e dos
outros jornais, escândalos
um atrás do outro.”
om.br
Outubro/98 obrasil.c
www.radiokd
Audio no
Comício Final, na Praça Cívica.
Naturalmente, não foi cumprida
a promessa.

Fevereir
ereir o de 1999
eiro
Kajuru avisa publicamente, pela Rádio e pessoalmen-
te, ao governador Marconi Perillo, que empresários goianos,
da iniciativa privada, estavam querendo investir na Rádio
K e reclamavam que o governo não estava permitindo.
Marconi desmentiu e Kajuru deu um exemplo nominal: o
Sr. Rivas Resende confirmou essa versão com o testemu-
nho de Jorcelino Braga, na empresa Panarello.
Marconi mudou de assunto. Kajuru completou: “Pare-
ce que eu tinha razão, governador, o que Íris fez em 12, o
senhor vai fazer em quatro”. Perillo disse que estava sendo
ofendido e, assim, acabou o 2º e último diálogo entre os
dois. Mais tarde, Kajuru comprovou como o governador
era capaz de se envolver em compra ou venda de emisso-
ra. Bem mais covarde que Íris Rezende.
30
A Rádio K denuncia contrato suprapartidário e outras
avenças com loteamento de cargos do Governo na cidade
de Aparecida, com assinatura de Sérgio Cardoso, vulgo
Serjão, cunhado do governador. A revista “Veja” também
repercute a denúncia, tratando o caso como o primeiro da
História política do País.

31
32
33
Essa última, é a rubrica de Serjão, que, até hoje, atua
no Governo e se enriquece de forma espetacular.
34
OBS.: Houve mesmo o loteamento de cargos.
35
O governador Marconi Perillo tenta, de todas as ma-
neiras, convencer a Rádio K a aceitar uma mídia técnica
de 150 mil reais mensais. Em troca desta mídia, o governo
pedia a imediata demissão dos funcionários da Rádio K:
Martiniano Cavalcante e Luiz César Leleco. Kajuru recusa
publicamente tal oferta, em programa das 8 horas da ma-
nhã, e mantém os funcionários na emissora.

A Rádio K lança projeto “Associa K”, em parceria com


Pelé, para o ouvinte se associar à emissora, pagando 5 re-
ais mensais, como alternativa para evitar falência da emis-
sora, mantendo sua indenpendência.

DEPOIMENTO KAJURU

Jorge Kajuru: “... Vender ações pra todo mundo,


como a gente vai lançar agora, graças a Deus, por-
que o Pelé já cansou de esperar também e, aliás, já
mandou avisar a esse governador, o Pelé, falando ao
Juca, domingo em São Paulo, que esse governador
pode mandar qualquer documento pra ele, porque
já mandaram tudo pra ele, contra mim. O Pelé man-
dou dizer pra ele: ‘fala pra ele mandar o que ele
quiser, que eu não vou mudar minha opinião sobre
você e sobre a Rádio K do Brasil, pode mandar o
que quiser’. Então, vender ações agora, tentar ven-
der 300 mil reais em ações porque, sinceramente,
ouvinte, do fundo do meu coração, os seus cinco
reais mensais, ouvinte, os cinco reais que você for
pagar, comprando ações da Rádio K do Brasil, cinco
reais por mês, que eu não quero um centavo a mais
do que isso, os seus cinco reais mensais, cinco reais
por mês, ouvinte, os seus cinco reais por mês, valem
mais, valem muito mais pra mim, pra minha honra,
valem muito mais do que os 150 mil reais mensais

36
que o governo Marconi ofereceu pra mim, pra me
pagar, pra me comprar, e pra que eu tirasse da rádio
o Martiniano, o Leleco e o Gama, e pra que eu
parasse de fazer comentário político, que foi a pro-
posta que eu recebi de cento e cinqüenta mil reais,
com testemunhas, do senhor Manoel de Oliveira, e
os senhores secretário e superintendente da Secre-
taria de Comunicação. Essa foi a proposta feita, que
evidentemente eu não aceitei.”
om.br
obrasil.c
www.radiokd
Audio no

OBS.: Kajuru desistiu, logo no segundo mês, deste projeto, antes de


receber as primeiras contribuições. Martiniano Cavalcante discordou
no ar, queria que o Associa K continuasse, mas Kajuru se aborreceu
com críticas de jornalistas concorrentes que alegavam semelhanças
deste projeto com a “Sacolinha” dos pastores. Na verdade, a finalida-
de da Rádio K era ser uma espécie de TV a cabo, com assinantes-
ouvintes, que poderiam tornar a emissora tão livre, que dispensaria até
os anúncios da iniciativa privada.

37
Março de 1999
A Rádio K denuncia o uso de máquinas do governo na
Usina de Otávio Lage, pai do secretário da Fazenda Jalles
Fontoura.
A Rádio K relembra, no ar, chamadas das promessas
de campanha do governador, tais como: 100 mil empregos
em quatro meses de governo e tolerância zero em relação
à segurança, bem como melhores condições de trabalho e
de remuneração aos policiais.
Kajuru é convidado para programa de “Jô Soares”, no
SBT, com o objetivo de falar sobre as denúncias de irregu-
laridades nas campanhas de Íris Rezende e Marconi Perillo.
Exemplos de casos “Caixego” e “Ligue 900”.

Jô - E aí, o que aconteceu?


Kajuru - Nós avisamos que ía-
mos fazer isso. E fizemos essa
investigação profunda nos
dois principais candidatos ao
Governo: do PMDB e do
PSDB. Três dias antes da elei-
ção, recebemos a denúncia
fatal, que foram sacados 5
milhões de reais “in cash”, do
Banco do Estado de Goiás. E
aí está essa confusão até hoje.
Quando a gente denunciou,
nós fomos chamados de lou-
O jornalismo livre e investigativo da cos, acusadores sem provas.
Rádio K do Brasil provocou a primeira E, hoje, aí estão as provas, e
entrevista de Jô Soares com um falta apenas o julgamento fi-
jornalista de Goiás. nal da Justiça.
Programa Jô Onze e Meia, Não há dúvida que foram sa-
do SBT, 22/03/99 cados os 5 milhões, e agora
resta apenas provar se esses
5 milhões saíram do Banco
e foram para o comitê do
PMDB. E fizemos a mesma
investigação na mesma cam-
panha.
Jô - Do PSDB?
Kajuru - Do PSDB. Que tam-
bém há suspeitas de irregu-
laridades, mas ainda sem
provas. Mas continuaremos
em busca dessa reportagem.
Fizemos com os dois candi-
datos.

38
Abril de 1999
A Rádio K denuncia esquema de corrupção e movi-
mento financeiro ilegal de caixa 2 durante campanha de
Marconi Perillo. Envolvia a empresa Ligue 900, do Sr. Vilmar
Guimarães, tesoureiro de Marconi Perillo, e, naquela épo-
ca, no governo, secretário de Indústria e Comércio. O Mi-
nistério Público Federal, através do Procurador Hélio Telho,
solicita denúncia da Rádio K e começa investigação.

Com cópia de escritura em mãos, a Rádio K denuncia


a estranha compra de duas fazendas no Mato Grosso, por
parte do irmão do governador, Antônio Perillo, que nunca
havia trabalhado. Incompatível com as rendas e salários
até de seu irmão, Marconi, desde quando foi deputado es-
tadual e federal. Mais de 2.000 hectares, as áreas.

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Maio de 1999
A Rádio K denuncia o escândalo SECOM 2, envolvendo
o secretário Luiz Felipe, com provas de irregularidades apre-
sentadas pela própria superintendente da secretaria, Marialda
Valente.

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O governador Marconi Perillo promove sua primeira en-
trevista coletiva, onde qualquer jornalista teria o direito de
questioná-lo. Coincidentemente, foi a primeira e última de
seu governo. Motivo: Kajuru, acompanhado de documentos,
questionou o nepotismo em seu governo, tão criticado por ele
próprio no governo de Íris, e, principalmente, questionou o
comando paralelo de seu governo, na pessoa do cunhado de
Marconi, conhecido como Serjão, trabalhando dentro do Pa-
lácio. Ele ainda era assessor do prefeito Nion Albernaz e con-
selheiro do BEG. Ou seja, mantinha três empregos simultâne-
os.

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1ª Prova

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2ª Prova

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No ar, ao vivo, no programa “Hora da Verdade”, a Rá-
dio K liga e flagra pelo telefone.

SECRETÁRIA DO SÉRGIO CARDOSO


Jorge Kajuru: ... Alô, de onde fala, por favor?
(Secretária): Assessoria...
Jorge Kajuru: ...Assessoria de onde?
(Secretária): Prefeitura e governo.
Jorge Kajuru: ...Prefeitura e governo? Aí não é, não é
aí que fica o seu Sérgio Cardoso?
(Secretária): É.
Jorge Kajuru: Ah, então, mas aí é a assessoria do
governador ou do prefeito?
(Secretária): Do governador e do prefeito, em con-
junto.
Jorge Kajuru: Ah! a assessoria aí é do governador e
do prefeito?
(Secretária): Justo.
Jorge Kajuru: O assessor tá aí, doutor Sérgio Cardoso?
(Secretária): Não, é horário de almoço, tá pro almoço.
Jorge Kajuru: E ele fica aí que horas?
(Secretária): Olha, ele hoje talvez nem venha, por-
que ele foi olhar umas obras em Guapó.
Jorge Kajuru: Em Guapó?
(Secretária): É.
Jorge Kajuru: Ah, ele é, de manhã, ele atende a pre-
feitura ou o governo?
(Secretária): Ele atende os dois, em conjunto. Tanto
o pessoal da prefeitura, como o do governo.
Jorge Kajuru: Então, pra eu falar com ele, eu tenho
que ir onde? Na secretaria?
(Secretária): Você tem que vir aqui no gabinete.
Jorge Kajuru: Tá, o gabinete fica onde?
(Secretária): Fica aqui no palácio.
Jorge Kajuru: Ah, o gabinete fica aí no palácio?
(Secretária): É.
Jorge Kajuru: Ah, tá certo. Ele é, é.....
r
sil.com.b
iokdobra
www.rad
Audio no
61
11 de maio de 1999: data do primeiro fechamento da
Rádio K. A emissora ficou fora do ar 32 horas. O Ministério
das Comunicações alegou irregularidade na cerca de prote-
ção dos transmissores da Rádio K. Todavia, o Ministro das
Comunicações, Pimenta da Veiga, em audiência com
Ronaldo Caiado e Jorge Kajuru, confirmou o pedido do Go-
vernador de Goiás e argumentou que a emissora estava ba-
tendo pesado no seu amigo. O ministro exibiu, na audiên-
cia, a degravação de uma fita contendo palavras chulas con-
tra Marconi Perillo em programa policial terceirizado por
Sandro Mabel, que, na época, era inimigo de Marconi e tra-
balhava como chefe-de-gabinete do senador Íris Rezende.

62
Documento, em degravação, enviado, pelo governa-
dor Marconi Perillo, ao Ministro das Comunicações.

OBS.: Nos dias de hoje (desde 2001), Sandro Mabel (ex-chefe-de-gabi-


nete de Iris, é amigo e um dos maiores aliados de Marconi, como filiado
do PFL. Enquanto que Luís Gama (que usou os baixos adjetivos acima)
também é amigo, de frequentar palácio, goza de grandes patrocínios
do Governo em seu programa de TV, na emissora estatal.
63
Após audiência com o ministro, a Rádio K foi reaberta.
Kajuru tomou duas providências imediatas: 1) Afastou o
locutor responsável pelos palavrões; 2) Tirou do ar o pro-
grama policial “Rádio Kadeia”. Nunca mais a emissora teve
programa policial.

Em tempo: Antes de a
Rádio K ter sido suspensa
Jorge Kajuru e Martiniano
Cavalcante já haviam, no
ar, criticado de forma
veemente os palavrões
chulos usados no
programa terceirizado
contra o governador.
Fiscal da Anatel, lacrando o transmissor
da Rádio K do Brasil, em 11/05/99.

Os ouvintes da Rádio K do Brasil


se mobilizaram em uma
manifestação popular, no dia 13
de maio de 1999, na frente da
Emissora (Av. Goiás, 174), de onde
saíram em passeata pelas
principais ruas da capital goiana
até a porta do Palácio das
Esmeraldas (Praça Cívica),
encerrando o manifesto em
repúdio ao fechamento arbitrário
da Rádio K do Brasil.

64
Agosto de 1999
Agosto
A Rádio K denuncia gasto absurdo com as verbas se-
cretas, acima de 1 milhão e meio de reais em comida,
bebida, jóias, presentes e mordomias. O governo foi se
defender, e o Porta-Voz soltou uma pérola:

MARCOS VILLAS BOAS

“.... Essas pessoas vi-


eram aqui, não vieram só
passear não, nós estamos
doidos para poder oferecer
um vinho a elas, pra que
elas fiquem num ponto tal
que possam prometer ao
Estado de Goiás aquilo
que nós precisamos...”
.br
Porta-Voz do Governador rasil.com
www.r adiokdob
Audio no

OBS.: O Porta-Voz tentava explicar por que tanto vinho era consumi-
do, toda noite no palácio. Depois de meses, Marcos procurou a Rádio
K e solicita: “Não coloquem no ar aquela minha declaração... o meu
filho disse que está com vergonha na escola”. A emissora atendeu ao
apelo de pai, embora o jornalista não merecesse.

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Documentos apurados no Tribunal de Contas, sobre as
verbas secretas gastas irresponsavelmente.

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OBS.: Uma das maiores criticas de Marconi contra o PMDB nas elei-
ções de 98, foi exatamente o gasto escandaloso com as verbas secretas.
73
Setembr
Setembroo de 1999
A Rádio K denuncia superfaturamento na Secretaria
da Saúde. Documentos vieram da própria secretaria, atra-
vés de uma funcionária.

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Outubr
Outubroo de 1999
A Rádio K prova nepotismo no governo, com a exis-
tência de 17 parentes diretos de Marconi Perillo. A maioria
absoluta recebendo sem trabalhar. A tão criticada paneli-
nha virou caldeirão.

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A 1ª Dama Valéria Jaime Perillo sempre se considerou
uma autoridade.
Daí a relação de seus parentes no governo. Existem
mais seis parentes diretos, mas não conseguimos o docu-
mento.

Aqui, mais 04 parentes do Governador, que hoje


somam 21.

82
Dezzembr
De embroo de 1999
O governador exige, de forma direta, a saída de seis
dos dez maiores patrocinadores da Rádio K. O diretor do
Poupa-Ganha, Sílvio Leite, maior anunciante da Rádio, só
volta a anunciar após saber que o Ministério Público Fede-
ral iria exigir explicações dessa pressão do governo. Três
meses depois, o Poupa-Ganha rescinde, em definitivo, um
contrato de dois anos.

Gravação de Jorge Kajuru, conversando com Sílvio Leite,


Diretor-Presidente do Poupa-Ganha, que, ao tomar conhe-
cimento das reações do povo e do Ministério Público, arre-
pendeu-se de atender Marconi.

Sílvio: Rádio K do Brasil!


Kajuru: Fala, seu Sílvio...
Sílvio: Kajuru, põe o Poupa-Ganha no ar o dobro
que você vinha fazendo, heim...?
Kajuru: (risada) Você é um gozador!
Sílvio: É sério!
Kajuru: É!
Sílvio: Pode estourar a boca do balão aí!
Kajuru: (risada) Você tá falando sério?
Sílvio: Tô falando sério!
Kajuru: E como é que eu faço com o processo do
Ministério?
Sílvio: Humm...
Kajuru: O que eu falo?
Sílvio: Bom, não sei! Ministério é Ministério!
Kajuru: Mas o problema é que o Ministério Público
tá em cima. Como que eu faço? O que eu falo no

83
depoimento? Falo que foi um mal-entendido? O que
eu falo?
Sílvio: Você diz que houve um mal-entendido e que
o gerente, inclusive o gerente até saiu daí, né?!
Kajuru: É!
Sílvio: É autorização minha. Eu estou lhe dando au-
torização agora. Hoje eu tomei conhecimento disso
aí, e realmente veículo nosso, produto, passa épo-
cas, tem vários aí que eu tenho contrato, que passa
seis meses , suspende e volta depois de vinte dias,
de quinze dias, um mês, e você está autorizado a
partir de agora, Poupa-Ganha, a marca da sorte.
Kajuru: Pode começar a publicidade amanhã?
Sílvio: É, agora tá bom!
Kajuru: Eu já falei tudo no ar. Como eu vou negar
para o Ministério Público?
Sílvio: Tá certo.
Kajuru: Não tem jeito!
Sílvio: Um cheiro.
Kajuru: Então vai pro pau, então?!?
Sílvio: Pode botar no ar a partir de agora!
Kajuru: Tá combinado.
Sílvio: Tá bom!
Kajuru: Um abraço!
r
sil.com.b
iokdobra
www.rad
Audio no

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85
Relatório de faturamento da Rádio K, no ano de 1999.

OBS.: Neste relatório, a queda brutal na receita da emissora, após


Marconi exigir saída dos maiores anunciantes, ameaçando até a fisca-
lização nas empresas.
86
Fevereiro de 2000
A Rádio K denuncia compra superfaturada de equipa-
mentos para subestações da CELG, superando 100 milhões
de reais, e provoca a investigações do Tribunal de Contas,
que, por sua vez, apura e proíbe a compra.

Março de 2000
A Rádio K denuncia o escandaloso e inédito caso da
Primeira-Dama de Goiás, que recebe mais de 9 mil reais
mensais de salários e gratificações. E a distribuição de fo-
tos oficiais da Primeira-Dama, confeccionadas com dinheiro
público e sendo distribuídas para todas as prefeituras do
Estado, fixadas nos gabinetes, como se ela também fosse
uma autoridade eleita pelo povo.

Foto oficial
87
Documentos referentes à servidora Valéria Perillo

Tabela de vencimentos dos órgãos estaduais. Como presidente da


Organização das Voluntárias de Goiás, a servidora tem direito a
vencimento de R$ 1.552,80, mais gratificação de representação no valor
de R$ 3.447,20, totalizando salário de R$ 5.000,00 (cinco mil reais).

Declaração de rendimento, com seu cargo na Assembléia


Legislativa do Estado de Goiás – salário de R$ 782,11 (setecentos e
oitenta e dois reais e onze centavos)
88
Despacho 88/99, concedendo à servidora Gratificação de
Representação Especial no valor de R$ 3.500,00 (três mil
e quinhentos reais). Esta gratificação é concedida pelo
governador do Estado, por despacho, sem discriminar o
motivo do pagamento.

Portarias, regularizando a disposição da referida servidora, da


Assembléia Legislativa, para a Governadoria do Estado, onde ela
passa a desenvolver as suas funções.

Resumo dos salários “Eu tenho que cuidar das


minhas filhas,
Cargo Assembléia R$ 782,11
que não contam com a
Cargo OVG R$ 5.000,00
presença constante do pai...”
Gratificação Especial R$ 3.500,00
TOTAL R$ 9.282,11 Declaração de Valéria Perillo
à Revista Veja.

89
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91
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93
A Rádio K denuncia, com provas em fotos aéreas, o
espantoso crescimento de um sítio do governador, próximo
à cidade de Pirenópolis. O terreno, que, durante a campa-
nha de 1998, foi citado pelo governador como herança de
sua esposa, com cinco alqueires, passava a ter, um ano
depois, tamanho superior a 50 alqueires.

Fevereiro/99 - Máquinas do Governo trabalhando na


fazenda de Marconi Perillo.
94
Vale lembrar que, enquanto candidato ao Governo,
Marconi Perillo declarou no horário eleitoral de Rádio e
TV, em Outubro/98, que não tinha dinheiro nem para com-
pletar seus estudos . E que teve sempre uma vida simples e
sem luxo.

MARCONI DECLAROU

“Sou de uma família simples,


uma família que lutou e traba-
lhou a vida toda para sobrevi-
ver. Todos conhecem o meu pai,
todos conhecem o comerciante
que foi o meu pai. A simplicida-
de e a vida difícil dele e de toda
a minha família. De modo que
eu não tenho nada a temer com
relação a nada. E eu tenho é,
graças a Deus, uma vida limpa.
Tenho um apartamento de
morar, tenho dois carros finan-
ciados, um carro quitado e te-
nho uma chácara que foi heran-
ça do meu sogro. De modo que
eu não tenho nada a preocupar.
O meu pai trabalhou 13 anos,
de dia e noite, ali na praça do
Setor Oeste. Todos conhecem a
vida nossa e eu não me preocu-
po com relação a isto.”
r
sil.com.b
iokdobra
Marconi, em Horário Eleitoral www.rad
Audio no
Outubro /98

95
Evolução Patrimonial

Setembro/2002 - Piscina aquecida, guarita de seguran-


ça máxima, jardim de plantas raras, adega, charutaria
climatizada. Uma estrutura suntuosa para uma vida de puro
lazer. Tudo isso para quem, há 4 anos, não tinha nada e
dizia, em público, que não gostava de luxo.
Mágica: alguém consegue viver essa vida, adquirindo
esse patrimônio, em apenas 4 anos, recebendo R$ 6.500,00
líquidos?

Só mesmo um MÁGICO!
96
O repórter Vladimir Neto, da revista “Veja”, também
confirmou a incompatibilidade entre os salários do gover-
nador, de R$ 6.500,00, e seus gastos com a mansão. Só em
materiais de construção, apenas na loja “Irmãos Soares”, o
sr. Perillo já havia comprado 96 mil reais. Porém, não tinha
pago. O repórter da Veja conseguiu fotos aéreas da fazen-
da de Marconi. Quando desceu do avião locado para este
fim, foi surpreendido por policiais. Até hoje, não sabemos
se a Veja não quis publicar as fotos ou se os policiais lhe
tomaram a máquina.

Abril de 2000
A revista “Veja” publica, na edição do dia 19, com
detalhes, a denúncia da Rádio K sobre os salários ilegais e
imorais da Primeira-Dama. Com o título “Evita goiana”, dona
Valéria Perillo teve a coragem, em entrevista à “Veja”, de
responder: “Eu também tenho de cuidar das minhas filhas
que não contam com a presença constante do pai”. Após
essa justificativa pelos salários de Primeira-Dama, “Veja”
definiu como um caso único de maternidade remunerada
no país.

97
veja 19 de abril, 2000 47

98
Contra a Rádio K, que, em março, fez essa mesma denún-
cia, o governador e a Primeira-Dama moveram seis processos.
E ainda conseguiu tirar mais seis anunciantes da emissora. Para
com a revista “Veja”, que publicou nacionalmente igual de-
núncia, e que, ao contrário da Rádio K, usou adjetivos pesa-
dos contra a Primeira-Dama, como, por exemplo: “Valéria Pe-
rigo, ops, Perillo”; “por causa de suas travessuras”; “foi manicu-
re”; “Evita de Goiás”; “primor de marketing caboclo”. Enfim, o
que fez o governador? Simplesmente, uma semana depois, dia
26 de abril de 2000, enviou uma carta-resposta à revista “Veja”,
prometendo demitir a própria mulher, informando que pagaria,
de seu próprio bolso, as fotos oficiais feitas inadvertidamente.
Era a confirmação de tudo. Kajuru decidiu arrolar Marconi
como sua testemunha, no processo de sua esposa Valéria con-
tra o jornalista, baseando-se nessa confissão do próprio mari-
do à Veja. Na página 105, as provas.

No dia 21, foi feita, por escrito, uma minuta de contra-


to, no escritório do conhecido advogado Dr. Felicíssimo Sena,
a pedido do governador, representado por três empresários,
na pessoa de Rivas Resende, uma proposta irrecusável, de
três milhões e trezentos e cinqüenta mil reais, por 49,67%
das ações da Rádio K. Todavia, era tão político o contrato,
que, entre as diversas cláusulas, destacavam-se duas, de for-
ma curiosa:

“Parágrafo 2º da 3ª cláusula: o vendedor deixará de exer-


cer atividade radiofônica na Rádio K até 31/12/2002”, coin-
cidentemente, no final do mandato de Marconi.

“Parágrafo 3º: o vendedor não exercerá atividade


radiofônica em qualquer outra emissora de rádio no Estado
de Goiás, até 31/12/2002”.

E, por fim, a 5ª cláusula: “Letra A: não emitir juízos de


valor sobre atividades político-administrativas nas esferas mu-
nicipal, estadual ou federal”. Evidentemente, Kajuru recu-
sou, mas guardou o documento.
99
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OBS.: Jorcelino Braga e Ronaldo testemunharam o recebimento dessa
proposta que Kajuru revelou no ar pela Rádio K.
104
Maio de 2000
A revista “Veja” cobra as duas promessas do governa-
dor, na edição do dia 10 deste mês, na página “Holofote”,
com o título “Onde está o decreto?”. A revista informou
que o porta-voz de Marconi garantia que o governador já
havia assinado o decreto, dando fim à boa vida da esposa.
Só não sabia dizer por que o tal decreto não tinha sido
publicado no Diário Oficial. Moral da história: A Primeira-
Dama nunca foi demitida. Até hoje recebe os R$ 9.200,00.

00
ril/20
26/ab

OBS.: Que semelhança com


Fernando Collor! Marconi
assumiu a denúncia e pro-
meteu demitir a própria es-
posa. Collor ameaçou fazer
o mesmo no episódio LBA
com Roseane. Até brincou
de tirar a aliança. 000
aio/2
10/m 105
Ainda em Maio, sem constrangimentos, o governador
passou a falar publicamente, em rodas políticas e empresa-
riais, que, a partir dali, sua briga com o Kajuru seria pesso-
al, de família contra família. Fui avisado por Ronaldo Cai-
ado que, por sinal, tranquilizou-me: “Ele não é homem para
colocar a mão em você”.

O jornal “Folha de S. Paulo” repercute que as denún-


cias de corrupção no governo de Goiás fizeram o governa-
dor suspender mais uma vez a Rádio K. A “Folha” previu
que seria um fato raro na história recente do País. Afirmou
que, nos últimos 15 anos, nenhuma emissora foi tirada do
ar no Brasil, com alegações de irregularidades técnicas (au-
mento de potência do transmissor). O jornal também retra-
tou que a Rádio K perdera 59 anunciantes, por pressão
política, desde dezembro de 1999.

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Felizmente, a Rádio K tinha apoio do Ministério Públi-
co Federal, que questionava o motivo dessa suspensão:

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Motivados pela situação desesperadora de pré-falên-
cia da Rádio K, os jornalistas Juca Kfouri e Marcelo Rezende,
velhos amigos de Kajuru, em companhia do ator goiano
Stephan Nercesian, promoveram um encontro com o go-
vernador de Goiás, no dia 22, um sábado, às 20 horas, no
Hotel De Ville, em São Paulo, horas antes do embarque de
Marconi para a Europa. A conversa teve início com a in-
tenção de se pacificarem as relações. Quando o governa-
dor disse que daria “140 tiros na cara do Kajuru se não
fosse cristão”, Juca Kfouri decidiu se levantar e ir embora,
pois não acreditava que, um dia, fosse ouvir isso de al-
guém. Mas Juca acabou ficando, pois o governador deci-
diu contar que uma pessoa fizera, em nome de Kajuru,
proposta para o governo pagar, em publicidade, mídia de
150 mil reais mensais. O nome de Cleuber Carlos foi reve-
lado por Marconi. Cleuber, naquele momento era, além de
afilhado do governador, também um dos publicitários das
contas das estatais do governo. Marcelo Rezende imagina-
va que Cleuber fosse confirmar a versão de seu amigo go-
vernador. Engano: Cleuber Carlos declarou, na manhã se-
guinte, que o governador não estava falando a verdade e
que jamais Kajuru pedira qualquer centavo de publicidade
ao governo. E ainda completou que, ao contar essa pro-
posta ao Kajuru, imediatamente, tudo isso, em fevereiro de
1999, foi dito em detalhes no ar. Conforme Juca havia ad-
vertido ao Sr. Demóstenes Torres, testemunha do encontro
no hotel, se toda essa história fosse mentirosa, nunca mais
Kfouri voltaria a vê-los. Foi o que aconteceu, embora
Marconi tenha insistido diversas vezes para reencontrar
Juca. E ainda completou que, assim que Kajuru soube da
proposta, fez questão de, em fevereiro de 1999, leva-lá ime-
diatamente ao ar.

112
Eu, Cleuber Carlos do Nasci-
mento, brasileiro, portador da CI
2.346.237, SSP-GO;
CPF 450.596.321/72, repórter,
morador na Av. T-4,
Nº 550, Aptº 1201-B, Setor
Bueno, Goiânia, Goiás, afirmo
para quem interessar possa que:
E sobre o que disse o governador, ele não foi
correto com as afirmações dele pelo seguinte: nunca
tratei de negociação de mídia com o governador
Marconi Perillo, sobre a Rádio K em nome de Jorge
Kajuru; afirmo ainda que, em nome dos funcionários
da Rádio K do Brasil, tentei convencer Kajuru a acei-
tar mídia técnica do governo.
Kajuru recusou-se. Jorge Kajuru já foi para o ar
imediatamente e disse que não aceitava qualquer
tipo de proposta de mídia do governo, porque ele
achava que era impossível a relação Governo/Rá-
dio, recebendo a mídia, mesmo sendo a mídia téc-
nica.
Eu, em nenhum momento, conversei com o go-
vernador sobre patrocínio, publicidade na Rádio K
do Brasil . O Governador Marconi Perillo nunca ou-
viu de minha boca qualquer tipo de proposta da
Rádio K do Brasil em nome de Jorge Kajuru.
Kajuru não aceitou nem o posicionamento dos
funcionários em aceitar a mídia técnica do governo,
por achar que seria impossível esta relação. Posteri-
ormente, conversei com Marcelo Rezende, e relatei
a ele o transcrito acima.
Sem mais para o momento e, por ser verdade,
firmo a presente.

113
Eu, Juca Kfouri, jornalista ,
RG 3.337.194, declaro a quem in-
teressar possa:
Que me encontrei com o go-
vernador de Goiás, Marconi Perillo,
em maio do ano passado, num ho-
tel perto do aeroporto de
Guarulhos, em São Paulo, para dis- Juca Klouri reuniu-se
cutir as relações dele com Jorge com o governador
Marconi Perillo, dia
Kajuru e sua Rádio K do Brasil. 22 de maio de 2000
Entre outras pessoas, estavam (sábado), às
20h30min, no Hotel
presentes ao encontro o jornalista Deville, em São
Marcelo Rezende e o secretário da Paulo, horas antes do
governador embarcar
Segurança Pública de Goiás, para a Europa.
Demóstenes Xavier Torres.
Que ouvi dele muita mágoa em relação ao jor-
nalismo exercido pela emissora; que ele chegou a
dizer que, se não fosse cristão, daria “140 tiros na
cara do Kajuru”.
Ele disse, também, que as críticas ao seu gover-
no começaram depois de ele ter se recusado a pa-
gar R$ 150.000,00 mensais, em publicidade, para a
Rádio K.
Surpreso, eu disse a ele que, se aquilo fosse
verdade, eu romperia com Jorge Kajuru e faria uma
declaração pública a favor dele, governador Perillo.
Como supus, a “informação” dele não passava
de leviandade, razão pela qual, como o adverti no
encontro, não voltei a vê-lo, porque deixei de acre-
ditar minimamente no que dizia ou diz.
É o que eu tinha, em resumo, a esclarecer, ra-
zão pela qual dou fé e firmo a presente.

114
Este é o relato de Marcelo
Rezende, jornalista, RG
025846553-6, Instituto Felix
Pacheco, RJ, feito a quem interes-
sar:
"Se eu não fosse cristão, daria
140 tiros na cara do Kajuru." Esta
foi uma das últimas frases ditas
pelo governador de Goiás, Marconi
Perillo, no encontro que tivemos no
Hotel Deville, próximo ao Aeroporto de Guarulhos, São
Paulo. Lá estavam o secretário de Segurança Pública de
Goiás, Demóstenes Torres, o Chefe da Polícia Civil,
Marcos Martins, o jornalista Juca Kfouri e algumas pes-
soas ligadas ao governador, mas que se encontravam
afastadas da mesa onde estávamos.
Foi uma frase de arroubo, um desabafo, dita de ma-
neira incisiva. Como foi também a outra frase: "Ele só
me critica porque não aceitei colocar 150 mil reais de
publicidade na Rádio K." Ou também: "O que vocês
querem de mim?"
O que nós queríamos, eu e Juca, era que o governa-
dor parasse de perseguir a Rádio, lutasse pela Rádio não
ser fechada a cada instante pelo Governo Federal, en-
tendesse que críticas, às vezes, são mais saudáveis que
os aplausos e que ele entendesse, de uma vez por todas,
que a Rádio K nunca aceitou e jamais aceitaria publici-
dade de seu ou de qualquer outro governo, para manter-
se independente e fiel à verdade e aos seus ouvintes. O
dinheiro de publicidade do seu governo não teria o efei-
to de 30 moedas. Kajuru não iria trair seu ouvinte por
dinheiro algum.
A publicidade não foi aceita, os tiros eram arroubos
e o preço final foi um ataque de direito à democracia,
ao eleitor, em resumo, ao cidadão: A Rádio foi fechada,
calada, amordaçada, mas nem em silêncio a verdade se
calou. E nunca se calará.

115
Junho de 2000
Coincidência ou não, o governo de Goiás passou a
publicar anúncios de duas, três páginas coloridas na revis-
ta “Veja”. O governador, por sua vez, foi almoçar em São
Paulo com toda a direção da revista. Moral da história:
Nunca mais a revista “Veja” tocou no assunto que ela mes-
ma tanto cobrara, sobre os salários inéditos de Primeira-
Dama, ou “Evita Goiana”, conforme publicado.

Julho de 2000
A Rádio K entrevista o ex-prefeito Lilo (Francisco Agra
Alencar Filho), da cidade de Itapaci, e obtém, pela primei-
ra vez, uma confissão pública de que o prefeito e Marconi
Perillo, quando era deputado federal, dividiram uma pro-
pina no valor de 60 mil reais. Nilo desafiou Marconi a abrir
o sigilo bancário de seu pai, que, na época, depositou o
dinheiro em conta pessoal do Banco Sudameris. Até hoje,
o governador não respondeu à denúncia e tampouco per-
mitiu abrir o sigilo bancário de seu pai.

Agosto de 2000
Kajuru viaja para Austrália para dar início à cobertura
da Rádio K nas Olimpíadas de Sidney.

116
Setembro de 2000
No dia 23, a uma semana de sua volta ao Brasil, Kajuru
é surpreendido por um telefonema de sua esposa, contan-
do-lhe que, naquela noite, às 10 e meia, em frente à farmá-
cia “Farmação”, da avenida 85, em Goiânia, três homens
encapuzados disseram que seu marido deveria ir embora
de Goiás; caso contrário, ela morreria. Na madrugada se-
guinte, colocaram bilhete debaixo da porta do apartamen-
to, com a mesma promessa ameaçadora. Traumatizada,
Isabela, nunca mais voltou a ser o que era.

Outubro de 2000
Kajuru voltava ao Brasil com a esperança de ver provi-
dências tomadas pela Polícia Civil de Goiás e Secretaria de
Segurança Pública do Estado, conforme compromisso dos
responsáveis, Marcos Martins e Demóstenes Xavier Torres,
ao deputado federal Ronaldo Caiado. Como nada foi apu-
rado e , baseado nas informações seguras de que tudo acon-
teceu a mando do governador, Kajuru decidiu se mudar
para São Paulo e convenceu sua esposa, em profunda de-
pressão, a morar uns tempos nos Estados Unidos.

117
Na Pizzaria Pitigliano da avenida Portugal, em Goiânia,
aconteceu um encontro entre Jorge Kajuru, Pedro Goulart
e o secretário da Fazenda, Jalles Fontoura. A finalidade era
convencer Kajuru a deixar Pedro sozinho na direção da
Rádio K, para apagar o incêndio político de Marconi con-
tra a emissora. Jalles foi franco e honesto na conversa. Ali-
ás, foi a única pessoa decente do governo, que fez propos-
ta digna e até confessou: “Foi mesmo gente do governo
que mandou perseguir e agredir a esposa de Kajuru”. Jalles
lamentou o fato, alegando que não compactuava com aqui-
lo. Quando Kajuru citou Wilmar Guimarães como o exe-
cutor, Jalles baixou a cabeça e respondeu: “Ele é capaz dis-
so”.

Na cobertura das Eleições Municipais, a Rádio K de-


nunciou flagrantes, com gravação em áudio, do governa-
dor Marconi Perillo ameaçando os eleitores da cidade de
Aragoiânia, de que, se o seu candidato não ganhasse a
eleição, a cidade perderia o hospital. Conclusão: seu can-
didato não venceu e, de fato, o povo perdeu o hospital.

118
GOVERNADOR AMEAÇANDO

“Vejam o que nós estamos fazendo juntos, e nós


vamos fazer muito mais, e eu quero dizer, se esse
candidato que fala mal de mim for eleito, eu não
vou fazer convênio com a prefeitura; olha, eu quero
deixar claro, quero deixar claro aqui, o governo paga
hoje, 70 funcionários do hospital, se esse candidato
que fala mal do governo não respeita o governo, o
governador, for eleito, eu vou cortar o convênio do
hospital. Vou deixar claro, eu tenho feito tudo, te-
nho feito tudo para ajudar; pode vaiar, eu quero ver
é se vocês vão dar conta de administrar a cidade
sem o governador, eu quero ver. Olha, se vieram aqui
pra vaiar o governador que trabalha por Aragoiânia,
não merecem o respaldo, o respeito do povo. Não
estão, não estão preparados para administrar nem a
casa deles.”
r
sil.com.b
iokdobra
www.rad
Audio no

119
DEPOIMENTO DO PREFEITO (um ano depois)

Prefeito: Abri o hospital que ele fechou; assim que eu


ganhei a eleição, num dia...
Jorge Kajuru: ... Então quer dizer que ele cumpriu a pro-
messa, então?
Prefeito: Ele cumpriu a promessa...
Jorge Kajuru: ... Ele falou que ia fechar o hospital se o
candidato dele não ganhasse a eleição.
Prefeito: A única promessa que ele prometeu dentro do
meu município e cumpriu foi essa...
Jorge Kajuru: ... Ele fechou o hospital?
Prefeito: Fechou o hospital no outro dia ....
Jorge Kajuru: ... Fechou depois da eleição?
Prefeito: Depois, eu ganhei a eleição no dia 1º, no dia 2,
as portas do hospital estavam fechadas; eu denunciei no
Ministério Público...
Jorge Kajuru: ... Que é isso, prefeito?
Prefeito: Exatamente.
.br
rasil.com
www.r adiokdob
Audio no

120
Na cidade de Catalão, o governador também amea-
çou que, se a sua candidata não ganhasse, a cidade morre-
ria à míngua, como Anápolis.

GOVERNADOR

“Não sei sequer se


tem dignidade pra falar
de alguém; eu faria com
ele o que eu faço com o
prefeito de Anápolis
hoje, esqueceria ele de
lado; desprezo pra eles.
Se ele porventura ga-
nhasse, o prefeito de
Anápolis, que é a maior
cidade de Goiás, e se-
quer recebe um convite
meu para uma solenida-
de; e lá em Anápolis
hoje, seu Moreira, Paulo,
lá em Anápolis hoje, o
prefeito é o quarto nas
pesquisas com 10%.”
om.br
obrasil.c
www.radiokd
Audio no

121
Na cidade de Cumari, o governador respondeu às vai-
as de alguns eleitores, diante de seu discurso, repetindo,
por três vezes, aos berros, da seguinte maneira: “Vai pente-
ar macaco!”

GOVERNADOR

“Palmas pra aqueles


que estão vaiando ali, eles
não tiveram educação na
casa deles, vamos dá edu-
cação pra eles. Espera um
pouquinho, senão o pes-
soal não escuta: Vai pen-
tear macaco, rapaz, vai
pentear macaco, vai pen-
tear macaco.”
om.br
obrasil.c
www.radiokd
Audio no

No dia 25, os transmissores da Rádio K são lacrados


pela segunda vez. Novamente, com alegações absurdas de
irregularidades técnicas. O fechamento pedido pelo gover-
nador durou 37 horas. A Justiça concedeu liminar à emis-
sora.

122
Novembro de 2000
No dia 6, o governador mostrava a sua estranha força
junto ao Ministro das Comunicações Pimenta da Veiga. Vale
lembrar que Marconi e Pimenta são sócios em algumas
propriedades goianas, e o filho do ministro é Procurador
do Estado. Enfim, neste dia 6, a Rádio K sofreu seu terceiro
fechamento em 3 anos de vida. De novo, por irregularida-
des técnicas. O fechamento durou 3 dias. Novamente, a
emissora obteve liminar para voltar.

Dezembro de 2000
O governador chegava ao número impressionante de
15 processos pessoais contra Kajuru. Até então, não sabía-
mos se Marconi pagava seus advogados com dinheiro pú-
blico ou com dinheiro do próprio bolso.

Dia 5 – Chega o momento da maior covardia do go-


vernador contra a Rádio K. Simplesmente os transmissores
foram lacrados pela quarta vez, e, dessa feita, com motivos
mal explicados, ainda referentes à primeira suspensão, ou
seja, por causa do tamanho do muro de proteção do trans-
missor. Dessa vez, o objetivo era mesmo levar a Rádio à
falência. Foram 30 dias de suspensão, exatamente no mês
mais difícil em termos de anúncios e, por coincidência,
período de dupla folha de pagamento, por causa do déci-
mo-terceiro salário.

A emissora, sempre líder de audiência, com média mí-


nima de 80% dos rádios ligados, veio a sofrer, neste mês,
uma perda de 89% de faturamento. Apenas 11 de seus anun-
ciantes pagaram a mídia não veiculada, ganhando reem-
bolso posterior, ajudando a emissora, que registrou um pre-
juízo de R$ 186.200,00, somente naquele mês.
123
Naquele mesmo mês, os jornalistas Juarez Soares e Mar-
celo Rezende e o vereador Elias Vaz foram falar com o
governador e o ministro Pimenta da Veiga. Tiveram a pro-
messa pessoal e não cumprida, por parte dos dois, de que
nunca mais a Rádio seria suspensa, desde que o governa-
dor não mais sofresse críticas com adjetivações, especial-
mente “menino maluquinho do Ziraldo”. A Rádio K cum-
priu sua parte. Os políticos, não.

O Ministério Público Estadual, através de seu chefe, o


Promotor Abrão Amisy Neto, publica artigo no dia 30, no
jornal “Diário da Manhã”, condenando a mais arbitrária
punição que um veículo de comunicação, até então, sofre-
ra.

124
Eu, Juarez Soares
Moreira , RG 2.997.974,
SSP-SP, CPF 504.293.698/
53, residente na Rua
Faustolo, nº 648, Vila Roma-
na, São Paulo, Capital. Ve-
nho declarar a quem inte-
ressar possa:
A reunião foi realizada
no dia 19 de dezembro de
2000, no gabinete do minis-
tro das Comunicações, Pimenta da Veiga, em Brasí-
lia. Estiveram presentes o próprio ministro, o gover-
nador de Goiás, Marconi Perillo, o vereador pela
cidade de Goiânia, Elias Vaz, o diretor da Rádio K,
Pedro Goulart, e eu, jornalista Juarez Soares.
A Rádio K nessa data estava suspensa, por 30
dias fora do ar. A intenção da reunião foi tentar um
acordo, para a solução do problema. O governador
Perillo disse ao ministro que gostaria que a Rádio K
voltasse a funcionar imediatamente e que, para isso,
estava disposto a retirar o processo, que ocasionara
a suspensão da emissora. O ministro ouviu, disse
que “tudo bem”, mas que seu assessor direto que
cuidava dessa parte jurídica, não se encontrava pre-
sente, pois estava em viagem, a serviço do Ministé-
rio. Afirmou que, tão logo ele voltasse, cuidaria do
assunto.
Eu pedi ao ministro para se empenhar a fim de
resolver o problema antes do Natal, para que as fa-
mílias dos funcionários pudessem passar essa data
mais tranqüila. Nada disso aconteceu, a rádio cum-
priu, até o último dia, a suspensão imposta. O argu-
mento usado foi o de que depois de estabelecida a
pena, não se poderia suspender ou diminuir o prazo
da punição.

125
Na continuidade da conversa, o governador
Marconi Perillo afirmou que estava disposto a reti-
rar os outros processos em andamento contra a
emissora Rádio K. Assim, não haveria outras puni-
ções. Para tal, estava sua Excelência o governador
pronto para assinar um documento, oficializando
sua proposta. Com o mesmo argumento de que o
diretor jurídico estava viajando, tal ato não se con-
cretizou. O governador de Goiás pedia apenas que,
a partir daquele momento, não fosse mais
adjetivado, nos comentários feitos pela emissora a
respeito de sua administração. Todos os que repre-
sentavam a Rádio K se declararam de acordo,
achando justa a reivindicação. Assim, todos espera-
vam uma convivência profissional e respeitosa, na
relação Rádio K/Administração do Estado de Goiás.
Como se verificou através de fatos posteriores, a
emissora cumpriu sua parte; o governador, não.
Por ser verdade, firmo a presente.

126
Eu, Elias Vaz de
Andrade, Vereador por
Goiânia, RG 1.345.642,
SSP-GO, CPF
422.894.401-91, residente
à rua T-64, nº 186, Setor
Bueno, Goiânia, Goiás,
declaro a quem interessar
possa:
Preocupado, como
cidadão goiano, com as
constantes ameaças de intervenção e com as inter-
rupções das transmissões da Rádio K do Brasil, efe-
tivamente determinadas pelo Ministérios das Comu-
nicações, me reuni, em São Paulo, com Jorge
Kajuru e Martiniano Cavalcante, e ficou decidido
que eu trabalharia como interlocutor frente ao go-
vernador Marconi Perillo, para tentar buscar uma
solução para o problema.
Marconi Perillo atendeu ao apelo e nos reuni-
mos, ele, eu, Marcos Villas Boas, e os jornalistas
Juarez Soares e Marcelo Rezende. O governador
reclamou do que chamou de excesso de
adjetivação nos comentários políticos emitidos na
Rádio K. Chegou a afirmar que Jorge Kajuru teria
ofendido a primeira-dama do Estado. Ponderei que
era de meu conhecimento e realmente havia ocorri-
do comentário agressivo na Rádio, mas que eles não
haviam partido de Kajuru e, por sua vez, questionou
publicamente os autores dos comentários.
Logo após essa reunião, a Rádio voltou a ter
suas transmissões interrompidas. Pedi, então, ao Se-
cretário Estadual de Infra-estrutura, Carlos
Maranhão, que sugerisse ao governador uma inter-
venção no Ministério das Comunicações em favor

127
da Rádio. A reunião foi agendada e, por sugestão
do governador, eu e Juarez Soares fomos convida-
dos a participar, para testemunhar o empenho do
governo do Estado em solucionar o impasse.
Marconi Perillo voltou a reclamar das adjetivações.
O Governador pediu ao ministro, no entanto, auto-
rização para que a Rádio K voltasse a funcionar e se
comprometeu a retirar todos os processos do gover-
no do Estado, contra a emissora, no Ministério.
Marconi Perillo disse, ainda, que a Rádio poderia
manter sua posição crítica frente aos fatos políticos,
mas pediu que a emissora interrompesse as
adjetivações ou comentários pessoais. Isso foi o que
ficou acertado.
Desde então, a Rádio K do Brasil vem cumprin-
do com a sua parte do acordo até hoje, por sua vez
o governador e o ministro não estão cumprindo
nada, tanto assim que a Rádio K foi tirada do ar,
uma vez mais, em junho passado, por uma semana,
e mais dezenas de processos foram abertos.
Sendo verdade o que acabei de relatar, firmo o
presente.

128
129
OBS.: Espontaneamente, o promotor enviou esse artigo para o Diário
da Manhã. Marconi não gostou e foi tirar satisfação com o jornalista
Batista Custódio, presidente do jornal. Batista, aliás, que tentou, diver-
sas vezes, convencer o Governador a parar com essa briga. E Batista
sabe e propaga que Kajuru não teve culpa. E que não mostrou radicalis-
mo. Foi Ronaldo Caiado quem ouviu esse depoimento de Batista Cus-
tódio em julho de 2002.
130
Para surpresa do governador, o líder do governo na
Assembléia, deputado José Lopes (PSDB), confessou em
entrevista ao vivo, que foi mesmo o governo quem man-
dou fechar a Rádio K. Presidente da Assembléia Legislativa,
Sebastião Tejota, também governista, em visita à emissora,
disse que foi uma loucura de Marconi. Martiniano Caval-
cante ouviu tudo e registrou no ar, na hora.

ENTREVISTA COM JOSÉ LOPES

Ricardo Lima: Porque eu tenho uma colocação pro


deputado estadual José Lopes, PSDB, líder do PSDB,
a gente tá falando aqui muitas coisas sobre plantas
medicinais, mas o senhor, que está na política há
um bom tempo também, o que o senhor acha da
imprensa, o senhor acha que a imprensa é livre aqui
no estado de Goiás, deputado José Lopes?
José Lopes: Olha, Ricardo, na verdade, depois que
veio aqui, quero falar com toda a sinceridade, mes-
mo pertencendo e sendo líder do meu partido o
PSDB, na verdade, Goiás deve muito ao proprietá-
rio dessa rádio aqui, o Jorge Kajuru, ele chegou e
está sendo um professor, e eu não tenho razão ne-
nhuma, nem conheço o Jorge Kajuru pessoalmente,
nunca conversei com ele; estive aqui várias vezes,
na sua rádio, como vou em outras, mas Jorge Kajuru
tem, através da sua luta, eu pra mim, acredito que é
até um maluco, mas tem dado uma aula de conquis-
ta da imprensa livre em Goiás; a opressão que ele
está sofrendo, a opressão que a Rádio K do Brasil
está sofrendo é um demonstrativo nítido que a im-
prensa em Goiás ainda não é livre e só vai ser quan-
do existir pessoas como esse Jorge Kajuru aqui; lógi-
co que vem toda a equipe, mas a equipe só existe, e
todos os profissionais, e precisa de homens que te-

131
nham a força e o desprendimento como Jorge Kajuru
para conquistar uma imprensa livre tanto aqui em
Goiás, que Goiás seja o estado a iniciar essa im-
prensa livre, mas de forma alguma é livre e aqui
quero prestar a minha homenagem ao Jorge Kajuru
e dizer, se ele, um dia, realmente for calado, se a
sua rádio for fechada, não se preocupe, onde passa
uma idéia, dez milhões de anos depois, passam os
canhões para defendê-la, e precisa de alguém com
a força com a determinação de Jorge Kajuru para
defender a imprensa livre que é o melhor para o
povo.
om.br
obrasil.c
www.radiokd
Audio no

132
Janeiro de 2001
No dia 3, o jornal “O Globo” repercutiu, em nota
publicada pelo jornalista Ricardo Boechat, que a suspen-
são de 30 dias, aplicada à Rádio K, foi a mais longa puni-
ção do gênero na História do Brasil. Terminou a nota de
“O Globo”, com a seguinte definição: “Nem a ditadura
fez igual”.

133
Abril de 2001
No dia 9, a esposa de Kajuru volta ao Brasil. Com sigi-
losa chegada, sem que ninguém soubesse do fato, à exce-
ção exclusiva de pai, mãe e marido. Dois dias depois, em
Goiânia, na residência dos pais, que já tinham mudado o
número de telefone e instalado bina, Isabela volta a sofrer
ameaça de morte, via telefone. Em dois dias, a própria Po-
lícia Civil de Goiás veio a confirmar que o número do apa-
relho pertencia ao Sr. Marcos Perillo, primo do governador
e dono de uma loja de equipamentos para ginástica, no
Shopping Flamboyant. Kajuru pediu socorro a seus amigos
Ronaldo Caiado e Jorcelino Braga, também amigos de Mar-
cos Martins e Demóstenes Torres, respectivamente diretor
da Polícia Civil e secretário de Segurança Pública. Provi-
dências foram tomadas. Um policial de nome Ronaldo fez
o serviço completo, localizando, inclusive, o primeiro
agressor e perseguidor da esposa de Kajuru, quando do iní-
cio desses lamentáveis episódios, em setembro de 2000.
Esperava-se, por parte do governo, as providências cabí-
veis que, até hoje, não aconteceram. Kajuru decidiu, en-
tão, separar-se da esposa. Na verdade, foi uma renúncia ao
casamento, para segurança maior à esposa e à sua família,
os quais não suportavam mais tanta pressão. Parece ter sido
melhor, pois até o lançamento desse livro não voltaram a
fazer qualquer tipo de ameaça ou perseguição. Por parte
de Kajuru, ficou a triste ferida de ter perdido uma família. E
um amor, até hoje, insubstituível.

134
135
136
Junho de 2001
A Rádio K e a revista “IstoÉ” apresentam uma bombás-
tica denúncia sobre o esquema de propina no governo de
Goiás, envolvendo empreiteiras e lobistas, arrecadando
fundos para as campanhas de Marconi. Teve acesso à gra-
vação feita por Aniceto de Oliveira Costa, uma das seis
pessoas participantes da reunião que definiu quem iria re-
ceber a propina final. Um fato estranho ocorreu. A Rádio K
exibiu a íntegra da gravação, onde, no final da conversa,
ficou 100% claro que era o governador o responsável por
receber e distribuir o dinheiro: Jair Lage Filho, o primo do
secretário da Fazenda, Jalles Fontoura, terminou a grava-
ção revelando, aos empreiteiros e lobistas da reunião, o
que acabara de ouvir em seu telefone celular, na frente de
todos, de seu primo Jalles, ou seja, “este dinheiro é para
entregar para o Marconi”. Já a revista “IstoÉ”,
inexplicavelmente, não publicou essa conversa final, ten-
do a mesma gravação da Rádio K em mãos.

Assim como aconteceu com a revista “Veja”, em 2000,


dessa feita, o governador agiu de forma mais rápida: foi a
São Paulo na mesma semana, almoçou com toda a direção
da revista “IstoÉ”. Curiosamente, quinze dias depois, o go-
verno de Goiás foi o único anunciante de todas as páginas
da revista “Isto É Dinheiro”. Normalmente, essas edições
vêm com anúncios de governos estaduais, no máximo de
seis páginas. Foi a primeira vez na história da revista que
um só governo comprou todas as páginas, sem exceção.
Da capa à contracapa.

Coincidência ou não, nunca mais a revista “IstoÉ” pu-


blicou uma linha, uma nota sequer sobre o escândalo. O
Ministério Público Estadual, através de seu Promotor Abrão
Amisy, iniciou uma investigação minuciosa do caso. Ou-
viu todos os depoimentos, inclusive os de Marconi.
Logicamente. todos negaram. Quando o Ministério Públi-
co concluiu que precisava dos sigilos bancário, fiscal e te-
137
lefônico. Eis que entrou a Procuradora Geral do Estado,
Dra. Ivana Farina, conhecida como a “Geraldo Brindeiro
do Cerrado”, que não só engavetou o processo, como tam-
bém paralisou toda a investigação. Por quê? Simples: se
abrissem esses sigilos, todos descobririam a verdade, nua e
crua, na gravação de toda a conversa dos senhores Francis-
co, Manara, Brasil Leite, Marcelo e Jair Lage, feita por
Aniceto. Ou seja, foi mesmo o governador quem recebeu e
cobrou 25% de propina da Construtora Triunfo. Vale lem-
brar que o governador, até hoje, processa Kajuru e a Rádio
K por causa dessa denúncia. A revista “IstoÉ” jamais foi
processada. E o Promotor Abrão Amisy continua
inconformado, decepcionado por não ter podido seguir com
a investigação.

138
139
Patrimônio preservado: na Cidade
de Goiás investimento de R$ 3,5
milhões atendeu todas as exigências
de tombamento feitas pela Unesco

Química poderosa: criação


da Universidade Estadual de
Goiás apóia necessidades
das empresas

Missão possível: recordes


mensais de arrecadação há mais
de um ano
Frigorífico de R$ 400 milhões: a
Perdigão escolheu Rio Verde entre 40
opções de cidades

Referência
internacional: clínicas de
olhos como a CBCO, de Alta produtividade: investimentos de
Goiânia, estão à altura R$ 46 milhões em irrigação alavacam
das melhores do mundo resultados do campo
140
141
142
143
Gravação, na íntegra, da conversa sobre os pagamen-
tos de propina, que somente a Rádio K exibiu:

Participaram da reunião:
• Aniceto de Oliveira Costa, agrimensor, ex-prefeito
de Pontalina.
• Francisco de Assis Camargo, ex-chefe do escritório
da Triunfo em Goiânia e ainda ligado à construtora.
• Eduardo Manara, chefe do escritório da Triunfo em
Brasília e Goiânia.
• Brasil Leite Camargo, sub-empreiteiro.
• Marcelo Sampaio, corretor e lobista.
• Jair Lage Filho, o Jairzinho, primo do deputado esta-
dual pelo PFL e secretário da Fazenda, Jalles
Fontoura.

A reunião começa com uma conversa informal entre


cinco dos presentes. Jairzinho ainda não havia che-
gado. Nesse ponto, a conversa é morna. Pouco de-
pois, Jairzinho chega ao local.
Jair – Manara, tudo bem?
Manara – Tudo bem.
Jair – Você que é o Eduardo
Manara?
Manara – Sou eu, Eduardo Manara.
Jair – Ah , Eduardo Manara.

Eles se ajeitam nas cadeiras. Jair vai logo tratando do


que interessa.
Jair – O negócio do...
Manara – É...
Jair – Esse negócio que já tinha falado antes, bem
antes com o Brasil, que era uma situação do governa-
dor Marconi Perillo, que passou isso para o Jalles. Tá
certo?
Manara – Jalles, quem é?
– Jalles, o secretário...
– O secretário da...

144
Jair – Isso. Ele (Jalles) ficou responsável de fazer isso
para o governador. E eu, na época, conversei com o
Dito (Benedito Wilson do Nascimento Júnior, um dos
cinco donos da Triunfo). Falei: 'Oh, Dito, você já
tinha me falado lá no veinho um dia que tava preci-
sando receber isso. Tem essa oportunidade, eu tô re-
cebendo isso e tal... se você quiser, eu converso lá,
eu acho que...

O representante da construtora quer logo saber por


que Jairzinho se meteu no negócio, que já estava acer-
tado entre a Triunfo e os lobbistas Marcelo e Brasil.
Manara – Vamos só botar os pingos nos is. Você fa-
lou com o Dito? O Dito falou para você tocar o negó-
cio para frente?
Jair – Exatamente.
Manara – Eu falei para o Brasil há dois meses atrás...
para ele tocar o negócio pra frente, tá? E uma vez,
como tinha duas pessoas falando, é melhor então va-
riar entre os dois, você e você.
Jair – Exatamente.
Manara – Na véspera de nós recebermos o dinheiro
devido pelo Governo, eu não lembro a data exata
agora. O Chico (Francisco Assis Camargo da Triunfo)
me ligou, e falou que o... O Brasil (Brasil Leite
Camargo) estava recebendo. A turma do Brasil... isso
na véspera, no dia em que nós recebemos, uma quar-
ta ou quinta-feira, o Chico me ligou meio-dia e meia,
uma hora... e eu falei: pega o cheque, o resto do acer-
to a gente vê depois. Quando foi três e meia da tar-
de... o Queiroz, que é diretor-administrativo nosso,
ligou para mim. O Dito ligou pro Queiroz e falou
que há 15 minutos atrás você, Jair, tinha ligado para
ele, dizendo que você ia receber e que você fazia por
21%.
Jair – Não! Eu fazia não, é 25%. Isso é acertado com
o Governo.

145
Manara – Eu não estou discutindo percentual. Só que-
ro saber se tem conversa.
Jair – Tudo bem.

O representante da construtora quer saber pra quem


paga a comissão: para o lobista, com quem tinha acer-
tado antes, ou com o primo do secretário, que se me-
teu no negócio depois que o dinheiro já havia sido
empenhado.
Manara – Nesse mesmo dia... Veja, o que eu falei. Eu
acertei com o Brasil, a turma do Brasil. 'Ó Manara,
nós vamos pagar 25%... (...)Eu pago 25(%)... 30(%)
eu não pago mais pra ninguém’. Agora, o que eu vim
fazer aqui hoje, ô Jair, foi bom até que veio você,
que foi intermediário da conversa com o Dito, não
foi nem o tal de Milton (Onorato), chefe- de -gabine-
te de Jalles) que já me encheu o saco para caralho. O
que eu vim fazer aqui foi o seguinte: eu quero saber
pra quem eu dou o dinheiro. Eu vou pagar, não sei se
vou pagar os 25 (%), eu tô de saco cheio (...) Só de
telefonema ontem eu recebi uns 30 do Milton. Ante-
ontem minha esposa chegou de viagem e ele acor-
dou minha esposa umas quatro vezes.
Jair – O Milton?
Manara – O Milton. Pra falar comigo. Meu celular
quebrou, troquei por um novinho... tanto que ele li-
gava. E eu tava no DNER trabalhando. E ela (a espo-
sa): 'Eduardo, não sei mais o que eu faço'. E ele
(Milton) duvidando dela: 'Ele não chegou mesmo?’ E
tá que enche o saco. Que eu não sei nem que é o
Milton, não me interessa (...) o que eu quero dizer é o
seguinte: pagar eu quero. Agora, vocês vão decidir
pra quem. Eu prefiro entregar na mão do secretário,
ou então na mão do governador.
Jair – Não, eu acho que você deve pagar para quem
você acha que tem que ser.

146
Começa uma discussão. Ambos falando alto.
Manara – Não, eu não tenho que achar nada. Não,
não, não... veja você...
Jair – O problema é... Eu, por exemplo...
Manara – Não, eu vou pagar(vai ser) o valor estipula-
do para pagamento do recebimento. Agora, vocês dois
são os dois articuladores do negócio. Vocês três, vocês
quatro, não interessa...
Jair – Eu conversei com o Brasil e o Brasil virou para
mim e falou assim: 'Então, estou fora disso'.

O lobista Brasil queria sair fora, quando o secretário


entrou no negócio.
Brasil – Então vamos embora. Agora eu queria falar,
eu não sei se foi através do Chico ( ex-chefe da Triun-
fo em Goiânia). Então, não sei se foi através do Chico,
se foi através não sei de quem, dizendo que o Jairzinho
estava no meio. Eu liguei para o Jairzinho e falei: - e
ele Jairzinho falou...: ‘Ah, não... é... porque o negó-
cio... e tava no negócio... aí’; eu virei e falei: ‘então
se é assim, eu tô fora’.
Jair – Exatamente.
Brasil – Se é assim, eu tô fora. Aí eu peguei; me co-
muniquei com ele virei e falei: ‘Chico, tá na hora
ainda...’; eu conversei com Jairzinho. O Jairzinho me
contou isso e eu falei no caso aí, então eu tinha con-
dições de chegar para cair fora naquela época. Saía
tudo numa boa, foi o que eu falei. O Chico parece
que umas quatro horas depois, eu não sei...

O celular de Jair toca e os outros continuam falando.


Logo depois ele volta.
Brasil – ... aí eu babo, não, espera aí.
Chico – Se ele quiser pagar para você , por mim...
Brasil – Não, não é para mim não Chico, péra aí.. aí
eu pedi, então tá fácil, Chico. Eu aviso o pessoal, o
Marcelo, esse mais um prefeito, na verdade, um can-

147
didato a prefeito, o Adailton, um baixinho...
Manara – Que me ligou algumas vezes também.
– De onde que é?
Brasil – De São Miguel do Araguaia, então eu tinha
conversado com ele. Tô fora. Eu falei isso para você,
não falei?
Manara – Falou.
Brasil – Chico, tá assim, eu tinha avisado você... aí o
Chico virou e falou pra mim. Brasil, eu conversei com
o Dr. Queiroz e com o Manara. É para mandar o trem
pra frente? Foi isso, não foi, Chico?
Chico – Você virou pra mim e perguntou: é para man-
dar pra frente ou para parar? Eu falei: eu não sei falar
para você. Tenho que falar com o Manara, e o Manara
vai me retornar. Eu falei com você que é pra mandar
a coisa pra frente, isso foi na véspera do recebimen-
to, ou dois dias antes do recebimento.
Manara – Olha, eu... não quero saber... Só quero sa-
ber pra quem e de que forma, e eu acho que não
devia ser na mão tua.
Jair – Não, pra mim não tem problema nenhum.
Manara – Então, quem leva lá pra conversa com o
Jalles.
Jair – Eu te levo lá agora.
Manara – (...) Só vou marcar, não vou entregar hoje
não. Nós vamos marcar...
Jair – Tudo bem.
Marana – Fica ruim pra você?
Jair – Porque o problema de você ta achando ruim
com o Milton...
Manara – Eu não tô achando ruim com ninguém,
chefe. Eu tô ficando mal-humorado...
Jair – O Milton entrou nisso aí, vamos dizer, de gaia-
to, como eu também entrei, tá certo?

O representante da construtora deixa claro que


Jairzinho só entrou no negócio na última hora, para

148
tirar vantagem do dinheiro liberado.
Manara – Eu só vou dizer pra você o seguinte, para
não deixar sem deixar de falar, em momento algum
nos últimos dois meses, você, Jair, nos procurou, você
só nos procurou uma hora depois que tinha avisado
o Chico.
Jair – Não, não, eu conversei com ele, Queiroz, uns
dois meses antes. Um dia, antes de sair, eu falei: ’ ó,
Dito, o negócio tá de pé.
Manara – ...eu tava junto...eu tava em São Paulo, o
Dito ligou umas duas e meia e três horas da tarde
para Queiroz em Porto Alegre. E o Queiroz te ligou.
Eu falei Queiroz, o Dito falou com o Manara. O Jair
Lage tá recebendo 25%. É melhor do que negociar
pelos 30%.
Chico – Deixa eu te falar... o Jair Lage não tinha nada
a ver com isso. Meu negócio era o meu negócio que
eu tinha para receber no estado. Eu apenas fiz por-
que o Dito me falou que estava precisando receber.
Tá certo, como eu tinha uma amizade com ele, pe-
guei e liguei para ele, ver ser ele me orientava. Tá
certo? Eu não tenho nada com isso. Eu entrei tam-
bém de bobo que sou.

Depois, o lobista conta que o dinheiro só saiu com a


ajuda do candidato a prefeito de São Miguel do
Araguaia, amigo do governador
Marcelo – Deixa eu contar, só um instante. Quando
a coisa falou comigo, eu falei: 'ó, eu não tenho con-
dição', mas se o prefeito (Adailton), que é muito ami-
go do Marconi, foi colocado na campanha pelo
Marconi em São Miguel do Araguaia e perdeu... Como
o Brasil tinha que passar no papel, eu falei: 'prefeito,
aqui ó. Você é muito amigo...
Jair – Esse é outro(...)
Marcelo – Espera, você falou, agora eu tenho direito
de falar.

149
Jair – Não, lógico.
Marcelo – Peraí, deixa eu acabar de falar. Eu falei: ´ó,
o prefeito tá precisando'. Ele falou: ‘me dá o papel
aqui, eu vou no Samuel Almeida (deputado estadual
do PSDB) que é um deputado, e foi no governador e
pegou o “autorizo” do governador'. Uma semana
antes de qualquer coisa, eu liguei pra esse aqui, ele
ligou pra São Paulo. Eu falei: 'eu quero um contrato
desse negócio'. Uma semana antes. Nem tinha fala-
do(...) Foi quando o prefeito falou que já tinha falado
com o governador. Isso foi o que ele me passou.

O celular de Jair toca novamente. Jair atende e a con-


versa continua. O lobista conta que conversou com o
secretário sobre a propina.
Marcelo – Então, eu procurei o Jalles e falei: 'Jalles...Eu
como sou muito amigo do Jalles, eu falei: 'tô preocu-
pado com você porque o primeiro telefonema que
me chegou pro Manara foi a informação de que vocês
estavam cobrando 25%. E, você, como secretário, eu
acho que você tem que zelar pelo seu nome'. Ele
falou: 'não, Marcelo, isso foi com autorização do go-
vernador'. Do jeito que você falou, ele me falou.
Manara – Deixa eu dar um aparte aí. Foi o primeiro
telefonema. O primeiro telefonema que ele deu foi
assim: até quem ia me procurar era um cara chama-
do Milton, que era chefe do gabinete do...
Pois é, se o Milton é secretário Particular do Jalles...
Então, tá errado...
Marcelo – Então, eu falei: 'o Jalles... A minha preo-
cupação, inclusive...
Jair – O Jalles mesmo tá doido pra acabar isso. Ele já
tá... Esse negócio tá desgastando ele, é um negócio
que ele não tem porra nenhuma a ver com isso. Nós
já falamos: 'sai fora disso, Jalles'.(...)Olha, quem tá
no governo, infelizmente, tem que...
Eu falei isso pra ele...

150
Jair – Agora, se o (deputado estadual) Samuel foi lá e
falou com o governador e o governador autorizou, aí
eu acho que vocês devem entregar o dinheiro pra
ele. A minha posição é a seguinte: pra ir agora...(...)

Todos falam ao mesmo tempo


Jair – (...) e foi entregue (...)porque o governador au-
torizou o deputado a receber. Porque ele tá sendo
cobrado pelo governador. Tá entendendo? Ele tá sen-
do cobrado. Então, ele vai ter que falar: 'oh, eles
estão achando que tem um que não quer pagar'.
Manara – Não, em momento algum.
Jair – Pois é, isso é o que eu falei.

(Barulho de marteladas atrapalha a audição da con-


versa)
Marcelo – Isso não vai acontecer de jeito nenhum se
depender... Eu não conheço ninguém lá de dentro...
Mas... Sei que é um cara muito sério, então isso não
vai acontecer. A maior preocupação minha foi esse
motivo. Tá certo? Inclusive, eu falei com o Jalles na
frente dele.. lá no auditório... falei, Jales, pelo amor
de Deus, eu tô preocupado... o governador.. tá co-
brando dele...
Jair – Olha, eu não quero(...) Se alguém recebeu via
deputado, autorizado pelo Marconi, acho que vocês
têm que entregar pra ele(...) Eu tô botando aqui bem
claro: eu não quero atrapalhar ninguém. Se alguém
recebeu via governador, o governador falou: 'você
vai lá, paga pra esse pessoal, vou pagar, você rece-
be', aí eu acho que tem que pagar pra ele. Eu vou
chegar no Jalles e falar assim: 'o pessoal pagou'. Vou
dizer uma coisa bem clara a vocês...(...)
– Você alguma vez ouviu falar de ...
Jair – Não
Manara – Eu sei, por isso é que falei...
Jair – Não tô enganado não, tenho certeza absoluta

151
,graças a Deus. A empresa Triunfo é idônea, é uma
empresa muito séria, é um grupo forte.
Manara – Tem no Brasil inteiro
Jair – Conheço a Triunfo de São Paulo, Triunfo de
Minas, conheço aqui em Goiás,é uma empresa. Dis-
so aí , pode ficar tranqüilo.
Manara – Nunca deixamos de cumprir nenhum de
nossos acordos (ruídos) E aí, agora eu ouvi vocês. Por
mim, a minha preocupação de procurar o secretá-
rio...

O representante da construtora resolve ironizar


Manara – Eu só quero fazer o pagamento.
Jair – Se foi o governador que recebeu pra você(...)
você paga(...) Eu vou falar: ‘ ó, fulano pagou pro fula-
no’. E ele vai chegar no governador(...)
Manara – Se fizer um rachinha - 10% para cada um -
pagava tudo. (...) Sobrava 5% para encheção de saco
que eu tô tendo e 10% para cada um.

O representante da construtora se impacienta


Manara – Vamos fazer o seguinte. Eu vou ali fora
tomar mais um sorvete e vocês resolvem o caminho
do dinheiro. O dinheiro eu quero dar. De preferência
entregaria na mão do Jalles. Não tenho a mínima cara-
de-pau de entregar na mão dele, não vou ligar nem
um pouquinho. Ou pro próprio governador, porque
do jeito que está tá ficando complicado. O que você
acha, Chico? Eu vou dizer bem claro para os dois
grupos aqui. Eu vim aqui para pagar.
Jair – Acho que você tem que dar... Se ele falou que
foi lá... foi no governador e o governador disse que
autorizava dar, você paga pra ele. Porque eu...(...)
Manara – Como é que fico eu nessa história? Se você
falar assim pra mim é tal hora e tal lugar... Se você
fala, Manara, te encontro dez e meia no aeroporto,
dez e meia eu irei lá. Eu falei para o Chico trazer a

152
turma aqui em Brasília, que eu vou pagar os paga-
mentos atrasados da obra depois. Dei cheque para
um, para outro, pra outro e acabou ,e não temos nada
a ver com Goiás. Não estamos trabalhando aqui.

Os lobistas continuam conversando


Brasil – Jair, deixa pagar pra você.(...)
Marcelo – Não, não. Eu prefiro que, se o Jalles tem
autorização, e ele tá autorizado para fazer isso, que
você vá pessoalmente no secretário e entrega para
ele.
– Faço, faço...
Marcelo – Eu, por mim, tá liberado.
Manara – Que dia você quer ir? (falando com Jair)
Deixa eu falar pra você como é que fica. Só precisa
me falar, que eu tenho o valor lá(...) eu até preferia
que alguém fosse em São Paulo buscar, eu até prefi-
ro...

Barulho de martelo
Brasil – Senta aí, Manara. Você se considera meu ami-
go?
Manara – Como amigo seu, quero falar duas coisas
procê. Primeiro, pega o Jalles e vai a São Paulo(...)
Jair – Não, isso eu já falei com ele. (Mais barulho).

Jairzinho conta que, como o governador chamou


Jalles e listou as empresas que tinham dívidas a rece-
ber em 98, segundo ele, era só chamar o pessoal e
cobrar a propina. E fala em Valdivino, da Associação
dos Empreiteiros.
Jair – O governador chamou ele(Jalles) e falou: quero
que você faça isso. Você chama o pessoal e eu vou
pagar 98, eu tô aqui com uma conta de 6 milhões e
tanto para pagar de campanha. Passou para ele as
contas(...) e disse: ‘ó, você paga o pessoal de 98, que
vem aqui pra receber e vai recebendo 25%(...)’ Isso

153
foi conversa do governador com ele. Ele chamou o
Valdivino (da AGE), certo..?
Brasil – O Valdivino tá recebendo um.
Jair – Não, tá recebendo um não. Tá recebendo de
várias pessoas. Pegou todo mundo que tinha crédito
alto lá... de verba de 98. Ligou pra cada um... Eu não
tinha visto o nome da Triunfo na lista. Eu falei: 'oha,
Jalles, a Triunfo eu sei que tem, posso falar com eles?
'Pode'. Aí eu liguei pro Dito, conversei com o Dito:
'pode pôr'. Depois, quando nós fomos chegar, na
hora que fui levantar, tava no nome da Queiroz, e a
Queiroz já estava na lista... do Jalles. Ele pegou todos
os créditos altos lá. Aí a Tratex não quis receber...a
Andrade Gutierrez não quis receber. Falou assim:
‘Não, nós não queremos receber para pagar 25%...’
Brasil – E eu aqui encarrascado(sic). Nós aqui pagan-
do 26%... Eu como subempreiteira. E tô com o papel
por escrito.(...)
(...) Então o governador mandou ele passar o dinhei-
ro...
Jair – O Valdivino ficou responsável por contactar
com as empresas e acertar isso. E a Triunfo, como eu
já tinha combinado com o Dito(...) Ali foi
operacionalizado, isso foi feito em três etapas, nós
inclusive fomos a segunda a receber. A primeira foi(...)
a Coesa, nós recebemos segundo... levantar esse di-
nheiro, passar para a Agetop, providenciar os contra-
tos todos(...) e pagar.

O lobista não se entende com o primo do secretário


Brasil – Jair, Jair, eu tô dizendo como amigo seu: pas-
sa pra ele esse dinheiro.
Jair – Eu não tenho que passar nada.
Brasil – Mas pode abrir mão.
Jair – Não posso abrir mão de um negócio que não é
meu.
Brasil – Então, pronto, acabou a conversa. Não cho-

154
ra depois, não.
Jair – Não, eu não, não tenho nada a ver com isso,
não.
Brasil – Você vai ver o tanto que vocês vão se ma-
chucar...
Jair – Eu? Eu não vou ser machucado... não tenho
nada a ver com isso não.
Manara – Só vou deixar bem claro: a Triunfo não tem
nada a ver com isso. Não tem não. Não tem.
Manara – Meu telefone o Chico tem, a hora que qui-
ser você me liga. Fala: 'Manara, vamos marcar a data,
a hora e local'...Não é isso? - Agora, se você quer
pagar pra ele...
Jair – Essa opção... Eu não quero nada...(...)

Em outro trecho, Jair volta a vincular propina com


caixa de campanha.
Jair – Ele tá pegando, passando para o governador, o
governador tá pagando as contas de campanhas, eu
não sei o que ele tá fazendo com o dinheiro, pra
mim eu não quero nem saber o que ele tá fazen-
do...(...)

A partir desse ponto, a conversa se torna repetitiva,


até que Jairzinho resolve ligar direto para Jalles. Ten-
ta primeiro o escritório e atende uma mulher cha-
mada Maria:
Jair – Qual é o celular dele? É o Jair, primo dele ( ele
repete o número em voz alta)

Jairzinho liga no celular. Jalles atende. A conversa


dura 2 minutos e 10 segundos
Jair – É o Jalles? Ô Jalles, tá bom? Beleza. Tudo tran-
qüilo? Tá aonde? Heim? Ah, de Catalão pra Goiânia.
Ah, de Bom Jesus pra Goiânia. Tá, né? Oh, Jalles,
deixa eu falar aqui. Eu tô com o Eduardo Manara, da
Triunfo, e tô com o Aniceto, ex-prefeito de Pontalina,

155
tô com o Brasil. É aquele problema que eu já tinha te
adiantado, você se lembra? Hem? Pois é, o Aniceto tá
falando aqui que esteve com você, que conversou
com você... Hem? Você não... Hã...É do Marconi. Sei...
Certo. É, né? Tá. Então tá bom. Não, ele quer marcar
pra entregar aqui semana que vem. Hem? Que dia
que você pode estar aqui? Hem? Tá. Como é que é?
Jair – Tá certo, então tá bom. Nada, um abraço, tchau.
Ele disse que o Marconi falou que esse dinheiro é
para entregar para o Marconi.
– Então vão marcar pra entregar pro Marconi.
– Esse dinheiro é... o Marconi é que está distribu-
indo.
– Então, entrega pro Marconi.
– Você marca pra entregar pro Marconi?
– Tá resolvido, não tá? (...)
– Quinta-feira, ele viaja para São Paulo, só volta
na outra quarta. Vamos combinar para quarta-feira.
Tem que marcar com o governador na quarta. Então
pode marcar para quarta-feira.

Barulhos diversos. A gravação fica inaudível. Termi-


na a reunião.
om.br
obrasil.c
www.radiokd
Audio no

Conclusão: Os nomes de Marconi e Jalles foram cita-


dos por mais de 70 vezes durante a conversa gravada. Al-
guém acredita que o Governador não estava envolvido?

156
No dia 21, pela quinta vez em dois anos, os transmis-
sores da Rádio K foram lacrados. Mais uma suspensão por
motivos “técnicos”. O fechamento durou sete dias. A Rá-
dio só foi reaberta depois de conseguir liminar na Justiça.

157
Julho do 2001
A mando do governador, um grupo de empresários
goianos procura Kajuru em São Paulo e tenta mais uma vez
comprar a Rádio K. Para se preservar, Kajuru exigiu que a
proposta fosse feita por escrito, em forma de minuta de
contrato. A proposta foi curiosa e inusitada:

1) Envolvendo as áreas já pertencentes à Rádio K e que


ficariam para Kajuru, os valores financeiros da proposta che-
gavam a 8 milhões de reais;

2) Os compradores ainda assumiriam todas as dívidas


existentes com quaisquer credores, inclusive de origem tra-
balhista, tributária, ou previdenciária, declaradas ou não;

3) Queriam comprar, em definitivo, a Rádio, (100%)


mas não abriam mão de continuar usando, no mínimo, por
seis meses, as marcas “K” e “Feras do Kajuru”;

4) E a parte inusitada: a cláusula sétima do contrato de


compra, assegurava a Kajuru, pelo período de três anos, a
contar da data da venda, o direito da recompra das ações
(99,34%) pelo mesmo valor do presente instrumento, cor-
rigidos pelo IGPM. No parágrafo primeiro dessa cláusula,
Kajuru poderia recomprar a Rádio três anos depois, pagan-
do apenas 500 mil reais de entrada e o restante em cin-
qüenta parcelas iguais e sucessivas; será que eles deixari-
am com Marconi reeleito?

5) Quando Kajuru fez a contraproposta de que fecha-


ria o negócio, desde que pudesse revelar todas as cláusulas
no ar, e que o jornalismo da emissora fosse comandado
por Marcelo Rezende, em substituição a Kajuru, que, por
sua vez, ficaria apenas na programação esportiva. Moral
da história: o grupo de empresários nunca mais falou sobre
o assunto.

158
6) Kajuru mostrou essa proposta aos amigos Juca Kfouri
e Juarez Soares. Jorcelino Braga foi testemunha do recebi-
mento da proposta pessoalmente em São Paulo na agência
FTPI, ao lado do sr. Rivas Rezende e da advogada dele,
Dra. Fátima.

159
160
161
OBS.: Kajuru reconheceu que os dois empresários foram pressionados
por Marconi, pois ambos, antes dessa proposta, fizeram empréstimos
decisivos à Kajuru para evitar a falência da emissora.
Ninguém ajudou mais Rádio K do que Odilon e Paulo. O Odilon, in-
clusive, dizia que aquilo era por amizade à família de sua esposa e para
existir pelo menos uma emissora independente em Goiás.
162
OBS.: No dia 5 de Julho, ao meio dia, uma quinta-feira, Kajuru revelou
a proposta recebida, ironizou Marconi perguntando como o Governo
devolveria os milhões aos empresários que jamais quiseram comprar a
Rádio. Até porque, se quisessem, comprariam por 1 milhão e meio no
máximo, mas nunca por 8 milhões.
Enquanto estiver vivo, não vendo a Rádio K para ninguém, só permi-
tirei arrendá-la para os próprios funcionários em 2003, se esse “Meni-
no Maluquinho” (Marconi) for reeleito. Porque aí não aguentarei en-
frentar, por mais 04 anos, esse Íris Jr.; Deus não vai permitir 20 anos de
coronéis.

Agosto de 2001
Em entrevista a programa da TV Brasil Central de
Goiânia (emissora estatal), o governador atacou Kajuru com
mentiras e sem nenhuma prova. Marconi achava, nesse dia,
que Kajuru já tivesse vendido a Rádio K para os empresári-
os. No dia seguinte, Kajuru pediu direito de resposta à emis-
sora, que, por sua vez, negou. Kajuru, então, foi à Justiça e
obteve liminar, na 12ª Vara Criminal de Goiás, para res-
ponder a Marconi no mesmo programa, mesmo horário,
na semana seguinte, pelo tempo de oito minutos e trinta
segundos. Assim se esperava que acontecesse. Kajuru lá
esteve, no dia 9. Dez minutos antes de começar o progra-
ma, chega uma liminar, concedida pelo Desembargador
Joaquim Henrique de Sá. O governador impedia, na Justi-
ça, o direito de resposta de Kajuru. Conclusão: Só restou a
Kajuru o direito de exibir, na Rádio K, o que falaria na tele-
visão. Em tempo: tal Desembargador foi nomeado por
Marconi, de quem é amigo pessoal.

163
Direito de resposta de Jorge Kajuru, no programa
Opinião e Debate, na TBC Cultura, concedido pelo juiz
Benedito do Prado, da 12ª Vara Criminal de Goiás,
e cassado no dia 09 de agosto, pelo desembargador
Joaquim Henrique de Sá.

Antes de tudo, minhas desculpas à


sociedade goiana. De minha parte, pre-
feria que, em Goiás, brigassem as idéias
e jamais os homens. A justiça só me con-
cedeu 8 minutos e 30 segundos, então,
vamos em frente, relatando começo, meio e fim:
1º) Senhor governador, há uma enorme diferen-
ça entre nós.
Senão vejamos, ouçamos e recordemos o mês
de outubro de 1998, segundo turno das eleições para
o governo de Goiás, precisamente dia 20 de outu-
bro... Eu, Jorge Kajuru, já tinha opinião formada a
seu respeito governador, na época, candidato.. Eu
tinha esta opinião, mesmo depois de ter sido muito
elogiado pelo senhor.

Veja, na página 26 do
Dossiê K, o depoimento
de Jorge Kajuru.

Eu não mudei de opinião, governador! Mas o


senhor, nesta mesma época, tinha opinião a meu
respeito e da Rádio K e falava assim no dia 6 de
outubro, após o primeiro turno, e antes de saber o
que eu pensava do senhor.

Veja, na página 16 do
Dossiê K, o depoimento
de Marconi Perillo.

164
Como o governador Marconi Perillo citou aqui,
neste programa, o nome de seu afilhado, amigo, e
meu funcionário há muitos anos, o repórter Cleuber
Carlos, aqui eu o convido para falar desse episódio
com as suas palavras e jamais as minhas, sobre a
proposta de R$ 150.000,00 em mídia para a Rádio
K. Eu não só recusei, como fui para o ar, no dia 09
de fevereiro de 2001, comentar publicamente sobre
a proposta. E Cleuber Carlos se lembra como isso
foi discutido no ar.

Veja, na página 113 do


Dossiê K, o depoimento
de Cleuber Carlos.

Três dias depois deste assunto ter sido discutido


publicamente na Rádio K, veio o dia 12 de fevereiro
de 1999 - o comentarista Martiniano Cavalcante fa-
zia questão de explicar no ar, por que os funcionári-
os da Rádio K não concordavam comigo, por recu-
sar mídia do governo, conforme já havia decidido,
também de forma pública, desde o governo PMDB
em agosto de 98.

Martiniano -
“o que nós pensa-
mos, os funcioná-
rios, é que deve-
mos aceitar a pu-
blicidade de um
governo ou de um
empresário, desde
Martiniano Cavalcante - comentarista que ela seja uma
político da Rádio K do Brasil
publicidade mera-
mente técnica. Agora, o mínimo de liberdade que
foi conquistada tem que ser mantido, e não é justo,

165
eu quero dizer isso ao ouvinte, é minha opinião,
não é justo que um veículo como a Rádio K, se
submeta a um espectro, sendo o veículo que tem a
maior participação em mídia particular aqui em
Goiás. Não é justo que a rádio K fique espremida,
sem poder usufruir de um mercado público, pas-
sando dificuldades que os outros não passam por-
que estão vendendo falcatruas, opiniões falsas etc..
nós temos que manter a dignidade.”

Governador, o senhor acha que alguém acre-


dita na chance de a Rádio K lhe pedir R$ 150.000,00
mensais de mídia, e o senhor recusar? Aqui estão
os documentos do tribunal de contas... O senhor já
pagou à imprensa, em 2 anos, mais de R$ 90 mi-
lhões... É recorde... E não pagaria 1,5 % do que
gasta por mês à Rádio K?
Sobre a venda da emissora:
1º) Não vendi a Rádio K (Anúncios DM , pági-
na ... do Dossiê da Mordaça)
2º) Não me ofereceram 5, e sim 8 milhões por
100% da Rádio, mas, como exigiram a minha saída
da emissora e o fim do jornalismo investigativo,
logicamente eu recusei a proposta.
Termino dizendo o seguinte: governador, nos-
sa vida na Rádio K é 100% aberta: Todos sabem
que o senhor nos levou à falência - fechou a Rádio
K cinco vezes, uma delas por 30 dias, tirou deze-
nas de nossos patrocinadores, e muito mais , sem
falar no pedido de cassação que o senhor fez em
Brasília.
Então, eu faço negócio de forma pública... Só
há duas cláusulas simples, morais e democráticas...
não muda nada no esporte, eu continuo no coman-
do e no jornalismo, Marcelo Rezende assume meu
lugar.

166
Deixo aqui, publicamente, uma minuta do úni-
co contrato que aceito negociar. É tão público que
até o senhor, governador, pode comprar, sem a ne-
cessidade de se esconder e mandar representantes
bem orientados.
E quanto a dizer, governador, que eu pedi algu-
mas vezes, encontro com o senhor. Proponho aos
seus amigos e auxiliares Paulo Beringhs, Floriano
Gomes e Lizandro Nogueira que contem publica-
mente o que foram fazer em São Paulo, no ano pas-
sado, levando inclusive o recado que o senhor esta-
va com o coração aberto e, caso não queiram con-
tar aqui, por favor, autorize que eu ponha no ar, a
fita gravada da nossa conversa...

Eu só peço que o senhor deixe a instituição Rá-


dio K em paz, concentre seus rancores na minha
pessoa - atinja ainda mais a mim... Processe-me pelo
que de fato penso e afirmo... Eu luto pela minha li-
berdade... O senhor luta por uma vaidade ferida...
Cuidado, Marconi! O seu governo poderá ser
tragado pelo turbilhão do tempo até que dele só
reste uma pálida reminiscência...
O que falei aqui, assim respondi no dia 6 de
julho passado, no ar pela Rádio K, um dia depois
que o Marconi aqui, neste programa.

Portanto, não preciso de dois anos e meio para


responder a ninguém.
Mas eu sei por que o senhor só veio me atacar
publicamente, dois anos e meio depois... Tudo foi
por causa dessa gravação com sua voz, que colo-
quei no ar, pela Rádio K , no dia 2 de julho, um dia
depois de saber que o senhor, mais uma vez, pro-
metia ao povo goiano, abrir seus sigilos, após de-
núncia de propina na ISTO É.

167
Marconi -” Com relação ao sigilo bancário, eu
não tenho a menor preocupação, queria até pedir
uma coisa aqui, pedir ao doutor Desmóstenes, que
traga hoje aos candidatos uma proposta de quebra
imediata de sigilo bancário meu, do senador, da
minha mulher, da mulher dele, dos nossos parentes
todos e também dos nossos assessores, porque mui-
tas vezes escondem maracutaias, corrupção com as-
sessores. Faça um favor a Goiás: peça a quebra dos
nossos sigilos bancários, para que Goiás não tenha
dúvida nenhuma com relação à evolução
patrimonial, eu também peço que quebre a evolu-
ção patrimonial e o sigilo bancário."
Por falta de tempo, nada mais devo falar. Só
pedir que o senhor cumpra agora o que prometeu,
há dois anos e meio, sobre os seus sigilos...

Boa noite, povo goiano!


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Audio no

168
No dia 14, pela segunda vez, Kajuru é convidado de Jô
Soares. Dessa vez, para seu programa na Rede Globo. Du-
rante a entrevista, Jô pergunta sobre a Rádio K. O jornalista
aproveita e pede publicamente a FHC que não permita mais,
em seu governo, punições à emissora. Jô brincou que, se o
presidente não estivesse viajando, poderia me ouvir.

Kajuru: A minha rádio foi tirada do ar 5 vezes, sabia


disso?

Jô: Não! Não sabia.


Kajuru: Meu querido presidente Fernando Henrique,
eu conheci o alfaiate do presidente Fernando
Henrique, aqui em São Paulo, eu era menino, o al-
faiate dele, o pai do jornalista Osmar de Oliveira.
Ele falava assim "- Kajuru, o Fernando Henrique é
um democrata. Grande homem." Ele botou, inclusi-
ve, o nome do neto de Fernando Henrique. Eu acre-
ditei, votei no presidente, democrata, tal...
Presidente não faz isso comigo, presidente, pelo
amor de Deus, cinco vezes a minha rádio já foi tira-
da do ar.
Jô: Mas tirou por quê? Comentários que você fez a
respeito do próprio presidente?

169
Kajuru: Comentários, denúncias... A Rádio faz de-
núncias. A Rádio faz um jornalismo muito forte.

Jô: Aí, pá... sai do ar?!


Kajuru: É ... A Rádio tem o Alexandre Garcia, tem o
Marcelo Rezende, e vai estrear agora o Ricardo
Boechat. Então, ela tem um jornalismo diário muito
forte, é só denúncia todo dia. Tudo embasado, do-
cumentado.

Jô: Quer dizer, denuncia, sai fora, denuncia , sai


fora...
Kajuru: É , tem sido assim. Mas não vai ser feito
assim mais não, né?!
Ainda mais depois desse pedido que eu fiz aqui,
público, né?!
O presidente está vendo o programa, o presidente
não vai tirar a Rádio K?

Jô: Aí, eu não sei, se ele estiver no Brasil, ele deve tá


assistindo...
(risadas)

170
Setembro de 2001
A Rádio K relembra, no ar, chamada com a voz do pró-
prio governador, prometendo 400 mil novos empregos em
quatro anos. Afinal, já se passavam três anos e o desempre-
go, em Goiás, era o maior de s ua história.

PROMESSA DE
EMPREGO

“Nós vamos, no go-


verno, no primeiro dia,
eu já vou mandar uma
mensagem à Assembléia
Legislativa, solicitando a
redução de 17 pra 12%,
o imposto do comercian-
te, do empresário, do in-
dustrial, e aí eu vou atin-
gir aquela meta de criar,
nos primeiros quatro me-
ses, 100 mil empregos
em Goiás e, ao longo de
quatro anos, 400 mil em-
pregos, vamos fazer isso
porque nós seremos cria-
tivos, nós faremos um go-
verno planejado e essa é,
sem dúvida alguma, a
principal meta, a princi-
pal ação para gerar em-
prego, renda e crescer a
arrecadação do Estado.”
om.br
obrasil.c
Evidentemente não foi cumprida. www.radiokd
Audio no

171
A Rádio K relembra, também, as promessas não cum-
pridas, com relação à redução de impostos e à segurança
pública.

PROMESSA
IMPOSTO

“O imposto de Goiás é o
mais caro do Brasil, é o mais
vergonhoso do Brasil, e eu, no
primeiro dia, vou enviar uma
mensagem para a Assembléia
reduzindo o imposto da ener-
gia, da água, da gasolina, do
gás de cozinha, porque isso é
cidadania, esse é um compro-
misso que eu assumo aqui. Eu
vou acabar com essa indecên-
cia, se Deus quiser.”

PROMESSA
SEGURANÇA PÚBLICA

“Nós vamos ter uma atua-


ção decisiva, comprando veí-
culos, e, munições, armamen-
tos, e acima de tudo, pagando
bem o policial pra que ele
possa prestar um serviço de
qualidade, eficiente, reduzin-
do a taxa de crime em Goiás,
com o programa tolerância
zero com o crime.”
om.br
Ambas não foram cumpridas. obrasil.c
www.radiokd
Audio no

172
Outubro de 2001
O governador toma conhecimento do comentário pú-
blico que Kajuru fizera na Rádio K, informando à socieda-
de que estava se afastando da direção geral da emissora.
Cansado de tudo, Kajuru pedia, no ar, aos funcionários,
que tomassem conta da Rádio, mas que jamais vendessem
a opinião e linha editorial independente. Kajuru teria Mar-
celo Rezende na direção de jornalismo e, por sua vez, aban-
donaria os comentários políticos. Marconi Perillo procu-
rou Ronaldo Caiado e Jorcelino Braga, melhores amigos de
Kajuru, propôs uma reunião, onde queria dizer que ajuda-
ria a Rádio K no que fosse necessário. Kajuru aceitou a
reunião, pela primeira vez, para que ninguém em Goiás
nunca mais o culpasse pelo radicalismo de jamais ter
aceitado conversar. Mas Kajuru condicionou as presenças
de Marcelo Rezende e Edmo Pinheiro no encontro. Kajuru,
de forma objetiva, comunicou ao governador que, a partir
daquele momento, Marcelo Rezende e Jorcelino Braga to-
cariam a Rádio K. E que não tinha nada a dizer a Marconi,
exceto deixar claro que não aceitaria nenhum favor por
parte do governo. E que, se o governador quisesse mostrar
algum gesto de boa vontade para com a Rádio, que então
deixasse claro aos empresários de Goiás que não haveria
perseguição fiscal a quem desejasse anunciar na emissora.
Kajuru foi para o ar, contou tudo sobre a reunião e confir-
mou que ficaria muito surpreso, porém satisfeito, se, dessa
vez, o governador cumprisse sua parte. Marcelo Rezende
também relatou como foi a reunião e começou a trabalhar.
Durou pouco. Vinte e dois dias depois, estranhamente, a
Rede Globo pediu que Marcelo deixasse a Rádio, imedia-
tamente. Sem entender, o jornalista pediu explicações à
Globo. Ouviu apenas que era uma questão política. Moral
da história: Kajuru teve que voltar à direção da emissora e
continuar enfrentando a asfixia comercial, promovida por
Marconi, com a saída de anunciantes, em média, de cinco
por semana. E por que o governador não cumpriu a sua
parte? Simples: para ele, não bastava a saída de Kajuru do
173
jornalismo. Ele queria o fim das críticas a seu governo e o
início de uma relação semelhante ao que ocorre com o
restante da imprensa goiana. Ou seja, só falar bem de seu
governo. E Marcelo Rezende, como novo diretor de jorna-
lismo, jamais concordaria.

OBS.: Nas últimas páginas, o jornalista Marcelo Rezende opina sobre


os episódios e a relação com Marconi Perillo.

174
Novembro de 2001

O governador vai a São Paulo e se reúne, durante


uma hora, com Marcelo Carvalho, um dos dois donos da
Rede TV!, onde Kajuru trabalha. Acompanhado pelo em-
presário Laerte, dono do Guaraná Dolly, um dos maiores
anunciantes da Rede TV! e o mais novo investidor em
Goiás, onde monta uma fábrica de refrigerante. Na con-
versa, Marconi pede a Marcelo Carvalho que convença
Kajuru, seu funcionário, a vender a Rádio K. O compra-
dor seria Laerte e, caso ocorresse a venda, o governador
retiraria os mais de 30 processos contra o jornalista. Mar-
celo Carvalho, por sua vez, chamou Kajuru para uma reu-
nião, juntamente com Alberico Souza Cruz, superinten-
dente de jornalismo da Rede TV! Quando Marcelo ini-
ciou a conversa, relatando a proposta do governador, Al-
berico, irritado, pediu para encerrar o assunto, lamentou
que um dono de uma rede de televisão trouxesse um re-
cado como aquele, e completou: “O Kajuru não vai ven-
der a Rádio, nunca quis vender e manda esse governador
cuidar da vida dele”. Reunião terminada. Kajuru fez esse
relato, no ar, pela Rádio K.

OBS.: Em julho de 2.002, dia 03, Jorge Kajuru pediu demissão, no ar, da Rede TV. Como
Alberico Sousa Cruz não teve contrato renovado, Kajuru, solidário, decidiu sair junto.
Motivos de amizade e lealdade não faltavam, mas uma das maiores razões foi a postura
de Alberico neste episódio em que o dono da Rede TV queria convencer Kajuru a
vender a rádio K.

175
Dezembro de 2001
Com provas documentais e oficiais do Tribunal de Con-
tas do Estado, a Rádio K denuncia o maior escândalo de
gastos com propaganda pessoal da história dos governos
de Goiás. Marconi gastou, somente no ano de 2001, mais
de R$ 90 milhões em mídia. Kajuru, com os números ofici-
ais dos governos de São Paulo e Rio, provou, em compara-
ção, que Marconi gastara cinco vezes mais que Alckmin,
em São Paulo, e três vezes mais que Garotinho, no Rio,
candidato à presidência da República.
Até mesmo o Jornal “Oficial” O Popular, talvez por
descuido, publicou uma charge mostrando a verdadeira es-
tratégia do governo Marconi, na diferença do que gastava
com publicidade em comparação com saúde e educação.

Fonte: Jornal O Popular de 02/04/2002.

176
177
Janeiro de 2002
O governador resolve bancar cinco rádios goianas jun-
tas para a transmissão da Copa do Mundo: Anhanguera,
Brasil Central, Aliança, São Francisco e Pousada. O gover-
no desembolsa mais de 2 milhões de reais em compra dos
direitos e demais despesas na cobertura da Copa. Cada
emissora recebeu 404 mil reais. O objetivo era impedir a
Rádio K, em crise financeira, de transmitir o evento espor-
tivo mais importante. O governo já vinha repassando esses
valores as emissoras desde 2001.

178
179
A Rádio K denuncia e antecipa como serão os contra-
tos particulares de Marconi Perillo com os cantores serta-
nejos Leonardo, Zezé di Camargo e Luciano. Confirma os
valores de 5 milhões de reais para Leonardo e 4 milhões e
meio de reais para Zezé di Camargo e Luciano. A Rádio K
revela que os cantores farão shows nas festas pecuárias e,
de surpresa, terão que parar de cantar e chamar o governa-
dor ao palco, e, ainda, elogiá-lo como o melhor governa-
dor da história de Goiás ou o mais honesto.

LEONARDO

“Obrigado a vocês
por estarem aqui, tá, cur-
tindo o show, participan-
do dessa festa maravilho-
sa, e lembrando a vocês
que se eu estou aqui é
um presente do governa-
dor Marconi Perillo, que
mandou pra vocês aqui
o show, tá, essa festa ma-
ravilhosa. Tá bom? Bele-
za?”
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Audio no

OBS.: Mais à frente, na página 208, o tamanho do escandâlo de gastos


com outros cantores, pagos com dinheiro público, da Secretaria da
Agricultura. Fazia parte do Caixa de Campanha para a reeleição de
Marconi, com 02 anos de antecedência.

180
Fevereiro de 2002
Kajuru anuncia que a Rádio K cobrirá a Copa do Mun-
do, exclusivamente com dinheiro dos patrocinadores da
iniciativa privada e completará as despesas investindo 80%
de seus rendimentos na Rede TV!, por cinco meses. Termi-
nou dizendo que desafiava as outras emissoras goianas a
vender uma só cota de patrocínio da Copa, que viesse da
iniciativa privada e, não, dos cofres públicos, via Marconi.

Março de 2002
A Rádio K denuncia de uma reunião do governador
com prefeitos do PFL, realizada no Palácio. Um dos parti-
cipantes entregou à Rádio K uma fita, onde Marconi decla-
ra, sem constrangimentos, que seu governo precisa mesmo
gastar dinheiro com a comunicação. Surpreendentemente,
revelou aos prefeitos que, por causa desse dinheiro gasto
com a imprensa, ele liderava todas as pesquisas para a ree-
leição, contra seus adversários, na cidade de Goiânia. O
Ministério Público Federal iniciou investigações e concluiu
que a Justiça Eleitoral deveria punir Marconi. Por sua vez a
juíza, Dra. Carmecy apenas multou o Governador.

MARCONI

“Nós temos que ter dinheiro para comunica-


ção, todo mundo tem que ter sua mídia. Com
esse dinheiro, nós ganhamos; eu particurlamente
ganho dos dois principais adversários que falam
em ser candidato nas pesquisas aqui na cidade
de goiânia.”
.br
rasil.com
www.r adiokdob
Audio no
181
Abril de 2002
A Rádio K entrevista, ao vivo, Pedrinho Abrão, presi-
dente do PTB/GO, que confirma ter recebido duas propostas
escandalosas do cidadão Marconi Perillo. Com testemunho
de Ademir Lima, Pedrinho confirmou que realmente o go-
vernador lhe propôs comprar sua área valiosa da Avenida
Independência, avaliada em 3 milhões de reais, e ainda lhe
ofereceu o quanto fosse necessário para gastar com a elei-
ção de dois federais e quatro estaduais, por seu partido, o
PTB. Kajuru havia apresentado essa denúncia há 15 dias.
Com qual mágica Marconi teria 3 milhões.

PEDRINHO ABRÃO

Jorje Kajuru: ... Então, diante da luz da verdade, cha-


mada Rádio K em Goiás, e, diante dessas coisas
estarrecedoras que estão acontecendo em Goiás,
com o governador Marconi comprando tudo e to-
dos, é verdade ou mentira que o Marconi, ao con-
versar com você, há pouco tempo agora, me parece
que o encontro foi na sua residência, e eu já dei
essa informação aqui, por isso que eu tô perguntan-
do, já foi dada aqui no Tele-Kajuru Denúncia, ele
começou a conversa com você no “boa noite”, que-
rendo comprar sua área, valiosíssima, ali na Aveni-
da Independência, que já foi palco de comitê políti-
co, no “boa noite”, querendo comprar, perguntando
quanto você queria naquela área, e é verdade ou
mentira que ele disse a você, quanto que você e seu
partido precisavam de dinheiro, pra eleger quatro
deputados estaduais e dois federais, isso é mentira
minha?
Pedrinho Abrão: Não, não é não, é, foi colocado e
eu disse, bem claro, que, dentro das minhas empre-
sas, o faturamento delas em relação a governo esta-
dual, federal e municipal é de 0,0%, e que essa po-

182
sição eu não discutiria, e que eu discutiria a questão
de respaldo para os nossos candidatos, apoio políti-
co para os nossos candidatos, e ele disse: quanto
você precisa pra eleger quatro estadual e dois fede-
ral, eu disse que a minha discussão era política e,
não, dinheiro.
Jorje Kajuru: ... Aliás, me permita uma curiosidade,
Pedrinho Abrão, aquela área sua, na Avenida Inde-
pendência, está avaliada em quanto? Se você pode
me dizer isso publicamente.
Pedrinho Abrão: Ah, não tenho noção porque não
existe interesse em vendê-la né, Kajuru?
Jorje Kajuru: ... Mas, é uma área valiosíssima ali?
Pedrinho Abrão: É uma área grande, né , é um área....
Jorje Kajuru: ... Alguém aí no fundo cochichou, se
você não tem noção do que vale, se você não tem,
como é que eu vô tê? Como é que o Martiniano vai
tê? Você não tem noção de quanto vale?
Pedrinho Abrão: Vale em torno de três, quatro mi-
lhões de reais.
Jorje Kajuru: ... Três, quatro milhões de reais. É ver-
dade ou mentira que você tem testemunha dessa
conversa com o Marconi?
Pedrinho Abrão: Tenho, tenho testemunha, sim, ti-
nha uma pessoa presente do meu lado, que você
conhece bem.
Jorje Kajuru: ... Essa pessoa é o Ademir Lima?
Pedrinho Abrão: Exatamente.
Jorje Kajuru: ... É ela?
Pedrinho Abrão: Ademir Lima estava do meu lado.

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Audio no

A Rádio K denuncia, com provas documentais, mais


um escândalo na Secretaria da Saúde, com mais de 30 mi-
lhões de reais gastos em compras superfaturadas de remé-
dios, comandadas pelo primo do governador, Sr. Marcelo
Perillo.
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Maio de 2002
As emissoras de rádio bancadas pelo governo viajam
para a Copa, anunciando apenas dois patrocinadores: o
Governo de Goiás e a Prefeitura de Goiânia.

Por sua vez, a Rádio K também viaja, anunciando o


patrocínio de onze empresas privadas, com destaque para
o Bradesco, a Nestlé e a Universidade Salgado de Oliveira.
A Rádio K obteve os maiores índices de audiência durante
a Copa, com média mínima de 85% dos rádios ligados, e
ainda foi a única rádio brasileira que transmitiu a Copa
durante 24 horas por dia e todos os jogos ao vivo. Ainda
contou com a ajuda financeira de José Luiz Datena, em
R$ 50.000,00, além de seus comentários, ao lado de
Sócrates, diariamente.

A Rádio K denuncia, com documentos do Diário Ofi-


cial, as dezenas de contratos, envolvendo superfaturamento
de veículos de comunicação, completamente desconheci-
dos da sociedade. O governo paga a essas empresas valo-
res fora da realidade do mercado de mídia. Nenhuma dúvi-
da: o caixa de campanha seguia o fluxo.

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OBS.: Aqui, o curioso fica por conta do valor pago pela missa transmi-
tida, via canal fechado, só para Goiânia.

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A Rádio K denuncia relatório do Ministério Público,
que revela: o dinheiro que o governo Marconi arrecada
com infrações de trânsito não está sendo aplicado na edu-
cação de motoristas e pedestres, conforme manda o Códi-
go Nacional de Trânsito. O escândalo é maior ainda ao se
constatar que esse dinheiro está sendo usado em shows
sertanejos.

Na Assembléia, os deputados estaduais fizeram uma


intensa discussão em relação aos gastos milionários do go-
vernador, em cachês para cantores sertanejos. Um dos de-
putados aliados de Marconi, delegado Rosiron Wayne, sol-
tou uma preciosidade em plenário: para defender os gastos
de seu governador, Rosiron bradou: “O governador está
certo, o povo precisa desse tipo de show, e essas músicas
sertanejas servem para reconciliar casais”.

Shows Contratados por Marconi, no dia 4 de Julho de


2002 e publicados no Diário oficial / GO nº 18.942, do
dia 5 de Julho de 2002. Shows pagos pela Secretaria de
Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Goiás.

207
Alex, Fernando e Banda R$ 1.000,00

André & Andrade R$ 20.000,00

Banda Átima R$ 7.500,00

Banda Êxtase R$ 1.000,00

Banda Tennessee R$ 15.000,00

Bruno & Marrone R$ 625.000,00

Chico Rey e Paraná R$ 300.000,00

Clayton Lemos e Romário R$ 12.000,00

Elvis & Ricardo R$ 70.000,00


R$ 40.000,00
R$ 600.000,00

Elivelton, Júlio César, Sanfoneiro


Moacir e sua Banda R$ 12.000,00

Gino & Geno R$ 150.000,00

Geovana Texas R$ 4.000,00

João Marcos & Dejair R$ 25.000,00

Juca e Jeca R$ 12.000,00

Leo & Leo R$ 9.000,00

Marcos e Rodrigo R$ 17.500,00

Ouro Negro e Dorivan R$ 27.000,00

Racyne & Rafael R$ 60.000,00


R$ 50.000,00

Thalles & Blenner R$ 25.000,00

Trio Alto Astral R$ 12.000,00

Zabumba Beach R$ 15.000,00

TOTAL R$ 2.110.000,00

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Em almoço no Palácio, nove dirigentes do futebol
goiano receberam do governo um patrocínio de um milhão
e duzentos reais para ajuda de custo na disputa do Campe-
onato Goiano. Durante a conversa, um dirigente começou
a falar sobre Kajuru. O governador, sem constrangimentos,
na frente de todos, disparou: “Várias pessoas ligadas a mim
estão me procurando para matar o Kajuru, mas agora eu
acho que não compensa matá-lo”. Dos nove cartolas, dois
deles tiveram a coragem de, pelo menos, revelar tudo ao
Kajuru, por telefone. Como os dois jamais quiseram ser iden-
tificados, com o natural medo de perseguição, José Luiz
Datena e Jorge Kajuru decidiram contar todo esse triste epi-
sódio no ar, durante o programa “Datena Repórter Cida-
dão”, pela Rede TV! Para não serem identificadas, as vozes
dos dois dirigentes foram distorcidas.

217
PROGRAMA DATENA REPÓRTER CIDADÃO – REDE TV
DIA 23/05/2002

Datena: “Olha, eu falava sobre a morte de jornalis-


tas do mundo inteiro e aqui no Brasil, eu pensava
que isso não acontecesse mais, não é? Mas teve uma
reunião em Goiânia anteontem, com clubes de fute-
bol e o governador de Goiás; e o governador confir-
mou ter recebido propostas de pessoas que queri-
am matar o Jorge Kajuru. Jorge Kajuru, que conheço
desde menino e luta pela verdade. Eu tentei entrar
em contato com o governador e não consegui. Uma
pessoa que estava nessa reunião deu a seguinte de-
claração:

(GRAVAÇÃO DA TESTEMUNHA)
“Várias pessoas ligadas a ele já pediram para aca-
bar com você, te matar e tal... que ele não ia perder
tempo em fazer isso, não, que hoje não compensa-
va”.

E tem outro depoimento. Depois eu quero depoi-


mento do Marcelo Rezende! Estamos à disposição
da assessoria do governador para falar sobre isso.
Me parece o primeiro ponto dessa questão é que o
governador deveria ter chamado a polícia e dito que
alguém estava se apresentando e propondo matar o
Jorge Kajuru. Me parece uma coisa lógica. Estou
atrás do governador, mas, até agora, não obtive res-
posta.

E tem outro depoimento também, vamos ouvir:

(GRAVAÇÃO DA TESTEMUNHA)
“ ...ele disse que não gosta de você, você não gosta
dele, que o problema é o seguinte, já procuraram
ele oferecendo para matar você.”

218
Datena: “Kajuru, você conversou com essas pesso-
as ontem? Traz o Jorge Kajuru aqui.”

Kajuru: “Antes de ontem, Datena, eu conversei com


essas duas pessoas e, evidentemente, elas tem o mes-
mo medo que eu tenho. Eu sou filho único e tenho
uma mãe para cuidar. Essa não foi a primeira vez
que aconteceu, e, infelizmente, depois da primeira
vez que meus amigos, Juca Kfouri e Marcelo Rezende
,tentaram conversar com o Governador Marconi
Perillo a respeito da liberdade de imprensa da Rádio
K, porque ele prometeu em campanha que a im-
prensa seria livre em Goiás. Eu fiquei assustado com
o que ele disse aos meus dois colegas e passei a
tomar providências.“

Datena: “Marcelo, você chegou a ter contato com o


Governador lá em Goiás?”

Marcelo Rezende: “Tudo bem, boa noite! Eu estive


com o governador duas vezes. Eu venho aqui como
testemunha. Encontrei o Governador Marconi Perillo
no Hotel Deville aqui em São Paulo, eu, Juca Kfouri
e Estepham Nercessian, e, no final do nosso encon-
tro, que era uma tentativa de conciliação entre o
Marconi Perillo e o nosso amigo Jorge Kajuru... Na-
quele momento, ao final do encontro, o governador
disse o seguinte: ´se eu não fosse cristão, eu daria
140 tiros na cara do Kajuru`. Nós nos apavoramos
com aquilo e, agora, quando surgiu novamente esse
assunto, eu disse para o Kajuru: Tenta colocar isso
no ar em rede, porque é a maneira de você se salvar,
escapar de um atentado. Eu não estou dizendo que
este atentado seja feito pelo governador Marconi
Perillo.”

219
Datena: “Mas não é isso. O governador, segundo eu
entendi... ele disse que foi procurado por pessoas
que se dispuseram a matar o Kajuru, é isso que me
deixa preocupado. Nós não podemos viver num país
de jagunços. Nós já estamos em 2001. Mas isso é
brincadeira, estamos no século XXl.”

Kajuru: “O que me preocupa, o Marcelo sabe disso,


e é por isso que estou em São Paulo, que com a
minha ex-esposa aconteceu um fato. Eu estava nas
Olimpíadas com o Juarez Suares, na cidade de
Golden Coast, quando, por volta das 10h30 da noi-
te, na Avenida 83, em frente a uma farmácia, pega-
ram minha ex-esposa e deixaram claro a ela que, se
eu não fosse embora de Goiás, eles iriam matá-la.
Eu, inclusive, estou dizendo ex-esposa, porque tive
que me separar, renunciar, porque ela, a família e eu
ficamos com medo. Eu tenho medo desse senhor.
Não estou acusando. Eu gostaria que ele avisasse à
polícia que pessoas são essas que se ofereceram para
me matar, para agradá-lo, e ele não tomou nenhu-
ma providência. O que é isso?”

Datena: “Seria o mínimo de se esperar da maior au-


toridade do governo goiano. Tentei conversar com
ele hoje e ontem também, e não obtivemos retor-
no.”

Marcelo Rezende: “A produção falou com dois as-


sessores diretos dele e eles disseram: ´já, já ele tele-
fona`. E ele não telefonou! E, por ser uma autorida-
de desse naipe, que tipo de gente é essa com quem
ele conversa? Como ele não denuncia, como maior
autoridade de um estado, ele tem uma notícia de
uma possibilidade de um crime e ele não denun-
cia.”

220
Datena: “Mas é a questão colocada desde o princí-
pio aqui. Como ele recebe uma proposta indecoro-
sa dessa, ele deveria procurar as autoridades, a polí-
cia civil, e falar: ´Um sujeito me procurou e ofere-
ceu pra matar o Kajuru por mim. Isso é o mínimo
que a gente espera... Mostrando quem são essas
pessoas que fizeram essas propostas.”

Kajuru: “É bom lembrar, Datena, que o Governador


sabe o por que a sua produção está tentando ouvi-
lo, porque, na Rádio K, eu também estou falando
sobre esse assunto desde ontem. Não é estranho ele
não querer atender o programa Datena Repórter Ci-
dadão, porque ele sabe o motivo.”

Datena: “Não atender o programa não é o proble-


ma. O problema é não querer atender a sociedade.
Não é para mim nem para o programa, tem que ser
discutido com a sociedade. A primeira providência
que ele deveria ter tomado era procurar a Polícia
Civil.”
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221
Julho de 2002
Aproveitando o fato de kajuru estar fora do vídeo em
São Paulo, ainda acertando sua saída da Rede TV!, por ter
pedido demissão, em solidariedade a Alberico Souza Cruz,
o que fez o governador de Goiás? Foi a Brasília, entrou
com uma representação processual, solicitando do minis-
tro das Comunicações, Juarez Quadros, a cassação, em
definitivo, da Rádio K, via decreto presidencial. E, ainda,
pediu sigilo de todas as suas acusações no referido proces-
so. Também exibiu cópia dos 34 processos que, pessoal-
mente, move contra Kajuru. Enfim, são 670 páginas, com o
governador relatando tudo o que, para ele, aconteceu nes-
ses quatro anos, suficientes, perante seu julgamento, para
cassar uma emissora de rádio, pela primeira vez, neste país.

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Durante esse período de quatro anos, ainda poderia se
falar de casos e escândalos, como:

A) O caso Uni-Rio e a CELG. Foi feito pagamento adi-


antado. Até hoje, a CELG não conseguiu provar que obte-
ve benefícios, e o Tribunal julgou o contrato como irregu-
lar.

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CASO – UNI-RIO
O que você vai ler agora é revoltante.

Setembro de 2000 – A revista Isto É denuncia des-


vio de dinheiro na CELG.
Março de 2002 – O jornal nacional denuncia: uma
investigação do Ministério Público do Rio levantou
indícios de que uma fundação sem fins lucrativos,
está, usando o nome de uma Universidade Federal
para arrecadar milhões de reais.

PRÓ-UNIRIO é uma fundação sem fins lucrativos,


que teria como finalidade apoiar o ensino e a pes-
quisa da UNIRIO, usando o nome da universidade,
a fundação controlada pela família Manzolilo firma-
va convênios com o poder público em vários esta-
dos do Brasil.

Em Maio de 2000 – A CELG contrata sem licitação a


fundação PRÓ-UNIRIO, que recebe quatro milhões
e quatrocentos e cinquenta e sete mil reais com um
serviço que não era sua especialidade. O pior, o
serviço nunca foi realizado, o dinheiro segundo a
imprensa nacional, foi desviado para a campanha
do PSDB em Goiânia.
O Ministério Público passa a investigar a denúncia
e quebra o sigilo fiscal e bancário dos diretores da
CELG. O tribunal de contas do Estado conclui que o
contrato CELG/FUNDAÇÃO PRO-UNIRIO é uma
fraude.

Agora você vai conhecer a verdade do caso CELG/


PRÓ-UNIRIO.

231
Entrevistamos, em Copacabana, no Rio de Janeiro,
em um hotel, uma testemunha-chave. Uma pessoa
que sabe exatamente como funcionou todo o es-
quema da fraude envolvendo a CELG e a fundação
PRO-UNIRIO, fraude essa de 4 milhões e meio de
reais. E vocês vão descobrir que isso foi apenas o
começo, porque essa fraude poderia ter sido muito
maior. Dona Rita – gerente de documentação téc-
nica de projetos da UNIRIO:

Dona Rita – Exatamente o quê a senhora fazia na


fundação PRÓ-UNIRIO?
“ Eu era gerente de documentação técnica de proje-
tos.”

A senhora era funcionária da Fundação PRÓ-


UNIRIO?
“Empregada contratada com carteira assinada.”

É aqui que a senhora trabalhava?


“É, eu trabalhava na época em 2000 na Fundação
PRÓ-UNIRIO, no terceiro andar”.

O que a senhora sabe exatamente sobre essa frau-


de de 4 milhões e meio de reais que saíram do Esta-
do de Goiás pela companhia de eletricidade, a
CELG, e vieram para o rio de janeiro?
“Foi assinado, em 22 de maio, um contrato entre a
CELG e a fundação PRÓ-UNIRIO para recuperação
tributária. Em 5 de setembro, foi transferida para
conta bancária da PRÓ-UNIRIO uma importância
de quatro milhões e meio para a agência do Banco
do Brasil da Praça da Bandeira, número da conta:
48322-2 favorecendo a PRÓ-UNIRIO, com nota fis-
cal em nome da PRÓ-UNIRIO. Foi pago esse valor
pelos serviços que teriam sido prestados”.

232
A fundação PRÓ-UNIRIO tem competência para
fazer um trabalho pelo qual foi contratado?
“Não, inclusive esse foi o primeiro trabalho nessa
área que a PRÓ-UNIRIO assinou um contrato.”

E o trabalho foi executado?


“Que eu tenha conhecimento, não, porque não re-
cebemos os relatórios finais do contrato”.

E nesse golpe, todos os vários documentos têm a


assinatura do Governador Marconi Perillo, não é
verdade?
“Tem a autorização dele, pra confecção desse con-
trato, tanto desse, como com outras companhias ,
que não foram realizados”.

Por que a senhora acha que só foi realizado o


contrato com a CELG, desde que nos temos aqui
em documento mais de dez empresas oficiais do
Estado de Goiás, solicitando o mesmo tipo de con-
trato?
“Eu acredito que porque, uma semana após o rece-
bimento desse dinheiro, houve a denúncia, e então,
os outros processos não tiveram andamento, nem
tampouco o restante ,se eu não me engano, de seis
milhões, por aí, que ,segundo o contrato, a CELG
ainda deveria pagar à PRÓ-UNIRIO”.

Se não tivesse havido essa denúncia, qual seria o


montante financeiro desse golpe?
“Não dá pra prever, não dá pra dizer, é muito di-
nheiro.”

Qual o esquema de distribuição desse dinheiro e


como parte dessa fraude retorna para Goiás?
“De acordo com o contrato, ele teria que vir para a

233
PRÓ-UNIRIO, a taxa que cabia pra PRÓ-UNIRIO e
a PRÓ-UNIRIO fazer o repasse, o pagamento à em-
presa Novafase, por ter realizado o trabalho. Só que
isso não foi feito, a PRÓ-UNIRIO repassou três mi-
lhões e oitocentos e noventa e um, no dia 6 de
setembro, por intermédio para o IBDU; o dinheiro
sairia da CELG, viria para a conta da PRÓ-UNIRIO
e da PRÓ-UNIRIO, ia para um instituto, para esse
instituto, então, movimentar e repassar o dinheiro
novamente para o estado de Goiás.”

E foi nessa agência do Banco do Brasil, no Rio de


Janeiro, na praça da Bandeira que a CELG deposi-
tou os 4 milhões e meio favorecendo a fundação
PRÓ-UNIRIO não é isso?
“Exatamente, é nessa agência que a PRÓ-UNIRIO
mantinha conta e que recebeu o dinheiro vindo da
CELG. Na própria agência, ele foi dolarizado, esse
dinheiro foi levado para o aeroporto de Jacarepaguá,
e lá foi entregue em maleta, em maletas tipo 007,
entregue para um representante do governo de
Goiás.”

Após sacado e dolarizado, o dinheiro do escândalo


do caso CELG/FUNDAÇÃO PRÓ-UNIRIO veio para
esse aeroporto numa mala e foi entregue a um re-
presentante do governo do estado de Goiás, repre-
sentante esse que veio para o Rio de Janeiro com
um avião do próprio Governo do Estado, é isso
Dona Rita?
“É isso, confirmado, aqui que foi entregue a mala
para o representante do Governo de Goiás.”

Qual o destino do dinheiro?


“ Para a campanha da senhora Lúcia Vânia.”

234
Se a senhora for chamada pelo Ministério Público
para depor, a senhora reafirma tudo que esta di-
zendo aqui agora nesse momento?
“Reafirmo e falo a verdade, o que eu sei e o que
aconteceu.”

Depois dessas denúncias, a senhora tem medo que


lhe aconteça alguma coisa, medo de algum tipo de
represália?
“Tenho muito medo.”

Medo de quê, exatamente?


“Tenho medo de ser perseguida, porque o pessoal é
barra pesada, é um pessoal realmente que tem
envolvimento com outros políticos, com outras pes-
soas e eu não sei o que poderia acontecer, realmen-
te me sinto muito insegura daqui pra frente.”

A senhora sente medo pela sua vida?


“Sinto.”
r
sil.com.b
iokdobra
www.rad
Audio no

OBS.: Na última semana de setembro, a Revista “Carta Capital” trouxe


uma reportagem completa sobre o esse escândalo.

235
B) A propaganda pessoal do Cheque-Moradia, onde o
governador colocou sua assinatura pessoal no impresso,
com o abuso de propaganda extemporânea.

C) A farsa de uma delegacia (CIOPS), inaugurada por


Marconi e desmascarada pelo Jornal Nacional da “Rede
Globo”. O apresentador William Bonner não conseguiu fi-
car sério ao contar que, depois da festa de inauguração,
não havia mais nada, nem os equipamentos e ninguém no
local para atender os problemas da população.

D) O famoso roubo de energia, “gato”, em uma fazen-


da de propriedade da cunhada do governador, na cidade
de Pirenópolis. Houve flagrante do funcionário de plantão
da CELG, quando o “gato” foi feito, ou seja, não pagavam
energia havia quatro meses. O funcionário, perseguido, foi
transferido para a distante cidade de Águas Lindas.

E) Os cinco funcionários que deixaram a Rádio K, em


2001, recebendo propostas milionárias, com luvas de até
R$ 180.000,00, completamente fora da realidade de mer-
cado até em São Paulo. Tudo patrocinado pelo governo
Marconi, que considerava uma boa tática para reduzir a
massacrante audiência da emissora. O valor de 180 foi pago
ao locutor Edson Rodrigues. O contrato era tão político que
encerra no dia 31/12/2002, ou seja, até no fim do governo.
Fazendo justiça, Edson Rodrigues foi o único que deixou a
Rádio K sem pedir 01 centavo de recisão. Outros foram
covardes, entraram na Justiça (Como José Carlos Lopes,
Karina Bittencourt e Eutália Franco) e queriam fortuna.
Roberto Sampaio não entrou, mas pediu muito pelo acerto.
Lopes, pelo menos, fez razoável acordo na Justiça. Por par-
te de Kajuru, não ficou mágoa. Só decepção.

236
Agosto 2002
Após essa absurda, ditatorial e criminosa legislação
eleitora em vigor, Jorge Kajuru decidiu sair do ar até o final
das eleições. Como cidadão, Jorge Kajuru gravou depoi-
mentos aos partidos políticos PMDB e PT, para serem vei-
culados em comícios e serviços de alto-falante, para alertar
a população sobre o que a imprensa goiana (bem paga)
esconde.

237
238
239
240
241
Setembro 2002
Aqui, os depoimentos de Jorge Kajuru, ao vivo, pela
na Rádio K, nos quais são relatados assuntos pessoais, edi-
torial, esclarecimentos e chamada de alerta e orientação
aos eleitores:

1ª) EDITORIAL

BG... (Música “Depende de Nós”, de Ivan Lins)

“Depende de nós, se este mundo ainda tem jeito,


apesar do que o homem tem feito.”

Kajuru: “ Meus amigos, minha gente, ter conhecido


em São Paulo, o inigualável jornalista brasileiro Mino
Carta, estar convivendo e lendo Mino e sua Carta
Capital, ter sido homenageado pela revista do dia
19 de dezembro do ano passado, com a foto capital
da última página... tudo, cada vez mais, parece ser
pós-graduação para mim, em dois anos de exílio.
Rádio K, esse meu sonho, esse meu filho, a emissora
que só denuncia e persegue os corruptos. Que defi-
nição definitiva! Que achado para qualificar a Rá-
dio K!
Na verdade, seguimos com o mínimo de combustí-
vel e o máximo de coragem e independência. Resis-
tir é preciso.
Pagamos caro por não engajar na mais antiga profis-
são do mundo: a da prostituição de idéias e informa-
ções, em que se transformou a maioria da nossa ine-
fável imprensa goiana. E, aqui, a prostituição é sem
menosprezo algum àquelas que exercem verdadei-
ramente esse ofício.
Nossa missão insiste em fiscalizar o poder, onde quer
que ele se manifeste. Somos responsáveis pelas mais

242
graves denúncias políticas de dois governos diferen-
tes em 5 anos de nossa existência como rádio. Nem
os advogados, tampouco os acusados, conseguiram
nos desmentir em nenhum dos escândalos aqui re-
velados.
O povo goiano, em sua maioria absoluta, é do bem,
sabe que aqueles de bens vão passar, e sempre fica-
rá a nossa confiança na dimensão e potencialidade
do Estado de Goiás, que transcendem as mazelas do
poder contingente.”

BG......( Música Apesar de Você, de Chico Buarque)

“ Apesar de você, amanhã há de ser outro dia. Eu


pergunto a você, onde vai se esconder da enorme
euforia... como vai proibir quando o galo insistir em
cantar...”

Kajuru: “ Apesar de tudo, vamos respirando, porque


temos oxigênio de orgulho por vocês, ouvintes, por
vocês, patrocinadores, por vocês, funcionários e ami-
gos, que seguem a nos motivar. Não sabemos o quan-
to mais suportaremos fisicamente e financeiramen-
te.
Nós podemos perder tudo, como já perdemos qua-
se, mas jamais iremos perder a sua confiança, a sua
audiência, a sua amizade. E de nossa parte, a nossa
diginidade.
Muito obrigado, e a minha volta só depende de você
e de mais ninguém. “

BG ....( Música de Geraldo Azevedo)

“ Eu não estou indo embora, estou só preparando a


hora de voltar.”
om.br
obrasil.c
www.radiokd
Audio no

243
2ª) ALERTA

Kajuru: “Estou aqui como cidadão, eleitor e jornalis-


ta. Votar, você vota em quem você quiser. Não se
influencie por ninguém, o voto é seu, mas a Rádio K
tem a obrigação de fazer um pedido a você. Mais
um alerta! Uma campanha contra a mentira nessas
eleições. Tome cuidado eleitor com a mentira, espe-
cialmente nessas eleições. Preste bem atenção. Veja
na televisão o nariz dos candidatos! Veja aquele na-
riz que vai aumentando todo dia, a cada promessa, a
cada palavra, como um Pinóquio, não deixe ser en-
ganado. O candidato que mente é capaz de tudo, de
roubar, de qualquer coisa, a mentira é feia, é peca-
do, na Bíblia, João, 8, v.44, falando o que pensava
Jesus, tá claro: diz que a mentira é tão feia que o
diabo é o pai da mentira. Veja bem, o diabo é o pai
da mentira, ninguém tem o direito de mentir para
você, prometer para te fazer de bobo, chegar ao po-
der, se enriquecer nas suas costas, aproveitando da
sua boa fé, da sua boa vontade. Esteja atento eleitor,
quem é mentiroso não merece o seu voto. Uma cam-
panha da Rádio K.”

Spot Comercial Gratuito

“Diga não à corrupção! Você sabia que o candidato


não pode oferecer nada ao eleitor em troca do voto?
Não pode oferecer comida, cesta básica, par de ócu-
los, dinheiro, nem dar transporte na hora da vota-
ção? O candidato que faz isso, não pode concorrer a
eleição. Isso é lei. Procure a OAB de sua cidade e
denuncie, e de qualquer maneira, quem pode confi-
ar num candidato que compra votos? Vote limpo em
2002. Uma campanha Transparência Brasil.
www.transparência.org.br”

244
Kajuru : “É verdade, quem tenta comprar o seu voto,
quer comprar a sua dignidade, principalmente, por-
que a dele já se foi a muito tempo.”

om.br
obrasil.c
www.radiokd
Audio no

3ª) ESCLARECIMENTO

Kajuru: “ Meus amigos, minha gente, ouvinte K, nos-


so patrão, nosso único censor. Realmente, pretendo
que seja esse esclarecimento definitivo, muito mais
do que importante.
Ainda não voltei, pra valer, ao microfone da Rádio K
por duas razões simples: a primeira, por questão de
saúde. Eu só vou ter alta pela Drª Angelita no dia 23,
uma segunda-feira. Seria dia 18, mas ela entende que
eu preciso de uma recuperação maior. Até que real-
mente não haja mais nenhum tipo de risco no pro-
blema que sofri e, na cirurgia a que me submeti, aqui
em São Paulo. Então, só no próximo dia 23 de Se-
tembro, uma segunda-feira, vou estar pronto para o
trabalho, em alta médica. E é exatamente, no dia que
começarei a trabalhar na Rede Cultura de Televisão.
Também voltarei a escrever no Jornal O Lance, e,
nesse dia, talvez, volte diariamente ao microfone es-
portivo da Rádio K, já que, no jornalismo, não tenho
como falar, você não pode falar pela nova legislação
eleitoral e ainda mais na Rádio K! Qualquer pergun-
ta minha é mal interpretada e lá vem punição, lá
vem suspensão. Enfim, é melhor, durante as eleições,
ficar calado como quer a justiça, e como tem sido
em Goiás ultimamente e, infelizmente, aí não por
causa da justiça, e todo mundo sabe por causa de
quê e de quem. E, paralelamente, a outra razão sim-

245
ples é essa: É saber se eu vou ter motivação, vontade
de voltar, enfim, saber o que vai acontecer em Goiás,
o que vai acontecer com a Rádio K, que vive uma
situação muito difícil, muito humilhante, com novas
e covardes perseguições, uma situação financeira das
piores que sofremos, nesses quatro anos, superior até
àquela de 1998, na Copa do Mundo da França. Essa
é a verdade! Mas, a gente sempre saiu de todas de
cabeça erguida, com muita honradez, com muita dig-
nidade. Estamos tentando sair dessa. Tá muito difí-
cil, por isso, essa é a outra razão. Não sei o que vai
ser da minha vida, e propriamente o que vai ser da
vida da Rádio K.
Mas, esse esclarecimento é definitivo e importante
por alguns motivos. Eu, quando voltar, no dia 23, eu
vou falar muita coisa, tenho muitos agradecimentos
a fazer sobre tudo o que aconteceu com a minha
carreira, nesse período, e especialmente com a mi-
nha doença, onde tenho muita coisa para falar, e tem
muita gente para ser citada em tudo o que aconteceu
comigo. Mas hoje aqui nesse esclarecimento, eu pre-
tendo ser breve, e é por se tratar de um assunto que
aconteceu, nas últimas 24 horas, que eu nem redigi
o que estou falando aqui. Quero falar do coração e
da minha alma. Não redigi nada. Tô aqui de impro-
viso conversando com vocês.
Todo mundo sabe, em Goiás, e porque não no Brasil
inteiro, porque agora houve um exemplo brasileiro,
eu nunca aceitei participar de campanha política de
ninguém, de forma direta, ou seja, botando a minha
cara no dia a dia do horário de rádio e televisão.
Nunca, em minha carreira, eu aceitei. Continuo vir-
gem, politicamente falando, em horário de rádio e
televisão. Nunca fiz isso por dinheiro nenhum. Se
quisesse agora faria nacionalmente; eu fui convida-
do para ser o âncora nacional, em todo o Brasil, na

246
campanha de José Serra! Os jornais do Rio e São
Paulo noticiaram e, inclusive, publicaram a minha
declaração, a minha resposta à proposta que o pu-
blicitário Nizan Guanaes me fez. Eu fui o escolhido
do Nizan Guanaes, ele não queria mais ninguém.
Queria apenas eu, Kajuru, ancorando o horário do
José Serra na Televisão e no Rádio. Evidente que Gugu
continuaria porque é cem mil vezes mais importan-
te que eu, mas o âncora, o apresentador do progra-
ma seria eu, a proposta foi me feita no valor de R$
1.200.000,00 pagos à vista! Enfim, durante uma se-
mana, conversamos sobre o assunto e eu declarei
aos jornais, à Folha de São Paulo publicou a minha
declaração na íntegra, na época, de que eu não acei-
tava pelos seguintes motivos:
1 – Eu não concordaria em fazer nenhuma crítica ao
meu amigo Lula do PT, candidato à presidência da
república. Meu amigo e meu candidato, sempre foi
e sempre será. È meu amigo pessoal. Essa foi a pri-
meira discordância minha que a campanha do Serra
já não gostou.
2 – Eu não aceitaria fazer parte de resposta todo dia,
essa baixaria contra o Ciro Gomes, não sou amigo
do Ciro, jamais vou votar no Ciro nessas eleições.
Mas não queria participar.
3 – Essa foi decisiva para a coordenação da campa-
nha de José Serra evidentemente não me querer. Eu
fiz, exatamente sabendo que na campanha do Serra
ninguém iria aceitar essas minhas exigências. Eu não
aceitaria falar bem do Governo Fernando Henrique,
porque foi um Governo de quem eu sempre falei
mal. Eu não poderia aparecer para todo o Brasil, ago-
ra, numa campanha política falando bem do Gover-
no do Fernando Henrique, então, a única coisa que
aceitaria para fazer esse horário do Serra, seria ape-
nas se fosse para falar das qualidades do candidato

247
José Serra, que tem qualidades indiscutíveis. Mas,
evidentemente, eu gostaria de saber antes o que eu
teria de falar, se eu não concordasse, eu não grava-
ria. É claro que a campanha não concordou. Então,
eu não aceitei nenhuma campanha nacional como
essa de José Serra, repito o valor R$1.200.000,00 (um
milhão e duzentos mil reais).
Em Goiás, evidente que eu não aceitei até hoje fazer
campanha de ninguém. Aparecer na campanha de
rádio e televisão por nada, e muito menos por di-
nheiro. Porque, se fosse dinheiro, para mim em Goiás,
eu teria aceitado, nesses últimos quatro anos, o di-
nheiro que me ofereceram. Eu já falei publicamente
e não preciso repetir. Chegaram até a R$8.000.000,00
(oito milhões de reais) para comprar a rádio ou en-
tão a metade R$3.000.000,00 (três milhões de re-
ais), quase a metade R$3.300.000,00 (três milhões e
trezentos mil reais) por 50% (cinqüenta por cento)
da rádio e bastava eu não falar mais de política, eu
tinha que falar só de futebol. Só isso, era só eu não
falar de política. Então, se fosse a questão de dinhei-
ro, evidentemente que eu teria fechado. Todo mun-
do sabe com quem, né? Muito antes e não agora em
eleição. Eu jamais iria fazer isso, evidente, né?
Bom, por que estou fazendo esclarecimentos? Isso é
apenas complemento ou recheio desse meu comen-
tário. Na verdade, esse esclarecimento é para pesso-
as maldosas, irresponsáveis, que ficam fazendo fofo-
cas sempre em direção a mim, com a finalidade de
me prejudicar e, principalmente, de me jogar con-
tra os meus melhores amigos em São Paulo. Esse foi
o objetivo da fofoca, que provocou gente a procurar
donos de televisão em São Paulo, querendo saber
se era verdade ou não. Quero deixar bem claro aqui,
eu não uso amigo meu para nada, ninguém jamais
vai falar em meu nome, ninguém jamais vai fazer

248
proposta em meu nome. Jamais em hipótese algu-
ma! Nunca, ninguém foi autorizado a em meu nome
pedir qualquer coisa pra alguém, especialmente pra
político, E usar amigo meu, eu jamais faria isso em
hipótese alguma! Estou me referindo a José Luiz
Datena, da Rede Record de Televisão, Juca Kfouri,
da RedeTv, Marcelo Rezende, da RedeTv e tantos
outros amigos que tenho no Brasil, especialmente
esses, que, mais que amigos, são irmãos. Juca Kfouri,
inclusive, quem duvidar pergunte a ele, mande car-
ta, mande e-mail,... se é verdade ou não. Ele vai res-
ponder. Ele veio me oferecer espontaneamente para
fazer um depoimento em Goiás, contra um candi-
dato, que o Juca conhece bem, e não quer vê-lo
nunca mais. Pergunte ao Juca se eu aceitei? Se eu
telefonei pro Juca pedindo pra ele a gravação desse
depoimento? Nunca fiz esse pedido pro Juca, em-
bora ele tenha oferecido a mim. Isso eu não fiz, isso
eu não quis. O mesmo com Marcelo Rezende que
também se ofereceu e está à minha disposição na
hora que eu quiser pra fazer depoimento em relação
a um candidato em Goiás, e muito menos faria isso
com o José Luiz Datena, que não acompanhou mi-
nha história em Goiás, como o Juca e o Marcelo
acompanharam, e porque ele tem um contrato com
a Rede Record de Televisão, que eu respeito. Então
jamais iria fazer, jamais iria pedir, mesmo que ele se
oferecesse, eu jamais, porque se eu não aceitei o do
Juca porque que iria aceitar o do Datena. Jamais faço
isso, eu não preciso disso, Graças a Deus. Não pre-
ciso, primeiro, tudo que eu falo tenho provas docu-
mentais do que eu falo. Vocês vão ler no livro que
eu estou lançando pra minha consciência, pros meus
amigos, pra minha história, o livro que terá distri-
buição gratuita. Vocês vão ver nesse livro o Dossiê
K tudo documentado.

249
Então, quem documenta e prova que nem eu, eu não
preciso de usar ninguém, amigo meu pra me avalisar.
E, graças a Deus, eu tenho credibilidade suficiente
pra não precisar de aval de ninguém, os meus ami-
gos presenciaram e falaram e fizeram depoimentos
sobre fatos que eles presenciaram, não que eu con-
tei pra eles, não que eu relatei pra eles. É bem dife-
rente. Agora, como cidadão Jorge Reis da Costa, fora
do ar, fora do microfone, fora da Rádio K, fora da
televisão, fora de jornal, eu tenho direito de falar o
que eu quiser, inclusive já falei, já gravei depoimen-
to pra quem quiser usar em comício! Em comício!
Em carro de som, mas não em horário político de
rádio e televisão. Fiz! Fiz com muito prazer e muito
gosto!!!
Agora, nenhum amigo meu pode e será usado, eu
não autorizo, de forma alguma, a usar qualquer coi-
sa de amigo meu, seja Datena, seja Juca, seja Marce-
lo, seja quem quiser e eu tampouco vou pedir, pra
Datena, pra Juca, ou pra Marcelo, entrar na campa-
nha política de alguém, pra entrar em horário políti-
co de rádio e televisão. Jamais! Perguntem a eles se
algum dia eu pedi isso. A eles, embora, eu repito, o
Juca e o Marcelo tenham espontaneamente ofereci-
do a mim depoimentos deles, eu não quis, não pedi;
nunca disse a eles quero gravar com vocês. Porque,
como jornalista, eu procuro fazer a coisa com maior
isenção possível. Como cidadão, eu tenho motivos.
O que eu sofri como homem, como cidadão, como
homem de família, como ex-esposo, pelo que eu já
sofri na minha vida, eu tenho esse direito de reagir
como cidadão. Isso eu tenho, isso eu tenho, isso eu
faço, e como a situação da Rádio tá chegando de
novo aquele ponto de covardia de perseguição, man-
daram até o Ministério do Trabalho pra pegar a Rá-
dio pra autuar, pra multar. De novo, suspenderam a

250
Rádio, há poucos dias, com multa de R$22.000,00
(vinte e dois mil reais) e, todo mundo sabe, que isso
é 100% (cem por cento) político, é pra levar a Rádio
de uma vez por todas à falência, porque sabem que
a Rádio está de novo à beira da falência, em função
de que eu saí da RedeTv por solidariedade a um
amigo e não tenho mais os recursos financeiros que
tinha até maio deste ano e que eram recursos finan-
ceiros suficientes para bancar os prejuízos mensais
de quarenta, cinqüenta mil reais que a Rádio K tinha
e tem, até hoje, todo mês e eu bancava com o meu
salário da Rede TV; agora não posso mais, desde o
mês de junho, quando deixei a emissora no dia três,
e a Rede TV não me pagou, até hoje. Portanto, desde
junho, eu não tenho recursos financeiros. E até na
minha doença eu tive ajuda do irmão, do pai Juca
Kfouri, inclusive ajuda financeira. Quero dizer aqui
publicamente, senão eu não teria condições de pas-
sar pelo que eu passei, de enfrentar, com tantos gas-
tos com medicamentos, embora a minha cirurgia te-
nha sido gratuita, tenha sido feita no Hospital das
Clínicas, porque eu não tenho plano de saúde, e não
tinha condições de pagar uma cirurgia tão cara e tão
grave como a que eu fiz, porque eu corri risco de
vida realmente. Conforme a equipe médica informou,
o meu caso quase se tornou uma síndrome de furniê,
que é um caso quase que mortal proveniente do dia-
betes, da prostatite. Então, é por saberem da situa-
ção da rádio, a rádio voltou a sofrer perseguições
covardes de todo o tipo: saída de anunciantes, tudo.
Não tem problema, mas já que a situação tá assim,
já que fazem esse tipo de fofoca pra me jogar contra
amigo, então quero dizer, aqui, hoje , nesse mo-
mento como cidadão, a partir de agora, eu estou á
disposição de qualquer horário político de rádio e
televisão. Qualquer candidato que me der espaço

251
para atuar como cidadão com provas, documentos
para mostrar as verdades que a imprensa de Goiás
esconde. Eu quero dizer publicamente que estou à
disposição seja quem for. Eu não vou pedir voto! Pedir
voto eu não vou, mas mostrar as verdades que a im-
prensa goiana esconde eu faço.
Vou pra televisão, pro rádio e faço isso pela primeira
vez na minha carreira já que o jogo é esse, eu topo
entrar no jogo e quero dizer aqui que,, espontanea-
mente, gratuitamente, não quero um centavo pra fa-
zer isso todo mundo sabe que se fosse por dinheiro
eu aceitaria o dinheiro do Zé Serra nacionalmente
um milhão e duzentos! Ou aceitaria o dinheiro, mais
de milhões que me ofereceram, nesses quatro anos,
pra tudo e pra calar a boca. Então, não tem dinheiro
que me compre neste mundo, não existe cor de di-
nheiro que me compre neste mundo, não tem valor,
não tem quantidade que me compre. A única coisa
que me resta, e eu morro com ela, é minha dignida-
de. Mas já que o jogo é esse, como cidadão, eu topo.
O candidato que quiser, eu vou pra televisão, pro
rádio, pronto! Já que chegaram a esse ponto, eu tava
quieto, calado até por questão de saúde, todo mun-
do sabe disso, eu tava no meu canto, mas tão me-
xendo comigo, querem briga, querem fazer jogo sujo,
me jogar contra amigo, portanto, eu vou entrar no
jogo, com uma diferença, eu não vou entrar brin-
cando, eu entro com documento com tudo provado,
não entro com minha boca, entro com papel, até
porque, se eu não provar, me tiram do ar imediata-
mente e se quiserem me botem na cadeia, se o que
eu falar não for provado, documentado. Portanto,
agora estou à disposição. Era isso. Entendam, como
esclarecimento ou como desabafo, muito obrigado,
espero que tenha sido definitivo”.
r
sil.com.b
iokdobra
www.rad
Audio no

252
Às 09h45, do dia 17/09/02, o Procurador Regional
Eleitoral, Marco Túlio Oliveira e Silva, entrou em contato
com o jornalismo da Rádio K do Brasil, para informar que
havia impetrado uma abertura de investigação judicial elei-
toral contra o candidato Marconi Perillo, no TRIBUNAL RE-
GIONAL ELEITORAL. A ação foi movida em razão de uso
indevido de meio de comunicação social, abuso de poder
político e abuso de autoridade.

O Ministério Público Eleitoral pediu liminar, determi-


nando a suspensão do privilégio concedido ao candidato
MARCONI PERILLO, pela empresa UNIGRAF, no seu jor-
nal DIÁRIO DA MANHÃ, em especial na capa do jornal e
nas páginas principais de política daquele meio de comu-
nicação, na forma do art. 22, inciso I, letra “b” da LC nº 64/
90.

E, ainda, conforme a Lei Complementar nº 64/90, pe-


diu a declaração de inelegibilidade do representado
(Marconi Perillo) pelo prazo de 03 (três) anos e a cassação
do seu registro, como candidato ao governo do Estado de
Goiás, segundo art. 22, inciso XIV da Lei Complementar
mencionada. A ação pediu-a no valor de 100.000 (cem
mil) UFIR, para cada ato de descumprimento da decisão
liminar, pela qual deve responder solidariamente o investi-
gado Marconi Perillo, sem prejuízo das responsabilidades
penal, civil e administrativa previstas em lei, inclusive o
que dispõe o art. 347 do Código Eleitoral.

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Uma entrevista sem cortes, com o jornalista Marcelo
Rezende, que é um dos amigos de Jorge Kajuru que mais
contribuíram na construção desse patrimônio moral, cha-
mado Rádio K. Marcelo também foi o que mais insistiu na
tentativa de convencer o Governador Marconi Perillo a sa-
ber conviver com a democracia, a liberdade de imprensa.

Entrevistador: Marcelo, o que se pode relatar mais,


além de sua opinião, sobre o primeiro encontro com
Marconi Perillo?

Marcelo Rezende: O mais importante de tudo, que


talvez não tenha em nenhum desses cantos, das coi-
sas que eu li, é dizer o seguinte: que nada que o
Marconi fala, ele cumpre. Isso que eu vejo como a
síntese da personalidade do Marconi Perillo, de to-
das as conversas que eu tive com ele. Então, aquilo
que falou dos 140 tiros era um arroubo. No fundo,
um sujeito que pensa isso, não é que ele vá fazer.
O problema não é pensar, é o ódio que carrega na
alma. Ele não ia dar um tiro. Até porque ele não tem
coragem de puxar um revólver. O que é, na verda-
de, é a necessidade que ele tem de eliminar o inimi-
go. Ele não consegue ver as pessoas como
adversárias. E, sim, como inimigas. E pra se livrar do
inimigo, ele é capaz, num ato falho, de falar em ma-
tar. Mas, na verdade, é um ato primitivo dele. Por
um motivo simples: isso ficou claro em todas as con-
versas. Ele não consegue conviver com o controver-
so. Ele não sabe viver com quem tem a opinião dis-
tinta da dele. Então, é muito difícil, pra ele, que as-
cendeu muito cedo ao poder, com práticas antigas.
O Marconi não é um jovem político com práticas
modernas. Ele extraiu da política tudo o que a polí-
tica tem de pior. E uma das questões que a política

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tem de pior é as pessoas não saberem viver com seus
críticos. Elas querem destruir. Um exemplo típico de
personalidade, de prática política, o ACM. Ele só
enxerga o inimigo. E aí vem o maior traço de
coronelismo de Marconi. Ele é tão antigo, no senti-
do da política, que é pior que o Íris Rezende. O Íris,
mesmo quando você combatia a opinião dele, ele
era incapaz de querer matar, destruir. Ele queria te
convencer nos argumentos ou por algum esquema,
mas não pensava em te eliminar, deixá-lo morrer
devagarzinho. Já, no Marconi, se revela uma alma
muito carregada, literalmente da treva. Marconi é
um retrocesso ao processo político e democrático
do país. Um jovem que possivelmente vai ter vida
longa na política, trazendo todos os esquemas anti-
gos, que nós, brasileiros, cidadãos e democratas, de-
sejamos ver enterrados. O Marconi é o perfil de um
Brasil que produz políticos de quinta categoria. O
que me espanta é olhar para o povo de Goiás, e não
imaginá-lo vendo. Porque tudo é feito na base do
assistencialismo e clientelismo. Sempre com promes-
sas. Se dá alguma coisa na época da eleição. Caren-
tes, as pessoas se apegam àquilo como a uma tábua
de salvação. É a mais absoluta falta de educação
nesse país. Tudo é feito de propósito. No governo
Marconi, me chocava assistir a cenas de foguetes,
comemorando a chegada da merenda escolar. Fazer
festa porque estava alimentando barrigas de crian-
ças. O cúmulo do cúmulo. Em síntese, aquele ho-
mem (Marconi), que sentava em nossa frente, é este
mesmo homem. O mesmo que se comprometeu, vá-
rias vezes, a deixar a Rádio K fazer seu jornalismo
de verdade, e nunca cumpriu nada. Muito pelo con-
trário. Marconi consegue olhar na sua cara, parece
estar tudo certo e, por trás, ele está te traindo. Ele foi
um aproveitador da minha boa crença. O Juca Kfouri

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não acreditou nele hora nenhuma. Foi mais sensato
e arguto do que eu. Eu acreditei no primeiro encon-
tro. E, talvez por isso, a minha decepção foi maior. A
palavra de homem tem um valor muito grande pra
mim. Infelizmente, para o Marconi Perillo, palavra
não existe. A alma dele é muito feia, é uma alma
suja. Porque um homem que dá a palavra dele e não
cumpre, ele não merece o perdão de ninguém.
Marconi terá que prestar contas a Deus. Um dia há
de prestar!

Entrevistador: Mesmo assim, você ainda deu a


Marconi uma chance de cumprir palavra. Foi quan-
do o governador insistiu e lhe pediu um último en-
contro, onde pretendia que Ronaldo Caiado, você e
outros amigos convencessem Kajuru a ouvi-lo.
Marconi queria esquecer tudo, pois tomara conhe-
cimento de que Kajuru, em São Paulo, iria se afastar
da Rádio K e você assumiria a direção geral da emis-
sora. Ali, você acreditou em quê?

Marcelo Rezende: Ali, mais uma vez, eu acreditei


na palavra, porque estávamos na frente, na casa do
deputado Ronaldo Caiado. E vou te dizer de ante-
mão. Me espanta também que o Caiado, para man-
ter seu cargo de político, continue unido ao Marconi.
E isso é bom botar no livro também. Quem se mistu-
ra com porcos come farelo. Ronaldo me parecia trans-
parente. Naquele dia, em sua casa, o Marconi fez
uma série de promessas. Como teto daquele lar, ele
era um avalista da palavra de Marconi. O Marconi,
mais uma vez, não cumpriu. E mais uma vez, acre-
ditei: Não me sinto traído só pelo Marconi Perillo,
porque esse me traiu várias vezes, mas me sinto tam-
bém traído pelo Ronaldo Caiado. Ronaldo acabou
se igualando ao Marconi. Quando uma parte não

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cumpriu, Caiado tinha que vir a público, denunciar
e se afastar dessa pessoa. Goiás me ensinou muitas
coisas. Principalmente a fraternidade. Tenho gran-
des amigos em Goiás. A beleza de um povo recepti-
vo. Mas também me ensinou como a política pode
ser rasa, como pode, cada político que você olha
no olho se transformar num Calabar. Eu me sinto
assim. Se eu tivesse que criar um paralelo na histó-
ria do mundo, eu diria que o Marconi Perillo foi um
Calabar. Ele traiu alguém que ele disse que não iria
trair. E aí, não é o Jorge Kajuru ou a Rádio K; é, na
verdade, a democracia. Marconi não se imagina
Deus, ele tem certeza de que é Deus. Íris Rezende
também se achava e, um dia, apareceu um Marconi
Perillo na vida dele. Eu espero que, na vida do
Marconi Perillo, apareça um outro Marconi, só que
esse, espero, seja um homem voltado para a demo-
cracia, a palavra e, fundamentalmente, para a famí-
lia. Porque um homem que trata seu semelhante
dessa maneira, não gosta de ninguém e, sim, só de
seu poder. O dia que este poder escapar de suas
mãos, ele vai aprender o que é a vida. Outros já
aprenderam.

Entrevistador – Você foi dos poucos amigos do Jor-


ge Kajuru que não deu razões para escrever o livro
Dossiê K?
Marcelo Rezende: – Eu não dou razão, nem tiro a
razão. Não julgo. Essa gente não merece o Kajuru,
que ficou doente por tudo isso e, na cama, acabou
de escrever o livro. Eu não escreveria. Kajuru deve-
ria esquecer essa gente (políticos) na fogueira, um
comendo o outro. Sabe por quê? Porque só lá na
frente, no futuro, eles vão perceber o quanto a Rá-
dio K era importante, criando parâmetros de discus-
são. Eles não têm essa visão histórica, porque que-

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rem meter a “mão na massa”agora. Têm que consu-
mir tudo agora, num espaço de tempo curto. O
Kajuru só vai recuperar o estado de ânimo e a vida,
no dia em que rasgar esse livro. Do contrário, vou
continuar vendo um amigo doente, cansado, amar-
gurado, sem razão de viver. Enfim, a história do
Kajuru já está feita.
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Audio no

OBS.: Kajuru respeita o sentimento de Marcelo, como amigo-irmão,


em relação a Ronaldo Caiado. Entretanto, Kajuru não se sentiu traído
por Ronaldo, que já foi a São Paulo, pessoalmente explicar os motivos
de não romper com Marconi e tentar salvar uma reeleição como depu-
tado federal. Kajuru entende, porque, na verdade, por 03 anos e meio,
Caiado sofreu todo tipo de retaliação do governador por ter apoiado e
protegido o Kajuru. Um erro não pode apagar mais de 10 anos firma-
dos pela lealdade em qualquer circunstância. A Rádio K sempre com-
bateu Caiado politicamente, de forma dura, mas Kajuru nunca deixou
de reconhecer sua amizade canina.

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Em Tempo:
Antes de imprimir o livro “DOSSIÊ K”, na gráfica,
aconteceu um fato:

Um segmento da Igreja Católica, com liderança res-


peitada e moralmente intocável do conhecido Padre Luís
Augusto, mostra interesse em arrendar 50% das 24 horas
diárias da Rádio K, para mensagem de fé e alto nível de
conceito religioso. Kajuru argumenta que, se Marconi ga-
nhar as eleições, poderia entregar a emissora nas mãos dos
funcionários, com a direção de Téo José e Charlie Pereira,
por 4 anos. Kajuru , nesse caso, ficaria 100% fora do mi-
crofone, da administração, e aconselharia os novos ( funci-
onários) responsáveis pela Rádio K a vender, por 4 anos,
essas 12 horas diárias à Igreja Sagrada Família, do Pe. Luís
Augusto, por um valor semelhante às nossas dívidas, ou
seja, R$ 600 mil reais pagos em 04 parcelas. Assim, a emis-
sora ficaria zerada, e teria uma programação dividida: 12
horas de esportes e 12 horas de religião. Abandonaria o
jornalismo, para sobreviver sem perseguições durante 4
anos. Afinal, em Goiás, os Governos não aceitam impren-
sa livre, especialmente, uma linha de investigação e de-
núncia embasada-documentada. Então, que, transparente-
mente, sejam apresentadas duas alternativas. A primeira é
simples. Se não pode fazer um jornalismo de verdade, tam-
bém não faça de mentirinha. Antigamente, com a censura,
eram lidas “receitas de bolo”. Agora podemos optar por
mensagem de fé e rezar para Goiás se livrar dos coronéis
corruptos. Kajuru não permitirá valor acima de R$ 13.000,00
na possível locação de 12 horas diárias à Igreja Sagrada
Família. É sabido, no mercado, que, por um aluguel como
este, outras igrejas ( como evangélicas) pagariam R$ 50 mil
mensais no mínimo. Padre Luís Augusto é amigo da família
K e mereceria o privilégio. E a segunda solução, caso
Marconi se reeleja, seria Kajuru deixar de vez a emissora e,
infelizmente, não voltar a viver em Goiás, seu estado de

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coração. Se assim o povo goiano decidir nas urnas, até a
venda da emissora será admitida. Desde que seja exclusi-
vamente por valores semelhantes às dívidas, hoje acumu-
ladas pela emissora. Jamais com objetivos de lucro, pois
um sonho pode até acabar. Mas com dignidade. E na cer-
teza de Kajuru voltar. Quatro anos passam e serão suficien-
tes para consolidar, em São Paulo, sua vida profissional e
financeira, podendo adquirir nova emissora em Goiás.

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