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Tribunal de Justiça do Estado da Bahia


PODER JUDICIÁRIO
QUINTA TURMA RECURSAL

Padre Casimiro Quiroga, SN, Imbuí, Salvador - BA Fone: 71 3372-7460

5ª TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS E CRIMINAIS DA


BAHIA

PROCESSO Nº 0101991-45.2016.8.05.0001

CLASSE: RECURSO INOMINADO

RECORRENTE: DAVID OLIVEIRA DA SILVA

RECORRIDO: BANCO DO BRASIL S A AGENCIA SANTO ANTONIO 2961 0

JUIZ PROLATOR: RILTON GÓES RIBEIRO

JUIZ RELATOR: ROSALVO AUGUSTO VIEIRA DA SILVA

EMENTA

RECURSO INOMINADO. AÇÃO INDENIZATÓRIA. ATRASO


RAZOÁVEL DO BANCO ACIONADO EM TRANSFERIR VALORES
RELATIVOS A ALVARÁ JUDICIAL. RETENÇÃO INDEVIDA DE
VERBA PERTENCENTE AO AUTOR DE CARÁTER ALIMENTAR
(HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS) Súmula 47 do STF “Os
honorários advocatícios incluídos na condenação ou
destacados do montante principal devido ao credor
consubstanciam verba de natureza alimentar cuja satisfação
ocorrerá com a expedição de precatório ou requisição de
pequeno valor, observada ordem especial restrita aos créditos
dessa natureza”. VIOLAÇÃO AOS TERMOS DO ACORDO DE
COOPERAÇÃO ENTRE O TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DA
BAHIA A INSTITUIÇÃO FINANCEIRA BANCO DO BRASIL S/A E
A OAB DA SECCIONAL DA BAHIA . SENTENÇA QUE JULGOU
IMPROCEDENTE A DEMANDA - RECURSO QUE PRETENDE A
REFORMA DO JULGADO PARA QUE SEJA O BANCO RECORRIDO
CONDENADO EM DANOS MORAIS. REFORMA DA SENTENÇA SE
IMPÕE PARA OUTORGAR INDENIZAÇÃO PELOS DANOS
MORAIS CONFIGURADOS, COM ARBITRAMENTO EM VALOR
ADEQUADO AOS FATOS. RECURSO PROVIDO.

Assinado eletronicamente por: FRANCISCO DE ASSIS SOUZA COSTA JUNIOR;


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Dispensado o relatório nos termos do artigo 46 da Lei n.º


9.099/95.

Circunscrevendo a lide e a discussão recursal para efeito de


registro, saliento que o Recorrente, DAVID OLIVEIRA DA SILVA, pretende a
reforma da sentença lançada nos autos que julgou improcedente seu
pedido, buscando através do presente recurso a condenação do acionado
ao pagamento de indenização por danos morais.

Presentes as condições de admissibilidade do recurso,


conheço-o, apresentando voto com a fundamentação aqui expressa, o qual
submeto aos demais membros desta Egrégia Turma.

VOTO

Assiste razão à recorrente. A sentença hostilizada merece


reparo.

O acesso à justiça e a inversão do ônus da prova são direitos


básicos do consumidor.

Consoante restou apurado, os presentes autos de pedido de


indenização por dano moral face ao retardamento injustificado atinente a
efetivação das transferências a título de Alvará judicial que, em virtude da
mudança de procedimento do Banco passou a ser tardiamente creditado na
conta dos beneficiário o que, segundo o autor, configura apropriação
abusiva, sem olvidar a nítida conduta de retenção indevida de verba
relativa a honorários advocatícios..

Constam dos autos que a demandada firmou termos do


acordo de cooperação entre o Tribunal de Justiça do Estado da Bahia
juntamente com a instituição financeira Banco do Brasil S/A e a OAB da
seccional da Bahia, termos de cooperação esse que impõe o cumprimento
de prazo e atuação nos moldes predeterminados. Imposição unilateral do
lapso temporal acima do previsto, no caso concreto e particular, 04

Assinado eletronicamente por: FRANCISCO DE ASSIS SOUZA COSTA JUNIOR;


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(quatro) dias a mais, se mostra dispendiosa, evidenciando um atraso


superior ao tolerado pelos termos do mencionado acordo de cooperação.

Nesse passo, entendo que merece acolhimento o pedido de


condenação da Recorrida ao pagamento de indenização a título de danos
morais. Encontrando previsão no sistema geral de proteção ao consumidor
inserto no art. 6º, inciso VI, do CDC[1], com recepção no art. 5º, inciso
X[2], da Constituição Federal, e repercussão no art. 186, do Código
Civil[3], o dano eminentemente moral, sem consequência patrimonial, não
há como ser provado, nem se investiga a respeito do animus do ofensor.
Consistindo em lesão de bem personalíssimo, de caráter subjetivo,
satisfaz-se a ordem jurídica com a demonstração do fato que o ensejou. Ele
existe simplesmente pela conduta ofensiva, sendo dela presumido,
tornando prescindível a demonstração do prejuízo concreto.

Com isso, uma vez constatada a conduta lesiva e definida


objetivamente pelo julgador, pela experiência comum, a repercussão
negativa na esfera do lesado, surge à obrigação de reparar o dano moral.

Como não há fórmula de equivalência entre a lesão moral e


quantia em dinheiro, e como os fatos repercutem diferentemente no ânimo
de cada indivíduo, a doutrina e jurisprudência são unânimes em admitir o
caráter meramente compensatório da reparação dos danos morais. A par
dessa compensação erigida em favor da vítima, o ressarcimento do dano
moral se impõe também como forma de punir o ofensor, incutindo‑lhe
temor para que não mais dê causa a eventos semelhantes. A indenização,
assim, deve ter caráter compensatório e inibitório‑punitivo. Outrossim,
embora a reparação indireta deva ser a mais ampla possível, o valor da
indenização não pode gerar enriquecimento ilícito, transformando o dano
em fonte de lucro, agravando, sem proveito, a obrigação do ofensor, nem
pode ser inexpressiva, a ponto de servir de estímulo a novas violações, e
causar frustração e melancolia à vítima tão grande quanto a própria
ofensa.

Não sendo possível quantificar materialmente o dano moral,


sobretudo à míngua de referências legislativas em pleno vigor,
consagrou-se o critério de se confiar ao prudente arbítrio do juiz a fixação
do quantum indenizatório. Nessa tarefa, o julgador deve se pautar pelo
bom senso e agir com moderação, devendo aconselhar-se na experiência
ditada pelos tribunais e pela melhor doutrina.

Assinado eletronicamente por: FRANCISCO DE ASSIS SOUZA COSTA JUNIOR;


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Segundo construção jurisprudencial, o valor a ser arbitrado


deve obedecer ao binômio razoabilidade e proporcionalidade, devendo
adequar-se às condições pessoais e sociais das partes envolvidas. As
características, a gravidade, as circunstâncias, a repercussão e as
consequências do caso, a eventual duração do sofrimento, tudo deve servir
de baliza para que o magistrado saiba dosar com justiça a condenação do
ofensor. “O arbitramento da condenação a título de dano moral deve
operar‑se com moderação, proporcionalmente ao grau de culpa, ao porte
empresarial das partes, suas atividades comerciais, e, ainda, ao valor do
negócio, orientando‑se o juiz pelos critérios sugeridos pela doutrina e pela
jurisprudência, com razoabilidade, valendo‑se de sua experiência e do bom
senso, atento à realidade da vida, notadamente à situação econômica
atual, e às peculiaridades de cada caso”. (STJ ‑ Ac. unân. da 4ª T., publ. em
8‑3‑2000 ‑ AG‑Al 244.708‑MG ‑ Rel. Min. Sálvio de Figueiredo). Tais
aspectos só podem ter influência – vale a ressalva – na definição do
quantum indenizatório e nunca no reconhecimento da existência do dano
moral, já que ele se mostra presente a partir da comprovação da
ocorrência do ilícito causador, sendo desnecessária a prova do prejuízo
moral efetivamente sofrido.

Na situação em exame, entendo que o valor a ser arbitrado


não deve distanciar-se em demasia dos valores admitidos por esta Turma
Recursal em casos semelhantes.

Com isso, atendendo às peculiaridades do caso, entendo que


emerge a quantia de R$ 10.000,00 (dez mil reais), como o valor próximo
do justo, o qual se mostra capaz de compensar, indiretamente, os
sofrimentos e desgastes emocionais advindos ao Recorrente e trazer a
punição suficiente ao agente causador.

Assim sendo, ante ao exposto, voto no sentido de


CONHECER e DAR PROVIMENTO ao recurso interposto pelo Recorrente
DAVID OLIVEIRA DA SILVA para reformar a sentença hostilizada, para
estabelecer o valor da indenização a título dos danos morais considerados,
a importância de R$ 10.000,00 (dez mil reais), a ser paga pelo Recorrido
BANCO DO BRASIL AS, com correção monetária a partir da prolação do
acórdão, e juros, incidentes a partir da citação.

Não se destinando a regra prevista no art. 55, caput, da Lei


9.099/95[4], ao recorrido, mas somente ao recorrente, integralmente
vencido, não há condenação por sucumbência.

Assinado eletronicamente por: FRANCISCO DE ASSIS SOUZA COSTA JUNIOR;


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Salvador, Sala das Sessões, 18 de abril de 2017.

Rosalvo Augusto Vieira da Silva

Juiz Relator

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COJE – COORDENAÇÃO DOS JUIZADOS ESPECIAIS

TURMAS RECURSAIS CÍVEIS E CRIMINAIS

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RECURSO INOMINADO. AÇÃO INDENIZATÓRIA. ATRASO


RAZOÁVEL DO BANCO ACIONADO EM TRANSFERIR VALORES
RELATIVOS A ALVARÁ JUDICIAL. RETENÇÃO INDEVIDA DE
VERBA PERTENCENTE AO AUTOR DE CARÁTER ALIMENTAR
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ACÓRDÃO

Realizado julgamento do Recurso do processo acima


epigrafado, a QUINTA TURMA, composta dos Juízes de Direito, ROSALVO
AUGUSTO VIEIRA DA SILVA, CRISTIANE MENEZES SANTOS BARRETO e
MARIA VIRGINIA ANDRADE DE FREITAS CRUZ, decidiu, por maioria de
votos CONHECER e DAR PROVIMENTO para reformar a sentença
hostilizada, para estabelecer o valor da indenização a título dos danos
morais considerados, a importância de R$ 10.000,00 (dez mil reais), a ser
paga pelo Recorrido BANCO DO BRASIL AS, com correção monetária a
partir da prolação do acórdão, e juros, incidentes a partir da citação.

Não se destinando a regra prevista no art. 55, caput, da Lei


9.099/95[5], ao recorrido, mas somente ao recorrente, integralmente
vencido, não há condenação por sucumbência.

Salvador, Sala das Sessões, 18 de abril de 2017

ROSALVO AUGUSTO VIEIRA DA SILVA

Juiz Relator

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MARIA VIRGÍNIA ANDRADE DE FREITAS CRUZ

Juíza Presidente

[1] [1] Art. 6º. São direitos básicos do consumidor:

VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e


difusos;

[2] “São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito à indenização pelo dano material ou
moral decorrente de sua violação”.

[3] “Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e
causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”.

[4] Art. 55. A sentença de primeiro grau não condenará o vencido em custas e honorários de
advogado, ressalvados os casos de litigância de má-fé. Em segundo grau, o recorrente, vencido, pagará as
custas e honorários de advogado, que serão fixados entre dez por cento e vinte por cento do valor de
condenação ou, não havendo condenação, do valor corrigido da causa.

[5] Art. 55. A sentença de primeiro grau não condenará o vencido em custas e honorários de
advogado, ressalvados os casos de litigância de má-fé. Em segundo grau, o recorrente, vencido, pagará as
custas e honorários de advogado, que serão fixados entre dez por cento e vinte por cento do valor de
condenação ou, não havendo condenação, do valor corrigido da causa.

Assinado eletronicamente por: ROSALVO AUGUSTO VIEIRA DA SILVA


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