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Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região

Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região

O documento a seguir foi juntado ao autos do processo de número 0001378-64.2016.5.08.0007


em 06/10/2016 10:18:48 e assinado por:
- RODRIGO CRUZ DA PONTE SOUZA

Consulte este documento em:


https://pje.trt8.jus.br/primeirograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam
usando o código: 16100610165926100000008907941

16100610165926100000008907941
MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO
PROCURADORIA REGIONAL DO TRABALHO DA 8ª REGIÃO
Av. Governador José Malcher, nº 652 – Nazaré – Belém-PA
CEP:66040-281 Telefone: (0xx91)3217-7500 – www.prt8.mpt.gov.br

EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) FEDERAL DO


TRABALHO DA MM. ... VARA DO TRABALHO DE BELÉM-PA.

MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO, inscrito no


CNPJ sob o n. 26.989.715/0039-85, por intermédio do Procurador
do Trabalho ao fim subscrito, o qual exerce suas atribuições
junto à Procuradoria Regional do Trabalho da 8ª Região,
situada na Avenida Governador José Malcher, 652, Nazaré,
Município de Belém, Estado do Pará, CEP 66.040-281, endereço
onde deverá receber intimação pessoal, na forma do art. 18,
inciso II, alínea h, da Lei Complementar n. 75/83, vem, pela
presente, com o devido respeito, lastreado no art. 129, inciso
III, da Constituição Federal, arts. 6º, inciso VII, “a” e 83,
inciso III da Lei Complementar n. 75/93, art. 5º da Lei n.
7.347/85 propor

AÇÃO CIVIL PÚBLICA COM PEDIDO DE TUTELA


PROVISÓRIA DE URGÊNCIA DE NATUREZA ANTECIPADA

em face de SECURITY AMAZON SERVIÇOS DE SEGURANÇA PRIVADA LTDA,


pessoa jurídica de direito privado inscrita no CNPJ sob o n.
09.211.205/0001-90, com sede na Trav. 14 de abril, 1549, sala
10, bairro São Brás, Belém, Pará, CEP 66063-005, pelas razões
expostas adiante:

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I. DOS FATOS
Em novembro de 2015, a Procuradoria Regional do Trabalho
da 8ª Região recebeu denúncia relatando irregularidades
relativas a atraso no pagamento salarial, férias, vale
alimentação e vale transporte.
Como as matérias atraso no pagamento salarial, vale
transporte e vale alimentação já eram objeto de outras ações e
procedimentos nesta Procuradoria, autuou-se a NF
001471.2015.08.000/4, com a finalidade exclusiva de investigar
o objeto “férias”.
Foi requisitada a realização de ação fiscal à SRTE/PA.
Como resultado, a irregularidade denunciada foi
confirmada.
Diante da constatação das ilegalidades, o Parquet laboral
entende por imprescindível ajuizar a presente ação civil
pública, com o intuito de garantir a efetiva observância dos
direitos dos envolvidos na controvérsia.

II. DO DIREITO
2.1. DOS DOCUMENTOS QUE INSTRUEM A PETIÇÃO INICIAL. DOCUMENTOS
PÚBLICOS. PRESUNÇÃO DE VERACIDADE E AUTENTICIDADE.
A exposição dos fatos demonstra claro desrespeito a ordem
jurídica, motivo pelo qual foi lavrado auto de infração, que,
por ser documento elaborado por Auditor Fiscal do Trabalho, no
exercício de suas atribuições, é público e, portanto, prova o
fato nele descrito, conforme dispõe o artigo 405 do novo CPC:
Art. 405. O documento público faz prova não só da
sua formação, mas também dos fatos que o escrivão,
o chefe de secretaria, o tabelião ou o servidor
declarar que ocorreram em sua presença.

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Assim vêm entendendo os tribunais, como se nota da


decisão a seguir reproduzida:
FISCALIZAÇÃO TRABALHISTA. AUTOS DE INFRAÇÃO. VÍCIOS
FORMAIS E MATERIAIS NÃO DETECTADOS. PRESUNÇÃO DE
VERDADE DA AÇÃO FISCAL. A atuação dos fiscais do
trabalho, enquanto agentes administrativos, goza de
fé-pública, presumindo-se, até prova em contrário,
que os respectivos atos administrativos sejam
legítimos e praticados em conformidade com as
normas legais pertinentes. (...). (PROC RO 00025-
2005-000-22-00-6- 22ª REGIÃO - PI – Juiz Arnaldo
Boson Paes - Relator. DJ/PI de 08/09/2005)

AÇÃO ANULATÓRIA. AUTO DE INFRAÇÃO. PRESUNÇÃO DE


LEGITIMIDADE - O Auto de infração, lavrado pelos
fiscais do Ministério do Trabalho, em observância
aos princípios constitucionais e administrativos,
têm presunção de legitimidade, sendo necessária
prova robusta para infirmá-lo.
Processo 0000171-34.2013.5.05.0196 RecOrd, Origem
SAMP, ac. nº 171770/2013 Relator Desembargador
MARCOS GURGEL, 1ª. TURMA, DJ 14/11/2013.

Desta forma, há presunção de legitimidade e veracidade no


relatório de fiscalização apresentado pela SRTE/PA.

2.2. DA TUTELA INIBITÓRIA


Demonstrada e comprovada a ocorrência de infração às
normas trabalhistas, violando toda a coletividade de
trabalhadores, busca o MPT impedir que a infração se repita,
impondo multa que seja suficiente para coibir, de uma vez por
todas, as infrações. Multa que, evidentemente, só incidirá e
será cobrada pelo Ministério Público do Trabalho se a parte
adversa voltar a praticar quaisquer dos ilícitos trabalhistas.
Sem dúvida que se trata de um provimento jurisdicional
que se projeta para o futuro, como é inerente à tutela
preventiva. No caso, trata-se de uma tutela preventiva voltada
para uma obrigação de fazer.

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Não se pode fechar os olhos para a situação fática


plenamente demonstrada nos autos e ocorrida no estabelecimento
da parte adversa, devendo o Judiciário evitar que o ilícito
trabalhista se repita, com visíveis prejuízos aos
trabalhadores.
Está-se, pois, diante de uma postulação de um provimento
jurisdicional com efeitos futuros e frente a uma obrigação de
natureza continuativa.

2.3. DO DEVER DE EFETUAR O PAGAMENTO DA REMUNERAÇÃO OU DO


ABONO DE FÉRIAS NO PRAZO LEGAL
A SRTE/PA realizou ação fiscal na reclamada e constatou
que o empregador não vem pagando dentro do prazo legal a
remuneração de férias devida a seus empregados.
Em função desta irregularidade, foi lavrado o auto de
infração nº 20.796.216-2.
Cabe ressaltar que a Constituição Federal de 1988 prevê
as férias como direito social no art. 7º, inciso XVII, ao
prever “gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um
terço a mais do que o salário normal”.
A CLT, por sua vez, determina no art. 145 que “o
pagamento da remuneração das férias e, se for o caso o do
abono referido no art. 143, serão efetuados até 2 (dois) dias
antes do início do respectivo período”.
Apesar das disposições legais e constitucionais, a
reclamada deixou de efetuar o pagamento da remuneração de
férias aos seus empregados, conforme cabalmente demonstrado.
Assim, requer-se a condenação da reclamada em obrigação
de fazer, a fim de que seja compelida a efetuar o pagamento
da remuneração ou do abono de férias, mediante recibo, até 2
(dois) dias antes do início do período de gozo, conforme art.

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145, caput, da CLT, sob pena de multa de R$5.000,00 (cinco


mil reais), por trabalhador atingido/prejudicado, a cada
constatação.

2.4. DO DANO MORAL COLETIVO


A partir da constatação da prática da ilicitude se faz
necessário a condenação em dano moral coletivo.
Vale lembrar que a reclamada já é antiga “cliente” da
Justiça do Trabalho, tendo contra si, além de diversas ações
individuais, duas ações coletivas ajuizadas pelo MPT, quais
sejam:

 ACP-0000401-37.2014.5.08.0009, a qual versa sobre


alimentação do trabalhador e pagamento salarial.
 ACP-0000832-07.2015.5.08.0019, que versa sobre vale
transporte, FGTS e verbas rescisórias.

A presente ação civil pública é, portanto, a TERCEIRA


ação coletiva movida pelo Ministério Público do Trabalho em
desfavor da empresa SECURITY AMAZON SERVIÇOS DE SEGURANÇA
PRIVADA LTDA, o que evidencia o total desprezo da parte ré
quanto aos direitos dos trabalhadores.
Há ainda uma execução de TAC, a qual tramita sob o número
ExTAC-0000135-88.2016.5.08.0006.
É inegável que as condutas da parte adversa causaram, e
causam, lesão aos interesses difusos de toda uma coletividade
de trabalhadores, uma vez que propicia a negação de direitos
trabalhistas fundamentais.
Como tal lesão amolda-se na definição do artigo 81,
incisos I e II, da Lei nº. 8.078/90, cabe ao Ministério

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Público, com fundamento nos artigos 1º, caput, e inciso IV e


3º da Lei n. 7.347/85, propor a medida judicial necessária à
compensação do dano e à sustação da prática.
Em se tratando de danos a interesses coletivos, a
responsabilidade deve ser objetiva, porque é a única capaz de
assegurar uma proteção eficaz a esses interesses.
A doutrina moderna contempla a possibilidade de reparação
de danos que tenham a potencialidade de lesar toda a
coletividade. Leia-se, a propósito, a lição de ANDRÉ DE
CARVALHO RAMOS:

Não somente a dor psíquica pode gerar danos morais;


devemos ainda considerar que o tratamento
transindividual aos chamados interesses difusos e
coletivos origina-se justamente da importância
destes interesses e da necessidade de uma efetiva
tutela jurídica. Ora, tal importância somente
reforça a necessidade de aceitação do dano moral
coletivo, já que a dor psíquica que alicerçou a
teoria do dano moral individual acaba cedendo
lugar, no caso do dano moral coletivo, a um
sentimento de desapreço e de perda de valores
essenciais que afetam negativamente toda uma
coletividade. (...) Assim, é preciso sempre
enfatizar o imenso dano moral coletivo causado
pelas agressões aos interesses transindividuais
afeta-se a boa imagem da proteção legal a estes
direitos e afeta-se a tranqüilidade do cidadão, que
se vê em verdadeira selva, onde a lei do mais forte
impera.
Tal intranqüilidade e sentimento de desapreço
gerado pelos danos coletivos, justamente por serem
indivisíveis, acarretam lesão moral que também deve
ser reparada coletivamente. Ou será que alguém
duvida que o cidadão brasileiro, a cada notícia de
lesão a seus direitos, não se vê desprestigiado e
ofendido no seu sentimento de pertencer a uma
comunidade séria, onde as leis são cumpridas? (...)
A reparação moral deve se utilizar dos mesmos
instrumentos da reparação material, já que os
pressupostos (dano e nexo causal) são os mesmos. A
destinação de eventual indenização deve ser ao
Fundo Federal de Direitos Difusos, que será

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responsável pela utilização do montante para a


efetiva reparação deste patrimônio moral lesado.
Com isso, vê-se que a coletividade é passível de
ser indenizada pelo abalo moral, o qual, por sua
vez, não necessita ser a dor subjetiva ou estado
anímico negativo, que caracterizariam o dano moral
na pessoa física... (in A Ação Civil Pública e o
Dano Moral Coletivo).

O dano moral encontra assento legal no art. 5º, V e X, da


CF, assim como no art. 186 do Código Civil de 2002. Ainda sob
a ótica do direito infraconstitucional, a Lei 7.347/85 (LACP),
no art. 1º, referenda a indenização decorrente do dano moral
causado nas situações previstas no elenco dos seus incisos.
A Lei 8.078/90 (CDC), no seu art. 6º, VI e VII, faz
referência à prevenção e reparação a danos patrimoniais e
morais, individuais, coletivos e difusos, o mesmo constando da
Lei 8.069/90 (ECA), nos arts. 3º, 5º, 17, 201.
Quando ocorrido o dano a tais direitos e garantias, a
reparação deve se dar em planos igualmente diferenciados,
merecendo referência a lição de RAIMUNDO SIMÃO DE MELO:

As formas de reparação do dano moral no Direito do


Trabalho, conforme a ofensa e as circunstâncias do
caso, podem ser: a) indenização/compensação em
pecúnia; b) prestação de serviços alternativos à
sociedade; c) atestatória; e d) publicação em
jornal de circulação, pelo empregador, de aviso ou
nota esclarecendo que o empregado não praticou
qualquer ato ilícito, como lhe havia sido imputado.
Quanto ao dano moral coletivo, é preciso, apenas,
fazer-se algumas adaptações por conta das
peculiaridades inerentes no caso concreto (...) A
melhor forma de reparação do dano ambiental será
sempre in natura, o que especialmente no caso de
dano moral coletivo decorrente de lesão ao meio
ambiente é praticamente impossível, partindo-se,
por isso, para a indenização em pecúnia. Essa tem
por finalidade punir exemplarmente o ofensor para
que não volte mais a praticar atos de tal natureza
e, chamar a atenção de potenciais ofensores para

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que não venham a praticar tais atos prejudiciais


à(s) vítima(s) e à sociedade, como ocorre com o
dano moral coletivo, visando, também compensar a(s)
vítima(s), mediante alguma sensação de euforia
capaz de amenizar a dor, angústia ou sentimento
decorrente do dano moral. Sua natureza é tríplice:
pune, propicia alguma satisfação à vítima e ensina
o ofensor a não mais praticar atos lesivos aos
direitos de outrem. Mas há casos em que a simples
indenização pecuniária é insuficiente para reparar
completamente os efeitos do dano, podendo o Juiz
cumulá-la com outras formas de reparação, como por
exemplo, com a prestação de serviços à comunidade.
(Direito ambiental do trabalho e a saúde do
trabalhador: responsabilidades legais, dano
material, dano moral, dano estético - São Paulo :
LTr, 2004, págs. 355/356)

Está configurado, pois, o dano moral coletivo, ensejando


compensação mediante o pagamento de indenização a se reverter
ao FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador), instituído pela Lei
nº 7.998/90, conforme estabelece o art. 11 da Lei da Ação
Civil Pública.
A indenização pelo dano moral coletivo, como dito, possui
tripla finalidade, pois ao mesmo tempo em que visa à
compensação do dano, tem também finalidade pedagógica e
punitiva.
É imperativo e necessário desestimular a continuidade da
conduta reprovável, especialmente quando o empregador se
mostra insensível ao apelo dos agentes públicos, incluindo o
Poder Judiciário e o Ministério Público.
Para a quantificação da condenação da demandada pelo dano
moral coletivo devem ser adotados alguns critérios, como
abaixo demonstrado: 1) capacidade econômica do réu; 2) grau de
reprovação da conduta lesiva; e 3) intensidade e durabilidade
do dano coletivo causado.

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Ante a gravidade da conduta e a capacidade econômico-


financeira da parte adversa, ENTENDE O MINISTÉRIO PÚBLICO DO
TRABALHO QUE É BASTANTE RAZOÁVEL O VALOR DE R$30.000,00
(trinta mil reais), A TÍTULO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS
COLETIVOS.
Trata-se, é bom ressaltar, de indenização que representa
não somente a compensação de um dano já causado, mas também a
punição do infrator e o caráter pedagógico, para evitar novas
infrações desse viés.
Desta forma, o MPT requer a condenação da parte adversa
ao pagamento de indenização por do dano moral coletivo
pleiteado, no valor de R$ 30.000,00 (trinta mil reais), a ser
recolhida ao FAT, na forma da Lei 7.998/90, ou,
alternativamente, destinada a entidade sem fins lucrativos a
ser indicada pelo MPT.

III – DA TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA DE NATUREZA


ANTECIPADA
A situação dos autos, como apresentada, está a impor a
antecipação dos efeitos da tutela jurisdicional, com
fundamento no art. 300 do CPC, para o fim de obrigar a
requerida a efetuar o pagamento da remuneração ou do abono de
férias, mediante recibo, até 2 (dois) dias antes do início do
período de gozo, conforme art. 145, caput, da CLT, sob pena de
multa de R$5.000,00 (cinco mil reais), por trabalhador
atingido/prejudicado, a cada constatação.
É sabido que o deferimento de tutela de urgência
depende da presença de dois pressupostos para sua
concessão: a probabilidade do direito e o perigo de dano ou
o risco ao resultado útil do processo.

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Entende o MPT que o primeiro pressuposto


(probabilidade do direito) está evidenciado pelo fato de
que as ilicitudes estão fundadas em autos de infração, que,
por serem documentos elaborados por Auditores Fiscais do
Trabalho, no exercício de suas atribuições, são públicos e,
portanto, provam os fatos neles descritos, conforme dispõe o
artigo 405 do CPC:
Art. 405. O documento público faz prova não só da
sua formação, mas também dos fatos que o escrivão,
o chefe de secretaria, o tabelião ou o servidor
declarar que ocorreram em sua presença.

A simples leitura das robustas provas juntadas aos autos


revela a conduta ilegal da ré.
Quanto ao segundo pressuposto (perigo de dano ou o
risco ao resultado útil do processo), configura-se pelo risco
da morosidade da prestação jurisdicional definitiva, que
poderia alcançar a destempo o objetivo colimado pelo processo,
qual seja, a justa composição da lide, considerando,
sobretudo, que a empresa reluta em sanar as irregularidades.
Ademais, o perigo de dano resta evidenciado pelo fato
de que as irregularidades constatadas pela
Superintendência Regional do Trabalho e Emprego no Estado
do Pará são eventos lesivos que se renovam continuamente,
tendo em conta que a relação de emprego é de trato
sucessivo.
É importante esclarecer que o não deferimento de
antecipação de tutela importará em ilegítima continuidade de
lesão da ordem jurídica, pois a demandada permanecerá
descumprindo obrigações previstas em lei.

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Vale ressaltar que a liminar em ação civil pública está


prevista no art. 12 da Lei 7.347/85, sendo admitida com ou sem
justificação prévia.
Art. 12. Poderá o juiz conceder mandado liminar,
com ou sem justificação prévia, em decisão sujeita
a agravo.

O art. 11, da LACP, por sua vez, dispõe:


Art. 11. Na ação que tenha por objeto obrigação de
fazer ou não fazer, o juiz determinará o
cumprimento da prestação da atividade devida ou a
cessação da atividade nociva, sob pena de multa
diária, se esta for suficiente ou compatível,
independentemente da requerimento do autos.

Na mesma linha, o art. 84, § 3º, do CDC estabelece que:


Art. 84. Na ação que tenha por objeto o cumprimento
da obrigação de fazer ou não fazer, o juiz
concederá a tutela específica da obrigação ou
determinará providências que assegurem o resultado
prático equivalente ao do adimplemento.
(...)
§ 3° Sendo relevante o fundamento da demanda e
havendo justificado receio de ineficácia do
provimento final, é lícito ao juiz conceder a
tutela liminarmente ou após justificação prévia,
citado o réu.

E o novo CPC dispõe que:


Art. 300. A tutela de urgência será concedida
quando houver elementos que evidenciem a
probabilidade do direito e o perigo de dano ou o
risco ao resultado útil do processo.
(...)
§ 2o A tutela de urgência pode ser concedida
liminarmente ou após justificação prévia.

Nestas condições, requer o Ministério Público do Trabalho


a antecipação dos efeitos da tutela de mérito (art. 300, do
CPC), liminarmente, para que se determine o imediato
cumprimento das obrigações de fazer e não fazer acima
enumeradas.

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Requer-se que as multas devidas em caso de descumprimento


das obrigações de fazer acima indicadas sejam recolhidas ao
FAT, na forma da Lei 7.998/90, ou, alternativamente,
destinadas à entidade sem fins lucrativos a ser indicada pelo
MPT.

IV - DO PEDIDO

Ante o exposto, requer o Ministério Público do


Trabalho:

1. Liminarmente, a imputação da seguinte obrigação à


reclamada: efetuar o pagamento da remuneração ou do abono de
férias, mediante recibo, até 2 (dois) dias antes do início do
período de gozo, conforme art. 145, caput, da CLT, sob pena de
multa de R$5.000,00 (cinco mil reais), por trabalhador
atingido/prejudicado, a cada constatação.

2. A notificação da demandada para contestar,


querendo e sob as penas da lei, a presente ação;

3. Ao final, que a demanda seja julgada procedente


para o fim de:
3.1. Confirmar e tornar definitivas as obrigações
requeridas em sede de liminar;
3.2. Condenar a ré ao pagamento de indenização por
dano moral coletivo no montante de R$30.000,00
(trinta mil reais);

4. A condenação da demandada ao pagamento das custas


e demais despesas do processo.

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Requer o Ministério Público do Trabalho a produção de


todas as espécies de prova em Direito admitidas,
especialmente juntada de novos documentos durante a
instrução processual.
Requer, finalmente, a observância da prerrogativa
processual conferida ao Ministério Público (intimação
pessoal de todos os atos do processo) e prevista na Lei
Complementar nº 75, em seu art. 18, inciso II, letra “h”.
Dá à presente o valor de R$30.000,00 (trinta mil
reais), para efeitos meramente fiscais.
Espera deferimento.

Belém, 06 de outubro de 2016

RODRIGO CRUZ DA PONTE SOUZA


Procurador do Trabalho

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