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Monitoramento e Avaliação em Serviço Social

Autoria: Paulo Sergio Matoso

Tema 07
Políticas Públicas em Avaliação: Gasto e Financiamento
Tema 07
Políticas Públicas em Avaliação: Gasto e Financiamento
Autoria: Paulo Sergio Matoso
Como citar esse documento:
MATOSO, Paulo Sergio. Monitoramento e Avaliação em Serviço Social: Políticas Públicas em Avaliação: Gasto e Financiamento. Anhanguera
Publicações: Valinhos, 2014.

Índice

CONVITEÀLEITURA PORDENTRODOTEMA
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portuguesa ou qualquer outro idioma.
CONVITEÀLEITURA
Este Caderno de Atividades foi elaborado com base no livro Avaliação de Políticas Sociais: uma questão em debate,
da autora Elizabeth Melo Rico (org.), Editora Cortez, 2009.

Conteúdo

Nesta aula, você estudará:

• As expressões do financiamento e o gasto em avaliação das políticas e programas.

• Os indicadores de financiamento.

• As fontes e características do financiamento de políticas no Brasil.

Habilidades

Ao final, você deverá ser capaz de responder as seguintes questões:

• Como se expressam o financiamento e o gasto em avaliação das políticas e programas sociais?

• O que são e quais são os indicadores de financiamento?

• Quais são as fontes de financiamento das políticas brasileiras?

• Quais são as principais características deste financiamento?

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PORDENTRODOTEMA
Políticas Públicas em avaliação: Gasto e Financiamento
Você aprendeu no tema passado a respeito dos processos de avaliação, com influência na filosofia, para entender
para que avaliar. Abordou-se para isso uma experiência a partir da universidade e dos trabalhos acadêmicos. Você
aprofundou o significado da avaliação participativa e viu como se originou o Programa de Avaliação Institucional da
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Neste tema, você vai aprender sobre avaliação do ponto de vista do gasto
e do financiamento. Como se expressam? Quais indicadores de financiamento e gasto são relevantes para a avaliação
de políticas sociais? Verá ainda as principais características de financiamento, no país, das políticas sociais.

Fagnani (2009), em uma informação importante para o estudo, aponta que somos “um país de industrialização tardia,
pobre, que acumula enormes desigualdades e heterogeneidade social” e afirma que isso impõe “limites objetivos
às fontes de financiamento da política social, uma vez que nessas condições não é qualquer fonte que possibilita
efeitos redistributivos”. Desta feita, essa característica de subdesenvolvimento “impõe enorme distância entre o Brasil
e os países industrializados, de capitalismo maduro, nos quais a maioria da população está integrada e possui renda
para acessar diretamente no mercado bens e serviços sociais de que necessita”, apenas “um contingente populacional
relativamente menos expressivo é considerado pobre e encontra-se a margem do mercado”.

Dito isso, em contraposição, no Brasil a grande maioria da população, segundo o autor, “não tem condições de comprar
com seu próprio salário e/ou renda, bens e serviços sociais no mercado”. Muitas pessoas não tem possibilidade de
“pagar um plano privado de saúde, por exemplo, ou de arcar com os custos financeiros de um programa habitacional
regido exclusivamente pelas leis do mercado”, ressalta Fagnani (2009, p. 120).

Toda essa conjuntura é base para as discussões que virão em seguida, pois, em se tratando da política social a ser
avaliada, num primeiro momento, segundo Fagnani (2009, p. 121), “o financiamento e o gasto fornecem indicações sobre
o alcance, os limites e o caráter redistributivo desta” no plano específico. Para no próximo momento, no plano geral, “a
análise dos mecanismos de financiamento e gasto refletem as relações existentes entre a política social avaliada e a
política econômica geral do governo”.

Os indicadores sobre financiamento e gasto relevantes para a avaliação das políticas sociais estão, segundo o autor,
divididos em três dimensões, quais sejam: a da direção do gasto social, a da magnitude do gasto social e a da natureza
das fontes de financiamento.

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PORDENTRODOTEMA
O primeiro indicador sobre a direção do gasto social indica, segundo o autor, “para onde foram dirigidos os recursos
aplicados em determinada política ou programa social que se está avaliando”. Ele permite obter “conhecimento acerca do
tipo de articulação que existe entre a política pública estudada e os setores privados, fornecedores de bens e serviços” e,
por fim, também revela “indícios sobre outros desvios da atuação estatal, como a utilização dos programas sociais para
fins eleitorais, clientelistas ou fisiológicos” (FAGNANI, 2009).

Fagnani (2009), afirma que o segundo indicador “contribui para esclarecer se os recursos previstos são compatíveis com
a dimensão das carências sociais que são objeto da intervenção governamental que se está avaliando” e acrescenta
que para realizar a avaliação de tal política “é fundamental que se elaborem séries históricas de longo prazo e que
sejam utilizadas informações que demonstrem a evolução do gasto per capita, sua proporção em relação ao PIB etc.”.
O autor conclui confirmando a importância de analisar o “desempenho vis-a-vis à amplitude do problema sobre o qual
se pretende atuar”.

No indicador que trata sobre a natureza das fontes de financiamento das políticas sociais brasileiras, o autor afirmar
que estas são três: recursos fiscais (impostos e taxas), recursos autossustentados (FGTS, BNDES, BIRD, BID, etc) e
contribuições sociais (salário-educação, as contribuições previdenciárias, o PIS/Pasep, o Cofins e a Contribuição Social
sobre o Lucro) (FAGNANI, 2009).

Esses indicadores são importantes para que se perceba a verdade no discurso público. Em contrapartida, segundo o
autor, com “respostas às perguntas sobre a direção, a magnitude e a natureza dos mesmos”, fica fácil para o avaliador
revelar onde e em quais políticas sociais este recurso foi empregado.

Neste momento do texto, você verá um debate sobre as principais características do financiamento da política social no
Brasil, no pós-64. Segundo Fagnani (2009, p. 124), o padrão desse financiamento “tem como principal característica a
ausência de articulação positiva entre desenvolvimento econômico e a equidade social”. Nele predomina a utilização
das fontes de natureza autossustentáveis (FGTS, BNDES, BIRD, BID, etc). Segundo Fagnani (2009), nessa composição
do financiamento há uma “reduzida participação de recursos fiscais”. Isso se verifica no “conjunto das políticas sociais
implementadas após 1964”.

É claro que o padrão é esse, mas o autor revela que existem especificidades setoriais e as configura em quatro vertentes:
i) habitação e saneamento básico; ii) previdência social, assistência médica previdenciária e assistência social; iii) saúde
pública, suplementação alimentar e transporte público; e iv) política educacional.

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PORDENTRODOTEMA
Na vertente de habitação e saneamento básico, as principais fontes de financiamento desde a década de 1960 vêm do
“FGTS” e das “receitas orçamentárias estaduais”, mas “é a cobrança de tarifas aos usuários que garante o retorno dos
investimentos em saneamento básico”. Fagnani (2009, p. 125) informa que essas tarifas são suficientes para devolução
dos “empréstimos efetuados com recursos do FGTS” e ainda aqueles oriundos “dos governos estaduais”.

Conta o autor que na vertente de previdência social, assistência médica previdenciária e assistência social, a principal
fonte de financiamento até o final da década de 1980 era o Fundo de Previdência e Assistência Social (FPAS), mas, com
a promulgação da Constituição Federal da República de 1988, o Cofins e a Contribuição Social sobre o Lucro passam a
integrar esse orçamento.

Um dado interessante sobre a questão de saúde pública, suplementação alimentar e transporte público é que no pós-64
os militares não pensaram em como financiar essas políticas. E, portanto, houve um privilégio privatista na saúde médica,
com o mesmo direcionamento para o setor de suplementação alimentar. Somente a partir de 1974 foi incorporada à
agenda pública, em razão do grande número de acidentes, a questão do transporte público (FAGNANI, 2009).

Na última situação também há um dado particular interessante, mas diferente, ou seja, a política educacional é, segundo
o autor, um “setor financiado pelas três esferas de governo” (FAGNANI, 2009, p. 128).

ACOMPANHENAWEB
Como avaliar os gastos sociais no Brasil

• Leia o artigo Como avaliar os gastos sociais no Brasil, de Jorge Abrahão de Castro. O artigo
apresenta indicadores para avaliação dos gastos sociais no Brasil, destacando desafios que
devem ser levados em conta numa agenda pública.
Disponível em: <http://desafios.ipea.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=767:-
catid=28&Itemid=23>. Acesso em: 26 jun. 2014.

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Política social e pactos conservadores no Brasil: 1964/92

• Leia o artigo Política social e pactos conservadores no Brasil: 1964/92, de Eduardo Fagnani.
O ensaio traz uma análise da política social brasileira no período 1964/92.
Disponível em: <http://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=caracteristicas+do+financiamento+da+pol-
itica+social+no+brasil&source=web&cd=1&ved=0CEQQFjAA&url=http%3A%2F%2Fwww.eco.unicamp.
br%2Fdocprod%2Fdownarq.php%3Fid%3D459%26tp%3Da&ei=QK7yUZ61BcidqgHfvoHYBA&usg=AFQ-
jCNFRhUXoVPBY-FRsOio6k1XP9st7xg>. Acesso em: 26 jun. 2014.

“O golpe de 64 e a redemocratização do Brasil”

• O vídeo apresenta o depoimento do ex-ministro do Exército Leônidas Pires Gonçalves. Nele são
apresentado os acontecimentos dos “anos de chumbo”. Servirá para aprofundar o conhecimento
sobre em que contexto foram criadas as políticas sociais no pós-64. Produzido pela TV Câmara.
Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=X92gSy_3Dg4&list=PLxy6MgLqbQrABbE2WFa0UKS-
8JSZOW9AZT> . Acesso em: 26 jun. 2014.

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Instruções:
Agora, chegou a sua vez de exercitar seu aprendizado. A seguir, você encontrará algumas questões de múltipla
escolha e dissertativas. Leia cuidadosamente os enunciados e atente-se para o que está sendo pedido.

Questão 1

No estudo sobre as principais características do financiamento percebe-se, no período pós-64, a implementação de muitas po-
líticas sociais. Com base no conhecimento prévio sobre o conteúdo abordado e principalmente no material estudado nas aulas
anteriores, em sites e no Livro-Texto, responda:

Quais são as principais políticas sociais brasileiras implementadas após 1964?

Questão 2

O que nas afirmações seguintes são características de população dos países industrializados ricos e com políticas socioeconô-
micas diametralmente opostas às brasileiras? Indique as alternativas corretas:

a) ( ) A maioria da população está integrada e possui renda para acessar diretamente o mercado de bens e serviços sociais
de que necessita.

b) ( ) Muitas pessoas não podem pagar um plano privado de saúde.

c) ( ) A grande maioria da população não tem condições de comprar com seu próprio salário e/ou renda, bens e serviços
sociais no mercado.

d) ( ) Muitas pessoas não podem arcar com os custos financeiros de um programa habitacional regido exclusivamente pelas
leis do mercado.

e) ( ) Um contingente populacional relativamente menos expressivo é considerado pobre e encontra-se à margem do mercado.

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Questão 3
No debate sobre as características de subdesenvolvimento, o que impõe limites objetivos às fontes de financiamento da política
social brasileira? Marque a afirmativa correta:

a) O fato de não termos cultura.

b) O fato de serem os pobres um contingente populacional relativamente menos expressivo e de estarem à margem do mercado.

c) O fato de a maioria da população estar integrada e possuir renda para acessar diretamente o mercado bens e serviços
sociais.

d) O fato de o Brasil ser um país de industrialização tardia, pobre, que acumula enormes desigualdades e heterogeneidade
social.

e) Nenhuma das afirmações anteriores está correta.

Questão 4

Qual das alternativas seguintes indica os indicadores sobre financiamento e gasto relevantes para a avaliação das políticas
sociais?

a) O preparo para a atuação e a clareza com relação aos objetivos.

b) A política social avaliada e a política econômica geral do governo.

c) A direção do gasto social, a magnitude do gasto social, a natureza das fontes de financiamento.

d) Os limites e o caráter redistributivo.

e) Todas as alternativas.

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Questão 5

Em relação aos indicadores sobre financiamento e gasto relevantes para a avaliação das políticas sociais, é correto afirmar que:

a) O indicador sobre a direção do gasto social indica para onde foram dirigidos os recursos aplicados em determinada política
ou programa social que se está avaliando.

b) A magnitude do gasto social contribui para esclarecer se os recursos previstos são compatíveis com a dimensão das carências
sociais que são objeto da intervenção governamental que se está avaliando.

c) O indicador sobre a direção do gasto social revela indícios sobre outros desvios da atuação estatal, como a utilização dos
programas sociais para fins eleitorais, clientelistas ou fisiológicos.

d) No indicador da magnitude do gasto social é fundamental que se elaborem séries históricas de longo prazo e que sejam
utilizadas informações que demonstrem a evolução do gasto per capita, sua proporção em relação ao PIB etc.

e) Todas as afirmações anteriores estão corretas.

Questão 6

Como se expressam o financiamento e o gasto na avaliação das políticas sociais?

Questão 7

Quais são as três fontes de financiamento das políticas sociais brasileiras?

Questão 8

De acordo com Fagnani (2009) e com o estudo realizado, aponte qual é a principal característica do financiamento da política
social no Brasil no pós-64?

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Questão 9

Fagnani (2009) ressalta que as principais fontes de financiamento do saneamento básico são o Fundo de Garantia por Tempo de
Serviço (FGTS) e as receitas orçamentárias estaduais. No Brasil como se dá o retorno deste financiamento?

Questão 10

Dentre as políticas implementadas após 1964, identifique aquela que é financiada pelas três esferas de governo.

FINALIZANDO
Neste tema, você aprendeu sobre as expressões do financiamento e do gasto na avaliação das políticas e dos
programas, sobre os indicadores de financiamento e sobre as fontes e características do financiamento de políticas no
Brasil. Dentre as características, você viu duas peculiaridades de financiamento que giram em torno da saúde pública,
da suplementação alimentar e do transporte público, a respeito das quais não houve um interesse pelos militares em
pensar os instrumentos de financiamento; e a política educacional que é financiada pelas três esferas de governo.

REFERÊNCIAS
FAGNANI, Eduardo. Avaliação do Ponto de Vista do Gasto e Financiamento das Políticas Pública. In: RICO, Elizabeth M. (org.).
Avaliação de Políticas Sociais: uma questão em debate. 6ª ed. Instituto de Estudos Especiais, São Paulo: Cortez, 2009, p. 119-130.

RICO, Elizabeth M. (org.). Avaliação de Políticas Sociais: uma questão em debate. 6ª ed. Instituto de Estudos Especiais, São
Paulo: Cortez, 2009.

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GLOSSÁRIO
Clientelistas: no sentido de receber proteção em troca de apoio.

Contraposição: no sentido de posicionamento contrário.

Privado: no sentido de particular, reservado.

Promulgado: no sentido de difundir, publicar.

Heterogeneidade: no sentido de diversidade.

GABARITO
Questão 1

Resposta: As políticas sociais brasileiras implementadas após 1964 são: previdência e assistência social, saúde,
educação, suplementação alimentar, habitação, saneamento, transporte público e seguro-desemprego.

Questão 2

Resposta: Alternativas A e E.

Questão 3

Resposta: Alternativa D.

Questão 4

Resposta: Alternativa C.

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Questão 5

Resposta: Alternativa E.

Questão 6

Resposta: No plano específico, o financiamento e o gasto fornecem indicações sobre o alcance, os limites e o caráter
redistributivo das políticas sociais; no plano geral, refletem as relações existentes entre a política social avaliada e a
política econômica geral do governo.

Questão 7

Resposta: As três fontes são: recursos fiscais, recursos autossustentados e contribuições sociais.

Questão 8

Resposta: Esse padrão tem como principal característica a ausência de articulação positiva entre desenvolvimento
econômico e a equidade social.

Questão 9

Resposta: O retorno deste financiamento se dá pela cobrança de tarifas aos usuários.

Questão 10

Resposta: Política educacional.

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