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PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Registro: 2018.0000002753

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo de Instrumento nº


2210047-25.2017.8.26.0000, da Comarca de Bauru, em que é agravante CAIXA
ECONOMICA FEDERAL, é agravado ANTONIO RODRIGUES DOS SANTOS.

ACORDAM, em sessão permanente e virtual da 6ª Câmara de Direito Privado do


Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: Deram provimento ao
recurso. V. U., de conformidade com o voto do relator, que integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos Desembargadores VITO GUGLIELMI


(Presidente) e PERCIVAL NOGUEIRA.

São Paulo, 9 de janeiro de 2018.

Rodolfo Pellizari
Relator
Assinatura Eletrônica
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Agravo de Instrumento – Digital


Processo nº. 2210047-25.2017.8.26.0000
Comarca: 6ª Vara Cível Bauru
Magistrado(a): Dr(a). André Luís Bicalho Buchignani
Agravante: Caixa Econômica Federal
Agravado: Antonio Rodrigues dos Santos
Interessada: Caixa Seguradora S/A
Voto nº 02480

AGRAVO DE INSTRUMENTO Ação de indenização securitária


Interposição contra decisão que indeferiu pedido formulado pela Caixa
Econômica Federal, que objetivava a sua admissão na lide em
substituição à seguradora demandada, excluindo-a do processo, com a
consequente remessa dos autos à Justiça Federal Cabimento Seguro
habitacional Manifestação da Caixa Econômica Federal requerendo seu
ingresso na lide, sob o fundamento da existência de interesse jurídico,
conforme Lei n.º 12.409/2011 e Lei n.º 13.000/2014 Competência da
Justiça Federal para verificar o interesse jurídico alegado pela empresa
pública federal, nos termos do artigo 109, inciso I, da CF, e da Súmula
150 do Col. STJ Precedentes desta Colenda 6ª Câmara de Direito
Privado, em casos análogos Decisão reformada RECURSO
PROVIDO.

Trata-se de agravo de instrumento interposto contra a


r. decisão de fls. 400/401 que, em ação de indenização securitária,
indeferiu pedido formulado pela Caixa Econômica Federal, ora
agravante, que objetivava a sua admissão na lide em substituição à
seguradora demandada, excluindo-a do processo, com a consequente
remessa dos autos à Justiça Federal.
Sustenta a recorrente, em síntese, que o seu ingresso
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na ação é medida de rigor, tendo em vista o caráter público da apólice


objeto da controvérsia (apólice ramo 66) e o comprometimento do
FCVS, devidamente demonstrados nos autos.
Pede a concessão de efeito suspensivo ao recurso e,
ao final, o seu provimento, para que, na qualidade de administradora
do SH/SFH e do FCVS, seja admitida na lide como substituta
processual ou assistente da seguradora ré, com a consequente
remessa dos autos à Justiça Federal.
Pela decisão proferida a fls. 113/114 foi concedido
efeito suspensivo ao recurso, bem como ordenada a intimação do
agravado e da interessada para resposta, que vieram aos autos (fls.
124/128 e 130/138.

É o relatório.

Respeitado o entendimento adotado pelo Meritíssimo


Juiz da causa, o recurso comporta provimento.
Com efeito, de acordo com a petição de fls. 375/395,
dos autos originários, a Caixa Econômica Federal manifestou
interesse em intervir no feito, por entender que a apólice objeto da
controvérsia possui caráter público (ramo 66), com possível afetação
do Fundo de Compensação de Variações Salariais (FCVS).
Desta forma, o ingresso da CEF na lide comporta
deferimento e o processo, nos termos da Súmula 150, do Col. STJ,
deve ser remetido para a Justiça Federal, pois compete a ela decidir
sobre a efetiva existência de interesse jurídico que justifique a
permanência da empresa pública no feito.

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Não obstante, sobre o tema aqui discutido, o Col. STF


proferiu a seguinte decisão: “só a Justiça Federal é que pode dizer se
a União, suas autarquias e empresas públicas são ou não
interessadas no feito; com a sua intervenção, desloca-se desde logo a
competência para a Justiça Federal de Primeiro Grau, a qual caberá
aceitá- la ou recusá-la” (RTJ 95/1037, 103/97, 103/204, 108/391,
134/843).
Portanto, a própria necessidade de demonstração do
interesse jurídico afirmado já tem como desdobramento lógico e
necessário a intervenção da CEF no feito, o que faz atrair,
automaticamente, a competência da Justiça Federal para o
conhecimento da questão, nos termos do artigo 109, inciso I, da
Constituição Federal.

Nesse sentido já decidiu esta Colenda 6ª Câmara de


Direito Privado, em casos análogos:
“Agravo de Instrumento - Seguro habitacional -
Manifestação da Caixa Econômica Federal
requerendo seu ingresso na lide, sob o fundamento da
existência de interesse jurídico, conforme Lei n.º
12.409/2011 e Lei n.º 13.000/2014 - Competência da
Justiça Federal para verificar o interesse jurídico
alegado pela empresa pública federal, nos termos do
art. 109, I, da CF, e da Súmula 150 do C. STJ -
Decisão reformada para deferir o ingresso da CEF na
lide e, por conseguinte, determinar a remessa dos
autos principais ao Juízo Federal competente -

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Recurso provido” (Agravo de Instrumento nº


2052268-07.2017.8.26.0000, José Roberto Furquim
Cabella, j. em 24/10/2017).

“AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE


RESPONSABILIDADE OBRIGACIONAL
SECURITÁRIA. Manifestação da Caixa Econômica
Federal requerendo seu ingresso na lide, sob o
fundamento da existência de interesse jurídico,
conforme Lei n.º 12.409/2011 e Lei n.º 13.000/2014.
Competência da Justiça Federal para verificar o
interesse jurídico alegado pela empresa pública
federal, nos termos do art. 109, I, da CF, e da Súmula
150 do C. STJ. Decisão reformada para manter a
agravante na lide e, por conseguinte, determinar a
remessa dos autos principais ao Juízo Federal
competente. RECURSO PROVIDO, COM
DETERMINAÇÃO” (Agravo de Instrumento nº
2144967-17.2017.8.26.0000, Rel. Juiz. Rodrigo
Nogueira, j. em 03/10/2017).

“SEGURO HABITACIONAL. COMPETÊNCIA.


Interesse da Caixa Econômica Federal. Julgamento
dos EDcl nos EDcl no REsp 1.091.393 que não afasta
a competência da Justiça Federal, inclusive para
decidir sobre a presença do interesse da União no
feito. Aplicação do artigo 109, inciso I, da Constituição

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Federal e da Súmula nº 150 do C. STJ. Mantido o


acórdão que, por decisão unânime, deu provimento ao
agravo de instrumento” (Agravo de Instrumento nº
2165980-43.2015.8.26.0000, Rel. Des. Paulo alcides,
j. em 10/08/2017).

Ante o exposto, pelo meu voto, dou provimento ao


recurso, para o fim de deferir o ingresso da CEF na lide e, por
conseguinte, determinar a remessa dos autos principais à Justiça
Federal, a quem compete decidir sobre a existência do interesse
jurídico da empresa pública recorrente. Fica prequestionada toda a
matéria alegada pelas partes, para fins de interposição de recursos
perante os Tribunais Superiores.

RODOLFO PELLIZARI
Relator

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