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DIREITO COMERCIAL 1º Mini teste

Docente Filipa Vieira ; Marisa Dinis


Horário de atendimento Quinta feira – 22:30 às 23:30
Contacto Filipa.vieira@ipleiria.pt; marisa.dinis@ipleiria.pt
Bibliografia Coutinho de Abreu; Curso de Direito Comercial (2 volumes)
Legislação CC; CCOM; RNPC; CPI;CSC;LUCH; LULL;CRCOM;RGCSP

28/2/2013

Evolução do Direito Comercial


 Inicialmente promovia-se a troca por espécies
 Posteriormente com o aparecimento da moeda as trocas começam a ser realizadas
com recurso às mesmas
 No século XII dá-se uma intensificação das trocas e o surgimento de um direito
comercial em sentido próprio
o Mercadores de Florença
o Criação de um código próprio com normas que se foram autonomizando das
normas de Direito Civil
 Em Portugal o primeiro Código Comercial surge em 1883
 Posteriormente surge o 2º Código Comercial, pela mão de Veiga Beirão, que se
mantém em vigor desde o ano de 1888, embora com alterações e revogações

Classificação do Direito Comercial


 É considerado um Direito privado, pois as suas normas regulam relações entre
particulares ou entre particulares e o Estado quando este está desprovido do seu Ius
Imperii
 É um Direito privado especial pois a sua aplicação resume-se a quem é comerciante ou
a quem não o sendo pratique atos de comércio

Razões da autonomia do Direito Comercial face ao Direito Civil


 Tem especificidades próprias
o Pretende ser um direito célere, ao contrário do direito civil caraterizado por
uma certa morosidade
o A internacionalização/globalização do comércio leva a uma harmonização das
normas comerciais a nível dos vários Estados envolvidos
 Ex: Lei das letras e livranças e a Lei dos cheques
 Estas normas universais permitem uma facilitação na livre circulação
de capitais e em simultâneo, uma maior segurança jurídica nas
transações

Fontes do Direito Comercial


 Fontes internas:
o Lei, decretos-lei; regulamentos; jurisprudência; doutrina
 Fontes externas:
o Convenções, regulamentos, diretivas
XL 1
DIREITO COMERCIAL 1º Mini teste

Noção de Direito Comercial


 É um conjunto de normas jurídicas que visa regular os atos de comércio e os
comerciantes

Comércio em sentido económico e comércio em sentido jurídico


 Em sentido económico:
o A interposição das trocas
o O binómio compra/venda
 Em sentido jurídico:
o Devemos considerar não somente a interposição das trocas, mas também a
indústria e os serviços

Atos de comércio
 Um ato de comércio é considerado como uma declaração de vontade das partes
(normalmente contratos bilaterais ou unilaterais) que têm relevância jurídica no
âmbito do Direito Comercial

Relevância da qualificação de um ato de comércio ou de um ato civil


 Juros estipulados de direito:
o Num ato de comércio: presentemente 7,75%
o Num ato civil: 4%
o Pode no entanto haver convenção das partes, observando para tal os limites
impostos pelo art.1146º CC
o A taxa de juros comerciais só é válida se fixada por escrito, mesmo que o ato
em causa não careça de forma escrita. Implica nulidade da mesma.
o Art.102º Ccom
 Regime da solidariedade
o Num ato de comércio, por regra um dos devedores pode responder pela
totalidade da dívida, podendo posteriormente ter direito de regresso sobre o
outro devedor – art.100º C.Com
o Diferentemente num ato civil, vigora em regra a responsabilidade conjunta, ou
seja cada um responde pela sua parte, exceto se a Lei o prever – art.513º CC
 Dívidas do cônjuge
o Existe a presunção que as dívidas comercias foram contraídas no exercício do
seu comércio, e que foram contraídas em proveito comum do casal, ao
contrário das dividas civis onde normalmente o proveito comum não se
presume – art.15º CCOM; 1691º d) CC
 Facilidade de prova em juízo de alguns atos
o Ao contrário do Civil onde existem algumas limitações, nos atos de comércio
são admitidas todo o tipo de provas em caso de litígio

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DIREITO COMERCIAL 1º Mini teste

 Prescrição
o Diz-nos o art.317º b) CC que para atos de comércio existe um prazo de
prescrição diferente – 2 anos – ao contrário do prazo de prescrição geral de 20
anos

Tipos de atos de comércio


 Podemos dividir os atos de comércio mediante diversas classificações:
o Principais/autónomos ou de comércio acessório
o Atos de comércio objetivos ou subjetivos
o Atos formalmente comerciais e atos substancialmente comerciais
o Atos bilateralmente comerciais ou atos unilateralmente comerciais

Ato de comércio principal/autónomo ou ato de comércio acessório


 Ato de comércio principal
o É um ato que por si só pode ser qualificado como comercial, não dependendo
de mais nenhum ato
o Ex: Uma compra e venda, uma operação bancária (art.362º Ccom)
 Ato de comércio acessório
o É um ato do qual a sua comercialidade depende da comercialidade de outro
ato, ou seja o ato acessório só será comercial se o ato de qual depende for
também comercial
o Ex: fianças, mandatos, comodato, etc.

 Para melhor classificação dos atos, inicialmente deve-se sempre classificar o ato de
comércio principal, pois a classificação deste irá influenciar a classificação dos atos
acessórios

01-03-2013

Atos de comércio objetivos


 Previstos no art.2º do Ccom, na sua 1ª parte, enquanto que, na 2ª parte vamos
encontrar a previsão dos atos de comércio subjetivos
 Devemos interpretar esta norma de uma maneira extensiva, pois os atos de comércio
objetivos não se esgotam neste código
 Além disso em conjugação com esta norma, devem-se observar os requisitos de cada
artigo referente a esses mesmos atos
o Ex: o art.463º - compra e venda: para um determinado ato de compra e venda,
ser considerado comercial, deve estar elencado neste artigo

XL 3
DIREITO COMERCIAL 1º Mini teste

Atos consagrados no Código Comercial

Fiança
 Art.101º Ccom
 É uma garantia pessoal para cumprimento de uma determinada prestação
 Assim só será comercial se a relação que se encontrar a afiançar também for
considerada como tal
 É considerado um ato de comércio acessório

Mandato
 Art.231º Ccom
 Também o mandato será um ato acessório, pois existe mandato quando alguém
encarrega outro de praticar um ou mais atos
 Se esses atos forem comerciais, também o mandato o será

Conta corrente
 Art.344º Ccom
 É considerado um ato comercial autónomo
 Sucede quando é realizado um encontro de contas entre dois sujeitos,
simultaneamente devedores e credores entre si

Operações de bancos
 Art.362º Ccom
 É um ato objetivamente comercial sem dependência de outros
 É um ato autónomo
 Por exemplo um empréstimo bancário deve aqui ser incluído, ao contrário de um
empréstimo particular que será considerado como ato acessório, somente sendo
considerado comercial se o ato principal o for também.

Transporte
 Art.366º Ccom
 É um ato autónomo
 Só é considerado um contrato de transporte quando o transportador tiver empresa
constituída

Empréstimo
 Art.394º Ccom
 Considerado um ato acessório
 Só será comercial se o objeto sobre o qual incide o empréstimo tiver carater mercantil

Penhor
 Art.397º Ccom
 Outras das garantias previstas neste código

XL 4
DIREITO COMERCIAL 1º Mini teste

 Será comercial se a dívida que se pretende garantir tenha também ela carater
comercial
 É então considerado um ato acessório

Depósito
 Art.403º Ccom
 Considerado ato acessório
 Só será comercial se o bem depositado for destinado a qualquer ato de comércio

Compra e venda
 Art.463º Ccom
 São os atos de comércio mais praticados no nosso ordenamento jurídico
 Para ser considerado como comercial tem de estar elencado nos números deste artigo
 Deve analisar a compra na posição do comprador, verificando a sua convicção no
momento da mesma
 No art.464º Ccom encontramos os atos que não são considerados comerciais
 É um ato autónomo

Troca
 Art.480º Ccom
 Por força deste artigo devem-se observar as regras estabelecidas para a compra e
venda
 Ato autónomo

Aluguer
 Art.481º Ccom
 O aluguer será considerado comercial se a coisa comprada, o tiver sido com o intuito
de alugar o seu uso
 Ato autónomo

Empresas
 Art.230º Ccom
 Desde logo existe uma divergência doutrinal na interpretação deste artigo
o Qualificar os atos, ou
o Qualificar os sujeitos
 A doutrina maioritária inclina-se para que este artigo seja interpretado observando os
atos.
 Assim concluímos que os atos que estão previstos neste artigo, no exercício de
atividades das empresas são considerados objetivamente comerciais

XL 5
DIREITO COMERCIAL 1º Mini teste

 Empresa: (em sentido objetivo) é um conjunto de meios humanos, financeiros e


técnicos que de forma organizada prossegue determinada atividade

 Um empresário pode ser:


o Uma pessoa coletiva: Em regra é uma sociedade comercial
o Uma pessoa singular: em regra é um comerciante a nível individual

Leis que substituíram o Código Comercial


 Também fora do código, vamos encontrar leis que consagram atos de comércio
objetivos. Leis essas que anteriormente estavam inseridas no Ccom
o Código das sociedades comerciais
 Assim qualifica-se o ato de constituição de uma sociedade como
objetivamente comercial
o Código dos Valores Mobiliários - CVM
o LULL – lei uniforme das letras e livranças
o LUCH – lei uniforme dos cheques
o DL 72/2008 – regime de contrato de seguros

Leis que se auto qualificam como comerciais ou leis que no seu todo ou
em parte contêm artigos/ capítulos que qualificam de comerciais os
atos aí descritos
 DL 178/86 – Contrato de agência
 DL 149/95 – Contrato de locação financeira
 DL 211/2004 – Mediação imobiliária
 DL 144/2006 – Atos de mediação de seguros
 DL 148/90 – Agrupamentos europeus de interesses económicos (AEIE)
o Aplicação analógica, aos Agrupamentos complementares de empresas (ACE)
o A sua constituição (AEIE, ACE), é também considerada um ato de comércio
objetivo, isto se o objeto do agrupamento tiver um objetivo comercial
 Lei 6/2006 – NRAU, entretanto alterada pela Lei 31/2012
o Considerada como objetivamente comercial:
 O arrendamento para fins não habitacionais de comércio e industria
 O trespasse comercial
 A locação de um espaço comercial

Analogia
 Outras das formas de classificar atos objetivamente comerciais é através do recurso à
analogia
 Devemos distinguir duas possibilidades de analogia
o Analogia legis
o Analogia iuris

XL 6
DIREITO COMERCIAL 1º Mini teste

Analogia legis
 Quando se analisa a letra da Lei e se substitui ou acrescenta diretamente uma palavra
ao redigido
o Ex: art.230º, nº6: substituir casa por armazém
o Art.230º,nº7: acrescentar a possibilidade “ar” às já existentes terras e mar
o Art.230º,nº2: substituir géneros por prestações de serviços

Analogia iuris
 Quando se analisa uma norma de Direito Comercial, recorrendo ao espírito da Lei com
aplicação de um princípio geral da lei
 Altera-se então a letra da lei com recurso ao espírito da Lei
o Ex: art.230º,nº2: a lei refere preço convencionado, mas pelo espirito da lei
pode-se depreender que se possa aplicar também a situações sem preço
convencionado

 Assim e após esta aplicação analógica conclui-se que as empresas de prestação de


serviços são objetivamente comerciais (analogia legis)
 Por outro lado, e por analogia iuris, conclui-se que as empresas que forneçam géneros
ou serviços, com ou sem preço convencionado, também são consideradas
objetivamente comerciais
07-03-2013

Atos de comércio subjetivos


 Para que um ato seja considerado subjetivamente comercial devemos obervar 3
requisitos cumulativos previstos na 2ª parte do art.2º Ccom
o Contratos e obrigações dos comerciantes
 São atos dos comerciantes
 Deve-se realizar uma análise a quem pratica o ato, para aferir se é ou
não comerciante.
 Esta análise apoia-se no estipulado no art.13º Ccom
o Não forem de natureza exclusivamente civil
 O ato em concreto deve ser suscetível de em abstrato ser relacionado
com o comércio
 São atos de natureza exclusivamente civil os atos de caráter
extrapatrimonial como o casamento, a adoção, perfilhação, etc.
 A doação pode ser considerada ato comercial, pois pode por vezes ter
um fim comercial
 Ex: “Na compra de 6 garrafas leva uma grátis”
o Se o contrário do próprio ato não resultar
 Ao verificar do ato em concreto, na posição de quem vende ou presta o
serviço,observar qual a convição de que fica daquele ato

XL 7
DIREITO COMERCIAL 1º Mini teste

 Utilizemos como exemplo a compra de uma cama por um revendedor


de mobiliário a um fabricante de móveis
 Se houver a convicção que o ato é comercial,então o ato é
considerado comercial
o O revendor de móveis informa que a compra das
camas se destina a revenda
 Se do ato nada resulta, ou seja não se consegue aferir da sua
comerciabilidade, mas também nada nos é dito em contrário,
o ato é considerado comercial
o O revendedor de móveis nada diz sobre o destino a dar
às mesmas
 Caso se retire a informação de que o ato não tem objetivos
comerciais, não se considera como tal e assim o requisito não é
preenchido
o O revendedor de móveis diz ao fabricante que as
camas são para mobilar a sua casa.

 Nota: Os atos comerciais podem ser simultaneamente objetivos e subjetivos, ou então


somente uma das situações supra
 Assim aplica-se a lei comercial se:
o O ato for considerado objetivamente comercial
o O ato for considerado subjetivamente comercial
o O ato for considerado objetiva e subjetivamente comercial

Atos formalmente comerciais (e atos substancialmente comerciais)


 Atos formalmente comerciais:
o São esquemas formais predefinidos, os quais a própria Lei prevê a utilização
deste tipo de esquemas
o Esses atos podem ser utilizados por comerciantes ou não comerciantes, quer
estejamos perante atos de comércio ou não.
o Como estão especialmente regulados na lei mercantil, merecem a qualificação
de atos de comércio
o Ex: cheques, livranças, letras.
 Atos substancialmente comerciais:
o São todos os atos que têm na sua natureza uma relação comercial

Atos bilateralmente ou unilateralmente comerciais


 Atos bilateralmente comerciais:
o Um ato cuja comerciabilidade se verifica em relação a ambas as partes
 Atos unilateralmente comerciais:
o Só existe comerciabilidade em relação a uma das partes
o Regime jurídico aplicável previsto no art.99º com exceção do elencado no
art.100º Ccom

XL 8
DIREITO COMERCIAL 1º Mini teste

Comerciante
 Os sujeitos dos atos de comércio e das relações jurídicas comerciais, podem ser
comerciantes ou não comerciantes. No entanto existe uma maioria de sujeitos
considerados como comerciantes.
 Relevante saber quem é comerciante, pois um ato de comerciante é considerado
subjetivamente comercial.
 Para aferirmos da qualidade de comerciante, devemos fazer o enquadramento do
sujeito num dos números do art.13º Ccom:

Nº1
 Relativamente à expressão “pessoa”, deve aqui ser considerada não somente a nível
singular, mas também como pessoa coletiva que não seja sociedade comercial
 Para ser considerado comerciante devem então ser observados três requisitos
cumulativos:
o Capacidade
 Falamos aqui da capacidade de exercicio de direitos prevista no art.
 No caso de incapazes, ou seja menores não emancipados, interditos ou
inabilitados, deve esta incapacidade ser suprida através do seu
representante legal e com autorização do MP
 Tendo assim o estatuto de comerciantes (e não os seus
representantes)
 Artigos do CC: 1889º.nº1 c) ;1938,nº1 a) e f); 1390º
o Prática de atos de comércio
 Prática de atos objetivamente comerciais
o A título profissional / fazer da atividade profissão
 Deve esta atividade ser sistemática e regular
 Não precisando no entanto de ser exclusiva, nem a principal do agente
 Não existe a necessidade de ser uma atividade ininterrupta, podendo
ser meramente sazonal

Nº2
 Conjugar este artigo com o art.1º CSC
 Para ser considerado como Sociedade comercial deve:
o Ter uma atividade comercial – art.230º Ccom
o Adotar um tipo comercial previsto neste artigo:
 LDA; SA; SNC; Sociedades em comandita
o Adquirem a qualidade de comerciante pelo menos a partir do momento em
que adquirem personalidade jurídica – art.5º CSC
 O Código comercial não se aplica às sociedades comerciais previstas no art.1º,nº4
CSC,pois não são consideradas comerciantes em virtude de lhe faltar a atividade
comercial

XL 9
DIREITO COMERCIAL 1º Mini teste

Outras pessoas coletivas que não são sociedades comerciais, mas que podem ser
comerciantes
 Outras pessoas coletivas podem ser comerciantes, quando tenham por objeto a prática
de atividades ou atos comerciais
 Estas empresas não visam o lucro, logo não se aplica o art.13º,nº2
 Assim serão comerciantes se observados os requisitos do art.13º,nº1, adquirindo essa
qualidade pelo menos a partir do momento em que passam a gozar de personalidade
jurídica

EPE; EM; EIM


 Visam a satisfação dos interesses coletivos/ públicos
 Aplica-se então o nº1 do predito artigo, pese a divergência doutrinal.

ACE;AEIE
 Pese as empresas que os constituem visarem lucros, os agrupamentos não. Logo não
podem ser incluídos pelo art.13,nº2
 O objetivo destes agrupamentos é ganhar poderio negocial para reduzir custos

Cooperativas
 Também as cooperativas não visam o lucro, mas se tiverem um objeto comercial nada
impede que sejam consideradas comerciantes

Quem não é comerciante


 Não são considerados comerciantes, aqueles que não exerçam atividades mercantis:
o Aqueles que não preenchem os requisitos do art.nº1 ou nº2
o Aquele que pratica atos meramente formais
o As pessoas singulares ou coletivas que exerçam uma atividade não comercial
 Art.230º §1º,1ª parte: atividades agrícolas (conceito amplo
englobando o cultivo da terra assim como a silvicultura, a pecuária,
etc.)
 Art.230º §1º,2ª parte: artesãos (oleiros, ferreiros, sapateiros, etc.)
o Os profissionais liberais
 Atividade suscetível de regulamentação própria
 Ex: solicitadores, advogados, Técnicos oficiais de contas, etc.
o O autor de determinadas obras que também as venda, edite ou publique
 Art.230º§3
 Ex: pintores, escultores, etc.
o Pessoas coletivas públicas territoriais, previstas no art.17º Ccom
 Incompatibilidade entre funções o exercício profissional do comércio e
o exercício de funções públicas ou a prossecução de finalidades
públicas por parte de pessoas coletivas de direito público

XL 10
DIREITO COMERCIAL 1º Mini teste

 Deve o “Estado” ser interpretado extensivamente, de maneira a


abarcar a administração estadual indireta e mesmo a administração
autónoma
o Associações e fundações de direito privado com fim desinteressado ou
altruístico previsto no parágrafo único do art.17º
 Embora possam praticar atos de comércio, não podem adquirir a
qualidade de comerciante
08-03-2013

Sujeitos legalmente inibidos da profissão de comércio


 O art.14º Ccom prevê duas categorias de sujeitos que estão impossibilitados de serem
comerciantes
 No entanto existem associações que têm objetivo comercial, logo essas são
consideradas comerciantes

Nº1
 Referência a entidades coletivas que embora possam praticar atos de comércio na
prossecução dos seus fins, a lei não lhes concede o estatuto de comerciante
 É o que nos diz o art.17º, referindo que essas mesmas associações podem realizar atos
de comércio mas não serão consideradas como comerciantes
 Decorre do facto de não prosseguirem interesses materiais
o Associações de fim desinteressado ou altruístico
 Não têm, obviamente por objeto interesses materiais
o Associações de fim interessado ou egoístico mas ideal
 Por exemplo uma associação desportiva que tenha um bar que explore
 Pratica atos comercias, mas estes são um meio para auxiliar na
prossecução dos fins de natureza ideal a que se propõe
o Associações de fim interessado ou egoístico de cariz económico não lucrativo
 Associações sindicais por exemplo
 Alguma atividade comercial também por elas exercida será sempre
instrumental das finalidades principais

 Se a atividade comercial passar a ser encarada como principal, esses mesmos atos
serão considerados nulos e pode o MP extinguir a associação

Nº2
 A legislação comercial estabelece neste nº2 algumas incompatibilidades que podemos
dividir em:

Incompatibilidades de direito privado relativas


 São incompatibilidades relativas, ou seja, removiveis mediante autorização de certos
sujeitos ou órgãos.
 São também parciais, pois não proibem toda a atividade comercial
o Gerentes -art.253º Ccom
XL 11
DIREITO COMERCIAL 1º Mini teste

 Imaginemos que o gerente da Worten quer ser abrir uma loja de


eletrodomésticos. Não pode ser considerado como comerciante pois
estaria a fazer concorrência à própria empresa.
 Pode ser afastado por autorização
o Sócios de sociedade em nome coletivo - art.180º,nº1 CSC
 Só possível se obter consentimento dos sócios
o Gerentes de sociedades por quotas - art.254º,nº1 CSC
 Para exercer atividade comerciante, devem os gerentes obter
consentimento dos sócios
o Administradores de Sociedades anónimas - art.398º,nº3 e 428º CSC
 Carecem também de autorização
o Sócios comanditados - art.477º CSC

Incompatibilidades de direito público absolutas


 Existem também diversas incompatibilidades de direito público
 Estas incompatibilidades são absolutas, logo aplicam-se a todas as atividades
 Pese a divergência doutrinal existente, considera-se que as pessoas que estão
impossibilitadas por Lei de comerciar, mas que exercem profissionalmente o comércio,
devem ser consideradas comerciantes
o Tal sucede pois os requisitos do art.13º,nº1 Ccom, estão cumpridos
o Tais atos não serão nulos, mas implicará outras sanções:
 Responsabilidade civil, penas disciplinares,etc
 Observamos então:
o Os magistrados judiciais – art.13º,nº1 Lei 21/85
 Podem somente ser sócios de empresas; não podem ser considerados
comerciantes; nem gerentes da mesma
o Magistrados do MP – art.81º,nº1 Lei 47/86
o Militares – art.16º,nº1 e 2 do EMFA
o Os titulares de órgãos de soberania, outros cargos políticos – art.1º,nº2 LEI
64/93

Sujeitos de qualificação duvidosa


 Existe uma divergência doutrinal relativamente aomandatário com representação –
art.231º Ccom
 São considerados comerciantes:
o Mediadores, agentes
o Farmacêuticos (técnicos) assim como a industria farmaceutica
o Sociedades comerciais sem personalidade jurídica
 Constituida por escritura pública, mas sem registo
 Pese a divergência doutrinal, Coutinho de Abreu defende que mesmo
sem registo( e assim sem personalidade jurídica) deve ser considerada
comerciante

XL 12
DIREITO COMERCIAL 1º Mini teste

 Não são considerados comerciantes:


o Sócios e gerentes das sociedades comerciais (os atos praticados são em nome
da sociedade)
o Sócios de responsabilidade ilimitada (SNC; Sociedades em comandita, por
ações)
 De acordo com Coutinho de Abreu não são consideradas comerciantes,
pois:
 Agem em nome da empresa
 A questão patrimonial leva a divergências pelo facto de o
património dos sócios também responder
o No entanto só se coloca subsidariamente, ou seja , só
se recorre ao património dos sócios caso o da
sociedade seja insuficiente

Responsabilidade por dívidas comerciais, contraídas por cônjuge comerciante


 Art.15º Ccom; art.1691º,nº1 d)CC
 É um regime primordialmente tutelador do comércio
 Os credores dos que exercem o comércio não têm de provar que as dívidas contraídas
nesse exercicio foram contraídas em proveito comum do casal.
 Assim irá implicar que por essas dívidas irão responder os bens de ambos e de cada um
dos conjuges –art.1695º,nº1 CC
 Para beneficiarem desta presunção, os credores têm apenas de provar que o sujeito
contraente das dívidas é comerciante e que as dívidas são comerciais (resultantes de
atos de comércio subjetivos ou objetivos), ou de obrigações comerciais
 O ónus da prova cabe então a um dos conjuges (ou aos dois), fazer prova que tal não
sucedeu, ilidindo a presunção (art.350º CC)
 Em caso do regime de bens ser o de separação, a presunção é prontamente ilidida.
Protegendo assim os bens do conjuge não comerciante

XL 13

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