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PROCESSO PENAL.

ITEM 9. Disposições especiais previstas na Lei que dispõe sobre os crimes ambientais.
LCA = Lei dos Crimes Ambientais. A ação penal nos crimes contra o meio ambiente é pública incondicionada. Nos
crimes ambientais de menor potencial ofensivo, somente poderá ser oferecida a transação penal no caso de prévia
composição do dano ambiental, salvo comprovada impossibilidade. É aplicável a suspensão condicional do processo
aos crimes ambientais que se enquadrem no art. 89 da L 9.099/95, da seguinte forma: declaração de extinção da
punibilidade: depende de laudo de constatação de reparação do dano, salvo impossibilidade. Laudo – constatação –
reparação incompleta: prazo de suspensão do processo será prorrogado até o máximo do art. 89 JEC (04 anos), acrescido
de mais um ano, com suspensão do prazo da prescrição. Durante o prazo de prorrogação não se aplica os incisos II, III e
IV do § 1º, art. 89, L 9.099 (proibição de frequentar determinados lugares, proibição de ausentar-se da comarca onde
reside sem autorização, comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para justificar atividades). Findo o
prazo de prorrogação, será realizado novo laudo de constatação, podendo ser novamente prorrogado o prazo de suspensão,
até o máximo o inciso II, art. 28, L 9605 (5 anos: 4 + 1). Esgotado o prazo máximo, a declaração da extinção da
punibilidade dependerá de novo laudo de constatação que comprove ter o acusado tomado as providências necessárias
à reparação integral do dano. A suspensão condicional da pena pode ser aplicada nos casos de condenação a pena
privativa de liberdade não superior a três anos. Aplicam-se subsidiariamente à LCA as disposições do CP e CPP (art.
79, LCA). O bem jurídico tutelado é o meio ambiente: conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem
física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas (art. 3º, I, L 6.938/81). O STJ
entende que há a necessidade da dupla imputação. A denúncia deve contar a narração do fato delituoso, bem como a
imputação em relação àqueles que tinham poder de decisão na empresa. A citação da pessoa jurídica deve dar-se no
representante legal da empresa. Ação para trancar a ação penal em face exclusivamente de pessoa jurídica: MS. Se pessoa
jurídica, o interrogatório deve ser de seu representante legal ou do dirigente responsável pelo ato. O TAC previsto no art.
79-A (L 9605) não impede a propositura ou a continuidade da ação penal, segundo STJ. A ação penal é pública
incondicionada, não ficando subordinada à conclusão do procedimento administrativo, à discussão sobre o valor da multa
aplicada na via administrativa, à composição dos danos civis. A competência é, em regra, da JE (STJ, CC 88013,
27.02.08), tendo em vista que a proteção é competência concorrente e não existe regra constitucional ou legal que
determine a justiça competente (STJ, REsp 200200848713, 15.05.03), razão pela qual foi cancelada a Súmula 91 do STJ,
que estabelecia a competência da JF para crimes contra a fauna. Sendo assim, aplicam-se as regras gerais de
competência da JF (art. 109, CF), sendo de competência da JF: a) delito praticado em detrimento de bens, serviços ou
interesses de ente federal, suas autarquias ou empresas públicas; b) delito transnacional e o Brasil tiver se obrigado a
reprimi-lo por tratado ou convenção; c) cometido a bordo de navio ou aeronave; d) conexão do crime ambiental com
delito de competência da JF. Prescrição do delito de competência da JF -> remessa do feito à JE para julgamento do
delito remanescente. A competência será da JE nos seguintes casos: a) crime cometido em área particular; b)
descumprimento de compromisso de recuperação do meio ambiente, perpetrado em terras particulares; c) crime
cometido em área de patrimônio nacional; d) quando se trate de manguezal; e) comercialização irregular de carvão; f)
transporte ilícito de lenha; g) armazenamento irregular de madeira; h) recebimento de madeira irregularmente
transportada; i) crime ambiental cometido por índico; j) crime de parcelamento irregular de solo urbano. Não determina
a competência da JF o fato de que tenha sido autuado pelo IBAMA. Casuisticamente, tem-se reconhecido de
competência da JF: a) fato se der em UC federal; b) crime praticado em ilha costeira de propriedade da União; c) crime
ocorrido em área de treinamento do Exército; d) ocorrer em terreno de marinha; e) crime de lavra irregular; f) extração
de areia em local de propriedade da União. A competência será da JF por afetar o serviço da União ou de Autarquia
Federal, notadamente o IBAMA, nos casos: a) crimes praticados por funcionário público federal, ainda que por
equiparação; b) crimes consubstanciados na inobservância de regulamentos administrativos do IBAMA; c) crimes
praticados com o objetivo de ludibriar ou dificultar a ação fiscalizatória do IBAMA; d) instaurada ação penal com base
em laudo de fiscalização do IBAMA, a quem competia expedir a licença faltante; e) nos quais o delito for conexo com o
uso de ATPFs falsificadas; f) delito do art. da LCA se dá pela persistência na manipulação de produtos químicos tóxicos,
em desrespeito ao embargo administrativo imposto pelo IBAMA; g) crimes ocorridos no interior de outras UC criadas e
administradas pelo Poder Público Federal. O interesse da União ou Ente Federal foi reconhecido como fundamento da
competência federal nos seguintes casos: a) ação penal que tenha por objeto crime ambiental envolvendo espécie da
fauna em perigo de extinção; b) falsificação de ATPF, que ofende interesse da União; c) crime ocorrido em terras
indígenas; d) de depósito indevido de terra em área de proteção ambiental na Bacia do Rio Paraíba do Sul, instituída
por Decreto Presidencial. A internacionalidade determina a competência da JF: a) delitos dos arts. 30, 31 e 29, III,
caracterizando tráfico internacional de animais; b) quando o delito do art. 56 se dá mediante transporte internacional
de combustível. Crimes cometido em propriedade particular em que foram reconhecidos a competência da JF. Quanto a
área de entorno de UC federal, o STJ tem jurisprudência (CC 100852) de que se trata de competência da JF. Quando aos
crimes que ocorrerem em propriedade particular, a regra será a competência da JE, contudo, já se reconheceu serem da
competência da JF: a) delito ocorrido em propriedade particular que integra Área de Relevante Interesse Ecológico
criada pelo CONAMA, o que determina o interesse da União; b) praticados em reserva particular do patrimônio natural,
de interesse público, na forma da Lei 9985. Quanto a delitos ocorridos em APP, há três correntes: a) a primeira entende
que a competência será da JE, ainda que a área particular seja de preservação permanente (STJ, REsp 592009; STJ, HC
110405), que não é bem da União, nem se enquadra na definição de UC. Há corrente que afirma a competência da JF
quando o delito se dá em APA criada por Decreto Federal (STJ, AGREsp 1046202). Policial militar que atua em unidade
militar ambiental ou florestal não perde a condição de militar, competindo à Justiça Militar o processo e julgamento de
crime de lesões corporais e ameaça praticados por militar em serviço contra detido em área de proteção ambiental
(STJ, HC 33582). A competência não é de vara ambiental, porém, no caso de denúncia oferecida exclusivamente pelo
crime de usurpação, nos termos do art. 2º, L 8176. Perícia – a ausência de laudo pericial não implica trancamento da ação
penal fundada em outros elementos para a comprovação da materialidade. A apreensão dos produtos e instrumentos
do crime é a regra no direito processual penal, que impõe o dever de executá-la à autoridade policial (verificada
a infração, serão apreendidos seus produtos e instrumentos, lavrando-se os respectivos autos, art. 25, LCA). O
perdimentos de bens somente poderá ser decretado por ocasião da sentença condenatória, uma vez que ninguém poderá
ser privado de seus bens sem o devido processo legal. A LCA seguiu regime especial e estabeleceu um regime de
perdimento especial para os bens utilizados na prática de crime ambiental, distinto daquele estabelecido no art. 91
do CP, de acordo com o qual somente é declarado o perdimento de instrumentos “que consistem em coisas cujo
fabrico, alienação, uso, porte ou detenção constitua fato ilícito”. Assim, não há exigência de que o instrumento seja
ilícito para que possa ser aplicada a pena de perdimento. São requisitos para o perdimento: a) que os bens sejam de
propriedade do autor do crime, não se aplicando ao bem de terceiro; b) sua utilização na prática delituosa; c) trânsito em
julgado da condenação, não sendo aplicável o perdimento em caso de absolvição. Em caso de terceiro, a devolução
pressupõe certeza de que o suposto terceiro é proprietário dos veículos, bem como sua boa-fé, ou seja, um verdadeiro
terceiro e não aquele que empresta o nome para o verdadeiro proprietário a fim de evitar a apreensão e perdimento. Em
regra, não se admite mandado de segurança contra a decisão que decreta sequestro, contra a qual está prevista apelação,
a não ser em caso de manifesta ilegalidade e risco iminente de dano irreparável. O investigado não possui legitimidade
para impetrar MS visando à devolução de bem de terceiro, o que constitui, aliás, indício de que os bens podem pertencer,
na verdade, ao investigado. A sentença penal condenatória, sempre que possível, fixará o valor mínimo para reparação
dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido ou pelo meio ambiente. Transitada
em julgado a sentença condenatória, a execução poderá efetuar-se pelo valor fixado nos termos do caput, sem prejuízo
da liquidação para apuração do dano efetivamente sofrido. Poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua
personalidade for obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados à qualidade do meio ambiente.

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