You are on page 1of 6

A VARIABILIDADE DA DENSIDADE DA ESPÉCIE Carapa guianensis

Maria Beatriz dos Santos CRUZ ¹, Lucas Geovane de Medeiros SANTANA¹, Raiana
Augusta Grandal Savino BARBOSA¹, Victor Hugo Pereira MOUTINHO²
¹ Acadêmicos do curso de Engenharia Florestal, Universidade Federal do Oeste do Pará, Santarém, Pará.
mbeatrizcruz1@gmail.com, lgeovanee@gmail.com, rai_grandal@yahoo.com.br
² Docente do curso de Engenharia Florestal, Universidade Federal do Oeste do Pará, Santarém, Pará.
victor.moutinho@ufopa.edu.br

Resumo: A densidade da madeira é influenciada por diversos fatores que variam


significativamente em função da idade, procedência, local de origem, espaçamento e também
em função da taxa de crescimento entre gêneros e até mesmo entre árvores da mesma espécie.
A densidade de Carapa guianensis pode variar dentro da mesma região e entre os tipos de
vegetação dependendo do habitat. Diferente de outras espécies utilizadas para o manejo
florestal madeireiro e não madeireiro que ocorrem em baixas densidades na floresta
amazônica, Carapa guianensis ocorre geralmente com altas densidades. Os resultados obtidos
mostram que as amostras de Carapa guianensis estudadas apresentaram uma significativa
variação de densidade entre elas, com valores de 0.55667 a 0.690000 g/cm -3. Levando em
consideração os fatores de características e variabilidade natural da madeira, é importante
conhecê-las, pois, através deste estudo o trabalho tem por objetivo caracterizar a variabilidade
da densidade no sentido longitudinal da espécie Carapa guianensis. Após estudo, conclui-se
de que a madeira de Carapa guianensis possui uma densidade baixa.
Palavras-chaves: Andiroba, madeira, Região Amazônica.

THE DENSITY VARIABILITY OF Carapa guianensis

Abstract: The wood density is influenced by many factors that vary significantly according to
age, origin, spacing also depending of the growth rate between genus and even between trees
of the same species. The density of Carapa guianensis may vary in the same region and
between types of vegetation depending of habitat. Unlike the other species used to timber and
non-timber forest management with low densities in Amazon forest, Carapa. guianensis often
occurs with high-density values. This study shows that samples of Carapa guianensis
presented a significant density variation between them, with values corresponding from
0.5567 to 0.6900 g/cm-3. While considering the factors of characteristics and natural wood
variability, it is important to know them because through this study this paper has the
objective to characterize the density variability in lengthwise of Carapa guianensis. The
conclusion is that the wood of Carapa. guianensis has a low density.
Keywords: Andiroba, wood, Amazon region.
1. INTRODUÇÃO
A madeira foi um dos primeiros materiais a ser usado pelo homem devido a sua
abundância e às suas características usuais. Mesmo com tantos outros recursos disponíveis,
devido aos atributos ecológicos, econômicos e tecnológicos, a madeira continua sendo a
matéria-prima mais requisitada pela humanidade e sendo usada em diversas situações como
na geração de energia, fabricação de papel, uso estrutural e fabricação de mobiliários
(NASSUR, 2010).
Segundo Oliveira e Silva (2003), a madeira é originária de um sistema biológico
complexo, tornando-se um material de extrema variabilidade onde sua ultraestrutura,
composição química, propriedades físicas e mecânicas variam significativamente entre
espécies, entre arvores de mesma espécie e até mesmo entre diferentes partes de uma árvore.
Oliveira et al. (2005) caracteriza a madeira devido a sua determinação de densidade e
principalmente a sua variação dentro de uma árvore, tanto na direção radial, da medula para a
casca, quanto no sentido base-topo, explanando da importância deste subsidio para a
compreensão da melhor utilização deste material.
De acordo com Ribeiro e Filho (1993), a densidade da madeira é uma das
características que melhor expressa sua qualidade para o uso na produção de campo e sua
utilização industrial. Nisto, considerando sua importância e facilidade de determinação, a
densidade se tornou a características mais difundida e estudada da madeira.
A densidade da madeira é influenciada por vários fatores que variam
significativamente em função da idade, da procedência, local de origem, espaçamento e
também em função da taxa de crescimento entre gêneros e espécies e até mesmo entre árvores
da mesma espécie (FERREIRA e KAGEYAMA, 1978; TOMAZELLO FILHO, 1985;
SOUZA et al., 1988).
Segundo Foelkel (1985) o ambiente é um dos fatores que influenciam a variabilidade
da madeira, tais como o solo, fornecimento de água, disponibilidade de nutrientes, exposição
solar, entre outros.
Entre as propriedades da madeira, a densidade da massa se destaca como a melhor
maneira de qualificar a madeira (HELLMEISTER, 1983) e pode se limitar a escolha genética
de acordo com a sua finalidade. Como exemplo, as madeiras de densidade alta são utilizadas
na produção de carvão vegetal para o uso em siderúrgicas ou em dormentes para estradas de
ferro, assim como as de densidade baixa à média são usadas nas fábricas de celulose de fibra
curta (RIBEIRO E FILHO, 1993).
Souza et al. (2006) relata que a espécie Carapa guianenesis é uma espécie que tem sua
distribuição geográfica desde a bacia Amazônica até a Bahia (LORENZI, 2002), ocorrendo
também em outros países da América do Sul e Central, a exemplo da Colômbia, Venezuela,
Suriname, Guiana Francesa, Peru, Paraguai e nas Ilhas do Caribe (FERRAZ e CAMARGO,
2003).
Pertencente à família Meliaceae, C. guianensis pode chegar a uma altura de 55 m e
possui um fuste cilíndrico e reto, podendo apresentar sapopemas com casca grossa e sabor
amargo, quais se desprendem facilmente em placas (FERRAZ et al., 2003).
Segundo Ferraz et al., (2003) a densidade da C. guianensis pode variar dentro da
mesma região e entre os tipos de vegetação dependendo do tipo de habitat. Diferente de outras
espécies que são usadas para o manejo florestal madeireiro e não madeireiro, eles ocorrem em
baixas densidades na floresta amazônica e a C. guianensis ocorre geralmente com altas
densidades (KLIMAS et al., 2007).
Levando em consideração a importância dos fatores de característica e variabilidade
natural da madeira, este estudo teve por objetivo caracterizar a variabilidade da densidade no
sentido longitudinal da espécie Carapa guianensis.

2. MATERIAL E MÉTODOS
A coleta da espécie C. guianensis Aubl. ocorreu na estação experimental de Curuá-
Una, situada na comunidade de Barreirinha na cidade de Prainha – PA, localizada entre as
coordenadas 02º32’40” S e 54°05’27” W, na qual se encontra um plantio datado desde a
década de 60.
Foram abatidas 5 árvores da espécie, retirando de cada uma 5 discos em diferentes
alturas, a citar: base 0, 25, 50, 75 e 100%, tendo como referência a altura comercial. Os discos
foram numerados de acordo com a sua posição relativa ao tronco e, logo após, as amostras
foram condicionadas em sacos plásticos para minimizar a perda de umidade.
Posteriormente, o material foi levado para o Laboratório de Tecnologia da Madeira –
LTM, situado na Universidade Federal do Oeste do Pará – UFOPA e tiveram por objetivo o
estudo tecnológico da espécie em questão. As amostras foram condicionadas em uma sala de
aclimatação, com temperatura de 20º ± 2 e umidade relativa de 65% ± 3 até que atingissem
estado de equilíbrio com o ambiente. Para a determinação da massa das amostragens realizou-
se a pesagem das mesmas em balança com precisão de 0,02 kg, na qual se obteve valor da
massa a 12% de umidade, enquanto que, para a determinação do volume tanto em massa seca
como em massa emergida em água seguimos as normas propostas pela ABNT NBR
11941:2003, considerando que o valor do volume foi obtido sem a casca.
Alguns estudos comprovaram que a madeira apresenta variação de densidade no
sentido longitudinal e radial e que volume também varia no sentido base topo, pois a melhor
forma que representa o fuste é o cone. Sendo assim, é necessário determinar uma média
ponderada da densidade de um indivíduo, minimizando o erro decorrente dessas variações.
Para a ponderação da densidade básica foi utilizada a metodologia apresenta por Vital (1984).
Para as análises de dados realizou-se o teste de Scott-Knott a 5% de significância e o
programa utilizado para a obtenção das analises estatísticas foi o software Sisvar versão 5.3.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Podem-se observar na tabela 1 as médias de densidade obtidas por cada tratamento de


Carapa guianensis ao longo do seu tronco.

Tabela 1. Valores médios de densidade aparente ao longo do tronco da espécie Carapa


guianensis

Posição da amostra Médias da densidade (g.m-3)

1 0.556667 b

2 0.631667 a

3 0.690000 a

4 0.563333 b

5 0.628333 a

CV 10.21

Erro Padrão 0.6140

Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si ao nível de 5% de significância
Os dados apresentados na tabela indicam que houve uma variação entre os indivíduos
de C. guianensis, apresentando uma diferença significativa na posição... das árvores 1 e 4 e
entre as posições 2, 3 e 5 no sentindo longitudinal do tronco referente as alturas 0, 25, 50, 75 e
100% dos 5 indivíduos observados, com o erro padrão de 0,6140 e o CV% de 10,21. Este erro
é considerado alto estatisticamente e é perceptível entre os valores observados e na média
geral e o coeficiente de variação indicou que as amostras contem dados homogêneos entre
elas. De acordo com a classificação de Melo (1990) esta madeira é tem sua densidade
considerada média.
Na tabela 2 são apresentadas as médias ponderadas da densidade das árvores.

Tabela 2. Médias ponderadas dos indivíduos

Árvore Médias Ponderadas

1 0,57

2 0,64

3 0,70

4 0,58

5 0,63

A partir da média ponderada pode-se verificar que o indivíduo 1 apresentou o menor


valor de densidade (0.57 g/cm³) e o indivíduo 3 três apresentou o maior valor de densidade
(0,70g/cm³). Essa variação de acordo com Silva et al (2004), pode ocorrer devido a diferentes
idades, diversidade genética e diferentes locais de crescimento e tratos silviculturais.
Conforme Mendes et al., (1999) espécie que apresentam uma grande dispersão entre
indivíduos possuem uma alta potencialidade em programas de melhoramento genético.
Segundo Moutinho (2013), ao trabalhar com espécies do gênero Eucalyptus e
Corymbia, a variação da densidade da madeira na base-topo do tronco pode ser caracterizada
em três modelos de variação, neste caso o autor estudou a variação das densidades base-topo
das espécies. O primeiro modelo é caracterizado pelo decréscimo da densidade da madeira
desde a região da base até o DAP e apresentando o aumento do seu valor até o topo
(PANSHIN e DEZEEW, 1970). De acordo com o segundo, há um decréscimo da densidade da
madeira desde a região da base até o DAP, seguindo-se de uma tendência de aumento no valor
em até 75% e decréscimo até o topo (HASELEIN, 2004). O terceiro modelo de variação é
caracterizado pela diminuição do valor da densidade da madeira entre a base e o DAP com o
aumento até 50% e redução até o topo do tronco (STURION et al., 1987). Downes e
Raymond (1997) citam 4 modelos de variação, além dos 3 modelos que foram citados por
Panshin e DeZeew (1970). Após a analise de todos os resultados de média pode-se concluir
que a densidade da C. guianensis segue os modelos 2 e 3. No gráfico 1, pode-se visualizar a
variação da densidade no sentido base-topo.
Gráfico 1: Variação da densidade dos indivíduos.

O gráfico 1 apresenta as variações da densidade no eixo longitudinal dos indivíduos,


as árvores 1 e 4 apresentam uma variação constante, pois houve um decréscimo e logo em
seguida um acréscimo, se mantendo estável. As árvores 2, 3 e 5 mantiveram-se estáveis.
Souza et al. (2006) comentam que a densidade madeira de Carapa guianensis é pesada
variando entre 0,70 g/m-3 e 0,75g/m-3 a 12% de umidade e 1,03 cm-3 verde e é de ótima
qualidade por sua madeira ser dura. Silva et al., afirmam que a densidade básica pode limitar a
escolha do material genético de acordo com a sua finalidade. Por exemplo, na produção de
carvão vegetal para as siderúrgicas a madeira requer ser de alta densidade, já as fábricas de
celulose requerem madeiras de densidade intermediária.

CONCLUSÃO

Após estudo, conclui-se de que a madeira da C. guianensis possui uma densidade


baixa. Apesar da variação apresentada, pode-se concluir que espécie possui o potencial de uso
para a indústria madeireira, na construção civil no uso de vigas, caibros, ripas, esquadrias e
outros, na fabricação de moveis, lâminas, compensados, caixas de embalagens, mastros e
acabamentos internos de navios. Isto só foi possível concluir através do teste de imersão na
água e com as analises estatísticas dos testes de Scott-Knott e Tukey.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRUDER, E. M. Métodos de determinação da densidade básica e aparente da madeira de


Eucalyptus sp. 2012.

CORADIN, V. TR. Madeiras similares ao mogno (Swietenia macrophylla King.): chave


ilustrada para identificação anatômica em campo. Serviço Florestal Brasileiro, 2009.

DE ASSIS RIBEIRO, F.; ZANI FILHO, J. Variação da densidade básica da madeira em


espécies/procedência de Eucalyptus spp.

DE PAULA LOURENÇO, J. N. et al. 13387-Distribuição espacial de uma população de


Carapa guianensis em parcela permanente na floresta primária da região de Parintins,
Amazonas. Cadernos de Agroecologia, v. 8, n. 2, 2013.
DOS SANTOS VIEIRA, D. et al. Estrutura, distribuição espacial e volumetria de Carapa
guianensis Aubl. na Floresta Nacional do Tapajós.Nature and Conservation, v. 6, n. 2, p. 18-
25, 2014.

ELOY, E. et al. Variação longitudinal e efeito do espaçamento na massa específica básica da


madeira de Mimosa scabrella e Ateleia glazioveana.Floresta, v. 43, n. 2, p. 327-334, 2013.

FERRAZ, I. D. K. Andiroba Carapa guianensis Aubl. Manaus: INPA, 2003. não paginado.
(Informativo Técnico Rede de Sementes da Amazônia, 1). Biblioteca(s): Embrapa Amapá;
Embrapa Amazônia Ocidental; Embrapa Meio-Norte; Embrapa Rondônia.

FERRAZ, I. D. K; SAMPAIO, P. de T. B. Métodos simples de armazenamento das sementes


de andiroba (Carapa guianensis Aubl. e Carapa procera DC Meliaceae). Acta amazonica, v.
26, n. 3, p. 137-144, 1996.

FERREIRA, M. Variação da densidade básica da madeira de povoamentos comerciais de


Eucalyptus grandis Hill ex Maiden nas idades de 11, 12, 13, 14 e 16 anos. Revista do IPEF, n.
4, p. 65-79, 1972.

FOELKEL, C. E. B. Celulose kraft de Pinus spp. O Papel. ABCP, São Paulo, p. 49-67, 1976.

KLIMAS, C. A. et al. Viability of combined timber and non-timber harvests for one species: A
Carapa guianensis case study. Ecological Modelling, v. 246, p. 147-156, 2012.

KLIMAS, C. A.; KAINER, K. A.; WADT, L. HO. Population structure of Carapa guianensis
in two forest types in the southwestern Brazilian Amazon. Forest Ecology and Management,
v. 250, n. 3, p. 256-265, 2007.

MOUTINHO, V. H. P. Influência da variabilidade dimensional e da densidade da madeira de


Eucalyptus sp. e Corymbia sp. na qualidade do carvão. 2013. Tese de Doutorado. Escola
Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz.

NASSUR, O. A. C. Variabilidade das propriedades tecnológicas da madeira de Toona ciliata


M. Roem. com dezoito anos de idade. 2010.

OLIVEIRA, J. T. da S.; HELLMEISTER, J. C.; TOMAZELLO FILHO, M. Variação do teor


de umidade e da densidade básica na madeira de sete espécies de eucalipto. Revista Árvore, v.
29, n. 1, p. 115-127, 2005.

PANSHIN, A. J. et al. Textbook of wood technology. McGraw-Hill Book Co., 1980.

RODRIGUES, R. A. D. Variabilidade de propriedades físico-mecânicas em lotes de madeira


serrada de eucalipto para a construção civil. 2002.

TEIXEIRA, B. M. dos R. Variabilidade radial e longitudinal de propriedades da madeira de


angico-vermelho (Anadenanthera peregrina (L.) Speg.). 2008.

TOMAZELLO FILHO, M. Variação radial da densidade básica e da estrutura anatômica da


madeira do Eucalyptus globulus, E. pellita e E. acmenioides. IPEF, v. 36, 1987.

VITAL, B. R. Métodos de determinação da densidade da madeira. Viçosa, MG: SIF, 1984.

You might also like