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Alimentos Funcionais

Classificação dos alimentos e


ingredientes funcionais
• Quanto à fonte:
– origem vegetal
– origem animal

• Quanto aos benefícios que oferecem


– sistema gastrointestinal
– sistema cardiovascular
– metabolismo de substratos
– crescimento
– desenvolvimento e diferenciação celular
– comportamento das funções fisiológicas
– antioxidantes
Indicação

• É necessário que o consumo destes alimentos


seja regular a fim de que seus benefícios
sejam alcançados
Fibras alimentares

• A Fibra Alimentar Total (FAT) está presente nas


paredes das células vegetais, principalmente na
parte periférica ou casca, conferindo firmeza e
estrutura ao alimento vegetal.
• São compostos de origem vegetal que, quando
ingeridos, são resistentes à hidrólise enzimática, à
digestão e à absorção no intestino delgado,
apresentando fermentação completa ou parcial no
intestino grosso.

Arq Bras Endocrinol Metab. 2009;53/5


Fibras Alimentares

• Podem ser classificadas segundo suas propriedades físicas e


seu papel fisiológico:
– Suscetibilidade à degradação enzimática bacteriana
– Capacidade de fixar e absorver água e outras substâncias
• Solúveis (pectinas, gomas, mucilagens – ex: psyllium, β-glucanas)
• Insolúveis (celulose, hemicelulose e lignina).

• Os efeitos fisiológicos exercidos pela fibra alimentar são:


laxação, aumento do bolo fecal, atenuação do colesterol e da
glicemia sanguínea, ação sobre a microbiota intestinal, entre
outros.
Arq Bras Endocrinol Metab. 2009;53/5
Recomendações

• DRIs:
– Mulheres: 25g/dia.
– Homens: 38g/dia
– Acima destes valores pode prejudicar a absorção
de minerais (ferro, zinco e cálcio) essenciais à
saúde e até mesmo causar efeitos colaterais
(flatulência, dor abdominal e constipação)
Fontes alimentares/
suplementos

• Pectinas, gomas, mucilagens e algumas hemiceluloses


são exemplos de fibras solúveis, cujas fontes principais
são frutas, verduras, farelo de aveia, cevada e
leguminosas (feijão, grão-de-bico, lentilha e ervilha).
• As fibras insolúveis, como a celulose, lignina e algumas
hemiceluloses, tem como fontes principais o farelo de
trigo, grãos integrais e verduras.
• No entanto, as fibras também podem ser obtidas por
meio de suplementos, por exemplo, suplementos de
fibras solúveis (psyllium, inulina, gomas).
Benefícios das Fibras

• Estômago: produz o retardo em seu esvaziamento e


sobretudo as fibras solúveis provocam uma sensação de
plenitude
• Intestino delgado: fibra solúvel e a lignina atraem moléculas
orgânicas como o colesterol e glicose. O trânsito do intestino
delgado é retardado pelas fibras solúveis, mas acelerado,
pelas fibras insolúveis
• Intestino grosso: as fibras são os verdadeiros formadores de
massa fecal, sem a qual, não se estimula o peristaltismo e,
com ele, o transporte pelo reto. Tanto a fibra solúvel como a
insolúvel aumentam o conteúdo colônico.
Fibras Alimentares e
intestino
• As fibras alimentares insolúveis aumentam o volume
fecal retendo água, ao passo que as fibras solúveis
aumentam o volume fecal devido ao acúmulo de
massa bacteriana durante sua degradação.
• A matéria fecal obtida estimula o peristaltismo
intestinal e aumenta a frequência de evacuações. Os
dois fatores de importância para evitar a constipação
intestinal são o aumento do volume fecal e aceleração
do tempo de trânsito intestinal, de modo que, neste
caso, uma dieta rica em fibras e com abundante
ingestão hídrica é recomendada

Rev Bras Nutr Clin 2003; 18(4):178-182


Fibras alimentares e
colesterol
• Uma das teorias é de
que a fibra solúvel
reduz o colesterol
plasmático através de
sua capacidade de se
ligar aos ácidos biliares
no trato
gastrointestinal,
resultando na excreção
do complexo bile-fibra
através das fezes.
Utilização na indústria
de alimentos

• Para suprir o déficit do consumo de fibra alimentar, a


indústria alimentícia vem utilizando a fibra para
produção ou enriquecimento de seus produtos e, desta
forma, aumentar o teor de fibra alimentar e também
nutricional.
• As fontes alternativas de fibra alimentar podem trazer
grandes vantagens para as indústrias alimentícias, pois
contribuem para o enriquecimento de produtos e
previnem contra o desperdício, uma vez que o
alimento é utilizado integralmente
Uso de alegação funcional
• Para as fibras alimentares, o teor mínimo exigido para uso de alegação funcional é de
no mínimo 2,5g de fibras/porção.
• Para as dextrina resistente, goma guar parcialmente hidrolisada e polidextrose, o teor
mínimo exigido foi alterado para 2,5g de dextrina resistente/ goma guar parcialmente
hidrolisada / polidextrose na porção do produto pronto para consumo.
• Para a inulina e frutooligossacarídeos o teor mínimo exigido passou a ser de 5,0g FOS/
Inulina na recomendação de consumo diária e, a porção do alimento pronto para o
consumo deve fornecer no mínimo 2,5g de FOS / Inulina.
• Para as lactulose e quitosana, o teor mínimo foi alterado para 3,0g lactulose/ quitosana
na porção do produto pronto para o consumo.
• Para o psillium ou psyllium, o teor mínimo exigido passou a ser de 3,0g psillium ou
psyllium na porção diária do produto pronto para o consumo.
• Para a beta glucana, o teor mínimo exigido para uso de alegação funcional deixou de
ser obrigatório. A atual orientação da Anvisa é de que a “alegação pode ser aprovada
para aveia em flocos, farelo e farinha de aveia. A utilização da alegação em outros
produtos/alimentos está condicionada à comprovação científica de eficácia”.
Produtos fonte de Porção de 200ml (1 copo)
Quantidade por porção %VD(*)

fibras Valor energético


Carboidratos
144kcal = 604kJ
21g
7
7
Proteínas 4,6g 6
Gorduras totais 4,2g 8
Gorduras saturadas 2,4g 11
Gorduras trans 0 **
Fibra alimentar 3,4g 14
Sódio 127mg 5
Cálcio 152mg 15
FIBRA AÇÃO FONTES
CELULOSE Retêm água nas fezes, aumenta seu volume e frutas com casca,
peso, favorece o peristaltismo e acelera o tempo farinha de trigo
INSOLUVEIS

de trânsito intestinal reduzindo a pressão integral e sementes


intraluminal do cólon
LIGNINAS Fixação aos ácidos biliares com efeito grãos integrais,
hipocolesterolêmico ervilha, aspargos
HEMICELULOSES Aumentam o volume e o peso das fezes, reduzem farelo de trigo, soja e
a pressão intraluminal do cólon e aumentam a centeio
excreção de ácidos biliares
PECTINAS Retardam o esvaziamento gástrico, proporcionam cevada, legumes,
substrato fermentável para as bactérias do cólon frutas cítricas e maçã
produzindo AGCC e aumentam a excreção de (casca)
SOLUVEIS

ácidos biliares
GOMAS Retardam o esvaziamento gástrico, proporcionam farelo de aveia,
substrato fermentável para as bactérias do cólon, farinha de aveia,
reduzem a concentração plasmática de colesterol e farelo de cevada,
melhoram a tolerância à glicose goma guar, goma
arábica
MUCILAGENS Retardam o esvaziamento gástrico, proporcionam semente de Plantago
substrato fermentável para as bactérias do cólon e ovata e semente de
reduzem a concentração plasmática de colesterol acácia

Rev HCPA 2010;30(4):363-371


Alegações de propriedades funcionais
aprovadas (ANVISA, 2003)
Fontes de fibras insolúveis

• Cereais, frutas, hortaliças, grãos e farelos


integrais.
– Cereais (75% hemicelulose, 17% celulose, 0.7%
lignina)
– Vegetais crus (66% pectina e hemicelulose, 31%
celulose, 3% lignina)
– Frutas (63% pectina e hemicelulose, 20% celulose,
17% lignina)
Semente de abóbora
(Cucurbita maxima, L.)

• A semente de abóbora está sendo aplicada de


várias formas na alimentação humana como
aperitivo, óleo ou em forma de farinha.
• Possui elevado teor de fibra alimentar (fração
insolúvel é predominante), além de efeito
vermífugo e antioxidante, e representar,
também, uma boa fonte protéica

Rev. Nutr. 2008; 21(2):129-136


Aveia (β-glucanas)

• A β-glucana é a fibra solúvel mais estudada. Tem


ação hipocolesterolemiante e hipoglicemiante
comprovadas.
• Doses altas de β-glucano, diminui as respostas
pós-prandiais de insulina e glicose em indivíduos
saudáveis.
• Está presente na aveia e em alguns outros grãos,
tem um grande potencial de uso na indústria de
alimentos na redução do índice glicêmico de
produtos e como ingrediente funcional.
Quantidade de β- glucanas (%)
nas diversas fases de processamento
da aveia
Aveia
β- glucanas (%)
Descascada 5,11
Tostada 4,67
Cortada 5,65
Flocos 5,09
Flocos finos 5,54
Farinha 3,74
Farelo 9,51
Psyllium

• Trata-se de uma planta cujas hastes contêm pequenas


sementes, cobertas por palha, que é a fonte da fibra. Há
uma grande quantidade de fibra solúvel no pyllium (71% do
seu peso)
• O psyllium, prescrito em doses diárias de 5 g ou mais,
parece capaz de diminuir as concentrações de glicose e
insulina pós-prandiais em indivíduos não diabéticos.
• Um estudo mostrou que homens com diabetes tipo II
suplementados diariamente com 10,2g de psyllium por oito
semanas apresentaram uma queda de 8,9% no total de
colesterol e 13% no colesterol LDL. Esse mesmo grupo
também apresentou melhora do controle glicêmico.
Goma-guar

• As gomas, como por exemplo a goma-guar e


arábica contribuem para o aumento da ingestão
diária de fibra solúvel
• Estudos demonstraram que o consumo de goma-
guar diminui os níveis de colesterol LDL e de
triglicerídeos séricos.
• Também apresenta efeito benéfico na redução
dos níveis pós-prandiais de insulina e da
concentração de glicose em indivíduos não
diabéticos
Evidências Científicas

• Estudos sugerem que as fibras dos cereais e produtos à


base de grãos integrais são capazes de prevenir a
obesidade e o ganho de peso, além de contribuir na
diminuição do risco para o desenvolvimento de DM:
– Consumo de fibras é inversamente associado ao IMC em
todos os diferentes níveis de consumo de gordura após
ajustes para outros fatores de confusão.
– O ganho de peso ao longo dos 12 anos de seguimento do
estudo foi inversamente proporcional ao consumo de
fibras, alimentos à base de grãos integrais e positivamente
associado com o consumo de alimentos à base de grãos
refinados
Ludwig DS, et al. JAMA. 1999;282(16):1539-46
Liu S, et al. Am J Clin Nutr. 2003;78(5):920-7.
Grãos integrais e DCV

• Resultados de estudos epidemiológicos mostraram que o


consumo de grãos integrais está associado com menor risco
para desenvolvimento de DCV.
• Estudo de coorte prospectivo com duração de 14 anos
envolvendo um grande número de indivíduos do sexo
masculino (n = 42.850), com idade entre 40-75 anos,
mostrou que o quintil com maior consumo de grãos
integrais foi associado com menor risco para
desenvolvimento de DCV.
• O mesmo estudo comparou grupos com e sem adição de
farelos à dieta e o risco para desenvolvimento de DCV foi
significativamente menor no grupo com maior adição de
farelos.

Am J Clin Nutr. 2004;80(6):1492-9


Fibras solúveis

• Fibras solúveis, incluindo a β-glucano da aveia, são a mais


efetiva classe de alimentos funcionais para reduzir a
glicose pós-prandial.
• Mecanismo de ação: aumento da viscosidade no
conteúdo estomacal que diminui o tempo de
esvaziamento gástrico e retarda a absorção da glicose.
• Sendo assim, β-glucano da aveia, psyllium e a goma-guar,
têm sido recomendadas a pacientes com DM2 a fim de
melhorar a resposta pós-prandial da insulina e glicose.
• Obs: Alguns estudos indicam que o uso de fibras solúveis separadas de
uma refeição não teriam esse mesmo efeito.
Fibra dietética pode atenuar a inflamação?

Fibra
OR 0,64

Gordura saturada OR 1,58

NHANES 2000
• N = 4900

• PCR como variável-


resposta; ajustes p/
idade, sexo, etnia,
fumo, medicações,
IMC, álcool, exercício
e VCT

Fibra e gordura saturada podem mediar a relação entre


dieta, inflamação e DCV King et al. Am J Cardiol 2003
Micronutrientes com
propriedades antioxidantes,
presentes nos vegetais ricos em
fibras, associam-se a benefícios
cardiovasculares
Resveratrol, polifenol presente em
uvas vermelhas

Vitamin-mineral supplementation and the progression of atherosclerosis: a meta-


analysis of randomized controlled trials. Bleys et al. Am J Clin Nutr 2006
Prebióticos, probióticos e
simbióticos
Prebióticos e Probióticos

• Prebióticos: componentes alimentares não digeríveis que


causam efeito benéfico no hospedeiro por estimular
seletivamente o crescimento e/ou atividade metabólica de uma
ou várias bactérias desejáveis do cólon.
– Ex: inulina, frutooligossacarídeos, galactooligossacarídeos e lactulose.
– Fontes alimentares: trigo, chicória, aspargos, cebola, banana, mel e alho
• Probióticos: bactérias vivas, potencialmente benéficas ao ser
humano. Podem ser incluídos na preparação de vários
produtos – de alimentos a medicamentos – sendo os gêneros
Lactobacillus e Bifidobacterium as mais comumente usadas.

Bosscher et al, 2009; Dunn et al, 2011; Rodrigues, 2011; World Gastroenterology Organization, 2011
Prebióticos: funções e fontes
FIBRA AÇÃO FONTES
Raiz da chicória,
INULINA e FOS Através da fermentação estimula o alcachofra, cebola,
crescimento de bifidobactérias entre outras alho, banana,
bactérias potencialmente benéficas aspargos, batata
PREBIÓTIOCS

yacon

AMIDOS Amido e produtos de Grãos integrais ou


RESISTENTES amido que não são absorvidos no parcialmente
intestino delgado; sofrem fermentação por moídos e sementes,
bactérias no intestino; liberam AGCC banana verde, batata

Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais / CETEC, 2014


Ciênc. Tecnol. Aliment. vol.27 suppl.1 Campinas Aug. 2007
Prebióticos comerciais

Frutooligossacarídeos

Frutooligossacarídeos
Alimentos prebióticos
Produtos da fermentação dos
prebióticos: AGCC
• Principalmente acetato, butirato e proprionato:
– fornecem energia
– alteram o pH intestinal – pode influenciar a composição da microbiota
– butirato é capaz de induzir a expressão de genes que codificam para proteínas
de junção das células epiteliais (tight junctions), necessária para adequada
função da barreira intestinal. Ao preservar a barreira intestinal reduzem a
translocação de LPS (↓endotoxemia metabólica). Ainda, esse AGCC tem ação
anti-inflamatória via inibição do NF-κB em colonócitos
– funcionam como substrato para lipogênese hepática favorecendo a deposição
de gordura??
• a AMPK é uma enzima que participa da regulação do metabolismo de ácidos graxos e
glicose em tecidos, como o fígado e músculo esquelético. Quando a via da AMPK é
inibida, ativa processos anabólicos e bloqueia catabólicos, predispondo ao ganho de
peso. Em animais, sugeriu-se que a presença da microbiota pode inibir a AMPK,
determinando aumento de adiposidade corporal e geração de resistência à insulina
(PNAS. 2007; 104(3): 979-84).
• Dados recentes indicam que especialmente o butirato, poderia ativar a AMPK em
tecidos, o que aumenta a expressão do peroxisome proliferator-activated receptor
gamma coactivator (PCG)-1α. Por este mecanismo, a oxidação de ácidos graxos e a
termogênese estariam aumentadas, auxiliando no controle de peso (J Lipid Res. 2013; 54(9):
2325-40).
Produtos da fermentação dos
prebióticos: AGCC
• Possuem a capacidade de se ligar a receptores acoplados à proteína G
(GPR), expressos em células enteroendócrinas L, produtoras de incretinas
(como o glucagon-like-peptide – GLP e peptídeo YY – PYY). O GLP-1
promove a secreção de insulina pelas células β pancreáticas e o PYY
colabora para saciedade regulando o esvaziamento gástrico.
– Camundongos ob/ob alimentados com prebióticos apresentaram aumento de
GLP-2 (co-secretado com GLP-1) que elevou a expressão de proteínas de
junção celular e reduziu as concentrações séricas de LPS e de marcadores
inflamatórios (Gut. 2009; 58(8):1091-103). Achados preliminares em seres humanos,
confirmam essa hipótese (Am J Clin Nutr. 2009; 90:1236-43).

• Controvérsia: em animais, acetato circulante foi capaz de estimular a


síntese de grelina no nível central e ativou o sistema nervoso
parassimpático que, por sua vez, estimula as células β para produção
insulínica. A combinação de elevação das concentrações de grelina e de
insulina resulta em aumento do apetite e da ingestão alimentar, tendo
como consequências obesidade e distúrbios metabólicos (Nature. 2016;
534(7606):213-7)
Organismo humano (TGI)
1014 cél microbianas vs 1013 cél humanas
Como estudá-las?
Como organizá-las?
Quais são suas funções?
Taxonomia
Reino
Filo
Classe
Ordem
Família
Gênero
Espécie
Mullard A. Nature 2008; 453:578-80
• Firmicutes
≈ 90%
• Bacteroidetes
• Proteobacteria
• Actinobacteria
• Outros
Unborn Baby Toddler Adult Elderly

Ao longo da vida, eventos influenciam a composição da microbiota


Ottman et al. Fronti Cell Infect Microbiol; 2012
Microbiota e padrão alimentar

• Evidências sugerem que a qualidade da dieta tem maior


potencial modulador da composição da microbiota intestinal
do que o próprio peso corpóreo, principalmente no que se
refere ao teor de gorduras por afetar a integridade da mucosa
intestinal e prejudicar sua permeabilidade
Brandt et al 2006; Bosscher et al, 2009; Tilg e Kaser 2011; Harris et al, 2012

– Dieta hiperlipídica:  bactérias gram-negativas,  Bifidobacterium,


alterando a permeabilidade intestinal de modo a favorecer a
absorção de LPS Cani et al, 2008

– Fermentação de prebióticos induz proliferação de bactérias


benéficas, principalmente Bifidobacterium e Lactobacillus
Hemarajata e Versalovic, 2013
• Obesidade
Modernos hábitos alimentares* promovem • Diabetes
ganho de peso e risco de DCNTs, • Dislipidemias
• Hipertensão
• Aterosclerose
• Câncer
• D.I.I.
• D.imunes etc

AG Sat TNFα cuja fisiopatologia envolve


LPS
inflamação subclínica crônica

Ativação de fatores de transcrição, NFkB e Prot. Ativadora 1 (AP-1), resulta


em expressão de genes que codificam p/ proteínas inflamatórias

 *AG Sat
TLR-4 NFkB Mediadores inflamatórios
 LPS
Resistência à insulina
Ações da microbiota intestinal no metabolismo

LPS
LPS
LPS
LPS ↑ permeabilidade intestinal
enterócito
LPS

endotoxemia
Cél. L Lâmina própria

GLP-1 e PYY  Oxidação AG Estímulo TLR-4  atividade LPL

motilidade intestinal adiposidade inflamação deposição AG


insulina, saciedade adiposidade
Bactérias
Bactérias gram-negativas
Ác. graxos de cadeia curta (AGCC)  glicemia resistência à insulina
Lipopolissacarídeos (LPS)

AMP-Q - 5’ – monofosfato-adenosina proteína quinase


FIAF – fasting-induced adipose factor
Moraes et al. Arq Bras Endocrinol Metabol; 2014
Probióticos aprovados pela Anvisa
 Lactobacillus acidophilus
- Devem estar vivos quando
 Lactobacillus casei Shirota
ingeridos e devem resistir ao
 Lactobacillus casei variedade rhamnosus processo de digestão.
 Lactobacillus casei variedade defensis - Produtos (maioria lácteos)
 Lactobacillus paracasei contendo de 10⁸ e 10⁹ UFC de
 Lactococcus lactis microorganismos probióticos
 Bifidobacterium bifidum
 Bifidobacterium animallis (incluindo a subespécie B. lactis)
 Bifidobacterium longum
 Enterococcus faecium

Somente os produtos alimentícios com probióticos que tenham a sua alegação de


propriedade funcional aprovada pela ANVISA podem declarar na sua rotulagem os
dizeres: "O ................... (espécie de probiótico) contribui para o equilíbrio da flora
intestinal. Seu consumo deve estar associado a uma alimentação equilibrada e
hábitos de vida saudáveis".
Exigências mínimas para determinação de
probiótico
• Avaliação da identidade da cepa (gênero, espécie e nível da cepa);
• Testes in vitro para selecionar possíveis probióticos: por exemplo,
resistência à acidez gástrica, ao ácido biliar e às enzimas digestivas,
atividade antimicrobiana em relação a bactérias possivelmente
patogênicas
• Avaliação de segurança: exigências para comprovação de que uma
cepa probiótica é segura e não está contaminada em sua forma de
administração;
• Estudos in vivo para comprovação dos efeitos sobre a saúde no
hospedeiro-alvo.
Principais produtos com probióticos no Brasil
Parecer técnico CRN-3 Nº 12/2015
Prescrição de probióticos pelo nutricionista
• Os produtos alimentícios contendo probióticos e os
probióticos isolados podem ser prescritos pelo nutricionista,
levando-se em consideração fatores que podem comprometer
o equilíbrio da microbiota intestinal do indivíduo como, por
exemplo, hábitos alimentares inadequados, consumo de
bebidas alcoólicas, idade, uso de medicamentos e eventuais
enfermidades. Portanto, essa prescrição deve considerar as
tolerâncias e restrições alimentares individuais.
• No caso de probióticos isolados, a prescrição deve apresentar
a denominação de venda do produto, a forma de
apresentação (pó, sachê, cápsula, comprimido, tablete e
outras) o modo de uso (quantidade e frequência), o modo de
preparo e a indicação de via de administração oral.
Parecer técnico CRN-3 Nº 12/2015
Prescrição de probióticos pelo nutricionista
• A prescrição de probióticos isolados que utiliza expressões
como “sachê de lactobacilos” ou “pool de lactobacilos” ou
“pool de probióticos” não é suficiente e, portanto, deve ser
detalhada de forma a definir claramente a natureza do
produto. Ainda, o nutricionista não deve atribuir ao produto
finalidade medicamentosa.
• Os produtos alimentícios prescritos contendo probióticos, ou
ainda, probióticos isolados, devem atender às exigências para
produção e comercialização, regulamentadas pela ANVISA.
• Os probióticos podem ser utilizados na prevenção e no
tratamento de doenças, no entanto, não existe uma única
cepa probiótica que possa conferir todos os benefícios
simultaneamente.
Probióticos comerciais

Lactobacillus acidophilus
Lactobacillus paracasei, B. lactis

L. rhamnosus, L. casei, L. acidophilus e


Bididobacterium longum
Alimentos Probióticos

A bebida pode ser preparada em casa,


adicionando os grãos de kefir no leite ou em
água e armazenando-o em temperatura
ambiente. Os lactobacilos e as leveduras se
alimentam da lactose contida no leite,
fermentando-o
REGULAMENTO TÉCNICO DE IDENTIDADE E QUALIDADE DE
LEITES FERMENTADOS (Instrução Normativa nº 46, 23/10/2007)

• Leite fermentado: produtos adicionados ou não de outras substâncias


alimentícias, obtidas por coagulação e diminuição do pH do leite, cuja
fermentação láctica seja mediante ação de cultivos de microorganismos
específicos (Lactobacillus acidophilus, Lactobacillus casei, Bifidobacterium
sp., Streptococus salivarius subsp. thermophilus e/ou outras bactérias
acido-lácticas que, por sua atividade, contribuem para a determinação das
características do produto final).
• A fermentação do Kefir se realiza com cultivos de ácido-lácticos
elaborados com grãos de Kefir, Lactobacillus kefir, espécies dos gêneros
Leuconostoc, Lactococcus e Acetobacter com produção de ácido láctico,
etanol e dióxido de carbono.
• Os microorganismos específicos devem ser viáveis, ativos e abundantes no
produto final durante seu prazo de validade com a contagem mínima de
107 (ufc/g) de bactérias láticas totais e de 104 (ufc/g) de leveduras
específicas
Efeitos dos probióticos
• “Exclusão competitiva”: mecanismo que impede a colonização da
mucosa intestinal por micro-organismos potencialmente
patogênicos, por meio da:
– competição por sítios de adesão
– competição por nutrientes
– produção de compostos antimicrobianos (principalmente bacteriocinas)
– produção de AGCC com diminuição de pH

• Intolerância à lactose: bactérias láticas produzem β-D-


galactosidade, auxiliando na quebra da lactose no intestino.

• Modulação do sistema imune:


– Modulação da produção de IgA local e sistemicamente, com
melhora da resposta aos antígenos alimentares
Efeitos dos probióticos
• Redução de PA:
– Metanálise sugere que o consumo de probióticos pode melhorar de
forma modesta a PA, mas esse resultado é mais evidente naqueles
indivíduos com PA elevada. O uso de múltiplas cepas é recomendado,
assim como o uso prolongado (≥8 semanas) (Hypertension. 2014 Oct;64(4):897-903).

• Melhor controle glicêmico:


– Metanálise sugere que o consumo de probióticos pode melhorar
modestamente o metabolism de glicose, especialmente se o uso for
prolongado (≥8 semanas) e com várias cepas diferentes (Medicina -
Kaunas. 2016;52(1):28-34).

• Manutenção do peso:
– Metanálise sugere que os probióticos tem eficácia limitada na perda de
peso. Mais estudos são necessários para comprovar essa hipótese (Nutr
Res. 2015; 35(7):566-75)
Capacidade de colonização do TGI:
Efeito a longo prazo?
• Componente ecológico:
– Assim que um organismo probiótico sobrevive ao ácido gástrico e aos sais
biliares do duodeno e, assim, atinge o íleo e o cólon, tem a possibilidade de se
desenvolver em um ambiente menos rigoroso. Contudo, atinge um ambiente
com um fundo microbiano altamente significativo;
– A cepa probiótica pode ser considerada exterior (alóctone) à microbiota
endógena residente (autóctone) e, a menos que nutrientes específicos sejam
fornecidos ao probiótico na formulacão do produto (por exemplo, simbiótica),
a cepa deve entrar em competição com a comunidade autóctone por
substratos disponíveis.

• Componente da mucosa:
– Uma propriedade importante a respeito do controle de patógenos, é sua
capacidade de aderir e crescer na superfície mucosa que cobre o epitélio
intestinal.
– A adesão específica dos microorganismos intestinais às mucinas do intestino é
eficiente apenas para a formação de microcolônias e não garante uma
colonização prolongada da camada da mucosa.
Estudos realizados com probióticos
• L. gasseri no iogurte (200g/dia) – 12 sem (n = 87)
– ↓ peso corporal e circ. cintura (p<0,001) quando
comparados ao grupo placebo

• Yakult light (3xdia – 12 sem) não apresentou


qualquer influência sobre parâmetros metabólicos
de pacientes com síndrome metabólica

• Akkermansia muciniphila??
Alimentação/suplementação como moduladora da
microbiota
Prebióticos Probióticos
• Consumo de prebióticos • Ensaios clínicos – destinados ao
fornece substrato para as controle de distúrbios
bactérias benéficas que  cardiometabólicos – com
produção de AGCC,  o risco resultados inconsistentes
cardiometabólico Barz et al. Diabetes Metab J; 2015
Cani et al. Diabetes; 2008

• Akkermansia muciniphila
– Apesar de gram (-), é benéfica
• Produz mucina (↑ espessura da
camada de muco)
• melhora da permeabilidade intestinal
(↓ endotoxemia metabólica)
Everard et al. PNAS; 2013
A. muciniphila e metabolismo da
glicose
• Evidências de que o INF-γ regula a abundância de
A. muciniphila vieram de experimentos com
camundongos deficientes de INF-γ, nos quais o
restabelecimento das concentrações deste
biomarcador foi acompanhado de diminuição da
abundância de A. muciniphila e de piora da
homeostase da glicose.
• A hipótese desta bactéria exercer a função na
regulação do metabolismo glicídico encontra
subsídios em humanos (Moraes, 2016; Greer et al. – in press).
Abundância de A. muciniphila segundo a
tolerância à glicose

À medida que cai a


abundância da
A. muciniphila
deteriora o
metabolismo da
glicose

Abundância de Akk ≥1%:


Correlações entre abundância de A. muciniphila
e dados clínico-laboratoriais

***

**

*p>0.05; **p>0.01;***p>0.001
Simbióticos
Fator multiplicativo: ação com maior eficiência

Devem conter um componente


prebiótico que favoreça o efeito do
probiótico associado

Exemplos de simbióticos:
Bifidobactérias com galactooligossacarídeos
Bifidobactérias com frutooligossacarídeos
L. paracasei, L. rhamnosus,
L. acidophilus, B. lactis, FOS
R$68,00 – 15 sachês
É possível modular a composição da
microbiota intestinal por meio de
alimentos probióticos e prebióticos com o
intuito de prevenir e controlar doenças
inflamatórias e crônicas não
transmissíveis?

É possível identificar “disbiose” na prática


clínica para indicar/suplementar pre, pro
ou sim?
Análise metagenômica

TCAGTAGCTGAACAGGAGGGACAGCTGATAGAAACAGAAGCCACTGGAGCACCTCAAAAACACCATCATA
CACTAAATCAGTAAGTTGGCAGCATCACCCATTTTCAGTCGGTTGACCATGTCCGGTTACGTTAGCCGCA
ATGGTAAAAGGTTCGATCATTACCGCATATTGATCGGCCACTGCTTCAGGAATTTTCCACGCATTTTTTG
CCGGAACCACGGCATATTCACTGAAACCACCGTCAGCGTGCACACCTAATACAGCCAGTGTCGTACAAAC
GTTCGGTTTACTTATAGAGCACGGATAGCAATGCCCACAGCTGACCACCGGATCGACAGCAACACGTTCA

• Sequência desconhecida → usar ferramentas de alinhamento e


um banco de dados de sequências já definidas
– Exemplo: BLAST e o banco de dados NT do NCBI.
– Existem outras ferramentas e bancos de dados mais especializados
dependendo do tipo de abordagem que usa.
The American gut Project – Rob Knight
http://humanfoodproject.com/americangut/
US$ 100.00 – 25,000.00
Risco Cardiometabólico

Fibras
AGCC Perspectiva
AG sat
LPS

Intervenções na alimentação poderão auxiliar no


entendimento da complexa relação deste rico ecossistema
com processos fisiopatológicos de doenças frequentes nas
populações, tais como as cardiometabólicas.

Terapias atuais destas doenças estão dirigidas para células


“humanas”; em futuro próximo, prevenção e tratamento
estarão voltados para microorganismos do TGI?

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