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Índice
Plano de Tratamento
Aparatologia
Ortodontia Interceptiva
Tratamento ortodôntico correctivo:
Alterações transversais da oclusão
Síndrome classe I
Síndrome classe II/1
Síndrome classe II/2
Síndrome classe III
Alterações verticais da oclusão
Inclusão dentária em ortodontia
Tratamento ortodôntico no adulto
Tratamento ortodontico-cirurgico
Contenção e recidiva
Interdisciplinaridade
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Ortodontia III Aulas Teóricas 2009/2010
2. Estabelecer prioridades:
prioridades: colocar os problemas ortodônticos (problemas de
desenvolvimento), do paciente por ordem prioritária, é o passo mais importante no processo de
planeamento do tratamento. Para maximizar os benefícios do doente, os problemas mais
importantes têm que se identificados e o plano de tratamento tem de focar o que é mais
importante para cada doente em particular. A percepção do paciente da sua condição é
importante para o estabelecimento destas prioridades.
Por exemplo: Se a principal razão do paciente para procurar tratamento dentário é o facto de
ter os incisivos protruídos e dispostos de maneira irregular, esta condição provavelmente
deverá receber maior prioridade do que se o doente tiver um molar ausente que necessite de
substituição protética. Por outro lado se o que o doente quiser for colocar um dente no sítio
edêntulo para conseguir mastigar então, essa deverá ser a prioridade.
O clínico não deve impor as suas escolhas, uma vez que ignorar a principal queixa do doente
pode levar a erros sérios no plano de tratamento.
Por exemplo:
exemplo Um doente chega ao nosso consultório e queixa-se do queixo protruído e tem
uma classe III de má oclusão. Se o clínico se concentra apenas em corrigir os dentes para uma
oclusão correcta, mas se ignora o queixo, é pouco provável que o doente fique satisfeito com o
resultado do tratamento.
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3. Alternativas terapêuticas:
terapêuticas: o próximo passo consiste em listar as possibilidades de
tratamento para cada um dos problemas, começando pelo problema de maior prioridade. Nesta
fase cada problema é considerado individualmente.
Por exemplo: num doente com classe II esquelética devido a retrognatismo mandibular, com
uma mordida anterior profunda e com os incisivos maxilares mal alinhados temos como
hipóteses de tratamento começando pela prioridade:
1. Alinhamento dos incisivos maxilares;
2. Correcção do overjet da classe II:
Existem 3 maneiras:
- Crescimento diferencial anterior da mandíbula.
- Camuflagem ortodôntica – consiste em retrair os incisivos maxilares e pró inclinar os
incisivos mandibulares, para fazer com que os dentes encaixem mesmo quando os
maxilares não encaixam.
- Cirurgia ortognática para corrigir a posição da maxila.
3. Correcção do overbite:
Existem 3 maneiras:
- Intrusão absoluta dos incisivos superiores e anteriores;
- Intrusão relativa dos incisivos - deixar os dentes como estão enquanto a mandíbula
cresce e os dentes posteriores erupcionam.
- Extrusão dos dentes posteriores que iriam rodar a mandíbula para baixo e para trás.
Neste estágio é importante estar certo que possibilidades razoáveis não são ignoradas.
4. Avaliar as alternativas
alternativas terapêuticas:
terapêuticas: quatro factores adicionais vão ser
considerados para avaliação das alternativas/ possibilidades terapêuticas:
a. Interacção entre alternativas terapêuticas:
terapêuticas: como no caso anterior, (do
tópico 3), algumas soluções possíveis para um problema prioritário pode resolver outros
problemas, no entanto existem casos em que isto não acontece e outros em que até pode
piorar as coisas.
Por exemplo: um doente com mordida aberta, que normalmente tem como causa a excessiva
erupção dos dentes posteriores resultando numa rotação da mandíbula para baixo e para trás,
poderá ter como tratamento comprimir os dentes posteriores alongados ou então prevenir que
estes erupcionem ainda mais, enquanto tudo o resto cresce (é o que se chama de intrusão
relativa). Este último permitirá á mandíbula rodar para cima, juntando os incisivos superiores e
inferiores diminuindo assim a mordida. No entanto, é preciso ter em atenção que ao rodar para
cima, a mandíbula também vem para a frente, o que será bom se o doente for do tipo classe II
esquelética, mas será péssimo se o doente antes de encerrar a mordida tiver uma classe I
(poderá tornar-se numa classe III), ou pior ainda se tiver uma classe III.
Outra interacção importante tem haver, com a relação entre a proeminência incisiva e a
aparência facial, especialmente no sorriso. Nem sempre a expansão do maxilar é solução para
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o apinhamento dentário incisivo tudo depende da relação dos dentes com os tecidos moles
envolventes. É importante pensar no efeito que os possíveis tratamentos têm na aparência do
doente.
b. Conceito de compromisso:
compromisso: em pacientes com muitos problemas
ortodônticos por resolver, nem sempre é possível tratar todos, independentemente do plano de
tratamento. É por isso muito importante estabelecer a lista de prioridades nestes tipos de
tratamento.
Os maiores objectivos do tratamento ortodôntico que se tentam conjugar, (mas que por vezes é
impossível) são:
- Oclusão ideal;
- Estética facial ideal;
- Estabilidade do resultado.
Tentativas para atingir uma oclusão ideal sem recorrer a extracções, leva muitas vezes ao
aparecimento de uma estética facial e estabilidade diminuída. Da mesma maneira esforços
para ter uma boa estabilidade do tratamento pode resultar numa oclusão não ideal e numa
estética facial comprometida bem como se quisermos uma estética facial ideal, podemos
comprometer as outras duas.
Uma maneira de evitar compromissos deste tipo é enfatizar um dos objectivos á custa de
outros. Por muito importante que seja uma boa oclusão nem todos os pacientes a têm como a
mais importante. Por vezes a oclusão ideal tem de ser alterada com extracções para se ganhar
estética facial e estabilidade aceitáveis.
Se vários elementos do plano de tratamento são incompatíveis, o benefício para o paciente
é melhor se for necessário comprometer um ou mais dos problemas para que os problemas
mais importantes sejam resolvidos.
c. Análise da relação custo/risco versus beneficio do tratamento:
considerações práticas relacionadas com a dificuldade dos vários procedimentos do tratamento
comparados como benefício obtido pela realização dos mesmos têm de ser considerados
dentro da avaliação das possibilidades terapêuticas.
A dificuldade deve ser considerada tanto nos riscos como nos custos para o paciente
(não apenas monetário, mas também a cooperação, desconforto, tempo de agravamento e
outros factores designados de fardo do tratamento). Estes têm de ser contrastados com o
provável benefício do tratamento.
Exemplo: Um paciente com mordida aberta anterior, a cirurgia da mandíbula para diminuição
da altura facial tem maiores custos e riscos do que a opção de colocar elásticos para alongar
os incisivos ou até da opção de redução oclusal dos dentes posteriores. No entanto se os
procedimentos mais simples e menos arriscados fornecerem menor benefício real ao paciente
do que a cirurgia, a análise do benefício custo - risco pode ainda favorece o procedimento mais
difícil.
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d. Considerações especiais:
especiais: neste ponto é importante ter em conta qualquer
consideração especial pertinente acerca do paciente enquanto indivíduo.
Perguntas pertinentes:
- O período de tratamento deve ser diminuído devido á possibilidade de exacerbação da
doença periodontal?
- As opções do tratamento devem ser deixadas em aberto devido á incerteza do padrão de
crescimento?
- Os aparelhos ortodônticos visíveis devem ser evitados devido a vaidade do paciente,
mesmo que isso torne o tratamento mais difícil?
Respostas racionais apenas podem ser obtidas quando as possibilidades e outros factores
importantes que influenciam o plano de tratamento, forem considerados.
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Um paciente que tem conhecimento nos seus problemas e os reconhece tem maior
probabilidade de ser cooperante e orientado para ajudar com o seu tratamento, do que um
paciente que toma a atitude de deixar tudo nas mãos do médico.
Algumas situações específicas em ortodontia requerem particularmente a interacção entre o
médico, paciente e os pais, de modo a escolherem o plano de tratamento final. As mais
frequentes são acerca da expansão do arco ou extracção para resolução dos problemas de
alinhamento, o tipo e o timing para resolução de problemas esqueléticos, camuflagem
ortodôntica VS cirurgia ortognática.
6. Selecção da mecanoterapia:
mecanoterapia: consiste na especificação dos detalhes e do método
mecanoterapêutico que vai ser usado. Relativamente ao caso descrito no ponto 3 estes
detalhes consistem em:
- Atrasar o tratamento até o nível de maturação indicar crescimento no adolescente;
- Aparelho de tracção maxilar extrínseco colocado na cabeça traccionando a maxila para
trás e para cima;
- Nivelar o arco mandibular com um arco de curva reversa;
- Torque nos incisivos maxilares;
- Elásticos próprios para classe II;
. Cirurgia gengival se necessária antes de remover os aparelhos.
Para qualquer doente, os procedimentos do tratamento seleccionados têm de encontrar dois
critérios:
- Efectividade: em produzir o resultado desejado.
- Eficiência: em realizar os procedimentos sem desperdiçar o tempo do médico e do
paciente.
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2. Triagem em ortodontia
a. Síndromes e outros problemas complexos similares:
similares consiste em separar
doentes com síndromes faciais e outros problemas complexos similares, na aparência física,
história médica e dentária e na avaliação do estado de desenvolvimento.
Exemplos destas desordens são: fenda do lábio ou palato, síndrome de Treacher- Collins,
microssomia hemifacial e síndrome de Crouzon. Neste tipo de doentes é necessária a
intervenção de uma equipa multidisciplinar de especialistas craniofaciais para prosseguir
tratamento.
Desordens do crescimento, exigem que qualquer tratamento ortodôntico seja levado a
cabo em junção com terapia endócrina, nutricional ou psicológica. Neste tipo de doentes a
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i. Desenvolvimento
Desenvolvimento dentário assimétrico:
assimétrico: o tratamento de uma
sequência anormal do desenvolvimento dentário, deve ser planeada apenas depois de uma
determinação cuidada da causa subjacente. Erupção assimétrica é significante se a diferença
for de 6 meses ou mais.
Uma intervenção precoce para promover maior desenvolvimento simétrico dos arcos
dentários, pode contornar a necessidade de tratar um problema de uma assimetria severa mais
tarde.
Alguns doentes com assimetrias do desenvolvimento dentário têm historial de em criança
terem sido submetidos a radioterapia.
ii. Ausência de dentes permanentes:
permanentes: ausência congénita de um
dente permanente é um actual ou potencial problema para a assimetria do arco dentário. Os
dentes permanentes mais prováveis de estarem ausentes são: 2º PM inf e IL sup,
As possibilidades de tratamento são:
- Manter o dente primário decíduo;
- Substituição do dente protéticamente, por transplantação ou implante;
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- Extracção dos dentes decíduos ainda existentes permitindo fazer tracção dos dentes
permanentes.
iii. Dentes supra-numerários: cerca de 90% dos dentes
supranumerários são encontrados na parte anterior da maxila. Dentes supranumerários
múltiplos ou invertidos e aqueles que estão mal formados normalmente deslocam os dentes
adjacentes e causam problemas de erupção. A presença de múltiplos dentes supranumerários
indicam um problema complexo e talvez um síndrome ou uma anormalidade congénita. Nestes
casos está indicado a extracção mas tem que ser feita com cuidado para minimizar os danos
nos dentes adjacentes.
iv. Problemas de espaço
v. Mordidas cruzadas:
cruzadas Uma mordida cruzada posterior esquelética
devido a um palato estreito é um problema severo mas este não é tão grave se for o único
problema, (apenas é considerado um problema moderado) que pode ser corrigido com um
expansor. Se a mordida cruzada posterior for causada por uma inclinação para palatino dos
dentes, utilizando um aparelho é possível solucionar o problema.
A mordida cruzada anterior reflecte uma discrepância mandibular mas pode aparecer por uma
inclinação palatina dos incisivos aquando da sua erupção o seu tratamento pode ser por
aparelhos removíveis ou fixos (vão ser referidos mais á frente).
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Formas de Actuação:
a) Aplicação directa de uma força sobre os dentes
b) Modificando e redireccionando as forças biológicas existentes
Aparatologia:
- Aparelhos Activos:
Activos: exercem forças mecânicas que directamente provocam movimento
dentário.
Acção directa
- Sem controlo radicular: removível c ganchos
- Com controlo radicular: ap.fixo
Acção indirecta
- Funcionais: Placa de Sanders, Frankle
- Pl. Inclinados_ Lip Bumper
- Aparelhos Passivos:
Passivos: o objectivo não é obter movimento, mas sim manter o espaço
existente, ou, garantir estabilidade na posição dentária deixada pela mecânica ortodontica.
- Aparelhos Removíveis
- Aparelhos Fixos
- Aparelhos Funcionais
APARELHOS REMOVIVEIS
Indicações:
- Movimentos dentários de inclinação
- Expansão das arcadas dentárias (por inclinação)
Expansão anterior
Expansão transversal
- Aparelhos de contenção
- Aparatologia funcional
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Funções:
Funções:
1. Movimentos dentários de inclinação:
Podem ser conseguidos através do uso de molas.
- Molas de protrusão
Apresentam vários segmentos rectilíneos paralelos, unidos por
curvas, que devem distar entre si 1,5 a 2mm;
Provocam movimento vestibular ou labial;
A largura da mola não deve exceder a largura mesio distal do
dente a protruir.
- Molas digitais
Movimento de inclinação dentaria no sentido mesial ou distal;
Exemeplo: quando o 1ºPM erupciona mesio-inclinado tem que
se disto-inclinar para o canino erupcionar normalmente.
NOTA:
Embora seja possível colocar-se um parafuso para expansão num aparelho removível, a
quantidade da expansão e a força empregada durante o processo devem ser pequenas devido
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aos problemas de retenção. É necessário que todos os grampos de retenção sejam bem
ajustados.
O uso do aparelho deve ser permanente por causa da instabilidade dos dentes durante
o processo de expansão. Caso não seja colocado, mesmo por 1 dia, requer ajustes do
aparelho pelo profissional, para aliviar até que ele se ajuste novamente e a expansão seja
retomada.
Uma melhor alternativa, mesmo em crianças jovens, é o uso de um aparelho com parafuso fixo
(bandado ou colado aos dentes decíduos).
3. Aparatologia de Contenção
Os aparelhos de contenção seguram os dentes na posição correcta e ideal até
que o osso e a gengiva se adaptem às mudanças do tratamento.
Placa de Hawley
4. Aparatologia Funcional
São aparelhos que utilizam a própria função da musculatura estomatognática
como meio terapêutico para mover a dentição. São por definição, mecanismos que se servem
das forças musculares para gerar movimentos ortodonticos (acção directa).
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APARELHOS FIXOS
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Os aparelhos fixos dividem-se segundo o tipo de movimento ou acção que sejam capazes
de exercer, resultando a seguinte divisão:
1. Aparelhos de controlo coronal
2. Aparelhos de controlo radicular
Arco lingual
- Evita a mesialização dos 1ºM inf por perda precoce dos M temporários
- Mandíbula
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Quad-
Quad-Helix
- Expansão
- Efeito ortopédico até aos 8anos, depois apenas faz expansão alveolar
- Maxila
- Bi-hélix (qd usado na mandíbula)
Disjuntor palatino
- Expansão
- Usado em cirurgia quando há quebra dos pilares
- Maxila
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Extra-
Extra-orais removiveis
Mentoneira
- Inibe o crescimento da Mandíbula
- Em desuso
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5. Problemas verticais
a. Mordida profunda e a mordida aberta
b. A mordida profunda relaciona-se com proporções esqueléticas que
predispõem a esta alteração – face curta com ângulo goníaco recto e plano mandibular plano –
envio ao especialista
c. A mordida aberta, geralmente, afecta as crianças que têm proporções
esqueléticas correctas e hábitos de sucção. Correcção espontânea por eliminação do hábito,
nestas crianças não está indicado a utilização de aparelhos ortodônticos para encerrar de
forma activa uma mordida aberta (até aos 5 anos é improvável que o hábito de sucção
provoque problemas duradouros em crianças com boas relações maxilares esqueléticas).
d. A mordida aberta esquelética, caracterizada por uma maior altura do terço
inferior da face, não tem correcção espontânea, mas não deve ser tratada nesta fase (recidiva)
– envio ao especialista.
1. Problemas moderados
a. Problemas de espaço
i. Perca precoce de dentes de leite sem perda de espaço:
manutenção de espaço A perda precoce de dentes deciduos representa um potencial problema
de alinhamento porque os dentes permanentes ou outros dentes deciduos podem se
movimentar a não ser que tal seja prevenido. O mantedor de espaço é adequado se existe
espaço e se estiver previsto que todos os dentes definitivos venham a erupcionar. Se uma
destas situações não se observar o mantedor de espaço sozinho não é indicado.
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que causa dor e hemorragia. Também altera os trajectos de erupção normais o que pode
resultar em irregularidades, apinhamentos e mordidas cruzadas. Se é observável uma porção
da coroa do dente definitivo e se o dente deciduo tiver mobilidade então deve ser extraído.
Depois do dente de leite ser removido e se existir espaço suficiente o dente definitivo ser
posicionado correctamente de forma espontânea através das forças da língua, lábio e dos
músculos faciais. Se tal não ocorrer procede-se ao tratamento ortodontico.
f. Erupção ectópica:
ectópica: ocorre quando um dente permanente provoca uma
reabsorção de um dente deciduo diferente do qual era suposto substituir ou a reabsorção de
um dente permanente adjacente. Nestes casos é necessária a analise do espaço existente,
para que se decida se se deve manter o espaço, se é indicado ganhar espaço ou se é
necessário um tratamento mais complexo.
2. Problemas severos
a. Problemas esqueléticos
b. Problemas dento-faciais relacionados com protrusão incisiva
c. Discrepâncias de espaço de 5 ou mais milímetros
d. Extracções seriadas (transferir o apinhamento incisivo para a zona de
extracção do 1ºpré-molar definitivo, a chave do sucesso reside na extracção dos 1ºpré-molares
antes da erupção dos caninos permanentes)
i. Extracção dos caninos primários aquando da erupção dos laterais
permanentes;
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Este tipo de pacientes requer uma segunda fase de tratamento, depois da erupção dos
dentes permanentes, pelo que o tratamento na fase de dentição mista tem como objectivo
melhorar estes problemas graves e não tratá-los em profundidade
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NOTAS
Mordida Cruzada
Mordidas cruzadas de origem dentaria afectam dentes de uma área do arco e
em regra são menos graves que as mordidas cruzadas com origem em discrepâncias
maxilares.
Tanto para as mordidas cruzadas posteriores como para as anteriores é muito
importante distinguir se são de origem dentaria ou esquelética.
Uma mordida cruzada bilateral que englobe uma cúspide total é provável que
tenha uma etiologia esquelética.
Uma mordida cruzada unilateral posterior possivelmente está relacionada com
posição dentária, mas pode vir a resultar numa assimetria esquelética.
Se vários dentes estão envolvidos numa mordida cruzada anterior existe uma
discrepância maxilar.
A correcção destes problemas na dentição mista é recomendada de forma a
eliminar alterações funcionais, desgastes nos dentes permanentes erupcionados e possível
assimetria dentoalveolar.
Também se faz um aumento da largura do arco maxilar, disponbilizando mais
espaço.
A recaída na mordida cruzada é improvável na ausência de um problema
esquelético, e assim a sua correcção precoce simplifica um tratamento futuro.
Espaço em excesso
Não é usual na dentição mista encontrar-se espaço em excesso, na ausência
da protrusão dos incisivos. Pode ser resultado de dentes de pequenas dimensões em arcadas
normais ou de dentes normais em arcadas largas.
A menos que o espaço represente um problema estético, o mais razoável a ser
feito é deixar que ocorra a erupção de todos os dentes definitivos, antes de fechar este espaço.
A vantagem deste tratamento precocemente não existe ou é diminuta.
No caso do 2º pré-molares:
- Ausência de segundos pré-molares: se as relações entre espaço, perfi, e mandíbula
forem boas, ou algo protrusivas pode-se extrair os segundos pré-molares ,e permitir que os
primeiros molares migrem para mesial. A desvantagem é que a direcção pode variar e se não
faltarem outros segundos pré-molares pode ser necessário extrair dentes contra-laterais.
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Dentes supra-
supra-numerários
Este fenómeno altera o padrão normal da erupção dos outros dentes, o seu
alinhamento e o espaço.
O tratamento visa extrair os supra-numeráirios antes que o dentes surjam, ou minimizar
o seu efeito se os outros dentes já tiverem nascido. O local mais comum para um supra-
numerario é a zona anterior da maxila. São descobertas em ortopantomografias por volta dos 6
anos, ou quando a erupção dos IC não ocorre. Se estiverem localizados superficialmente, e for
apenas um facilmente é extraído, também pode erupcionar antes dos normais e aí é só extrair
antes que os outros nasçam.
Quantos mais forem, e mais profundo estiverem, e mais estranhas forem as suas
formas, mais difícil é extrai-los. Quanto mais cedo acontecer ocorrer a extracção destes dentes,
melhor vai ser a erupção dos definitivos. No entanto o cirugião pode querer esperar que a
criança cresça e seja mais fácil a cirugia, só que quanto mais tarde o problema for resolvido,
mais difícil será a resolução ortodontica.
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Transposição
É uma troca de posições entre dois dentes adjacentes, com uma componente genética.
Ocorre na dentição mista precoce e incide nos caninos e IL inferiores. Se não for
tratado pode mesmo resultar numa transposição permanente destes dois dentes. O tratamento
deve ser iniciado antes do canino erupcionar.
Mais tarde é mais comum estre o canino superior e o 1º premolar superior ; entre o
canino e o IL superior também pode ocorrer.
O tratamento na arcada superior é um desafio.
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Tratamento Ortodôntico
Correctivo
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Caracterização
- Aspecto proximal: relação posterior horizontal e vertical
- Alterações da oclusão no plano transversal ou horizontal, que são independentes da
relação que existe nos planos sagital e vertical. Podem surgir combinadas com más oclusões
no sentido sagital e/ou vertical.
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Etiologia
É importante saber se a má-olcusão no sentido transversal se deve a uma alteração
esquelética ou a uma alteração dentária. Uma mordida cruzada posterior é descrita em relação
à posição dos molares superiores, contudo pode haver uma palatinização dos molares
superiores ou uma vestibularização dos molares inferiores.
A largura da base esquelética maxilar pode ser avaliada através da largura da abóbada
palatina. Se a base da abóbada palatina é larga e os processos dentoalveolares se encontram
inclinados para dentro, então a mordida cruzada deve-se a uma alteração dentária.
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Tratamento:
1. Tratamento na dentição de leite
Na dentição decídua, a mordida cruzada posterior unilateral aparece,
normalmente, não devido a uma verdadeira assimetria esquelética ou dentária mas devido a
uma maxila estreita combinada com um hábito parafuncional, muitas vezes a sucção digital.
Se a largura intermolar é satisfatória, imobilizar os caninos primários pode ser o
único tratamento requerido, de forma a eliminar contactos que levem ao desvio mandibular. Se
tanto a largura molar como canina está diminuída pode ser necessário fazer expansão maxilar.
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Síndrome Classe I
Diagnóstico
Diagnóstico Diferencial e Opções Terapêuticas
Classificação da Má Oclusão:
- Desenvolvimento de um sistema de classificação
Classe I Normoclusão:
Normoclusão a cúspide MV do 1º molar superior oclui com o sulco principal
vestibular do 1º molar inferior, sendo que os outros dentes se dispõem sobre uma suave linha
(linha de oclusão).
Classe I Maloclusão:
Maloclusão a relação ântero-posterior (sagital) dos 1º molares é normal, mas
a linha de oclusão é incorrecta (normalmente devido a dentes mal posicionados).
A maloclusão está geralmente confinada aos dentes anteriores. A relação das bases
ósseas e o padrão de crescimento são normais.
Classificação de Angle
Angle foi modificada para referir 4 características distintas mas relacionadas:
relacionadas:
- Classificação da má oclusão como concebido originalmente
- Relação molar
- Relação das bases ósseas
- Padrão de crescimento
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b. Dentes mal-
mal-formados ou supra-
supra-numerários
i. Dentes mal formados (alteração do tamanho e forma)
1. Fusão (união do germén dentário (2 polpas)
2. Geminação: divisão do gérmen dentário (1 polpa)
ii. Supranumerários
1. Devem ser removidos o mais cedo possível
2. Mesiondens: na linha média da maxila
3. Displasia cleidocraniana
d. Erupção ectópica
- 1º molar superior (pode erupcionar para mesial contra as raízes do 2º
molar decíduo)
- Caninos superiores (quase sempre por falta de espaço)
- 2º pré-molares
f. Deslocamento
camento traumático de dentes
- Pode provocar danos no gérmen do permanente ao nível da coroa e
da raiz (raiz pode não se formar correctamente ficando mais curta ou angulada)
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Síndrome Classe II
Diagnóstico Diferencial e Opções Terapêuticas
Limitações:
Limitações:
- Refere-se exclusivamente a uma relação sagital dos primeiros molares
definitivos, não valorizando os outros planos do espaço (vertical e transversal);
- Não considera diferentes circunstâncias etiopatogénicas, limita-se a classificar
a relação Antero-posterior anómala dos dentes maxilares e mandibulares tomando como
referência os primeiros molares definitivos.
A Classe 2 constitui uma maloclusão muito frequente atingindo metade dos pacientes
ortodontico, dentro das classes II é mais frequente a divisão 1 que a 2.
CLASSE II DIVISÃO 1
Definição:
Definição:
“Quando os primeiros molares inferiores ocluem por distal do normal com os primeiros
molares superiores, esta é a característica determinante das má oclusões de classe II. A
divisão 1 surge quando os incisivos superiores estão com inclinação axial vertical ou lingual. O
arco superior geralmente apresenta-se achatado na região anterior, devido a inclinação lingual
excessiva dos incisivos centrais superiores. Existe uma sobre mordida vertical excessiva, e o
arco inferior apresenta frequentemente curva de Spee exagerada. ”
Quanto maior for a sobre mordida horizontal mais precocemente deverá o paciente ser
tratado
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Ortodontia III Aulas Teóricas 2009/2010
Prevalênc
Prevalência:
ência:
É a anomalia da classificação de Angle mais frequente
Características morfol
morfológicas
ológicas
A) Variações oclusais
- Relação Sagital
Mede-se tendo como dentes de referência tanto os molares como os
caninos. No entanto é preciso termos em conta que na dentição decidua e mista dá-se mais
importância os caninos. Fala-se de classe II canina quando os molares estão em normoclusão
e os caninos em distoclusão.
Pode ser completa ou incompleta. Completa se o canino superior oclui
no ponto de contacto com o canino e lateral inferior.
Pode ser uni ou bilateral. Angle denomina classe II subdivisão a que
afecta unilateralmente a arcada (ou seja se é apenas esquerda ou direita)
- Rotação horizontal e overjet
Os incisivos superiores apresentam uma labioversão na maioria dos
casos.
Os incisivos inferiores pelo contrario podem apresentar uma tendência
para lingualização
- Relação vertical ou sobremordida
Existe uma oscilação desde sobremordida profunda a mordida aberta.
No entanto é mais frequente a mordida aberta.
Quando não existe contacto com o antagonista, os incisivos inferiores
erupcionam em excesso até entrar em contacto coma mucosa palatina.
- Discrepância osteodentaria
Condiciona o aparecimento de diastemas ou apinhamentos. O mais
comum nas classes II e a existência de apinhamento.
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C) Neuromusculares
- Os músculos dos lábios e língua controlam a posição e inclinação dos
incisivos, determinando o overbite ou overjet.
- Músculos mastigatórios devido á protrusão maxilar, a mandíbula tem 2
posições de fecho: em retrusão – aumenta a classe II e rotação posterior.
Etiopatogenia
Estas hipóteses explicam o mecanismo do crescimento da maxila e mandíbula
A) Hipótese de scott
- A cartilagem nasal é o guine centro de crescimento.
B) Hipótese Moss
- A cartilagem nasal e o conjunto de suturas são centros de crescimento
compensatórios, ou seja o estado funcional dos órgãos e tecidos moles é que condicionam o
crescimento.
C) Hábitos
- Sucção digital, interposição labial inferior, respiração oral, sucção e deglutição
infantil, hipotonia labial posterior da língua.
D) Desenvolvimento dentário
- 1ºs anos de vida: desenvolvimento anterior da mandíbula fundamental para
se alinhar correctamente no plano Sagital estabelecendo-se uma classe I molar; se a
mandíbula não cresce anteriormente o suficiente, o 1º contacto pode estabelecer-se numa
classe II, dependendo do padrão, ritmo de crescimento e hábitos.
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Ortodontia III Aulas Teóricas 2009/2010
Tratamento
A) Objectivos:
- Corrigir o apinhamento e distopias
- Estabelecer uma relação incisiva de classe 1 em harmonia com outras
características faciais que se considerem aceitáveis do ponto de vista estético e funcional.
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Ortodontia III Aulas Teóricas 2009/2010
- Arcada maxilar:
- Depende essencialmente da quantidade de espaço que é requerida
ara aliviar o apinhamento e reduzir a sobremordida horizontal.
- Poderá estar indicado o recuo dos segmentos laterais com arco facial,
deve ser efectuado antes da erupção dos 2ºs Molares ou após a sua extracção.
- Se a exigência de espaço for maior ou se forem extraídos PMs
inferiores opta-se pela extracção de 1PM. Atenção que se se extrair em baixo tem que se
extrair em cima.
- Podem obter-se resultados aceitáveis com aparelhos removíveis se
os caninos superiores estiverem em mesioversão e não houver rotações incisivas. Podemos
resolver com aparelhos removíveis pois têm indicação para movimentos de inclinação da
coroa. A raiz fica no mesmo sitio.
- Os aparelhos fixos serão os aparelhos de eleição para o tratamento
da maioria destas mal oclusões.
C) Tratamento ortodontico
ortodontico – cirúrgico
- Quando é impossível obter uma sobremordida vertical estável devido
á inexistência de osso suficiente para permitir o movimento palatino necessário, e os incisivos
mandibulares não poderão ser suficientemente avançados.
- Casos onde a estética facial depois do tratamento se mantenha
aceitável.
CLASSE II DIVISÃO
DIVISÃO 2
Definição
Definição
Segundo Angle:
“Quando os primeiros molares inferiores ocluem por distal do normal com os
primeiros molares superiores, esta é a característica determinante das má oclusões de classe
II. A divisão 2 está especificamente caracterizada pela oclusão distal dos dentes em ambos os
lados da arcada dentária inferior, indicada pela relação mesiodistal dos primeiros molares
permanentes, mas com retrusão em vez de protrusão dos incisivos superiores… Estas
características podem estar acompanhadas de uma sobremordida acentuada dos incisivos
superiores, naturalmente resultante da inclinação para baixo e para dentro.”
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Ortodontia III Aulas Teóricas 2009/2010
Características Morfológicas
Morfológicas
A) Dentárias
Dentárias
- Retro inclinação incisiva
1. Retro inclinação exclusiva dos incisivos centrais superiores com os laterais
superiores proinclinados ou alinhados com o resto da arcada, sendo esta a
forma mais característica.
2. Retro inclinação dos quatro incisivos superiores com os caninos
vestibularizados e mesializados.
3. Retro inclinação das seis peças dentárias anteriores superiores.
- Ângulo collum dos incisivos centrais superiores aumentado
- Padrão médio dentário anterior reduzido (vestíbulo-palatino, mesio-distal)
- Distoclusão ?
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Ortodontia III Aulas Teóricas 2009/2010
B) Das
Das arcadas
- Arcada maxilar :
Forma rectangular em U
Excesso de desenvolvimento da apófise alveolar anterior
Plano oclusal invertido
- Arcada mandibular
Morfologia normal
Curva de Spee profunda
C) Interarcadas
Interarcadas
- Plano sagital
Por norma uma relação interarcadas distal
Trespasse horizontal incisivo diminuído
- Plano transversal
Por norma apresenta uma boa relação
Mordidas cruzadas em tesoura em casos extremos por excessivo
desenvolvimento da apófise alveolar superior
- Plano vertical
Trespasse vertical incisivo aumentado
D) Esqueléticas
Esqueléticas
- Grande variedade morfológica esquelética
- Plano mandibular mais horizontal
- Ângulo goníaco mais agudo
- Maior retrusão do ponto B em relação ao pogonion
- Altura facial anterior diminuída
E) Extra orais
- Plano frontal
Dimensões verticais reduzidas em particular na altura do terço inferior
Dimensões transversais bem desenvolvidas
Excessiva competência labial
- Perfil
Tendência á concavidade de perfil
Proeminência mentoniana
Retrusão labial
Dobra mentolabial profunda
Nariz proeminente
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Ortodontia III Aulas Teóricas 2009/2010
Características Funcionais
- Linha labial alta em repouso
- Maior actividade e tonicidade muscular perioral (orbicular da boca e músculos
mentonianos)
- Desvio funcional posterior da mandíbula
Na passagem da posição postural de repouso para a máxima intercuspidação
- Mastigação com movimentos predominantemente verticais (restrição da lateralidade)
- Sorriso gengival
Terapêutica
Terapêutica
- Por norma são indivíduos em que a estética é bastante agradável
- O motivo da consulta geralmente está associado à proinclinção dos incisivos laterais
- Casos ligeiros, em que a estética e a função não estão comprometidas, o Tratamento
Ortodontico poderá não estar indicado
Correção da
retroinclinação incisiva
Correção do trespasse Desbloqueio da
vertical aumentado mandibula
Correção da DDM
Correção da retroinclinação
incisiva
A) Desbloqueio da mandíbula:
Shwann 1964 : Estimou que 1/3 dos casos de CII/2 tinham um desvio funcional
posterior da mandíbula;
Edwards 1983: Verificou um crescimento mandibular adicional, em media
0,5mm ano, em casos tratados em relação com um grupo de controlo de casos não tratados;
Erikson e hunter 1985: O desbloqueio oclusal aumenta o crescimento
mandibular em media 1,5 mm ano, em comparação com um grupo controlo de casos não
tratados. Em ¼ dos indivíduos tratados a mandíbula reposicionava-se anteriormente durante o
tratamento.
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Ortodontia III Aulas Teóricas 2009/2010
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Ortodontia III Aulas Teóricas 2009/2010
D) Correcção da DDM:
- O apinhamento na má oclusão de CII/2 por norma é de carácter
secundário
Apinhamento dentário
E) Correcção da distoclusão:
- Pacientes em crescimento:
Restrição do crescimento maxilar – Tracção extra-oral cervical;
Distalização dentoalveolar superior
Reposicionamento anterior da mandíbula e/ou estimulação do
crescimento horizontal da mandíbula – aparelhos funcionais
Extracções dentarias
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Ortodontia III Aulas Teóricas 2009/2010
G) Timing do tratamento:
- Quando diagnosticada na dentição mista precoce está indicado o
estabelecimento oclusal de forma a facilitar o estabelecimento da função e do crescimento
normal
- Quase sempre exige um 2ª fase de tratamento
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Classificação
Classificação da Má Oclusão:
Desenvolvimento de um sistema de classificação
- Classe III verdadeira: displasia óssea. Mandíbula muito grande e maxila
pequena, mau relacionamento das bases musculares. (classe III esquelética)
- Classe III falsa: avanço funcional da mandíbula, não sendo causa óssea. A
retroinclinação dos dentes superiores e a proinclinação dos inferiores interfere no contacto
oclusal fisiológico e força a mesialização dos côndilos. (classe III neuromuscular)
- Mordida cruzada anterior: alteração dentária. Inclinação lingual dos inferiores
com ou sem inclinação vestibular dos superiores
Etiopatogenia:
- Hereditariedade: principal causa. Predisposição genética.
- Padrão Oclusal e dentário
1. Desvio do Padrão: a erupção dos incisivos para lingual origina mordida
cruzada anterior, havendo consequências a nível funcional e estrutural. Desta forma, a
mandíbula adapta-se através de um desvio funcional, desviando a sua trajectória,
mesializando.
O contacto incisal anormal origina um bloqueio a nível do desenvolvimento sagital do
maxilar e a mandíbula desenvolve-se ao máximo horizontalmente. Há assim, inibição do
crescimento da maxila e estímulo do crescimento da mandíbula.
2. Agenénia dos Incisivos superiores: condiciona a retrusão dentária anterior
com overjet negativo.
3. Dente supranumerário inferior: aumenta a arcada e condiciona a mordida
cruzada anterior.
- Língua
1. Avanço mandibular: a língua baixa origina uma concavidade ao nível da
apófise alveolar inferior, potenciando o avanço.
2. Hipoplasia do Maxilar: a falta de contacto da língua com a abóbada palatina
leva á sua compressão sagital e transversal, pois a falta de estimulo lingual e o bloqueio incisal
impede o crescimento ósseo. Há assim, uma compressão maxilar e mordida cruzada anterior e
posterior uni ou bilateral.
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Ortodontia III Aulas Teóricas 2009/2010
Diagnóstico
Exame Clínico
- Intra-
Intra-Oral
1. Oclusão cêntrica
Existe contacto entre os incisivos: classe III falsa por avanço
mandibular funcional
Não existe contacto entre os incisivos: classe III verdadeira por
aumento da mandíbula (displasia óssea)
2. Inclinação e overjet
Incisivos inferiores vestibularizados e com espaços e incisivos
inferiores rectos: classe III falsa
Incisivos inferiores vestibularizados e incisivos superiores
vestibularizados: classe III verdadeira (displasia óssea)
3. Relação intermaxilar: quando maior a mesioclusaão, mais grave é a
classe III
4. Relação transversal
Mordida cruzada por:
- Avanço mandibular: torna a mandíbula mais larga que
a maxila.
- Língua baixa: provoca dilatação da mandíbula e
hipoplasia da maxila (falta de espaço para a erupção de caninos e pré-molares com
apinhamento)
5. Relação Vertical
Sobremordida: avanço mandibular de origem funcional (avanço
anterior dos condilos e rotação da mandíbula): classe III falsa
Mordida aberta: classe III verdadeira (displasia óssea)
6. Discrepância volumétrica
Mandíbula: larga e com diastemas
Maxila: comprimida sagital e transversalmente com
apinhamento
- Extra-
Extra-Oral
1. Perfil concavo: retrognatismos maxilar e proeminência do mento
2. Progenia
3. Estruturas mais vestibularizadas.
Exames Complementares
- Análise cefalométrica
- Análise dentomaxilar
- Modelos de estudo
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Ortodontia III Aulas Teóricas 2009/2010
Pacientes em crescimento
- Terapia modificadora do crescimento
a) Deficiência antero-posterior da maxila: se a maxila é pequena ou
posicionada posteriormente.
Tratamento:
- Máscara facial:
facial é o tratamento preferencial: move a
maxila para uma posição mais anterior e inferior, da mesma forma que aumenta a
quantidade de osso que é adicionado às suturas posteriores e superiores. Este
tratamento pode ser usado a partir do momento que há erupção dos incisivos
permanentes are à idade de 10 anos. Quando a força é aplicada aos dentes para
transmissão às suturas, o movimento dentário em adição ás alterações do esqueleto é
inevitável. Deve ser usado em crianças apenas com problemas maxilares e não uma
combinação de problemas maxilares e mandibulares, deve também aguardar-se até à
erupção dos primeiros molares permanentes para haver ancoragem.
A máscara facial obtém ancoragem na testa e no queixo. A força anterior na
maxila é gerada através de elásticos que se ligam a um aparelho maxilar. Para resistir
ao movimento dentários, os dentes maxilares devem estar splintados como uma
unidade única.
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Ortodontia III Aulas Teóricas 2009/2010
Pacientes adultos
- Movimentação de dentes (camuflagem): aparelho ortodontico removivel ou
fixo.
- Reposicionamento cirúrgico das bases ósseas
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Ortodontia III Aulas Teóricas 2009/2010
Uma face proporcional pode ser divida em 3 terços. A distância do 1/3 médio, do limite
orbitário superior até à base do nariz, deve ser igual à distância do terço inferior. Relativamente
ao 1/3 inferior, a boca deve estar a 1/3 da distância entre a base do nariz e o mento. Deve
ainda avaliar-se a inclinação do plano mandibular relativamente à horizontal verdadeira. Um
plano mandibular muito inclinado (“steep”) está relacionado com dimensões verticais longas e
consequentemente com uma mordida aberta. Um plano mandibular pouco inclinado (“flat”) está
relacionado com dimensões verticias pequenas e consequentemente com uma mordida
profunda.
Triagem
Maloclusões verticais:
- Mordida aberta anterior
- Mordida profunda anterior
- Mordida aberta posterior
Mordida profunda/Sobremordida
(overbite, deckbiss (mordida profunda severa) ou overjet)
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Etiologia:
- Desenvolvimento dentário – erupção dentária afectada
- Hereditariedade – semelhante às maloclusões sagitais
- Hábitos Parafuncionais – bruxismo
- Hipertonicidade dos músculos mastigadores – intrusão dos molares (pastilhas
elásticas)
- Hipertonicidade dos músculos periorais – Classe II div. 2
- Padrão morfogénico horizontal – braquifacial
Diagnóstico:
Sobremordida dentária
- Sorriso gengival, por compensação alveolar à extrusãodos incisivos
superiores
- Extrusão associada à falta de contacto incisiva ( classe II e III)
- Sem alterações cefalométricas
Sobremordida esquelética
- 1/3 inferior está diminuído (ENA-Me)
- Crescimento horizontal – braquifacial
- Face quadrada (se face longa-cirurgia)
Mordida Aberta
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Etiologia:
- Desenvolvimento dentário: mordida aberta transicional por erupção tardia/
precoce e/ou sequência anómala de erupção dos dentes permanentes
- Hereditariedade: habitual às maloculusões sagitais
- Patologia Dentária: obstáculos à erupção : supranumerários, macrodontia
- Patologia Óssea: doenças sistémicas: disostoses crâneo-faciais, fístulas lábio-
palatinas
- Hábitos de sucção: depende da forma, intensidade, frequência e persistência.
Inibe o crescimento da apófise alveolar e a erupção dentária
- Deglutição anómala: causas primárias das mordidas abertas anteriores adquiridas
- Respiração oral
- Padrão morfogenético vertical – no padrão dolicofacial há um crescimento para
baixo e para a frente da sínfese, aumentando a hiperdivergência maxilar, que com outros
factores origina mordida aberta anterior.
- Hipotonicidade dos músculos mastigadores – hipotonia ou diminuição da potência
mastigatória, tende a estimular o crescimento dos molares, havendo hiperdivergência entre os
maxilares, mordida aberta e rotação posterior da mandíbula.
Diagnóstico:
- Mordida aberta dentária
Localizada até aos caninos (anterior ou posterior)
A linha dos incisivos desce
Com interposição lingual e deglutição atípica
Cefalómetria sem alterações
- Mordida aberta esquelética
Alterações cefalométricas
1/3 inferior da face aumentado
Crescimento vertical aumentado – dolicofacial
Hiperdivergência facial
Face longa e nariz estreito
Sorriso gengival (aumento das apófises alveolares e deficit de selamento
labial)
O aumento das apófises alveolares é um mecanismo compensatório da
rotação posterior da mandíbula
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Planeamento do tratamento
Dentição de leite
- Mordida profunda
Relaciona-se com proporções esqueléticas que predispõem a esta
alteração – face curta com ângulo goniaco recto e plano - especialista
- Mordida aberta
Afecta crianças que têm proporções esqueléticas correctas e hábitos de
sucção: correcção espontânea por eliminação do hábito
Mordida aberta esquelética não deve ser tratada nesta fase (recidiva) -
especialista
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Inclusão Dentária
Dente retido: todo aquele que para além da data normal de erupção e tendo em conta a idade
dentária não está em oclusão funcional.
Dente encravado: dente retido em que o saco pericoronário está parcialmente ou totalmente
em comunicação com a cavidade oral.
Dente incluso: dente retido em que o saco pericoronário não está em comunicação com a
cavidade oral.
Homem (0,51%)
Mulher (1,71%)
O problema é bilateral em 8% dos casos
Etiologia:
Causas gerais:
- Genéticas: hereditariedade multifactorial, síndrome de Gordner, disostose
cleidocraniana, fibromatose gengival congénita, síndrome de Albers-Schõnberg
- Endócrinas metabólicas: hipotiroidismo, deficiências nutricionais
- Infecciosas: sífilis, tuberculose, rubéola
Causas Locais:
- Embrionárias: alterações da lamina dentária, anomalias do gomo dentário,
alteração da estrutura do germén
- Dependentes do dente: posição anormal do dente, anomalias de forma e
tamanho, fecho permaturo do ápex, aquilose, falta de poder eruptivo, dilaceração da raiz.
- Dependentes do local de erupção: discrepância dento-maxilar, agenésia,
variação no tamanho da raiz ou alteração no timming de formação da raiz do incisivo lateral,
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Ortodontia III Aulas Teóricas 2009/2010
ERICSON E KUROLL:
- É de esperar reabsorção radicular dos incisivos laterais em cerca de 12% dos casos
de caninos com erupção ectópica.
- Cerca de 0,71% das crianças entre os 10 e os 13 anos apresenta reabsorção
radicular do incisivo lateral permanente, causada pela erupção ectópica dos caninos maxilares.
- Metade dos casos de reabsorção não é visível radiograficamente.
Diagnóstico:
Avaliação clínica: sinais clínicos
- Persistência do dente deciduo enquanto o permanente contralateral já
erupcionou
- Redução substancial do espaço disponível para erupção do dente
permanente.
- No caso do canino, atraso na erupção ou persistência do canino deciduo para
além dos 14/15 anos.
- Migração, rotação ou inclinação dos dentes adjacentes
- Ausência de bossas eruptivas
- Presença de tumefacções anormais.
Avaliação radiográfica:
- Dá-nos informações mais detalhadas sobre a situação ou posição do dente
suspeito em relação ás estruturas vizinhas.
- Pode alertar-nos para uma possível inclusão
- diagnóstico de alguma patologia oral susceptível de dificultar ou impedir a
normal erupção dentária.
- RX panorâmico
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Palatino Vestibular
- 2/3 dos casos - 1/3 dos casos
- 85% tem espaço suficiente - 17% tem espaço suficiente
- A intervenção precoce permite a erupção - A intervenção precoce permite a erupção
espontânea com menor frequência espontânea com maior frequência
- Estão mais inclinados em direcção horizontal - Estão mais verticais
ou obliqual.
Opções terapêuticas
- Abstenção e vigilância
- Auto transplante do dente incluso:
Em 2/3 dos casos o dente está em função após 5 anos
Em 1/3 dos casos o dente está em função após 10 anos
- Extracção do dente incluso e fecho do espaço ortodonticamente
- Extracção do dente incluso e substituição protética
- Tracção ortodôntica
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Sequencia de Tracção:
Fixação à coroa:
- Perfuração da coroa
- Intracoronário: pinos
- Pericoronário: técnica do laço, bracket, botão
Meios de transmissão de força:
- Fio metálico
- Fio metálico em gancho ou em cadeia elástico
- Cadeia elástica
- Mola baliística
- Sistemas magnéticos
- Molas NiTi
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- Arcos auxiliares
Ter em atenção:
- Forças leves: não mais de 60gr
- A direcção da força
- Manutenção do espaço aberto com uma mola evitando a inclinação
dos dentes vizinhos
- A aplicação da força deve ser feita sobre um arco pesado
- A força deve ser aplicada de imediato ou no máximo 2 a 3 semanas
após a cirurgia.
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Contenção e Recidiva
Diagnóstico diferencial e Opções terapêuticas
Alterações Oclusais
Oclusais telacionadas com o crescimento
1. Contenção após correcção da classe II
2. Contenção após correcção da classe III
3. Contenção após correcção de mordida profunda
4. Contenção após correcção de mordida aberta
5. Contenção do alinhamento dos incisivos inferiores
Resumo:
1. Tempo integral: 3 a 4 meses
2. Tempo parcial: 12 meses
3. Até ao final do crescimento
Aparelhos de Contenção
Devem permitir a reorganização ao nível tessidular e anatómico bem como assegurar e
manter o equilíbrio funcional. Não devem ser rígidos de modo a permitir a movimentação
normal dos dentes na fala, mastigação…
1. Removíveis
- Funcionais: quando a terapia miofuncional faz parte do tratamento. Quando a
musculatura ainda não está totalmente reabilitada.
- Essix: removível (goteiras transparentes termomoldaveis)
- Clip on: aparelho ao nível dos 6 dentes anteriores. Feito em acrílico por fora e
por dentro (tem efeito de mola activo. Usa-se quando há mais tendência a recidivar.
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2. Fixos
- Retentor colado 3 por 3
- Arame colado por incisivos e caninos inferiores. Também pode ser em
superiores normalmente quando há encerramento de diastemas.
- Em superior normalmente usa-se placa de hawley
Aparelho ideal:
- Direcção – oposta ao movimento efectuado
- Colaboração – simples para boa colaboração
- Comodidade
- Higiénico
- Estético
- Interferência
Contenção limitada
- Tempo de contenção corresponde ao tempo de tratamento
Contenção permanente
- Encerramento de diastemas
- Rotações graves
- Tratamento de compromisso. Más oclusões esqueléticas em que se exagera a
posição dos dentes para compensar discrepâncias esqueleticas
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Interdisciplinaridade
Ortodontista:
- Efectua diagnóstico e plano de tratamento
- Efectua tratamentos necessários à ortodontia:
1. Dentisteria: restaurações provisórias (amálgama, compósito, coroas
provisórias)
2. Periodontologia: alisamento radicular, curetagem gengival e cirurgia
gengival
3. Endodontia: tratamento endodontico radicular (TER)
4. Cirurgia: extracções
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Contorno Gengival
Discrepâncias do contorno gengival
- Migração gengival
- Abrasão ou trauma incisal
Abordagem:
1. Posicionamento dos brackets
2. Finalização
Microdontia
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