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Universidade Virtual do Estado de São Paulo – UNIVESP

Licenciatura em Matemática

INGRID NERI DE PAIVA

ATIVIDADE PARA AVALIAÇÃO DA SEMANA 4

EDUCAÇÃO MEDIADA POR TECNOLOGIAS

SANTOS - SP

2017
O contexto que envolve o uso de tecnologias da informação e
comunicação na educação é muito amplo. Existem muitos fatores envolvidos e
muitas formas de aplicação dessas práticas. Inclusive, a princípio, muitas quebras
de paradigmas educacionais e incorporação de novos processos escolares seriam
necessários. Efemeridade é um termo que define bem a era da informação, e pode
ser analisados de forma positiva e negativa. A educação tem como tarefa saber
explorar os sentidos positivos e buscar amenizar os efeitos negativos, podendo até
evitá-los. Esse texto tem o intuito de despertar a reflexão sobre temas ligados ao uso
das TIC na educação. Afinal, cada momento e cada lugar terá que criar suas
próprias respostas a essas perguntas, e nunca serão congruentes.

Mas, primeiramente, vamos analisar o contexto atual. É de se observar


que a maneira como o mercado assimila as tecnologias é muito diferente de como a
escola o faz. Podemos notar que todos os ramos do mercado, da indústria, da
prestação de serviços, está sempre se atualizando tecnologicamente. Encontra-se
tecnologia de ponta no atendimento às demandas atuais. Serviços muito simples
hoje, podem ter tecnologias da comunicação agregadas que deem um novo aspecto
ao mesmo, agregando valor e facilitando a vida dos usuários. Tratamentos de saúde
e de estética ultramodernos, conferências internacionais através da internet. E
pensar na aplicação da tecnologia no mercado é pensar na formação profissional
dos futuros trabalhadores. Dessa forma, como isso está sendo agregado na
educação?

Diferentemente do mercado, percebemos uma resistência muito grande


da escola em absorver as novas tecnologias nos processos educacionais. Se a
escola não absorve as tecnologias, como essa escola está preparando seus alunos
para atuar na sociedade atual, que vive cercada delas? Nessa questão, podemos
analisar dois aspectos, dissertados abaixo.

As crianças hoje já nascem imersas no mundo das TIC. Essas tecnologias


tem um impacto tão grande na sociedade que mudaram a forma como nos
relacionamos, como vemos o mundo, como tratamos ele e a informação. Tudo está
tão próximo, mesmo do outro lado do mundo. E pensando em crianças que
nasceram nesse momento histórico, mesmo às vezes tendo pouquíssimo acesso a
essas tecnologias, elas não são como as crianças de vinte, ou trinta anos atrás. Elas
veem o mundo através da TIC, como nativos digitais. Elas sabem usá-las
intuitivamente, quase como se nascessem sabendo. Eis o primeiro aspecto: como
podemos pensar que esses alunos poderiam se interessar por aulas como aquelas
que vemos reinar nas salas de aula até hoje? Podendo ter toda informação na mão
em milésimos de segundo (como o Google costuma exibir ao fazer uma pesquisa
nele), por que estariam elas interessadas em uma lousa cheia de giz?

Já o segundo aspecto, depois de um processo escolar vazio de


significados reais (porque é dessa forma que uma educação descontextualizada
afeta seus alunos), como, senão por mérito próprio, pode um indivíduo dominar o
uso da TIC de forma eficiente e consciente? Observamos, então, que temos uma
larga falha na realização da verdadeira intenção da escola.

Em termos amplos, a educação é um “processo de humanização,


histórico e social de formação humana” (TOZONE-REIS, 2010). Já a escola, de
acordo com a professora supracitada, nasce da necessidade de definir uma
instituição, que não fosse mais a família ou a igreja, responsável pela formação do
ser humano diante das novas demandas do modo de produção capitalista.
Analisando essa ponte de significação educação-escola, o nosso sistema
educacional atual tem sido eficiente nesses termos? A partir disso, quais partes
integrantes do sistema educacional devem ser repensadas e reajustadas para
termos uma educação eficiente, intrincada às TIC? Quais os obstáculos para a
criação de uma escola do século XXI?

Um dos grandes obstáculos da educação no Brasil é nosso sistema


político. A história da educação no Brasil trás como característica um sistema
“excludente e dual”. De um lado, temos a educação privada, de qualidade
neoliberalista, que visa a “competição, o individualismo, a eficiência, a produtividade,
o imediatismo, [e] a busca da qualidade [de mercado]” (TOZONE-REIS). Do outro
lado, o sucateamento da educação pública, poucos investimentos, profissionais
desvalorizados, pouco ou nenhum incentivo e evasão escolar.

Do ponto de vista dos alunos, temos a grande quantidade de informações


que eles processam diariamente através das mídias. De maneira natural, eles
produzem conhecimento baseado nessas informações, mesmo que não seja de
maneira crítica e profunda (já que a educação não fornece ferramentas intelectuais
para isso). E quando eles trazem isso para a escola, esse conhecimento é rejeitado.
Segundo SIQUEIRA e FONTOURA, “esse abarreiramento tende a alargar distâncias
ou até mesmo a rechaçar os estudantes”. Nesse movimento, a educação formal se
transforma em um processo artificial, desconectado da realidade, e, portanto,
supérfluo.

Já pela ótica dos educadores, temos uma classe de profissionais


desvalorizada pelo mercado e pela sociedade. Profissionais que foram formados no
século passado, baseado em uma formação do século retrasado; desmotivados,
insatisfeitos profissional e pessoalmente. Consequentemente, desatualizados e sem
suporte para mudar suas realidades e de seus alunos. Além disso, no mesmo
movimento das instituições de ensino, baseado na cultura ultrapassada de
autoridade escolar, surge a insegurança de ser substituído pelas TIC no processo de
aprendizagem (SIQUEIRA; FONTOURA, 2016). Essa insegurança imediata prende
muitos profissionais no ciclo vicioso da estagnação, além da falta de suporte para a
formação contínua.

Para esse grupo de pessoas, GADOTTI (2000) abra a porta da esperança


ao afirmar que “é preciso mudar profundamente os métodos de ensino para reservar
ao cérebro humano o que lhe é peculiar, a capacidade de pensar, em vez de
desenvolver a memória”. Portanto, o educador ganha um novo papel nessa visão
pedagógica. O professor agora é o incitador, o provocador do conhecimento.

Na pesquisa de GARBIM (2010), a autora defende que diante da


enxurrada de informações na rede, sua disponibilidade não implica em produção de
conhecimento, já que os alunos não sabem utilizá-las. Por isso, o professor
ressignificar seu papel na educação da era das TIC. Mas estamos diante de uma
geração de professores imigrantes digitais. Estes muitas vezes, fazem um uso
simples e mecânico dessas tecnologias. Mesmo sendo capazes de construir
conhecimento e fazer análises críticas das informações que recebem, não sabem
ainda como aplicar isso às TIC. E nesse caso, nasce ainda uma outra questão
quanto ao uso das TIC na sala de aula. Como transformar o trabalho docente frente
as crescente inserção das tecnologias no cotidiano?

Além de abordar a questão da criticidade às informações recebidas


constantemente através das mídias sociais, o formato pedagógico vigente não se
enquadra mais no contexto social dos estudantes. Os modelos de aula não são mais
interessantes. É necessário repensar esse formato de ensino, tirando o professor do
centro, como único detentor do saber, e horizontalizando as relações professor-
aluno. Alinhando ambos na construção do conhecimento, em um trabalho
colaborativo. Existe a necessidade de uma relação dialógica, e principalmente de
mais autonomia para ambos no processo ensino-aprendizagem e menos
intervenção autoritária. Nesse ponto, vemos como a mudança do sistema político se
faz necessário, permitindo uma reforma educacional eficiente, que permita maior
autonomia às escolas. Assim, a educação estará mais contextualiza, aumentando
seu significado para os alunos e professores.

Portanto, segundo essa análise, percebemos a importância sobre a


reflexão das práticas docentes e de uma reestruturação do quadro da educação no
Brasil. Discutir os dilemas das práticas educacionais acaba por se tornar uma tarefa
constante nesse cenário efêmero e de intensas modificações. O processo se torna
mais denso, mas assim também os resultados.
Bibliografia

TOZONE-REIS, Marília Freitas de Campos. Objetos Educacionais Unesp. Acervo


Digital, 25 mai. 2010. Disponível em:
<https://acervodigital.unesp.br/bitstream/123456789/169/3/01d09t03.pdf>. Acesso
em 01 de out. 2017.

SIQUEIRA, Graziele Cancio; FONTOURA, Helena Amaral da. A invasão das


Tecnologias de Informação e Comunicação nas escolas e o diálogo necessário. ETD
- Educação Temática Digital, Campinas, SP, v. 18, n. 1, p. 122-135, abr. 2016.
ISSN 1676-2592. Disponível em:
<https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/etd/article/view/8637541>. Acesso
em: 28 set. 2017. doi: http://dx.doi.org/10.20396/etd.v18i1.8637541.

GADOTTI, MOACIR. Perspectivas atuais da educação. São Paulo Perspec., São


Paulo , v. 14, n. 2, p. 03-11, jun. 2000 . Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-
88392000000200002&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 28 set. 2017.
doi:http://dx.doi.org/10.1590/S0102-88392000000200002.

GARBIN, Monica Cristina. Uma análise da produção audiovisual colaborativa: uma


experiência inovadora em uma escola de ensino fundamental. ETD - Educação
Temática Digital, Campinas, SP, v. 12, p. 227-251, nov. 2010. ISSN 1676-2592.
Disponível em:
<https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/etd/article/view/1211>. Acesso em:
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GARCIA, Marta Fernandes et al. NOVAS COMPETÊNCIAS DOCENTES FRENTE


ÀS TECNOLOGIAS DIGITAIS INTERATIVAS. Rev. Teoria e Prática da Educação,
v. 14, n. 1, p. 79-87, jan./abr. 2011. ISSN 2237-8707. Disponível em:
<http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/TeorPratEduc/article/view/16108/8715>.
Acesso em: 01 out. 2017.

GARCIA, Fabiane Maia. Tecnologia e educação: relações históricas, locais e


mundializadas. RENOTE - Revista Novas Tecnologias na Educação, v. 3, n. 1,
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<http://seer.ufrgs.br/index.php/renote/article/view/13826/8015>. Acesso em: 01 out.
2017.

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