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Lista 1 de Microeconomia I

Professor: Carlos E.L. da Costa


Monitor: Vitor Farinha

Algumas Preliminares Matemáticas

Nas próximas páginas apresentam-se alguns conceitos matemáticos e teoremas que serão úteis ao curso de
Micro I. Como o objetivo aqui é apresentar rapidamente alguns instrumentos que serão estudados mais
profundamente nos cursos de Análise, omitem-se as principais provas. Algumas boas referências sobre os
assuntos aqui abordados são:
1. MWG, Apêndice Matemático.
2. Lima, Elon. Análise Real, vols. 1 e 2.
3. Simon e Blume. Matemática para economistas.
4. http://mathworld.wolfram.com/
5. Sundaram, Rangarajan. A First Course in Optimization Theory.
6. Cysne e Moreira. Matemática para economistas.

Norma Euclidiana
Tipicamente estaremos trabalhando no espaço euclidiano Rn , munido da norma euclidiana usual
De…nição 1 Seja x = (x1 ; :::; xn ) Rn , a norma euclidiana é a função k:k : Rn ! R dada por
n
!1=2
X
2
kxk = xi
i=1

Que de…ne também a noção de distância (métrica) usual desse espaço, sendo a distância entre os pontos
x e y dada por d(x; y) = kx yk. Que atende a conhecida "desigualdade triangular" (essa desigualdade é,
na verdade, parte da própria de…nição de norma),
kx yk + ky zk kx zk :

Bolas Abertas, Conjuntos Abertos e Conjuntos Fechados


De…nição 2 Uma bola aberta com centro no ponto x e raio r é dada por
B(x; r) = fy 2 Rn jd(x; y) < rg:
Ou seja, B(x,r) é o conjunto de todos os pontos do Rn que distam de x em estritamente menos que r. Se
substituímos a desiguldade estrita(<) pela desigualdade fraca( );então temos a bola fechada B(x,r)
De…nição 3 O conjunto S no Rn é dito aberto se, para todo ponto x 2 S; existe r tal que B(x; r)
S:Intuitivamente, todo o ponto de um conjunto aberto está em seu interior, sendo possível deslocar-se
pequenas distâncias em qualquer direção sem que deixemos o conjunto S.
De…nição 4 O conjunto S no Rn é dito fechado se seu complementar é aberto. O teorema abaixo torna
possível uma de…nição alternativa, possivelmente mais clara, usando a noção de seqüências convergentes.
Teorema 1 Um conjunto S Rn é fechado se, e somente se, para toda seqüência {xk g tal que xk 2 S para
todo k e xk ! x, tem se que x 2 S:
Ou seja, o limite de qualquer seqüência convergente formada por pontos em S também é um ponto de S.

1
Conjuntos limitados e conjuntos compactos
De…nição 5 Um conjunto S Rn é dito limitado se existe r>0 tal que S B(0; r):

De…nição 6 Um conjunto S Rn é dito compacto se é limitado e fechado.

Combinações Convexas e Conjuntos Convexos


Dada qualquer coleção …nita de pontos x1 ; x2 ; :::; xm 2 Rn ; um ponto z 2 Rn é dito umaP combinação convexa
m
dosPpontos (x1 ; :::; xm ) se existe 2 Rm satisfazendo (i) i 0; i = 1; 2; :::; m e (ii) i=1 i = 1; tal que
m
z= i=1 i xi :

De…nição 7 Um conjunto S Rn é dito convexo se qualquer combinação convexa de quaisquer dois pontos
de S também está em S. Ou seja, se qualquer linha reta que liga dois pontos de S estiver completamente
contida nele.

Continuidade
De…nição 8 Tome f : S ! T; em que S Rn e T Rl :Então, f é dita contínua em x2 Rn se para
todo " > 0; existe > 0 tal que ao tomar-se y 2 S com d(x; y) < , valerá d(f (x); f (y)) < ": Em termos
de seqüências, f : S ! T é contínua em x se para todas as seqüências fxk g com xk 2 S para todo k e
limk!1 xk = x tem-se limk!1 f (xk ) = f (x):

Intuitivamente, f é contínua em x se, ao nos aproximarmos deste ponto, obtivermos aproximações suces-
sivamente melhores para o valor de f(x).
Uma função é dita contínua se é contínua em todos os pontos de seu domínio.

Teorema 2 (Weierstrass) Tome D Rn compacto e f : D ! R uma função contínua em D. Então f atinge


um máximo e um mínimo em D, i.e., exitem pontos z1 ; z2 2 D; tais que

f (z1 ) f (x) f (z2 ) 8x 2 D

Convexidade e Quase-Convexidade

De…nição 9 Seja X Rn um conjunto convexo. Uma função f : X ! R é convexa se para todo 2 [0; 1]
e x,y 2 X tivermos
f ( x + (1 )y) f (x) + (1 )f (y):
Analogamente, é dita estritemente convexa se o sinal da desigualdade for estrito (< ao invés de ).

De…nição 10 Seja X Rn um conjunto convexo. Uma função f:X! R é côncava se -f é convexa. Ou


seja,f : X ! Ré côncava se para todo 2 [0; 1] e x,y 2 X tivermos f ( x + (1 )y) f (x) + (1
)f (y):Analogamente, é dita estritemente côncava se o sinal da desigualdade for estrito.

De…nição 11 Sejam D Rn um conjunto convexo e f : D ! R:O conjunto de contorno superior de f


em a, denotado por C+
a ou Uf (a); é de…nido como

Uf (a) = fx 2 Djf (x) ag:

O conjunto de contorno inferior de f em a, por sua vez, denotado por Ca ou Lf (a);é de…nido como

Lf (a) = fx 2 Djf (x) ag:

A função f é dita quase-côncava se Uf (a) é convexo para todo a. Analogamente, é dita quase-convexa se
Lf (a) é convexo para todo a.

2
Figure 1: Curvas de nível e conjuntos de contorno de uma função quase-côncava, porém não côncava.

Figure 2: Uma função côncava, uma apenas quase-côncava e uma que não apresenta globalmente nenhum
dos comportamentos citados.

Teorema 3 A função f:D! R é quase-côncava em D se, e somente se, para todo x,y2 D e para todo
2 (0; 1); vale
f [ x + (1 )y] minff (x); f (y)g:
A função f é quase-convexa em D se, e somente se, para todo x,y 2 D e para todo 2 (0; 1); vale

f [ x + (1 )y] maxff (x); f (y)g:

Os grá…cos a seguir, retirados de http://are.berkeley.edu/courses/ARE211/currentYear/lecture_notes/mathGraphical3-


05.pdf, ajudam a melhor compreender os conceitos de concavidade e quase-concavidade.

Homogeneidade e Homoteticidade
De…nição 12 Uma função é dita homogênea de grau k se: f (tx) = tk f (x) para todo t>0.

Teorema 4 Seja f:D! R uma função C1 de…nida em um cone aberto do Rn : Se f é homogênea de grau k,
suas derivadas parciais são homogêneas de grau k-1.

3
Proof. Por hipótese temos:
f (tx) = tk f (x):
Diferenciando em relação a x obtemos:

rf (tx)t = tk rf (x) ) rf (tx) = tk 1


rf (x) Homogeneidade de grau 1

Teorema 5 (Fórmula de Euler) Suponha f(x) homogênea de grau k e diferenciável. Então, para qualquer x,
temos
X @f (x)
:xn = kf (x)
n
@xn
ou, em notação matricial,
rf (x):x = k:f (x)

Proof. De maneira semelhante à prova anterior, agora diferenciamos a de…nição, f (tx) = tk f (x) em relação
a t, obtendo
rf (tx) x = ktk 1 f (x)
Avaliando em t=1, tem-se:
rf (x) x = kf (x)

Se uma função f (:) homogênea é transformada por uma função crescente de uma única variável L(:), a
resultante L(f (x)) é dita homotética. Note que a família das curvas de nível de L(f (:)) é a mesma que a
família das curvas de nível de f (:).

Matrizes Semi-De…nidas e De…nidas


De…nição 13 A matriz MnXn é dita negativa semi-de…nida se z0M z 0; para todo z 2 Rn :Se a de-
sigualdade é estrita para todo z 6= 0, então M é negativa de…nida(inverterndo as desigualdades, obtemos os
conceitos de matriz positiva semi-de…nida e de…nida).

Teorema 6 A função f : D ! R de classe C 2 é côncava se e somente se a hessiana de f(.) (matriz de


segundas derivadas) é negativa semi-de…nida para todo x 2 D. Se a hessiana é negativa de…nida para todo
x 2 D; então a função é estritamente côncava (observe que a volta não vale).

Otimização com restrições de igualdade


Considere o seguinte problema:

max f (x)
x2Rn
sa gk (x; ) = bk k=1,...,K

No estudo de problemas como este, são relevantes dois objetos:

1. O conjunto solução
x ( ) = arg max f (x; )
sa restrições

que dá a(s) solução(ões) para cada parâmetro 2 (se o problema tem múltiplas soluções, então x ( )
é um conjunto com diversos elementos).
2. A função valor
V( )= max f (x; )
sa restrições

que dá o valor da função para cada parâmetro 2 (V ( ) = f (y; ) para todo y2 x ( )):

4
Teorema 7 (Teorema de Lagrange) Sejam f : Rn ! R e gk : Rn ! R funções de classe C 1 ; k =
1; :::; K:Suponha que x seja um máximo ou mínimo local de f no conjunto

D = U \ fxjgk (x) = bk ; k = 1; :::; Kg

em que U Rn é aberto. Suponha também que (Dg(x )) = K: Então, existe um vetor =( 1 ; :::; K) 2
RK tal que
K
X
Df (x ) + k Dgk (x ) = 0:
k=1

Teorema 8 (Teorema do Envelope) Considere o problema de maximização proposto no início desta seção e
suponha que (i) f(),g1 (); :::; gK () são continuamente diferenciáveis em (x, ) e (ii)x é diferenciável em uma
vizinhança A de ^:Então,

1. V(.) é diferenciável em A.
^ f (x (^);^) PK g(x (^);^)
2. Para i=1,...,s @V@ (i ) = i k=1 k i
; em que é o multiplicador de Lagrange asso-
ciado a x (^):

Simpli…cando, este teorema nos diz que não é necessário observar os efeitos indiretos da variação dos
parâmetros sobre a variação da função valor, podendo-se derivá-la diretamente no ótimo.

Exercícios da Lista 1

Exercício 1 Responda verdadeiro ou falso, justi…cando:

a) Toda função côncava é quase-côncava.


b) Toda função quase-côncava é côncava.
c) A soma de duas funções côncavas é côncava.
d) A união de 2 conjuntos convexos é um conjunto convexo.
e) A interseção de 2 conjuntos convexos é um conjunto convexo.
f) Seja f : R ! R diferenciável e estritamente crescente; então f 0 (x) > 0 para todo x 2 R:
g) A união de 2 conjuntos abertos é um conjunto aberto.
h)A interseção de 2 conjuntos abertos é um conjunto aberto.
i) O conjunto A f(x; y) : x2 + y 2 = 1gé um conjunto convexo.
j)O conjunto A f(x; y) : x2 + y 2 1gé um conjunto convexo.

Exercício 2 Mostre a equivalência das duas de…nições de quase-concavidade.

Exercício 3 Mostre que a função f(x,y)=min{ax,by} é quase-côncava se a,b>0

Exercício 4 Seja f : Rn+ ! R uma função côncava. Seja g : R ! R estritamente crescente. Mostre que
h(x) = g(f (x)) é uma função quase-côncava.

Exercício 5 Mostre que a inclinação das curvas de nível de uma função homotética não muda ao longo de
um raio que parte da origem.

5
Exercício 6 Considere um problema de…nido por:

V (p; y) = maxU (x)


sa y = p x

Mostre que @V =@y = ; em que é o multiplicador de Lagrange associado ao problema de maximização.

Exercício 7 Considere as relações de preferências racional sobre X. Mostre que as relações binárias ~
e são transitivas, mas não são necessariamente completas.

Exercício 8 Mostre que se uma relação de preferências satisfaz a propriedade de monotonicidade, então
também satisfaz a propriedade de não-saciedade local. Pode-se a…rmar que não saciedade local implica
monotonicidade estrita? Justi…que.

Exercício 9 A ordenação lexicográ…ca para X = R2+ é de…nida por: x; y 2 R2+ ; x y se x1 > y1 ou se


x1 = y1 e x2 y2 :

a) Mostre que a relação binária acima é uma relação de preferências racional.


b)Mostre que as preferências lexicográ…cas são monótonas estritas.
c) Mostre que as preferências lexicográ…cas não são contínuas.
d) Por que esta relação de preferências não é muito interessante do ponto de vista econômico?

Exercício 10 Seja a relação de…nida a partir de % por ~ (x y) , y % x. Então prove que é as-
simétrica se, e somente se, % é completa.

Obs.: é assimétrica se 8x; y 2 X temos que ~ (x y) ou ~ (y x) :

Exercício 11 Prove que, se % é racional e estritamente convexa, para qualquer cojunto C X convexo, o
conjunto C 0 = fx 2 Cjx % y; 8y 2 Cg é vazio ou unitário.

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Gabarito da Lista 1 de Microeconomia I

Professor: Carlos E.L. da Costa


Monitor: Vitor Farinha

Exercício 1 Responda verdadeiro ou falso, justi…cando:

a) Toda função côncava é quase-côncava.

Solução 1 Verdadeiro. Com efeito, seja a 2 <: Sejam x,y tais que f(x) a e f(y) a: Seja t2 [0; 1] : Da
concavidade de f temos f(tx+(1-t)y) tf(x)+(1-t)f(y) ta + (1-t)a = a: Portanto o conjunto C+
a é convexo.

b) Toda função quase-côncava é côncava.

Solução 2 Falso. Contra-exemplo: f(x)= x3 :

c) A soma de duas funções côncavas é côncava.

Solução 3 Verdadeiro. Seja h(x)=f(x)+g(x). Seja t2 [0; 1] : Da concavidade de f temos:f(tx+(1-t)y)


tf(x)+(1-t)f(y). Da concavidade de g temos: g(tx+(1-t)y) tg(x)+(1-t)g(y). Somando-se as duas desigual-
dades temos h(tx+(1-t)y) th(x)+(1-t)h(y).

d) A união de 2 conjuntos convexos é um conjunto convexo.

Solução 4 Falso. Tome A = [0; 1] e B = [4; 5], ambos convexos, porém 0; 5:0 + 0; 5:5 = 2; 5 2
= A [ B:

e) A interseção de 2 conjuntos convexos é um conjunto convexo.

Solução 5 Verdadeiro. Sejam A e B dois conjuntos convexos. Sejam x,y 2 A\B. Seja t2 [0; 1] :Daí, x,y
2A) tx +(1-t)y2A. Do mesmo modo, x,y 2B) tx +(1-t)y2B. Portanto, tx +(1-t)y2A\B.

f) Seja f : R ! R diferenciável e estritamente crescente; então f 0 (x) > 0 para todo x 2 R:

Solução 6 Falso.Contra-exemplo é a função f(x)=x3 : f ’(0)=0.

g) A união de 2 conjuntos abertos é um conjunto aberto.

Solução 7 Verdadeiro. Sejam A e B 2 conjuntos abertos em <: Seja x 2 A[B. Sem perda de generalidade,
suponha que x2A. Como A é aberto, existe uma vizinhança (x-", x+") A. Daí,(x-", x+") A[B. Portanto,
A[B é aberto.

h)A interseção de 2 conjuntos abertos é um conjunto aberto.

Solução 8 Verdadeiro. Sejam A e B 2 conjuntos abertos. Seja C A\B. Seja x 2 C. Daí x 2 A) 9


" > 0 :(x-", x+") A. Do mesmo modo, x 2 B) 9 > 0 :(x- , x+ ) B. Seja = min f"; g. Temos
(x- , x+ ) A\B. Portanto, A\B é um conjunto aberto.

i) O conjunto A f(x; y) : x2 + y 2 = 1gé um conjunto convexo.

Solução 9 Falso. Tome z=(0,0)= 21 ( 1; 0) + 12 (1; 0): Apesar de tanto (-1,0) quanto (1,0) pertencerem ao
conjunto, z, uma combinação linear convexa com = 12 ; não pertence.

1
j)O conjunto A f(x; y) : x2 + y 2 1gé um conjunto convexo.

Solução 10 Verdadeiro. Sejam a1 =(x1 ; y1 ), a2 =(x2 ; y2 ) 2 A:T ome a= a1 + (1 )a2 = ( x1 + (1


)x2 ; y1 +(1 )y2 ) = (x; y); 2 (0; 1):Daí, x2 +y 2 = 2 (x21 +y12 )+(1 )2 (x21 +y12 )+2 (1 )(x1 x2 +y1 y2 )
1:

Exercício 2 Mostre a equivalência das duas de…nições de quase-concavidade.

Solução 11 )Suponha que f é quase-côncava, i.e, que Uf (a) é convexo para todo a2 R:Tome x; y 2 Uf (a)
de maneira que o menor deles, s.p.g. y, seja tal que f(y)=a. Logo pela convexidade de Uf (a); x + (1 )y 2
Uf (a); o que signi…ca que f[ x + (1 )y] a = min[f (x); f (y)]:
(Agora, suponha que tenhamos f[ x + (1 )y] minff (x); f (y)g para todo x,y 2 D e todo 2 (0; 1):Tome
a 2 R:Se Uf (a) é vazio ou contém apenas um ponto é trivialmente convexo. Caso contrário, tomo x,y2 Uf (a):
Vale, então, f(x) a e f(y) a:Portanto, min[f(x),f(y)] a:Temos, por hipótese, que f[ x + (1 )y]
minff (x); f (y)g e conseqüentemente que x + (1 )y 2 Uf (a):Como a era arbitrário, temos a prova
completa da equivalência.

Exercício 3 Mostre que a função f(x,y)=min{ax,by} é quase-côncava se a,b>0

Solução 12 Tome n2 R e k1 =(x1 ; y1 ) e k2 =(x2 ; y2 ) tais que min{axi +byi g n; i = 1; 2:Seja k = (x; y) =
k1 + (1 )k2 : Logo, f(k)=min{a( x1 + (1 )x2 ); b( y1 + (1 )y2 )): Note que a( x1 + (1 )x2 )
minfax1 ; ax2 g e, analogamente, b( y1 +(1 )y2 ) minfby1 ; by2 g:Logo; f (k) minfax1 ; ax2 ; by1 ; by2 g n;
provando a quase-concavidade de f(x,y).

Exercício 4 Seja f : Rn+ ! R uma função côncava. Seja g : R ! R estritamente crescente. Mostre que
h(x) = g(f (x)) é uma função quase-côncava.

Solução 13 Sejam x; y 2 R2 e a 2 R tais que h(x) a e h(y) a. Então h( x + (1 )y) = g[f ( x +


(1 )y)] g( f (x) + (1 )f (y)). Sem perda de generalidade, suponha f (x) f (y), então g( f (x) + (1
)f (y)) = g(f (x) + (1 )(f (y) f (x))) g(f (x)) a (g(:) crescente).

Exercício 5 Mostre que a inclinação das curvas de nível de uma função homotética não muda ao longo de
um raio que parte da origem.

Solução 14 Seja g:Rn+ ! R uma função homotética, com g(x)=L(f(x)) em que f(x) é homogênea de grau k e
@f @f
dx1 L0 ( ) @x @x2
L:R ! R crescente. A inclinação de uma curva de nível de nível de g(x) é dada por dx2 = - L0 ( @f
) @x
2
= @f :
1 @x1
dx1 @f (tx)=@x2
Pela homogeneidade de grau k-1 das derivadas parciais, pode-se perceber que dx2 (tx) = @f (tx)=@x1 =
k 1
t :@f (x)=@x2 dx1
tk 1 :@f (x)=@x
1
= dx2 (x):

Exercício 6 Considere um problema de…nido por:

V (p; y) = maxU (x)


sa y = p x

Mostre que @V =@y = ; em que é o multiplicador de Lagrange associado ao problema de maximização.

Solução 15 Monta-se o Lagrangeano, L = U (x) + [y p x]: Pode-se aplicar diretamente o Teorema do


Envelope, com @L
@y = :Assim, podemos perceber que o multiplicador de Lagrange associado ao problema de
maximização pode ser interpretado como o ganho em termos de utilidade indireta que o agente terá quando
relaxarmos marginalmente sua restrição orçamentária.

Exercício 7 Considere as relações de preferências : Mostre que as relações binárias ~ e são transitivas,
mas não são necessariamente completas.

2
Solução 16 ~ é transitiva. Sejam x; y; z 2 X tais que x y e y z. Então, por de…nição, x y e
y x ; y z e z y. Logo, pela transitividade de , segue que x y z implica em x z. Analogamente,
z y x implica em z x.
Logo, temos que x z e z x. Portanto, x z.
é transitiva. Sejam x; y; z 2 X tais que x y e y z. Então, x y mas não y x ; y z mas não
z y. Logo, pela transitividade de , x z mas não z x. Segue que x z.
~ e não são completas necessariamente. Tome X = fA; Bg e % é de…nida por: A % A, B % B,
B % A. Então ~ não é completa pois ~(A~B) e ~(B~A) (desculpem o abuso de notação) e não é completa
pois ~(A~A). (Note que ~ pode ser completa, mas nunca o é).

Exercício 8 Mostre que se uma relação de preferências satisfaz a propriedade de monotonicidade, então
também satisfaz a propriedade de não-saciedade local. Pode-se a…rmar que não saciedade local implica
monotonicidade estrita? Justi…que.
"
Solução 17 Seja X = Rn e tome x 2 X qualquer e " > 0. Então de…na x0 = x + p
2 n
e (onde e =
"
(1; 1; :::; 1)), então como " > 0, x0 x e logo (monotonicidade) x0 x, mas kx0 xk = p
2 n
e =
"
p p
p
2 n
kek = 2p" n 12 + ::: + 12 = 2p" n n = 2" < " e assim x0 2 B(x; e).

Exercício 9 A ordenação lexicográ…ca para X = R2+ é de…nida por: x; y 2 R2+ ; x y se x1 > y1 ou se


x1 = y1 e x2 y2 :

a) Mostre que a relação binária acima é uma relação de preferências racional.


b)Mostre que as preferências lexicográ…cas são monótonas estritas.
c) Mostre que as preferências lexicográ…cas não são contínuas.
d) Por que esta relação de preferências não é muito interessante do ponto de vista econômico?

Solução 18 a) Para mostrar que a relação é completa, suponha que x; y 2 <2+ e que x y. Segue que
\x1 y1 " e \x1 6= y1 ou y2 > x2 ". Então, temos que \x1 < y1 " ou \x1 y1 e y2 > x2 ". Logo, y x.
Portanto, x y =) y x:
Para mostrar que a relação é transitiva, tome x; y; z 2 <2+ tais que x y e y z. Então, aplicando
diretamente a de…nição, obtemos x z.
b) Sejam x; y 2 <2+ tais que x y; x 6= y. Então \x1 > y1 e x2 y2 " ou \x1 = y1 e x2 > y2 ". Em ambos
os casos, x y.
c) Tome xn = (1; 1) e yn = (1 + n1 ; 0), então yn % xn 8n, mas lim yn = (1; 0) lim xn = (1; 1):
d) Esta relação de preferências exclui a possibilidade de troca entre x1 e x2 (não há quantidade …nita de x2
que seja preferível a uma quantidade arbitrariamente pequena de x1 ).

Exercício 10 Seja a relação de…nida a partir de % por ~ (x y) , y % x. Então prove que é as-
simétrica se, e somente se, % é completa.

Obs.: é assimétrica se 8x; y 2 X temos que ~ (x y) ou ~ (y x) :

Solução 19 ()) é assimétrica, então tome x; y 2 X quaisquer. Temos que ~ (x y) ou ~ (y x), logo
temos que, pela de…nição de , y % x ou x % y, então % é completa.
(() Tome x; y 2 X quaisquer. Pela completeza de %, temos que y % x ou x % y, logo vale imediatamente
~ (x y) ou ~ (y x) :

Exercício 11 Prove que, se % é racional e estritamente convexa, para qualquer cojunto C X convexo, o
conjunto C 0 = fx 2 Cjx % y; 8y 2 Cg é vazio ou unitário.

Solução 20 Suponha que 9x; y 2 C 0 com x 6= y (ou seja, conjunto não vazio e não unitário): Então tome
2 x + 2 y = z 2 C (convexidade de C). Temos que x % x e y % x (pela de…nição de C ), logo z
1 1 0
x
(convexidade estrita de %). Uma contrdição pois temos x % z, já que z 2 C:

3
1. Uma relação binária R é reflexiva se (x, x) ∈ R para toda alternativa x ∈ X.
Demonstre que toda relação de preferências é reflexiva.

2. Demonstre que  é transitiva e é irreflexiva ((x, x) ∈


/ para todo x). E
demonstre que ∼ é transitiva.

3. Defina a ordem lexicográfica no Rn e verifique que ela é transitiva completa


e determine as curvas de indiferença. A ordem lexicográfica no Rn tem
representação de utilidade?

Falso ou verdadeiro? Seja u :Rn → R contı́nuamente diferenciável e tal que


4. 
∂u ∂u ∂u
∂x1
(x) , ∂x 2
(x) , . . . , ∂xn (x) 0. Então u é monótona.

5. Seja ≥l a ordem lexicográfica no Rn . Mostre que ≥l é fracamente convexa.

6. Seja  contı́nua no Rl+ . Demonstre que se as seqüências (xn )n e (yn )n são


tais que xn → x, yn → y e xn  yn podemos concluir que x  y.

7. Seja u : X → R uma representação de . Então se g : R → R é estrita-


mente crescente, g ◦ u tambem representa . Em particular mostre que se u
representa  podemos supor que u (X) ⊂ (0, 1).

8. Demosntre que K = {(x, y) ∈ R2 ; y ≥ f (x)} é convexo se e somente se f (·)


for convexa.

9. Suponha que o conjunto de alternativas, X, seja enumerável. E que  seja


uma relação de preferências em X. Então  posssui uma representação de
utilidade. Sug.: Seja {xn ; n ≥ 1} uma enumeração de X. Defina
X 1
u (x) =
m:xxm
2m

e demonstre que u representa .


Professor: Paulo Klinger Monteiro Microeconomia I - 2010
Monitor: Mateus Nunes Rabello EPGE
Gabarito - Lista 1

Exercı́cio 1. Toda relação de preferência racional  é reflexiva. De fato, por  ser


completa, ∀x, y ∈ X temos que x  y ou y  x (ou ambos). Fazendo x = y temos que
x  x.

Exercı́cio 2. Queremos mostrar que  é transitiva e irreflexivel.


• (Transitividade): Seja a relação  em X e x, y, z ∈ X tal que x  y e y  z. Pela
definição de , x  y mas y  x e y  z mas z  y. Pela transitividade de  temos
que x  z. Suponha por contraposição que z  x. Como y  z, por transitividade
teriamos que y  x, o que contrapoem a hipótese de que y  x. Logo z  x e
portanto x  y, provando a transitividade de  .
• (Irreflexividade): Suponha que x  x. Temos a contradição trivial em que x  x
mas x  x. Logo  é irreflexiva.

Exercı́cio 3. Definimos a ordem lexicográfica em Rn ( l ) da seguinte forma:


l = {(x, y) ∈ Rn × Rn : x1 > y1 ou x1 = y1 e xi∗ > yi∗ onde i∗ = max {i ;
{i∈{1,...,n}
xj = yj ∀j < i} ou x = y}.
• (Completeza): Sejam x, y ∈ Rn . Trivialmente, se x = y =⇒ x l y. Atendo-
se ao caso em que x 6= y, temos que x1 R y1 .Se x1 > y1 =⇒ x l y. Se
x1 < y1 =⇒ y l x. Finalmente se x1 = y1 =⇒ ∃i∗ = max{i ∈ {1, ..., n} t.q.
xj = yj ∀j < i}. Se xi∗ > yi∗ =⇒ x l y, se xi∗ < yi∗ =⇒ x l y.Desta forma
cobrimos todas as possibilidades de ordem lexicográfica entre x e y.
• (Transitividade): Sejam x, y, z ∈ Rn t.q. (x, y) ∈ l e (y, z) ∈ l .Queremos provar
que (x, z) ∈ l .Suponha ainda que x 6= y e y 6= z (Caso em que x = y ou y = z é
trivial) =⇒ x1 ≥ y1 e y1 ≥ z1 =⇒ x1 ≥ z1 . Teremos dois casos:

(i) x1 > z1 : Neste caso (x, z) ∈ l .


(ii) x1 = z1 : Neste caso x1 = y1 . Seja i∗ = max{i ∈ {1, ..., n} t.q. xj = yj ∀j <
i} =⇒ xi∗ > yi∗ . Ainda, y1 = z1 . Seja i∗∗ = max{i ∈ {1, ..., n} t.q. yj =
zj ∀j < i} =⇒ yi∗∗ > zi∗∗ . Defina i∗∗∗ = min{i∗ , i∗∗ } =⇒ i∗∗∗ = max{i ∈
{1, ..., n} t.q. xj = zj ∀j < i}. Se i∗∗∗ = i∗∗ =⇒ xi∗∗ ≥ yi∗∗ > zi∗∗ =⇒
(x, z) ∈ l .Se i∗∗∗ = i∗ =⇒ xi∗∗∗ > yi∗∗∗ ≥ zi∗∗∗ =⇒ (x, z) ∈ l .

• Afirmo que que o conjunto de indiferença da ordem lexicográfica em Rn é da seguinte


forma1 : ∼l = {(x, y) ∈ Rn ×Rn : x = y}. De fato, suponha que (x, y) ∈ l e x 6= y. Se
/ l . Se x1 = y1 =⇒ ∃i∗ = max{i ∈ {1, ..., n}
x1 > y1 , pela definição de l , (y, x) ∈
t.q. xj = yj ∀j < i} =⇒ xi∗ > yi∗ =⇒ (y, x) ∈ / l . Assim a única forma do par
(x, y) e do par (y, x) pertencerem a l é se x = y.
1
Por definição, as curvas de indiferenção são conjuntos do tipo: {(x, y) ∈ Rn × Rn : (x, y) ∈ l ⇐⇒
(y, x) ∈ l }

1
• Por fim, para mostrar que l não tem representação de utilidade, a prova é similar
ao caso em R2 .

Exercı́cio 4. Seja x  y. Neste caso xi − yi > 0 ∀i ∈ {1, . . . , n}. Seja j ∈ {1, . . . , n}


∂u
t.q. ∂x j
(x) > 0. Defina f : [0, 1] → R por f (t) = u((1 − t)y + tx). Como u é diferenciável
e o argumento de u é linear em t temos que f é diferenciável em (0, 1). Pela regra da
cadeia:
n
0
X ∂u
f (t) = ((1 − t)y + tx) · (xi − yi ) ≥
i=1
∂xi
∂u
((1 − t)y + tx) · (xj − yj ) > 0 , ∀t ∈ (0, 1)
∂xj

Assim, pelo Teorema do Valor Médio, ∃ξ ∈ (0, 1) tal que

u(x) − u(y) = f (1) − f (0) = f 0 (ξ) > 0

Então u(x) > u(y), portanto u é, de fato, monótona.

Obs.: Note que u não é, necessariamente, fortemente monótona. O caso do bem
neutro é um exemplo.

Exercı́cio 5. Sejam x, y, z ∈ Rn t.q. (x, z) ∈ l e (y, z) ∈ l . Defina w ≡ λx + (1 − λ)y,


λ ∈ [0, 1]. Queremos provar que (w, z) ∈ l . Sabe-se que x1 ≥ z1 e y1 ≥ z1 =⇒ w1 ≡
λx1 + (1 − λ)y1 ≥ z1 . O caso em que w = z é trivial e portanto vamos nos ater ao caso
em que w 6= z (x 6= z ou y 6= z). Temos dois casos:

(i) Se w1 > z1 =⇒ (w, z) ∈ l .

(ii) Se w1 = z1 =⇒ x1 = z1 = y1 = w1 . Seja i∗ = max{i ∈ {1, ..., n} t.q. xj =


zj ∀j < i} =⇒ xi∗ > zi∗ e seja i∗∗ = max{i ∈ {1, ..., n} t.q. yj = zj ∀j <
i} =⇒ yi∗∗ > zi∗∗ . Defina i∗∗∗ = min{i∗ , i∗∗ } =⇒ i∗∗∗ = max{i ∈ {1, ..., n} t.q
xj = yj ∀j < i} =⇒ xi = yi = zi = wi ∀i < i∗∗∗ . Se i∗∗∗ = i∗∗ =⇒ yi∗∗∗ > zi∗∗∗ e
xi∗∗∗ ≥ zi∗∗∗ =⇒ wi∗∗∗ > zi∗∗∗ =⇒ (w, z) ∈ l . Se i∗∗∗ = i∗ =⇒ xi∗∗∗ > zi∗∗∗ e
yi∗∗∗ ≥ zi∗∗∗ =⇒ wi∗∗∗ > zi∗∗∗ =⇒ (w, z) ∈ l . Logo, l é fracamente convexo.

Obs.: No segundo caso acima, a demonstração é feita para x 6= z e y 6= z. Se x = z


(ou y = z) teremos o mesmo resultado de forma mais simples.

Exercı́cio 6. Suponha por contradição que y  x. Note que a continuidade de  implica


que  (z) é fechado2 , ∀z ∈ X. Então  (z) = (z)c é aberto3 (analogamente ≺ (z) é
aberto), ∀z ∈ X.
Assim, existem n0 , m0 ∈ N tais que se n ≥ n0 e m ≥ m0 então xn ∈≺ (y) e ym ∈ (x),
isto é, y  xn ∀ n ≥ n0 e ym  x ∀ m ≥ m0 . Existem dois possiveis casos:

2
Lembrando que  (z) = {x ∈ X : x  z}. Um conjunto é fechado se, e somente se, todas as
sequências convergentes nele contidas convergirem para um ponto neste conjunto.
3
Um conjunto A é aberto se para qualquer sequencia (zn )n∈N tal que zn → z ∈ A, existe no ∈ N tal
que se n ≥ n0 então zn ∈ A.

2
(i) Existe subsequência (yϕ(t) )t∈N de (ym )m∈N tal que yϕ(t)  y, ∀t ∈ N.
Defina t0 = min{t ∈ N; ϕ(t) ≥ n0 }. Então para t ≥ t0 temos yϕ(t)  xϕ(t) ,
contradição.

(ii) Existe subsequência (yϕ(t) )t∈N de (ym )m∈N tal que y  yϕ(t) , ∀t ∈ N.
Defina t1 = min{t ∈ N; ϕ(t) ≥ m0 }. Então para t ≥ t1 temos y  yϕ(t)  x.
Temos que y ∈ (yϕ(t1 ) ) e x ∈≺ (yϕ(t1 ) ). Como estes dois conjuntos são abertos e
disjuntos temos que existem t2 , t3 ∈ N tais que se t ≥ t2 temos yϕ(t) ∈ (yϕ(t1 ) );
e se t ≥ t3 temos xϕ(t) ∈≺ (yϕ(t1 ) ). Portanto para t ≥ max{t2 , t3 } temos que
yϕ(t)  yϕ(t1 )  xϕ(t) ⇒ yϕ(t)  xϕ(t) por transitividade, contradição.

Como os dois casos possiveis levam a uma contradição, isso completa a prova.

Exercı́cio 7. De fato, se u representa  temos que x  y ⇐⇒ u(x) ≥ u(y) ⇐⇒


(g ◦ u)(x) ≥ (g ◦ u)(y) quando g é estritamente crescente. Logo (g ◦ u) representa .
Defina g : R −→ R como sendo a função logı́stica, ou seja, g(y) = (1 + e−y )−1 ∀y ∈ R .
Em primeiro lugar, temos que limy→−∞ g(y) = 0, limy→∞ g(y) = 1 e 0 < g(y) < 1 ∀y ∈ R,
ou seja, g(R) ∈ (0, 1). Depois, temos que g 0 (y) = g(y)(1 − g(y)) > 0 ∀y ∈ R o que mostra
que g é estritamente crescente. Usando a propriedade acima, (g ◦ u) representa . Com
abuso de notação, redefinimos u ≡ (g ◦u) e desta forma podemos supor que u(X) ∈ (0, 1).

Exercı́cio 8. Queremos mostrar que K é convexo ⇐⇒ f é convexa:


( =⇒ ) Note que (a, f (a)) ∈ K e (b, f (b)) ∈ K. Se K é convexo, λ(a, f (a)) + (1 −
λ) (b, f (b)) ∈ K para λ ∈ [0, 1] =⇒ (λa + (1 − λ)b, λf (a) + (1 − λ)f (b)) ∈ K =⇒
f (λa + (1 − λ)b) ≤ λf (a) + (1 − λ)f (b) =⇒ f é convexa.

( ⇐= ) Suponha que f é convexa e sejam (a, b), (c, d) ∈ K. Então temos que b ≥ f (a)
e d ≥ f (c) ⇐⇒ λb ≥ λf (a) e (1 − λ)d ≥ (1 − λ)f (c) com λ ∈ [0, 1]. Somando as
desigualdades temos λb + (1 − λ)d ≥ λf (a) + (1 − λ)f (c). Da convexidade de f temos
λf (a) + (1 − λ)f (c) ≥ f (λa + (1 − λ)c) obtendo λb + (1 − λ)d ≥ f (λa + (1 − λ)c) =⇒
(λa + (1 − λ)c, λb + (1 − λ)d) ∈ K ⇐⇒ λ(a, b) + (1 − λ)(c, d) ∈ K =⇒ K é convexo.

Exercı́cio 9. Seja {xn ; n ≥ 1} uma enumeração de X. Queremos mostrar que u(x)


conforme definido na sugestão representa , isto é, x  y ⇐⇒ u(x) ≥ u(y):
(=⇒) Suponha que x  y. Primeiro mostraremos que {m : y  xm } ⊆ {m : x  xm }
para algum xm .
Pegue m◦ ∈ {m : y  xm } =⇒ y  xm◦ . Como x  y, por transitividade x  xm◦ .
Então m◦ ∈ {m : x  xm }, mostrando que {m : y  xm } ⊆ {m : x  xm }. Logo:
X X
u(x) = 2−m ≥ 2−m = u(y)
{m:xxm } {m:yxm }

( ⇐= ) Suponha que u(x) ≥ u(y). Suponha por contraposição que x  y =⇒ y  x


(por completeza). Por argumento semelhante ao usado acima, é possivel mostrar que
{m : x  xm } ⊂ {m : y  xm }. No entanto, ∃m∗ ∈ N t.q. xm∗ = x =⇒ m∗ ∈ {m :
y  xm } mas m∗ ∈/ {m : x  xm }. Portanto o que vale é {m : x  xm } {m : y  xm }
o que implica que u(y) > u(x), uma contradição. Logo x  y.

3
Lista 1
1. Demonstre que x ≻ y  z implica x ≻ z.

2. Determine todas as possı́veis relações binárias em X = {a, b}.

3. Determine todas as possı́veis relações binárias completas e transitivas em


X = {a, b, c}.

4. Seja u : X → R uma função utilidade. Verifique que

≻u = (x, y) ∈ X 2 ; u (x) > u (y) e




∼u = (x, y) ∈ X 2 ; u (x) = u (y) .




5. Seja u : Rn+ → R diferenciável e tal que grad (x) 0 para todo x ≥ 0.


Demonstre que u é monótona. Faça um exemplo mostrando que u pode não
ser fortemente monótona.

6. Seja X um conjunto de alternativas. Mostre que se uma relação binária R


pode ser representada por uma função u : X → R, isto é,

R = (x, y) ∈ X 2 ; u (x) ≥ u (y) :=u ,




então R é completa e transitiva.

7. Fazer exercı́cios do MWG1 : 1.B.1 a 1.B.4.

8. Seja X um conjunto finito e  uma relação de preferências (racional) em


X. O objetivo deste exercı́cio é mostrar que existe uma função utilidade
u : X → R que representa (MWG 1.B.5 com alterações).

(a) Seja x ∈ X, defina os conjuntos  (x) = {y ∈ X| (y, x) ∈} e  (x) =


{y ∈ X| (x, y) ∈}. Mostre que  (x) e  (x) são não vazios e finitos.
(b) Mostre que se y  x então  (x) ⊂ (y).
(c) Defina u : X → R e mostre que u = (i.e., mostre que u ⊂ e
⊂u ).

9. MWG 1.C.2

10. MWG 1.D.2


1
Mas-Colell, Whinston e Green (1995)

1
11. Seja u : Rn+ → R quase-côncava. Então para todo x1 , x2 , . . . , xL ∈ Rn+ e para
todo λ ∈ RL+ , Ll=1 λl = 1 é verdade que
P

L
!
X
λl xl ≥ min u x1 , . . . , u xL .
  
u
l=1
P  P
L
λl xl ≥ Ll=1 λl u xl .

Demonstre que se u for côncava então u l=1

12. Seja Y = {(x1 , x2 ) ≥ 0; x2 ≥ φ (x1 )} . Então Y é convexo se e somente se


φ : R+ → R é convexa.

13. Determine quais das funções a seguir são convexas:

(a) φ (x) = x2 ;

(b) φ (x) = x;
(c) φ (x) = λe−x sendo λ ∈ (−1, 1).

14. Seja f : (−∞, ∞) → (−∞, ∞). Então f é quase-côncava se:

(a) for crescente.2


(b) for decrescente.
(c) existir x∗ tal que f é crescente em (−∞, x∗ ] e decrescente em [x∗ , ∞).

15. Suponha que f : (−∞, ∞) → (−∞, ∞) seja contı́nua e quase-côncava. Então


uma das condições do exercı́cio anterior é verdadeira.

16. Seja u : Rn+ → R contı́nua. Então u é contı́nua.

17. Uma matriz simétrica n×n, M , é negativa definida se para todo z ∈ Rn , z 6= 0


for verdade que z ′ M z < 0. Seja u : Rn+ → R duas vezes diferenciável e tal
∂2u
que para todo x ∈ Rn+ a matriz ∂xi ∂xj
(x) i≤n
é negativa definida. Então u
j≤n
é côncava.

18. Seja X = {a1 , a2 , . . . , an } um conjunto de n alternativas. Determine todas


as relações de preferências racionais, , tais que

∼= {(a1 , a1 ) , (a2 , a2 ) , . . . , (an , an )} .


2
Uma função é crescente se aumentando o argumento a função não diminui.

2
 
19. Seja B = Bp ; p ∈ R2+ \ {0} onde Bp = x ∈ R2+ ; p1 x1 + p2 x2 ≤ 1 . Mostre
que Bp é sempre infinito.

20. Seja  uma relação de preferências contı́nuas. Demonstre que se xn converge


para x e yn converge para y e para todo n tivermos xn  yn então x  y.

3
Professor: Paulo Klinger Monteiro Microeconomia I - 2009
Monitor: Pedro Miguel Olea de Souza e Silva EPGE

Gabarito - Aula 13/011

Exercı́cio 1. De x  y, temos x  y. Como y  z, por transitividade temos x  z.


Falta mostrar que (z, x) ∈.
/ Suponha por contradição que z  x. Como y  z, por
transitividade temos y  x, contradição com x  y. Logo x  z.

Exercı́cio 2. As relações binárias possı́veis são todos os subconjuntos de {(a, a); (b, b);
(a, b); (b, a)}, inclusive o conjunto vazio (note que não há hipótese sobre completeza).
São 16 relações binárias possı́veis. Note que com apenas dois elementos qualquer relação
binária é transitiva (não há um terceiro elemento para contradizer a transitividade).

Exercı́cio 3. Queremos encontrar o conjunto de todas as relações binárias racionais


em X. S.p.g. sejam x, y, z ∈ X com x 6= y, x 6= z e y 6= z; e, seja  uma relação
binária racional com x  y  z. Temos quatro possibilidades: x  y  z, x ∼ y  z,
x  y ∼ z e x ∼ y ∼ z. Temos as respectivas relações binárias:{(x, y); (y, z); (x, z)},
{(x, y); (y, z); (x, z); (y, x)}, {(x, y); (y, z); (x, z); (z, y)} e {(x, y); (y, z); (x, z); (y, x); (z, y);
(z, x)}. Como podemos tomar x, y e z de 6 (=3!) formas diferentes , então temos ao
todo 24 listas de três elementos. Mas note que quando há indiferença não importa a
ordem. Desta forma estamos contando seis vezes ( 5 além do necessário) a relação de
total indiferença, e 3 vezes além do necessário cada uma das outras relações de indiferença
que aparece. Portanto temos 13 relações de preferência racionais diferentes.

Exercı́cio 4. Temos x u y ⇔ x u y e (y, x) ∈


/ u ⇔ u(x) ≥ u(y) e não vale u(y) ≥ u(x)
2
⇔ u(x) > u(y). Logo u = {(x, y) ∈ X ; u(x) > u(y)}. Ainda x ∼u y ⇔ x u y e y u x
⇔ u(x) ≥ u(y) e u(y) ≥ u(x) ⇔ u(x) = u(y). Assim ∼u = {(x, y) ∈ X 2 ; u(x) = u(y)}.

Exercı́cio 5. Seja x y ≥ 0. Tome j ∈ {1, . . . , n} tal que xj ≥ yj . Defina f : [0, 1] → R


por f (t) = u((1 − t)y + tx). Como u é diferenciável e o argumento de u é linear em t
temos que f é diferenciável em (0, 1). Pela regra da cadeia:
n
X ∂u
f 0 (t) = ((1 − t)y + tx) · (xi − yi ) ≥
i=1
∂x i

∂u
((1 − t)y + tx) · (xj − yj ) ≥ 0 , ∀t ∈ (0, 1)
∂xj

Assim, pelo Teorema do Valor Médio, ∃ξ ∈ (0, 1) tal que

u(x) − u(y) = f (1) − f (0) = f 0 (ξ) ≥ 0

Então u(x) ≥ u(y), portanto u é monótona.

1
Versão 3: Foi corrigido um erro no final da questão 3; uma inequação que estava com a desigualdade
trocada no final da questão 8; e, um typo na questão 20.

1
Exemplo. Seja u : R2 → R dada por u(x1 , x2 ) = (1 + x1 ) · x2 . Temos

∂u
(x) = (x2 , 1 + x1 ) 0, ∀x ∈ R2+
∂x
Mas u (1, 0) = u (2, 0) = 0, assim u não é fortemente monótona.

Exercı́cio 6. (Completeza) Sejam a, b ∈ X. Como R é um corpo ordenado então


para u(a), u(b) ∈ R ao menos umas das seguintes desigualdades é válida: u(a) ≥ u(b),
u(b) ≥ u(a). Portanto, temos {(a, b), (b, a)}∩ u 6= ∅. Como a, b ∈ X são tomados
arbitrariamente, u é completa.
(Transitividade) Sejam (a, b), (b, c) ∈u . Então u(a) ≥ u(b) e u(b) ≥ u(c). Como R é
um corpo ordenado temos u(a) ≥ u(c), assim (a, c) ∈u . Como (a, b), (b, c) ∈u são
arbitrários, u é transitiva.

Exercı́cio 8. Uma resposta alternativa a encontrada abaixo está no solutions do MWG.

a. Como  é racional temos que x ∈ (x) e x  (x), ∀x ∈ X 6= ∅. Logo os dois


conjuntos são não vazios. Como X é finito,  (x) ∈ X e  (x) ⊂ X, ∀x ∈ X, então
 (x) e  (x) são finitos ∀x ∈ X.

b. Sejam x, y ∈ X tais que y  x. Seja z ∈ (x), então x  z. Assim por transitivi-


dade y  z. Portanto z ∈ (y). Logo, como z ∈ (x) é arbitrário,  (x) ⊂ (y).

c. Para cada x ∈ X faça2 u(x) = #  (x). Como  (x) é não vazio e finito, u : X → R
é uma função bem definida. Queremos mostrar agora que u =.
Seja (a, b) ∈, do item anteior  (b) ⊂ (a). Então u(a) ≥ u(b), assim (a, b) ∈u .
Portanto ⊂u .
Agora seja (a, b) ∈u , i.e., u(a) ≥ u(b). Suponha por contradição que (a, b) ∈.
/
Por completude b  a, então do item anterior  (a) ⊂ (b). Mas b ∈ (b) e pela
hipótese de contradição b ∈
/ (a). Assim #  (a) < #  (b), então u(a) < u(b),
contradição. Portanto u ⊂. Logo u =.

Note que para uma função u : X → R representar  (racional) é necessário (e suficiente)


que  (x) = {y ∈ X; u(x) ≥ u(y)}, ∀x ∈ X ou, equivalentemente,  (x) = {y ∈
X; u(y) ≥ u(x)}, ∀x ∈ X. Assim a função de utilidade deve preservar as seções superiores
( (x)) ou inferiores ( (x)) das preferências.

Exercı́cio 11. Provaremos por indução a afirmativa para a função quase-côncava, o caso
da função côncava é análogo.
Para L = 2 a afirmativa é válida pela definição de quase-concavidade. Suponha que a
afirmativa é válida para L = T ∈ N\{1}. Sejam x1 , x2 , . . . xT +1 ∈ Rn+ e λ ∈ Rn+ tal que
PT +1
l=1 λl = 1. Se λT +1 = 1, a afirmativa vale trivialmente. Se λT +1 6= 1 então:

T +1
! PT !
l
X λ l x
u λl xl = u (1 − λT +1 ) l=1 + λT +1 xT +1 ≥ min{u(y), u(xT +1 )}
l=1
1 − λ T +1

2
Dado um conjunto finito A, #A é definido como o número de elementos de A

2
PT l
l=1 λl x
pela quase-concavidade de u, onde y = 1−λT +1
. Mas então pela hipótese de indução:

T +1
!
X
u λ l xl ≥ min{min{u(x1 ), . . . , u(xT )}, xT +1 } ≥ min{u(x1 ), u(x2 ), . . . , u(xT +1 )}
l=1

Logo a propriedade vale para L ∈ N\{1}.

Exercı́cio 12. (⇒) Se Y é convexo, sejam x0 , y0 ∈ R+ e r ∈ (0, 1) .Então

(x0 , φ (x0 )) ∈ Y e (y0 , φ (y0 )) ∈ Y.

Portanto

(rx0 + (1 − r) y0 , rφ (x0 ) + (1 − r) φ (y0 )) = r (x0 , φ (x0 )) + (1 − r) (y0 , φ (y0 )) ∈ Y

pela convexidade de Y . Logo

rφ (x0 ) + (1 − r) φ (y0 ) ≥ φ (rx0 + (1 − r) y0 ) .

(⇐) Se φ é convexa, sejam (x0 , x1 ), (y0 , y1 ) ∈ Y e r ∈ (0, 1). Temos φ (rx0 + (1 − r)y0 ) ≤
rφ(x0 ) + (1 − r)φ(y0 ) ≤ rx1 + (1 − r)y1 . Logo r(x0 , x1 ) + (1 − r)(y0 , y1 ) ∈ Y .

Exercı́cio 15. A demonstração será dividida em dois casos.

(1) Se argmaxx∈R u(x) 6= ∅. Tome x? ∈ argmaxx∈R u(x). Se x? ≥ x > y, então


pela quase-concavidade u(x) ≥ min{u(x? ), u(y)} = u(y). Logo u é crescente em
(−∞, x? ]. Analogamente se x > y ≥ x? então u(x) ≤ u(y). Portanto u é decrescente
em [x? , ∞). Assim vale (c).

(2) Se argmaxx∈R u(x) = ∅. Queremos demonstrar que neste caso u é monótona (i.e.
valem (a) e/ou (b)). Suponha por contradição que u não é monótona. Há duas
possibilidades:

(2.1) Existem a > b > c tais que u(a) > u(b) e u(b) < u(c). Mas isso não pode
ocorrer pois a quase-concavidade de u implica u(b) ≥ min{u(a), u(c)}.
(2.2) Existem a > b > c tais que u(a) < u(b) e u(b) > u(c). O intervalo [a, c] é
compacto3 , como u é continua em [a, c] temos pelo teorema de Weierstrass4
que existe x̂ ∈ [a, c] tal que u(x̂) = maxx∈[a,c] u(x) (note que u(x̂) > u(a) e
u(x̂) > u(c)). Como argmaxx∈R u(x) = ∅ então ∃z ∈ R\[a, c] tal que u(z) >
u(x̂). Se z > c temos c ∈ (b, z) logo u(c) ≥ min{u(z), u(b)}, contradição pois
u(z) > u(b) > u(c). Simetricamente não podemos ter z < a.

Logo u é monótona (i.e., vale (a) e/ou (b)).

Portanto, vale (a) e/ou (b) e/ou (c).

3
Em Rn um conjunto é dito compacto se é fechado e limitado.
4
Teorema (Weierstrass): Seja A um conjunto compacto e u : A → R uma função contı́nua. Então
u atinge seu máximo e seu mı́nimo em A. Isto é, existem a0 , b0 ∈ A tais que u(a0 ) = maxx∈A u(x) e
u(b0 ) = minx∈A u(x)

3
Exercı́cio 17. Sejam x, y ∈ Rn . Defina a função φ : [0, 1] → R por

φ(t) = u((1 − t)x + ty) − (1 − t)u(x) − tu(y)

Note que se φ(t) ≥ 0, ∀t ∈ [0, 1], como x, y ∈ Rn é arbitrário, u é côncava. Provemos que
este é o caso. Como [0,1] é compacto e φ é contı́nua temos que φ atinge seu mı́nimo em
[0, 1]. Por outro lado u é duas vezes diferenciável , assim φ é duas vezes diferenciável em
(0, 1). Temos:

φ0 (t) = Dx u((1 − t)x + ty) · (y − x) + u(x) − u(y)


φ00 (t) = (y − x)0 · Dxx
2
u((1 − t)x + ty) · (y − x) < 0
2
Onde Dx u(y) e Dxx u(y) representam, respectivamente, o vetor gradiente e a matriz hes-
siana de u no ponto y ∈ Rn+ . Como φ00 (t) < 0, ∀t ∈ (0, 1) temos que φ não têm ponto
de mı́nimo em (0, 1)5 . Então argmint∈[0,1] φ(t) ⊂ {0, 1}. Mas φ(0) = φ(1) = 0. Logo u é
côncava.

Exercı́cio 20. (Por contradição) Suponha que y  x. Note que a continuidade de 


implica que6  (z) é fechado7 , ∀z ∈ X. Então  (z) = (z)C é aberto8 (analogamente
≺ (z) é aberto), ∀z ∈ X.
Assim, existem n0 , m0 ∈ N tais que se n ≥ n0 e m ≥ m0 então xn ∈≺ (y) e ym ∈ (x).
Temos dois casos:

(1) Existe subsequência (yϕ(t) )t∈N de (ym )m∈N tal que yϕ(t)  y, ∀t ∈ N.
Defina t0 = min{t ∈ N; ϕ(t) ≥ n0 }. Então para t ≥ t0 temos yϕ(t)  xϕ(t) ,
contradição.

(2) Existe subsequência (yϕ(t) )t∈N de (ym )m∈N tal que y  yϕ(t) , ∀t ∈ N.
Defina t1 = min{t ∈ N; ϕ(t) ≥ m0 }. Então para t ≥ t0 temos y  yϕ(t)  x.
Então para t ≥ max{t0 , t1 } temos y  xϕ(t)  yϕ(t)  y. Temos que y ∈ (yϕ(t1 ) )
e x ∈≺ (yϕ(t1 ) ). Como estes dois conjuntos são abertos e disjuntos temos que
existem t2 , t3 ∈ N tais que se t ≥ t2 temos yϕ(t) ∈ (yϕ(t1 ) ); e se t ≥ t3 temos
xϕ(t) ∈≺ (yϕ(t1 ) ). Portanto para t ≥ max{t2 , t3 } temos que yϕ(t)  yϕ(t1 )  xϕ(t) ⇒
yϕ(t)  xϕ(t) por transitividade, contradição.

5
Uma condição necessária para t? ∈ (0, 1) ser ponto de mı́nimo é φ00 (t? ) ≥ 0.
6
Notação do Exercı́cio 8.
7
Um conjunto A é fechado se, e somente se, todas as sequências convergentes nele contidas conver-
girem para um ponto em A.
8
Um conjunto A é aberto se para qualquer sequencia (zn )n∈N tal que zn → z ∈ A, existe no ∈ N tal
que se n ≥ n0 então zn ∈ A.

4
Lista 2
1. Demonstre que x y z implica x z.
2. Determine todas as possíveis relações binárias em X = fa; bg.
3. Determine todas as possíveis relações binárias completas e transitivas em
X = fa; b; cg.
4. Seja u : X ! R uma função utilidade. Veri…que que

u= (x; y) 2 X 2 ; u (x) > u (y) e


2
u= (x; y) 2 X ; u (x) = u (y) .

5. Seja X um conjunto de alternativas. Mostre que se uma relação binária R


pode ser representada por uma função u : X ! R, isto é,

R = (x; y) 2 X 2 ; u (x) u (y) := u;

então R é completa e transitiva.


6. MWG 1.C.2
7. MWG 1.D.2
8. Seja u : Rn+ ! R quase-côncava. Então para todo x1 ; x2 ; : : : ; xL 2 Rn+ e para
P
todo 2 RL+ ; Ll=1 l = 1 é verdade que
!
XL
l
u lx min u x1 ; : : : ; u xL :
l=1

PL l
PL
Demonstre que se u for côncava então u l=1 lx l=1 lu xl .

9. Determine quais das funções a seguir são convexas:

(a) (x) = x2 ;
p
(b) (x) = x;
x
(c) (x) = e sendo 2 ( 1; 1).

10. Seja f : ( 1; 1) ! ( 1; 1). Então f é quase-côncava se:

(a) for crescente.1


1
Uma função é crescente se aumentando o argumento a função não diminui.

1
(b) for decrescente.
(c) existir x tal que f é crescente em ( 1; x ] e decrescente em [x ; 1).

11. Suponha que f : ( 1; 1) ! ( 1; 1) seja contínua e quase-côncava. Então


uma das condições do exercício anterior é verdadeira.

12. Seja u : Rn+ ! R contínua. Então ué contínua.

13. Uma matrix simétrica n n, M , é negativa semide…nida se para todo z 2 Rn


for verdade que z 0 M z 0. Seja u : Rn+ ! R duas vezes diferenciável e tal que
@2u
para todo x 2 Rn+ a matriz @xi @xj
(x) i n
é negativa semide…nida. Então u
j n
é côncava.

14. Seja X = fa1 ; a2 ; : : : ; an g um conjunto de n alternativas. Determine todas


as relações de preferências racionais, , tais que

= f(a1 ; a1 ) ; (a2 ; a2 ) ; : : : ; (an ; an )g :

15. Seja B = Bp ; p 2 R2+ n f0g onde Bp = x 2 R2+ ; p1 x1 + p2 x2 1 . Mostre


que Bp é sempre in…nito.

16. Mostre que se u : Rn+ ! R duas vezes diferenciável for côncava então
@2u
@xi @xj
(x) i n
é negativa semide…nida para todo x 2 Rn++ . Mostre tambem
j n
que uma matriz simétrica
a b
A=
b d
é negativa semide…nida se e somente se:

(a) a 0; d 0;
(b) ad b2 0:

17. Aplique
p o critério do exercício anterior para v (x1 ; x2 ) = x1 x2 e v1 (x1 ; x2 ) =
(x1 + 1) (x2 + 1).

18. Considere a função utilidade


q
u (x; y) = x 1+ (1 x)2 + 4x + 4y; (x; y) 2 R2+ :

Veri…que se a relação de preferências representada por u:

(a) é monótona;

2
(b) é monótona forte;
(c) é convexa (sug.: determine as curvas de indiferença de u).

19. Veri…que que a utilidade de…nida no exercício anterior não é côncava.

20. Calcule a demanda para as seguintes utilidades:

(a) u (x1 ; : : : ; xn ) = x1 1 x2 2 xn n ; x 0 sendo i > 0; 1 i n;


(b) u (x; y) = min fx; yg;
(c) u (x; y) = min fx + 1; 2x + 2yg;
p p
(d) u (x; y) = x + y:

21. Sejam u; v : RL+ ! R utilidades contínuas. Consider a função

w (x) = min fu (x) ; v (x)g :

Suponha que u e v satisfaçam a propriedade

P 2 fmon., mon. forte, quase-concavidade,concavidadeg :

Determine se w ( ) tambem satisfaz P .

22. Determine a utilidade indireta para as funções do exercício 20 (a,b,d).

3
Professor: Paulo Klinger Monteiro Microeconomia I - 2010
Monitor: Mateus Nunes Rabello EPGE

Gabarito - Lista 2

Exercı́cio 1. De x  y, temos x  y mas y  x. Como y  z, por transitividade temos


x  z. Queremos mostrar que z  x. Suponha por contradição que z  x. Como y  z,
por transitividade temos y  x, contradição com y  x. Logo x  z.

Exercı́cio 2. As relações binárias possı́veis são todos os subconjuntos de {(a, a); (b, b);
(a, b); (b, a)}, inclusive o conjunto vazio (note que não há hipótese sobre completeza). O
2
número de relações binárias em um conjunto X é dado por 2n , onde n é o numero de
elementos de X. Neste caso, como n = 2, temos 16 relações binárias possı́veis.

Exercı́cio 3. Queremos encontrar o conjunto de todas as relações binárias racionais em


X. S.p.g. sejam a, b, c ∈ X com a 6= b, a 6= c e b 6= c; e, seja  uma relação binária
racional com a  b  c. Temos quatro possibilidades: a  b  c, a ∼ b  c, a  b ∼ c e
a ∼ b ∼ c. Temos as respectivas relações binárias: {(a, b); (b, c); (a, c); (a, a); (b, b); (c, c)},
{(a, b); (b, a)(b, c); (a, c); (a, a); (b, b); (c, c)}, {(a, b); (b, c); (c, b); (a, c); (a, a); (b, b); (c, c)} e
{(a, b); (b, a); (b, c); (c, b); (a, c); (c, a); (a, a); (b, b); (c, c)}. Como podemos tomar a, b e c
de 6 (=3!) formas diferentes , então temos ao todo 24 listas de três elementos. Mas note
que quando há indiferença não importa a ordem. Desta forma estamos contando seis
vezes ( 5 além do necessário) a relação de total indiferença, e 3 vezes além do necessário
cada uma das outras relações de indiferença que aparece. Portanto temos 13 relações de
preferência racionais diferentes.

Exercı́cio 4. Temos x u y ⇐⇒ x u y e y u x ⇐⇒ u(x) ≥ u(y) e não vale


u(y) ≥ u(x) ⇐⇒ u(x) > u(y). Logo u = {(x, y) ∈ X 2 ; u(x) > u(y)}. Ainda x ∼u y
⇐⇒ x u y e y u x ⇐⇒ u(x) ≥ u(y) e u(y) ≥ u(x) ⇐⇒ u(x) = u(y). Assim
∼u = {(x, y) ∈ X 2 ; u(x) = u(y)}.

Exercı́cio 5. Ver MWG, Proposição 1.B.2, pág. 9.

Exercı́cio 6. Este exercı́cio é quase tautológico. Vamos provar os dois sentidos:

( =⇒ ) Suponha que vale o Axioma Fraco (Def. 1.C.1). Assuma que B, B 0 ∈ B,que x, y ∈ B
e x, y ∈ B 0 . Assuma ainda que x ∈ C(B) e y ∈ C(B 0 ). Aplicando o AFrPR temos
que x ∈ C(B 0 ) e y ∈ C(B). Logo [x, y] ⊂ C(B) e [x, y] ⊂ C(B 0 ).

( ⇐= ) Suponha que a propriedade do exercı́cio vale. Assuma que B, B 0 ∈ B,que x, y ∈ B


e x, y ∈ B 0 . Assuma ainda que x ∈ C(B) e y ∈ C(B 0 ). Pela propriedade temos que
[x, y] ⊂ C(B 0 ) que quer dizer que x ∈ C(B 0 ). Logo vale o AfrPR.

Exercı́cio 8. Provaremos por indução a afirmativa para a função quase-côncava, o caso


da função côncava é análogo.
Para L = 2 a afirmativa é válida pela definição de quase-concavidade. Suponha que a

1
afirmativa é válida para L = T ∈ N\{1}. Sejam x1 , x2 , . . . xT +1 ∈ Rn+ e λ ∈ RT++1 tal que
PT +1
l=1 λl = 1. Se λT +1 = 1, a afirmativa vale trivialmente. Se λT +1 6= 1 então:

T +1
! PT !
l
X λ l x
u λl xl = u (1 − λT +1 ) l=1 + λT +1 xT +1 ≥ min{u(y), u(xT +1 )}
l=1
1 − λ T +1

PT l
l=1 λl x
PT l λl
pela quase-concavidade de u, onde y = 1−λ T +1
= l=1 πl x e πl = 1−λT +1 (Note que
PT 1 n
l=1 πl = 1) . Mas então pela hipótese de indução, u(y) ≥ min{u(x ), . . . , u(x )} e
portanto temos:
n+1
!
X
u λl xl ≥ min{min{u(x1 ), . . . , u(xT )}, u(xT +1 )} = min{u(x1 ), u(x2 ), . . . , u(xT +1 )}
l=1

Logo a propriedade vale para L = T + 1. Portanto, por indução, a propriedade vale para
todo L ∈ N\{1}.

Exercı́cio 9. Note que em a) φ00 (x) = 2 > 0 =⇒ φ é convexa. Em b) φ00 (x) =


3
− 14 (x)− 2 ≤ 0 =⇒ φ é côncava. Por fim, em c) φ00 (x) = λe−x . Como λ ∈ (−1, 1), φ será
convexa se λ ≥ 0.

Exercı́cio 10. Sejam x, y ∈ (−∞, ∞), λ ∈ [0, 1] e suponha que x ≥ y , que implica em
x ≥ λx + (1 − λ)y ≥ y :

(a) Se f é crescente =⇒ f (x) ≥ f (λx + (1 − λ)y) ≥ f (y) = min{f (x), f (y)} =⇒ f é


quase-côncava.

(b) Se f é decrescente =⇒ f (y) ≥ f (λx + (1 − λ)y) ≥ f (x) = min{f (x), f (y)} =⇒ f


é quase-côncava.

(c) Se x, y ∈ (−∞, x∗ ] =⇒ f é crescente =⇒ f (λx + (1 − λ)y) ≥ min{f (x), f (y)}


(ı́tem a). Se x, y ∈ [x∗ , ∞) =⇒ f é decrescente f (λx + (1 − λ)y) ≥ min{f (x), f (y)}
(ı́tem b). Por fim, sejam y ∈ (−∞, x∗ ] e x ∈ [x∗ , ∞). Temos 3 casos:

(i) λx + (1 − λ)y ∈ (−∞, x∗ ) =⇒ f (λx + (1 − λ)y) ≥ f (y). Se f (x) ≥ f (y)


temos o resultado. Se f (x) < f (y) então f (λx + (1 − λ)y) >f (x) =⇒ f (λx + (1 − λ)y) ≥
min{f (x), f (y)}.
(ii) λx + (1 − λ)y ∈ (x∗ , ∞) =⇒ f (λx + (1 − λ)y) ≥ f (x). Se f (y) ≥ f (x) temos
o resultado. Se f (y) < f (x) então f (λx + (1 − λ)y) >f (y) =⇒ f (λx + (1 − λ)y) ≥
min{f (x), f (y)}.
(iii) λx + (1 − λ)y = x∗ =⇒ f (λx + (1 − λ)y) ≥ f (z) ∀z ∈ (−∞, ∞). Em par-
ticular f (λx + (1 − λ)y) ≥ min{f (x), f (y)}. Logo, os 3 casos implicam em f
quase-côncava.

Exercı́cio 11. A demonstração será dividida em dois casos.

(1) Se argmaxx∈R f (x) 6= ∅. Tome x? ∈ argmaxx∈R f (x). Se x? ≥ x > y, então


pela quase-concavidade f (x) ≥ min{f (x? ), f (y)} = f (y). Logo f é crescente em

2
(−∞, x? ]. Analogamente se x > y ≥ x? então f (x) ≤ f (y). Portanto f é decres-
cente em [x? , ∞). Assim vale (c).

(2) Se argmaxx∈R f (x) = ∅. Queremos demonstrar que neste caso f é monótona (i.e.
valem (a) e/ou (b)). Suponha por contradição que f não é monótona. Há duas
possibilidades:

(2.1) Existem a > b > c tais que f (a) > f (b) e f (b) < f (c). Mas isso não pode
ocorrer pois a quase-concavidade de f implica f (b) ≥ min{f (a), f (c)}.
(2.2) Existem a > b > c tais que f (a) < f (b) e f (b) > f (c). O intervalo [c, a] é
compacto1 , como f é continua em [c, a] temos pelo teorema de Weierstrass2 que
existe x̂ ∈ [c, a] tal que f (x̂) = maxx∈[a,c] f (x) (note que f (x̂) ≥ f (b) e f (x̂) ≥
f (c)). Como argmaxx∈R f (x) = ∅ então ∃z ∈ R\[a, c] tal que f (z) > f (x̂). Se
z > a temos a ∈ (b, z) logo f (a) ≥ min{f (z), f (b)} = f (b), contradição pois
f (z) > f (b) > f (a). Simetricamente não podemos ter z < c.

Logo f é monótona (i.e., vale (a) e/ou (b)).

Portanto, vale (a) e/ou (b) e/ou (c).

Exercı́cio 12. Suponha que temos xn → x e xn u y ∀n ∈ N ⇐⇒ u(xn ) ≥ u(y).


Passando o limite e considerando u contı́nua, temos u(x) ≥ u(y) ⇐⇒ x u y. Agora
suponha que yn → y e yn u z ∀n ∈ N ⇐⇒ u(yn ) ≤ u(z). Passando o limite e
considerando u contı́nua, temos u(y) ≤ u(z) ⇐⇒ y u z. Logo u é contı́nua.

Exercı́cio 13. Sejam x, y ∈ Rn+ . Defina φ : [0, 1] → R por:

φ(t) = u(λx + (1 − λ)y) − λu(x) − (1 − λ)u(y)

para λ ∈ [0, 1]. Como u é duas vezes diferenciável, temos que φ é duas vezes diferenciável.
Temos que u é côncava se e somente se para todo x, y, φ (λ) ≥ 0 para todo λ ∈ (0, 1).
Pelo teorema do valor médio existe ξ ∈ (0, 1) tal que

0 = φ (1) − φ (0) = φ0 (ξ) .

A segunda derivada de φ,

φ00 (λ) = (x − y)0 D2 u (λx + (1 − λ)y) (x − y) ≤ 0, ∀λ ∈ (0, 1) .

Portanto para λ ≥ ξ, φ0 (λ) ≤ 0. E para λ ≤ ξ, φ0 (λ) ≥ 0. Assim no intervalo [0, ξ] a


função φ é crescente e no intervalo [ξ, 1] a função φ é decrescente. Logo para 0 ≤ λ ≤
ξ, φ (λ) ≥ φ (0) = 0. E para λ ∈ [ξ, 1] , φ (λ) ≥ φ (1) = 0. Logo, φ (λ) ≥ 0 para todo
λ ∈ (0, 1) , mostrando que u é côncava.

Exercı́cio 14. Seguindo a linha do exercı́cio 3, vamos supor que ai 6= aj ∀i 6= j. Seja 


uma relação binária racional com a1  a2  . . .  an . Como queremos que ai ∼ aj ⇐⇒
i = j, a única possibilidade possivel é a1  a2  . . .  an com a seguinte relação binária
1
Em Rn um conjunto é dito compacto se é fechado e limitado.
2
Teorema (Weierstrass): Seja A um conjunto compacto e f : A → R uma função contı́nua. Então
f atinge seu máximo e seu mı́nimo em A. Isto é, existem a0 , b0 ∈ A tais que f (a0 ) = maxx∈A f (x) e
f (b0 ) = minx∈A f (x)

3
racional: {(a1 , a1 ); . . . ; (a1 , an ); (a2 , a2 ); . . . ; (a2 , an ); . . . ; (an−1 , an−1 ), (an−1 , an ); (an , an )} .
Como podemos tomar os ai elementos de n! formas, temos então n! relações de preferências
racionais tal que ai ∼ aj ⇐⇒ i = j.

∈ N tal que Bp = {xi }ni=1 : xi ∈ R2+ .



Exercı́cio 15. S.p.c que Bp seja finito. Então ∃ nP
Como [0, 1]n é infinito, ∃ λ ∈ [0, 1]n tal que y = ni=1 λi xi 6= xi ∀i. Como Bp é convexo
=⇒ y ∈ Bp , o que contradiz a hipótese de que Bp é finito.

Exercı́cio 16. Vejamos um resultado intermediário:

Lema 1. Seja g : R −→ R côncava e duas vezes diferenciável. Então g 00 (x) ≤ 0.

Proof. Como g é côncava, para x, h ∈ R temos

g(x) = 21 g(x + h) + 12 g(x − h) ⇐⇒ g(x + h) − 2g(x) + g(x − h)

Portanto:
g(x + h) − 2g(x) + g(x − h) g 0 (x + h) − g 0 (x − h)
lim ≤ 0 ⇐⇒ lim ≤ 0 ⇐⇒
h→0 h2 h→0 2h
g 0 (x + h) − g 0 (x − h) g 0 (x + h) − g 0 (x) + g 0 (x) − g 0 (x − h)
⇐⇒ lim ≤ 0 ⇐⇒ lim ≤ 0 ⇐⇒
h→0 2h h→0 2h
1 g 0 (x + h) − g 0 (x) g 0 (x) − g 0 (x − h)
 
1
⇐⇒ lim + ≤ 0 ⇐⇒ 2g”(x) = g”(x) ≤ 0
h→0 2 h h 2

(i) Primeira parte do exercı́cio. Se u for côncava, então

g (t) = u (y + tz)

é côncava para t ≥ 0. Verifiquemos isto: Sejam s, t ≥ 0 e θ ∈ (0, 1) ,

g (θt + (1 − θ) s) = u (y + (θt + (1 − θ) s) z) =
u (θ (y + tz) + (1 − θ) (y + sz)) ≥
θu (y + tz) + (1 − θ) u (y + sz) =
θg (t) + (1 − θ) g (s) .

Portanto g 00 (t) ≤ 0 e em particular g 00 (0) = u00 (y) = z 0 D2 u (y) z ≤ 0.

(ii) Segunda parte do exercı́cio: Temos A n.s.d. ⇔ ∀(x, y) ∈ R2 temos:


 
x
≤ 0 ⇔ ax2 + 2bxy + dy 2 ≤ 0, ∀(x, y) ∈ R2
 
x y A
y

Temos 2 casos:

1. Se a = 0, temos A n.s.d. ⇔ 2bxy + dy 2 ≤ 0, ∀(x, y) ∈ R2 ⇔ b = d = 0. Logo


Valem (a) e (b).

4
2. Se a 6= 0, temos A n.s.d. se, e só se,

b2 2 b2 2
 
2b
ax + 2bxy + dy = a x + xy + 2 y − 2 y + dy 2
2 2 2
a a a
2
b2
 
2b b
= a x2 + xy + 2 y 2 − y 2 + dy 2
a a a
 2  2

b 2 b
=a x+ y +y d− ≤ 0, ∀(x, y) ∈ R2
a a
b2
Mas esta última inequação é válida se, e só se, a ≤ 0 e d − a
≤ 0 ⇔ a ≤ 0,
d ≤ 0 e ad − b2 ≥ 0.

Exercı́cio 17.
2
(i) v(x1 , x2 ) = x1 x2 =⇒ ∂v(x 1 ,x2 )
∂x2 ∂x1
= 1 e ∂ v(x 1 ,x2 )
∂x2i
= 0, i = 1, 2. Vemos que,
    2 
2 v(x ,x ) ∂ 2 v(x1 ,x2 )
det ∂ ∂x 1 2
i ∂xj
= −1 ≤ 0 e ∂x2
= 0 ≤ 0. Logo ∂ v(x1 ,x2 )
∂xi ∂xj
não é
i×j i i×j
2
negativa semidefinida ∀(x1 , x2 ) ∈ R e portanto não é côncava.
p
(ii) v(x1 , x2 ) = (x1 + 1)(x2 + 1) =⇒

∂ 2 v(x1 , x2 ) − (x2 + 1)2


= 3
∂x21 4 [(x1 + 1) (x2 + 1)] 2
∂ 2 v(x1 , x2 ) − (x1 + 1)2
= 3
∂x22 4 [(x1 + 1) (x2 + 1)] 2
∂v(x1 , x2 ) ∂v(x1 , x2 ) 1
= = p
∂x1 ∂x2 ∂x2 ∂x1 4 (x1 + 1) (x2 + 1)
  
∂ 2 v(x1 ,x2 ) ∂ 2 v(x1 ,x2 )
Vemos (com muita conta tediosa) que det = 0 ≥ 0. Ainda
∂xi ∂xj ∂x2i
<
i×j
 2 
0, i = 1, 2. Logo ∂ ∂x
v(x1 ,x2 )
i ∂xj
é negativa semidefinida ∀(x1 , x2 ) ∈ R2+ .
i×j

Exercı́cio 18. Usaremos os teoremas envolvendo gradiente (∂u(x, y)):


 
1√
(a),(b) Note que ∂u(x, y) = 2 2x+2
2
+ 1, √ 2
2
>> 0 ∀(x, y) ∈ R2+ . Logo
4x+4y+(x−1) 4x+4y+(x−1)
a relação de preferências é monótona e fortemente monótona.

(c) Usando a sugestão, vamos construir a curva de indiferença para o nı́vel de utilidade

5
ū :
q
ū = x − 1 + (1 − x)2 + 4x + 4y
q
⇐⇒ ū + 1 − x = x − 1 + (1 − x)2 + 4x + 4y ⇐⇒
⇐⇒ (ū + 1 − x)2 = (1 − x)2 + 4x + 4y
⇐⇒ ū2 + 2ū (1 − x) + (1 − x)2 = (1 − x)2 + 4x + 4y ⇐⇒
⇐⇒ ū2 + 2ū − 2ūx = +4x + 4y ⇐⇒ y = 14 ū2 + 21 ū − 21 ūx − x

Desta forma definimos as curvas de indiferença implicitamente como

y = f (x) = − 12 ū + 1 x + 41 ū2 + 12 ū


Note que as curvas são lineares, o que garante que a relação de preferências é
convexa.

Exercı́cio 19. Um resultado mostrado nesta lista (exercicios 13 e 16) é que u é concava
SSE sua hessiana é negativa semidefinida. A hessiana de u é:
4y 2x+2

 
3 3
2
(x +2x+4y+1) 2

2
(4x+4y+(x−1) ) 2

2x+2 4
− 3 − 3
(4x+4y+(x−1)2 ) 2 (4x+4y+(x−1)2 ) 2

Para y > 0, na entrada 1 × 1, obtemos um valor positivo. Como foi mostrado no


exercı́cio 16, a hessiana não é negativa semidefinida e portanto u não é concava.

Exercı́cio 20. Suponha w > 0 e p ∈ RL++ .

(a) Seja L = {1, . . . , n}.

Lema 2. Se x ∈ X(p, w), então x  0.

Proof. Suponha por absurdo que x ∈ X(p, w) e existe j ∈ L tal que xj = 0.


Então u(x) = 0. Mas como w > 0, existe y ∈ RL++ tal que py < w. Ainda
u(y) > 0 ⇒ u(y) > u(x), contradição.

Defina v : RL++ → R por


X
v(x) = ln (u(x)) = αi ln(xi )
i∈L

Temos que v é uma transformação estritamente crescente de u em RL++ , logo do


Lema 2 temos que v representa u na região relevante para a escolha. Como a função
ln é côncava, e a soma de funções côncavas é côncava3 , temos que v é côncava.
3
Seja X convexo. Se f, g : X → R são côncavas, então f + g é côncava. Ainda se f : X → R é
côncava, então para qualquer a > 0, af é concava.

6
Como v é côncava, diferênciável e monótona em RL++ , temos pelo teorema de aula
que uma condição necessária e suficiente para x̂ ∈ X(p, w) é que exista λ ≥ 0 tal
que αi x1i = λpi , ∀i ∈ L (já usando que xi > 0, ∀i ∈ L) o que implica em λ > 0.
Tome i, k ∈ L, temos
αi x̂k pi
= (1)
αk x̂i pk
Lembrando que λ > 0 implica que a R.O. vale com igualdade . Substituido (1) na
R.O. encontramos
αk w
x̂k = xk (p, w) = P
n
p
αj k
j=1

para qualquer k ∈ L. Logo X(p, w) = {x(p, w)}.

(b) Como u é contı́nua no conjunto compacto Bpw , então existe (x∗ , y ∗ ) ∈ X(p; w).
Queremos provar que x∗ = y ∗ .
x∗ −y ∗
S.p.c. que x∗ 6= y ∗ e s.p.g. assuma que x∗ > y ∗ . Defina λ = 2
e defina y o ≡ y ∗ +
λ ppxy e xo ≡ x∗ − λ. Note que:

x∗ + y ∗
xo ≡ x∗ − λ = > y∗
2
Logo
u (x∗ , y ∗ ) = min{x∗ , y ∗ } = y ∗ < min{xo , y o } = u (xo , y o )

Ainda, como x∗ px + y ∗ py ≤ w

xo px + y o py = (x∗ px − λpx ) + (y ∗ py + λpx ) ≤ w

Com isso u (xo , y o ) > u (x∗ , y ∗ ) e (xo , y o ) ∈ Bpw , uma contradição com (x∗ , y ∗ ) ∈
X(p; w). Logo x∗ = y ∗ .
Por fim, como u é monótona, vale a Lei de Walras. Com isso temos:

x∗ px + y ∗ py = x∗ px + x∗ py = w ⇐⇒
w
x∗ = y ∗ =
px + py
n o
w
Logo X(p; w) = , w
px +py px +py

(c) Como u é contı́nua no conjunto compacto Bpw , então existe (x? , y ? ) ∈ X(p; w).
Como u é monótona, vale a Lei de Walras. Analisemos os vários casos:

(1) w ≥ px =⇒ (x? , y ? ) = ( pwx , 0).


De fato, suponha por contradição que y ? > 0 =⇒ x? < pwx . Portanto, como
w
px
≥ 1, temos que pwx + 1 ≤ 2 pwx e portanto u ( pwx , 0) = pwx + 1. Ainda, por
definição u(x? , y ? ) ≤ x? + 1 < pwx + 1 = u ( pwx , 0), contradição, pois ( pwx , 0) é
factı́vel.
(2) Se w < px . Temos 3 sub casos:

7
(i) Se px < py =⇒ (x? , y ? ) = ( pwx , 0)
Suponha por contradição que y ? > 0. Defina x̂ ≡ x? + ppxy y ? . Note que x̂ >
x? =⇒ x̂ + 1 > x? + 1 ≥ u(x? , y ? ). Logo, se u(x̂, 0) = x̂ + 1 =⇒ u(x̂, 0) >
u(x? , y ? ). Ainda, x̂ > x? + y ? pois ppxy > 1. Logo 2x̂ > 2 (x? + y ? ) ≥
u(x? , y ? ). Se u(x̂, 0) = 2x̂ =⇒ u(x̂, 0) > u(x? , y ? ). Portanto, em todos os
casos temos u(x̂, 0) > u(x? , y ? ) com (x̂, 0) ∈ Bpw , uma contradição.
(ii) Se px > py =⇒ x? + 1 = 2x? + 2y ? .
Suponha por contradição que x? + 1 > 2x? + 2y ? . Como px > py , temos
que existe r ∈ (0, x? ), (x̂, ŷ) = (x? − r, y ? + r ppxy ) tal que u(x̂, ŷ) > u(x? , y ? ),
contradição. Agora se x? + 1 < 2(x? + y ? ), então como x? < 1, temos
y ? > 0. Assim existe r ∈ (0, y ? ) tal que se (x̂, ŷ) = (x? + ppxy r, y ? − r), então
u(x̂, ŷ) > u(x? , y ? ), contradição.
 Logo, poresta igualdade e usando a Lei
2w−py
? ?
de Walras, temos (x , y ) = 2p , px −w .
x −py 2px −py

(iii) Se px = py = p, então (x? , y ? ) ∈ A, onde


   
2 2w − p p − w w
A = (x, y) ∈ R+ ; (x, y) = r , + (1 − r)( , 0), r ∈ [0, 1]
p p p

Mas A se encontra sobre a fronteira da restrição orçamentária e o agente é


indiferente entre qualquer cesta pertencente à A. De fato 2w−p p
p + p−w
p
p=
w
w e p p = w o que implica que se (x, y) ∈ A, então px + py = w. Por outro
lado se (x, y) ∈ A então existe t ∈ [0, 1] tal que
 
2w − p p − w w
(x, y) = t , + (1 − t)( , 0) =
p p p
    
w w w
= t − 1 + ,t 1 −
p p p

Então
     
w w w w w
u(x, y) = min{t − 1 + + 1, 2t − 1 + 2 + 2t 1 − }
p p p p p
 
w w w w
= min{t − 1 + + 1, 2 } = 2
p p p p

pois wp < 1. Quero mostrar que X(p, w) = A. Como u é monótona, basta


verificar que para (z1 , z2 ) ∈ R2+ tais que pz1 + pz2 = w e z1 < 2w−p
p
, então
w 2w−p 2w−p 2w
u(z1 , z2 ) < 2 p . Mas, se z1 < p , então z1 + 1 < p + 1 = p . Logo
u(z1 , z2 ) < 2w
p
. Portanto
   
2 2w − p p − w w
X(p, w) = (x, y) ∈ R+ ; (x, y) = r , + (1 − r)( , 0), r ∈ [0, 1]
p p p

(d) Note que as condições de primeira ordem (K-T) só são válidas para (x, y) >> 0.
Primeiro vamos supor que este seja o caso. Como a função é côncava, basta analisar
as CPO’s:
 2 ?
√1
2 x?
= λpx e 2 y? = λpy ⇐⇒ ppxy = xy? . Usando a Lei de Walras (u é monótona)
√1

8
temos
px w py w
y? = , x? =
py (py + px ) px (py + px )

Para confirmar que este é ponto de máximo, basta comparar a função valor neste
ponto e no ponto de fronteira. Vamos supor que py > px . Em que caso u(x? , y ? ) >
u( pwx , 0)?
r
w px w py w
r r
< + ⇐⇒
px py (py + px ) px (py + px )
w px w w py w
⇐⇒ < +2 + ⇐⇒
px py (py + px ) (py + px ) px (py + px )
w px w w py w
⇐⇒ < +2 +
px py (py + px ) (py + px ) px (py + px )
(py + px )2
 
w w px py w
= < +2+ = ⇐⇒
px (py + px ) py px (py + px ) px py
w (py + px ) (py + px )
⇐⇒ <w ⇐⇒ 1 <
px px py py

Como (py , px ) >> 0, temos que u(x? , y ? ) > u( pwx , 0) vale sempre (mesmo que py ≤
n o
py w px w
px ). Logo, podemos concluir que X(p, w) = ,
px (py +px ) py (py +px )
.

Exercı́cio 21. Monotonicidade e monotonicidade forte é trivial.

(i) (Quase-concavidade): Sejam x, y ∈ RL+ e λ ∈ (0, 1). Então

w(λx + (1 − λ)y) = min{u(λx + (1 − λ)y), v(λx + (1 − λ)y)} ≥


≥ min{min{u(x), u(y)}, min{v(x), v(y)}} =
= min{min{u(x), v(x)}, min{u(y), v(y)}} =
= min{w(x), w(y)}

Assim w é quase-côncava.

(ii) (Concavidade): Sejam x, y ∈ RL+ e λ ∈ (0, 1). Então

w(λx + (1 − λ)y) = min{u(λx + (1 − λ)y), v(λx + (1 − λ)y)} ≥


≥ min{λu(x) + (1 − λ)u(y), λv(x) + (1 − λ)v(y)} ≥
≥ λ min{u(x), v(x)} + (1 − λ) min{u(y), v(y)}

Logo w é côncava.

9
Lista 2 de Microeconomia I

Professor: Carlos E.L. da Costa


Monitor: Vitor Farinha

Exercício 1 Seja f : R ! R uma função estritamente crescente. Mostre que se u : R ! R representa uma
relação de preferências então f u representa a mesma relação de preferências.

Exercício 2 Mostre que se existe uma função utilidade representando então é uma relação de prefer-
ências racional.

Exercício 3 (Convexidade e unicidade) Mostre que:

1. (a) Se as preferências são convexas (logo, u (x) é quase-côncava), então os conjuntos das soluções dos
problemas de maximização de utilidade e minimização de gastos são convexos.
(b) Se as preferências são estritamente convexas (logo, u (x) é estritamente quase-côncava), então as
soluções dos problemas de maximização de utilidade e minimização de gastos serão únicas (i.e.,
as demandas marshalliana e hicksiana são funções e não correspondências).

Obs.: Considere preferências racionais e contínuas, e (p; w ) 0.


l
Exercício 4 De…na x (p; y) fx 2 R+ j p(x)x w e u(x) u(y) para todo y tal que p(y)y wg:
Suponha que para algum dos bens exista desconto por quantidade. Suponha, ainda, que as preferências sejam
estritamente convexas. Você pode mostrar que x (p; y) é um conjunto unitário?
Obs.: Nesse caso os preços não são dados. p(:) é a "função preço", ou seja, o valor pago por unidade depende
do total que o consumidor compra.

Exercício 5 (Demanda Cobb-Douglas) Considere a seguinte função utilidade: u (x1 ; x2 ) = x1 x2 , ; > 0:

1. (a) Calcule as funções de demanda marshallianas para os bens 1 e 2


(b) Homoteticidade é a propriedade das preferências nas quais a taxa marginal de substituição é
constante para todas as cestas ao longo de uma mesma reta partindo da origem. Mostre que a
função de utilidade Cobb-Douglas é homotética.
(c) Calcule a função utilidade indireta e veri…que as propriedades demonstradas no Teorema 1.6 (pág.
28 - JR)

Exercício 6 Suponha que um indivíduo vive dois períodos, possui uma dotação unitária em cada período e
pode poupar no primeiro instante, sendo remunerado à taxa r > 0. Suponha que as preferências pelo ‡uxo
de consumo no tempo são dadas por: U(C1 ;C2 ) = lnC1 + lnC2 , em que é o fator de desconto e está no
intervalo (0,1). Assuma que o preço do bem de consumo é 1 nos dois períodos. Admita que o agente não
pode deixar dívida no segundo período:

1. (a) Monte o problema do consumidor e encontre a poupança e o consumo ótimo em cada período.
a) Qual o impacto de um aumento na taxa de juros sobre a poupança no primeiro período?
Interprete.

b) Agora, assuma que o agente possui dotação apenas no primeiro período. Qual o impacto de uma
variação na taxa de juros sobre a poupança? Qual fato econômico explica este comportamento? (dica: pense
em termos de efeitos provocados por variações de preços).
1= 2
Exercício 7 (Utilidade CES) Considere a função utilidade u(x) = ( 1 x1 + 2 x2 ) ; 1; 2 0 ; x 2 R++ :

1. (a) Mostre que a elasticidade de substituição da função CES é constante. - A elasticidade de substi-
tuição entre os bens x1 e x2 é de…nida por: 12 (p; w) = @x1 (p;w)=@x 2 (p;w)
@(p1 =p2 )
p1 =p2
x1 (p;w)=x2 (p;w)

(b) Mostre que quando = 1, as curvas de indiferença são lineares.

1
(c) Mostre qua quando ! 0, a função CES representa as mesmas preferências que a função utilidade
Cobb-Douglas - u(x) = x1 1 x2 2 (Coloquei esta questão não para avaliar a matemática, mas sim
para que vcs vejam a generalidade da função CES).

Exercício 8 Suponha que existam dois bens, x1 e x2 , os quais são substitutos. Suponha que há dois vetores
de preços, p e q, tal que p1 > q1 e p2 < q2 :Seja V(.,.) a função utilidade indireta e x(.,.) a escolha ótima do
consumidor. Encontre o sinal da seguinte expressão: px(q; y) e(p; v(q; y)) em que y é a renda e e denota a
função despesa. Explique sua resposta.

2
Gabarito da Lista 2 de Microeconomia I

Professor: Carlos E.L. da Costa


Monitor: Vitor Farinha

Exercício 1 Seja f : R ! R uma função estritamente crescente. Mostre que se u : R ! R representa uma
relação de preferências então f u representa a mesma relação de preferências.

R: Temos x % y se e só se u(x) u(y), como f é estritamente crescente, isto ocorre se e só se f (u(x))


f (u(y)):

Exercício 2 Mostre que se existe uma função utilidade representando então é uma relação de prefer-
ências racional.

R: Seja u : X ! < uma função utilidade representando . Como u (X) <, então, para todo x; y 2 X;
temos que u (x) u (y) ou u (x) u (y). Logo, x y ou y x.
Tome x; y; z 2 X tal que x y e y z. Então, como u representa , segue que u (x) u (y) e
u (y) u (z). Logo, u (X) < implica em u (x) u (z). Portanto, x z.

Exercício 3 (Convexidade e unicidade) Mostre que:

1. (a) Se as preferências são convexas (logo, u (x) é quase-côncava), então os conjuntos das soluções dos
problemas de maximização de utilidade e minimização de gastos são convexos.
(b) Se as preferências são estritamente convexas (logo, u (x) é estritamente quase-côncava), então as
soluções dos problemas de maximização de utilidade e minimização de gastos serão únicas (i.e.,
as demandas marshalliana e hicksiana são funções e não correspondências).

Obs.: Considere preferências racionais e contínuas, e (p; w ) 0.


R:Sendo % racional e contínua e o conjunto orçamentário compacto e não-vazio, sabemos que há solução
para o problema de maximização de utilidade do consumidor.
a) Suponha que x e x0 solucionem o problema de maximização de utilidade. Como o conjunto orçamentário
competitivo é convexo, segue que x + (1 )x 2 B: Então, como u é quase-côncava, u( x + (1 )x0 )
0 0 0
minfu(x); u(x )g. Mas como u(x) = u(x ) maximizam a utilidade, segue que u( x + (1 )x ) = u(x): Logo,
x + (1 )x também soluciona o problema de maximização de utilidade para todo 2 [0; 1]:
Analogamente, se x e x0 solucionam o problema de minimização de custos, então x + (1 )x custa
o mesmo e u( x + (1 )x0 ) minfu(x); u(x0 )g. Logo, x + (1 )x também minimiza custos.
b) Por argumento análogo ao do ítem (a), se x 6= x então u( x + (1 )x0 ) > minfu(x); u(x0 )g;
2 (0; 1). Mas isto contradiz a otimalidade de x e x. Logo, x = x.
Da mesma forma, se x; x0 solucionam o problema de minimização de custos e x 6= x0 (logo px = px0 ), temos
que, para 2 (0; 1), p( x + (1 )x0 ) = px + (1 )px0 = px = px0 e u( x + (1 )x0 ) > minfu(x); u(x0 )g:
00
Mas então (como (x) é aberto, 8x 2 X) 9x x + (1 )x com u(x ) > minfu(x); u(x0 )g e px00 <
0 00
0
px = px .
l
Exercício 4 De…na x (p; y) fx 2 R+ ; p(x)x w : u(x) u(y)para todo y tal que p(y)y wg:
Suponha que para algum dos bens exista desconto por quantidade. Suponha, ainda, que as preferências sejam
estritamente convexas. Você pode mostrar que x (p; y) é um conjunto unitário?

R: Não. Observe que não podemos garantir a convexidade do conjunto orçamentário. Assim, se duas
cestas quaisquer pertencerem ao conjunto orçamentário, não necessariamente sua combinação convexa o
fará. Logo, a prova convencional da unicidade da escolha sob preferências estritamente convexas não pode
ser aplicada.

Exercício 5 (Demanda Cobb-Douglas) Considere a seguinte função utilidade: u (x1 ; x2 ) = x1 x2 , ; > 0:

1. (a) Calcule as funções de demanda marshallianas para os bens 1 e 2

1
(b) Homoteticidade é a propriedade das preferências nas quais a taxa marginal de substituição é
constante para todas as cestas ao longo de uma mesma reta partindo da origem. Mostre que a
função de utilidade Cobb-Douglas é homotética.
(c) Calcule a função utilidade indireta e veri…que as propriedades demonstradas no Teorema 1.6 (pág.
28 - JR)
w w
R: a) x (p; w) = p1 ( + ) ; p2 ( + ) . (Dica: aplique a transformação monotônica crescente f (x) =
ln (x).)
x1
b) T M S = x2 . Tome uma reta arbitrária partindo da origem x1 = x2 . Então, para todos
( x2 )
os pontos sobre esta reta, a taxa marginal de substituição é x2 = . Alternativamente
+ +
u(ax1 ; ax2 ) = (ax1 ) (ax2 ) = (a) x1 x2 = (a) u(x1 ; x2 ) então a função Cobb-douglas é
homogênea de grau + e logo é homotética (pela de…nição alternativa de uma função homotética
como uma transformação crescente de uma função homogênea).
h i h i
w
c)v(p; w) = p1 ( w+ ) p2 ( + )
i) Continuidade em <n++ <+ : Trivial.
h i h i h i h i
:t:w :t:w w w
ii) Homogeneidade de grau 0 em (p; w): v(tp; tw) = t:p1 ( + ) t:p2 ( + ) = p1 ( + ) p2 ( + )
= v(p; w)
h i h i
@v + 1
iii) Estritamente crescente em y: @w (p; w) = ( + )w p1 ( + ) p2 ( + ) >0
@v
iv) Decrescente em p: @pi (p; w)
0; i = 1; 2:
v) Quaseconvexo em (p,w):
Usar demonstração Mas-Colell. (Nesse caso a prova especí…ca …ca muito complicada. No entanto, em
questões de prova, caso a função especí…ca seja estabelecida, o objetivo é o cálculo explícito.)
h i h i h i h i
@v w w @v ( + ) w w
vi) Identidade de Roy: @p 1
(p; w) = p 1 p1 ( + ) p2 ( + ) , @y (p; w) = w p1 ( + ) p2 ( + ) ,.
w @v(p;y)=@p1
Logo, x1 (p; w) = p1 ( + ) = @v(p;y)=@w .(análogo para x2 )

Exercício 6 Suponha que um indivíduo vive dois períodos, possui uma dotação unitária em cada período e
pode poupar no primeiro instante, sendo remunerado à taxa r > 0. Suponha que as preferências pelo ‡uxo
de consumo no tempo são dadas por: U(C1 ;C2 ) = lnC1 + lnC2 , em que é o fator de desconto e está no
intervalo (0,1). Assuma que o preço do bem de consumo é 1nos dois períodos. Admita que o agente não
pode deixar dívida no segundo período:

a)Monte o problema do consumidor e encontre a poupança e o consumo ótimo em cada período.


b) Qual o impacto de um aumento na taxa de juros sobre a poupança no primeiro período? Interprete.
c) Agora, assuma que o agente possui dotação unitária somente no primeiro período. Qual o impacto de
uma variação na taxa de juros sobre a poupança? Qual fato econômico explica este comportamento? (dica:
pense em termos de efeitos provocados por variações de preços).

R: 1. a) Monte o Lagrangeano de um problema de otimização convencional; note que há duas restrições


orçamentárias, uma para cada período: C1 + S = 1 e C2 = 1 + S(1 + r). A forma mais simples
de resolver é substituindo as restrições na função objetivo e derivando com relação a S. Assuma
solução interior, ou seja, suponha (1 + r) > 1: Como resultado da C.P.O., temos que a expressão
para a poupança ótima é dada por: S = [ (1 + r) 1]=[(1 + )(1 + r)]:É trivial encontrar o
consumo ótimo em cada período.

b) Basta tomar a derivada parcial: @S=@r = (1 + )=[(1 + )(1 + r)]2 > 0


c) Resolva o mesmo problema, apenas alterando a restrição do segundo período. Neste contexto,
sempre haverá poupança positiva, pois a utilidade marginal do consumo no segundo período é in…nita quando
o consumo é zero. A expressão para a poupança ótima é dada por: S = =(1 + ). Tomando a derivada
parcial, vemos que uma variação da taxa de juros não afeta a poupança ótima. À primeira vista, isto parece

2
um paradoxo: dado um aumento na taxa de juros, temos um encarecimento do consumo presente em relação
ao consumo futuro e, pelo efeito substituição, deveríamos observar um aumento da poupança. Contudo, a
elevação dos juros faz com que um mesmo nível de poupança hoje propicie um maior consumo futuro, ou seja,
há um efeito renda também. Como as preferências entre consumo intertemporal são convexas, o indivíduo
deseja uma suavização do consumo no tempo; parte desse efeito renda positivo será consumido no presente.
Logo, embora o efeito substituição faça com que o consumo corrente caia, o efeito renda faz com que ele
aumente. No caso particular da função utilidade separável no tempo e na forma logarítimica, os dois efeitos
se anulam completamente e, pois, não vemos variação na poupança nem no consumo corrente. Como o nível
de poupança se mantém inalterado e a taxa de juros é maior, o consumo no segundo período aumenta.
O caso em que a taxa de juros cai possui resultados análogos.
1= 2
Exercício 7 (Utilidade CES) Considere a função utilidade u(x) = ( 1 x1 + 2 x2 ) ; 1; 2 0 ; x 2 R++ :

1. (a) Mostre que a elasticidade de substituição da função CES é constante. - A elasticidade de substi-
tuição entre os bens x1 e x2 é de…nida por: 12 (p; w) = @x1 (p;w)=@x 2 (p;w)
@(p1 =p2 )
p1 =p2
x1 (p;w)=x2 (p;w) (note que
a de…nição do MWG é diferente da do Varian. Entretanto, ambas são equivalentes).
(b) Mostre que quando = 1, as curvas de indiferença são lineares.
(c) Mostre qua quando ! 0, a função CES representa as mesmas preferências que a função utilidade
Cobb-Douglas - u(x) = x1 1 x2 2 (Coloquei esta questão não para avaliar a matemática, mas sim
para que vcs vejam a generalidade da função CES).
1 1
1 1 1
R: a) Para a CES, temos que x1 (p;w)
x2 (p;w) = p1
p2 ) x1 (p;w)=x2 (p;w)
p1 =p2 = p1
p2 ) @[x1 (p;w)=x2 (p;w)]
@(p1 =p2 ) =
1
1 1
1 p1
1 p2 . Substituindo na de…nição, obtemos:

1 1
1 1 1 +1
@[x1 (p;w)=x2 (p;w)]
@(p1 =p2 )
p1 =p2
x1 (p;w)=x2 (p;w) = 1
1
p1
p2
p1
p2 ) 12 (p; w) = 1
1

b) = 1 =) u(x) = 1 x1 + 2 x2 : Logo, as curvas de indiferença são funções a…ns na forma: x1 = A 21 x2 :


c) A representação de preferências é inalterada pela transformação monotônica u0 (x) = u(x)( 1 + 2 ) =
h i1=
1 +
1
2
x1 + 1 +
2
2
x2 , então consideremos a partir de agora, sem perda de generalidade, 1 + 2 =
1. Então h i
1=
lim !0 [ 1 x1 + 2 x2 ] = lim !0 exp 1 ln ( 1 x1 + 2 x2 ) = exp lim !0 1 ln ( 1 x1 + 2 x2 ) (continuidade
da exponencial).
Pelo teorema de L’Hopital lim !0 1 ln ( 1 x1 + 2 x2 ) = lim !0 1
(x ln(x1 ) + x2 2 ln(x2 )) =
( 1 x1 + 2 x2 ) 1 1
1=
1 ln(x1 ) + 2 ln(x2 ) = ln x1 x2 e logo lim !0 [ 1 x1 + 2 x2 ] = x1 1 x2 2 .
1 2

Exercício 8 Suponha que existam dois bens, x1 e x2 , os quais são substitutos. Suponha que há dois vetores
de preços, p e q, tal que p1 > q1 e p2 < q2 :Seja V(.,.) a função utilidade indireta e x(.,.) a escolha ótima do
consumidor. Encontre o sinal da seguinte expressão: px(q; y) e(p; v(q; y)) em que y é a renda e e denota a
função despesa. Explique sua resposta.

A expressão é sempre não-negativa. Toda a informação a respeito da substitutibilidade dos bens e da


relação entre os vetores de preços é completamente inócua para a resposta. A expressão por si só já contém
todos os elementos necessários para a solução do problema. Por de…nição, a cesta x(q; y) gera o nível
de utilidade v(q; y). Além disso, recorrendo aos conceitos de dualidade, sabemos que, aos preços q, a cesta
x(q; y) gera utilidade v(q; y) ao menor custo possível. Entretanto, aos preços p, embora x(q; y) ainda produza
utilidade igual a v(q; y), não necessariamente o faz ao menor custo possível. Portanto, px(q; y) e(p; v(q; y)):

3
Lista 2
1. Uma matrix3 simétrica n×n, M , é negativa semidefinida se para todo z ∈ Rn
n
for verdade que z ′ M z ≤ 0. Seja
 u : R+ → R duas vezes diferenciável e tal que
∂2u
para todo x ∈ Rn+ a matriz ∂xi ∂xj
(x) i≤n
é negativa semidefinida. Então u
j≤n
é côncava.

Mostre que se u : Rn+ → R duas vezes diferenciável for côncava então


2. 
∂2u
∂xi ∂xj
(x) i≤n é negativa semidefinida para todo x ∈ Rn++ . Mostre tambem
j≤n
que uma matriz simétrica  
a b
A=
b d
é negativa semidefinida se e somente se:

(a) a ≤ 0, d ≤ 0;
(b) ad − b2 ≥ 0.

3. p
Aplique o critério do exercı́cio anterior para v (x1 , x2 ) = x1 x2 e v1 (x1 , x2 ) =
(x1 + 1) (x2 + 1).

4. Considere a função utilidade


q
u (x, y) = x − 1 + (1 − x)2 + 4x + 4y, (x, y) ∈ R2+ .

Verifique se a relação de preferências representada por u:

(a) é monótona;
(b) é monótona forte;
(c) é convexa (sug.: determine as curvas de indiferença de u).

5. Verifique que a utilidade definida no exercı́cio anterior não é côncava.

6. Seja f : R2 → R duas vezes diferenciável e tal que grad f (x, y) >> 0 para
todo (x, y). Demonstre que se f é quase-côncava então para todo (x, y),
2 2
∂2f ∂f ∂f ∂ 2 f ∂2f
 
∂f ∂f
− 2 + ≤ 0. (*)
∂x ∂y 2 ∂x ∂y ∂x∂y ∂y ∂x2
3
Este exercı́cio melhora o resultado do exercı́cio (17) acima.

4
(Sug. Para (x0 , y 0 ) use o teorema da função implı́cita para obter g (x) tal
que u (x, g (x)) = u (x0 , y 0 ) para x ∈ (x0 − δ, x0 + δ) para algum δ > 0 sufi-
cientemente pequeno. A quasi-côncavidade de f implica que g (·) é convexa.)
Recı́procamente se (*) vale sempre então f é quase-côncava.

5
Professor: Paulo Klinger Monteiro Microeconomia I - 2009
Monitor: Pedro Miguel Olea de Souza e Silva EPGE
Gabarito - Aula 15/01

1 Alguns resultados sobre funções côncavas


Lema 1. Seja A ⊂ R e f : A → R duas vezes diferenciável em A. Então, ∀x ∈ A

f (x + h) − 2f (x) + f (x − h)
f 00 (x) = lim (1)
h→0 h2
Demonstração. Seja x ∈ A. Por L’Hospital, temos

f (x + h) − 2f (x) + f (x − h) f 0 (x + h) − f 0 (x − h)
lim = lim
h→0 h2 h→0 2h
f 0 (x + h) − f 0 (x) + f 0 (x) − f 0 (x − h))
= lim
h→0
µ 2h ¶
1 f 0 (x + h) − f 0 (x) f 0 (x) − f 0 (x − h)
= lim +
h→0 2 h h
1
= 2f 00 (x) = f 00 (x)
2

Lema 2. Seja g : R → R côncava e duas vezes diferenciável. Então g 00 (x) ≤ 0.


Demonstração. Como g é côncava, para quaisquer x, h ∈ R temos g(x) ≥ 12 g(x + h) +
1
2
g(x − h) ⇒ g(x + h) − 2g(x) + g(x − h) ≤ 0. Portanto, pelo Lema 1

f (x + h) − 2f (x) + f (x − h)
f 00 (x) = lim ≤0
h→0 h2

Lema 3. Seja C convexo e u : C → R diferênciável e côncava em C. Então, ∀x, y ∈ C


temos Dx u(x)(y − x) ≥ u(y) − u(x).
Demonstração. Para x = y a afirmativa vale trivialmente. Se x 6= y, para t ∈ (0, 1)
temos:
u(x + t(y − x)) ≥ (1 − t)u(x) + tu(y) ⇒
u(x + t(y − x)) − u(x) tu(y) − tu(x) u(y) − u(x)
≥ =
kt(y − x)k kt(y − x)k k(y − x)k
Como u é diferenciável, tomando t → 0, temos:

(y − x) u(y) − u(x)
Dx u(x) · ≥
ky − xk k(y − x)k

Logo,
Dx u(x) · (y − x) ≥ u(y) − u(x)

1
φ(t)

0 ξ 1

Figura 1: Exemplo de φ(t)

2 Gabarito dos exercı́cios

Exercı́cio 1.Sejam x, y ∈ Rn+ . Defina φ : [0, 1] → R por:

φ(t) = u(tx + (1 − t)y) − tu(x) − (1 − t)u(y)

para t ∈ [0, 1]. Como u é duas vezes diferenciável, temos que φ é duas vezes diferenciável.
Temos que u é côncava se e somente se para todo x, y, φ (t) ≥ 0 para todo t ∈ (0, 1). Pelo
teorema do valor médio existe ξ ∈ (0, 1) tal que

0 = φ (1) − φ (0) = φ0 (ξ) .

A segunda derivada de φ,

φ00 (t) = (x − y)0 D2 u (tx + (1 − t)y) (x − y) ≤ 0, ∀t ∈ (0, 1) .

Portanto para t ≥ ξ, φ0 (t) ≤ 0. E para t ≤ ξ, φ0 (t) ≥ 0 (veja a Figura 1). Assim no


intervalo [0, ξ] a função φ é crescente e no intervalo [ξ, 1] a função φ é decrescente. Logo
para 0 ≤ t ≤ ξ, φ (t) ≥ φ (0) = 0. E para t ∈ [ξ, 1] , φ (t) ≥ φ (1) = 0. Terminando a
demonstração.

Exercı́cio 2. A concavidade de u implica que

g (t) = u (y + tz)

é côncava para t ≥ 0. Verifiquemos isto: Sejam s, t ≥ 0 e θ ∈ (0, 1) ,

g (θt + (1 − θ) s) = u (y + (θt + (1 − θ) s) z) =
u (θ (y + tz) + (1 − θ) (y + sz)) ≥
θu (y + tz) + (1 − θ) u (y + sz) =
θg (t) + (1 − θ) g (s) .

2
Portanto, pelo Lema 2, g 00 (t) ≤ 0 e em particular g 00 (0) = z 0 D2 u (y) z ≤ 0.

Temos A n.s.d. ⇔ ∀(x1 , x2 ) ∈ R2 temos:


· ¸
£ ¤ x
x1 x2 A 1 ≤ 0 ⇔ ax21 + 2bx1 x2 + dx22 ≤ 0, ∀(x1 , x2 ) ∈ R2
x2

Temos 2 casos:
1. Se a = 0, temos A n.s.d. ⇔ 2bx1 x2 + dx22 ≤ 0, ∀(x1 , x2 ) ∈ R2 ⇔ b = 0. Logo Valem
(a) e (b).
2. Se a 6= 0, temos A n.s.d. se, e só se,
à µ ¶2 !
2b b b2
ax21 + 2bx1 x2 + dx22 = a x21 + x1 x2 + x22 + dx22 − x22
a a a
µ ¶2 µ ¶
b 2 b2
= a x1 + x2 + x2 d − ≤ 0, ∀(x1 , x2 ) ∈ R2
a a
b2
Mas esta última inequação é válida se, e só se, a ≤ 0 e d − a
≤ 0 ⇔ a ≤ 0, d ≤ 0
e ad − b2 ≥ 0.

Exercı́cio 6. Provemos um resultado intermediário que será utilizado na demonstração.


Lema 4. Seja f : R2 → R quase-côncava e estritamente crescente no segundo argumento.
Seja (x0 , y0 ) ∈ R2 , se existir δ > 0 e g : (x0 − δ, x0 + δ) → R tal que f (x, g(x)) =
f (x0 , y0 ), ∀x ∈ (x0 − δ, x0 + δ), então g é convexa.
Demonstração. Sejam x1 , x2 ∈ (x0 − δ, x0 + δ) e r ∈ (0, 1). Temos rx1 + (1 − r)x2 ∈
(x0 − δ, x0 + δ) e da definição de g

f (rx1 + (1 − r)x2 , g(rx1 + (1 − r)x2 )) = f (x0 , y0 )

Mas temos f (x1 , g(x1 )) = f (x2 , g(x2 )) = f (x0 , y0 ). Assim pela quase-concavidade de f
temos
f (rx1 + (1 − r)x2 , rg(x1 ) + (1 − r)g(x2 )) ≥ f (x0 , y0 )
Como f é estritamente crescente no segundo argumento, temos

g(rx1 + (1 − r)x2 ) ≤ rg(x1 ) + (1 − r)g(x2 )

Logo g é convexa.
Sejam x0 , y0 ∈ R2 . Como f é continuamente diferenciável e por hipótese grad f (x, y) À
0, pelo Teorema da Função Implı́cita existe uma função continuamente diferenciável
g : (x0 − δ, x0 + δ) → R tal que f (x, g(x)) = f (x0 , y0 ), ∀x ∈ (x0 − δ, x0 + δ). Derivando
temos

fx (x, g (x)) + fy (x, g (x)) g 0 (x) = 0 e então


fx (x, g (x))
g 0 (x) = − .
fy (x, g (x))

3
Portanto existe g 00 (x) pois f é duas vezes diferenciável e g é diferenciável.

∂f ∂f ∂g
(x, g(x)) + (x, g(x)) (x) = 0, ∀x ∈ (x0 − δ, x0 + δ) (2)
∂x ∂y ∂x

Então, derivando a identidade (e omitindo os argumentos)


· 2 ¸
∂ 2f ∂ 2 f ∂g ∂ f ∂ 2 f ∂g ∂g ∂f ∂ 2 g
+ + + + = 0, ∀x ∈ (x0 − δ, x0 + δ) (3)
∂x2 ∂y∂x ∂x ∂x∂y ∂y 2 ∂x ∂x ∂y ∂x2

(⇒) Dos Lemas 4 e 2 e como g 00 existe, temos que g 00 (x) ≥ 0. Então grad f (x, y) À 0
e (3) implicam:
· 2 ¸
∂ 2f ∂ 2 f ∂g ∂ f ∂ 2 f ∂g ∂g
+ + + + ≤ 0, ∀x ∈ (x0 − δ, x0 + δ) (4)
∂x2 ∂y∂x ∂x ∂x∂y ∂y 2 ∂x ∂x

então de (2) e (4) temos ∀x ∈ (x0 − δ, x0 + δ)


µ ¶2 µ ¶2
∂f ∂ 2f ∂f ∂f ∂ 2 f ∂f ∂ 2f
−2 + ≤0 (*)
∂x ∂y 2 ∂x ∂y ∂x∂y ∂y ∂x2

Como (x0 , y0 ) ∈ R2 é arbitrário, temos o resultado desejado.

(⇐)Antes de provar a volta vejamos um resultado intermediário.

Lema 5. Seja f : R2 → R diferenciável com ∇f (x) À 0, ∀x ∈ R2 . Sejam (x0 , y0 ), (x1 , y1 ) ∈


R2 (x1 ≥ x0 ) tais que f (x0 , y0 ) = f (x1 , y1 ) = c. Então existe uma única função
g : [x0 , x1 ] → R tal que f (x, g(x)) = c, ∀x ∈ [x0 , x1 ].

Demonstração. Defina g(x0 ) = y0 e g(x1 ) = y1 . Para z ∈ (x0 , x1 ), como ∇f (x) À 0,


temos que f (z, y1 ) < c < f (z, y0 ). Como f é contı́nua, pelo teorema do valor inter-
mediário, existe um único1 g(z) ∈ (f (z, y1 ), f (z, y0 )) tal que f (z, g(z)) = c. Assim
definimos g : [x0 , x1 ] → R de forma unı́voca.
Seja (x0 , y0 ) ∈ R2 , basta mostrar que Y(x0 ,y0 ) = {(x, y) ∈ R2 ; f (x, y) ≥ f (x0 , y0 )}
é convexo. Considere o conjunto ∂Y(x0 ,y0 ) = {(x, y) ∈ R2 ; f (x, y) = f (x0 , y0 )}. Defina
a = inf{x; (x, y) ∈ ∂Y(x0 ,y0 ) } e b = sup{x; (x, y) ∈ ∂Y(x0 ,y0 ) }2 . Mas então pelo Lema 5
pode-se definir3 g : [a, b] → R tal que Y(x0 ,y0 ) = {(x, y) ∈ R2 ; y ≥ g(x)}4 . Portanto basta
mostrar que g é convexa5 . Mas (*), ∇f (x) À 0 e (3 ) implicam que g 00 (x) ≥ 0. Assim g
é convexa, Y(x0 ,y0 ) é convexo e, portanto, f é quase-côncava.

1
f estritamente crescente implica a unicidade.
2
Pode ser o caso que a ou b é ∞ ou −∞.
3
Caso necessário defina g em um intervalo aberto em a e/ou em b.
4
Note que f (x, y) ≥ c ⇔ y ≥ g(x), pois f é estritamente crescente.
5
Exercı́cio 12, aula de 13/01.

4
1. No exercício 20 da segunda lista qual relação de preferências tem bem
de Gi¤en?

2. 2.E.1(página 23), 3.C.6, 3.D.5, 3.D.6 (a,b), 3.E.5, 3.G.4 (c,d), 3.G.15,
3.G.16 (a,b)

3. Seja U : RL+ ! R homogênea de grau um. Então a utilidade indireta e


a demanda são homogêneas de grau um na renda/riqueza.
p
x+ 2 +4y
4. Obtenha a demanda para a função utilidade u (x; y) = 2
e
determine se tem bem inferior ou de Gi¤en.

1
Professor: Paulo Klinger Monteiro Microeconomia I - 2010
Monitor: Mateus Nunes Rabello EPGE
Gabarito - Lista 3

Exercı́cio 1. Na letra (c) do exercı́cio 20, no caso em que px > w e px > py , a demanda
pelo bem y é:
px − w
y(w, px , py ) =
2px − py
Note que
∂y(w, px , py ) px − w
= >0
∂py (2px − py )2
Logo y é um bem de Giffen. No caso em que px = py , ∃t ∈ [0, 1] t.q.
 
w ∂y(w, p) tw
y(w, p) = t 1 − =⇒ = 2
p ∂p p

Se t > 0 temos que y também será um bem de Giffen.

Exercı́cio 3. Suponha que p  0. Considere w > 0 e λ ∈ R++ . Sejam v(p, w) e X(p, w)


a função de utilidade indireta e a correspondência de demanda, respectivamente. Basta
provar que se x ∈ X(p, w) então λx ∈ X(p, λw), pois neste caso u(x) = v(p, w) =⇒
u(λx) = v(p, λw) ⇐⇒ λu(x) = v(p, λw) ⇐⇒ λv(p, w) = v(p, λw). Seja x? ∈ X(p, w),
então u(x? ) ≥ u(y), ∀y ∈ Bp,w . Suponha por contradição que λx? ∈ / X(p, λw). Então
? ?
existe y ∈ Bp,λw tal que u(y) > u(λx ) = λu(x ) pela homogeneidade de grau 1 de u.
Logo, temos que λ1 u(y) > u(x? ) ⇐⇒ u( λ1 y) > u(x? ). Como y ∈ Bp,λw , temos que
py ≤ λw e portanto p λ1 y ≤ w, implicando que λ1 y ∈ Bp,w , uma contradição. Logo
X(p, w) e v(p, w) são homogêneas de grau 1 na renda.

Exercı́cio 4. Assuma w > 0 e p >> 0. Pelo Teorema dado em sala (K-T), se (x∗ , y ∗ ) ∈
X(p, w) então ∃ λ ≥ 0 tal que:

1 x∗
+ q ≤ λpx
2 ∗ 2 ∗
2 (x ) + 4y

e
1
q ≤ λpy
∗ 2 ∗
(x ) + 4y
com igualdade caso x∗ > 0 e y ∗ > 0, respectivamente. Analisemos por casos:
x∗
(i) Suponha que 1
2
+ √ < λpx =⇒ x∗ = 0 e y ∗ = w
py
(Lei de Walras). Ainda
2 (x∗ )2 +4y ∗

1 1
√ = λpy ⇐⇒ λ = √
4y ∗ 2 py w

1 x px
=⇒ + q < √ ⇐⇒
2 ∗ 2 ∗ 2 py w
2 (x ) + 4y
1 px
⇐⇒ < √ ⇐⇒ py w < p2x
2 2 py w

1
q
Logo, se py w < p2x =⇒ (x∗ , y ∗ ) = (0, pwy ) e v(p, w) = w
py
.

(ii) Suponha que √ 1


< λpy =⇒ y ∗ = 0 e x∗ = w
px
(Lei de Walras). Ainda
(x∗ )2 +4y ∗

1 x∗ 1 1 1
+ q = λpx ⇐⇒ + = λpx ⇐⇒ λ =
2 2 2 px
2 (x∗ )2 + 4y ∗
−1/2 py 1 py
=⇒ (x∗ )2 + 4y ∗ < ⇐⇒ ∗ <
px x px
px py
⇐⇒ < ⇐⇒ py w > p2x
w px

Logo, se py w > p2x =⇒ (x∗ , y ∗ ) = ( pwx , 0) e v(p, w) = w


px

(iii) Por fim, se as duas CPO’s valem com igualdade. Então temos da CPO de y
1 1
q = λpy ⇐⇒ λ = q
(x∗ )2 + 4y ∗ py (x∗ )2 + 4y ∗

Substituindo na CPO de x temos


1 x∗ px
+ q = q ⇐⇒
2
2 (x∗ )2 + 4y ∗ py (x∗ )2 + 4y ∗
p x x∗
 
1 1
⇐⇒ =q − ⇐⇒
2 ∗ 2 ∗ py 2
(x ) + 4y
" #
∗ 2
1 1 (2px − py x )
⇐⇒ = 2 ⇐⇒
4 ∗
(x ) + 4y ∗ 4p2y
⇐⇒ p2y (x∗ )2 + 4y ∗ = 4p2x − 4px py x∗ + p2y (x∗ )2 ⇐⇒
 

4y ∗ p2y = 4p2x − 4px py x∗ ⇐⇒ y ∗ p2y = p2x − px py x∗

Isolando y ∗ e usando a Lei de Walras, obtemos py w = p2x . Note que se py w = p2x então
wpy − px py x∗ w − p x x∗ w px
y ∗ p2y = p2x −px py x∗ ⇐⇒ y ∗ = 2
= ⇐⇒ y ∗ = − x∗ , que
py py py py
é justamente a restrição orçamentária. Logo, se py w = p2x qualquer par na restrição
(reta) respeita as CPO’s. Ainda, qualquer par na restrição tem v(p, w) = pwx .

Portanto, temos: Se py w < p2x =⇒ (x∗ , y ∗ ) = (0, pwy ). Se py w > p2x =⇒ (x∗ , y ∗ ) =
( pwx , 0). Se py w = p2x =⇒ (x∗ , y ∗ ) ∈ F rBpw .

O conceito de normalidade/inferioridade dos bens é local. Portanto, a única possibil-


idade de haver um bem inferior aqui é no caso de py w = p2x e a demanda dos dois bens
ser positiva. Neste caso, se a renda aumenta na margem (no limite) teremos py w > p2x
e portanto a quantidade demandada do bem y cai (pra zero). Caso a renda diminua,
ficaremos com py w > p2x e portanto a quantidade de y aumenta. Portanto, neste caso y
se comporta como um bem inferior. Não há bens de Giffen.

2
Lista 3 de Microeconomia I

Professor: Carlos E.L. da Costa


Monitor: Vitor Farinha

Exercício 1 Um indivíduo escolhe lazer e consumo, e sua função utilidade é dada por u(c; l) = c l1 . Ele
possuiu ma dotação de 24 horas que podem ser alocadas entre trabalho e lazer (atenção: a utilidade está
de…nida para LAZER e consumo). O trabalho é remunerado em w unidades de consumo por hora trabalhada
(antes de impostos). O salário é tributado com uma tarifa ad-valorem t, incidente somente sobre as horas
de trabalho excedendo L 2 (0; 24).
a) Escreva a restrição orçamentária do agente.
b) Qual o nível ótimo de lazer e consumo.

Exercício 2 Suponha que as preferências determinada pessoa por viagens e aulas de piano possam ser
representadas pela função utilidade abaixo:

1. u(v; p) = 100v + p3

(a) Por que o método do Lagrangeano não pode ser utilizado para resolver o problema deste consum-
idor?
(b) Argumente que apenas um dos bens será consumido na solução do problema do consumidor (dica:
observe o formato da função utilidade).
(c) De…na um bem inferior.
(d) Suponha que cada viagem custe R$200 enquanto cada aula de piano custe R$50. A estes preços,
existe alguma renda para a qual um destes bens é inferior?

Exercício 3 Função Demanda Excedente

1. (a) a) Mostre que a demanda excedente é homogênea de grau zero.


b) Mostre que a utilidade indireta gerada é quase-convexa

Exercício 4 Suponha que um trabalhador possui função de utilidade fracamente separável no consumo de
bens e no lazer, ou seja, U (v(l); h(x)); em que l 2 (0; 24) e x 2 <2+ :O bem x1 é um bem normal enquanto o
bem x2 é um bem inferior. Suponha que, inicialmente, a legislação trabalhista determina que, se um agente
deseja trabalhar, tem de trabalhar por doze horas diárias, sendo remunerado em 10 reais por hora. (Admita
que o trabalhador escolhe trabalhar). Suponha agora que o governo reduz a jornada de trabalho e reduz o
preço dos bens de consumo igualmente de tal sorte que mantém o poder de compra do trabalhador. O que
ocorre com o consumo relativo dos bens 1 e 2? Explique.

Exercício 5 (MWG 3.I.3) Considere uma mudança de um vetor de preços inicial p0 para um vetor
de preços …nal p1 p0 feita de tal maneira que apenas o preço do bem l é modi…cado. Mostre que
0 1 0 1
CV(p ; p ; w) >EV(p ; p ; w) se o bem l é inferior.

Exercício 6 (MWG 3.I.5) Mostre que se u(x) é quase-linear em relação ao bem 1, então CV(p0 ; p1 ; w) =EV(p0 ; p1 ; w):
[quase-linearidade em relação ao bem 1: U(x1 ; x2 ; :::; xn ) = x1 + f (x2 ; :::; xn )]

Exercício 7 (Prova 2004) Responda Verdadeiro ou Falso justi…cando sua resposta.


a) Uma pessoa está indiferente entre morar em duas cidades A e B. Se o preço do bem i é maior na
cidade A e todos os demais preços são iguais, então a pessoa necessariamente consumirá menos desse bem
se estiver vivendo em A.
b) Ainda considerando a pessoa da pergunta anterior. Supondo que em ambas as cidades ela só possa
trabalhar turnos …xos (ou seja, oferta de trabalho é …xa) então, a diferença percentual do consumo do bem i
de uma cidade para outra será menor do que seria se pudesse ajustar as horas de trabalho se e somente se
lazer e o bem i são complementares.
c) Se um bem é bem de Gi¤ en, sua elasticidade Frish da demanda (com relação ao próprio preço) é
positiva.

1
d) Você possui uma casa onde mora. Se o preço da casa aumenta você está melhor de vida (sua utilidade
aumenta).
e) Você possui uma casa onde mora. Se o preço da casa diminui você está pior de vida (sua utilidade
diminui).

Exercício 8 (Prova 2005) Considere um agente cuja função de utilidade indireta é

v(p; y) = + ( + ) log y log p1 log p2

onde é uma constante.


a) Ache as demandas marshallianas dos bens 1 e 2.
b)Ache a função despesa e as demandas hicksianas dos bens.
c) Como a utilidade marginal da renda varia como função de mudanças nos preços? Ache a demanda
Frisch.

2
Gabarito da Lista 3 de Microeconomia I
Professor: Carlos E.L. da Costa
Monitor: Vitor Farinha Luz

Exercício 1 Um indivíduo escolhe lazer e consumo, e sua função utilidade é dada por u(c; l) = c l1 . Ele
possuiu ma dotação de 24 horas que podem ser alocadas entre trabalho e lazer (atenção: a utilidade está
de…nida para LAZER e consumo). O trabalho é remunerado em w unidades de consumo por hora trabalhada
(antes de impostos). O salário é tributado com uma tarifa ad-valorem t, incidente somente sobre as horas
de trabalho excedendo L 2 (0; 24).
a) Escreva a restrição orçamentária do agente.
b) Qual o nível ótimo de lazer e consumo.
R: a)A
8 restrição orçamentária do agente é:
< c = w(24 l) , se 24 l 6 L
c = wL + (1 t)w(24 l L) , se 24 l > L ,
:
c > 0, l 2 (0; 24)
equivalente
8 a:
< c + wl = 24w , se l > 24 L
c + (1 t)wl = wL + (1 t)w(24 L) , se l < 24 L :
:
c > 0, l 2 (0; 24)

Restrição orçamentária.

b)A escolha de lazer ótimo ocorerá no interior de uma região de alíquota ((0; 24 L) ou (24 L; 24),
regiões A ou B no grá…co) se, e somente se, essa fosse a escolha ótima se a restrição orçamentária

1
fosse a extrapolação linear da restrição orçamentária no ponto (os trechos tracejados), devido à quase-
concavidade da utilidade.
Então
c + (1 t)wl = wL + (1 t)w(24 L)
l 2 (0; 24 L) é ótimo para o problema em questão () l é ótimo em (1),
c > 0, l 2 (0; 24)
e
c + wl = 24w
l 2 (24 L; 24) é ótimo para o problema em questão () l é ótimo em (2):
c > 0, l 2 (0; 24)
1 2
Vamos chamar de l (w; t) e l (w; t) as demandas das situações hipotéticas (1) e (2). Então

(1 )(wL + (1 t)(24 L))


l1 (w; t) = ,e
(1 t)w
(1 )24w
l1 (w; t) = = 24(1 ):
w

E a demanda
8 1por lazer é: 1
< l (w; t) ,se l (w; t) 2 (0; 24 L)
l(w; t) = l2 (w; t) ,se l2 (w; t) 2 (24 L; 24) :
:
24 L , caso contrário.
E o consumo
8 …ca de…nido:
< wL + (1 t)w(24 l1 (w; t) L) ,se l1 (w; t) 2 (0; 24 L)
c(w; t) = w(24 l2 (w; t)) ,se l2 (w; t) 2 (24 L; 24)
:
w(24 L) , caso contrário.
IMPORTANTE: As rendas virtuais para as situações A e B nesse caso seriam:

IA twL;
IB 0;

e o problema do consumidor poderia ser escrito como:

c = (1 t)w(24 l) + IA ,se l 2 (0; 24 L) (Como se a taxação fosse


max U (c; l) s.a.
w;l c = w(24 l) + IB ,se l 2 (24 L; 24): linear com a alíquota relevante)

(Note que a renda virtual é o quanto deve ser dado ao indivíduo, caso a tarifa fosse linear, para que ele
escolhesse o mesmo nível de trabalho - e logo, lazer.) O que acontece com variações do nível de tarifa
(dentro das regiões A, B e na quebra)?

Exercício 2 Suponha que as preferências determinada pessoa por viagens e aulas de piano possam ser
representadas pela função utilidade abaixo:

1. u(v; p) = 100v + p3

(a) Por que o método do Lagrangeano não pode ser utilizado para resolver o problema deste consum-
idor?
(b) Argumente que apenas um dos bens será consumido na solução do problema do consumidor (dica:
observe o formato da função utilidade).
(c) De…na um bem inferior.
(d) Suponha que cada viagem custe R$200 enquanto cada aula de piano custe R$50. A estes preços,
existe alguma renda para a qual um destes bens é inferior?

R: a) Note que u(.,.) é convexa. Assim, a solução encontrada via C.P.O. do Lagrangeano é um ponto de
mínimo e não um ponto de máximo.
b) Como u é convexa, temos que cestas extremas serão preferidas a cestas intermediárias.
c) Um bem é dito inferior se seu consumo se reduz a medida que a renda aumenta mantendo-se os
preços constantes (ver JR - pág. 54).

2
w
d) Se o consumidor gasta toda a sua renda em viagens, então v = 200 . Se ele gasta toda a renda em
w w w
aulas de piano, então v = 50 . Então, ele gastará toda sua renda em viagens se u 200 ; 0 > u 0; 50
w w 3
() 2 > 50 () w < 250:
Analogamente, o consumidor gastará toda sua renda em aulas de piano se w > 250. Logo, para
w = 250, o consumo de viagens se reduz com um aumento na renda. Portanto, viagens é um bem
inferior para w = 250. (viagens é um bem inferior pois há uma variação de renda em que há redução
da demanda - na verdade, na renda 250 há indiferença - desse bem. No entanto para a de…nição com
derivadas - @x(p;y)
@y > 0 - não há o que falar, já que a função demanda é não derivável.)

Exercício 3 Função Demanda Excedente

a) Mostre que a demanda excedente é homogênea de grau zero.


b) Mostre que a utilidade indireta gerada é quase-convexa

R: O problema da função demanda excedente é:


a

z(p) = arg max u(x)


s:a:p:(x x) 0

Note que multiplicando os preços por > 0 a restrição não será alterada, portanto a solução do
problema também não será.
b Observe que basta mostrar que, sendo p1 ; p2 2 Rn ; 2 (0; 1) quaisquer e pt = p1 + (1 )p2 ,
V (pt ; x) maxf V (p1 ; x); V (p2 ; x)g.
Suponha que não, então a escolha aos preços pt (de…nida por xt ) não é factível em nenhum dos preços
iniciais. Devemos ter, portanto:

p1 :(xt x) > 0
p2 :(xt x) > 0
De onde temos : pt :(xt x) > 0 uma contradição.

Exercício 4 Suponha que um trabalhador possui função de utilidade fracamente separável no consumo de
bens e no lazer, ou seja, U (v(l); h(x)); em que l 2 (0; 24) e x 2 <2+ :O bem x1 é um bem normal enquanto o
bem x2 é um bem inferior. Suponha que, inicialmente, a legislação trabalhista determina que, se um agente
deseja trabalhar, tem de trabalhar por doze horas diárias, sendo remunerado em 10 reais por hora. (Admita
que o trabalhador escolhe trabalhar em ambas as situações). Suponha agora que o governo reduz a jornada
de trabalho e reduz o preço dos bens de consumo igualmente de tal sorte que mantém o poder de compra do
trabalhador. O que ocorre com o consumo relativo dos bens 1 e 2? Explique.

R: Note a natureza do problema. O fato de um bem ser normal e o outro ser inferior é irrelevante para a
resposta (queria ver se vcs dominaram o conceito de separabilidade fraca). Tome dois bens quaisquer
@h(x)=@xi
xi e xj . A taxa marginal de substituição entre estes bens é dada por . O resultado prático
@h(x)=@xj
disto é que, dado um montante de renda a ser gasto nos bens de consumo, a escolha sobre quanto
consumir de cada bem depende apenas dos preços relativos dos bens dentro deste grupo (grupo dos
bens de consumo). Como, por hipótese, não houve alteração nos preços relativos entre os bens (embora
a relação entre preço do lazer e preço dos bens de consumo tenha aumentado) e como a renda a ser gasta
com os bens não variou, não ocorre nenhuma alteração nem no consumo relativo, nem no consumo
absoluto dos bens. O consumo de lazer, por sua vez, aumenta compulsoriamente.

Exercício 5 (MWG 3.I.3) Considere uma mudança de um vetor de preços inicial p0 para um vetor
de preços …nal p1 p0 feita de tal maneira que apenas o preço do bem l é modi…cado. Mostre que
0 1 0 1
CV(p ; p ; w) >EV(p ; p ; w) se o bem l é inferior.

3
@xl
R: xl é inferior: @y <0

pl1 < pl0 ) u1 > u0

pR0l
1. EV = hl (pl ; p l ; u1 )dpl
p1l

pR0l
CV = hl (pl ; p l ; u0 )dpl
p1l

@xl @e(p;u)
Pela dualidade (também usando que @y <0e @u > 0)
hl (p; u0 ) = xl (p; e(p; u0 )) > xl (p; e(p; u1 )) = hl (p; u1 )
Logo, CV>EV
Nota: As de…nições utilizadas foram as de MWG, o resultado é revertido para a de…nição utilizada nas notas
de aula.

Exercício 6 (MWG 3.I.5) Mostre que se u(x) é quase-linear em relação ao bem 1, então CV(p0 ; p1 ; w) =EV(p0 ; p1 ; w):
[quase-linearidade em relação ao bem 1: U(x1 ; x2 ; :::; xn ) = x1 + f (x2 ; :::; xn )]

R: Tome o problema de minimização de gasto:

min x1 + p 1 x 1
sa u = x1 + f (x 1 )

Derivando as CPOs (ignorando quaisquer restrições de não-negatividade):

= 1
pi = fi (x ); i 6= 1

Da primeira, usando a interpretação para dada pelo Teorema do Envelope, podemos perceber que
= @e(p;u)
@u = 1: Logo, e(p,u) é linear em u e pode ser decomposta como:

e(p; u) = (p) + u

Usando esta decomposição:


CV= e(p1 ; u1 ) e(p1 ; u0 ) = (p1 ) + u1 (p1 ) u0 = u1 u0
0 1 0 0 0 1 0 0 1
EV= e(p ; u ) e(p ; u ) = (p ) + u (p ) u =u u0
Logo, sob quase-linearidade, CV=EV.
Nota: Pela de…nição das notas de aula os sinais de CV e EV são trocados.

Exercício 7 (Prova 2004) Responda Verdadeiro ou Falso justi…cando sua resposta.

a) Uma pessoa está indiferente entre morar em duas cidades A e B. Se o preço do bem i é maior na
cidade A e todos os demais preços são iguais, então a pessoa necessariamente consumirá menos desse bem
se estiver vivendo em A.

R: Verdadeiro. A indiferença é o elemento chave do enunciado. Ela indica que estamos analisando a
demanda ao manter-se a utilidade constante. Trata-se, portanto, da demanda hicksiana. Como a
demanda hicksiana é sempre negativamente inclinada, sabe-se que o consumo do bem i será menor em
A.

4
b) Ainda considerando a pessoa da pergunta anterior. Supondo que em ambas as cidades ela só possa
trabalhar turnos …xos (ou seja, oferta de trabalho é …xa) então, a diferença percentual do consumo do bem
i de uma cidade para outra será menor do que seria se pudesse ajustar as horas de trabalho se e somente se
lazer e o bem i são complementares.

R: Falso. De…na:

xc (p; w; l) = arg max U (x; l)


x
s:a: p x w(24 l)

(x(p; w); l(p; w)) = arg max U (x; l)


x;l
s:a: p x w(24 l)

Então temos xi (p; w) = xci (p; w; l(p; w)) para todo bem i. Temos

@xi (p; w) @xci (p; w; l(p; w)) @xci (p; w; l(p; w)) @l(p; w)
= +
@pi @pi @l @pi
Então
@xci (p; w; l(p; w)) pi @xi (p; w) pi @xci (p; w; l(p; w))
=
@pi xci (p; w; l(p; w)) @pi xi (p; w) | @l
{z }
| {z } | {z }
elasticidade condicional elasticidade "norm al" SINAL INDEFINIDO (dep ende se o b em i é norm al ou inferior)

@l(p; w) pi
:
@p xi (p; w)
| {zi } | {z }
<0 (com plem entares) >0

c) Se um bem é bem de Gi¤en, sua elasticidade Frish da demanda (com relação ao próprio preço) é
positiva.
@xf
R: Falso. Sob a hipótese usual de que @ 2 v(p; y)=@y 2 < 0;temos que @pii < @@pii < 0: Mesmo que optássemos
por violá-la, teríamos que impor que @ 2 v(p; y)=@y 2 fosse su…cientemente maior que zero para garantir a
inclinação positiva da demanda Frisch. De modo geral, esta condição não estaria satisfeita e a a…rmação
seria, portanto, falsa.

d) Você possui uma casa onde mora. Se o preço da casa aumenta você está melhor de vida (sua utilidade
aumenta).

R: Como o seu consumo anterior continua factível, devido à propriedade da casa, então a utilidade não
decresce.

e) Você possui uma casa onde mora. Se o preço da casa diminui você está pior de vida (sua utilidade
diminui).

R: Falso. Analogamente, a utilidade não decresce.

Exercício 8 (Prova 2005) Considere um agente cuja função de utilidade indireta é

v(p; y) = + ( + ) log y log p1 log p2

onde é uma constante.


a) Ache as demandas marshallianas dos bens 1 e 2.

5
R: - @v=@p1
@v=@y = x1 ) y=p1 ( + ) = x1

- @v=@p2
@v=@y = x2 ) y=p2 ( + ) = x2

b)Ache a função despesa e as demandas hicksianas dos bens.

R: Pela dualidade, v(p,e(p,u))=u. Logo,


¯ ¯
v(p; y) = + ( + ) log y log p1 log p2

é equivalente a
u= + ( + ) log e(p; u) log p1 log p2 :
¯ ¯
Isolando e(p,u), chega-se a:
¯ u-
=( + ) =( + )
e(p; u) = e ( ¯ + ) :p1 p2
¯
c) Como a utilidade marginal da renda varia como função de mudanças nos preços? Ache a demanda
Frisch.
A utilidade marginal da renda é dada por @v(p;y)
@y = ( + )=y: Note que ela independe de preços, variando
apenas com a renda. Mantê-la constante, como faz-se para obter a demanda Frisch, é equivalente, portanto
a manter a renda constante, como faz-se para obter a demanda marshalliana. Logo,
y
xfi (p; ) = x(p; y( )) = =
pi ( + ) pi

6
Lista 3
1. Calcule a demanda para as seguintes utilidades:

(a) u (x1 , . . . , xn ) = xα1 1 xα2 2 · · · xαnn , x ≥ 0 sendo αi > 0, 1 ≤ i ≤ n;


(b) u (x, y) = min {x, y};
(c) u (x, y) = min {x + 1, 2x + 2y};
√ √
(d) u (x, y) = x + y.

2. Sejam u, v : RL+ → R utilidades contı́nuas. Consider a função

w (x) = min {u (x) , v (x)} .

Suponha que u e v satisfaçam a propriedade

P ∈ {mon., mon. forte, quase-concavidade,concavidade} .

Determine se w (·) tambem satisfaz P .

3. Determine a utilidade indireta para as funções do exercı́cio 1 (a,b,d).

4. No exercı́cio 1 qual relação de preferência tem bem de Giffen?

5. 2.E.1, 3.C.6, 3.D.5, 3.D.6 (a,b), 3.E.5, 3.G.4 (c,d), 3.G.15, 3.G.16 (a,b)

6. Seja U : RL+ → R homogênea de grau um. Então a utilidade indireta e a


demanda são homogêneas de grau um na renda/riqueza.

7. Se a utilidade indireta tiver a forma v (p, w) = a (p) + b (p) w quais restrições


devemos impor nas funções a (·) e b (·)?

8. Obtenha a demanda Marshalliana para U (x, y) = x + 2 y.

9. Verifique que u (x1 , x2 , . . . , xn ) = k1 log (x1 )+. . .+kn log (xn ) é (estritamente)
côncava para x ∈ Rn++ se k = (k1 , . . . , kn ) >> 0.

5
Professor: Paulo Klinger Monteiro Microeconomia I - 2009
Monitor: Pedro Miguel Olea de Souza e Silva EPGE

Gabarito - Aula 22/01

Exercı́cio 1. Suponha w > 0 e p ∈ RL++ .

a. Seja L = {1, . . . , n}.

Lema 1. Se x ∈ X(p, w), então x  0.

Demonstração. Suponha por absurdo que x ∈ X(p, w) e existe j ∈ L tal que xj = 0.


Então u(x) = 0. Mas como w > 0, existe y ∈ RL++ tal que py < w. Ainda u(y) > 0
⇒ u(y) > u(x), contradição.

Defina v : RL++ → R por


X
v(x) = ln (u(x)) = αi ln(xi )
i∈L

Temos que v é uma transformação estritamente crescente de u em RL++ , logo do


Lema 1 temos que v representa u na região relevante para a escolha. Como a
função ln é côncava1 , e a soma de funções côncavas é côncava2 , temos que v é
côncava.
Como v é côncava, diferênciável e monótona em RL++ , temos pelo Teorema 5 que
uma condição necessária e suficiente para x̂ ∈ X(p, w) é que exista λ ≥ 0 tal que3

(i) αi x1i ≤ λpi , ∀i ∈ L


(ii) αi x1i ≤ λpi , ∀i ∈ L, sempre que x̂i > 0.

Mas, pelo Lema 1 temos que xi > 0, ∀i ∈ L. Portanto de (ii), temos λ > 0.
Tome i, k ∈ L, como valem as igualdades em (ii) e λ > 0, dividindo as respectivas
equações temos
αi x̂k pi
= (1)
αk x̂i pk
Temos também, como vPé monótona em RL++ , que vale a restrição orçamentária
4
(R.O.) com igualdade ( pi x̂i = w). Substituido (1) na R.O. encontramos
i∈L

αk w
x̂k = xk (p, w) = P
n
p
αj k
j=1

para qualquer k ∈ L. Logo X(p, w) = {x(p, w)}.


1
Basta derivar.
2
Seja X convexo. Se f, g : X → R são côncavas, então f + g é côncava. Ainda se f : X → R é
côncava, então para qualquer a > 0, af é concava.
3
Note que não pode ser o caso x̂ ∈ RL L
+ \R++ , pelo fato argumentado no caso (1).
4
Lei de Walras

1
b. Como u é contı́nua no conjunto compacto Bpw , então existe (x? , y ? ) ∈ X(p, w). Temos
x? = y ? . Suponha por absurdo que não, i.e., (s.p.g.) x? < y ? . Tome r = (y ? − x? ) 21 .
Temos u(x? + r ppxy , y ? − r) > u(x? , y ? ) e
 
? py
px x + r + py (y ? − r) = px x? + py y ? ≤ w
px
 
pois X(p, w) ⊂ Bpw . Assim x? + r ppxy , y ? − r ∈ Bpw , contradição pois (x? , y ? ) ∈
X(p, w). Logo x? = y ? .
Por outro lado, como u é monótona, temos que no ótimo a R.O. vale com igualdade,
então
w
p x x? + p y y ? = w ⇒ x? = y ? =
px + p y
n o
w
Logo X(p, w) = , w ) .
px +py px +py

c. Como Bpw é compacto então existe (x? , y ? ) ∈ X(p, w). Além disso como u é monótona,
vale a Lei de Walras. Façamos a análise em alguns casos5 :

(1) w ≥ px ⇒ (x? , y ? ) = ( pwx , 0).


De fato, suponha por contradição que y ? > 0 ⇔ x? < pwx . Portanto, como
w
px
≥ 1, temos que 2 pwx ≥ pwx + 1 > x? + 1 ≥ u(x? , y ? ), contradição, pois ( pwx , 0)
é factı́vel.
(2) Se w < px . Temos 3 sub casos:
(i) px < py ⇒ (x? , y ? ) = ( pwx , 0)
De fato, suponha por absurdo que y ? > 0. Tome x̂ = x? + ppxy y ? . Temos
x̂ > x? e x̂ > x? + y ? pois ppxy > 1. Logo u(x̂, 0) > u(x? , y ? ), contradição.
(ii) Se px > py , temos x? + 1 = 2x? + 2y ? . Suponha por contradição que
x? + 1 > 2(x? + y ? ). Como px > py , temos que existe r ∈ (0, x? ), (x̂, ŷ) =
(x? −r, y ? +r ppxy ) tal que u(x̂, ŷ) > u(x? , y ? ), contradição. Agora se x? +1 <
2(x? + y ? ), então como x? < 1, temos y ? > 0. Assim existe r ∈ (0, y ? ) tal
que se (x̂, ŷ) = (x? + ppxy r, y ? − r), então u(x̂, ŷ) > u(x? , y ? ), contradição.
Logo,
 por esta igualdade e usando a Lei de Walras, temos (x? , y ? ) =
2w−py
, px −w .
2px −py 2px −py

(iii) Se px = py = p, então (x? , y ? ) ∈ A, onde


   
2 2w − p p − w w
A = (x, y) ∈ R+ ; (x, y) = r , + (1 − r)( , 0), r ∈ [0, 1]
p p p

Mas A se encontra sobre a fronteira da restrição orçamentária e o agente é


indiferente entre qualquer cesta pertencente à A. De fato 2w−pp
p + p−w
p
p=
w
w e p p = w o que implica que se (x, y) ∈ A, então px + py = w. Por outro

5
Faça o gráfico das curvas de indiferença.

2
lado se (x, y) ∈ A então existe t ∈ [0, 1] tal que
 
2w − p p − w w
(x, y) = t , + (1 − t)( , 0) =
p p p
    
w w w
= t − 1 + ,t 1 −
p p p

Então
     
w w w w w
u(x, y) = min{t − 1 + + 1, 2t − 1 + 2 + 2t 1 − }
p p p p p
 
w w w w
= min{t − 1 + + 1, 2 } = 2
p p p p

pois wp < 1. Quero mostrar que X(p, w) = A. Como u é monótona, basta


verificar que para (z1 , z2 ) ∈ R2+ tais que pz1 + pz2 = w e z1 < 2w−p
p
, então
2w−p 2w−p
u(z1 , z2 ) < 2 wp . Mas, se z1 < p , então z1 + 1 < p + 1 = 2w p
. Logo
2w
u(z1 , z2 ) < p . Portanto
   
2 2w − p p − w w
X(p, w) = (x, y) ∈ R+ ; (x, y) = r , + (1 − r)( , 0), r ∈ [0, 1]
p p p

Exercı́cio 2. Vale para monotonicidade e monotonicidade forte6


Quase-concavidade: Sejam x, y ∈ RL+ e r ∈ (0, 1). Então

w(rx + (1 − r)y) = min{u(rx + (1 − r)y), v(rx + (1 − r)y)} ≥


≥ min{min{u(x), u(y)}, min{v(x), v(y)}} =
= min{min{u(x), v(x)}, min{u(y), v(y)}} =
= min{w(x), w(y)}

Assim w é quase-côncava.
Concavidade: Sejam x, y ∈ RL+ e r ∈ (0, 1). Então

w(rx + (1 − r)y) = min{u(rx + (1 − r)y), v(rx + (1 − r)y)} ≥


≥ min{ru(x) + (1 − r)u(y), rv(x) + (1 − r)v(y)} ≥
≥ r min{u(x), v(x)} + (1 − r) min{u(y), v(y)}

Logo w é côncava.

Exercı́cio 4. O bem y no item (c) para w < px e px > py .

Exercı́cio 6. Suponha que p  0. Considere w > 0 e r ∈ R++ . Sejam v(p, w) e X(p, w)


a função de utilidade indireta e a correspondência de demanda, respectivamente. Basta
6
Pq esse resultado não vale para as funções dos itens 1.b e 1.c (monotonicidade forte) ? Elas não são
combinações de funções fortemente monótonas.

3
provar que se x ∈ X(p, w) então rx ∈ X(p, rw), pois neste caso v(p, rw) = u(rx) =
ru(x) = rv(p, w). Seja x? ∈ X(p, w), então u(x? ) ≥ u(y), ∀y ∈ Bp,w . Suponha por
absurdo que rx? ∈  z ∈ Bp,rw tal 1que u(z)
/ X(p, rw). Então existe > u(rx? ). Como u é
homogênea de grau 1, temos que u r z > u(x). Mas p r z ≤ r (rw), assim 1r z ∈ Bp,w ,
1 1

contradição. Logo a correspondência de demanda e a função de utilidade indireta são


homogêneas de grau 1.

4
Microeconomia I - 2010

Lista de Exercícios 4

1. 5.B.2, 5.B.3, 5.B.5, 5.B.6(b,c,d), 5.C.2, 5.C.6, 5.C.8, 5.C.9, 5.C.10,


5.D.4, 5.AA.4
2. A soma de dois conjuntos fechados pode não ser fechada. Verique
que X = X1 + X2 não é fechado se X1 = {(x, 0) : x ≤ 0} e X2 =
{(x, y) : xy ≥ 1}.

1
Professor: Paulo Klinger Monteiro Microeconomia I - 2010
Monitor: Mateus Nunes Rabello EPGE

Gabarito - Lista 4

Exercı́cio 2. Primeiro provarei que X1 e X2 são fechados. Seja (xn , 0) ∈ X1 para todo
n ∈ N t.q. (xn , 0) → (x, 0). Logo xn ≤ 0 e passando o limite temos que x ≤ 0. Logo,
(x, 0) ∈ X1 . Da mesma forma, seja (xn , yn ) ∈ X2 t.q. (xn , yn ) → (x, y). Como temos
xn yn ≥ 1, tomando o limite temos xy ≥ 1 e portanto (x, y) ∈ X2 .
Sejam as sequências (−n, 0) ∈ X1 e (n, n1 ) ∈ X2 . Temos então que (−n, 0) + (n, n1 ) =
(0, n ) ∈ X e, evidentemente (0, n1 ) → (0, 0). Suponha por contradição que (0, 0) ∈ X.
1

Logo ∃(x, 0) ∈ X1 e (z, y) ∈ X2 t.q. (x, 0) + (z, y) = (0, 0) implicando que y = 0 e


portanto zy = 0 < 1, uma contradição com o fato de (z, y) ∈ X2 . Portanto X = X1 + X2
não é fechado.

1
Lista 4 de Microeconomia I

Professor: Carlos E.E.L. da Costa


Monitor: Vitor Farinha Luz

Exercício 1 Antes de casar, a esposa possuia preferências que poderiam ser representadas por v1 (x1 ) e o
esposo por v2 (y2 ): Suponha que as preferências do casal possam ser representadas pela seguinte função de
utilidade:
v1 (x1 ) + v2 (y2 );
em que x1 = (x11 ; :::; x1n ) e y2 é um escalar. Isto é, o esposo consome 1 bem só, enquanto que a esposa
consome n. Suponha que v1 () e v2 () sejam estritamente crescentes. O casal está sujeito a seguinte restrição
orçamentária: p1 x1 + qy2 m: Mostre que um bem consumido pela esposa será substituto ao ( único) bem
consumido pelo esposo se e só se fosse um bem superior anteriormente ao casamento.

Exercício 2 (Prova 2005) Um indivíduo tem preferências sobre duas "commodities" (a,b) representadas por

log z a + (1 ) log z b

onde zi ; i = a; b; denota a quantidade consumida da "commodity" i.


Infelizmente, as "commodities" não são diretamente comercializáveis, mas podem ser adquiridas por meio
da compra de bens. Cada unidade do bem 1 contém a1 unidades da commodity a e b2 unidades da commodity
b. Já para o bem 2, as quantidades de commodities são a2 e b2 :
a) Sendo p1 e p2 os preços dos bens 1 e 2, respectivamente, monte o problema de maximizaçãoi do
indivíduo supondo que sua renda é y.
b) Ache a função demanda dos bens 1 e 2. Qual o preço relativo das duas commodities? Qual a demanda
das commodities em função dos preços dos bens 1 e 2?
c) Suponha que um terceiro bem, que contenha as quantidades a3 e b3 das das commodities a e b,
respectivamente, esteja disponível. Qual preço deste bem (como função de p1 e p2 ) garante que todos os três
bens possam ser demandados em quantidades positivas pelo agente?

Exercício 3 (Prova 2005) Dizemos que as escolhas dos agentes satisfazem ao axioma fraco das preferências
reveladas sempre que para todo par distinto de cestas x0 (escolhida aos preços p0 ) e x1 (escolhida aos preços
p1 ) tivermos
p0 x1 p0 x0 ) p1 x0 > p1 x1
Traduzindo: se x0 foi escolhida quando x1 era viável, então se x1 for escolhida é porque x0 não é viável.
Mostre que se as escolhas satisfazem ao axioma fraco das preferências reveladas, então a demanda com-
pensada é negativamente inclinida.
(Dica: Basta mostrar que (p1 p0 )(x1 (p1 ; p1 x0 ) x0 ) 0 usando o fato de que vale o Axioma Fraco).

Exercício 4 (MWG 4.B.1) Prove que se as preferências admitem funções de utilidade indireta com a forma
polar de Gorman com o mesmo b(p) para todos agentes, ou seja,

vi (p; w) = ai (p) + b(p)wi ;

então o conjunto de consumidores exibe caminhos de expansão da renda retos e paralelos. Mostre também
que estas preferências admitem funções despesa da forma ei (p; ui ) = c(p)ui + di (p):

Exercício 5 Resolva MWG 4.D.1

Exercício 6 (Prova 2004) Uma pessoa tem utilidade de…nida sobre um vetor x de bens e lazer l, represen-
táveis por u (x,l) . Seja p o vetor de preços dos bens, w o salário e l a dotação total de horas do agente.
Suponha que o governo resolva tributar a renda do agente a uma alíquota …xa , de tal maneira que o salário
líquido do agente seja w(1 - ) .
a) Escreva a restrição orçamentária do agente.
b) Mostre que existe um sistema de tributação equivalente (no sentido de gerar as mesmas escolhas e
o mesmo bem-estar) onde a renda do trabalho não é tributada mas somente os bens são. Relacione esse
resultado com a homogeneidade das funções utilidade indireta e demanda.

1
c) A imposição do tributo aumenta ou diminui a oferta de trabalho supondo que o lazer é normal [dica:
use a equação de Slutsky]?
d) Suponha que o governo trans…ra de volta para as pessoas todo o recurso arrecadado como um pagamento
…xo B (não dependente da renda do trabalho individual). A oferta de trabalho é igual ao caso em que não há
intervenção do governo (B = 0, = 0)? [Não precisa formalizar, argumentação verbal é su…ciente.]

2
Gabarito Lista 4
(questões de agregação)
Prof.: Carlos Eugênio
Monitor: Vitor Farinha Luz

Exercício 1 (MWG 4.B.1) Prove que se as preferências admitem funções de


utilidade indireta com a forma polar de Gorman com o mesmo b(p) para todos
agentes, ou seja,
vi (p; w) = ai (p) + b(p)wi ;
então o conjunto de consumidores exibe caminhos de expansão da renda retos
e paralelos. Mostre também que estas preferências admitem funções despesa da
forma ei (p; ui ) = c(p)ui + di (p):

Solução 1 Usando a identidade de Roy:

@v=@pi @ai (p)=@pi + @b(p)=@pi wi @ai (p)=@pi 1 @b(p)


xi (p; wi ) = = = wi
@v=@wi b(p)i b(p) b(p) @p

(o caminho de expansão da renda será, portando, uma reta. Apenas o intercepto


mudará entre indivíduos diferentes.)
Para a segunda parte da questão devemos usar dualidade, temos vi (p; ei (p; u)) =
u: Substituindo na equação da utilidade indireta,

ui = ai (p) + b(p)ei (p; ui ):

Rearrumando:
ai (p) 1
ei (p; ui ) = + ui :
b(p) b(p)
1 ai (p)
Agora basta renomear as expressões, de…nindo c(p) = b(p) e di (p) = b(p) para
chegarmos à forma desejada.

Exercício 2 Resolva MWG 4.D.1

Solução 2 Tome os dois problemas, com suas respectivas funções-valor:

v(p; w) = max(w1 ;:::;wI ) W (v1 (p; w1 ); :::; vI (p; wI )) (P1)


X
sa w wi
i

v^(p; w) = max W (u1 (x1 ); :::; uI (xI )) (P2)


(x1 ;:::;xI )
X
sa w p xi
i

1
ui (xi )
Tome (w1 ; :::; wI ) 2 arg max (P 1) : Seja xi 2 arg maxxi .
s.a. p xi wi
Então,
X X fwi gIi=1 factível em (P 1)
pxi wi ) p xi wi w:
Logo, (x1 ; :::; xI ) é factível em (P 2) ) v^(p; w) W (u1 (x1 ); :::; uI (xI )) =
W (v1 (p; w1 ); :::; vI (p; wI )) = v(p; w): Ou seja, v^(p; w) v(p; w):
Por outro lado, tome (^ x1 ; :::; x
^I ) 2 arg max(P 2): Seja w ^i = p x ^i , para i =
PI PI
1; :::; I. Da de…nição de v(p; wi ); v(p; w ^i ) u(^x1 ) 8i e w^i = p x ^i =
i=1 i=1
P
I
p x
^i w: Logo, segue que
i=1

v(p; w) W (v(p; w
^1 ); :::; vI (p; w
^I )) W (u(^
x1 ); :::; u(^
xI )) = v^(p; w):

Conclui-se, então, que v(p; w) = v^(p; w). Como (x1 (p; w1 ); :::; xI (p; wI )) é a
distribuição que, de maneira implícita nas decisões individuais, resolve (P 1)
atingindo v(p; w) = v^(p; w), ela também resolverá (P 2). Ou seja, um planejador
central pode, tanto resolver o problema completo de distribuição de bens quanto
distribuir apenas renda e deixar a alocação para os indivíduos.

2
Lista 41
1. (Separabilidade Fraca) Seja u : RL+ → R função de utilidade. Suponha
que existem v : R2 → R, φ1 : RL+1 → R e φ2 : RL+2 → R diferenciáveis2
e tais que L1 ∪ L2 = L, L1 ∩ L2 = ∅ e3

u(x, y) = v(φ1 (x), φ2 (y))

para todo (x, y) ∈ RL1 × RL2 .

(a) Suponha p ∈ RL++ e uma solução interior para o problema do


consumidor4 .
i. Sejam k1 , k2 ∈ L1 . Calcule a taxa marginal de substituição
entre os bens k1 e k2 .
ii. Sejam k ∈ L1 e l ∈ L2 . Qual a taxa marginal de substituição
entre os bens k e l ? Interprete a diferença do resultado obtido
aqui e o do item anterior.
(b) Considere agora o seguinte problema de minimização de despesa:

min pi · x
L
xR+i

s.a. φi (x) ≥ ai

onde a ∈ φi (RL+i ) e pi ∈ RL++


i
, para i ∈ {1, 2}. Seja µi (pi , ai ) o
multiplicador de Lagrange associado ao problema.
Supondo solução interior, qual a interpretação econômica do mul-
tiplicador de Lagrange em um problema de minimização de des-
pesa ? Então como podemos interpretar µi (pi , ai ) ?
(c) Sejam êi (pi , ai ) e ĥi (pi , ai ) as funções despesa e demanda hicksi-
ana5 associadas ao problema do item (b). Considere o seguinte
problema:
 
max v φ1 (ĥ1 (p1 , a1 ))), φ2 (ĥ2 (p2 , a2 ))
L L
(a1 ,a2 )∈φ1 (R+1 )×φ2 (R+2 )

s.a. ê1 (p1 , a1 ) + ê2 (p2 , a2 ) ≤ w


1
Enunciado do Exercı́cio 1, item (d) subitens (v)e (vi) foram alterados.
2
∇v  0, ∇φ1  0 e ∇φ1  0.
3
Nenhum dos resultados abaixo depende da hipótese de termos apenas 2 grupos, veri-
fique se achar necessário.
4
Considere a renda w como dada.
5
Assuma que é uma função.

1
i. Mostre que este problema é equivalente ao problema usual do
consumidor6 .
ii. Qual a principal diferença (na apresentação) entre este pro-
blema e o problema de um consumidor escolhendo entre 2
bens ? Esta diferença guarda qual relação com µi (pi , ai ) ?
iii. Mostre que se φi , i ∈ {1, 2}, for homotética, então temos o
problema de um consumidor escolhendo entre dois bens. Dê
a intuição para que esse resultado ocorra.
iv. Dê o exemplo de uma situação na qual pode ser interessante
reduzir a dimensionalidade do espaço de bens.
(d) Considere agora o seguinte problema de escolha:

max φi (x)
L
xR+i

s.a. pi · xi ≤ yi

onde yi > 0. Sejam v̂i (pi , yi ) e x̂i (pi , yi ) as funções de utilidade in-
direta e de demanda, respectivamente. Nos ı́tens abaixo suponha
diferenciabilidade das funções envolvidas sempre que necessário.
i. Escreva o problema do consumidor como uma escolha de ren-
das alocadas para os bens dos grupos L1 e L2 . Suponha que
o argmax é definido pela função y(p, w).
ii. Mostre que x(p, w) = (x̂i (pi , yi (p, w)))2i=1 , onde x(p, w) é a
demanda marshalliana do problema associado a maximizar u
sujeito ao preço p e à renda w. Note que a demanda de um
bem j ∈ L1 só depende do preço de k ∈ L2 através da renda
alocada para o grupo de bens L1 .
iii. Sejam j, k ∈ L1 . Utilizando os resultados anteriores, mostre
que temos uma equação análoga a equação de Slutsky em
termos das funções x̂i (pi , yi ), yi (p, w) e ĥi (pi , ai ).
iv. Agora se j ∈ L1 e k ∈ L2 , qual é a equação análoga à equação
de Slutsky ?
v. Sejam j ∈ L1 e k ∈ L2 . Defina gi (p, u) = yi (p, e(p, u)). Mostre
que
∂ x̂1,j (p1 , g1 (p, u)) ∂g2 (p, u)
/
∂y1 ∂pj
não depende de j.
6
i.e., mostre que existe uma bijeção entre as soluções dos dois problemas.

2
vi. Mostre que se um bem j ∈ L1 , normal no grupo L1 7 , é
substituto (estrito) de um bem normal k ∈ L2 , então o bem
j é substituto de todos os bens normais no grupo L2 .

x+ ×2 +4y
2. Obtenha a demanda para a função utilidade u (x, y) = 2
e
determine se tem bem inferior ou de Giffen.

3. Considere a função U definida na prop. 3.H.1,

U (x) := sup {u; p · x ≥ e (p, u) , ∀p >> 0} .

Mostre que U é fracamente monótona8 e quase-côncava.

4. Se ν (p, w) tem as propriedades de uma função utilidade indireta (ver


prop. 3.D.3) mostre que a função

U (x) = inf {v (p, p · x) ; p >> 0}

é fracamente monótona, quase-côncava e νU (p, w) = v (p, w).


1
5. Seja v (p, w) = w (pr1 + pr2 )− r . Verifique essa função tem as proprieda-
des de uma utilidade indireta e encontre uma função utilidade U cuja
utilidade indireta seja ν.

7
Considere a demanda intragrupo definida no item (d).
8
Isto quer dizer x >> y implica U (x) ≥ U (y) .

3
Professor: Paulo Klinger Monteiro Microeconomia I - 2009
Monitor: Pedro Miguel Olea de Souza e Silva EPGE

Gabarito - Lista 4

Exercı́cio 1.

a. Seja z = (x, y) ∈ RL+ +.

(i) Temos:

∂k1 u(z) ∂k φ1 (x)


T M Sk1 ,k2 = = 1 (1)
∂k2 u(z) ∂k2 φ1 (x)
No ótimo M RSk1 ,k2 = pk1 /pk2 .
(ii) Temos:
∂k u(z) ∂1 v(φ1 (x), φ2 (y)) ∂k φ1 (x)
T M Sk,l = = (2)
∂l u(z) ∂2 v(φ1 (x), φ2 (y)) ∂l φ2 (y)
No ótimo M RSk,l = pk /pl . Sem impor a condição de primeira ordem, no caso
analisado em (i) a taxa marginal de substituição entre os bens k1 , k2 ∈ L1 não
depende das quantidades consumidas dos bens do grupo L2 . Já em (ii) a T M S
pode depender das quantidades consumidas de todos os bens (como sempre é
verdade no caso geral do problema de um consumidor).
Mas, ao se impor a condição de primeira ordem do problema de maximização
a (1), a demanda por bens do grupo L1 (ou, simetricamente, do grupo L2 ),
fica determinada se o total de renda gasta no consumo dos bens do grupo L2
(respectivamente, L1 ) for dado. Assim, podemos interpretar que há uma certa
separação entre os problemas de escolha em cada um dos grupos de bens.

b. Seja êi (pi , ai ) a função despesa associada ao problema. Então pelo Teorema do Enve-
lope, temos:
∂êi (pi , ai )
µi (pi , ai ) =
∂ai
Assim, em um problema de minimização de despesa, o multiplicador de Langrange
nos dá o gasto marginal necessário para aumentar o nı́vel de utilidade do consumi-
dor. Podemos interpreta-lo então como o preço sombra1 associado à utilidade.
Neste caso especı́fico, note que temos que o nı́vel de utilidade do consumidor é
v(a1 , a2 ), então µi (pi , ai ) pode ser intrerpretado como o preço sombra de ”utilida-
des”de bens do grupo i ∈ {1, 2}.

c. Este exercı́cio se baseia na teoria de ”Orçamentação em dois estágios”2 .

(i) Seja (a?1 , a?2 ) ∈ φ1 (RL+1 ) × φ2 (RL+2 ) solução deste problema. Seja (x? , y ? ) =
(ĥ1 (p1 , a?1 ), ĥ1 (p1 , a?1 )). Suponha por absurdo que (x? , y ? ) não é solução do pro-
blema do consumidor. Então existe (x, y) P ∈ Bp,w tal que u(x, y) > u(x? , y ? ).
Tome (a1 , a2 ) = (φ1 (x), φ2 (y)). Então i êi (pi , ai ) ≤ p1 x + p2 y ≤ w e

1
Shadow price.
2
Two stage budgeting.

1
v(ĥ1 (p1 , a1 ), ĥ2 (p2 , a2 )) = v(a1 , a2 ) > v(a?1 , a?2 )3 , contradição. Logo (x? , y ? )
é solução do problema do consumidor.
Por outro lado, se (x? , y ? ) ∈ RL+ é solução do problema do consumidor, de-
fina (a?1 , a?2 ) = (φ1 (x? ), φ2 (y ? )). Temos u((x? , y ? )) ≥ v(φ1 (x), φ2 (y)), ∀(x, y) ∈
Bp,w , então v(a?1 , a?2 ) ≥ v(a1 , a2 ) para qualquer (a1 , a2 ) ∈ φ1 (RL+1 ) × φ2 (RL+2 )
tal que (ĥ1 (p1 , a1 ), ĥ2 (p2 , a2 )) ∈ Bp,w . Mas, como v é estritamente crescente, se
L1 L2
) e v(b1 , b2 ) > v(a?1 , a?2 ) = u(x? , y ? ) então i êi (pi , bi ) >
P
(b1 , b2 ) ∈ φ1 (R+ )×φ2 (R+
w. Logo (a?1 , a?2 ) é solução do problema.
Portanto a função φ = (φ1 , φ2 ) : RL+ → φ1 (RL+1 ) × φ2 (RL+2 ) define uma bijeção
entre os conjuntos solução dos dois problemas.
(ii) Neste problema os preços dos ”bens”a1 e a2 podem depender das quantidades
consumidas. Isto ocorre pois µi (pi , ai ) pode depender de ai . Note que pelo 1o
Teorema fundamental do Calculo4 :
Z ai
êi (pi , ai ) = µi (pi , s)ds
L
inf{φi (R+i )}

Se µi (pi , s) não variar com s, isto é se for possı́vel escrever µi (pi , s) = µ̂i (pi ), ∀s;
então êi (pi , ai ) = µ̂i (pi )[ai − inf{φi (RL+i )}]. Terı́amos então o problema de um
consumidor escolhendo entre dois bens sujeito a uma restrição orçamentária
linear.
(iii) Note que no ótimo temos

∂k φi (xi )µi (pi , ai ) = pk

para qualquer k ∈ Li . Mas como φi representa preferências homotéticas, então


φi é homogênea de grau 1. Então5
X X
µi (pi , ai ) ∂k φi (xi )xk = p k xk
k∈Li k∈Li

µi (pi , ai )ai = êi (pi , ai )

Usando que no caso em que φi é homogênea de grau 1 temos inf{φi (RL+i )} = 0,


temos Z ai
µi (pi , ai )ai = µi (pi , s)ds
0
para qualquer ai . Mas a única solução desta equação diferencial é a solução
constante. Logo pelo ı́tem anterior podemos concluir que pode-se interpretar
o problema como o de escolha entre dois bens.
Este resultado ocorre pois com preferências homotéticas a utilidade marginal
da renda é constante com relação à renda. Assim, o ganho marginal de comprar
uma unidade de ”utilidade”adicional de um grupo não varia com a quantidade
já comprada desta ”utilidade”.

3
Como φi é estritamente crecente, pela proposição 3.E.3, temos φi (ĥi (pi , ai )) = ai .
4
Usei êi (pi , inf{φi (RL
+ )}) = 0.
i

5 L
Note que se f : R+ → R é homogênea de grau 1 e diferenciável, então f (x) = ∂r [f (rx)] = Dx f (rx)·x
⇒ f (x) = Dx f (x) · x.

2
(iv) Em um modelo de escolha intertemporal, poderı́amos pensar os grupos de
bens como bens disponı́veis em diferentes perı́odos. Pode ser interessante
neste caso criar uma variável que possamos chamar de ”consumo”, como se
faz usualmente em macroeconomia.
Por outro lado, a propriedade de separabilidade pode ser importante para
que possamos tratar de forma relativamente independente algumas decisões
do consumidor. Por exemplo, em escolha sobre incerteza um investidor têm de
escolher um portfólio de ativos com retornos incertos e sua cesta de consumo.
Pode ser interessante considerar que o investidor decide em um estágio entre o
quanto consumir e o quanto investir ; e, no outro, decide quais ativos deseja.

d. (i) O problema é:

max u(x̂1 (p1 , y1 ), x̂2 (p2 , y2 )) (3)


(y1 ,y2 )>0

s.a. y1 + y2 ≤ w

(iii) De fato, basta replicar a demonstração feita em sala e temos:

∂pk xl (p, w) = ∂pk ĥ1,l (p1 , v1 (p1 , y1 (p, w))) − ∂y1 x̂1,l (p1 , y1 (p, w))∂pk y1 (p, w) (4)

(iv) Neste caso, temos:

∂pk xl (p, w) = ∂y1 x̂1,l (p1 , y1 (p, w))∂pk y1 (p, w) (5)

(v) Sejam j ∈ L1 e k ∈ L2 . Temos a identidade hj (p, u) = xj (p, e(p, u)) =


x̂j (p1 , g1 (p, u)). Logo ∂pk hj (p, u) = ∂y1 x̂j (p1 , g1 (p, u))∂pk g1 (p, u). Mas, pela
simetria da matriz de slutsky6 temos ∂pk hj (p, u) = ∂pj hk (p, u). Então temos
∂y1 x̂j (p1 , g1 (p, u))∂pk g1 (p, u) = ∂y2 x̂k (p2 , g2 (p, u))∂pj g2 (p, u). Logo

∂y1 x̂j (p1 , g1 (p, u)) ∂y x̂k (p2 , g2 (p, u)) 1


= 2 =
∂pj g2 (p, u) ∂pk g1 (p, u) κ

onde κ é constante pois a igualdade vale para qualquer j ∈ L1 e qualquer


k ∈ L2 .
(vi) Note que temos:

∂pk hj (p, u) = ∂y1 x̂j (p1 , g1 (p, u))∂pk g1 (p, u)


= κ (∂y1 x̂j (p1 , g1 (p, u))∂y2 x̂k (p2 , g2 (p, u)))

Por definição um bem é normal no grupo Li se ∂yi x̂l (pi , gi (p, u)) ≥ 0. Assim,
como ∂pk hj (p, u) < 0 concluimos que κ < 0. Logo ∂pl hj (p, u) < 0, ∀l ∈ L2 tal
que l é normal em L2 .

Exercı́cio 2. Não é difı́cil verificar que esta função não é côncava. Como u é contı́nua
e Bp,w compacto sabemos que o problema têm solução. Analisemos as condições de

6
Suponha ∂h contı́nua.

3
primeira ordem. Sabemos que se (x? , y ? ) ∈ Bp,w é solução do problema do consumidor,
existe λ ≥ 0 tal que:

∂x u(x? , y ? ) − λpx ≤ 0 = 0 ⇔ x? > 0 (6)


∂y u(x? , y ? ) − λpy ≤ 0 = 0 ⇔ y ? > 0 (7)
λ(w − px x? + py y ? ) = 0 (8)

É imediato que λ > 0. Apesar de não sabermos se tais condições são suficientes, sabemos
que se apenas um ponto as satisfizer, então é o máximo global. Temos três casos7 :

(i) p2x > wpy se, e somente se, X(p, w) = (0, pwy ).
Seja p2x > wpy , suponha por absurdo que x? > 0. Temos neste caso que (6) vale
com igualdade. Então
− 1
1 + x? (x? )2 + 4y ? 2
λ= (9)
2px
Assim
− 1
? 2
 1
? −2 1 + x? (x? )2 + 4y ? 2 py
(x ) + 4y ≤ (10)
2 px
2px 1
≤ (x? )2 + 4y ? 2 + x?

(11)
py

Se y ? = 0, temos
px w
≤ x? ⇒ x? > (12)
py px
contradição com a restrição orçamentária.
Se y ? > 0, então temos que (11) vale com igualdade. Portanto:
2px 1
− x? = (x? )2 + 4y ? 2 (13)
py
 
px px
⇒ y? = −x ?
(14)
py py
w−py y ?
Mas, como λ > 0 então x? = px
. Substituindo esta última igualdade em (14),
p2x w
temos w = , contradição. Logo x = 0, então como λ > 0, temos y ? =
py
?
py
. É fácil
provar que também vale a volta.

(ii) p2x < wpy se, e somente se, X(p, w) = ( pwx , 0).
Análogo ao caso anterior.

(iii) Se p2x = wpy , dos casos (i) e (ii) temos que (x? , y ? )  0. Então

1
λ = (15)
2px − py x?

7
Uma boa estratégia para descobrir quais são os casos é fazer ”engenharia reversa”, i.e., supor por
exemplo x? > 0 e y ? = 0, assim se pode encontrar as desigualdades em termos de preços.

4
Substituindo este resultado em (7) e elevando os dois lados da equação ao quadrado,
temos:
p2x − px py x? = p2y y ? (16)
Assim qualquer solução de (16) satisfaz as condições de primeira ordem8 . Calcule-
mos o máximo de u restrito a estes pontos. Defina g(x) = u(x, px −pp2x py x ), temos
y

r  
x + x2 + 4 ppxy ppxy − x
q
x+ (x − 2 ppxy )2 x + x − 2 ppxy

g(x) = = =
2 2 2
 
px −px py x px px px
Mas note que y = p2y
= py py
−x ≥0⇒ py
≥ x, portanto

x − x + 2 ppxy px
g(x) = = (17)
2 py
 2
px
Logo temos9 X(p, w) = {(r pwx , py
− r pwy ); r ∈ [0, 1]}.

Não temos bem de Giffen. Quando um preço de um bem aumenta, a quantidade deman-
dada diminui. Por outro lado, o bem y é inferior no ponto em que há uma mudança do
caso (i) para o caso (ii)10 .

Exercı́cio 3. Seja x ∈ Rn+ e Vx = {u; p · x ≥ e(p, u), ∀p  0}. Pela demonstração da


proposição 3.H.1 feita em aula, Vx é limitado superiormente e não vazio. Logo U (x) está
bem definido.
Monotonicidade fraca Sejam x, y ∈ Rn+ tais que x  y. Então p·x > p·y para qualquer
p  0. Portanto, se u0 ∈ Vy , temos u0 ∈ Vx ⇒ Vy ⊂ Vx . Logo sup Vx ≥ sup Vy ⇒
U (x) ≥ U (y).
Quase-concavidade Para b ∈ R, defina Ab = {x; U (x) ≥ b}. Temos que U é quase-
côncava se e somente se Ab for convexo para todo número real b. Se Ab = ∅, então
é convexo. Se Ab 6= ∅, tome x0 , x00 ∈ Ab e r ∈ (0, 1). Portanto existem u0 ∈ Vx0 e
u00 ∈ Vx00 , tais que u0 ≥ b, u00 ≥ b e, então,

r(px0 ) + (1 − r)(px00 ) ≥ re(p, u0 ) + (1 − r)e(p, u00 ) , ∀p  0


⇒ p(rx0 + (1 − r)x00 ) ≥ e(p, min{u0 , u00 }) , ∀p  0

Então min{u0 , u00 } ∈ Vrx0 +(1−r)x00 Como min{u0 , u00 } ≥ b, temos U (rx0 + (1 − r)x00 ) =
sup Vrx0 +(1−r)x00 ≥ b. Logo Ab é convexo. Como b é qualquer, U é quase-côncava.

Exercı́cio 4. A proposição é:


Proposição 1 (3.D.3). A utilidade indireta ν (p, w) é:

1. homogênea de grau zero em (p, w);


8 p2
Note que ao utilizar a restrição orçamentária e w = pxy chegamos a uma identidade.
9
Usando (16).
10
Mas note que em cada uma das regiões separadamente ele é normal.

5
2. estritamente crescente em w e decrescente em p;

3. quase-convexa em (p, w);

4. contı́nua em (p, w).

Defina o conjunto Gx = {v(p, p · x); p  0}. Como v é homogênea de grau zero,


Gx = {v(p, p · x); p  0, kpk = 1}. Temos {p; p  0, kpk = 1} ⊂ {p; kpk = 1} := ∆.
Como ∆ é compacto e v é contı́nua, temos que Gx é limitado inferiormente. Logo U (x)
está bem definido.

Monotonicidade fraca Sejam x, y ∈ Rn+ tais que x  y. Então p · x > p · y, ∀p  0


⇒ v(p, px) > v(p, py), ∀p  0, pois v é estritamente crescente em seu segundo
argumento. Logo inf Gx ≥ inf Gy ⇒ U (x) ≥ U (y).

Quase-concavidade Sejam x, y ∈ Rn+ e r ∈ (0, 1). Fixe p0  0, então, como v é es-


tritamente crescente em seu segundo argumento, temos v(p0 , p0 (rx + (1 − r)y)) ≥
v(p0 , min{p0 x, p0 y}) = min{v(p0 , p0 x), v(p0 , p0 y)}. Agora, como p0 foi tomado arbitra-
riamente, temos inf Grx+(1−r)y ≥ {U (x), U (y)}. Logo U é quase-côncava.

vU (p, w) = v(p, w) Primeiro, provemos que v(p, w) ≥ vU (p, w). Seja Bp,w = {x; px ≤
w}. Para x ∈ Bp,w temos v(p, px) ≤ v(p, w). Então vU (p, w) = supx∈Bp,w Gx ≤
v(p, w). Suponha que v é a utilidade indireta relativa a alguma função de utilidade
Uv . Então v(p, w) = Uv (x) para algum x ∈ Bp,w . Agora tome p0 6= p tal que
p0 x ≤ w, então v(p0 , p0 x) ≥ v(p, px) = Uv (x). Portanto11 U (x) = v(p, w). Como
vU (p, w) ≥ U (x) = v(p, w), então vU (p, w) = v(p, w).

Exercı́cio 5. Suponha r 6= 0. É fácil verificar que as propriedades (1) e (2) são satisfeitas
(para (2) basta derivar a função). A propriedade (4) é satisfeita para p 6= 0.
(Quase-convexidade) Temos v(q, p, w) = w(q r + pr )(−1/r) . Quero provar que para
qualquer b ∈ R o conjunto Ab = {(q, p, w) ∈ R3++ ; v(p, q, w) ≤ 0} é convexo. Mas
1 1
Ab = {(p, q, w) ∈ R3++ ; w(pr + q r )− r ≤ b} = {(p, q, w) ∈ R3++ ; w ≤ b(pr + q r ) r }

1
Portanto Ab é convexo se e só se a função gb (p, q) := b(pr + q r ) r for côncava. Mas
 2 
2 r r r1 −2 r−2 r−2 q −qp
D gb (p, q) = b(r − 1)(p + q ) q p
−qp p2

É imediato então que D2 gb (p, q) é negativa semi-definida se(para quaisquer (p, q)  0) e


somente se r ≤ 1. Como b é arbitrário, v é quase-convexa se, e somente se, r ≤ 1.
(Recuperação da função utilidade) Do exercı́cio 4 acima, temos que

U (x, y) = inf{v(p, q, px + qy); (p, q)  0}

11
Note que como v é homogênea de grau zero, para qualquer p  0 existe α > 0 tal que v(p, px) =
v(αp, αpx) com αpc ≤ w.

6
é uma função utilidade que gera v como utilidade indireta. Temos que v(p, q, px + py) é
contı́nua em (p, q) ≤ 0. Como v é limitada inferiormente (por zero) temos que

U (x, y) = min{v(p, q, px + qy); (p, q)  0}

As condições de primeira ordem são:

(px + qy) r−1


x− p =0 (18)
pr + q r
(px + qy) r−1
y− r q =0 (19)
p + qr

Para (x, y)  0 temos:


 r−1
x p
= (20)
y q
1
  r−1 1
  r−1
p x x
Se r < 1, então q
= y
. S.p.g.12 fixe q=1, então p = y
. Assim

1
  r−1 !   r !− r1
x x r−1
U (x, y) = x+y +1 (21)
y y
r
Simplificando, temos uma CES com parâmetro igual à r−1
,
 r r
 r−1
r
U (x, y) = x r−1 +y r−1 (22)

Se r = 1, então de (20) temos x = y, para quaisquer preços (p, q). Logo U (x, y) =
min{x, y} gera tal utilidade indireta.

12
v é homogênea de grau zero.

7
Lista 5 de Microeconomia I
Prof.: Carlos Eugênio
Monitor: Vitor Farinha Luz
(vluz@fgvmail.br)

Exercício 1 (Prova 2007) Mostre que, se os agentes possuem preferências ho-


motéticas e há um planejador central adotando uma regra de distribuição de
riqueza emPque cada agente h recebe uma parcela da renda agregada, isto é,
h I
y, com h=1 h = 1, então a pseudo-matriz de Slutsky - a matriz de Slutsky
da demanda agregada - é simétrica.
Exercício 2 Suponha que na questão acima todos os agentes sejam idênticos.
A pseudo-matriz de Slutsky é negativa semi-de…nida? Existe um agente repre-
sentativo positivo?
Exercício 3 MWG, exercício 4.C.1.
Exercício 4 Seja U (x) a "função utilidade" do planejador, de…nida por:
8
>
< x1max W (u1 (x1 ); :::; uI (xI ))
;:::;xI
U (x) PI
>
: s.a. xi x:
i=1

(W (:) estritamente crescente em todos os argumentos e quase-côncava.)


i)Mostre que se ui (:) côncava, 8i, então U (:) é quase-côncava.
ii)Mostre que se ui (:) fortemente monótona, 8i, então U (:) é fortemente monó-
tona.
iii)Se ui (:) côncava, 8i, então U (:) é côncava? Dê um exemplo.
Exercício 5 (Browning e Chiappori) Suponha uma família com nível de utili-
dade do homem e da mulher dadas por:
ui (xi ; yi ) = log xi + log yi , i = h; m.
i)Calcule
max uh (xh ; yh ) + (1 )um (xm ; ym )
xh ;yh ;xm ;ym
U (x; y; ) = xh + xm x
s.a.
y h + ym y:
Para cada "regra" de barganha da família , podemos de…nir uma "utilidade"
da família - com as propriedades usuais (de acordo com exercício 4).
ii)Calcule as demandas da família, condicional em ;
arg maxx;y U (x; y; )
(x(p; w; ); y(p; w; )) =
s.a. px x + py y w:
1
iii)Se (p; w) = 1+w (sendo p o vetor de preços e w a renda da família), qual
a demana agregada do casal? Sua matriz de Slutsky é negativa semi-de…nida?
Que propriedade ela tem?

1
Lista de Microeconomia I
Prof.: Carlos Eugênio
Monitor: Vitor Farinha Luz

Exercício 1 (Prova 2007) Mostre que, se os agentes possuem preferências ho-


motéticas e há um planejador central adotando uma regra de distribuição de
riqueza emPque cada agente h recebe uma parcela da renda agregada, isto é,
h I
y, com h=1 h = 1. Então a pseudo-matriz de Slutsky - a matriz de slutsky
da demanda agregada - é simétrica.

Solução 1 A pseudo-matriz de slutsky é

SA = @p X(p; Y ) + @Y X(p; Y )X(p; Y )0 ;


I
X
h
sendo X(p; Y ) = xh (p; Y ):
h=1

Então temos que


I
" I
#" I
#
X X X
A h h h h 0
S = @p xh (p; Y)+ @w xh (p; Y) xh (p; Y)
h=1 h=1 h=1
I
X I
X
h h h
= @p xh (p; Y ) + @w xh (p; Y )xh (p; Y )0 @w xh (p; h
Y )xh (p; h
Y )0
h=1
| {z } h=1
M atriz de S lutsky in dividual
" I
#" I
#
X X
h h h
+ @w xh (p; Y) xh (p; Y )0
h=1 h=1
I I
" I
#" I
#
hom oteticidade
X X xh (p; h
Y )xh (p; h
Y )0 1 X X
h h h 0
= S hY
+ xh (p; Y) xh (p; Y) :
Y
h=1 h=1 h=1 h=1

Como todos os termos são simétricos, a matriz é simétrica.

Exercício 2 Suponha que na questão acima todos os agentes sejam idênticos.


A pseudo-matriz de slutsky é negativa semide…nida? Existe um agente repre-
sentativo positivo?

Solução 2 Caso todos sejam idênticos, temos que


I
X I
X I
X
h h h
X(p; Y ) = xh (p; Y)= xh (p; Y ) = xh (p; Y ) = xh (p; Y ):
h=1 h=1 h=1

Então a demanda agregada é igual a demanda de qualquer um dos indivíduos,


caso tivesse a renda agregada (qualquer indivíduo é agente representativo posi-
tivo) e a pseudo-matriz de slutsky é simétrica e negativa semi-de…nida, já que é
uma matriz de slutsky usual.

1
Exercício 3 MWG, exercício 4.C.1.
Solução 3 (Primeira parte) Seja x(p; y) uma demanda satisfazendo ULD, en-
tão
(p0 p) (x(p0 ; w) x(p; w)) 0, 8p; p0 2 Rn++ ,
com desigualdade estrita se x(p0 ; w) 6= x(p; w). Então tome p 2 Rn++ e z 2 Rn
quaisquer, então
tz (x(p + tz; w) x(p; w)) 0, 8 t (tal que p + tz esteja no domínio) )
(x(p + tz; w) x(p; w))
) z 0, 8 t
( t2 ) t
(x(p + tz; w) x(p; w)) (x(p + tz; w) x(p; w))
) lim z = z lim 0
t!0 t t!0
| {z t }
D erivada n a direção z
) z Dp x(p; w)z 0:
n
Como a direção z 2 R é arbitrária, a matriz Dp x(p; w) é negativa semide…nida.
(Segunda parte) De…na P : [0; 1] ! Rn como P ( ) p0 +(1 )p e w : [0; 1] !
0
R por w( ) = (p p) [x(P ( ); w) x(p; w)]. Então
w0 ( ) = (p0 p) Dp x(P ( ); w)(p0 p):

Suponha, por absurdo, que x(p; w) não satisfaz ULD, então 9p; p0 ; w tais que
x(p0 ; w) 6= x(p; w) e
(p0 p) [x(p0 ; w) x(p; w)] 0:
Então temos que w(1) 0 e w(0) = 0. Pelo Teorema do Valor Médio, 9 2
(0; 1) tal que
w(1) w(0) = w0 ( )(1 0) = w0 ( )(1 0) 0 )
) w0 ( ) = (p0 p) Dp x(P ( ); w)(p0 p) 0.
Uma contradição, pois Dp x(P ( ); w) é negativa de…nida por hipótese (e p0 6= p
pois x(p0 ; w) 6= x(p; w)). Logo vale ULD.
(Para usar o teorema do valor médio precisamos que w(:) seja contínua em [0; 1]
e diferenciável em (0; 1), o que geralmente será atendido.)
Exercício 4 Seja U (x) a "função utilidade" do planejador, de…nida por:
8
>
< x1max W (u1 (x1 ); :::; uI (xI ))
;:::;xI
U (x) PI (1)
>
: s.a. xi x:
i=1

(W (:) estritamente crescente em todos os argumentos e quase-côncava)


i)Mostre que se ui (:) côncava, 8i, então U (x) é quase-côncava.
ii)Mostre que se ui (:) fortemente monótona, 8i, então U (x) é fortemente monó-
tona.
iii)Se ui (:) côncava, 8i, então U (x) é côncava? Dê um exemplo.

2
Solução 4 i) Tome x; y 2 X e 2 [0; 1] quaisquer, e sejam (x1 ; :::; xI ) e
(y1 ; :::; yI ) soluções para o problema (1) respectivamente com x e y. Então de…na
z = (z1 ; :::; zI ) ( x1 + (1 )y1 ; :::; xI + (1 )yI ), então
I
X I
X I
X I
X
xi xe yi y =) xi + (1 ) yi x + (1 )y:
i=1 i=1 i=1 i=1

Então sabemos que o vetor z é factível para a quantidade total x + (1 )y.


Logo,

U ( x + (1 )y) = max W (u1 (q1 ); :::; uI (qI )) W (u1 (z1 ); :::; uI (zI ))
q factível
W ( u1 (x1 ) + (1 )u1 (y1 ); :::; uI (xI ) + (1 )uI (yI ))
min fU (x); U (y)g :
W quase-côn cava

ii)Tome x; y 2 X tais que x y e x 6= y, e sejam (y1 ; :::; yI ) solução para o prob-


lema (1) com y de dotação total. Então de…na z = (z1 ; :::; zI ) (y1 ; :::; yI 1 ; yI +
PI PI I
(x y)); temos que i=1 zi = i=1 yi + (x y) y + (x y) = x, e fzi gi=1
é factível com dotação total x. Também sabemos que zi yi 8i e zI 6= yI (pois
(x y) 0 e (x y) 6= 0). Assim

U (y) = max W (u1 (q1 ); :::; uI (qI )) W (u1 (z1 ); :::; uI (zI )) > W (u1 (y1 ); :::; uI (yI )) = U (y).
q factível

1
iii)Exemplo trivial: I = 1, u1 : R ! R dado por u1 (x) = x 2 e W : R ! R dada
por W (u) = u4 então U (x) = x2 .

Exercício 5 (Browning e Chiappori) Suponha uma família com nível de utili-


dade do homem e da mulher dadas por:

ui (xi ; yi ) = log xi + log yi , i = h; m.

i)Calcule

max uh (xh ; yh ) + (1 )um (xm ; ym )


xh ;yh ;xm ;ym
U (x; y; ) = xh + xm x
s.a.
y h + ym y:

Para cada "regra" de barganha da família, podemos de…nir uma utilidade da


família - com as propriedades usuais (de acordo com exercício 4).
ii)Calcule
arg maxx;y U (x; y; )
(x(p; w; ); y(p; w; )) =
s.a. px x + py y w:
1
iii)Se (p; w) = 1+w , qual a demana agregada do casal? Que propriedade a
matriz de Slutsky dessa demanda possui?

3
Solução 5 i) Temos que a condição de primeira ordem do problema de alocação
de bens será:
(1 )
= ;
xh xm
(1 )
= ;
yh ym
xh + xm = x;
yh + ym = y:

De onde temos:

(xh ; xm ; yh ; ym ) = ( x; (1 )x; y; (1 )y):

Então a utilidade "da família" é

U (x; y; ) = [log x + log y] + (1 ) [log(1 )x + log(1 )y]


h i h i
2
= log x x(1 ) + log y y (1 ) + log (1 )2(1 )
| {z }
A( )

= log x + log y + A( ):

ii)Para cada nível de , a utilidade é uma transformação de uma cobb-douglas


simples, então a demanda condicional em é:
w w
[xc (p; w; ); y c (p; w; )] = ; :
2px 2py
E note que a demanda é independente de .
iii)A demanda agregada do casal é:

w w
[x(p; w); y(p; w)] = [xc (p; w; (p; w)); y c (p; w; (p; w))] = ; :
2px 2py
Como a demanda agregada é igual a demanda condicional, já que independe
de , então ela tem todas as propriedades de uma demanda. Inclusive possui
uma matriz de Slutsky simétrica e negativa semi-de…nida. Mas o intuito era
saber, pelo resultado do artigo, que a matriz teria que ser a soma de uma ma-
triz simétrica e uma martiz de posto 1. No caso, a própria matriz de Slutsky
tem posto 1 (porque?).
A B A B A C
Obs.: Seja uma matriz qualquer, então = +
C D C D C D
| {z }
sim étrica
0 B C
: Então para o caso 2x2 a propriedade inferida pelo artigo é triv-
0 0
| {z }
posto 1
ial.

4
Lista 5
1. Seja  uma relação de preferências em RL+ . Dizemos que  é localmente

não
qPsaciada se para todo x ≥ 0 e para todo ǫ > 0 existe x  x tal que
L ′ 2
i=1 (xi − xi ) < ǫ. A relação  é fracamente monótona se x ≥ y ≥ 0 im-
plicar x  y. Mostre que uma relação de preferências fracamente monótona
e localmente não saciada é monótona.

2. 3.I.3, 3.I.5, 3.I.6, 4.B.1, 4.D.4 (a)



x D u(x)x2
3. Suponha u (·) homogênea de grau um. Calcule σ (x) := − x·grad u(x)
.

4. Como se alteram e (p, u) e ν (p, w) se no lugar da função utilidade U usarmos


U 3?

5. Um consumidor tem utilidade u (x, y, z) = min {x, y} + z e tem renda m > 0.


Determine a demanda do consumidor e a utilidade indireta.

9
Professor: Paulo Klinger Monteiro Microeconomia I - 2009
Monitor: Pedro Miguel Olea de Souza e Silva EPGE

Gabarito - Lista 5

Exercı́cio 1. Sejam x, y ∈ RL+ tais que x  y. Defina ε = min{kxi − yi k; i ∈ L} > 0.


Então, pela não saciedade local, existe z 0 ∈ {z; ky − zk < ε}, tal que z 0  y. Mas,
por construção x ≥ z 0 , portanto pela monotonicidade fraca temos x  z 0 . Logo por
transitividade x  y.

Exercı́cio 3. Fixe x e defina f (r) = u(rx). Supondo u duas vezes diferenciável, temos
f 0 (r) = Dx u(rx) · x e f 00 (r) = x0 · Dxx
2
u(rx) · x. Mas, como u é homogênea de grau 1,
temos f (r) = ru(x), então u(x) = Dx u(x) · x e x0 · Dxx 2
u(x) · x = 0. Logo σ(x) = 0.

Exercı́cio 5. Analogamente ao exercı́cio 1 item b da lista 3 (olhar gabarito), temos que


no ótimo x = y. Separemos o exercı́cio em três casos:

1. Se pz < px + py , então X(p, m) = (0, 0, pmz ). De fato, temos p1z > px +p


1
y
, portanto
a utilidade marginal de uma unidade adicional de renda na compra do bem z é
sempre maior do que a utilidade marginal da compra dos bens x e y, i.e.,
m m m
> r + (1 − r) , ∀r ∈ [0, 1)
pz pz p x + py

2. Se pz > px + py , então X(p, m) = ( pxm , m , 0). Análogo ao caso anterior.


+py px +py
n o
3. Se pz = px + py , então X(p, m) = (r pxm +py
, r m
px +py
, (1 − r) m
pz
); r ∈ [0, 1] . Note que
neste caso a utilidade marginal ganha com o gasto de uma unidade de renda na
compra do bem z ou da cesta de bens x = y é a mesma. Portanto o consumidor é
indiferente entre as cestas, o que se reflete em sua demanda.

A função de utilidade indireta é então:


(
m
pz
se pz ≤ px + py
v(p, m) = m
px +py
se pz > px + py

1
1. Suponha que um consumidor tem uma relação de preferência  no
espaço de loterias L. Para dado (m, v) ∈ X := {(m, v) ; m ∈ R, v ≥ 0}
seja (m, v) = {L ∈ L; E[L] = m, Var (L) = v}. Suponha que  sa-
tisfaça a seguinte propriedade: para 0 < p < 1, x ∈ R,

y > z =⇒ y ◦ (1 − p) ⊕ x ◦ p  z ◦ (1 − p) ⊕ x ◦ p.

Defina uma relação de preferências induzida em X da seguinte maneira:


(m0 , v 0 ) X (m00 , v 00 ) se para toda loteria L0 ∈ (m0 , v 0 ) e L00 ∈ (m00 , v 00 )
for verdade que L0  L00 . Mostre que se (m0 , v 0 ) ∼X (m00 , v 00 ) então
v 0 = v 00 ou m0 = m00 . O que isto permite concluir sobre uma análise de
loterias baseada somente na média e variância?
Sug. Se (m0 , v 0 ) ∼X (m00 , v 00 ) e v 0 6= v 00 e m0 6= m00 e considere as loterias
L = y ◦ (1 − p) ⊕ x ◦ p e L̃ = z ◦ (1 − p) ⊕ x ◦ p.

v 0 m00 − v 00 m0 (m0 − m00 )2


x= , p = .
v 0 − v 00 (m0 − m00 )2 + (v 0 − v 00 )2
v 0 − v 00 0
00 v − v
00
y = m0 + v 0 0 , z = m 00
+ v .
m − m00 m0 − m00

2. Uma firma competitiva tem custo de produção C (y) sendo C 00 > 0 e


C (0) = 0. O preço do único produto é uma variável aleatória P com
distribuição F e F (0) = 0. Suponha que a quantidade produzida y
seja produzida antes da firma conhecer a realização de P e suponha
que a firma seja avessa ao risco. Mostre que se P̃ 1 P e a utilidade
de Bernoulli tenha aversão absoluta ao risco decrescente a produção
aumenta.

3. Seja a < b e c < d. Seja F a distruição uniforme em [a, b] e G a


distribuição uniforme em [c, d]. Qual a relação entre a, b, c, d para que
F 1 G? E para que F 2 G?

4. Escolha a, b, c, d no exercı́cio anterior para que F não domine G nem


G domine F em segunda ordem. Encontre um consumidor avesso ao
risco que prefira a loteria F à loteria G.

1
Professor: Paulo Klinger Monteiro Microeconomia I - 2010
Monitor: Mateus Nunes Rabello EPGE
Gabarito - Lista 61

Exercı́cio 1. Suponha por contradição que m0 , (v 0 )2 ∼X m0 , (v 0 )2 e (v 0 )2 6= (v 00 )2


 

(isto é v 0 6= v 00 ) e m0 6= m00 . Calculando a média e a variância de L e L̃ utilizando

(v 0 − v 00 )2
p= (1)
(v 0 − v 00 )2 + (m0 − m00 )2

encontramos E(L) = m0 , E( L̃) = m00 , V ar(L) = (v 0 )2 e V ar(L̃) = (v 00 )2 . Logo L ∈


m0 , (v 0 )2 e L̃ ∈ m00 , (v 00 )2 . Se m0 , (v 0 )2 ∼X m0 , (v 0 )2 , temos L ∼ L̃. Mas temos
  

y > z ou z > y, contradição com a propriedade de  admitida no enunciado.

Exercı́cio 2. O objetivo do exercı́cio é aplicar a Proposição 4 (Notas de Aula do dia


22/3) a este caso especı́fico. Temos π(y, p) = py − C(y). Considere P̃ = t(P ) 1 P e
suponha que t0 ≤ 1.Então
• u0 > 0 > u00 e r0 (x) ≤ 0
• πp > 0, πpp = 0, πyy < 0 e πyp ≥ 0
• Se k(p) = t(p) − p, temos k 0 ≤ 0, pois t0 ≤ 1
Portanto, pela Proposição 4, a produção ótima sob P̃ é maior do que a produção sob
P.
x−a x−c
Exercı́cio 3. Temos F 1 G ⇔ F (x) ≤ G(x), ∀x ⇔ b−a
≤ d−c
, ∀x ∈ [a, b] ∩ [c, d].
x−a x−c
1. Se a = c : Então b−a
≤ d−c
, ∀x ∈ [a, b] ∩ [c, d] ⇐⇒ b − a ≥ d − c ⇐⇒ b ≥ d.
b−c
2. Se a > c : Note que se b < d =⇒ G(b) = d−c < 1 = F (b). Logo se F 1 G então
b ≥ d. A volta também vale pois, se b ≥ d, H(a) ≡ G(a) − F (a) > 0 e H(d) > 0.
Logo, ∀x̄ ∈ (a, d) ∃λ ∈ (0, 1) t.q. x̄ = λa + (1 − λ)d. Com isso, como H é linear,
H(x̄) = λH(a) + (1 − λ)H(d) > 0. Então F (x) ≤ G(x), ∀x ∈ [a, d]. Para x < a e
x > d é trivial.
c−a
3. Se a < c : Então F 1 G pois F (c) = b−a
> F (a) = 0 = G(c).
Logo F 1 G ⇔ a ≥ c e b ≥ d.
Usaremos a definição mais geral de 2 . Se F 1 G ⇒ F 2 G. Por outro lado, se
não vale F 1 G nem G 1 F , quero construir F e G de tal forma que exista x? ∈ (a, b)
tal que se x ≤ x? temos F (x) ≤ G(x) e se x > x? temos F (x) ≥ G(x), para então aplicar
a Proposição 3. Assim, se a > c e b < d =⇒ H(a) > 0 e H(b) < 0 =⇒ ∃x? ∈ (a, b)
com as propriedades desejadas. Por fim, F 2 G ⇔ a+b 2
≥ c+d2
⇔ a − c ≥ d − b. Logo,
se a − c ≥ d − b, a > c e b < d ou a ≥ c e b ≥ d =⇒ F 2 G

Exercı́cio 4. Tome a = 0.35, b√= 0.6, c = 0 e d = 1. Temos a − c = 0.35 < 0.4 = d − b e


b < d. Mas usando a bernoulli x temos que U EF ' 0.687187 > 2/3 = U EG .
1
Este gabarito contém apenas algumas alterações em relação ao gabarito do ano passado.

1
Lista 6 de Microeconomia I

Professor: Carlos E.E.L. da Costa


Monitor: Vitor Farinha Luz

Exercício 1 Seja Y um conjunto de possibilidades de produção. Dizemos que uma tecnologia é aditiva
quando y; y 0 2 Y ) y + y 0 2 Y . Uma tecnologia é dita divisível se y 2 Y ) ty 2 Y; 8t 2 [0; 1]. Mostre que
se uma tecnologia é aditiva e divisível, então Y é convexo e apresenta retornos constantes de escala.

Exercício 2 Uma função de produção dita homotética se f (x) = f (x0 ) implica em f (tx) = f (tx0 ), para todo
t 0.

1. (a) Mostre que se f é uma transformação monotônica de uma função homogênea de grau 1 (ie.,
f = g h, onde h é homogênea de grau 1 e g é uma função monotônica), então f é homotética.
(b) Mostre que se f é homotética, então a taxa marginal de substituição técnica em x é igual à taxa
marginal de substituição técnica em tx.

Exercício 3 Mostre que se uma tecnologia apresenta retornos crescentes de escala e existe algum ponto onde
o lucro é estritamente positivo, então o problema de maximização do lucro não possui solução.

Exercício 4 Calcule as funções oferta e lucro para as funções de produção abaixo (x 0):

1. (a) f (x) = x
(b) f (x) = 20x x2
(c) f (x) = x1 x12
(d) f (x) = minf x1 ; x2 g

Exercício 5 Encontre as funções demanda condicional por fator e custo para as funções de produção abaixo:

1. (a) f (x) = x1 x12


(b) f (x) = minf x1 ; x2 g
1
(c) f (x) = (x1 + x2 )
(d) f (x) = x1 + x2

Exercício 6 (Prova 2-2005) Considere uma …rma produtora de ’utilidade’ com ’função de produção’ u (x)
crescente, duas vezes continuamente diferenciável e estritamente quase-côncava em x 2Rn . De…na sua função
custo como
e (p, u) = minx px
s.t. U (x) u
a)Moste que e (p, u) é côncava em p. Denote xh a demanda compensada da …rma.
b) Dada a função custo acima, suponha que a …rma do item anterior possa vender seu produto a um
1
’preço’constante , Resolva o problema de maximização de lucro encontrando o vetor de demandas (não-
f
condicional) x da …rma. Mostre que
@xf @xh
<
@pi @pi
Use = @v(p; y)=@y para argumentar que a demanda frisch é mais negativamente inclinada que a demanda
hicksiana.

Exercício 7 Seja x(p,y) a demanda condicional por fatores de alguma função de produção quase-côncava.
Mostre que Dp x(p; y) é simétrica e negativa semi-de…nida.

Exercício 8 Mostre que se a função de produção f (:) é quase-côncava, estritamente crescente e homogênea
de grau 1, então ela é côncava. (também f (0) = 0)

1
Gabarito da Lista 6 de Microeconomia I

Professor: Carlos E.E.L. da Costa


Monitor: Vitor Farinha Luz

Exercício 1 Seja Y um conjunto de possibilidades de produção. Dizemos que uma tecnologia é aditiva
quando y; y 0 2 Y ) y + y 0 2 Y . Uma tecnologia é dita divisível se y 2 Y ) ty 2 Y; 8t 2 [0; 1]. Mostre que
se uma tecnologia é aditiva e divisível, então Y é convexo e apresenta retornos constantes de escala.

R: Convexidade: Sejam y; y 0 2 Y: Da divisibilidade, temos que y; (1 ) y 0 2 Y para todo 2 [0; 1] :


Portanto, pela aditividade temos que y + (1 ) y 0 2 Y para todo 2 [0; 1]. Logo, Y é convexo.
Retornos Constantes de Escala: Tome y 2 Y , 2 <+ . Pela propriedade Arquimediana, existe n natural
tal que n 1 < n. Segue que = (n 1) + [ (n 1)], onde 0 (n 1) < 1. Aplicando
o princípio da indução …nita na propriedade de aditividade, temos que (n 1) y 2 Y . Além disso, por
divisibilidade, segue que [ (n 1)] y 2 Y . Então, por aditividade, obtemos y 2 Y .

Exercício 2 Uma função de produção dita homotética se f (x) = f (x0 ) implica em f (tx) = f (tx0 ), para todo
t 0.

1. (a) Mostre que se f é uma transformação monotônica de uma função homogênea de grau 1 (ie.,
f = g h, onde h é homogênea de grau 1 e g é uma função monotônicacrescente), então f é
homotética.
(b) Mostre que se f pode ser representada como g h, onde h é homogênea de grau 1 e g é uma
função monotônica crescente (de…nição alternativa de homoteticidade), então a taxa marginal de
substituição técnica em x é igual à taxa marginal de substituição técnica em tx.
R: a) Seja f = g h e tome x; x0 tais que g (h (x)) = g (h (x0 )). Como g é crescente (logo injetiva),
temos que h (x) = h (x0 ) : Mas como h é homogênea de grau 1, segue que h(tx) = th(x) = th(x0 ) =
h(tx0 ), para todo t 2 <+ . Portanto, h (tx) = h (tx0 ) e, logo g (h (tx)) = g (h (tx0 )).
b) É possível mostrar que se f é homotética, então f = g h onde h é homogênea de grau 1
e g é monotônica (De fato, Varian (p.482) de…ne homoteticidade desta forma). Como h(:) é
homogênea de grau 1, h0 (:) é homogênea de grau 0. Logo, h0 (x) = h0 (tx) 8t 2 <+ . Segue que
@f (x) 0 @h
@xi = g (h (x)) @xi (x).

@h @h @h
@f =@xi g 0 (h (x)) @xi
(x) @xi (x) @xi (tx)
T M ST (x) = = @h
= @h
= @h
@f =@xj g0 (h (x)) @xj (x) @xj (x) @xj (tx)
@h
@xi (tx) g 0 (h (tx))
T M ST (x) = @h
= T M ST (tx) :
@xj (tx) g 0 (h (tx))

Exercício 3 Mostre que se uma tecnologia apresenta retornos crescentes de escala e existe algum ponto onde
o lucro é estritamente positivo, então o problema de maximização do lucro não possui solução.

R: Sabemos (por hipótese) que 9z 2 Y tal que p z > 0. Suponha, por contradição, que x é solução so
problema de maximização da …rma. Então

p x p x, 8x 2 Y ) p x p z > 0:

Mas, como a tecnologia tem retornos crescentes de escala, temos que 2x 2 Y , e p (2x ) = 2(p x ) >
p x , uma contradição pois x seria o ótimo.

Exercício 4 Calcule as funções oferta e lucro para as funções de produção abaixo (x 0):

1. (a) f (x) = x
(b) f (x) = 20x x2

1
(c) f (x) = x1 x12
(d) f (x) = minf x1 ; x2 g
R: (a) O problema de maximização de lucro é dado por:

max px wx
x 0

Caso (1): < 1


Calculando a condição necessária de primeira ordem do problema, obtemos:
1
px =w

A condição su…ciente de segunda ordem para máximo é garantida se 0 1.


Logo, a demanda pelo fator é:
1
p 1
x (p; w) =
w
Segue que as funções oferta e lucro são dadas por:

p 1
y (p; w) =
w

1 1
p 1 p 1 1 p 1
(p; w) = p w =w
w w w

Caso (2): = 1
Temos que, nesse caso, o lucro da …rma é:

px wx = x (p w) :

Então a função lucro é:


0 , se p w
(p) =
1 , se p > w (não de…nido).
E a função oferta será:
8
< (0,0) , se p < w
[y(p; w); x(p; w)] = inde…nido , se p = w
:
(1; 1) (inde…nido) , se p > w:

Caso (3): > 1


Nesse caso, a …rma apresenta retornos constantes de escala. Então não há solução pois a …rma sempre
pode ter o lucro que quiser produzindo mais:
1
lim px wx = lim x px w = 1:
x!1 x!1

Então o lucro e as funções oferta não estão de…nidas.

b. Escrevendo o problema de maximização de lucro, obtemos:

max p 20x x2 wx = max x [p (20 x) w]


x 0 x 0

Caso (1): 20p w > 0


A condição de primeira ordem é dada por:

20p 2px w=0

2
w
Supondo 2p 10, a condição acima é necessária e su…cente (pois a CSO é 2p 0). Portanto, temos:

w
x (p; w) = 10 ;
2p

w w w2
y (p; w) = 10 10 + = 100 ;
2p 2p 4p2

w2 w w w
(p; w) = p 100 w 10 = 10 p 10 + w =
4p2 2p 2p 2p
2
w w w
= 10 10p = p 10 :
2p 2 2p

Caso (2): 20p w 0


Nesse caso temos que
<0 , se x > 0
= x [p (20 x) w]
=0 , se x = 0
Então temos [ (p; w); x(p; w)] = (0; 0):

c. Note que esta tecnologia apresenta retornos constantes de escala (ver questão 5). Portanto, a
resolução deste ítem é análoga à do ítem abaixo.
d. O problema de maximização de lucro é dado por:

max [minf x1 ; x2 g w1 x1 w2 x2 ]
x 0

Se x1 6= x2 então é possível aumentar o lucro reduzindo algum dos insumos. Segue que x1 = x2 .
Substituindo na função objetivo, obtemos:
x2
max x2 w1 w2 x2
x 0

Se w1 w2 > 0 (ie., > w2w1 ), então é possível obter lucro tão grande quanto se queira tomando
x2 arbitrariamente grande. Segue que o problema não tem solução neste caso.
w2
Se w1 w2 < 0 (ie., < w1 ), então x (p; w) = 0. Neste caso, y (p; w) = (p; w) = 0
w2
Caso w1 w2 = 0 (ie., = w1 ),
então existem in…nitas soluções pois todo x positivo fornece
lucro zero. Segue que x (p; w) 2 <+ . Logo, y (p; w) 2 <2+ e (p; w) = 0:
2

Exercício 5 Encontre as funções demanda condicional por fator e custo para as funções de produção abaixo:

1. (a) f (x) = x1 x12


(b) f (x) = minf x1 ; x2 g
1
(c) f (x) = (x1 + x2 )
(d) f (x) = x1 + x2
R: (a) ver Varian p.54.
(b) ver Varian p.56.
(c) ver Varian p.55.
(d) ver Varian p.57.

3
Exercício 6 (Prova 2-2005) Considere uma …rma produtora de ’utilidade’ com ’função de produção’ u (x)
crescente, duas vezes continuamente diferenciável e estritamente quase-côncava em x 2Rn . De…na sua função
custo como
e (p, u) = minx px
s.t. U (x) u
a)Moste que e (p, u) é côncava em p. Denote xh a demanda compensada da …rma.
b) Dada a função custo acima, suponha que a …rma do item anterior possa vender seu produto a um
1
’preço’constante , Resolva o problema de maximização de lucro encontrando o vetor de demandas (não-
f
condicional) x da …rma. Mostre que
@xf @xh
<
@pi @pi
Use = @v(p; y)=@y para argumentar que a demanda frisch é mais negativamente inclinada que a demanda
hicksiana.

R: a)Sejam x1 = xh (p1 ; u); x2 = xh (p2 ; u); pt = tp1 + (1 t)p2 e xt = xh (pt ; u): Temos que, por ser xh
argmin do problema acima, p1 x1 p1 xt e p2 x2 p2 xt :Daí, tp1 x1 + (1 t)p2 x2 [tp1 + (1 t)p2 ]xt :
Ou seja, te(p1 ; u) + (1 t)e(p2 ; u) e(pt ; u); sendo côncava a função e(p; u).

b)Tome o problema de maximização da …rma:


1
max u e(p; u)
u

Que de…ne a "produção" de utilidade ótima através da CPO dada por:


1
= eu (p; u)

A condição de segunda ordem para a minimização é:

euu (p; u) > 0


1 1
De…nindo xf como a demanda incondicional temos, também, que xf ( ; p) = xh (p; u( ; p)): Daí,

@xfi @xhi @xh @u


= +
@pi @pi @u @pi
1
:Como estamos mantendo constante, podemos usar o Teor. da Função Implícita na CPO para obter
@xh
i
@u eupi (p; u) epi u (p; u) @u
= = =
@pi euu (p; u) e uu (p; u) e uu

@xfi @xh h @xh


(última desigualdade utilizando teorema do envelope). Portanto, @pi = i
@pi ( @x 2
@u ) =euu (p; u) <
i
@pi

Exercício 7 Seja x(p,y) a demanda condicional por fatores de alguma função de produção quase-côncava.
Mostre que Dp x(p; y) é simétrica e negativa semi-de…nida.

R: Seja o problema EMP dado por:


p x
min :
x s.a. f (x) y
Então temos que a função custo c(p; y) = arg min EM P é côncava (prova no exercício acima). E
temos que Dp c(p; y) = x(p; y) pelo teorema do envelope, então Dp x(p; y) = Dp2 c(p; y) que é simétrica
e negativa semi-de…nida pois é a hessiana de uma função côncava.

Exercício 8 Mostre que se a função de produção f (:) é quase-côncava, estritamente crescente e homogênea
de grau 1, então ela é côncava. (também f (0) = 0)

4
R: Tome 2 [0; 1] e x; y 0. Então temos que, como f (:) é crescente, f (x); f (y) > 0. Além disso, temos a
partir da homegeneidade de grau 1 de f (:) que

x 1 1 y
f = f (x) = 1 = f (y) = f :
f (x) f (x) f (y) f (y)

E, pela quase-concavidade de f (:),

x y
f + (1 ) minf1; 1g = 1:
f (x) f (y)
f (x) (1 )f (y)
Em especial, isso vale para = f (x)+(1 )f (y) e (1 )= f (x)+(1 )f (y) . Então

f (x) x (1 )f (y) y x + (1 )y
f + =f 1:
f (x) + (1 )f (y) f (x) f (x) + (1 )f (y) f (y) f (x) + (1 )f (y)

Logo, usando novamente homogeneidade de grau 1,

f ( x + (1 )y) f (x) + (1 )f (y):

Então provamos que f (:) é côncava em Rn++ , a extensão para Rn+ segue pela continuidade de f (:).

5
Lista 7 de Microeconomia 1

Professor: Carlos Eugênio


Monitor: Vitor Farinha

1. Considere três payo¤s monetários, $0, $100 e $200. Considere três loterias
sob esses payo¤s:

L1 = (1=3; 1=3; 1=3);


L2 = (1=2; 0; 1=2) e
L3 = (0; 3=4; 1=4):

Um consumidor representativo a…rma que L1 L2 e L1 L3 .

(a) Mostre que as preferências deste consumidor contradizem a maxi-


mização da utilidade esperada.
(b) Como o resultado do item (a) se relaciona com o axioma da inde-
pendência?

2. (Problema de escolha do portfólio) Considere o problema de um investidor


que deve decidir quanto de sua renda inicial W investir em um ativo de
risco. O ativo arriscado pode ter taxas de retorno ri (as quais podem
ser tanto positivas quanto negativas) com probabilidade de ocorrência pi;
i = 1; 2; :::; n: Seja a parcelaw de sua renda inicial a ser investida no
ativo com risco, então o problema do investidor é:

n
X
max pi u(W + ri )
i=1

em que a função utilidade Bernoulli u(:) é crescente e estritamente côncava.

(a) Mostre que um indivíduo avesso ao risco se abstém completamente do


ativo com risco se e somente se o ativo possui um retorno esperado
não positivo. (Dica: analise a solução de canto em que a função
objetivo atinge máximo em = 0).
(b) Qual é a implicação empírica deste resultado? Em particular, o resul-
tado obtido é compatível com o comportamento observado de várias
pessoas que não investem em ações? Você consegue dar uma expli-
cação para esse aparente parodoxo?
(c) Suponha que o ativo com risco possui retorno esperado positivo e que
< W (portanto o problema possui solução interior). Analise como
varia com W.

1
3. Considere o problema de seguros estudado no exemplo 6.C.1 do MWG.

(a) O que ocorre quando o indivíduo é neutro ao risco?


(b) O que ocorre quando o indivíduo é propenso ao risco?
(c) Mostre que, se o seguro não é atuarialmente justo (q > ), então o
indivíduo não se assegurará totalmente.
(d) Na prática, não é comum encontrarmos indivíduos se assegurando
completamente. Você consegue encontrar um motivo para esta aparente
contradição?

4. Suponha que um indivíduo maximiza sua utilidade esperada com Bernoulli


u(:) de…nida em relação a quantias monetárias. Mostre que as seguintes
proposições são equivalentes:

(a) i. o indivíduo é neutro ao risco;


ii. u(:) é linear;
Z
iii. c(F; u) = xdF (x); 8 F (:);
iv. (x; "; u) = 0 8 x; "

5. (Taxação sobre retorno de ativo de risto) A economia possio um agente


maximizador de utilidade esperada com função Bernoulli u(:). Há dois
estados da natureza (A e B), que ocorrem respectivamente com probabil-
idade e (1 ). Há um ativo de risco com retornos rA e rB em casa
estado respectivamente, com rA > rB . O agente possui renda inicial w
e a alíquota do imposto sobre o capital é t. Assumindo solução interior,
responda:

(a) Qual é a condição de ótimo no que tange a escolha de investimento


no ativo de risco quando t = 0? E quando t 6= 0?
(b) Encontre a relação entre o investimento em cada caso.
(c) Você consegue dar uma intuição econômica para este resultado aparente-
mente paradoxal?

2
Gabarito da Lista 7 de Microeconomia I
Professor: Carlos Eugênio
Monitor: Vitor Farinha

1. Considere três payo¤s monetários, $0, $100 e $200. Considere três loterias
sob esses payo¤s:

L1 = (1=3; 1=3; 1=3);


L2 = (1=2; 0; 1=2);
L3 = (0; 3=4; 1=4):

Um consumidor representativo a…rma que L1 L2 e L1 L3

(a) Mostre que as preferências deste consumidor contradizem a maxi-


mização da utilidade esperada.
(b) Como o resultado do item (a) se relaciona com o axioma da inde-
pendência?

R. (a) Seja u (0) = u1 ; u (100) = u2 e u (200) = u3


Então, se o agente possui utilidade na forma esperada, temos:
1=3u1 +1=3u2 +1=3u3 > 1=2u1 +1=2u3 () 2u2 > u1 +u3 (1)
Além disso, também vale:
1=3u1 +1=3u2 +1=3u3 > 3=4u2 +1=4u3 , 4u1 +u3 > 5u2 (2)
Somando 3u2 em ambos os lados da desigualdade (1), segue:
5u2 > u1 +3u2 +u3 (3)
Como a utilidade é crescente na renda, temos:
u2 > u1 =) u1 +3u2 > 4u1 (4)
Portanto, de 3 e 4, segue:
4u1 + u3 < 5u2 ; o que é uma contradição com a desigualdade 2.
(b) Sempre que utilizamos utilidade na forma esperada, estamos supondo
que o axioma da independência está atendido. Aqui, podemos mostrar
que o axioma da independência nos leva a uma contradição.
Vamos escrever as loterias L1 e L2 em termos de loterias comuns e
distintas:
L1 = 2=3(1=2; 0; 1=2) + 1=3(0; 1; 0)
L2 = 2=3(1=2; 0; 1=2) + 1=3(1=2; 0; 1=2)
Caso o axioma da independência seja válido:
L1 L2 () (0; 1; 0) (1=2; 0; 1=2) (5)
Da mesma forma, temos:
L1 = 1=2(0; 1=2; 1=2) + 1=2(1=6; 2=3; 1=6)

1
L3 = 1=2(0; 1=2; 1=2) + 1=2(0; 1; 0)
Mais uma vez, caso seja válido o axioma da independência:
L1 L3 () (1=6; 2=3; 1=6) (0; 1; 0)
Entretanto, note que, a partir de (5) e do axioma da independência,
temos:
(1=6; 2=3; 1=6) = 1=3(1=2; 0; 1=2) + 2=3(0; 1; 0) (0; 1; 0)
Ora, mas isto é uma contradição, pois:
(0; 1; 0) (1=6; 2=3; 1=6) (0; 1; 0):
2. (Problema de escolha do portfólio) Considere o problema de um investidor
que deve decidir quanto de sua renda inicial W investir em um ativo de
risco. O ativo arriscado pode ter taxas de retorno ri (as quais podem
ser tanto positivas quanto negativas) com probabilidade de ocorrência pi
= 1; 2; :::; n: Seja o montante de sua renda inicial a ser investida no ativo
com risco, então o problema do investidor é:
n
X
max pi u(W + ri )
0
i=1

(o indivíduo não pode "vender" o ativo: 2 R+ ) em que a função utilidade


Bernoulli u(:) é crescente e estritamente côncava.

(a) Mostre que um indivíduo avesso ao risco se abstém completamente do


ativo com risco se e somente se o ativo possui um retorno esperado
não positivo. (Dica: analise a solução de canto em que a função
objetivo atinge máximo em = 0).
(b) Qual é a implicação empírica deste resultado? Em particular, o resul-
tado obtido é compatível com o comportamento observado de várias
pessoas que não investem em ações? Você consegue dar uma expli-
cação para esse aparente parodoxo?
(c) Suponha que o ativo com risco possui retorno esperado positivo e que
< W (portanto o problema possui solução interior). Analise como
varia com W.

R. (a) Suponha que o agente é avesso ao risco. Tomando a C.P.O do prob-


lema, temos:
n
X
pi ri u(w + ri ) 0 (= 0 se > 0)
i=1

Assim, se = 0; esta condição pode ser reescrita como:

n
X Xn
pi ri u(w) = u(w) pi r i 0 , E(ri ) 0; pois u(w) > 0 é constante:
i=1 i=1
| {z }
E(ri )

2
n
X
Agora, assuma que pi r i 0: Nesse caso, temos que,8 > 0;
i=1

n
X Xn n
X
u(w) u(w + pi ri ) = u( pi (w + ri )) pi u(w + ri )
i=1 i=1 i=1

O último termo da expressão acima é justamente a utilidade esperada


quando > 0 (usamos concavidade da u(:)). Logo, a melhor opção
é estabelecer = 0:
(b) A implicação interessante é que pessoas avessas ao risco sempre in-
vestiriam uma parte de suas riquezas em ações cujo retorno esperado
fosse positivo. Entretanto, na prática, diversas pessoas não aplicam
em ações que possuem retornos dominados por ativos livres de risco,
como títulos públicos por exemplo. Uma possível causa para este
parodoxo é a existência de custos de transação e informação; outra
explicação pode residir na não-validade da utilidade esperada (mas,
nesse caso, qual seria a abordagem correta?).
(c) Como temos solução interior, a C.P.O. do problema é:
n
X
pi ri u(w + ri ) = 0
i=1

Agora, apliquemos o Teorema das Funções Implícitas na expressão


acima para avaliarmos ddw :

n
X n
X
pi ri u(w + ri ) pi ri u(w + ri )
d i=1 i=1 E [ri u00 (w + ri )]
= n = = ;
dw X Xn n
X
pi ri2 u(w + ri ) pi ri2 u(w + ri ) pi ri2 u(w + ri )
i=1 i=1 i=1

mas sabemos que


Cov(x; y) = E(xy) E(x)E(y):
Então
d Cov(ri ; u00 ) + E(ri )E(u00 )
= n
:
dw X
2
pi ri u(w + ri )
i=1

Uma consideração importante para analisar o sinal desta expressão


é o sinal de terceira derivada de u(:) (ou seja, a concavidade da
função u0 (:)). Caso essa seja positiva, sabemos que u00 (:) é uma função
crescente em ri (pois 0) então Cov(ri ; u00 ) 0. No entanto, se o
agente for avesso ao risco, u00 (:) < 0 ) E(u00 ) < 0; assim para dizer
que ddw 0 precisaríamos de E(ri ) 0 (e não positivo).

3
3. Considere o problema de seguros estudado no exemplo 6.C.1 do MWG.

(a) O que ocorre quando o indivíduo é neutro ao risco?


(b) O que ocorre quando o indivíduo é propenso ao risco?
(c) Mostre que, se o seguro não é atuarialmente justo (q > ), então o
indivíduo não se assegurará totalmente.
(d) Na prática, não é comum encontrarmos indivíduos se assegurando
completamente. Você consegue encontrar um motivo para esta aparente
contradição?

R. (a) Se o agente é neutro ao risco, então sua utilidade marginal é constante


e, portanto, qualquer quantidade de seguro resolve o problema.
(b) No caso de um agente propenso ao risco, a condição de primeira
ordem obtida no MWG não caracteriza um máximo, mas sim um
mínimo. Como o agente prefere a loteria ao seu valor esperado, então
percebemos que ele não compra nenhum seguro. Na verdade, se
pudesse, o agente ofertaria seguro.
(c) Analisemos a condição de primeira ordem em = D: Nesse caso, a
C.P.O. nos dá:

(1 q)u(w q) (1 )qu(w q) = u(w q) [ (1 q) (1 )q]


= u(w q) ( q) < 0;

então, com a concavidade da função objetivo, vemos que < D.


(d) Em grande medida, as probabilidades de sinistro não são exógenas
(como nesse exemplo). Na verdade, uma vez que um indivíduo está
totalmente segurado, suas atitudes com relação à prevenção de sin-
istros acabam se alterando, o que provoca uma mudanças nas prob-
abilidades originais. Este fenômeno, conhecido como perigo moral
(ou moral hazard ), explica o fato de que seguradoras não estão, em
geral, dispostas a fornecer seguro total sem cobrar algo a mais por
isso (você já deve ter ouvido falar a respeito da franquia em um se-
guro de automóvel). Há, portanto, uma mudança nos incentivos à
compra de seguro total.
4. Suponha que um indivíduo maximiza sua utilidade esperada com Bernoulli
u(:) de…nida em relação a quantias monetárias. Mostre que as seguintes
proposições são equivalentes:

(a) o indivíduo é neutro ao risco;


(b) u(:) é linear;
Z
(c) c(F; u) = xdF (x); 8 F (:);

4
(d) (x; "; u) = 0 8 x; "

R. (a) a) =) b) Se o indivíduo é neutro ao risco, então u(E(x)) = E(u(x));


o que, pela Desigualdade de Jensen, de…ne a linearidade de u(:) (se
uma função real é côncava e convexa ela é a…m).
(b) b) R=) c) Da de…nição de c(F; u); u(c(F; u)) = E(u(x)) = u(E(x)) =
u( xdF (x)); conforme o item anterior. Mas, dado queRa função
Bernoulli é estritamente crescente, temos que c(F; u) = xdF (x);
fato que vale 8 F (:):
(c) c) =) d) Tome uma loteria do seguinte tipo: o agente ganha x + ",
com probabilidade 1=2 + ; e ganha x "; com probabilidade 1=2 :
Da de…nição de equivalente à certeza e dado a resultado anterior,
temos:

u (x) = u((c(:; :)) = (1=2 )u(x ") + (1=2 + )u(x + ") = u((1=2 )(x ") + (1=2 + )(x +
= u(x + ") () " = 0 ) = 0:

(d) d) =) a) De d), temos que u(x) = 1=2[u(x ")+u(x+")]: Derivando


a expressão com relação a "; temos:
0 = u(x + ") u(x "): Da de…nição de derivada, segue:
u(x) = limh!0 u(x+h)2hu(x h)
= 0; portanto, o coe…ciente de aversão
absoluta ao risco é nulo.
5. (Taxação sobre o retorno de ativo de risco) A economia possui um agente
maximizador de sua utilidade esperada com função Bernoullu u(:). Há
dois estados da natureza (A e B), os quais ocorrem com probabilidade
e (1 ): Há um ativo de risco com retornos ra e rb em cada estado,
respectivamente, com ra > rb . O agente possui renda inicial w e alíquota
de imposto sobre o rendimento do capital é t. Assumindo solução interior,
responda:

(a) Qual é a condição de ótimo no que tange a escolha de investimento


no ativo de risco quando t = 0? E quando t 6= 0?
(b) Encontre a relação entre o investimento em cada caso.
(c) Você consegue dar uma intuição econômica para este resultado aparente-
mente paradoxal?

R. (a) Quando t = 0, o problema do agente é:

max E(u(x)) = u(w + xrA ) + (1 )u(w + xrB )


x

Tirando a C.P.O., que no presente contexto é condição su…ciente,


temos:

5
u(w + x rA )rA + (1 )u(w + x rB )rB = 0
Se t 6= 0; temos:

u(w+ x
~ (1 t) rA ) (1 t) rA +(1 )u(w+ x
~ (1 t) rB )(1 t)rB = 0

Podemos cancelar (1 t) na última expressão, de sorte que teremos:

u(w + x
~ (1 t) rA )rA + (1 )u(w + x
~ (1 t) rB )rB = 0
(b) Se x resolve o problema quando t = 0, então, se estabelecermos x
~=
x
(1 t) , claramente resolvemos o problema para t 6= 0:

(c) Parece paradoxal o fato de que a imposição de uma taxa sobre o


retorno aumenta a demanda pelo ativo de risco, mas a explicação
é bastante simples. Primeiro, note que, na medida em que não há
aplicações alternativas ao ativo de risco e dado que estamos assu-
mindo solução interior, então ocorre que rB < 0, pois, do contrário,
o agente investiria toda a sua riqueza (o ativo de risco dominaria
o não-investimento). Além disso sabemos que, se o agente é avesso
ao risco, para ter solução interior precisamos de E(r) > 0. Então
teríamos que o valor esperado da riqueza, dado um nível de tribu-
taçaõ t seria

(w + x
~ (1 t) rA )+(1 ) (w + x
~ (1 t) rB ) = w+(1 t)~
x( rA + (1 )rB ):
| {z }
E(r)

Então um imposto maior diminui o valor esperado da loteria, para


qualquer nível de investimento. Tudo bem, mas e por qual motivo
aumenta o investimento? Ora, é verdade que a taxação diminui o
retorno no estado bom, mas também é verdade que diminui a perda
no estado ruim. Ao aumentar seu nível de investimento, o agente
pode reproduzir seu padrão de riqueza quando da não incidência do
imposto, o que caracteriza uma escolha ótima. Ou seja, o tributo
diminui seu retorno esperado, mas também diminui o risco da apli-
cação. Finalmente, vemos que t é, ao mesmo tempo, um tributo sobre
o rendimento no estado bom e um subsídio sobre o rendimento no
estado ruim.

6
Lista 8 de Microeconomia I
Professor: Carlos Eugênio
Monitor: Vitor Farinha

Problema 1 (Prova 2005) Considere uma economia em que todos os agentes


se deparam com um risco idiossincrático de perder $100 com probabilidade p.
Um grupo de N agentes se junta para repartir os riscos de forma igual, ou seja,
dividem igualmente a soma dos prejuízos que eventualmente ocorrerem.
a) Descreva o risco residual de cada agente quando N = 1 e N = 2.
b) Mostre que ao passar de N = 2 para N = 3, o risco carregado por cada
agente é reduzido no sentido de dominância estocástica de segunda ordem. (dica:
desenhe a CDF).

Problema 2 (Prova 2005) Considere duas loterias L1 e L2 que tenham a


mesma média, porém a variância de L1 é superior à variância de L2 . Isso
signi…ca que todo agente com utilidade bernoulli u(:) côncava prefere L2 a L1 ?
Sempre é possível conseguir um agente com utilidade bernouli côncava u(:) que
pre…ra L2 a L1 ? Mostre tal utilidade.

Problema 3 (Prova 2005) Considere 2 agentes iguais em tudo, exceto sua


riqueza inicial (que é sua única fonte de renda). Ambos possuem utilidade
bernouli
c1
u(c) = :
1
Os indivíduos investem em K ativos de risco que pagam retorno bruto Rk (var-
iável aleatória). O problema do indivíduo i então pode ser escrito como
" K K
#
X X
max E Wi ak pk + ak Rk :
a1 ;:::;aK 2RK
+ k=1 k=1

Ache as K condições de primeira ordem e mostre que a proporção investida em


cada ativo, dada por
ak pk
k ;
wi
independe do nível de renda.

Problema 4 (Prova 2006) Uma variável aleatória têm distribuição U [a; b] (uni-
forme) se tem densidade
1
f (x) = b a, se x 2 [a:b];
0, caso contrário.

a) A ditribuição U [0; 2] domina distribuição U [0; 1]? Em que ordem?


b) A distribuição U [ 1; 1] domina a distribuição U [ 2; 2]? Em que ordem?
(desenhar os grá…cos pode ser útil.)

1
Problema 5 (Prova 2007) Derive e mostre que a aproxmação de Arrow-Pratt
para o prêmio de risco, quando o risco é multiplicativo, é uma função linear do
coe…ciente de aversão ao risco relativo. Mostre que a aproximação é crescente
na resnda se o coe…ciente de aversão ao risco também o for.

Problema 6 (Prova 2007) O prêmio de risco compensado p é a mínima com-


pensação que induz um agente a aceitar uma loteria não-degenerada. A função
p(w0 ; u; x
~) é de…nida implicitamente por:

u(w0 ) = E [u (w0 + x
~ + p)] :

Mostre que o risco compensado é convexo no tamanho do risco, isto é, que


g( ) p (w0 ; u; x~) é convexa em . Isto não necessariamente é verdade para
o prêmio de risco. (considere a loteria x
~ tal que E(~
x) = 0)

2
Gabarito da lista 8 de Microeconomia I
Professor: Carlos Eugênio
Monitor: Vitor Farinha

Problema 1 (Prova 2005) Considere uma economia em que todos os agentes


se deparam com um risco idiossincrático de perder $100 com probabilidade p.
Um grupo de N agentes se junta para repartir os riscos de forma igual, ou seja,
dividem igualmente a soma dos prejuízos que eventualmente ocorrerem.
a) Descreva o risco residual de cada agente quando N = 1 e N = 2.
b) Mostre que ao passar de N = 2 para N = 3, o risco carregado por cada
agente é reduzido no sentido de dominância estocástica de segunda ordem. (dica:
desenhe a CDF).
Solução 1 a)Temos que a distribuição da perda distribuída entre n indivíduos
(de…nida Sn ) é dada pela função de probabilidade:
i pi (1 p)n i
, se i = 1; :::; n
P Sn = =
n 0 , caso contrário.
Então temos que
8
>
> (1 p)2 , se x = 0
<
2p(1 p) , se x = 50
P (S2 = x) =
>
> p2 , se x = 100
:
0 , caso contrário,
E também temos:
8
>
> (1 p)3 , se x = 0
>
>
< 3p(1 p)2 , se x = 100
3
P (S3 = x) = 3p2 (1 p) , se x = 200
3
>
>
> (1 p)3
> , se x = 100
:
0 , caso contrário.
b) Seja u~(:) côncava a bernoulli de um agente. Para cada nível de renda w
podemos de…nir u(x) u ~(w x) que é côncava em x (porque?). Então seja Un
a utilidade de um agente que reparte o risco com outros n 1 agentes. Então
temos que:
U2 = (1 p)2 u(0) + 2p(1 p)u(50) + p2 u(100), e
100 200
U3 = (1 p)3 u(0) + 3p(1 p)2 u + 3p2 (1 p)u + (1 p)3 u(100).
3 3
E temos, como u(:) é convexa,
100 1 2
u u(50) + u(0) e
3 3 3
200 1 2
u u(100) + u(50):
3 3 3

1
Então substituindo temos
U3 U2 : (desigualdade estrita se u(:) é estritamente côncava)
Problema 2 (Prova 2005) Considere duas loterias L1 e L2 que tenham a
mesma média, porém a variância de L1 é superior à variância de L2 . Isso
signi…ca que todo agente com utilidade bernoulli u(:) côncava prefere L2 a L1 ?
Sempre é possível conseguir um agente com utilidade bernouli côncava u(:) que
pre…ra L2 a L1 ? Mostre tal utilidade.
Solução 2 Não podemos a…rmar, a preferência do agente depende do nível de
concavidade e de toda a dispersão da loteria, principalmente no caso de loterias
assimétricas …ca mais difícil concluir.
2
No entanto, sempre é possível de…nir a utilidade bernoulli u(x)h = [x i] ,
2
onde é a média das duas loterias L1 e L2 . Então E [u(x)] = E (x ) =
V ar(x) e esse indivíduo prefere a loteria L2 a L1 . Sendo que u00 (x) = 2 < 0,
então o indivíduo é avesso (a utilidade é côncava).
Problema 3 (Prova 2005) Considere 2 agentes iguais em tudo, exceto sua
riqueza inicial (que é sua única fonte de renda). Ambos possuem utilidade
bernouli
c1
u(c) = :
1
Os indivíduos investem em K ativos de risco que pagam retorno bruto Rk (var-
iável aleatória). O problema do indivíduo i então pode ser escrito como
" K K
!#
X X
max E u Wi ak pk + ak Rk :
a1 ;:::;aK 2RK
+ k=1 k=1

Ache as K condições de primeira ordem e mostre que a proporção investida em


cada ativo, dada por
ak pk
k ;
wi
independe do nível de renda.
Solução 3 A condição de primeira ordem do problema é
( " K
# )
X
0
E u Wi + ak (Rk pk ) (Rk pk ) 0 ( = 0 se ak > 0), k = 1; :::; K:
k=1

Que pode ser reescrita como:


8" # 9
< XK =
E Wi + ak (Rk pk ) (Rk pk ) 0, ou
: ;
k=1
8" # 9
< K
X ak =
Wi E 1+ (Rk pk ) (Rk pk ) 0:
: Wi ;
k=1

2
Como Wi > 0 (e logo desigualdade acima independe ddo valor Wi ), então temos
ak
que essa condição de primeira ordem de…ne a razão W i
, e logo também de…ne
ak
k = p
Wi k . Logo se dobramos a rende de um indivíduo, ele consederará ótimo
comprar o dobro em todos os ativos. O nome dessa função é CRRA (Constant
relative risk aversion), ou seja, a avaliação de risco desse indivíduo, em relação
a sua riqueza, é sempre a mesma. (Note que a CPO pode resumir a decisão
pois a gunção objetivo é côncava - > 0)
Problema 4 (Prova 2006) Uma variável aleatória têm distribuição U [a; b] (uni-
forme) se tem densidade
1
f (x) = b a, se x 2 [a:b];
0, caso contrário.
a) A ditribuição U [0; 2] domina distribuição U [0; 1]? Em que ordem?
b) A distribuição U [ 1; 1] domina a distribuição U [ 2; 2]? Em que ordem?
(desenhar os grá…cos pode ser útil.)
Solução 4 a) Temos que a distribuição U [0; 2] domina estocasticamente em
primeira ordem a distribuição U [0; 1]. Para veri…car considere qualquer função
utilidade crescente u(:) e vamos avaliar a comparação entre a utilidade esperada
nas duas loterias:
Z 2 Z 1 Z 1 Z 2 Z 1
u(x) u(x) u(x)
E[0;2] (u) E[0;1] (u) = dx u(x)dx = dx + dx u(x)dx
0 2 0 0 2 1 2 0
Z 2 Z 1 Z 2
u(x) u(x) u(x) u(x 1)
= dx dx = dx > 0:
1 2 0 2 1 2
b)Agora temos que a distribuição U [ 1; 1] domina estocasticamente de segudna
ordem U [ 2; 2]. Para veri…car considere u(:) côncava. Então
Z 1 Z 2 Z 1 Z 1 Z 1 Z 2
u(x) u(x) u(x) u(x) u(x) u(x)
dx dx = dx dx + dx + dx
1 2 2 4 1 2 2 4 1 4 1 4
Z 1 Z 1 Z 2
u(x) u(x) u(x)
= dx dx + dx
1 4 2 4 1 4
Z 1 Z 1 Z 1
u(x) + u(x 1) u(x 2) u(x + 1)
= dx dx + dx
0 4 0 4 0 4
Z
1 1
= f[u(x 1) u(x 2)] [u(x + 1) u(x)]g dx 0:
4 0
A última desigualdade vale pela concavidade de u(:), uma vez que isso implica
que uma unidade a mais de consumo gera ganhos decrescentes com o nível de
renda. (Para provar, usa-se apenas o Teorema do Valro Médio).
Problema 5 (Prova 2007) Derive e mostre que a aproxmação de Arrow-Pratt
para o prêmio de risco, quando o risco é multiplicativo, é uma função linear do
coe…ciente de aversão ao risco relativo. Mostre que a aproximação é crescente
na renda se o coe…ciente de aversão ao risco também o for.

3
Solução 5 Ver apostila.

Problema 6 (Prova 2007) O prêmio de risco compensado p é a mínima com-


pensação que induz um agente a aceitar uma loteria não-degenerada. A função
p(w0 ; u; x
~) é de…nida implicitamente por:

u(w0 ) = E [u (w0 + x
~ + p)] :

Mostre que o risco compensado é convexo no tamanho do risco, isto é, que


g( ) p (w0 ; u; x~) é convexa em . Isto não necessariamente é verdade para
o prêmio de risco. (considere a loteria x
~ tal que E(~
x) = 0)

Solução 6 tome 1 ; 2 e 2 (0; 1) quaisquer, e de…na t = 1 + (1 ) 1.


vamos usar a equação que de…ne g( ) nesses três níveis:

u(w0 ) = E [u (w0 + 1x
~ + g( 1 ))] ; (1)

u(w0 ) = E [u (w0 + 2x
~ + g( 2 ))] e (2)
u(w0 ) = E [u (w0 + tx
~ + g( t ))] : (3)
Então combinando (1) e (2) temos:

u(w0 ) + (1 )u(w0 ) = u(w0 ) = E [u (w0 + 1x


~ + g( 1 ))] + (1 )E [u (w0 + 2 x ~ + g( 2 ))]
= E [ u (w0 + 1 x
~ + g( 1 )) + (1 )u (w0 + 2 x
~ + g( 2 ))] :

Cosiderando u(:) estritamente côncava:


u(w0 )
z }| {
E [ u (w0 + 1x
~ + g( 1 )) + (1 )u (w0 + 2 x ~ + g( 2 ))] (4)
> E [u (w0 + 1x~ + (1 ) 2x
~ + g( 1 ) + (1 )g( 2 ))] (5)
= E [u (w0 + t x
~ + g( 1 ) + (1 )g( 2 ))] .

Comparando (4) com (3), vemos que

g( t ) > g( 1) + (1 )g( 2 ).

Logo, g(:) é convexa.

(Última questão foi cancelada.)

4
1. Suponha que um consumidor tem uma relação de preferência  no
espaço de loterias L. Para dado (m, v) ∈ X := {(m, v) ; m ∈ R, v ≥ 0}
seja (m, v) = {L ∈ L; E[L] = m, Var (L) = v}. Suponha que  sa-
tisfaça a seguinte propriedade: para 0 < p < 1, x ∈ R,

y > z =⇒ y ◦ (1 − p) ⊕ x ◦ p  z ◦ (1 − p) ⊕ x ◦ p.

Defina uma relação de preferências induzida em X da seguinte maneira:


(m0 , v 0 ) X (m00 , v 00 ) se para toda loteria L0 ∈ (m0 , v 0 ) e L00 ∈ (m00 , v 00 )
for verdade que L0  L00 . Mostre que se (m0 , v 0 ) ∼X (m00 , v 00 ) então
v 0 = v 00 ou m0 = m00 . O que isto permite concluir sobre uma análise de
loterias baseada somente na média e variância?
Sug. Se (m0 , v 0 ) ∼X (m00 , v 00 ) e v 0 6= v 00 e m0 6= m00 e considere as loterias
L = y ◦ (1 − p) ⊕ x ◦ p e L̃ = z ◦ (1 − p) ⊕ x ◦ p.

v 0 m00 − v 00 m0 (m0 − m00 )2


x= , p = .
v 0 − v 00 (m0 − m00 )2 + (v 0 − v 00 )2
v 0 − v 00 0
00 v − v
00
y = m0 + v 0 0 , z = m 00
+ v .
m − m00 m0 − m00

2. Uma firma competitiva tem custo de produção C (y) sendo C 00 > 0 e


C (0) = 0. O preço do único produto é uma variável aleatória P com
distribuição F e F (0) = 0. Suponha que a quantidade produzida y
seja produzida antes da firma conhecer a realização de P e suponha
que a firma seja avessa ao risco. Mostre que se P̃ 1 P e a utilidade
de Bernoulli tenha aversão absoluta ao risco decrescente a produção
aumenta.

3. Seja a < b e c < d. Seja F a distruição uniforme em [a, b] e G a


distribuição uniforme em [c, d]. Qual a relação entre a, b, c, d para que
F 1 G? E para que F 2 G?

4. Escolha a, b, c, d no exercı́cio anterior para que F não domine G nem


G domine F em segunda ordem. Encontre um consumidor avesso ao
risco que prefira a loteria F à loteria G.

1
Professor: Paulo Klinger Monteiro Microeconomia I - 2009
Monitor: Pedro Miguel Olea de Souza e Silva EPGE

Gabarito - Lista 8

Exercı́cio 1. Suponha por contradição que v 0 6= v 00 e m0 6= m00 . Calculando a média e a


variância de L e L̃ utilizando
(v 0 − v 00 )2
p= (1)
(v 0 − v 00 )2 + (m0 − m00 )2

encontramos E(L) = m0 , E(L̃) = m00 , V ar(L) = (v 0 )2 e V ar(L̃) = (v 00 )2 . Logo L ∈


(m0 , (v 0 )2 ) e L̃ ∈ (m00 , (v 00 )2 ). Se (m0 , (v 0 )2 ) ∼ (m00 , (v 00 )2 ), temos L ∼ L̃. Mas temos y > z
ou z > y, contradição com a propriedade de  admitida no enunciado.

Exercı́cio 2. O objetivo do exercı́cio é aplicar a Proposição 48 a este caso especı́fico.


Temos π(y, p) = py − C(y). Considere P̃ = t(P ) 1 P e suponha que t0 ≤ 1.Então

• u0 > 0 > u00 e r0 (x) ≤ 0

• πp > 0, πpp = 0, πyy < 0 e πy p ≥ 0

• Se k(p) = t(p) − p, temos k 0 ≤ 0, pois t0 ≤ 1

Portanto, pela Proposição 48, a produção ótima sob P̃ é maior do que a produção sob
P.

Exercı́cio 3. Temos F 1 G ⇔ F (x) ≤ G(x), ∀x ⇔ x−a b−a


≤ x−c
d−c
, ∀x ⇔ a ≥ c e b ≥ d.
Usando a definição mais geral de 2 . Se F 1 G ⇒ F 2 G. Por outro lado, se não
vale F 1 G, então existe x? ∈ (a, b) tal que se x ≤ x? temos F (x) ≤ G(x) e se x > x?
temos F (x) ≥ G(x). Podemos então aplicar a Proposição 44. Obtemos assim F 2 G ⇔
a+b
2
≥ c+d
2
⇔ a − c ≥ d − b. F 2 G ⇔ a − c ≥ d − b ou a ≥ c e b ≥ d.

Exercı́cio 4. Tome
√ 0 e d = 1. Temos a − c = 0.35 < 0.4 = d − b e
a = 0.35, b = 0.6, c = √
b < d. Mas EF x ' 0.687187 > 2/3 = EG x.

1
Gabarito Prova 1 2008 - Microeconomia I
Prof. Carlos Eugênio
Monitor: Vitor Farinha

Questão 1 (2 pontos)

Temos a seguinte utilidade indireta:


3
V (p; y) = [k + ( + ) log y log p1 log p2 ] :

@V (p;y)=@p1 y
a) (0,5 ponto) Pela identidade de Roy: x1 (p; y) = @V (p;y)=@y = + p1 e
@V (p;y)=@p2 y
analogamente x2 (p; y) = @V (p;y)=@y = + p2 :

b) (0,5 ponto) Temos a igualdade V (p; e(p; u)) = u: De onde vem

u1=3 = k + ( + ) log e(p; u) log p1 log p2 =)


1=3
u k log p1 log p2
) log e(p; u) = + + :
( + ) ( + ) ( + )

Temos então

( + ) ( + ) u1=3 k
e(p; u) = p1 p2 ; onde exp :
( + )

@e(p;u) ( + ) ( + ) p2
( + )
c) (0,5 ponto) 1 (p; u) = @p1 = + p1 p2 = + p1 ,
p1
( + )
e analogamente 2 (p; u) = + p2 :

d) (0,5 ponto) Para provar que a matriz de slutsky é simétrica basta ver que
@ 1 (p;u)
@p2 = @ @p
2 (p;u)
1
:
De fato, temos que:

@ 1 (p; u) 1 @ 2 (p; u)
= = :
@p2 ( + )2 ( + ) ( + ) @p1
p1 p2

Questão 2 (2 pontos)

a) (0,6 ponto) A função despesa é côncava ) Ver Mas-Colell, pág.59.


b) (0,7 ponto) A matriz de slutsky é negativa semi-de…nida =)Ver Mas-Colell,
pág.69. (Note que a matriz não é negativa de…nida pois a homogeneidade
de grau zero nos preços da demanda hicksiana implica @p (p; u) p = 0:)

1
c) (0,7 ponto) Seja

c arg minx j p j x j
j (p j ; u; xj ) =
s.a. u(x j ; xj ) u
(Hicksiana condicional); e

arg minx p x
j (p; u); j (p; u) =
s.a. u(x j ; xj ) u
(Hicksiana tradiconal).

Temos a seguinte igualdade


c
j (p j ; u; pj ; j (p; u)) = j (p; u): (1)
c
Derivando i (p j ; u; xj ) em (1) por pi , temos
c c
@ i (p j ; u; pj ; j (p; u)) @ i (p j ; u; pj ; j (p; u)) @ j (p; u) @ i (p; u)
+ = ;
@pi @xj @pi @pi

e derivando (1) por pj temos


c
@ i (p j ; u; pj ; j (p; u)) @ j (p; u) @ i (p; u)
= )
@xj @pj @pj
c @ i (p;u)
@ i (p j ; u; pj ; j (p; u)) @pj
) = @ j (p;u)
:
@xj
@pj

Usando as duas equações acima, segue


2
@ i (p;u)
@ j (p;u) @ i (p;u)
c
@ i (p; u) @ i (p j ; u; pj ; j (p; u)) @pj @pi @pj
= @
= < 0:
@pi @pi j (p;u) Sim etria slutsky @ j (p;u)
@pj @pj

c
@ i (p ;u;p ; (p;u))
Como @ @pi (p;u)
i
e j j
@pi
j
são negativos (a demanda condicional
também vem de um problema de minimização de custos, e logo o jacobiano
da demanda em relação a preços é negativo semide…nido também) temos
que o efeito de uma variação no preço i sobre a demanda compensada do
bem i é maior no longo prazo (com ajuste de todas as quantidades) do
que no curto prazo (com nível de xj …xado).

Questão 3 (1 ponto)

A receita tarifária gerada pelo indivíduo i é dada por:

RTi = t xi (p + t; yi )
= (p + t) xi (p + t; yi ) p xi (p + t; yi )
= yi p xi (p + t; yi ):

2
Ao mesmo tempo temos que a variação equivalente desse indivíduo é
EVi = ei (p; ui0 ) e(p; ui1 )
= ei (p; vi (p; yi )) ei (p; vi (p + t; yi ))
= yi ei (p; vi (p + t; yi )):

Mas temos que ei (p; vi (p+t; yi )) p x(p+t; y) (geralmente menor estrito, já que
o indivíduo pode achar uma forma mais barata de atingir utilidade vi (p + t; yi )
- visto em monitoria). Logo EVi RTi :
Esse resultado sugere que o governo deveria arrecadar diretamente da renda dos
indivíduos ao invés de taxação sobre os preços dos bens. Ele pode arrecadar
mais gerando a mesma perda de bem-estar, ou então poderia arrecadar o mesmo
montante com perda de bem-estar menor. O problema é que a variação equiv-
alente do indivíduo i é de…nida por EVi = yi ei (p; vi (p + t; yi )), então para o
governo arrecadar a variação equivalente de cada indivíduo ele teria que poder
identi…car cada um (saber a renda e a preferência de todos).

Questão 4 (1,5 pontos) Sendo U : S1 S2 ! R fracamente separável


sabemos que é da forma U (x1 ; x2 ) = V (u1 (x1 ); u2 (x2 )):
8x; y 2 S2 , U (x10 ; x) e U (x10 ; y) são números reais, logo
U (x10 ; x) U (x10 ; y) =) (x10 ; x) % (x10 ; y) ) x %2 y
ou
U (x10 ; x) U (x10 ; y) =) (x10 ; y) % (x10 ; x) ) y %2 x:
Logo, %2 é completa.
Sejam x; y; z tais que x %2 y e y %2 z, então
(x10 ; x) % (x10 ; y) ) U (x10 ; x) U (x10 ; y) e
(x10 ; y) % (x10 ; z) ) U (x10 ; y) U (x10 ; z).
Logo
U (x10 ; x) U (x10 ; y) U (x10 ; z) ) U (x10 ; x) U (x10 ; z)
) (x10 ; x) % (x10 ; z) ) x %2 z:
%2 é transitiva.
Além disso temos que
U (x10 ; x)= V (u1 (x1 ); u2 (x2 )) U (x10 ; y) = V (u1 (x10 ); u2 (y))
m
u2 (x) u2 (y)
m
V (u1 (z); u2 (x)) V (u1 (z); u2 (y)); 8z 2 S1 :

3
E temos que a (pré) ordenação de preferências sobre S2 independe da escolha
de x10 2 S1 .

Questão 5 (1,5 pontos)

t0 Y , se Y < Y
Tarifa ) T (Y ) = (t0 < t1 e Y = wl:)
t0 Y + t1 (Y Y) , se Y Y:
E a utilidade é
u(c; l) = log c + log(1 l):

a) (0,5 ponto) R.O. "relevante" para o indivíduo 1


) c = wl t0 Y t1 (Y Y ) ) c = w(1 t1 )l + (t1 t0 )Y :
| {z }
renda virtual do indivíduo 1)I1
R.O. "relevante" para o indivíduo 2
) c = wl t0 Y ) c = w(1 t0 )l + 0
|{z} :
renda virtual do indivíduo 2)I2

(Necessária explicação do que é a renda virtual.)

b) (1 ponto) Sabemos que o indivíduo 1 escolhe Y > Y , então seu compor-


tamento (na margem) é o de um indivíduo com restrição linear ao preço
w(1 t1 ) e renda não ligada ao trabalho I1 . O mesmo vale para o indi-
víduo 2. Então a oferta de trabalho é (solução padrão do problema do
consumidor):

I1
l1 (w; t0 ; t1 ; I1 ) = 1 1+ , e da mesma forma,
1+ w(1 t1 )
I2
l2 (w; t0 ; t1 ; I2 ) = 1 1+ :
1+ w(1 t1 )

i, ii e iii)

@l1 @I1 =@Y (t1 t0 )


= = < 0;
@Y 1+ w(1 t1 ) 1+ w(1 t1 )
@l1 @I1 =@t0 Y
= = > 0;
@t0 1+ w(1 t1 ) 1+ w(1 t1 )
@l1 @I1 =@t1 w(1 t1 ) + wI1
= ;
@t1 1+ w2 (1 t1 )2
Y w(1 t1 ) + wI1
= < 0:
1+ w2 (1 t1 )2
Como I2 = 0,
@l2 @l2 @l2
= = = 0.
@t0 @t1 @Y

4
Questão 6 (2 pontos)

a) (0,4 ponto) Falso, o aumento do preço de um bem só reduz o conjunto


orçamentário do indivíduo, ele não pode melhorar.
b) (0,4 ponto) Verdadeiro, u(x; y) = A (x) (y) = exp(log A + log (x) +
log (y)): De…na U : R ! R por U (x) exp(log A + x), u1 (x)
log (x) e u2 (x) log (y). Então temos que u(x; y) = U (u1 (x) +
u2 (y)) e u(:) é fortemente separável.
c) (0,4 ponto) Falso. Seja U (x1 ; :::; xI ) = V (u1 (x1 ) + ::: + uI (xI )), onde U (:) é
uma utilidade fortemente separável nos grupos 1; :::; I.
Podemos escrever o problema de minimização de custos como:

arg min(y1 ;:::;yI ) y1 + :::: + yI


( 1 (p; u); :::; I (p; u)) = 1 (2)
s:a: v1 (y1 ) + ::: + vI (yI ) V (u);

onde:
maxxi ui (xi )
vi (pi ; yi ) = (3)
s:a: pi xi yi
para i = 1; :::; I. O problema (2) determina a alocação da renda en-
tre os grupos, enquanto o problema (3) se refere a otimizção dentro de
cada grupo, e gera um vetor de demandas marshalianas, para cada renda
alocada para o grupo:
arg maxxi ui (xi )
(xi1 (pi ; yi ); :::; xini (pi ; yi )) =
s:a: pi xi yi :

Temos então, que para o bem h pertencente ao grupo H e para o bem q


do grupo Q; h (p; u) = xHh (pH ; H (p; u)), logo
@ h (p; u) @xHh (pH ; H (p; u)) @ H (p; u)
= :
@pq @yH @p
| {z }| {zq }
?0 >0

O segundo termo é negativo pois ao aumentar o preço de um bem do grupo


Q, o indivíduo vai realocar mais renda para os outros grupos (a utilidade
marginal da renda no grupo Q caiu). Mas o primeiro termo é de sinal
inde…nido uma vez que ele depende se o bem h é normal ou inferior dentro
do grupo H.
d) (0,4 ponto) Falso. Considere, por absurdo, % não contínua representada por
U (:) contínua. Como a preferência é não contínua, 9 sequências de cestas
fxn gn2N e fyn gn2N tais que

xn % yn , 8n 2 N, ou seja, U (xn ) U (yn ); 8n 2 N;

mas que
lim xn lim yn :

5
Porém,

U (xn ) U (yn ); 8n 2 N ) lim U (xn ) lim U (yn ):

Mas se U (:) é contínua,

lim U (xn ) = U (lim xn ) e lim U (yn ) = U (lim yn ):

Então
U (lim xn ) U (lim yn ) ) lim xn % lim yn ;
uma contradição.
e) (0,4 ponto) Falso. Como sua demanda excedente era zero, o indivíduo pode
continuar comprando a mesma cesta aos novos preços, então estará pelo
menos tão bem quanto antes (de fato, ele pode estar melhor!).

6
Gabarito da Prova 2 de Microeconomia I - 2008
Professor: Carlos E. E. da Costa
Monitor: Vitor Farinha Luz

Solução 1 (1 ponto) a)Veja que apenas de…nimos que as preferências são


homotéticas, sem dizer nada sobre a representação de utilidade especí…ca em
questão. Sendo assim, há liberdade para trabalhar com a representação que mais
lhe convier. Sabemos que uma preferência homotética possui uma representação
de utilidade u(:) homogênea (a existência de uma representação já é assumida
na questão). A partir daí temos que a utilidade indireta v(p; y) é da forma

v(p; y) = y (p):

Pois como u(:) é homogênea de grau 1 e sabemos que as demandas serão ho-
mogêneas de grau 11 , temos

v(p; y) = u [x (p; y)] = u [yx (p; 1)] = yu [x(p; 1)]:


| {z }
(p)

(1 ponto) b)Considere as funções utilidade indireta descritas acima, então o


problema do planejador pode ser escrito da forma (exercício 5 da lista 4)
( P I
( P
I
i log [y i (p)] X I
log (yi )
max i=1
PI i
= i log [ i (p)]+ max PIi
i=1
y1 ;:::;yI s.a. i=1 iy y i=1
y 1 ;:::;y I s.a. i=1 yi y:

I
Com condição de primeira ordem (o problema é côncavo em fyi gi=1 )
i
= ;
yi
I
X
yi = y:
i=1

( é o multiplicador de lagrange da restrição.) O que nos dá a regra distributiva


ótima i (p; y) = i y (que é da forma i (p; y) = i y, com i = i , 8i).

Solução 2 (0,6 ponto) a)Temos que

[y (w; p) ; x (w; p)] = arg max py x w, e


(y;x)2Y
| {z }
(w;p)

1 Suponha, por contradição, que temos x(p; y) 6= x(p; y). Então, como x(p; y) era factível

com a renda y, ou seja, p x(p; y) y, então x(p; y) é factível com a renda y (p x(p; y) =
(p x(p; y)) y). Então temos que x(p; y) x(p; y) ) 1 x(p; y) x(p; y) (homoteti-
cidade de %). Mas então, como 1 x(p; y) é factível à renda y, então x(p; y) não poderia ser
a demanda, uma contradição.

1
x
^ (w; y) = arg min x w:
(y;x)2Y

E temos que vale:

x (w; p) = x
^ [w; y (w; p)] ) @i xi (w; p) = @i x
^ [w; y (w; p)]+@y x
^ [w; y (w; p)] @i y (w; p) :

Mas sabemos, pelo teorema do envelope:


2 2
@i y (w; p) = @pi (w; p) = @ip (w; p) = @p xi (w; p) = @p x^ [w; y (w; p)]
= @y x^ [w; y (w; p)] @p y (w; p)
, logo
2
@i xi (w; p) = @i x
^ [w; y (w; p)] f@y x ^ [w; y (w; p)]g @p y (w; p) :
| {z }
2
@pp (w;p)>0 (con vexidade)

Logo, temos que @i xi (w; p) < @i x


^ [w; y (w; p)].

(0,6 ponto) b)Temos que vale (p1 p2 ) [y (p1 ) y (p2 )] = p1 [y (p1 ) y (p2 )]+
p2 [y (p2 ) y (p1 )]. Mas, por de…nição de função lucro:

p1 y(p1 ) p1 y; 8y 2 Y e
p2 y(p2 ) p2 y; 8y 2 Y:

Em especial, p1 y(p1 ) p1 y (p2 ) ) p1 [y(p1 ) y(p2 )] 0 e p2 y(p2 )


p2 y(p1 ) ) p2 [y(p2 ) y(p1 )] 0. A soma das duas desigualdades prova o
resultado.

(0,8 ponto) c)O problema do indivíduo i então pode ser escrito como
" K K
!#
X X
max E u Wi ak pk + ak Rk :
a1 ;:::;aK 2RK
+ k=1 k=1

A condição de primeira ordem do problema é


( " K
# )
X
0
E u Wi + ak (Rk pk ) (Rk pk ) 0 ( = 0 se ak > 0), k = 1; :::; K:
k=1

Que pode ser reescrita como:


8" # 9
< XK =
E Wi + ak (Rk pk ) (Rk pk ) 0 ( = 0 se ak > 0), ou
: ;
k=1
8" # 9
< XK
ak =
Wi E 1+ (Rk pk ) (Rk pk ) 0 ( = 0 se ak > 0):
: Wi ;
k=1

Como Wi > 0 (e logo desigualdade acima independe ddo valor Wi ), então temos
ak
que essa condição de primeira ordem de…ne a razão W i
, e logo também de…ne

2
ak
k = W i
pk . Logo se dobramos a rende de um indivíduo, ele consederará ótimo
comprar o dobro em todos os ativos. O nome dessa função é CRRA (Constant
relative risk aversion), ou seja, a avaliação de risco desse indivíduo, em relação
a sua riqueza, é sempre a mesma. (Note que a CPO pode resumir a decisão
pois a gunção objetivo é côncava - > 0).

Solução 3 (0,5 ponto) a) O valor mínimo que um indivíduo pelo qual ele se
dispõe a vender a loteria é pv de…nido por:

u (W + G) + (1 )u (W + B) = u(W + pv ): (1)

Esse é o valor que deixaria o indivíduo entre …car indiferente entre a loteria e
a venda (nesse caso não há incerteza). A compensação ocorre quando o agente
tem certeza. Para qualquer valor acima desse o indivíduo aceita vender a loteria
(sendo u(:) crescente). (Caso essa loteria tivesse valor esperado nulo, esse seria
o prêmio de risco.)

(0,5 ponto) b)O valor máximo que o indivíduo está disposto a pagar é pc
de…nido implicitamente por:

u (W + G pc ) + (1 )u (W + B pc ) = u(W ): (2)

Nesse caso o indivíduo paga pc quando a incerteza ocorre (ele comprou a loteria,
então terá incerteza e pagará o preço). Para qualquer valor abaixo desse o indi-
víduo aceita comprar a loteria (sendo u(:) crescente). (Caso o valor esperado da
loteria fosse nulo, esse seria o prêmio de risco compensado discutido na última
lista.)

(0,5 ponto) c) Considere um indivíduo com aversão absoluta ao risco con-


stante, com utilidade u(c) = exp ( c) (função CARA).
Então pc e pv são de…nidos por:

exp f [w + G pc ]g (1 ) exp f [w + D pc ]g = exp [ w] e


exp f [w + G]g (1 ) exp f [w + D]g = exp [ (w + pv )] :

Manipulando a primeira equação

exp f [w + G pc ]g (1 ) exp f [w + D pc ]g = exp [ w] )

) exp ( pc ) f exp f [w + G]g + (1 ) exp f [w + D]gg = exp f wg )

) f exp f [w + G]g (1 ) exp f [w + D]gg = exp f wg exp ( pc ) =


= exp [ (w + pc )] )

) pc = p v .
Então temos que se o indivíduo possue aversão absoluta ao risco constante,
então pv = pc .

3
O caso em que o indivíduo é neutro ao risco é um caso especí…co de aversão
absoluta ao risco constante, já que u00 (:) = 0, mas é o único caso em que a
função não pode ser expressa na forma descrita acima. Se o indivíduo é neutro
ao risco (u(c) = c), então (1) …ca

(W + G) + (1 ) (W + B) = W + pv
) pv = G + (1 )B:

Analogamente, (2) …ca:

(W + G pc ) + (1 ) (W + B pc ) = W
) pc = G + (1 )B:

Assim pc = pv .
p
(0,5 ponto) d)Nesse caso temos G = 44, B = 21, W = 100 e u(x) = x.
Então a expressão (1) …ca
p p p
100 + 44 + (1 ) 100 + 21 = 100 + pv
p
12 + 11(1 ) = 100 + pv
2
pv = (11 + ) 100:

E a expressão (2) …ca como


p p p
100 + 44 pc + (1 ) 100 + 21 pc = W:

(não tem uma forma fechada, mas a função já está de…nida implicitamente - a
equação só tem uma solução.)

Solução 4 O indivíduo desse problema se confronta com um risco ", e tem


a possbilidade de comprar um ativo que paga exatamente a realização dessa
variável aleatória em cada estado da natureza. Caso " seja um choque negativo
esse ativo é um seguro. O ativo afeta o bem-estar do indivíduo através das
funções (:) e (:), mas apenas nos importa a relação de " com a avaliação de
riqueza monetária (a função (:)), que é a afetada pelo ativo O problema do
indivíduo em comprar o ativo pode ser escrito como2

max E f [y " + k(" p)] + (")g :


k2R+

Podemos ver que a função objetivo é côncava em k, então podemos analisar a


solução do problema através da CPO:
0
E [y " + k(" p)] (" p) 0 ( = 0, se k > 0).
2 Poderia ser incluída a restrição de renda: pk y. No entanto, a única mudança na questão
toda seria no caso em que > 0, quando o agente quer comprar ativos, ele pode não conseguir
se segurar totalmente (o importante da questão é se ele irá comprar alguma quantidade).
Nesse caso, levando em consideração essa restrição, o agente com > 0 compraria: k = ,
se p y, e k = yp , se p > y.

4
Dessa equação podemos ver que o que importa para o indivíduo ao comprar um
ativo correlacionado com algum choque é como esse choque afeta a utilidade
marginal da renda (a função (:) não é importante).

(1 ponto) a) Temos que = 0 e p = E("). Então a CPO avaliada em k = 0


é:
E 0 (y) (" p) = 0 (y)E (" p) = 0:
Então podemos concluir, como a função objetivo é estritamente côncava em k,
que o ótimo para o indivíduo será k = 0.

(1 ponto) b)Ainda consideramos E(") = p. Para saber se o agente comprará


quantidade positiva do ativo, temos apenas que avaliar a condição de primeira
ordem em k = 0. Caso seja satisfeita, sabemos que esse é o ótimo. Caso
contrário, sabemos que o ótimo será com k > 0.

E 0
[y "] (" p) = Cov 0
(y ") ; " p :R0, R 0:

No caso > 0, o choque aumenta a utilidade marginal da renda, então um


ativo que paga mais quando esse choque é maior é bem-vindo pelo indivíduo
(um exemplo seria o seguro de vida feito para o pai de família). No caso < 0,
o contrário ocorre, e o indivíduo deseja levar renda para os estados em que " é
menor (um exemplo seria o seguro de vida que o pai não faz para o seu …lho).
No entanto isso não é possível pois ele só pode comprar quantidades positivas
do ativo. No caso = 0, o choque em questão não afeta em nada a valoração
marginal da renda pelo indivíduo, então não há porque ele negociar compensação
monetária por esse choque. Note que em qualquer um dos casos o choque pode
ser algo positivo ou negativo, isso depende se 0 (") 0
(y ") é positivo ou
negativo. O importante é apenas o efeito do choque na utilidade marginal da
renda.

Solução 5 (0,5 ponto) a) @i y(w; p) = @pi 2


(w; p) Q 0: Sabemos que a função
2
lucro (w; p) é convexa, então sabemos que @(p;w) (w; p) é positiva semi-de…nida.
2
Sendo assim podemos a…rmar que os termos diagonais são positivos (@ii (w; p) >
0), mas nada podemos a…rmar sobre efeitos cruzados, então pode ser que o au-
mento do preço de um insumo aumente a quantidade produzida.

Alternativamente: No ótimo temos p = @y c (w; y) : Mantendo p constante, temos


0 = @yi c (w; y) dwi + @yy c (w; y) dy: Donde,

dy @yi c (w; y) ^i (w; y)


@y x
= = ?0
dwi @yy c (w; y) @yy c (w; y)

^i (w; y)
dependendo de ser o insumo ‘normal’— @y x ^i (w; y) <
0 — ou inferior— @y x
0: Como dy=dp > 0, o resto segue daí.
P
(0,5 ponto) b) Falso. Geralmente teremos d (p; u) = dp h S h p; uh +

5
dpH onde H é uma matriz negativa semi-de…nida e simétrica. Ela é nec-
essariamente simétrica para que exista um consumidor representativo positivo
(condição necessária mas não su…ciente) e tem que ser negativa semi-de…nida
para que o consumidor representativo seja normativo.

(0,5 ponto) c)Verdadeiro. Considere o problema de um indivíduo que vive 2


períodos e decide poupar ou não, tendo uma renda incerto no período 1 (consid-
eremos, para simplicidade do argumento, taxa de juros nula)

max u(y0 s) + E [u(y1 + s)] ;


s

com condição de primeira ordem

u0 (y s) + E [u0 (y1 + s)] = 0:

Suponha que elevamos a variabilidade de y1 mantendo sua média constante.


Para a…rmar o que acontece com a condição acima, precisamos saber a concavi-
dade da função u0 (:), que é determinada pela função u000 (:). Caso u000 (:) < 0,
a função u0 (:) é côncava, então se a variabilidade de seu argumento aumenta,
através de um mean preserving spread, E [u0 (y1 + s)] se reduz, então a condição
de primeira ordem, avaliada no nível de poupança inicial, seria negativa, ou
seja, o indivíduo gostaria de diminuir sua poupança. O contrário vale caso
u000 (:) > 0. (estamos falando o aumento na varibilidade de y1 ser um mean
preserving spread com relação a distribuição inicial). Temos que
0
u00 (c) u000 (c)u0 (c) + u00 (c)2
= < 0 ) u000 (c) > 0, e
u0 (c) u0 (c)2
0
u00 (c) u000 (c)u0 (c)c u00 (c)u0 (c) + u00 (c)2 c
c = < 0 ) u000 (c) > 0:
u0 (c) u0 (c)2
Então se algum dos coe…cientes de aversão ao risco é decrescente na renda
sabemos que u000 (:) > 0, então ao aumentar a incerteza quanto à sua renda
futura, o agente aumenta a poupança.

(0,5 ponto) d) Verdadeiro. Seja U (:) a função utilidade que de…ne preferências
sobre sequências de consumo fct gt2N . Então temos que se U (:) é recursiva,
então
t=T
X
t T +1
U (c) = u(c0 )+ U (c1 ) = u(c0 )+ u(c1 ) + U (c2 ) = ::: = u(ct )+ U (cT +1 ):
t=0

Sendo que c = fct+ gt2N = (c ; c +1 ; c +2 ; :::). Então podemos ver que


t 0
@ct U (c) u (ct ) u0 (ct )
= t+ = :
@ct+ U (c) u0 (ct+ ) |{z} u0 (ct+ )
f( )

6
Prova de Reposição de Micro I

18/04/2008

Questão 1 (2 pontos): Considere um agente cuja função utilidade indireta é

v (p; y) = + ( + ) log I log p1 log p2 ;

onde é uma constante, I é a renda do indivíduo, p1 e p2 são os preços, respectivamente,


dos bens 1 e 2:
a) Ache as demandas marshallianas dos bens 1 e 2
b) Ache a função despesa e as demandas hicksianas dos bens
c) Como a utilidade marginal da renda varia como função de mudanças nos preços?
Ache a demanda Frisch.

Questão 2 (1,5 pontos): Uma …rma tem função de produção (Leontief)

y = minf x1 ; x2 g; ; > 0:

a) Mostre que a demanda condicional de fatores independe dos preços. Explique a razão
econômica para isso.
b) Ache as funções lucro, demanda de cada insumo e oferta do produto.
c) Suponha que o insumo 1 seja usado somente nessa indústria (ou seja somente por
…rmas que produzem este bem.) É razoável, neste caso, supor que a oferta da indústria
é in…nitamente elástica? Que hipótese adicional sobre a oferta do insumo garante este
resultado?

Questão 3 (1 ponto) Considere uma economia em que todos os agentes de deparam


com um risco idiossincrático de perder $100 com probabilidade p: Um grupo de N agentes
se junta para repartir os riscos de maneira igual. Ou seja, dividem de forma igual a soma
dos prejuízos que eventualmente ocorrerem.
1) Descreva o risco residual de cada agente quando N = 2 e N = 3:

1
2) Mostre que ao passar de N = 2 para N = 3; o risco carregado por cada agente é
reduzido no sentido de dominância estocástica de segunda ordem. [dica: desenhe a CDF]

Questão 4 (2 pontos):
a) Suponha que um agente tem preferências homotéticas. Mostre que existe uma
representação para suas preferências que induz uma função utilidade indireta

v (p; y) (y) (p)

b) Considere uma economia composta somente de agentes com preferências homotéti-


cas (não necessariamente iguais), usando a representação como a apresentada acima, e
suponha que a função de bem-estar social seja
X X
W u1 ; :::; uI i log ui i > 0 8i e i =1
i i

i
mostre que a regra ótima de repartição de renda é (p; y) = i y, onde y é a renda
agregada da economia.

Questão 3 (1,5 pontos) Mostre que: a) a função utilidade indireta é quase-convexa


em preços e renda; b) A demanda de um insumo k é decrescente em seu preço e a oferta
do produto j crescente em seu preço.
Questão 5 (2 pontos): Responda Verdadeiro ou Falso justi…cando.
a) O aumento do preço de um bem pode reduzir o custo marginal de aumentar a
utilidade.
b) Considere duas loterias, L1 e L2 de médias iguais e suponha que a variância de
L1 é maior do que a variância de L2 ; então, todo agente com utilidade Bernoulli u ( )
crescente e côncava prefere L2 a L1 :
c) Se duas …rmas são iguais em todos os aspectos exceto seus custos …xos não-
afundados então suas curvas de oferta são iguais no curto, mas não no longo prazo.
Se, porém, a diferença é somente em custos afundados então as curvas de oferta serão
iguais independentemente do prazo.
d) As …rmas maximizadoras de lucro fazem hedge, porque a a variabilidade dos preços
diminui seu lucro esperado.

2
Gabarito da Prova Substitutiva de Microeconomia I - 2008
Prof.: Carlos E.E. da Costa
Monitor: Vitor F. Luz

Questão 1) (2 pontos) Vide Gabarito Questão 8 da prova 3 (no item (b)


faltou dizer que i = @e(p;u)
@pi , para i = 1; 2).
a) (0,7 ponto) b) (0,7 ponto) c) (0,6 ponto)

Questão 2) (1,5 pontos)


a) (0,5 ponto) A função de produção da …rma é dada por F (x1 ; x2 ) min f x1 ; x2 g,
com ; > 0. Então o problema de minimização de custos da …rma é dado por

w1 x1 + w2 x2
[xc1 (w; y); xc2 (w; y)] = arg min
x1 ;x2 0 s.a. min f x1 ; x2 g y:

Podemos ver facilmente que xc1 6= xc2 nunca é solução (com preços posi-
tivos), pois imagino uma "solução" com xc1 > xc2 , então pela restrição temos
xc1 > xc2 y, assim a …rma poderia diminuir na margem a demanda de x1 ,
diminuindo seu custo e ainda satisfazendo a restrição. Sabemos também que a
restrição vale na igualdade, senão teríamos xc1 > y e xc2 > y e a …rma pode
diminuir na margem qualquer um de seus insumos. Então temos

y y
xc1 (w; y) = xc2 (w; y) = y ) [xc1 ; xc2 ] (w; y) = ; :

Pode ser visto que a demanda condicional não depende do preço dos fatores. Isso
se dá pois essa é uma tecnologia de proporções …xas, então não há nenhum grau
de substitutabilidade entre os fatores e logo os preços relativos não importam.

b) (0,5 ponto) temos que (vide Gabarito da questão 4 da Lista 6 - item (d))
8 w1 w2
< [+1; +1; +1; +1] , se p > + ;
w1 w2
[y; x1 ; x2 ; ] (p; w) = [0; 0; 0; 0] , se p < + ;
: w1 w2
[N D; N D; N D; 0] , se p = + :

(N D signi…ca "Não de…nido").

c) (0,5 ponto) Dados os preços dos insumos, a oferta da …rma é de fato in…ni-
tamente elástica ao preço w1 + w2 . No entanto também precisaríamos (e no
problema estamos implicitamente assumindo) que a oferta dos insumos fosse in-
…nitamente elástica aos preços w1 e w2 , pois observe que a …rma precisa poder
comprar qualquer quantidade dos fatores a esse preço. Então não parece
razoável esperar que na economia uma …rma possa produzir uma quantidade
inde…nidamente grande de algum produto (vivemos em um mundo de recursos
escassos).

1
Questão 3) (1 ponto) Vide gabarito da questão 1 da Lista 8 (itens (a) e
(b) valem 0,5 ponto cada).

Questão 4) (2 pontos) Vide gabarito da questão 1 da Prova 2. (itens (a) e


(b) valem 1 ponto cada.)

Questão 5) (1,5 pontos)


a) (0,75 ponto) Vide Mas-Colell, pág. 56.

b) (0,75 ponto) Seja (p) e y(p) as funções lucro e oferta de uma …rma, re-
spectivamente, então temos que y(p) = Dp (p) ) Dp y(p) = Dp2 (p), e pela
convexidade de (p)1 temos que Dp y(p) é positiva semi-de…nida, o que implica
que @y@p
i (p)
i
0, 8i. Então segue que a oferta de cada produto é crescente em
seu preço e a demanda de cada insumo é decrescente em seu preço (lembre que
se yj é um insumo então yj < 0).

Questão 6) (2 pontos)
a) (0,5 ponto) Verdadeiro. Considere o problema de minimização de custos do
consumidor
p x
e(p; u) = minn
x2R+ s.a. u(x) u:

Então temos que o custo marginal de aumentar a utilidade é @e(p;u) @u (como


h i 1
V (p; e(p; u)) = u ) @V (p;e(p;u))
@y = @e(p;u)
@u ), então queremos saber o sinal de

@ (@e=@u) @ 2 e(p; u) @ 2 e(p; u) @ i (p; u) @xi (p; e(p; u)) @e(p; u)


= = = = Q 0:
@pi @u@pi @pi @u @u @y @u
| {z }| {z }
>0
Q0

Vemos assim, que o sinal depende de o bem ser normal ou inferior.

b) (0,5 ponto) Falso. Ver questão 2 da lista 8.

c) (0,5 ponto) Falso. Os custos …xos nao importam no longo prazo (na verdade,
a própria de…niçaõ de longo prazo é o prazo no qual os insumos …xos podem ser
variados). Então as curvas de longo prazo são iguais se a …rma difere em custos
…xos não afundados. Enquanto isso, a segunda parte da a…rmativa está correta.
Custos afundados não afetam decisão alguam da …rma.

d) (0,5 ponto) Falso. como o lucro é uma função convexa, o lucro esperado cresce
com a variabilidade dos preços (variabilidade no sentido de mean preserving
spread ). Veja que, pela desiguldade de Jensen, E [ (p)] [E(p)].
1 Considere p ; p 2 Rn
1 2 ++ e 2 [0; 1] quaisquer e de…na p = p1 + (1 )p2 e y1 ; y2 ; y
como as ofertas aos respectivos preços. Então temos que p1 y1 p1 y e p2 y2 p2 y , logo
(p1 y1 ) + (1 )(p2 y2 ) [ p1 + (1 )p2 ] y , ou seja, (p1 ) + (1 ) (p2 ) (p ).

2
Microeconomia I - 2008
Prof.: Carlos E. E. L. da Costa
Monitor: Vitor Farinha Luz

Questão 4 (1a prova 2006) Considere uma sociedade onde todas as pessoas
têm as mesmas preferências sobre lazer e consumo representáveis pela função
( 1
i
u (c; l) = c1 + l1 1
para > 0; 6= 1 8i
log c + log l para = 1

Cada indivíduo i tem, uma restrição orçamentária ci + li wi = wi : A única


diferença entre as pessoas nesta sociedade é sua produtividade, wi :
i) Ache a elasticidade de substituição entre consumo e lazer.
ii) Quem trabalha mais, agentes mais produtivos (wi maiores) ou menos produ-
tivos (wi menores) se:
a) a elasticidade de substituição é menor do que um?
b) a elasticidade de substituição é igual a um?
c) a elasticidade de substituição é maior do que um?
iii) Quem tem utilidade maior, os mais ou os menos produtivos?

Solução 1 i)Da utilidade temos:


8 1
< (c
> + l1 ) 1 (1 )c
@u(c; l) ,se 0e 6= 1
= (1 )
@c >
: 1 ,se = 1;
c
8 1
>
< (c + l1 ) 1 (1 )l
@u(c; l) ,se 0e 6= 1
= (1 )
@l >
: 1 ,se = 1:
l
c
@u(c;l)
l ,se 0e 6= 1
Logo, T M S = @l
@u(c;l) = c . E sabemos que no ótimo
@c l ,se = 1;
vale a CPO:
c(wi ) pl c(wi ) 1
TMS = = = wi =) ln = ln wi ;
l(wi ) pc l(wi )
c(wi )
@ 1
l(wi )
wi i
e, pela de…nição, Elasticidade de substituição = ei = @(
h
c(wi )
=
1
wi
) l(wi )
c(wi )
@ ln
l(wi ) 1
@ ln(
= :
1
wi
)
1
c(wi )
ii)Mais uma vez, da CPO temos l(wi ) = wi ) c(wi ) = wi l(wi ) )
R:O:
1 1 1
i i i i i i i i 1 i
w l(w ) + w l(w ) = w ) w l(w ) + l(w ) = 1 ) w l(wi ) +

1
h 1 i i
h 1 i 1 1
@l(wi )
wi + 1 @l(w )
@wi = 0 ) @wi = wi +1 1
wi l(wi ):
Logo,
@l(wi )
R 0 , R 1 , ei S 1:
@wi
(Note que no problema é sempre não negativo.)

iii)Como o conjunto orçamentário dos indivíduo mais produtivos contém o dos


menos produtivos, logo sua utilidade será maior.

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