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FILOSOFIA - GRÉCIA ANTIGA – Pós SÓCRATES

Referencias bibliográficas:

Filosofando: Introdução a filosofia / Maria Lúcia de Arruda Almeida


Aranha e Maria Helena Pires Martins.

O mundo de Sofia: Romance da história da filosofia / Jostein Gaarder

Dicionário de Filosofia / Nicola Abbagnano - Ed. Matins Fontes 2003

Dicionário Etimológico Nova Fronteira da língua Portuguesa – Ed. Nova


Fronteira 1986

PLATÃO (428 – 347 a.C)

Platão tinha 29 anos quando Sócrates teve de beber cicuta – primeira ação
de Platão foi a publicação do discurso de defesa do Sócrates + coletânea
de cartas e mais de trinta diálogos filosófico. Fundador de escola filosófica
nos arredores de Atenas que levou o nome do legendário herói grego
Academos – escola recebe o nome de Academia.

Academia de Platão Dialogo vivo era o que mais importava para ensinar
filosofia, matemática e ginástica.
Platão se interessava pela relação entre aquilo que de um lado, é eterno e
imutável, e entre aquilo que, de outro fui (exatamente como os pré-
socráticos).

De modo geral os sofistas achavam que a questão sobre o que era certo
ou errado modificava-se de cidade-Estado para cada cidade-Estado e de
geração para geração, portanto o certo e o errado era algo que fluía.
Sócrates não aceitava isso, e acreditava em regras ou normas eternas
que governavam o agir dos homens. Se usarmos a razão podemos
reconhecer todas as normas imutáveis, pois a razão humana é algo eterno
e imutável.
Platão se interessava tanto pelo que é eterno e imutável na natureza
quanto o que é eterno e imutável na moral e na sociedade. Em ambos os
caos se tratava da mesma coisa.
Tudo o que podemos tocar e sentir na natureza flui – tudo o que pertence
ao “mundo dos sentidos” é feito de material sujeito a corrosão do tempo,
ao mesmo tempo tudo é formado a partir de uma forma eterna e
imutável.

Abelhas dos mais variados tipos – ideia de abelha é una, imutável, a


verdadeira realidade. A forma da abelha é eterna e imutável, pois são os
modelos espirituais ou abstratos, a partir dos quais todos os fenômenos
são formados, uma origem comum.

Platão ficou admirado com a semelhança entre todos os fenômenos da


natureza e chegou a conclusão de que “por cima “ ou “por traz” de tudo o
que vemos a nossa volta há um numero limitado de formas. A essa
formas Platão deu o nome de ideias. Ideia de abelha, de homem. Teoria
das ideias.

Do seu mestre aproveita a noção de LOGOS e cria a palavra IDEIA (eidos),


para referir-se à intuição intelectual, distinta da intuição sensível.
O mundo das ideias gerais, das essências imutáveis, que o homem atinge
pela contemplação e pela depuração dos enganos dos sentidos.
Ideias a única verdade, o mundo dos fenômenos só existe na medida em
que participa da ideia – teoria da participação criticada por Aristóteles.

A uma dialética (movimento e relação de opostos e arte do discurso) que


fará a alma elevar-se das coisas múltiplas e mutáveis às ideias unas e
imutáveis.
As ideias gerais são hierarquizadas, e no topo esta a ideia do bem, mais
alta em perfeição e a mais geral de todas: os seres e as coisas não existem
se não enquanto participam do bem. E o bem supremo é também a
suprema beleza – Deus de Platão.
Platão tenta superar os Pré-socráticos:
Heráclito afirma a mutabilidade essencial do ser – Platão fala o mesmo do
mundo dos fenômenos;
Parmênides afirma que o ser é imóvel (ser e pensar, não quer dizer que
reduza o ser das coisas ao pensamento) – Platão fala o mesmo do mundo
das ideias.

Sobre as coisas do mundo dos sentidos, coisas tangíveis (sensíveis),


portanto, não podemos ter senão opiniões incertas, pois não podemos
conhecer realmente algo que se transforma. A razão é de certa forma, o
extremo oposto de achar e sentir, mas podemos chegar a um
conhecimento seguro sobre aquilo que reconhecemos com a razão.

Como os homens podem ultrapassar o mundo das aparências ilusórias?


Platão supõe que os homens já teriam vivido como puro espírito quando
contemplaram o mundo das ideias, mas tudo esqueceram quando se
degradam ao se tornarem prisioneiros do corpo “tumulo da alma”.
Teoria da reminiscência – sentidos despertam a alma de lembranças
adormecidas.

Para melhor sintetizar as idéias de Platão recorremos ao livro VII de


“A REPÚBLICA”, onde seu pensamento é ilustrado pelo famoso MITO DA
CAVERNA ...
O mito pode ser analisado sob dois pontos de vista: o epistemológico
(relativo ao conhecimento) e o político (relativo ao poder).
Segundo a dimensão Epistemológica o mito é uma alegoria a respeito das
duas principais formas de conhecimento, na teoria das idéias, Platão
distingue o mundo sensível, dos fenômenos e o mundo inteligível, das
idéias.

O mundo sensível, acessível aos sentidos, é o mundo da multiplicidade, do


movimento, e é ilusório, pura sombra do verdadeiro mundo.
Filósofo (aquele que se libertou das correntes) ao contemplar a
verdadeira realidade passa da opinião (Doxa) a Ciência (Episteme).
Assim passamos a segunda dimensão do mito da caverna, a política
(relativo ao poder), surgida da pergunta: como influenciar os homens que
não veem?
Cabe ao sábio ensinar a governar – trata-se da necessidade da ação
política, da transformação dos homens e da sociedade, desde que seja a
partir de um modelo.

Mundo dos sentidos – conhecimento aproximado ou imperfeito – uso dos


sentidos, onde as coisas simplesmente surgem e desaparecem.
Mundo das idéias - conhecimento se alcança pela razão e não pode ser
conhecido pelos sentidos.
Homem é um ser dual = temos um corpo que flui ligado ao mundo dos
sentidos, mas também temos uma alma imortal, que é a morada da razão.

A alma já existia ante de vir habitar nosso corpo – existia no mundo das
ideias.
Homem quando vem habitar nosso corpo ele esquece das idéias perfeitas,
mas desperta o anseio de retornar a verdadeira morada da alma. Platão
chamava esse anseio, esta saudade, de EROS, que significa amor.
Todos os fenômenos da natureza meros reflexos das formas eternas, ou
idéias.

Alegoria da caverna – sombras ou teatro de sombras:


1- Se pergunta de onde vem aquelas sombras projetadas na parede;
2- Consegue se libertar dos grilhões que o prendem para além do
muro;
3- Se encontra com uma luz intensa e não consegue enxergar nada;
4- Depois a precisão dos contornos das figuras, de que ele então só
vira sombras, ofusca a sua visão;
5- Depois de esfregar os olhos vê como tudo é bonito, vê as cores,
animais, flores de verdade;
6- Entende que o Sol da vida ás flores e aos animais da natureza,
assim como também era graças ao fogo da caverna que ele podia
ver as sombras refletidas na parede;
7- Desfruta a liberdade que conseguiu alcançar, mas decide voltar
porque as outras pessoas não lhe saem da cabeça;
8- Tenta explicar aos outros sobre o mundo das sombras e da o
mundo da luz;
9- Por fim ninguém acredita nele e dizem ser as sombras a única coisa
que existe e acabam matando-o; a alegoria da caverna é o caminho
que o filósofo percorre das noções imperfeitas para as idéias reais –
uma imagem da coragem e da responsabilidade pedagógica do
filósofo.

O ESTADO IDEAL
O Estado modelo ou Estado utópico.
Estado deveria ser dirigido por filósofos – para fundamentar sua reflexão
se valia da constituição do corpo.

CORPO ALMA IDEAL ou ESTADO


VIRTUDE
Cabeça Razão Sabedoria Governantes
Peito Vontade Coragem Sentinelas ou
soldados
Baixo ventre Desejo ou prazer Temperança ou Trabalhadores
controle (comerciantes,
artesões e os
camponeses)

Somente quando as tres partes do corpo agem como um todo é que


temos o indivíduo harmônico ou integro.
Na escola as crianças devem primeiramente apreender a controlar seus
desejos, depois desenvolver a coragem, e por fim, usar a razão para atingir
a sabedoria.

Adotou como modelo de estado a ciência médica grega. Do mesmo modo


como um indivíduo saudável e harmônico mostra o equilíbrio e
moderação, um Estado justo se caracteriza pelo fato de cada um
conhecer o seu lugar no todo.
Semelhança do Estado de Platão ao antigo sistema de castas na Índia:
Dirigentes ou a casta de sacerdotes, a casta dos guerreiros e a casta de
trabalhadores.

Hoje em dia o Estado de Platão é criticado por ser autoritário, embora


Platão já considerava naquela época que as mulheres eram tão
capacitadas como os homens para governar, bastava que recebessem a
mesma formação que os homens e fossem liberadas do serviço de casa e
da guarda das crianças.

Platão queria abolir a vida familiar e a propriedade privada dos


governantes do Estado e de seus sentinelas. A educação infantil era
importante demais para ser deixada a cargo do indivíduo. Ela deveria ser
de responsabilidade do Estado. Sendo ele o primeiro filósofo a defender
a criação de jardins da infância e semi-internatos públicos.

Recebeu por isso duras criticas e reintroduz a noção de propriedade


privada e laços familiares restringindo a liberdade de mulheres.
Estado que não forma nem educa as mulheres é como um homem que
treina só o braço direito.

Platão representante do idealismo? - Confere as ideias uma existência


real ou trata-se menos de uma teoria idealista e mais de um realismo das
ideias, ou de um idealismo objetivo.

ARISTÓTELES (384 – 322)

Filósofo e cientista, durante vinte anos foi aluno da Academia de Platão.


Natural da Macedônia veio para Academia quando Platão tinha sessenta e
um anos. Seu pai era médico de renome, um cientista da natureza, o que
influencia e muito o projeto filosófico de Aristóteles, pois seu maior
interesse era a natureza viva. Sendo o último dos filósofos clássicos e
também o primeiro grande Biólogo da Europa.
AS IDÉIAS NÃO SÃO INATAS
Aristóteles se interessava justamente pelas mudança por aquilo que
chamamos de processos naturais x eterno de Platão.
Aristóteles saiu ao encontro da natureza e estudou peixes e rãs,
anêmonas e papoulas.
Platão era poeta e criador de mitos x escritos de Aristóteles são sóbrios e
pormenorizados como verbetes de uma enciclopédia, com extrema
diligencia. Cento e setenta títulos assinados por ele, mas só quarenta e
sete chegaram até os nossos dias (apontamentos feitos para suas aulas).

Criou a linguagem técnica utilizada ainda hoje pelas mais diversas


ciências, sistematizador e ordenador dos procedimentos científicos.
Aristóteles achava que Platão tinha virado tudo de cabeça para baixo, pois
o que vem primeiro é a experiência vivida e a ideia de cavalo ou de abelha
não passava de um conceito criado pelos homens e par os homens depois
de eles terem visto um certo números de cavalos ou de abelhas.

A forma de cavalo constitui para ele aquilo que chamamos de espécie. As


“formas” das coisas estavam dentro das próprias coisas, assim a ideia de
cavalo ou abelha não pode vir antes do cavalo ou abelha. Para ele a
forma são as características que distinguem uma coisa ou animal do outro.
Assim o cavalo em si e a sua forma são duas coisa inseparáveis quanto o
corpo e a alma. Platão FÔRMA X FORMA Aristóteles

Para Platão o grau máximo de realidade esta em pensarmos com a razão e


considera tudo o que vemos ao nosso redor na natureza meros reflexos
de algo que existe no mundo das idéias e por conseguinte também na
alma humana.
Para Aristóteles ao contrário era evidente que o grau máximo de
realidade está em percebermos ou sentirmos com os sentidos e o que
existe na alma humana nada mais é do que reflexos dos objetos da
natureza.
Aristóteles diz também que Platão foi prisioneiro de uma visão mítica do
mundo, que confundia as idéias dos homens com a realidade do mundo.
Diz que não existe nada na consciencia que já não tenha sido
experimentado antes pelos sentidos.

Aristóteles achava que todas as nossas ideias e pensamentos tinham


entrado em nossa consciencia através do que víamos e ouvíamos, mas
também temos uma razão inata, uma capacidade inata de ordenar em
diferentes grupos e classes todas as nossas impressões sensoriais, e é
assim que surgem os conceitos de cavalo e abelha. Mas nossa razão pode
permanecer totalmente vazia se não percebemos nada, ou seja, uma
pessoas não possuía uma idéias inatas.

AS FORMAS SÃO AS CARACTERÍSTICAS DAS COISAS


A realidade consiste em várias coisas isoladas, que representam uma
unidade de forma e substancia.
A “substancia” é o material de que a coisa se compõe, ao passo que a
“forma” são a características peculiares da coisa. No caso do cavalo é
tudo o que fazem, e que quando morrem a forma deixa de existir e a
única coisa que resta é a substancia que não é cavalo.

A “substancia” sempre encerra a possibilidade de vir adquirir determinada


forma. Assim toda a mudança observada na natureza é uma
transformação, ocorrida na substancia, de uma possibilidade para uma
realidade. A forma de uma coisa diz tanto sobre as suas possibilidades
quanto sobre suas limitações. “Forma e Conteúdo” não apenas em
organismos vivos – galinha e pedra.

A CAUSA FINAL, OU DA FINALIDADE


Relação de causa e efeito na natureza. E que na natureza existem
diferentes tipos de causa.
Busca responder a seguinte pergunta, por que chove?
A “causa substancial” ou “causa material” que é o fato do vapor d’água
em questão as nuvens estarem no céu;
A “causa atuante” ou “causa eficiente” resfriamento do ar;
A “causa formal” é o fato de ser inerente a forma ou a natureza da água
cair no chão;
A “causa final” ou “finalidade” é que as plantas e os animais precisam de
água
Por trás de tudo na natureza existe um propósito, uma finalidade, chove
porque as plantas cresçam e as laranjas e as uvas possam crescer e servir
de alimento aos homens. Hoje em dai a ciência não pensa mais assim, pois
se diz que os alimentos e a água são condições para que os homens e
animais possam existir.

LÓGICA
Aristóteles diz que quando reconhecemos as coisas do mundo nós a
ordenamos em diferentes grupos ou categorias. O que é comum a todos
os cavalos é a “forma” do cavalo, tudo o que é distinto ou individual
pertence a “substancia” do cavalo, e assim nós vemos o mundo colocando
em gavetas diferentes.

Distinguimos coisas vivas de motas e plantas de animais e de seres


humanos. Então todas as coisas na natureza pertencem a diferentes
grupos e subgrupos.
Divisão em diferentes grupos e subgrupos, por exemplo um cachorro:
animal, animal vertebrado, mamífero, cachorro, tal raça, macho ou fêmea.
Continuando para compreensão da natureza: Reino mineral, vegetal,
animal ...

Aristóteles foi um organizador um homem extremamente meticuloso, que


queria por ordem nos conceitos dos homens e de fato fundou a ciência da
lógica, e estabeleceu uma série de normas rígidas para que conclusões ou
provas pudessem ser consideradas logicamente válidas. Lógica de
Aristóteles trata da relação entre conceitos.

A ESCADA DA NATUREZA
Colocar ordem na vida. Tudo o que ocorre na natureza pode ser dividido
em dois grupos principais. De um lado temos as COISAS INANIMADAS:
pedras, torrões de terra... Essas coisas não encerram em si uma
potencialidade de transformação e só podem ser transformados sob a
ação de agentes externos.

De outro lado temos as CRIATURAS VIVAS que possuem dentro de si uma


possibilidade de transformação. A natureza progride paulatinamente das
coisas inanimadas para as criaturas vivas. Ao reino das coisa inanimadas
segue-se primeiramente o reino das plantas que em relação ao reino das
coisas inanimadas parece animado e em relação ao reino dos animais
parece quase inanimado.

Quando Aristóteles divide os fenômenos da natureza em diferentes


grupos, ele parte da característica das coisas, daquilo que elas são
capazes ou daquilo que elas fazem. Tudo o que vive: plantas, animais e
pessoas tem a capacidade de se alimentar, crescer e se multiplicar. Os
animais e os homens, tem além disso tem a capacidade de perceber o
mundo que os cerca e de se locomover na natureza. E todas as pessoas
tem a capacidade de ordenar as suas impressões sensoriais em diferentes
grupos e classes.

Na natureza não existem divisões realmente estanques, pios percebemos


uma transição gradual de vegetais simples para plantas mais complexas,
de animais simples para mais complexos, e bem no alto dessa escala esta
o homem que cresce e se alimenta como as plantas, tem sentimentos e
capacidade de locomoção como os animais e uma característica muito
especial que é a capacidade de pensar racionalmente.

Aristóteles explica que deve haver um Deus que colocou em marcha


todos os movimentos da natureza e assim assume o cume absoluto na
escala da natureza. Os movimentos das estrelas e dos planetas comandam
os movimentos aqui na terra, mas deve haver algo que faz os corpos
celestes se movimentarem. A isso Aristóteles chamava de primeiro
impulsor, ou DEUS; esse primeiro impulsor não se movimenta, mas é a
causa primordial de todos os movimentos dos corpos celeste, por
conseguinte dos movimentos na natureza.
ÉTICA
A forma do homem se define por ele possuir tanto por ele possuir uma
“alma vegetal”, quanto uma “alma animal”, e uma “alma racional” e
pergunta como o homem deve viver? Do que o homem precisa para viver
uma boa vida?
O homem só é feliz se puder desenvolver e utilizar todas as suas
capacidades e possibilidades. Acreditava em tres formas de felicidade:
Uma vida de prazeres e satisfações;
Uma vida como cidadão livre, responsável;
Uma vida com pesquisador e filósofo.

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