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Fundado em 24 de fevereiro de 2007 Registro na ABIM 005-JV

Editorial __________________________________________________________________________________________

“O discípulo evolui por seus próprios méritos, e a si mesmo transformando, transforma o mundo.”
Professor Henrique José de Souza

E nfim, começou o ano de 2008. Culturalmente, somos um país que somente reenceta suas
atividades após o carnaval; lamenta, quando um dos diversos feriados caiu em um final de
semana, e torce, para que nossos parlamentares criem mais um dia da consciência, seja lá do quê!
Afinal, somos um país que vai pra frente! Há décadas, falamos isso.
O que me preocupa é que, mais uma vez, estamos em ano eleitoral. Mais uma vez, soltamos um
grito de alerta, tentando despertar nossos leitores da enorme responsabilidade, que temos como
cidadãos no uso de nosso voto.
Lembro uma declaração do Pelé: “o brasileiro não sabe votar”. Quase crucificaram o maior
ícone do futebol mundial de todos os tempos. Diria mais: além de não saber, pouco se esforça para
exercer seu direito de cidadão em prol de um país mais justo, pensando que está, apenas, cumprindo
uma dolorosa obrigação nas urnas.
Os políticos são o reflexo de seus eleitores! Votemos com consciência e responsabilidade!
Destaco, nesta edição, a matéria, por mim assinada, chamada Entusiasmo – O Combustível de
Um Eterno Aprendiz, que ressalta os hercúleos esforços para reativação de uma Loja de Perfeição no Sul de Minas, a qual terei
o privilégio de presidir durante a gestão 2008.
Moisés – o legislador e libertador dos israelitas, sua vida e Obra abrilhantam a coluna “Os Grandes Iniciados”,
enquanto que, na coluna “Ritos Maçônicos”, apresentamos o Rito Moderno, o primeiro Rito praticado no Brasil.
Na coluna “Trabalhos”, apresentamos a “A História de Boaz”; “A Verdade Através da Tolerância” e o “Esoterismo do
Templo Maçônico”.
Já na coluna “Reflexões”, escolhemos uma belíssima matéria com o nome “A Lenda do Tempo”, do Irmão Wellington
Oliveira, matéria, que fora, há tempos, publicada na revista “A Trolha”.
Estamos muitíssimo orgulhosos das inúmeras manifestações recebidas, dos calorosos elogios por nosso singelo
trabalho em prol da cultura maçônica. É muito gratificante estar à frente de tão altruístico trabalho. Muitos dos textos, por nós
publicados, transformam-se em belas Peças de Arquiteturas, elucidando nossos Irmãos em vários assuntos, enriquecendo os
“Quartos de Hora de Estudos”.
O termostato desse sucesso é a crescente adesão à nossa lista de e-mail´s, que, hoje, já ultrapassa a 9100 e-mail´s de
Irmãos do Brasil e do exterior. Além desses, que, mensalmente, recebem-nos carinhosamente, nossa Revista vem sendo
redistribuída em várias listas de discussões, sites maçônicos e nas listas particulares, entre nossos Irmãos.
Aproveitamos a oportunidade para agradecer, mais uma vez, aos Irmãos colaboradores por suas brilhantes matérias e
aos Irmãos patrocinadores, que anunciam em nossa Revista e possibilitam a produção da mesma.
Querido leitor, sentimo-nos regiamente pagos e satisfeitos em estar realizando este grande trabalho de levar a cultura
aos Irmãos. Temos a consciência de que somos, apenas, um veículo dos excelsos Seres da Grande Fraternidade Branca,
auxiliando a evolução de todos nós.
Procuremos, cada um de nós, lamentar menos e, de fato, fazer a parte, que nos cabe como Iniciados, em prol de uma
Maçonaria mais culta, unida e forte; de um país mais sério e justo e de um amanhã mais digno para nossos filhos e netos!
Que tenhamos a coragem de vestir nossos paramentos, para sairmos às ruas e exigirmos dignidade de nossos
governantes com a mesma disposição e coragem, que temos, para subir em um carro alegórico, fantasiados de maçom, em
pleno carnaval! Desculpem-me, os que pensam diferente, mas nosso papel é bem outro!
Ah, sim, ao folhear o calendário de 2008, percebi que, para desespero de muitos, adeptos do “deixa a vida me levar”, os
feriados da Independência e da República do Brasil, verdadeiras efemérides maçônicas, caem no final de semana!
Façamos por merecer melhor sorte!
Encontrar-nos-emos na próxima edição! 

Arte Real ________________________________________________________________________________________

O Arte Real é uma Revista maçônica virtual , de publicação mensal, que se apresenta como mais um canal de informação,
integração e incentivo à cultura maçônica, sendo distribuída, diretamente, via Internet, para mais de 8600 e-mail´s de
Irmãos de todo o Brasil e, também, do exterior, além de uma vasta redistribuição em listas de discussões, sites maçônicos e
listas particulares de nossos leitores.
Editor Responsável: Francisco Feitosa da Fonseca. Empresas Patrocinadoras: Arte Real Software – CH
Diagramação e Editoração Gráfica: Francisco Feitosa da Dedetizadora – CONCIV Construções Civis - CFC Objetiva Auto
Fonseca. Escola - Empório Bacellar - Flávio Vasques – Jorge Vicente -
Revisão: João Geraldo de Freitas Camanho Maqtem – Maurílio Advocacia - Santana Pneus – Sul Minas
Colaboradores nesta edição: André Otávio Assis Muniz – Laboratório Fotográfico.
Giselda Sbragia – Henrique José de Souza – João Geraldo Camanho - Distribuição gratuita via Internet.
José Blanco – Milo Luiz Bazaga Jr. - Sidnei Rodrigues Lima – Os textos editados são de inteira responsabilidade dos signatários.
Wellington B. de Oliveira
Contatos: feitosa@entreirmaos.net  
Nesta Edição ________________________________________________________________________________

Texto da Capa – Agni – O Fogo Sagrado.........................Capa Trabalhos - A Verdade Através da Tolerância.......................9


Editorial...................................................................................2 Trabalhos – Os Arcanos Maiores..........................................10
Matéria da Capa - Agni – O Fogo Sagrado...........................3 Trabalhos - Esoterismo do Templo Maçônico.....................11
Destaque - Entusiasmo – O Combustível de Um Eterno Aprendiz. .4 Trabalhos – A História de Booz............................................13
Destaque - Tudo Tem Seu Tempo................................ .........6 Reflexões – A Lenda do Tempo............................................13
Ritos Maçônicos – O Rito Moderno.....................................7 Boas Dicas – E-book /sites /Edições Anteriores........14
Os Grandes Iluminados – Moisés.......................................8

Matéria da Capa _______________________________________________________________

Agni – O Fogo Sagrado


Henrique José de Souza*

A gni é uma palavra sânscrita. Quer dizer “Fogo


Sagrado”, “Centelha Divina”, “Fogo do Sacrifício”,
“Símbolo do Conhecimento Supremo”.
Atharvans, etc. foram capazes de tais façanhas. Terríveis
foram, em conseqüência, as represálias dos Senhores do Céu.
Pagaram duramente por esse sacrilégio esses destemidos
Athar é o sinônimo de Agni. Athar, nome, que deu benfeitores da humanidade.
origem a Atharvan, a quem é atribuído o Atharva-Veda, O sentido dessas lendas é claro. Referem-se às hostes
considerado o mais moderno dos Vedas, tratando que chamamos de Mestres do Conhecimento e dedicaram suas
particularmente do culto do Fogo. gloriosas vidas a aperfeiçoar os homens. Sempre sofrendo as
Espírito Puro sempre foi verdadeiramente comparado conseqüências do imenso idealismo, que os caracteriza, não
ao Fogo. Daí, usarmos, na simbologia raras vezes, pagam com a vida esse
iniciática, o nome de Iluminado, Budha, profundo desejo de quererem instruir e
Cristos e outros muitos, que, apenas, aperfeiçoar a humanidade.
expressam a qualidade inerente àquele, Preferimos ver, nessas
em que arde plenamente o Fogo do maravilhosas lendas, a referência a
Espírito, que não precisa, para uma categoria angélica, que se
esplender, de óleo nem de pavio. sacrificou, encarnando-se nos homens
É, de toda a corrente mística do da raça primordial, para despertar
mundo, conhecida a expressão de akta, neles a consciência intelectual. São
mashiah, com que se dignam os esses, verdadeiramente, os Prometeus
consagrados com os óleos santos. encadeados no áspero rochedo do
Simplesmente, tem em vista insinuar Cáucaso, cujas vísceras são
que aqueles, em que refulge o fogo, estão permanentemente devoradas pelos
embebidos de óleo, como um abutres dos desejos grosseiros dos
combustível eterno, que não precisa ser homens, em que habitam. Chamamos a
renovado. O culto do fogo pertence a atenção para não ser essa uma
todos os tempos. Como elemento, interpretação ortodoxa dos Vedas,
representa o poder que consome as senão um ligeiro esboço do significado
impurezas. É o grande purificador. Sacrifício, holocausto, que oculto, conhecido nas tradições como as Quatro Verdades.
não for devorado pelo fogo insaciável que dos céus desce, não
será aceito. A própria Bíblia nos mostra que Caim, oferecendo
frutos e flores da terra, nas suas oblatas, não teve a alegria de
vê-los recebidos. Enquanto que Abel, oferecendo seus “Agnos”
imolados no altar dos sacrifícios, via com desvanecimento o
Fogo Celeste consumi-los. Devemos compreender essas
alegorias. O Fogo Espiritual purifica as paixões animais,
consumindo-as, mas o mesmo não sucede com os símbolos
que expressam pureza e perfeição.
O rito do fogo é, sem dúvida, o mais antigo que se
conhece. O fogo sempre foi o maior amigo do homem. Tão
precioso era ele, que se considerou sempre, entre todos os
povos, a sua conquista como obra ciclópica, só capaz de ser
realizada por criaturas que sobrelevaram altamente o poder
comum dos homens. Semideuses e heróis o roubaram dos
próprios deuses criadores, galgando as montanhas celestes,
lutando com hostes divinas, ou usando de sutis artifícios, que
somente poderosas imaginações seriam capazes de conceber.
Tais eram as dificuldades, que somente os Foroneus, os
Esse foi o Fogo roubado por Prometeu, o Titã rebelde, Tão logo o discípulo se encontre em condições, tal
acorrentado no cume de uma montanha, para que os abutres Fogo sobe por Sushumna, que é o "nadi", ou conduto medular
se cevassem nas suas entranhas. Aquele mesmo que, ainda da coluna vertebral, a cuja direita se acha "Ida" e à esquerda,
hoje, não perdeu a Fé, por saber que é partícipe da natureza "Píngala", termos técnicos esses, que empregamos segundo o
dos deuses, já que Prometeu é a própria Humanidade, Orientalismo, por não conhecer, até hoje, a Ciência oficial o
acorrentada nos grilhões de sua contumaz inconsciência. Ele referido fenômeno, mas que o nosso Colégio Iniciático se
possui, portanto, o direito à Imortalidade, a qual ninguém, encarregará de modificá-los, futuramente, para o nosso
nem mesmo Deus lhe pode negar. idioma.
Prometeu, segundo a Mitologia, nos ensina o desprezo Assim, possuindo o discípulo os condutos medulares
pela dor e a necessidade do esforço, a fim de alcançarmos a em perfeitas condições, Kundalini por eles se eleva, abrindo as
libertação. E, daí, cingirmo-nos com a Coroa do Divino Fogo, a Portas dos Mundos Invisíveis, mesmo porque o humano fogo,
mesma que circundava a fronte de Moisés, quando desceu do pondo-se em contato com o Divino (qual o fenômeno de dois
Sinai, após haver contemplado a Luz, face a face. Esse fogo é o carvões numa lâmpada elétrica), leva a Energia Cósmica a se
mesmo que, "em línguas de Fogo, no Dia de Pentecostes estabelecer. É o que se pode chamar de "Fiat Lux", pois, de
(segundo a adaptação que a Igreja fez dos misteriosos fato, a "Luz espiritual" se faz para o discípulo.
símbolos da antiguidade), desceu sobre os apóstolos". E isso, É o mesmo fenômeno da cana, onde Prometeu
dentro da sentença oriental: "quando o discípulo está encerrou o Fogo roubado aos deuses. Do mesmo modo que o
preparado o Mestre aparece". E tal Mestre não é outro senão a Tirso dos iniciados, e o Caduceu de Mercúrio, cujas duas
própria Consciência, adormecida no imo de todos os seres; serpentes enroscadas nos dão a nítida e perfeita compreensão
aquela mesma que, nos Contos de Fadas, acha-se, com toda a dos referidos "nadis", ou condutos medulares da coluna
sua corte, adormecida em plena floresta negra (ilusória, ou de vertebral. Quanto ao capacete alado de Mercúrio, simboliza a
ignorância), adormecida, à espera do príncipe encantador, que Inteligência Suprema, a Mente Universal.
a venha despertar de tão amargurado letargo... Nas escrituras sagradas vemos "Elias arrebatado num
O Alquimista João Tritamo, instrutor de Cornélio carro de Fogo". O próprio nome "Elias" provém de Hélios (do
Agripa, abade dos beneditinos de Spanheim, dizia: Sol).
"Deus é um Fogo essencial e aceso em todas as coisas, Do mesmo modo, em todas as religiões, papel saliente
e principalmente no homem. Deus é Fogo; porém nenhum possui o Fogo, como o provam as lâmpadas e círios que ardem
fogo pode arder, nenhuma chama pode brilhar no seio da nos altares. No Fogo, é queimado o oloroso incenso, cujo
Natureza, sem que o Ar ative a sua combustão. Nesse caso, em perfume sobe, em azuladas nuvens, para o céu. Tal Fogo é o
nosso interior, deve agir o Espírito Santo, como o AR ou Sopro emblema da chama do Espírito, no qual todo homem deve
emanado de Deus". acender o facho da sua Alma sedenta de luz!
“Cada coisa”, dizia ele, ainda, “é uma Trindade de *(1883-1963) - fundador da Sociedade Brasileira de
Fogo, Luz e Ar. Em outras palavras: o Espírito - o Pai - é um Eubiose.
Fogo Divino, superessencial; o Filho, a Luz manifestada; e o  
Espírito Santo, o Ar ou movimento superessencial”.
"O Fogo reside no coração e distribui seus raios por
todo o corpo, dando-lhe a vida; porém nenhuma luz nasce
desse Fogo sem o espírito de santidade.”
A filosofia esotérica assegura que reside, no homem,
uma espécie de FOGO, chamado KUNDALINI. É o Fogo
Serpentino latente no centro básico de vitalidade (o cóccix),
como serpente enroscada em seu letargo, até que desperte e
continue ativa, mediante a purificação do corpo, das emoções
e da mente, como o completo domínio dos três mundos: físico,
emocional e mental. Isso não se pode alcançar facilmente, sem
o quê, todos os homens já teriam obtido a Suprema Perfeição.

Destaques _______________________________________________________________________________

Entusiasmo – O Combustível de Um Eterno Aprendiz


Francisco Feitosa

C erta vez, ouvi, de parte de um querido Irmão, um comentário


até um tanto pejorativo quanto ao termo, por muitos
empregado, “Eterno Aprendiz”. Como de costume, ouvi
que ouso desenvolver. Embora não mais tão inexperiente assim,
lanço-me, sempre, ao aprendizado com entusiasmo e dedicação.
Ao longo de minha caminhada maçônica, pude
suas considerações e coloquei-me a refletir. Pensava eu: perceber que o aprender está, intrinsecamente, ligado
o que faz de nós Eternos Aprendizes? ao ensinar. Que, ao repassarmos um ensinamento, na
O Aprendiz Maçom, ainda inexperiente, é um verdade, estamos complementando a última fase de
“buscador da Verdade”; tem a sede do saber; procura nosso próprio aprendizado, pois este somente se
desvelar o que se encontra, ainda, envolto de maya, de consuma, de fato, em três fases distintas, a saber: a 1ª,
ilusões para seus olhos, até então, cobertos pelos véus quando buscamos o ensinamento, através de estudos e
da ignorância. pesquisas; a 2ª, quando colocamos o que aprendemos
Ser um Aprendiz é estar movido pelo em prática, no teatro da vida; a 3ª, quando,
entusiasmo. Por isso, considero-me, sim, um Eterno Aprendiz, altruisticamente, retransmitimos o que aprendemos a outros
pois uso o entusiasmo como combustível em minhas empreitadas, sedentos de saber.
Hoje, não mais me encontro revestido com a pureza da privilégio de presidi-la em sua nova fase que ora se inicia.
inocência de um avental de Aprendiz, mas, ainda, permito-me O dia 1º de março, no antigo calendário romano, era o
estar envolto por um forte entusiasmo, que move (deve dia das “calendas”, que significa “o que há por vir”, sendo o
sempre mover) um “buscador da Verdade”. Um pouco mais primeiro dia do ano. Foi do termo “calendas” que se originou o
experiente, alcancei mais um valoroso degrau nessa infinita nome calendário. O antigo calendário romano fora adotado
escada da evolução humana e me permito contemplar a pelo Rito Moderno.
Verdade, dessa maneira, se assim me permitem. O dia 1º de março de 2008 torna-se, por isso, para
Entusiasta, por excelência, encontrei-me, mais uma nossa região, uma efeméride e registra um marco, um divisor
vez, em frente a um novo desafio. Oriundo da cidade do Rio de de águas, uma nova página a ser escrita na história maçônica
Janeiro, no final do ano de 2006, vim morar no Sul de Minas, do Sul de Minas.
essa sacrossanta região, que o mundo começa a descobrir e A iniciação, em um primeiro momento, de 24 Irmãos
entendendo melhor as profecias milenares, reveladas em ao grau 4 – Mestre Secreto -, além da regularização de mais 12
antigas escrituras, que lhe apontam uma nobre missão nesse Irmãos que, estarão compondo o Quadro de Obreiros desta
ciclo de transições, como Excelsa Loja de Perfeição,
sustentáculo do Excelso possibilitarão a continuidade
Trabalho dos Deuses na face do estudo do Rito aos nossos
da Terra, conforme acontecera Irmãos da região. Uma
em outras épocas, a exemplo pequena mostra do
do Advento do Cristo, em entusiasmo, que a todos
Jerusalém e das Sete Igrejas envolve.
da Ásia, fato narrado no Observamos que são
Apocalipse, de São João. Para números expressivos em
quem “tem olhos de ver” fica quantidade e ricos em
aqui uma sublime Revelação! simbolismo. Tudo isso enfatiza
Em chegando a São que esse altruístico trabalho
Lourenço, e logo nos recebe as bênçãos do
primeiros contatos com os G∴A∴D∴U∴, o Senhor dos
Irmãos da região, ao saberem Mundos, revelando-se em um
que estava eu investido como Foco de Luz da Sabedoria,
Grande Inspetor Geral da orientado pelos excelsos Seres
Ordem – 33º, ouvi várias da Grande Fraternidade
manifestações, expressando as Branca, despontando nesse
dificuldades, para se dar sacrossanto solo São-
continuidade ao estudo nos graus no Rito Escocês, já que a lourenciano.
Loja de Perfeição mais perto ficava a cerca de 120 km. Dada a importância dessa Excelsa Loja de Perfeição
Assim, fui convocado a ajudá-los nessa difícil tarefa. para a região, nosso Soberano Grande Comendador
Difícil, mas não impossível, embora tivéssemos que partir do demonstrou grande interesse em estar presente à sua
“zero”. Nem preciso dizer que aceitei tal desafio. Com isso, ao reativação, presidindo seus trabalhos, mas, por compromissos
longo do ano de 2007, visitamos diversas Lojas da região, anteriormente agendados (viagem à Guatemala), não foi
essas, cerca de 40 a 50 km de distância uma das outras, possível. Mesmo assim, fez questão de enviar uma Comitiva de
dificultando a comunicação. Proferimos palestras sobre a cerca de 23 Poderosos Irmãos, do Rio de Janeiro e Belo
importância do estudo do R∴E∴A∴A∴, e, pouco a pouco, a Horizonte, presidida pelo Poderoso Irmão Carlos Roberto
expectativa de tal intento foi aumentando. Roque 33º – Membro Efetivo e Grande Inspetor Litúrgico da
Paralelo a tudo isso, estivemos várias vezes em visita à 1ª Região de Minas Gerais -, a fim de representá-lo.
sede do Supremo Conselho, no Rio de Janeiro, em Devido à grande expectativa criada em torno desse
Jacarepaguá, quando, por duas vezes, recebeu-nos, em evento, tivemos uma Sessão extremamente concorrida,
audiência, o Soberano Grande Comendador, Poderoso Irmão lotando o aconchegante Templo da ARLS Rui Barbosa nº 46,
Luiz Fernando Rodrigues Torres – 33º. Na oportunidade, em São Lourenço, computando a presença de 62 Irmãos
expressamos-lhe as dificuldades da região, recebendo oriundos de BH, RJ, SP, Campinas (SP), Juiz de Fora, Alfenas,
incondicional e fundamental apoio do mesmo. Varginha, Caxambu, Conceição do Rio Verde e outras cidades
O prestimoso apoio e atenção dos Irmãos Juliano e do Sul de Minas, que puderam testemunhar a concretização de
João Alexandre, da Grande Secretaria do Santo Império, foi um sonho.
imprescindível. Tivemos, também, apoio de nosso atual
Grande Inspetor Litúrgico, Irmão Jorge Buttrós, cargo esse,
que, na época estava em vacância, dificultando, ainda mais, o
projeto de implantação da Loja de Perfeição.
Movido pelo entusiasmo, característica de um Eterno
Aprendiz, não medi esforços para possibilitar que o sonho dos
Irmãos da região se tornasse uma realidade. Aos poucos, um
Portal de Luz, no dia 1º de março de 2008, abriu-se aos
Irmãos, com a reativação da Excelsa Loja de Perfeição
Visconde do Rio Branco, que fora inaugurada no dia de 12 de
janeiro de 1960. Nesse mesmo ano, somente mais de dez
meses depois, nascia esse entusiasta, que ora escreve estas
linhas e que teve a honra de aceitar tal desafio de sua
reativação, além de, por vontade unânime dos Irmãos, o
Desde já, esforços estão sendo movidos para a imprescindível dos valorosos Irmãos, que compõem o quadro
reativação do Sublime Capítulo Rosa Cruz na região, a fim de, de nossa Excelsa Loja, estamos consumando a 3ª fase de nosso
em ato contínuo, nossos Irmãos, ao final dos Graus Inefáveis, aprendizado, repassando aos novos Irmãos os excelsos
possam continuar sua caminhada de Luz, através dos Altos ensinamentos do R∴E∴A∴A∴, que, outrora, foi-nos
Graus. oferecidos por outros abnegados Irmãos, preocupados em
Confesso que a tarefa tem sido árdua, mas muito fazer feliz a humanidade através do Amor ao próximo, da
prazerosa, permitindo-nos ver a alegria de nossos Irmãos, formação do caráter e da cultura, desbravando as trevas da
hoje, podendo transpor a ponte que os limitava do simbolismo ignorância em busca da verdadeira Luz.
aos Altos Graus. Que a frase que se destaca em seu estandarte – LUTA
Movido, sempre, pelo entusiasmo de um Eterno PELO DEVER – seja tema eterno de nossas reflexões.
Aprendiz, estamos empunhando com alegria, esta bandeira, Vida longa à Excelsa Loja de Perfeição Visconde do Rio
com a consciência tranqüila, realizando a missão que nos cabe Branco e que o entusiasmo seja, sempre, o combustível de seus
como Grande Inspetor Geral da Ordem. Com a ajuda Eternos Aprendizes!

Destaques _______________________________________________________________________________

Tudo Tem Seu Tempo


José Blanco
Assassinos não são apenas os que matam, mas também aqueles que deixam morrer.

D iante de tantos fatos escandalosos, tento, mas não


consigo entender a forma com os responsáveis por
tanta corrupção, por tanta roubalheira, conseguem ter
seus entes mais queridos, sabendo da existência de incontáveis
famílias destruídas, de milhares de viúvas, milhares de órfãos
e de milhares de miseráveis, que graças à corrupção
paz, encarar suas esposas, seus filhos, seus amigos... desenfreada, jamais terão condições dignas de sobrevivência?
Como conseguem manter a calma, olhar nos olhos das Sinceramente, não consigo entender como encontram
pessoas e neles não vir à dor, o sofrimento, a decepção e a facilidades para subornar consciências, continuar confiando
mágoa estampada no rosto de tanta gente? cegamente na impunidade, esquecer que a vida é passageira e
Como conseguem continuar a ter tanta ambição, tanto que a Justiça Divina é infalível?
egoísmo e acumular riquezas incalculáveis, sabendo que o Não se arrependem, não tem um pingo de remorso e,
lucro das suas negociatas indecentes, aumenta a Violência que consciente e covardemente, continuam com falcatruas,
mata, a Educação que não tem aulas, a Saúde que não cura, a sabendo do mal que estão fazendo a esta e as futuras gerações.
Habitação que assiste o crescimento das favelas...? Eles não têm sentimentos, não se arrependem, não
Como não percebem que, com seus exemplos pensam em parar e, nas trevas do vale-tudo a que se
criminosos, a indecência está sendo difundida e que grande acostumaram, continuam querendo mais, muito mais, mesmo
parte do povo já está se acostumando com ¨o levar vantagem tendo pleno conhecimento das conseqüências dos atos
em tudo¨, aprendendo a conviver com o que deveria ser infames que praticam.
considerado ¨anormal¨ e abandonando os princípios da ética, Não temem o Poder do G∴A∴D∴U∴, Que a tudo vê.
da moral e dos bons costumes? Sabem o mal (sabem, sim!) que estão fazendo (por
Como conseguem dormir e não serem incomodados ação ou omissão) e continuam, sem nenhum temor, não
pelos fantasmas dos desesperados, que morreram em total acreditando que TUDO TEM SEU TEMPO!
abandono, inclusive pela falta de um simples medicamento Aqueles que saqueiam e matam a esperança, são
que, poderia ser um daqueles, encontrado aos montes, junto dignos de pena, por não perceberem que ao participar,
com milhares de caixas de valor incalculável, com prazo de consentir ou simplesmente calar, na verdade, estão
validade vencido, nos lixões da cidade? entregando suas próprias almas.
Como podem ter tanta frieza, negar culpas, Amparado na minha fé peço lucidez, para na condição
responsabilidades e ainda encontrar artifícios para justificar o de simples cidadão-eleitor, não oferecer a outra face aos falsos
que é injustificável? moralistas, que só querem chegar ou continuar no Poder, para
Como não conseguem ouvir os gritos de socorro dos sem nenhum pudor, meter nos seus bolsos sem fundo, o que
necessitados e nem perceber a decepção e o desânimo ainda resta nos Cofres Públicos.
daqueles que, mesmo não acreditando em mudanças, ainda Do jeito que está, como únicas alternativas, só resta às
não se entregaram e que apenas querem prosperar com pessoas decentes, rezar e suplicar a Deus para que o tempo dos
honestidade? maus não demore a terminar.
Como conseguem sorrir e continuar agindo de forma Essa é a realidade que o Maçom não pode ignorar!
perversa, sabendo da existência de um verdadeiro exército de
excluídos, que não tem onde se abrigar, não tem o que vestir,
que não tem o que comer e nem a quem recorrer?
Como conseguem permanecer omissos ou coniventes,
diante de milhões, talvez bilhões de reais, periodicamente,
jogados na vala do desperdício, sabendo que este fabuloso
numerário poderia dar oportunidade a milhares de brasileiros
que perambulam pelas ruas, sem esperança, à sombra tétrica
de obras faraônicas, muitas inacabadas, mal feitas ou mal
aproveitadas, mas quase todas, sob suspeitas de
superfaturamento?
Como conseguem, abraçar seus filhos, suas esposas,
Ritos Maçônicos _________________________________________________________________

O Rito Moderno
José Castellani
Rito histórico oficial do Grande Oriente do Brasil

E mbora a primeira Loja maçônica brasileira tenha


surgido em águas territoriais da Bahia, em 1797,
numa fragata francesa, a primeira Loja regular do Brasil
data cara àqueles espíritos libertários, impregnados
pelo pensamento de Rousseau e pelo ideário da
Revolução Francesa, esses brasileiros e mais Monsieur
foi a “REUNIÃO”, fundada em 1801, no Rio de Janeiro, Lacher fundavam a “Cavaleiros da Luz”. Já a partir de 1791, as
movida pela liturgia e com fins político- idéias libertárias voltavam, depois do fracasso da
sociais. Conjuração Mineira, a tomar força,
De acordo com o manifesto de 1832, do principalmente na Bahia, através de José da
Grão-Mestre José Bonifácio de Andrada, essa Silva Lisboa, aliado a Francisco Agostinho
Loja era filiada ao Oriente da Ilha de França, Gomes, a Arruda Câmara – que acompanhara
representado pelo cavaleiro Laurent, que José Bonifácio, em sua viagem científica pela
presidira à sua instalação. Europa – a Pereira Tinoco, a Mello Montenegro,
A primeira Loja, aqui mencionada, era a a Velho Cardoso, que, em 1796, fundavam, em
“Cavaleiros da Luz”, fundada efetivamente na Pernambuco, o Areópago de Itambé.
povoação da Barra, na Bahia, e que teve suas Como filho espiritual do Grande Oriente
primeiras sessões (anteriores à fundação) a bordo da França – que inaugurou o sistema
da fragata “La Preneuse”, que, no início de julho Obediencial de Grande Oriente, em 1772, já que,
de 1797, ancorava na Bahia, sob o comando de até então, só existiam Grandes Lojas – O Grande
Monsieur Larcher. Logo, houve, na fragata, Oriente Brasileiro, com suas três Lojas
encontros e entendimentos entre os homens mais metropolitanas (Comércio e Artes, Esperança de
esclarecidos da terra, como Cypriano Barata, José Niterói e a União e Tranqüilidade), adotou o Rito
da Silva Lisboa, Francisco Muniz Barreto, Padre Moderno, ou Francês.
Francisco Agostinho Gomes, Ignácio Bulção, José Prova disso é a citação dos oficiais, ou
Borges de Barros, Domingos da Silva Lisboa e Tenente seja, só são citados os cargos presentes no Rito Moderno.
Hermógenes de Aguiar Pantoja. A 14 de Julho de 1797, Vejamos:

LOJA COMÉRCIO E ARTES - Venerável: Manoel dos Santos Portugal.


1° Vigilante: Thomaz José Tinoco de Almeida. Mestre de Cerimônias: Joaquim Nunes de Carvalho.
2° Vigilante: Domingos Ribeiro Guimarães Peixoto. Tesoureiro: Antônio José de Sousa.
Orador: Frei Francisco de Santa Tereza de Jesus Sampaio. Experto: Guilherme Cipriano Ribeiro.
Secretário: Domingos Alves Branco Muniz Barreto. Cobridor: Pedro Ursini Grimaldi.

Onde estão os cargos presentes nos outros ritos? Grande Oriente Brasílico.
Na ata da sessão, do 22° dia do 4° mês (12 de julho de Na ata da sessão, do 8° dia, do 7° mês (28 de setembro
1822) – quinta sessão do Grande Oriente do Brasil-, consta de 1822)-décima sexta sessão do Grande Oriente do Brasil-,
proposta de elevação de alguns IIr∴ MM∴ ao Grau de “Eleito relata-se que o Grão-Mestre recebeu o Grau de Cavaleiro do
Secreto”, ou seja, o 4° Grau (1ª Ordre de Sagesse) do Rito Oriente (6° Grau do Rito Moderno) e que deverá receber o de
Moderno. Rosa Cruz (7° Grau) na próxima sessão, o que mostra, sem
Além disso, a ata cita claramente a adoção da margem para dúvidas, a seqüência dos Graus, praticados pelo
“Maçonaria dos sete Graus”, ou seja, do Rito Moderno, Grande Oriente, ou seja, a seqüência do Rito Moderno.
adotado no Brasil, por ser tanto para o Grande Oriente da
França como para o Grande Oriente Lusitano o Rito Oficial.
A ata da sessão, do 3° dia, do 5° mês maçônico (23 de
julho de 1822) – sétima sessão do Grande Oriente-, volta a
citar a concessão do Grau de Eleito Secreto para alguns IIr∴.
Cita-se, ainda, nessa mesma ata, a concessão do “Grau
de Rosa-Cruz” ao Grão-Mestre da Maçonaria Brasileira (grau
máximo do Rito Moderno, tal qual praticado na época).
A ata da sessão, do 16° dia, do 5° mês (5 de agosto de
1822)- décima sessão do Grande Oriente do Brasil-, volta a
citar a “Maçonaria dos Sete”.
Nessa ata, resolve-se dar “carta de delegado” ao Ir∴
Hippólito de Mendonça, em Londres, encarregando-o de fazer
com que o Grande Oriente Brasílico se fizesse reconhecer pela
Grande Loja de Londres e da remessa de todas as instruções e
papéis, concernentes ao Sistema Maçônico dos Sete Graus. Ou
seja, tais papéis eram os documentos ritualísticos oficiais do
A assinatura maçônica de Dom Pedro era: I∴P∴M∴R∴+ , ou Carta Constitutiva do Grande Oriente Lusitano de Portugal.
seja, Irmão Pedro, Maçom Rosa-Cruz. Isso significa que o A Confederação Maçônica Portuguesa impunha a
imperador ostentava o sétimo grau do Rito Moderno – todas as Lojas o funcionamento no Rito Moderno ou Francês ,
Cavaleiro Rosa-Cruz – pelo fato de ter sido elevado ao Grão- embora admitisse a prática de outros ritos “previamente
Mestrado do Grande Oriente. José Bonifácio, quando Grão- julgados conforme os bons costumes e às leis fundamentais da
Mestre, também foi indicado para o Grau, não chegando, Maçonaria”.
todavia, a recebê-lo, depois de colar o sexto grau modernista. O Grande Oriente do Brasil, restaurado em 1832,
O primeiro Ritual, usado pelo Grande Oriente do adotou o Rito Moderno e a Constituição do Grande Oriente da
Brasil, logo no ano de sua fundação (1822), quando, ainda, era França, de 1826, adaptada por Gonçalves Ledo e promulgada
o Grande Oriente Brasiliano (primeira ata), Grande Oriente em 24 de outubro de 1832. O Rito Moderno, portanto, passou
Brasileiro (segunda ata) e Grande Oriente Brasílico (quinta a ser o Rito oficial do Grande Oriente do Brasil, nos trabalhos
ata), e que só viria a ter sua denominação atual, ao ser dos seus Corpos legislativo e administrativo, ou seja, para o
reinstalado em 1831, era do Rito Moderno. Cedera-o a Loja funcionamento de seus Altos Corpos.
“Commércio e Artes”, do Rio de Janeiro, que o recebera do Em 23 de junho de 1892, conforme decreto n° 109, de
Grande Oriente Lusitano. Foi impresso em Lisboa, em 30 de julho daquele ano, assinado pelo, então, Grão-Mestre
tipografia e data ignoradas. Geral, Ir∴Antônio Joaquim de Macedo Soares, imitando a
Da mesma forma, o primeiro ritual próprio (ou seja, reforma ocorrida no Grand Orient de France, em 10 de
feito especialmente para o GOB), também, era do Rito setembro de 1877, são suprimidas dos rituais as invocações do
Moderno. Foi impresso na “Typographia Austral”, do Beco dos Grande Arquiteto do Universo no Rito Moderno, dentro do
Quartéis, n° 21, Rio de Janeiro. Grande Oriente do Brasil.
Depois desses, houve a publicação de uma “Instrucção Tendo em vista a abundância de fatos históricos aqui
do Grau de Aprendiz do Rito Moderno”, em 1857. citados, incluindo aí a própria denominação de “Grande
Em 1869, publicar-se-ia outro ritual, da “Typ. Do Oriente”, pode-se concluir, sem sombra de dúvida, que o Rito
Commércio de Brito e Braga”, da Travessa do Ouvidor, n° 14, Moderno é o tradicional e oficial Rito do Grande Oriente do
Rio de Janeiro. Brasil, fato comprovado através dos inúmeros Tratados de
Em 1838, tentou-se a fusão entre o Grande Oriente do Amizade entre o Supremo Conselho do Rito Moderno e essa
Brasil com o chamado Grande Oriente do Passeio. A fusão não Potência Maçônica.
deu certo, porque alguns dos participantes queriam impor ao A alteração desse “status quo” constitui-se em quebra
Grande Oriente do Brasil a adoção do Rito Escocês Antigo e das tradições históricas do GOB e em ruptura com seu
Aceito, em lugar do Rito Moderno (oficial do GOB – vide passado.
“História do Grande Oriente do Brasil” – José Castellani, Não há justificativa para que o Rito Moderno seja
Publicação do Grande Oriente do Brasil, n°001, p. 105) equiparado aos outros Ritos, tendo em vista seu papel
As Lojas “Comércio e Artes”, que se subdividiu em fundamental e decisivo na formação do GOB e na própria
“União e Tranqüilidade”, e “Esperança de Nictheroy”, estruturação institucional dessa Potência.
formaram a base do Grande Oriente do Brasil, que recebeu a

Os Grandes Iniciados _____________________________________________________

Moisés
Francisco Feitosa

E sta coluna, “Os Grandes Iniciados”, tem como


propósito trazer à luz a vida e obra desses excelsos
Seres – Avataras - que, ciclicamente, surgem na face da
israelita, e fugiu para Madian, onde se casou com Séfora,
filha de Jetro, um alto sacerdote egípcio, da qual teve dois
filhos, Gerson e Elieser.
Terra a fim de auxiliar a evolução da espécie humana. Moisés estava, certo dia, a apascentar seu rebanho
O texto abaixo, em destaque, foi extraído da revista nas proximidades do Monte Horeb, quando viu, perto de si,
Dhâranâ, edição nº 242 – fevereiro de 2003 – órgão oficial de uma fogueira, que ardia em um arbusto, sem consumi-lo. Ao
divulgação da Sociedade Brasileira de Eubiose -, de autoria de aproximar-se, uma voz o deteve: “Não te aproximes, Moisés,
Giselda Sbragia, e descreve, de uma forma sucinta, a trajetória porque a Terra que tu pisas é sagrada! Eu sou o Deus de
terrena de Moisés, o grande Manu, libertador do povo hebreu, Abraão, de Isaac e de Jacó. Os lamentos de teu povo,
autor dos cinco primeiros livros do Antigo Testamento – a escravizado no Egito, comoveram-me. É chegado o tempo
Torah ou o Pentateuco, para os gregos. que o libertarei e lhe darei uma terra grande e fecunda, a
terra de Canaã. Tu guiarás meu povo e serás seu chefe. Vai,,
“Libertador e legislador de Israel, Moisés era filho de pois, ao faraó e dize-lhe que liberte os hebreus!”
Amram e Jocabed, da Tribo de Levi. Nasceu no Egito, perto
da cidade de Mênfis, na segunda metade do segundo milênio
a.C., e morreu no Monte Nebo, terras de Moab, em 1250 a.C.
Quando o faraó Seti I determinou que todas as crianças
judaicas do sexo masculino fossem mortas, Moisés, que tinha
três meses, foi posto por sua mãe numa cestinha de papiro
nas águas do rio Nilo. Ali foi recolhido pela filha do faraó.
Diz a tradição que a irmã mais velha de Moisés, Miriam,
dispôs as coisas de tal modo que o menino foi amamentado
pela própria mãe. Assim, Moisés cresceu até a idade de três
anos com sua própria mãe, antes de ser devolvido à princesa.
Moisés cresceu na corte egípcia, onde foi educado como um
príncipe. Aos 40 anos, matou um egípcio, para defender um
Investido da proteção divina, Moisés pôs-se de volta prudência de revelar suas conseqüências somente a um
ao Egito e, no caminho, encontrou seu irmão Aarão, que, com pequeno número de iniciados, impondo-o à massa pelo
ele, iniciaria a libertação dos hebreus no Egito. Moisés temor. Desde a saída do Egito até a morte de Moisés, a
conseguiu quebrar a resistência do faraó, flagelando o Egito história de Israel não deixou de ser um longo duelo entre o
com dez pragas, e, desse modo, tirou o seu povo da região. profeta e seu povo.
Assim, depois de muitos anos no Egito, os hebreus A verdadeira missão de Moisés era, portanto, a
empreenderam a volta à Terra Prometida. Começa, então, a religião universal da humanidade. Moisés não foi um
longa viagem através do deserto, servindo Moisés de pai e patriota, mas um domador de povos, tendo em vista os
guia dos israelitas. No Monte Sinai, recebeu de deus a Lei, os destinos de toda a humanidade. Israel não era para ele senão
Dez Mandamentos, as dez necessidades um meio, e a religião universal, a sua
fundamentais da vida ordinária de uma finalidade. Mirando, acima da cabeça dos
comunidade formada por indivíduos nômades, seu pensamento se dirigia aos
responsáveis. tempos futuros.”
Moisés fez construir a Arca da
Aliança, onde colocou duas tábuas de O nome Moisés significa “retirado das
pedras com os Dez Mandamentos. Fez águas”. A origem do nome Moisés é
construir, também, o Tabernáculo, um controversa. As evidências apontam para a
santuário portátil, para servir de lugar origem egípcia do nome, sem o elemento
de culto durante a travessia do deserto. teofórico. Més (ou na sua forma grega, mais
Durante quarenta anos, guiou divulgada, Mósis), deriva da raiz substantiva
Moisés o seu povo pelo deserto em busca ms (criança ou filho), correlata da forma
da nova terra, com que sonhavam. verbal msy, que significa "gerar" (note-se
Finalmente, ao chegar aos limites de que, na língua egípcia, à semelhança de
Canaã, vendo que cumprira seu destino, outras do Próximo Oriente, a escrita
abençoou cada uma das tribos, em que renunciava ao uso das vogais). Mês,
estava distribuído o povo de Israel, subiu significa, assim, "gerado", "nascido" ou
o Monte Nebo, de cujo cimo viu a Terra "filho". Tome-se como exemplo os nomes
Prometida, e, aí mesmo, faleceu. dos faraós Ahmés (Amósis), que significa
Moisés deve ser considerado como o fundador tanto "filho de [deus] Amon-Rá", Tutmés (Tutmósis), significando
da nacionalidade quanto da religião de Israel. Sua liderança ("filho de [deus] Tut), ou ainda Ramsés, com o significado de
no êxodo e o destaque, que assume junto ao Monte Sinai, são "filho de [deus] Rá".
dificilmente discutíveis. Foi ele quem transformou, em um só De acordo com Êxodo 2:10 (ALA), é explicado que,
povo, as várias tribos sob sua liderança, trazendo Jeová "quando o menino era já grande, ela (a mãe natural) o trouxe à
para o seu povo e levando seu povo para Jeová. Moisés, filha de Faraó, a qual o adotou; e lhe chamou Moisés, dizendo:
iniciado egípcio e sacerdote de Osíris, foi incontestavelmente porque das águas o tirei. Para os judeus, o nome Moisés, em
o organizador do moneteísmo. Por seu intermédio, esse hebr. Móshe (‫)מ שה‬, é associado, homofonicamente, ao
princípio, até então oculto sob o tríplice véu dos mistérios, verbo hebr. mashah, que têm o significado de "tirar". Na
saiu do fundo do templo para entrar no círculo da história. etimologia judaica popular, tem o significado de "retirado (isto
Moisés teve a audácia de fazer do mais alto princípio da é, salvo)" da água.
iniciação o dogma único de uma religião nacional, e a Na próxima edição, falaremos de Apolônio de Tiana!

Trabalhos ______________________________________________________________________________

A Verdade Através da Tolerância


Milo Bazaga Jr

T odos sabemos que uma das colunas mestras da


Maçonaria é a procura da verdade. Mas o que é a
Verdade? Se consultarmos os filósofos, encontraremos,
ele, então, revelação. São Tomás de Aquino vai um pouco mais
adiante e constata que Verdade é “a adequação do intelecto e
das coisas”.
ao longo dos tempos, pelo menos cinco conceitos de As discussões em torno do conceito da Verdade
Verdade: ocuparam e ocupam os estudiosos até os dias de hoje, sem que
Verdade como sinônimo de correspondência entre o tenham chegado a uma conclusão.
conhecimento das coisas e as coisas em si,; Verdade como
sinônimo de revelação; Verdade como sinônimo de
conformidade a uma regra; Verdade como sinônimo de
coerência e Verdade como sinônimo de utilidade. Contudo, os
dois primeiros são os conceitos mais difundidos. Já dizia
Platão que “verdadeiro é o discurso que diz as coisas como são.
Aristóteles afirmava que a Verdade está no
pensamento e na linguagem, não nos seres ou nas coisas. E,
mais ainda, que a medida da Verdade é o ser ou a coisa. Dito
em outras palavras: uma coisa não é branca só porque você diz
que é assim, mas porque ela é realmente branca. Santo
Agostinho fala da Verdade como “o que revela o que é ou se
manifesta a si mesmo” e, assim, identifica-a como o Logos ou
o Verbum, ou seja, com Deus ou o GADU. A Verdade é para
Por que isso acontece, perguntaríamos? A resposta Ora, isso quer dizer que aquilo que os outros têm a nos dizer,
imediata seria: na maioria das vezes, acrescenta-nos algo. Portanto, o
Porque não conseguimos atingir a Verdade, entendida primeiro passo, para o enriquecimento da nossa verdade, é
como Verdade absoluta. Kant, em seus tratados da Razão ouvir a opinião dos outros e tentar entender as suas verdades.
Crítica e da Razão Pura, já havia chegado a esse raciocínio. A isso se chama de tolerância, assim, em posição
Hoje até os lingüistas discutem o assunto. Na realidade, há diametralmente oposta à ignorância. É verdade que, às vezes
uma distância entre as coisas e nós. Nós na tentativa de entender o que os outros
só chegamos às coisas através dos têm a nos dizer, surgem discussões.
sentidos (visão, audição, tato, paladar, Porém, se não se perder de vista que a
olfato), que estimulam os nervos. Estes finalidade do diálogo é nosso próprio
levam determinadas correntes energéticas enriquecimento, as discussões serão,
ao cérebro, que as interpreta e armazena apenas, explicações, aulas, sobre o nosso
na memória. Então, vejamos, as coisas modo de pensar e sobre o modo de pensar
chegam a nós de maneiras bem dos outros. E aulas e explicação dão-se
diferentes: quando temos uma casa diante didaticamente, com as emoções em
de nós, podemos percebê-la, sobretudo, equilíbrio. Como exercitar o diálogo com
através das cores, em que está pintada, e, tolerância, em busca do enriquecimento
desse modo, ela se fixa em nossa da verdade de cada um? Diríamos:
memória. Mas nossos amigos podem aplicando a lei de Newton, que afirma que
perceber a mesma casa pelos sons, que vêm dela, e é, desse toda ação sofre uma reação de igual intensidade. Assim, se a
jeito, que ela vai ficar registrada em suas memórias. Isso quer ação for amorosa, a reação, também será amorosa. Com a
dizer que cada um de nós tem uma imagem diferenciada da intolerância e o desamor, só se alcança desunião.
mesma casa. Se alargarmos o processo de conhecimento da Ora, caso se opte e se tenha o privilégio de ser iniciado
realidade a todos os níveis, podemos imaginar como o mesmo na Ordem Maçônica, tendo acesso aos seus ensinamentos,
mundo chega até nós das maneiras mais variadas, passa-se à busca da Verdade Absoluta, passa-se à construção
dependendo do modo como o apreendemos e o expressamos. do Templo Interno. Por que não aproveitar essa oportunidade
Com este preâmbulo queremos levar à seguinte de ouro, talvez, a única nessa altura de nossas vidas? Fazemos
reflexão: Nenhum ser consegue, pelo menos por enquanto parte de uma Instituição séria e universal, portanto temos que
atingir a Verdade Absoluta. Cada ser é portador de sua buscar a união. Para isso, não podemos prescindir da
verdade individual, que é limitada. Se quiser aumentá-la terá tolerância, a fim de ajudar o País, a Humanidade e a Terra
que ter acesso á Verdade dos outros e, assim, enriquecer-se. nesse momento crucial da Realidade.

Trabalhos ______________________________________________________________________________

Os Arcanos Maiores
João Geraldo Camanho
A própria “Doutrina secreta” foi inspirada por Mahatmãs. Entre eles, convém destacar
os Mestres Kut – Humi, Morya e Djwal-kul, que, por sua vez, trouxeram o
tesouro do Saber Arcano, de fontes, cujas origens se perdem no tempo.

P or pertencermos a uma Ordem Iniciática, na verdade,


somos todos estudantes do Saber Arcano (Conhecimento
dos Mistérios).
Canal da Iniciação, desde as mais remotas civilizações,
criaram a Linguagem dos Símbolos (Simbolismo), a única
capaz de sintetizar e não deformar as perenes verdades dos
A noção dos Arcanos (ou Mistérios), comunicada a Arquétipos (imagens psíquicas do inconsciente coletivo, que
discípulos escolhidos, existiu desde a mais alta antiguidade. são patrimônio comum a toda a humanidade).
Tais conhecimentos, expressando elevados valores espirituais, “De acordo com a tradição, os sacerdotes de Memphis,
tiveram de ser velados, a fim de resguardá-los das possíveis prevendo a queda da civilização egípcia, ocultaram seus
profanações, já que, seguindo o infeliz exemplo dos povos da conhecimentos sob a forma de um baralho, que, hoje, é
Lemúria e da Atlântida, as demais gerações, também, foram conhecido pelo nome de TARÔ” (TORAH ou LEI), composto
identificando-se com o lado externo da vida em sua trajetória, de 22 Arcanos Maiores e 56 Arcanos Menores, sendo os
perdendo o contato com o mundo interior. Maiores relacionados com os Arquétipos do 2º Trono na
Os Mestres de Sabedoria, tomando emprestado o manifestação, com a evolução da humanidade, portanto.

Sondagem Geotécnica - Estaqueamento


Projetos e Obras Civis – Laudos Periciais
Ir∴HAMILTON S. SILVEIRA
ENGENHEIRO CIVIL GEOTÉCNICO
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( (35) 3332-2353 / 8802-3116
conciv_hamilton@oi.com.br
Rua Andradas 240/12 – S. Lourenço - MG
Diante do exposto, acreditamos ter delineado a importância deste trabalho, que, certamente, permitirá uma
maior reflexão sobre a coluna escrita pelo Ir∴Feitosa, “Os Grandes Iniciados”. Pautado em séria pesquisa
bibliográfica, foi árduo, mas gratificante.
ARCANO XII - O Enforcado
A Realização – O Sacrifíco Moral e Físico – Lamed
No primeiro plano, dois troncos de árvores; em cada Iniciação Mística, passiva (feminina ou lunar). Onde o Mago
um deles, vestígios dos pontos, donde seis galhos forma aprende a comandar, o Místico aspira, somente, a obedecer.
podados, perfazendo 12(doze), uma alusão ao Ele tem um ponto de suspensão, e não de apoio; é
zodíaco e sua divisão em doze signos. Uma trave, um enviado do plano superior para o inferior (do
apoiada nos troncos, forma com os últimos a figura mental abstrato ao físico). Como já foi dito, é uma
da letra Thau. descida, um mergulho no plano Zodiacal, que pode
Na trave, de cabeça para baixo, pendurado ser chamado de “plano físico” (sabiamente falando,
pelo pé esquerdo, vê-se um homem; sua perna “plano do sacrifício”). Todo esse trabalho visa ao
direita, dobrada, forma uma cruz com a perna estabelecimento de um ponto de apoio nesse denso
esquerda; suas mãos estão amarradas atrás das para a futura subida (início da evolução); por isso
costas de tal modo, que os braços e a cabeça mesmo, o hieróglifo desse Arcano (Lamed) é o
formam um triângulo invertido. braço do homem erguido para o alto, um poderoso
A posição geral da figura delineia, impulso de quem se dedica ao bem para a redenção
claramente, o símbolo da grande Obra, isto é, a do próximo. Seu valor numérico é 30 (imersão da
cruz acima do triângulo invertido. Essa é a natureza divina (3) na matéria (0); no Evangelho,
manifestação do sutil no denso(12 = 11 + 1); o “11”, tal número profundamente simbólico, como “preço
colocado antes do “1”, significa o grande sacrifício do sangue”, está ligado à tragédia do Gólgota; sua
da Divindade, a encarnação do Avatara (Descida correspondência astrológica é o signo da Balança
da Lei), que, de ciclo em ciclo, como expressão do (todas as ações, sentimentos e desejos influem em
Verbo Solar, vem ao mundo para a redenção da seu fiel, daí resultando a repercussão fatal no Bem
humanidade. ou no Mal), na razão de que toda a criação está “pesada,
Percebe-se, então, que a Iniciação Ativa (Masculina ou medida e contada”.
Solar) está ligada aos 11 Arcanos (Arcano 1 ao 11). O Arcano 1 Concluindo, observa-se que todos os comentários
representa a Suprema Força Mágica, realizando o ideal do convergem para a mesma idéia básica: amor ao próximo,
Mago, Senhor Absoluto de Si Mesmo e Dominador. Porém, o que conduz ao sacrifício da divindade e se realiza no plano
Arcano, em pauta, revela o domínio totalmente diverso; é a físico.

Trabalhos ______________________________________________________________________________

O Esoterismo do Templo Maçônico


Autor desconhecido

E sotericamente,
o Templo
Maçônico pode ser
simbolicamente, mergulhando no misterioso além de dentro,
na subjetividade, no reino de nosso Mestre Interno, o qual
denominamos Grande Arquiteto do Universo. A relevância do
considerado como o estudo desses símbolos e práticas simbólicas pode ser melhor
corpo de um Ser entendida na célebre sentença de Hermés Trismegisto: “Assim
Vivo, sendo a como é em cima é embaixo”. Noutras palavras, quando
cabeça representada compreendermos que os Símbolos do Templo nos contam a
pelo Oriente, de história da Vida do Homem e que este é uma réplica do
onde emanam a Universo, do Cosmos, poderemos começar a avaliar melhor tal
sabedoria, a importância para o nosso desenvolvimento na Senda
coordenação, a Maçônica.
supervisão, o gerenciamento do organismo. Já os
Vigilantes são equiparados aos seus dois lados, sendo o
direito, o 1º Vigilante, e o esquerdo, o 2º Vigilante.
O Altar dos Juramentos simboliza o coração, enquanto
que as colunas B e J, os membros. Como um Ser completo e
indivisível, o Templo, também, possui outros órgãos. Assim, os
demais símbolos representam as partes essenciais desse
corpo. Portanto, nenhum deles está ali colocado aleatória ou
ocasionalmente. Nesta ocasião, fazemos apenas alguns
destaques, uma vez que o devido estudo, mais detalhado de
símbolos e simbolismos, constitui-se num processo contínuo
de riqueza indescritível.
Quando adentramos o Templo, somos orientados a
fazê-lo rompendo a marcha com o pé esquerdo. Essa exigência
tem sua razão de ser. O lado esquerdo do corpo humano é
administrado pelo hemisfério direito do cérebro, o qual
controla as atividades espirituais, esotéricas, sentimentais,
atemporais, artísticas, subjetivas. Ao agirmos assim, estamos,
Nesse esforço continuado de aprendizagem, instala-se Por conseguinte, não nos equivoquemos, ao estudar
em nós um processo educativo, com o qual, como é repetido esses sagrados ensinamentos, pensando que seremos
seguidamente nos trabalhos maçônicos, iniciamos o superiores aos demais, ou que isso nos vá auxiliar a aumentar
“desbastar da Pedra Bruta”, que somos nós mesmos. Com isso, nosso prestígio ou riqueza pessoal. Devemos ter bem presente
tendemos para o seu polimento, buscando o necessário que a Sabedoria Divina não está interessada em melhorar a
equilíbrio estético, capaz de mediar e dirigir o novo Ser, que, condição material do indivíduo, nem rodeá-lo de opulência.
paulatinamente, começamos a nos tornar. Sua finalidade não é tornar os homens ricos cm posses
Assim, o nosso desenvolvimento na Senda Maçônica externas, mas em consciência ou realizações internas.
será feito, à medida que nos envolvemos e nos Por isso, desde o princípio, devemos entender
comprometemos com os estudos de sua Filosofia e das perfeitamente que, se o egoísmo, fonte de todos os males, não
práticas correlatas. for eliminado de nossas almas, não poderemos esperar ganhar
Para finalizar esta reflexão, transcrevo uma frase nenhum conhecimento de positivo valor, em benefício de
extraída de um texto sagrado de uma tradicional e respeitável nossa perfeição e de nossos semelhantes. A Sabedoria
escola de esoterismo: Esotérica demanda muitos anos de purificação e preparação,
“Assim como a corrente de água pura da antes que seus adeptos estejam capacitados para instruir-se
montanha brilha mais, à medida que é exposta aos nas coisas mais primárias.
raios gloriosos do sol, assim, também, nossa Todos nós, que tentamos empreender o estudo das
consciência será mais iluminada, à medida que a verdades sagradas, contidas no conhecimento esotérico,
dirigirmos para a luz”. conscientes do nosso sincero
Que os estudos do esoterismo, interesse, devemo-nos submeter a um
contidos nos símbolos do Templo plano de vida e disciplina, compatível
Maçônico, possam ser valiosos com nossas possibilidades, que nos
instrumentos na nossa busca da “Arte possa capacitar. Por meio da
Real”. constância e do amadurecimento,
poderemos transmitir uma mensagem
O ESOTERISMO E SUA FINALIDADE de luz e verdade aos nossos
semelhantes. Se nosso propósito está
O Conhecimento Esotérico bem encaminhado, devemos, então,
pode satisfazer ao anseio da desde o princípio, oferecer nossos
humanidade por uma doutrina, que serviços à humanidade, pois, em toda
satisaça tanto a mente quanto o alma, existe esse anseio expresso. À
coração, que seja o remédio para as medida que avançamos no caminho
feridas da incompreensão do homem do logro, compreendemos que o doar
e que atire abaixo as barreiras das é a única maneira de se obter e que
razões e religiões temporais. No recebemos mais, quando nos
fundo, somos todos filhos do mesmo esforçamos para transmitir ao mundo
pai e participamos da mesma origem - as crenças, como os o que ganhamos.
rios, vão sempre para o mar, que é a verdade única. Para isso, Nossas almas, adormecidas durante séculos, aspiram,
em sua ampla heterogeneidade, o conhecimento esotérico com veemência, à possibilidade de servir a Deus. Nossa meta
oferece um conjunto de ensinamentos de profunda verdade e não deve ser a glória do momento, pois o poder, que
sensatez, para quem se disponha a desenvolver suas buscamos, é o de acumulação lenta e progressiva, O
possibilidades latentes, que, por sua incalculável conhecimento é uma das mais nobres emoções humanas e, na
transcendência, perdem-se no infinito. maioria das vezes, esse desejo pode levar-nos ao erro. O,
Não há dúvida, então, de que o homem moderno pode ainda, pouco discernimento nos leva aos equívocos por causa
falar, nesses conhecimentos, de uma visão maravilhosa do do entusiasmo, da precipitação ou da falsa orientação. O
esquema divino, cuja magnificência produzirá nele uma primeiro passo, então, está no conhecimento; o importante é
devoção em direção a Deus, não sentida antes. Assim, separar o útil do inútil, o imprescindível do supérfluo.
também, desenvolvem-se uma compreensão intelectual e uma Quem busca o conhecimento esotérico deve estar
resposta aos variados problemas da vida, tornando, dessa consciente de que a consecução desse intento é o máximo, a
forma, sua mente satisfeita, ao saber qual é o objetivo e a que podemos aspirar em nossas vidas. Há que se reconhecer
finalidade do universo e da sua existência. Essas perguntas que, apesar de ser um caminho árduo, a sua realização é
todas não são contestadas satisfatoriamente nem nos cultos grandiosa e sublime, e seu ganho é incomensurável.
ortodoxos, nem na ciência ou na filosofia acadêmica. Tudo isso
lhe permitirá ordenar sua existência e ajustá-la ao plano
divino, o qual deve ser sua primordial tarefa, fazendo-a de
uma forma compreensiva, de tolerância e mútuo respeito com
todos os seres que o rodeiam.
A sabedoria antiga não dispõe de fórmulas patenteadas
para esse trabalho, nem de atalhos iniciáticos. Aos estudantes,
que estão decididos a dar seus primeiros passos na realização
da grande obra, o único caminho é o conhecimento esotérico.
É a oportunidade de melhorar por si próprios, através de um
consistente programa de esforços inteligentemente dirigidos,
para que possam receber, depois de acordo com seus
conhecimentos, a ajuda de que necessitam para maior
superação.
Trabalhos ______________________________________________________________________________

A História de Boaz
Sidnei Rodrigues Lima

E ssa história figura no Velho Testamento, no livro de


Rute, que relata o período dos juízes, em Belém de Judá,
onde havia uma família constituída por Elimelec, sua esposa
Era época de colheita de milho. Saiu Rute a espigar
para ambas se alimentarem. Foi a um sítio próximo, e, ao
colher as espigas, chegou o dono, um rico latifundiário de
Noemi e seus dois filhos Maalon e Quelion. Essa família nome Booz (ou Boaz), parente de Elimelec.
resolveu migrar para o território de Moab, ao lado do Mar Noemi estimulou-a a casar-se com Boaz, no que Rute
Morto, atual Wadi El Mogib, pois havia falta de trabalho em concordou, bem como Boaz, pois soube da profunda amizade
Belém. que ela tinha pela sogra, embora fosse uma
Os filhos, lá chegando, casaram-se moabita, e lhe disse:
com mulheres moabitas: Maalon casou-se - “Deixaste teu pai e tua mãe, a
com Órfã; e Quelion, com Rute. Elimelec e terra onde nasceste e vieste para um povo
seus dois filhos morreram, deixando Noemi que dantes não conhecias, temente ao
com suas noras, Rute e Órfã, desamparadas. Senhor Deus de Israel, sob cujas asas
Noemi resolveu voltar para Belém de Judá, encontrarás refúgio”.
no que foi acompanhada por Rute, pois Órfã Boaz e Rute casaram-se. Dessa
resolveu ficar em Moab com sua família. união, nasceu um filho que se chamou
Noemi houvera insistido para que Rute Obede, futuro pai de Jessé, nascido em
também ficasse em Moab, porém esta disse Belém. Jessé, por sua vez, foi pai de sete
à sogra: filhos: Eliabe, Aminabe, Siméis, Netanel,
- “Não me insistas para que te deixe, e Radai, Ozem, sendo o caçula, de nome
me obrigues a não seguir-te; porque, aonde quer que fores, irei Davi, o escolhido por Samuel para ser o segundo Rei de Israel,
eu, e, onde quer que pousares, ali pousarei eu; O teu povo é meu que veio a ser o pai de Salomão.
povo, o teu Deus é o meu Deus. Onde quer que morreres, A História de Rute mereceu um livro no Antigo
morrerei eu, e aí serei sepultada; Faça-me o Senhor que Testamento, o qual apresenta o heroísmo de duas mulheres e
aprouver, se outra coisa, que não seja a morte, separar-me de ti”. sua inabalável confiança em Deus. A casa de Elimelec é
Em vista dessas palavras, podemos notar a profunda reconstruída sobre as virtudes de Noemi e Rute. A nobre
amizade que existia entre sogra e nora: um exemplo para os profissão de fidelidade à família, exemplificada por Rute, foi
nossos dias. Assim, ambas voltaram a Belém e aí fixaram a introduzida na cerimônia nupcial de algumas igrejas
residência. protestantes.

Reflexões _________________________________________________________________________________

A Lenda do Tempo
Wellington B. de Oliveira

U m dia, um velho pedreiro, livre e de bons costumes,


sentado em uma pedra bruta,
pôs-se a pensar sobre sua vida e sobre
ritmo se estabeleceu. No meio de sons de batidas, a voz disse:
"Sic Transit Gloria Mundi", e a luz
rompeu as trevas de sua consciência.
seu trabalho de edificação numa bela Em meio a um cataclismo
cidade. emocional, atordoado pelo barulho e
Como em um passe de mágica, o ferido pela Luz, veio a surpresa. Entre
tempo começou a se mover; tudo a seu os raios de Luz, que ofuscavam os seus
redor começou a girar, e o pedreiro se olhos, reconhecia amigos e cada um
viu dentro de um grande vórtice, onde o lhe apontava uma aguçada espada. E a
tempo caminhava para trás. Logo, em voz, que habitava o Oriente, bradou
seguida, percebeu que estava em sua dizendo: "Não vos assusteis. Essas
consciência o poder que fazia mover o espadas a vós apontadas, significam
tempo. Foi quando, de repente, o tempo que estão prontas a vos defender, mas,
parou; tudo a seu redor eram trevas, também, zelarão pela Lei, caso vos
havia silêncio, apenas, uma voz falteis para com ela".
inaudível falava em um diálogo mudo Nesse momento, o tempo
em sua consciência. A voz do silêncio era avança novamente, e tudo a seu redor
sua única companhia. Naquele começa a girar, e ele viaja mais uma
momento, o silêncio lhe falava de um vez no tempo e, quando o tempo
caminho que devia seguir e em que faria parou, lá estava ele se vendo como um
muitas viagens. Aprendiz nos mistérios da edificação.
Gira mais uma vez o tempo, agora começa a se Tinha no peito um grande orgulho e uma motivação, que
movimentar para frente, um vórtice lento se forma, mas tudo transpareciam no seu semblante. Faceiro, orgulhoso e
era escuridão. De repente, uma voz poderosa rasga o silêncio incansável de seu ofício, com braço firme, cheio de força,
em meio à escuridão, dizendo: "Faça-se a Luz", e um novo desferia o malho sobre o cinzel, que apontava a pedra bruta.
Ao seu lado, incansável, estava o seu Mestre, que lhe escola. Os Aprendizes nada mais aprendem da Arte Real, já
ensinava com satisfação todos os segredos do ofício, do não têm mais o vigor daqueles tempos, falta-lhes a motivação.
empunhar do cinzel ao traçar da régua. Tudo tinha que ser Seu braço já não é mais forte, seu cinzel não tem direção.
justo e perfeito. O Mestre era rigoroso e tinha consciência da Falta-lhes a competência. A escolha das pedras brutas
necessidade de agir como tal, porém era brando, paciente e não tem critério, não são boas o suficiente para serem polidas.
muito tolerante. Não dão brilho, não refletem a Luz.
O Mestre ensinava seu oficio com habilidade e
sabedoria, transmitindo confiança e motivação a seus E os Mestres... já não merecem assim ser chamados,
Aprendizes. Ensinava que, do conhecimento, nasce a perfeição perderam o amor pela escola, já não ensinam mais, pois não
e, desta, advém o equilíbrio. Ensinava, ainda, que a pedra teria sabem o que ensinar. Não transmitem confiança ou
que ser bem escolhida para poder ser bem trabalhada. motivação, pois a apatia tomou conta de seus ânimos. A troca
Suas dimensões bem definidas e suas arestas bem de favores parece ser o objetivo. A avidez pelo poder de mando
aparadas, pois a beleza da construção do edifício dependia é visível nos seus semblantes. Não existe mais justiça, e, a
desse trabalho. Era preciso conhecer, muito bem, cada perfeição, ninguém a conhece. O Aprendiz se torna Mestre
detalhe, do empunhar do cinzel ao golpe do maço, pois a um sem ter nada aprendido. Entre o esquadro e o compasso, só
desvio do cinzel ou o uso errado da força, a pedra existe um monte de papel sem muita finalidade. A escola tem a
semidesbastada se tornaria bruta novamente. Na execução porta aberta. Há um entra e sai constante. Muitos passam pela
desse trabalho, ensinava que o corpo, a mente e a razão porta sem conseguir saber o porquê. A escola está dividida. A
deveriam tornar-se uma só entidade. O Mestre ensinava, matéria cobriu o espírito, o cimento místico deteriorou. As
ainda, que a majestade e a resistência do edifício está na colunas já não têm majestade. São fracas. O vento profano
dependência das bases, onde foi construído. Somente uma escava suas bases, balança seus capitéis e avilta seus valores
base sólida é capaz de subsistir à ação do tempo. mais sagrados. O velho pedreiro, triste, aborrecido com tal
Assim, destacava que apenas um bom pedreiro visão, decepcionado com seus Companheiros, que já não
constrói com perfeição e que só um dedicado Aprendiz chega a dividem o mesmo pão, impelido pela curiosidade, pede ao
se tornar bom Mestre, porque só ensina aquele que bem tempo que lhe mostre muito mais, além de sua imaginação.
aprende, quer e tem competência. E o tempo começa a se mover; tudo começa a girar e,
Era uma grande escola, ali se ensinava dentro desse vórtice, a visão lhe é mostrada. A escola da Arte
verdadeiramente a Arte Real. De repente, o tempo novamente Real não mais existe, tudo desmoronou. Só estava de pé uma
começa a se mover; tudo começa a girar, até parar no futuro. O velha coluna com a letra "B". A velha coluna cheia de Força,
velho pedreiro agora vê além de seu tempo e, novamente, ainda, resistia ao tempo, mas, da coluna, que dava apoio à viga
encontra-se diante de sua escola. Nesse momento, é mestra, só restava o pó.
arrebatado por uma grande decepção. Tudo estava muito Nesse momento, o tempo volta ao normal, e o velho
diferente e decadente. O tempo corroeu suas bases. O Mestre, pedreiro, assustado, ainda, com o que viu, entendeu que
então, examina-a atentamente e, após alguma reflexão, acabava de receber sua última instrução: "não há força capaz
percebe que, em algum ponto do tempo, houve uma grande de sustentar uma Instituição sem o apoio do conhecimento.
falha. A essência da escola evaporou-se nos poluídos ares da Assim, o velho pedreiro, com sabedoria na cabeça e força no
ignorância. Os objetivos são os mais abjetos. Já não é mais sua coração, parte para uma nova missão.

Boas Dicas _______________________________________________________________________________________


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