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Toda profissão é sacerdócio ou comércio, segundo seja

exercida pelo altruísmo ou pelo egoísmo.


Professor Henrique José de Souza

C
hegamos à metade do ano de 2010 meio que sem ansiosamente, no
perceber. Incrível, pois, há pouco acabava o futuro, esquecem o
Carnaval, e corríamos para comprar ovos de presente de tal forma,
Páscoa; surpreendentemente, já estamos em julho. É o que acabam por não
imediatismo de um mundo globalizado, da informação viver nem o presente
automática, da corrida contra o tempo. A palavra de nem o futuro. E vivem
ordem é bater cotas, vencer limites, superar recordes. A como se nunca fossem
moda é o consumismo desvairado, e o verbo, que está morrer... e morrem
sendo conjugado, é o “Ter”, cada vez mais, custe o que como se nunca tivessem
custar, não importando a natureza, tão pouco as próximas vivido”.
gerações. É a essa compreensão que nos faz chegar o texto da
Respirando os ares da Mantiqueira, na pacata Dra. Maria Teodora Guimarães, intitulado “O Diamante”,
cidade de São Lourenço, em Minas Gerais, cada vez mais, que abrilhanta a coluna Reflexões. Na tentativa de chamar
percebemos que acertamos ao sairmos de um grande nossos leitores à razão, com relação aos reais valores da vida
centro, como o Rio de Janeiro, vindo proteger-nos, em e, principalmente, ao momento atual da humanidade, a
parte, dessa loucura urbana. Qualidade de vida se conjuga coluna Destaques oferece a matéria “O Destino do Mundo”,
com outro verbo: “Ser”. O caminho, para ser feliz, é gostar de autoria do saudoso membro da SBE, Sociedade Brasileira
do que se tem, e não daquilo que gostaríamos de ter; é ter de Eubiose, Pizarro Loureiro.
tempo para observarmos a beleza de um sorriso de “A História e a Lenda de Prince Hall”, matéria de
criança, da harmonia do cantar dos pássaros; é encontrar a autoria do Irmão Gabriel Campos de Oliveira, elucida-nos
alegria e o encantamento na simplicidade, no detalhe de quanto à história da Maçonaria dos Negros Americanos,
um instante! conscientizando-nos do conceito de Igualdade. Escolhemos,
A humanidade precisa, mais do que nunca, de para a coluna Os Grandes Iniciados, a singular figura do
reeducação, em todos os sentidos. Reeducar-se no simples grande mestre da magia, da alquimia e do hermetismo,
ato involuntário de respirar; na mastigação correta em Eliphas Levi, em matéria compilada do site Pitis Sophiah.
suas refeições, com uma alimentação saudável; no cultivo Chamo especial atenção para a Matéria da Capa, “A
de bons pensamentos e de emoções sublimes; na prática Igreja de Melki-Tsedek”, a qual merece uma leitura pausada
da boa leitura, elegendo o seu livro de cabeceira. Mas tudo e reflexiva, por ser tratar de um assunto extremamente
isso nos exige tempo, e tempo, para os dias de hoje, é esotérico.
“dinheiro”. Quando se fala nessa palavra, o “homo A partir da próxima edição, estaremos lançando a
sapiens”, já não mais tão “sapiens”, transforma-se e se coluna “Ordens ParaMaçônicas”, que visa a apresentar aos
esquece de que está nesse mundo de ilusão, laboratório do nossos leitores a origem, chegada ao Brasil e as
espírito, apenas, “de passagem”, e de que nada de peculiaridades dessas Ordens que têm dado uma
efêmero vai levar quando passar para o outro plano. contribuição muitíssimo importante à humanidade.
Estamos escalando uma imensa montanha. Mais Começaremos com a Ordem DeMolay, homenageando-a por
importante do que conquistar o topo é vivenciar a seus 30 anos de chegada ao Brasil e por tudo que tem feito
escalada, contemplar o horizonte, aprender com as pelos nossos jovens.
dificuldades. Desejamos a todos uma boa leitura e que as matérias
Lembremos as palavras de Dalai Lama, em desta edição possam levar até você, além de conhecimentos,
resposta à pergunta que lhe foi feita sobre o que mais o a dúvida, semente do estudo e da pesquisa. Que o conteúdo
surpreendia na humanidade: “os homens... Porque deste Editorial possa te levá-lo à reflexão sobre a vida e o
perdem a saúde para juntar dinheiro, depois perdem que, de fato, viemos fazer aqui. Pense nisso e seja feliz!
dinheiro para recuperar a saúde. E, por pensarem, Temos um encontro marcado na próxima edição! ?
a b
Capa – A Igreja de Melki-Tsedek....................................Capa - VITRIOL..................................................................................12
Editorial.....................................................................................2
Editorial.....................................................................................2 Reflexões
Matéria da Capa – A Igreja de Melki-Tsedek.......................3 - Diamante.................................................................................14
Destaques – O Destino do Mundo..............................................
Mundo...............................................6
.6 Boas Dicas
Os Grandes Iniciados - Eliphas Levi...................................7 - Periódico / Livro.......................................................................
Livro........................................................................15 .15
Ritos Maçônicos – A História e a Lenda de Prince Hall...9 Lançamentos
Trabalhos - Da Perícia ao Perito......................................................................................15
- O Evangelho de São João e o Salmo 133............................11
133............................11 Ficha Técnica......................................................................................15
Técnica......................................................................................15

A Igreja de Melki-Tsedek
Professor Henrique José de Souza

H
á uma antiga tradição que afirma a existência, que, a bem dizer, é o do Amor, da Verdade e da Justiça entre
no mundo, de uma “igreja secreta”, que torna a todos os seres da Terra, compõe-se de 7 Linhas, cada uma
ligar (religare ou religar; religione ou religião) o delas com o respectivo Raio, na razão dos próprios Astros ou
homem a Deus, sem necessidade de sacerdócio nem outro Planetas. Seus Chefes, Reis ou Guias são Seres tão elevados,
qualquer intermediário. Todo ser iluminado, diretamente que bem se podem comparar aos mesmos Dhyans-Chohans
ou por iniciação, desde que esteja ou “Espíritos Planetários”. Na Índia,
de posse de certos Mistérios, faz o termo Maha-Chohan é dado ao
parte do Culto, que tem o nome mais elevado entre tais Seres,
velado de Igreja de Melki-Tsedek. enquanto, outrora, no Egito, recebiam
Tal culto, sempre, existiu, por ser o o nome de Ptahmer. São os mesmos
da mais preciosa de todas as “Goros do Rei do Mundo”, nas
religiões, ou seja, a da Fraternidade escrituras transimalaias.
Universal da humanidade. Como Guias ou Instrutores
A sua origem procede dos dos Homens (pouco importa, se, para
meados da 3ª Raça-Mãe, pouco muitos, de modo invisível), não
importa seu nome naquela época. podiam deixar de possuir “regras
Com o decorrer dos tempos, recebe especiais”, pois, além de guiados por
o de Sudha-Dharma-Mandalam, na Aqueles Sete Referidos Seres, o são,
antiga Aryavartha, nossa Mãe ainda, por Outro mais elevado, que se
Índia, mas, para todos os efeitos, firma por trás de tudo isso, em forma
Excelsa Fraternidade, quer na Ternária.
razão da sua própria existência, Seu Santuário, digamos assim,
por ser composta dos Verdadeiros é Aquele mesmo Apta, creche,
Guias ou Instrutores Espirituais da manjedoura, presépio, lugar onde o
Humanidade, quer por sua vitória sobre o que se concebe Sol nasce, e quantos nomes o mesmo possui desde os
como Mal na Terra. Ao lado do Planetário (a Força memoráveis tempos da Atlântida, ali, representado como “8ª
cósmica dirigente do nosso Globo, em forma humana, à cidade”. Razão de ser considerado tal Ser, ao mesmo tempo,
parte opiniões contrárias), após a tremenda queda, Uno Trino, como “Rei dos Reis”.
ocorrida com a decadência atlante, de que tanto nos temos Os mesmos gnósticos reconheciam o número 888, ou
ocupado, de modo velado, tiveram, os seus primeiros 8 vezes o misterioso 111, como “Número Crístico”, embora o
componentes, de combater contra as referidas “forças do resto seja proibido revelar. O mesmo René Guenón, em sua
mal”, sem falar na sua própria transformação de Homens obra, “Le Roi du Monde”, que teve como Guru ou Mestre o
vulgares em semideuses. famoso rabino, diz o seguinte, a respeito de tão excelsa
Por isso, tal Fraternidade ou “Culto Universal”, Organização: “O chefe de uma tal organização é o próprio
Manu, que poderá, legitimamente, possuir (ou encarregar reconhecerem em qualquer parte do Globo onde se achem:
a outro) esse título e demais atribuições”. E, ainda: “pelo “palavras de passe”, ou mesmo, as credenciais de cada uma
grau de Consciência atingida, para exercer semelhante das Sete Linhas ou “Raios” a que pertençam. Assunto que
função, identifica-se, realmente, com o Princípio que o não pode ser tratado no mundo profano, no entanto
obrigou a tomar expressão humana, diante da qual sua ocasionou enormíssima confusão no espírito da maioria dos
individualidade desaparece”. membros de “The Theosophical Society”, devido aos
Não vamos comentar semelhantes palavras, por escritos, nesse sentido, de sua ex-Presidente, a Sra. Besant e
ser isso proibido. Serviram elas, apenas, para exprimir do bispo Leadbeater, além do mais, por não estarem
toda a verdade que paira sobre tamanho Mistério, de autorizados a fazerem semelhantes revelações. Razão de
confronto a tudo quanto dissemos, anteriormente, a alguns representantes dessa mesma “Grande Loja Branca”,
respeito dessa mais do que sublime Organização, que como é, também, reconhecida, virem, de público, lançar o
tanto se pode chamar, como já foi dito, de Culto de Melki- seu protesto, dentre eles, R. Vasudeva Row (B.A.B.L.) Vakil,
Tsedek, como de Excelsa Fraternidade, Sudha-Dharma- do alto tribunal de Madras, etc. E, semelhante erro contrário
Mandalam (para o Oriente), mas, hoje, com outro nome às referidas leis ou regras deriva, além do mais, da eterna
ocidental, já revelado em nosso estudo dedicado a mania de só se reconhecerem Seres Superiores “lá para as
Paracelso. bandas do Oriente”, por ignorarem que o mesmo, desde
Como se sabe, as Leis, que regulam semelhante 1924, senão um pouco antes, já se havia fundido no
Organização, foram codificadas pelo Manu Vaivasvata. E Ocidente, de acordo com as mais antigas profecias, a
delas, por sua vez, saíram começar por aquela da “Serra
as menores, reguladoras da de Sintra”, em Portugal, por
própria vida humana. nós inúmeras vezes citada.
Chamem-nas de Entretanto, quando
“Mandamentos da Lei de investidos de missões
Deus” os que preferem, especiais, ao contrário, alguns
apenas, o espírito religioso devem manter-se em segredo,
no sentido puramente afastados uns dos outros, etc.
dogmático. Mas o fato é que São aqueles tradicionais
serviram de fundamento “Homens da Capa Vermelha”
aos Códigos regentes de (Raio de Marte), um dos
todos os povos da Terra. quais, ao mesmo Napoleão,
Por isso, a figura da Justiça, dava conselhos, inclusive, nos
mesmo que terrena, traz os campos de Batalha, ou “os da
olhos vendados (ocultos, Capa Amarela” (Raio
secretos) e uma espada Mercuriano), com missão
servindo, ao mesmo tempo, idêntica diante de outros
de Balança. É aquela, ainda, que traz, na mão, O Arcanjo homens ilustres da história, inclusive, nas cortes, como
Mikael (ou Miguel), “onde são pesados os bons ou maus aconteceu aos mesmos Cagliostro e São Germano, na
atos e pensamentos da própria humanidade”. Dura lex, Áustria, na França, diante de Maria Antonieta, etc., e quantas
sed lex! Manu, Rei do Mundo, Planetário da Ronda, etc., outras Capas ou “Cores” indicam os “Raios” Planetários, a
são uma só e mesma Coisa. De tão excelso Tronco, saem que pertencem os seus portadores.
outros Manus, maiores e menores, na razão de Raças- Mas, não nos apressemos em falar dos Dois referidos
Mães, Sub-Raças, Ramos e Famílias, etc. À medida que a Seres, por não ter, ainda, chegado a hora, mas, de
Humanidade vai alcançando as várias etapas de sua preferência, dessa “Fraternal Ceia ou Comunhão”, em que
evolução terrena, tais Regras são modificadas pelo vivem os preclaros Membros da Excelsa Fraternidade, quer
referido Manu, pouco importa em quem, ou de que do ponto de vista mental (a prova é que, até hoje, exige-se,
maneira esteja Ele manifestado, se o fenômeno é tão em nosso Colégio Iniciático, o termo sânscrito PAX, que quer
transcendente, que não pode ser revelado. dizer “comunhão mental ou de pensamento”, atingindo os
Pelo pouco que foi dito anteriormente, logo, confins da Terra, através dos mesmos Seres, e não, apenas, o
depreende-se a razão de se denominar a tais Seres, de que sentido restrito do “pax”, latino, paz, essa mesma que deve
se compõe a “Excelsa Fraternidade Branca”, por outros existir entre todos os seres da Terra), dizíamos, quer do
nomes: Cultores de Melki-Tsedek, Adeptos da Boa Lei”, espiritual.
etc. Existem diversas maneiras de os mesmos se Daí, nasceu a chamada Ceia do Senhor, levada a
efeito entre Jeoshua Ben Pandira (o filho do Homem) e nas veias da Terra”? Não o faziam de outro modo, Sacerdote
seus apóstolos ou discípulos. Era a “comunhão reservada e Sacerdotisa, na razão de Fogo e Água ou Sol e Lua?
aos maiores pontífices em todos os Mistérios Antigos”. Quando da distribuição do pão e da água, por sua vez, não
Logo que um Adepto, um Ser qualquer de categoria mais foi feita, também, a da menor das moedas usadas naquela
ou menos elevada, ia visitar o Dalai-Lama, este dividia ao época, isto é, o vintém ou vinte réis? Melki-Tsedek, rei de
meio o pão, lançando-lhe a sua Bênção, e ambos comiam a Salém, fez trazer pão e vinho, por ser Ele Sacerdote do
parte que lhes era reservada. Tal ritual, além dos seus Altíssimo (El Elion). E abençoou a Abrahão, dizendo:
sentidos cabalísticos, abrange, ainda, o do androginismo “Abençoado sejas, Abrahão, em nome de Deus Altíssimo,
perfeito (um pão dividido em dois, como aconteceu no possuidor dos céus e da Terra. Abençoado o Deus Altíssimo,
começo das coisas...), o do Pai-Mãe das Escrituras, na que entregou os inimigos em tuas mãos. E Abrahão lhe
razão de Adam-Kadmon, para o divino, Adam-Heve, para entregou o dízimo de tudo quanto havia tomado". (Gênese,
o humano, e Adam-Chevaoth, para o inferior, que nada XIV, 18-20.).
tem a ver, como pensa a maioria, com o famoso “inferno Como dissemos em outros lugares, Jeoshua (Jesus)
das escrituras ocidentais”. distribui, entre seus discípulos, pão e vinho, o que deu razão
Em seguida, dois copos, contendo o mais precioso ao termo “Ceia do Senhor”, pois, como um Iluminado,
vinho ou licor, que, depois de abençoados, cada qual se Adepto ou Homem Perfeito, conhecia todos esses
servia do seu. Não é isso uma espécie de Eucaristia, na ensinamentos da referida Igreja de Melki-Tsedek. Ela, até hoje,
razão de “este é meu ensina os homens,
corpo, comei-o; é voltados para a mesma,
meu sangue, bebei- a se religarem, como
o”? Uma estiveram em tempos
reminiscência, ainda, afastados da história,
da “Taça do Santo em sua Origem, na
Graal”, fazendo parte razão da sábia sentença
das tradições da de Santo Agostinho, ao
verdadeira Rosa- dizer que “Vimos da
Cruz, hoje, postado Divindade e, para Ela,
em lugar diferente do havemos de ir”,
de outrora, embora valendo pela
muitos centros incompreendida
pseudoespiritualistas “Parábola do Filho
estejam abusando de Pródigo, que volta à
tão excelso quão Casa Paterna”.
precioso nome, para Fenômeno esse
fins políticos dos comparável ao da
mais condenáveis. Teofania entre os neo-
Há muitos anos, platônicos, e o
lançamos um aviso verdadeiro sentido do
nesse sentido, mas, termo Teosofia, como
infelizmente, não “Sabedoria Divina”, dos
fomos ouvidos, porque “ninguém é profeta em sua terra”, Deuses, dos super-homens, Mahatmas, Gênios ou Jinas.
do mesmo modo que “santo de casa não faz milagres”. Por não aceitar tamanha blasfêmia, esse crime de
Nossa mesma Obra, como Síntese de todas as “desleal concorrência ao negócio lucrativo, que, em seu
Iniciações passadas, haja vista todos os Grandes tempo, fazia-se com as coisas superiores ou divinas”, foi
Iluminados fazendo parte da sua galeria, no salão de julgado e condenado Jeoshua, por uma “assembleia de
reuniões, ladeando a Diretoria, ou, antes, começando, de fariseus”, a mesma que teve ocasião de dizer: “Mister se faz
um lado, por Vyasa, o codificador da Vedanta, e matá-lo; deverá sujeitar-se às mais pesadas leis terrenas;
terminando, no outro, pelo grande místico Ramakrishma, crucificado deve ser o impostor”. Muito antes, já selava o
não passou por um ritual idêntico dentro do seu pacto infernal de semelhantes “pontífices”, o beijo de um
Santuário, onde “o pão foi dividido entre todos”, e, traidor, que aparece, sempre, na vida de todos os
depois, de preferência, a água, como “sangue que corre Iluminados. ?
a b
O Destino do Mundo
Pizarro Loureiro

O
Mundo está vivendo a angústia e a incerteza do redenção de um mundo novo, liberto dos malefícios “ex-
momento supremo do seu destino. A libris” de passados de culpas, erros e crimes milenários.
humanidade inteira sente que se vão Tarde demais, os homens apelarão para os seus falsos
aproximando dias negros de dor e de ruína, que se vai deuses, como os atlantes, nas vascas da agonia, apelaram
armando, no vasto perímetro do planeta, a carpintaria da para Muka, que só lhes pôde dar o consolo de morrer com
cena final, cujo epílogo, multiplicado pelos erros e pelos eles. Bombas atômicas, raios cósmicos, nuvens mortíferas,
crimes da civilização, terá, com a visão espectral dos chuvas de bactérias, armas estratosféricas, poderosos e
grandes cataclismos, aquele sabor acre de sangue e de nunca vistos engenhos de guerra destruirão, por toda a
desespero das trajetórias clássicas da Grécia antiga ou dos parte, as nações, os povos, as riquezas, os monumentos, as
fortes e insondáveis dramas de Shakespeare. cidades e tudo quanto faz as galas desta civilização corroída
Os homens, completamente vencidos pela pelo câncer da maldade, da mentira, da ambição. Sodoma e
irresistível atração daquilo que há de vir, inflexivelmente, Gomorra serão pálidas imagens da destruição e da morte
vislumbrado através das lentes impressionistas do que passearão pela Terra, lavada em sangue e dor, os seus
sentimento de culpa, dividem-se em várias categorias de espectros apocalípticos.
espectadores ou de comparsas do espetáculo dantesco que Como no Dilúvio bíblico, haverá uma barca à feição
se avizinha. Uns se encolhem sob a ação do medo e, como da de Noé ou de Osíris, para a salvação daqueles que
o avestruz que esconde a cabeça sob as asas diante do quiserem, pelo arrependimento, pelo esforço de superação,
perigo, recolhem-se ao pelo encontro com o seu ego
misantropismo febril da imortal, contribuir para o
inação; outros se repovoamento civilizador
entregam, de corpo e do mundo redimido, que se
alma, à fruição dos há de levantar, sob a égide
prazeres que, ainda, de um novo ciclo, das ruínas
restam do vasto estoque dos povos e das nações. Eis
dos pecados e dos vícios; um símbolo de esperança
muitos outros, para todos os homens de
inconscientes e fanáticos, boa vontade, para todos os
tentam deter a avalancha, espíritos despertos, para
fazendo como o menino todas as mentes, ainda, não-
de Santo Agostinho que enegrecidas de todo pela
queria esvaziar o mar fuligem do mal, que lhes
com uma concha; ainda oferece a Sociedade
outros, apáticos e Brasileira de Eubiose.
melancólicos, dominados Essa Casa vos
pela morbidez de estados apontará esse caminho,
depressivos de consciência, assistem impassíveis, como aquele mesmo caminho de Damasco que levou Paulo de
que hipnotizados, ao desenrolar do filme monstruoso, à Tarso, angustiado pelo desespero da sua alma e pela dúvida
espera talvez do “happy end”, que uma cultura e uma do seu espírito, a encontrar, no seu tempo, a verdade, o
arte, completamente mercantilizadas, inocularam no repouso e a consolação que a sua mente aflita procurava, em
espírito virgem das juventudes modernas. meio da poeira moral, dos destroços humanos, do desespero
De um lado, a inconsciência espiritual e a espiritual de uma civilização que tombava, levando, de
insaciável gula da ambição e do egoísmo; de outro, o ódio, roldão, impérios, césares e tradições.
a rebeldia, o desejo de vindicta. E, no meio, sofrendo as Uma nova era se aproxima. Volvei, para ela, os
dores cruciantes da incompreensão, conclamando, vossos olhos, as vossas inteligências e os vossos corações.
pregando, alertando, uma minoria de seres que, tendo Deixai que os mortos enterrem os seus próprios mortos e
penetrado os mistérios da vida e da evolução dos ciclos, avançai para a luz que dealba nos horizontes trágicos do
procura salvar, não já a civilização – que esta se condenou mundo atual.
a si própria, ao castigo inexorável da destruição, ao Batei às nossas portas e elas se vos abrirão, para dar-
camartelo indomável da Lei – mas aquilo que, ainda, resta vos um lugar ao lado daqueles que voltam, gloriosamente,
de bom, nobre, belo e digno no espírito dos homens, para levantar, sobre a Terra desgraçada por sua infidelidade
tentando formar, com esses resíduos, a sementeira étnico- ao espírito, o estandarte da Verdade, do Amor e da
cultural que deverá ser, amanhã, na limpidez luminosa de Fraternidade! ?
uma nova era, a representação tipicamente humana da
a b
Eliphas Levi*

A
lphonse Charles Constant (1810-1875) nasceu em que lhe causaram profunda impressão e sobre as quais ele
Paris no bairro de Odeón. Recebeu uma educação escreveu: “ Não contêm a verdade, mas conduzem a ela,
digna. Meigo, piedoso e estudioso, Constant é infalivelmente”. Alphonse foi liberado em abril de 1842.
motivo de numerosos elogios por parte de seus Procura, então, ganhar o seu sustento através do
professores. Merecidamente, Alphonse Charles é admitido brilhante talento que possuía para a pintura e o desenho
no Seminário Maior de Issy, em Paris, o qual recebe a artístico.
ordem do Diaconato e, posteriormente, do Subdiaconato, Compadecido pelo desperdício de um intelecto
em 19 de dezembro de 1835. Nessa época, Aphonse já notável, associado a uma virtuosidade acima de dúvidas, o
estava procurando desvendar os mistérios da Alta Magia. arcebispo de Paris, Monsenhor Affre, recomenda o jovem
Saindo do seminário em Junho de 1836, para Alphonse ao bispo de Evreux, Monsenhor Oliver, que o
melhor pensar sobre a sua vocação admite na função de pregador, já que o
sacerdotal, Aphonse conhece a jovem Alphonse estava,
miséria que imperava em uma eclesiasticamente, revestido da ordem
Europa em pleno estado de do Diaconato. Porém, como as sombras
transformações Sociopolíticas. Sua não suportam a manifestação da luz,
mãe, nessa ocasião, morre de Alphonse é vítima de uma intriga
desespero. movida por clérigos, que se sentiram
Alphonse Charles Constant ameaçados por sua liberdade de
ou, como ficou conhecido, Eliphas espírito e pela crescente influência
Levi, autêntico Mestre da Loja junto ao povo. Devido a isso, ele
Branca, sufocado e frustrado com a abandona a função de pregador.
intempestiva vida social de Paris, Alphonse sobrevive
sente-se vocacionado à “vida escrevendo canções românticas e
claustral” e, em 1839, ingressa na políticas, aproveitando todo o tempo
famosa abadia beneditina de disponível para aprofundar seus
Solesme, permanecendo na mesma estudos através de obras-primas do
por um ano, período rico e frutífero, hermetismo, na Biblioteca Nacional de
como o mesmo atesta: “Passei horas Paris.
maravilhosas na magnífica biblioteca. Por volta de 1845, movido pela
Tive bastante tempo para estudar a degeneração política e social, que,
doutrina dos antigos gnósticos, dos pais então, imperava na velha Europa,
da igreja primitiva, os livros de Cassiano Alphonse estuda, com afinco, todos os
e outros ascetas; os escritos piedosos dos escritos socialistas, republicanos e
místicos, principalmente, os livros anarquistas, passando a frequentar os
admiráveis e, ainda, ignorados por Mme Guyon”. clubes republicanos parisienses e a discursar neles. Um
Após sair do monastério, Aphonse é contratado panfleto de sua autoria, intitulado “A Voz da Fome”
como vigilante de internato” no colégio dirigido pela (defendia os direitos das mulheres), acarreta-lhe mais um
Congregação do Oratório, em July. Nessa ocasião, escreve ano de prisão.
o seu primeiro livro, “A Bíblia da Liberdade”, com forte Com a famosa revolta popular de 1848, em Paris,
teor revolucionário, a ponto de ser confiscado pelas liga-se a vários clubes políticos, passando a publicar seus
autoridades francesas, que levam o jovem Aphonse, trabalhos de conscientização política no jornal libertário “A
juntamente com o seu editor, perante o Tribunal Criminal, Tribuna do Povo”. Em uma manifestação, o exército fuzila,
acusando-os de “ataque à propriedade, à moral pública e no seu lugar, um negociante de vinho de aparência
religiosa”. Alphonse é recluso por onze meses na prisão. semelhante à sua. Seu coração sensível, diante desse erro
Porém, o tempo é sabiamente aproveitado na biblioteca da trágico, leva-o para longe dos políticos e de seu mundo de
prisão. Alphonse se depara com as obras de Swedenborg, violência e ilusão.
Afastado do contexto revolucionário, encontra Nessa ocasião, é convidado a se iniciar na Franco-Maçonaria.
aquele que seria seu mestre, Hoëne Wronski, sábio, Apesar da saúde abalada pelo excesso de dedicação à
filósofo e metafísico, sobre o qual Aphonse escreveria sua sublime missão de luzeiro de espiritualidade, junto a um
mais tarde: “Um homem cujas descobertas só no terreno da mundo mergulhado nas trevas do materialismo racionalista,
matemática teria espavorido o gênio de Newton, acaba de não diminuía o ritmo de uma atividade titânica: vidente,
instituir, nesse século de ceticismo, a base, doravante inabalável, tarólogo, quirólogo, escritor, guia e curador, colaborando
de uma ciência, simultaneamente, humana e divina. Foi o para a cura de inúmeras pessoas já desenganadas pela
primeiro que ousou definir a essência de Deus; nessa própria medicina oficial.
definição, encontra-se a lei do movimento e da criação A guerra de 1870 ocasiona a partida de seus amigos
universal... Ele descobriu o segredo da vida, e esse alquimista da estrangeiros; Paris mergulha na miséria, na fome e no medo.
ciência universal desfruta, agora, do seio de Deus, a Por ocasião do cerco da capital francesa, luta contra o intenso
imortalidade que ele criou para si”. frio e a fome, porém a guerra, o temor e a distância não
Wronski marcou, profundamente, a evolução conseguem desfazer os reais laços de fraternidade que
intelectual e espiritual de Aphonse, a ponto de corroborar transcendem o plano físico, fundamentando-se no espírito,
na escolha do seu pseudônimo, Eliphas Levy, tradução pois seus amigos estrangeiros enviam-lhe, através das
hebraica de seus trincheiras, auxílio
prenomes. Nessa material e consolo
ocasião, de ascensão espiritual por cartas e
intelectual e orações.
espiritual, Eliphas Com a vida
Levy publica, por inteira dedicada à auto-
fascículos, a obra de realização, ao
excelência do ressuscitar dos antigos
ocultismo, “Dogma e e sublimes mistérios, ao
Ritual de Alta redimensionamento
Magia”. Porém, como espiritual do homem,
a doutrina metafisica não só como ser
de Wronski, apenas, individual, mas
satisfazia-lhe o também como
intelecto, Levy não se elemento social,
dava por satisfeito, já escreveu, também, “A
que, por essa ocasião, História da Magia”, ”A
ele não só era um Chave dos Grandes
assíduo estudante Mistérios”, “O Grande
dos mistérios Arcano”, “Livro dos
herméticos e Sábios”, “Fábulas e
cabalísticos, como Símbolos”, “Catecismo
também um praticante da Magia Ritual. da Paz”, “Clavículas de Salomão”, “Feiticeiro de Meudon”,
Se ele aprendera a voar como a águia, o seu voo de “Origens da Cabala”, “Curso de Filosofia Oculta”,
condor, seu “batismo de luz”, deu-se em Londres, em 26 “Mistérios da Cabala”, “Paradoxos da Sabedoria Oculta” e
de julho de 1854, com a sublime evocação ritual do grande “Ciência dos Espíritos”.
mago neopitagórico Apolonius de Thyana, falecido em Cumprida a sua missão de “Prometeus”, ascende,
Éfeso, no ano de 97 d.C. tranquilamente, aos planos superiores no dia 31 de maio de
De volta a Paris, em agosto de 1854, Eliphas Levy é 1875, em sua residência.
vitimado por uma atividade sufocadora, ocasionada pela Muitos estudiosos e a maioria dos leitores não
afirmação dos meios esotéricos da época, de que o mesmo compreendem as obras do abade Eliphas Levy. O que essas
recebera, em Londres, a mais alta iniciação e o pessoas não sabem é que, para compreender a sabedoria dos
reconhecimento dos Mestres superiores. A vida do mago é livros de Eliphas Levy, é fundamental e indispensável
preenchida por palestras, consultas, experiências possuir os ensinamentos Iniciáticos. ?
alquímicas e a publicação de obras de alto teor hermético. *Compilado do site http://www.pistissophiah.org/
a b
A História e a Lenda de Prince Hall
Gabriel Campos de Oliveira*

D
eve-se
eve destacar, na figura de Prince Hall, a parte negros (norte-americanos) se envergonharem pelo fato de serem
real, mas menos romântica, resgatada pela descendentes de escravos. Não há desonra em ter sido escravo. Há
moderna pesquisa historiográfica, e a lenda, desonra em ter sido proprietário de escravos”. A Maçonaria
devida, na maioria das vezes, a Grimshaw, que vem sendo Prince Hall nunca negou iniciação a qualquer ex-escravo,
alimentada pelo povo maçônico afro-americano. A desde que preenchesse os requisitos mínimos exigidos pela
moderna historiografia estima que Prince Hall nasceu em Ordem. A Grande Loja Unida da Inglaterra, após a Abolição
1735, em lugar desconhecido. Alguns especulam que teria da Escravidão nas Índias Ocidentais pelo Parlamento
nascido em Barbados, nas Índias Ocidentais, outros que Britânico, em 1º de setembro de 1847, mudou a expressão
teria sido na África, enquanto uma minoria chega a “nascido livre” para “homem livre”, como requisito para
afirmar que o seu local de nascimento seria os Estados ingresso em suas Lojas.
Unidos. Documentos analisados mostram que teria A tradição afirma que Prince Hall teria sido iniciado
exercido várias profissões, tais como: trabalhador braçal, em 6 de março de 1775. E, aqui, existe uma controvérsia
artesão de roupa de couro e fornecedor de alimentos. entre a Loja nº 441 e a Loja Africana , sendo que ambas
Outros documentos apresentam-no como líder e eleitor estariam na gênese da Maçonaria Prince Hall, com as
numa pequena comunidade negra, em Boston. implicações do reconhecimento pela Grande Loja Unida da
A versão tradicional, muito aceita, mas de pouca Inglaterra e o problema de haver duas Obediências em um
ajuda para a pesquisa científica, afirma que Prince Hall mesmo território. O historiador Jeremy Belknap afirma que,
nasceu em Bridgetown, Barbados, nas Índias Ocidentais, “tendo, uma vez, mencionado essa pessoa (Prince Hall), tenho a
em 1748, filho de Thomas Hall, um informar que ele foi um Grão-Mestre de uma
inglês, mercador de couro, que teria Loja de maçons livres, composta, na sua
como esposa uma mulher negra livre, totalidade, de pretos e conhecida pelo nome de
de descendência francesa. Teria vindo ‘Loja Africana’. Isso teria acontecido em
para a Nova Inglaterra durante a 1775, quando essa cidade foi tomada pelas
metade do século XVIII, tropas britânicas, possibilitando a montagem
estabelecendo-se em Boston, na de uma Loja e a iniciação de um bom número
colônia de Massachusetts, onde se teria de negros. Após o estabelecimento da paz,
tornado pastor da Igreja Metodista. enviou-se, a Londres, um pedido de
A versão tradicional, ainda, reconhecimento, obtendo-se uma carta
afirma que Prince Hall teria pertencido timbrada pelo Duque de Cumberland e
às fileiras do Exército Revolucionário e assinada pelo Conde de Effingham”.
lutado na Guerra de Independência Nelson King, editor da revista
norte-americana. Philalethes, afirma que, “em 29 de setembro
Um ponto controverso tem de 1784, uma carta de reconhecimento
sido a versão de que Prince Hall tenha sido escravo ou (warrant) foi outorgada pela Primeira Grande Loja da Inglaterra
não. Sherman afirma: “tive a fortuna de descobrir, na para 15 homens, em Boston, Massachusetts (inclusive o Ir∴Hall,
Biblioteca Athenaeum de Boston, uma cópia do documento de cujo primeiro nome era Prince), formando a Loja Africana nº 459
alforria, provando que Prince Hall tinha, originalmente, sido no registro inglês. A Loja Africana contribuiu com o Fundo de
escravo na família de um negociante de roupa de couro de Caridade inglês, até 1797, e permaneceu correspondendo-se com
Boston, chamado William Hall, que o alforriou em 1770”. o Grande Secretário, até início do século XIX. Os livros de
Certos historiadores afro-americanos rejeitam alguns registro da Grande Loja, para tal período, entretanto, são
documentos que tentam demonstrar ter ele sido escravo incompletos e não é impossível que a correspondência, entre
da família Hall, como se, em sendo isso verdade, fosse ambos os lados, apareça como tendo sido ignorada. Após 1802, o
uma desonra para a figura de Prince Hall. Aqui, convém contato foi perdido, devido, em grande parte, à interrupção que
lembrar o dizer da carta de Mahatma Gandhi ao Ir∴ as guerras napoleônicas causaram sobre os transportes e as
W.E.B. Dubois, em 1929: “Não deixem os 12 milhões de comunicações com a América do Norte. Em 1797, a Loja Africana,
contrariamente aos termos da Carta de Reconhecimento e às incêndio, sendo, contudo, salva pela ação do P.G.M. Kendall, que
Constituições de Anderson, às quais estava vinculada, deu recuperou o documento. Existe um grande número de maçons
autorização a dois grupos de homens para se reunirem como Prince Hall que acreditam ter sido o incêndio uma tentativa de a
Lojas: a Loja Africana nº 459B, em Filadélfia, na Pensilvânia, e Maçonaria caucasiana destruir o mais valioso de todos os
a Loja Hiram (sem número), em Providence, Rhode Island. documentos da Maçonaria Prince Hall. Enquanto essa crença não
Autorizações continuaram a ser dadas para outras Lojas a puder ser provada, o fato alegado mostra a frequente relação tensa
partir de 1808. entre a fraternidade Prince Hall e a sua contraparte caucasiana.
Após a união das duas Grandes Lojas inglesas - Mostra, também, a conexão emocional entre a América Negra e
Antigos e Modernos – em 1813, a fusão dos livros de Branca.”.
registro omitiu a Loja Africana (assim como muitas outras É preciso ter em mente o “status” colonial do negro
lojas na Inglaterra e além-mar), deixando de haver contato norte-americano na época da independência. Não possuíam
por longos anos. A Loja Africana, contudo, não foi, educação formal, além do mais, sofriam restrição legal para
formalmente, extinta”. adquiri-la, e os códigos dos negros legais impediam reuniões
Gould, em toda sua monumental obra, não chega a ou ajuntamentos com mais de três indivíduos da raça negra.
citar a figura de Prince Hall, mas, em um quadro em que Os historiadores negros afirmam que os negros estavam na
lista as Lojas nos EUA, reconhecidas pela Grande Loja da América Colonial, mas não eram da América. Eram súditos
Inglaterra, entre 1733 e 1789, cita a African Lodge de coloniais dos súditos coloniais da Inglaterra. Não estavam
Massachussets, com a data de 1784-86. sendo explorados por George III, mas, sim, por George
Outro historiador chega a afirmar que Prince Hall Washington, pelos Maçons e pelos donos de escravos.
teria sido iniciado numa Loja militar, a Loja nº 441, sob a Os Pais Brancos Fundadores não eram os Pais
jurisdição da Grande Loja da Irlanda, ligada a um dos Negros Fundadores, pois os homens negros viviam uma
regimentos do exército do General Gage, cujo Venerável diferente Declaração de Independência, uma Revolução
Mestre era o Ir∴ J.B.Watt. Essa Loja volante existiu na diferente numa América diferente. A revista maçônica negra
vizinhança de Boston, estabelecendo-se, futuramente, em Phylaxis Magazine, editada em Boston, comenta, em seus
Nova Iorque e participando na formação, segundo a editoriais, que houve, e tem sempre havido, duas Américas,
versão da Maçonaria Prince Hall, da Primeira Grande Loja uma Branca e outra Negra.
Caucasiana. Com a remoção da Loja para Nova Iorque, Defini-las juntas seria impossível. Medir a Maçonaria
supõe-se que aquele Ir∴J.B.Watt tenha dado uma de cada uma em conjunto, também, é praticamente
“permissão” (se escrita, o documento perdeu-se; talvez impossível, pois a convenção constitucional branca não foi a
oral) para que Prince Hall continuasse a funcionar em convenção constitucional negra, o começo branco não foi o
Boston. Daí, talvez, a gênese da “Loja Africana”. O que se começo negro.
especula é que essa “permissão” daria a Prince o direito de Prince Hall demonstrou a sua combatividade em
fazer reunião e de enterrar seus mortos, quando diversas ocasiões. Em 13 de janeiro de 1777, conjuntamente
necessário. As atas da “Loja Africana” deixam muito a com outros companheiros de luta - maçons ou não -
desejar sobre o que teria acontecido após a partida dos endereçou uma petição ao Legislativo de Massachussets,
ingleses, sendo que esse fato concorre para que a protestando contra a existência da escravidão na Colônia.
Maçonaria branca marginalize a nascente Maçonaria Documentos demonstram que, novamente, em 27 de fevereiro
Prince Hall. Na época, Prince Hall mandou uma petição ao de 1788, redigiu outra petição, protestando contra o sequestro
Grande Mestre Provincial Joseph Warren, pedindo e subsequente venda como escravos de numerosos negros,
reconhecimento. Entretanto, Warren foi morto na Batalha que foram levados de Boston para um navio em direção às
de Bunker Hill, antes de poder responder. Convém Índias Ocidentais. Esses negros retornaram a Boston depois de
salientar que, com a morte de Warren, a jurisdição de detidos pelo Governador do Maine, que concordou com o
Massachusetts abateu colunas, e não havia autoridade pedido de auxílio do Governador de Massachusets.
maçônica na região. Em seguida, buscou conseguir uma Deixou vários documentos escritos, inclusive, um
autorização legal e regular que substituísse a precária livro de cartas, grande manancial para os historiadores.
“permissão” de Watt. Primeiramente, tentou-se o Grande Prince faleceu em 4 de dezembro de 1807, na glória de ter
Oriente de França, mas o seu intento foi infrutífero. sido o primeiro americano negro a receber os Graus da
Procurou, então, contatar a Grande Loja de Londres Maçonaria nos EUA. Sua morte foi noticiada em inúmeros
(Modernos), através de duas cartas dirigidas ao jornais de Boston. Foi enterrado em Copps Hill, ao lado de
Ir∴William M. Moody em Londres. Dessa vez, obteve uma de suas esposas.
sucesso, conseguindo, finalmente, o “warrant”, em 20 de A Maçonaria Prince Hall honra a memória de seu
setembro de 1784, para a African Lodge nº 459. fundador em uma cerimônia pública - Prince Hall
Essa autorização chegou às mãos de Prince, em 29 Americanism Day - que acontece em setembro numa igreja
de abril de 1787, e foi noticiada pelos jornais locais. É um em Boston. Como os São Joões, Prince Hall é considerado um
documento de importância vital para a Maçonaria Prince dos santos fundadores da Maçonaria negra nos EUA. A cada
Hall, pois é a prova inconteste para fugir da irregularidade dez anos, a Conferência dos Grão-Mestres Prince Hall realiza
que a ela é imputada pela Maçonaria branca. Walkes chega uma peregrinação a Boston, no seu memorial em Copps Hill.
a afirmar que “a carta permaneceu nas mãos da Prince Hall *Comissão Permanente de Relações Pública PAELMG
Grand Lodge of Massachussets. Em 1869, foi chamuscada num GOEMG/GOB. ?
a b
O Evangelho de São João e o Salmo 133
“Oh! Quão bom e quão suave é que os irmãos habitem em união. É como o óleo precioso sobre a cabeça,
que desce sobre a barba, a barba de Arão, e que desce à orla de seus vestidos. Como o orvalho de Hermom, que
desce sobre os montes de Sião, porque ali o Senhor ordena a bênção e a vida para sempre!”.

Jeová Neves Carneiro

S
egundo alguns autores, a Maçonaria nasceu, A leitura do Evangelho iniciava pelo primeiro
cresceu e floresceu à sombra da Igreja, capítulo e pelo primeiro versículo – “No início era o verbo, e o
inicialmente, a Católica Romana e, verbo estava com Deus, e o verbo era Deus. Ele estava no princípio
posteriormente, a Anglicana, a partir de 1539. com Deus. Todas as coisas foram feitas por ele e, sem ele, nada
A Maçonaria especulativa tem suas origens na existiria. Nele estava a vida, e a vida era a Luz dos homens. A luz
Inglaterra, quando, em 24 de junho de 1717, ocorre a resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam”.
unificação da Maçonaria Inglesa, a partir da união de Esses versículos representam, na realidade, a vitória
quatro Lojas Maçônicas, originando a Grande Loja de da Luz sobre as Trevas. Segundo alguns autores, são
Londres, posteriormente, a Grande Loja Unida da fundamentais para o grau de Aprendiz.
Inglaterra, em 1813. Salmo 133: “Oh! Quão bom e quão suave é que os irmãos
Na Maçonaria, os ensinamentos internos, sempre, habitem em união. É como o óleo precioso sobre a cabeça, que desce
foram influenciados pela Igreja. Em 1290, o rei Eduardo I sobre a barba, a barba de Arão, e que desce à orla de seus vestidos.
expulsou os Judeus da Inglaterra (Grã-Bretanha); com Como o orvalho de Hermom, que desce sobre os montes de Sião,
isso, tudo o que era relacionado ao Velho Testamento foi porque ali o Senhor ordena a bênção e a vida para sempre!”.
banido, juntamente, Quando da
com os Judeus. Abertura dos
Segundo Trabalhos no Grau de
Assis Carvalho e Aprendiz, o Mestre de
Salles Paschoal, o Cerimônias conduz o
primeiro volume da Irmão Orador ao Altar
Lei Sagrada, dos Juramentos para a
colocado em um abertura do Livro da
Altar Maçônico, foi Lei e leitura do Salmo
um manuscrito do 133, que exalta a união
Evangelho, Segundo entre os irmãos.
São João. Salmo, do
A primeira grego psalmos, tem o
Bíblia impressa é a significado de
Alemã, por instrumento musical
Guttenberg, em 1534, e a primeira Bíblia, impressa em feito de cordas. Salmo foi o nome dado aos hinos, destinados
inglês, é de 1545. Na Inglaterra, portanto, só constava o aos serviços corais do templo ou sinagogas de Israel. Em
Novo Testamento. O Evangelho, Segundo São João, outras palavras, salmo significa cântico com o
passou para a posteridade da Maçonaria como sendo o acompanhamento de um instrumento de cordas.
Volume da Lei Sagrada. O Livro dos salmos é uma coleção de 150
O retorno dos Judeus à Inglaterra ocorreu a partir composições poéticas, as quais, através dos gêneros
do ano de 1756, portanto o Salmo 133 só veio para a literários, apresentam conteúdo exclusivamente religioso;
Maçonaria recentemente. manifestam os mais variados sentimentos e circunstâncias,
O uso da Bíblia depende de cada Rito. No Rito de júbilo e pranto, triunfos e derrotas, tranquilidade e angústia,
York, por exemplo, ela é aberta, porém sem leitura. No agradecimento e louvor, sempre, com profunda suavidade.
Rito Alemão (Schroeder), não se abre a Bíblia. Já, no Rito O Salmo133, Cântico dos Degraus de Davi, também,
Francês ou Moderno, foi abolido o uso da Bíblia, na conhecido como o Salmo dos Peregrinos, é a peregrinação
França. No Brasil, a Bíblia retornou ao Triângulo dos que faz o irmão para refrigerar sua alma, para fortalecer o
Compromissos em 08 de setembro de 1969, porém seu corpo espiritual.
fechada. Descrevendo os termos citados no Salmo 133, tais
No Rito Escocês Antigo e Aceito (REAA), a Bíblia é como o óleo: “... é como o óleo precioso...”, um perfume
aberta em São João, onde são lidos os primeiros versículos raríssimo, cuja fórmula era segredo da tribo de Levi, à base
(1, 1-5). No Brasil, adotou-se o Salmo 133. A adoção desse de óleo de oliva, mirra, canela aromática, cálamo aromático,
Salmo partiu das Grandes Lojas, após a cisão em 1927; cássia e várias especiarias, para ser usado, unicamente, pelo
posteriormente, foi adotado por outras Potências. Sacerdote; “... a barba de Arão...”, era considerada símbolo
da austeridade moral; os israelitas, a que pertencia Arão, formando inúmeros regatos; “...Montes de Sião...”, chamado
evidenciavam especial estima pela barba, conferindo-lhe de Monte de Deus, pois o Senhor o escolheu para sua
forte merecimento, que externava pela sua aparência, sua morada, constituindo um refúgio seguro e inabalável; “...
própria dignidade; “... Arão...”, membro da tribo de Levi, Porque ali o Senhor ordena a bênção e a vida para sempre...”,
irmão de Moisés e seu principal colaborador, quando da porque a bênção é a invocação das graças de Deus sobre o ser
libertação do jugo dos egípcios, possui um peso próprio na que a recebe; para os Semitas, a bênção possui força própria,
tradição bíblica, devido ao seu caráter de patriarca e e, por isso, é capaz de despertar a sua potencialidade
fundador da classe sacerdotal dos judeus; “... que desce à energética, carregada de energia dinâmica e magia.
orla de seus vestidos...”, de especial significado litúrgico e Meus irmãos, após esse breve relato sobre o Salmo
ritualístico, eram as vestes daqueles que tinham por missão 133, conclui-se que não é, simplesmente, a leitura que vai
exercitar atos religiosos; “Como o orvalho...”, o orvalho produzir os efeitos almejados por Davi. As palavras escritas
representa todo o esplendor da natureza, pois suas devem ser analisadas, e seu conteúdo compreendido em
gotículas vão nutrir a terra ávida de alimento; “...de todo o seu significado!
Hermon...”, Maciço rochoso situado ao Sul-Sudeste do “Oh! Quão bom e quão suave é que os irmãos
Líbano, do qual se separa um vale profundo e extenso, habitem em união!”.
onde se cultivam cereais e frutos em abundância, em *O autor é Membro da Academia Maçônica de Letras de
função do orvalho que desce do topo do monte Hermon, Mato Grosso do Sul. ?
a b

V∴I∴T∴R∴I∴O∴L∴
Roberto Carlos Meneghesso

V
∴I∴T∴R∴I∴O∴L∴ é a abreviatura de palavras visitar a sua alma, penetrar no mais recôndito do seu ser e
de uma frase em latim: “Visita Interiora Terrae, nele efetuar um labor oculto, misterioso. Como o grão deve
Rectificandoque, Invenies Occultum Lapidem”. ser sepultado no seio da terra, assim, aquele que ouve o
Ao pé da letra, isso significa: “visita o interior da terra e, apelo de Deus deve, corrigindo-se, retificando-se, obter a
retificando-te, encontrarás a pedra oculta”. Esse sublime transmutação do carneiro (ossuário) natal,
significado e sua interpretação não constam de imunda matéria negra, fazendo do carvão,
todos os Rituais do Rito Escocês Antigo e esplêndido diamante, e do chumbo vil,
Aceito, constituindo um certo ouro puro. “Encontrará assim a Pedra
“mistério” que os autores principais, Oculta que nele guarde” (R. Amadou.
assim, expressam: L’Ocultisme, p.160).
“Essa fórmula hermética, Nas lojas francesas do Rito
que se julga ter sido a divisa dos Escocês Antigo e Aceito, essa
antigos rosa-cruzes, é atribuída a palavra misteriosa,
Basílio Valentim, alquimista do V∴I∴T∴R∴I∴O∴L∴, acha-se
século XV, que se diz ter sido inscrita nas paredes da Câmara
monge beneditino, mas sua das Reflexões, onde o candidato
existência é posta em dúvida, permanece antes de sua iniciação.
tanto mais que esse nome A retificação de que se trata aqui é a
significa, em grego, “régulo purificação dos elementos, e a Pedra
poderoso”, denominação que os Oculta, a Pedra Filosofal (Dicionário de
alquimistas davam ao ‘mercúrio’”. Nicola Aslan).
Esse aforismo hermético é um convite É um lema da alquimia, e a Pedra
para a busca do ego profundo, que não é outra Oculta, aqui referida, é a Filosofal, que transforma
coisa senão a própria alma humana no silêncio da meditação. os metais inferiores em ouro. Mas, do ponto de vista
Referindo-se a essa alquimia mística, Serge Hutin escreve: “A esotérico, a expressão reveste-se de grande profundidade
procura do ouro é, na realidade, a descoberta de tesouros moral, pois nada mais é do que um convite ao homem para
incorruptíveis e puramente espirituais. que conheça o seu interior, o seu âmago, o ser íntimo que
Aquele que quer trabalhar na grande obra deve habita o seu corpo (José Castellani, Cartilha do Aprendiz).
Figurando no painel da Câmara das Reflexões nas homem maduro, pronto para a vida.
lojas, é um convite à busca mística do ego profundo, a A Câmara de Reflexão representa, ainda, o útero da
essência da alma humana, no silêncio e meditação. Às mãe terra, de onde os filhos da viúva nascem para uma nova
vezes, escreve-se “VITRIOLUM”, e traduzem-se as duas vida. Esse conceito atual de masmorra foi introduzido pelos
últimas letras por Verum Medicinam – a verdadeira franceses na metade do Século XIX, influenciados pela
medicina (Dicionário de Joaquim Gervásio de Figueiredo). Revolução Francesa e por um certo sentimento antimístico
"Pedra que rola não cria limo", diz o dito popular. oriundo do Iluminismo francês, mas esses fatos não podem
Na iniciação, os inusitados acontecem vertiginosamente. desvirtuar a sua origem.
Para aumentar a tensão, a venda, a tolher, talvez, um dos Em segundo lugar, “retificando-te” significa, na
mais preciosos sentidos, o da visão, eleva a temperatura. verdade o “seguir em linha reta”, ou seja, agir em si mesmo
Os choques com os inesperados, com os segredos, que os com profundidade. Nesse momento de solidão, de encontro
Mestres Maçom, para não lhes tirar o prazer de saborear a consigo mesmo, de meditação diante do inusitado, do
reação do iniciando em face de um “obstáculo desconhecido, o novo homem se retifica interiormente, uma
praticamente intransponível", não revelam aos neófitos. “mudança”, que equivale a um “renascimento”, porque a
Momento tão especial, repleto das mais altas finalidade da iniciação é justamente o renascimento,
indagações e dos mais altos símbolos deixando, de lado, todos os vícios de
maçônicos, que deixam aturdido a uma vida anterior para adotar novos
todo aquele que por ele passa. A padrões de conduta moral.
vontade é escrever sobre tudo o que É evidente que não há perdas
ocorreu. Só algum tempo depois, essenciais, uma vez que a “descida”
lendo sobre a Ordem, estudando o para a “alma” não significa divórcio
Ritual e assistindo a uma iniciação é com a matéria, mas, apenas, uma
que se pode começar a compreender o momentânea separação, processada pela
ocorrido durante a iniciação. Procura- mente; um jogo de palavras que
se estabelecer divisões, estanquizando expressa profunda ação. E, ao fazer isso,
os fatos para dissecá-los. E, dessa mostra-se para o novo homem a pedra
estanquização, surge um símbolo oculta que há dentro de todos. Tal
representado pelas iniciais pedra, ainda, encontra-se em estado
“V∴I∴T∴R∴I∴O∴L∴”. bruto, necessitando ser lapidada,
Qual o seu significado? O que trabalhada, o que só acontece com o
designa? Para que finalidade se aprendizado constante, com a prática
encontra na parede da Câmara de incessante das boas ações, com o
Reflexão? Inicialmente, verifica-se que respeito às normas, com a presença
não é ele elemento obrigatório, para o constante em Loja, com a aplicação dos
GOB, numa Câmara de Reflexão, segundo dispõe o REAA, princípios fundamentais da Maçonaria, como a fraternidade
edição 1998, p. 10. Elementos obrigatórios são, por e a humildade!
exemplo, a ampulheta, o esqueleto humano, o pão e a De nada adianta descobrir que, em seu interior, há uma
água. Mas, embora facultativo, ele se encontra presente na pedra bruta, se essa pedra não é tocada, não tem a sua
maioria das Câmaras de Reflexão, enquanto outros objetos rusticidade conhecida, se nada se faz para seu polimento. Esse
obrigatórios, às vezes, ali não estão. polimento é pesado, o desbaste das arestas, dos excessos, é
A profundidade de tal frase salta aos olhos, doloroso, mas necessário para fazer crescer aquele que
primeiramente, porque, no interior da terra, ou seja, na encontrou, dentro de si, o que o diferencia dos demais animais; a
Câmara de Reflexão, o Profano morre para nascer um pedra oculta, isto é, a inteligência, a capacidade de raciocinar, de
Maçom. A Câmara de Reflexão, na realidade, relembra as discernir entre o certo e o errado, de dominar o desejo pessoal, de
cavernas das antigas iniciações, inclusive, religiosas. vencer paixões e submeter vontades!
Como qualquer iniciação, simboliza a morte A menção à pedra oculta, ainda, significa atingir o
material de alguém e o seu ressurgimento num plano mais mais profundo do Ego do iniciando e é usada como
elevado. O iniciando permanecia no interior de uma originária da força dos alquimistas, que acreditavam na
caverna da qual, em dado momento, saía por uma fenda Pedra Filosofal, ou seja, aquela que transformava os vis
ou orifício, como se estivesse nascendo. Segundo José metais nos mais puros e raros, ou os metais inferiores em
Castellani, ainda, existem tribos na África que, vivendo na ouro. Esse processo de transmutação, visto pela alquimia
idade da pedra, se utilizam desse ritual, quando prática como “Pedra Filosofal”, é, também, conhecido como
consideram morta a criança, que ali entrou, e nascido o Obra do Sol, ou Crisopeia, ou Arte Real.
No entanto, para a alquimia oculta, a frase é um Pedra do Sábio, que o diferencia do animal irracional e o
convite ao conhecimento do ser interior, da qualifica como ser humano.
espiritualidade, já que a Obra do Sol é a transmutação do Trabalhada a aquela, tem-se a Pedra Filosofal ou
quaternário humano, inferior, no ternário divino, superior Polida, surgida com a transformação do bruto profano em um
ao homem. Ou seja, descendo a profundidade da terra, novo homem, um Maçom. Encontrada a Pedra Oculta, ou a do
abaixo da aparência exterior, que esconde a realidade Sábio, mas, esquecendo-se de que o trabalho com essa Pedra
interior das coisas e as revela, corrigindo o seu ponto de Bruta deve ser constante, o homem não avança, não cresce
vista e a sua visão mental com o esquadro da razão e do espiritualmente, e a Pedra permanece Bruta, não dando a
discernimento espiritual, encontrará a Pedra Oculta ou a público a sua beleza interior, eivada de jaça, de sujeira, que a
Pedra Filosofal, que constitui o Segredo dos Sábios e a obscurece e a torna imprestável para o uso a que se destina.
verdadeira sabedoria. O Maçom, que mantém a sua Pedra Oculta com
A representação da verdade em uma Pedra não traços de impureza, causados por ações ou omissões
apresenta nada de estranho, quando se pensa que deve denominadas vícios, não pode ser chamado como tal, antes,
constituir a base sobre a qual repousa o edifício de nossos pelo contrário, deve ser alijado do meio sadio para não
conhecimentos e sobre a qual se fará o Templo de nossas impregná-lo com seu hálito sujo, pois é ele indigno de ser
aspirações e de nosso, critério, sob cuja imagem devem chamado de Irmão.
enquadrar-se ou retirar-se todos os nossos pensamentos Daí poder afirmar-se, sem temor, que o trabalho do
(Magister, Manual Del Aprendiz). Maçom na Pedra Bruta deve ser diário e incessante, devendo
A Pedra Oculta é a do Sábio, que se pode ele, com constância, visitar o interior da terra, retificando-se,
transformar na Pedra Filosofal, ou seja, dentro de cada na busca da Pedra Oculta. E seguir trabalhando-a na busca
homem, há uma Pedra Oculta, conhecida, também, como da evolução contínua e infinita! ?
a b

Diamante
Maria Teodora R. Guimarães

D
ias atrás, um amigo de outros tempos lembrou-se pontiagudo de seu próprio diamante, que o machuca.
do homem com a eterna imagem do diamante, Se aceitasse que, com a sucessão de vidas
que se vai lapidando através dos tempos, individualizadas, no ritmo de cada um, está fazendo suas
buscando atingir sua beleza máxima, quando, finalmente, avaliações do mundo atual e do próximo, geralmente
sua luz brilhará por inteiro e ele não mais precisará lutar ofuscada pelas emoções, quem sabe, entendesse, também,
tanto, para menos sofrer. que não precisaria sofrer tanto, criticar tanto e chorar tanto.
Soubesse o homem que o diamante está dentro de Longa é a estrada, mas linda é a joia, contida
si, compreenderia que o trabalho de em cada homem, mesmo que disso, ainda,
lapidação é delicado e demorado. Cada não se tenha dado conta.
etapa pode precisar de várias vidas
E mais lindo, ainda, é pensar
para serem vencidas, e, enquanto
que todos chegaremos lá, no
ele não está polido e concluído,
momento de vislumbrarmos essa
suas inúmeras farpas
joia em todo o seu esplendor, em
pontiagudas o ferirão ... de dentro
todos os corações, pois a história do
para fora, se se mover bruscamente.
homem leva a pensar que as luzes do amor
Precisa aprender a tomar melhor conta de
e da paz tão almejadas, brilharão um dia
si, comportando-se com leveza, cuidado e
soberanas sobre todas as contendas, já que o
brandura, sem arroubos de impulsividade
tempo parece mesmo ser só uma ilusão.
ou contorções lamentosas, para que a
E, quando esse diamante tiver
lapidação se processe mais rapidamente e de
brilhado, pela dor ou pela boa vontade, em
forma quase imperceptível.
cada coração, o homem já não se importará
Mas, como o homem pensa pequeno e, portanto,
tanto em ser amado, e, sim, em amar, independente de tudo
acha que nasceu ontem, julga que sua dor vem de fora
o mais. Não haverá mais medo, culpa, raiva ou tristeza nesse
para dentro. O diamante em lapidação, que está dentro
homem, para alimentar sua dor. Sua nova visão do mundo e
dos outros, também, tem pontas, mas não podem feri-lo,
sua alegria o farão pensar no todo, antes de pensar em si
pois não lhe pertence. É a avaliação que faz dele, com suas
mesmo.
raivas, culpas e medos, incrustados cada um num pedaço
A pressa de lá chegar... é de cada um. ?
a b
O autor é Desembargador Titular da Quarta Câmara Cível do
TJRJ, Professor de Direito e Conferencista em cursos especializados em
Perícias Judiciais, Presidente da Banca de Monografia na Escola de
Magistratura – RJ e Membro da Academia de Letras, Ciências e Artes
Ana Amélia – ALCAN-RJ.
“A Obra, como esclarece o próprio autor, está dividida em quatro
partes, de forma a permitir abordagem abrangente, sistêmica, prática e
detalhada sobre o tema. Por sua praticidade, clareza e objetividade, conjugadas
ao seu ilustre valor didático e jurídico, a obra não poderia ser mais oportuna.
Com ela o seu ilustre autor preenche uma lacuna que existia no tema
enfrentado, coloca nas mãos dos operadores do Direito um valioso instrumento
profissional e presta mais um relevante serviço à Justiça”. ?
Sérgio Cavalieri Filho
Desembargador do TJ/RJ

a b

a Periódico b
Conheçam o belo trabalho do Irmão Sérgio Quirino, o Pro-Maçom, periódico eletrônico que tem inspirado o ¼ de
Hora de Estudos em muitas Lojas maçônicas. Enviem um e-mail para quirino@roosevelt.org.br e recebam, semanalmente.

a Livro b
Indico o livro “REGNVM”, de autoria do Irmão Carlos Alberto Gonçalves, editado pela Editora A Trolha.

A
rte Real é uma Revista maçônica virtual, de publicação mensal,
fundada em 24 de fevereiro de 2007, com registro na ABIM –
Associação Brasileira de Imprensa Maçônica – 005-JV, que se
apresenta como mais um canal de informação, integração e incentivo à
cultura maçônica, sendo distribuída, diretamente, via Internet, para 15.133
e-mails de Irmãos de todo o Brasil e, também, do exterior, além de uma
vasta redistribuição em listas de discussões, sites maçônicos e listas
particulares de nossos leitores. Sentimo-nos muitíssimo honrados em poder
contribuir, de forma muito positiva, com a cultura maçônica, incentivando
o estudo e a pesquisa no seio das Lojas e fazendo muitos Irmãos
repensarem quanto à importância do momento a que chamamos de “¼ de
Hora de Estudos”. Obrigado por prestigiar esse altruístico trabalho.
Editor Responsável, Diagramação, Editoração Gráfica e Distribuição: Francisco Feitosa da Fonseca - M∴I∴ - 33º
Revisão Ortográfica: João Geraldo de Freitas Camanho - M∴I∴ - 33º
Colaboradores nesta edição:
Gabriel Campos Oliveira – Henrique José de Souza – Jeová Neves Carneiro – Maria Theodora R. Guimarães – Pizarro
Loureiro – Roberto Campos Meneghesso.
Empresas dos Irmãos Patrocinadores:
Adalberto Domingues Advocacia - Arte Real Software – Bisotto Imóveis - CFC Objetiva Auto
Escola – CONCIV – Corrêa de Souza Advocacia - Decisão Gestão Empresarial - Gerson Muneron
Advocacia - López y López Advogados – Olheiros.com – Perícias & Avaliações - Pousada Mantega -
Qualizan – Reinaldo Carbonieri Eventos – Reinaldo Pinto (livro) - Santana Pneus – Studio Allegro.
Contatos: MSN - entre-irmaos@hotmail.com E-mail – revistaartereal@entreirmaos.net
Skype – francisco.feitosa.da.fonseca ( (35) 3331-1288 / 8806-7175
Temos um encontro marcado na próxima edição. Tenham todos uma boa leitura!
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