You are on page 1of 9

Chumbo

 Alimentos e bebidas ácidas


 Tintas contendo carbonato de chumbo e óxido de chumbo / gasolina
 Uísque ilegalmente destilado
 Baterias ou fundições

Farmacocinética
 Absorção pelo trato gastrointestinal e vias respiratórias
 Deficiência de ferro potencializa a absorção
 99% se ligam aos eritrócitos e 1% nos tecidos moles
 Chumbo inorgânico está inicialmente nos tecidos moles, sobretudo no rim e
fígado
 Eliminação renal, no leite, suor e pela placenta
 Meia vida: sangue (1 a 2 meses), ossos (20 a 30 dias)
Ingestão diária de 2,5 mg - ~ 4 anos para acúmulo de carga tóxica
Ingestão diária de 3,5 mg – apenas alguns meses

Intoxicação aguda – ingestão de compostos de chumbo solúveis em ácido ou


inalação de vapores
- Acentuado poder de adstringente, sabor metálico e sede
- Náuseas, vômito, dor abdominal
- Fezes podem estar enegrecidas devido ao sulfato de chumbo,
constipação/diarreia
- SNC: parestesias, dor e fraqueza muscular
- Crise hemolítica aguda → grave anemia e hemoglobinúria

Intoxicação crônica (plumbismo)


1) Efeitos gastrointestinais: anorexia, constipação intestinal, desconforto muscular,
cefaleia, espasmo intestinal → cólica de chumbo → rigidez de músculos
abdominais. Tratamento: gluconato de cálcio alivia a dor de forma mais eficaz que
a morfina.
2) Síndrome muscular: fraqueza e fadiga fácil antecedem a paralisia
3) Encefalopatia do chumbo: vertigem, quedas, insônia, inquietação, irritabilidade,
ataxia → delírios, convulsões tônico-clônicas, ou letargia e coma. Distúrbios
visuais. Deterioração mental (após 12 a 18 meses), perda de capacidade motora
e fala, hipercinesia, agressividade e crises convulsivas pouco controláveis.
4) Efeitos hematológicos: pontilhado basofílico em eritrócitos, inibição da síntese do
heme → anemia microcítica hipocrômica.
5) Cor acinzentada da face, palidez labial, pouco tônus muscular, linha de chumbo
ao longo da margem da gengiva (deposição periodontal de sulfeto de chumbo).

Intoxicação por chumbo orgânico


Chumbo tetraetila e chumbo trietila → alta absorção pela pele, pulmões e trato
gastrointestinal
- Fraqueza, diarreia, instabilidade emocional, pesadelos, anorexia, cefaleia que
podem ser acompanhados por hipotermia, bradicardia e hipotensão, progredindo
para ataxia, alucinações, movimentos musculares exagerados e estado maníaco.

Tratamento da intoxicação por chumbo


Fase aguda → medidas de apoio: anticonvulsivantes (diazepam), manitol e
dexametasona, além do controle de distúrbios hidro-eletrolíticos.
 Terapia de quelação (sintomáticos ou que contenham o chumbo acima de 50 a 60
𝜇g/dl séricos)
 Edeteato de cálcio dissódico (CaNa2EDTA)
 Dimercaprol
 d-penicilamina
 Succímero

Mercúrio
Presente em fármacos: antissépticos, diuréticos, antibióticos, pomadas e laxantes
Intoxicação por exposição ocupacional e poluição ambiental
 Cloreto mercuroso (calomelano)
 Nitrato mercúrico – intoxicação ocupacional em fábricas de chapéu de feltro.
 Cloreto mercúrico – fins suicidas

Formas químicas
→ Mercúrio orgânico
→ Vapor de mercúrio (mercúrio elementar) → amálgma de prata
→ Sais de mercúrio – alquimercuriais (fungicidas) → efeitos tóxicos em humanos
Doença de Minamata – mercúrio inorgânico → metilmercúrio → algas do plâncton →
peixes

Farmacocinética
 Inorgânico → baixa toxicidade
 Vapores → alta toxicidade sobre SNC
 Sais inorgânicos → baixa lipossolubilidade, concentração: rins, eliminação: fezes
 Meia vida: 60 dias

Toxicidade
Mercúrio Elementar (vapores): fraqueza, calafrio, gosto metálico, vômito, diarreia,
dispneia, tosse e sensação de aperto no tórax → pneumonite intersticial → fibrose
intersticial residual.
Exposição crônica → síndrome vegetativa astênica: bócio, taquicardia, pulso fraco,
aumento de mercúrio na urina.
Tremores, depressão, irritabilidade, timidez excessiva, insônia, redução de
autoconfiança, esquecimento, confusão, impaciência e perturbações vasomotoras
(eretismo).
Salivação, gengivite e aumento de excitabilidade → uso de nitrato de mercúrio nas
fábricas de peles, feltro e chapéu.

Sais inorgânicos de mercúrio (ex.: cloreto mercúrico): precipitação de proteínas nas


mucosas → pele acinzentada, boca, faringe e intestino. Dor intensa, e vômitos
(dificulta a absorção).
Corrosão da mucosa gastrointestinal → choque hipovolêmico e morte.
Efeitos sistêmicos: estomatite com irritação gengival e afrouxamento dos dentes.
Necrose tubular renal → oligúria / anúria.
Complexo de sintomas de acronidia (doença rósea): eritema de extremidades, tórax
e fase com fotofobia, anorexia, taquicardia e constipação/diarreia.
Mercúrio orgânico (ex.: metilmercúrio): sintomas neurológicos: diminuição do campo
visual, parestesias, disartrias, perda da audição, deterioração mental, distúrbios de
motricidade, paralisia e morte.
Maior toxicidade: córtex cerebral (visual) e camada granular do cerebelo.
Podem aparecer sintomas no feto mesmo a mãe sendo assintomática.

Quelantes:
Dimercaprol – mercúrio → excreção: bile ou urina
Penicilamina – mercúrio → excreção: urina (insuficiência renal)

Mercúrio orgânico – pouca afinidade com quelantes


Dimercaprol contraindicado → aumenta as concentrações cerebrais em animais
experimentais.
Penicilamina: menor eficiência
Para evitar circulação entero-hepática → utilização de resina de politiol
Hemodiálise convencional: baixa eficiência → metilmercúrio no interior dos eritrócitos
L-cisteína e succímero converte o mesmo em forma difundível possibilitando melhor
resultado na hemodiálise.

Ferro
 Exposição comum e potencialmente letal
 Multivitaminas, uso frequente na gravidez, preparações coloridas e açucaradas
fumarato (33%)
Preparações de ferro: { sulfato (20%)
gluconato (12%)

Farmacocinética
 Presença de 3 a 5 g no sangue: 70% em estado ferroso (Fe2+) em eritrócitos /
mioglobina e 25% em estado férrico (Fe3+) em forma de ferritina e hemosiderina
 Remanescente acoplado à transferrina, heme e enzimas
 Estado ferroso (Fe2+) absorvido no intestino (duodeno e jejuno)

Sinais clínicos de intoxicação por ferro


Estágio I (0,5 – 6h) – efeitos gastrointestinais: náuseas, dores abdominais, vômito e
diarreia
Estágio II (6 – 24 h) – remissão de sintomas (distribuição à sistema retículo
endotelial)
Estágio III (12 – 48 h) – disfunção pulmonar progressiva (ferro e radicais livres
arrebentam membranas alveolares), hipotensão e acidose metabólica
Estágio IV (4 – 6 semanas) – constipação intestinal (obstrução/estenose pilórica
resultam em dano intestinal)

 Dosagem no sangue (4 – 6 h após ingestão):


 < 300 𝜇g/dl – intoxicação leve ou ausente
 300 – 500 𝜇g/dl – intoxicação moderada
 500 𝜇g/dl – intoxicação grave
 > 1000 𝜇g/dl – morte iminente

Principais efeitos sobre órgãos/sistemas


 Trato gastrointestinal: ulcerações, edema, trombose, infarto e perfuração
(hematêmese)
 Cardiovascular: venodilatação (ferro livre e ferritina) → hipotensão
 Fígado: ocorre captação de ferro não ligado à transferrina → aumento de
bilirrubina, falha na coagulação, hipoglicemia, diminuição da produção de
trombina, falha na formação de fibrina a partir de fibrinogênio, distúrbios
sistêmicos em várias etapas da cascata de coagulação.

Tratamento
 Impedimento da absorção
 Quelação: deferroxamina (DFO) produzida por Stretomyces pilosus

Arsênico
 Trióxido de arsênico
 Envenenamentos criminosos, acidentais ou suicidas – anidro arsenioso (As2O3)
em raticidas, inseticidas ou fungicidas. Ex.: Verde Paris (aceto arseniato de cobre)
e Arseniato de cálcio
Farmacocinética
 Sais arseniais absorvidos por mucosas e locais de administração parenteral
 Alta concentração em eritrócitos inicialmente. Posterior distribuição e deposição:
fígado, rins e pulmão.
 Afinidade por (SH-) de proteínas contendo enxofre, abundantes em tecidos
queratinizados
 Deposição lenta e fâneros cutâneos
 Concentração tecidual varia de acordo com tempo de exposição
 Ciclo biológico: redução e metilação por bactérias anaeróbicas → formação de
produtos voláteis: [Has(CH3)2] e [As(CH3)3] → oxidados → ác. dimetilarsínico
(ADMA) → ar

Ação tóxica
 Arsinicais trivalentes → ataque ao sistema de descarboxilação oxidativa (ex. ác.
pirúvico)
 Ataques à sistemas enzimáticos que contêm grupamento sulfidrílico (-SH)
 Inibição do ác. lipóico → interferência na descarboxilação do ácido pirúvico →
ausência da conversão de piruvato à acetil CoA → acúmulo de piruvato no sangue
 Alterações na formação de acetil CoA → perturbações no SNC
 As5+ interfere na oxidação oxidativa → inibição da respiração celular
 Efeitos mutagênicos:
Poeiras arsenicais → câncer pulmonar
Interferência nos processos de restauração normal do DNA

Sintomatologia
 Náuseas e vômito persistentes de início dependente da repleção gástrica:
semelhante a “água de arroz”, mucosos, bilosos e sanguinolentos
 Calor na garganta, sede violenta e insaciável, sensação de queimação no
esôfago e no estômago e dor epigástrica
 Diarreias em “águas de arroz”, mucoides e sanguinolentas
 Após absorção: prostação, pulso irregular, hipotermia, câimbras, urina albuminosa
→ anúria
Cádmio
 Semelhante a chumbo e mercúrio na preocupação toxicológica
 Alta resistência a corrosão, valiosas propriedades eletroquímicas: galvanoplastia
e galvanização
 Uso em plásticos, tintas e baterias de cádmio-níquel
 Menos de 5% recicláveis e liberados com queima de combustíveis fósseis
Contaminação ocupacional: operários de fundições e indústrias de processamento
de metais
Contaminação populacional: alimentos e cigarro (~ 10% absorção pulmonar),
moluscos (absorção fígado e rins), arroz e trigo contaminados através do solo ou
água
Doença de itai-itai

Farmacocinética
 Ocorre apenas em valência 2+ (não forma compostos alquílicos com
organometálicos.
 5% absorvido pelo trato gastrointestinal e 10 a 40%: inalados
 Meia vida = 10 a 30 anos (extremamente longa) → 30 mg = 50 anos
 Excreção: biliar mais importante que renal, salvo intoxicações agudas

Intoxicação aguda (inalação de óxido de Cd / ingestão de sais de Cd): irritação local:


Ingestão → náuseas, vômitos e diarreias sanguinolentos, salivação excessiva e
cãibras abdominais
Inalação → grave pneumonite, dor torácica, náuseas, tontura e diarreia → edema
pulmonar ou enfisema residual com fibrose peribrônquica e perivascular

Intoxicação crônica (variável de acordo com a via de exposição):


Toxicidade renal (200ug/g) → dano proximal tubular e proteinúria → dano glomerular,
redução da filtração, aminoacidúria, glicosúria e proteinúria
Indicador sensível, mas não específico: excreção de 𝛼2-microglobulina
Pulmão → dispneia e redução da capacidade ventilatória
Ossos → exposição ao óxido de cádmio: osteomalácia, descalcificação óssea com
pseudofraturas na tíbia, fêmur, pelve e escápula, aumento de litíase renal e cálcio
urinário
Câncer → estudos epidemiológicos (pulmões e próstata, rins e estômago)

Tratamento do envenenamento por cádmio → terapia de quelação (CaNa2EDTA)

Cromo
 Ocorre como cromita no estado trivalente (FeOCr2O3 – 55 a 60% de Cr2O3)
 Utilizado como ligas metálicas ácido-resistentes, tintas anticorrosivas e cromagem
 Essencial ao organismo → levedo, germe de trigo, fígado, gorduras animais
 Absorção gastrointestinal dependente de pH: estado de oxidação VI → 2 – 6%
estado de oxidação III → < 1%
 86 – 90% ligado: acúmulo em pele, pulmão, músculos e adipócitos
 Excreção: urinária

Toxicidade aguda: via oral: vômitos e diarreias persistentes e sanguinolentos,


necrose tubular renal e centrolobular hepática além de trombocitopenia drástica.
Toxicidade crônica (principalmente cromagem eletrolítica, além de cromatos,
bicromatos e ác. crômico e cimento): dermatites de contato, eczema alérgico e
ulcerações características na pele exposta, conjuntivites e queratinites da córnea.
Exposições prolongadas → anemia macrocítica severa, necrose renal e hepática
Câncer pulmonar → poeira de cromita e cromatos insolúveis → carcinogênicos
Limite de tolerância (névoas de ác. crômico) → 0,04mg/m3
Índice biológico (compostos de cromo VI) → 5 𝜇g/g de creatinina; IBMP → 30 𝜇g/g

Manganês
 Empregado na fabricação de pilhas secas, eletrodos, liga com níquel e cobre,
fertilizante e fungicida
 Absorção gastrointestinal influenciada pelo teor de ferro na dieta (3%
normalmente e acima de 7% em ferroprivos)
 Acúmulo em fígado, pâncreas e rins
 Meia vida = 5 minutos, ossos e cérebro → remoção > 37 dias
 Via endovenosa → excreção total em 37 dias, via oral → excreção total em 10 dias
Fases da intoxicação
a) prodrômica: anorexia, cefaleia, insônia e fraqueza geral
b) clínica inicial: manifestações extrapiramidais e distúrbios da fala
c) clínica estabelecida: alterações psicomotoras e neurológicas: hipertonia muscular
da face e membros inferiores. astenia, dores musculares, parestesias e dislalia.

You might also like