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Comentários sobre a Prova de Direito Penal do MPU para o cargo de Analista Administrativo

Autor: Dicler Forestieri Ferreira 

Olá, amigos concurseiros. Com o objetivo de  colaborar com os seus estudos, segue a resolução da prova de Direito 
Penal  para  o  cargo  Analista  Administrativo  do  MPU,  que  foi  aplicada  pela  Fundação  Carlos  Chagas  no  dia  11  de 
fevereiro de 2007. 

Aos que não me conhecem, meu nome é Dicler e fui aprovado nos seguintes concursos da área fiscal: ICMS­PB/2006, 
ICMS­RS/2006 e ISS­SP/2007. 

A meu ver, a FCC manteve a sua linha tradicional, cobrando, na maioria das questões, a literalidade. 

Vamos ao que interessa! 

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45. A respeito da aplicação da lei penal quanto ao tempo, considera­se praticado o crime no momento 

a)  da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado. 
b)  em que o agente der início aos atos preparatórios, ainda que não tenha ocorrido ação ou omissão. 
c)  em que ocorrer o resultado, ainda que seja outro o momento da ação ou omissão. 
d)  do exaurimento da conduta delituosa, ainda que seja outro o momento da ação ou omissão. 
e)  em que o agente concluir os atos preparatórios, ainda que não tenha ocorrido ação ou omissão. 

COMENTÁRIOS: Questão literal do artigo 4º do Código Penal reproduzido abaixo. 

Tempo  do crime 
Art. 4º ­ Considera­se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado. 

Com o propósito de esclarecer um pouco mais, vou tecer alguns comentários sobre o assunto. 

O  tempo do  crime é considerado no momento da  conduta  (ação  ou  omissão),  sendo desprezado o  resultado. A  esse 


conceito damos o nome de teoria da atividade. 

Já o lugar do crime, conforme o artigo 6º do Código Penal, é considerado praticado tanto no lugar em que ocorreu a 
conduta (teoria da atividade), como no lugar em que ocorreu ou deveria ocorrer o resultado (teoria do resultado). A 
junção dessas duas teorias é chamada de teoria da ubiqüidade. 

Lugar do  c rime 
Art.  6º  ­ Considera­se  praticado o crime no lugar  em que ocorreu  a  ação ou omissão, no todo ou em parte,  bem como onde  se 
produziu ou deveria produzir­se o resultado. 

GABARITO: A 

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46. A respeito da aplicação da lei penal, no que concerne à contagem dos prazos, de acordo com o Código Penal, é 
correto afirmar que 

a)  o dia do começo não se inclui no cômputo do prazo, mas inclui­se fração deste. 
b)  o dia do começo inclui­se no cômputo do prazo, mas não se inclui fração deste. 
c)  o dia do começo ou fração deste não se inclui no cômputo do prazo. 
d)  o dia do começo ou fração deste inclui­se no cômputo do prazo. 
e)  Os prazos em meses são contados pelo número real de dias e não pelo calendário comum.


Comentários sobre a Prova de Direito Penal do MPU para o cargo de Analista Administrativo
Autor: Dicler Forestieri Ferreira 

COMENTÁRIOS: Conforme eu havia dito no início, mais uma questão cobrando a literalidade. Vejamos o que está 
escrito nos artigos 10 e 11 do Código Penal. 

Contagem de p razo 
Art. 10 ­ O dia do começo inclui­se no cômputo do prazo. Contam­se os dias, os meses e os anos pelo calendário comum. 

Frações não compu táveis  da pena 


Art. 11 ­ Desprezam­se, nas penas privativas de liberdade e nas restritivas de direitos, as frações de dia, e, na pena de multa, as 
frações de cruzeiro. 

Ou seja, o dia do começo é computado, as frações de dia são desprezadas e utiliza­se o calendário comum. 

GABARITO: D 

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47. José instigou Pedro, agindo sobre a vontade deste, de forma a fazer nascer neste a idéia da prática do crime. João 
prestou auxílio a Pedro, emprestando­lhe uma arma para que pudesse executar o delito. José e João são considerados, 
tecnicamente, 

a)  co­autores. 
b)  autores. 
c)  partícipes. 
d)  partícipe e co­autor, respectivamente. 
e)  co­autor e partícipe, respectivamente. 

COMENTÁRIOS: Fugindo um pouco da literalidade,  mas mantendo a simplicidade das questões, a FCC buscou os 
conceitos sobre concurso de agentes. Podemos resumir tais conceitos da seguinte forma: 

I – Autor  => é aquele que executa a conduta típica descrita na lei, ou seja, quem realiza o verbo contido no tipo penal. 
(Ex: homicídio – matar alguém) 

II  –  Co­autor ia  =>  existe  quando  duas  ou  mais pessoas,  conjuntamente,  praticam  a  conduta  descrita  no  tipo.  (Ex: 
homicídio – duas pessoas atiram ao mesmo tempo em ciclano) 

III –  Par tícipe  => é aquele  que  não comete  qualquer das  condutas  típicas (verbos),  mas de alguma  forma concorre 
para o crime. (Ex: o motorista de um carro que espera um ladrão assaltar uma loja) 

Dessa forma, supondo um delito de  roubo (¨Art.  157  ­ Subtrair coisa  móvel alheia, para  si  ou para  outrem,  mediante grave 


ameaça  ou  violência  a  pessoa,  ou  depois  de  havê­la,  por  qualquer  meio,  reduzido  à  impossibilidade  de  resistência”),  se  José 
instiga e João empresta a arma, a única pessoa que praticou o tipo verbal (subtrair) foi o Pedro. Assim, José e João são 
partícipes e Pedro é o autor. 

GABARITO: C 
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48. A respeito do peculato doloso, é certo que 

a)  a posse do dinheiro, valor ou bem pelo funcionário público é indispensável para caracterização dessa infração 
penal. 
b)  a reparação do dano, se ocorre antes do trânsito em julgado da sentença, extingue a punibilidade. 
c)  o carcereiro que se apropria de objeto do preso não pratica esse delito, por tratar­se de bem particular.


Comentários sobre a Prova de Direito Penal do MPU para o cargo de Analista Administrativo
Autor: Dicler Forestieri Ferreira 

d)  comete esse delito o policial que subtrai um toca­fitas de veículo particular estacionado na via pública. 


e)  o  particular,  no  caso de  concurso  de agentes,  responde  por  esse delito se  sabia que  o  autor  era  funcionário 
público. 

COMENTÁRIOS:  De  acordo  com  os  artigos  312  e  313  do  Código  Penal,  reproduzidos  abaixo,  existem  3  tipos  de 
peculato: o peculato doloso, o peculato culposo e o peculato mediante erro de outrem. Além disso, o peculato doloso 
ainda pode ser dividido em peculato­apropriação e peculato­desvio. 

Pecu lato 
Art. 312  ­ Apropriar­se  o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a 
posse em razão do cargo, ou desviá­lo, em proveito próprio ou alheio: 
Pena ­ reclusão, de dois a doze anos, e multa. 
§  1º  ­  Aplica­se  a  mesma  pena,  se  o  funcionário  público,  embora  não  tendo  a  posse  do  dinheiro,  valor  ou  bem,  o  subtrai,  ou 
concorre  para  que  seja  subtraído,  em  proveito  próprio  ou  alheio,  valendo­se  de  facilidade  que  lhe  proporciona  a  qualidade  de 
funcionário. 

Pecu lato  culposo 


§ 2º ­ Se o funcionário concorre culposamente para o crime de outrem: 
Pena ­ detenção, de três meses a um ano. 
§ 3º ­ No caso do parágrafo anterior, a  reparação do dano, se precede à sentença irrecorrível,  extingue a punibilidade; se lhe é 
posterior, reduz de metade a pena imposta. 

Pecu lato  mediante erro de outrem 


Art. 313 ­ Apropriar­se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no exercício do cargo, recebeu por erro de outrem: 
Pena ­ reclusão, de um a quatro anos, e multa. 

Após  listarmos os  artigos,  acho  interessante  comentar  as opções de  forma individualizada e salientar  que  a questão 
refere­se a uma característica do peculato doloso. 

A posse do dinheir o, va lor  ou bem pelo funcioná r io público é indispensável para  car acter iza ção dessa  infr ação 
penal. 
Essa opção  refere­se ao  peculato­apropriação, porém ainda resta o peculato­desvio como  forma  de peculato  doloso. 
Portanto, é dispensável a posse se ocorrer o desvio. 
Opção incorreta. 

A r epar ação do dano, se ocor re a ntes do tr ânsito em julgado da sentença, extingue a punibilidade. 


Essa opção refere­se ao peculato culposo e não ao peculato doloso. 
Opção incorreta. 

O ca rcereiro que se apr opr ia de objeto do pr eso não pra tica  esse delito, por  tr atar ­se de bem par ticular . 
Se  a  apropriação  aconteceu  em  razão  do  cargo,  é  indiferente  a  caracterização  do  bem  como  público  ou  particular. 
Portanto, essa atitude do carcereiro é caracterizada peculato doloso. 
Opção incorreta. 

Comete esse delito o policia l que subtr ai um toca ­fita s de veículo par ticular  estaciona do na via pública. 


Caso isso ocorra o policial estará cometendo o delito de furto, e não peculato, pois a subtração não ocorreu em razão 
da qualidade de policial. 
Opção incorreta. 

O  par ticular ,  no  ca so de  concur so  de  agentes,  r esponde  por   esse  delito  se  sabia  que  o  autor   era   funcionár io 
público. 
Para comentarmos esta opção é necessário citar o artigo 30 do Código Penal. 
Circunstâncias  incomunicáveis 
Art. 30 ­ Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime.


Comentários sobre a Prova de Direito Penal do MPU para o cargo de Analista Administrativo
Autor: Dicler Forestieri Ferreira 

Ou seja, as circunstâncias elementares do crime se comunicam. Dessa forma, desde que um particular participe de um 
crime  de peculato, juntamente  com  um  funcionário  público  e  sabia  da condição de  funcionário  público  que  a  outra 
pessoa possuía (circunstância elementar do crime), o particular também estará cometendo crime de peculato. Portanto 
é admitido o concurso de particular nos crimes contra a administração pública praticados por funcionário público. 
Opção correta. 

GABARITO: E 

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49. O funcionário de cartório que aceita promessa de propina para retardar a expedição de mandado em processo sob 
seus cuidados comete crime de 

a)  corrupção ativa 
b)  concussão 
c)  prevaricação 
d)  corrupção passiva 
e)  peculato 

COMENTÁRIOS: Questão típica da FCC que cobra do candidato o conhecimento dos tipos verbais dos crimes contra 
a administração pública. Vejamos o que diz o artigo do Código Penal. 

Co rrupção passiva 
Art. 317  ­ Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi­la, 
mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem: 
Pena ­ reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. 
§  1º  ­  A  pena  é  aumentada  de  um  terço,  se,  em  conseqüência  da  vantagem  ou  promessa,  o  funcionário  retarda  ou  deixa  de 
praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional. 
§ 2º ­ Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofício, com infração de dever funcional, cedendo a pedido ou 
influência de outrem: 
Pena ­ detenção, de três meses a um ano, ou multa. 

Sabemos  que  a  propina  é  uma  vantagem  indevida  e  que  o  funcionário  de  cartório  é  considerado  um  funcionário 
público, portanto, aceitar a promessa de propina caracteriza o crime de corrupção passiva. 

GABARITO: D 

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50. Considere: 

I.  Dar  causa  à  instauração  de  investigação  policial  contra  alguém,  imputando­lhe  crime  de  que  o  sabe 
inocente. 
II.  Provocar a ação da autoridade, comunicando­lhe a ocorrência de crime ou contravenção que sabe não ter 
se verificado. 
III.  Dar  causa à  instauração  de  ação de  improbidade administrativa  contra alguém,  imputando­lhe crime de 
que o sabe inocente. 

Dentre  as  situações  acima  descritas,  configura  o  delito  de  Comunicação  Falsa  de  Crime  a  conduta  indicada 
SOMENTE em 

a)  II e III 
b)  II


Comentários sobre a Prova de Direito Penal do MPU para o cargo de Analista Administrativo
Autor: Dicler Forestieri Ferreira 

c)  I e III 
d)  I e II 
e)  I 

COMENTÁRIOS:  Em  minha  opinião,  essa  foi a questão  mais  interessante  da prova.  A  FCC  fez  uma  mistura  com 
conceitos  de dois  crimes:  comunicação  falsa de  crime  e  denunciação  caluniosa.  Vejamos  o  que  o Código  Penal  diz 
sobre eles. 

Comun icação falsa de c rime ou de contravenção 


Art.  340  ­  Provocar  a  ação  de  autoridade,  comunicando­lhe  a  ocorrência  de  crime  ou  de  contravenção  que  sabe  não  se  ter 
verificado: 
Pena ­ detenção, de um a seis meses, ou multa. 

Denunciação  caluniosa 
Art.  339.  Dar  causa  à  instauração  de  investigação  policial,  de  processo  judicial,  instauração  de  investigação  administrativa, 
inquérito civil ou ação de improbidade administrativa contra alguém, imputando­lhe crime de que o sabe inocente: 
Pena ­ reclusão, de dois a oito anos, e multa. 
§ 1º ­ A pena é aumentada de sexta parte, se o agente se serve de anonimato ou de nome suposto. 
§ 2º ­ A pena é diminuída de metade, se a imputação é de prática de contravenção. 

Conforme o que foi exposto nos artigos acima, as afirmativas I e III referem­se ao crime de denunciação caluniosa e 
apenas a afirmativa II refere­se ao crime de comunicação falsa de crime. 

GABARITO: B 

Dessa vez acabou, até uma próxima oportunidade. 

Abraços!!!!!! 

Dicler

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