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EBNESR
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Recife, PE
2014
NT201-01 Introdução 2014 Álvaro C. Pestana
Dedicatória:
Para
Lucas T. C. Pestana:
Meu filho amado.
26 p: 30 cm.
INTRODUÇÃO
1
Lembro-me da objeção do finado prof. Walter Rehfeld, do Centro de Estudos Judaicos
da USP, contra usar o termo Velho Testamento para designar a Bíblia Hebraica, pois
para ele, o Novo Testamento era um testamento por causa da necessidade de
testemunhas para o ratificarem, mas na opinião dele, a Tanakh não veio por meio de
testemunhas. Contudo, ele não estava consciente deste jogo de palavras possível pela
dupla tradução de diatheke como aliança e testamento. Além disto, ele não levou em
conta a interpretação tradicional cristã que afirma que o Velho Testamento também é
um testamento, pois cumpriu-se com a morte de Jesus: ou seja, Jesus cumpre a Velha
Aliança com sua morte e estabelece a Nova Aliança, também com sua morte. Logo,
ambos podem ser entendidos legalmente como “testamentos”, pois atingem sua
consumação com a morte do Testador.
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SÍNTESE
O Novo Testamento como um agrupamento de livros cristãos.
Suas divisões e a classificação de seu conteúdo. A história entre o
Velho e o Novo Testamento. A história do Novo Testamento. A
formação do Novo Testamento e o reconhecimento dos livros
canônicos.
DISCUSSÃO
I. PANORAMA DOS AGRUPAMENTOS DOS LIVROS DO
NOVO TESTAMENTO.2
Numa análise do Novo Testamento, observemos as diferentes
formas de agrupar os livros. Normalmente, agrupamos os vinte e
sete livros da seguinte forma:
Evangelhos (4) Mt, Mc, Lc, Jo
História da At
Igreja (1)
Cartas (21) De Paulo: Rm, 1&2Co, Gl, Ef, Fp, Cl,
1&2Ts, 1&2Tm, Tt, Fm [Hb?]
Gerais: Hb, Tg, 1&2Pe, 1,2&3Jo, Jd
Profecia (1) Ap
2
Para este primeiro ponto de nosso estudo, utilizo pesadamente o meu texto em:
PESTANA, Álvaro C. O que é a Bíblia: Aula 06 – Os Evangelhos e Atos. Campo
Grande: Escola de Teologia em Casa, 2011.
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BAXTER, J. S. Examinai as Escrituras: Gênesis a Josué (1). São Paulo: Vida Nova,
1992, p. 18-21, apresenta uma classificação curiosa e exótica. Ele divide o Novo
Testamento em: 5 livros de História (Mt, Mc, Lc, Jo, At) e 22 livros de Experiência-
Doutrina (9 Epístolas à Igreja Cristã: Rm, 1-2Co, Gl, Ef, Fp, Cl, 1-2Ts; 4 Epístolas
Pastorais e Pessoais: 1-2Tm, Tt, Fm; 9 Epístolas aos Cristãos Hebreus: Hb, Tg, 1-2Pe,
1-2-3Jo, Jd, Ap).
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PESTANA, Álvaro César, O Evangelho de Marcos: Arte Poética e Arte Retórica In:
POSSEBON, Fabrício (Org.). O Evangelho de Marcos. João Pessoa: Editora
Universitária UFPB, 2010, p. 27-30.
5
Sigo aqui, um pouco da classificação e ordem encontrada na mais antiga lista de livros
o Novo Testamento de que dispomos, o chamado “Cânon de Muratori”. Veja
BETTENSON, H. Documentos da Igreja Cristã. 3a Edição. São Paulo:
ASTE/Simpósio, 1998, p.67-68 § 48.
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FERGUSON, Everett. Early Christians Speak: Volume 2. Abilene: ACU Press,
2002, p. 66.
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Para ser mais exato, a ordem de tamanho e importância é obedecida em duas séries:
(1) Rm-2Ts e (2) 1Tm-Fm. A primeira série é de cartas para igrejas e a segunda para
indivíduos.
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Romanos 15.24, 28; Cânon Muratoriano; 1Clemente aos Coríntios 5.8.
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A ausência da frase “em Éfeso” (Ef 1.1) em muitos manuscritos antigos, tem levado
muitos a imaginarem se esta carta não seria uma verdadeira “Encíclica” a ser lida nas
igrejas da Ásia. Poderia ser o que os Laodicenses receberam em Cl 4.16.
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Aqui também uso: PESTANA, Álvaro C. A Bíblia Toda em Um Ano. Recife:
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Para fazer uma sequência histórica para este período, temos que
juntar pedaços esparsos e informação nas Epístolas Pastorais e,
sobretudo, na literatura Joanina, supondo que ela pertença a este
período.
Pode ser que as Epístolas de Pedro e Judas sejam desta época,
mas antes da morte de Pedro, que deve ter ocorrido antes do ano
68 AD.
Mesmo assim, as informações desta época são mais inseguras que
as que temos sobre os períodos anteriores.
No fim, teremos todo o Novo Testamento escrito e sendo
distribuído entre todas as igrejas antigas.
Eventos históricos importantes deste período, registrados por
outros historiadores, são: (1) A perseguição dos cristãos por Nero;
(2) A destruição de Jerusalém pelos romanos; (3) A perseguição
dos cristãos por Domiciano.
LIVROS BÍBLICOS:
Os livros escritos neste período são as Epístolas Pastorais e a
Literatura Joanina. Contudo, há quem afirme que o Evangelho de
João teria sido escrito antes do ano 70 d.C. por causa de
referências históricas que sugerem que Jerusalém ainda estava de
pé quando o livro foi escrito. Pedro e Judas podem ter escrito
nesta época ou não. De qualquer forma, Apocalipse certamente
pertence ao período final do Primeiro Século.
******
O quadro da próxima página procura sumarizar a história do
período do Novo Testamento, desde a chegada dos Romanos com
Pompeu até a morte do último dos apóstolos: João.
O PROCESSO ESPIRITUAL
Deus é aquele que iniciou o processo de revelação bíblica. Ele
inspirou os profetas (2Pedro 1.20-21) que produziram as
Escrituras (2Timóteo 3.16-17).
O processo é vividamente descrito em Apocalipse 1.1-3 com a
seguinte sequência: Deus è Jesus è Anjo è João (apóstolo) è
Livro è Igrejas.
Os cristãos herdaram o Velho Testamento dos judeus, pois foi a
eles que Deus confiou seus oráculos (Romanos 3.2). O Novo
Testamento foi redigido por apóstolos ou por pessoas ligadas ao
círculo apostólico e, assim, a Bíblia com seus dois Testamentos
estava completa.
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Neste quarto ponto, também utilizo amplamente: PESTANA, Álvaro C. A Bíblia
Toda em Um Ano. Recife: EBNESR, 2011.
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O PROCESSO HUMANO
A história da compilação do Novo Testamento segue as seguintes
etapas:
1. CIRCULAÇÃO DOS LIVROS DO NOVO TESTAMENTO
Os livros do Novo Testamento, assim que recebidos pelas igrejas,
começaram a ser lidos publicamente (1Ts 5.27; Cl 4.16). De fato,
a ordem para que estes livros fossem circulados entre as igrejas já
estava incluída em alguns livros (Cl 4.16). Muitos livros têm
destinatários que indicam que o documento circularia entre várias
localidades (Ap 1-3; 1Pe 1.1-2). Associada a esta ordem de leitura
pública, percebe-se que as igrejas começaram a copiar os livros
para formar coleções dos livros apostólicos. Pedro, que não foi
destinatário de nenhuma carta de Paulo, conhecia todas as cartas
dele (2Pe 3.14-16).
2. RECONHECIMENTO DO CÂNON DO NOVO
TESTAMENTO
Já no tempo do Novo Testamento, os livros foram reconhecidos
como inspirados e dignos de obediência (1Co 14.37). Já no
Primeiro Século, um escritor cristão que morava em Roma
chamado Clemente, escreveu uma carta a qual ele menciona
vários livros do Novo Testamento. Até o ano 150 AD, quase
todos os livros do Novo Testamento já eram amplamente
conhecidos e usados pela igreja antiga. No Século IV, com o fim
das perseguições contra a igreja, os 27 livros do Novo Testamento
já são reconhecidos e usados pela igreja em toda parte.
O processo de reconhecimento do chamado “cânon” do Novo
Testamento não foi feito por uma igreja ou por concílios ou
papas, mas pela igreja como um todo, que reconhecia a
apostolicidade, antiguidade e inspiração divina dos nossos 27
livros do Novo Testamento.
Deus deixou o reconhecimento destes livros a cargo dos cristãos,
mas também podemos testemunhar a Providência Divina
protegendo estes livros e ajudando os cristãos a diferenciá-los dos
livros comuns ou dos livros espúrios.
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CONCLUSÃO
Assim, iniciamos o estudo do Novo Testamento com uma visão
global de seu conteúdo, da história do período que o precedeu, da
história da época do Novo Testamento e, finalmente, da história e
do processo de junção do mesmo com o Antigo Testamento para
formar a Bíblia Cristã que hoje utilizamos.
Não existe conjunto de livros mais influente e mais importante
que o Novo Testamento. Nas próximas lições, estudaremos cada
grupo de livros com mais detalhes, tratado de cada obra em
separado, aprofundando a leitura, que apesar de todos os
aprofundamentos, sempre será panorâmica e geral.
BIBLIOGRAFIA CITADA