4º ano de Letras Português Literatura Brasileira II Profº: Dário O Bom Crioulo
Amaro, um escravo fugido, alista-se na Marinha, tornando-se um soldado
exemplar. Forte e gentil com todos, recebe o apelido de Bom-Crioulo. Dez anos se passam e Amaro não mostra a mesma disposição para o trabalho, nem tampouco a mesma gentileza, notadamente quando se entrega à bebida. Seu estado de ânimo se altera também na presença de certo grumete, Aleixo, com quem se envolve sexualmente. Amaro conheceu certa vez o amor de uma mulher, mas só agora descobre sua verdadeira inclinação. Chegam ao Rio de Janeiro e se instalam em uma pensão na Rua da Misericórdia, cuja proprietária, D. Carolina, sabedora da indisposição de Amaro para mulheres, arranja um quarto discreto para os dois. Ali, Aleixo cedia a todos os desejos do amante, como o de observá-lo nu. Um ano se passa, durante o qual os dois marinheiros levam uma vida matrimonial secreta. Mas Amaro é transferido para outro navio e ocorre a separação que ele tanto temia. Na ausência de Amaro, D. Carolina seduz Aleixo. Bom-Crioulo, ansioso para rever o amante, desobedece a ordens superiores e, conduzindo um bote de mantimentos, atraca no porto do Rio e se dirige à pensão. Aleixo não aparece durante toda a noite, o que desperta desconfianças e ciúmes em Amaro. No cais, ainda perturbado pelos ciúmes, embriaga-se a acaba brigando. A polícia é chamada e Amaro é aprisionado e entregue ao comandante do navio, que o castiga de forma tão dura que o marinheiro é conduzido ao hospital. Ali, sofre tanto pelas dores físicas quanto pelo fato de não receber nenhuma visita de Aleixo. Envia-lhe um bilhete, mas D. Carolina o intercepta, temerosa de perder os afetos do novo amante. Amaro recebe a visita de Herculano, antigo companheiro de embarcação, que revela o envolvimento de Aleixo com uma mulher. Amaro espera a madrugada para fugir. O empregado de uma padaria próxima à pensão confirma o caso amoroso de Aleixo e D. Carolina. Ao avistar o antigo amante, que sai da pensão, Amaro se dirige a ele, cego de ódio, iniciando uma discussão. Pessoas se aproximam dos dois, formando uma roda. D. Carolina desperta com o alvoroço e, abrindo caminho entre a multidão, aproxima-se e vê o amante estendido no chão, com o pescoço cortado, enquanto Amaro, “triste e desolado”, é conduzido por dois policiais. A característica dessa narrativa da ficção realista-naturalista conduz a uma preferência pelo foco narrativo de 3ª pessoa. Porém, muitas vezes esse narrador interferia no relato, expondo comentários a respeito de certas circunstâncias dentro enredo. No início da história, por exemplo, há um comentário explícito, “A velha e gloriosa corveta – que pena! – já nem sequer lembrava o mesmo navio de outr’ora”. A leitura mais atenta nos permite que perceber se alguns traços típicos do romantismo: a dor da separação e do ciúme; a descoberta do amor; a presença do herói forte e protetor, capaz de qualquer sacrifício pelo amado. Amaro se descobre “homossexual” e manifesta os mesmos ciúmes doentios encontrados nas novelas sentimentais. Aleixo se mostra frágil e indefeso, como as heroínas românticas convencionais. Adolfo Caminha realiza, portanto, uma versão do romantismo, tornada grotesca pela força do apelo sexual, exatamente o traço forte do Naturalismo. A sexualidade se manifesta na masturbação, consequência fisiológica do isolamento a que são relegados os marinheiros, e na luxúria dos encontros amorosos. No tratamento da homossexualidade, pode-se entrever o esforço do narrador em focalizá-la como manifestação natural dos instintos. Mas ele não consegue evitar certo viés moralista condenatório, em uma marginalização que é acentuada pelos espaços de livre manifestação sexual sempre caracterizado pelas sombras e pelo distanciamento da sociedade – como nos porões do navio ou o quarto de pensão onde se escondem os amantes. Amaro era um homem apaixonado, mas pelo seu jeito por ser ciumento desconfiado e ao beber parecia uma fera como diziam fez com que ele cometesse uma loucura em nome desse amor, a fera que aflora dentro de sim falou mais alto do que o amor que ele sentia por Aleixo. A força do sexo domina a personalidade do personagem Amaro, o Bom-Crioulo, passa da submissão à instabilidade comportamental em função do afloramento de seus desejos, excitados pela presença de Aleixo. O Bom-Crioulo, uma paródia do amor romântico se dá na subversão do par amoroso, constituído, aqui, por dois homens, o que seria impensável para a sociedade da época, o romance romântico era constituído por um homem e uma mulher e no fim do mesmo levasse ao matrimonio ao contrario de O Bom-Crioulo que é um romance formado por dois homens e que envolve muita intriga traição ciúme e onde acaba em morte.