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Apresentação

A nutrição do povo brasileiro está afectada de influências que vão da


ignorância de muitos até à superstição de não poucos.
Ignorância e superstição andam de mãos dadas, sofrendo o influxo de
costumes dos antepassados, não só pela perversão do paladar, com raízes nos
conflitos psicológicos, como no comodismo gerado pela indolência dos nossos
patrícios, talados de verminoses, malária e outras endemias que os transformam e
os incluem na massa amorfa dos desnutridos, com repercussões sobre o intelecto e
a estrutura física, quiçá moral.
O maior problema do mundo no futuro é o problema alimentar. Estatísticas
recentes prevêem que no fim deste século o mundo terá seis bilhões de habitantes.
Um conferencista que ouvi há já mais de quatro anos, apresentou dados provando
que no ano 3000, continuando a superpopulação mundial nas mesmas proporções
da ocasião, haveria apenas o espaço de meio metro quadrado para cada habitante
em nosso planeta. E óbvio que já muito antes disso, não haveria condições de vida
na Terra, por falta de solo cultivável, para a produção de alimentos.
Em vista disso, justifica-se que os estudiosos do problema alimentar se
preocupem agora com o modo pelo qual o homem possa viver, tomando em
consideração seu modo de alimentar-se... enquanto é tempo...
O Professor Durval Stockler de Lima, nesta conjuntura que precede a
grande crise, apresenta um panorama do sistema alimentar vigente no mundo
conturbado pela corrupção e a poluição, em que o organismo humano é vítima das
intoxicações, não só pelo álcool e o fumo, como pela toxicomania, disturbando o
paladar, exigindo a sofisticação do apetite pelos temperos, variedade e misturas de
alimentos tóxicos e malsãos; postula a possibilidade da volta da humanidade aos
alimentos simples de que se serviam nossos antepassados; focaliza as condições de
saúde então observadas, confrontando a situação antiga, da época em que o câncer
era uma raridade e a longevidade era extensa, com a calamidade do estado de
saúde que observamos actualmente.
Com documentário baseado em cientistas, põe em evidência as
vantagens de uma alimentação simples, em combinações que baseia em fatos de
sua observação; ressalta a excelência dos alimentos não desnaturados pela indústria
ou outros, e preparados com conhecimento das propriedades peculiares a cada um,
para a boa digestão e nutrição na estrita significação da palavra.
Ponto alto de sua dissertação é a conotação da repercussão do carácter e
da pureza de vida com a saúde, o que na conceituação de muitos, nesta era de
modernismo e sofisticações, é desprezado, quiçá ridicularizado por aqueles que
vivem um materialismo brutalizante, no cepticismo e no negativismo dos nobres
ideais.
“...mas pureza de vida neste final de século vinte? Como?.. E isto mesmo;
se você quiser gozar saúde, Pureza de Vida é um requisito.”
O autor se refere aos problemas psico-sexuais e explica: “Porque os
sentimentos, as emoções e o comportamento sexual têm muito que ver com as
resistências orgânicas e com a saúde mental. Não há verdadeiro equilíbrio psíquico
e emocional em indivíduos impuros.”
E mais adiante pontifica com acerto: “A impureza em todas as suas
modalidades, deforma o carácter e torna infeliz aquele que a pratica.”
Há muita devassidão no casamento. Esse fato que macula a dignidade
matrimonial, ocasionou que uma revista erotizante estampasse uma manchete em
letras garrafais: ATÉ QUE O CASAMENTO NOS SEPARE.
A falta de ajustamento sexual, contribui para que o casamento separe os
cônjuges. Noivos exprimem este fato na expressão vulgar: “Não gosto dele (ou
dela).” Mas por injunções sociais ou outras, acabam casando-se.
A vida conjugal se assenta no complexo amor-sexo, que é “a mais bela e
mais profunda manifestação amorosa”, no dizer de Kierkegaard.
Quando, porém, um dos cônjuges não “gosta” do outro, rompe-se o
complexo, e resulta então a frigidez sexual ou a expansão sexual masculina por
coacção do inconsciente sobre a obrigação de cumprir um dever marital. Neste
passo o casamento separa os dois na mais alta finalidade do matrimónio, que é a
união psico-sexual e a satisfação física de que resulta o deleite sexual legítimo e
puro. Daí decorrem infelicidades conjugais de que a impureza é a expressão; o
remorso e o sentimento de culpabilidade, que são o germe da infelicidade.
Ler o livro do Prof. Durval Stockler de Lima é uma oportunidade de
adquirir conhecimentos profundos da ciência da nutrição e da vida, e se torna um
prazer, pois é muito bem escrito, prático e de agradável leitura.

Dr. Galdino Nunes Vieira


ex-director Clínico do Hospital Adventista de São Paulo
e do Hospital Adventista Silvestre,
do Rio de Janeiro, Membro Efectivo da Sociedade
Médica “São Lucas” e por muitos anos
Supervisor Médico da revista Vida e Saúde.
É autor de Amor, Sexo e Erotismo.
Uma Palavra Aos Leitores

Ao lhes entregar esta obra, desejo dizer uma palavra de esclarecimento, à


guisa de introdução.
Durante os últimos anos tenho pronunciado algumas centenas de
palestras em série, sobre alimentação e saúde, a grupos os mais variados: a jovens
estudantes, a professores e enfermeiros, a pessoas muito simples e a outras mais
doutas, em colégios, clubes e igrejas. Invariavelmente, nessas ocasiões tenho sido
abordado por muitos que me pedem um livro contendo essas conferências, para que
possam recapitulá-las em casa. Tive de prometer-lhes que faria esse livro; agora hei-
lo aqui em toda a sua simplicidade, pouco mais ou menos aquilo que sempre ensinei.
Visando esses milhares de pessoas que me ouviram e aquelas que não
tiveram ocasião para isto; e desejando alcançar também tantas outras igualmente
ansiosas por conhecimentos neste sentido, escrevi esta obra em linguagem simples
e fácil.
Entendo que muitos gostariam de mudar seu regime alimentar para ter
mais saúde, e combinar seus alimentos de modo a não sofrer transtornos físicos.
Entretanto, as poucas tabelas de combinações que existem, a maioria delas em
língua estrangeira, são tão complicadas ou oferecem oportunidade para cardápios
tão pobres em elementos nutritivos ou em sabor, que grande parte dos interessados
prefere continuar errando.
A tabela de combinações desta obra é resultado de muito estudo, ao
mesmo tempo que de consideração pela necessidade de simplicidade, a fim de que
todos a possam decorar em poucos minutos. Alguns alimentos permitiriam umas
poucas variações nas combinações; mas para o bem da maioria, a tabela dada é
melhor como está.
Na última parte do livro estão as orientações quanto à utilização dos
agentes da Natureza na cura de doenças comuns. Os tratamentos ali ensinados são
aqueles que eu mesmo tenho usado e aplicado em muitas emergências; e são tais,
que qualquer pessoa pode aplicá-los em casa, sem nenhum ou quase nenhum
equipamento especial.
O ponto alto desta obra é que os conceitos nela expressos se baseiam em
princípios imutáveis do Universo, em Deus e na Natureza; que a saúde só pode ser
gozada na consideração e respeito pelos conselhos e estatutos divinos. Em
harmonia com os preceitos escritos e com aqueles que podemos ler na Natureza,
temos saúde; em guerra contra eles, ou deles divergentes, ficamos doentes e
perecemos.
O grande objectivo em vista é a volta ao regime edênico, tanto quanto
possível, livre do uso da carne e de outros alimentos prejudiciais - um regime que se
justifique por si e possa proclamar alto suas virtudes.
Com este pensamento, espero que cada leitor receba o máximo do que
segue.

Durval Stockler de Lima


Primeira Parte

Nutrição Orientada
Capitulo 1

“Deixar de cuidar da máquina viva é um insulto ao


Criador. Há regras divinamente indicadas que, se
observadas, conservarão os seres humanos livres das
enfermidades e da morte prematura.” Medicina e Salvação,
pág. 49.
Capítulo 1
Necessidade de Planejamento

Dizemos comumente que a saúde é um dom, e está certa a afirmação até


o ponto em que tenhamos em mente apenas aquela que veio com o início da vida;
mas a que nos acompanha até ao fim de nossos dias, deve ser planejada. Mais que
isto, entretanto, ter saúde ou ser sadio o tempo todo é um dever sagrado, porque nos
não ‘ pertencemos a nós mesmos. O apóstolo São Paulo assim se refere a isto:
“Ou não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo, que
habita em vós, proveniente de Deus, I e que não sois de vós mesmos? Porque fostes
comprados por bom preço; glorificai pois a Deus no vosso corpo, e no vosso espírito,
os quais pertencem a Deus.” I Coríntios 6:19, 20.
A nossa responsabilidade portanto, não pode ser minimizada nem
desprezada.
Homens e mulheres fazem planos para todas as suas actividades nesta
vida, menos para a saúde. Quando querem criar galinhas ou coelhos, compram uma
dúzia de livros sobre esses animais, e aprendem tudo que podem a respeito de seu
alimento, seus hábitos e problemas. Preparam-se para enfrentar as doenças desses
animais e para mantê-los tão sadios quanto possível.
Mas quando dois jovens planejam casar-se, e sabem que de sua união
poderão advir filhos, não compram sequer uma brochura sobre crianças e como
mantê-las vivas e com saúde. Nada sabem sobre seu próprio organismo, suas
necessidades físicas, sua saúde, seu alimento e menos, muito menos sabem a
respeito de crianças.
Nós diríamos que parece haver uma espécie de torpor estúpido a manter
os seres inteligentes completamente inconscientes e alheios nesta questão de
magna importância. Conhecem regras de jogo, nomes de clubes, cidades nacionais
e estrangeiras, nomes de cavernas, montanhas e rios, generais e estadistas do
presente e do passado, decoram poesias, melodias e letra de cânticos os mais
inúteis, sabem princípios de matemática e de outras ciências, até de todas as
ciências, mas nada sabem sobre saúde e como conservá-la.
Isto me faz lembrar uma jovem, filha de vizinhos nossos, quando comprou
seu primeiro carro. Diariamente ela passava pelo posto de gasolina para abastecê-lo.
O moço atendente, depois de lhe vender a gasolina, sempre perguntava
delicadamente: “E só isto, senhorita?” “E só”, respondia ela, e prosseguia. Certa
manhã ela chega a pé ao posto de gasolina, nervosa e quase chorando, e pede para
alguém ir ali perto ver o carro, que ela achava ter-lhe acontecido alguma coisa grave.
Quando o atendente chegou e verificou, viu que o motor estava fundido. Nem um
pingo de óleo no cárter.
Então ele pergunta à jovem: “Quanto tempo faz que trocou o óleo a última
vez ou adicionou mais?” Espantada, ela lhe responde: “Óleo?! Eu não sabia que o
carro precisava de óleo. Eu lhe punha gasolina todos os dias, mas nunca pensei
noutra coisa.”
Assim agem os homens a respeito de seu corpo.

Deus Quer a Nossa Saúde


Outro aspecto importante deste assunto é o interesse divino em nós. O
apóstolo São João, escrevendo a seu amigo Gaio, disse: “Amado, desejo que te vá
bem em todas as coisas, e que tenhas saúde, assim como bem vai à tua alma.” III
João 2.
Neste texto bíblico notamos três faces da questão:
1.Deus quer que sejamos prósperos em todas as coisas, em todos os
empreendimentos que possam ter Sua aprovação -“que te vá bem em todas as
coisas”, diz João.
2.Que tenhamos saúde física em elevado grau de comparação.
3.Que bem nos vá a alma, isto é, que nossa religião seja sadia e
inteligente. Mas notemos como João, o apóstolo, coloca as últimas duas frases: “que
tenhas saúde, assim como bem vai à tua alma”. João estabelece um pé de igualdade
entre a saúde física e o estado da alma, ou da religião - a moral, a espiritualidade e a
saúde do corpo.
E nem pode ser diferente. Os antigos diziam: “Mente sã em corpo são.” E
os fatos comprovam que uma pessoa caindo aos pedaços, cheia de reumatismo,
artritismo, cólica hepática ou enxaqueca não pode ter o espírito em condições de
adorar a Deus convenientemente. Como pode alguém ter mente límpida para
raciocinar, para projectar o progresso, para idealizar o bem, se seu corpo sofre dores
da cabeça aos pés?
Creio que foi o Dr. Victor Pauchet quem disse, num de seus escritos, que
não existem pessoas más, porém pessoas doentes. Inúmeras experiências através
dos anos têm provado que, às vezes a simples mudança da dieta de um doente, de
um prisioneiro ou de um adolescente numa instituição correcional, muda-lhe
completamente as atitudes e o comportamento.

O Ser Integral
São Paulo dizia aos tessalonicenses: “Todo o vosso espírito, e alma, e
corpo, sejam plenamente conservados.” Ele menciona primeiro a parte mental, pois é
onde nascem as resoluções e de onde deve partir o desejo de um procedimento
correcto. Em seguida ; aponta a ligação com Deus, porque sem Deus nada podemos
fazer de durável e perfeito. E então termina mencionando o desempenho físico neste
conjunto harmonioso. O ser integral, o homem inteiro deve ser preservado.
É a ideia pagã, e agora cristianizada, que apenas a alma é importante, o
que tem deturpado a felicidade dos seres humanos. Na eternidade o homem estará
no reino de Deus, após o juízo final, não a alma apenas (isto é pagão), mas o ser
integral, o ser inteligente, o ser à imagem de Deus, o ser físico em suas normas
humanas, com todas as suas características pessoais.
Ellen G. White, escritora norte-americana, que dedicou grande parte de
seus escritos à questão da saúde, disse, comentando palavras de Paulo: “Ninguém
que professe piedade, considere com indiferença a saúde do corpo. Existe uma
estreita afinidade entre a natureza física e a moral.” E então ela se maravilha com os
possíveis resultados de um procedimento harmónico, dizendo: “Que não seriam os
homens e mulheres caso tivessem compreendido que o cuidado do corpo tem tudo
que ver com o vigor e a pureza da mente e do coração!”
Não basta estarmos em condições de nos arrastarmos para o trabalho ou
para a escola, gemendo e murmurando, com enxaquecas, reumatismos, varizes,
prisão de ventre e obesidade. É preciso que tenhamos saúde plena, abundante,
transbordante e irradiante. Todo indivíduo deve ter coragem para lutar pela saúde,
como se luta por qualquer outro ideal. Na verdade,’ a saúde é mesmo mais
importante do que todas as demais consecuções humanas, e merece o primeiro
lugar em nossas ambições.
O Corpo Como Um Todo
Outro aspecto da questão é o todo. Em matéria de corpo humano e sua
saúde, não existe especialidade em partes ou órgãos. Todas as partes do organismo
são dependentes umas das outras; e quando uma apresenta doença, é o organismo
todo que está doente. Em outras palavras, é fora de propósito e grande incoerência a
especialização no tratamento de órgãos ou doenças, quando, na verdade, não
existem doenças, mas doentes. E o todo que deve ser tomado em consideração, e
não as partes.
Creio que as palavras de São Paulo acima citadas não expressam apenas
um conceito de moral e religião, mas são também cientificamente correctas: “Todo o
vosso espírito, e alma, e corpo, sejam plenamente conservados.” O médico deveria
ser médico do corpo todo, e não de especialidades; ministro ou consultor psicanalista
e conselheiro da alma do enfermo; e mestre do espírito, orientador e animador dos
dotes de seu cliente. Quando nós tivermos tal classe de médicos, e não profissionais
apenas, então o mundo será um lugar melhor para se viver.
Capítulo 2

“Com o esforço despendido, dólar por dólar, mais


vidas podem ser salvas por uma melhor nutrição do que
jamais se conseguirá através da medicina curativa ou
preventiva. ...A medicina criativa precisava fundamentar-se
na produção de melhores alimentos. Somente assim
podemos criar saúde real para nosso povo.”- Dr. Jonathan
Forman.
Capítulo 2
Que é Doença?

A doença não é primariamente o resultado dos micróbios. Esta assertiva


poderá parecer atrevida e revolucionária, mas é uma verdade inquestionável e que
se pode verificar. Inúmeros pesquisadores a têm reafirmado. Não é descoberta
nossa e nem qualquer coisa de conhecimento recente.
Se os micróbios, em princípio, fossem responsáveis pela doença, todos
seriam doentes, porque todos têm acesso aos mesmos micróbios em maior ou
menor quantidade. Mas a realidade é que nem tanto o micróbio quanto o equilíbrio
de forças, ou seja, a devida quota de resistência física em contraposição à invasão é
que deve ser levada em consideração. Não é a virulência do micróbio que deve ser
temida, mas a falta de resistência. Em face de uma doença, não se precisaria sair à
caça do vírus dessa doença, conquanto a pesquisa tenha o seu lugar, e não a
critiquemos. Mas é preciso que consideremos primeiro, como da mais alta
importância, a capacidade de resistência do próprio organismo para se defender
contra a invasão dos micróbios.
Qualquer pessoa que tenha vivido um pouco ou que tenha vindo da roça,
já viu como as plantas de terras virgens produzem frutos sadios e saborosos sem
nenhum cuidado especial, nem adubos e pesticidas. Mas logo que se enfraquece a
terra, começam os problemas para a planta. E dentro de algum tempo, nem os
adubos e nem os recursos de pesticidas conseguem evitar as doenças, que
ocasionam a produção de frutos de mau gosto e de péssima aparência.
Adelle Davis, já falecida, que eu considero uma das mais respeitáveis
nutricionistas, relata em um de seus livros uma notável experiência feita nos Estados’
Unidos da América do Norte. Alguns pesquisadores tomaram um pedaço de terra e o
adubaram cuidadosamente durante algum tempo unicamente com matéria orgânica.
Quando a área estava assim enriquecida, cobriram-na completamente com capim
para pastagens. Logo que o campo estava em condições, puseram nele vários
animais jovens, de várias espécies. Após alguns meses, injectaram nesses animais
doses maciças dos mais virulentos micróbios. Uma e duas semanas depois,
extraíram deles amostras de sangue, e não encontraram nele uma única bactéria
viva de todas as que foram injectadas. Todas haviam morrido pela acção bactericida
das defesas orgânicas desses animais. Eles se haviam alimentado de ervas
saudáveis e nutritivas, e seu sangue podia enfrentar e vencer os invasores. Aí se
comprova a sabedoria do ditado caboclo, que diz: “Praga de urubu magro não mata
cavalo gordo.”

Uma Única Enfermidade


Esta é também a opinião de vários médicos e cientistas no mundo. O Dr.
Jonathan Forman, na ocasião editor do jornal de medicina do Estado de Ohio e
distinto presidente da sociedade “Amigos da Terra”, escreveu o seguinte: “Desafio
qualquer pessoa a nomear uma única enfermidade, infecciosa ou parasítica em que
o estado de nutrição dos tecidos do paciente não tenha sido mais decisivo do que o
germe. As pessoas não morrem de doenças infecciosas como se lhes atribuem; mas
realmente, má nutrição, ou subnutrição é a verdadeira causa em cada caso.”
Note-se aí a ênfase dada à importância da alimentação correcta. Primeiro,
o Dr. Forman passa por alto o poder do germe e do verme na produção da
enfermidade, para salientar como de real peso a falta de nutrição das células. E
evidente que ele não menciona aqui “má nutrição” no sentido de apenas carência
alimentar, mas principalmente a subnutrição que resulta de alimentos produzidos em
terras depauperadas, destruição dos nutrientes pelo processamento, e o não
aproveitamento total e satisfatório na assimilação.
Isso tudo envolve um bocado de considerações, que não podemos
desenvolver neste tratado resumido. Mas, de qualquer maneira, o que desejamos
salientar é que não é o micróbio o maior responsável pela doença, e sim o estado de
nutrição dos tecidos. Uma pessoa pode comer abundantemente, ate mesmo dos
mais ricos alimentos, e, entretanto, ter células desnutridas.

Também as Plantas
Há alguns anos eu tinha sobre a minha escrivaninha um vaso com lindas
violetas africanas. Para mim era um descanso mental contemplar diariamente o viço
e a singela beleza daquelas flores. Mas os meses se foram passando, e um dia, de
repente, notei que a planta estava coberta de pulgões brancos. Pensei: “Que posso
fazer para livrá-la desta praga?”
Fui a uma loja especializada na cidade, onde me venderam um insecticida
para esse fim. Dois dias depois da aplicação, vi que havia matado a planta. Mas
notei que um pedacinho do tronco estava vivo. Arrumei nova terra e cuidei daquela
mudinha.
Com o tempo ela se tomou vigorosa e se cobriu de flores belíssimas. Eu
estava feliz outra vez. Mas, passados alguns meses, um dia descobri que ela estava
cheia de pulgões brancos. Então fui a outra loja na cidade e contei o que estava
acontecendo. Lá me venderam um outro tipo de veneno.
Ao voltar para casa, apliquei-o na planta. Dois dias depois, vi que havia
matado a planta. Mas, outra vez, salvou-se uma folha e uma parte do tronco. Cuidei
daquilo com carinho e troquei a terra. Dentro de algumas semanas, pela terceira vez
ela estava muito robusta e cheia de flores.
Entretanto, após alguns meses, um dia vi que estava cheia de pulgões.
Então pensei: “Não é possível! Que devo fazer?” Aí me lembrei da acima referida
experiência, narrada por Adelle Davis, e disse para mim mesmo: “Como pode você
ser tão estúpido, Durval? Você diz em todas as suas conferências que se pode curar
quase tudo com alimento, e como não lhe passou pela cabeça que esses pulgões
estão aí porque a planta está desnutrida?”
Fui à cozinha, fiz um copo de suco de cenouras, e derramei esse suco
directamente sobre a terra, ao redor do tronco da violeta. Deixei os pulgões em paz.
Dentro de alguns dias a planta estava vendendo saúde, com as folhas verdes e
viçosas. E os pulgões?
Não sei o que aconteceu com eles. Não havia um sequer. Desapareceram
todos tão misteriosamente como haviam vindo.
Aprendi uma lição prática. Aprendi por experiência que era verdade o que
o Dr. Forman e outros escreveram. Não há doenças em plantas e animais que
estejam bem nutridos. E este é o conhecimento que devemos praticar, se queremos
ter saúde.

Outros Médicos Reforçam Isto


O Dr. C. W. Cavanaugh, diz: “A realidade é que existe apenas uma
doença geral, e esta é a má nutrição.”
O conhecido médico Dr. Alexis Carrel avançou a tese em favor da
importância da nutrição, dizendo que “se o médico de hoje não for o nutricionista de
amanhã, o nutricionista de hoje será o médico de amanhã”. Também Hipócrates
recomendava: “Teu alimento será tua medicina, e tua medicina será teu alimento.”
Noutra ocasião, disse: “Deixa no recipiente a droga, se puderes curar o paciente com
alimento.”
De todas estas citações, salienta-se a importância da nutrição como factor
de saúde, e, de outro lado, a má nutrição como a causa das enfermidades.
Mas a desnutrição ou má nutrição não é uma questão apenas de
deficiência de alimentação; pois até mesmo os melhores alimentos, ingeridos sem
orientação correcta, podem ser a causa de doenças. E especialmente na segunda
parte desta obra, indicamos que, embora o bom alimento ocupe o lugar de maior
desta que na saúde, há outros factores coadjuvantes, todos à nossa disposição na
Natureza e em nós mesmos. Doutro lado, ao mesmo tempo em que os erros
alimentares e os alimentos de má qualidade e mal combinados preparam o
organismo para a doença, há factores ambientais e de costumes e atitudes, ou de
procedimentos e posições mentais, que produzem enfermidades e a morte.
Em outras palavras, a doença é o resultado, não tanto da superioridade
dos micróbios, quanto dos factores que criam a falta de resistência do organismo
para superá-los, factores estes encimados pela desnutrição.
No capítulo seguinte sugerimos, como que de passagem, uns poucos
factores de doenças que podemos com facilidade excluir de nossa experiência.
Capítulo 3

“A saúde é como a paz – cada uma delas causaria


um pânico maior nos meios industriais.” – Dr. M. H.
Shelton.
Capítulo 3
Factores de Doenças

1. Os Antibióticos - O uso indiscriminado e abusivo de antibióticos como


se pratica em nossa terra, é grande causa de doenças. Todos devem saber que os
antibióticos via oral, tomados frequentemente a propósito de resfriados, dor de
garganta ou outras causas, destroem a flora intestinal e a vitamina K. E a
consequência mais grave, além de outros inconvenientes ponderáveis, é tomar o
corpo carente do complexo B, que é manipulado pela preciosíssima flora intestinal.
Com os antibióticos, colocamos na mesma lista negra as sulfas, que
causam prejuízos idênticos. Temos de aprender a viver sem os remendos das
drogas e outros recursos de laboratórios.
Depois de colocar em prática todos os conselhos deste livro o leitor
compreenderá que talvez nunca mais precise usar antibióticos. Mas enquanto
aguarda a prática deste conhecimento, aqui vai um conselho: A melhor maneira de
refazer a flora intestinal e suprir-se do complexo B, uma vez carente, é usar iogurte
de boa qualidade, lêvedo de cerveja, germe de trigo, farelo de arroz; leite gordo,
coalhada, gorduras não saturadas e nozes. Também abundância de verduras cruas
auxilia.
2. Os Analgésicos - O constante uso de analgésicos ou comprimidos para
dores as mais diversas, é grandemente prejudicial. Esses comprimidos, embora
aliviem uma dor de cabeça, dor de dente, uma cólica menstrual, etc., são a causa da
destruição, ou melhor, da eliminação da vitamina C do organismo, além de prejudicar
também a vitamina K, tão importante para o sangue. Cada analgésico pode continuar
a eliminar do corpo boa parte da vitamina C durante três semanas, porque o
organismo se utiliza dessa vitamina para expulsar as drogas constantes do
comprimido.
Imagine-se, pois, uma jovem que tem cólicas menstruais cada 28 dias,
tomando analgésicos periodicamente, passa três quartas partes de sua vida
eliminando preciosas quantidades de Vitamina C. Não admira que tantas moças
estejam constantemente com problemas em torno deste assunto e outros
consequentes. O que elas precisam é aumentar sua quota de Vitamina C, em lugar
de destruir pelo analgésico a pouca que lhe resta. Tomassem elas diariamente 3 ou
4 copos de leite, sempre precedidos de um bom gole de suco de limão puro, e logo
não teriam mais necessidade de analgésicos; sua cor rosada lhes voltaria, e
estariam bem calcificadas e supridas de Vitamina C.
3. Os Antiácidos - Todos os antiácidos que se tomam após as refeições
para combater a acidez estomacal, destroem o complexo B; e alguns ocasionam
deficiência de magnésio, que pode ser a causa da formação de cálculos renais. Há
maneiras de combinar os alimentos, de modo que não produzam nenhum tipo de
acidez. Não há muita sabedoria em remediar o errado para continuar errando; o que
precisamos é evitá-lo.
Mas no caso de uma acidez já instalada, e enquanto se espera pelo
conhecimento sobre como evitá-la, recomendamos alguns socorros imediatos: Há
pessoas que encontram alívio rápido em um gole de suco de limão, ou engolindo um
dente de alho apenas picado em dois ou três pedaços, sem mastigar. Mas se a
mucosa do estômago está irritada ou inflamada, a melhor coisa é usar, durante
algum tempo, logo após a refeição, um pouco de carvão comum em pó dissolvido em
leite (também 2 ou 3 comprimidos de carvão Merck), ou uma colherinha das de chá
de Geléia Real de boa qualidade e procedência inquestionável.
4. O Cigarro. - Conforme afirmação do Dr. W. J. McCormick, cada cigarro
fumado, anula no organismo 25 miligramas de Vitamina C. Para um indivíduo que
consome uma carteira de cigarros por dia, isto representa um desperdício de 500 mg
de Vitamina C, um verdadeiro assalto às reservas orgânicas. Significa isto que o
fumante é sempre uma pessoa sujeita a resfriados e outras doenças mais graves,
por estar, entre outras coisas, exaurindo seu suprimento, a não ser que esteja
constantemente repondo as perdas.
5. O Acido Oxálico. - O ácido oxálico na sua melhor forma, combina
satisfatoriamente com o cálcio para beneficiar o corpo. Se ambos forem orgânicos, a
combinação será construtiva, visto como o ácido oxálico ajuda a assimilação
digestiva do cálcio e, ao mesmo tempo, estimula as funções peristálticas do
organismo.
Entretanto, quando o ácido oxálico é destituído de sua forma natural por
cozimentos ou processamentos industriais, então ele produz um composto com o
cálcio, destruindo o valor de ambos. Isto pode causar séria deficiência de cálcio,
enfraquecimento dos ossos e a formação de cristais de ácido oxálico nos rins,
resultando em cálculos renais.
Os alimentos que mais favorecem estas condições, são: Primeiro, os
produtos à base de chocolate, em todas as suas modalidades, especialmente
quando já vêm combinados com leite, ovos e açúcar, ou a eles se acrescentam estes
ingredientes na preparação; o feijão, usado abusivamente por populações citadinas
que não fazem exercício e o tomam em combinações impróprias; e as hortaliças que
mais contêm o ácido oxálico e são usadas muito cozidas ou até fritas - o espinafre, a
mostarda, as folhas de beterraba, o nabo, o tomate, etc.
Parece que os efeitos negativos deste ácido são vistos com mais
frequência em crianças alimentadas com derivados de cacau, nessas preparações
que contêm leite, ovos e açúcar. Essas crianças são pálidas, anémicas e sofrem
invariavelmente de inapetência.
6. Alimentos Inferiores. - Os produtos de má qualidade, os vegetais
murchos, velhos, doentes ou machucados, produzem sangue inferior. E fácil
compreender que não se pode obter sangue bom de alimentos pobres e doentes.
Nós somos o que comemos.
Algumas donas de casa, pensando em fazer economia, deixam para ir à
feira nos últimos instantes por volta do meio-dia, quando os produtos estão sendo
arrematados por preços baixos. Então elas levam para sua família grande
quantidade de produtos inferiores: bananas maduras demais e machucadas, tomates
podres e ruins, laranjas murchas, maçãs com partes em decomposição e hortaliças
abatidas pela manipulação e pelo calor. Acham elas que fizeram um excelente
negócio, mas não sabem que sua economia na feira será gasta na farmácia com
acréscimos e dores.
Abundância de alimento ruim não representa aumento de sangue
saudável. Devemos adquirir no mercado os maiores tomates e de melhor aparência,
as maiores maçãs, as verduras mais frescas e viçosas. O aconselhável mesmo é
que cada um procure ter sua própria hortinha caseira, para colher suas verduras na
hora de ir para a mesa. Até os que moram em apartamentos podem ter algumas
hortaliças em vasos na área: salsa, cebolinha verde, alguns pés de dente-de-leão,
caruru, rabanetes, uns pés de alfafa, etc. Quanto mais recentemente colhidas as
verduras, tanto melhor. Adiante, daremos algumas instruções a respeito de como
poderemos ter verduras colhidas na hora da refeição, cada dia, quer estejamos na
cidade ou no campo.
7. Excesso de Alimentos Cozidos. - O excesso de alimento cozido, ou o
comer quase tudo cozido, é outro factor de enfermidade. O Dr. Albert I. Mosséri
afirma que nossas mulheres passam a metade de sua vida na cozinha, ao pé do
fogão a alterar ou a arruinar os alimentos bons. E diz: "Aquele que vive de alimentos
crus gasta menos e ao mesmo tempo vive melhor."
E. G. White diz em seu livro Conselhos Sobre Saúde, que "a grande
quantidade de cozimentos... tem enchido o mundo de inválidos crónicos". Note-se
que os inválidos crónicos são fruto da grande quantidade de alimentos cozidos.
Há algum tempo uma senhora com problemas de coluna e dores
reumáticas me procurou para pedir orientação. Eu lhe disse: "Experimente algumas
semanas de alimentos inteiramente crus, especialmente sucos de hortaliças e
frutas." Cerca de um mês depois ela me disse: "As minhas dores todas
desapareceram."
8. Frituras. - As frituras destroem os ácidos gordurosos essenciais e
causam graves transtornos ao organismo. Sem gorduras de boa qualidade a
vitamina A não pode ser absorvida, e haverá interferência no fluxo da bílis, podendo
ocasionar a formação de pedras na vesícula. Mesmo as pessoas obesas não podem
prescindir da gordura, muito essencial ao metabolismo. Mas toda vez que as
gorduras são aquecidas em cozimentos prolongados ou em frituras, elas se tomam
perigosas à saúde. Ratos de laboratório aos quais foram dados somente alimentos
fritos, todos morreram de câncer do vigésimo ao trigésimo dia. Daí se poderia
depreender que o câncer é um produto das frituras, se bem que esta não possa ser
considerada a causa única dessa enfermidade. Mas pelos transtornos físicos que
elas causam, como prisão de ventre e retenção de gases, mau funcionamento do
fígado, obesidade ou magreza incorrigível e outras, não há dúvida de que tenha sua
quota de responsabilidade também no câncer.
9. Fermentação. - E para resumir aqui as principais causas de
enfermidades, apresentaremos ainda a mais responsável de todas as causas - a
fermentação dos alimentos no aparelho digestivo. Os alimentos que fermentam
depois de ingeridos, estão destinados a causar problemas físicos, além de serem
desperdiçados em até mais de 80% de seus nutrientes.
E são as más combinações dos alimentos quase que a causa única
destas fermentações. Não é a única, porque também alimentos de má qualidade,
frutas e hortaliças murchas, envelhecidas, e produzidas em terras depauperadas,
causam fermentações. Mas as combinações erradas, mesmo de alimentos bons em
si, ocupam o primeiro lugar nas transformações maléficas que sofrem os alimentos
no curso de sua digestão no aparelho digestivo.
Deve-se insistir neste aspecto da questão. Os doentes devem ser
alertados para compreenderem o quanto as mas combinações nutrientes pela
fermentação.
Voltamos a nos referir às palavras do Dr. Forman, pelas quais nos afirma
que só existe uma enfermidade, e que esta única doença é a má nutrição.
Compreendendo que a fermentação destrói grande parte do que se come, senão a
maior parte em alguns casos, facilmente percebemos que uma pessoa assim mal
alimentada durante meses e anos, só pode estar seriamente desnutrida - faminta de
elementos vitais para seu corpo.
E então, não é o micróbio o grande responsável pela doença, e sim o
preparo do terreno pela desnutrição das células. Estas, incapazes de reagirem,
permitem a instalação das bactérias invasoras.
Capítulo 4

“Os homens e as mulheres devem informar-se no


que tange à filosofia da saúde. ... Procurai sempre andar na
luz da sabedoria de Deus; e através de todas as mutáveis
cenas da vida, não descanseis até que saibais estar a
vossa vontade em harmonia com a do vosso Criador.” –
Conselhos Sobre Saúde, págs.37, 405.
Capítulo 4
Uma Experiência Pessoal
Deixem-me contar aqui uma experiência pessoal. Desde muito cedo na
vida interessei-me pelo assunto da saúde. Tenho examinado tudo que posso em
medicina naturista e alguma coisa na convencional. Nos últimos cinquenta anos
tenho lido todo livro que pude adquirir sobre saúde e doença. nas línguas que posso
ler.
Certamente, a maior parte dos autores fez o seu melhor, e todos foram
maravilhosos em suas pesquisas e na exposição de seus conhecimentos. Mas notei
que os assuntos tratados, eram sempre apresentados por um prisma pessoal, e que,
tanto a questão da saúde quanto os tipos de alimentos recomendados, eram vistos
unilateralmente. Por esta razão, os naturistas não têm alcançado maior êxito em sua
pregação e alguns têm até contribuído para que uma causa justa seja vituperada.
Coisas boas, tratadas com estreiteza de mente em alguns casos e contradições em
outros, acarretaram descrédito ao programa de volta ao Éden, volta à Natureza - a
maravilhosa dieta planejada por Deus.
Assim, depois de anos de pesquisa e considerações, decidi que devia
buscar em outra fonte a verdade que faltava nesses autores.
Foi na Bíblia que achei a resposta para harmonizar os bons conceitos dos
vários autores bem-intencionados. Tomei como certo, desde cedo, que só em Deus
há harmonia e perfeição; que tudo no Universo é harmonioso e bonito enquanto há
conformação e submissão à vontade divina; que o transtorno e o desequilíbrio se
verificam quando surge o desvio da ordem no Universo de Deus. Desde a maior
galáxia, estrela ou planeta até ao minúsculo átomo, com seus vários elementos, os
mais infinitamente pequenos órgãos de nosso corpo, suas enzimas e seus
hormónios, todos obedecem a leis certas e invariáveis, sob a direcção incansável e
imutável do Criador.
Assim, pois, aceitei como certo que devia procurar a razão da doença e o
conhecimento da saúde nas leis do Universo, na Bíblia e na Natureza. Li com
atenção e aceitei como científicas as palavras ditas aos filhos de Israel quando
saíram do Egipto. Deus lhes dissera: "Se ouvires atento a voz do Senhor teu Deus, e
obrares o que é recto diante de Seus olhos, e inclinares os teus ouvidos aos Seus
mandamentos, e guardares todos os Seus estatutos, nenhuma das enfermidades
porei sobre ti, que pus sobre o Egipto; por que Eu sou o Senhor que te sara. " Êxodo
15:26
Sempre cri que as promessas de Deus são infalíveis. Então me perguntei
a mim mesmo: Por que é que as pessoas que se chamam filhas de Deus, que
professam crer num Pai amoroso, são atingidas pelas enfermidades, muitas das
quais, as mesmas que atingiram os ateus egípcios? Não era verdade esta outra
promessa encontrada em Êxodo 23:25: "... Eu tirarei do meio de ti as
enfermidades"?
Evidentemente, Deus não Se contradiz. A falha tem de estar com o
homem, pois o texto bíblico é claro em afirmar que a promessa era para o caso de
os homens guardarem os mandamentos e os estatutos que receberam. As leis aqui
referidas não eram apenas especificamente as leis do Decálogo, mas em detalhe as
leis naturais relacionadas com o cuidado do corpo e sua manutenção.
Li as palavras inspiradas da mais iluminada escritora cristã dos últimos
cem anos, Ellen G. White, que afirmou: "Existem muitos meios de praticar a arte de
curar, mas só existe um meio que o Céu aprova. Os remédios de Deus são os
simples agentes da Natureza, que não sobrecarregam nem debilitam o organismo.”
É o Regime Vegetariano o Melhor?
Então me surgiu a mais intrigante das questões. Eu cria piamente que,
diante dos conselhos da Bíblia e da melhor literatura sobre o assunto, o regime
alimentar mais indicado era o vegetariano; e, quando muito, o regime ovo-lacto-
vegetariano. Entretanto, muitas vezes vi morrer de câncer vegetarianos ardorosos e
estritos. Isto me perturbava sobremaneira.
Mas o que me deixava indignado, era quando um desses críticos, que
nada querem investigar, se aproximava de mim e, com toda a delícia infernal do
sarcasmo, dizia: "Está vendo? Que adianta ser vegetariano? Veja Fulano, que era
tão zeloso, não comia carne, não comia fora de hora, praticava a mais rigorosa
sobriedade e temperança, não fumava e não bebia, e morreu de câncer! O regime
vegetariano não salva a ninguém de doenças graves.”
Eu ficava ardendo em desapontamento por não poder responder, embora
pudesse alegar como fato incontestável que morrem muito menos vegetarianos de
câncer do que não vegetarianos. Mas isto não satisfazia a mim, que aceitava como
fato indiscutível, que Deus não mente. A promessa era: "Tirarei do meio de ti as
enfermidades."
Estava convicto de que, se seguíssemos rigorosamente as leis da
Natureza, que são estatutos divinos; se procurássemos conhecer os planos de Deus
para o alimento do homem, conforme indicados na Bíblia, então todas as
enfermidades desapareceriam de nosso meio. Nada menos que a saúde completa e
abundante me satisfazia, porque a promessa era: "Nenhuma das enfermidades porei
sobre ti." Isto significava, nem mesmo um simples resfriado. E eu precisava ter
provas disto, ou produzir essas provas.
E aqui reafirmo minha confiança em Deus e na infalibilidade de Sua Santa
Palavra, as Sagradas Escrituras: Creio honestamente que os filhos de Deus sinceros
e leais, não devem ser doentes. Não há na Bíblia nenhuma prova que contrarie, este
conceito. Eles poderão estar doentes por ignorância, mas é seu dever adquirir os
conhecimentos necessários para sararem.

Em Busca de Compreensão
Eu continuava orando por sabedoria celestial para compreender e
explicar, não com misticismo, mas com conhecimento aquilo que me intrigava.
Muitos bons livros me ajudaram. Ai estão A Ciência do Bom Viver, Conselhos Sobre
o Regime Alimentar, os livros de Waerland, Ehret, Mosséri, Pauchet, Adelle Davis,
Rosenvold e muitas dezenas de outros. Mas todo livro que examinava, só tinha valor
para mim quando podia enquadrar seus preceitos e conceitos no esquema já
montado de que não existe verdade fora do plano de Deus e nem harmonia sem
respeito às Suas leis. Mas ainda persistia irrespondida a pergunta: Por que ficam
doentes os cristãos em face da promessa divina?
Observava em mim o efeito de certos alimentos. Comparei entre si
pessoas com hábitos diferentes. Vi através dos anos pessoas transformarem toda a
sua aparência pela mudança das maneiras de comer. Queria comprovar o conceito
de que o homem é o resultado do que come. Pessoas de pele grossa, ficavam com
a pele mais fina; brancos enegreciam com regimes deficientes; pessoas da raça
amarela ficavam com a pele fina e rosada. Assim me pareceu que o alimento era o
maior responsável pelas grandes mudanças na aparência dos indivíduos, influindo
ao mesmo tempo em sua saúde.
Considerei: Veja-se o fato de que os patriarcas antediluvianos,
vegetarianos, viveram um mínimo de oitocentos anos; que os pós- diluvianos,
carnívoros, em apenas nove gerações, baixaram rapidamente sua duração de vida
de 600 para apenas 148 anos. E dali por diante, poucos ultrapassaram ou atingiram
essa idade. Outro fato a considerar é que os israelitas estiveram 40 anos no deserto
comendo o maná e nunca ficaram doentes. Para mim, parecia ser sem dúvida que o
alimento era preponderante na saúde e na enfermidade. Era necessário descobrir
onde os vegetarianos estavam errados e traziam a doença sobre si.
Perguntava-me a mim mesmo: Por que é que uma criança que nasceu
vendendo saúde, robusta e bela, dentro de alguns dias está com febre e o rosto
ardendo em brotoejas? Por que é que uma jovem bonita, depois de alguns anos e
alguns filhos adquire um corpo horrível, pernas cheias de varizes ou erisipela,
celulite por toda parte? Por que se operam transformações berrantes em certas
pessoas, que desenvolvem narizes assombrosos, orelhas grossas, protuberâncias
em partes do corpo, deformações nas articulações?

Seria o Intestino o Responsável?


Estas e outras perguntas me estavam levando ao ponto desejado. Kuhne
dizia que toda doença entra pela boca. E o povo diz: "Pela boca morre o peixe." O
Dr. Victor Pauchet acreditava que as doenças tinham origem nos intestinos com a
prisão de ventre. Alguns médicos europeus chegaram a sugerir a extracção do
"cólon assassino" como meio de evitar a doença.
Eu estava convencido de que toda doença tem uma causa, e que nós
construímos o estado de doença assim como o da saúde. Princípios e leis devem
ser seguidos se quisermos ser sadios. E estes princípios e estas leis, nós os
encontramos observando a Natureza, estudando nosso corpo e relacionando tudo
com a ordem no Universo.
Precisava de um ponto de partida, e este encontrei em frases e
pensamentos esparsos. O Dr. Tom Douglas Spies, numa reunião anual da American
Medical Association, disse o seguinte: "Se tão-somente conhecêssemos o bastante,
todas as doenças poderiam ser evitadas e curadas pela nutrição apropriada. . .. Se
pudermos ajudar os tecidos a repararem-se a si mesmos, corrigindo suas próprias
deficiências nutricionais, poderemos fazer a velhice esperar."
Outro médico americano, o Dr. George D. Crile, director da Crile Clinic,
disse: "Não há morte natural. Todas as mortes das assim chamadas causas
naturais, são meramente o ponto final de uma progressiva saturação ácida. "
E para citar apenas mais uma autoridade médica, transcrevemos as
palavras do famoso cirurgião inglês, Sir William Abuthnot Lane: "Existe apenas uma
doença - drenagem deficiente." E depois, falando numa recepção feita pelo corpo
médico do Johns Hopkins Hospital and Medical College, disse, referindo-se ao
câncer: "Ele é causado por venenos criados em nosso corpo através do alimento
que comemos. ... O que devemos então fazer, se queremos evitar o câncer, é comer
pão de trigo integral, frutas e hortaliças cruas; primeiro, para que sejamos melhor
nutridos, e segundo, para que melhor possamos eliminar os dejectos. ... Temos
estado a estudar os genes, quando deveríamos ter estado a estudar dieta e
drenagem. . .. O mundo tem estado na pista errada. A resposta tem estado
connosco o tempo todo. Drene o corpo de seus venenos, alimente-o
apropriadamente, e o milagre estará feito. Ninguém precisa ter câncer, contanto que
se dê ao trabalho de evitá-lo."
Note-se que, de todas estas citações e as de outros autores
anteriormente mencionados, a preocupação sempre é o regime alimentar
conveniente e intestinos limpos. Mas então, como se poderia explicar o fato de que,
mesmo comendo os melhores alimentos, ainda alguns morriam de câncer? Parecia
razoável, ou pelo menos ponderável, que faltava um elemento para completar o
conjunto. Onde estava a solução para o problema?
Entra a Fermentação
De vez em quando, alguns autores mencionavam a "acidez". A princípio
parecia justo que o correcto seria separar os alimentos de efeito ácido daqueles de
efeito alcalino, no regime vegetariano. Ambos os tipos são excelentes como
alimentos. Que procedimento seguir para evitar a acidificação dos alimentos depois
de ingeridos?
Continuando a pesquisa, notei que os livros de E. G. White sobre saúde e
alimentação, mencionavam frequentemente as palavras "combinação" e
"fermentação". Insistiam em que devemos, aprender a combinar convenientemente
os alimentos e não toma-los em grande variedade ou em demasia, porque mesmo
os alimentos bons e bem combinados, mas comidos sem sobriedade, causam
fermentação.
Por esse tempo, jornais e revistas publicaram a informação de que um
pesquisador europeu, intrigado havia muitos anos com o conhecimento de que as
cabras não sofrem de câncer, tinha pesquisado até descobrir que uma série de
glândulas intestinais nesses animais, derramam sobre o alimento em digestão sucos
antiácidos, que anulam qualquer acidez.
Quando li isto, lembrei-me de uma notável frase de E. G. White, que se
encontra no livro Conselhos Sobre o Regime Alimentar, pág. 493:
"Recuso-me a pôr no estômago, sabendo, qualquer coisa que ocasione
fermentação. Este é o dever de todo adepto da reforma pró-saúde. Precisamos
raciocinar de causa para efeito. E nosso dever ser temperantes em tudo."
Aí eu tinha a resposta tão almejada, e esta é a resposta para todos nós.
Evitemos as más combinações que causam fermentações, e teremos evitado as
doenças. Entretanto, era preciso que alguém pudesse provar por experiência a
validade do programa, e esse alguém deveria ser eu mesmo. Errando e acertando,
comecei a pôr em prática o que sabia. E hoje, com mais de setenta anos de idade,
me sinto mais sadio do que em qualquer outro tempo de minha vida após os vinte
anos. Nos últimos vinte e um anos nunca mais precisei de médico ou farmácia,
graças a Deus.
Especialmente nos últimos dez ou doze anos tenho proferido centenas de
conferências sobre nutrição e saúde em escolas, igrejas, clubes e outros lugares
para os quais sou convidado; o tempo tem sido suficiente para provar os efeitos
maravilhosos dos métodos que apresentamos neste livro. E o testemunho de todos
os que levaram a sério o programa é de molde a estimular-nos a prosseguir.
Ninguém que se tenha orientado inteligentemente por estes princípios ficou
desapontado.
Capítulo 5

“É propósito do Senhor que o Seu povo volte a


viver de simples frutas, verduras e cereais.”
”O Senhor tem ciência e compreensão para
conceder a todos que desejarem usar sua habilidade no
esforço de aprender como combinar os produtos da terra
de modo a torná-los alimentos saudáveis, simples e
facilmente preparados.” – Medicina e Salvação, págs. 277 e
267
Capítulo 5
Correctas Combinações de Alimentos
Há várias maneiras de evitar as fermentações e putrefacções dos
alimentos no aparelho digestivo. E evidente que até sentimentos e atitudes
perturbam a digestão, mas aqui falaremos agora apenas da técnica de combinar os
alimentos a fim de evitar a fermentação. Entretanto, em primeiro lugar, vamos trazer
mais algumas informações valiosas extraídas de Conselhos Sobre o Regime
Alimentar.
Efeitos da Abundante Variedade de Pratos- "Muitos ficam doentes por
indulgência para com o apetite. ... São introduzidas no estômago muitas variedades,
cujo resultado é a fermentação. Esta condição produz enfermidade aguda, seguindo-
se frequentemente a morte. - Idem, pág. 110.
"A variedade de alimentos numa mesma refeição produz indisposição, e
destrói os benefícios que cada artigo, se tomado sozinho, traria ao organismo. Esta
prática produz constante sofrimento, e muitas vezes a morte." - Ibidem.
Qual a Variedade Recomendada? - "Não deve haver muitas espécies na
mesma refeição, mas todas as refeições não devem constar dos mesmos pratos,
sem variação. A comida deve ser preparada com simplicidade, todavia de maneira a
se tornar apetecível " - Ibidem.
"Seria muito melhor comer apenas duas ou três diferentes espécies numa
refeição do que lotar o estômago com muitas variedades." - Ibidem.
"Não tenhais à mesa numa mesma refeição, variedade muito1 grande de
alimentos; três ou quatro pratos são o bastante. Na refeição seguinte podeis ter uma
mudança. Deve a cozinheira apelar para as suas faculdades inventivas a fim de
variar os pratos que prepara para a mesa, não devendo o estômago ser compelido ,
a tomar as mesmas espécies de alimentos refeição após refeição." - Idem, págs.
109, 110.
Efeitos das combinações impróprias:- "Criam-se perturbações mediante
combinações impróprias de alimentos; há fermentação,. o sangue fica contaminado
e o cérebro confuso. ... A quantidade ' excessiva de alimento ingerido, ou a sua
combinação imprópria, faz a sua obra prejudicial. Em vão dão sua advertência os
avisos desagradáveis. O sofrimento é a consequência. A doença toma o lugar da
saúde." - Idem, págs. 110, 111.
Em resumo, temos nestes conselhos inspirados o seguinte: Para evitar as
fermentações e a consequente doença, não devemos ter numa mesma refeição
mais do que dois, três ou quatro pratos diferentes de alimentos. Mas devemos
sempre variá-los de refeição para refeição, não somente com o fim de evitar a
monotonia, mas também devido ao fato de que maior variedade de alimentos dará
ao corpo maior quantidade de nutrientes importantes e necessários.
Mas como tudo que foi dito até agora ainda poderia deixar margem para
erros, apresentaremos um plano em que classificamos os alimentos e os colocamos
em apenas cinco diferentes tipos de combinações, de maneira que até as pessoas
mais simples poderão aprender a fazer combinações correctas.

O Processo da Digestão
Como é sabido que os alimentos se agrupam em tipos que exigem
digestões diferentes umas das outras, é lógico que também os separemos conforme
a espécie, e não os tomemos juntos na mesma refeição. Os alimentos mais ricos em
hidratos de carbono como os que provêm principalmente dos cereais e tubérculos,
começam sua digestão na boca, sob a acção da ptialina. Mas os alimentos
protéicos, como os feijões, os ovos, a carne e o queijo recebem sua maior
contribuição no estômago, sob os efeitos da pepsina do suco gástrico, em ambiente
ácido. Os sucos que digerem os hidratos de carbono e os que atuam sobre as
proteínas são elementos diferentes, que não se comportam bem quando forçados a
estar juntos.
Queremos acentuar que não somos de todo contrários a uma combinação
de proteínas vegetais da espécie de feijões com cereais integrais e algumas
oleaginosas. Mas em geral, especial- mente as pessoas com problemas de digestão,
notarão que uma combinação mais rigorosa como a que fazemos adiante, evita
esses problemas, lhes dá mais lucidez mental e lhes tira a característica sonolência
após as refeições. O grande objectivo é impedir as fermentações destrutivas.
Visto como a fermentação pode destruir até pouco mais de 80% dos
nutrientes ingeridos, acontece que, mesmo as pessoas que comem bem, podem ser
mal nutridas. Não é tanto a quantidade que ingerimos ou a qualidade do que
ingerimos que tem real valor, mas sim o quanto aproveitamos daquilo que comemos.
A pessoa pode comer cem unidades de nutrientes, dos quais apenas 20 se
incorporam ao organismo, porque a fermentação se encarrega de destruir o restante.
Comer bem é mais do que comer alimentos de boa qualidade; é comer de
tal maneira, que o máximo dos nutrientes seja incorporado.
O processo da digestão deveria ser mais amplamente discutido, dada a sua
tremenda importância para a saúde; mas este livro não é um tratado de fisiologia, de
modo que temos de resumir o assunto. Nosso objectivo principal é atacar o maior
inimigo da saúde na digestão, que é a fermentação.
Como as proteínas são digeridas no estômago, em ambiente ácido, é
evidente que, se com elas introduzirmos amiláceos, a digestão destes será
prejudicada, daí resultando consequências desastrosas. A digestão dos hidratos de
carbono é perturbada pela incidência de ácidos estomacais; e a digestão das
proteínas sofre uma diminuição dos fluxos estomacais quando em presença dos
primeiros.
Assim, o processo da digestão para ambos os elementos, sofre . urna
redução de seu poder e eficácia, fazendo com que ele não complete seu trabalho
satisfatoriamente; e os alimentos não totalmente digeridos entrarão num estágio de
acidificação de resultados indesejáveis para a saúde.

Combinações
Aqui vão agora as combinações dos vários alimentos. Como já dissemos
anteriormente, são apenas cinco combinações:
- Proteínas com hortaliças e oleaginosas
- Cereais com hortaliças e oleaginosas
- Tubérculos feculentos com hortaliças e oleaginosas
- Cereais com frutas e leite
- Frutas ácidas e leite
Aí temos praticamente todos os alimentos de sobre a face da Terra em
apenas cinco combinações fáceis, que qualquer pessoa menos douta pode decorar
e tê-las na mente em qualquer ocasião, quer tenha de preparar suas próprias
refeições, quer tenha de tomar uma decisão para escolher os pratos que lhe convêm
numa mesa fora de casa.

Algumas Explanações
É bom lembrar que no caso das combinações dos alimentos há muita
divergência, especialmente quando se consideram suas classificações. E não
pretendemos aqui classificar os alimentos, pois teríamos de entrar em
especificações discutíveis, que não aproveitariam aos interesses das boas
combinações. O que desejamos é simplificar ao máximo, a fim de que doutos e
indoutos possam compreender e aplicar.
Proteínas - Por proteínas, conforme apontadas na primeira combinação
acima, consideramos apenas quatro tipos de alimentos: - Todos os feijões, de todas
as cores e tipos, incluindo ervilha, grão-de-bico, lentilha, fava, soja, etc.; todas as
carnes de qualquer espécie de animal, quer sejam quadrúpedes, aves ou peixes;
todos os queijos frescos ou curados; e todos os ovos. Assim, de um modo bem
simples, diremos que as proteínas a serem combinadas com hortaliças e
oleaginosas são: Feijões, carnes, queijos e ovos. Podemos usar mais do que uma
proteína por vez, e no caso dos feijões sempre deveríamos obrigatoriamente incluir
mais uma proteína. As razões para isto, daremos no oitavo capítulo.
Cereais - Aqui preferimos a designação "cereais", em lugar de "hidratos
de carbono", para não confundir com outros hidratos de carbono, como os
tubérculos feculentos e as frutas, que virão abaixo, servindo a outras combinações.
E absolutamente não desejamos incluir aqui nenhum outro hidrato de carbono, nem
mesmo o açúcar. Cereais são os grãos amidosos, como arroz, trigo, centeio,
cevada, aveia, milho, sorgo, trigo sarraceno, etc. Nesta classificação, entram
também os derivados de cereais como fubá, farinha de trigo ou outros cereais, pão,
polenta, macarrão, etc.
Tubérculos Feculentos - São tubérculos feculentos: mandioca, batata-
doce, batatinha, cará, mandioquinha, mangarito, taioba, inhame, etc. Note-se que
aqui não incluímos cenoura, beterraba, nabo, rabanete e outras raízes não
feculentas. Estas têm outra classificação.
Oleaginosas - São oleaginosas as nozes de todas as espécies, incluindo
avelãs, amêndoas, castanhas do pará e de caju, pecã, amendoim, sementes de
girassol, de gergelim, de abóboras e outras, as azeitonas, os óleos comestíveis, as
gorduras animais, etc.
Hortaliças - Como hortaliças, consideramos todos os artigos das hortas:
Alface, couve, repolho, chicória, agrião, caruru, dente-de-leão, leguminosas verdes
como ervilha, feijão em vagem, raízes como cenoura, beterraba, nabo, rabanete e as
de frutos, como berinjela, jiló, pepino, pimentão, etc. Alguns apresentam argumentos
controvertidos a respeito do tomate, mas parece que a maioria concorda que ele vai
bem com outras frutas da horta, como o pepino, a berinjela, jiló, pimentão, abóbora
ou abobrinha e também com azeitonas, abacate e cereais, melhor do que com frutas
doces ou ácidas.
Frutas - Parece que se torna desnecessário especificar as frutas, pois que
não há muita dúvida a respeito. Já mencionamos anteriormente as frutas da horta e
também as da família das oleaginosas, de modo que restam apenas as que são
usadas como sobremesa, complementos alimentares e pratos especiais. Elas se
dividem em doces, ácidas e semi-ácidas. Alguns autores preferem recomendar o uso
das frutas por categoria, o que achamos mais aconselhável particularmente para
pessoas com estômago delicado. Embora não exista nos livros de saúde de E. G.
White nenhuma indicação específica de que não possamos usar frutas de diferentes
classes numa mesma refeição, há, no entanto, o conselho de evitar as grandes
variedades. Daí, depreendemos que é aconselhável moderar a variedade, e talvez
evitar combinar numa mesma refeição as muito doces com as muito ácidas.
Há autores que chegam a recomendar apenas uma espécie de fruta em
cada refeição, indo ao extremo de não comerem nenhum outro alimento com essa
fruta. Conquanto esse procedimento possa ser válido para pessoas com organismos
extremamente delicados e afectados, não encontramos em nenhuma fonte fidedigna
qualquer indicação expressa a respeito, contrariando o uso de algumas frutas com
cereais.
Parece, pois, razoável, que possamos comer numa mesma refeição
algumas frutas diferentes, não em demasia, e com elas alguns cereais, ou umas
torradas, e um copo de leite, conforme indicamos acima, em nossa lista de
combinações.
Capítulo 6

“No uso dos alimentos devemos exercer


discernimento e bom censo. Ao percebermos que certo
alimento nos não convém,... mudemos a dieta; usemos
menor quantidade de alguns alimentos; experimentemos
outras preparações. ... Como seres inteligentes, estudemos
individualmente os princípios e usemos a nossa
experiência e discernimento para decidir quanto e que
alimentos nos convém.” – Conselhos Sobre Saúde, págs.
476, 477.
Capítulo 6
A Importância da Proteína
Praticamente tudo em nosso corpo depende de proteínas. Sem proteínas
não se constrói uma única célula em nosso corpo. A pele, os órgãos internos, o
cérebro, os nervos, os músculos, o cabelo, as unhas, todos precisam de proteína
para formar suas células, e até mesmo os ossos têm na base a proteína. Daí é
evidente que só podemos gozar saúde perfeita quando fornecemos ao corpo
proteínas em quantidade razoável e de boa qualidade.
A pessoa que ingere diariamente pelo menos sua quota de proteína que
tenha todos os componentes , essenciais e outro tanto dos chamados não
essenciais, está-se resguardando ; de problemas físicos no presente e, em parte,
protegendo o seu futuro. A proteína não é apenas a substância essencial da célula,
mas até certas manifestações vitais oriundas de funções orgânicas, como
movimentos peristálticos, elasticidade da pele, fabricação de anticorpos, produção
de enzimas, etc. precisam de proteínas. Os próprios transmissores de comunicações
nervosas dependem de minúsculas partículas de proteínas.
O indivíduo bem nutrido não precisa de estímulos especiais para manter o
corpo erecto ou de suportes mecânicos para evitar pés chatos ou ossos que vergam
ao peso do corpo. A Dra. Adelle Davis adverte que quando uma mãe diz ao filho:
"Endireite o corpo", ela se está acusando a si mesma de haver negligenciado seu
dever de fornecer à criança a necessária quota de proteína.
Há alguns anos, após uma de minhas conferências sobre nutrição e
saúde, uma senhora me abordou com um problema. Seu filho de quatro anos não
podia andar um dia sequer sem suas botas ortopédicas, que logo suas pernas
entortavam. Prescrevi-lhe um programa de alimentação. Cerca de cinco anos depois
nos encontramos outra vez, e essa mãe me disse que, quinze dias após o início do
tratamento com o regime prescrito, o menino havia abandonado as botas
ortopédicas para nunca mais usá-las; e que agora jogava bola com os
companheiros, e como qualquer deles.

Nas dilatações e distensões


Quando as artérias e veias se dilatam, quer seja no caso de varizes,
hemorróidas ou outras distensões; nos casos de derrame cerebral, rompimento de
vasos sanguíneos, obstruções de artérias e outros problemas relacionados, sempre
uma dose adequada da devida proteína teria evitado a anomalia. Mas, graças a
Deus, que ainda não é tarde demais para os portadores de tais problemas
recuperarem a saúde. Tenho visto pessoalmente dezenas de indivíduos se
restaurarem completamente desses males em pouco tempo, tão logo adoptaram um
programa racional de alimentação em que a proteína estava presente em porções
notáveis, como adiante indicaremos.
Vi há alguns anos um senhor de 75 anos de idade com enormes varizes
em ambas as pernas e uma chaga aberta cobrindo cada um dos tornozelos
internamente. Não parecia que uma pessoa tão idosa, pudesse sarar de tais varizes.
Entretanto, com o alimento por nós indicado, em 30 meses ele estava com as pernas
completamente lisas, sem nem ao menos o sinal de que houvesse tido varizes. E as
feridas nos tornozelos haviam cicatrizado perfeitamente.
É evidente que, não havendo suficiente proteína, a falta de reposição de
células, impede a devida elasticidade dos tecidos e permite a dilatação das artérias,
tecidos e órgãos, que assim permanecem até ocorrer o distúrbio. Mas toda vez que
salientamos o valor da proteína com todos os seus componentes, queremos dizer
que, na maioria dos casos, não basta que a proteína seja completa: ela tem de ser
preferencialmente de fonte vegetal e originária de várias substâncias, e bem
combinada, a fim de evitar os grandes desperdícios ocasionados pelas más
combinações.

No Envelhecimento Precoce
Há um incontável número de actuações da proteína no organismo, que a
torna demais preciosa. O cabelo, as unhas e a pele modificam o aspecto em poucos
dias, tão logo se ponha em vigor um plano sábio de alimentação, em que a
porcentagem de proteína seja considerada com destaque. Ninguém precisa perder o
cabelo que tem, ou tê-lo quebradiço, áspero, seco e sem brilho, ou mesmo
malcheiroso. As unhas devem ser lustrosas por natureza, bem formadas e
resistentes, e a pele deve ter todas as características da saúde, assim
permanecendo por quase toda a vida.
Ninguém precisa envelhecer prematuramente, como é o caso com
pessoas que, ainda jovens, já têm as marcas da velhice. Podemos prolongar a
juventude de nossa aparência sem recursos artificiais, e o vigor físico e a sensação
de bem-estar, sem estimulantes. Do ponto de vista da capacidade das nossas
células, é fora de dúvida que podemos atingir boa longevidade livres da maior parte
dos males que afligem os idosos. Para isto bastaria que soubéssemos o que comer
e como fazê-lo, e que vivêssemos em conformidade com a Natureza o tempo todo,
do berço ao túmulo.

Nas Defesas e Equilíbrios Funcionais


As proteínas são a matéria-prima de que se fazem muitos dos hormónios
de nosso corpo. A produção de anticorpos para nos defenderem da doença tem sua
base em proteínas. Estas são igualmente necessárias para evitar que os fluidos de
nossos órgãos sejam demasiado ácidos ou alcalinos, ou para combiná-los a fim de
neutralizar os excessos.

Na Obesidade
As pessoas obesas cometem um erro gravíssimo ao passarem fome para
emagrecer. Não é de menos comida que necessitam, senão do alimento correcto.
Elas devem chegar ao seu peso de tabela comendo à saciedade, porém do alimento
certo.
Organizei programas de alimentação para gordos que chegaram a perder
de 40 a 60 quilos em seis meses, sem deixar uma ruga e sem passar fome de
qualquer maneira. Os mais insaciáveis glutões deixaram em paz a geladeira dentro
de 3 ou 4 dias, desde o momento em que lhe foram aumentadas as proteínas
vegetais. Verifiquei em centenas de casos que não era de abstinência que
necessitavam, mas de maior quantidade de proteína - a proteína correcta, sem os
desperdícios ocasionados pelas más combinações.

Na Gravidez e na Amamentação
De modo especial, na gravidez e na amamentação, a mulher precisa
aumentar sua quota de proteínas em cerca de 50%, conforme a indicação
encontrada na página 75. Muito da fome e gulodice da gestante é fome de proteínas.
A falta de leite na que amamenta é carência alimentar. Bem entendido, carência dos
correctos nutrientes de que o organismo necessita para o desempenho de suas
funções. A Dra. Adelle Davis frisa isto repetidas vezes em seu livro Let's Have
Healthy Children.
Nenhuma mãe precisaria ter falta de leite para seu filho, caso fosse
devidamente orientada quanto a sua alimentação durante a gravidez e até antes
dela, e depois, enquanto amamentasse.
Capítulo 7

“ Ao ver o médico que a doença que se apossou do


corpo é o resultado do comer e beber impróprios, e
contudo negligencia dizer ao paciente que seu sofrimento
é causado por uma maneira de agir errada, está causando
um prejuízo à família humana.” – Medicina e Salvação, pág.
49.
Capítulo 7
Os Aminoácidos
As proteínas são o que são os seus aminoácidos. Elas valem tanto
quanto seus componentes em ácidos aminados. Em outras palavras, uma proteína é
mais importante que outra na proporção em que tem maior ou menor quantidade de
ácidos aminados e, entre estes, aqueles que são denominados aminoácidos
essenciais. Mas diga-se de passagem, que não existem aminoácidos não
essenciais; todos são essencialíssimos. O que há é que oito deles são chamados
essenciais porque o corpo não os pode sintetizar; mas todos executam no
organismo funções precisas e atuam na formação de enzimas e hormónios
preciosos. Demais, na ausência de algum aminoácido, os outros existentes fabricam
o faltante.
Além disto se sabe hoje que outros aminoácidos fora os oito são também
essenciais à saúde, especialmente quando se tem de usar métodos artificiais para
nutrir o enfermo. Prolina, por exemplo, suprida com outros clássicos, produz uma
melhor retenção do nitrogénio.
Mas outros dois aminoácidos - arginina e histidina - são muito
importantes, e deveriam ser supridos com Prolina, quando agregados aos
essenciais. E há evidências de que pelos menos crianças recém-nascidas e as
prematuras, deveriam receber também tirosina e cistina, pois seu organismo não
está em condições de manipular estes aminoácidos, quando sujeitas à alimentação
artificial.

Aminoácidos Essenciais
Isoleucina, Lisina, Metionina, Triptófano, Leucina, Fenilalanina, Treonina, Valina

Coadjuvantes
Arginina, Histidina e Prolina

Essenciais Para Recém-nascidos e Prematuros


Tirosina, Cistina

Utilidade Destes Aminoácidos e Suas Fontes


Isoleucina - É importante na renovação dos glóbulos vermelhos e tecidos
do corpo, e no metabolismo. Nas crianças e adolescentes, atua na glândula timo; e
na pituitária e baço tanto em crianças como em adultos. Sua ausência prejudica a
função do fígado na produção de anticorpos, de modo que haverá susceptibilidade
para infecções e propensão para inchação. A deficiência deste aminoácido afecta
igualmente o nível de leucina e valina. Encontra-se isoleucina em quantidades
estupendas no lêvedo de cerveja, no peixe defumado e no soja; depois, ainda em
quantidades muito boas, nas nozes e outras oleaginosas, nos legumes,
especialmente tremoço e lentilha, na carne e nos ovos; e por fim, no queijo e no
germe de trigo.
Leucina - A função da leucina é contrabalançar a influência das funções
de isoleucina. Este aminoácido é encontrado nos mesmos alimentos do anterior, e
mais ou menos na mesma ordem de proporções.
Lisina - Este aminoácido é de extrema importância, visto relacionar-se de
perto com as glândulas da reprodução. E essência na participação em grupo no
corpo pineal, que se relaciona com o desenvolvimento sexual do homem; com as
glândulas mamárias; com o corpo lúteo, que produz a progesterona, tão necessária
à renovação da mucosa uterina nos intervalos das menstruações; e com os ovários.
Demais, está presente na preservação da destruição das células e tecidos, e nas
funções do fígado e vesícula, actuando de modo especial no metabolismo das
gorduras. Há a possibilidade de que a deficiência de lisina cause retardamento
mental nas crianças em desenvolvimento, e a perda de cistina na urina. É um
aminoácido muito sensível ao calor, de modo que é prejudicado toda vez que sofre
altas temperaturas como as usadas no tratamento do leite para torná-lo em pó e na
sua concentração, e igualmente as nozes para se conservarem. Esta proteína,
quando tratada com calor nos alimentos que se podem comer crus, passa de
completa para incompleta. Melhor mesmo seria comer os alimentos que a contêm,
em seu estado o mais natural possível. Encontra-se lisina nos seguintes alimentos:
Primeiro no peixe defumado, no lêvedo de cerveja e no soja; depois na lentilha,
ervilha, tremoço, germe de trigo, feijão, carne e queijo; e a seguir, nos ovos, nas
sementes oleaginosas, principalmente a linhaça, nas nozes, no farelo de trigo e nos
cereais.
Fenilalanina - Este ácido aminado tem sua acção nos processos da
eliminação de matérias de despejo, tanto os resíduos dos alimentos como os tecidos
do corpo e as células mortas. Mas sua eficácia se reduz sensivelmente na presença
do álcool no organismo. Deste modo, a pessoa que bebe qualquer quantidade e
qualquer espécie de bebida alcoólica, especialmente às refeições, prejudica os
benéficos efeitos deste aminoácido. Esta proteína tem
acção envolvente nas actividades dos rins e da bexiga. Sua ausência é marcada por
olhos vermelhos com intumescência, uma característica, talvez, pelo exposto acima,
daqueles que se dão aos grandes jantares bem regados com bebidas alcoólicas. Os
alimentos que suprem fenilalanina são: Primeiro soja, lêvedo de cerveja, peixe
defumado e amendoim; depois lentilha especialmente, mas também todos os demais
legumes secos e o germe de trigo; e a seguir, as carnes, os ovos, a aveia como a
primeira entre os cereais, e todos os restantes cereais integrais.
Metionina - Este é um dos aminoácidos que contêm enxofre, e muito
precioso. Presente nas funções do baço, das glândulas linfáticas e do pâncreas. É
elemento vital dos glóbulos vermelhos; todas as células necessitam dele. Somente
quando há metionina sobrando é que o organismo com ela fabrica colina, uma
importante vitamina do complexo B e considerada um factor emoliente da dissolução
do colesterol e de pedras na vesícula. Quando as crianças crescem demasiado
rápido, podem desenvolver nefrite, se não houver um bom excesso de metionina.
Nos casos de ferimentos graves, a restauração e cicatrização são tanto mais rápidas
quanto mais metionina houver. Sua ausência danifica o fígado, permite que gordura
nele se acumule, e o impede de fabricar anticorpos. Verificou-se que nos casos de
febre reumática e nos de toxemia das gestantes, metionina está ausente, e também
na queda dos cabelos. O aumento de metionina na dieta ajuda a manter o equilíbrio
proteico no corpo, mesmo quando não é alta a taxa de lisina, pelo maior uso de
cereais, que são deficientes neste aminoácido. Metionina também auxilia no
crescimento e diminui as concentrações tóxicas no plasma, no fígado e nos
músculos, impedindo as lesões tóxicas. Encontra-se este aminoácido primeiro no
peixe defumado e na castanha-do-pará; depois no lêvedo de cerveja e no gergelim;
e a seguir no queijo, soja, amêndoas, galinha e peixe fresco, germe de trigo e
amendoim.
Treonina - Muito actuante na mudança dos átomos dos aminoácidos no
corpo, estabelecendo equilíbrio entre suas cadeias estruturais e respectivas funções.
Portanto, essencial no metabolismo humano. O treonina favorece o desenvolvimento
físico, diminui as concentrações tóxicas no organismo e impede as lesões causadas
por toxidez. Alimentos em que se encontra treonina: Primeiro, lêvedo de cerveja,
peixe defumado, soja, tremoço, leite em pó e germe de trigo; depois lentilha, ervilha,
feijão, peixe fresco, carne de vaca e sementes de linhaça; e a seguir, carne de
galinha, amendoim, gergelim, grão-de-bico, gema de ovo, algas marinhas, ovo
integral e nozes.
Triptófano - O aminoácido restaurador - substância básica na reprodução
de células e tecidos, desde as células do sexo até às últimas de todos os tecidos do
corpo. Quando o triptófano é escasso, os testículos dos animais se atrofiam e as
fêmeas envelhecem rapidamente, o que naturalmente deve acontecer também com
os seres humanos. A ausência desse aminoácido faz com que o fígado não produza
anticorpos, e há susceptibilidade para infecções, inchação do corpo e queda dos
cabelos. O triptófano tem que ver com a actividade eficiente do sistema óptico, e
está presente na formação dos sucos gástricos e em suas funções. Apenas um
grama de triptófano é o bastante para a despesa diária do corpo humano; e embora
os alimentos não tenham grande quantidade dele, não é difícil conseguir a quota
necessária. Encontra-se triptófano, primeiro no soja, no lêvedo de cerveja e no peixe
defumado; depois no leite em pó, sementes de linhaça, castanha-do-pará, tremoço e
amendoim; e a seguir no gergelim, nozes, germe de trigo, gema de ovo, pistácio,
feijão, queijo, peixe fresco, galinha, sementes de girassol, carne de vaca e de
ovelha, ovo integral, cevada e farelo de trigo.
Valina - Este ácido aminado está envolvido nas funções de todas as
glândulas relacionadas com o corpo lúteo, as mamas, os ovários, e as que
participam de seu correspondente grupo glandular. Portanto, muito relevante em
todas as funções da reprodução na mulher e em suas actividades sexuais. A valina é
encontrada primeiro no lêvedo de cerveja, peixe defumado, soja, leite em pó, nozes
e amêndoas; depois no queijo, pistácio, amendoim, lentilha, sementes de linhaça,
peixe fresco, ervilha, galinha e feijão; e a seguir, na gema de ovo, gergelim, grão-de-
bico, algas marinhas, trigo sarraceno, avela e farelo de trigo.
Arginina - Actuante na contracção dos músculos e parte importante na
formação da cartilagem e ossos, e assim essencial na utilização do cálcio. Controla
os processos que impedem a degeneração das células e evitam a formação de
úlceras e focos cancerosos. Mantém a estrutura e o bom funcionamento dos órgãos
sexuais. Sua ausência causa esterilidade nos animais, e diminui no homem a
formação do esperma e sua mobilidade. Encontra-se arginina primeiro nas nozes,
amendoim, soja, tremoço, gergelim e peixe defumado; depois na castanha-do-pará,
ervilha, lentilha, sementes de linhaça, germe de trigo, amêndoas, lêvedo de cerveja,
grão-de-bico e pistácio; e a seguir no feijão, trigo sarraceno, sementes de girassol,
gema de ovo, as carnes bovina, de aves e peixes, farelo de trigo, coco, aveia e leite
em pó.
Histidina - Importante no fígado para a formação do glicogénio e no
controle do muco patogénico. E componente activo da hemoglobina e responsável
pela geração e mobilidade do esperma. Sua ausência causa problemas na
gestação, como abortos prematuros e partos difíceis; pode produzir esterilidade e
outros problemas relacionados. Nos casos de uremia, a histidina atua como um
aminoácido essencial. Encontra-se esta proteína primeiro no peixe defumado, no
soja, lêvedo de cerveja, tremoço, leite em pó, germe de trigo, amendoim, peixe
fresco, feijão e lentilha; depois, na carne de vaca, no queijo, carne de galinha, grão-
de-bico e ervilha; a seguir no pistácio, amêndoas, nozes, farelo de trigo, gema de
ovo, castanha-do-pará, trigo integral e aveia.
Prolina - Este aminoácido é necessário na formação dos leucócitos ou
glóbulos brancos, e regulador da emulsificação das gorduras. Sua ingestão deve
estar relacionada com o triptófano e a lisina, sendo necessários oito gramas dele
para satisfazer a quota diária desses dois aminoácidos, que é de um e quatro
gramas, respectivamente. A prolina é encontrada primeiro no leite em pó, queijo e
soja; depois no lêvedo de cerveja, peixe defumado, germe de trigo, nozes, trigo
integral, tremoço, cevada, amendoim, lentilha, centeio e amêndoas; a seguir, no
pistácio, ervilha, farelo de trigo, milho integral, grão-de-bico, castanha-do-pará,
gergelim, feijão, aveia e gema de ovo.
Tirosina - Presente na formação e desenvolvimento das células e tecidos,
e muito importante na produção de glóbulos brancos e vermelhos. O bom
funcionamento das supra-renais, pituitária e tireóide depende deste ácido aminado.
É elemento vital na pigmentação das células da pele e do cabelo. A tirosina é
encontrada primeiro no lêvedo de cerveja, no leite em pó, peixe defumado, soja,
amendoim e tremoço; depois no queijo, nozes, lentilha, germe de trigo, gema de ovo,
peixe fresco, carne de galinha, gergelim, pistácio, carne de vaca e ervilha; e a seguir
nas amêndoas, grão-de-bico, feijão, ovo integral, aveia, castanha-do-pará, centeio,
milho e trigo integrais.
Cistina - Este é outro aminoácido portador de enxofre. Presente na
manutenção de tecidos sadios e na resistência às infecções e intoxicações. Um dos
mais importantes elementos do cabelo e dos glóbulos vermelhos. As glândulas
mamárias precisam dele, particularmente durante a amamentação. Sua ausência
pode causar danos ao fígado e produzir úlceras no estômago e duodeno.
Encontramos cistina primeiro no soja, germe de trigo, peixe defumado, tremoço e
sementes de linhaça; depois no gergelim, pistácio, aveia, amendoim, farelo de trigo,
castanha-do-pará, lêvedo de cerveja e trigo integral; a seguir no trigo sarraceno,
cevada, carne de galinha, ervilha, grão-de-bico, gema de ovo e centeio integral.

Uma Palavra de Explicação


Nas páginas precedentes, demos apenas alguns dos alimentos que
contêm os aminoácidos indicados. Naturalmente se tornou evidente que uns poucos
produtos são predominantes no fornecimento da maioria dos aminoácidos essenciais
e também dos não essenciais.
É pena que não haja uma pesquisa mais completa a respeito do assunto;
mas é de se notar que os povos que se alimentam principalmente das proteínas que
comandaram a exposição constante nas páginas anteriores, são os povos mais
fortes e sadios, muito embora ainda pratiquem erros dietéticos.
Os produtos apresentados acima são os mais ricos que existem em
proteínas das espécies aí mencionadas, e sua importância deve ser considerada em
escala descendente na ordem de apresentação. Só demos os alimentos que, em
pequenas quantidades, podem fornecer a quota necessária para as despesas
diárias.
Entretanto, como alguns aminoácidos, essenciais ou não, ajudam a
fabricar outros no organismo, é claro que até mesmo alimentos com bem pequenas
quantidades de proteínas, como é o caso das frutas e hortaliças, podem contribuir
para completar a quota de proteína de que nosso corpo tem necessidade para se
manter. Doutro modo, não poderíamos explicar como é que os animais que só
comem capim depositam tanta proteína em sua carne. Aqui temos de repetir o
conceito já expresso de que o segredo está no fato de eles comerem verduras cruas.
Assim pois, como factores complementares na lista apresentada, não podemos
deixar de incluir no regime as hortaliças e as frutas. Embora estas contenham bem
pouca proteína, é sabido que certos aminoácidos são melhorados com os sais
minerais e as vitaminas, e vice- versa.
Outro alimento que deixamos de mencionar foi o leite fresco. Conquanto
não tenha tão grande quantidade de proteínas quando o comparamos com os
demais na base de porcentagem, ele se torna quase um gigante ao considerarmos
que podemos tomar dele até dez ou quinze vezes mais do que de qualquer outro
tipo de alimento, sem prejuízo físico e sem enfarar. Se usarmos o leite como o fazem
principalmente os habitantes dos países nórdicos e dos Estados Unidos - um litro e
mais por pessoa - então poderíamos haver colocado esse alimento à frente de todos
os outros na lista dos aminoácidos apresentados.
Verão os leitores que, na verdade, se adoptarmos um regime ovo-lacto-
vegetariano ou apenas lacto-vegetariano, podemos abandonar o uso da carne. Dela
não sentiremos nenhuma falta, e teremos mais saúde. Mas para aqueles que
querem um regime mais avançado, podemos dizer que, cuidando para ter
abundância de proteínas vegetais, as mais ricas, muitas frutas e hortaliças em
estado natural, e razoável quantidade de nozes e sementes oleaginosas, podem
esquecer o regime que inclui produtos animais.
A seguir damos uma lista mais ou menos completa dos principais
alimentos mais substanciosos em proteínas, na ordem descendente, com seus
respectivos aminoácidos em miligramas. Observe-se que alguns alimentos com
porcentagem mais elevada de proteína têm um total inferior de aminoácidos
essenciais.
Capítulo 8

“O alimento é o material do qual somos feitos. Se


nosso alimento for deficiente, o alicerce de nosso corpo
será fraco e a estrutura tenderá a ruir. Se ao contrário,
nosso alimento não for deficiente, a estrutura será
saudável – não desmoronará facilmente.” – Dr. H. E.
Kirschner.
“Alimento deficiente é a causa primária da doença.”
– Dr. G. T. Wrench.
Capítulo 8
Proteínas e Sua Aplicação
Proteínas Incompletas
Tanto as proteínas completas quanto as incompletas são necessárias ao
organismo, com a diferença, apenas, de que as últimas não são armazenadas.
Sobre isto há divergências de opiniões, mas parece que as evidências favorecem a
ideia apresentada. Quando se come feijão, por exemplo, que contém uma proteína
incompleta, seus efeitos são usufruídos só num limitado período de tempo após sua
ingestão, e a parte não usada é desperdiçada, muitas vezes se transformando em
resíduos prejudiciais. É verdade que o assunto é discutível, e pode bem ser que o
desperdício e suas consequências sejam melhor atribuíveis aos efeitos das más
combinações. Entretanto, o feijão e seus afins como ervilha, lentilha e grão-de-bico
(não o soja) devem ser usados com um critério especial para que possam ser melhor
aproveitados.
Eles contêm um total de proteínas superior a diversas carnes, mas são
deficientes nos aminoácidos portadores de enxofre e contêm igualmente certa
quantidade de factores antinutricionais.
Quaisquer que sejam os resultados das constantes pesquisas em andamento,
o mais seguro é sempre comer uma proteína completa com a incompleta. Assim,
quando se comer feijão, lentilha, ervilha ou grão-de-bico, deve-se adicionar uma
proteína completa ou uma oleaginosa, de preferência um produto abundante em
Metionina e Cistina. Para este fim, sugerimos castanha-do-pará, lêvedo de cerveja,
gergelim, soja, germe de trigo, ovo e creme de leite; mas pode ser também alguma
carne e queijo. Entretanto, as verduras e hortaliças cruas, sem muito tempero,
usadas como primeiro prato na refeição, e comidas com certa liberalidade, são
factores complementares de importância apreciável. A proteína ou a oleaginosa que
se usar para complementar a proteína incompleta, deve ser ingerida com esta na
mesma refeição, não podendo nem mesmo ser tomada uma hora mais tarde, com
risco de não desempenhar seu papel. Experiências feitas neste sentido, provaram
ser esta a maneira correcta de proceder.

Necessidades Humanas de Proteínas


Não há uniformidade entre os vários pesquisadores quanto às necessidades
humanas de proteínas. Um bom número, porém, recomenda doses avantajadas; em
casos graves de acidentes e queimaduras, alguns médicos chegaram a ministrar
400 e 500 gramas de proteína por dia, com resultados extraordinários. Mas há quem
defenda a tese de não mais do que 35 a 70 gramas de proteínas diariamente.
Cremos que a razão das divergências de opinião é resultante de não se
considerarem os vários tipos de proteínas administradas e a forma em que foram
usadas. Proteínas completas e incompletas, proteínas animais e vegetais, proteínas
isoladas e naturais, proteínas cozidas e cruas, são todas proteínas que não dão o
mesmo resultado no organismo, pois não são absorvidas do mesmo modo e assim
distribuídas para manter o equilíbrio, e não deixam os mesmos efeitos.
As várias opiniões sobre o assunto têm suas justificativas, pois foram
baseadas em pesquisas sérias; mas não podemos passar por alto circunstâncias e
factores. Se a pessoa que toma apenas 35 gramas de proteína por dia for
vegetariana, e comer pelo menos 50% de seu alimento em vegetais crus e bem
combinados de modo a não destruir os seus valores pela fermentação, então esses
vegetais sintetizarão no organismo todos os elementos necessários à manutenção
da saúde. O homem que vive predominantemente de um regime vegetariano e
crudívoro, não precisa saber ler nem escrever, como o boi que também é analfabeto,
e no entanto sintetiza em seu corpo todos os elementos de que precisa. O
conhecimento se torna necessário primordialmente porque nos afastamos do regime
edênico. Se o boi comesse apenas capim cozido, morreria em poucos dias.
Não é tanto o quanto comemos como a forma em que comemos que faz a
grande diferença. A razão deste estudo é principalmente ensinar como comer para
ter saúde.
Mas vamos às quantidades de proteínas recomendadas. Como base,
estabeleceu-se uma tabela que é considerada bastante razoável. E a seguinte:
1. Do nascimento até aos 7 anos de idade, a criança deve receber
diariamente dois gramas de proteína por quilo de seu próprio peso. Ou seja, um
bebé que pese 5 quilos, deveria tomar 10 gramas de proteína por dia.
2. Dos 7 anos de idade até ao fim da adolescência, a criança ou adolescente
precisa de um e meio grama de proteína por quilo de seu próprio peso. Assim, um
adolescente com 40 quilos de peso deveria tomar diariamente 60 gramas de
proteína.
3. Do fim da adolescência e pelo resto da vida, o indivíduo precisa de apenas
um grama de proteína por quilo de seu peso.
4. As gestantes e as que amamentam precisam, como os adolescentes, de
um e meio grama de proteína por quilo de peso. A gestante que usa essa quota de
proteína diariamente, acrescida de boa quantidade de frutas e vegetais crus, terá
gestação e parto felizes e abundância de leite de boa qualidade para alimentar seu
filho. Os desejos anormais da mulher durante a gravidez são o resultado natural de
um clamor interno do organismo, pedindo mais proteína, sais minerais e vitaminas
para o feto em desenvolvimento.
Entre os muitos casos que poderíamos mencionar para ilustrar a importância
do que estamos a dizer, apresentamos apenas um. Eu estava realizando uma série
de palestras sobre o assunto, quando uma senhora de idade madura, à saída, me
pediu conselho. Disse-me que estava nos primeiros dois meses da nona gravidez e
que sempre havia sofrido muito nas gestações e nunca tivera leite para amamentar
nenhum de seus oito filhos.
Prescrevi-lhe um regime com cerca de 100 gramas de proteína por dia,
abundância de frutas e hortaliças, em combinações correctas, conforme o método
que defendemos nesta obra.
Pois bem, nunca mais a vi senão no ano seguinte. Então ela veio me mostrar
a criança e contar-me os resultados. Disse-me que tivera uma gestação maravilhosa
e parto normal. A criança, durante os 10 meses de vida que tinha na ocasião, nunca
havia provado outro alimento senão o leite materno, que era partilhado o tempo todo
com a criança de uma vizinha, tanta era a abundância.
Demais, contou-me que a filhinha nunca tivera um dia de febre ou outro
problema de saúde, nunca estivera nem mesmo levemente resfriada e jamais fora
levada a qualquer consultório para ser medicada do que quer que fosse. Ao ver a
criança, era evidente a saúde transbordante que ela proclamava.
5. As pessoas doentes, qualquer que seja a enfermidade, terão que duplicar
ou triplicar a sua quota de proteínas. Isto é, um adulto que pese 60 quilos, uma vez
enfermo, deverá tomar diariamente pelo menos cento e vinte ou cento e oitenta
gramas de proteína, conforme o grau de gravidade de sua doença ou de acordo com
a necessidade que tem de restaurar-se mais depressa. Mas há casos em que se
deveria multiplicar sua quota por 4 ou 5 ou mais, numa doença muito grave ou num
acidente de proporções.
A razão é óbvia quando se toma em consideração que não se forma uma
única célula sem proteína, e que a doença destrói, momento a momento, milhões
incontáveis de células, que só serão substituídas se houver abundância de proteínas
completas.

Uma Pergunta Oportuna


De acordo com as sugestões dos últimos parágrafos, seriam elas válidas
também para os portadores de câncer?
Como é sabido, a maior parte dos entendidos no assunto desaconselha o uso
de proteínas no tratamento do canceroso. Entretanto, creio que devemos ser muito
cuidadosos ao responder a essa pergunta. Temos, primeiro, de ser razoáveis. Não
podemos contradizer-nos. A Natureza é regida por leis fixas; mas quando ela é
abusada, produz aberrações. O excesso de glóbulos brancos ou vermelhos, as
calcificações, obesidade, albuminúria, cistinúria e outras, são aberrações causadas
por abuso da Natureza - transtornos e desequilíbrios que poderiam ter sido evitados.
Não deveríamos primeiro manter o princípio de que todo doente precisa mais
do que ninguém de proteína para refazer suas células? A não ser que possamos
provar que está errado o conceito de que sem proteínas não se reconstroem células.
Mas em face do fato de que é também verdade que proteína aumenta as células
cancerosas, não deveríamos então considerar isto como um transtorno a ser
reparado, em vez de privar o organismo de nutrientes insubstituíveis, só para evitar
que o ladrão também coma?
Acima de tudo, creio que devemos responder à pergunta fixando-nos no fato
inquestionável de que não há doença sem fermentações e desnutrição. Sobre isto,
já enunciamos os melhores conceitos de vários autores, e achamos desnecessário
alongar- nos mais.
Resumindo, diríamos apenas que em vão palmilharemos os caminhos do
mundo em busca de cura para o câncer, enquanto continuarmos a caça ao vírus,
seja do que for, para eliminá-lo. Deixemos o vírus, e fortaleçamos o doente. E assim
que age a Natureza. Na Natureza não há extermínio de pragas; estas são
controladas e adormecidas por elementos vitais e não por forças exterminadoras ou
privações. A Natureza nunca nega; sempre dá, e é na prodigalidade de suas dádivas
que ela tem sempre muito mais para dar do que para perder.

Uma Questão de Mecanismo


É preciso que mantenhamos sempre em mente os conceitos emitidos pelos
doutores Forman, Cavanaugh e Arbuthnot ,Lane, conforme referidos anteriormente,
de que existe apenas uma enfermidade - a má nutrição e má drenagem. "Temos
estado a estudar germes ", disse o Dr. Lane, já citado, "quando deveríamos ter
estado a estudar dieta e drenagem. . .. Drene o corpo de seus venenos, alimente-o
apropriadamente, e se terá operado o milagre. Ninguém que se tenha dado ao
trabalho de evitá-Io, precisa ter câncer."
E isto é verdade a respeito de cada doença, como temos insistido em
reafirmar. Desejo evitar que esta obra se torne um instrumento para divulgar
experiências, mas não podemos deixar de mencionar algumas, de naturezas
bastante diversas, de propósito, para provar que existe realmente apenas uma
doença, como tantos autores têm insistido em declarar. E nossa intenção
demonstrar que, exceptuando acidentes, todas as doenças podem ser evitadas pela
alimentação correcta, e curadas praticamente também pela alimentação.
Há algum tempo atrás, um casal me procurou, trazendo uma filha de 15 anos
de idade com um gravíssimo problema de eczema. Já haviam gasto muito dinheiro
com os melhores especialistas sem nenhum resultado satisfatório. A menina era
muito magra, sem nenhum indício ainda da proximidade da puberdade. Depois de
algumas perguntas, verificamos, entre outras coisas, que ela ficava muitos dias sem
evacuar.
Prescrevi-lhe uma mudança completa em seu regime alimentar. Usei uma
fórmula apropriada para lhe regular os intestinos e fornecer-lhe pelo menos o dobro
de sua quota diária de proteínas. E então para estimulá-Ia a seguir o programa,
prometi-lhe que, se fosse rigorosa em seu novo regime, dentro de 4 ou 5 meses,
teria formado o corpo de uma perfeita moça, sem nenhum problema físico. Disse-lhe
que se não preocupasse com aquele eczema, pois logo não teria mais nada.
Resultado: Dentro de 45 dias lhe vieram as regras; com pouco mais de 100
dias tinha formado cintura e busto perfeitos; e, sem se aperceber, o eczema
desaparecera como que por encanto.
Certa ocasião me trouxeram, amparado por dois homens, um senhor de 84
anos de idade. Estava todo paralítico de um lado, da cabeça aos pés. Fazia pouco,
havia tido um derrame cerebral que quase o matara. O estado dele era gravíssimo,
além da idade avançada.
Sem muita confiança em mim mesmo, prescrevi-lhe um programa de
alimentação com duas ou três vezes a quota normal de proteína, e alguns conselhos
mais para evitar desperdícios de nutrientes. Ao ele sair, confesso que disse a mim
mesmo: "Está com os dias contados."
Qual não foi a minha surpresa quando, 6 meses depois, ele apareceu diante
de mim, andando desembaraçadamente, com mente lúcida e passos firmes! Viera
para me agradecer.
A doença não faz mais do que seguir um curso de processos desencadeados
por nós mesmos. Comemos alimentos pobres ou mal combinados, destruindo seus
valores por excesso de cozimento e tempero. Esses alimentos fermentam e
apodrecem no trato digestivo. A putrefacção produz toxinas que infectam a corrente
sanguínea e os órgãos vitais. Alguns alimentos cozidos transformam em cristais o
ácido oxálico que iria produzir os movimentos peristálticos a fim de estimular os
intestinos a se livrarem das fezes. Então aí começa a prisão de ventre que, dentro
de pouco tempo, será crónica. O indivíduo, assim enfezado, será doente - doente de
qualquer enfermidade, dependendo de vários factores e heranças.
É uma questão de mecanismo - um mecanismo certo e seguro. Se não
cuidamos do que comemos e como comemos, somos nós os culpados. Nós somos
os coveiros de nosso corpo. Desencadeamos um processo que começou na boca e
terminará no cemitério.

Um Regime Equilibrado
Precisamos de alimentos ricos em proteínas, especialmente proteínas
vegetais de fácil digestão, proteínas completas e incompletas, preparadas de
maneira a não se destruírem os seus valores, e combinadas de acordo com as
indicações anteriores, para evitar a fermentação. Mas além disto, precisamos
diariamente de cereais integrais, hortaliças, principalmente cruas, frutas frescas em
abundância, nozes e sementes oleaginosas, sempre ingeridos em conformidade
com a tabela de combinações já prescrita.
Não recomendamos os alimentos cárneos e o queijo, porque são factores de
putrefacção nos intestinos - uma das grandes causas da prisão de ventre, fezes
fétidas, pele e cabelos malcheirosos. Demais, favorecem o envelhecimento
prematuro, o colesterol, a arteriosclerose e todas as doenças da circulação.
Mas para todos aqueles que escolheram o regime sem carne, queremos
deixar aqui um conselho. O regime estritamente vegetariano pode trazer
desapontamento e descrédito, quando se transita abruptamente de um regime para
outro, sem o devido conhecimento. Por esta razão lhes recomendamos usarem leite
e ovos durante um razoável período de adaptação. O regime ovo-lacto-vegetariano é
o mais indicado para se chegar ao regime vegetariano. Milhares de pessoas têm
fracassado ao tentarem uma mudança abrupta.
Ninguém se deve lançar directamente num regime estritamente vegetariano, a
não ser que planeje ser crudívoro por excelência, usando abundância de frutas,
hortaliças, oleaginosas e alguns cereais integrais. Só assim estará certo de manter a
saúde, sem nenhuma carência.
%DE PROTEÍNA

FENILALANINA

AMINOÁCIDOS
TRIPTÓFANO
ISOLEUCINA

ESSÊNCIAIS
METIONINA

TREONINA

HISTIDINA

TOTAL DE
ARGININA

TIROSINA
PROLINA
LEUCINA

CISTINA
VALINA
LISINA
ALIMENTO

PEIXE DEFUMADO 40 2080 3238 3680 1594 478 1990 422 2323 2419 1242 1370 1248 435 15805
LÊVEDO DE CERVEJA 38,8 2267 3105 3509 1882 621 2149 429 2850 1944 969 1497 1608 348 16812
SOJA* 38 1889 3232 2653 2055 525 1603 532 1995 3006 1051 2281 1303 522 14484
TREMOÇO 31,2 1369 2241 1652 1153 235 1138 314 1258 2965 814 1283 1103 434 9360
LEITE EM PÓ 26 1346 2526 1848 1236 657 1073 363 1640 869 730 2999 1269 241 10689
AMENDOIM 25,6 990 1876 1036 1459 338 764 305 1224 3269 694 1276 1144 366 7992
LENTILHA 24,2 1045 1847 1739 1266 194 960 231 1211 2101 662 1033 789 221 8493
GERME DE TRIGO 22,9 889 1710 1608 1015 482 1047 261 1240 2026 711 1355 766 514 8252
ERVILHA 22,5 961 1530 1692 1033 205 914 202 1058 2142 514 878 616 252 7595
FEIJÃO 22,1 927 1685 1593 1154 234 878 223 1016 1257 627 789 559 188 7710
GRÃO-DE-BICO 20,1 891 1505 1376 1151 209 765 174 913 1891 531 849 589 238 6975
GALINHA 20 1069 1472 1590 800 502 794 205 1018 1114 525 829 669 262 7450
NOZES 19,9 1463 1455 690 833 188 623 263 1500 3506 424 1313 878 101 7015
PISTÁCIO 18,9 881 1523 1080 1088 367 613 225 1344 1859 471 895 667 385 7121
PEIXE DEFUMADO 18,8 900 1445 1713 737 539 861 211 1150 1066 665 692 689 220 7556
GERGELIM 18,1 773 1433 585 947 602 763 287 985 2586 523 790 667 386 6375
SEMENTES DE LINHAÇA 18 921 1299 806 1017 415 813 330 1153 2033 442 813 578 408 6754
QUEIJO 18 956 1864 1559 950 530 725 217 1393 651 556 2344 973 76 8194
CARNE DE VACA 17,7 852 1435 1573 778 478 812 198 886 1118 603 668 637 226 7012
AMÊNDOAS 16,8 700 1267 454 975 518 492 172 1053 1976 450 982 593 172 5631
GEMA DE OVO 16,1 820 1370 1202 728 364 753 240 998 1143 400 617 704 235 6475
OVELHA OU CORDEIRO 15,6 778 1203 1275 625 383 733 198 790 1075 428 730 515 200 5985
CASTANHA-DO-PARÁ 14,8 474 1168 474 661 984 442 322 729 2252 390 813 458 355 5254
FARELO DE TRIGO 13,6 451 896 583 568 220 482 173 680 1058 421 853 425 363 4053
AVEIA 13 526 1012 517 698 234 462 176 711 876 292 723 459 372 4336
ALGAS MARINHAS(PIN) 12,7 365 1076 467 407 264 690 148 873 386 63 386 203 118 4290
OVO INTEGRAL 12,4 778 1091 863 709 416 634 184 847 754 301 515 515 301 5522
TRIGO INTEGRAL 12,2 426 871 374 589 196 382 142 577 602 299 1298 391 332 3577
TRIGO SARRACENO 12,2 415 720 464 464 183 439 152 817 1195 255 525 293 293 3654
CEVADA 11 421 784 406 603 196 389 180 592 555 248 1282 365 267 3571
CENTEIO 11 414 728 401 522 172 395 87 561 541 261 1108 227 225 3280
MILHO 9,5 350 1190 254 464 182 342 181 461 398 258 850 363 147 3394
ARROZ INTEGRAL 7,5 300 648 299 406 183 307 98 433 650 197 369 275 84 2674
*Em outras tabelas, o soja aparece com 40g de proteína.
Capítulo 9

“Quando se abandona a carne, deve-se substituí-la com uma


variedade de cereais, nozes, verduras e frutas, os quais serão a um
tempo nutritivos e apetitosos.” – A Ciência do Bom Viver, pág. 316
Capítulo 9
Os Cereais
Os cereais integrais, além dos alimentos essencialmente protéicos que já mencionamos,
fazem parte da alimentação correcta. O trigo é o rei dos cereais, e deve ser usado frequentemente
em várias formas. Mas, como alimento mais comum em muitos países, o arroz integral também é
muito importante. No caso de não ser encontrado o arroz integral, o malequizado ou macerado é
melhor que o branco polido. Tão logo a pessoa coma o arroz integral algumas vezes, já não sentirá
sabor no branco, sem película.
Outros cereais como o milho, a aveia, o centeio, o trigo sarraceno, o sorgo, cevada e outros
são todos ricos em nutrientes, e devem ser usados para formar uma variedade bem distribuída em
nosso cardápio. Mas sempre os devemos usar integrais, e cozidos devidamente. Os cereais exigem
cozedura prolongada em fogo moderado, a não ser que sejam brotados previamente. Tanto a
cozedura prolongada como a brotação, transformam os amidos dos cereais e lhes adicionam
valores, facilitando a digestão.
Embora os cereais contenham menos proteínas que os legumes secos, as que possuem são
de excelente qualidade. Seu ponto fraco é a carência de alguns aminoácidos essenciais, mas que
podem ser satisfeitos quando se usam os cereais em combinação com nozes e sementes
oleaginosas. Acima de tudo, porém, o mais perfeito complemento deveria ser o lêvedo de cerveja.
Para um regime bem equilibrado e balanceado, não podemos passar por alto os cereais. Além
de se constituírem numa fonte de energia, sua grande e importante riqueza está na quantidade de
vitaminas do complexo B que possuem, na vitamina E contida no embrião, e nos vários sais
minerais, nomeadamente o cálcio, o fósforo, o ferro, o sódio e o potássio. Grandes quantidades de
fósforo são encontradas na película dos cereais, e o ferro do trigo integral e do seu farelo é muito
mais eficiente para a formação da hemoglobina do que o ferro da carne magra, do fígado ou da
gema de ovo". conforme afirmação do Dr. H. Sherman.

Banir Os Refinados e Processados


É preciso que nos conscientizemos da importância de nossa saúde e a ponhamos acima de
aparência e sabores. Precisamos mudar nossa maneira de nos alimentarmos. Temos de fazer sumir
de nossas mesas o pão branco e o arroz polido. Com os cereais integrais em nossas mesas,
bastarão algumas semanas para ver nossos filhos mais corados, com melhores notas na escola e
menos irritadiços.
Que aqueles que têm sob sua responsabilidade escolas de correcção ou adaptação,
orfanatos, hospitais para nervosos e psicopatas, prisões e penitenciárias verifiquem a diferença que
fazem os cereais integrais no comportamento daqueles a quem precisam ajudar e tolerar. Alguns
dias apenas bastarão para lhes darem a resposta. Dizia bem o Dr. Victor Pauchet, que '"'não existem
pessoas más, e sim pessoas doentes".
Adelle Davis escreve em seu livro Let's Eat Right to Keep Fit: " A maioria dos assassínios e
dos crimes viciosos neste País é cometida por esquizofrénicos. O suicídio, uma das maiores causas
de morte entre estudantes colegiais, é extremamente comum em esquizofrénicos. ... Algum dia se
reconhecerá que nossa desgraçada taxa de crime, nossa tremenda perda por suicídios e nossos
milhões de alcoólatras são em parte produzidos pelas indústrias alimentícias que, ignorando a
saúde, inundaram o mercado com produtos super-refinados e super-processados - produtos
designados meramente para fazer dinheiro." - Pág. 89.
E que diríamos dos artríticos, reumáticos e diabéticos; aqueles com hepatite, prisão de ventre,
arteriosclerose e insónia? Talvez não os conhecêssemos. O nosso mundo seria muito diferente. Mas
se não podemos mudar o mundo, vamos mudar nossa família, e, pelo exemplo e pelos resultados
em nós, vamos mudar nossa sociedade mais próxima.
É alarmante a quantidade de valores nutrimentais perdida estupidamente na refinação dos
cereais, perdas estas que chegam a ultrapassar 75% nas vitaminas, e grande quantidade nos sais
minerais. Isto significa que aquele que come cereais refinados, tem de buscar na farmácia quase a
totalidade das vitaminas e sais minerais que seu corpo necessita. Mas no caminho para a drogaria,
ele passará primeiro pelo médico, onde deixará boa parte de seu salário; e então terá de considerar
também o sofrimento, a dor, a infelicidade e a aparência desfigurada.
Não podemos deixar de compreender que todos os amidos necessitam de uma boa
quantidade de vitaminas do complexo B para serem digeridos e assimilados. Daí a razão por que
grande parte dos cereais refinados não alimenta o organismo, e seus resíduos causam prisão de
ventre e outros problemas de saúde. Quanto mais refinados usarmos, maior é a necessidade do
complexo B. Se o complexo B foi roubado ao produto na refinação, deveríamos acrescentá-Io às
refeições em forma de comprimidos ou de injecções. Mas por que comer um alimento desfalcado
brutalmente de seus nutrientes para depois completá-lo com comprimidos?
Linda Clark, em seu livro Know Your Nutrition e bem assim o Dr. L. Rosenvold, em Nutrition
for Life, dão ênfase ao fato de que a deficiência do complexo B nos cereais refinados favorece a
neurite, anemia, inapetência, nervosismo, fraqueza, sensação de cansaço; irritabilidade, inclinação
suicida, acne e outros problemas mais.

Tomemos as Providências
Os que moram nas grandes cidades, como São Paulo, Rio de Janeiro e outras, com algum
esforço encontrarão o arroz integral; e os que moram no interior talvez tenham à sua disposição
alguma beneficiadora que lhes permitirá adquirir uma quantidade de arroz sem passar pelo processo
final. Quanto ao trigo, muitos poderão adquiri-Io inteiro ou partido no comércio árabe-siro-libanês ou
nas casas macrobióticas. Ali encontrarão muitas vezes outros cereais integrais. E com um pequeno
moinho de cereais, podem moer esses grãos para fazer em casa seu próprio pão.
E bom considerar que as farinhas integrais encontradas à venda, muitas vezes já estão nas
prateleiras há muitas semanas, possivelmente já com o embrião rançando. Por esta razão insistimos
na importância de cada família adquirir seu próprio moinho. Existem uns moinhos para cereais
fabricados no Rio Grande do Sul, muito baratos e práticos, com os quais podemos moer não só o
trigo, mas qualquer cereal. Com um moinho desses qualquer pessoa pode obter fubá fresquinho
para sua polenta ou para o pão, com vantagem de conservar no produto o embrião; pode moer
amendoim, gergelim e castanhas-do-pará para fazer delicioso creme e usá-Io no pão e noutros
pratos. E uma das mais relevantes vantagens é que as farinhas para o pão poderão ser moídas
apenas uns minutos antes de serem transformadas em massa, levando consigo para o alimento
todas as vitaminas antes de se oxidarem.

Os germes dos cereais são uma grande fonte de vitamina E e de indispensáveis ácidos
gordurosos, vitamina F, e, consequentemente, um meio de adquirir também a vitamina K. Mas
quando esse germe é moído muito tempo antes de seu uso, ele rança e pode causar resultados
desastrosos para a saúde. Demais, até mesmo as vitaminas do complexo B encontradas na película
dos cereais e alguns sais minerais se perdem em farinhas velhas.
Já que é para melhorar nossa alimentação, melhoremo-Ia ao máximo, paguemos o preço da
saúde; compremos nosso pequeno moinho; forcemos os negociantes de nosso bairro ou de nossa
cidade a nos fornecerem arroz integral, trigo integral e outros cereais integrais. Mudemos a face do
mundo em que vivemos. Somos fadados a ser reformadores da saúde. Este deve ser o nosso nome,
e esta a nossa missão.
Mas para aqueles que não têm as facilidades acima referidas, indicamos a aveia em flocos,
como o melhor dos cereais, com trigo, centeio e arroz. Conta-se que certa vez um inglês disse a um
escocês, em tom de menosprezo: "Vocês comem na Escócia a aveia que aqui damos aos cavalos",
ao que lhe respondeu o escocês: "Mas também quando vocês querem um homem forte, procuram-
no na Escócia; e nós compramos os nossos cavalos na Inglaterra.”
Para Realçar o Valor
Aos que usam aveia, queremos aconselhar a acrescentar-lhe sempre um pouco de germe de
trigo, uma pitadinha de lêvedo de cerveja e uma boa colher de leite em pó. Um prato de aveia assim
constituído e algumas frutas frescas ou secas, é um alimento substancial como refeição matinal ou
vespertina, tanto para crianças como para adultos e jovens.
A revista Nutrition. vol. 12, pág. 233, afirma conforme indicação do Dr. Bamett Sure, que as
proteínas da farinha do arroz integral são superiores ás do trigo e milho. E possível que sua
afirmação se tenha baseado no arroz de película vermelha; mas também é verdade que os
nutrientes de um produto dependem da espécie de terra em que ele foi cultivado. Exemplificando,
verificou-se que há alfafas que não oferecem mais que 9% de proteína, ao passo que outras chegam
a atingir 32%, dependendo da terra em que foram cultivadas. Como se vê, a diferença de teor é
enorme.
Mas de qualquer maneira, o importante é que façamos todo esforço possível por comer
melhor, comendo mais cereais integrais.

Cereais Para os Bebés?


Entretanto, ao mesmo tempo em que os cereais são um elemento de importância na
alimentação, ao lado das proteínas, não devem ser usados para nutrir bebés. A boca das crianças é
deficiente em ptialina, o elemento que nos adultos entra na digestão do amido dos cereais e outros.
Assim sendo, nenhuma criança com poucos meses de idade deveria provar cereais, mesmo que
estes sejam integrais. É erro inquestionável engrossar a mamadeira do bebé com amido de milho,
farinha de arroz, farinha de aveia ou outro cereal. Há autores que estabelecem a idade de 3 meses
para começar a dar farinhas nas mamadeiras. Mas verificou-se que há bebés que aos 6, 9 e mesmo
aos 11 e 12 meses de idade ainda não toleram os amidos. Se estes não podem ser digeridos, vão
causar fermentação e prisão de ventre, com agravamento para o futuro.
Por segurança, que ninguém se apresse em dar a nenhum bebé qualquer cereal antes dos 9
meses de idade. Na verdade, o único alimento para os bebés até acima de um ano de idade deve
ser o leite materno. E quando se começar a lhes dar algum cereal, que seja devidamente cozido por
algumas horas, a não ser que tenha sido brotado previamente.
Mesmo para os adultos, os cereais devem sofrer cozedura prolongada. O arroz que cozinha
apenas 30 minutos à moda brasileira, não está em condições de gerar saúde em nenhum estômago,
por mais forte que seja. Todos os cereais precisam de várias horas de cozimento, excepto os
brotados, como dissemos acima.

O Pão
O pão, correctamente fabricado, é, entre os produtos derivados de cereais, um dos mais
preciosos e saudáveis alimentos. Pode ser usado diariamente, contanto que seja feito de farinhas
integrais, dos melhores cereais, sem aditivos químicos que o tornem perigoso à saúde.
Todo pão deveria conter um mínimo de 30 a 50% de farinhas integrais para ser considerado
um pão nutritivo. Mas o melhor pão é aquele que pode ser feito de uns 3 cereais integrais. Neste
caso, sugerimos trigo, centeio e aveia, ou trigo, centeio e milho. O restante da porcentagem seria
completada com farinha de trigo refinado. Sabendo-se fazer bem leve e bem assado por dentro e por
fora, pode-se fazê-Io inteiramente de farinha integral, ou seja 100% integral.
Nunca se coma pão quente ou feito no mesmo dia. O pão deve ser perfeitamente assado, de
maneira que não permaneça massa alguma crua. Depois de assar por mais de uma hora, deve ser
deixado a repousar por um mínimo de 24 horas, antes de ser servido como alimento para a saúde da
família. Entretanto, o mais saudável ainda é cortá-lo em fatias e assá-Io segunda vez, a fim de
destruir nele todo resquício de fermento.
Também é muito saudável o pão sem nenhum fermento - fácil de prepará-Io e que se pode
fazer para usá-Io quente ou para guardá-Io por algum tempo. Feito de pura farinha integral, de
preferência moída meio grossa, com um pouco de creme de leite e sal, é delicioso e um
extraordinário alimento para quem sofre de prisão de ventre.
A seguir, damos sobre o pão alguns pensamentos isolados que se encontram nos inspirados
conselhos de Ellen G. White, no livro Conselhos Sobre o Regime Alimentar:

Religião no Pão
"Há... mais religião num bom pão do que muitos pensam. ... E dever religioso de toda jovem
cristã e de toda senhora aprender quanto antes a fazer pão bom, isento de acidez e leve, de farinha
integral." - Págs. 316, 317.

Não Comer Pão Quente ou Recém-Assado


"O pão deve ser leve e agradável. Nem o mais leve vestígio de acidez se deve tolerar. Os
pães devem ser pequenos, e tão perfeitamente assados que, o quanto possível, os germes do
fermento sejam destruídos. Quando quente ou fresco, qualquer espécie de pão levedado é de difícil
digestão. Nunca deveria aparecer à mesa. Isto não se aplica, entretanto, ao pão sem levedar. Pão
fresco de trigo, sem fermento ou levedura, e assado num forno bem quente, é a um tempo saboroso
e saudável." .
“ Pão de dois ou três dias é mais saudável do que o novo. O pão secado ao forno (cortado em
fatias e torrado) é um dos mais saudáveis artigos de alimentação."
"As frutas usadas com pão perfeitamente cozido, de dois ou três dias, serão mais benéficas
que com pão fresco. Isto, com mastigação lenta e cabal, fornecerá tudo o que o organismo
necessita." - Págs. 316, 317, 319.

Pão Sem Fermento


"Biscoitos quentes, crescidos com bicarbonato ou fermento, em pó, nunca devem aparecer
em nossa mesa. Tais artigos são inapropriados para entrar no estômago. Pão fermentado quente, de
qualquer espécie, é de difícil digestão. Broas de farinha integral, a um tempo saborosas e saudáveis,
podem ser feitas misturando a farinha integral com pura água fria e leite...
"Para fazer pãezinhos (sem fermento), usai água leve e leite, ou um pouco de nata; fazei uma
massa dura e bem amassada como para bolachas de água e sal. Assai na grelha do forno. Eles são
deliciosos. Pedem cabal mastigação, o que é um benefício tanto para os dentes como para o
estômago. Dão bom sangue e comunicam força. Com tal pão e abundância de frutas, verduras e
cereais que o nosso país produz abundantemente, não se devem desejar maiores regalos." - Págs.
319, 320.

Resumindo
Nestes pensamentos sobre o pão, destacam-se os seguintes conselhos:
1. Que o pão seja de farinhas integrais.
2. Que ele é melhor sem fermento; quando fermentado, fazê-lo em pães pequenos para assar
melhor; ou então cortar o pão em fatias para torrá-lo e secar todo resquício de fermento.
3. Nunca usar quente o pão fermentado; é melhor usá-lo amanhecido de dois ou três dias.
4. O pão deve ser leve e sem acidez.
5. Nunca crescido com bicarbonato ou fermento à base de bicarbonato.
6. Faz parte de uma boa religião saber fazer um bom pão. Esse é o dever de toda moça ou
senhora.
Muita gente desce ao sepulcro prematuramente por causa do pão que come; isto é, por causa
da qualidade do pão que come. Milhares de pessoas correm diariamente às padarias na hora do pão
quentinho - pão branco de trigo desvitalizado, mal cozido, ou mais cru do que cozido, e carregado de
sorbato de potássio. A ganância de padeiros desonestos alimenta a ignorância de criaturas incultas,
especialmente crianças, 'e essa está lotando os hospitais e causando a morte em milhares.
Não haverá quem levante a voz contra essa calamidade? Ou não chegarão os nossos
conterrâneos a compreender em tempo que satisfazer o paladar não representa todo o prazer de
viver?
Não é preciso que condenemos aqueles que se aproveitam da ignorância alheia; basta que
um maior número de brasileiros comece a fazer em casa seu próprio pão, ou só compre pães
verdadeiramente integrais e feitos sem conservantes químicos. E logo veremos desaparecer um
grande número de padarias, que agora infestam uma grande parte das esquinas de nossas cidades.
Comecemos a exigir, e logo teremos melhor pão no comércio.
Capítulo 10

“Com as nozes se podem combinar cereais, frutas e


alguns tubérculos, preparando pratos saudáveis e
nutritivos. Deve-se cuidar, no entanto, em não usar grande
proporção de nozes. ... As amêndoas são preferíveis aos
amendoins, mas estes, em limitadas porções, usados
conjuntamente com cereais, são nutritivos e digeríveis.
Quando devidamente preparadas, as azeitonas,
como as nozes, substituem a manteiga e as comidas de
carne. O azeite, comido na azeitona, é muito preferível à
gordura animal. Actua como laxativo. Seu uso se verificará
benéfico aos tuberculosos, sendo também medicinal para
um estômago inflamado e irritado.” – A Ciência do Bom
Viver, pág. 255.
Capítulo 10
As Gorduras
As gorduras são tão necessárias ao nosso organismo quanto qualquer outro
nutriente. Isto, a própria Natureza o indica. Grande parte dos alimentos naturais têm
apreciáveis quantidades de gordura, o que demonstra sua importância.
As gorduras fazem parte de todas as células de nosso corpo: estão nos
nervos, no cérebro, são necessárias às glândulas para a produção de hormónios,
inclusive os do sexo, e inúmeras outras funções da máquina viva. Sem gordura
em nosso alimento, as vitaminas lipossolúveis não podem ser aproveitadas.
Modificadas, elas fazem parte dos órgãos vitais. Armazenadas moderadamente,
dão formas agradáveis ao nosso corpo e servem de amortecedores. Em proporções
correctas na dieta, elas produzem calorias com menor volume de alimento e mantêm
as forças por mais tempo.

Ácidos Gordurosos Essenciais


Nosso organismo tem capacidade de fabricar algumas gorduras, mesmo que
as não comamos com os alimentos. A maior parte dos ácidos gordurosos podem ser
obtidos pela transformação dos açúcares provenientes dos hidratos de carbono
ingeridos. Mas é preciso observar que a totalidade dos ácidos gordurosos abrange
entre eles três que não podem ser desenvolvidos no corpo, e que por esta razão são
chamados essenciais, como no caso de algumas proteínas mencionadas
anteriormente. Eles precisam estar presentes no alimento que comemos, ou não os
teremos nunca e ficaremos doentes. São eles os ácidos gordurosos Linoléico,
Araquidônico e Linolênico, sendo o primeiro deles o mais precioso, mesmo porque
com ele presente, os dois últimos podem ser fabricados.
Enquanto os ácidos gordurosos em geral fornecem energia e dão beleza ao
corpo, arredondando as formas, os três essenciais acima referidos nos mantêm a
saúde. Sem eles, adoecemos. Por isso, são chamados essenciais - essenciais
porque não podem ser fabricados no organismo, e essenciais porque sem eles
enfermamos.
Sua ausência pode produzir sede excessiva, eczemas, cabelo seco e pele
seca ou escamosa; os ovários podem ser prejudicados de modo a interferirem na
ovulação, reprodução e lactação; pode produzir esterilidade; retarda o crescimento e
danifica os rins.
Em muitos casos o suprimento de algumas colheres das de sopa de óleo cru
a um doente, é suficiente para fazê-Io livrar-se imediatamente de um eczema
rebelde ou de aftas persistentes. Já houve casos de pessoas que, com apenas uma
colher das de sopa de óleo de soja, tomada com o alimento ou após a refeição,
dentro de 4 ou 5 horas estavam livres das aftas.

Os Gordos
Há pessoas que evitam a gordura com medo de engordar; e é justamente isso
que as faz engordar mais. Existe um verdadeiro caos nesta questão de dieta. Toma-
se como certo que quanto mais calorias ingerir o indivíduo, mais engorda. E esta não
é toda a verdade. A pessoa que está sempre comendo, é porque tem fome; está
desnutrida, não importa seu peso ou seu volume. Não existem glutões por natureza;
existem sim doentes de fome, sofrendo uma desnutrição interna. Tenho comprovado
isto inúmeras vezes.
Conheci glutões insaciáveis, que em três dias no máximo deixaram as sobras
da mesa sossegadas, e se sentiam perfeitamente alimentados, comendo
moderadamente. Provei que uma pessoa nutrida sob orientação, come apenas o
bastante para viver e perde todo o peso excedente sem forçar nenhuma restrição,
sem sofrer fome alguma. Emagrece comendo o quanto lhe apetece e no , final não
terá nenhuma ruga ou pele sobrando.
Não é questão de mais ou menos gordura, ou de mais ou menos calorias. A
questão é se os alimentos ingeridos têm ou não os nutrientes de que o corpo
precisa, ou se estes não foram destruídos internamente pela fermentação ou má
combinação. E esta não é uma ciência tão complicada que mesmo os menos doutos
não possam abrangê-Ia.
O fato é que não podemos prescindir de gorduras, principalmente as contidas
nos óleos vegetais e nos frutos e sementes oleaginosos frescos. As gorduras são
necessárias para estimular a produção da bílis e das enzimas que as vão digerir. No
momento em que as gorduras penetram nos intestinos, a vesícula biliar é esvaziada.
As vitaminas lipossolúveis A, D, E e K poderão ser ingeridas no alimento, mas não
serão absorvidas senão em presença dos ácidos gordurosos e da actuação da bílis.
As deficiências destas vitaminas podem ocorrer tanto pela falta de gorduras como
pela incapacidade da vesícula em produzir bílis e de esta atingir o intestino.

Gorduras Vegetais e Não Animais


As melhores gorduras são as vegetais, especialmente os óleos de soja, milho,
girassol e amendoim. Mas uma mistura de óleo de soja, amendoim e um terceiro a
escolher, talvez seja mais aconselhável, para reunir maiores quantidades dos três
ácidos gordurosos essenciais. As gorduras animais não são recomendadas porque
produzem transtornos, e quanto mais delas comemos, maior é nossa necessidade
de colina e inositol - duas vitaminas do complexo B. E estas vitaminas encontram
sua melhor fonte na lecitina contida maiormente no óleo de soja. Em outras palavras,
quem come muita gordura animal, deveria ingerir outro tanto de óleo de soja cru
para contrafazer os efeitos da primeira. Sem a lecitina, grandes partículas de
colesterol se fixam nas paredes das artérias, causando problemas cardíacos.
O colesterol é muito precioso ao organismo, e não um inimigo como muitos
julgam. Ele é a matéria-prima com que o organismo manipula a vitamina D, os
hormónios do sexo e das supra-renais e os sais da bílis. As maiores concentrações
de colesterol são encontradas nos nervos e no cérebro, o que mostra a sua
importância: Mas o colesterol fornecido pelas gorduras saturadas. como são as de
origem animal, causa graves transtornos à circulação. Por esta razão insistimos em
indicar as gorduras vegetais.
Tanto quanto possível, devemos preferir os óleos não refinados, que são
grande fonte de vitamina E. Esta vitamina evita a perda das vitaminas A, D e K, e
impede a destruição dos hormónios das supra-renais e do sexo. Mas ela é
extremamente sensível ao calor e ao ar, rançando facilmente. Produtos que a
contêm, como creme de amendoim, manteiga, carne gorda defumada, germe de
trigo, amendoim cru, nozes e outros, rançam nas prateleiras dos supermercados e
mercearias, e se tornam um perigo à saúde. Estes alimentos devem ser adquiridos
sempre frescos, caso contrário não devem ser ingeridos, absolutamente. As
gorduras rançosas são cancerígenas.
No interesse do bem-estar físico, evitem-se as gorduras hidrogenadas, como
a margarina, gordura vegetal e gordura de coco; a banha de porco ou de qualquer
outro animal, a manteiga e as carnes gordas. Todas estas gorduras são prejudiciais
e não são portadoras dos ácidos gordurosos essenciais, ou são deles deficientes.
Guarde-se isto em mente: Todas as gorduras podem desempenhar a parte de
fornecer calorias, mas só as que contêm os ácidos gordurosos linoléico,
araquidônico e linolênico é que podem manter a saúde. De nada adianta ao
indivíduo ficar de pé pelas calorias e cair pela falta de vitaminas, enzimas e
hormónios. E estes ácidos gordurosos essenciais, só os óleos vegetais e os frutos e
sementes oleaginosos no-los podem fornecer com maiores vantagens e indiscutíveis
garantias.
Na medida do possível, procuremos adquirir óleos espremidos a frio. Quando
não, comamos razoavelmente abacate, nozes, amêndoas, avelãs, castanhas-do-
pará, noz-pecã, amendoim cru, germe de trigo, sementes de girassol, de linhaça e
de gergelim. Que estas oleaginosas sejam sempre frescas e guardadas em lugares
secos, e não por muito tempo.
Na lista acima não incluímos o coco fresco por não conter ele gorduras não
saturadas. Entretanto, pesquisas recentes dão conta de que ele é uma provável
fonte de elementos anti-cancerígenos. Creio que o devemos incluir frequentemente
em nosso regime. Ralado cru de mistura com cenoura também ralada, é um
excelente prato, de paladar agradável, e extraordinário vermífugo contra várias
espécies de vermes.

Como Usar as Gorduras


Não podemos deixar de destacar a maneira de usar as gorduras. Devemos
evitar e mesmo eliminar toda fritura. O calor excessivo destrói a vitamina F,
representada pelos ácidos gordurosos. Daí, também a vitamina K deixará de ser
produzida no organismo, pois precisa desses ácidos para ser fabricada.
Mas nem só tritura é responsável por esses prejuízos. Qualquer tipo de
aquecimento do óleo, prejudica em maior ou menor grau os ácidos gordurosos, e
causa transtornos aos órgãos internos, além de destruir os valores nutricionais. Não
precisamos mais do que uma ou duas colheres das de sopa de gordura por dia,
contanto que seja crua. As gorduras cozidas e superaquecidas, além das
desvantagens já mencionadas, favorecem a fermentação dos alimentos no trato
digestivo. Esta deve constituir uma razão adicional para evitarmos os cozimentos e
sobretudo as frituras.
Absolutamente, porém, não se deve temperar com óleo ou azeite nenhuma
salada constituída de folhas, como alface, agrião, etc., porque a gordura
impermeabiliza a folha e impede que nela atuem os sucos gástricos que a irão
desintegrar na digestão. Um pouco de sal e limão, ou uma coalhada fresca
temperam bem; mas podemos dispensar qualquer tempero, desde que aprendamos
a apreciar os sabores naturais.

Frutos e Sementes Oleaginosos


A melhor maneira de auferir ao máximo os benefícios dos produtos
oleaginosos é comê-los em seu estado o mais natural possível. E não é difícil,
porque são todos eles bastante saborosos e de fácil aquisição, desde que haja um
planejamento para incluí-los no cardápio diário.
Algumas pessoas argumentam quanto ao custo das nozes e outras
oleaginosas, mas usam carnes, pudins e bolos, muito mais dispendiosos. Se todos
planejarem cuidadosamente, todos poderão se beneficiar dos valores das
oleaginosas, por mais caras que pareçam ser.
Que a dona da casa planeje ter todos os dias uma espécie de produto
oleaginoso. E então ela determinará quanto cada membro de sua família usará de
cada espécie. Assim, até as pessoas mais pobres podem usufruir as riquezas de
alimentos relativamente caros. Nunca se deve abusar das oleaginosas. Não é na
quantidade que está o valor. Elas devem ser usadas moderadamente, mas todos os
dias.
Bastam 4 ou 5 nozes por vez por pessoa; e o mesmo tanto de castanhas-do-
pará por dia, ou de amêndoas, ou de azeitonas. Amendoim cru com a película
vermelha, bastam 15 ou 20 grãos por dia por pessoa, bem mastigados, de
preferência com algum cereal ou pão. Também se pode usá-Io em forma de creme.
Um punhadinho de sementes de girassol ou pistácio é suficiente para cada refeição.
Sementes de linhaça ou de gergelim, basta uma colher das de sopa delas
espalhadas sobre o alimento.
Faça-se um plano semanal: Um dia se comem castanhas-do-pará; outro dia
azeitonas; outro dia sementes de gergelim; outro dia amendoim; e assim por diante,
sempre variando. Desse modo, todos gozarão os preciosos nutrientes das
oleaginosas, que, além de fornecerem a indispensável gordura, acrescentarão os
valores de suas proteínas completas, os sais minerais e as vitaminas que nelas
existem em quantidades apreciáveis.
E não podemos esquecer o abacate que, embora não seja uma oleaginosa,
particularmente, quase pode competir em quantidade e qualidade de gordura.
Portanto, é bom que o usemos toda vez que possível, mas não com açúcar, como é
costume popular em nosso País. O abacate é fruta para ser usada em saladas
salgadas ou sem tempero, mas não com açúcar.
Quanto mais frequentem ente usarmos frutos e sementes oleaginosos em
estado natural, menos óleos ou outras gorduras precisaremos, e mais saúde
teremos. Quem come diariamente alguma oleaginosa crua, não precisa
absolutamente de nenhuma carne.
Invertendo a frase, teríamos este pensamento: Quem não come nenhuma das
oleaginosas aqui recomendadas, terá de comer carne. As oleaginosas são o mais
completo substituto da carne num regime vegetariano e o melhor complemento para
as proteínas de qualquer espécie.
Não é difícil comer bem, mas é preciso haver planejamento. Muitos comem
mal porque não têm um propósito definido. Não fizeram um planejamento para ter
saúde, como fazem para seus negócios e suas várias actividades.
Quase todos procedem mais ou menos assim: Primeiro, não pensam em
comer tendo em vista a saúde; segundo, quando têm fome, dizem: "Bem, preciso
comer, estou com fome." Alguém lhe perguntaria: "Mas comer o quê?" - "Bom, isto
não importa, estou com fome." Então ele come qualquer coisa. Uma vez satisfeito,
ou "cheio", diz: "Estou forrado."
Se, em resultado se sente mal, não tem importância. Um anti-ácido qualquer
resolve o problema provisoriamente. E assim prosseguem esses indivíduos, até que
neles se instale uma doença mais séria.
Não; positivamente não. Foi-nos designado ser reformadores da saúde, para
nós mesmos e para os outros. Temos de tomar uma atitude e assumir os
compromissos que ela envolve. Primeiro, porque é gostoso ter saúde e também
porque é um plano divino que gozemos ininterruptamente saúde abundante. Depois,
porque há muitos que palmilharão o nosso caminho, se lhes pudermos servir de
exemplo. E isto é compensador.
Capítulo 11

“As especiarias são o meio seguro de corromper o


gosto. Nenhum condimento é saboroso a primeira vez que
se come. Aprende-se a saboreá-lo à força, apesar dos
protestos do instinto orgânico. O uso dos condimentos é
uma perversão deliberada do gosto. ...
A Natureza dotou os seus alimentos de sabores e
perfumes delicados. Aquele que tem o hábito de comer
sem especiarias nem temperos, conhece sabores finos,
perfumes delicados, que os seus contemporâneos já não
podem perceber. O verdadeiro prazer da mesa é o que se
tira dos produtos naturais.” – A. I. Mosséri em A Saúde Pela
Alimentação, pág. 36.
Capítulo 11
Os Condimentos
Por que os condimentos? Notaremos que na maioria das vezes o condimento
é introduzido só para realçar um sabor ou dar sabor a coisas insossas ou até
esconder um sabor.
Acontece isto especialmente com alimentos cozidos. As pessoas cozinham
demais, e até atiram fora a água em que cozinharam, e depois têm de acrescentar
sabor para compensar aquele que destruíram pelo fogo. Também os alimentos
que procedem de terrenos exauridos por excesso de cultivo e super adubados com
fertilizantes químicos, são insossos ou possuem mesmo sabor desagradável. Mas
quanto mais os cozinhamos, mais lhes tiramos o sabor.
Se comêssemos tudo cru ou apenas ligeiramente cozido, notaríamos que os
alimentos têm melhor sabor assim, sem precisar acréscimo de coisa alguma. O
próprio sal e o açúcar poderiam ser dispensados. Aliás, a pessoa crudívora, e
possivelmente também frugívora, não necessita de sal, e muito menos de açúcar.
Os condimentos todos, ou quase todos - incluídos aí os melhor chamados de
especiarias - são contrários à boa saúde. São excitantes e estimulantes, e seus
efeitos, em grande parte, se comparam aos dos narcóticos alucinantes. Alguns deles
causam irritação na mucosa do estômago e afectam outras partes do aparelho
digestivo.
A pimenta-do-reino tem efeitos semelhantes aos da nicotina e afecta as fibras
dos gânglios causando sérios problemas. A pimenta calabresa demonstrou poder
ser a causa de vários tipos de câncer em forma de tumores no fígado, visto como em
experiências com ratos, 54% deles desenvolveram quatro tipos de tumores
hepáticos.
Outros condimentos como catchup. gengibre fresca, raiz forte, mostarda,
vinagre e outros, têm produzido irritações nos rins e bexiga, lesões e inflamações na
uretra, em alguns casos produzindo mesmo pielonefrite. A hipertensão é outro mal
causado por esses condimentos.
A noz-moscada contém uma toxina capaz de causar coma e choque, e,
conforme a quantidade ingerida, produz os mesmos efeitos da maconha, com
duração de até 24 horas.
A mostarda contém um óleo capaz de matar o gado, quando tomado na
quantidade de apenas 5 a 20 miligramas por quilo de peso do próprio corpo; ou seja,
2 a 4 gramas podem matar uma vaca adulta.
O gengibre usado frequentemente produz resultados semelhantes aos
causados em pessoas com o hábito da cocaína.
E certo que a preferência pelos condimentos é, em grande parte, fruto de um
apetite pervertido. Quanto mais tempero, qualquer que seja o condimento, mais a
pessoa come. Mas isto não é natural. Ninguém deve comer somente porque lhe
apetece. O indivíduo deve comer quando tem fome e precisa refazer suas forças, e
não forçado por estimulantes de fora. A fome é natural; o apetite é perversão.
Não queremos aqui dizer que os condimentos não devem absolutamente ser
usados, nem achamos que seja conveniente condenar uns e tolerar outros. Já
mencionamos alguns que são decididamente prejudiciais. Mas talvez convenha citar
uma regra que foi enunciada há muitos anos por uma nutricionista já falecida. A
recomendação dela quanto ao condimento era muito simples: "Se você não pode pô-
lo no olho, não o ponha no estômago."
Alguns alegam que certos condimentos são ricos em vitaminas e sais
minerais. E ainda poderíamos acrescentar que alguns deles são uma poderosa fonte
de proteínas, como as sementes de nabos, por exemplo. Mas é só isto que devemos
considerar? Só por isto os devemos usar? O que é evidente é que ninguém
conseguiria ingerir suficiente quantidade de um condimento para obter o necessário
volume do nutriente desejado.
Há maneiras mais sábias de obter vantagens de nutrientes ao mesmo tempo
em que se consegue sabor. Aí estão, por exemplo, o tomate e as azeitonas, que não
somente temperam mas alimentam também. A nata e a coalhada com um pouco de
sal são excelentes temperos para hortaliças como alface, pepino, etc. Mas com o
tempo, devemos apreciar todas as hortaliças sem nenhum tempero, não como regra
mas como alternativa.
Os que tiverem a coragem de ir para o mato e viver em terras virgens ou que
possam ser reconstituídas; aqueles que puderem cultivar suas próprias hortaliças e
frutas, descobrirão que não há maior delícia que comer sem tempero, nem mesmo
sal, esses produtos da Natureza. São em grande parte os adubos químicos e os
insecticidas que tornam insossos os alimentos. Nunca foi o plano de Deus que os
produtos da terra precisassem ser temperados antes de usá-Ios. Cada fruta e cada
hortaliça, se foi cultivada numa terra bem nutrida, já tem seu próprio tempero.
As especiarias devem antes ser consideradas como medicamentos para
casos específicos. Até mesmo os condimentos mais violentos têm o seu lugar na
terapêutica de certas doenças e acidentes da digestão. Esse é o melhor lugar para
os condimentos, e não para remendar sabor de alimentos cultivados em terras
pobres, ou estragados por químicos, ou ainda arruinados por excesso de cozedura.
É necessário que criemos uma consciência da saúde e da alimentação em relação à
saúde; que eduquemos os gostos e os costumes, e queiramos, mais que tudo,
comer para viver e não viver para comer.
Ellen G. White é clara e positiva em dizer em seus escritos sobre saúde, que
muitos indivíduos são preparados pelas mães, através de pratos altamente
suculentos e condimentados, para apreciarem depois as bebidas alcoólicas e outros
produtos narcóticos. E assim que as próprias mães preparam seus filhos para o
inferno. Sabemos que não o fazem de propósito, mas de qualquer maneira o fazem,
e colhem tristeza e desgraça.
Notemos algumas frases dessa autora sobre o assunto:
"Nesta época de pressa, quanto menos excitante for a comida, melhor. Os
condimentos são prejudiciais em sua natureza. A mostarda, a pimenta, as
especiarias, os picles, e coisas semelhantes, irritam o estômago e tomam o sangue
febril e impuro. O estado de inflamação do estômago do bêbado é muitas vezes
pintado para ilustrar os efeitos das bebidas alcoólicas. Condição semelhante de
inflamação é produzida pelo uso de condimentos irritantes. Dentro de pouco a
comida comum não satisfaz o apetite. O organismo sente necessidade, forte desejo
de alguma coisa mais estimulante." - Conselhos Sobre o Regime Alimentar, pág.
339.
"Pratos suculentos são postos diante das crianças - comidas condimentadas,
molhos suculentos, bolos e pastelarias. Essas comidas altamente temperadas irritam
o estômago, e ocasionam apetite mórbido quanto a estimulantes ainda mais fortes.
Não somente é o apetite tentado pelas comidas não apropriadas, das quais as
crianças têm permissão de ingerir abundância às refeições, mas é-Ihes permitido
ainda comerem entre as refeições; e quando essas crianças chegam aos doze ou
catorze anos, são com frequência positivos dispépticos." - Idem, pág. 340.

O Sal
O sal é indispensável em nosso regime misto. Como já destaca-mos, se todos
os nossos alimentos fossem produzidos em terras virgens não erosadas, ricas em
nutrientes naturais, e comêssemos tudo cru, poderíamos e deveríamos deixar o sal
fora do regime. Dele não necessitaríamos. Mas como assim não é, seria
imprudência eliminá-lo.
Entretanto, usa-se o sal demais. Uns 3 a 7 gramas seriam suficientes para a
manutenção de um equilíbrio razoável em nosso corpo. Mas o fato é que pessoas de
hábitos sedentários e outras de profissões de grande actividade física comem às
mesmas mesas e ingerem os mesmos alimentos com as mesmas quantidades de
sal. E evidente que os resultados têm de ser contra os indivíduos que não se
movimentam muito.
As pessoas que suam muito, devem usar mais sal do que as de pouca
actividade física. Num dia de piquenique; num dia de mutirão; em qualquer ocasião
de muito calor e grandes perdas de suor, é importante que, além dos alimentos
salgados ingeridos, entre as refeições se tome uma dose extra de sal em um pouco
de água, para compensar as perdas.
A insolação não é ocasionada pelo excesso de calor como muitos pensam,
mas pelo desequilíbrio orgânico causado pela perda excessiva de sal no suor. E
esse desequilíbrio se acentua ainda mais quando se tomam refrigerantes doces ou
outras bebidas adoçadas, mesmo que sejam simples limonadas. Quanto mais
açúcar nessas ocasiões de muito suor, maior o desequilíbrio do sal e maior a
probabilidade de uma insolação.
Também nas diarreias há grande perda de sal. Em tais casos é bom que o
paciente tome um pouco de sal em água ou se utilize de sopas bem acentuadas em
sal.
Mas insistimos em que a maioria come sal demais. Seria bom que todos
procurassem reduzir a quantidade de sal em seus alimentos, porque é fora de
dúvida que actualmente se usa demais, principalmente aqueles que comem
diariamente duas refeições salgadas, compostas de carne, feijão, farofas, fritos e
outros cozidos.

O Açúcar
Vamos começar citando uma crítica encontrada em Nutrition for Life, que
assim reza: "O açúcar é um alimento quase ideal barato, limpo, branco, portátil,
imperecível, inadulterável, livre de germes, altamente nutritivo, completamente
solúvel, totalmente digerível, não requer cozimento e não deixa resíduos. Seu único
defeito é sua perfeição. E tão puro que o homem não pode viver dele." - Pág. 22.
Mas aí nada se diz dos efeitos ou dos resultados de seu uso. E é isto que
vamos considerar mais detidamente adiante.

Histórico
O açúcar já era conhecido mas não muito divulgado no Oriente Médio, 600
anos antes de Cristo. Entretanto parece que só por volta de 1200 A.D. foi introduzido
na Europa. Com a descoberta do Novo Mundo, as plantações de cana foram aqui
introduzidas cerca do ano 1500 A.D. Duzentos e cinquenta anos mais tarde um
químico alemão descobriu que podia cristalizar o açúcar de beterrabas e outras
raízes doces. E dentro de mais cem anos a indústria do açúcar já era uma indústria
sempre crescente, tanto na Europa, com beterrabas, como nas Américas com a
cana-de-açúcar.

Não Precisamos de Açúcar


Se alguém disser que precisamos de açúcar para viver, não importa quem o
diga nem o diploma que possua, ele está mal informado ou é mal-intencionado. A
maior parte dos habitantes do nosso mundo viveram quase 6.000 anos sem
conhecer ou sem usar açúcar até há pouco mais de duzentos anos. E todos nós
sabemos que nossos antepassados gozavam melhor saúde do que nós, usando
alguns apenas um pouco de mel, ocasionalmente, além das frutas e hortaliças cruas
que tinham. Mas também sabemos que eles não conheciam o diabetes, a
esquizofrenia, a insónia e outras doenças tão comuns em nossos dias.
Fisher e Emerson em How to Live, disseram: "Podemos obter todo açúcar e
toda a doçura de que precisamos ou que queremos das frutas maduras como
bananas, uvas, tâmaras, figos ou do mel - certamente frutas e mel juntos. Há muitas
pessoas que nunca usam açúcar de cana em qualquer forma, e jamais sentiram dele
falta alguma."
E os Drs. Wilder e Key em Handbook of Nutrition, escrevem: "O açúcar não
supre coisa alguma à nutrição senão calorias (que Norman Joliffe chama de
"calorias vazias"), e as vitaminas providas por outros alimentos são erosadas pelo
açúcar para poder liberar suas calorias."
Em experiências com cachorros, Brandle verificou que uma colher das de
sopa de açúcar num copo com água irritava a membrana mucosa do estômago do
cão e a avermelhava; aumentando a dose para uma colher e meia de açúcar, a
membrana mucosa ficava vermelho-escura; e com três colheres, sofria dores
intensas e abatimento.
Não podemos aqui em tão limitado espaço dizer tudo que os cientistas têm
pesquisado a respeito do açúcar; mas também não podemos deixar de dizer o
suficiente para que haja um despertamento no conhecimento e uma mudança de
atitudes e procedimento.
Os Drs. Abrahamson e Pezet escreveram um livro que está repleto de
pesquisas e experiências feitas com centenas de pacientes. Gostaríamos de citar
algumas dessas experiências, mas por sua natureza, nos tomariam nesta obra um
dilatado espaço desnecessário.
O título do livro é: "O Corpo, a Mente e o Açúcar". E então, ainda na capa
exterior, está impressa esta frase: "Este livro é sua chave para compreender o
alcoolismo, a neurose, o suicídio, a alergia, a fadiga crónica, a insanidade mental e o
crime."
Basta isto para nos espantarmos? Mas notemos que os mesmos
pensamentos se encontram no livro Conselhos Sobre o Regime Alimentar, escrito
muitas dezenas de anos antes das atuais pesquisas, o que revela mais uma vez a
importância destas afirmações inspiradas.
Em cerca de vinte citações extraídas de trechos escritos entre os anos 1865 e
1908 do livro citado e outros, temos expressos os seguintes pensamentos:
O açúcar sobrecarrega o organismo com impurezas, irrita o aparelho digestivo,
produz uma condição mórbida com dores de cabeça, língua saburrosa, mau hálito e
fermentações; em suas várias formas com leite, ovos e especiarias, nos pudins,
geléias, bolos e outros, o açúcar é mais prejudicial que a carne, afecta o cérebro
entorpecendo a mente, causa irritação, e é a causa activa da má digestão, das
inflamações da mucosa do estômago e consequentes úlceras; que as irritações
produzidas pelo açúcar em suas múltipIas formas apelam por estimulantes cada vez
mais excitantes, conduzindo à bebida, ao fumo e aos narcóticos e destruindo vidas
humanas.
Adelle Davis, falando dos perigos do açúcar e dos alimentos refinados
produtores de açúcar no sangue, diz: "Quando o açúcar no sangue está
extremamente baixo, a resultante irritabilidade, a tensão nervosa e a depressão
mental são tais que a pessoa pode facilmente ir às raias da loucura. Se o ódio, a
amargura e os ressentimentos se instalam, e talvez por uma razão psicológica
temporária toma um porre de balas e bombons e não se permite tempo para uma
refeição, então se estabelece um estágio: - violência e briga podem ocorrer sem
razões. Junte-se a isto umas armas de fogo, jactos de gás ou umas lâminas de
barbear, e aí se tem o material de que são feitos os assassinos e os suicidas." - Let's
Eat Right to Keep Fit, pág. 28.
E então devemos considerar também os efeitos do açúcar na formação e
manutenção dos dentes e dos ossos. Através dos anos várias causas têm sido
apresentadas como factores que contribuem para a deterioração dos dentes. Mas
pesquisas mais recentes acusam o açúcar com efeitos directos sobre os dentes, e,
indirectos, no enfraquecimento do poder de resistência.
Aí sofrem as defesas do corpo inteiro. Pesquisadores da Escola de
Odontologia da Universidade de Loma Linda, Califórnia, provaram que, quanto mais
alta a taxa de açúcar no organismo, mais cai o poder bactericida dos leucócitos.
Enquanto o leucócito daquele que não usa nenhum açúcar pode destruir 14
bactérias invasoras, o daquele que acabou de tomar 24 colherinhas rasas de açúcar
em qualquer forma mata apenas uma bactéria, reduzindo assim seu poder 14 vezes.

Concluindo
Para encerrar este assunto, queremos esclarecer que não advogamos aqui
posição extremada para a eliminação total do açúcar de nossa dieta. Deve ter ficado
claro que não precisamos absolutamente de açúcar para viver, isto é, o açúcar
fabricado; mas não dizemos que ele deva ser abolido por completo. Esta é uma
questão individual, e que tem muito que ver com situações sociais e familiares.
Também é preciso dizer que não há um açúcar muito melhor que outro. Há
aqueles que defendem o uso de açúcares menos refinados ou não refinados para
substituir o açúcar branco. Mas em matéria de contribuição para as fermentações
digestivas, todos eles são mais ou menos iguais. E claro que se queremos ficar com
o menos mau, escolheremos primeiro o mel de abelhas e depois algum outro
adoçante não refinado ou menos refinado.
Entretanto, verificaremos que, quanto mais naturalmente comermos, menos
necessidade sentiremos do açúcar em todas as suas formas antinaturais. As frutas e
as hortaliças cruas, e os cereais bem cozidos, nos darão tudo o de que
necessitamos para suprir as calorias e as energias. Nos climas tropicais e
subtropicais, temos frutas e hortaliças o ano todo, e podemos alimentar-nos
livremente delas sem o uso do açúcar.
Nos climas frios, podem-se tomar providências para uma provisão mais ou
menos abundante desses artigos, ainda que sejam em forma de conservas, tão
saudáveis quanto se consiga. E evidente que, nessas conservas, temos de usar um
pouco de açúcar, no caso de frutas em compotas. Mas não como uma necessidade
imprescindível, pois que nas regiões frias, a maior fonte de calorias ainda continua a
ser os cereais e as oleaginosas.
Capítulo 12

“ O método pelo qual a Natureza executa seu


processo de purificação, fortalecimento, regeneração e
reconstrução através de alimentos apropriados, é um
processo normal e não um milagre. Frutas e hortaliças
frescas são rica fonte de minerais orgânicos e vitaminas, e
a presença destes factores vitais nos alimentos, torna-os
de facto alimento superior.” – Hans Anderson, em The New
Food Therapy, pág. 25.
Capítulo 12
Frutas e Hortaliças
Frutas e hortaliças não são um complemento da alimentação, uma variação
ou sobremesa, como usadas em geral. Elas são, na verdade, o alimento por
excelência. Nelas encontramos os melhores componentes da nutrição - as vitaminas
e os sais minerais. Já destacamos a importância das proteínas como verdadeiros
tijolos no edifício físico. Mas sem os alimentos menos concentrados, como as
hortaliças e as frutas, os alimentos protéicos e os amiláceos sozinhos não poderiam
ser devidamente aproveitados.
Devemos planejar ter em cada refeição grande quantidade de hortaliças ou
frutas e algumas nozes, naturalmente procurando sempre combinar os elementos
das refeições em conformidade com a tabela de combinações correctas encontrada
no quinto capítulo desta obra.
Tanto quanto possível, dever-se-ia procurar seguir o seguinte critério:
Para as primeiras três combinações do referido capítulo, 50a 75% da refeição
deveriam constar de hortaliças preferencialmente cruas; e para as duas restantes
combinações, 50 a 75% de frutas cruas. E, na medida em que os gostos se forem
adaptando às modificações no regime, evitar os condimentos, ou usá-Ios com
moderação, conforme procuramos indicar e recomendar no capítulo precedente.
Não indicamos nenhuma classificação de frutas ou hortaliças. Podem-se usar
numa mesma refeição várias espécies de hortaliças, assim como várias espécies de
frutas noutra refeição.
Num almoço por exemplo, pode-se fazer um prato de salada em que entrem
diversas hortaliças cruas, e ainda complementá-Ias com outras ligeiramente
refogadas. E nas refeições em que cabem frutas, especialmente de manhã e à noite,
podem ser usados vários tipos de frutas, embora alguns autores prefiram separá-Ias
em categorias - ácidas, semi-ácidas e doces; e até em frescas ou secas,
recomendando que não sejam tomadas juntas na mesma refeição. Há mesmo os
que sugerem usar-se apenas uma fruta de cada vez: - Só uvas, ou só laranjas, ou só
bananas.
Mas não encontramos este rigor em parte alguma da Natureza. Não há
dúvida de que no caso de pessoas muito enfermas, este cuidado deve ser
observado; mas as pessoas sãs poderão variar um pouco.
Com o acima dito, embora demos mais liberdade do que alguns autores, não
estamos sugerindo que abandonemos o princípio várias vezes extremado de que é
sempre preferível variar frequentemente de refeição para refeição a ter muita
variedade em cada uma delas.
Há frutos que se colocam numa posição difícil de serem classificados, como o
tomate e o abacate, por exemplo. Como os devemos comer e com que os
combinaremos? O abacate contém mais de 20% de gordura, e assim, é evidente
que não devemos comê-lo com açúcar. Quando bem maduro, é saboroso sem
nenhum tempero; mas pode ser combinado com algumas frutas. Entretanto, a
melhor maneira é num prato salgado com azeitonas, alho, cebola e tomates, com
algum cereal ou pão. Um prato assim, é por si, uma refeição, sem precisar nada
mais.
Quanto ao tomate, há muita divergência, e não queremos entrar em detalhes.
Mas vai bem com frutas neutras, algumas hortaliças e oleaginosas. Com ele se dão
bem os cereais integrais, mas não os alimentos feculentos e nem os cereais
refinados demais. Entretanto, os estômagos delicados dirão, eles mesmos, o que
convém. Que cada indivíduo procure descobrir, não somente em relação com certos
alimentos mas com todos, quais são os produtos que melhor combinam em sua
natureza. Sempre é prudente observarmos os efeitos de uma refeição: um arroto
muitas vezes nos diz, pelo cheiro, qual o alimento que não combinou bem em
mistura com os outros.
Note-se que existem tabelas de combinações de alimentos dizendo
especificamente quais as frutas que combinam com outras; mas são tão
complicadas que não podem ser usadas por pessoas simples. Desde o princípio
procurei estabelecer uma tabela de combinações que pudesse com menos prejuízo,
ser usada por doutos e indoutos. E evidente que, por exemplo, certos cereais
integrais podem ser usados com algumas proteínas vegetais não muito
concentradas. Mas qualquer tentativa para pormenorizar detalhes, contribuiria
apenas para complicar a compreensão e dificultar na prática.
Desejo esclarecer que as combinações indicadas no quinto capítulo são fruto
de muitos anos de estudo e consideração, observando nosso povo nas cidades e na
roça. Essa tabela de combinações é simples e satisfatória. Milhares de pessoas a
têm adoptado com proveito, e muitas resolveram seus problemas físicos com essa
adopção. Isto é suficiente.

Regime de Desintoxicação
Nada existe de melhor para desintoxicar o organismo do que um regime de
sucos vegetais crus por um período de tempo. Os vegetais crus contêm tudo o de
que o organismo necessita para se restaurar.
Invariavelmente as pessoas doentes estão há muito sofrendo de prisão de
ventre. Mesmo aquelas que evacuam diariamente, podem estar eliminando apenas o
excesso, ou aquilo que já não cabe nos intestinos.
Há alguns anos atrás uma senhora me veio consultar sobre seus problemas
físicos, e quando ela começou a descrever seus sintomas, eu lhe disse: "Seu
problema número um é o intestino, que não se livra satisfatoriamente dos dejectos."
Ela respondeu: "O senhor está enganado; o meu intestino é um relógio." Então lhe
disse: "Concordo com a senhora; só que é um relógio estragado."
Aí, como era natural, ela ficou encabulada; disse que não podia compreender,
visto como evacuava diariamente na mesma hora. Argumentamos um pouco, e ela
acabou concordando em fazer um teste para verificação. Pedi-lhe que engolisse
meia xícara de sementes de mamão sem mastigar, marcasse o dia e a hora, e
observasse diariamente suas evacuações para ver quando sairiam as primeiras
sementes.
Pois bem, cerca de um mês depois, ela me disse que havia evacuado as
primeiras sementes 18 dias após sua ingestão, e as últimas, aos 25 dias. E como
esta senhora, a quase totalidade dos indivíduos tem algum atraso na drenagem de
seus intestinos. Mesmo quando a pessoa tenha ocasionalmente uma diarreia, isso
!não prova que não sofre de prisão de ventre. Aliás, essa diarreia pode justamente
ser a prova de que a prisão de ventre existe.
Há pessoas cujos intestinos se deformaram ao ponto de ter dobras, bolsões e
estrangulamentos em vários lugares; ali param as fezes por semanas, meses e
anos, produzindo toxinas que, através da mucosa e depois instaladas na corrente
sanguínea, vão intoxicar todo o organismo.
(A senhora de cujo cólon apresentamos essa cópia de raios X, julgava que não tinha nenhum
problema intestinal, porque evacuava regularmente 3 vezes quase todos os dias. Mas o
seccionamento do cólon ascendente, revelou uma massa negra de fezes ali retidas e acumuladas
talvez durante 20 anos ou mais. )

Aí começam as doenças. Se você tem qualquer problema físico, não importa


em que parte do corpo se manifestou a doença, esteja certo de que, antes de sentir
o primeiro sinal do mal, seu intestino deixou de funcionar satisfatoriamente. Uma
pessoa que come regularmente bom alimento, bem combinado e drena os intestinos,
diariamente, não fica doente.

Razões Por que os Sucos Vegetais São Melhores


1. Algumas pessoas têm seus órgãos digestivos a tal ponto enfraquecidos e
inactivos, que mesmo os melhores alimentos não são aproveitados em mais do que
uns 20%. Assim, não é a mesma coisa comer uma fruta ou tomar o seu suco. Uma
pessoa que tenha úlceras ou colite não pode ingerir verduras cruas, mas pode tomar
o seu suco.
2. Outra razão importante é o fato de que tantas são as pessoas que não
mastigam cabalmente seus alimentos; umas porque não sabem fazê-Io, e outras
porque não têm dentaduras perfeitas.
3. Outra razão ainda é porque os vegetais, em forma de sucos, são
aproveitados pelo organismo numa porcentagem jamais atingida pelos alimentos em
outras formas. Em poucos minutos os valores nutrimentais dos sucos já estão
alimentando o organismo.
4. Talvez o argumento mais substancioso em se tratando de alimentar
doentes é o de que, em forma de sucos, qualquer indivíduo é capaz de ingerir
quantidades enormes de nutrientes como o não faria tomando alimentos sólidos. E
isto é importantíssimo quando se consideram as necessidades orgânicas daqueles
que estão sofrendo. O doente, além de intoxicado, está desnutrido.
Há muitas sugestões que são indicadas para um regime de desintoxicação:
Algumas mais drásticas, outras mais suaves. E verdade que em todos os casos
graves, temos de tomar a sério o programa, para que os resultados sejam mais
rápidos. Mas não havendo urgência, a desintoxicação poderá ser efectuada a longo
prazo. E aqui vai uma sugestão para esse fim.

Desintoxicação Suave
Durante anos de experiência aconselhando pessoas, verifiquei que é difícil
fazer que as pessoas mudem de repente seu regime alimentar. Demais, há o
problema da falta de tempo para aqueles que desempenham suas actividades de
ganha pão. Mas sobretudo, predomina mesmo o fato de que poucos teriam a
coragem para levar a cabo um rigoroso programa de desintoxicação por sucos
apenas, o tempo todo.
Em vista disto, na prática. verifiquei ser mais aconselhável deixar que cada
um faça o melhor dentro de suas circunstâncias.
Tenho recomendado que se proceda assim: Um dia por semana, talvez no dia
de repouso semanal, que o indivíduo tome apenas sucos vegetais, de preferência
começando com o suco de cenouras. O dia inteiro, de 3 em 3 horas, uns dois copos
de suco puro por vez, perfazendo um total de um e meio a três litros de suco em 24 ,
horas. Há autores que sugerem quantidades maiores, contudo parece não haver
necessidade de tanto; e isto também depende muito do próprio doente.
Nos casos de inflamações e naqueles em que houver a formação de pus, é
muito importante que o suco seja de cenouras. Mas como regime de desintoxicação,
devem ser usados outros vegetais além da cenoura: beterrabas, salsão, pepinos,
salsa, couve e outras hortaliças e também frutas como laranjas, uvas, maçãs,
abacaxi, mamão, etc. Entretanto, sempre recomendamos que, no caso de a pessoa
querer variar os tipos de sucos, nunca use frutas e hortaliças na mesma ocasião.
Quanto à hora de tomar o suco, pode haver uma pequena variação, que
depende da situação de cada organismo. Mas em geral, seria de duas em duas ou
de três em três horas.
Logo que a pessoa esteja em condições de poder aguentar, deveria procurar
passar 48 horas só a sucos; e mais tarde poderá estender o regime a vários dias em
seguida. Todavia, no caso de passar a sucos uma semana ou mais, ao voltar ao
regime de alimentos sólidos, que o faça com prudência, começando devagar com
poucos alimentos mastigáveis e cozidos, e aumentando cuidadosamente.
Durante todo o tempo em que perdurar o regime de sucos por mais de um
dia, é preciso forçar os intestinos a evacuarem pelo menos uma vez ao dia. Alguns
autores recomendam uma dose diária de uma colher das de sopa de sal amargo;
outros indicam uma lavagem intestinal todas as noites enquanto dura o período de
desintoxicação.
Pessoalmente, sou contrário às medidas drásticas. Tanto quanto possível, os
intestinos devem ser forçados e ajudados a trabalharem normalmente, sem
estímulos violentos. Os sucos que contenham espinafre, couve, alfafa verde e outras
verduras folhosas, estimulam poderosamente os movimentos peristálticos,
auxiliando os intestinos a se livrarem dos dejectos.
Entretanto, há casos em que talvez se tenham de usar meios mais drásticos,
e nestes sempre prefiro a lavagem intestinal, em lugar dos laxativos, por brandos
que sejam.
Mas ainda antes da lavagem intestinal, há outro recurso muito eficaz; é o uso
diário, por longo tempo, de sementes de linhaça. Isto todos podem fazer com grande
proveito, pois não é laxante e além do mais, é alimento. Procure-se engolir todos os
dias uma colher das de sopa de sementes de linhaça crua, sem mastigar, com
qualquer líquido, a qualquer hora do dia, de preferência numa refeição. Elas também
podem ser batidas no liquidificador. O importante é engoli-Ias. Nos intestinos elas
farão o seu trabalho benéfico. Deve haver perseverança neste procedimento até se
conseguir evacuar regularmente duas ou três vezes ao dia.
Os sucos usados no tratamento devem ser sempre frescos, feitos na hora;
cada minuto que passa depois de feito o suco dilui seus valores preciosos. Os.
sucos engarrafados não servem para esse tipo de tratamento. E preciso que sejam
extraídos no momento de serem usados. contendo toda a vitalidade da Natureza.
Para se conseguir um suco integral e mais facilmente, recomendamos o uso
de uma centrífuga especializada para isso, que se encontra no comércio de
electrodomésticos. Quando não, artigos como cenouras, beterrabas, pepinos, etc.
deverão ser ralados e espremidos em vez de liquefeitos com um pouco de água no
liquidificador. E importante que os sucos sejam tão integrais quanto possível; e além
disto, integrais, são mais saborosos.
Capítulo 13

“ Os que se alimentam de carne, não estão senão


comendo cereais e verduras em segunda mão. ... A carne
nunca foi o alimento melhor; seu uso agora é, todavia,
duplamente objectável, visto as moléstias nos alimentos
estarem crescendo com tanta rapidez. Os que comem
alimentos cárneos mal sabem o que estão ingerindo.
Frequentemente, se pudessem ver os animais ainda vivos,
e saber que espécie de carne estão comendo, repeli-la-iam
enojados.” – A Ciência do Bom Viver, pág. 268
Capítulo 13
A Carne
A carne nunca foi designada por Deus para ser o alimento de criaturas feitas
à semelhança do Criador. A Bíblia nos diz que quando o homem saiu das mãos do
Criador, Deus lhe indicou como alimento os cereais e as frutas, naturalmente
incluídas as oleaginosas (Génesis 1:23); e após o pecado, acrescentou-lhe
as hortaliças (Idem 3: 18); e parece evidente aí, que se incluíam as ervas
leguminosas, devido ao desgaste físico mencionado no versículo 18.
Este foi o regime prescrito para o homem por uma Inteligência que bem
conhecia o organismo humano, e sabia o que lhe era melhor. Esta deve ser a mais
importante das razões por que não devemos comer carne - Deus sabe o que é
melhor para nós.
A segunda grande razão é esta: Como podem seres inteligentes e com
presunção à nobreza e elevada moral tirar brutalmente a vida a criaturas indefesas,
para se banquetearem sobre seus cadáveres? É isto coerente com a profissão de
sublime magnitude intelectual, moral e espiritual de indivíduos que dizem estar-se
preparando para viver a eternidade na presença de Deus?
Não parece uma verdadeira brutalidade um homem criar um inocente
bezerrinho, afagando-o, deixando-o lamber-lhe as mãos, tornando-o tão cheio de
amor por seu dono, e um dia, sem mais nem menos, quando o animal está a lhe fitar
os olhos com carinho, o dono lhe enfia uma faca no pescoço?
Mas há outras razões por que não devemos comer carne. O nosso organismo
não está preparado para ser alimentado com carne. A carne é um factor de
putrefacção. Tudo cheira a podre após a ingestão de carne: O suor é fétido, as
fezes, a pele e o cabelo são fétidos.
Por falta de material fibroso, a carne não auxilia os movimentos peristálticos
dos intestinos e não favorece a evacuação. As suas toxinas adoecem todos os
órgãos do corpo. Muitos animais são abatidos em estado de grande aflição ante a
visão do sofrimento daqueles que os precederam na matança. O medo produz
toxinas tão terríveis que, se fossem ingeridas em maiores doses por uma só pessoa,
poderiam causar-lhe a morte instantaneamente. Mas é evidente que qualquer
comedor de carne está comendo a morte aos poucos.
Não há assíduos carnívoros longevos; pelo menos não há nenhum que se
compare aos vegetarianos. Todo aquele que se alimenta de carne diariamente não
ultrapassa muito os cinquenta anos de idade sem problemas renais, que se agravam
rapidamente e agravam especialmente os órgãos da circulação.
Em experiências de laboratório, verificou-se que ratos alimentados com
apenas 25% de carne em sua ração diária, em pouco tempo estavam com os rins
seriamente afectados.

Toxinas e Bactérias do Próprio Animal


Quando o animal é morto, existem nele muitas toxinas em processo de
expulsão do organismo, principalmente pela urina. Essas toxinas permanecem na
carne e são ingeridas pelo homem. E evidente que isto não pode ser saudável. Cada
quilo de carne bovina contém dois gramas de ácido úrico, o que é uma dose
bastante elevada. Quando a carne é cozida, os resíduos se apresentam em forma
de caldo que, analisado, se assemelha à urina.
Cada bife de 100 gramas contém mais de um bilhão de germes, e se essa
carne não for devidamente esterilizada pelo calor, grandes quantidades de micróbios
activos serão ingeridos. Nos bifes mal passados, nos churrascos sangrando, é certo
que milhões de bactérias vivas entram no organismo dos comedores de carne.
Mas além de ser a carne um grande transmissor de micróbios, ela prepara o
organismo para não resistir as invasões de germes de outras fontes. Como já
procuramos demonstrar anteriormente, para a saúde não é tão significativo quantos
micróbios nos invadiram como quanta capacidade temos de resisti-Ios. E a carne
prepara em nós, por suas toxinas, um ambiente propício a toda sorte de
enfermidade. Entre os que comem carne frequentemente, encontra-se maior número
de pessoas com varizes, hemorróidas e arteriosclerose que entre os vegetarianos ou
aqueles que comem menos carne e muita verdura. E o mesmo se pode dizer das
doenças do fígado, dos rins, do coração e dos problemas da circulação.
Não é novidade para ninguém que a carne contribui em porcentagem
elevadíssima para os enfartes do miocárdio, para os derrames, as tromboses, os
distúrbios da pressão e de todos os ataques cardíacos.

Palavras Autorizadas de Alguns Médicos


O Dr. Elmer V. McCollun diz em Food, Nutrition and Health, pág. 84: "Um
consumo liberal de carne e ovos, aumenta a putrefacção no cólon, e conquanto
alguns afirmem que isto não é prejudicial à saúde, sobejam evidências em
contrário." E fácil de entender que não podemos gozar saúde, mantendo nos
intestinos um depósito de matérias decadentes, produzindo toxinas perigosíssimas.
Se não sofremos imediatamente as consequências da putrefacção, não é porque as
toxinas sejam benignas, mas devido ao maravilhoso poder restaurador do
organismo, pelo menos enquanto o corpo ainda tem certa quantidade de resistência.
Em verdade, conforme conceitos expressos por inúmeras autoridades como
os Drs. Alexis Carrel, Arbuthnot Lane e outros, provou-se que a prolongação da vida
depende, em grande parte, da capacidade orgânica de eliminar os resíduos de toda
espécie, e da perfeita nutrição das células.
A carne é um alimento altamente ácido-formador. A pessoa que se alimenta
de carne mantém um permanente ambiente ácido em todo o organismo, propício
para o desenvolvimento de toda sorte de bactérias. Em Dietetics Simplified, págs.
135 e 136, o Dr. Bogert diz: "Os alimentos acidificantes destroem toda a reserva
alcalina. Havendo uma reserva alcalina nos tecidos, eles serão mais saudáveis e
mais capazes de resistir aos germes de doenças do que quando predominam os
alimentos ácido-formadores."
O Dr. Owen S. Parrett, num artigo intitulado, A Razão de Eu Não Comer
Carne, disse o seguinte: "A carne é o mais putrefaciente de todos os alimentos.
Quando ela se deteriora nos intestinos, pode tomar a pessoa mais seriamente
doente do que com qualquer outra espécie de alimento. ...
"Desde que o vírus, ou germe, causador do câncer foi, agora, perfeitamente
determinado, a possibilidade, ou mesmo a probabilidade de que o comer carne,
peixe ou galinha exponha a pessoa a ingerir alimentos carregados com o vírus
maligno, cria um problema."

Haverá B 12 Sem Carne?


O argumento mais insistente em favor do uso da carne é o de que sem carne
o organismo não consegue suficiente vitamina B12, cuja ausência causa
enfermidade. Mas não se toma em consideração aí que mesmo os carnívoros
podem não aproveitar essa vitamina devido à ausência do ácido fólico, encontrado
em pequeníssima quantidade em poucas carnes e nenhuma em outras.
Especialmente destituídos dele são as carnes de porco, todos os peixes de couro e
os mariscos de toda espécie.
Doutro lado, o ácido fólico, tão importante para se combinar com vitamina
B12, encontra-se em todas as verduras escuras, nas hortaliças em geral, nas
oleaginosas, nos cereais integrais e nas frutas; e isto em porções nunca vistas na
carne.
Mas não termina aí o assunto. O aproveitamento da vitamina B12, além do
ácido fólico, se beneficia da metionina, um precioso elemento das proteínas, porém
muito pobre em todas as carnes. Não há nenhum alimento em que ela esteja melhor
representada do que na castanha-do-pará e levedura de cerveja, e depois em to-
das as nozes e nos cereais integrais. Tenha-se presente que a B12 é um produto de
manipulação no organismo. Se a este fornecemos os elementos acima referidos e
evitamos as destruições causadas pelas fermentações e consequentes
putrefacções, os intestinos fabricarão toda B12 de que necessitamos para nossa
despesa. Assim, não há razão para colocar a carne como prioritária na consecução
da vitamina B12 visto como esta pode ser conseguida por transformação através de
outros elementos, pobres na carne.
Em outras palavras, o vegetariano bem informado, que coma abundância de
frutas, nozes, cereais integrais e hortaliças em estado natural, e não descuide de
sua quota de proteínas completas de fonte vegetal, não precisa preocupar-se com o
problema da B12.
Demais, temos sempre recomendado que a mudança do regime seja gradual:
Do cárneo para o ovo-lacto-vegetariano, e mais tarde para o lacto-vegetariano, antes
de passar para o estritamente vegetariano. Não porque seja impossível a transição
completa de uma vez; mas porque o regime vegetariano exige conhecimento e certa
adaptação, e, sobretudo, providências para a aquisição de todos os alimentos novos
que vão fazer parte do novo regime. Este tem sido o maior problema do vegetariano:
Encontrar os alimentos ricos para substituírem a carne.
Entretanto, dizer que a carne é indispensável, é estar mal informado.
Conheço pessoas que nunca comeram carne e não gostam de leite, e estão vivas
até hoje. Tenho um amigo que conheço desde os 12 anos de idade, hoje médico
aposentado; ele nunca provou a carne nem ao menos para saber o gosto. E aos 70
anos de idade ainda tem as faces tão rosadas como quando o conheci em criança; e
nunca ficou doente.

Os Perigos da Carne
Como já dissemos anteriormente e insistimos, um dos maiores inconvenientes
da carne é o perigo de seus micróbios e toxinas, que infestam cada fibra de seus
tecidos. A grande verdade hoje, a mais incontestável das verdades sobre o assunto,
é que os animais abatidos para o mercado só permanecem de pé à custa de vacinas
e antibióticos. Pergunte-se isto aos criadores de gado graúdo e miúdo, aos
avicultores e suinicultores, e eles o dirão se quiserem ser honestos. Os animais
estão cheios de vermes, pestes, tumores cancerosos, alguns com o fígado nadando
em pus e se desfazendo, outros com aftosa, carbunculose, tuberculose, etc.
Essa é a melhor carne que se come nas cidades; mas o problema se agrava
quando se considera o tempo entre a morte do animal e o seu uso como alimento, a
manipulação, o transporte, o armazenamento e a comercialização.
A carne nunca foi e nunca será o melhor alimento. Mas ao recomendar que
seja abandonada, temos alguns conselhos a dar, antes de concluir. E para tanto,
recorremos às sábias e ponderadas palavras de Ellen G. White.
Indivíduos com hábitos arraigados e com o organismo saturado de toxinas,
"com tumores a minar-lhes a vida" e "os que têm fracos órgãos digestivos, podem
muitas vezes comer carne, quando não lhes é possível ingerir verduras, frutas e
mingaus". - Conselhos Sobre o Regime Alimentar, págs. 292, 395.
"Não deveis fazer prescrições dizendo que nunca devem ser usados
alimentos cárneos, mas educar a mente, e deixar aí penetrar a luz. Seja a
consciência da pessoa despertada no que concerne à conservação própria e à
pureza de todo apetite pervertido." I Idem, pág. 291.
"Não se insista para que essa mudança seja feita abruptamente. ... Seja a
consciência educada, estimulada a vontade. e a mudança pode ser feita muito mais
depressa e de boa vontade." Idem, pág. 292.
Essa mudança no regime deve efectuar-se, mas é preciso que consideremos
"a situação do povo e o poder de um hábito de toda a vida, sendo cautelosos em
não insistir indevidamente, mesmo quanto a ideias justas. Ninguém deve ser
solicitado a fazer abruptamente a mudança". - Idem. pág. 398.
E "quando se abandona a carne, deve-se substituí-Ia por uma variedade de
cereais, nozes, verduras (hortaliças) e frutas". - Ibidem.
Aqui ficam estes conselhos preciosos. Todos os que quiserem saúde perfeita,
terão de abandonar o uso da carne. Mas há os que não estão em condições físicas
e mentais para fazê-Io num momento; e quando o fizerem, que seja depois de uma
conscientização e com inteligente substituição.
Cremos que, a esta altura das instruções neste livro, todo leitor já está
devidamente capacitado para eliminar a carne de seu regime alimentar, sem prejuízo
para a saúde. Os conselhos expressos são esclarecidos e não necessitam de
comentários.
Capítulo 14

“Não sabeis vós que sois o templo de Deus, e que o


Espírito de Deus habita em vós? Se alguém destruir o
templo de Deus, Deus o destruirá; porque o templo de
Deus, que sois vós, é santo.
Portanto, quer comais quer bebais, ou façais outra
qualquer coisa, fazei tudo para glória de Deus.” – Apóstolo
São Paulo, em I Coríntios 3:16, 17; e 10:31.
Capítulo 14
O Queijo
É necessário que digamos alguma coisa a respeito do queijo. Embora seja do
conhecimento geral que ele é um produto rico em proteínas completas; e apesar de
ser frequentemente recomendado pela maioria dos médicos, toda vez que precisam
reforçar o uso de proteínas, temos contra ele sérias objecções.
Não há suficientes provas cientificas contra o uso
do queijo, senão algumas referências não muito categóricas. Entretanto, há
evidências incontestáveis contra ele, que só elas seriam o bastante.
Há alguns anos atrás se verificou que o queijo causava uma imediata
elevação da pressão arterial; até mesmo uma fatiazinha de 20 gramas era o
suficiente para elevar a pressão. Então se descobriu que o perturbador oculto era a
tiramina encontrada em certos tipos de queijo.
Um dos males mais notáveis no queijo é o fato de que ele causa prisão de
ventre. O uso do queijo agrava o problema da evacuação regular; e embora algumas
pessoas não o percebam, o queijo atrasa a eliminação completa dos dejectos
intestinais.
Ellen G. White escreveu em 1868: "O queijo jamais deveria ser introduzido no
estômago"; e mais tarde, em seu livro Ministry of Healing, pág. 302: "O queijo é
muito mais objectável; ele é totalmente impróprio para o alimento."
E então às páginas 368 a 370 de Conselhos Sobre o Regime Alimentar, ela
faz mais oito referências ao queijo, condenando mesmo o queijo fresco, o tipo que
chamamos usualmente "queijo-de-minas". Numa das passagens, ela diz: "O efeito
do queijo é deletério"; e na última delas, fala de experiência pessoal, nestas
palavras: "Nunca pensamos em fazer do queijo artigo de alimentação."
Depois destas afirmações, cabe uma pergunta: haverá uma razão científica
para o que foi dito a respeito do queijo? E certo que não sabemos no momento até
onde a ciência nos levará nesta direcção; há pesquisadores estudando o assunto.
Mas só considerando alguns fatos conhecidos, bastaria para darmos atenção aos
conselhos acima referidos.
De Greaves Elementary Bacteriology, pág. 291, extraímos o seguinte: "O fato
de que o queijo é curado por bactérias e que essa actividade bacteriológica é
essencial para a produção do odor e sabor característicos do produto final, não
remove o estigma de podre e estragado de um produto no qual a indesejável
actividade bacterial desenvolveu cheiro, paladar e textura anormais. Muitos produtos
deste tipo são constantemente observados e classificados apropriadamente como
podres e estragados, e não deveriam ser permitidos no mercado mais do que
tomates podres ou peixes podres."
Desde o momento em que o queijo é posto para curar por alguns dias, meses
ou anos, a fim de chegar ao ponto designado por seus fabricantes, começa um
período em que é trabalhado por bactérias de várias ou de determinadas espécies;
sofre um verdadeiro bombardeio de micróbios de putrefacção.
O Dr. Mervyn G. Hardinge, da Universidade Loma Linda, Califórnia, diz:
"Durante a cura do queijo, vários tipos de bactérias e fungos de mofo operam nas
proteínas, gorduras e carboidratos do coalho, através de processos de fermentação
e decomposição. Quanto mais velho o queijo, maior o grau de decomposição e mais
forte o sabor. Os produtos desenvolvidos durante o envelhecimento matam a maioria
das bactérias patogénicas. Os possíveis efeitos resultantes disso na saúde humana
não são conhecidos até ao presente."
O que se deve considerar é que, de qualquer modo, o queijo sofre várias
transformações durante seu amadurecimento e vários estágios de decomposição
para lhe darem sabor, textura e odor. E grande parte dessas bactérias putrefactivas
ainda estão vivas na ocasião em que o produto é usado como alimento. De modo
especial, isso é verdade quando o processo terminou a menos de 90 dias, isto é,
quando o queijo é ingerido menos de 90 dias após o término de seu processamento.
O Dr. J. H. Kellogg, citando outra autoridade médica, diz que um grama de
queijo fresco contem de 90 mil a 140 mil bactérias; um queijo de 25 dias contém pelo
menos 1.200.000 bactérias por grama; e um queijo de 45 dias chega a ter 2.000.000
por grama.
E ele termina com o seguinte comentário: "Não obstante estes fatos
científicos, indubitavelmente muitas pessoas continuarão a consumir, sob o nome de
'queijo', a usual quantidade de leite deteriorado; e, depois de engolirem milhões de
micróbios numa refeição, admirar-se-ão por que sofrem de acidez estomacal, azia
com queimação, flatulência, biliosidade e uma variedade de outros sintomas devidos
aos germes." - The Monitor of Health, págs. 131, 132.
Enquanto esperamos que a Ciência diga mais sobre o assunto, perguntamo-
nos: Sendo que no queijo operam bactérias de mofo e putrefacção; e sendo que
algumas bactérias de mofo nos cereais e no amendoim, mais especificamente
colónias de Aspergillus flavus, produzem câncer, dever-se-ia considerar o queijo
como passível de favorecer ou de predispor o organismo para o câncer? ou seria
preferível, por via das dúvidas, ir arriscando nesse delicioso prato até que venha a
resposta?

Outra Forte Razão


Para encerrar este capítulo, queremos dar outra razão importante para o não
uso do queijo: E esta é quanto à semente do coalho na fabricação de queijos.
Antigamente, o iniciador do coalho era fabricado com estômagos de
bezerrinhos; hoje, devido à enorme indústria queijeira em todo o mundo, esses
coagulantes passaram a ser feitos com grande porcentagem de estômagos de
porco.
Num artigo escrito pelo Dr. Vagn A. Dinesen, técnico do Christian Hansen's
Laboratory, ele declara sem nenhum segredo que os coagulantes hoje aceitos em
todo o mundo constam de tipos predominantemente de 50% e 25% bezerro, e 50%
e 75% porco.
Talvez seja esta, aparentemente, uma razão de pouco peso, visto como esse
coagulante é usado em quantidade tão pequena, que diríamos não dever contá-Ia.
Mas para aqueles que conhecem os males que certos animais representam para a
saúde, estou certo, esses rejeitarão qualquer contacto com alimentos produzidos à
base de porco.

E a Ricota?
Quando a ricota é, na verdade, o que chamaríamos melhor de coalhada
escorrida, não há dúvida de que a recomendamos como excelente alimento, e até
um componente precioso para complementar as proteínas incompletas dos feijões.
Mas insistimos em que a melhor ricota é a que fazemos em casa, coalhando nós
mesmos o leite, escorrendo o soro e comendo-a de preferência no mesmo dia, antes
de começarem a operar nela as bactérias do bolor. A ricota deve ser usada recém-
feita, sem conservantes químicos como as que se vendem em geral.
Capítulo 15

“Muitos refrigerantes contendo cafeína são vendidos


no mercado. Os principais entre eles são as ‘Colas’, alguns
dos quais, conforme se verificou, contêm de 20 a mais de
40 miligramas de cafeína por copo. Seus efeitos deletérios
no corpo são muito semelhantes aos do café, além disto,
ainda se deve considerar o efeito de sua grande
quantidade de açúcar. Algumas Colas tendem a ser
altamente ácidas (pH 2,6), de modo que seu uso habitual
produz erosão no esmalte dos dentes. Quando imersos em
refrigerantes carbonatados, os dentes humanos ficam
descalcificados dentro de duas semanas.” – Nutrition for
Life, pág. 109.
Capítulo 15
Bebidas Estimulantes
A não ser em situações muito especiais, não precisamos de nenhum tipo de
estimulantes. Todos os estimulantes, de quaisquer que sejam as espécies, são
danosos à saúde. Não podemos classificar nenhum deles como alimento ou fonte de
vitaminas para o bem-estar do homem.
Café, mate, chá preto, chocolate ou cacau, cola, coca, guaraná e outros mais,
usados em forma de bebidas ocasionais ou regulares, são todos altamente
prejudiciais à saúde. E todos contêm doses mais ou menos iguais de alcalóides; se
variam é em parte porque não são tomados na mesma forma e quantidade.
O princípio activo predominante de todos eles é a cafeína. Este alcalóide é
um estimulante dos centros nervosos do cérebro, que produz um despertamento
com mais rápido fluxo dos pensamentos, o que dá a sensação de alívio da fadiga e
bem-estar. Mas estes resultados não devem ser considerados benéficos, visto como
são produzidos à custa de enfraquecimento posterior e maior anuviamento do
cérebro, cerca de 24 horas após a ingestão da droga.
A cafeína, mesmo em doses moderadas, produz um prolongado aumento da
secreção estomacal, provocando o surgimento de úlceras. Quanto maior for o fluxo
de ácidos do estômago, menor a possibilidade de o indivíduo restaurar-se de suas
úlceras do estômago.
Além disto, uma vez formado o hábito, cria-se uma dependência da droga,
difícil de ser abandonada. E as possíveis consequências serão:
- Nervosismo, ansiedade, insónia e tremores;
- Aumento da secreção gástrica e da acidez estomacal com grande irritação;
- Irregularidades cardíacas com palpitações, pulso rápido, distúrbios rítmicos
e desenvolvimento de problemas nas coronárias;
- Nos casos de glaucoma, agravamento da doença pelo aumento da pressão
nos olhos; e
- Talvez a mais grave das consequências, a secreção inútil e em excesso de
insulina; e esse hiperinsulinismo produzirá infalivelmente, o hipoinsulinismo - e aí
estará instalada a diabete.
O café em grão contém até 2% de cafeína, e uma xícara de café como se usa
comumente comporta de 100 a 150 miligramas de cafeína pura e de 13 a 35
miligramas no café chamado descafeinado.
De uma única espécie de refrigerante, são bebidas diariamente em todo o
mundo cerca de cem milhões de garrafas, contendo algumas toneladas de cafeína
pura, suficiente para viciar os seus usuários, especialmente as crianças. E isto sem
mencionar os demais ingredientes, também perigosos.
O chocolate, em suas várias formas ou sob diversos nomes comerciais,
contém boa quantidade de cafeína. Mas um de seus grandes males é que, aliado ao
açúcar e ao leite, e juntamente o ácido oxálico inorgânico que contém, constitui um
tremendo descalcificante, contribuindo para enfraquecimento do sangue, dos ossos
e dos dentes, sendo muitas vezes a principal causa da anemia.
Assim, de forma rápida e resumida, condenamos o uso de qualquer bebida
estimulante, quer seja café, chá mate e da Índia, chocolate ou refrigerantes. Em
primeiro lugar, porque, absolutamente, não precisamos de estimulantes para manter
a saúde, como o cavalo não precisa de chicote para ter força. E em segundo lugar,
porque, excepto os alimentos líquidos como o leite, sucos de frutas e de hortaliças e
a água que bebemos, não precisamos de nenhum outro líquido.
E por uma orientação errada, que os homens se habituaram a empurrar o
alimento para o estômago à custa de goles de café, chá ou refrigerantes, sem
mastigar e sem saborear o gosto daquilo que comem. Daí resulta má digestão e
suas consequências. Fora, pois, com todos os erros dietéticos. Fora com os líquidos
desnecessários, a não ser que se queira, ocasionalmente, tomar um chá de ervas
medicinais, como trevo roxo, alfafa, capim cidreira, hortelã, camomila ou outras. Mas
não com o propósito de ter alguma coisa com que forçar o alimento a descer
precipitadamente esófago abaixo.

Resumo Elucidativo
Em Ciência do Bom Viver, Ellen G. White resume em poucas palavras todos
os maus efeitos dos estimulantes, notadamente o chá e o café, mais usados que
outros na época. Diz:
"O chá atua como estimulante, e, até certo grau, produz intoxicação. A acção
do café, e de muitas outras bebidas populares, é idêntica. O primeiro efeito é
estimulante. São excitados os nervos do estômago; estes comunicam irritação ao
cérebro, o qual, por sua vez, desperta para transmitir aumento de actividade ao
coração, e uma fugaz energia a todo o organismo. Esquece-se a fadiga; parece
aumentar a força. Desperta o intelecto, torna-se mais viva a imaginação.
"Em virtude desses resultados, muitos julgam que seu chá ou café lhes faz
um grande benefício. Mas é um engano. Chá e café não nutrem o organismo. Seu
efeito produz-se antes de haver tempo para ser digerido ou assimilado, e o que
parece força não passa de excitação nervosa. Uma vez dissipada a influência do
estimulante, abate-se a força não natural, sendo o resultado um grau
correspondente de languidez e fraqueza.
"O uso continuado desses irritantes nervosos é seguido de dores de cabeça,
insónia, palpitação, indigestão, tremores, e muitos outros males; pois eles gastam a
força vital. Os nervos fatigados necessitam repouso e quietação em lugar de
estimulantes e super-actividade. A natureza necessita de tempo para recuperar as
exaustas energias. Quando suas forças são aguilhoadas pelo uso de estimulantes,
conseguir-se-á mais durante algum tempo; mas, à medida que o organismo se
enfraquece mediante o uso contínuo, torna-se gradualmente mais difícil erguer as
energias ao desejado nível. A exigência de estimulantes se torna cada vez mais
difícil de controlar, até que a vontade é vencida, parecendo não haver poder capaz
de negar a satisfação do forte apetite contrário à natureza. São reclamados
estimulantes mais fortes, e ainda mais fortes, até que a natureza exausta já não
pode corresponder." - Págs. 326, 327.

E Que Dizer do "Café de Cevada"?


Não há nenhum mal na cevada, como cereal, em forma de alimento. Mas há
um positivo mal no que quer que seja torrado à moda brasileira. Desde que o cereal
seja torrado a ponto de ficar preto, como se faz usualmente, o grão absorve todos os
gases altamente venenosos da fumaça, que são depois transmitidos no líquido
ingerido. E aí a maior vítima será o fígado.
E esta a razão por que tantos usuários do "café de cevada" se queixam de
gastrite e problemas do fígado. Assim, embora a cevada seja um excelente cereal,
torrada se torna prejudicial.
Na Europa e noutras partes se tostam os grãos para ficarem pouco mais que
dourados, juntamente com malte. Esses grãos inteiros ou apenas quebrados (não
moídos), são fervidos por alguns minutos. Dessa cocção resulta uma bebida muito
saborosa e cheirosa, um excelente alimento. Mas tomar cevada queimada só para
imitar o café, nunca será café; e depois de tudo, mesmo sem a cafeína, ainda é
prejudicial.
Capítulo 16

“Os brotos são um alimento que se torna um hábito.


Desde que se adquira o gosto por eles e se aprenda a
produzi-los, será difícil ficar sem eles.” – D. R. Hiatt.
Capítulo 16
Alimentos Especiais - Os Brotos
Os brotos de legumes, de certas hortaliças e cereais são de uma
preciosidade que ainda não chegou a ser revelada em sua plenitude. Eles têm sido
usados desde muito entre os orientais, mas no mundo ocidental começaram a ser
melhor conhecidos depois da Segunda Guerra Mundial.
Eles são uma grande fonte de Vitaminas A, B, C, D, E, G, K e U, além de
aminoácidos, minerais e hidratos de carbono. Na verdade, nenhuma outra hortaliça
pode superar o valor dos brotos.
A Dra. Pauline Barry Mack, da Universidade da Pennsylvania, verificou que o
soja, por exemplo, que não tem senão traços de Vitamina C, logo que lhe aponta o
broto, passa a ter 108 miligramas dessa vitamina: e quando o broto atinge 72 horas,
já está com 706 miligramas de Vitamina C.
Com respeito ao complexo B, o Dr. Bailey, da Universidade ( de Minnesota,
verificou que a Vitamina B1, a Niacina e o ácido pantotênico dobravam de valor no
processo da brotação; a piridoxina e a biotina aumentavam 150%; e a B2 e o ácido
fólico ascendiam a 20 e 30% respectivamente. durante os dias da brotação.
Para aqueles que dependem de feiras e quitandas para a aquisição de suas
verduras, brotando sementes em casa, terão sempre verdura fresca, apanhada na
hora de pôr na boca; pois não é preciso lavar nem temperar. Especialmente a alfafa
é deliciosa sem nenhum tempero.
Muitas das verduras compradas, já chegam às mãos do consumidor sem
vitalidade, tantos são os dias que passam desde que são colhidas até serem
consumidas. Mas com a brotação em casa, tem-se verdura fresca diariamente.
Outra vantagem da brotação em casa é que não dependemos de ter ou não
terra para plantar. Não precisamos fazer canteiro; não precisamos de adubo; não
temos o trabalho de capinar. E o preço é apenas o que se gasta com as sementes.
Há muitas sementes que se prestam para a brotação. A que produz os brotos
mais saborosos é a alfafa, mas se podem semear também outras sementes de
hortaliças, de cereais e legumes.
O milho e o trigo dão brotos muito doces; mas devem ser usados quando os
brotos são ainda pequenos, não mais que uma ou duas vezes o tamanho do próprio
grão. Moem-se os grãos brotados numa máquina de moer carne ou no liquidificador
com um pouco de água, e o produto pode ser adicionado à massa de pão, a
mingaus e outros pratos. E excelente para complementar o alimento dos bebés. Não
requer cozimento prolongado.
Quanto às leguminosas e hortaliças, espera-se até que os brotos tenham
atingido cerca de 5 a 7 centímetros de comprimento. Mas em geral, eles devem ser
comidos 72 horas depois de o broto aparecer, ou seja lá pelo 4º ou 5º dia, pois é
quando certas vitaminas atingem o máximo de seu volume.

Materiais Básicos Para a Brotação


1. Qualquer forma larga, como uma assadeira, serve para comportar uma
semeadura de brotação. Mas para brotações constantes, aconselhamos a aquisição
de uns 10 ou 20 pratos de alumínio leve, desses que se usam para bolos e
salgadinhos nas festas, preferivelmente quadrados ou rectangulares.
2. Comprem-se uns dois ou três metros de espuma de nylon, não mais
espessa que 1 centímetro; então se cortam dela pedaços do tamanho exacto para
cobrir o fundo dos pratos.
Processo Para Brotar Alfafa e Hortaliças
1. Encharca-se bem a espuma de nylon, antes de estendê-Ia no , prato de
alumínio.
2. Esparramam-se as sementes, mais ou menos juntas, sobre a espuma
encharcada.
3. Coloca-se esse prato semeado numa prateleira ou noutro lugar escuro. Os
brotos se desenvolvem melhor no escuro.
4. Diariamente se despeja mais um pouco de água nas beiras do prato, sem
perturbar as sementes. A medida que o broto cresce, vai puxando água, de modo
que é necessário acrescentar mais um pouco.
Lá pelo 4º ou 5º dia, os brotos devem estar em condição de ser usados. Se se
quiser mais clorofila nos brotos, o que é recomendável, então se pode expô-los a
alguma luz antes de usar. Basta que tomem luz por umas poucas horas para que
comecem a ficar esverdeados.
Pode-se levar o prato para a mesa, à hora da refeição, e cada um pode ir
arrancando os brotos e comendo-os enquanto participam dos outros alimentos. Os
brotos também se prestam para ser comidos como recheio de sanduíche. Mas há
para eles uma infinidade de usos, que podem ser descobertos pela experiência de
cada indivíduo.

Processo Para Brotar Cereais e Legumes


Material. - Um vidro desses que se usam para compotas, palmito ou
maionese; e um pano ralo ou filó.
1. Colocam-se no vidro umas 3 ou 4 colheres das de sopa da semente
desejada para a brotação. (Pode ser soja, lentilha, ervilha, milho, trigo ou outra.)
2. Cobrem-se as sementes com água até o dobro da altura, e se amarra a tela
de filó na boca do vidro.
3. No dia seguinte, enxaguam-se as sementes uma ou duas vezes, escorre-
se a água e deita-se o vidro num lugar escuro.
4. Todos os dias, de manhã e à noite, repete-se o processo de enxaguar as
sementes, escorrer a água e deitar o vidro. As sementes devem estar sempre
húmidas, mas não dentro da água.
5. No caso dos brotos de cereais, eles estarão bons para ser usados quando
atingirem o tamanho ou o dobro do tamanho do seu grão; os brotos do soja e outras
leguminosas podem crescer até terem 5 a 7 centímetros, como explicamos
anteriormente.

Método do Dr. Clive M. McCay


O Dr. McCay, da Escola de Nutrição da Universidade Cornell e a Comissão
de Emergência de Alimentos do Estado de Nova Iorque têm feito muito por
divulgarem o uso de brotos de soja. Aqui damos o método por eles indicado, passo a
passo.
1. Escolha o feijão, elimine os grãos partidos e as impurezas.
2. Lave os grãos.
3. Cubra de água o soja e deixe assim até a manhã seguinte. Para meio
quilo de soja, pouco mais de 1 litro de água e uma pitada de cloro, que se pode
adquirir na farmácia.
4. Na manhã seguinte, drene a água e despeje os grãos na vasilha em que
vão brotar. Se for usado um vaso de barro para flores, coloca-se no fundo, sobre o
furo, uma tela ou pano para impedir que os grãos caiam.
5. Cubra os grãos com um pano molhado. Mantenha-os húmidos e num lugar
escuro. Regue-os algumas vezes todos os dias; na última molhada de cada dia,
acrescente na água uma pitada de cloro.
6. Cuide para não ficar água no fundo da vasilha. Os grãos devem estar
sempre húmidos mas não mergulhados em água. O cloro é para impedir que os
grãos venham a mofar.
Recomendamos que todos procurem comer brotos diariamente,
principalmente alfafa e soja. Com brotos todos os dias, podemos esquecer as
vitaminas da farmácia. E certamente esqueceremos também as doenças.
Segunda parte

Os Remédios da Natureza
Capítulo 17

"A Natureza necessitará de alguma assistência para


pôr as coisas em seu devido lugar, e esta assistência pode
encontrar-se nos remédios mais simples, especialmente
aqueles que a própria Natureza provê: ar puro, com o precioso
conhecimento de como respirar; água pura, com o
conhecimento de como aplicá-la; abundância de luz solar em
cada i cómodo da casa, se possível, e com o conhecimento
inteligente de que vantagens se podem tirar de seu uso. Todos
esses são poderosos em sua eficiência, e os pacientes que
tiverem alcançado o conhecimento de como comer e vestir-se
de modo saudável, podem viver para o conforto, a paz e a
saúde, e não serão induzidos a pôr em seus lábios drogas que,
em lugar de ajudar a Natureza, paralisam suas faculdades." -
Medicina e Salvação, págs. 223, 224.
Capítulo 17
Como Viver Sempre Com Saúde

Nesta segunda parte, consideraremos outros factores naturais de saúde, além


do alimento. Deus colocou inúmeros recursos ao nosso dispor para que gozemos a mais
exuberante saúde. E todos eles se acham à nossa mão, ao nosso redor, na Natureza que
nos cerca.
Como guia e orientação para esta parte do livro, citamos as palavras de E. G.
White:
"Em caso de doença, convém verificar a causa. As condições anti-higiénicas
devem ser mudadas, os maus hábitos corrigidos. Então auxilia-se a natureza em seu
esforço para expelir as impurezas e restabelecer as condições normais no organismo." - A
Ciência do Bom Viver, pág. 127 (Grifo nosso).
Notemos os passos que devem ser dados em caso de doença:
1. Verificar a causa. Nós mesmos devemos investigar por que estamos
doentes. É por um regime alimentar impróprio? Acaso mantemos hábitos insalubres dos
quais temos conhecimento? Seja o que for, devemos ter a coragem para não desculpar a
ofensa praticada contra nosso corpo. Somos propriedade de Deus, e temos de dar contas
da maneira como tratamos nossa saúde.
2. Então, devemos mudar as condições anti-higiénicas: Sejam erros dietéticos,
ambientes poluídos e impróprios, falta de arejamento suficiente ou de luz solar, poluição
sonora ou outra qualquer coisa que possa produzir doença. E nosso dever mudar
condições e circunstâncias.
3. Corrigir os maus hábitos: Seja o vício de fumar, beber, comer fora de hora, a
toda hora, apressadamente. dormir tarde, dormir demais ou de menos, indolência, falta de
exercício, falta de banhos frequentes, pensamentos impuros e vida impura, desconfiança,
inveja, malícia, maledicência, etc. São todos hábitos insalubres, que devemos corrigir
para ter saúde ou para sarar de doenças já instaladas no corpo.
4. A Natureza deve ser auxiliada em seu esforço. Aqui devemos buscar meios
naturais de ajuda à nossa natureza em seu esforço por expelir as impurezas. Primeiro,
com determinados tratamentos naturais, podemos auxiliar o corpo a produzir reacções de
expulsão e limpeza. As toxinas e impurezas acumuladas e os micróbios que invadiram o
corpo, devem ser expulsos. Sem limpeza do organismo, não pode haver cura, nem
mesmo com os melhores alimentos do mundo.
Às vezes a pele está tão inactiva que não desempenha seu papel na
eliminação das impurezas; ou outros órgãos internos, como o fígado, os rins e os pulmões
se acham tão enfermos que não realizam sua parte da obra de purificação do corpo. E aí
que os devemos ajudar, para que voltem à sua actividade normal.
Quais são os meios de que podemos lançar mão para realizar isto e conseguir
a saúde?

Só uma Fonte Correcta

A resposta ainda é de Ellen G. White. Dirigindo-se a um médico, ela disse:


"Existem muitos meios de praticar a arte de curar, mas só existe um meio que o Céu
aprova. Os remédios de Deus são os simples agentes da Natureza, que não
sobrecarregam nem debilitam o organismo." - Conselhos Sobre Saúde, pág. 323.
A medicina convencional adopta o uso de drogas que se tornam em
sobrecarga ao organismo; e outras o enfraquecem. Parece que muitas não têm outra
função senão reunir as últimas reservas do organismo já enfraquecido para socorrer em
emergências, melhorando um órgão com prejuízo de outros. As drogas não restauram,
mas destroem; elas não curam nunca.
Mas os agentes da Natureza não atuam assim; eles dão, em lugar de tirar. Por
sua função, as impurezas são eliminadas, para que o próprio organismo possa reagir e
restaurar-se.

Quais São Estes Agentes?


Na continuação da citação acima, temos parte da resposta; e o restante dela
em outros livros da mesma autora.
"Os remédios de Deus são os simples agentes da Natureza. ... Ar Puro e Agua,
Asseio, Regime Adequado, Pureza de Vida e Firme Confiança em Deus, são os remédios
por cuja falta milhares de pessoas estão perecendo... Ar puro, Exercício, Agua Pura e
Moradia Limpa e Aprazível, acham-se ao alcance de todos." - Ibidem.
"Exercício, e o livre e abundante uso do ar e Luz Solar - bênçãos que o Céu
tem outorgado a todos nós livremente." - Idem, pág.54.
"Deus tem feito que cresça a Erva no campo para uso do homem, e se
compreendermos a natureza dessas Raízes e Ervas, e fizermos correcto uso delas, não
haverá necessidade de correr ao médico tão frequentemente." - Medicina e Salvação,
págs. 230, 231.
"Em muitos casos de moléstia, o melhor remédio é o paciente Jejuar." -
Conselhos Sobre o Regime Alimentar, pág. 189.
"Descanso, Ausência de Cuidados, luz, ar puro, água pura, e dieta frugal, é
tudo que necessitam para sararem." - How to Live, vol. 4:58.
Temos assim, no correr das citações acima, todo o material necessário para
compor nossa farmácia individual. Aqui estão todos os remédios de Deus para nós; todos
os médicos de que necessitamos. Na verdade, com estes recursos, bem poucas vezes
precisaremos recorrer a médicos, farmácias ou hospitais, embora estes tenham seu
importante lugar na sociedade em que vivemos. Em resumo, são estes os remédios de
Deus nos agentes da Natureza e nos recursos de nossa cooperação:
Ar Puro - Luz Solar - Agua Pura - Asseio - Regime Alimentar Adequado - Jejum
- Exercício ao Ar Livre - Descanso - Morada Limpa e Aprazível - Ervas e Raízes - Pureza
de Vida - Confiança no Poder Divino.
Ao desenvolver estes temas, esperamos que eles nos possam ajudar a viver
de maneira a ter uma radiante saúde e, em resultado, ajudar outros a viverem assim.
Não pretendemos desenvolver ao máximo o assunto de cada um dos capítulos
seguintes, pois não é nossa intenção tornar este livro uma obra técnica ou um compêndio
de tratamentos naturais. Há tantos outros livros que o fazem. Daremos apenas algumas
instruções muito simples a respeito de uns poucos tratamentos naturais que qualquer
pessoa pode aplicar sem equipamento complicado.
Entretanto, insistimos com todos para que estudem o máximo possível nesta
linha, pois devemos abandonar as drogas e utilizar- nos dos recursos na Natureza.
Capítulo 18

"Sob hipótese alguma devem-se privar as pessoas


doentes de um completo suprimento de ar fresco. O ar fresco
proporcionará muito maior benefício às pessoas enfermas do
que medicamentos, e é muito mais necessário a elas do que o
seu alimento.
Elas passarão melhor e se recuperarão mais depressa, quando
privadas de alimento, do que quando privadas de ar." -
Conselhos Sobre Saúde, pág. 55.
Capítulo 18
Ar Puro e Como Usá-lo

O ar é um dos mais importantes agentes da Natureza colocados por Deus à


nossa disposição, tão precioso que precedeu na Criação o aparecimento de todas as
formas vivas. Sem ele, não há vida.
Ele tem que ver com inúmeros aspectos da vida. O ar puro é necessário para a
renovação do sangue. De momento em momento, o sangue chega aos pulmões
carregado de venenos para serem expelidos, esperando aí ser abastecido de oxigénio
para ser levado até às mais longínquas extremidades do corpo. Sem ele, a morte tem
lugar em questão de minutos. Dele necessitamos vários milhares de litros cúbicos todos
os dias para arejar todas as células do corpo, em percursos que totalizam perto de cem
mil quilómetros em 24 horas.
O ar é importante até na nutrição. Há nutrientes que não seriam aproveitados
se não fosse a presença de oxigénio. Os nervos sofrem sobremaneira na ausência do ar
puro. Mais ar, mais saúde, mais disposição, mais alegria.

Exercícios de Respiração
Não custa dinheiro, e toma apenas alguns minutos cada dia fazer algum tipo de
exercício de respiração. Não prescrevemos nenhum procedimento rotineiro, metódico e
de tempo fixo. Mas as pessoas que vivem nas grandes cidades têm vida muito agitada e
complicada. Que bem lhes fariam 5 a 10 minutos de respiração forçada, de preferência
cedinho!
Experimente você. Encoste os calcanhares no rodapé da parede; depois, os
quadris, os ombros e a cabeça. Saia da parede assim erecto. Faça então seu exercício de
respiração. Levantando os braços, inspire tanto ar quanto lhe seja possível; segure-o por
um tempo nos pulmões: 15, 30 ou mais segundos. Então, abaixando lentamente os
braços, vá soltando esse ar. Inspire de novo, segure, solte, e assim por diante. Há livros
no comércio que ensinam toda uma série de movimentos, além dos indicados aqui tão
resumidamente.
Não importa tanto se você pode ou não fazer uma série completa de
movimentos respiratórios. Cinco minutos diariamente de exercícios simples para ajudar os
pulmões, representam mais do que o nada que você está praticando agora. Vamos,
comece hoje mesmo, e você verá quanto isto lhe vale.
Mantenha-se erecto; ande assim; sente-se assim. Quando sentado, procure
fazer os dois ombros tocarem o encosto da cadeira: veja que o peito esteja bem aberto.
Isto lhe dará uma aparência melhor, de mais juventude. Por que desenvolver uma
corcunda? Por que andar curvado? Parece que andando erectos, temos mais facilidade
para olhar para cima, para o céu, para Deus, para o optimismo. Tenho a impressão de
que aquele que anda encurvado, com muita facilidade se acostuma a ajuntar pregos
enferrujados, botões e alfinetes velhos, e às vezes umas moedinhas de poucos centavos;
mas perde as nuvens coloridas, o Sol, a Lua, as estrelas, o sorriso dos que passam, e
tantas outras coisas boas.
Talvez você tenha, ocasionalmente, de esperar alguém. Por , que não
aproveita os momentos para um moderado exercício de respiração? Se o seu trabalho é
sedentário, tome 2 ou 3 minutos, no fim de cada hora, para respirar profundamente. Isso
aliviará a tensão nervosa e lhe facultará mais claros pensamentos para o trabalho mental.
Você é professor? Comece a aula com todos os alunos de pé, respirando profundamente
por um ou dois minutos; e insista com os seus alunos para que levem a prática para onde
quer que forem. Com isto, você não só estará ajudando a si mesmo, mas espalhando
entre centenas um bom hábito.

Também as Roupas
Use roupas bem arejadas. Ponha especialmente as roupas de cama
estendidas num lugar em que possam ser banhadas por boa corrente de ar fresco. O ar
mata milhões de micróbios.
Nossas avós e mães costumavam estender diariamente os lençóis e
cobertores nalgum lugar em que apanhassem abundante ar, mesmo quando não havia
sol. As camas só eram arrumadas depois que essas peças voltavam de fora. Para as
mulheres daqueles tempos, não era tão importante ter camas arrumadinhas o dia todo
para exibir beleza e ordem; a saúde de seus familiares pesava muito mais. Eu vi isto em
minha casa até ficar moço.
Mas não eram só os lençóis e cobertores que iam para fora; também os
pijamas e camisolas eram estendidos fora todos os dias. E uma vez por semana, o
colchão era levado para fora. E claro que os colchões de então eram mais leves, feitos de
capim, crina vegetal ou palha de milho. Mas era assim que as nossas mães procediam,
embora talvez não entendessem nada de micróbios ou dos efeitos do ar para a saúde.
Uma coisa elas sabiam muito bem: as roupas arejadas diariamente ficavam mais
cheirosas e favoreciam um sono reparador.

Os Aposentos
Também os aposentos, principalmente aqueles em que dormimos, devem ser
bem arejados. As janelas devem ficar abertas as 24 horas do dia. Durante as horas de
repouso, os dormitórios devem ter abundância de ar, sem correnteza de vento. Quando a
única janela está em frente a uma porta interna, feche-se a porta para não permitir
correnteza de ar, que é muito prejudicial. Também nunca se ponha a cabeceira da cama
debaixo de uma janela. O ar frio não deve cair directamente sobre a cabeça durante o
sono.
Usem-se mais cobertas quando está frio, em lugar de usar ar poluído para
aquecer. Alguns acham que o ar da noite é prejudicial; mas é o único que existe nessa
parte do dia. Se não usarem o ar da noite, que é que vão usar? Esse ar é tão saudável
quanto o do dia, ou mais ainda.
Em 1898, médicos do exército americano, notaram que todos os soldados
feridos acomodados em tendas ao ar livre, por falta de lugar no hospital, recuperavam-se
em menos tempo que aqueles acomodados entre quatro paredes. E Ellen G. White
endossa este fato em palavras que dirigiu a médicos e enfermeiros:
"A vida ao ar livre é um meio de alcançar saúde e felicidade. ... Encorajai os pacientes a
viver fora das portas. Imaginai planos para mantê-los fora, onde se familiarizarão com
Deus por meio da Natureza. Ao fazerem exercícios ao ar livre, terá início a restauração do
corpo, mente e alma. A vida ao ar livre, longe das cidades congestionadas, é um
restaurador da saúde. O ar puro tem em si saúde e vida. Ao ser respirado, exerce
revigorante efeito sobre todo o organismo. ...
"A vida ao ar livre é um bem para o corpo e a mente. É o remédio de Deus para
a restauração da saúde. Ar puro, água boa, luz solar, belos arredores - esses são os Seus
meios para restauração dos doentes à saúde, pelos meios naturais." - Medicina e
Salvação, págs. 232, 233.
" Ar, ar, a preciosa dádiva do Céu, que todos podem ter, beneficiar-vos-á com
sua revigorante influência, caso lhe não recuseis a penetração. Dai-lhe as boas-vindas,
tende-lhe afeição e ele se revelará um precioso calmante dos nervos. O ar deve estar em
constante circulação para manter-se puro. O efeito do ar puro e fresco é fazer com que o
sangue circule de maneira saudável através do organismo. Ele refresca o corpo e tende a
comunicar- lhe força e saúde, ao mesmo tempo que sua influência é claramente sentida
sobre a mente, comunicando uma espécie de calma e serenidade. Desperta o apetite,
toma mais perfeita a digestão dos alimentos e conduz a sono saudável e tranquilo." -
Conselhos Sobre Saúde, pág. 60.

As Janelas
Insistimos em que se tomem todas as medidas necessárias para que as
janelas possam ficar amplamente abertas dia e noite. E claro que nas cidades uma janela
sem protecção chama os ladrões. E em qualquer parte do mundo, se não houver uma boa
tela, os mosquitos não deixarão dormir.
Mas considerem-se os milhões de pessoas que diariamente se levantam da
cama com os olhos inchados, as faces descoradas, dor de cabeça e sonolentas, mais
cansadas do que quando se deitaram à noite. Por quê? - Porque passaram a noite toda
em dormitórios com pouca ou nenhuma ventilação, respirando o ar poluído expelido por
outros membros da família, dentro do mesmo cómodo. Se continuassem deitados mais
algumas horas nessas condições, não acordariam, provavelmente.
Acaso essas pessoas se deram ao trabalho de perguntarem a si mesmas por
que é que, após saírem ao ar livre, os olhos desincham, a palidez desaparece e passa a
dor de cabeça?
Entretanto, que fazer para ter janelas abertas numa cidade em que os ladrões
andam às soltas? Argumenta-se que seria muito caro proteger as janelas de todos os
dormitórios. De fato custa algum dinheiro. Digamos que, entre grade de ferro e tela contra
os mosquitos, sejam gastos o quê? - O preço de uma consulta médica? Talvez não seja
muito mais que isto, porém será uma despesa feita uma só vez para muitos anos. Mas a
pessoa que dorme com as janelas fechadas irá muitas vezes ao médico durante esses
anos, e gastará na farmácia o dinheiro de muitas grades de ferro.
Alguém argumentará que mora em casa alugada e que não pretende deixar
nela nenhuma benfeitoria. Pois bem, ainda assim, é mais barato fazer a despesa, porque
a saúde da família deve ser mais preciosa que qualquer vantagem monetária. E afinal, a
diferença ainda é enorme: O produto do serralheiro deixa na parede insignificantes
marcas que se encobrem, ao passo que as marcas da doença talvez nunca mais
desapareçam.

Banhos de Ar
Uma coisa muito preciosa, é o banho de ar. Consiste em a pessoa se despir o
mais completamente possível e ficar alguns minutos ao ar livre.
Esse banho pode ser feito no interior de um aposento, contanto que tenha
abundante ar fresco, sem correnteza de vento encanado. Certamente, esse banho
tomado fora de casa poderá ser mais eficaz.
Mesmo em temperaturas bem baixas, pode-se tomar esse banho com muito
proveito. Pessoas muito nervosas e as que padecem de insónia deveriam tomá-lo todas
as noites antes de ir para a cama. A princípio, parece que não poderão aguentar o frio,
mas dentro de poucos minutos notarão que se sentem confortáveis. Quanto mais fria a
noite, parece que maior é a sensação de calma e repouso.

Ar Para Falar e Cantar


Ninguém poderá falar e cantar convenientemente se não souber respirar ao
fazê-Io. Procure falar compassadamente e com boa dicção; e à medida que o faz, respire
profundamente. Tente sentir o ar tocar o estômago. Quando os pulmões se dilatam como
devem, expandem o tórax e tocam o estômago. A voz melhora; será mais fácil falar ou
cantar.
Afinal, respire, respire, respire. E se o ar ao seu redor não é bom, está poluído,
mude-se para o mato, fuja dos grandes centros. Só você é responsável por permanecer
onde ficará doente. Ninguém nasce grudado num lugar ruim. Ele pode ir para onde quiser.
Se você insiste em morar num ambiente de ar corrompido, talvez ganhe
dinheiro para gastá-lo em doenças e na satisfação de uma vida arrebatada
prematuramente.
Capítulo 19

"A luz solar pinta os céus, dá cor às folhas e tinge as


flores. Sob sua genial influência toda a Natureza viceja. Ela
ultrapassa todos os demais agentes na restauração da cor
natural às faces descoradas e cadavéricas de inválidos por
longo tempo metidos em casa. Os banhos de sol são
poderosos remédios para a doença, aplicados correctamente.”
Dr. J H. Kellogg, em Household Monitor of Health.
Capítulo 19
Luz Solar e Vida ao Ar Livre

A luz solar desempenha um papel muitíssimo importante na manutenção da


saúde e na cura das enfermidades. Se não fosse pelo Sol, seus raios e sua luz, em pouco
tempo toda a vida cessaria sobre a face da Terra. Não pode haver saúde plena sem sol e
seus benefícios naquilo que comemos; pois os próprios alimentos que ingerimos precisam
dele.
Sobre os valores do sol em relação à saúde, escreve o Dr. Frederick M.
Rossiter, em seu livro Practical guide to Health: "A luz solar é o mais poderoso agente
curador ou medicinal. Doenças da pele e malignas são muito menos comuns entre os que
passam grande parte de seu tempo ao ar livre, expostos à luz. Se o corpo inteiro pudesse
ser diariamente exposto à luz solar como o é o rosto, o homem seria mais sadio e mais
feliz. A luz promove a saúde - as trevas, a doença.
"Várias horas todos os dias deveriam ser passadas ao ar livre. A luz solar
acalma os nervos, relaxa os vasos sanguíneos e armazena por reposição as energias
desperdiçadas. Ela é o gratuito dom de Deus ao homem, e pode ser adquirida por apenas
tomá-la. Nenhum ser humano necessita ficar privado deste dom - o mais potente remédio
da Natureza."
Talvez uma das mais significativas importâncias do sol esteja na contribuição
dele para a formação da vitamina D, sem a qual o cálcio e o fósforo dos alimentos de
pouco ou nenhum valor seriam para o corpo; o raquitismo e outras doenças destruiriam a
saúde. ...
Essa vitamina, embora possa ser conseguida por outros meios; especialmente
no óleo de fígado de peixe e óleos irradiados, nada melhor do que obtê-la através dos
meios providos pela Natureza - os raios solares; e também é mais barata assim.
Alguns minutos diariamente de exposição do corpo desnudo ao sol, ou pouco
mais tempo de exercício sob os raios solares com roupas finas e claras, já fariam um
grande bem na produção da Vitamina D. Não que estejamos advogando aqui pouco
tempo ao sol, e sim que, para aqueles que são muito ocupados e vivem enclausurados,
um pouco de sol todos os dias seria melhor que nada.
Doutro lado, queremos advertir contra os perigos a que estão sujeitas as
pessoas que, apenas ocasionalmente, vão à praia ou a outro lugar de divertimento ao sol
e, sem estar preparadas para tanto, ficam o dia inteiro directamente sob os causticantes
raios solares "fritando" a pele. Os resultados deste procedimento podem ter
consequências bem desagradáveis, e não revelam nenhuma prudência.
Os principais lugares de armazenamento da Vitamina D são a pele, o cérebro,
o fígado, os rins, as supra-renais e outras glândulas. Mas a pele é o depósito mais
importante por ser também o seu veículo ou a sua fonte. De experiências com animais de
laboratório, verificou-se que aqueles que comiam animais sem pele, ficavam raquíticos;
mas logo que comiam animais com pele e pêlo, saravam. Isso demonstrou que na pele
dos animais ingeridos estava a preciosa vitamina para curar os animais em cativeiro.

Gordura Natural
Para que os raios solares realizem sua obra benéfica sobre a pele, é preciso
que ela não tenha sido desprovida de sua gordura natural. Se a pessoa se lava antes de
sair ao Sol, os raios solares pouco; realizarão por falta de gordura; se se banha logo
depois de voltar do sol, a vitamina D na pele não terá tido tempo de ser absorvida, e a
exposição ao sol se tornou praticamente inútil. Até mesmo um banho frio após essa
exposição, anula a maior parte dos benefícios do sol.
As pessoas que se banham diariamente com água muito quente e muito sabão,
empobrecem a pele, porque eliminam toda gordura natural e favorecem a anemia, a
insónia, o esgotamento nervoso e o raquitismo.

Roupas e Aposentos
Como já dissemos no capítulo anterior sobre o ar, repetimos aqui quanto ao
valor de se levarem diariamente para tomar sol as roupas de cama e os pijamas.
Experimente-se a diferença que faz dormir com roupas arejadas e beijadas pelo sol.
Durma-se em quartos que recebam luz solar todos os dias. Abram-se as
janelas, afastem-se as cortinas para que o Sol entre como um bem-vindo. Talvez ele
descore os móveis e tapetes, mas . acabará com os micróbios, dará vigor e saúde aos
membros da família e imprimirá ao ambiente um tom alegre de vida e felicidade.
Li algures que “onde entra o sol não entra o médico” e, sem dúvida é preferível o sol, e
muito mais barato. Embora esta frase seja forçada, não deixa de ter a sua verdade.

O Banho de Sol
Em The Seven Essenciais of Health, o Dr. Philip Welsh apresenta as seguintes
considerações:
"O banho de Sol é uma das mais deliciosas recreações possíveis. Além do
prazer do momento, oferece a satisfação de se saber que o corpo está bebendo e
armazenando elementos vivificantes extraídos do ar e dos raios solares. A luz solar é o
estimulante, o tónico e o agente medicinal da Natureza. Seu uso em combinação com
outras dádivas da Natureza haveria de revolucionar nossos atuais métodos artificiais de
cura.
"Quando se permite ao sol brilhar sobre a pele, ela rapidamente armazena no
corpo uma tremenda quantidade de energia. Milhões de extremidades nervosas absorvem
a energia radiante do Sol e a transmitem a todo o sistema nervoso. Esta é a razão por
que a gente se sente tão cheia de energia e vida após um banho de sol."
Especialmente os doentes se devem servir deste maravilhoso remédio da
Natureza. De Medicina e Salvação, copiamos a instrução seguinte: "Os doentes têm uma
lição a aprender. ... Devem viver muito à luz solar, que deve ter entrada em todos os
quartos do edifício." - Pág. 260. E de Ciência do Bom Viver, vem este outro conselho:
"As instituições para o cuidado dos doentes seriam incomparavelmente mais
bem sucedidas se fossem situadas fora das cidades. O quanto possível, todos os que
estão procurando recuperar a saúde se devem colocar num ambiente campestre, onde
possam fruir os benefícios da vida ao ar livre. A Natureza é o médico de Deus. O ar puro,
a radiosa luz solar, as flores e as árvores, os pomares e vinhas, e o exercício ao ar livre
nessa atmosfera, são salutares e vivificantes." - Pág. 226.
Quando não se está habituado ao sol, deve-se começar o banho por uma
exposição de apenas alguns minutos. E então, dia a dia ir aumentando o tempo da
exposição por um ou dois minutos. No primeiro dia, não se deveria tomar um banho de
mais de 5 ou 6 minutos; e então acrescentar 1 minuto mais cada dia. Não deve haver
abuso, especialmente em se tratando de pessoas muito debilitadas.
Enfim, que o sol seja realmente aquilo para que Deus o designou: Vivificar as
plantas, sim; mas também e acima de tudo dar vida aos seres humanos.
Os homens, as mulheres e as crianças se amontoam nas grandes cidades, em
favelas, cortiços, e apartamentos húmidos e escuros. Uns não têm janelas porque são
pobres; outros fecham as janelas para que o Sol não descore seus móveis e tapetes; e
ainda estes e aqueles preferem o escuro para que possam apreciar a TV o dia inteiro. E
quando conseguem pensar em si ou percebem que o corpo clama, notam que os móveis
e os tapetes não descoraram, mas o rosto sim. Então vão ao médico; depois à farmácia, e
assim por diante, até que encontram um lugar mais escuro e sem sol, numa cova do
cemitério.
CAPÌTULO 20

"Quando consideramos as necessidades de água de


cada indivíduo, imediatamente compreendemos que
indubitavelmente ela é nosso mais precioso mineral. A água é
o mais essencial de todos os elementos de nosso corpo. Um
animal pode perder toda a sua gordura e cerca de metade de
suas proteínas; mas se perder a décima parte de sua água,
morrerá." - Dr. Jonathan Forman, em Water and Man.
Capítulo 20
Água Pura - Agua da Vida

Por que será que tudo em nós e ao nosso redor, abaixo de nós e acima de nós,
tudo está envolto em água? Nós somos mais água que sólidos; assim é o mundo em que
vivemos; assim é tudo que é organizado ao nosso redor. Até o alimento que comemos,
nunca faria parte de nosso ser se não sofresse um processo de liquefacção para entrar
em suspensão aquosa em nossa corrente vital.
O corpo precisa de água não só por causa dos alimentos que ingere, mas
também para seus processos de eliminação. Não haveria nenhuma eliminação sem água
e o ser vivente morreria dentro de minutos se não houvesse eliminação.
Grande número de pessoas sofre de vários tipos de doenças que não
existiriam caso usassem mais água.
Milhões de pessoas se queixam de prisão de ventre, intestinos preguiçosos,
fígado, má circulação, má digestão, nervosismo, insónia, problemas da pele e outros.
Quando se lhes pergunta quanta água bebem, a resposta justifica a doença. Não bebem
água; e quando o fazem, tomam-na em ocasiões impróprias, em quantidade insuficiente
e, na maioria das vezes, ingerem os condenáveis refrigerantes em lugar da preciosa
água.
A Bíblia apresenta a água em aspectos diversos: - Aguas vivas para
purificação; águas correntes junto a pomares frutíferos; águas frescas para viajores
sedentos; águas que brotam do trono de Deus para dar vida; águas que uma vez
experimentadas, saltam como de fontes para dessedentar outros; e até águas que
dessedentam para sempre. Alguns aspectos são físicos, e outros figurados. Mas em
todos eles se ressalta o valor da água e o tipo de água que deve ser usado.
Certamente, as águas usadas nas grandes cidades, por melhor tratadas que
sejam, não são da espécie que se recomenda para a nossa saúde. Por isso é que a
cidade não é o melhor lugar para vivermos. Todos devemos procurar viver no campo,
onde, entre outras coisas, poderemos fruir os benefícios de águas vivas não tratadas
águas de fonte ou de um poço, não contaminadas.
E então, que se beba tanta água quanto necessária para a despesa do
organismo. Muitos estabelecem um mínimo de 8 a 10 copos de água por dia como
medida invariável. Mas achamos que a quantidade depende de circunstâncias mutáveis.
A Bíblia diz: "Quem tem sede, ... beba." Parece que esta deve ser a primeira condição: -
ter sede. É verdade que, como já dissemos acima, há pessoas que se desacostumaram
de beber, e, portanto, não sentem sede. Neste caso, devem forçar beber até voltarem a
ser normais. Mas não é razoável estabelecer uma medida fixa para a quantidade de água
que bebemos, assim como não se pode obrigar o corpo a aceitar em todas as refeições a
mesma medida de alimento.
Para começar uma reeducação do corpo quanto à água, recomendamos iniciar
o dia com um copo ou dois ao levantar, outro tanto meia hora antes do almoço e do jantar,
e também ao deitar. E para as pessoas muito nervosas, constipadas e com problemas de
fígado, que a água bebida em jejum seja aquecida, tomada aos goles.
Bem pouca água se deve tomar em outras ocasiões, a não ser que se esteja
fazendo muito exercício sob calor abundante. Especialmente vetado, deve ser o uso de
água ou outro líquido com as refeições, sobre as refeições e logo após as refeições.
Como se recomenda moderação no comer, deve haver moderação no beber.
Água em excesso, leva do corpo grande quantidade de vitaminas do complexo B. Quanto
mais água se tomar desnecessariamente, em particular as pessoas com problemas nas
supra-renais, mais deficiências do complexo B haverá. Os diabéticos devem compreender
isto, para se proverem de alimentos ricos nestas vitaminas - cereais integrais e lêvedo de
cerveja - a fim de substituir os desperdícios.
Quando se comem frutas e vegetais crus, diminui a necessidade orgânica de
água. Uma pessoa que se tenha alimentado só de frutas durante o dia, e especialmente
frutas suculentas como abacaxi, laranjas, melão, mamão, ou que tenha comido saladas
de hortaliças cruas sem muito tempero, é claro que não necessita de muita água.
Capítulo 21

"O tratamento pela água, sábia e habilidosamente


aplicado, pode ser o meio de salvar muitas vidas." - Medicina e
Salvação, pág. 227.
Capítulo 21
Água e Suas Aplicações Curativas

A água usada externamente como agente curativo ou para alterar sintomas é


um dos meios mais antigos de tratamento que se conhece; contudo, pouco praticado
porque não é muito atractivo nem muito cómodo, apesar de sua tremenda versatilidade.
Em verdade, podemos aplicar a hidroterapia, em suas muitas modalidades, em quase
todo problema físico. Demais, a água é de fácil obtenção; é um medicamento à nossa
mão.
Desejamos aqui salientar que, absolutamente, não pretendemos tomar este
capítulo um tratado de hidroterapia. Para quem quiser ampliar seus conhecimentos neste
sentido, há livros especializados. Os tratamentos que abaixo indicamos, são apenas uns
poucos dos mais fáceis, simples e proveitosos para os momentos de emergência e que
podem poupar muita despesa médica facilmente dispensável. Estes foram os tratamentos
que eu mesmo apliquei em muitas ocasiões nos últimos 40 anos, às vezes em lugares
totalmente desprovidos de recursos médicos ou de farmácias, em sertões e vilas do
interior. Se serviram nesses lugares e circunstâncias, servem em qualquer parte do
mundo.
A água produz no corpo alterações fisiológicas que redundam em benefícios
incalculáveis. Estas alterações são classificadas como térmicas, químicas e mecânicas:
As térmicas são produzidas em resultado das aplicações exteriores de água acima ou
abaixo da temperatura do corpo; as mecânicas, pelas aplicações movimentadas de água
em jactos, borrifos ou outros impactos violentos; e as químicas, as de aplicações internas,
tanto ingeridas como forçadas através de lavagens intestinais.
Estas aplicações de água em vários tipos de tratamentos, melhoram
grandemente a circulação e a respiração, e estimulam a produção de leucócitos,
aumentando-os até mais de 60%, e favorecendo um rápido restabelecimento do doente
em muitos casos agudos.
Na lista de tratamentos ou aplicações hidroterápicas que damos a seguir, não
vai nada de profissional nem de técnico; o que ensinamos são apenas indicações simples
que qualquer pessoa pode praticar sem nenhum equipamento sofisticado e mesmo sem
nenhuma experiência anterior.
Choque de Agua Fria - Este é o mais barato, prático e rápido meio de curar
uma série de males que afligem a muitos. E excelente para cortar uma gripe e tosse,
eliminar completamente bronquite e sinusite, e um grande renovador das energias, ao
mesmo tempo que calmante para os nervos.
Primeiro, um banho frio todas as manhãs, ajuda a manter a saúde. Poucas
doenças existiriam se todos praticassem este hábito diariamente em todas as estações do
ano, por mais frio que faça.
Deve-se procurar adquirir um chuveiro possante com cano de entrada de uma
polegada, se possível, para que a água tenha bastante pressão. É indispensável que a
pessoa saia da cama com o corpo bem quente e agasalhado até chegar ao chuveiro.
Especialmente as mulheres devem ter também os pés calçados para não pisarem
directamente no ladrilho frio, a não ser que este tenha sido previamente bem molhado.
Então, abrir o chuveiro e entrar rapidamente sob a água fria, friccionando
alternativamente a nuca, a testa, acima do nariz, e o rosto na altura das conchas nasais.
Tudo isto feito com a máxima rapidez e energia a fim de aquecer o corpo pelo movimento.
Se restar coragem, faça-se ainda uma rápida fricção no corpo todo com uma escova ou
pano áspero; mas é dispensável esta fricção.
O banho todo não deve durar mais do que uns 30 segundos.
Se a pessoa estiver muito doente, é melhor que enxugue apenas os cabelos,
caso não tenha usado uma touca plástica na cabeça. Fique com o corpo assim molhado,
enrole-se num roupão ou numa toalha grande, meta-se na cama imediatamente com
bastante coberta para aquecer-se e permaneça ali até enxugar-se com o calor do próprio
corpo.
No caso de não haver um bom chuveiro, com jacto abundante, alguém pode
jogar sobre o paciente um balde de água fria, embrulhá-lo num roupão e levá-lo para a
cama nas condições acima indicadas. Para crianças muito pequenas, mesmo de
semanas ou meses, é sempre preferível o jacto com um balde de água em lugar do
chuveiro. Não há uma coqueluche ou outra tosse que resista a este tratamento; três ou
quatro banhos em dias seguidos, liquidam qualquer coqueluche.
Em pessoas muito gripadas e até com febre, o banho não causará nenhum
dano se estiverem com o corpo bem quente, o choque for rápido e voltarem
imediatamente para a cama. Sempre nestes casos, é obrigatório o repouso de cama após
o banho. Se a gripe já está firmemente instalada, dá-se um choque frio de duas em duas
horas, seguido do dito repouso sob as cobertas. Sempre o mesmo processo: Tomar o
choque, enrolar-se num roupão ou toalha, deitar e cobrir-se bem, repousar duas horas,
voltar ao chuveiro, e assim por diante até sarar. Com poucos choques destes, o paciente
deverá estar em condições de assumir outra vez as suas actividades. É importante que
durante o tratamento o doente se alimente bem, tão logo se sinta disposto a fazê-Io.
Ninguém deve tomar o choque de água fria se estiver com o corpo arrepiado
de frio. Se for necessário e a pessoa estiver em condições, faça um exercício antes do
banho a fim de aquecer-se convenientemente.
Compressas Alternadas - As compressas alternadas quentes e frias são as
mais eficazes armas a nossa mão para debelar uma quantidade de males que
atormentam milhares de pessoas ao nosso redor. Também não custam senão alguns
centavos gastos com aquecimento e pouco mais de urna hora de tempo diariamente.
Só não se aplicam estas compressas em regiões do corpo com perigo de hemorragias ou
com a possibilidade de abrigar tumores malignos. Também não convém aplicá-las a
crianças com menos de dez anos de idade, por não saberem dizer com precisão quando
a compressa está quente demais.
Tomam-se 3 toalhas bem grossas ou retalhos de cobertores pouco mais ou
menos do tamanho de uma toalha de rosto ou meio banho. Dobram-se essas toalhas em
3 ou 4 dobras no sentido lateral. Uma delas é posta imersa numa bacia com água gelada;
as duas outras, que serão usadas para as compressas quentes, também são dobradas
como a primeira, molhadas e torcidas. Põe-se ao fogo uma panela de boca larga com
uma peneira em cima dela e água pela metade. Logo que a água comece a ferver,
coloca-se uma das tolhas dobradas sobre a peneira, cobrindo-a com a tampa da panela, a
fim de guardar mais vapor.
Enquanto se espera aquecer a compressa, deve-se preparar o doente, não
muito distante do fogão, talvez na sala ou no quarto mais próximo à cozinha.
Digamos que o paciente sofra de bronquite. Então a aplicação deve ser nas
costas, na altura dos pulmões, ou seja, abaixo do pescoço e uns 10 centímetros acima da
cintura. A toalha deve estar dobrada de maneira a abranger essa região toda.
Pois bem, deita-se o doente de bruços, coloca-se sobre a pele um pano fino, e
sobre ele a primeira compressa quente, sem apertá-la com a mão. E natural que o
paciente reclame estar quente demais a compressa. Então ela é retirada, abanada e
devolvida às costas do enfermo. Se ainda ele reclama estar muito quente, procede-se
como anteriormente, até que ele a suporte sem se queixar. Aí se puxa para cima da
compressa um cobertor, a fim de mantê-la quente por mais tempo.
Passados uns 4 ou 5 minutos, a primeira compressa deverá estar em
condições de ser substituída pela segunda. O próprio doente poderá avisar quando a
compressa já está quase fria. Após a segunda compressa, segue-se uma terceira
igualmente quente; e então aí vem uma compressa gelada. Tira-se aquele pano fino que
intermeava as costas e as compressas quentes, e se coloca a compressa gelada
directamente sobre a pele do paciente. Esta compressa permanece ali por apenas um
minuto ou pouco mais.
Então se aplica a quarta compressa quente, e a quinta, e a sexta; e a seguir,
outra vez a gelada. E assim por diante: Três compressas quentes e uma gelada, até
completar 12 quentes e 4 frias. O tratamento completo deve durar pouco mais de 60
minutos. Ao terminar o tratamento, é bom cobrir o local das compressas com um pouco
de talco.
É melhor que o tratamento se faça à noite e que o doente continue deitado
para o repouso nocturno. Assim se procede cada noite, até que a pessoa esteja
completamente boa. Se for uma bronquite antiga, talvez seja necessário prosseguir o
tratamento durante um mês ou mais. Muitas pessoas que frequentemente eram levadas
para o Pronto Socorro e colocadas no balão de oxigénio, sararam completamente com
essas compressas alternadas.
Elas podem ser aplicadas nos casos de cólicas hepáticas, inflamação do
fígado, do baço, do estômago e outros órgãos, ou para activar a função do estômago,
intestinos, rins e a pele. E claro que para cada caso, as compressas serão aplicadas
sobre a parte do corpo em cuja região estão os órgãos que queremos beneficiar.
Nos casos de intoxicação ou envenenamento por ingestão de alimentos
estragados ou de tóxicos, depois de prestar os socorros usuais, devem aplicar sobre o
estômago uma série dessas compressas; elas devem abranger toda a área do fígado,
estômago e baço.
Se o envenenamento for devido à aspiração de ar tóxico, afectando a
respiração, apliquem-se as compressas sem demora nas costas sobre os pulmões, como
no exemplo dado para bronquite. Em poucos minutos, o paciente estará respirando
normalmente.
Compressas Aquecedoras - As compressas aquecedoras são aplicações
simples que, em alguns casos, podem ser usadas em lugar das alternadas, por aqueles
que não dispõem de tempo ou condições para estas. Mas também têm outros usos.
Digamos que uma pessoa sofra de inflamação no fígado. Molha-se em água
fria e torce-se uma toalha de rosto, dobrando-a duas ou três vezes, e colocando-a
directamente sobre a pele na região a ser beneficiada. Neste caso, a compressa
abrangerá também o estômago e o baço, além do fígado, de modo a tornar-se mais
proveitosa.
Sobre a toalha se estende um pedaço de plástico, para evitar que molhe a
roupa e a cama; e então sobre isso se enrola uma faixa larga para prender a compressa
fria bem ligada ao corpo. Sem pressionar demasiadamente a pele e impedir a circulação,
a compressa deve, contudo, estar bem encostada ao corpo para evitar que o ar se
interponha. Se ficar muito frouxa, o ar frio a toma ineficaz, além de desagradável.
Essas compressas podem ser aplicadas sem nenhum risco em qualquer caso
de inflamação do estômago, fígado, baço, intestinos, bexiga, rins, amígdalas, pancadas
nos vários membros do corpo, dor de cabeça ou dor de dentes.
Vamos supor que uma criança não possa dormir devido a uma dor de dente.
Molha-se em água fria um lenço dobrado, torce-se e coloca-se no rosto sobre a região do
dente que está doendo. Não é preciso enfaixar o rosto para prender o lenço. Dentro de 10
minutos a criança estará dormindo. Se ela voltar a chorar durante a noite é porque o lenço
secou ou caiu.
No caso de uma pessoa com a garganta inflamada ou com amigdalite, toma-se
um lenço de homem dobrado de maneira a cobrir toda a frente da garganta, de uma
orelha a outra; o lenço é molhado e torcido, colocado directamente sobre a pele, e sobre
ele se enrola uma faixa ao redor do pescoço. E poucos minutos após a aplicação dessa
compressa, o paciente deixará de tossir; e caso volte a tossir, é porque a compressa
secou. Então se repete a operação para que ele durma e deixe os outros dormirem
também.
Como dissemos acima, as compressas aquecedoras podem ser aplicadas no
caso de vários problemas físicos em adultos e crianças. Sem nenhum inconveniente ou
contra-indicação, elas podem ser aplicadas em crianças até de poucos dias.

Escalda-pés - Tratamento simples e facílimo. Colocam-se duas latas ou dois


baldes ao pé do fogão: - uma com água quente e outra com água fria; nesta se adicionam
alguns cubos de gelo para tomá-la mais fria. Ao mesmo tempo se mantém no fogo uma
panela de água fervente.
Metem-se os pés na água quente, e se vai sempre acrescentando mais água,
tão quente quanto for possível suportar. Depois de 5 .a 8 minutos, mergulham-se os pés
na água gelada por cerca de um minuto ou pouco mais. Voltam os pés para a água
quente por mais 5 a 8 minutos, e depois para a água fria. E assim por diante, sempre
alternando, durante uns 40 a 60 minutos.
Se esse escalda-pés for feito com o propósito de suar ou de fazer abortar uma
gripe, é aconselhável tomar durante o tratamento 4 ou 5 copos de uma limonada quente,
sem açúcar, ou outro chá quente. Mas de qualquer maneira, visto como o tratamento
produz algum suor, é indispensável terminá-lo com um rápido choque de água fria ou com
uma fricção de água fria em todo o corpo. E importante que não se apanhe nenhum vento
depois dessa aplicação.
O simples escalda-pés pode ser usado para melhorar a circulação, para uma
pertinaz dor de cabeça, para fazer regredir uma gangrena resultante de algum ferimento
nos pés, para inflamações ou reumatismo nos pés e pernas, e outros fins. Em casos de
insónia, nervosismo, má digestão, pés frios, etc., o escalda-pés é um excelente
tratamento.

Num Tipo de Gangrena


Certa vez voltava eu de uma cansativa viagem a cavalo, em companhia de
outro senhor. Isto foi há quase 40 anos. Eu cavalgava uma velha égua de carroça, mais
dura que um pilão, e já havia suportado, nas últimas 30 horas, o sacrifício de mais de 60
quilómetros.
Na última légua de estrada, um cavaleiro apressado nos alcançou. Ele era
conhecido do meu companheiro. A princípio não dei muita atenção à conversa dos dois,
visto como só estava interessado em chegar, apear, tomar um banho e cair na cama. Mas
aí ouvi que o cavaleiro ia à estação da estrada de ferro passar um telegrama para o único
médico da mais próxima vila, a fim de que viesse ver o filho do fazendeiro, que estava
multo mal.
Ora, considerei: Esse médico só poderia chegar ali 26 horas depois, porque só
havia para lá um trem por dia, e nenhum outro meio de transporte. Então fiz àquele
senhor algumas perguntas sobre o doente, e tirei a minha conclusão. Disse-lhe que temia
que o médico não chegasse em tempo para salvar o rapaz. E acrescentei: "Se o senhor
me arrumar um bom animal na vila, voltarei estes 20 quilómetros e farei o possível para
salvar o doente."
Chegamos à vila, tomei banho, jantei, fui à farmácia comprar uns ingredientes
para fazer uma pomada simples, enquanto esperava o animal prometido. Com aquele
senhor voltei para o sítio, e lá chegamos às onze da noite. Ali encontrei um moço de 20
anos de idade, ardendo em febre, com um pé apodrecendo, sem a menor higiene, e uma
veia congestionada azul-negra atingindo a altura do joelho.
Achei que o único recurso de que podia lançar mão era o escalda-pés. Derreti
em água fervente um pedaço de sabão de cinza, acrescentei água suficiente para lhe
mergulhar o pé até o meio da perna, e procedi ao tratamento como indicado
anteriormente para escalda-pés.
Depois de uns quarenta minutos, aquele filete azul começou a baixar até
desaparecer completamente nos próximos trinta ou quarenta minutos seguintes. Continuei
o tratamento até completar duas horas e até que o tamanho do pé se reduziu a menos da
metade. Removi da ferida todos os pedaços de carne em decomposição e recomendei
que aplicassem mais dois tratamentos no dia seguinte, e ainda nos dias imediatos, até ele
ficar bom. A febre baixou, e o rapaz estava com bom aspecto.
A uma e meia fui me deitar, para levantar-me duas horas depois e enfrentar
sozinho a viagem de volta, numa madrugada de céu espectacularmente estrelado. Eu não
estava cansado, e parecia que as estrelas todas se haviam reunido ali para festejarem
comigo por uma vida salva. Eu sabia que havia cumprido o meu dever. Eu precisava
embarcar no único trem da manhã para cumprir meu itinerário, mas soube mais tarde que
o doente ficara completamente restabelecido.
Sauna e Vapor - Para quem mora numa grande cidade como São Paulo, Rio
de Janeiro e outras, não é difícil encontrar uma casa de banhos que ofereça os benefícios
de uma sauna e do banho de vapor.
Mas esses tipos de banho, a título de tratamento, merecem alguns conselhos.
Muitos os tomam para limpeza apenas. E são bons para isso, pois limpam bem os poros.
Outros os tomam para redução de peso. Mas para obesidade, é bom que se esclareça,
esses banhos não são curativos; são somente redutores de algumas gorduras e
principalmente de água retida no corpo. Como a obesidade é resultante de um
desequilíbrio glandular e de erros de nutrição, ou mau aproveitamento dos alimentos
ingeridos, a água voltará a ser retida e a gordura a ser fabricada e depositada, não
importa quanta sauna se pratique. Gordura é desnutrição, e não supernutrição. Portanto,
o obeso precisa é curar-se.
Entretanto, o banho de sauna ou o de vapor, mas especialmente o de sauna,
tem um grande valor para a saúde; ele tem efeito repousante sobre todo o organismo,
além de ser curativo e poder ser usado em todos os casos de resfriados, bronquite,
reumatismo, dores lombares, fadiga, insónia e nervosismo.
Pratica-se o banho assim: Entra-se na cabina de sauna ou vapor, ali
permanecendo até haver suado uns 5 ou 10 minutos; então se toma um rápido chuveiro
morno e se mergulha na piscina. Volta-se à sauna e à piscina, sempre alternando, três ou
mais vezes, e depois se repousa ou dorme um pouco. Se houver disposição após o
repouso, volta-se à sauna e à piscina mais algumas vezes, e se vai embora. Mas neste
caso, é aconselhável tomar meio copo com água e uma colherinha de sal antes de voltar
à sauna. Toda vez que se sua abundantemente, é bom substituir parte do sal
desperdiçado, para evitar uma dor de cabeça e cansaço.
No caso de pessoas com problemas de coração, o frio e o quente devem ser
alternados com mais frequência, reduzindo o espaço de tempo que se permanece no
quente. Tais pessoas não devem nunca tomar suador numa caixa de vapor ou outro calor
em que a cabeça esteja de fora. Quando o corpo esquenta por igual, inclusive a cabeça,
há menos perigo de desmaio.
Regularmente, não se deveria tomar mais que uma ou duas saunas ou vapor
por semana na forma indicada acima. Uma pessoa forte, entretanto, pode fazê-Io
diariamente, mas não prolongado como o indicado. Que seja apenas o bastante para
transpirar sem ir à exaustão.
Cabina de Vapor em Casa
Uma cabina de vapor não é difícil de ser construída em qualquer pequeno
espaço em casa. Pode-se fazê-la em estilo permanente, caso se tenha um espaço para
isso; ou uma desmontável, para usar em qualquer banheiro. O próprio box do banheiro
pode ser adaptado para isso.
Precisa-se apenas de um pequeno fogareiro, sobre o qual se coloca uma lata
com tampa de pressão. (Uma lata desocupada de leite ou de cera). À tampa se liga um
cano de metal ou plástico fechado na extremidade exterior, e perfurado com muitos furos
pequenos em toda a parte que fica dentro da cabina. No caso de uma cabina
desmontável, sobre a parte perfurada do cano, arma se um tripé de madeira coberto com
um pedaço de plástico ou uma lona. Dentro dessa espécie de barraca, coloca-se uma
cadeira ou um banquinho para o paciente sentar-se.
Então se põe água na lata até ao meio, e se acende o fogo. Logo que a água
começar a ferver, o vapor começará a encher toda a barra- ca. Por este método simples
qualquer pessoa, por mais pobre que seja, poderá ter em casa sua própria cabina de
vapor; e aí, toda a família poderá gozar dos benefícios de um banho de vapor.
Especialmente aqueles que vivem nas cidades, precisam de um meio para suar
abundantemente uma ou duas vezes por semana.
Que ao sair da cabina de vapor, tenha-se sempre o cuidado de finalizar o
banho por um choque de água fria, e não se apanhe vento ou corrente de ar encanado.
Banho de Assento - O banho de assento, em qualquer de suas formas, opera
maravilhas. Todas as razões desse poder não podem ser explicadas senão com base no
fato de que, no baixo ventre, estão localizados os principais terminais do corpo no
processo de eliminação fecal e urinário, e também aí estão os mais influentes órgãos com
maior sensibilidade nervosa - os órgãos de reprodução. Podendo ou não explicar, afirmo
que com esses banhos realizei os maiores milagres de minha experiência no tratamento
de doentes.
Esse banho tem várias modalidades, mas nós falaremos de apenas três, a
mais importante das quais é a que o Dr. Vander chama de:

Banho Vital
O banho vital em geral é tomado numa banheira própria, quase: sempre
fabricada de madeira; mas na falta desta, qualquer bacia funda, em que caibam uns 20
litros de água, serve para esse fim. Dentro dessa bacia, coloca-se um banquinho, e
enche-se a bacia de água fria em temperatura normal até quase atingir o nível do assento
desse banquinho. Sentado no banco, o paciente, com uma esponja ou pano na mão,
fricciona suavemente o baixo ventre sem parar durante 15 a 30 minutos, sempre
molhando de novo o pano. Cada vez que ele molha o pano e fricciona o ventre, alguma
água escorre sobre o órgão genital, causando nele impactos benéficos.
Este tratamento pode ser repetido duas a seis vezes por dia; mas nos casos
crónicos bastam duas ou três vezes. Especificamente para urticária ou uma alergia
comum, recomendamos repetir o tratamento cada duas horas, tantas vezes quantas
necessárias até desaparecer o último vestígio do mal, o que poderá ocorrer com o quinto
ou sexto banho.
O banho vital pode ser usado em praticamente qualquer doença, sem nenhuma
contra-indicação. Se estiver muito frio, é bom que se agasalhem os pés e as pernas até
aos joelhos; no caso de o paciente estar com os pés gelados, estes deveriam ser
colocados numa bacia com água bem quente, durante todo o tratamento. Na falta de
banheira apropriada para o banho vital, serve até um bidé de banheiro para as doenças
mais simples, como alergia, etc.
Outra Modalidade
Nos casos agudos muito graves, recomendamos que não se utilize o
banquinho, mas que o doente sente no fundo da bacia, com água pelo umbigo. Então se
fazem os mesmos movimentos acima indicados, friccionando o baixo ventre, durante duas
horas sem parar, porém trocando a água da bacia de meia em meia hora. Deixa-se o
doente repousar cerca de duas horas, e então ele volta ao banho para mais duas horas, e
assim sucessivamente até que apresente melhora positiva.
Banho de Assento Quente - Nos casos de inflamação das vias urinárias, dos
ovários, próstata e intestinos, não havendo nenhum tumor em desenvolvimento, o banho
de assento quente é muito oportuno. Esse banho é tomado numa bacia funda que dê
água pelo umbigo, e a duração de até 40 minutos. Sempre deve terminar-se o banho com
uma boa fricção fria. Se a paciente estiver menstruada, não pode tomar esse banho:
tampouco o podem as pessoas com hemorróidas. E melhor que esse banho assim
prolongado seja feito à noite, antes de ir para a cama.
Mas para aplicações mais rápidas e mais frequentes, o banho de assento quente não
deve ter duração superior a 5 ou 10 minutos.
Enfaixamento a Frio - Forra-se a cama do paciente com um plástico; molham-
se em água fria e torcem-se dois lençóis dobrados. Estende-se um deles sobre o plástico,
deita-se o doente, cobre-se com o outro lençol e procura-se aconchegar bem os lençóis
ao corpo do paciente; põe-se mais um plástico antes das cobertas para evitar que estas
se molhem. O número de cobertas sobre o paciente, depende da finalidade do
tratamento.
Se a razão do enfaixamento for para baixar a febre, não se usam mais cobertas
do que as necessárias para manter o doente confortável. Enquanto a febre não ceder,
durante até umas duas horas, trocam-se os lençóis aquecidos por outros frios cada 15 ou
20 minutos.
Se o propósito do tratamento for fazer o doente suar, então se usam mais
cobertores. Para saber quando ele começa a suar basta observar-lhe o lábio superior:
Quando ali brotam as primeiras gotas de suor é sinal de que começou a suar. Então se
marcam uns 15 minutos mais, para deixá-lo suar abundantemente. Aí, com uma bacia de
água bem fria e uma esponja, começa-se uma fricção rápida, a partir dos braços, que são
enxugados imediatamente; depois o tronco é friccionado, enxugado e vestido, antes de
prosseguir; e por fim se friccionam as coxas, as pernas e os pés, enxugando-os e
vestindo-os. A cama é trocada e o doente deitado com apenas o necessário para sentir-se
bem.
Esse é um tratamento muito satisfatório para doenças debilitantes, anemia,
tuberculose, inactividade do fígado, estômago e intestinos. Produz no doente uma
verdadeira renovação das energias e activa a circulação.
Lavagem Intestinal - Este é um tratamento que tem seu lugar na medicina do
lar, com muitas vantagens e resultados indiscutíveis. Sempre tenho defendido o princípio
dos recursos naturais, sem aplicar ao organismo nenhuma violência. Uma lavagem
intestinal é um ato de violência, que só deve ser praticado quando os outros meios
falharam ou quando se vai tratar um doente que não está em condições de esperar pelas
reacções naturais, que são demoradas.
Em geral, o uso diário de uma colher das de sopa de sementes de linhaça tem
sido o bastante para os intestinos se habituarem a livrar-se dos dejectos. As vezes é
necessário continuar o procedimento por muitos meses, fazendo com que também o
regime alimentar colabore para o mesmo fim. Mas no caso de não haver outro recurso
melhor, a lavagem intestinal é perfeitamente recomendável.
Proveja-se um vaso irrigador com capacidade para um litro e meio ou dois de
água; um tubo de borracha de um metro e meio de comprimento com torneira e bico; e
uma sonda própria, de cerca de 4 centímetros.
Há vários tipos de lavagem intestinal, mas em todos eles, a água deve ser
fervida previamente e resfriada até à temperatura desejada; usualmente, morna.
Experimenta-se a água com a ponta do cotovelo limpo. Mas há casos em que convém
que a água esteja tão fria como a que se bebe; para baixar a febre, por exemplo.

Para a Limpeza dos Intestinos


Toma-se meio litro de água bem quente e se dilui nela um pouco de sabão em
pedra. Com uma pedra de sabão na mão, mexe-se a água algumas vezes até que esta
fique quase imperceptivelmente leitosa. Depois, deixa-se que ela esfrie até à temperatura
desejada de uns 27 a 30 graus, quando é introduzida no recto com a sonda, que deve
penetrar o mais fundo possível. Unta-se a sonda para favorecer a introdução. Depois de
introduzir essa água, é bom fazer uma leve massagem nos intestinos, antes de forçar a
evacuação. Deve-se procurar evacuar o máximo.
Após essa operação, introduz-se nos intestinos mais um litro e meio de água
pura; mas pode ser também água de camomila ou, o que é muito recomendável, água em
que se tenham fervido umas duas colheres das de sopa de sementes de linhaça,
devidamente coadas. Procura-se segurar nos intestinos essa água por alguns minutos, e
então se força o esvaziamento completo.
Deve-se ter o cuidado de ficar no vaso sanitário o tempo necessário para que
todas as fezes sejam evacuadas. Se nos intestinos permanecerem fezes diluídas em
água, isso poderá ocasionar forte dor de cabeça; e o tratamento, em lugar de ser
benéfico, terá efeito contrário.
Uma lavagem intestinal devidamente aplicada, poderá tomar mais de 60
minutos; mas não se tenha pressa; muitas vezes, depois de se pensar que já estão limpos
os intestinos, com um pequeno esforço ainda se evacua mais.

Para Baixar a Febre


Procede-se como na primeira parte do anterior, introduzindo a água com sabão
para fazer a limpeza. Depois da evacuação, introduz-se outro meio litro de água pura ou
em que se tenha cozinhado camomila ou linhaça. Mas esta segunda água deve estar bem
fria, para refrescar os intestinos.

Lavagem Curativa
Depois do meio litro de água com sabão, como nos anteriores, introduz-se
meio litro de suco de algum vegetal curativo, como por exemplo, cenoura para
inflamações, ou agrião para catarro e tuberculose intestinal, podendo ser também alfafa
ou comfrey (consolda).
No caso de lavagens em crianças, regula-se a quantidade de água de acordo
com o tamanho delas. Uma criança de berço não precisa mais que meia xícara de líquido,
aplicado com uma seringa de borracha própria para esse fim. Toda mãe deve ter em casa
uma dessas seringas; e logo que a criança apresente sinais de que os intestinos não
estão funcionando bem, o clister deve ser a primeira providência, em lugar de correr à
farmácia.
A melhor posição para se receber uma lavagem intestinal é assim: O paciente
se ajoelha e depois se debruça até encostar a cabeça no chão. Nessa posição, ele
introduz a sonda no recto.
As lavagens intestinais são um excelente meio de curar, sempre preferidas e
muito superiores aos laxantes. Mas há o perigo de acostumarem os intestinos a só se
livrarem dos dejectos mediante sua aplicação. Demais, elas também lavam alguma flora
intestinal. Portanto, embora necessárias muitas vezes, não de vem tomar-se um hábito.
Procure-se corrigir os erros que obrigam esse fim.
Há muitos outros usos para a água, mas não nos queremos estender mais.
Para encerrar este capítulo, queremos mencionar apenas mais um tratamento que,
embora não seja influenciado pela água, precisa de água para sua aplicação: - é
O Barro - O barro ou argila é outro poderoso elemento curativo.
É pena que ele seja tão desconhecido do homem, que era barro e ao barro
tomará. São raríssimos os hospitais que o usam para tratamento de seus pacientes,
quando seus usos deveriam ser largamente divulgados.
Certa vez eu estava no campo com outros, em base de mutirão, trabalhando
nos preparativos para a construção de um hospital. Enquanto isso, um grupo de crianças,
só de short, se divertia num bosque próximo. De repente, alguém pediu que eu corresse
para socorrer um menino de 7 anos de idade que, subindo numa árvore, batera com a
cabeça numa enorme vespeira. As vespas haviam-no picado da cabeça aos pés. Calculei
que ele teria recebido mais de duas ou três mil picadas.
Quando cheguei onde estava deitado, ele já estava inconsciente e com poucos
sinais de vida. Eu sabia que a morte era questão de minutos. Alguém me sugeriu que o
levasse à cidade, quase 20 quilómetros distante. Ele nunca chegaria vivo lá.
Mandei dois homens cavarem rapidamente um buraco no chão e misturar a
terra com um pouco de água. Imediatamente deitamos o menino no barro, enterrando-o
completamente, inclusive parte da cabeça e do rosto, deixando fora apenas os olhos,
boca e nariz.
Pois bem, com cerca de 20 minutos ele abriu os olhos; então lhe ordenei que
ficasse bem quieto. Deixamo-lo ali mais uns 30 minutos. Aí ele mesmo disse: "Já estou
bom; podem me tirar daqui."
Demos-lhe um banho e ele saiu para continuar a brincar com os colegas. Os
sinais das picadas das vespas desapareceram instantaneamente, e não sobrou nenhuma
inflamação.
Tenho usado barro para muita coisa. Para queimaduras, não há coisa melhor;
ninguém precisaria levar pela vida as suas cicatrizes, se recorresse ao barro tão logo se
sente queimado. O barro não tem rival para a cura de inflamações dos ovários, útero e
vagina, e nos corrimentos de várias origens; com aplicações no baixo ventre e no vão das
pernas, abrangendo o órgão genital, os resultados são positivos e se podem verificar em
poucos dias. Nas inflamações do estômago, do fígado, dos intestinos; para sinusite e
outras inflamações; e também para pancadas que firam membros ou regiões externas,
picadas de insectos e animais venenosos, em quaisquer destes casos, o barro ocupa
sempre o primeiro lugar. E com uma grande vantagem sobre as aplicações de calor: - o
barro não oferece nenhum perigo no caso de haver um tumor maligno em
desenvolvimento sob a inflamação que se está tratando.
Qualquer barro serve para as aplicações, contanto que seja limpo e cavado
abaixo do humo. Alguns autores acham que só argila se presta para os tratamentos, mas
não é real. Tenho usado qualquer barro de qualquer cor, bastando que não tenha pedras,
areia, saibro ou impurezas.
O barro é bom também em aplicações sobre os olhos, para debelar
inflamações e irritações.
Sempre se deve molhar a terra até uma consistência que não fique escorrendo
água; mas ao mesmo tempo deve ter liga. Cobre-se a pele do paciente com uma camada
de quatro, cinco ou mais centímetros de altura em todos os casos de menos duração.
Mas quando é recomendável passar a noite com uma compressa de barro, então basta
uma camada de um ou dois centímetros de espessura, coberta por um plástico e uma
toalha, e depois enfaixada. Para estes casos a argila é melhor que o barro comum; tem
melhor liga.
O barro tira a dor de uma pancada ou de uma queimadura no exacto instante
em que encosta no ferimento. Não há nenhuma outra coisa que tire a dor mais
rapidamente. Ele é o mais precioso dos recursos da Natureza para curar e para aliviar os
sofrimentos.
Capítulo 22

"0 escrupuloso asseio é indispensável tanto à saúde


física como à mental. Impurezas são constantemente
expelidas do corpo por meio da pele. Seus milhões de poros
ficam pronto obstruídos, a menos que se mantenham limpos
mediante banhos frequentes. ...
"Também é importante que a roupa esteja sempre
limpa. O vestuário usado absorve os resíduos expelidos pelos
poros; não sendo frequentemente mudado e lavado, serão as
impurezas reabsorvidas." - A Ciência do Bom Viver, págs. 275,
276.
Capítulo 22
Asseio Pessoal

O povo de Deus deve ser um povo limpo. A Bíblia é bem clara a este respeito.
Faz parte das leis espirituais como das higiénicas ser limpo. Sem limpeza não haverá
saúde, e sem saúde por negligência da higiene não haverá genuína religião. São Paulo
diz: "Tendo os corações purificados da má consciência, e o corpo lavado com água
limpa." Heb. 10:22.
Devemos planejar ter periodicamente nossos banhos de limpeza: duas ou três
vezes por semana, nos climas temperados, e diariamente nos climas quentes. Que
nessas ocasiões procuremos limpar cuidadosamente cada parte do corpo. Mas a água,
quando quente, não deve ser excessivamente quente, para não eliminar toda gordura
natural da pele, especialmente no inverno. Aqueles que vivem em lugares muito frios e
em grandes altitudes, serão os mais prejudicados se frequentemente eliminarem toda a
gordura da pele por banhos muito quentes e muito sabão.
Mas independentemente dos banhos de limpeza, podemos ainda tomar todas
as manhãs um rápido banho de chuveiro frio ou uma vigorosa fricção com esponja
molhada em água fria. Este banho é um grande revigorador de todo o organismo.
Após um banho quente, deve-se evitar apanhar uma corrente de ar frio. Para
evitar um resfriado ou coisa pior, deve-se ter como regra nunca terminar um banho quente
sem um rápido choque de água fria. Se não se suportar um chuveiro frio nessas ocasiões,
então que se aplique uma fricção com esponja molhada em água fria.

Os Pés
Os pés devem ser lavados diariamente, e muito bem lavados, para eliminar
todo o mau cheiro e todas as impurezas. A sola dos pés e as unhas devem ser
escovadas, nessas ocasiões, para oferecerem urna limpeza completa. Pelos pés são
eliminadas grandes quantidades de impurezas, pois é neles que se localiza a maior
concentração de poros de todo o corpo. Assim, eles merecem uma atenção especial.

As Unhas
Cuidado com as unhas das mãos. Nelas se podem abrigar colónias inteiras de
germes perigosos. Elas devem estar sempre bem aparadas e limpas; não convém tê-las
compridas, por mais que a moda insista. A saúde merece a preferência.

Os Dentes
Os dentes devem ser escovados após cada refeição; e se alguém cometer o
erro de chupar uma bala ou tomar um refrigerante entre as refeições, deve escová-los
novamente. Qualquer porção de açúcar que fique na boca, produzirá fermentação e
causará decadência nos dentes.

A Roupa
A roupa deve ser sempre limpa, especialmente as peças de uso interno,
aquelas que estão em contacto com a pele. Não se deve tolerar roupa suada de um dia
para o outro em contacto com o corpo. Todos os micróbios nessa roupa podem ser
reabsorvidos através dos poros, caso se insista em usar peças já contaminadas pelo uso.
Há ocasiões em que as roupas internas devem ser substituídas diariamente e
até mais de uma vez por dia. Mas também as roupas externas merecem atenção, para
que estejam sempre em condições de boa apresentação.
Mães que são desleixadas com sua roupa em casa enquanto trabalham, dão
aos filhos um mau exemplo. As crianças devem ser, ensinadas, desde cedo, a andar
limpas e a serem cuidadosas com seu vestuário e com sua aparência pessoal, quer
estejam sozinhas ou na companhia de estranhos. Principalmente, que nunca manuseiem
alimentos com mãos por lavar. Este é um trabalho de educação que exige permanente
vigilância e insistência por parte das mães. Não é fácil, mas é possível.
Asseio e ordem é uma lei do Céu, aliás, a primeira lei. Os filhos de Deus devem
ser asseados e ordeiros. Façam os pais questão de imprimir em seus filhos estes
princípios.
O asseio em todas as suas formas deve ser uma constante em toda casa, em
toda família, em todo indivíduo, para que tenha saúde. Demais, ele contribui para que em
todos aumente a sensação de felicidade.

Usando Recursos Artificiais


Nos casos de pessoas com problemas na pele por várias razões, muitas vezes
terão de usar algum recurso artificial para corrigir esses problemas, quer seja no caso de
pele muito seca ou muito húmida, muito oleosa ou desprovida de gordura.
E claro que todas essas anormalidades são indício de falta de saúde, que se
corrige readquirindo a saúde. Mas enquanto se espera chegar a isso, é razoável que
recorramos a algum creme nutritivo de boa qualidade, o mais natural possível, uma água
de aveia ou outro recurso desta espécie.
Há mesmo lugares de climas tão violentos e com variações tais de
temperatura, que se tem de usar constantemente algum tipo de protecção à pele, o que,
de maneira alguma, contraria os princípios de saúde, contanto que o produto usado
proteja realmente.
Capítulo 23

"É obvio nos alimentos, assim como em qualquer outra


coisa, que a qualidade significa muito; e se podemos comer
alimentos de boa qualidade teremos saúde." - Lord Teviot, em
Agriculture and Food Values.
Capítulo 23
Regime Alimentar Adequado

Embora o ar seja mais necessário que o alimento, este é o mais importante dos
remédios de Deus, pelo menos melhor que qualquer outro medicamento.
Assim, é preciso que demos a ele um lugar de destaque em nosso
planejamento para ter saúde. Mas como já falamos extensivamente sobre isto na primeira
parte deste livro, daremos aqui ao alimento apenas o lugar que lhe pertence na lista dos
remédios da Natureza que estamos considerando, e acrescentaremos resumidamente
alguns conselhos.
Sem bom alimento, não haverá bom sangue, porque não se pode esperar
produzir bom sangue de mau alimento. Mas o bom alimento pode ser parcialmente
destruído ou arruinado pela maneira de ser preparado, combinado e ingerido.
Preparado. - Saladas regadas com óleo ou azeite apodrecem no trato
digestivo; verduras e algumas hortaliças e frutas chegam a perder a maior parte de seus
valores nutritivos pela cozedura; cereais refinados, sem a película que envolve o grão,
são pobres e acarretam sérios transtornos físicos.
Combinado. - Proteínas com amiláceos e doces, ou frutas nas mesmas
refeições com verduras são péssimas combinações, como já demonstramos; certos
aminoácidos arruinados pelas más combinações, chegam a perder quase a totalidade de
seus valores e a destruir parte das vitaminas.
Ingerido. - Se o alimento não recebe a devida atenção ao ser ingerido, é
grandemente desperdiçado e prejudicado. Ele deve ser cuidadosamente mastigado até
que seja totalmente triturado. O estômago não tem dentes. Mas além disto, os alimentos
em que predominam os hidratos de carbono, precisam sofrer a acção da saliva mais que
propriamente ser triturados apenas. Sem a saliva, eles não serão devidamente
aproveitados, e vão contribuir para a destruição de parte das proteínas, ou melhor dito,
dos alimentos que contêm vitaminas. Precisamos mastigar 30, 60, 100 vezes cada
bocado, e isto exige educação, treino e perseverança. Gandhi dizia que devemos beber
os nossos alimentos e comer os nossos líquidos.
Isto me faz lembrar uma região no planalto do Paraná em que ninguém diz
tomar ou beber leite. Dizem: "Vamos comer leite."
E nunca o oferecem em copo ou xícara; sempre em prato fundo juntamente com uma
colher de tomar sopa. E está certo. Assim deveríamos ingerir o leite: aos bocados
comendo, mastigando.
Necessitamos mais do que alimentos bons para ter saúde. Precisamos comer
com moderação os melhores alimentos; isto é, comer talvez apenas a metade do que
comemos. Comer com gratidão no coração, porque, como diz o sábio Salomão, "o
coração alegre serve de bom remédio".
Não comer aborrecido, irado, cansado ou triste. Haja à mesa uma conversação
agradável, recíproca afabilidade entre os que dela participam.
A glutonaria é mais desastrosa que a fome. Ela arruina as percepções da
mente e destrói o carácter.
A boa qualidade do alimento não se prende só à sua espécie, mas à sua fonte.
Um grão produzido no Norte do Paraná, por exemplo, ou em terras virgens de qualquer
parte, difere substancialmente de outro produzido nas terras exauridas do litoral. Bastaria
verificar a tremenda diferença entre os animais criados nesses lugares. Até as pessoas
nascidas e criadas nesses lugares, diferem notavelmente em tamanho e saúde.
Como já mencionamos anteriormente, verificou-se que há alfafa com 9% de
proteína e outra com 32% - uma diferença de mais de 300% de uma para outra. Por quê?
Sua origem, seu berço. Isto quer dizer que nosso alimento deve proceder, tanto quanto
possível, de terras férteis. Alimentos produzidos em terreno erosado, grandemente
corrigido por adubos químicos e cujas plantas tiveram de ser muito pulverizadas para
evitar as pestes, é claro que não podem ser saudáveis.
Não é fácil morar na cidade e ainda satisfazer a todos os reclamos da boa
saúde. Entretanto, aqueles que não podem voltar ao campo para ali viver uma vida
simples em meio à Natureza, têm de fazer um esforço para conseguir na cidade os
melhores alimentos.
Entre uma refeição e outra, devemos observar um espaço de 5 ou 6 horas,
sem coisa alguma. O certo é que, nesse intervalo, não se coma nem mesmo uma fruta, e
muito menos se tome uma xícara de café, como é costume de muitos. Deve-se ter uma
substancial refeição de manhã em lugar do pobre cafézinho com um pedaço de pão
branco; outra substancial refeição ao meio-dia; e à noitinha uma ceia leve e saudável. As
duas primeiras refeições devem conter todas as proteínas destinadas à despesa do dia; e
à noite apenas frutas, leite, ou outro alimento de fácil digestão. Aqueles que levam vida
sedentária e as pessoas de mais idade, melhor fariam em omitir completamente qualquer
alimento ao entardecer; isto é, ter apenas duas refeições por dia: de manhã e ao meio-
dia. Mesmo as crianças, devem acostumar-se a não ter nenhum lanche entre as
refeições.
A sobriedade é tanto uma parte da alimentação como o próprio alimento. Não é
a quantidade que nos nutre, e sim quanto do que comemos é aproveitado pelo organismo.
Tenho experimentado com centenas de pessoas o milagre do alimento. Até
hoje nunca vi uma única pessoa deixar de aproveitar com a mudança do regime. Pessoas
com hepatite, bronquite, tuberculose, anemia, problemas de circulação, reumatismo,
derrame, etc. - no momento em que se lhes prescreveu uma dieta orientada, começaram
uma nova experiência de saúde. Houve pessoas obesas que chegaram a perder 10 kg
por mês, e em 6 meses estavam com seu peso normal, sem uma gota de remédio, e
comendo tanto quanto queriam para ficarem satisfeitas.
Pela experiência que adquiri nestes últimos anos, posso afirmar: O alimento é o
melhor medicamento. Mas ele é também uma faca de dois gumes. É aí que se justifica o
ditado: "Pela boca morre o peixe." Ou como dizia Kuhne: "A doença entra pela boca." O
alimento é saúde e é doença, dependendo de como e o que comemos. Assim, é muito
importante que consideremos este assunto de maneira a conseguir a máxima saúde, com
longevidade.
Capítulo 24

"Tenhamos em mente que, enquanto breves períodos


de jejum são benéficos e nos ajudam a rejuvenescer, jejuns
prolongados são positivamente danosos, senão perigosos." -
Dr. N. w. Walker, em Become Younger.
Capítulo 24
Jejum e Como Praticá-lo
A abstinência da comida não seria jamais necessária se todos comessem
moderadamente dos melhores alimentos e combinados convenientemente. Mas com os
usos e abusos atuais, o jejum é muito precioso.
Especialmente como factor de cura, ele é um poderoso instrumento da
medicina naturista. Ele tem sido praticado por milhões em todas as partes da Terra;
algumas vezes imprudentemente, mas com grande proveito em outros casos. A Bíblia o
menciona e o recomenda. Muitos autores equilibrados o têm indicado como a melhor
forma de livrar o corpo de muitas doenças. Tem mesmo havido curas prodigiosas como
resultado do jejum.
E. G. White tem dezenas de conselhos sobre o jejum, nos quais ela o
apresenta em diversas modalidades, o que é muito sábio. Manda suspender uma refeição
por dia, e esta a da noite; indica suprimir duas refeições por dia, de vez em quando;
sugere jejuar o dia inteiro uma ou duas vezes por semana. Então menciona também uma
abstinência parcial mais prolongada com "um regime de frutas por alguns dias" e "um
regime de abstinência por um ou dois meses". (Conselhos Sobre o Regime Alimentar,
pág. 189).
Nós endossamos totalmente estes conselhos. Não discutimos nem objectamos
seriamente às indicações daqueles que sugerem jejuns mais rigorosos. Mas achamos que
estes podem oferecer algum perigo, quando praticados sem muito conhecimento da
capacidade de resistência do organismo, e sem uma completa e cabal eliminação de
todos os dejectos retidos nos intestinos.
Todos aproveitariam muito em não jantar nunca. O jantar, e especialmente
aquele que é praticado altas horas da noite, é muito prejudicial à saúde e desnecessário.
Quando se vai dormir, não se precisa de alimento para ajudar a dormir.
Igualmente proveitoso seria jejuar um dia por semana. Deixemos de lado a tola
ilusão de um banquete todos os domingos, só porque é o dia das grandes reuniões de
amigos. Come-se demais nessas ocasiões, quando ninguém vai utilizar as forças que
poderiam advir de tais excessos. Ao contrário, em lugar de gastar as energias fornecidas
por esses lautos banquetes, muitos vão dormir uma sesta. E é então que alguns
embarcam num enfarte, numa trombose ou outro mal cardíaco.
Use-se o fim de semana para uma limpeza do corpo e descanso do aparelho
digestivo. Um dia, a princípio, e depois dois dias por semana, até se conseguir uma
restauração completa das funções de todos os órgãos enfermos.
O jejum completo deve ser com inteira abstinência de toda sorte de alimento,
mas não de água. A água é necessária para ajudar a lavar do organismo as toxinas. Nada
menos de dois litros de água devem ser usados durante as 24 horas de jejum; mas alguns
autores recomendam quatro litros.
Se a princípio a pessoa não suportar o jejum total nesta forma, então que
acrescente à água tomada um pouco de suco de limão, mas sem açúcar. E se ainda nem
assim conseguir jejuar, adopte o jejum parcial, o jejum com sucos vegetais, conforme está
indicado no capítulo duodécimo desta obra.
Nada melhor do que passar alguns dias só tomando sucos de frutas ou de
hortaliças. Entre estas, a cenoura é a rainha; mas a beterraba, o pepino com casca e o
salsão-aipo, ocupam também lugar de preeminência entre as hortaliças. Quanto às frutas,
pode-se usar uma variedade enorme; todas são medicinais. Para o câncer, diz a Dr.ª
Jahanna Brandt, que se curou ela mesma de câncer, que a uva está em primeiro lugar.
Mas também já se tem usado a laranja para o mesmo fim. Pessoalmente, creio que todas
as frutas bastante suculentas e algumas hortaliças, servem para curar seja lá o que for,
contanto que sejam usadas em forma de sucos e seguindo mais ou menos a orientação
daqueles que já foram bem sucedidos em tais experiências. Mangas, cajus, amoras,
moranguinhos, laranjas, maçãs, uvas, abacaxis, são todas frutas excelentes para os
jejuns parciais ou para as dietas curativas.
Milhares de pessoas que hoje estão gastando uma fortuna em médicos,
hospitais e drogas, com uma parcela insignificante dessa fortuna, comprariam as frutas
mais caras do mundo para sua cura, e esqueceriam a doença.
Na maior parte dos casos, prefiro indicar o jejum parcial, em lugar da completa
abstenção de alimentos, que muitos não suportam. Alguns dias só com sucos de frutas ou
hortaliças, operam verdadeiros milagres; e para aqueles cuja ocupação não permite
seguir essa dieta nos dias de trabalho, então que ela seja praticada nos fins de semana.
A pessoa deve experimentar para ver quantos dias pode ficar só com sucos
frescos, de 3 em 3 horas, num total de dois litros ou mais durante o dia. A princípio, um ou
dois dias por semana. Depois, três, quatro ou mais dias seguidos. Quanto mais grave a
doença, mais esforço se deveria fazer por permanecer mais tempo no regime de sucos.
Mas enquanto se segue este procedimento, insistimos em repetir, deve-se
cuidar para que haja ao mesmo tempo perfeita eliminação de todos os dejectos
intestinais. Caso seja necessário, que se proceda a uma ou mais lavagens intestinais.
CAPÍTULO 25

"O primeiro e o melhor de todos os exercícios naturais


é andar. Este simples exercício é absolutamente essencial
para uma saúde normal; e quanto mais a pessoa anda, mais
beneficia seu corpo. Quando começa a andar, a doença
começa a fugir." - Dr. Philip Welsh, em Seven Essenciais of
Health.
Capítulo25

Exercício e Actividade
A Bíblia nos indica a operosidade em três frases terminantes:
"No suor do teu rosto comerás o teu pão" (Gên. 3:19); "Meu Pai trabalha até
agora", disse Jesus, "e Eu trabalho também" (S. João 5:17); e nas palavras de S. Paulo:
"Se alguém não quiser trabalhar, não coma também" (11 Tess. 3:10).
O trabalho é o melhor dos exercícios. Sem actividade movimentada e activa, a
máquina humana enferruja, emperra e se inutiliza. E ainda a Bíblia que nos aponta a
quantidade de trabalho para cada dia e quantos dias seguidos devem fazer parte de
nossa actividade. Lemos:
"Não há doze horas no dia?" (S. João 11:9). Isto não quer dizer que devamos
ficar doze horas no emprego, embora a jornada de oito horas não tenha mais de 50 anos
de existência. Eu ainda experimentei a jornada de doze horas nos primeiros anos de
minha vida de empregado.
Entretanto, como dissemos acima, não é preciso que fiquemos doze horas no
trabalho que constitui nosso ganha-pão. Porém, é bom que estejamos ocupados doze
horas por dia; estaremos melhor preparados para o repouso, porque "suave é o sono
daquele que está cansado". No tempo da jornada de doze horas, nunca ouvíamos dizer
que um operário sofria de insónia.
Completando o pensamento inicial, temos, nas seguintes palavras, a quota
semanal de trabalho: "Seis dias trabalharás e farás toda a tua obra." Esta é a semana de
trabalho conforme o plano de Deus. Conquanto possamos preferir uma semana inglesa
de cinco dias, devemos dedicar a folga extra em alguma actividade que inclua um
movimentado exercício físico.
As pessoas que residem nas grandes cidades andam muito pouco, e em
particular as donas de casa. Tomam ónibus ou seu carro para as mais insignificantes
distâncias, quando deveriam procurar caminhar a pé 3 a 6 quilómetros por dia. Em lugar
de dormirem após o almoço, como fazem muitos, teriam melhor saúde se caminhassem
devagar e percorressem alguns quarteirões, num exercício moderado.
"Em todos os casos possíveis, andar é o melhor remédio para corpos
enfermos, pois nesse exercício todos os órgãos do corpo são postos em uso. Muitos que
dependem da cura de movimentos, poderiam fazer mais por si mesmos pelo exercício
muscular do que os movimentos o podem fazer por eles. Em alguns casos, a falta de
exercício faz com que os intestinos e músculos se tomem enfermos e contraídos, e esses
órgãos que se tomaram doentios por falta de uso, poderão ser fortalecidos pelo exercício.
Não há exercício que possa substituir o andar. Por ele, a circulação do sangue é
grandemente aumentada." - Conselhos Sobre Saúde, pág. 200.
É claro que o trabalho na lavoura é o mais natural e mais completo dos
exercícios. Pena que a vida moderna tenha privado tanta gente dos benefícios da vida na
roça; e aqueles que ainda lá permanecem, não têm a devida orientação para se valerem
ao máximo de tudo que ela oferece. Mas para aqueles que são obrigados a morar nas
cidades, alguma coisa deve ser feita para que se enquadrem nalgum programa de
exercício, quer seja ténis, bola-ao-cesto, natação, ginástica com respiração, corrida ou
remo.
O Dr. David Kakiashvili, um cardiologista georgiano, pesquisando longevidade
entre milhares de centenários nas montanhas do Cáucaso, chegou à conclusão de que
esses montanheses longevos deviam sua longa existência mais à sua constante
actividade em circunstâncias árduas do que à ausência de sintomas mórbidos. Verificou
que esses velhos tinham toda sorte de problemas cardiovasculares, mas continuavam a
subir e descer montanhas no exercício de seus deveres quotidianos cuidando de
rebanhos e plantações. Concluindo suas observações, ele diz:
" A constante actividade física melhora a função cardiopulmonar de tal maneira
que o suprimento de oxigénio ao músculo do coração é muito superior ao que recebem os
habitantes da cidade." Assim, embora esses longevos também tenham os problemas da
velhice, suportam-nos com mais facilidade e os não sentem como aqueles que pouco se
exercitam.
O Prof. Pitzkhelauri, estudando a vida e saúde de mais de quinze mil pessoas,
na região do Cáucaso, com mais de 80 anos de idade, chegou a conclusões idênticas,
verificando que as pessoas mais activas e ocupadas na dura vida das montanhas, eram
as mais sadias.
Deste modo se comprova que, aquilo que muitos consideram maldição, é
realmente uma bênção. Quando Deus disse a Adão: "No suor do teu rosto comerás o teu
pão", Ele estava dizendo ao homem que, se quisesse saúde, deveria trabalhar; que se
aposentar do trabalho não deve ser considerado recompensa lisonjeante, senão uma
praga temível e mortífera. E a experiência tem demonstrado que uma velhice sossegada
e despreocupada de trabalhos, dura pouco sem dores e sem morte; que é o velho activo e
sempre ocupado aquele que mais vive e mais goza.
São muitas hoje as pessoas que vivem uma vida sedentária em lugares
confinados, com ar poluído. Deve-se fazer algo por conseguir estar algumas horas, todos
os dias, num lugar coberto de relva, se possível onde haja algumas árvores, e ali praticar
um exercício respirando o ar puro beneficiado pela Natureza. Isto é o mínimo do ideal.
Mas não sendo possível, faça-se qualquer exercício em qualquer lugar.
Mesmo em casa, há uma quantidade de actividade que a maioria das pessoas
confia a serventes, quando talvez fosse esta a única oportunidade de fazerem algum
exercício. Lavar a louça, limpar a casa, esfregar roupa, encerar o chão, cortar a grama do
jardim, ir a pé ao supermercado, etc., são actividades que já dão algum movimento
significativo.
E falando das actividades rotineiras, E. G. White, dirigindo-se a directoras de
enfermagem nos hospitais, faz uma advertência que em muito aumenta o valor do
exercício físico. Diz ela:
"Cumpre ensinar-lhes (aos auxiliares) a tornar seus movimentos tão rápidos
quanto possível, quando trabalham. A lentidão deve ser tratada como uma doença que
importa seja curada. . .. Que os auxiliares sejam preparados para acautelar-se contra os
hábitos de lerdeza e indolência. ... Jamais se deve estimular a lentidão. Todos devem
procurar trabalhar rapidamente ao mesmo tempo com asseio e desvelo." - Medicina e
Salvação, págs. 175, 176.
Este é um aspecto muito importante do exercício físico. Há pessoas que
passam o dia inteiro indo de um lado para outro em suas actividades, e pouco realizam.
No fim do dia estão cansadas... e pouco executaram. Falta-lhes planejamento e
concentração. E preciso que treinem diariamente sua capacidade de produção. Isso tem
influência benéfica sobre o espírito; e o que beneficia o espírito, beneficia a saúde.
As mães devem desenvolver nos filhos hábitos de diligência, .. prestatividade e
indústria, para que se tornem úteis a si mesmos e aos outros. Há muitos adolescentes
moles e infelizes, porque não aprenderam a trabalhar. Especialmente as meninas são
criadas, muitas vezes, como sanguessugas e parasitas, porque não se lhes proveu desde
cedo um trabalho para desenvolverem suas energias e criatividade. As crianças e jovens
devem compartilhar com seus pais das responsabilidades do lar, para que tenham sua
quota de exercício.
Do livro Orientação da Criança, págs. 342, 343, transcrevo estes conselhos:
"A saúde não poderá ser preservada, a não ser que alguma parte de cada dia
seja dedicada à actividade muscular ao ar livre. Horas regulares devem ser dedicadas ao
trabalho manual de alguma espécie, algo que ponha em acção todas as partes do corpo.
Equilibrai o esforço das faculdades físicas e mentais, e a mente do estudante será
refrescada. Se está doente, o exercício físico frequentemente ajudará o organismo a
recuperar a condição normal."
Há milhões de pessoas hoje instruídas a considerarem o trabalho manual como
degradante, a ponto de que quase a totalidade dos estudantes corre aos cursos de
actividades sedentárias. Muitos pais dizem aos filhos: "Basta o que eu camelei; não quero
ver vocês puxando o cabo da enxada ou trepados num tractor."
Este é um conceito erradíssimo. Quanto mais ignorante o povo e mais
desprezível considera ele o trabalho, também maior é a opressão que ali existe, a
escravatura e a miséria. Os países mais ricos e desenvolvidos do mundo, são aqueles em
que o trabalho é honroso e realizado com dignidade e prazer. Aí, os indivíduos mais bem
pagos são aqueles que mais arduamente trabalham. A História tem demonstrado que,
quanto mais cultos os homens que se empenham em actividades rudes, mais prosperam
as suas comunidades.
Li certa vez que um conhecido cientista foi contratado por um governo latino-
americano para orientar seus agrónomos na melhoria de suas técnicas no plantio do
milho. Certo dia, quando alguns desses agrónomos voltaram do almoço e entraram no
centro de pesquisas, todos vestidos com seu guarda-pó branquinho e engomadinho,
foram encontrar o cientista ajoelhado, revolvendo a terra com as próprias mãos, numa
semeadura experimental. Então lhe disseram os moços: "Mas o senhor, Doutor,
trabalhando na terra com as mãos?!" Ele respondeu: "Infelizmente não aprendi a usar
senão as mãos no trabalho."
É incrível que o trabalho, ideado por Deus para o bem de Suas criaturas, tenha,
por influências pagãs, chegado a ser considerado degradante. Isto contraria os propósitos
divinos.
"No suor do teu rosto comerás o teu pão", disse Deus. Isto é, ,. sempre que
comeres o teu pão, o farás à custa de teu suor. Entretanto, o suor purificará teu corpo, e
terás saúde. Então comerás o teu pão, não o pão alheio ou aquele que não te custou
suor. Sim, comerás. Comerás porque a saúde que adquirires no trabalho te permitirá
comer. Os preguiçosos e doentes têm fastio, e não conhecem o prazer de comer após um
dia de labor saudável. Tu porém, comerás e terás prazer em comer, sobretudo porque
comerás os frutos de teu próprio labor.
Isto e muito mais está implícito nessa frase memorável. Deus quer que
sejamos activos obreiros; daí nos advirá saúde e alegria de viver.
Capítulo 26

"Vinde vós, aqui à parte, a um lugar deserto, e repousai


um pouco." - Jesus, em São Marcos 6:31.
Capítulo 26
Repouso
Não é correcto e nem saudável estar-se o tempo todo empenhado em alguma
actividade. Cumpridos os deveres diários, feitos os exercícios que cabem à nossa quota
para estimular o corpo e activar a circulação, precisamos repousar.
O repouso é necessário e faz parte dos remédios de Deus para que tenhamos
saúde. Ele foi ordenado por nosso Criador, que conhecia a estrutura humana, e sabia o
que necessitamos. Disse Ele: "Seis dias trabalharás, e farás toda a tua obra; mas o
sétimo dia é o sábado do Senhor teu Deus; não farás nenhuma obra. " Êxodo 20:9, 10. E
quanto ao repouso nocturno, lemos: "Inútil vos será levantar de madrugada, repousar
tarde, comer o pão de dores, pois assim dá Ele aos Seus amados o sono." Salmo 127:2.
O primeiro repouso a considerarmos deve ser o do sono. To- dos devem
planejar dormir regularmente 7 ou 8 horas em cada 24 horas. Estas horas de sono devem
ser imperturbadas, num ambiente de temperatura agradável, arejado, calmo, sem
mosquitos a sugar o sangue, sem rádio ou televisão ligados, longe de ruídos de máquinas
ou de tráfego nas ruas. O repouso perfeito não pode dispensar estes cuidados. E
ninguém se deve sentir conformado com menos que isto. A saúde advinda de um bom
repouso deve ser considerada prioritária.
As horas mais preciosas para o repouso são aquelas que precedem a meia-
noite. Cada hora dormida antes da meia-noite vale provavelmente por duas dormidas
depois. Seria tão bom se todos pudessem ir para a cama entre 8 e 9 horas da noite. Este
é o melhor horário para começar a dormir; o sono é mais repousante. E depois de 8 horas
de repouso, a pessoa desperta perfeitamente descansada, disposta a aproveitar as horas
matinais em estudo, meditação ou outra actividade útil.
Especialmente as crianças e adolescentes deveriam ir para a cama nesse
horário. Eles seriam mais calmos e dóceis, mais obedientes e aplicados. Entretanto, os
programas de televisão têm transtornado os bons costumes e arruinado a saúde de
milhões de pessoas. As mais preciosas horas para o descanso, são gastas diante do
ídolo TV. Ninguém deveria estranhar o assustador aumento de doenças nervosas em
crianças e adolescentes, alguns com os nervos em frangalhos e quase irreparáveis. E
uma das grandes causas é a TV, não só tolerada durante o dia, mas também roubando as
melhores horas do sono de crianças e adultos.
Os pais devem exercer sobre os filhos o necessário domínio e controle, para
que estes tenham o devido descanso do sono e possam manter a saúde.
Mas não é só do repouso do sono que precisamos. Necessitamos também
repousar de falar e tagarelar; estar sozinhos um tempo cada dia, sem ouvir ninguém e
sem falar com ninguém; fechar os olhos e procurar não pensar em coisa alguma.
Necessitamos igualmente de uns momentos para meditação e reflexão. Leiamos um
verso da Bíblia, ou um pensamento profundo de algum grande pensador, e dediquemos
uns minutos todos os dias à construção do carácter. Falemos um pouco com Deus nesses
momentos de meditação. Tomemos resoluções novas para nosso comportamento moral e
espiritual.
Há ocasiões em que precisamos repousar de trabalhar, de ler, de nos
preocupar e de nos ocupar. Esse repouso é salutar. E até as férias anuais concedidas
pelos patrões aos empregados, têm seu lugar na manutenção da saúde, embora não
sejam elas para repouso e sim para mudança de actividades.
Mas uma vez por semana, precisamos repousar um dia inteiro: sem fazer uma
pescaria, uma caçada, sem viajar para ver lugares e coisas, ou indo a piqueniques e
lugares de diversões, como tantos fazem. Aqueles que gastam seu repouso semanal
nestas coisas, voltam ao trabalho na segunda-feira mais cansados e sonolentos do que
ao fim da semana de actividades.
O dia de repouso semanal é um dia diferente, conforme as instruções d’Aquele
que o indicou. E um dia para ser dedicado ao repouso físico, à meditação, à oração, à
visita aos doentes e necessitados de conforto, alimento e agasalho. Um dia para sentir a
alegria de alegrar os outros, e manter camaradagem com pessoas que sentem como nós
ou que poderiam fazê-lo, caso não estivessem sofrendo. Um dia para tomar o mundo um
pouco melhor ao nosso redor, porque nele estamos. Um dia do qual possamos ouvir
alguém dizer a nosso respeito: "Quão bom foi tê-los connosco este dia!" Um dia para levar
nossos filhos a um bosque, a um jardim público, a um lugar fora dos grandes centros
urbanos. Um dia para contemplar com eles as estupendas obras da Natureza. Esse é um
dia especial designado por Deus para Sua adoração e nossa restauração física. Não
podemos prescindir dele, e não devemos adaptá-lo às nossas conveniências.
Bendito o descanso do trabalhador! Ele o merece. Ele o necessita.
Aprendamos a usá-lo no devido tempo e lugar.
Capítulo 27

"Se toda família reconhecesse os benéficos resultados


de um asseio completo, fariam esforços especiais para
remover toda impureza, de si e de sua casa, e estenderiam
seus. esforços aos arredores. ... Em muitos casos seu próprio
quintal contém o agente de destruição, que despediu veneno
letal para a atmosfera, para ser inalado pela família e a
vizinhança." - Conselhos Sobre Saúde, págs. 62, 63.
Capitulo 27
Morada Limpa e Aprazível
Em conformidade com o pensamento básico de nosso estudo nesta segunda
parte da obra, "moradia limpa e aprazível" faz parte dos agentes indicados por Deus para
conservação da saúde. O título parece salientar apenas dois aspectos que são factores
de saúde, mas eles envolvem outros que não podemos deixar de considerar.
Primeiro, morada limpa por dentro e por fora. Uma casa atravancada de móveis
e com utensílios amontoados em desordem, não favorece a limpeza. Certamente ficarão
impurezas sob os móveis, onde aranhas, baratas e traças farão seus esconderijos. Não
havendo completa limpeza, não haverá saúde.
Muitos costumam manter dentro de casa uma quantidade de frutas demasiado
maduras e hortaliças, e quase que invariavelmente um molho de couve ou cheiro verde
numa vasilha com água. Nessas frutas e hortaliças, há sempre um grande número de
mosquitos ajudando na decomposição desses vegetais já decadentes, os quais estão
constantemente despedindo perigosas emanações de agentes de doenças. As pessoas
que compõem a família são obrigadas a respirar esse ar contaminado.
Se tão somente essas pessoas tivessem a oportunidade de examinar ao
microscópio as emanações desprendidas dos vegetais em decomposição, livrar-se-iam
deles, horrorizadas, e os atirariam o mais longe possível.

Os Arredores
Mas além da limpeza interna, os arredores da casa têm uma influência muito
grande na saúde. Muitos deixam latas de lixo logo ao pé da porta da cozinha, onde
cascas de frutas e restos de verduras ficam ali por dias apodrecendo, e não só cheirando
mal como também desprendendo miasmas que vão infectar o ar ao redor. Não se dá
muita importância a isto, por falta de conhecimento. Entretanto, este procedimento traz
graves consequências para os habitantes da casa.
Não se deve permitir que folhas secas, de árvores junto à casa, apodreçam nas
imediações. O melhor é não ter nenhuma árvore muito perto de casa. Tudo que apodrece,
deve estar a boa distância, de maneira a não contaminar o ar que circunda a residência.
Não se tenham estábulos, galinheiros, viveiros de passarinhos, de coelhos ou
de outros animais muito perto de casa. Os homens não devem conviver com animais. E
estamos falando apenas de animais nos arredores de casa. Mas que dizer de criar
animais dentro de casa ou dormir com cachorros e gatos?
Não se permitam montes de esterco ou outros detritos a descoberto nas
imediações da casa, sem serem imediatamente enterrados. Seus micróbios contaminam
o ar ambiental e penetram no interior da casa.

Efeitos Sobre a Mente


A questão da poluição do ar é apenas um aspecto. Mas depois vêm os factores
psicológicos. A limpeza e a ordem causam tal efeito sobre a mente e o espírito dos
indivíduos, que daí resulta saúde, sensação de paz, conforto e segurança. Quem é que
não se sente bem num ambiente limpo? Não que seja necessário a dona de casa, por
vaidade e vanglória, correr o dia inteiro para manter a casa impecavelmente limpa e em
ordem; porque isto também é doença mental, que causa doença nos outros membros da
família. mas que se mantenha a limpeza o bastante para eliminar toda
possibilidade de contaminações, primeiro; e depois, para que faça bem à alma, e não ao
amor-próprio.

Aspecto e Localização
Outra faceta importante do assunto é o tipo de casa que ocupamos e sua
localização. Nunca, por baixo que seja o custo, devemos consentir em habitar casas
húmidas e mal ventiladas. Jamais morar em casas construídas em terrenos baixos ou
sobre antigos banhados aterrados. Os habitantes de tais lugares, estarão sempre
doentes, principalmente a dona de casa e as crianças, que permanecem mais tempo no
lar.
Ao contrário, devemos procurar casas em colinas e lugares altos; e além disto,
que tenham amplas janelas banhadas por correntes de ar o mais puro possível, e por todo
o sol que possa atingi-las.
Aqueles que compram um terreno e planejam uma construção, devem adquirir
terrenos em lugares altos; e na planta, os dormitórios merecem a melhor consideração:
eles devem ser localizados de modo a receber a maior quantidade de sol possível.
Portanto, eles nunca poderão estar voltados para o sul; o norte é o seu lugar, ou nordeste.
Outras vistas do quadro, são o tamanho e a disposição das peças da casa.
Não nos esqueçamos de que estamos considerando a tremenda influência dos factores
psíquicos sobre a saúde. Milhares de pessoas devem suas doenças nervosas à casa em
que moram.
Não é tão importante termos casa própria, visando economia no aluguel, se
depois vamos gastar essa economia com médico e farmácia, porque adquirimos a doença
numa casa mal localizada ou mal planejada.
Há muitos anos atrás acompanhei uma família de americanos visitando o
Brasil, e os levei a muitas casas de amigos aqui. Um dia a senhora me disse: "As casas
brasileiras são muito duras, frias e repelem as pessoas." Eu nunca havia pensado nisto.
Discutimos o assunto, e foi aí que comecei a ver a outra vista de uma casa.
Não basta que a casa esteja em condições de abrigar seres humanos. Ela
precisa ser acolhedora, aconchegante, como alguém que ardentemente deseja a
presença de seus habitantes. Para isto é preciso que ela tenha certas características, que
a maior parte de nossas casas não têm: Fachada simples, frente mais ampla que os
fundos, num vasto gramado bem cuidado, de preferência a estar no meio de muitas flores
e arbustos; e interiormente, peças amplas, especialmente a sala de estar e os dormitórios,
teto baixo, pintura suave, poucos móveis, mais armários embutidos, poucos bibelôs e
quadros, temperatura agradável e conforto sem sofisticação. .
Numa casa assim as crianças gostam de demorar-se; não desejarão estar na
rua. A mãe e os filhos, que passam a maior parte de sua vida em casa, terão o que
podem chamar de lar. E é este sentimento, gerado em razão de factores materiais e
psicológicos, que deve favorecer a saúde.
Grande maioria das casas brasileiras têm salas de estar com cerca de 10
metros quadrados, e as outras peças não são muito maiores; algumas até menores.
Imagine-se o que isto significa para os nervos e os sentimentos daqueles que têm de ficar
ali dentro uma vida toda.
Quando falamos de "morada... aprazível", queremos significar que ela deve
oferecer o prazer de se estar ali, ficar ali como o melhor lugar do mundo. E em realidade,
o lar é o melhor lugar da Terra, porque ali estão nossos pais e nossos irmãos; ali estão
nossa esposa e nossos filhos; e também porque gostamos da nossa casa. Gostamos de
seu estilo, de suas peças, de sua cor, de seus arredores - tudo que ali temos em conforto,
abrigo e segurança. Ela é para nós nosso "lar, doce lar".
Assim, "morada limpa e aprazível" é realmente um dos factores de saúde. Por
isto incluímos este capítulo.
Capítulo 28

“As grandes propriedades medicinais das ervas e dos


sucos de frutas e hortaliças têm sido reconhecidas e
apreciadas desde tempos imemoriais, especialmente por
povos primitivos. De fato, a cura por ervas foi o primeiro
sistema de cura que o mundo conheceu, e sua eficácia através
dos séculos jamais foi questionada." - Dr. H. W Kirschner, em
Nature 's Healing Grasses.
Capítulo 28
Ervas e Raízes
As ervas foram postas ao nosso lado em toda parte para nos servirmos delas
em toda emergência. Não há melhor nem mais seguro remédio do que aquele fornecido
por Deus nas plantas que nos cercam. O Brasil tem talvez a maior quantidade de ervas
medicinais do mundo; mas fora de qualquer dúvida, tem também a maior proliferação de
farmácias repletas de drogas e panaceias rotuladas.
É repulsivo saber-se que tantas pessoas com tanta simplicidade, largam seus corpos nas
mãos de balconistas mal informados nessas farmácias, para que eles aconselhem que
droga tomar para suas dores.
Quando fui aos Estados Unidos da América a primeira vez em 1950, estava
com um grupo de colegas visitando várias instituições de saúde e educacionais; e numa
delas, um médico nos perguntou se se justificava a anedota que por lá se contava de que
no Brasil um ano a metade da população aplicava injecções na outra metade, e no
seguinte era a vez de ser beneficiada a primeira metade. Rimos bastante, mas não
tínhamos como negar a piada. Na verdade, por qualquer coisinha se vai à farmácia; e ali
sempre se acha alguém que possa dizer o que tem para vender. E as mais das vezes, o
melhor remédio é aquele que precisa de ser "espetado", porque deixa maior margem de
lucro.
Deus nos deu a melhor das drogarias nas ervas que faz crescer para nos
socorrer em nossas enfermidades. Não há uma doença em que não possamos usar com
proveito uma planta simples, do nosso quintal ou até de um vaso em nossa varanda.
Basta que leiamos mais e procuremos aprender.
Quando eu era criança, o que me posso lembrar de uns 60 anos atrás, a
maioria dos farmacêuticos tinha de fazer algum outro trabalho para viver. As vezes eram
barbeiros, ou dentistas, ou outra coisa qualquer, porque a farmácia só não os sustentava.
E uma cidade em geral não comportava mais do que uma botica, como era chamada a
farmácia. Hoje em qualquer cidade há quase tantas farmácias como bares, e mais ou
menos tantas quanto açougues. E é interessante notar como os três cooperam para a
prosperidade um do outro. Quanto mais carne o indivíduo comer, mais excitantes
desejará; portanto, mais café e bebidas alcoólicas tomará. E então, necessitará da
farmácia para morrer mais depressa.
Naqueles tempos antigos, toda mãe sabia que ervas usar para socorrer seus
familiares, quando qualquer problema físico surgia. Ao pé da cozinha ou nos fundos dos
quintais, havia sempre algumas plantas medicinais. Vou citar aquelas de que me lembro
que havia em nosso quintal:
Poejo, para catarro pulmonar, tosse simples ou coqueluche, acidez e ardor no
estômago, fermentações e cólicas nos intestinos, e para acalmar os nervos; hortelã, de
duas ou três espécies, para má digestão, prisão de ventre, vómitos, cólicas dos intestinos,
vermes; macela galega (Macelinha galega) tónico para o estômago, perturbações
gástricas, inapetência, indigestão, cólicas uterinas (quase sempre a usávamos com
camomila); camomila, para dentição das crianças, perturbações do estômago, diarreia,
inflamações das vias urinárias, regras dolorosas; sabugueiro, para sarampo, febre
escarlatina, também usado como suadouro; capim cidreira, ajuda a digestão, usa-se em
problemas do fígado, baço, rins, bexiga, gases intestinais e menstruação dolorosa.
Tínhamos também arnica para machucaduras internas e externas; alfavaca,
manjerona, salsa e cebolinha verde, que usávamos como temperos, mas com certeza,
altamente medicinais; erva-doce, para gases intestinais e especialmente para as
criancinhas. Também usávamos o mastruço em forma de xarope, para tosse, bronquite e
tuberculose; com ele minha mãe se curou de tuberculose, quando já os seus pulmões
sangravam diariamente.
Não pretendemos tornar este capítulo um tratado de ervas medicinais, pois há
tantos livros sobre o assunto; alguns um tanto confusos, outros titubeando, mas todos
bastante proveitosos. Basta que os leiamos.
O fato é que, se ficarmos só com as plantas que crescem por perto de nós em
nossas hortas, em nossos jardins, nos campos e pequenas capoeiras, já temos uma
farmácia inesgotável. E isto não é fantasia nem força de expressão, pois era assim que
vivíamos antes de conhecer médicos e farmácias.
Até as flores e folhagens de nossos jardins, parece não haver uma única que
não tenha uma ou várias aplicações medicinais. Rosas, para purgativos e gargarejos nas
inflamações da garganta; violetas, para úlceras, inflamação da mucosa nasal, tosse e
bronquite; capuchinha, de várias cores, que se comem em saladas, folhas e flores, ou se
faz chá de ambas, para purificar o sangue, eliminar eczemas e psoríases; maravilha, para
hidropisia e leucorréia, suco das flores para dor de ouvido das crianças.
Nos campos, encontra-se a vassourinha, anti-catarral, a carqueja, com mil
aplicações, em casos de pessoas obesas por retenção de água, mau funcionamento do
fígado, dispepsia, anemia por perda de sangue, etc.; raiz de jurubeba, para hepatite,
icterícia, dispepsia crónica, má digestão e para tumores internos.
Nas lavouras encontra-se quebra-pedra, tão usada em todos os problemas dos
rins e vias urinárias, cistite, catarro da bexiga, nefrite, gonorreia, etc.; o cabelo de milho, a
serralha, o dente-de-leão, a beldroega, o caruru ou bredo, todos medicinais, e fonte de
alimentos, estes últimos.
Há ainda muitas plantas, das quais se usam as cascas e ou as raízes, Mas é
notável que a maioria das plantas medicinais atuam nos órgãos da digestão e da
eliminação, justamente onde começam os problemas de que resultam as doenças.

Na Desidratação
Uma planta à qual desejo dar destaque especial, é o rubim, também conhecida
por ximango e macaé. Ela é muito usada, machucada, para contusões e ferimentos
externos. Mas também é excelente em infusão para problemas do estômago e do fígado.
Entretanto, o destaque especial queremos dar em favor de seu milagroso poder
para curar a desidratação em poucos minutos. Com a primeira ou segunda dose de chá
de rubim, o paciente já começa a reter os líquidos ou alimentos que ingere; e desde então
passa a recuperar-se rapidamente.
Para uma criancinha, basta uma colher das de sobremesa da infusão de hora
em hora, até melhorar. Um adulto, pode tomar doses maiores. O rubim é uma planta que
todos deveriam ter sempre no quintal; quando não, alguns ramos secos guardados para
uma emergência. Como é uma planta que também serve para mau funcionamento do
estômago e do fígado, pode ser necessária em muitas outras ocasiões além de uma
desidratação.
Fico horrorizado considerando os milhões de cruzeiros gastos pelo povo e pelo
governo no tratamento da desidratação, quando essa planta extraordinária cresce nos
montes de lixo ao pé das favelas e bairros pobres - justamente de onde procedem os
mais numerosos casos dessa doença tão comum no verão.
A desidratação infantil poderia ser totalmente evitada com alguns cuidados
simples. A causa inicial não é o verão, como crêem alguns. Não há desidratação infantil
em crianças amamentadas exclusivamente no peito materno. Não é isto um argumento?
Mas muitas mães engrossam as mamadeiras com amidos de milho e arroz, e
acrescentam grandes quantidades de açúcar, o que causa imediata fermentação; depois
aumentam o mal dando nos intervalos chás ou sucos adoçados. Quanto mais líquidos
adoçados forem ingeridos, maior a perda de sal e vitaminas, e maior o perigo da
desidratação.
Não se engrosse a mamadeira com nenhum amido antes dos 8 a 12 meses. E
preferível uma proteína. Mas é muito melhor uma fruta, principalmente banana. Pode-se
criar uma criança perfeitamente sadia só com frutas cruas e leite; sempre as frutas antes
do leite. Frutas polpudas como a banana e a maçã, devem ser raspadas ou bem
amassadas, e dadas aos pouquinhos, e então completar a refeição com um pouco de
leite; frutas mais suculentas como a laranja, o abacaxi e a uva, dá-las em forma de suco,
e depois o leite. Duas ou três mamadeiras por dia poderiam ser de leite puro, sempre
precedidas de um golezinho de suco de limão puro. E aí não há doença que possa atingir
crianças assim alimentadas.

Alfafa e Comfrey (Consolda)


Encerrando este capítulo sobre ervas medicinais, queremos salientar que a
cura pelas plantas não consiste em apenas usá-las em forma de infusões ou aplicações
medicamentosas. Há muitas que deveriam ser usadas como alimento. Pouco antes já
mencionamos algumas, mas aqui queremos acrescentar outras, e duas com destaque
especial. A salsa, o salsão-aipo e o pepino com casca, grandes remédios para problemas
das vias urinárias, dos rins e para a diabete. E então a alfafa e o comfrey fecham a lista
como os maiores.
Estes dois deveriam ser usados diariamente como alimento e em forma de chá.
O Dr. Frank W. Power foi pioneiro na pesquisa da alfafa no começo do século; recebeu
depois a cooperação do - Dr. L. D. Bailer, que sofria de lumbago, e sarou com o chá de
alfafa. Mais tarde, outros fizeram experiências com essa planta, aplicando-a para a cura
de outras doenças. Verificou-se que ela contém vitaminas A, C, D, E, G, K, U e o
complexo B, além de ser uma das plantas verdes mais ricas em proteínas completas com
todos os aminoácidos essenciais e os melhores minerais. É também uma das principais
fontes de clorofila.
A alfafa em chá, em pó, em clorofila liquefeita, a folha ou a semente, pode ser
usada como remédio ou alimento, ou alimento como remédio, para uma infinidade de
problemas físicos, mas notadamente em todos os males dos rins, da próstata e vias
urinárias, no câncer e outros.
Quanto ao comfrey, essa planta europeia quase desconhecida entre nós, sua
análise lhe dá um lugar superior ao da carne como alimento e a muitas outras ervas como
hortaliça. Em vários países da Europa, especialmente na Inglaterra, o comfrey goza de
fama de haver curado muitos casos de câncer. E recomendado para úlceras,
queimaduras, irritações da vista, úlceras varicosas, etc. Em feridas abertas, aplicam-se
cataplasmas das folhas ou das raízes machucadas; e nos ferimentos mais sensíveis,
apenas o suco.
Uma ou duas folhas de comfrey picadas na salada de outras verduras, ou
mesmo juntadas a verduras refogadas, não modificam seu gosto, e servem de remédio ao
mesmo tempo. Também é proveitoso adicionar uma folha ou duas ao chá de alfafa,
hortelã, capim ou erva-cidreira. O comfrey é recomendado especialmente para bronquite,
asma e sinusite. Ele certamente tem ainda virtudes desconhecidas; mas seu grande teor
de vitaminas do complexo B e em particular o ácido pantotênico, nos levam a dizer que o
comfrey é uma verdura que deveria ser usada diariamente, com persistência.
Algumas ervas, podem também tomar o lugar de uma bebida agradável,
ocasionalmente. Aí estão, por exemplo, as folhas e flores de laranjeiras e o capim cidreira
que, numa infusão com um pouco de mel, dão um maravilhoso chá para a ceia ou antes
de dormir, e constituem um poderoso sedativo para um sono repousante. Especialmente
as pessoas nervosas, poderiam valer-se dessas ervas.
É pena que não possamos estender-nos mais neste assunto para descrever
outras plantas maravilhosas, como as algas marinhas, o agrião, etc. Entretanto,
recomendamos que todos procurem ler mais sobre plantas, tanto as que se usam para
comer como aquelas que melhor se prestam para medicamentos. A Natureza está diante
de nós com seus recursos prodigiosos, e pronta para nos socorrer em nossas
dificuldades.
Capítulo 29

"A maior necessidade do mundo é de homens -


homens que não se comprem nem se vendam; homens que no
íntimo da alma sejam verdadeiros e honestos; homens que
não temam chamar o pecado pelo seu nome exacto; homens,
cuja consciência seja tão fiel ao dever como a bússola o é ao
pólo; homens que permaneçam firmes pelo que é recto, ainda
que caiam os céus.
"Mas um carácter tal não é obra do acaso; nem se deve
a favores especiais da Providencia. Um carácter nobre é o
resultado da disciplina própria, da sujeição da natureza inferior
pela superior." - Ellen G. White, em Educação, pág. 57.
Capítulo 29
Pureza de Vida

Este título representa as exactas palavras de Ellen G. White quando dava uma
lista de factores para a saúde, que ela indicou como "os Remédios de Deus" para a cura
de todas as enfermidades. E é com este pensamento em vista, que iniciamos as
considerações deste capítulo - Pureza de Vida, para que se possa gozar saúde.
Mas "pureza de vida" neste final de século vinte? Como? Não posso sair à rua,
não posso entrar num ónibus, não posso encostar-me a uma banca de jornais e revistas,
não posso ligar o rádio ou a televisão e mesmo abrir um jornal de notícias sem ser
afectado!
É isto mesmo; se você quiser gozar saúde, "pureza de vida" é um requisito. Por
quê? - Porque os sentimentos, as emoções e o comportamento sexual têm muito que ver
com as resistências orgânicas e com a saúde mental. Não há verdadeiro equilíbrio
psíquico e emocional em indivíduos impuros mental ou fisicamente.
Alguns acham que isto é questão de conceito. Mas não é verdade que ainda
mesmo o mais corrupto dos indivíduos possa continuar indefinidamente numa vida de
devassidão, sem o menor senso de culpa ou julgando-se com profundo reconhecimento
de que sua vida é nobre. A impureza em todas as suas modalidades, deforma o carácter
e torna infeliz aquele que a pratica.
A pureza de vida não é uma questão de época, de ocasião ou circunstância.
Também não é uma questão de religião ou de conceitos sociais. E um princípio, que pode
ser mantido por um José no Egipto (ver Génesis 39) ou por qualquer indivíduo recto dos
dias sodômicos em que vivemos.
Quando dissemos no princípio desta obra que advogamos "mente sã em corpo
são", queríamos dizer também que uma mente impura é tão doentia como aquela que
sofre transtornos de outra ordem; que um corpo doente não pode abrigar mente sã, nem
pode um corpo são conviver com mente doentia.
A impureza é causa de muitas doenças, talvez as piores e mais incuráveis,
visto como leva muita gente para os hospitais e manicómios. E preciso que assentemos
em nossa mente uma atitude em relação a este assunto de verdadeira grandeza e
importância.
Não pretendemos neste capítulo senão desenvolver instruções a respeito de
como podemos evitar a doença e promover a saúde por meio deste "remédio de Deus" - a
pureza de vida. Portanto, não nos alongaremos na questão sexual como um estudo. Para
aqueles que desejam mais amplo conhecimento do assunto, indicamos Amor, Sexo e
Erotismo, do Dr. Galdino Nunes Vieira - a mais completa, a mais elucidativa e equilibrada
obra sobre sexo. E editado pela Casa Publicadora Brasileira. Creio que todo jovem e
adulto deve conhecer esse livro.

Comportamento Sexual
O correcto comportamento sexual é resultante de atitudes assumidas pelos
indivíduos, mediante planejamento inteligente e honesto.
O sexo é muito importante. Toda vez que o consideramos à luz dos propósitos
divinos, estremecemos à ideia de que pudéssemos cooperar com Deus para a realização
de Seus objectivos. O sexo foi designado pelo Criador para uma finalidade, e nós não
temos o direito de mudar os fins. Ninguém tem permissão para perverter o sexo ou usá-Io
como quiser, ou fora de tempo e lugar.
Transgredir as leis da Natureza neste sentido, é atrair sobre si a doença e a
desgraça.
Devemos ser puros nos hábitos, puros na conversa e puros nos pensamentos.
Para isto, devemos afastar de perto e de diante de nossos olhos toda revista ociosa e
maliciosa, toda novela excitante e toda anedota picante. Nós somos aquilo que falamos,
lemos e pensamos. E se queremos ser ajudados na construção de um carácter nobre,
devemos ajudar-nos a nós mesmos.
Há um conceito erróneo a respeito do sexo. Advogam alguns que ele deva ter
livre curso desde os primeiros impulsos na infância até ao final esgotamento da
capacidade sexual na velhice. Admitem muitos a prática dos vícios sexuais em
adolescentes, autorizando livremente a masturbação. Supõe-se que todos os desejos
devam ser atendidos para evitar frustrações; porque assim se procede com os desejos
pervertidos da glutonaria, da embriaguez, da toxicomania, da cobiça, da avareza e outros.
Não se fazem restrições; não se estabelecem padrões elevados para as
crianças e adolescentes, porque os próprios pais muitas vezes não têm suficiente moral
para fazê-lo. Mas se se consultar o peso da opinião dos jovens, ver-se-á que eles estão
mais dispostos a tentar alcançar alvos nobres e altos, em lugar de ceder e fracassar.
Para em parte provar isto, transcrevo um trecho de um artigo de Eunice
Kennedy Shriver, no Washington Post, de julho de 1977, onde ela diz, conforme
transcrição de Selecções:
"Há mais de 25 anos venho trabalhando com garotas assim, e descobri que,
nos casos delas, fornecer-lhes padrões de conduta é melhor que dar-lhes contraceptivos.
Faz pouco tempo, conheci um centro de meninas adolescentes em que a professora
perguntou qual o assunto que elas mais gostariam de debater. Biologia humana?
Cuidados pediátricos? Fisiologia do parto? Planejamento familiar? As garotas não
mostraram nenhum interesse por esses temas. Foi aí que a professora perguntou: 'Vocês
gostariam de conversar sobre a maneira de dizer não ao namorado sem perder o seu
amor? Imediatamente, todas as mãos se levantaram.
"Essas meninas querem acreditar em valores, e anseiam por alguém que os
saiba ensinar; que lhes diga que, para seu próprio bem e para o bem da sociedade, não
faz sentido praticarem o sexo aos 12, 13, 14 ou 15 anos; que nessa idade ele não é
necessário para o desenvolvimento de uma relação amorosa perdurável.
"Os adolescentes querem que seus pais, seus professores e líderes políticos
defendam valores morais firmes - e isso inclui os que se relacionam com o amor e o sexo.
Em qualquer tipo de educação sexual, devemos insistir para que se inclua uma dimensão
moral, tão importante quanto a biológica, não apenas por ser isso o que queremos, mas
porque nossos filhos também o querem.
"Recusar-se a discutir os valores que permeiam as nossas relações sexuais é
ensinar aos jovens que essa importante experiência humana não é tema para reflexões e
dissertações morais.
" A tendência dos adultos hoje é acomodarem-se aos rebeldes, mal-educados
e desajustados, em lugar de eles mesmos praticarem normas elevadas, e então orientar
os fortes e nobres, enquanto tentam ajudar os fracos e pusilânimes a desejarem ser
fortes. E nosso dever exaltar os valores, em vez de nivelá-los à baixeza dos perversos.

A Praga da Masturbação
Alguns autores sobre o assunto, colocam o alto índice da masturbação na casa
dos 80 a 90%. E isto, tanto entre rapazes como entre meninas. E verdade que entre as
meninas, muitas vezes a prática não se estende além das primeiras experiências; mas
algumas a levam para grande parte de sua existência, mesmo depois do casamento. A
masturbação, uma vez arraigada na vida do adolescente, causa efeitos tremendos de
envelhecimento, covardia, mentira e hipocrisia, preguiça, indecisão e total incapacidade.
Um carácter arruinado.
Mas os resultados que afectam a saúde, não são menores. Há milhões de
pessoas hoje - eternos psicopatas - sofrendo e fazendo os outros sofrerem por causa
deste vício tão comum.
Faz algum tempo, uma idosa viúva - ela mesma doente e muito pobre - me
procurou, arrastando consigo um filho de 24 anos de idade, depois de tê-lo feito percorrer
muitos médicos e hospitais. Estava ansiosa por ouvir de mim que eu seria capaz de
indicar alguma coisa para curar seu filho. Era tão evidente o problema do moço, que eu
pedi a ela para me deixar falar em particular com ele.
Então disse ao rapaz: "Tenho pena de sua mãe. Ela se preocupa por você, e o
leva de médico em médico, na esperança de o ver bom, a fim de que você possa ajudar a
manter a casa. Entretanto, você sabe que é o único culpado de sua doença. Sua mãe se
aflige porque o ama; mas você desperdiça a saúde na satisfação de um prazer doentio.
Enquanto você não parar de se masturbar, remédio algum lhe fará qualquer bem." Aí ele
confessou que se masturbava várias vezes por dia.
Este quadro é o retracto de muitos jovens por aí afora. Os pais têm a obrigação
de alertar seus filhos desde cedo para se livrarem deste polvo maldito, que está
arruinando a mocidade e enlouquecendo o mundo, além de preparar uma geração futura
mais fraca e mais vil. Não nos podemos acomodar para aceitar um mal remediável e
rotulá-lo de problema de uma época.
Ellen G. White, essa fabulosa educadora, há cerca de cem anos vem, através
de seus livros, alertando os pais sobre os perigos dos vícios sexuais, e mesmo das
relações abusivas do sexo entre os casais. E eu gostaria de deixar que ela nos fale, nos
parágrafos seguintes, que transcrevo de A Solemn Appeal.

Um Apelo às Mães
"Minha justificativa para dirigir-me às mães sobre este assunto é porque sou
mãe e me sinto alarmada pelas crianças e jovens que, pelo vício secreto, se estão
arruinando para este mundo e para o mundo vindouro. Permitamo-nos examinar este
assunto do ponto de vista físico, mental e moral.
"Mães, vejamos primeiro os resultados deste vício (a masturbação) sobre as
forças físicas. Não tendes notado uma falta de beleza saudável, falta de força e poder de
resistência em vossos queridos filhos? Não vos tendes entristecido ao observardes neles
o progresso da enfermidade, que tem frustrado vossa perícia e a dos médicos? Ouvis
inúmeras queixas de dor de cabeça, catarro, tonturas, nervosismo, dor nos ombros e
lados, falta de apetite, dor nas costas e membros, insónia, noites febris, sensação de
cansaço pela manhã e grande exaustão após algum exercício? Ao verdes desaparecer
deles a beleza da saúde e ao notardes a palidez ou o desnatural rubor da face, tende-vos
alertado o suficiente para olhar por baixo da superfície, para inquirir sobre a causa dessa
decadência física?..
"E não tendes notado que houve queda de eficiência na saúde mental de
vossos filhos? Que seu comportamento se tem marcado por extremos? Que eles parecem
ausentes mentais? Que eles começam a falar nervosamente quando arguidos? E que são
facilmente irritados? Não tendes observado que, quando ocupados num trabalho, eles
parecem olhar sonhadoramente, como se a mente estivesse a vaguear? E que quando
voltam a si parece não quererem aceitar o resultado de seu trabalho como havendo saído
de suas mãos, tão cheio de imperfeições e marcado de falta de atenção? Não vos tendes
assombrado diante de seu maravilhoso esquecimento? As mais simples e muito repetidas
instruções são muitas vezes esquecidas. Podem ser ligeiros para aprender, mas parece
não lhes servir de nenhum benefício. A mente não retém. Aquilo que aprendem através
de duro estudo quando precisam usar esse conhecimento lhes foge, perdendo-se em
memória de peneira. Não tendes notado sua relutância para se empenharem em trabalho
activo? E sua falta de vontade para, perseverantemente, realizarem aquilo que
empreenderam, e que deles exige força mental e física? A tendência de muitos é viver na
indolência.
"Não tendes testemunhado a sombria tristeza de rosto e as frequentes
manifestações de temperamento acre naqueles que antes eram alegres, bondosos e
afectivos? São facilmente levados à desconfiança, dispostos a olhar as coisas pelo lado
escuro; e quando estais trabalhando para seu bem, imaginam que sois seus inimigos, que
desnecessariamente os reprovais e os restringis.
“E não tendes inquirido onde tudo isto terminará, ao olhardes para vossos
filhos, do ponto de vista moral? Não tendes observado nas crianças o aumento da
desobediência e suas manifestações de ingratidão e impaciência em face da restrição?
Não vos tendes alarmado com sua falta de respeito para com a autoridade materna ou
paterna, o que arrasou de tristeza e coração dos pais e prematuramente lhes salpicou de
cabelos grisalhos a cabeça? Não tendes verificado em vossos filhos falta daquela nobre
franqueza que eles já possuíram e que vós admiráveis? Alguns até mesmo expressam
em seu semblante aquele olhar endurecido da depravação. Não vos tendes sentido
angustiadas e ansiosas ao perceberdes o forte desejo de vossos filhos de estarem
sempre com o sexo oposto, e sua incontrolável disposição para namorar, enquanto ainda
muito jovens?..
"Mães, a grande causa destes males físicos, mentais e morais, é o vício
secreto (a masturbação), que inflama as paixões, febricita a imaginação e leva à
fornicação e ao adultério. Este vício está destruindo a constituição física de muitos, e
preparando-os para doenças de quase toda espécie. E haveremos nós de permitir que
nossos filhos sigam um curso de destruição de si mesmos?
"Mães, considerai vossos filhos do ponto de vista religioso. Causa-vos dor vê-
los débeis no corpo e na mente; mas não vos causa tristeza muito maior vê-los quase
mortos para as coisas espirituais, de modo que têm bem pouco interesse pela bondade,
pela beleza e pelos santos propósitos? O vício secreto é o destruidor das elevadas
resoluções, do fervoroso esforço e da força de vontade para formar um bom carácter
religioso...
"Crianças muito novas praticam este vício, e ele cresce com elas e é fortalecido
com os anos, até que toda nobre faculdade do corpo e da mente é aviltada. Elas
poderiam ter sido salvas, caso tivessem sido cuidadosamente instruídas com respeito à
influência desta prática sobre a saúde. Elas ignoravam o fato de que estavam trazendo
sobre si mesmas muito sofrimento. ...
"Mães, não podeis ser demasiado cuidadosas em alertar vossos filhos para não
aprenderem hábitos degradantes. É mais fácil guardá-los do mal do que para eles
erradicarem-no depois de haver aprendido...
"Para salvar meus próprios filhos de serem corrompidos, não tenho permitido
que eles durmam na mesma cama, nem no mesmo quarto com outros rapazes, e tenho,
quando a ocasião o requereu, em viagem, feito uma cama para eles no chão, de
preferência a deixá-los acomodarem-se com outros. Tenho procurado evitar que se
associem com crianças grosseiras e rudes, e lhes tenho apresentado atracções para que
tornem alegres e felizes suas ocupações no lar. Mantendo ocupadas suas mãos e mente,
eles têm tido muito pouco tempo ou disposição para brincar na rua com outras crianças e
obter assim uma educação de rua...
"O estado de nosso mundo é alarmante. A toda parte para onde olhamos,
vemos imbecilidade, formas nanicas, membros aleijados, cabeças disformes, e
deformidade de toda espécie. O pecado e o crime, e a violação das lei da Natureza são a
causa deste acúmulo de maldição e sofrimento humanos. Uma grande parte da juventude
que hoje vive é inútil. Hábitos corruptos estão desperdiçando suas energias e trazendo
sobre eles repugnantes e complicadas enfermidades. Ingénuos pais buscarão a perícia
dos médicos, um após outro, que lhes prescreverão drogas, conquanto geralmente
saibam a causa da saúde em deterioração; mas esses médicos, por temerem ofender ou
perder os seus clientes, guardam silêncio, quando, como médicos fiéis, deveriam expor a
causa real...
"Crianças que praticam esta condescendência própria (a masturbação) antes
da puberdade... deverão pagar na idade crítica a penalidade das leis da Natureza
violadas... Se a prática é continuada após os 15 anos de idade, a Natureza protestará
contra o abuso que tem sofrido e continua a sofrer, e fará que arrostem com a penalidade
pelas transgressões de suas leis, especialmente entre os trinta e quarenta e cinco anos,
mediante numerosas dores no organismo e várias doenças, tais como afecções do fígado
e dos pulmões, nevralgia, reumatismo, problemas da coluna, rins doentes e humores
cancerosos...
"Aqueles que se destroem a si mesmos por seus próprios actos, nunca terão
vida eterna... A prática dos actos secretos com toda a certeza destrói as forças vitais do
organismo... Ninguém poderá viver, uma vez exauridas as suas energias. Terá de morrer.
Deus odeia a impureza, e Sua desaprovação repousa sobre todos aqueles que, segura e
gradualmente se estão deteriorando...
"A primeira obra daqueles que desejam reformar-se é purificar a imaginação.
Se a mente se conduz numa direcção viciosa, ela deve ser restringida para demorar-se
apenas em assuntos puros e elevados. Quando tentada a se entregar a uma imaginação
corrupta, fuja para o trono da graça, e ore por força do Céu." - A Solemn Appeal, págs. 9 a
29.
E depois de se demorar assim na questão da masturbação, Ellen G. White
dedica mais alguns capítulos às relações entre os cônjuges. Assim continua ela:
"Muitos casais não obtêm o conhecimento que deveriam a respeito da vida de
casados... Eles não compreendem que Deus deles requer que controlem sua vida
conjugal contra todos os excessos. Bem poucos consideram um dever religioso governar
suas paixões...
"Muitas mulheres estão sofrendo de grande debilidade e já com doença nelas
instalada, trazida sobre elas porque as leis do seu ser foram desrespeitadas. As leis da
Natureza foram espezinhadas. O poder nervoso do cérebro foi esbanjado por homens e
mulheres, porque foi obrigado a agir não naturalmente a fim de satisfazer paixões baixas;
e estas paixões aviltantes, odiosas e monstruosas, recebem o delicado nome de amor."
Idem. págs. 42-44.
E assim poderíamos prosseguir, apontando os males do desencaminhamento
no que se refere aos abusos sexuais. Mas o que foi dito é o bastante para
compreendermos nossos deveres neste sentido. Pureza de vida - pureza de
pensamentos, de atitudes, maneiras e acções - sem ela não podemos gozar plena e
abundante saúde.
Com aquilo que fica dito, não há nenhuma sugestão de austeridade e
abstinência sexual para os casados, além da moderação razoável. Relações conjugais
como fruto de um verdadeiro e sincero amor, com a devida moderação e pureza, estão
dentro das normas cristãs. Mas são as práticas extemporâneas dos adolescentes e dos
solteiros, e os excessos maritais que devem ser condenados como factores de doença. E
contra estes nos devemos guardar.

A Mesa e Seu Papel na Pureza


A alimentação tem um papel preponderante nesta questão. As mães devem
compreender que muitos ovos e alimentos muito temperados e picantes, muito queijo e
carne, café, chá, bebidas alcoólicas e sobremesas, são todos fabricantes de excitações,
que conduzem ao vício e às paixões. Doutro lado, abundância de frutas, especialmente o
limão e outras frutas ácidas; todas as hortaliças cruas e o lêvedo de cerveja, são
alimentos que anulam ou diminuem as excitações sexuais.
Quando nos esforçamos por controlar os apetites e paixões pervertidos, não
estamos sozinhos e não somos esquisitos. Poderíamos citar muitos autores que apoiam
este princípio; mas notemos ainda apenas os conceitos e os conselhos expressos pelo
Dr. N. W. Walker, em seu livro Become Younger:
"A habilidade procriativa do homem é limitada ou encurtada por seus hábitos de
comer e viver, de um lado, e por sua irrefreada incontinência e falta de domínio-próprio,
de outro. Quando os homens e as mulheres aprenderem que a continência e o domínio
de si mesmos, juntamente com a abstinência de alimentos desvitalizados, podem ajudá-
los a regenerarem o corpo para a restauração do vigor e do rejuvenescimento, terão
aprendido a importante lição de como se tornarem mais jovens...
"0 poder da vontade e o domínio-próprio nos habilitam a converter os desejos e
apetites da luxúria em aspirações nobres e dignas. Ele torna possível a nós reverter ou
mudar o curso do fluido da vida, que se origina no fluido cérebro-espinal, e dirigi-lo para
os canais do sublime desenvolvimento das virtudes que nós mesmos desejamos
encontrar naqueles que admiramos, honramos e estimamos.
“As glândulas sexuais desempenham um importante papel no programa do
rejuvenescimento, e elas respondem com espantosa sofreguidão ao estímulo da mente, e
não menos ao alimento correcto.
"Carne de qualquer espécie, estimula o sistema sexual de maneira insalubre.
Ela contribui para sobrecarregar de excitações o físico e acentuar a natureza animal." -
Págs. 133-135.
Quanto mais alimentos crus comermos - frutas, hortaliças e nozes - e também
em forma de sucos para os mais doentes, mais saúde teremos menos excitações
nervosas portanto, menos apetites sexuais. E dever das mães planejarem o alimento que
põem diante de seus filhos desde a mais tenra infância. Não há preço que supere o valor
de um carácter nobre numa criança, num jovem ou em quem quer que seja. Uma criança
robusta, sadia e com pleno domínio-próprio, é de um valor extraordinário para si mesma,
para os pais e a sociedade.
Mães, eis a tarefa. Dareis conta de vossa mordomia perante um tribunal
imparcial. Mas certamente o Senhor Juiz terá misericórdia daqueles que erraram por
ignorância. Pureza de vida - que alvo sublime!

Um Conselho Quanto à Procriação


Talvez este pensamento fuja um pouco do assunto deste capítulo, mas não da
questão da saúde. E nós estamos considerando a saúde em todos os seus aspectos.
E muito importante que os cônjuges pensem seriamente no planejamento da
família. Há milhões de pessoas no mundo que nunca deveriam procriar. E por várias
razões.
Primeiro, por falta de saúde. Nenhuma pessoa doente deve esperar gerar
crianças sadias. Os filhos dos doentes sempre terão problemas, alguns graves, que
causarão aborrecimentos aos pais e à sociedade. E contraditório que uma pessoa doente
infantilmente diga: Ah! eu gosto tanto de crianças, que não poderei deixar de ter alguns
filhos. Ora, os filhos que ela vai ter, certamente serão doentes, problemáticos e talvez até
defeituosos. Se ela gosta tanto de crianças nestas condições, por que não adopta uns
poucos dos milhões de órfãos e abandonados, em lugar de pôr no mundo outros
sofredores, que não pediram para existir? Pense bem. Será isto amor, desejar ocupar-se
por longos anos com crianças que sofrem só porque vieram à existência? Não se parece
isto mais com o amor egoísta de uma meninazinha por sua boneca? Ou poderíamos
também chamar de imaturidade.
Se a mulher ama verdadeiramente, não porá no mundo um filho de suas
entranhas para sofrer. A criança não pediu para nascer.
Sobre este assunto, são oportunas outra vez as considerações de Ellen G.
White:
"A maioria dos homens e mulheres têm agido na relação conjugal como se a
única questão para eles assentarem fosse amarem-se um ao outro. Devem, no entanto,
compreender que sobre eles impende nessa união outra responsabilidade além dessa.
Cumpre-lhes considerar se sua prole possuirá saúde física e força mental e moral...
"Homens e mulheres não têm o direito de seguir impulsos, ou paixão cega em
sua relação matrimonial, e depois trazer ao mundo inocentes crianças para
compreenderem, de várias formas, que a vida não tem senão bem pouco de alegria, de
felicidade, sendo portanto um fardo...
"Os que acrescentam o número de seus filhos, quando, se consultassem a
razão, deveriam saber que a fraqueza física e mental tem de ser sua herança, são
transgressores dos últimos seis preceitos da Lei de Deus, que especificam o dever do
homem para com os seus semelhantes...
"Houvessem as mães das gerações passadas se informado quanto às leis de
seu corpo, haveriam compreendido que sua resistência constitucional, bem como o tono
moral, e suas faculdades mentais, haveriam de ser em grande medida apresentados em
seus descendentes. Sua ignorância a respeito desse assunto, em que tanto se acha
envolvido, é criminosa. Muitas mulheres nunca se deveriam haver tornado mães. Tinham
o sangue cheio de escrófulas, a elas transmitidas por seus pais, e aumentadas por sua
vulgar maneira de viver. O intelecto foi rebaixado, escravizado a servir aos apetites
animais, e os filhos nascidos de pais assim têm sido pobres sofredores, e de bem pouco
proveito à sociedade.
"Uma das grandes causas de degeneração nas gerações passadas e até ao
presente, é que as esposas e mães que de outro modo haveriam sido de benéfica
influência para a sociedade no erguer as normas morais, perderam-se para ela pela
multiplicidade dos cuidados domésticos em virtude da maneira de cozinhar em voga,
destruidora da saúde, e também em consequência dos partos demasiado frequentes...
"Caso essas mães houvessem dado à luz poucos filhos, e se estes houvessem
sido cuidadosos em viver de comida que lhes conservasse a saúde física e a resistência
mental, de modo que a moral e o intelecto predominassem sobre o animal, elas poderiam
tanto educar seus filhos para a utilidade como para serem brilhantes ornamentos da
sociedade." - How to Live, nº 2, págs. 26-36.
Assim, por falta de saúde, muitos não estão em condições de ter filhos. E
porque milhões de pessoas não têm nenhuma estrutura económica ou ilustração
educacional, não deveriam pôr filhos no mundo. Não é justo criar filhos; embora sadios,
sem um mínimo de conforto e educação. Eles precisam de roupa, calçado e alimento;
precisam de escola e ambiente social, além de saúde. E estas providências devem
preocupar aos pais, mais do que a satisfação de um prazer momentâneo, de que vai
resultar uma responsabilidade de consequências duradouras.
O plano divino quanto aos nossos filhos, resume-se num lindo canto do
salmista Davi, nas seguintes palavras:
"Para que os nossos filhos sejam como plantas, bem desenvolvidos na sua
mocidade; para que as nossas filhas sejam como pedras de esquina lavradas, como de
um palácio.
"Bem-aventurado o povo a quem assim sucede!" Salmo 144:12, 15.
Capítulo 30

"Muitos morrem de doenças cuja causa é inteiramente


imaginária.
"O poder da vontade não é avaliado correctamente.
Seja a vontade dirigida devidamente, e ela comunicará energia
ao ser inteiro, e será um maravilhoso auxílio na manutenção
da saúde.
"Ânimo, esperança, fé, simpatia e amor, promovem a
saúde e prolongam a vida." - E. G. White.
Capítulo 30
Confiança no Poder de Deus
"O coração alegre serve de bom remédio, mas o espírito abatido virá a secar os
ossos." - Salomão.
Com este pensamento do sábio, devemos começar nossa vida de confiança e
tranquilidade. Ninguém poderá ter saúde mantendo um espírito de descontentamento,
murmuração e queixa. Depressão mental e penumbra espiritual levam à morte. Mais
pessoas morrem por falta de confiança do que, talvez, por outra qualquer coisa.
Em Nature's Seven Doctors temos estas palavras do Dr. Lankford:
"As funções de todos os órgãos são poderosamente influenciadas pela mente.
Se o paciente é completamente dominado por um temor mórbido, vasta influência
depressiva é inconscientemente comunicada aos órgãos; a função do organismo é
perturbada; o sangue se sobrecarrega de matéria de despejo e a vitalidade é reduzida ao
mínimo, diminuindo grandemente o poder de resistência." - Pág. 114.
Sabe-se que uma grande maioria das pessoas que procuram os médicos têm
doenças imaginárias. Suas dores e sintomas são o resultado de imaginarem doenças,
que acabam se transformando em realidade ou terminam matando de medo. Em verdade,
mais pessoas morrem de medo que de qualquer outro mal.
Medo é falta de confiança, falta de maturidade as mais das vezes. Uma
pontada, uma dor no peito, na região do estômago, fígado, baço ou uma falta de ar
momentaneamente, embora sejam reclamações espontâneas do organismo, não
significam uma doença que deva criar preocupações; são apenas advertências oportunas
para serem anotadas e observadas. Contudo, muitas pessoas criam imediatamente uma
doença assustadora em torno de uma pequena e insignificante dor. Algumas têm cada
semana uma nova doença, dependendo dos sintomas que uma amiga lhes disse serem
os seus sintomas.
Em face de uma doença real ou suposta, devemos manter-nos com
superioridade e maturidade. "Ninguém morre na véspera senão o peru", como diz o povo.
Quando ficamos doentes, devemos com calma examinar o problema e, cheios de
confiança e domínio próprio, descobrir as causas, eliminá-las, e adoptar os recursos
cabíveis para a recuperação. Aquilo, porém, que não pudermos fazer, devemos com
humildade e submissão, entregar nas mãos de nosso bondoso e amoroso Pai celestial,
que cuidará do impossível, segundo Seu sábio desígnio. Ele sabe o que é melhor para
nós.
Consultemos então um bom médico, mas não nos esqueçamos de orar por ele
a fim de que especial sabedoria do Grande Médico ilumine o nosso médico. O que for
feito para a solução do problema, deve sê-lo num espírito de submissão aos desígnios
divinos. Não podemos tornar pretos nossos cabelos grisalhos; não podemos mudar o
curso de uma experiência por desesperar-nos.
Estou convencido de que não há nenhuma outra fonte mais poderosa de
conforto e confiança do que a Palavra de Deus. E sobre este assunto, os mais preciosos
conselhos foram dados por Jesus no Sermão do Monte. Assim rezam:
"Não andeis cuidadosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer ou
pelo que haveis de beber; nem quanto ao vosso corpo pelo que haveis de vestir. Não é a
vida mais do que o mantimento, e o corpo mais do que o vestido? Olhai para as aves do
céu, que nem semeiam, nem segam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai celestial as
alimenta. Não tendes vós muito mais valor do que elas? E qual de vós poderá com todos
os seus cuidados, acrescentar um côvado à sua estatura? E quanto ao vestido, por que
andais solícitos? Olhai para os lírios do campo, como eles crescem não trabalham nem
fiam; e Eu vos digo que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como
qualquer deles pois, se Deus assim veste a erva do campo, que hoje existe e amanha e
lançada no forno, não vos vestirá muito mais a vós, homens de pouca fé? Não andeis
inquietos, dizendo: Que comeremos, ou beberemos, ou com que nos vestiremos? (Porque
todas estas coisas os gentios procuram.) Decerto vosso Pai celestial bem sabe que
necessitais de todas estas coisas; mas buscai primeiro o reino de Deus, e a Sua justiça, e
todas estas coisas vos serão acrescentadas. Não vos inquieteis pois pelo dia de amanhã,
porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo." São Mateus 6:25-34.
Deus conhece nossas necessidades e os limites de nossa resistência. Nunca
permitirá que nos sobrevenham provações superiores às nossas forças; mas devemos
experimentá-las e suportá-las, cientes de que, no momento apropriado, elas já estarão
para trás de nossas costas.
Sei que não será apenas com palavras que conseguiremos incutir confiança e
resistência de espírito na mente dos ansiosos e temerosos: Alguma coisa deve mudar no
coração do indivíduo antes de ele poder confiar implicitamente. Confiança inabalável e fé
não vêm de repente, antes que a pessoa se conscientize de que está lidando com Alguém
que nunca falhou.
Coisa alguma diz mais e melhor do que as palavras do grande apóstolo Paulo
quando estava preso em Roma, aguardando seu martírio: "Não me envergonho; porque
eu sei em quem tenho crido, e estou certo de que é poderoso para guardar o meu
depósito até àquele dia." 11 Tim. 1:12. Que sublimidade de confiança! Que esperança e
que certeza!
Se conhecemos o nosso Deus, certamente n’Ele confiaremos. Se tivermos
uma" doença aguda, Ele sabe; Ele a pode curar. Se tivermos uma doença crónica, Ele
sabe o que fazer e pode orientar-nos na cura. Se tivermos uma doença chamada
incurável, Ele também a conhece. Para Ele não existem doenças incuráveis; Ele pode
restaurar-nos, se quiser. Mas se Ele achar melhor, para nosso bem, fazer-nos descansar
no sono da morte, que bem faremos em desesperar-nos?
O permanente sentimento de confiança, é necessário para a manutenção da
saúde. Nunca haverá saúde no corpo de um indivíduo pessimista, desconfiado,
preocupado, temeroso. Estes sentimentos já são em si doenças. E preciso que
mantenhamos sempre calma inabalável em todas as circunstâncias, e certeza de que
tudo nos sairá bem, afinal.
Para encerrar estes pensamentos e enfatizar a razão por que podemos estar
seguros na Mão que nos protege, peço permissão para relatar um incidente que bem
ilustra o que estamos a dizer.
Foi em 1921, quando eu estava com apenas 12 anos de idade. Nossa família
era constituída de dez pessoas: sete crianças, meu pai, minha mãe e minha avó.
Depois de havermos perdido todos os bens terrenos em consequência da
Primeira Guerra Mundial, havia cinco anos que íamos de mal para pior, sofrendo a mais
completa miséria.
Nessa ocasião, estávamos todos de cama, excepto minha mãe e meu irmão
mais velho, que contava 14 anos de idade. Ele era o único que estava trabalhando para
manter a casa.
Certa manhã minha mãe entrou na única peça que era a nossa casa e onde
estávamos todos deitados, e disse: "Não temos mais nada para comer, nem um grão de
feijão, coisa alguma." E dizendo isto, retirou-se para um puxado que tínhamos do lado de
fora - aquilo que chamávamos de cozinha - e ajoelhou-se ao pé do fogão.
Eu nunca havia visto minha mãe orar; nunca a vira de joelhos. Sabia que em
pequena, ela havia morado com uma condessa, patrícia sua, e havia ganho uma Bíblia,
que ainda conservava no fundo de um baú.
Mas agora ela estava ali de joelhos. Não sei o que ela estava dizendo a Deus,
nem deu tempo para pensar nisso. Não faria um minuto que ela estava ajoelhada, quando
teve de levantar-se para atender alguém que batia à porta. Era uma senhora
desconhecida que trazia uma bacia com uns quatro quilos de arroz.
Aquela senhora ainda estava ali ensinando um tratamento para o meu pai, que
estava com um começo de gangrena no pé, quando entrou outra senhora trazendo uns
cinco quilos de batatas. Dentro de mais um minuto ou dois entrou outra senhora trazendo
uma bacia cheia de feijão; e em seguida outras pessoas nos trouxeram farinha e açúcar.
Desde então, nunca nos faltou comida, até que saramos e começamos a ganhar pelo
trabalho. E o tratamento ensinado por aquela senhora curou meu pai.
Não posso relembrar este acontecimento sem que minha mente se volte para
Isaías 65:24: "E será que antes que clamem, Eu responderei; estando eles ainda falando,
Eu os ouvirei." Foi o que aconteceu naquela manhã. Nós não tínhamos relações de
amizade e de conhecimento com as famílias vizinhas porque fazia poucos dias que
morávamos ali. Como souberam que estávamos doentes, não sei. Mas o meu Deus
sabia. E isto é o que bastava. O nosso Deus é um Deus real. Vale a pena confiar n’Ele.
Se atendermos aos conselhos dos capítulos anteriores teremos feito
praticamente tudo para ter saúde. E se pusermos em prática o capítulo precedente,
seremos donos de uma consciência sem ofensa. E então certamente poderemos levantar
a cabeça em plena confiança, porque sabemos que nada temos a temer.
"Confia no Senhor e faz o bem; habitarás na terra, e verdadeiramente serás
alimentado. Deleita-te também no Senhor, e Ele te concederá o que deseja o teu coração.
Entrega o teu caminho ao Senhor; confia n’Ele e Ele tudo fará. Descansa no Senhor, e
espera n’Ele." Salmo 37:3-7.

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