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O ENSINO DE GRAMÁTICA CONTEXTUALIZADO

Autor: Tábita Joselma da Silva

Co-autoras: Cíntia Naiara Mendes Silva, Lorenna de Araújo, Maria Melo, Rosângela Souza.

Introdução: Objetivo: Metodologia: Resultados: Conclusão:

Palavras - chave:

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

O ensino da língua materna deve ser sem dúvida o mais eficaz de todas outras
disciplinas, pois sem o seu domínio um estudante poderá se complicar em outras matérias
escolares e até mesmo fora da escola. A língua é complexa, cheia de regras, merece ser bem
aplicada, estudada e principalmente bem utilizada de maneira escrita ou falada.

É comum observarmos alunos com dificuldade em resolver problemas matemáticos,


porém muitas vezes a dúvida não é o cálculo e sim o enunciado que ele não consegue interpretar
de maneira alguma. Não é que os estudantes não conseguem aprender biologia, física ou
geografia, o que eles desconhecem é o próprio português, que tentam aprenderam a falar desde
criança. Assim, para que aconteça um ensino de gramática na escolas que desenvolvam uma
competência linguística em que os alunos saibam sem traumas, produzir os diversos tipos de
textos a serem usados em situações especificas de interação comunicativa é fundamental que
ensine os recursos linguísticos, os conteúdos gramáticas entrelaçados aos textos, adaptando-se
as realidades socioculturais dos estudantes.

É fundamental ensinar as normas padrões de nossa língua materna, pois sempre nos
comunicamos através de textos orais ou escritos, por esta razão o ensino de gramática não deve
ser um estudo direcionado somente em palavras soltas, ou frases fora do contexto, mas sim um
ensino que enfoque o uso efetivo da língua mediante a condição do texto por meio da leitura
desses textos, “visto que a leitura de textos é primordial e a partir dela os diversos
conhecimentos são ativados favorecendo assim o aprendizado” (SOUZA; COSTA,2012, p.03)
CONCEPÇÕES DE LÍNGUA MATERNA

Os seres humanos adquirem de forma espontânea a língua que ouviu desde criança.
Possuem uma propensão inata para a linguagem. Ao ser observado o processo de aquisição da
linguagem de uma criança, constata-se um desenvolvimento dos sistemas pragmático,
fonológico, semântico e gramatical. O pragmático refere-se ao uso comunicativo da linguagem
como processo social; o fonológico, refere-se a percepção e produção dos sons para formar
palavras, o semântico, é o reconhecimento das palavras e do seus significados e o gramatical, é
o aprendizado em que compreende-se as regras sintáticas e morfológicas para combinar
palavras formando frases compreensíveis. Nesse assunto, percebe-se que no desenvolvimento
da linguagem, a criança possui uma capacidade para aprender a falar, é um conhecimento
linguístico adquirido antes de ser ingressar no ambiente escolar e quando é inserido nesse
âmbito, aprimora seus conhecimentos aprendendo a codificar e decodificar a representação
gráfica, ou seja, os alunos aprendem a ler e a escrever usando as construções sociais mais
aceitas. Logo, observa-se que a criança já possui um tipo de conhecimento da sua língua antes
de entrar na escola que permite-lhe construir frases de acordo com a s regras sintáticas da
gramática, sem ainda ter estudado tais regras. É “uma aquisição intuitiva e espontânea, sem
mestre, é evidência de que nascemos predeterminados a aprender qualquer língua, desde que
estejamos expostos à fala daqueles que nos cercam, experimentando juntos os mesmos modos
de viver” (CARNEIRO, 2001, p. 40).
É principalmente o linguista Noam Chomsky com sua Teoria Gerativista tentando
compreender esse conhecimento linguístico adquirido pelo ser humano que permite
compreender o ensino de língua materna. Segundo o linguista Chomsky a capacidade do ser
humano de falar está ligado a questão biológica do cérebro, destinado a construir uma
competência linguística, ou seja, a faculdade da linguagem (KENEDY, 2008, p. 129). Logo,
aprender a língua é um processo natural, “é da natureza do ser linguístico que é homem: um
processo por assim dizer automático, até inevitável” (LUFT, 2001, p. 56). O próprio linguista
Noam Chomsky afirma:

Não foi por escolha nossa que adquirimos o idioma que falamos: ele simplesmente se
desenvolveu em nossa mente em virtude de nossa constituição interior e do meio
ambiente em que vivemos. [...] para cada um de nós, a língua se desenvolve em
consequência de nossa constituição atual, quando somos colocados no meio ambiente
apropriado. (CHOMSKY, 1981: 18-9 apud LUFT, 2001, p. 56).
Compreende-se, portanto, a língua materna, como a língua que as pessoas aprendem e
adquirem naturalmente quando expostas desde crianças a relações de interações de diálogo em
contexto informais do cotidiano.

Assim, a primeira condição necessária de um professor de língua materna é ter noções


coerentes e corretas sobre linguagem, língua e fala, fazendo deles a base principal para
promover o ensino de gramática adequado (LUFT, 2001).

Nesse assunto, Pedro Luft afirma que a gramática é importante, mas não essencial, a
gramática não deve ser um exagero de regras prontas e acabadas e que a maneira de como se
ensina é preocupante, as noções falsas de língua e gramática a obsessão gramaticalista e a
distorcida visão de que ensinar uma língua seja ensinar a escrever “certo” ele pontua que:

“Penso ser urgentíssimo promover uma mudança radical em nossas “aulas de


Português”, ou como quer que as chamem: passando de uma postura normativa,
purista e alienada, á visão do aluno como alguém que JÁ SABE a sua língua pois a
maneja com naturalidade muito antes de ir á escola, mas precisa apenas LIBERAR
mais suas capacidades nesse campo, aprender a ler e escrever, ser exposto a excelentes
modelos de língua escrita e oral, e fazer tudo isso com prazer e segurança, sem medo”.
(LUFT, 2001, p.12)

O autor discorre que o ensino de gramática na língua materna deva ser interessante,
cativante, prático para ser usado no cotidiano, que o aluno possa praticar, produzir e aprender
a ler, escrever sem que isso provoque medo dos alunos.

As metodologias devem ser voltadas para as práticas dos planos pedagógicos e não mais
para o ensino tradicional em que o aluno apenas absorve o conteúdo aplicado sem direito à
crítica e opiniões, apenas o professor como detentor do saber. Assim, “precisamos desenvolver
nos alunos o espírito crítico, tão temido por um ensino repressor, mas imprescindível para que
possam discernir entre linguagem boa e má, falada ou escrita” (LUFT, 2001, p.12).

O importante é a comunicação sem que aconteça julgamentos, todos nós aprendemos


nossa própria linguagem antes mesmo de irmos á escola a nossa gramática natural, sendo assim
a gramática normativa auxilia o aprimoramento dessa linguagem, para que assim a escrita, a
ortografia possam ajudar a desenvolver esses mecanismos.

Mesmo escrevendo algumas palavras erradas conseguimos passar a mensagem, mesmo


que a correção seja difícil sem muita clareza a mensagem é entendida.
O escritor tem que dominar bem o que escreve, tem que conhecer bem a sua ferramenta
de trabalho dominar bem a escrita e a leitura, a gramática natural internalizada contribui muito
para que esse domínio seja alcançado:

A boa comunicação verbal nada tem a ver com a memorização de regras de linguagem
nem com a disciplina escolar que trata dessas regras, e que geralmente, em nossas
escolas, toma o lugar do que deveriam ser as aulas de Português: leitura, comentário,
análise e interpretação de bons textos, e tentativa constante de produzir, pessoalmente,
textos bons- enfim, vivência criativa com o idioma. (LUFT, 2001, p.19).

Existem três modos de se ver a linguagem vêm permeando a história dos estudos
lingüísticos. Essas três concepções distintas serão apresentadas a seguir:

1) Primeira concepção: A linguagem é a expressão do pensamento

Para essa concepção o não saber pensar é a causa de as pessoas não saberem se
expressar. Pensar logicamente é um requisito básico para se escrever, já que a linguagem traduz
a expressão que se constrói no interior da mente, é o “espelho” do pensamento. Nessa tendência,
segundo Travaglia (2006: 21), o fenômeno lingüístico é reduzido a um ato racional, “a um ato
monológico, individual, que não é afetado pelo outro nem pelas circunstâncias que constituem
a situação social em que a enunciação acontece”.

2) Segunda concepção: A linguagem é instrumento de comunicação

Segundo Geraldi (1997a: 41), essa concepção de linguagem se liga à Teoria da


Comunicação e prediz que a língua é um sistema organizado de sinais (signos) que serve como
meio de comunicação entre os indivíduos. Em outras palavras, a língua é um código, um
conjunto de signos, combinados através de regras, que possibilita ao emissor transmitir uma
certa mensagem ao receptor.

3) Terceira concepção: A linguagem é uma forma ou um processo de interação

Segundo Travaglia (op. cit.: 23), “nessa concepção, o que o indivíduo faz ao usar a
língua não é tão-somente traduzir e exteriorizar um pensamento ou transmitir informações a
outrem, mas sim realizar ações, agir, atuar sobre o interlocutor (ouvinte/leitor)”.
Portanto, o professor deve buscar novas metodologias para as práticas de concepção de
língua materna para que desperte no aluno um interesse maior pela aulas de Português, levar o
aluno a ser um cidadão crítico e participativo.

O QUE É O ENSINO DE GRAMÁTICA CONTEXTUALIZADO

Sabe-se, que a língua está em constante movimento, e as palavras podem mudar


dependendo do contexto que está inserido para que possa comunicar-se. Trabalhar gramática e
literatura, oferece ao aluno um amplo conhecimento da língua padrão e das regras gramaticais,
que possam dar entendimento ao funcionamento e o uso da língua materna. A gramática que
vem sendo trabalhada, e a forma de abordagem no ensino básico da escola é descrita por
Antunes (2009, p.85) afirma: “não existe língua sem gramática”. Vemos que a gramática tem
um papel importante para desenvolver a capacidade do educando e de como usar a sua língua,
na qual desenvolve sua competência comunicativa.

Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs):


O ensino de Língua Portuguesa deve preparar o aluno para a vida, qualificando-o para o
aprendizado permanente e para o exercício da cidadania. Se a linguagem é atividade
interativa em que nos constituímos como sujeitos sociais, preparar para a vida significa
formar locutores/autores e interlocutores capazes de usar a língua materna para compreender
o que ouvem e leem e para se expressar em variedades e registros de linguagem pertinentes
e adequados a diferentes situações comunicativas. Tal propósito implica o acesso à
diversidade de usos da Língua, em especial às variedades cultas e aos gêneros de discurso do
domínio público, que as exigem, condição necessária ao aprendizado permanente e à inserção
social.

Portanto, é necessário, o ensino da norma culta e regras gramaticais nas escolas, visto
que o aluno é um sujeito que precisa se comunicar e ser compreendido nas suas atividades
diárias, Sobretudo.
O ensino de gramática em nossas escolas tem sido primordialmente prescritivo, apegando-se
a regras de caráter normativo que como vimos, são estabelecidas de acordo com a tradição
literária clássica, da qual é tirada a maioria dos exemplos. Tais regras e exemplos são
repetidos anos a fio como formas “corretas” e boas a serem imitadas na expressão do
pensamento. (TRAVAGLIA, 2006, p.101)

Antunes (2007) nos diz que gramática e texto deve andar juntos, “(...) com se redigir um
texto ou ler literatura fossem coisa que se pudesse fazer sem gramática; ou como se gramática
tivesse alguma serventia fora das atividades de comunicação” (p.32). Vemos que é
imprescindível o uso da gramatica nas aulas de literatura, os alunos tem o conhecimento
distorcido da gramática, muitos pensam que ela serve só para ditar as regras da norma padrão,
é ela que dá um sentido completo ao texto, onde há coesão e coerência textual. Segundo Waal
(2009), “A Língua Portuguesa é vista como um sistema fechado, onde mudanças não são
permitidas, há uma fragmentação no ensino onde as aulas de gramática não se relacionam com
as aulas de leitura e produção textual”. As aulas de português que se decorre dentro de uma
normalidade, que há uma visão pedagógica, não estipula a qual etapa o aluno se encontra, mas
deve focar. Segundo Irandé Antunes:

Em geral, o que se deve pretender com uma programação de estudo do português, não
importa o período em que acontece, é ampliar a competência do aluno para o exercício cada
vez mais pleno, mais fluente e interessante da fala e da escrita, incluindo, evidentemente, a
escuta e a leitura. (ANTUNES, 2003, p. 110)

Ou seja, a gramática fazendo parte dos conteúdos que evolvam leitura e escrita,
possibilita ao educando ampliar sua competência linguística e comunicativa, tornando fluente
a fala e a escrita. Muitas vezes o professor trabalha a gramática do modo tradicional, e assim
não leva o aluno a desenvolver estímulos e curiosidades referentes as normas que seguem a
gramática, causando um certo desanimo por parte dos alunos, Campos (2014) nos adverte, “O
ensino equivocado da gramática e sem privilegiar as atividades que levam ao aprendizado da
leitura e da produção escrita de textos as aulas de língua portuguesa não conseguem desenvolver
a competência dos alunos”.

Dentro do objetivo geral de ampliar a competência do aluno que é sua estrutura


essencial: a fala, a escrita, e a leitura, as aulas ganham um sentido maior e os alunos são
motivados a desenvolver a leitura através de textos as suas competências gramaticais
produzindo um aprendizado contextualizado da gramática, sendo o texto o seu objeto de estudo,
Irandé, pontua que:

Se o texto é o objeto de estudo, o movimento vai ser ao contrário: primeiro se estuda, se


analisa, se tenta compreender o texto (no todo e em cada uma de suas partes – sempre em
função do todo) e para que se chegue a essa compreensão, vão-se ativando as noções, os
saberes gramaticais e lexicais que são necessários. Ou seja, o texto é que vai conduzindo
nossa análise e em função dele é que vamos recorrendo às determinações gramaticais, aos
sentidos das palavras, ao conhecimento que temos da experiência, enfim. (ANTUNES, 2003,
p 110)

Como foi falado por Antunes, o texto e a gramática estão ligadas no contexto
ensino/aprendizagem; a gramática partindo da compreensão do texto, pode ser estudada e
aproveitada, o texto sempre será o objeto de estudo, e principalmente, no que se refere à
compreensão da língua materna.

Através do texto, o professor poderá utilizar-se de vários meios, para formular e


desenvolver atividades que que levem os alunos à reflexão. Essa forma de estudo permitirá ao
professor analisar as categorias gramaticais, e explorar o conhecimento. Bernardo nos afirma,
“Trabalhar com textos faz com que o aluno adquira um conhecimento mais consistente para
compreender o mundo que o rodeia, (...) além de aumentar sua habilidade na comunicação o
aluno pode refletir sobre sua língua através de textos”. (Bernardo 2016, p.8).

Travaglia nos fala que:


As atividades linguísticas são aquelas que o usuário da língua (falante, escritor, ouvinte,
leitor) faz ao buscar estabelecer uma interação comunicativa por meio da língua e que lhe
permite ir construindo o seu texto de modo adequado à situação, aos seus objetivos
comunicacionais, ao desenvolvimento do tópico discursivo que alguns chamam de assunto
ou tema (TRAVAGLIA, 2006, p. 33-34).
A prática do professor precisa estar voltada para um ensino de língua que esteja pautado
na competência e a comunicação linguística do aluno, tanto oral como na escrita, que podem
instruir e construir um texto bem elaborado. O ensino contextualizado é aquele “(...) que
explicitam a orientação de que os usos orais e escritos da língua constituem o eixo de seu ensino,
o que equivale a colocar, no centro de toda atividade pedagógica de trabalho com a linguagem,
o texto.” (Antunes,2014, p.80).

O PAPEL DO PROFESSOR NO ENSINO DE GRAMÁTICA CONTEXTUALIZADA

O professor representa papel primordial nesse tipo de ensino, pois é ele o principal
mediador no processo de ensino/aprendizagem, cabe a ele inovar e assim buscar meios que
despertem a atenção e o gosto pelo ensino de gramatica na sala de aula, possibilitando assim
melhor compreensão da mesma.

Nessa nova visão de ensino de gramática de forma contextualizada é importante levar


em consideração, não só o texto, retirando frases soltas e isoladas em que nada possa contribuir
ou ajudar o aluno, cabe ao professor tentar trazer esse ensino para mais próximo desse aluno,
que eles possam se sentirem representados naquilo que os professores ensinam. Segundo
Antunes (2003), a gramática precisa ser trabalhada de forma que ela seja significativa ao aluno.

O aluno tem que sentir que o mais importante hoje não é só ensinar regras, e sim criar
cidadãos. Paulo e figueiredo (2005) diz que a língua que ensinamos não podem ficar só no nível
da forma, precisamos assinar construções significativas na mente de nossos alunos, fazendo
com que eles sintam significados naquilo que estudam.

Os documentos oficiais como os (PCNs) Parâmetros Curriculares nacionais, também


vem apoiar esse novo modelo de trabalhar gramática. Esse documento tem como objetivo
orientar os professores da educação básica (ensino Fundamental e Médio) por meio de um
ensino com práticas significativas. Com o avanço dos estudos linguísticos e a contribuição dos
documentos oficiais (PCNs) que são oferecidos pelo Ministério da Educação brasileira, foi
possível perceber que um ensino baseado em repetição e memorização de conteúdos não era
suficiente para a formação de um cidadão letrado. Em virtude disso, foi preciso reformular
novos objetivos para a aula de Língua Portuguesa, com práticas pedagógicas baseada sem
textos.
Por vezes o professor enfrenta dificuldades de se contextualizar esse ensino de
gramática em sala de aula, por não ter o apoio dos alunos e nem da escola, mas isso não pode
ser motivo para que ele desista em tentar fazer uso desse tipo de ensino. Para Suassuna (1995),
é possível permitir, uma ação alternativa transformadora, mesmo dentro de um cenário escolar
conservador, na direção da escola que desejamos, na possibilidade de transformar as aulas de
línguas em processo de formação efetiva.

De acordo com Antunes (2005), o professor tem que ser crítico-reflexivo em relação a
sua aula, desenvolver propostas pedagógicas inovadoras para a aplicabilidade no dia a dia, por
isso deve ser um pesquisador e não um repetidor de exercícios. A partir do momento que o
educador trás para sala de aula situações com as quais o educando se identifica, consegue uma
das condições fundamentais do aprendizado: a contextualização e, consequentemente, a
interação. E para que essa ocorra de maneira eficaz, são imprescindíveis o conhecimento prévio
da realidade dos alunos, a estratégias, o preparo e a disposição do educador para produzir níveis
condizentes coma realidade que esperam os alunos.

Paulo Freire (1969 apud BRITTO 1997, p. 99) fala que “O conhecimento resulta de uma
relação dialética que se estabelece entre educados e educandos, na qual ambas têm o que
aprendem. Percebemos portanto, que nesse novo modelo de se ensinar gramática, tanto o
professor, quanto o aluno são peças fundamentais, onde ambas dividem e somam experiências
e conhecimentos, garantindo sucesso na hora de ensinar e aprender.

O DESENVOLVIMENTO DA GRAMÁTICA CONTEXTUALIZADA ATRAVÉS DAS


OFICINAS DE LEITURAS

O ensino de gramática contextualizado é uma dos grandes desafios do ensino de língua


materna, uma vez que muito das tentativas de efetivação do ensino gramatical, por vezes segue
para a concepção do ensino exclusivo das classes gramaticais e, por vezes, das construções
arcaicas descritas em diversas gramáticas normativas, ainda descritas em Gramáticas
Normativas comercializadas.

Dada as considerações apresentadas anteriormente, no desenvolvimento das Oficinas de


leitura desenvolvidas na Escola Estadual de Boa Vista, localizada em Januária - MG, fora
desenvolvidas atividades que buscava o ensino gramatical através da leitura de livros
previamente selecionados pela acadêmicas dos cursos de Letras Português e Letras Inglês,
juntamente com as supervisoras e Coordenadoras do PIBID – Programa de Incentivo de Bolsas
de Iniciação à Docência. No referido projeto os alunos que compõe a oficina realiza leituras e
a partir delas são levados ao ensino gramatical, através de conceitos de metalinguagem, segundo
os PCNs, podemos entender por metalinguagem a descrição a seguir:

Por atividade metalingüística se entendem aquelas que se relacionam à análise e


reflexão voltada para a descrição, por meio da categorização e sistematização dos
conhecimentos, formulando um quadro nocional intuitivo que pode ser remetido a
construções de especialistas.

O diferencial das atividades desenvolvidas nas oficinas e que merecem ser destacadas
no trabalho desenvolvido pelo PIBID é o conceito contextualizado das ações; uma vez que, as
leituras são totalmente direcionadas aos interesses do determinado grupo de alunos; por essa
razão trabalhamos com histórias policiais e misteriosas que despertam o interesse e a
participação nas oficinas, portanto, o ensino não se constrói apenas embasados em conceitos
descritivos. Sendo assim todo conceito construído deve ter um sentido completo e global dentro
das construções presentes na língua materna. Dadas as circunstancias da abordagem do ensino
gramatical seu caráter apresenta-se como significativo para isso é fundamental que no processo
de ensino haja estratégias de construções dos conceitos básicos que sejam claramente
associados nas concepções individuais dos alunos.

A postura da utilização do ensino contextualizado depende consideravelmente da


aplicação das atividades nas oficinas de leitura e consequentemente das posturas assumidas
pelas acadêmicas responsáveis pelo desenvolvimento das incumbências propostas, de tal
maneira, durante o processo os alunos são levados a se aproximarem dos conceitos gramaticais
e identificá-los como tais, de forma mais objetiva possível.

Um primeiro ponto para essa mudança vagarosa é o professor começar a quebrar a


distância entre o aluno e o ensino da gramática dentro de sala de aula, tornando-se
assim prazeroso para o aluno e não somente obrigatório em estudá-la, bem como a
leitura de livros e textos. Pois ele, só será realmente um professor quando,
independente do arsenal de conhecimento que possua se puder transmitir tais
informações de forma interativa e criativa, aluno-professor e professor-aluno,
acreditando que o aluno é capaz de aprender e compreender tudo o que lhe é
transmitido em sala. (SILVA, 2005)

Ao obtermos a aproximação necessária dos conceitos gramaticais é possível, mais


facilmente, identificarmos em um trecho da leitura cada uma das classes de palavras, a maneira
correta de pontuar e conjugar adequadamente os verbos e assim sucessivamente, uma vez que
estabelecemos que a gramática nada mais é que a utilização ativa e efetiva da língua materna,
ora regida por conceitos linguísticos e normativos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS

A escola e os professores, embasados nas leis e diversas pesquisas sobre o ensino de


gramática sempre objetivam que os alunos sejam cidadãos que possuem um letramento, capazes
de comunicarem-se coerentemente por textos orais ou escritos, articulando e organizando
pensamento críticos, assumindo posições diante dos diversos assuntos contidos em nossa
sociedade. Mas, o que resulta-se são alunos que viveram oito, nove, dez anos no ambiente
escolar, decorando as regras da gramática da sua língua materna em que finalizam a sua
formação educacional sem dominarem a competência comunicativa da sua língua tanto na
escrita quanto na fala. Os estudiosos da área da Linguística e da Gramática com os seus estudos
constaram que o ensino de gramática “não se aprende por exercícios, mas por práticas
significativas [...] o domínio de uma língua, repito, é o resultado de práticas efetivas,
significativas, contextualizadas” (POSSENTI, 1996, p. 47). Assim, é fundamental que o ensino
de gramática seja contextualizado por meio das práticas de leituras desenvolvendo
competências linguísticas para que escrevam, produzem diversos tipos de textos e de discursos.
Segundo Possenti (1996), uma das atitudes que para que os alunos atinjam um ótimo
grau efetivo da língua escrita e falada é escrever e ler constantemente, principalmente nas aulas
de língua portuguesa. “Ler e escrever não são tarefas extras que possam ser sugeridas aos alunos
como lição de casa e atitude de vida, mas atividades essenciais ao ensino da língua. Portanto,
seu lugar privilegiado, embora não exclusivo, é a própria sala de aula” (POSSENTI,1996, p.20).
A partir dessas várias leituras, o professor realiza um ensino de gramática contextualizado para
que ocorra o uso efetivo da linguagem, um uso sempre contextualizado em que se produza
efeitos de sentido dos textos.
O ensino de gramática contextualizado, proporciona uma educação linguística para os
estudantes, em que um interlocutor ao produzir um texto linguístico ou não, faça sentido para
seu interlocutor. Desse modo, um conjunto de atividades de ensino de gramática da linguagem
formal e informal que seja contextualizado levará uma pessoa a conhecer e a dominar uma
grande quantidade de recursos da sua língua, sendo capaz de usar esses recursos adequadamente
para produzir os mais variados tipos de textos em cada situação específica de interação
comunicativa (TRAVAGLIA, 2003 p. 26). Logo, é essencial que o ensino de português deixe
ser visto como atividade mecânica e rotineira de transmissão dos conhecimentos e passe a ser
um exercício de construção do conhecimento pelos alunos.
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