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Autora
Jane Rangel Alves Barbosa
2009
Esse material é parte integrante do Videoaulas on-line do IESDE BRASIL S/A,
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© 2003-2006 – IESDE Brasil S.A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito dos autores e do
detentor dos direitos autorais.
ISBN: 85-7638-248-2
CDD 378
Referências............................................................................................................................119
A
Educação Superior, ontem, era uma mais exigência de aprimoramento intelectual. Porém,
hoje, é uma exigência de sobrevivência e desenvolvimento de um país.
A Educação Superior, até bem pouco, tinha caráter humanístico, era privilégio
de poucos, quase todos provenientes de famílias dominantes no cenário político e econômico do
país. Seus estudantes buscavam mais um “aprimoramento pessoal” do que uma profissão. Mas, a
importância que adquire, hoje, as questões da ciência, da tecnologia e da comunicação no mundo
globalizado, provoca sensíveis transformações nas sociedades contemporâneas em todos os sentidos,
sinalizando a construção de uma nova sociedade, uma nova realidade social, obrigando a educação
escolar vincular-se às práticas sociais e ao mundo do trabalho.
No que se refere à formação de professores para o Ensino Superior, as pesquisas recentes na
área de educação mostram que os professores são profissionais essenciais nos processos de mudança
das sociedades. Por isso, é preciso investir na formação e no desenvolvimento profissional dos
professores.
Como a educação superior está inserida no contexto social global, é preciso situar a
instituição de Ensino Superior, analisá-la e criticá-la como instituição social que tem compromissos
historicamente definidos.
No decorrer das últimas décadas, a instituição universitária vem experimentando muitas
alterações, colocando em discussão esses compromissos e a sua relação com a sociedade em que está
inserida.
Introdução
N
as instituições de Ensino Superior, a técnica mais tradicional de ensino é a técnica expositiva
ou aula expositiva, que consiste na apresentação de um tema logicamente estruturado.
A aula é a forma predominante de organização do processo de ensino. Na aula, criam-
se e transformam-se as condições necessárias para que os universitários assimilem conhecimentos,
habilidades, atitudes e convicções e, assim, desenvolvam suas capacidades.
Devemos entender a aula como o conjunto dos meios e condições pelos quais o professor di-
rige e estimula o processo de ensino e aprendizagem em funções da atividade própria do aluno no
processo de aprendizagem escolar, ou seja, a assimilação consciente dos conteúdos. Isto quer dizer
que o processo de ensino, por meio das aulas, possibilita o encontro dos alunos e a matéria de ensino,
preparada didaticamente no plano de ensino e nos planos de aula.
Mesmo que a aula expositiva possa ser empregada para atingir uma ampla gama de objetivos
educacionais, normalmente está voltada à transmissão de conhecimentos. Buscando, fundamental-
mente, a aquisição e compreensão de novos conhecimentos por parte dos alunos, ela tem sido fre-
qüentemente criticada por estimular situações que favorecem aprendizagens do tipo reprodutiva, uma
vez que, na exposição, o conteúdo daquilo que deverá ser aprendido é apresentado ao universitário na
sua forma final.
Assim, o aluno fica privado do exercício das habilidades intelectuais mais complexas, como
aplicação, análise, síntese e julgamento. Estas e outras críticas têm sido dirigidas à aula expositiva,
considerada por muitos como uma forma excessivamente passiva e tradicional de ensino. No entanto,
acreditamos que um exame cuidadoso desta técnica poderá esclarecer melhor o seu papel no Ensino
Superior. Será que num paradigma que valoriza a aprendizagem essa técnica ainda tem lugar?
Como a aula expositiva é a mais utilizada pelo professor universitário, a maneira de utilizá-la,
no entanto, deve ser adequada às novas exigências do ensino.
Segundo Barcells e Martin (1985), tais argumentos podem ser assim resu-
midos nos seguintes aspectos:
polpa tempo dos professores, uma vez que é de fácil preparo, possibili-
tando, em um tempo curto, a transmissão de muitas informações;
oferece aos alunos uma primeira e sintética explicação acerca de um
novo conhecimento;
apresenta visão mais equilibrada quando o tema é polêmico;
oferece a possibilidade de o aluno ser motivado pelo professor, que já
possui um profundo conhecimento sobre a matéria.
Quanto às limitações, as mais apontadas, segundo Godoy (1988), são:
pouca participação do aluno em função da comunicação, unilateral, ca-
racterística desta técnica de ensino;
considera a turma como um grupo uniforme, não levando em conta o fato
de que os alunos possuem estilos de aprendizagem diferenciados;
desconhece que muitos alunos não possuem conhecimentos prévios;
não favorece o desenvolvimento das habilidades intelectuais mais com-
plexas (aplicação, análise, síntese e julgamento) que levem o aluno a
pensar sobre o assunto;
não possibilita que o professor realize a função de avaliação,
acompanhando a aprendizagem do aluno.
Certamente, para que possamos tirar o máximo de proveito das vantagens
apontadas e minimizar as limitações, é necessário que o professor prepare e de-
senvolva suas aulas expositivas de forma adequada.
Para tal, apresentamos, a seguir, algumas sugestões que poderão auxiliar o
professor nesta tarefa.
Planejamento e desenvolvimento
da aula expositiva
Ao planejar uma aula expositiva, o professor universitário deve observar os
seguintes pontos:
dominar a matéria de ensino;
levar em conta o tipo de auditório a quem o expositor se dirigirá;
prever um começo (introdução), um núcleo (desenvolvimento) e um final
(conclusão);
planejar a estrutura da aula definindo exatamente o que o professor pre-
tende dar a conhecer à turma;
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Repensando a aula universitária no dia-a-dia
Paradigma tradicional
A sala de aula dos cursos de graduação de Ensino Superior se constitui
como um espaço físico e um tempo determinado durante o qual o professor uni-
versitário transmite seus conhecimentos e experiências aos universitários.
Podemos dizer que se trata de um tempo e espaço privilegiados para uma
ação do professor, cabendo aos universitários atividades como:
copiar a matéria;
ouvir as preleções do mestre;
fazer perguntas, às vezes;
repetir o que mestre ensinou, na maioria das vezes.
Temos, também, as aulas práticas, ora demonstrativas, quando o profes-
sor assume o papel de mostrar o fenômeno, ora de aplicação de conceitos apren-
didos nas aulas teóricas nos laboratórios ou em estágios. As aulas práticas são
mais raras.
Paradigma atual
Esse conceito de aula universitária faz com que ela transcenda seu espaço
corriqueiro e habitual de acontecer só na universidade. Compreender a aula uni-
versitária como espaço e tempo de aprendizagem por parte do universitário muda
completamente esse paradigma.
É preciso compreender que onde quer que possa haver uma aprendizagem
significativa buscando intencionalmente objetivos definidos, aí encontramos uma
“aula universitária”.
Assim, a sala de aula é espaço e tempo durante o qual os sujeitos de um
processo de aprendizagem (docentes e universitários) se encontram para, juntos,
realizarem uma série de ações (interações), como estudar, ler, discutir, debater,
ouvir o professor, consultar e trabalhar na biblioteca, redigir trabalhos, participar
de eventos científicos de sua área, solucionar dúvidas, orientar trabalhos de inves-
tigação e pesquisa, desenvolver diferentes formas de expressão e comunicação,
realizar oficinas e trabalhos de campo.
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Didática do Ensino Superior
Nesse contexto, tão importante quanto a sala de aula, onde se ministram au-
las teóricas na universidade, e os laboratórios, onde se realizam as aulas práticas,
são os outros locais onde se realizam as atividades profissionais daquele universi-
tário: empresas, fábricas, escolas, postos de saúde, fóruns, escritórios de adminis-
tração e contabilidade, hospital, escritórios de advocacia, casas de detenção, can-
teiros de obras, plantações, hortas, pomares, organizações não-governamentais,
movimentos sociais, laboratórios de informática, exploração na internet, institui-
ções públicas e privadas, ambulatórios, clínicas, congressos, seminários e outros.
Esses “novos espaços e tempos de aula universitária” são muito mais esti-
mulantes na aprendizagem dos universitários, mais instigantes para o exercício da
docência superior porque envolvem a realidade profissional de ambos e como tal
se apresenta complexa.
Universitário
Desenvolvimento de suas capacidades intelectuais – de pensar, de racio-
cinar, de refletir, de buscar informações, de analisar, de criticar, de argu-
mentar, de dar significado real às novas informações, de relacioná-las, de
pesquisá-las e de reproduzir conhecimentos.
Desenvolvimento de habilidades humanas e profissionais – trabalhar em
equipe, buscar novas fontes e pesquisas, dialogar com profissionais de
outras áreas, comunicar-se com pequenos e grandes grupos e apresentar
trabalhos.
Desenvolvimento de atitudes e valores integrantes à vida profissional – a
busca de soluções técnicas que, juntamente com o aspecto tecnológico,
contemplam o contexto da população, o meio ambiente, as necessidades
da comunidade, as condições culturais, políticas e econômicas da socie-
dade, os princípios éticos na condução de sua atividade profissional.
Pretendemos formar um profissional não apenas competente, mas também
comprometido com a sociedade em que vive.
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Repensando a aula universitária no dia-a-dia
Docência universitária
Na universidade, no que diz respeito à docência superior:
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Didática do Ensino Superior
Concluindo
A aula universitária então passa a ser, também, um espaço de avaliação, ou
seja, um espaço para o diagnóstico da aprendizagem, bem como de diálogo, dis-
cussões e sugestões para o seu desenvolvimento.
Pensar e repensar a docência universitária focalizada na transformação da aula
no Ensino Superior, produz reflexões que apontam para a necessidade de substituir
o paradigma de ensino por um “novo paradigma” que permita e dê fundamentação
às inovações que queremos fazer em nossas aulas.
Só a partir dessa concepção de aula universitária é que poderemos falar
em mudança, em dinamizar as aulas, em tornar nossas aulas “vivas”, em fazer
das aulas um espaço privilegiado de aprendizagem, de formação de profissionais
competentes, compromissados e cidadãos.
Uma das qualidades indispensáveis a um docente, seja ele de que grau for, é a de ser um bom
ouvinte. Leia o texto abaixo e resolva a tarefa proposta.
Telefone
Michel Quoist
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Repensando a aula universitária no dia-a-dia
Após a leitura do texto Telefone, estabeleça as qualidades de um professor que é um bom ouvin-
te. Você também pode analisar os itens abaixo para embasar sua resposta.
Um bom ouvinte é capaz de:
questionar construtivamente;
controlar as ansiedades pessoais em prol dos componentes do grupo a que pertence;
prestar atenção ao que os outros dizem e/ou propõem;
levar as opiniões de seus colegas a sério;
simplesmente não complicar;
fazer ligações entre as contribuições dos que o cercam e/ou convivem com ele;
dar feedback sempre.
O texto desta tarefa deve conter:
análise minuciosa do texto Telefone;
comentário dos itens incluídos para aprofundamento;
ligação entre o texto e os itens que caracterizam um professor bom ouvinte;
ilustração com relatos de experiências (opcional).
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Didática do Ensino Superior
2. Atividade individual.
a) Leia o capítulo “Docência universitária” do livro Ensinar e aprender no Ensino Superior:
por uma epistemologia da curiosidade na formação universitária, de António Teodoro e
Maria Lucia Vasconcelos.
Após a leitura, analise como organizar a seqüência de uma aula que coloque o universitário e o
professor trabalhando juntos durante o tempo da aula.
3. Atividade em grupo.
Discutam e apresentem as respostas, tirando conclusões.
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