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Sistemas estruturais em Aço

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MÓDULO

Características do Aço na Construção Civil

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Módulo 2

Índice - Módulo 2
5. O material Aço
• Composição do Aço
• A produção do Aço
• Os tipos de aços mais comuns na construção civil

6. O uso do aço
• Vantagens e Desvantagens do uso do Aço em Estruturas
• A altura das Vigas
• O Modelo teórico e o comportamento real
• A questão do custo inicial
• A questão da corrosão
• As propriedades dos materiais
• A clareza da concepção estrutural
• Estrutura metálica: um sistema pré-fabricado
• Dimensões das peças em uma estrutura em aço
• A reciclagem
• Reformas, ampliações e novos usos

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Sistemas Estruturais em Aço

Parte 1 - Características do Aço na Construção Civil

5. O material Aço

Composição do Aço

O aço é uma liga metálica constituída fundamentalmente de ferro e carbono.


Além desses dois elementos, dependendo do tipo de aço que se quer obter, são
encontrados outros elementos tais como: manganês, silício, fósforo, enxofre,
alumínio, cobre, níquel, nióbio, entre outros, que modificam as propriedades
físicas da liga, tais como resistência mecânica, resistência a corrosão, ductilidade
e muitas outras.

Alguns dos elementos que fazem parte da matéria prima utilizada permane-
cem na liga e sua retirada é economicamente inviável. São as denominadas
impurezas, cujas quantidades não chegam a afetar o desempenho do material.

Abaixo é mostrado o exemplo de uma liga:

AÇO = Fe + C + Si + Mn + P + S (...)

C 0,22 %
P < 0,045 %
S < 0,055 %
0,4 % < Mn < 0,6 %

onde:
Fe = ferro
C = carbono
Si = silício
Mn = manganês
P = fósforo
S = enxofre.

Para a obtenção de aços mais resistentes à corrosão são adicionadas quantida-


des determinadas de cobre; para aços inoxidáveis, é adicionado cromo; para
aços resistentes a ácidos, níquel, e assim por diante.

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Módulo 2

A quantidade de carbono é de suma importância nas características mais im-


portantes do aço. Aços com porcentagem maior de carbono são mais resisten-
tes, mas, em compensação, tornam-se pouco dúcteis e bastante quebradiços.
Com menos carbono sua resistência cai, mas aumenta a ductilidade.

A ductilidade é uma das características mais importantes dos materiais estru-


turais. Os materiais com boa ductilidade possibilitam a visualização de grandes
deformações em peças estruturais submetidas a tensões muito elevadas, servin-
do então, como “aviso” de que a ruptura pode acontecer ou ainda, permitindo
a redistribuição de esforços para elementos menos solicitados.

Para saber mais sobre aços carbono:


http://www.cbca-ibs.org.br/nsite/site/acos_estruturais.asp

A produção do Aço

Como foi visto, as matérias primas básicas para a produção do aço são: minério
de ferro e carvão coque. A essas são adicionados o calcário, com função espe-
cífica de retirar impurezas.

Antes do início da produção do aço, o carvão mineral é queimado na coqueria


e transformado em blocos de aproximadamente mesmas dimensões, denomi-
nados coque ou carvão – coque.

Como o ferro é raramente encontrado puro na natureza, usa-se o seu miné-


rio. Para transformar o minério em ferro é necessário a sua queima. Para isso,
quantidades pré-definidas de minério, coque e calcário são colocadas na parte
superior de um forno especial denominado “alto-forno”. Na presença de calor
esses materiais são fundidos, produzindo ferro e impurezas.

O coque, em presença de um ar superaquecido introduzido sob pressão na


parte inferior do forno, queima e forma um gás que remove os óxidos do mi-
nério de ferro. O calor da combustão liquefaz o calcário, o qual, combinando-
se com as impurezas do minério de ferro, forma a escória, ao mesmo tempo
em que funde o ferro contido no minério. A carga no forno torna-se progres-
sivamente viscosa e líquida.

A escória, por ser mais leve, flutua sobre o ferro em fusão, chamado nesse es-
tágio de gusa. Os dois componentes são separados, a escória é destinada à pro-
dução de cimento e o ferro gusa é despejado, ainda líquido, em um recipiente
denominado Carro-Torpedo.

O ferro gusa possui alta porcentagem de carbono (3,5% a 4%), absorvido do


coque, e não tem aplicação estrutural.

Para transformar o gusa em aço é necessário reduzir a quantidade de carbono.


Para isso o ferro gusa é misturado com aparas de aço (sucata) e calcário, e con-
duzido a um forno em forma de barril, denominado “conversor”.

Oxigênio de alta pureza é introduzido no topo do forno a velocidade supersô-


nica, num fluxo com duração aproximada de 20 minutos. Durante esse proces-
so, temperaturas muito altas são atingidas, quando então, é queimado o excesso
Alto forno – ArcelorMittal – CST – ES de carbono e eliminadas as impurezas não absorvidas pelo calcário fundido.

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Finalmente o aço é despejado em moldes denominados lingoteiras, resultando


em blocos de aço chamados lingotes ou tarugos.

A partir daí, o aço passa pelo processo de laminação a quente onde é trans-
formado em perfis ou chapas. Antes da laminação, o lingote passa pelo forno
poço, onde sofre novo aquecimento para facilitar o processo.

Veja o Ciclo completo de produção no link, disponível no ambiente do curso.

Os tipos de aço mais comuns na construção civil

No Brasil são fabricados vários tipos de aço para fins estruturais, que podem
ser conhecidos através de consulta à Norma Brasileira NBR 8800.

Entre eles, apresentamos a seguir, os aços mais comumente utilizados: Panela da aciaria derrama gusa e sucata no
conversor

Tipo de Aço Usos mais comuns


ASTM A-36 - também perfis laminados, perfis de chapa dobrada e
conhecido como aço comum de chapas soldadas.
ASTM A-500 – GA (grau A) fabricação de tubos
ASTM A-570 - G33 (grau 33) fabricação de perfis de chapa dobrada
finos.
ASTM A-577 fabricação de perfis laminados e soldados
SAE 1020 chapas planas, perfis de chapa dobrada e
barras redondas.
Lingotamento contínuo
Aços patináveis ou de maior resistência à corrosão

São ainda fabricados chapas planas de aços especiais resistentes a corrosão, tais
como o CSN COR (CSN), o USI - SAC 300 e USI - SAC 350 (Usiminas) ,
COS – AR – COR - 400 (COSIPA) e CST COR, (CST), entre outros. Mais
adiante abordaremos este tipo de aço.

Para saber mais sobre aços patináveis: http://www.cbca-ibs.org.br/nsite/site/


acos_estruturais.asp
Laminador de tiras a quente
Os aços ainda recebem denominações adicionais como grau, que identifica a
composição química e classe, que o qualifica quanto a resistência mecânica e
acabamento superficial.

Para saber mais sobre a história da evolução do uso do aço e seu processo de
fabricação acesse o link, no ambiente do curso: Módulo 1 - apostila do Curso
de Introdução ao Uso do Aço na Construção - CBCA.

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Módulo 2

Parte 2
6. O uso do Aço

Vídeo - As Vantagens do Aço

Vantagens e Desvantagens do uso do Aço em Estruturas


A escolha do aço como material estrutural deve ser embasada em critérios que
mostrem ser ele o material mais indicado para determinada situação. É bom
lembrar que optar pelo aço apenas por simpatia ou até por curiosidade pelo
material pode levar a soluções muito desvantajosas e que podem criar uma
visão desfavorável do material. Para ajudar a embasar adequadamente a escolha
pelo aço é que são mostradas a seguir as vantagens e também as desvantagens,
procurando-se ser o mais isento.

Vantagens
Grande resistência a esforços. Talvez seja essa, em princípio a maior vantagem.
No entanto, como será visto mais adiante, essa vantagem pode em determina-
das situações ser desfavorável.

Para uma melhor visão do quanto o aço é resistente, veja-se a comparação com
outros materiais convencionais:

Tensão admissível à compressão


σ aço 1500 kg/cm²
σ concreto 100 kg/cm²
σ madeira 80 kg/cm²
Tensão admissível à tração
σ aço 1500 kg/cm²
σ concreto 10 kg/cm²
σ madeira 90 kg/cm²

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Sistemas Estruturais em Aço

Vê-se pelos valores acima que o aço além de ser o mais resistente apresenta
uma característica muito interessante para as estruturas: resistências iguais a
tração e compressão.

Como conseqüência de sua maior resistência o aço permite peças estruturais


com menores dimensões.

A figura a seguir mostra a comparação entre as dimensões finais entre uma


estrutura convencional de viga em concreto armado e uma estrutura com
viga de aço.

Aço X concreto – Vigas

A figura seguinte mostra o mesmo comparativo ente pilares de concreto e


pilares de aço.

Aço X concreto – Pilar

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Módulo 2

A altura das Vigas

Pode-se se ver que as vigas metálicas apresentam uma altura da ordem de


60% das vigas em concreto. Isso proporciona outras grandes vantagens para o
projeto, tais como menor pé direito, logo menor área de acabamento. Além
disso, a altura final do edifício resulta menor. Um edifício em estrutura mista
de 20 andares chega a ter altura equivalente a um edifício de 19 andares em
estrutura de concreto, o que pode, em determinadas situações, viabilizar um
edifício em termos do gabarito permitido.

Em conseqüência da menor dimensão dos elementos da estrutura, obtém-se


menor peso próprio da estrutura, resultando em menor carga na fundação.

O peso próprio da estrutura

Grosso modo, uma estrutura de aço pesa 6 vezes menos que uma estrutura
equivalente em concreto armado. A estrutura em aço, sendo bem mais leve,
possibilita fundações mais econômicas ou adaptáveis a regiões em que o solo
exija soluções mais complexas.

O Modelo teórico e o comportamento real

A solução estrutural em aço apresenta um resultado muito próximo entre


o modelo teórico e o comportamento real. Um vínculo em aço, como por
exemplo a ligação entre uma viga e um pilar, se adotado como articulado,
poderá ser executado perfeitamente articulado com relativa facilidade. No
concreto armado moldado in-loco, muitas vezes adota-se no modelo teó-
rico um vínculo articulado que quando da execução afasta-se muito desta
situação teórica, o que pode acarretar problemas de ordem econômica ou de
comportamento estrutural inadequado.

A questão do custo inicial

Ao se optar pelo uso do aço nas estruturas, deve-se levar em conta a ques-
tão de custo. Em algumas situações o custo inicial da estrutura em aço pode
ser bem mais elevado do que em concreto armado. Isso geralmente ocorre
quando o projeto arquitetônico obriga o uso de vãos muito díspares. Sendo
a estrutura metálica um processo industrializado, o uso de medidas extre-
mamente variáveis, vai acarretar perfis muito diferentes, de tamanhos muito
diferentes, resultando em grandes perdas, o que sem dúvida tende a deixar a
estrutura de aço mais cara. Um projeto bem modulado proporciona soluções
muito mais econômicas e vantajosas, quando comparadas às estruturas de
concreto armado.

Deve-se lembrar, ainda, que o custo da estrutura é apenas um dos compo-


nentes do custo final da edificação. Mesmo apresentando um custo inicial
um pouco maior que a estrutura de concreto, até 30 %, pode-se optar com
tranqüilidade por uma estrutura de aço, já que as vantagens de sua incidência
em outros elementos da construção, tais como fundações mais leves, meno-
res perdas nos acabamentos, maior rapidez de execução, entre outras, podem
fazer com que na pior das hipóteses o custo final da obra seja igual àquele de
uma estrutura de concreto armado.

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A questão da corrosão

Um outro aspecto que pode ser levantado como negativo para uso do aço é
a possibilidade de sua deterioração em contato com o meio ambiente.

O aço enferruja. A ferrugem, ou oxidação (Fe + O), constitui uma camada


protetora, mas facilmente removível, gerando, portanto, o processo de cor-
rosão do material, ou seja, diminuição na espessura do elemento estrutural.
A corrosão chega a consumir camadas que variam entre 9 μm por ano em
ambientes menos agressivos e mais secos, como Brasília, e 170μm por ano em
ambientes úmidos e marinhos, como Praia Grande, em São Paulo.
(Gráfico: Construção em Aço)
Para minimizar o problema são fabricados aços especiais, que, com adição de
cobre, cromo ou níquel em sua liga, apresentam uma camada de oxidação
irremovível denominada pátina. A pátina aumenta em muito a resistência do
aço à corrosão.

Teremos, mais adiante neste curso, um módulo dedicado exclusivamente a


este assunto, onde iremos conhecer as formas adequadas de proteção à corro-
são.

As propriedades dos materiais

O concreto, pela maneira com que é produzido: uma mistura quase que
aleatória de cimento, areia, pedra e água, não permite acreditar numa res-
posta precisa quanto as suas propriedades; o aço que, por sua vez, é obtido (Gráfico: Construção Convencional)
industrialmente, com alto controle de qualidade, resulta em um material mais
confiável quanto as suas propriedades, podendo ser aplicado com coeficien-
tes de segurança mais baixos, o que obviamente resulta em possibilidade de
economia.

A clareza da concepção estrutural

A concepção de uma estrutura metálica é revelada, claramente depois de


executada e pode ser facilmente entendida. O mesmo nem sempre ocorre
em estruturas de concreto armado. Uma ligação entre uma viga e um pilar
em concreto armado moldado “in loco” nunca é visível, logo uma análise
visual não permite concluir se a ligação foi concebida como articulada ou
rígida.

Estrutura metálica: um sistema pré-fabricado

A estrutura metálica é um sistema pré-fabricado; no canteiro ocorre apenas


sua montagem, permitindo ser executada em lugares exíguos, necessitan-
do, em algumas ocasiões, de espaço para locomoção de gruas ou guindastes
e pequeno depósito. O canteiro de obra torna-se mais racional e pode ter
dimensões reduzidas.

A questão da dimensão ou até mesmo da topografia desfavorável do canteiro


de obra pode ser um fator decisivo para a opção pela estrutura metálica.

A estrutura metálica, por ser uma estrutura pré-fabricada, com componen-


tes industrializados, pode ser fabricada e montada muito rapidamente. Uma
estrutura em aço consome aproximadamente 60% do tempo necessário para

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Módulo 2

a execução de uma estrutura equivalente em concreto armado. Não necessita


de tempo de cura, e diversas atividades de construção, tais como fundação,
podem ser executadas simultaneamente à fabricação da estrutura.

Dimensões precisas das peças em uma estrutura de aço.

Devido ao sistema de industrialização, as dimensões das peças em uma estru-


tura em aço são muito precisas e podem ser expressas em milímetros.
Erros de até 1cm são plenamente aceitáveis em estruturas de concreto arma-
do, mas não em estruturas de aço, onde as tolerâncias são de apenas 5 mm.

Devido à precisão os elementos estruturais podem ser perfeitamente ali-


nhados, nivelados e aprumados. As estruturas metálicas são tão precisas que
podem servir de gabarito para a execução de demais componentes da edifi-
cação, tais como vedações e acabamentos, o que pode levar a uma economia
de até 5% na aplicação desses materiais.

A reciclagem

Sabe-se que hoje o processo de urbanização é muito rápido, edifícios mudam


de uso, ou são demolidos para dar lugar a outras edificações.

Com ligações parafusadas, as estruturas em aço podem ser facilmente des-


montadas, podendo ser reutilizadas em outros lugares ou reaproveitadas na
execução de novas edificações. Ainda que seus elementos não sejam reutiliza-
dos, o material, como sucata, pode ser reaproveitado na fabricação de novos
produtos de aço, devido à infinita possibilidade de reciclagem que o aço
possui.

Reformas, ampliações e novos usos

Pela mesma razão vista no item anterior, muitas edificações podem ter seu
uso alterado, ao serem solicitadas por cargas maiores, ou mesmo pela exigên-
cia de uma nova composição estrutural, o que pode resultar na necessidade
de um reforço estrutural.

Através de soldagem de chapas ou perfis a vigas e pilares existentes, é possível


reforçá-las com facilidade, permitindo um aumento nos vãos e nas cargas.
Este aspecto também se torna de suma importância na recuperação de estru-
turas que foram sujeitas a sinistros.

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