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A MÚSICA NO TEMPO DOS JESUÍTAS

A música no tempo dos jesuítas teve grande importância, com a participação


de Anchieta, Nóbrega e Vieira (três dos seguidores de Inácio de Loyola), eles
tiveram um papel fundamental na formação da identidade brasileira. E também
foram personalidades importantes para coroa portuguesa, em relação as
missões. Na missão de catequizar os índios, por exemplo, a música trazida da
Europa foi muito eficaz para converte-los, o ritmo era assimilado e incorporado
pelos índios. Para a catequese, foram utilizados diversos artifícios, entre eles a
música sacra, usada pelos jesuítas não só na catequese, mas também na
liturgia, eventos religiosos, procissões, confrarias, produções dramáticas,
festividades e dança. No século XVI, começa em Olinda e Salvador as práticas
musicais em aldeias. Os jesuítas, além de patrocinarem músicos e
compositores da época também foram os primeiros a fundarem uma escola de
música, com os instrumentos: flauta, violino, cravo e órgão, no Brasil. Em
muitos casos eles eram profissionalmente engajados com a música. Além de
patrocinarem inúmeros músicos famosos da época, eram ativos como
compositores, teóricos, construtores de instrumentos, historiadores e
intérpretes. Os padres jesuítas perceberam que o uso do canto e dos
instrumentos era uma ferramenta eficiente na conversão dos indígenas. O
repertório produzido nas reduções espanholas encontra-se disponível em
várias publicações e gravações, e não se restringe somente a peças litúrgicas,
mas inclui óperas e exercícios para instrumentos de teclado. José de Anchieta
escreveu poemas, canções, hinos e autos, sendo que esses últimos
remontavam as criações de Gil Vicente e toda a manifestação cultural presente
na Idade Média. Pequena biografia de um compositor que estudou no
conservatório dos negros jesuítas: mulato, padre, canta modinhas árcades
muito difundidas pelas ruas. Capta as festas das igrejas e o canto dos
escravos; professor de Cândido Inácio da Silva.
As músicas produzidas eram músicas sacras e, em grande parte,
adaptações de canções e melodias europeias para uma nova linguagem: o
nheengatú, que era uma mistura da língua indígena – a qual foi estudada pelos
jesuítas, com aspectos da língua portuguesa, tornando a catequização mais
fácil. O Padre José de Anchieta contribuiu muito para estas adaptações através
de uma técnica denominada contrafactum: compunha versos e canções e
então as sobrepunha em canções populares, já que eram conhecidas por todos
e simples de cantar. Em alguns casos, mantinha-se a estrutura da canção
original, como a métrica e a rima, e as palavras não eram necessariamente
todas alteradas: apenas adicionava sentenças que lhes conferissem um
significado sagrado, alterando o sentido original da canção e fazendo com que
ela pudesse ser utilizada, também, na catequização. Além das adaptações,
havia também composições de sua autoria, que, assim como as anteriores,
eram utilizadas na catequização.
A expansão da Fé e do Império sob a vinda dos jesuítas em 1549 reunia
mercadores e evangelizadores, tal como Antônio Vieira se refere na obra
História do Futuro. Com sua política de instrução, “uma escola, uma igreja”,
edificaram templos e colégios nas regiões da colônia, constituindo um sistema
de educação através da música, teatro e dança. Os jesuítas perceberam a
grande utilidade do uso da música com os gentios das terras colonizadas,
principalmente para a atraí-los. As informações sobre música são esparsas,
música como objeto de sedução e convencimento aos índios; música com
textos religiosos traduzidos em tupi; praticada e ensinada, principalmente, para
os meninos índios. Alguns relatos de música por parte dos padres jesuítas
principalmente em momentos de honrarias e festividades, onde os
catecúmenos eram aqueles que cantavam e tocavam, o aspecto mais
expressivo da pratica musical jesuíta no Brasil colonial foi a utilização do canto
e de instrumentos musicais junto aos índios. Práticas musicais realizada pelos
padres jesuítas foi mais usual nas primeiras décadas da colonização do Brasil,
jesuítas não trabalharam com os índios a música polifônica, mas foram buscar
bases no Canto Gregoriano medieval, assemelhado a música nativa. O canto e
a música instrumental eram praticados em festas e comemorações, a prática
musical em sua maioria era realizada pelos alunos dos colégios jesuítas ou os
índios.

“Os jesuítas e a música no Brasil colonial”, é uma pesquisa na qual


Marcos Holler consultou sistematicamente a documentação jesuítica arquivada
em Lisboa, em Roma e em várias cidades brasileiras, reunindo e estudando
praticamente todas as informações sobre a atividade musical escritas pelos
jesuítas ou sobre eles no Brasil. Além de se referir aos estudos anteriores
sobre o tema, o autor expõe uma outra visão sobre o assunto - Por que os
milenares habitantes das terras dominadas pelos portugueses deixaram em
segundo plano sua rica cultura musical para aceitar a de seus conquistadores e
quais foram os resultados desse processo? E por que não houve a
preservação de manuscritos musicais relacionados à atividade musical jesuítica
na América Portuguesa, quando são estes tão abundantes na América
Espanhola? Neste livro o autor responde a essas e a outras questões sobre a
relação musical entre indígenas e jesuítas no Brasil, desde sua chegada em
1549 até sua expulsão em 1759.
Curiosidade: sabemos até aqui que a música foi naturalmente utilizada pelos
jesuítas para uma aproximação com os indígenas, já que eles eram facilmente
atraídos por ela. Mas não foi tão simples assim devido a desconfiança dos
índios mais velhos. Os jesuítas ensinavam cantos sacros primeiramente às
crianças (curumins) para que elas entrassem na aldeia cantando e atraíssem
a tribo. Um fato importante em relação às composições: elas eram em sua
maioria compostas pelos jesuítas ao estilo europeu, porém na língua dos
próprios indígenas. O repertório das músicas para a catequese evitava a
dificuldade técnica e privilegiava o canto coletivo, especialmente de crianças,
que aprendiam mais facilmente do que os adultos os valores religiosos. Além
da música para a catequese em idiomas indígenas, os jesuítas treinaram os
nativos americanos para o canto de música litúrgica em missas e ofícios
divinos, destinadas por tanto à celebração das cerimônias cristãs, a
documentação conhecida demonstra que isso já era feito no século XVI, porém
os exemplos mais antigos preservados são do final do século XVII. Ex de
música: Salmo 112 para Vésperas ‘Laudate pueri Dominum’. Autoria Anônima,
provavelmente cantado pelos índios Guaranis em latim.

PORQUE NÃO EXISTEM REGISTROS DE ATIVIDADES?


Um dos principais motivos para não haverem registros desse primeiro período
no Brasil é que os portugueses ainda não tinham em mente a colonização do
território; tinham por objetivo apenas a exploração, sendo assim, não havia
cidades ou instituições para “guardar os manuscritos” e nem motivos para
registrar as atividades aqui praticadas. O que se tinha de controle, execução e
registro dessas atividades eram as missões jesuítas, as quais muitas,
futuramente, seriam destruídas pelos bandeirantes, dificultando ainda mais o
acesso a esse pedaço da história, o que inclui o material didático musical
produzido na época, assim como aspectos relacionados à origem da
composição, como, por exemplo: “para que fim essa música foi composta? ” Ou
“como vamos ensiná-la?”
Fontes:
 http://festivaldealcantara.org/a-musica-no-tempo-das-missoes-jesuitas/]
 BUDASZ, Rogério. O Cancioneiro Ibérico em José de Anchieta: Um
Enfoque Musicológico. São Paulo: ECA-USP, 1996. P. 11-13
 Marcos Holler- Os jesuítas e a música no Brasil Colonial
 http://maestrorochasousa.blogspot.com.br/2009/06/identidade-musical-
brasileira.html
 https://www.youtube.com/watch?v=CQg1oyMWmss
 https://www.youtube.com/watch?v=WO1Uwyn62v4&t=1416s
 http://www4.unirio.br/mpb/textos/AnaisANPPOM/anppom%202005/sessa
o19/marcos_holler.pdf
 http://festivaldealcantara.org/a-musica-no-tempo-das-missoes-jesuitas/
 Livro: ''Momentos da Música Brasileira'' de Léa Vinocur Freitag
 https://sonotas.wordpress.com/2015/12/29/historia-da-musica-no-brasil/

Grupo: Ana Flavia Domingues, Julio Prestes, Renata Marques, Stephanie


Mantovani, Vitoria Favero, Suelen Chiara.

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