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Rotações

Introdução

O movimento de rotação é bastante comum no nosso mundo físico. Hoje


sabemos que o nosso mundo - a Terra - está em rotação em torno de um eixo
imaginário no espaço. A consequência disso é uma sucessão de dias
intercalados com noites.

A Terra, portanto, ilustra bem o exemplo de rotação em torno de um eixo. O


pião é outro exemplo de objeto que executa movimento de rotação. No entanto,
o seu movimento pode ser bem mais complexo do que a simples rotação em
torno de um eixo.

As portas das casas são fixadas aos batentes utilizando-se de duas ou três
dobradiças. O efeito das dobradiças é o de permitir o movimento de rotação da
porta em torno do batente da porta. Para fazermos uma porta girar devemos
aplicar uma força sobre a porta. Certamente, você já notou que é mais fácil
abrir a porta empurrando-a cada vez mais longe das dobradiças.

O que é movimento de rotação


O que caracteriza o movimento em geral é a variação do vetor de posição.
Dizemos assim que houve movimento se o vetor de posição r passou para
outro vetor de posição r', isto é,

Nós dizemos que o movimento é de rotação pura se a direção e o sentido do


vetor posição mudam, ou seja, se apenas o módulo do vetor permanece
constante. Portanto, numa rotação pura,
necessário que dessa força (ou forças) resulte um torque aplicado num ponto
do mesmo. O torque de uma força é uma grandeza vetorial. Sendo O o ponto
em torno do qual se dá a rotação, chamemos de vetor de posição, com
origem em O e que indica o ponto de aplicação da força . O módulo do
torque é dado pelo produto do módulo da força pelo módulo do vetor de
posição e pelo seno do ângulo formado entre os vetores posição e força .

entrando na folha de papel, perpendicularmente.


Direção: perpendicular à folha
Sentido: entrando no papel, no eixo de rotação

Rotação será no sentido horário.

saindo da folha de papel,


perpendicularmente.
Direção: perpendicular à folha
Sentido: saindo do papel
Módulo = F.r.senq
Rotação será no sentido anti-horário.

Use a regra da mão direita para definir a direção e o sentido do vetor torque.
Posicione os dedos da mão direita na direção indicada pela força. O polegar
esticado indicará a direção procurada.

Quanto maior for o torque maior será a facilidade para abrir uma porta. Por
isso, é tão difícil abrir uma porta empurrando-a nos pontos próximos às suas
dobradiças (como a distância é pequena, o torque é pequeno).

A rotação provocada por um torque pode ter dois sentidos: o sentido do


ponteiro dos relógios e o sentido oposto (isto é, podemos abrir ou fechar uma
porta aplicando torques em sentidos opostos).

Quando aplicamos dois torques iguais num corpo, mas com sentidos opostos,
existe equilíbrio. O corpo não entra em rotação.

Assim sendo, rotações decorrem de torques aplicados ao corpo. Uma vez


colocado em rotação, um corpo permanecerá sempre em rotação, a menos que
lhe apliquemos torques.

Rotações no cotidiano

1. A Terra em rotação
O nosso globo terrestre está em rotação. A sucessão de dias intercalados por
noites é uma conseqüência da rotação da Terra em torno de um eixo
imaginário, que a atravessa do polo norte ao polo sul.

Alguns efeitos da rotação da Terra, além dos dias e noites, são: a sua forma
achatada nos polos e a variação da aceleração da gravidade quando nos
deslocamos em direção ao Equador a partir dos polos.
2. Moeda em rotação
Pode-se colocar uma moeda em
rotação, colocando-a de pé e
batendo numa das suas
extremidades.

3. Levantando o skate
Para levantar uma prancha de skate , o
esportista coloca o seu pé numa das
extremidades do skate e o comprime
fortemente. Isso o fará girar em torno das
rodas do skate. A rotação resultou do
torque, que resultou da aplicação da força.

4. Movimentando uma bicicleta

Para fazermos a catraca de uma bicicleta


girar aplicamos torque a ela. Esse é o papel
do pé ao comprimir, com força, o pedal.
A transmissão desse movimento de rotação
para as rodas traseiras da bicicleta é o que
a faz andar.

5. Veículos a motor em movimento


O motor de um veículo é responsável pelo mecanismo de locomoção do
mesmo. Sabe-se que no motor estão localizados os pistões. Os pistões se
movimentam como resultado da explosão provocada por uma centelha
propiciada pelas velas.
Ao se movimentar para cima e para baixo, os pistões criam os torques
necessários para fazerem a biela (virabrequim) do motor colocar-se em
rotação. Esse movimento de rotação é transferido para as rodas.

Corpos Rígidos
Introdução

A mecânica de Newton é uma mecânica voltada para o estudo do


movimento de um objeto puntiforme. Diz-se que a mecânica de Newton é a
mecânica do ponto.

O caso de maior interesse é aquele em que estudamos não uma partícula


(um ponto) mas um sistema de partículas, ou seja, estudamos um conjunto
muito grande de objetos puntiformes. As leis de Newton valem para cada
um deles.

O corpo rígido é um sistema constituído de partículas (átomos, por


exemplo) agregadas de um modo tal que a distância entre as várias partes
que constituem o corpo (ou o sistema) não varia com o tempo (não
mudam), ou seja, as distâncias entre as várias partes que compõem o corpo
são rigorosamente constantes.

Um corpo rígido executa basicamente dois tipos de movimento: movimento


de translação e movimento de rotação.

Movimento de translação

O movimento de translação pode ser analisado observando-se


exclusivamente o centro de massa do corpo. O corpo executa
movimento de translação se o seu centro de massa se desloca à
medida que o tempo passa. Assim, o movimento de translação
do corpo rígido está associado ao movimento do centro de
massa.

O que provoca o movimento de translação são as forças


externas agindo sobre o corpo rígido. O corpo rígido se desloca
de tal forma que tudo se passa como se todas as forças
estivessem atuando sobre o centro de massa.
Nos movimentos de translação valem as leis de Newton e a conservação da
quantidade de movimento.

Movimento de rotação

O outro movimento do corpo rígido é o movimento de rotação , que se


observa sempre que um torque é a ele aplicado, como num pião.

Relembrando alguns corpos em movimento de rotação, atentem para os


detalhes destacados no seguinte exemplo. Em espetáculos de patinação
artística no gelo, freqüentemente se vê uma patinadora girar em torno de si
mesma com os braços abertos na horizontal. Ao encolher os braços sobre o
peito, nota-se que a sua velocidade angular aumenta consideravelmente. A
distribuição de massa do corpo no espaço afeta a rotação.

No movimento de translação, quando a mesma força é aplicada a objetos


de massas diferentes, observam-se aceleraçõesdiferentes. No movimento de
rotação, quando o mesmo torque é aplicado em objetos idênticos
com distribuição diferente de massa, observam-se acelerações
angulares diferentes. Não é a massa que afeta a velocidade angular da
patinadora, mas a distribuição da massa do seu corpo. Essa distribuição pode
ser expressa através de uma quantidade denominada momento de inércia.

Movimento de inércia
O momento de inércia I de um corpo é definido em relação a um eixo de
rotação. Suponhamos, por exemplo, uma bola de massa m presa a um fio de
comprimento d. Uma pessoa gira o fio e faz a bola rodar em torno de um ponto
O. O momento de inércia da bola, em relação a um eixo vertical que passa por
O, é dado por .

Se for um corpo extenso, é necessário subdividi-lo em pequenas porções de


massas , cujas distâncias ao eixo de rotações são
respectivamente . O momento de inércia do corpo subdividido em n
partes, em relação ao eixo de rotação, é dado por

ou seja,

O símbolo é denominado somatória e é utilizado para indicar a soma de


vários termos, todos com a mesma forma. Cada termo corresponde a um valor
diferente do índice i, que pode variar de 1 a n.

Recordando, então, nas translações, as forças provocam uma aceleração,


enquanto nas rotações os torques provocam aceleração angular. Nas
translações, a massa do objeto é um parâmetro importante e, nas rotações, é o
momento de inércia que é o parâmetro correspondente.

Quantidade de movimento angular


E a quantidade de movimento corresponde a que parâmetro na rotação?

Em gaiolas para criar preás e ratinhos, existe um tambor girante que começa a
rodar assim que o bichinho começa a andar dentro dele. Se o animal andar em
sentido anti-horário, o tambor girará para o sentido contrário, isto é, sentido
horário (o dos ponteiros de um relógio).

Existe uma compensação, existe uma conservação de alguma grandeza.

Também no exemplo da patinadora, quando o momento de inércia muda,


observa-se uma variação na velocidade angular.

Define-se uma grandeza, a quantidade de movimento angular do corpo em


rotação , que é vetorial e é dada por , onde I é o momento de inércia

do corpo e é a velocidade angular. O seu módulo é dado por , como


foi visto em Movimento Circular. Relembrando, v é a velocidade tangencial e R
é o raio da trajetória. A grandeza é um vetor, a sua direção e sentido são
definidos.
Note que, nos exemplos acima citados, observamos o movimento do rato
numa direção e o tambor na outra.
Legenda:

e têm o mesmo módulo, a mesma direção e sentidos contrários.

No caso da patinadora, veja o desenho abaixo:

Legenda:
Mas , já que não houve um torque adicional para alterar o movimento
da bailarina. L é a quantidade que se conserva.

O momento angular ou quantidade de movimento angular corresponde, na


rotação, à grandeza na translação. de um móvel não muda se não
aplicarmos uma força. Na rotação , não muda se não aplicarmos um torque.

Pode-se mostrar que o momento angular ou quantidade de movimento angular


está relacionado ao torque por

é a variação da quantidade de movimento angular.

é o intervalo de tempo em que o torque é aplicado.

Existem outros paralelos entre translação e rotação:

Se m é constante (não há nem perda nem ganho de massa),

que é a 2ª lei de Newton da translação.


Se I é constante,

onde é aceleração angular.


Tente lembrar agora qual a sensação vivenciada quando você passa uma
enceradeira de apenas uma escova ou, então, ao furar algum objeto com uma
furadeira elétrica. Sente-se claramente uma reação à rotação. Vocês se
lembram da ação e reação de uma força. Na rotação também existe o mesmo
efeito.
Resumindo, é possível fazer um paralelo entre translação e rotação e enunciar
leis análogas às Leis de Newton da translação.
Primeira lei: A rotação de um corpo é mantida na ausência de torques.

Segunda lei: A variação da quantidade de movimento angular é proporcional


ao torque e ao intervalo de tempo em que o torque é exercido.
Terceira lei: A toda ação de um torque corresponde um torque de reação, de
mesma intensidade, mesma direção mas sentidos opostos. (Também nas
rotações, a ação e a reação de um torque são aplicadas em corpos diferentes.)
Quantidades análogas:

Translação Rotação
Massa m Momento de inércia I

Velocidade linear Velocidade angular

Quantidade de movimento linear Quantidade de movimento angular

Força Torque

Aceleração linear a Aceleração angular

Energia cinética Energia na rotação

Observação:

Veja no livro Física I - Mecânica - GREF, muitos exemplos, texto e apêndice


sobre rotações e momento de inércia.

Corpos rígidos no cotidiano

1. Fazendo um pião girar


Um menino, para soltar o pião e
fazê-lo girar, enrola uma
cordinha cuidadosamente sobre
o pião, deixa uma pontinha
presa entre os dedos e atira o
pião ao chão. A corda, ao
desenrolar, aplica um torque no
pião, que sai girando
graciosamente.

2. Sistema solar
O Sol exerce uma força atrativa sobre a Terra, de modo que o centro de
massa da Terra descreve uma elipse em torno do centro do Sol. Os
demais planetas também sofrem a ação gravitacional do Sol, resultando
no movimento conhecido do sistema solar.

3. Rotação da Terra
No movimento da Terra em torno do Sol, alem da translação acima
referida, existe o movimento de rotação da Terra em torno de um
eixo que o atravessa de norte a sul, passando pelo seu centro. O que
fez a Terra girar? Quem ou o que provocou o torque? Na verdade,
isso remonta a como a Terra foi formada. As leis de conservação dão
conta do modelo atribuído aos movimentos de rotação e de
translação da Terra.

4. Movimento de inércia no plano inclinado


Se colocarmos uma casca cilíndrica de ferro e um cilindro de madeira de
mesmo peso, volume externo, diâmetro e mesma altura num plano
inclinado, a casca cilíndrica de ferro chegará primeiro. Se tem o mesmo
peso, tem a mesma massa e a aceleração da gravidade age da mesma
forma. Mas, a distribuição de massa da casca cilíndrica de ferro
corresponde a um momento de inércia maior que a do cilindro de madeira.
O cilindro que tem maior momento de inércia ganha mais energia de
rotação. Daí a sua velocidade maior.

5. Cilindro numa rampa


Um cilindro desce uma rampa rolando. Ele ganha energia potencial por
causa da descida e energia de rotação porque desce girando.

Equilíbrio
Introdução

Já foi visto no Capítulo 15 que, dado um sistema de referência, um corpo


permanece em repouso ou em movimento retilíneo e uniforme nesse
sistema, se nenhuma força resultante for aplicada ao corpo. O corpo
permanecerá em repouso se a sua velocidade inicial é nula no sistema de
referência escolhido. Isso representa o equilíbrio na translação ,o
corpo permanecerá em repouso se .

Por outro lado, se nenhum torque é aplicado ao corpo, ele permanecerá


estável também quanto às rotações. , o corpo não sofre rotações,
se já estava parado, conforme vimos no Capítulo 25.

Assim, dizemos que um corpo está em equilíbrio com relação a um


sistema de referência se e . Não haverá translação nem
rotação se já se encontrava parado. Exemplos de casos em que å = 0 e å =
0 são estudados em Estática. São vistos, em geral, forças e torques em
prateleiras, em pontes e em utensílios diversos.

Um aspecto que passa despercebido é que, sem conhecer as leis do


equilíbrio, nós nos valemos de comportamentos adquiridos, que são
coerentes com as previstas em física, como as que envolvem menor gasto
de energia. Desde pequenos, seguimos modos de atuar que sejam mais
cômodos ou mais fáceis para atingir um objetivo.

Uma dona de casa, por exemplo, carrega as compras da feira num carrinho,
que é fácil de puxar. Se ela leva sacolas, ela certamente as carrega com os
braços na vertical e não na horizontal, o que pode causar uma distensão do
braço mas não um torque. O gasto de energia é menor nessas escolhas.

Ao sentar, andar, pular e até ao espreguiçar, estamos automaticamente


usando forças e torques musculares de modo a não cair, isto é, mantendo o
equilíbrio necessário, instante por instante.

Equilíbrio no cotidiano

1. Prateleiras
Em geral, as estantes e as prateleiras são dotadas de hastes para torná-las
mais estáveis. Os marceneiros chamam a trava de "mão-francesa". A trava
contribui com um torque, que contrabalança o torque do peso total da
prateleira, incluído o peso dos objetos colocados em cima dela. A igualdade
dos torques garante que a prateleira não gire.

2. Equilíbrio em pontes e viadutos


Muitas pontes e viadutos têm estruturas com mãos-francesas metálicas ou
de madeira. Em outras, a própria estrutura em forma de arcos de concreto
dá conta do equilíbrio necessário.

3. Cesta de compras
Em geral, as pessoas carregam bolsas, cestas e sacolas no ombro ou no
braço bem perto do cotovelo. Com isso diminui o braço do momento e o
torque é menor.

4. Halterofilista
Repare em toda a técnica envolvida na formação de um halterofilista. Ele
tem que erguer e manter erguidos os halteres acima de sua cabeça por um
intervalo de tempo predeterminado. O equilíbrio do corpo, sem causar
lesões, deve ser mantido em cada fase do levantamento.
Rotação e Momento Angular
Introdução

O movimento de rotação é bastante comum no nosso mundo físico. Hoje


sabemos que o nosso mundo - a Terra - está em rotação em torno de um
eixo imaginário no espaço. A conseqüência disso é uma sucessão de dias
intercalados com noites.

A Terra, portanto, ilustra bem o exemplo de rotação em torno de um eixo. O


pião é outro exemplo de objeto que executa movimento de rotação. No
entanto, o seu movimento pode ser bem mais complexo do que a simples
rotação em torno de um eixo.

As portas das casas são fixadas aos batentes utilizando-se de duas ou três
dobradiças. O efeito das dobradiças é o de permitir o movimento de rotação
da porta em torno do batente da porta. Para fazermos uma porta girar
devemos aplicar uma força sobre a porta. Certamente, você já notou que é
mais fácil abrir a porta empurrando-a cada vez mais longe das dobradiças.

O que é movimento de rotação

O que caracteriza o movimento em geral é a variação do vetor de posição.


Dizemos assim que houve movimento se o vetor de posição r passou para
outro vetor de posição r', isto é,

Nós dizemos que o movimento é de rotação pura se a direção e o sentido


do vetor posição mudam, ou seja, se apenas o módulo do vetor permanece
constante. Portanto, numa rotação pura:
O vetor deslocamento angular

Podemos expressar o deslocamento devido à rotação como função do vetor


posição r. Para isso, introduzimos o vetor deslocamento angular. O vetor
deslocamento angular é definido (como todo vetor) a partir do seu módulo,
direção e sentido.

Direção

A direção do vetor deslocamento angular é dada pelo eixo de rotação.

Sentido

O sentido é dado pela regra da mão direita. Com a mão direita leve r para a
novo posição . O polegar indica o sentido.

Módulo

O módulo é igual à variação (do ângulo de rotação).

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