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POR UMA EPISTEMOLOGIA PARA A EJA QUE RECONHEÇA OS

SABERES E IDENTIDADES

Douglas Almeida de Oliveira1

Nazaré do Socorro Bitencourt Viegas2

A EJA na Amazônia é uma modalidade de ensino que tem como característica


uma pluralidade do público atingido que a delega um caráter extremante heterogêneo,
essa diversidade de público é movida em grande parte por questões de cunho
etnicorracial, cultural e econômico, não obstante, essa diversidade retrata um panorama
social desigual reflexo em muito das condições de trabalho, acesso à educação, além do
baixo nível de escolarização. Nesse sentido, e contraditoriamente a citação de Oliveira
percebe-se que:

(...) esse território da educação não diz respeito a reflexões e ações


educativas dirigidas a qualquer jovem ou adulto, mas delimita um
determinado grupo de pessoas relativamente homogêneo no interior da
diversidade de grupos culturais da sociedade contemporânea (OLIVEIRA,
1999, p. 59).

Já diferente do que a autora diz a EJA Amazônia possui uma singularidade em


que lhe é atribuída um espaço de diversidade cultural esses fatores nos reportam para o
quanto essa heterogeneidade dos sujeitos da EJA na Amazônia corrobora para sua
diversidade e que aglutina tanto jovens quanto adultos que possuem as mesmas
dificuldades, no entanto, gerada por diferentes fatores, fatores esses que os levaram a
retornar à escola, pois cada segmento social aqui mencionado possui uma característica
conforme sua inserção na sociedade e sua práxis social.
As distinções existentes entre os adultos e os jovens que frequentam as classes de
educação de jovens e adultos no Estado do Pará está relacionada a diversos fatores como
contexto cultural, social, e principalmente pela trajetória de vida desses sujeitos, haja vista
que o adulto da educação de jovens e adultos é aquele que busca alfabetiza-se ou cursar
o ensino supletivo, porque sente-se excluído da sociedade, Oliveira observa que,

O adulto, no âmbito da educação de jovens e adultos, não é o estudante


universitário, o profissional qualificado que frequenta cursos de formação
continuada ou de especialização, ou a pessoa adulta interessada em aperfeiçoar

1
Licenciado em Letras, atuando no Programa Saberes da Terra (UFPA), aluno do curso de especialização
em Educação de Jovens e Adultos para a Juventude (UFPA).
2
Licenciada em Letras e em Pedagogia, atuando no Programa Nacional de Alfabetização na Idade Certa
(UFPA), aluna do curso de especialização em Educação de Jovens e Adultos para a Juventude (UFPA).
seus conhecimentos em áreas como artes, línguas estrangeiras ou música, por
exemplo. Ele é geralmente o migrante que chega às grandes metrópoles
proveniente de áreas rurais empobrecidas, filho de trabalhadores rurais não
qualificados e com baixo nível de instrução escolar (muito frequentemente
analfabetos), ele próprio com uma passagem curta e não sistemática pela escola
e trabalhando em ocupações urbanas não qualificadas, após experiência no
trabalho rural na infância e na adolescência, que busca a escola tardiamente
para alfabetizar-se ou cursar algumas séries do ensino supletivo.
(OLIVEIRA, 1999, p. 59)

Por outro lado o jovem inserido nessa modalidade de ensino tenta sanar uma
defasagem idade serie que ocorreu por vários fatores em vida e vê na EJA a oportunidade
de qualificação. Como percebemos na citação de Oliveira:

E o jovem, incorporado ao território da antiga educação de adultos


relativamente há pouco tempo, não é aquele com uma história de escolaridade
regular, o vestibulando ou o aluno de cursos extracurriculares em busca de
enriquecimento pessoal.1 Não é também o adolescente no sentido naturalizado
de pertinência a uma etapa bio-psicológica da vida...), ele é também um
excluído da escola, porém geralmente incorporado aos cursos supletivos em
fases mais adiantadas da escolaridade, com maiores chances, portanto, de
concluir o ensino fundamental ou mesmo o ensino médio. É bem mais ligado
ao mundo urbano, envolvido em atividades de trabalho e lazer mais
relacionadas com a sociedade letrada, escolarizada e urbana. (1999, p. 59-60).

A autora nos chama a uma reflexão sobre a maneira de como que esses dois
segmentos pensam e aprendem para tanto é necessário, “(...) transitar pelo menos por três
campos que contribuem para a definição de seu lugar social: a condição de “não-
crianças”, a condição de excluídos da escola e a condição de membros de determinados
grupos culturais”. (OLIVEIRA, 1999 p. 60)
Extrair daí que o alto índice de evasão escolar está atrelada ao não atendimento e
reconhecimento desse público como diferenciado, por conseguinte, o não atendimento de
suas dessas demandas gera, além de outras coisas, a desistência em se manter na EJA,
outro fator que também podemos ressaltar são as condições extraclasse como de trabalho,
cultural e econômicas.
Verifica-se que há problemas de aprendizagem dos alunos na EJA em função das
técnicas didáticas adotadas para o aprendizado desse segmento de jovens e adultos, além
do baixo nível de escolarização verificado nos mesmos que nos remete a fatores que
expõe às condições desfavoráveis como fatores sociais, econômicos e culturais que
convergem para toda essa problemática que coaduna com a exclusão desse segmento.
Para Oliveira (1999, p. 61):
O tema da exclusão escolar é bastante proeminente na literatura sobre
educação, especialmente no que diz respeito a aspectos sociológicos —
relações entre escola e sociedade, direito à educação, educação e cidadania,
escola, trabalho e classe social — e aspectos pedagógicos ou psico-
pedagógicos — fracasso escolar, evasão e repetência, práticas de avaliação.

Diante do exposto inferimos que a situação de exclusão serve para descrever a


atual situação em que a educação de jovens e adultos se encontra no Estado do Pará a
qual não vem dialogando de forma a respeitar as aprendizagens dos jovens e adultos
inseridos nessa modalidade de ensino.
As alternativas que podem ser verificadas no processo de ensino e de
aprendizagem na escola para ajudar a corrigir ou amenizar essa problemática perpassa
por mudanças epistêmicas no que diz respeito ao conteúdo de formação dos professores,
mudanças atitudinais e comportamentais entre outras que venham a dialogar com os
conhecimentos adquiridos por esse segmento para com isso aproximar o conhecimento
empírico do científico fazendo com que o aluno da EJA possa se apropriar dos conteúdos
educacionais de forma mais eficiente. Ressalta-se que é necessário que a escola como um
todo reconheça esses sujeitos como detentores do conhecimento e do saber que a priori,
talvez não seja o cientifico, mas que ao longo do tempo irá corroborar para o
desenvolvimento pleno desses individuo para que os mesmos possam exercer su a
cidadania de maneira crítica e consciente.

REFERENCIAS

OLIVEIRA, Marta Kohl de, (1999). Jovens e Adultos como sujeitos de conhecimento
e aprendizagem: Trabalho apresentado na XXII Reunião Anual da ANPEd, Caxambu,
setembro de 1999.

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