Este experimento demonstra um importante processo na comunicação humana. Ao descobrir, você se tornará mais consciente de que aquilo que você fala, nem sempre é exatamente o que a pessoa entendeu. Da mesma forma, quando alguém fala com você, sua compreenssão sobre o que foi dito também pode ser subjetiva. No experimento, uma pessoa, de um lado da mesa, constrói uma figura com formas geométricas e a descreve verbalmente para a outra que está do outro lado da mesa. O ouvinte tenta fazer a mesma figura sem ver o trabalho do outro. O resultado é que a construção da figura do ouvinte é bem diferente da pessoa que a fez e a descreveu (note no destaque que os desenhos são bem diferentes). Evidencia-se com isso, que mesmo as simples palavras ou descrições podem significar coisas diferentes para cada um. Isso ocorre porque os processos mentais são únicos em cada indivíduo. Nossas experiências entram no cérebro e se armazenam na forma de redes neurais. Milhões dessas redes são associadas com outras experiências previamente armazenadas. Redes específicas em cada indivíduo podem ser ativadas quando se ouve o outro, seja por uma simples conversa, uma leitura, ouvir uma aula, ler uma postagem, etc. Aquela informação ou conhecimento que está entrando no cérebro pode se conectar com outras redes de experiências do indivíduo, então ele a interpreta da forma dele. Este conhecimento nos faz pensar que, ao nos comunicar com alguém, temos que estar conscientes de que a pessoa terá a interpretação própria dela. Geralmente os entendimentos se coincidem, devido a educação e vivências semelhantes, mas muitas vezes não é o que ocorre, como por ex., devido à maturidade de um e de outro, à cultura, a processos mentais diferentes, como alta ou baixa auto-estima, etc. Daí surgem também as afinidades ou os conflitos, ou seja, por um lado certas pessoas “falam a mesma língua”; por outro, dependendo da forma de falar, o ouvinte pode se sentir ofendido, mesmo que não tenha havido intenção de quem falou. Por isso, o mais adequado seria, em eventuais situações, perguntar ao ouvinte não somente se ele entendeu o que você quis dizer, como é bem comum atualmente, mas pedir para dizer o que ele entendeu sobre o que você disse. O escritor português de contos infantis Antônio Palhinha, criou uma possibilidade inovadora e produtiva para isso. Ele deixa folhas em branco em seu livro para dar oportunidade às crianças escreverem o que elas entenderam sobre o conteúdo do livro. Entendendo exatamente ou subjetivamente o que queremos dizer ao outro nos deixa conscientes da individualidade na compreenssão de cada um. E também, nos ensina que precisamos tomar cuidado com as palavras para não causar má interpretação nos outros. Na dúvida, que usemos palavras gentis, delicadas e respeitosas na nossa forma de falar, em qualquer momento e em qualquer situação.