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passoapasso Outubro | Novembro 2014 | Ano XX | Nº 154

Um novo
horizonte
Empresários de Ibitipoca lançam a
primeira central de negócios no segmento
de turismo e hospitalidade do Brasil

ISSN 2238-2178
União de empresas Incentivo para
do setor energético startups mineiras
gera maior eficiência na busca da
produtiva inovação
9 772238 217000
“Eu alcancei
mercados fora
de Minas. O SebraE
me ajudou a divulgar
o meu produto
no Brasil inteiro.”

Christiana dos Mares Guia - Empreendedora

O Sebraetec é uma iniciativa do Sebrae que oferece


conhecimento em inovação e tecnologia para as micro
e pequenas empresas e produtores rurais. Mais do que
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tipos de negócios, o Sebraetec ajuda a promover
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CARTA AO LEITOR

Criatividade e gestão

A
busca pela competitividade requer estratégias
criativas e eficientes por parte das micro e peque-
nas empresas. Quando os empreendedores apren-
dem a trabalhar em conjunto, estabelecendo e
mantendo relações de parceria, conseguem se po-
sicionar melhor no mercado. Isso porque a união entre em-
presas fortalece o poder de compra, facilita o acesso a linhas
de crédito, pesquisas e inovações, além de gerar produtos e
serviços com qualidade superior.
Muitas MPE já descobriram as vantagens de trabalhar des-
“Quando os sa maneira. Existem hoje, no Brasil, mais de 790 centrais de
empreendedores negócio ativas - a maioria do segmento de material de cons-
aprendem a trução e supermercados. Esse modelo de gestão chega agora
trabalhar em ao setor de Turismo.
A Central de Negócios Rede Ibitipoca Turismo e Hospitali-
conjunto, dade, com sede na vila de Conceição do Ibitipoca, é a primeira
estabelecendo do segmento de turismo e hospitalidade no Brasil. Ela reúne
e mantendo 13 estabelecimentos dos setores de alimentação, hospedagem,
relações de aluguel de casas, artesanato, café caipira, passeios e guias. Uma
ação criativa e inovadora, tema da matéria de capa desta Passo a
parceria, Passo. A criação da Central de Negócios é apenas uma das ações
conseguem se projetadas para desenvolver a cadeia turística do Ibitipoca.
posicionar Ainda nesta edição, destacamos um importante avanço: a
melhor no Lei Geral da Micro e Pequena Empresa foi atualizada e ga-
nhou um adendo que trará mais vantagens aos empresários.
mercado” Uma das principais mudanças destaca o critério do porte e fa-
turamento para opção pelo Supersimples, e não mais o da ati-
vidade exercida. Com essa iniciativa, a norma passa a ser uni-
versal e a atender setores do comércio, indústria, construção
civil e serviço (inclusive, intelectual). Em entrevista à Passo
a Passo, o gerente de Políticas Públicas do Sebrae Nacional,
Bruno Quick, analisa as mudanças dessa legislação.

Boa leitura!

LÁZARO LUIZ GONZAGA


Presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae

www.sebrae.com.br/minasgerais 3
PASSO A PASSO
XXXXXXXXXXX

Pág. 6 CULTURA
Projeto potencializa vocação
Passo a Passo é uma publicação do Serviço de Apoio turística e cultural da
às Micro e Pequenas Empresas de Minas Gerais histórica Diamantina
(Sebrae Minas). Registro no Cartório Jero Oliva nº 931.
Conselho Deliberativo do Sebrae Minas:
BB, BDMG, CDL-BH, CEF, Cetec Ciemg, Faemg, Fapemig,
Pág. 12 CASO DE SUCESSO
Fecomércio-MG, Federaminas, Fiemg, Administrador encontra
Indi, Ocemg, Sebrae e Sede. oportunidades nos nichos de
Presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae Minas: rastreamento de veículos
Lázaro Luiz Gonzaga
Superintendente: Afonso Maria Rocha
e automação residencial
Diretor Técnico: Luiz Márcio Haddad Pereira Santos
Diretor de Operações: Fábio Veras
Conselho editorial: Albertino Corrêa, Alex Pena, Aline
de Freitas, Andrea Avelar, Carlos Vieira Pinto, Daniela
Toccafondo, Danielle Fantini, Denise Sapper, Edelweiss
Petrucelli, Gustavo Moratori, Jefferson Ney Amaral,
Jefferson Soares, José Márcio Martins, Karinne Mendes,
Luciana Patrícia Rezende, Március Marques Mendes,
Mônica Castro, Paulo César Barroso Veríssimo,
Regina Vieira e Rosely Vaz.
Gerente de Comunicação: Teresa Goulart
Jornalista responsável: Andrea Avelar – MTb 06017/MG
Pág. 15 INOVAÇÃO
Produção editorial: Rede Comunicação de Resultado Sebraetec fomenta
Edição: Jeane Mesquita e Licia Linhares empreendedorismo para
Reportagem: Adriana Moreira, Ana Paula Araújo,
Bárbara Fonseca, Beatriz Debien, Brígida Alvim, Juliana desenvolvimento de
Soares, Laura Conrado, Marla Domingos, Mariana novas tecnologias
Gualberto, Pamella Berzoini, Paula Völker, Raíssa Maciel,
Rayane Dieguez e Viviane Miranda.
Revisão: Liza Ayub Pág. 20 SMART GRID
Design e diagramação: Clayton Pedrosa Projeto Coletivo apoia o
Foto capa: Pedro Vilela/Agência i7
Ilustrações: André Fidusi, Cláudio Duarte, desenvolvimento de alternativas de
Clayton Pedrosa, Clermont Cintra, Eduardo Araújo eficiência energética pelas MPE
e Mayron Henrique.
Projeto gráfico: Brava Design
Impressão: EGL Editores Gráficos Pág. 26 ARTIGO
Periodicidade: bimestral
Tiragem: 15 mil exemplares
Cláudio Forner mostra como
agregar mais competitividade
Redação:
passoapasso@sebraemg.com.br às MPE frente às grandes
Av. Barão Homem de Melo, 329 redes de varejo
Nova Granada – Belo Horizonte
Minas Gerais – CEP: 30.431-285 – 08005700800
Pág. 28 SUSTENTABILIDADE
www.sebrae.com.br/minasgerais Fazenda Engenho D’água se
destaca pela atuação responsável
Prêmio Aberje 2012
Vencedor nacional nos âmbitos social, ambiental
Categoria mídia impressa e financeiro
Pág. 34 STARTUP Pág. 72 CAPACITAÇÃO
Identidade Startup prepara Programa de
empreendedores para o mercado Adensamento da
Cadeia Produtiva do
Pág. 40 ENTREVISTA Petróleo e Gás capacita
Bruno Quick explica as 69 fornecedores
mudanças e benefícios de Uberaba
da universalização
do SuperSimples Pág. 76 CONSULTORIA
Saiba como definir o
Pág. 44 PORTA A PORTA melhor preço de
Atendimento porta a porta aproxima venda e investir no
micro e pequenos empreendedores merchandising visual
das ferramentas de gestão de sua empresa

sumário
Pág. 50 CAPA Pág. 80 É BOM SABER
Empresários de Ibitipoca apostam Sebrae lança cartilhas
na primeira central de negócios do com orientações legais
setor de turismo e hospitalidade e tributárias de
e-commerce. Produtores
Pág. 58 EDUCAÇÃO de café comemoram
Da teoria à prática, empreendedorismo a marca Região das
vira disciplina e conquista espaço Matas de Minas
nas escolas e universidades

Pág. 64 NOTAS

Pág. 68 ALIMENTAÇÃO
Franqueados do grupo China in Box,
na Grande BH, participam do
Programa Alimentos
Seguros (PAS)

www.sebraemg.com.br/minasgerais 5
CULTURA
Fotos: Igor Coelho/Agência i7

Pequena notável
Preservação da história, planejamento estratégico e capacitação
profissional são alguns dos ingredientes que colocam Diamantina
no roteiro turístico-cultural nacional
Belas igrejas barrocas com oratórios ba- pela Universidade Federal dos Vales do Je-
nhados a ouro, casarões do período colonial quitinhonha e Mucuri, em parceria com a
e natureza exuberante são alguns dos mo- Secretaria de Turismo de Diamantina, 74%
tivos que tornam Diamantina um atrativo dos turistas que visitam a cidade são de ou-
turístico. A cidade, localizada no Vale do tros municípios mineiros, 16% pertencem
Jequitinhonha, região Nordeste de Minas ao Sudeste do país e apenas 3% são estran-
Gerais, faz parte do Circuito das Cidades geiros, principalmente da Argentina, Escó-
Históricas do estado e é uma das paradas cia e Itália. O turismo é um dos principais
obrigatórias para quem se aventura pelo setores da economia local, ao lado da extra-
circuito da Estrada Real. Segundo a pes- ção mineral.
quisa Perfil da Demanda Turística Real de O tradicional roteiro turístico-cultural é
Diamantina e Região, realizada, em 2013, um forte aliado para a proprietária do restau-

6 PASSO A PASSO OUTUBRO/NOVEMBRO 2014


rante Recanto do Antônio, Jaqueline Heloísa
da Silva. “Abri o estabelecimento em 2005,
quando a cidade começou a receber um gran-
de contingente de turistas. O movimento in-
tenso continuou até 2009, principalmente
na alta temporada, nos períodos do carnaval,
da Semana Santa e das vesperatas, realizadas
entre os meses de março e outubro”, diz.
Nessa época, Diamantina também ga-
nhou visibilidade nacional após a conquista
do título de Patrimônio Cultural da Huma-
nidade. A cidade experimentou um movi-
mento de resgate de tradições culturais que
deu origem a diversos produtos turísticos,
como as serestas e os concertos musicais. “A
criação de projetos de incentivo ao turismo,
com o apoio da prefeitura e do Ministério
do Turismo, e a formatação do calendário
cultural, que trouxe uma programação rica,
também colocaram a cidade na rota do tu-
Com a melhoria na gestão do restaurante, Jaqueline da Silva rismo nacional”, afirma Luciana Teixeira,
obteve uma economia de quase 40% ao ano analista do Sebrae Minas.

www.sebrae.com.br/minasgerais 7
Mas a falta de inovação, e de es- 2013, 92% dos meios de hospedagem
truturação da oferta turística e plane- da cidade registraram um crescimen-
jamento estratégico contribuíram para to da taxa de ocupação em compara-
a queda do movimento de turistas. Foi ção ao ano anterior, e 95% dos empre-
também um período em que os brasilei- endimentos afirmaram ter melhorado
ros tinham com um maior poder de com- o faturamento. Esses valores superaram,
pra, o que os levou a buscar destinos dife- em muito, a nossa meta”, declara Luciana
rentes, inclusive, no exterior. Diamantina Teixeira. Com a participação de 16 empre-
passou a concorrer com outras cidades his- sários, em 2014, o foco do projeto está no
tórias do país e também com outros países. fortalecimento da governança corporativa.
Para reverter esse quadro, o Sebrae Minas, ”Queremos que os empreendedores pen-
em parceria com a prefeitura, está à frente, sem em uma agenda estratégica conjunta
desde 2009, do projeto Turismo Cultural em para o destino, e não apenas para o seu em-
Diamantina, que visa aumentar a ocupação preendimento”, acrescenta. Para tanto, uma
hoteleira, o fluxo de visitantes e a movimenta- consultoria está em contato com a Associa-
ção econômico-financeira local. “Restauran- ção Diamantinense das Empresas Ligadas
tes, bares e meios de hospedagem já aderiram ao Turismo (Adeltur), que busca, entre ou-
à iniciativa e, como resultados intermediários, tros objetivos, desenvolver o espírito coope-
temos o aumento do nível de gestão das em- rativo e a sinergia do grupo.
presas e da inovação para melhoria da compe- Com esse intuito, seis empreendedores
titividade”, destaca Luciana Teixeira. participaram de uma missão a Tiradentes,
De lá para cá, o projeto cresceu. O início em agosto deste ano, que, assim como Dia-
foi marcado por ações de regionalização e es- mantina, passou por esse mesmo processo
truturação das bases de gestão do setor, com e obteve êxito. “É essencial que os empre-
a promoção de capacitações para a criação sários entendam que, trabalhando juntos,
dos conselhos de turismo nos municípios poderão desenvolver a cidade como um des-
que compõem o Circuito dos Diamantes (Al- tino turístico, e que isso precisa ser feito em
vorada de Minas, Couto de Magalhães de Mi- sinergia com o poder público e a comuni-
nas, Datas, Diamantina, Felício dos Santos, dade”, frisa Luciana Teixeira. Outra ação do
Gouveia, Monjolos, Presidente Kubitschek, projeto foi o apoio à criação e ao fortaleci-
Rio Vermelho, Santo Antônio do Itambé, mento do Conselho Municipal de Turismo
Senador Modestino Gonçalves, São Gonçalo (Comtur), que delibera sobre o uso da verba
do Rio Preto e Serro). O passo seguinte foi a do Fundo Municipal de Turismo. “Esse ali-
estruturação do segmento no mercado, com nhamento é importante para que o recurso
a descrição de um plano de marketing turís- seja bem-utilizado.”
tico que originou a marca Viva Diamantina,
criada para divulgar a cidade e seus atrativos. MENOS PERDAS, MAIS GANHOS I Na busca
“Foram ações que elegeram a musicalidade e pela melhor organização dos negócios lo-
a cultura viva de Diamantina como seus pon- cais, a atividade que mais obteve ganhos foi
tos fortes, que sempre estiveram presentes o Programa Alimento Seguro (PAS), que in-
em cada canto da cidade, mas que, hoje, são centivou os empresários a fazer alterações
fundamentais para a competitividade”, acres- estruturais e de processos, com foco na me-
centa a analista do Sebrae Minas. lhoria da qualidade e segurança alimentar.
Em seguida, foi criado o Festival de Gas- Seguindo essa orientação, Jaqueline da Silva
tronomia e Cultura, que, junto às demais fez alguns investimentos: trocou a cortina
atividades, busca elevar o fluxo de turistas de tecido da porta da cozinha por uma de
em períodos fora da alta temporada. “Em PVC, estabeleceu procedimentos de pro-

8 PASSO A PASSO OUTUBRO/NOVEMBRO 2014


dução e higiene e substituiu fornecedores. “Os novos padrões nos
“Obtive com isso maior agilidade nos servi-
ços, um padrão eficiente de armazenamento
possibilitam menos perdas e
do estoque, com a utilização de etiquetas de mais lucros. É um investimento
identificação com os nomes dos produtos e as que fazemos hoje para ter um
datas em que foram embalados e armazena- retorno maior amanhã”
dos, e aprendi boas práticas na cozinha para Lúcia Nascimento, proprietária
a higienização, por exemplo, das frutas, que
agora são lavadas e secadas antes de serem do Al Árabe
armazenadas na geladeira”, detalha. “Foram
mudanças pequenas, mas que nos possibili-
taram uma economia de quase 40% ao ano.”
Os investimentos também priorizaram
a área financeira. “Fui incentivada a cursar
faculdade de Administração e, hoje, tenho mana. “Temos perspectivas de aumentar es-
mais maturidade empresarial e sei a neces- ses números, porque o projeto trouxe mais
sidade de uma vida financeira saudável para visibilidade para os estabelecimentos daqui.”
o nosso desenvolvimento”, frisa Jaqueline da
Silva, que também incentiva sua equipe a INVESTIR PARA CRESCER I Aberto em 2007,
participar de treinamentos. “Os funcionários o restaurante Al Árabe também contabiliza
percebem que isso não traz ganhos apenas melhorias. Três funcionários são responsáveis
para o restaurante, mas para a vida profissio- por atender cerca de 40 clientes por dia, que,
nal de cada um.” Com uma equipe composta entre as especialidades da casa, destacam o
por nove pessoas, o restaurante Recanto do falafel (um bolinho frito de grão-de-bico), as
Antônio serve uma média de 40 pratos por esfihas e os pratos com carne de carneiro. “A
dia, podendo chegar a 100 nos finais de se- consultoria do PAS nos trouxe conhecimento.

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Padronizamos os procedimentos de limpe- EXPECTATIVAS EM ALTA I Mariana Felício,
za e higienização e utilizamos etiquetas para proprietária da Pousada do Garimpo, con-
documentar, de maneira mais organizada, o ta que, antes do início do projeto, os em-
estoque e os produtos guardados na geladeira. presários de Diamantina não possuíam
Hoje, o nosso foco é manter a qualidade da ali- um planejamento estratégico formatado.
mentação oferecida no restaurante”, declara a “Eram apenas ações isoladas. O Sebrae
proprietária Lúcia Nascimento. Minas uniu o grupo e as ideias. Todos co-
O estabelecimento também passou por meçaram a traçar objetivos em conjunto,
uma reforma, proporcionando mais confor- tendo como direcionamento a melhoria da
to para os clientes. “Estávamos em um perí- atividade turística local.” Entre os resulta-
odo crítico e, agora, já conseguimos colocar dos, ela destaca o crescimento da taxa de
os números em dia. Os novos padrões nos ocupação da pousada. “Mudamos a ges-
possibilitam menos perdas e mais lucros. É tão e o planejamento do negócio, criamos
um investimento que fazemos hoje para ter programas de fidelização do cliente e co-
um retorno maior amanhã”, comenta a em- locamos em prática um planejamento es-
presária, que ainda destaca a importância da tratégico e de marketing, que já tem metas
profissionalização de sua equipe, incluindo alcançadas, como a remodelação das insta-
a do marido e chef do restaurante, Ahmad lações”, anuncia.
Issa. “Sempre que possível, os funcionários A empresária explica que uma das mu-
participam de cursos e consultorias ofereci- danças foi o aumento do número de quar-
dos pelo Sebrae Minas. É uma maneira de tos da pousada, que agora disponibiliza 54
investir nas pessoas.” apartamentos, uma suíte panorâmica, uma

Turismo cultural
Clermont Cintra

em Diamantina

67% 82
Efetividade do projeto
(2011 - 2012)
%
Índice de adesão dos empresários de aumento do faturamento dos de aumento da
estabelecimentos participantes ocupação hoteleira

14 18 19 21 16

HOTEL

2010 2011 2012 2013 2014


Fonte: Sebrae Minas

10 PASSO A PASSO OUTUBRO/NOVEMBRO 2014


executiva e uma máster. “O que nos permite
hospedar uma média de 800 a mil clientes
por mês”, informa. Uma equipe de 35 fun-
cionários se divide em quatro setores prin-
cipais: hospedagem, alimentos e bebidas,
administrativo e serviços gerais. Todos eles
receberam capacitação. “Ter uma equipe
qualificada e satisfeita traz ganhos enormes
para qualquer negócio: aumenta a produtivi-
dade, diminui as perdas e melhora o atendi-
mento, a higiene e os padrões de qualidade,
fatores que refletem na área financeira.”
Em paralelo, a participação no Programa
5 Menos que são Mais ajudou a empresária
a reduzir os gastos com a energia elétrica, a
partir de sua conscientização e da equipe a
respeito do consumo consciente. “O proje-
to do Sebrae Minas possibilitou um retorno
imediato e nos ajudou a persistir. Este ano, já
percebemos uma economia, e as expectativas
são muitos boas. Logo vamos colher os frutos Com o aumento do número de quartos na pousada,
de tudo o que foi feito”, finaliza. Mariana Felício hospeda de 800 a mil clientes por mês

Perfil dos turistas

74%
4% 1 ficam apenas
um dia na
cidade

16% 5 % 3 % 1% 1%

28% 2
Exterior Região Não

Região Região Argentina Sul informou


Escócia ficam
Minas Gerais Sudeste Nordeste Itália
dois dias

4% Viajam

4%
sozinhos

63% Viajam com até


3 ficam
três dias
4 acompanhantes

33% Viajam em grupos com


mais de 6 pessoas

Fonte: 8ª Pesquisa Perfil da Demanda Turística Real de Diamantina e Região – 2013


64% 4 ficam quatro
dias ou mais

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CASO DE SUCESSO

À frente do De forma pioneira, empreendedor

tempo
investe nos ramos de rastreamento
de veículos e automação
residencial e ganha mercado
internacional

A
os 26 anos, Gustavo Horta Travassos saía foram além da expectativa: as vendas aumenta-
de sua cidade natal, Juiz de Fora, na Zona ram, inclusive, para o exterior.
da Mata, para trabalhar como adminis- Com sede em Belo Horizonte, a empresa,
trador de empresas em um estabelecimento da que, no início, fabricava apenas rastreadores
capital mineira. No entanto, após um ano na para carros particulares, já engloba tablets indus-
atividade, ele percebeu que poderia ir além. Para triais e DVDs que atendem desde frotas de ca-
isso, focou o empreendedorismo como o cami- minhões, polícia e ambulâncias até automação
nho para a conquista desse ideal. Foi então que, residencial. A Maxtrack é líder de seu segmento
em 1998, comprou uma passagem para Miami na América Latina, com dois milhões de equipa-
(Estados Unidos) a fim de conhecer as novidades mentos em funcionamento no Brasil e em mais
tecnológicas que lá estavam sendo desenvolvidas. 40 países, mantendo uma atuação internacional
“Tirei um recesso de uma semana e fiz a via- solidificada nas cidades de Pequim, Hong Kong
gem sem nem mesmo reservar hospedagem. e Taiwan, na China. Somente no ano passado,
Queria participar de apresentações, palestras e o faturamento totalizou quase R$ 100 milhões
discussões para descobrir o que poderia trazer em valores brutos, e o objetivo é aumentar esse
ao Brasil”, recorda. E a atitude deu certo. Ele número em cinco vezes até 2018.
descobriu um serviço de rastreamento usado
no exército americano e viu ali um novo nicho.
Com o apoio de um sócio, responsável pela
criação do produto, já que a sua formação não
compreendia a área de tecnologia da informa-
ção, fundou, aos 30 anos, a Maxtrack. O objeti-
vo da empresa era desenvolver e fabricar rastre-
adores de veículos, visando ao maior controle
de rodagem e de localização e segurança do
cliente. Simples? Nem tanto. Na época, poucas
pessoas possuíam computador, e a proposta
ainda era pioneira e desconhecida. Frente a
essas dificuldades, ele buscou outras parcerias
e reestruturou o pequeno negócio, passando a
trabalhar com clientes mais sólidos. Foi quan-
do notou um desenvolvimento crescente.
“Em 2002, meu sócio optou por seguir ou-
tros caminhos e comecei a gerenciar a empresa
sozinho. Nessa época, devido às dificuldades que
havíamos passado, já era capaz de tomar deci-
sões da engenharia tecnológica, ainda que sem
uma formação na área”, conta. Os resultados

12 PASSO A PASSO OUTUBRO/NOVEMBRO 2014


DESAFIOS E OPORTUNIDADES I Típico empre- da para automação de segurança residencial e de
endedor de atitude, conceito trabalhado pelo pequenas organizações. Ela comercializa dispo-
Sebrae Minas que ressalta a conduta do indi- sitivos de biometria para controle de entrada e
víduo como fator de seu sucesso empresarial, saída de funcionários, de alarmes eletrônicos e
indo além de suas habilidades de gerenciamen- de equipamentos, como lâmpadas, aquecedores,
to, Gustavo Travassos está sempre em busca ar-condicionado, eletrodomésticos e sensores de
de novidades. Devido a essa característica, ele movimento. Todos eles podem ser acionados via
foi reconhecido, em 2012, como Empreende- smartphone. “O intuito é fazer da Denox uma
dor Endeavor, principal instituição mundial empresa de um milhão de clientes. Estou me
de seleção e apoio a empreendedores de alto preparando para essa conquista e, também, para
impacto, que criam empresas que prosperam, uma eventual abertura de capital em cerca de
empregam milhares de pessoas e movimentam quatro anos”, vislumbra o empresário.
milhões de reais em salários e receita. Mas ele Com o novo negócio, ele deixou a posi-
dispensa os rótulos. “Aos olhos de fora, o termo ção de CEO da Maxtrack e colocou em seu
bem-sucedido tem relação com o sucesso fi- lugar um profissional com características
nanceiro. Mas, para o empreendedor, essa não gerenciais adequadas para levá-la ao patamar
é uma boa medida. No meu caso, o desafio é de expansão desejado. “Hoje, meu tempo é
fazer algo melhor, maior e mais rápido, o que distribuído em cerca de 80% para a Denox e
não é fácil e nem sempre vai acontecer”, diz. 20% para a Maxtrack, onde passei a ocupar
E desafios não faltam em sua trajetória. Per- uma posição no conselho”, revela.
cebendo uma fatia do mercado em crescimento,
ele criou uma nova empresa especializada no INGREDIENTES DE SUCESSO I Atualmente, cerca
setor de IoT (internet das coisas), em que ob- de 1,5 milhão dos domicílios brasileiros contam
jetos e tarefas do dia a dia ganham inteligência com algum sistema de automação residencial.
e conectividade com a internet. Assim, em no- Nos últimos quatro anos, o crescimento regis-
vembro do ano passado, nasceu a Denox, volta- trado pelas empresas do ramo foi de 300%, mo-
vimentando R$ 4 bilhões, segundo a Associação
Brasileira de Automação Residencial (Aureside).
Mas, quando Gustavo Travassos abriu a sua pri-
meira empresa, a população brasileira não tinha
informações sobre a existência dessas soluções.
Por que se arriscar tanto em um mercado des-
stock-photo

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Pedro Vilela/Agência i7

“Acredito que nunca estamos em Harvard (Estados Unidos) sobre cresci-


mento nos negócios. O primeiro foi sobre o
completos e sempre existe algo tema inovação. “Acredito que nunca estamos
para apren­der, principalmente completos e sempre existe algo para aprender,
no setor de tecnologia, em que principalmente no setor de tecnologia, em
tudo muda o tempo todo” que tudo muda o tempo todo.”
Além da constante busca pela qualificação,
Gus­tavo Travassos, proprietário ele também foca o gerenciamento de sua equipe.
da Maxtrack Com uma média de 240 colaboradores, a Max-
track tem uma estrutura de Recursos Humanos
(RH) que funciona em paralelo com a diretoria
conhecido? “A vontade de inovar foi o que me de Gente e Gestão. Já a Denox, que conta com
motivou. Fui intuitivo e corajoso, mas não incon- pouco mais de 30 profissionais, não possui um
sequente”, responde o empreendedor. Para isso, diretoria para a área, mas as atividades são divi-
ele estudou minuciosamente cada um de seus in- didas em três pilares: processos administrativos
vestimentos e se capacitou ao longo desses anos. de RH, gestão métrica de resultados individuais
“Acredito na educação aplicada e no empreende- e gestão de cultura empresarial. “Saber trabalhar
dorismo como os principais meios de transforma- a gestão é fundamental, e fazer com que ela seja
ção social. Assim como as escolas, as empresas entendida pela equipe é essencial para que todos
têm uma grande responsabilidade nesse sentido, acreditem em seu trabalho e no impacto que ele
na medida em que ambas conseguem transmitir tem nos resultados da organização”, explica Gus-
conhecimento e valores de forma impactante.” tavo Travassos. Com esse intuito, ele busca re-
Gustavo Travassos se esforça para se man- forçar a cultura empreendedora dentro das duas
ter atualizado e faz, pelo menos, um curso ao empresas. “Foco o planejamento e a estratégia.
ano, no exterior, para conhecer as novidades As ações se baseiam na implicação deles no futu-
em desenvolvimento. Recentemente, parti- ro, e todos da equipe sabem a importância de sua
cipou, pela segunda vez, de uma capacitação contribuição para que isso aconteça”, conclui.

14 PASSO A PASSO OUTUBRO/NOVEMBRO 2014


INOVAÇÃO

Incentivo às
boas ideias
Com o subsídio de até 80% do Sebraetec, empreendedores mineiros
investem no desenvolvimento de produtos tecnológicos e inovadores
A tecnologia da informação tem se tornado gerando ganho de tempo, economia de recur-
uma aliada cada vez mais importante para as sos e competitividade. Para cuidar deste assun-
micro e pequenas empresas (MPE), por apoiá- to, o Sebrae Minas conta com um programa
-las tanto no desenvolvimento de soluções e específico, o Sebraetec, que oferece soluções
serviços quanto na relação com o público-al- nas áreas de design, sustentabilidade, qualida-
vo, no armazenamento e na geração de dados de, produtividade, tecnologia da informação,
importantes para processos de decisão, entre comunicação e inovação. A iniciativa subsidia
outras possibilidades. Aplicável a todos os seg- até 80% do valor da elaboração de projetos de
mentos de negócio, a inovação tecnológica per- empreendedores com interesse em moderni-
mite ultrapassar fronteiras e superar limites, zar produtos, processos ou serviços.

stock-photo

www.sebrae.com.br/minasgerais 15
Juliana Flister/Agência i7

A Educartec, sediada em Uberaba, no Tri- acessar o banco de objetos de aprendizagem


ângulo Mineiro, é uma das empresas benefi- e apresentar em sala de aula.”
ciadas pelo programa. Com esse apoio, o seu Para chegar à solução, iniciada em 2012, a
sócio-administrador, Alexandre Conceição Educartec contou com o auxílio do Sebraetec.
Bastos, investiu na criação do software Livro “O software exige programadores voltados
Vivo mobile, que permite dar vida aos livros para pesquisa, uma mão de obra cara e rara no
impressos. “É difícil para o professor manter Brasil. O Sebraetec ajudou a identificar esses
o interesse dos alunos nas salas de aula, fa- profissionais. Acredito que esse é o formato
zendo uso dos métodos tradicionais de ensi- de fomento mais viável e dentro da realidade
no, frente aos constantes estímulos que eles da microempresa. Funciona de forma desbu-
recebem de jogos e redes tecnológicas. O Li- rocratizada e atua no foco e na necessidade da
vro Vivo leva o dinamismo do mundo virtual empresa”, descreve o empresário.
para dentro dos livros didáticos”, explica. A Educartec nacionalizou a tecnologia
A novidade ajuda a tornar o aprendizado de visão computacional, princípio em que o
lúdico e prazeroso. Para aprender sobre o sis- computador capta imagens e toma decisões
tema digestivo, por exemplo, o aluno pode ter com base nelas. De acordo com Alexandre
a possibilidade de aproximar-se de um deter- Bastos, trata-se de uma tecnologia ainda em
minado órgão, avaliar sua estrutura externa e desenvolvimento, que veio com a evolução
interna, manipular e visualizar de vários ân- do código de barras e do tag code. “O Livro
gulos. Também pode observar um animal pre- Vivo mobile é a versão móvel da Mesa Educa-
dador, suas dimensões e movimentos à medi- cional, o primeiro produto desenvolvido pela
da que mover o tablet ou celular. Alexandre Educartec, com a mesma funcionalidade,
Bastos ainda revela que o software lança mão mas voltado para computadores e notebooks.
de um recurso chamado realidade ampliada, Agora, o aluno pode acessar o conteúdo tam-
para aplicar imagens tridimensionais e gerar bém fora da escola, pelo tablet ou smartpho-
interatividade. “É um sistema de autoria, em ne, e sentir-se estimulado a estudar em casa.”
que o próprio professor pode criar o conte- O produto será disponibilizado ao mer-
údo, com poucos cliques. Basta digitalizar cado no fim deste ano, a partir do workshop
as páginas em que deseja aplicar a inovação, Tecnologia na sala de aula, promovido pela

16 PASSO A PASSO OUTUBRO/NOVEMBRO 2014


“Acredito que esse é o formato tradas e viabilizar a logística necessária. O
projeto foi criado, com a ajuda do Sebraetec,
de fomento mais viável pelos empreendedores Luiz Paulo Pinto, Edu-
e dentro da realidade da ardo Ladre e Daví Santiago, que residem em
microempresa. Funciona de for­ma Varginha, no Sul de Minas.
desburocratizada e atua no foco e A empresa está abrindo um novo nicho de
mercado e se posiciona como um gateway de
na ne­cessidade da empresa” fretes por fazer a intermediação entre inúme-
Alexandre Bastos, criador ras transportadoras e potenciais clientes em
do Livro Vivo todo o país. Para quem busca um frete, o site
oferece acesso gratuito, permitindo a busca e a
contratação de forma rápida e econômica, com
poucos cliques. Por outro lado, proporciona às
Educartec para escolas, professores e secre- transportadoras cadastradas visibilidade, con-
tários de educação de três estados – Minas tato de clientes e otimização de tempo e cus-
Gerais, São Paulo e Paraná. A ideia é que tos para a entrega dos produtos. Os pacotes de
esse público se torne usuário e propagador lançamento oferecem plano trimestral grátis,
do Livro Vivo, que oferece benefícios sem semestral a R$ 500 e anual a R$ 700.
ônus para a escola. O retorno financeiro virá O funcionamento é parecido com o de si-
das vendas do software às editoras de livros tes de busca de preços, que levantam as infor-
didáticos, que poderão incrementar seus pro- mações e comparam preços. Acessando o site
dutos. “O consumidor final, que são escolas www.simplificafretes.com.br, o cliente infor-
públicas e privadas, representam um univer- ma as características da carga e o destino e
so muito amplo. Nossa expectativa é de que recebe opções de transportadora. A consulta
esse setor desperte o interesse das grandes é rápida e gratuita. “O sistema lista todas as
editoras, que, por sua vez, vão procurar a operadoras que fazem a rota informada pelo
Educartec. Vamos fornecer tanto o software usuário, avaliando preço e prazo de coleta
para que elas incrementem seus livros quan- de qualquer tipo de mercadoria, desde uma
to desenvolver conteúdo por demanda”, con- latinha de refrigerante até um container. Na
textualiza Alexandre Bastos. Dessa forma, mesma plataforma, o interessado pode con-
a Educartec planeja se tornar sustentável e, tatar a transportadora e contratar o serviço”,
dentro de um ano, ser capaz de bancar suas exemplifica Luiz Paulo Pinto.
pesquisas. A expectativa de retorno do inves- A ideia surgiu da experiência dos sócios,
timento é de até seis meses após a realização especializados em Comércio Exterior, que
do workshop para educadores. têm sempre grandes desafios em logística
de transporte de mercadorias para solucio-
FRETE SOB MEDIDA I Antes de contratar um nar. “Há um ano, pensávamos em abrir um
serviço de transporte de mercadorias, é ne- site de compras coletivas, mas decidimos
cessário levantar preço, prazo, disponibili- apostar na logística, que é algo que domi-
dade, condições e cobertura do destino de- namos. Tivemos a ideia de criar um com-
sejado. Essa pesquisa demanda alguns dias, parador de fretes, montamos um plano de
e-mails e telefonemas, mas, agora, com o negócio e buscamos o apoio do Sebraetec
sistema Simplifica Fretes, todos esses dados para colocá-lo em prática. Recebemos con-
podem ser avaliados em menos de um minu- sultoria tecnológica, de análise e viabilida-
to. A solução é um novo canal de vendas de de do negócio, técnica e financeira. O apor-
serviços de fretes rodoviários e transporte de te financeiro do programa na construção do
cargas, utilizando a tecnologia para comparar sistema, de 80% do valor, também foi fun-
as características das transportadoras cadas- damental”, recorda Luiz Paulo Pinto.

www.sebrae.com.br/minasgerais 17
Pedro Vilela/Agência i7

Da esquerda para a direita: Luiz Pinto, Davi Santiago e Eduardo Labre. Os sócios investiram o subsídio do Sebraetec na
construção de um sistema de comparação de fretes

Com o site pronto, a atual etapa do Simpli- e válvulas de descargas e mictórios com dis-
fica Fretes é de prospecção e captação de clien- positivos eletrônicos que controlam o consu-
tes, que inclui visitas a transportadoras, envio mo de água e combatem o desperdício.
de informações via mala direta, divulgação “Imaginando que, um dia, a escassez da
publicitária e de mídia. O público-alvo são pes- água poderia se agravar e, também, a impor-
soas físicas e jurídicas que desejam transportar tância da assepsia para controle de doenças,
mercadoria de um ponto a outro no território concentramos nossos esforços no desenvol-
nacional. A malha de transportes, a princípio, é vimento de dispositivos acionáveis por sen-
a rodoviária, mas, em curto prazo, os sócios pre- sor de presença ou toque, que podem ser
tendem incluir o frete aéreo. “Estamos bastan- integrados a torneiras e mictórios”, explica
te animados e confiantes com o lançamento do Romeu Rodrigues. Com a ideia em mente,
produto. É uma ideia inovadora que apresenta ele e os sócios procuraram o Sebraetec, em
inúmeras vantagens, inclusive, a de facilitar o 2009, para desenvolver o design dos pro-
reaproveitamento de veículos no transporte de dutos, buscando se diferenciar no mercado
cargas. Acreditamos que o mercado vai aderir e pelo preço cobrado. Com as consultorias
estimamos vender, já no primeiro ano de ope- viabilizadas pelo programa, a Tecrold criou
ração, uma média de 600 fretes pelo site. Ainda produtos com menor custo-benefício e pro-
prevemos, em seis ou sete meses, o retorno do dução 100% brasileira, que chegam ao con-
investimento inicial”, planeja o empresário. sumidor final a 40% do valor de mercado.
“Enquanto uma torneira de outras mar-
LINHA SUSTENTÁVEL I A Tecrold, de Santa cas custa, em média, R$ 700, a nossa é
Rita do Sapucaí, é mais uma empresa que vendida por R$ 300. Estamos complemen-
recorreu ao Sebraetec para obter apoio no tando nosso mix com produtos mais eco-
desenvolvimento de soluções de inovação nômicos e acessíveis, com o propósito de
tecnológica. Os sócios Romeu Rodrigues, téc- alcançar a classe C e ampliar nossa atuação
nico em eletrônica, Darles Leandro Gomes, no mercado. Com o automatizador univer-
engenheiro, e Márcio Yukiomine, da área co- sal de água, conseguimos agregar disposi-
mercial, reuniram suas expertises para criar tivos de automação capazes de gerar eco-
produtos sustentáveis, capazes de promover nomia de até 70% no consumo de água a
economia de recursos naturais. São torneiras qualquer tipo de torneira”, revela Márcio

18 PASSO A PASSO OUTUBRO/NOVEMBRO 2014


Yukiomine. Em cinco anos de existência,
a Tecrold já atende empresas em vários Evolução do
ramos, como clínicas, centros cirúrgicos e
hospitais, mineradora, faculdade e institu-
Sebraetec Minas
to de pesquisa e redes varejistas.
Subsídios aplicados:

Resultados de
destaque 2010 2011
R$ 2 milhões R$ 6 milhões
2012
R$ 14,5 milhões
O Sebraetec Minas se destaca positiva-
mente no cenário nacional e tem contribuí-
do para tornar as micro e pequenas empresas
mineiras mais inovadoras. Só em 2014, o pro-
grama está investindo R$ 37 milhões em in-
centivos à inovação e tecnologia, recurso que
beneficia 14 mil empreendimentos, através de
consultorias especializadas subsidiadas, para
desenvolvimento de produtos e serviços ino-
vadores. “Nossa demanda representa 20% dos
recursos do Sebrae Nacional”, aponta Andréa
Furtado, gestora do Sebraetec Minas.
O programa permite o acesso a conheci-
mentos tecnológicos disponíveis na infraestru-
tura de Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I),
melhorando processos e produtos com a intro- 2013 2014
R$ 27,5 milhões R$ 37 milhões
2015
R$ 50 milhões de
dução de inovações. Atualmente, há 74 institui-
investimentos já
ções credenciadas como entidades executoras aprovados
do Sebraetec em Minas Gerais, com 1.812 con-
sultores cadastrados. Outros cinco mil devem
se cadastrar no estado ainda em 2014. Atendimentos:
Na visão de Andréa Furtado, um dos princi-
pais desafios das MPE, pela dificuldade de iden-

2010 2011 2012


tificar necessidades e prioridades, é investir
em inovação. O Sebraetec auxilia na mudança
desse quadro, ao apoiá-las no estudo preliminar 2 mil 4 mil 5.640 mil
e na implementação de soluções tecnológicas.
“Nem sempre as empresas requerem grandes
projetos de inovações, como mudança de estru-
tura ou compra de equipamentos. Na maioria
das vezes, são incrementos ou criações simples
capazes de gerar grandes transformações e tor-
ná-las mais competitivas. Com consultorias de
alto nível, o resultado é uma qualidade maior e 2013 2014
7.500 mil 14 mil
2015
16 mil previstos
preços mais acessíveis, contando com o subsí-
dio de 80% do investimento”, finaliza. Fonte: Sebraetec Minas

www.sebrae.com.br/minasgerais 19
SMART GRID

Solução Empresas do setor energético


unem forças para buscar

coletiva
alternativas que reduzam o
consumo e gerem maior
eficiência produtiva
O Brasil tem presenciado, neste ano, uma Minas criou o Projeto Coletivo, que apoia 20
das piores estiagens dos últimos tempos, o que micro e pequenas empresas, a maior parte
levou reservatórios de águas, em diversos esta- incubada na Universidade Federal de Itajubá
dos, a operar com níveis muito baixos. Apesar (Unifei), com o objetivo de incentivar o de-
de o país ter o maior potencial hídrico do mun- senvolvimento e a competitividade do setor
do, com cerca de 13% de toda água doce do de smart grid, isto é, a criação de equipamen-
planeta em seu território, a possibilidade de ra- tos e serviços que utilizem redes e dispositi-
cionamento é cada vez maior. De acordo com o vos inteligentes com foco no consumo mais
Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), intenso da tecnologia em todo o ciclo da pro-
em setembro de 2014, a situação ainda era pre- dução de energia. Com isso, pretende-se que
ocupante e apontava que os reservatórios de as concessionárias de energia e a população
água das regiões Sudeste e Centro-Oeste es- possam disponibilizar e consumir energia de
tavam com apenas 29,21% de sua capacidade forma mais eficiente e sustentável.
máxima instalada, que é de 202.246 MW/mês. A iniciativa, que teve início em junho des-
No lado oposto a este cenário, a demanda te ano, possui, em seu escopo, prevê diversas
por energia é crescente. Em dezembro do ano ações a serem realizadas durante todo o perí-
passado, a Agência Internacional de Energia odo de vigência, que deve ser finalizado em
(AIE) apresentou o Panorama Mundial de 2017, visando à capacitação, internacionaliza-
Energia 2013 (Word Energy Outlook), revelan- ção e maior acesso ao mercado. “O objetivo é
do que, até 2035, a demanda global crescerá que, até o final já do próximo ano, as micro e
em um terço. Somente o Brasil deve aumentar pequenas empresas (MPE) participantes con-
em 80% o uso de energia até 2015 e se tornar quistem um aumento de faturamento de até
um dos principais produtores de petróleo do 50% e incremento de 5% de produtos de alto
mundo, quando a produção irá triplicar. Além impacto de inovação que possam ser lançados
disso, o país permanecerá como mantenedor no mercado, estimulando, assim, o desenvol-
de um dos setores de energia mais intensivos vimento de novas soluções”, explica Elaine de
em carbono do mundo. Fátima Rezende, analista do Sebrae Minas.
Porém, no que diz respeito às energias re- Entre as atividades previstas estão as já cita-
nováveis, de acordo com o mesmo estudo, das capacitações no programa federal de registro
o mercado nacional deve dobrar a geração, de operações de comércio exterior de serviços e
mantendo a fatia de 43% na matriz energéti- intangíveis, o Siscoserv, conforme Lei 12.546/11,
ca nacional, principalmente a partir das usinas regulamentada pelo Decreto 7.708/12. Elas qua-
hidrelétricas e eólicas. Apesar disso, esse cres- lificam os participantes a realizar, na prática, a
cimento não será suficiente para atender à de- análise documental dos contratos e classificação
manda, que cresce de forma exponencial. fiscal de serviços, intangíveis e outras operações
Frente à equação escassez de recursos X que produzam variações no patrimônio. Essa
aumento do consumo energético, o Sebrae também é uma forma de discutir os principais

20 PASSO A PASSO OUTUBRO/NOVEMBRO 2014


Fotos: Pedro Vilela/Agência i7
“Muitas vezes, a gente não ECONOMIA DE ENERGIA I Na opinião do pró-
-reitor de Extensão da Unifei, José Wanderley
consegue economizar por falta Marangon Lima, a crise vivida pelo setor elétri-
de informação. Esse equipamento, co brasileiro é decorrente do atraso de obras de
em um primeiro momento, já traz geração e transmissão, boa parte devido à MP
esse conhecimento prévio, que 459, que alterou o regime de concessão dos
ativos das empresas, além do efeito do clima
permite ações mais eficientes” atual, que diminuiu drasticamente as afluên-
Re­nato Carneiro, sócio da S.O. Esco cias aos reservatórios das usinas hidráulicas.
“Estamos vivenciando uma crise na oferta de
energia. A ‘sorte’ é que o país passa por uma
estagnação econômica, que acarreta uma dimi-
nuição da demanda atual e uma perspectiva de
baixo crescimento. O futuro, então, é um me-
nor investimento no setor, pois as empresas es-
tão endividadas, e há uma redução na demanda
tributos incidentes nas operações de pagamen- face à crise econômica”, reflete.
tos internacionais de serviços e intangíveis, em Como uma solução para esse cenário, a S.O.
serviços a serem negociados pelas empresas do Esco, uma das incubadoras da Unifei, desenvol-
grupo smart grid de Itajubá e região. veu projetos na linha de economia de energia
Outra ação é a participação no Energy Road e água. Renato Swerts Carneiro, sócio da em-
Show, em São José dos Campos e capital paulista presa, conta que entre os produtos criados está
(SP), Rio de Janeiro (RJ), Recife (PE), Florianópo- um monitor que acompanha, em tempo real, o
lis (SC) e Belo Horizonte, para promover o acesso consumo desses dois recursos naturais. “O di-
a empresas com potencial de compra e negocia- ferencial é que ele faz a medição e transmite as
ção dentro do setor. A programação inclui, ainda, informações para uma plataforma, via internet,
palestras e cursos na área de gestão e missões téc- e tem funções que ajudam a melhorar a gestão
nicas para as principais feiras de energia do país. do consumo de energia e água.”

www.sebrae.com.br/minasgerais 21
Entre elas está um alarme, que é acionado equipamento, em um primeiro momento, já
sempre que o valor do consumo ultrapassa o traz esse conhecimento prévio, que permite
pré-estabelecido. Com isso, as indústrias po- ações mais eficientes. E, em seguida, aponta
dem analisar, com antecedência, o gasto de como algumas atitudes podem ser represen-
energia de um determinado setor ou equipa- tativas, como trocar um equipamento antigo
mento e, assim, adotar ações corretivas e que por um mais eficiente ou, até mesmo, um
garantam o gerenciamento eficiente do seu modelo de lâmpada por outro que consome
uso. Basta instalar o monitor no quadro da rede menos”, observa o empresário.
elétrica, sendo que um primeiro equipamen- Com a participação da S.O. Esco no Projeto
to faz a leitura e transmite os dados, via rádio, Coletivo do Sebrae Minas, a expectativa é que
para uma central, que, então, publica na inter- esse resultado se torne realidade. “Espero que
net. A central de energia pode ser integrada ao a empresa ganhe mercado mais amplo que o
sistema da empresa. previsto, agregando em desenvolvimento, uma
“Trata-se uma ferramenta de gestão dentro vez que estamos trocando experiências com
de um serviço que nós vendemos. Junto dela, empresas de outras áreas.”
realizamos projetos de eficiência energética,
em que estudamos os principais consumos, as REDUÇÃO TARIFÁRIA I Relatório das Nações
possibilidade de melhoria, o custo X benefício Unidas de Desenvolvimento dos Recursos Hí-
dessas melhorias, entre outros serviços. Por
meio dessa consultoria, é detectado o que re-
almente precisa ser monitorado, possibilitando
uma melhor gestão do consumo”, esclarece Re-
nato Carneiro. “Outro diferencial é que o mo-
nitoramento pode ser personalizado de acordo
com as necessidades do usuário. Por exemplo:
uma indústria calçadista pode se informar so-
bre a quantidade de energia elétrica gasta para
produzir um lote de mil sapatos.”
A solução começou a ser desenvolvida
com o Sebraetec Inovação no final de 2013,
tendo um protótipo instalado no prédio da
incubadora, na Unifei. Porém, de acordo
com Renato Carneiro, o custo ainda não é o
ideal, embora já tenha aplicação comercial.
“A ideia é que o valor final reduza para que
as empresas consigam fazer o maior número
de monitoramentos possíveis, gerando mais
informações”, vislumbra. Apesar disso, a S.O.
Esco já emitiu algumas propostas comerciais
para a própria universidade, além de uma
indústria automotiva, prefeituras, com foco
em iluminação pública, e hospitais, para
o monitoramento de material esterilizado
e lavanderia. A partir desse investimento,
espera-se que a economia de energia chegue
Joana Marins criou dois sistemas para controle das tarifas
a 20%. “Muitas vezes, a gente não consegue de energia elétrica, gerando redução do consumo e
economizar por falta de informação. Esse maior conscientização das pessoas e empresas

22 PASSO A PASSO OUTUBRO/NOVEMBRO 2014


dricos de 2014 (2014 United Nations World
Water Development Report – WWDR), apre-
sentado em março deste ano, apontou que a
crescente demanda de energia afetará os re-
cursos de água potável. No total, a produção
de energia é responsável por cerca de 15% da
retirada de água. Porém, essas taxas estão au-
mentando, e espera-se que, também até 2035,
o aumento da população, a urbanização e a mu-
dança de padrões de consumo façam com que
o uso da água para produção de energia aumen-
te mais 20%. Na contramão, os recursos hídri-
cos estão cada vez mais reduzidos e se acredita
que 20% de todos os aquíferos já estejam sendo
sobre-explorados. Com isso, o custo da energia
também tende a aumentar.
A TR Soluções é outra empresa incubada na
Unifei, desde 2011, que busca uma alternativa
viável para esse problema. De acordo com a
proprietária Joana Marins, o trabalho foca, ba-
sicamente, as tarifas de energia elétrica, com a
adoção de dois sistemas: Serviço de Estimativa
Erik Bonaldi está à frente de um projeto de manutenção
de Tarifas de Energia (Sete) e Oráculo da Luz preventiva, que evita paradas com interrupções de
(Oráculuz). “Atualmente, não existe, no Brasil, energia e prejuízos aos negócios
uma ferramenta com que o consumidor resi-
dencial possa avaliar o impacto financeiro que atuar como agente da conservação de energia,
a substituição de um eletrodoméstico causa em uma vez que sua decisão de consumo impacta
sua conta de luz. Nem tampouco comparar a diretamente o meio ambiente, além de divul-
sua eficiência relativa quanto ao consumo de gar ao usuário a possibilidade de geração de sua
energia elétrica em relação aos seus amigos, própria energia através de painéis fotovoltai-
por exemplo. O Oráculuz preenche essa lacu- cos.” Atualmente, o Oráculuz possui 600 usu-
na, tornando o conhecimento do consumo de ários ativos e pode ser acessado, gratuitamente,
energia residencial uma experiência social”, ex- no endereço www.oraculuz.com.br.
plica Joana Marins. Já o Sete é destinado à indústria e ao comér-
Ela acrescenta que, cada vez mais, o con- cio e trata dos aspectos de reajuste e revisão dos
sumidor adquire novos eletrodomésticos, mas custos das Distribuidoras de Energia Elétrica,
não sabe identificar como eles influenciam na para que as tarifas possam ser estimadas pelos
sua conta mensal de luz. “O aplicativo Orácu- usuários. “É um software de estimativa de ener-
luz busca conscientizar o usuário quanto ao gia. O cliente contrata o serviço, através de uma
consumo residencial individual e coletivo de assinatura anual, e coloca as premissas dele no
energia elétrica, promover a troca de experiên- sistema, o que influenciará no valor da tarifa.
cias para consumo eficiente entre os usuários A partir desses dados, o sistema apresenta uma
do aplicativo através da rede social e estimular estimativa, mas esse valor pode mudar de acor-
o gerenciamento de consumo frente às tarifas do com os parâmetros apresentados”, esclarece
de energia elétrica e às limitações ambientais a empreendedora. Dessa forma, o usuário con-
para geração de energia elétrica”, detalha. “Essa segue entender um pouco mais como a tarifa
também é uma forma de estimular o cidadão a de energia influencia no custo final da empre-

www.sebrae.com.br/minasgerais 23
sa, na produção ou no próprio planejamento de prejuízo de R$ 600 mil por dia. Se ele ficar dez
gastos para o ano seguinte. dias parado, o prejuízo será de R$ 6 milhões.
Até agosto deste ano, o Sete já possuía 41 usu- O nosso equipamento evita que isso aconte-
ários ativos nas áreas de comercialização e distri- ça. Ele avisa que o motor pode estragar e, com
buição de energia elétrica, produção e refino de isso, programa a intervenção e, ao invés de fi-
petróleo, associações e grandes consumidores. car parado dez dias, fica apenas um”, explica. O
mesmo produto pode ser usado em geradores,
PREVENDO FALHAS I A PS Soluções já desen- evitando paradas com interrupções de energia
volvia soluções antes de entrar para o Projeto pela unidade geradora afetada.
Coletivo. Desde 2000 no mercado, a empresa Apesar de a manutenção preditiva já estar
cria projetos de manutenção preditiva de mo- no mercado desde 2004, o empresário decidiu
tores elétricos, especialmente motores de in- participar do grupo coletivo devido à possibili-
dução, o que permite realizar o diagnóstico e dade de apresentar a solução em outros países,
predição de falhas com métodos não invasivos além do contato com as demais empresas parti-
e com os motores operando normalmente. cipantes, que acaba trazendo outros benefícios.
De acordo com Erik Leandro Bonaldi, só- Desde a sua criação, a PS Soluções também
cio-diretor, a solução permite prever as falhas atua na área de serviços, inovação e Pesquisa
desses equipamentos, possibilitando que seja e Desenvolvimento (P&D) da Anel, desenvol-
feita a programação de intervenções. “Imagine vendo mais de 70 projetos para o setor elétrico.
um motor de uma refinaria da Petrobras. Se Entre eles, está o monitoramento de unidades
ele quebrar, dependendo da parte do processo geradoras de hidrelétricas, termoelétricas e sis-
pelo qual for responsável, poderá provocar um temas auxiliares de geração.

SIN: Sistema Interligado Nacional

SI: Sistema Internacional

CONSUMO TOTAL DE
ENERGIA ELÉTRICA NO
BRASIL
97.8%

50.000
97.7%
97.9%
97.7%
97.8%
97.7%

97.6%

45.000
97.6%

97.6%
97.6%
Carga (GWh)

97.8%

2012 SIN
97.8%
98.0%

97.5%
97.5%
97.9%

97.6%

2012 SI
97.6%

40.000

2013 SIN

2013 SI
35.000

2014 SIN
44.604
Fonte: EPE

48.398

43.003
48.220
52.360

49.546

44.293
44.293

44.702
45.959
47.660

44.841
47.620
44.941
45.723
47.392
47.522
45.158

2014 SI
30.000

JAN FEV MAR ABR MAI JUN

24 PASSO A PASSO OUTUBRO/NOVEMBRO 2014


Demanda AUMENTO DO CONSUMO NO BRASIL
crescente JUN/2014* JUL/2013 A JUN/2014**
* em relação a jun/13 **em relação ao período
De acordo com dados do jul/12 a jun/13
Ministério de Minas e
Energia, em junho de 2014, o

RESIDENCIAL

RESIDENCIAL
consumo de energia elétrica
atingiu 44.841 GWh.
No acumulado, o consumo
+ 2,0 % + 6,7 %
total cresceu 4,7% em
relação ao período anterior
(julho/12 a junho/13).

Em Minas Gerais, não é


COMERCIAL

COMERCIAL
diferente. Segundo dados
da Cemig, a demanda por
+ 4,2 % + 7,2 %
energia elétrica, em quase
todos os setores, tem
crescido. De 2005 a 2013,
o aumento do consumo
foi de mais de 25%.
RURAL

RURAL
+ 12,4 % + 6,9 %

Eduardo Araújo
CONSUMO TOTAL DE
ENERGIA ELÉTRICA EM
MINAS GERAIS

DE 2005 A 2013
AUMENTO DE

25%
Energia faturada na área de concessão da Cemig no Estado de Minas Gerais (774 municípios)

h
RESIDENCIAL
INDUSTRIAL
COMERCIAL
RURAL
PODER PÚBLICO
ILUMINAÇÃO PÚBLICA
SERVIÇO PÚBLICO
CONSUMO PRÓPRIO
Fonte: Cemig

Uso da Rede da Cemig D -


Concessionárias

www.sebrae.com.br/minasgerais 25
ARTIGO I CLÁUDIO FORNER*
Cláudio Duarte

Na velocidade
do varejo
O varejo brasileiro passou, de 2005 a 2012, shopping centers, muitas delas estão abrin-
por uma expansão sem precedentes na história do pontos de venda em tradicionais ruas de
do setor. Em oito anos, as vendas do comércio comércio e em cidades de menor porte. Além
varejista cresceram a uma média de 7,9% ao disso, cadeias internacionais começaram a
ano, impulsionadas por um conjunto de fatores investir no Brasil, seja abrindo unidades, seja
econômicos e sociais do país. A combinação de comprando marcas ou participações.
aumento da renda real das famílias, melhoria Como concorrer com a filial de uma grande
do nível de emprego, maior oferta de crédito e conhecida rede nacional? O que fazer diante da
e elevação do nível de confiança fizeram com chegada de franquias ao interior? São perguntas
que 40 milhões de pessoas ingressassem na que certamente estão passando pela cabeça dos
classe C e, finalmente, tivessem condições de empresários e preocupando-os. Mas existe saída.
entrar para o mercado consumidor. À primeira vista, parece uma concorrência
Para a micro ou pequena empresa, essas desleal. Porém, afirmo que ela pode ser ban-
mudanças trazem grandes oportunidades, cada, desde que o empreendedor não fique
mas também muitos desafios. Porque, atentas parado. A principal arma para a pequena e
a esse aumento de demanda, as grandes redes média empresa é o conhecimento: manter-se
de lojas nacionais iniciaram um processo de atualizada com os movimentos mais recentes
expansão e interiorização. Antes restritas a do mercado de varejo e usar essas informações

26 PASSO A PASSO OUTUBRO/NOVEMBRO 2014


atuam no mesmo mercado, serei absorvido.
Isoladamente, a micro ou pequena empresa
certamente demorará mais para alcançar um
novo patamar, e pode não sobreviver.
O Brasil passará, muito em breve, por um
outro fenômeno que alterará novamente as
relações de consumo – a popularização da
Smart TV, aparelho que une televisão e inter-
net. A TV convencional fala com o telespec-
tador, mas ele não pode falar com ela. Com a
popularização da Smart TV, esse telespectador
conseguirá assistir ao programa predileto e, ao
mesmo tempo, localizar os produtos que apa-
recem nos canais, onde eles são vendidos e a
que preço. Mesmo com esse processo ainda
em fase inicial, as grandes redes já perceberam
que precisam estar mais próximas do consu-
midor e estão focando esse nicho.
Pode parecer um movimento ainda distan-
te, mas a velocidade com que as transforma-
ções acontecem hoje mostra que a adaptação
do varejo a essa realidade é urgente. Quando
o smartphone surgiu, existia a dúvida: será que
todas as pessoas terão acesso a esse aparelho? Em
2013, foram vendidos cerca de 68 smartphones
por minuto no Brasil. Ou seja, as pessoas já têm
acesso. Muitas vezes, a mudança acontece em
um contexto subjacente ao varejo, e a maioria dos
empresários não enxerga. Quando ela aparece, as
para remodelar seu negócio a todo momento. decisões para remodelar o negócio já têm que ter
Isso porque, com um layout ultrapassado, um sido tomadas, caso não se queira ficar para trás.
mix de produtos fora de sintonia e de contex- O mercado varejista de grandes marcas de
to e um processo de gestão inadequado, não é Minas Gerais está bem-posicionado frente às
possível se manter em um mercado cada vez mudanças, tanto do ponto de vista de produ-
mais dinâmico. É preciso saber mudar, de for- ção quanto de comércio. A abertura da cul-
ma rápida e constante. tura mineira para absorver novas referências
Se o empresário se unir a seus pares para e incorporá-las, além do gosto do mineiro
fazer essa remodelação, as chances de dar por viajar, oxigenando as ideias e observan-
certo são muito maiores, e o período de trans- do realidades diferentes, alimenta e nutre os
formação será menor e menos nocivo para negócios. Isso faz com que o empreendedor
o negócio. Juntos, eles conseguem melhores seja mais aberto às mudanças. Porém, as em-
resultados do que aqueles que tentam a car- presas menores e as localizadas no interior
reira sozinhos. Tanto as centrais de negócios de Minas precisam fazer o dever de casa e re-
quanto qualquer outro processo associativo pensar seus modelos de negócio, se quiserem
que vise o ganho de competitividade são an- conquistar a preferência do consumidor.
tídotos. O raciocínio é simples: a rede tem es-
cala e, se eu não me unir a outras pessoas que *Administrador de empresas e consultor

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SUSTENTABILIDADE

Patrimônio
resguardado
Propriedade rural do distrito de São Bartolomeu,
em Ouro Preto, é referência na
conservação do meio ambiente e na geração
de renda para a comunidade

A
lém de ser guardiã do maior conjunto Até o ano de 1985, a propriedade rural fun-
barroco de todo o país, a histórica Ouro cionava como pólo de produção de carvão. Em
Preto é responsável por abrigar outro 2001, a compra pelos atuais proprietários não
importante patrimônio: o biológico. Em um aconteceu por acaso: o objetivo era transfor-
dos seus arraiais mais antigos, encontra-se São má-la em um centro de difusão de tecnologia
Bartolomeu, um pedaço da cidade que preser- de práticas de preservação ambiental. Dos 75
va lembranças, cultura e belas paisagens. O hectares ocupados pela fazenda na atualidade,
distrito também acolhe 90% de área verde das 80% são constituídos por mata regenerada.
nascentes do Rio das Velhas, conhecida como “Criamos o Centro de Referência em Educa-
Área de Preservação Ambiental das Andori- ção Ambiental e Desenvolvimento Sustentável
Fotos: Pedro Vilela/Agência i7

nhas, localizada próximo à Floresta Estadual José do Carmo Neves (Creads), dentro da pro-
do Uaimií. É nessa região que se encontra a priedade, no intuito de conservar os recursos
Fazenda Engenho D’água, propriedade que naturais através da educação ambiental e patri-
alia, em suas atividades, tradição, educação monial”, explica o agrônomo, e um dos proprie-
ambiental e geração de renda. tários da fazenda, Helton Aguiar Neves.

28 PASSO A PASSO OUTUBRO/NOVEMBRO 2014


Hoje, a Engenho D’água é considerada SABOR DO ENGENHO I Com cerca de 1.300
uma grande sala de aula a céu aberto. Isso por- habitantes, o distrito de São Bartolomeu é
que o projeto de educação ambiental e patri- também lembrado pela tradicional produção
monial Econhecendo as Trilhas proporciona de goiabada, iguaria que possui o título de
aos visitantes experiências práticas, com o Patrimônio Imaterial e Cultural de Ouro Pre-
objetivo de despertar neles a percepção para o to. Porém, outra vocação está sendo resgata-
consumo consciente. Em um passeio interati- da com o apoio da Fazenda Engenho D’água:
vo por uma trilha de um quilômetro, estudan- a produção da carne na lata, técnica antiga
tes, pesquisadores e moradores têm contato de conservação do alimento.
com as belezas naturais do local, como rios, Desde 2010, o produto artesanal deixou de
quedas d’água, plantas e animais silvestres, e ser somente para o consumo dos moradores
uma horta orgânica. As atividades são orienta- da região. Aproveitando um talento comum
das por uma equipe formada por biólogo, en- nas comunidades do interior - a culinária -,
genheiro agrônomo, florestal e de segurança a técnica recebeu o selo representativo da fa-
do trabalho, técnico de meio ambiente, estu- zenda e passou a ser conhecida como Sabor
dantes de Ciências Biológicas e psicólogo. do Engenho. O intuito: gerar renda para as
Mas quem pensa que só a disciplina de famílias do distrito, contribuir para o resgate
biologia ganha reforço no local se engana, já de práticas tradicionais do campo e melhorar
que conteúdos multidisciplinares também a qualidade de vida dos moradores. “A carne
podem ser estudados por lá. A afirmação é na lata Sabor do Engenho é coerente com a
da professora Sandra Maria de Oliveira, que missão da fazenda, que busca contribuir dire-
já levou quatro turmas de alunos do Colégio tamente para o desenvolvimento socioeconô-
Diversitas, de Belo Horizonte, para participar mico local”, pontua Helton Neves.
do projeto. “A visita a esse espaço nos possibi- Para a melhor organização da iniciativa,
litou uma série de trabalhos, visto que o meio ele buscou orientação com o Sebrae Minas,
ambiente é um assunto transversal, que pode integrando o projeto ao Origem Minas, que,
e deve ser abordado com estudantes de qual- em parceria com o Sistema Faemg (Federa-
quer idade. Estar em contato com a natureza ção da Agricultura e Pecuária do Estado de
e com uma equipe muito bem-preparada para Minas Gerais), busca o fortalecimento do
fazer esse debate é fundamental”, reflete. Até agronegócio mineiro. Em paralelo, a equipe
o final de 2014, a expectativa é que três mil responsável pela produção da carne na lata
pessoas participem das atividades. “É im- foi capacitada no Programa Alimento Seguro
portante trazer os estudantes para que eles (PAS), que visa à maior qualidade e seguran-
percebam a relevância desse cuidado com ça alimentar no preparo da receita.
o meio ambiente para uma melhor qualida- Mensalmente, as produtoras rurais pro-
de de vida. Eles saem daqui sensibilizados e duzem cem latas, de 800 gramas cada uma,
conscientes”, completa a professora. e as comercializam em lanchonetes das ci-
Para expandir ainda mais a atuação, o dades de Ouro Preto e Itabirito e no Mer-
Econhecendo as Trilhas pretende lançar, cado Central, em Belo Horizonte. O lucro
ainda neste ano, uma novidade: o Jardim é dividido entre elas, que, dependendo do
Sensitivo, atividade que busca proporcionar mês, chegam a ganhar cerca de R$ 200 cada
aos deficientes visuais contato direito com uma. “Estamos trabalhando com aquilo que
a natureza. “Essa será um ação focada na aprendemos desde cedo com nossas mães e
inclusão social. A princípio, usaremos uma avós, que é cozinhar, e aliando essa prática
área pequena delimitada, mas a proposta é ao resgate da tradição do interior”, comemo-
ampliar o acesso desse grupo em todo o tra- ra Lindaura de Fátima Gonçalves, uma das
jeto da trilha”, planeja Helton Neves. responsáveis pelo preparo da carne na lata.

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“Priorizamos a compra de volvido pela agricultura familiar, é um produto
com grande aceitação pelos clientes, servindo de
alimentos de produtores da âncora para atrair novos parceiros”, vislumbra.
comunidade para incremen­tar a A certificação e a participação no programa
economia e evitar o êxodo rural, Origem Minas têm trazido outras melhorias:
fortalecendo o sentimento foi criado um fluxograma de produção, dese-
nhada uma nova embalagem para o produto e
de pertencimento” adquiridos equipamentos mais modernos, atra-
Helton Neves, proprietário vés da aplicação de recursos do Sebraetec. “Isso
da fazenda Engenho D`água nos permite trabalhar com mais segurança e
qualidade, aumentando a capacidade produti-
va”, reforça o proprietário.
A receita da iguaria é um de seus diferen- Por essa experiência de sucesso, o projeto
ciais. “Nossa produção é padronizada, com a tem extrapolado as porteiras da Fazenda Enge-
quantidade certa de tempero e na temperatura nho D’água e ganhado visibilidade em outros lo-
ideal. Além disso, tem o ganho ambiental, já que cais, como exemplifica Helton Neves. “Já existe
o produto não precisa ser conservado na gela- uma comunidade rural, no município de Buenos
deira, contribuindo com a redução do gasto de Aires, no Espírito Santo, interessada em replicar
energia”, acrescenta a cozinheira Márcia Antô- esse modelo de agroindústria rural de pequeno
nia da Cruz, que também participa do projeto. porte. O desejo é que possamos conseguir par-
Em junho de 2014, a carne na lata Sabor do cerias para a implantação de novos projetos, vi-
Engenho foi certificada pelo Instituto Mineiro sando sempre ao desenvolvimento sustentável.”
de Agropecuária (IMA), sendo o único produto
dessa natureza licenciado pelo órgão estadual TRABALHO E RENDA I Todos os postos de tra-
responsável. Helton Neves já prevê os ganhos a balho criados pelo Creads são destinados aos
ser adquiridos com essa certificação. “Teremos moradores de São Bartolomeu, que recebem
resultados sociais e ambientais, com mais visibi- capacitações específicas para trabalhar nas
lidade para outros projetos da fazenda. Por ser diferentes áreas da propriedade rural. Além
alicerçado na responsabilidade social e desen- disso, é feito um esforço para o estímulo à or-

30 PASSO A PASSO OUTUBRO/NOVEMBRO 2014


ganização e inclusão socioeconômica do en- Por essa atuação socioambiental, a Fazen-
torno. “Priorizamos a compra de alimentos de da Engenho D’água foi uma das agraciadas, em
produtores da comunidade para incrementar a 2013, com o Prêmio Sebrae Minas de Práticas
economia e, consequentemente, evitar o êxodo Sustentáveis, concorrendo com mais de 120
rural, fortalecendo o sentimento de pertenci- empresas. “Acredito que o conjunto de ações
mento”, reitera Helton Neves. socioambientais de impacto positivo desenvolvi-
Vinte colaboradores trabalham direta e in- das na propriedade, nesses 13 anos, tenha sido
diretamente na fazenda. A cozinheira Joana determinante para esse reconhecimento. É gra-
Aparecida Moutinho é uma delas. Ela se mudou tificante e motivador.”
para o distrito há pouco tempo, e a possibilida-
de de trabalho foi fundamental para essa deci-
são. “Meu marido veio para São Bartolomeu ser
caseiro e, sempre que surge uma oportunidade, RECEITA DE TRADIÇÃO
ajudo na cozinha da fazenda. Essa renda ajuda
muito nas despesas da casa”, conta. Popular nas cozinhas do interior mi-
Outro projeto que contribui para a fixação neiro, a técnica de preparo da carne na
das famílias na região é o Apicultura Social. Com lata ou porco na banha, nascida no século
um apiário e 25 colmeias, as atividades são divi- XIX e vinda para o Brasil com os portugue-
didas da seguinte forma: uma pessoa faz a cole- ses, surgiu da necessidade de conservar o
ta e o processamento, outra etiqueta e embala, produto em uma época em que não ha-
uma terceira transporta e, por último, é feita a via energia elétrica. A iguaria, depois de
temperada, é colocada na geladeira pelo
distribuição. “Uma empresa de Belo Horizonte
período mínimo de duas horas e, em se-
criou um apiário na fazenda. Metade do mel
guida, cozida e frita na banha de porco.
processado é dela, 25% ficam para a fazenda, e
Depois de pronta, é posta dentro da lata
os outros 25%, para a família do produtor. Com e coberta por uma camada de banha de
essa atividade, o meu maior ganho, sem dúvida, porco, responsável pela conservação.
é o ambiental, e da comunidade, a maior gera-
ção de renda”, ressalta Helton Neves.

Lindaura Gonçalves (à esq.) e Márcia da Cruz vendem cem unidades da carne na lata por mês para
estabelecimentos de Ouro Preto, Itabirito e Belo Horizonte

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Respeito ambiental
O córrego D’ajuda, um dos primeiros for- mais Silvestres, recebe pássaros apreen-
madores do Rio das Velhas, corta a fazenda, didos pelo Centro de Triagem de Animais
formando uma exuberante cachoeira, que Silvestres de Belo Horizonte, que, depois de
preserva, em seu entorno, liquens, musgos um período de reabilitação, são devolvidos
e samambaias arborescentes. “Esse é mais ao seu habitat natural. Desde 2008, dois mil
um indício da importância desse trabalho animais foram tratados.
de conservação, já que é possível manter as
características naturais do ambiente”, pon-
tua José Rivelli, diretor-presidente do Ins-
tituto Xopotó, entidade parceira do Creads
desde 2010.
Próximo à queda d’água, há um espaço
chamado de Encontro de águas e de gente,
utilizado para a reflexão dos visitantes so-
bre os 5Rs - Repensar, Recusar, Reutilizar,
Reciclar e Reduzir -, atitudes que buscam
minimizar os impactos da atividade huma-
na na natureza. “Pequenas condutas podem
favorecer a sustentabilidade do planeta.
Além disso, trabalhamos outra mensagem:
a solidariedade e o companheirismo. O im-
portante não é só falar de meio ambiente,
mas também do homem no ambiente, para
que os visitantes levem adiante essa cons-
cientização”, reforça José Rivelli.
Outra característica que difere a fazenda
de uma propriedade rural padrão é o cui-
dado com a preservação de animais silves-
tres. Com o projeto Faunativa, licenciado
pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente
e dos Recursos Naturais Renováveis (Iba-
ma) e pelo Instituto Estadual de Florestas
(IEF), e corroborado pelo IMA, 70 espécies,
entre pacas, catetos, queixadas e capivaras, “O importante não é só falar de
são protegidas em uma área de 75 hectares. meio ambiente, mas também
“Mantemos também um Centro de Conser-
vação e Estudo dos Seres Vivos Brasileiros do homem no ambiente, para
(Concervo), onde criamos e preservamos 18 que os visitantes levem adiante
cervídeos, conhecidos popularmente como essa conscientização”
veado catingueiro, para fins científicos, ga- José Rivelli, diretor-presidente
rantindo a reprodução monitorada da espé-
cie e, posteriormente, reintroduzindo-a na do Instituto Xopotó
natureza”, detalha Helton Neves.
Já no projeto Revoadas, a fazenda, que
é cadastrada pela Área de Solturas de Ani-

32 PASSO A PASSO OUTUBRO/NOVEMBRO 2014


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Maior
competitividade
Startups mineiras recebem apoio por meio
de capacitações, incentivo à inovação e
busca de novos negócios
Gustavo (à esq.) e Daniel
comemoram o acesso de três mil
grávidas ao aplicativo de atenção
à saúde, que as conecta às
operadoras e médicos
Pedro Vilela/Agência i7

34 PASSO A PASSO OUTUBRO/NOVEMBRO 2014


M
inas Gerais é um dos polos nacionais R$ 500 mil. Para 2016, as estimativas são ainda
de startups, empresas inovadoras, que, maiores: a equipe deve crescer para 25 pessoas,
geralmente, começam pequenas, mas, e o faturamento estimado, entre R$ 3 milhões
em função do caráter de escala de seus produ- e R$ 5 milhões. Para chegar a esse patamar, a
tos, têm condições de crescer exponencialmen- empresa foi selecionada pelo Seed, programa
te em curtos períodos de tempo. Elas podem do governo de Minas Gerais que busca acelerar
atuar em diversas áreas, mas é no universo da o ecossistema local de startups, tornou-se par-
tecnologia da informação que têm despontado e ceira da AceleraMGTI, referência internacional
crescido com mais consistência. Esse é o caso da como cluster de tecnologia e empreendedoris-
Canguru, startup que desenvolveu um softwa- mo, e recebeu apoio do Sebraetec, programa do
re de atenção à saúde que conecta operadoras, Sebrae Minas que subsidia o desenvolvimento
médicos e gestantes. Por ser um aplicativo de de produtos inovadores. Daniel Diniz ainda
celular, disponível na Apple Store e no Google participou da missão do Sebrae Minas para a
Play, a gestante pode, sem custos, acessar uma TechCrunch Disrutp, considerada a principal
espécie de agenda, por meio da qual acompanha feira de startups do mundo, realizada em São
o que deve ser abordado nas consultas de pré- Francisco (Califórnia, Estados Unidos). “Parti-
-natal, registra possíveis sintomas e encaminha cipar dessa iniciativa foi muito importante para
as informações para o médico, que ganha tempo a Canguru por sermos inseridos no contexto
e precisão no momento do atendimento. Já as internacional e estabelecermos contato com
operadoras de saúde podem utilizar essa base de investidores americanos, com quem seguimos
dados alimentada pelas próprias pacientes para conversando. A parceria com o Sebrae Minas
melhor planejar futuros investimentos e otimi- foi uma das mais importantes que estabelece-
zar o atendimento e os programas de prevenção. mos nesse caminho”, ressalta.
O aplicativo foi lançado em agosto de 2014 O Sebraetec e a missão para a Califórnia
e, sem grandes investimentos de marketing, já é são algumas das atividades realizadas dentro
utilizado por quase três mil grávidas. Daniel Di- do programa Identidade Startup, desenvolvido
niz, sócio-diretor da Canguru, revela que, junto pelo Sebrae Minas neste ano, com o objetivo
aos quatro sócios, investiu cerca de R$ 40 mil de fortalecer a competitividade dos empreen-
na empresa, fundada em dezembro de 2013. A dimentos mineiros por meio de capacitações,
equipe, que conta também com um médico, um incentivo à inovação e busca de novos negócios.
profissional de marketing, um designer e um As ações envolvem, ainda, uma série de encon-
desenvolvedor de sistemas, negocia o produto tros mensais gratuitos, chamados de Startup
com duas operadoras de saúde. “O contrato não Talk, com discussões de temas de interesse. A
prevê exclusividade, logo, o mercado potencial programação também prevê consultorias tec-
é enorme, uma vez que o Brasil tem, hoje, apro- nológicas especializadas, formação de uma rede
ximadamente, 200 operadoras de saúde”, expli- de “mentoria”, missões técnicas aos eventos do
ca Daniel Diniz. “O negócio é vantajoso para as setor, articulação com potenciais investidores e
operadoras na medida em que as informações realização de parcerias.
geradas pelo programa podem significar grande De acordo com Anízio Vianna, gerente de
economia de recursos, por meio de um plane- Inovação e Sustentabilidade do Sebrae Minas,
jamento de medidas preventivas eficientes, já o Identidade Startup, que já atende mais de
que atendimentos emergenciais são os maiores cem empresas mineiras, age, identificando po-
custos para esse tipo de empresa.” los, como Itajubá, Patos de Minas e Uberlândia,
O atual momento de negociação é um pon- planejando ações direcionadas e oferecendo no-
to de virada para a nova fase da Canguru. Já vas linguagens e ferramentas. “O Sebrae Minas
atentos ao futuro, os sócios preveem a contra- quer se aproximar dessas empresas que estão
tação de dez profissionais em 2015, com a pers- nascendo, geralmente, idealizadas por jovens
pectiva de giro de capital entre R$ 300 mil e empreendedores, auxiliando-os na criação de

www.sebrae.com.br/minasgerais 35
Mauro Marques Fotografias

Pablo Sales desenvolveu um aplicativo que captura conteúdos gerados dentro da sala de aula e os
disponibiliza aos alunos

condições para que cresçam de maneira sólida Com contratos em fase de fechamento, a
e com qualidade”, ressalta Anízio Vianna. previsão é que, após os testes, o Replay4me
esteja disponível no mercado ainda este ano,
PROTÓTIPO EM TESTE I A maioria das empresas com a meta de dez mil usuários. Para isso,
que participa do programa tem o foco em tec- mais quatro profissionais serão contratados
nologia digital, mas o apoio se estende aos mais até dezembro, número que pode triplicar em
diversos segmentos do mercado. A Replay4me, 2015. Com planos de globalizar o negócio,
por exemplo, atua no setor de educação. O Roberto Viana ressalta que a experiência na
aplicativo captura conteúdos gerados dentro missão do Sebrae Minas à Califórnia foi im-
da sala de aula, no formato de áudio e vídeo, portante para validar o modelo de negócios
e, depois, os disponibiliza em uma plataforma da startup no exterior. “Recebi visitas de re-
própria para celular, tablet e computador. Os presentantes do Yahoo e da IBM, empresas
alunos podem rever o conteúdo completo ou reconhecidas mundialmente, que avaliaram
fragmentado, fazer marcações de arquivos fa- nosso produto positivamente”, destaca. Ele
voritos em uma playlist personalizada e com- também contou com o subsídio do Sebrae-
partilhá-lo com os colegas. tec para a construção do site e o início de
Criado em julho de 2014 por Pablo Sales, desenvolvimento da plataforma. “Com a
CEO, e Roberto Viana, diretor de tecnologia, ajuda do Sebrae Minas, conseguimos ace-
o produto já está em processo de validação por lerar nossos processos e, em pouco tempo,
três instituições de ensino de Uberlândia, ci- já estávamos com o piloto em fase de teste.
dade onde a sede da empresa está instalada, e Essa parceria foi fundamental”, reconhece.
em outra escola de São Paulo. “O investimento A estimativa é que o Replay4me fature R$ 1
inicial para esse tipo de negócio nem sempre é milhão até dezembro de 2015.
baixo e, como o retorno financeiro só acontece
quando o produto é realmente monetizado, a TOMADA DE DECISÃO I Caio Ferreira, sócio
Replay4me conta com o apoio financeiro de um da WeechOne, teve o primeiro contato com
investidor-anjo, que aplicou US$ 100 mil em o Identidade Startup também na missão aos
seu desenvolvimento”, explica Roberto Viana. Estados Unidos. Aluno do curso de Engenha-

36 PASSO A PASSO OUTUBRO/NOVEMBRO 2014


Disponibilidade de crédito no país Evolução do setor Taxa de exportação no país
Em 2007, 47,9% do Produto Interno Bruto era O faturamento originado no e-commerce Cresceu de US$ 630 por
concedido como crédito ao setor privado. cresceu de R$ 8,2 bilhões em 2008 container em 2007 para
Em 2011, esse valor saltou para 61,4%. para R$ 22,5 bilhões em 2011. US$ 2215 por container em 2013.
Clayton Pedrosa

Mercado das
startups no Brasil Sobe

Variável proteção ao investidor


Média de avaliação de três índices - transparência Estagnado
das transações, responsabilidade dos diretores e
capacidade dos acionistas de processar diretores
e conselheiros por má conduta. Nos últimos
sete anos, manteve a nota 5,3.

Disponibilidade de capital de risco


Com escala de 1 a 7, mede a capacidade de obter
empréstimo bancário com um plano de negócio satisfatório.
Desce
Desde 2007, apresenta notas inferiores a 3.
Receio do fracasso
Investimento em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) Em 2008, 43% da população empreendedora
Em 2007, correspondia a 1% do PIB brasileiro e, (entre 18 e 64 anos) declarava que o medo de não ser
em 2013, a 1,1%. bem-sucedido em um negócio era um motivo para não
empreender. Em 2013, esse número caiu para 31%.

Para começar o negócio no Brasil


Em 2007, um empreendedor precisava de 149 dias para
abrir uma empresa contra 119 dias em 2013.

Oneração da folha de pagamento


A desoneração foi implantada em 2011 e, em 2013,
beneficiava 42 setores da economia. Os tributos
incididos sobre a folha de pagamento foram reduzidos
de 20% de contribuição para a cobrança de uma taxa
Fonte: Pesquisa da Fundação Dom Cabral/2013 que varia entre 1% e 2% do faturamento.

ria da Computação da Universidade Federal droid, o produto tem como lógica a disponi-
de Itajubá, ele criou, com Eduardo Santana, bilização, por parte do proponente, de qua-
seu sócio e estudante de Engenharia da Com- tro opções entre as quais ele se encontra em
putação da Universidade Federal do Vale do dúvida, desde que roupa vestir até em que
São Francisco, em Juazeiro (PE), uma rede candidato votar nas eleições. É possível abrir
social direcionada a auxiliar os usuários em essas opções apenas para os amigos virtuais
qualquer processo de tomada de decisão. ou para todos os usuários da rede, que vota-
Disponível como site e aplicativo para An- rão na melhor decisão a ser tomada.

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Pedro Vilela/Agência i7

Caio Ferreira investiu em uma rede social para auxiliar os usuários em qualquer processo de tomada de decisão

O site piloto foi colocado no ar no dia 1º de porque não queremos apenas alguém para de-
julho deste ano e já reúne mais de 9 mil usuá- positar dinheiro no nosso negócio. Procuramos
rios, com idades entre 15 e 24 anos e que forne- pessoas com experiências que possam agregar à
cem aos empreendedores o feedback necessá- nossa equipe”, pontua. Dois profissionais estão
rio para os ajustes do produto. O investimento em fase de contratação.
inicial, de aproximadamente R$ 7 mil, veio dos A expectativa é que o produto esteja fina-
próprios sócios. Para capitalizar o negócio, Caio lizado até o final de 2014 e possa ser conecta-
Ferreira explica que são consideradas três estra- do por usuários de todo o país e do exterior. A
tégias: a venda de páginas patrocinadas, a pro- experiência na missão para a TechCrunch Dis-
moção de perguntas patrocinadas por parte das rupt foi agregadora nesse sentido. “Voltei com
empresas e a negociação da base de dados dos a visão ampliada, sabendo que precisamos polir
usuários. “Estamos conversando com possíveis nosso modelo de atuação e investir em um pro-
investidores, mas esse momento exige cuidado fissional de negócio. A viagem nos despertou

NA REGIÃO DO RIO PARANAÍBA


A Inovalto, comissão focada na estruturação da área de inovação do Rio Paranaíba, vem desenvolvendo um Plano
de Inovação Regional com o apoio do programa Identidade Startup. O grupo é composto pelas universidades Unipam
(Centro Universitário de Patos de Minas), Unicerp (Centro Universitário do Cerrado, em Patrocínio) e Universidade Federal
de Viçosa (Campus Rio Paranaíba). Faz parte do plano a realização de capacitações em processos criativos e no modelo
de negócios Canvas para lideranças acadêmicas e empreendedores locais. Os treinamentos, que pretendem atingir mais
de cem participantes, acontecem nas cidades de Patos de Minas, Patrocínio e Rio Paranaíba. Um estudo de viabilidade
está sendo realizado, com o objetivo de avaliar o impacto da implantação de um Parque Tecnológico na região. Ainda
para 2014, está prevista uma ação de benchmarking, visitas que visam conhecer novas práticas bem-sucedidas, em
espaços de coworking (escritórios cujos ambientes e recursos são compartilhados entre diferentes empresas e profis-
sionais), universidades, incubadoras e aceleradoras envolvidas no processo de inovação.

38 PASSO A PASSO OUTUBRO/NOVEMBRO 2014


para questões importantes do negócio sobre as Nos dois anos de existência, a Minas
quais não tínhamos conhecimento. Assim que Startup se mobilizou para promover diversas
cheguei, fiz contato com os consultores do Se- iniciativas, entre as quais se destacam capa-
brae Minas e tenho planos de participar do Em- citações em temas relacionados ao negócio
pretec em breve”, revela. das startups, como orientações legais para
criação do negócio, SEO (Search Engine
Optimization - técnica que auxilia a página
Cooperação como base virtual da marca a alcançar os primeiros re-
sultados nas buscas do Google), estratégias
A solidariedade faz parte da cultura das de precificação, Customer Development
startups, e as diversas organizações que atu- (metodologia de alinhamento entre produto
am nesse ramo têm fortalecido ainda mais e necessidades reais do mercado), Design
esse espírito de cooperação. Seguindo essa Thinking (técnicas de abordagens de proble-
tendência, e com as orientações do Sebrae mas sob múltiplas perspectivas) e Business
Minas, um grupo de empreendedores de Model Canvas (modelo de negócios).
Uberlândia fundou a Minas Startup, uma O Sebrae Minas também ofereceu mais
associação informal, voltada para o forta- 25 eventos, entre palestras, workshops, cur-
lecimento da atuação das startups locais. A sos e pitchings, além de missões técnicas.
iniciativa teve início em 2012, quando seis A Minas Startup recebeu apoio do Sebrae-
empresários procuraram a instituição, soli- tec para o desenvolvimento de soluções em
citando apoio para a organização de um pi- parceria com a i9, associação sem fins lu-
tching, encontro que reúne empreendedores crativos formada por empresas de tecnolo-
e investidores, no qual os primeiros têm um gia e inovação. Em 2013 e 2014, 33 startups
tempo restrito para apresentar suas ideias, foram beneficiadas. “O papel do Sebrae Mi-
com o objetivo de conquistar possíveis inves- nas é promover o desenvolvimento empre-
timentos e parcerias. sarial. No caso das startups de Uberlândia,
Animado com o sucesso do evento, o gru- a parceria foi importante na formatação da
po vem trabalhando, desde então, na forma- associação, proporcionando a alavancagem
tação da associação, que hoje conta com 40 das capacitações e consultorias via Sebrae-
startups, nos mais diversos estágios de ma- tec, que têm como finalidade oferecer me-
turidade e com atuação em diferentes áreas, lhorias para as soluções oferecidas pelas
como comércio varejista, inovação, seguran- empresas”, afirma Fabiano Alves, analista
ça, turismo, entretenimento e telefonia. de negócios do Sebrae Minas.

ENCONTRO INTERNACIONAL
O TechCrunch é um grupo multimídia que se dedica à produção e cobertura jornalística de assuntos
conectados à tecnologia, inovação e startups. Entre as atividades previstas, está a feira TechCrunch Disrupt,
que acontece anualmente, desde 2013, nas cidades americanas de São Francisco e Nova York e em Londres
(Inglaterra), e reúne startups, fornecedores, clientes, investidores e parceiros potenciais de todo o mundo,
com o objetivo de possibilitar novos negócios e parcerias.
Na edição de 2014 (de 8 a 10 de setembro), 30 startups brasileiras, de 13 estados, participaram da mis-
são à Califórnia, organizada pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-
-Brasil) e apoiada pelo Sebrae, que selecionou os empreendimentos. Seis eram mineiros e eles receberam
o subsídio de 70% do Sebrae Minas: Canguru (Belo Horizonte), MahaGestão e Replay4.me (Uberlândia),
Zase, WeechOne e 4lab.io (Itajubá).

www.sebrae.com.br/minasgerais 39
ENTREVISTA

Informação
unificada Ao universalizar o Supersimples,
Lei Complementar 147/2014
gera inúmeros benefícios à
pequena e à microempresa, com
A Lei Geral da Micro e Pequena Empre-
sa foi atualizada e ganhou um adendo que foco em sua expansão
trará muitas vantagens ao empresários des-
te segmento. Trata-se da Lei Complementar optantes pelo Supersimples, com a criação do
147/2014, que apresenta como uma das prin- Cadastro Único Nacional, que será um facili-
cipais mudanças o critério do porte e o fatura- tador no encerramento imediato das ativida-
mento para a opção pelo Supersimples e não des. As modificações também determinam
mais o da atividade exercida. Com essa inicia- que a inscrição das empresas no Cadastro In-
tiva, a norma passa a ser universal e a atender formativo de Créditos não Quitados (Cadin)
os setores de comércio, indústria, construção esteja condicionada à notificação prévia e
civil e serviço, inclusive, intelectual. oportunidade de recursos. Outro ponto mui-
Dessa forma, profissionais como médico, to importante é que a nova legislação faz com
advogado, jornalista, publicitário, auditor, en- que a participação das MPE nas licitações se
tre outras especialidades, serão contemplados torne obrigatória e não mais uma possibilida-
por este sistema de tributação que unifica oito de. Em linhas gerais, o que se vê nessa legis-
impostos e reduz, em média, 40% das cobran- lação é mais eficácia e fortalecimento, já que
ças. A medida irá beneficiar cerca de 450 mil, ela retirou diversos benefícios previstos para
de 140 atividades distintas, com faturamento as MPE que estavam no papel e os repassou
anual de até R$ 3,6 milhões. para a vida real. Ou seja, assim como os novos
Outra novidade é a criação do Cadastro optantes, os cerca de 9,1 milhões de pequenos
Único Nacional, sistema que visa diminuir negócios já participantes também irão usu-
a burocracia com a informatização de ca- fruir de mais estímulos à formalização, com-
dastros e foco na aceleração do processo de petitividade e sucesso empresarial.
abertura e fechamento de empresas. Para
explicar essas mudanças e os benefícios ge- De acordo com dados do Senado, 80% dos
rados às micro e pequenas empresas (MPE), empregos formais no país são gerados pelas
a reportagem da Passo a Passo entrevistou micro e pequenas empresas. Quais as van-
Bruno Quick, gerente de políticas públicas tagens que a Lei traz para o empregador?
do Sebrae Nacional. Esse dado tem como base o Cadastro Ge-
ral de Empregados e Desempregados (Ca-
Quais mudanças surgem com a Lei Comple- ged), que aponta que, nos últimos dez anos,
mentar 147/2014 e que benefícios ela traz 85% da expansão do número de postos de
para empresários e prestadores de serviços? trabalho no Brasil veio das MPE. Sem contar
A Lei não se restringe apenas às questões também o crescimento do mercado interno
tributárias e às 140 atividades que poderão consumidor e o poder de compras da popu-
ter acesso a um cotidiano mais simples, des- lação, que contribuíram para o sucesso dos
burocratizado e desonerado. Ela beneficia os negócios. Quando o Supersimples foi criado,
demais pequenos negócios, como as empresas há sete anos, além de beneficiar as empresas,

40 PASSO A PASSO OUTUBRO/NOVEMBRO 2014


“Em linhas gerais, o
que se vê nessa
legis­lação é mais eficácia
e fortalecimento, já
que ela retirou diversos
benefícios previstos para
as MPE que estavam
no papel e os repassou
para a vida real”

Fotos: Charles Damasceno

www.sebrae.com.br/minasgerais 41
“Mesmo com esse avanço, as alíquotas do ICMS, que variavam entre
1,25% e 3,95%, passaram para 18%. Estudo
ainda temos muitos desafios. realizado pelo Sebrae Nacional e a Funda-
Já estamos com um estu­do ção Getúlio Vargas (FGV) apontou que, em
em curso, em parceria com 2012, o uso da Substituição Tributária trouxe
instituições como a FGV e a FDC, um custo adicional às MPE de R$ 5 bilhões
e chegou a aumentar o custo de ICMS de
para aprimorar o Supersimples alguns produtos em até 500%. Com a nova
e fazer com que ele estimule o regra fixada pela LC 147/14, a Substituição
crescimento das empresas” Tributária passará a ser restrita a uma lista
de produtos e deixará de incidir, de forma
direta, sobre dois milhões de micro e peque-
nas empresas e se limitará a cerca de 400 mil
empresas. Essa iniciativa resgata as condi-
ções originais do Supersimples e mantém a
simplificação e a desoneração.
Apesar das modificações começarem a
ele deu maior vantagem à empregabilidade e valer a partir de janeiro de 2016, já estamos
às relações de trabalho. No Supersimples, a sentindo o efeito da Lei nos estados. Iden-
Contribuição Patronal Previdenciária passa a tificamos que as secretarias de Fazenda in-
incidir sobre a receita bruta da empresa e não terromperam a ampliação da quantidade de
mais sobre os salários. Essa medida desonerou produtos submetidos à Substituição Tributá-
a folha de pagamento e possibilitou mais con- ria. Alguns dos segmentos beneficiados com
tratações, formalização das relações de traba- a medida são os de vestuário e confecções,
lho e maior competitividade das MPE. móveis, couro e calçados, brinquedos, de-
coração, cama e mesa, produtos óticos, im-
Uma das novidades da nova Lei é a Substi- plementos agrícolas, instrumentos musicais,
tuição Tributária para alguns setores, fato artigos esportivos, alimentos, papelaria, ma-
que dificulta a competição das MPE, já teriais de construção, olarias e bebidas não
que, muitas vezes, elas compram produtos alcoólicas, que não estarão mais sujeitos a
que vêm com o ICMS embutido no preço. esse mecanismo de arrecadação.
A mudança trará mais competitividade a
esse público? De que forma? A partir deste primeiro passo, o que mais
Uma das grandes conquistas dessa nova precisa ser ajustado na legislação brasilei-
legislação foi a fixação de limites à aplicação ra para garantir melhores condições com-
da Substituição Tributária nas operações que petitivas aos pequenos negócios?
envolvem as MPE. Nos últimos anos, os fis- Mesmo com esse avanço, ainda temos
cos estaduais buscaram o incremento da ar- muitos desafios. Já estamos com um estudo
recadação com a expansão da quantidade de em curso, em parceria com instituições como
produtos submetidos ao ICMS, tratada como a FGV e a Fundação Dom Cabral (FDC), para
Pauta de Produtos, além da fixação de Mar- aprimorar o Supersimples e fazer com que
gem de Valor Agregado (MVA), superiores às ele estimule o crescimento das empresas. O
praticadas pelas empresas de pequeno porte. objetivo é remover alguns aspectos que de-
Esse regime passou a abranger produtos ca- sestimulam essa expansão. Entre as inicia-
racterísticos desse segmento e comprometeu tivas, podemos citar a implantação de uma
a simplificação do pagamento dos impostos, transição de Microempreendedor Individu-
aumentando a tributação dos optantes pelo al (MEI) para micro, a revisão das faixas do
Supersimples. Em grande parte dos casos, Supersimples e um mecanismo diferenciado

42 PASSO A PASSO OUTUBRO/NOVEMBRO 2014


para quem necessita migrar do Supersimples
para o Lucro Presumido. Muitas das empre-
sas, quando próximas ao teto de faturamen-
to, acabam se subdividindo para não saírem
do regime simplificado, o que gera prejuízos
na gestão e na produtividade. A proposta é
tornar o Supersimples um grande incentiva-
dor de crescimento das empresas.

Além do aumento da abrangência de áreas


de atuação, será criado o Cadastro Único
Nacional, sistema que visa reduzir a buro-
cracia. O que isso significa e quais os pon-
tos positivos?
Em 2004, quando começamos a construir
a primeira proposta da Lei Geral da Micro
e Pequena Empresa, os empreendedores já
apresentavam o sonho de ter um único nú-
mero de inscrição da empresa, o CNPJ, para
identificá-los. A legislação sancionada realiza
esse desejo, e os donos de pequenos negócios
não ficarão mais reféns de outros números,
como inscrições estaduais e municipais. Essa
iniciativa, associada à Redesim, fortalecerá
a integração de todos os órgãos responsáveis
pela concessão de alvarás e licenças. E temos
a comprovação de que isso dá certo, visto que
muitos estados já têm um sistema integrado
da Redesim, entre eles, Minas Gerais.

Qual é o papel das MPE para o fortaleci-


mento da economia brasileira?
Os números falam por si mesmos. Os micro
e pequenos empreendimentos correspondem
a 99% das empresas brasileiras e são os res-
ponsáveis por 27% do Produto Interno Bruto
(PIB) nacional e por 85% da expansão dos pos-
tos de trabalho. Além desses resultados, uma
boa prova da importância desse segmento na já é positivo. O Brasil está à frente de países
economia e na política brasileira é que os dois como o Canadá, e o empreendedorismo vem
únicos projetos aprovados por unanimidade na ganhando cada vez mais força, sendo uma das
Câmara durante esta legislatura foram as LC opções de vida para muitos brasileiros. Para
139/11 e 147/14, ambos aprimorando a Lei Ge- concluir, 43% dos nossos jovens sonham em
ral das Micro e Pequenas Empresas. Também ter o seu próprio negócio. Esses dados nos
precisamos destacar que 84% dos MEI inves- permitem afirmar que os pequenos negócios
tem em seu crescimento, e 76% das empresas conquistaram seu espaço na agenda estratégi-
sobrevivem aos dois primeiros anos. Qualquer ca do país e que já se projetam como agentes
índice de sobrevivência que ultrapasse os 70% de sucesso no futuro do Brasil.

www.sebrae.com.br/minasgerais 43
PORTA A PORTA

Relacionamento
próximo
Com o apoio do Atendimento porta a
porta, empreendedores são orientados
sobre ferramentas de gestão e sentem,
no bolso, o retorno dos investimentos
Com o mercado de marcenaria em ascen-
são, o empresário Julio Cezar decidiu investir,
há um ano, na fabricação de móveis plane-
jados na cidade de Patos de Minas, no Alto
Paranaíba. No entanto, a pouca experiência
em gestão trouxe alguns prejuízos para a JC
Móveis. “Apliquei R$ 20 mil na fabricação de
camas e criados mais rústicos, mas tive um
prejuízo de R$ 10 mil”, conta. Na tentativa de
reverter esse quadro, ele recebeu a visita de
um assistente do Sebrae Minas. “Durante o
Atendimento porta a porta, ele fez um diag-
nóstico da empresa e me indicou diversas fer-
ramentas que poderiam melhorar os resulta-
dos”, lembra o empresário.
Julio Cezar utilizou as apostilas de gestão
empresarial e participou de capacitações so-
bre qualidade da prestação de serviço, contro-
le de estoque e caixa e cadastro de clientes.
“Não sabia controlar o meu dinheiro e desco-
nhecia o valor que entrava na empresa, ape-
nas aquele que saía. Com essas orientações,
aprendi a administrar o estoque, realizar pes-
quisas de preços com os fornecedores e dar
mais valor para o investimento que havia fei-
to”, descreve. Esse conhecimento também foi
compartilhado com os quatro funcionários.
“Hoje, percebo que a equipe está mais bem-
-preparada e aberta a mudanças, o que reflete
Mauro Marques Fotografias

na qualidade do atendimento e, posterior-


mente, no meu bolso.”
Prova disso é o crescimento da clientela
em 80%, mesma porcentagem obtida com as

44 PASSO A PASSO OUTUBRO/NOVEMBRO 2014


vendas. Além disso, a JC Móveis ganhou uma SONHO QUE DEU CERTO I O Atendimento porta
sede própria. “Estou investindo na compra a porta começa com a definição, pelas oito regio-
de equipamentos e na contratação de mais nais do Sebrae Minas, dos territórios (cidades,
pessoas para atender ao aumento da deman- bairros e regiões) a serem contemplados. Essa
da e buscar mais clientes. Minha expectativa seleção é feita por meio de critérios como a con-
é de ter um crescimento na faixa de 50% já centração empresarial e a participação do muni-
em 2015”, contabiliza. cípio em outras ações da instituição. Em segui-
São resultados como esses que fizeram com da, os técnicos das microrregiões apresentam o
que o Sebrae Minas expandisse a atuação do projeto para as lideranças locais e prospectam
Atendimento porta a porta no estado. “Somen- os empreendimentos nas localidades selecio-
te até o mês de agosto deste ano, já atendemos nadas. A partir daí, os 93 assistentes iniciam as
quase 300 cidades e mais de 49 mil empreen- visitas. “O empresário também pode manifestar
dimentos. Nossa expectativa é alcançar 61 mil interesse no site do Sebrae Minas (www.sebrae.
negócios até o final do ano e, em 2015, chegar ao com.br/minasgerais). Nesse caso, a demanda é
patamar de 100 mil atendimentos”, afirma Any encaminhada para o gestor regional, que a envia
Myuki, analista do Sebrae Minas. para o assistente responsável pelas visitas naque-
A iniciativa visa contribuir para a organiza- le território”, detalha Any Myuki.
ção e o fortalecimento do empreendedorismo Durante o primeiro encontro, são coletados
mineiro, alcançando maior fidelização e proxi- os dados cadastrais do empreendedor, as infor-
midade com as micro e pequenas empresas e os mações sobre a atuação da empresa nas áreas de
Microempreendedores Individuais (MEI). “O finanças, mercado e pessoas e os fatores exter-
Atendimento porta a porta é o primeiro passo nos relacionados ao negócio. Com a indicação
na construção de um relacionamento com o dos pontos fortes e aqueles que podem ser me-
cliente. Ele se fortalece na medida em que ou- lhorados, o assistente apresenta gratuitamente
tros atendimentos acontecem e que consegui- as soluções que podem contribuir para resulta-
mos elevar o nível de gestão das empresas por dos mais expressivos.
meio de recomendações gerenciais, cursos, con- Guilherme Gregório, proprietário da MEI
sultorias e outros produtos e serviços do Sebrae Lubmóvel, que presta serviço delivery de
Minas”, completa a analista. troca de óleo de veículos em Uberlândia, no
Triângulo Mineiro, foi outro empreendedor
beneficiado por esse atendimento. “Eu estou
no mercado de troca de óleo há seis anos, e
o meu sócio, há 32 . Sabemos fazer o serviço,
mas nenhum de nós dois tinha o conhecimen-
to necessário sobre como administrar uma
empresa. E, nesse ponto, o Sebrae Minas foi
um importante parceiro”, comenta.
Criada em julho deste ano, a MEI Lub-
móvel já tem cinco clientes, que demandam
boa parte do serviço. Entre eles está uma das
“Durante o Atendimento porta empresas que atuam na rodoviária da cidade,
a porta, ele (assistente do para a qual são feitas 42 trocas de óleo por
Sebrae Minas) fez um diag­nóstico mês na frota de ônibus. “Em apenas três me-
da empresa e me indicou diversas ses, obtive um aumento em torno de 60% nas
vendas”, conta Guilherme Gregório.
fer­ramentas que poderiam Parte desse crescimento se deve às orienta-
melhorar os resulta­dos” ções recebidas, que permitiram ao cliente par-
Julio Cezar, dono da JC Móveis ticipar de outras atividades promovidas pelo

www.sebrae.com.br/minasgerais 45
“Aprendi a controlar melhor
as finanças, tirei dúvidas sobre
as burocracias exigidas para a
abertura da empresa, desenvolvi
um planeja­mento de marketing,
Mauro Marques Fotografias

incluindo a criação de
uma logomarca”
Guilherme Gregório, proprietário
da MEI Lubmóvel

Sebrae. “As palestras a que tive a oportuni- COLOCANDO EM PRÁTICA I Com a ajuda
dade de assistir no Sebrae Minas e as ações do Sebrae Minas, a tão sonhada reforma da
de capacitação foram importantes aliadas. Baby Space Outlet, loja multimarcas que
Aprendi a controlar melhor as finanças, tirei vende roupas infantis para atacado e varejo,
dúvidas sobre as burocracias exigidas para a sairá do papel. “No início do ano, recebi a vi-
abertura da empresa, desenvolvi um planeja- sita de dois assistentes, que mostraram os in-
mento de marketing, incluindo a criação de vestimentos que deveria fazer para alavancar
uma logomarca, e, agora, administro o meu o negócio. Depois, fui até o posto do Sebrae
negócio de forma mais profissional”, come- Minas na cidade, onde consegui informações
mora o empresário. para a reforma da loja”, diz o proprietário Os-
As perspectivas são tão boas, que ele ini- valdo Lemos. Quando inaugurou o estabele-
ciou o processo de migração da MEI para cimento em Passos, na região Sul de Minas,
MPE e, até o final do ano, pretende ter tam- ele teve receio de fazer grandes investimen-
bém um espaço físico para a prestação do ser- tos. “Não sabia se o negócio ia dar certo. Mas
viço de troca de óleo. “Para isso, iremos inves- as vendas melhoraram e vi que poderia fazer
tir na contratação de funcionários, já que hoje um investimento maior e remodelar a loja.”
eu e meu sócio estamos na parte operacional, O empresário recebeu o auxílio de dois
além de comprar mais um carro para o aten- arquitetos recomendados pelo Sebrae Mi-
dimento delivery. Queremos expandir a nossa nas, que o orientaram na criação do projeto
clientela, inclusive, para cidades próximas, do espaço. “Eles captaram a nossa ideia e a
como Uberaba e Araguari”, planeja. nossa necessidade. Com a mudança, a loja

46 PASSO A PASSO OUTUBRO/NOVEMBRO 2014


ficará mais funcional, organizada, ampla e PONTAPÉ INICIAL I Por uma necessidade pró-
aconchegante para os pais e mais bem-estru- pria, Carmen Adriana de Almeida percebeu
turada para as crianças”, detalha. uma oportunidade de negócio em seu bairro,
Fora as mudanças do layout, Osvaldo Le- o Ermelinda, localizado na região Noroeste de
mos fez melhorias nos processos internos da Belo Horizonte. “Precisava comprar uma meia-
empresa, como a adoção de um novo contro- -calça, mas só consegui encontrar o produto no
le de caixa e de estoque e a criação de uma shopping, que fica em outro bairro. Foi, então,
agenda de clientes. “Identificamos as falhas que vi uma carência na região nesse segmento
na gestão da empresa e já estamos trabalhan- comercial”, recorda. Inaugurada há dois anos, a
do para contorná-las. Uma delas foi a neces- loja Essencial – Visível aos Olhos comercializa
sidade de implantar um software de controle produtos para necessidades básicas, como linha
de entrada e saída de mercadorias mais efi- e agulha, além de artigos para presentes, brin-
ciente para saber o lucro exato.” quedos, produtos de decoração e papelaria. “O
Ele ainda investiu na oferta de produtos va-
riados. “Dobramos o número de mercadorias
no estoque e adquirimos roupas de marcas
que nossos concorrentes não têm. Além dis-
so, agendamos a visita de outros profissionais “A partir dessas pequenas
indicados pelo Sebrae Minas, que nos auxilia- ações, per­cebi um crescimento
rão a definir a nova papelaria, como cartões de 20% tanto nas ven­das quanto
e embalagens”, conta. Com a venda de cerca
de 500 peças por mês, Osvaldo Lemos espera
no número de clientes”
que, com as melhorias, a loja tenha 100% de Carmem de Almeida, proprietária
aumento na margem de lucro. da Essencial – Visível aos Olhos

Pedro Vilela/Agência i7

www.sebrae.com.br/minasgerais 47
público-alvo são pessoas que procuram por um Essas melhorias obtiveram um resulta-
produto diferenciado, criativo e de qualidade, do ainda mais positivo com a visita de um
sem ter que recorrer aos grandes centros comer- assistente do porta a porta, em setembro
ciais da cidade”, explica a empreendedora. deste ano. “Depois do diagnóstico, ele me
Atualmente com apenas uma funcionária, mostrou alternativas adequadas à minha re-
a loja recebe, em média, três clientes por dia, alidade, como a criação de uma página de
quantidade que cresce dez vezes aos sábados. Facebook da loja, para atrair mais clientes
“Já possuo uma clientela fixa, de cerca de 20 e divulgar melhor os produtos”, fala a em-
pessoas”, destaca Carmem de Almeida. Para presária, que já está começando a fazer o
melhor atendê-las, ela fez alguns investimen- planejamento de divulgação do estabeleci-
tos, com a compra de expositores e a adoção mento nas redes sociais. “Devido à pouca
de um sistema de leitor de código de barras, disponibilidade de tempo, ele me indicou,
controle de estoque e vendas e cadastro de ainda, dois cursos a distância sobre finanças
clientes. “A partir dessas pequenas ações, per- e recursos humanos, que pretendo fazer no
cebi um crescimento de 20% tanto nas ven- próximo ano. A minha meta é alcançar um
das quanto no número de clientes.” crescimento de 15 a 20% já em 2015.”

Mayron Henrique
Atendimento porta a porta

49.593
empreendimentos
288
cidades
visitados atendidas*
Centro: 14.969
Jequitinhonha e Mucuri: 1.462
Noroeste: 464

93 consultores
Norte: 3.763
Rio Doce: 8.122 atuantes
Sul: 10.548
Triângulo: 10.205
Zona da Mata: 3.394

Meta para 2014


visitar 61.042
empreendimentos
*Abril a agosto de 2014

Fonte: Sebrae Minas

48 PASSO A PASSO OUTUBRO/NOVEMBRO 2014


CAPA

Paraíso entre
as montanhas
Ibitipoca lança a primeira central de
negócios no segmento de turismo e
hospitalidade do país e fortalece o
empreendedorismo na região
Fotos: Pedro Vilela/Agência i7

50 PASSO A PASSO OUTUBRO/NOVEMBRO 2014


E
m meio às montanhas da Zona da tral de negócios. A ação é o primeiro passo de
Mata mineira, a vila de Conceição um projeto maior que está em construção: o
do Ibitipoca, distrito de Lima Duar- desenvolvimento da cadeia turística do Ibiti-
te, atrai turistas de diversas partes do poca, que será criada até o ano de 2018, com
país com suas cachoeiras e belas pai- o objetivo de fortalecer a atuação dos empre-
sagens. No pacato vilarejo, que abriga uma po- endedores e fomentar o turismo das cidades
pulação de cerca de mil habitantes, está o Par- do entorno de Lima Duarte.
que Estadual do Ibitipoca, considerado pelo O investimento no setor já era a prioridade
Traveller’s Choices 2013, do site de viagens para muitos empresários, mas os modelos de
TripAdvisor, o terceiro melhor da América gestão não traziam perenidade para os negó-
Latina. Anualmente, cerca de 75 mil turistas cios. “Os pequenos empreendimentos estavam
passam por Ibitipoca, especialmente nos me- ameaçados por empresas maiores que come-
ses de janeiro, fevereiro, março, julho e agos- çaram a se instalar na região. A criação de uma
to, considerados os de alta temporada. Nesse central de negócios propiciou a eles maior com-
período, apenas em Conceição do Ibitipoca, petitividade diante desses concorrentes”, declara
o turismo gera R$ 30 milhões em receita, o Waldir Ferreira, consultor do Sebrae Minas.
que faz do setor a principal fonte econômica Segundo a especialista e consultora de
do distrito e a segunda do município de Lima varejo Stella Beluzzi, é importante que os
Duarte, atrás apenas da pecuária leiteira. empreendedores se unam em centrais de ne-
Entre tantos atrativos, a região apresenta gócios para aumentar a concorrência e com-
uma grande vocação para o turismo, o que petitividade no mercado. “Esse modelo ofe-
traz ganhos positivos para o crescimento rece a eles a oportunidade de desenvolver o
socioeconômico local. Foi a partir dessa seu negócio a partir da troca de experiências
percepção que o Sebrae Minas, em 2012, se e do melhor relacionamento com diversos se-
reuniu com representantes do Circuito Serra tores da economia. Por meio dele, a empresa
do Ibitipoca, formado por dez municípios, amplia o acesso a produtos e fornecedores e
em parceria com prefeituras e secretarias de garante melhores condições de preço e prazo,
turismo, sugerindo a formação de uma cen- por exemplo”, explica. No Brasil, existem mais

www.sebrae.com.br/minasgerais 51
“Vamos padronizar os serviços trabalho intenso de capacitação. “O primeiro
desafio foi disseminar entre eles a cultura da
prestados, contribuindo na cooperação e do aprendizado em torno de um
formação de uma identidade objetivo comum”, avalia o analista do Sebrae
sólida, sem perder a hospitalidade Minas, José Tarcísio Fagundes de Paula.
e o carisma, traços marcantes A Central de Negócios abrange dois perfis
de empresários: os nativos, que nasceram nas
do interior mineiro” redondezas e montaram sua empresa, e pesso-
Marcus Marchioli, presidente da as de outras cidades e estados, que visitaram os
Central de Negócios Rede Ibitipoca pontos turísticos, se encantaram e decidiram
investir na região. “Mesmo com essas dife-
renças, todos eles apresentavam necessidades
parecidas: pouca capacitação para gerenciar o
negócio, o que os impedia de ganhar dinheiro,
expandir a atividade e buscar a sustentabilida-
de 790 centrais de negócio ativas - a maio- de do serviço”, acrescenta Tarcísio Fagundes.
ria do segmento de material de construção Um levantamento sobre o perfil do turista
e supermercados. da região do Ibitipoca revelou, entre outras in-
A Central de Negócios Rede Ibitipoca Tu- formações, que parte significativa dos visitan-
rismo e Hospitalidade, com sede na vila, é a tes é dos estados do Rio de Janeiro e São Pau-
primeira do ramo de turismo no Brasil. Ela lo. A expectativa desses turistas por serviços e
reúne 13 estabelecimentos dos seguintes se- atendimento de alto nível também foi aponta-
tores: alimentação, hospedagem, aluguel de da pelo estudo. A par dessa demanda, o Sebrae
casas, artesanato, café caipira e passeios e Minas realizou um diagnóstico de cada empre-
guias. Até o lançamento da central, em agosto endimento envolvido no projeto, o que ajudou
deste ano, os empresários participaram de um a definir a necessidade da oferta de capacita-

52 PASSO A PASSO OUTUBRO/NOVEMBRO 2014


ções com foco em liderança, administração, cios aos empresários. “Nossa primeira com-
relacionamento com fornecedores, marketing, pra em conjunto, por exemplo, rendeu uma
formação de preços, atendimento ao cliente, economia de mais de 55% para todas as em-
linhas de financiamento e economia. “As prin- presas. E a entrega foi aqui, em Conceição do
cipais dificuldades percebidas foram falta de Ibitipoca”, revela Marcos Marchioli. A união
união, custos de produção e comercialização, também proporcionou maior representati-
controle sobre lucros, descrença no associati- vidade desses negócios na região, a começar
vismo, pouco retorno financeiro, falta de apoio pela criação da marca, identidade visual, ví-
e representatividade, baixo volume de compras deo institucional, página no Facebook e site
e vendas, ausência de um marketing coletivo e da Central de Negócios. “Conseguimos, por
volume de compra individual reduzido”, deta- meio do Sebraetec, a criação da marca, que
lha Waldir Ferreira. Concluídas as capacitações destaca detalhes da igreja matriz. Agora, esta-
gerenciais, teve início a consultoria para a for- mos desenvolvendo um plano de marketing,
mação da Central de Negócios. “A organização em parceria com o Instituto Federal Campus
tem CNPJ e reúne as 13 empresas participan-
tes do projeto. Ela tem identidade visual e uma
diretoria própria, eleita pelos empresários”,
acrescenta Tarcísio Fagundes.

RESULTADO EM CONJUNTO I A Central de Ne-


gócios Rede Ibitipoca Turismo e Hospitalidade
mudou a mentalidade dos empreendedores da
região. Seu presidente, Marcus Marchioli, que
também é proprietário da pousada e da loja
de artesanato Mãos de Maria, comenta que a
maioria dos empresários desconhecia a cadeia
produtiva do turismo e os conceitos de gestão
trabalhados no projeto, não acreditava no co-
operativismo e contava com uma mão de obra
defasada. “A consultoria e o apoio do Sebrae
Minas abriram os nossos olhos, e começamos
a ver a importância de nos unir para buscar um
crescimento conjunto. Desconhecíamos a for-
mação de preços, não valorizávamos a criação
de uma identidade e uma marca para represen-
tar o nosso negócio, e os nossos funcionários
eram desqualificados. Isso agora mudou.”
A Central de Negócios tem como foco a
parceria dos empresários do setor em torno
da qualidade e do crescimento sustentável da
atividade turística na região. “Vamos padroni-
zar os serviços prestados, contribuindo na for-
mação de uma identidade sólida, sem perder
a hospitalidade e o carisma, traços marcantes
do interior mineiro”, afirma o presidente.
O associativismo formalizado com a Cen- Com a Central de Negócios, Gabriel Fortes pretende ampliar
tral de Negócios já trouxe inúmeros benefí- o serviço de ecoturismo e esporte de aventura na região

www.sebrae.com.br/minasgerais 53
de Barbacena”, acrescenta. Outra conquista cializada em ecoturismo e esporte de aventu-
dos empresários é que o Hotel Senac Grogo- ra, junto com o amigo Márcio Lucinda. Vice-
tó, também de Barbacena, vai disponibilizar -presidente do Circuito Serra do Ibitipoca, o
cursos de capacitação de mão de obra, como empreendedor foi um dos primeiros a aderir
o de técnicas de atendimento e inglês, para a à proposta de implementação da Central de
melhoria dos serviços ao turista estrangeiro. Negócios e estimulou outros empresários a se
envolverem também. “O projeto nos auxilia
DE GUIA TURÍSTICO A EMPRESÁRIO I Gabriel muito no desenvolvimento de nossas ativida-
Sá Fortes, dono da Sauá Turismo e diretor de des e já percebo o quanto essa união traz be-
Marketing da Rede Ibitipoca, tem história na nefícios”, comemora.
Vila de Conceição do Ibitipoca. Sua família foi No parque, e em outras regiões do entor-
umas das primeiras a habitar o local, e o seu no, há uma programação variada para os tu-
avô, o primeiro guia turístico da região. Ele ristas. Entre as atividades ofertadas estão pas-
acompanhava pesquisadores na exploração do seios de bicicleta, caiaque, bote, jipe, trilhas
Parque do Ibitipoca. Essa vocação foi herda- para caminhada e acampamento selvagem,
da pelo neto, que teve sua primeira experiên- que atraem, nos finais de semana e feriados,
cia como guia aos 11 anos. Há apenas quatro cerca de 60 clientes. Cada pacote custa entre
anos, Gabriel Fortes criou uma empresa espe- R$ 150 e R$ 400. Os serviços são organizados

51%
Central de Negócios
Rede Ibitipoca Turismo e
Hospitalidade
Clayton Pedrosa
$$ $ $ $
$$ $

27% 22% 30%


Fonte: Sebrae Minas/ Janeiro a agosto de 2014

Volume de
compras Clientes Vendas Empregos

84.900 para
De R$ De4.800 para De R$ 247.945 para De 40 para 52
R$ 107.926 5.824 R$ 374.395
54 PASSO A PASSO OUTUBRO/NOVEMBRO 2014
pelos próprios empresários, que contratam “Fiz cursos de vendas e de
profissionais de apoio quando o movimento atendimen­to e investi na
de turistas aumenta.
Depois das capacitações para a implanta- equipe, que soma agora
ção da Central de Negócios, Gabriel Fortes três funcionários”
está planejando oferecer os pacotes também Leandro de Souza, dono do
para escolas, uma forma de fomentar a agên- Açougue e Conveniência R&L
cia em período de baixo turismo na região.
“O mais significativo neste projeto foi apren-
der a trabalhar em conjunto, sem contar a
oportunidade que estou tendo de melhorar
a gestão do meu negócio, principalmente na
área financeira. Isso sem falar que, com a
Rede Ibitipoca, consigo fechar pacotes com cional da família de Leandro David Vilela de
clientes em pousadas e restaurantes parcei- Souza, dono do empreendimento. “Em épo-
ros”, diz orgulhoso. ca de baixa temporada, costumo vender para
turistas e estabelecimentos comerciais locais
TRADIÇÃO FAMILIAR I Na culinária minei- cerca de 300 kg por dia e, em feriados, quase
ra, não faltam pratos que combinam angu, 3 mil kg por dia”, contabiliza.
couve, arroz, feijão e linguiça, iguarias que A participação de Leandro de Souza na
também são indispensáveis para quem visita Rede Ibitipoca já rendeu bons frutos, a co-
Ibitipoca. O Açougue e Conveniência R&L, meçar pelas vendas. Agora, a produção dele
por exemplo, é parada obrigatória na vila. Lá é comercializada para empresas parceiras, o
é vendida uma linguiça feita com carne de que garante receita durante todo o ano. “Fiz
porco e tripa de ovelha, uma receita tradi- cursos de vendas e de atendimento e inves-

www.sebrae.com.br/minasgerais 55
Na alta temporada, Carlos Aguiar recebe a média de 25 turistas por fim de semana e
tem um faturamento mensal de quase R$ 8 mil

ti na equipe, que soma agora três funcioná- Com a Rede Ibitipoca, ele vislumbrou
rios.” Para estimulá-los, além do salário fixo uma oportunidade de profissionalizar os ne-
e de outros benefícios, ele oferece comissão gócios. “Participei de cursos de atendimen-
sobre as vendas. to e consultoria de precificação. Com isso,
melhorei a forma de administrar o lucro,
NEGÓCIO EM CASA I O casal Carlos Frederico separando cada custo para saber o quanto
Baumgratz de Aguiar e Elisabeth Aparecida gasto e o quanto ganho. A associação com
Ribeiro Baumgratz é natural do Ibitipoca e diz os outros empresários também está sendo
“não deixar a cidade e a calmaria por nada”. O positiva”, relata.
empresário é dono da Pousada do Fred e de As mesmas mudanças foram percebidas
um camping e construiu um chalé no terreno por Elisabeth Aguiar, quitandeira há 16 anos.
onde mora para receber turistas. Sua esposa é Junto com mais quatro pessoas da família,
cozinheira, especializada no preparo de refei- ela fabrica o pão de canela, assado no forno a
ções típicas da região, como o pão de canela, e lenha. Em média, são gastos 14 kg de farinha
cuida da loja Beth Pão de Canela. por semana na preparação dos pães. A igua-
No ramo de hotelaria há 15 anos, Car- ria, feita com massa de pão doce e recheio
los Aguiar foi um dos pioneiros do turismo de açúcar, margarina e canela, caiu no gosto
na região. Em época de alta temporada, ele dos turistas. Com a união dos empresários,
recebe uma média de 25 pessoas por fim de ela agora fornece pães para as pousadas, ga-
semana, o que gera um faturamento bruto rantindo uma clientela fidelizada.
mensal em torno de R$ 8 mil. As atividades Em breve, Elisabeth Aguiar planeja uma
da pousada são realizadas por oito pessoas da novidade: uma equipe do Senac-MG está
própria família. analisando o valor nutricional dos pães para

56 PASSO A PASSO OUTUBRO/NOVEMBRO 2014


a elaboração de uma etiqueta informativa e
a criação de uma embalagem que permitirá
enviar o produto a outras regiões do país.
“Nunca imaginei que teria essa oportunida-
de. Estou muito feliz com os resultados!”

GASTRONOMIA QUALIFICADA I Sueli Apare-


cida Campos começou seu negócio de forma
despretensiosa. Ela trabalhava em uma pou-
sada como ajudante, e seu patrão a estimulou
a abrir uma pizzaria. Animada, Sueli Campos
recorreu à mãe, que cedeu a ela um terreno
para construir o estabelecimento. Com o lu-
gar definido, aprendeu a preparar a massa e,
em 2000, inaugurou a Serra Nostra Pizzaria
e Restaurante.
Localizada na parte central da vila, e com
um cardápio sofisticado, a pizzaria chama a
atenção dos turistas. Com uma média de 4
mil clientes em feriados, o estabelecimento
também serve pratos individuais e oferece
self-service no almoço.
No dia a dia, Sueli Campos trabalha com
uma equipe de quatro pessoas, chegando
a seis nos finais de semana e a 12 em feria-
dos. “O atendimento é minha maior preo-
cupação, por isso quero qualificar a equipe”,
adianta. “As orientações do Sebrae e a união
dos empresários trouxeram melhores pers- Sueli Campos está investindo na melhoria do atendimento
pectivas para o meu negócio”, conclui. e na qualificação da equipe

ENCONTRO DE INTEGRAÇÃO
Os 13 empresários da Rede Ibitipoca estiveram em Belo Horizonte para o 5º Encontro de
Centrais de Negócios e Redes, realizado no início de setembro, no Teatro Bradesco. O evento,
que reuniu mais de 500 participantes de 18 estados, promoveu palestras com especialistas em
diferentes áreas. O objetivo foi integrar as diversas centrais do país, gerando oportunidades
para a troca de experiências e boas práticas.
De acordo com Mônica Segantini, gerente de Acesso a Mercados e Relações Internacionais do
Sebrae Minas, o encontro foi importante para a capacitação de gestores das centrais de negócios
e seus associados. “Eles tiveram a oportunidade de conhecer tendências, expandir o conhecimen-
to e, com isso, pensar em novas ideias e inovar”, destaca. A programação incluiu, ainda, uma
Rodada de Negócios, que gerou uma expectativa de negócios de mais de R$ 6,5 milhões.

www.sebrae.com.br/minasgerais 57
EDUCAÇÃO
Pedro Vilela/Agência i7

É na escola
que se aprende
Iniciativas premiadas Iniciativas como a da professora e coordena-
dora do curso de Engenharia Química da Univer-
revelam que o incentivo ao sidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Viviane
empreendedorismo deve Birchal, prometem mudar o cenário e trazer o
começar dentro da sala de aula jovem brasileiro para mais perto das demandas
do mercado, e desde a sala de aula. “Empreende-
Apesar de ainda estarem no início de uma dorismo, startups, inovação, intraempreendedo-
longa jornada, as instituições brasileiras de en- rismo e outros assuntos relacionados são cada vez
sino já perceberam que precisam mudar. Em mais frequentes no mercado, mas ainda parecem
2012, 91,3% das 46 universidades abordadas distantes da academia. É necessário diminuir as
pela pesquisa Empreendedorismo nas Univer- diferenças e aproximar as esferas do ensino das
sidades Brasileiras, da Endeavor Brasil, organi- demandas mercadológicas e das expectativas da
zação global de fomento ao empreendedorismo, geração característica dos alunos”, avalia.
ofereciam algum curso ligado ao setor, mas ape- Ela desenvolveu a disciplina optativa Empre-
nas 39,7% dos 6.215 alunos entrevistados já ha- endedorismo, Gestão e Inovação, que, desde o
viam cursado alguma disciplina ligada ao tema. início de 2013, já teve a participação de cerca de

58 PASSO A PASSO OUTUBRO/NOVEMBRO 2014


Professora Vivia­ne Birchal observa Priscila Darling. O impacto gerado para
ministra a disciplina optativa os alunos é inestimável. Desde agosto de 2013, a
em empreendedorismo para
graduandos da UFMG gincana é realizada em parceria com uma escola
municipal de Coluna, cidade do Vale do Rio Doce,
com cerca de 10 mil habitantes.
Outros projetos, como o do estudante Da-
vidson Gualberto, que dá aulas de matemática
para operários, são igualmente transformado-
res e se estendem para além da disciplina. “Per-
cebi que realmente gosto de ser professor, e te-
nho recebido alguns elogios. Isso me motivou”,
ressalta. “A pequena experiência proporciona-
da pelo desafio prático reflete muito do que se
encontra no cotidiano empreendedor: deve-se
adotar uma ideia, transformá-la em uma ação
e trabalhar visando ao alcance de um objetivo”,
acrescenta Viviane Birchal.
O sucesso da disciplina deu tanto resultado
que, no segundo semestre em que foi ofertada,
o número de vagas passou de 45 para 60, e alu-
nos de outros cursos, como Engenharia de Pro-
cem graduandos dos cursos de Engenharia Quí- dução e Economia, também expuseram o dese-
mica, Engenharia de Produção e Economia, uma jo de participar. “Mais do que isso: aqueles que
adesão que foi além da expectativa. Nas aulas, te- cursaram solicitaram a criação de uma nova
oria, dinâmicas de grupo, projetos e palestras com cadeira que fosse a continuação dos conceitos
representantes de empresas de diferentes setores desenvolvidos”, detalha a professora.
buscam estimular a visão empreendedora dos es- O reconhecimento ultrapassou os muros da
tudantes. “Percebeu-se que o valor gerado pelas UFMG, e o projeto de Viviane Birchal venceu a
empresas convidadas não se restringiu aos dis- primeira edição do prêmio Cultura Empreende-
centes. Houve casos de alunos que facilitaram a dora Sebrae Minas na categoria Ensino Superior
geração de negócios para elas e até aqueles que co- (mais informações na pág. 61). “O principal sig-
meçaram estágios curriculares pelo contato que nificado desse prêmio foi o reconhecimento da
tiveram durante a disciplina”, conta a professora. importância da disseminação do empreendedo-
A etapa mais esperada por todos é o desafio rismo entre os alunos das mais diversas áreas do
prático, em que o aluno pode criar uma empresa conhecimento”, analisa.
ou empreender em um negócio social ou pesso- Esse sentimento vai ao encontro das diretri-
al. A graduanda Priscila Darling, por exemplo, zes do Sebrae Minas, que investe, cada vez mais,
esteve à frente de um projeto para engajar jovens em projetos focados no fomento do empreende-
no exercício da cidadania. Ela criou um modelo dorismo nos centros de ensino. O objetivo é tor-
de gincana para alunos do ensino médio em que nar a instituição um agente catalisador da trans-
equipes analisam problemas de seu bairro ou ci- formação que essa mudança pode trazer para a
dade e propõem soluções viáveis. “Geralmente, as população e o país. E ninguém melhor do que os
pessoas têm boas ideias, mas, infelizmente, não as jovens para serem propulsores dessa transforma-
colocam em prática. Com a oportunidade ofere- ção. “O Sebrae Minas está em busca da ressignifi-
cida pela aula de Empreendedorismo, Gestão e cação do empreendedorismo, para que o conceito
Inovação, percebi que somos capazes de condu- não mais seja visto apenas como o ato de abrir
zir projetos pessoais e dar continuidade a eles”, e gerir negócios, mas como um movimento de

www.sebrae.com.br/minasgerais 59
Pedro Vilela/Agência i7

como respeito mútuo, empatia, organização, foco,


sentido de equipe e atitude ética. Esse processo
pode ser desenvolvido por meio das pesquisas re-
alizadas nos conteúdos das diversas disciplinas, da
interdisciplinaridade entre esses conteúdos e até
mesmo por meio da transdisciplinaridade, ou seja,
o que se aprende além do conteúdo formal da sala
de aula”, analisa a coordenadora pedagógica da Fa-
culdade Business School/Fundação Getúlio Vargas
(IBS/FGV), Elma Bernardes Santiago.
Segundo ela, esse processo cria na criança e no
jovem uma maior segurança para lidar com emo-
ções, conflitos e frustrações, auxiliando-os a buscar
A disciplina de empreendedorismo inspirou a estudante seus sonhos e a trilhar seus projetos de vida, além
Priscila Darling a criar um negócio social de beneficiar a sociedade com suas iniciativas.
Mas como desenvolver essas competências? “O
transformação da sociedade e de criação de uma educador deve estimular a curiosidade, trabalhar
nova geração, comprometida com o desenvolvi- a questão do erro como forma de aprendizagem,
mento econômico e social da sua região”, afirma a desenvolver a autonomia e mostrar aos alunos a
analista Rachel Dornelas. importância de sonhar, de ter persistência para
correr atrás de seus sonhos. É, antes de tudo, um
DESDE CEDO I Para estimular o compromisso com trabalho de construção do cidadão, para que ele se
o desenvolvimento de sua região, não é preciso sinta capaz de ir além do que o ensino tradicional
esperar o jovem entrar no mercado de trabalho. oferece”, orienta Rachel Dornelas.
Nem sequer é necessário aguardar que ele inicie Metodologias baseadas na solução de proble-
uma graduação. O foco também está nas crianças. mas e na identificação de desafios aparecem como
E é nas salas de aula ou na aproximação com a formas eficientes de se aplicar esses conteúdos em
comunidade que elas vão adquirir confiança e instituições de ensino. Assim, serão desenvolvidas
entender a importância de atuar como empreen- competências técnicas – ferramentas, conheci-
dedoras. “Empreendedorismo é uma competên- mento e habilidades – e comportamentais – rela-
cia que pode e deve ser desenvolvida desde cedo, cionamento interpessoal, liderança, criatividade,
com projetos feitos em sala de aula, para desper- empatia e trabalho em equipe.
tar a capacidade de trabalhar em grupo, compar- É um pouco do que buscam fazer os mais de
tilhar conhecimento e ideias e estimular atitudes 7.500 educadores do ensino fundamental capa-

Você já cursou alguma disciplina ligada a empreendedorismo?

NÃO

Fonte: Empreendedorismo nas Universidades Brasileiras 2012/Endeavor Brasil SIM

60 PASSO A PASSO OUTUBRO/NOVEMBRO 2014


citados pelo programa Cultura Empreendedora BOAS IDEIAS RECONHECIDAS
do Sebrae, que, há sete anos, atua preparando-os
Importantes iniciativas com foco no em-
como multiplicadores desse conhecimento. Já no
preendedorismo têm sido desenvolvidas em
ensino médio, os profissionais são capacitados instituições mineiras de ensino. Seus resul-
para atuar com três novas soluções: Crescendo tados são significativos, mas precisam ser
e Empreendendo, curso que aborda temas como divulgados para que possam inspirar outros
mercado de trabalho e comportamento empreen- educadores a fazer a diferença. É para isso
dedor para alunos de escolas parceiras; Formação que o Prêmio Cultura Empreendedora Sebrae
de Jovens Empreendedores, que visa desenvolver Minas foi criado. Em 2014, ele chega à sua
nos jovens comportamentos e habilidades na segunda edição com o objetivo de identificar,
construção dos próprios caminhos; e Despertar, reconhecer e estimular práticas inovadoras e
bem-sucedidas, criadas e desenvolvidas por
que trabalha as características do comportamen-
educadores de instituições de ensino de Minas
to empreendedor de forma gradativa, despertan- Gerais, da rede pública e privada.
do no estudante a curiosidade e a vocação para No fim de novembro, serão conhecidos os
empreender. No ensino superior, o Sebrae Minas vencedores nas três categorias: Ensino Funda-
atua em várias frentes, com soluções para star- mental, Médio e Superior. O principal requisito
tups e o Desafio Universitário Empreendedor, é que os projetos estimulem o empreendedoris-
conjunto de estratégias educacionais em que uni- mo entre os estudantes, mas outros critérios são
versitários acumulam pontos a partir de aplicati- considerados: inovação, recursos disponíveis,
vos, cursos online e palestras interativas via web, aplicabilidade e repercussão. O projeto vencedor
em cada categoria leva um troféu, um certifica-
abrangendo todo o território nacional.
do, a oportunidade de o educador frequentar
qualquer curso do Sebrae Minas à sua escolha
DA TEORIA À PRÁTICA I Em qualquer que seja a e a participação em uma missão nacional e em
fase escolar, os educadores aproximam o empre- outra internacional organizadas pela instituição.
endedorismo dos alunos ao apresentar-lhes si-
tuações do dia a dia, para que possam vivenciar
problemas reais e se sentir estimulados a buscar
soluções factíveis e criativas. “Assim, eles estarão grama Nossa Primeira Empresa foi incluído na
se preparando não apenas para as demandas do grade curricular dos quatro cursos de Engenharia
mercado, mas para os desafios da sociedade onde do Instituto Nacional de Telecomunicações (Ina-
vivem”, aponta Rachel Dornelas. tel) como disciplina obrigatória no sexto período.
O projeto desenvolvido pelo professor Mário Os alunos devem constituir uma empresa fictícia
Augusto de Souza Nunes, de Santa Rita do Sapu- com faturamento mínimo previamente fixado,
caí, no Sul de Minas, é um bom exemplo. O pro- abertura formal com registro de contrato social,

Você está pensando em abrir um negócio ou um novo negócio?

NÃO
Clayton Pedrosa

SIM

www.sebrae.com.br/minasgerais 61
alvará, contratos com fornecedores e outros re- tegoria Ensino Superior do Prêmio Cultura Em-
quisitos. “Com isso, eles podem vivenciar a rea- preendedora Sebrae Minas.
lidade de uma empresa, bem como seus proble-
mas usuais, desenvolvendo, assim, uma visão da FUTUROS EMPREENDEDORES I Se apenas 30,4%
realidade empresarial. Isso lhes será sumamente das universidades brasileiras têm organizações
importante para conseguir sucesso em suas car- estudantis focadas em empreendedorismo, o que
reiras”, explica o professor, que é docente da insti- coloca o país bem abaixo da média global, que é
tuição há mais de 35 anos. de 46,6%, segundo pesquisa da Endeavor Brasil,
A empresa fictícia pode atuar em qualquer a Universidade Federal de Viçosa (UFV) prova
ramo, mas é imprescindível que proponha solu- o quanto a iniciativa é positiva. O Movimento
ções inovadoras. Em média, cada uma tem cerca Empresa Júnior, que conquistou o terceiro lugar
de 25 clientes e faturamento médio de R$ 674. “O na premiação do Sebrae Minas, é desenvolvido
necessário suporte é dado pelo Núcleo de Empre- pela universidade há quase 21 anos. Agora sob
endedorismo do Inatel, onde as equipes recebem o comando do professor Magnus Luiz Emmen-
apoio para que tenham êxito nos empreendimen- doerfer, o projeto é um espaço para a criação de
tos propostos. A disciplina Administração e Em- iniciativas sociais, econômicas e empresariais de
preendedorismo, que também é obrigatória para assessoria e consultoria.
todos os alunos dos cursos de Engenharia, auxilia Atualmente, são 35 empresas juniores consti-
na constituição da empresa, na sua organização e tuídas, que contam com o envolvimento de quase
no seu desenvolvimento”, acrescenta Mário Nunes. 800 alunos por ano e, ao menos, 70 professores
Desde que foi implantado, em 2006, o Nossa vindos de diversos cursos de graduação da uni-
Primeira Empresa já teve a participação de mais versidade. No intuito de desenvolver sua experi-
de mil alunos. Alguns deles, após a experiência ência, os estudantes se inscrevem para participar
com a empresa fictícia, resolveram montar os do negócio que acreditam ter mais relação com o
seus próprios negócios. Outros, mesmo como que buscam para a carreira. “Eles próprios, que já
funcionários, passaram a empreender dentro estavam responsáveis por aquela empresa, fazem
das organizações em que trabalham. Foi assim a seleção dos novos ‘profissionais’ que virão para
que o projeto conquistou o segundo lugar na ca- compor a equipe, sempre com ajuda do profes-

Daniel Sotto

Magnus Em­mendoerfer está à frente do


Movimento Empresa Júnior, que envolve,
por ano, 35 empreendimentos, 800 alunos
e 70 professores da UFV

62 PASSO A PASSO OUTUBRO/NOVEMBRO 2014


Fonte: Empreendedorismo nas Universidades Brasileiras 2012/Endeavor Brasil
Recursos das universidades destinados Brasil 2012
ao empreendedorismo Mundo 2011
Clayton Pedrosa

80%

71,1%
70%

60%
46,3%
45,7%

50%

34,2%
34,2%
40%

32,6%

28,3%
26,4%

26,1%
30%

18,3%
15,2%

14,3%
10,9%
20%

5,6%
Centro de
empreendedorismo

Disciplina em
empreendedorismo

Educadores em
empreendedorismo

Centro de
pequenos negócios

Disciplina em
pequenos negócios

Educadores em
pequenos negócios

Recursos externos
sor supervisor”, detalha Magnus Emmendoerfer. significa uma experiência imensurável que pode
Com isso, os alunos responsáveis por cada empresa ser convertida em atividades extracurriculares do
júnior participam do projeto à medida que os se- curso ou o equivalente a duas disciplinas optati-
mestres terminam e eles se formam ou concluem vas”, avalia Magnus Emmendoerfer.
a experiência, enquanto a empresa continua aberta A experiência acumulada, de acordo com o
e dá espaço a novos graduandos, que chegam para professor, ajuda os alunos a conquistar melho-
desenvolver projetos com clientes reais. res posições no mercado de trabalho ou a mon-
“As empresas juniores são associações sem tar seu próprio negócio com mais assertivida-
fins econômicos, com característica associativis- de. “Vemos muitas grandes empresas que, em
ta. São como uma organização não governamen- seus programas de trainee, valorizam as com-
tal, mas com atuação de empresa. Atendem clien- petências gerenciais, de mercado e comporta-
tes, oferecem consultoria, prestam declaração à mentais adquiridas enquanto os profissionais
Receita Federal, etc.”, enumera o professor. Em estavam nas empresas juniores.”
2013, as empresas participantes movimentaram, O Movimento Empresa Júnior já conquistou
juntas, R$ 367 mil, que foram reinvestidos em tamanho reconhecimento que, atualmente, a
forma de capacitação, oficinas, viagens técnicas, UFV é procurada por outras universidades que
impostos e custeio da manutenção do negócio. Os desejam investir em programa semelhante de
alunos não recebem qualquer remuneração. estímulo ao empreendedorismo. Esse sucesso
Além disso, os graduandos contam com um é colocado na vitrine com o Encontro Interno
centro de desenvolvimento tecnológico, que de Empresas Juniores (Intermej), promovido há
dá apoio às empresas juniores. Para os contra- nove anos consecutivos pela instituição de ensino
tantes, é uma forma de negociar, por um preço e que começou como uma oportunidade para as
mais acessível, um serviço de qualidade, feito por empresas discutirem suas experiências. A inicia-
especialistas e coordenado por professores expe- tiva já alcançou outro patamar, recebendo subsí-
rientes. “É uma forma de inclusão de empresas, dios de conceituados institutos de pesquisa, par-
que não teriam condições de bancar uma consul- ticipação de universitários e professores de várias
toria de qualidade, por exemplo. Para os alunos, partes do Brasil e palestrantes internacionais.

www.sebrae.com.br/minasgerais 63
NOTAS
Presente para o
Gláucia Rodrigues

empreendedor
Para comemorar o mês da micro e pe-
quena empresa, em outubro, o Sebrae Minas
organizou uma programação recheada de
atrativos. A palestra Cenário: o futuro che-
gou, ministrada pelo professor e sociólogo
Domenico de Masi, abriu a programação. O
evento, realizado no auditório do Sebrae Mi-
nas, em Belo Horizonte, foi transmitido por
videoconferência para todas as regionais da
instituição no estado.
Outra ação foi a Semana da Micro e Pe-
quena Empresa, que teve a participação de
empreendedores de diversas cidades mi-
neiras em oficinas, palestras, consultorias e
orientação, realizadas nas regionais. As in-
formações também foram disponibilizadas
no site do Sebrae Minas, por meio de aten-
dimento on-line, salas de bate-papo sobre
Domenico de Masi abre as comemorações gestão, café empresarial, vídeos, cartilhas,
do mês do empreendedor entre outras atividades.

Vem aí o Prêmio Sebrae de Jornalismo 2015


Com o objetivo de reconhecer as melho- nalismo, Telejornalismo, Webjornalismo e
res reportagens que retratam o empreende- Imagem Jornalística (fotografia e reporta-
dorismo no Brasil, o Prêmio Sebrae de Jor- gem cinematográfica), além de Jornalista
nalismo chega à sua 7ª edição. O concurso, Parceiro do Empreendedor.
que está com as inscrições abertas até 10 de As reportagens inscritas devem ter sido
janeiro de 2015, é direcionado a jornalistas, veiculadas entre 1º de janeiro e 31 de dezem-
fotógrafos e cinegrafistas de todo o país nas bro de 2014. Os trabalhos vencedores con-
categorias: Jornalismo Impresso, Radiojor- correrão ao prêmio nacional.

As inscrições devem ser feitas no site www.premiosebraedejornalismo.com.br.

64 PASSO A PASSO OUTUBRO/NOVEMBRO 2014


Nas vitrines do exterior
O projeto Brasil Handcraft Discover, pro- vendidos em museus, galerias de arte e lojas da
movido pela Agência Brasileira de Promoção França, Suíça e Estados Unidos. No dia 29 de
de Exportações e Investimentos (Apex-Bra- setembro, os compradores participaram, em
sil), em parceria com o Sebrae e o Centro Belo Horizonte, de uma Rodada de Negócios
Cape, trouxe a Minas Gerais, entre os dias com outros 29 artesãos. O evento gerou uma
25 e 29 de setembro, representantes de sete estimativa de negócios futuros da ordem de
empresas estrangeiras especializadas no co- US$ 450 mil. Os produtos mais demandados
mércio de artesanato. foram objetos decorativos e utilitários produzi-
O grupo participou de visitas a ateliers em dos em madeira, tecido e cerâmica.
São João del-Rei, Tiradentes, Santa Cruz de Mi- O Brasil Handcraft Discover tem o ob-
nas, Resende Costa, Prados e Lagoa Dourada, jetivo de divulgar o artesanato nacional no
região conhecida como Trilha dos Inconfiden- mundo, fortalecendo a competitividade das
tes, para conhecer o trabalho de 19 artesãos micro e pequenas empresas. Nos últimos
previamente selecionados pelo Sebrae. Os dois anos, o projeto gerou US$ 1,5 milhão
empresários negociaram produtos para serem em negócios.

Como empreender em oito passos


Colaboradores do Sebrae Minas reuni- gestão de pessoas, gestão estratégica, gestão
ram o conhecimento aplicado no trabalho da inovação, gestão de projetos e sustentabili-
de facilitação da rotina das micro e pequenas dade. “Escolhemos temas mais efervescentes,
empresas no livro Como Gerenciar Pequenas que estão na pauta da discussão das MPE no
Empresas - Fatores fundamentais para uma cenário atual”, explica João Roberto Lobo, ge-
gestão empresarial de sucesso. A publicação rente da Regional Zona da Mata e um dos au-
apresenta oito pontos principais, tratados por tores, ao lado de outros sete analistas. O livro
especialistas da instituição: empreendedoris- também é uma ótima leitura para estudantes
mo, gestão de marketing, gestão financeira, de gestão e potenciais empreendedores.

FICHA TÉCNICA
Título: Como gerenciar pequenas empresas - Fatores fundamentais para uma
gestão empresarial de sucesso
Autores: Carmem Kotnick, Gilson Rodrigues, Gustavo Magalhães,
Jeferson Santos, José Tarcisio de Paula, Marcelo de Sousa, Paulo César Veríssimo
e João Roberto Lobo
Número de páginas: 343
Editora: Aprenda Fácil
Onde comprar: http://www.afe.com.br/produto/179/1447/como-gerenciar-pequenas-empresas

www.sebrae.com.br/minasgerais 65
Pequenos em crescimento
O empreendedorismo sobe os morros de temas ligados à administração e abertura de em-
Belo Horizonte. É o que mostra um levanta- presas. As próximas palestras são: Planejando sua
mento realizado pelo Sebrae Minas, com apoio empresa para o sucesso, em 2 de novembro, e
da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL-BH) Atendimento ao Cliente, em 3 de dezembro. Am-
e da União Brasileira de Favelas (Ubrafa). A bas serão realizadas no Alto Vera Cruz, na Igreja
pesquisa forneceu um perfil econômico-social Batista Getsêmani (rua Tebas, 815), às 19h30.
do polígono da região Leste da capital mineira, A iniciativa tem o apoio da Prefeitura de
composto por cinco bairros: Alto Vera Cruz, Belo Horizonte, por meio do projeto BH Ne-
Conjunto Taquaril, Granja de Freitas (incluindo gócios, da Ubrafa e da CDL-BH. Mais informa-
a Vila da Área), Cidade Jardim Taquaril e Ta- ções: 0800 570 0800.
quaril. Juntos, eles abrigam 48 mil moradores,
cujo consumo anual é de R$ 397 milhões. Esse
cenário motivou o surgimento de mais de 700
microempresas e empreendedores individuais, EMPREENDEDORISMO
atuantes na região. NA REGIÃO LESTE* DE BH
O objetivo do levantamento é orientar o de-
senvolvimento e a implementação de iniciativas 719 empresas e empreendedores individuais
de fomento e profissionalização do empreende- 79% de empreendedores individuais
dorismo local, gerando empregos e aumento 35% dos negócios são do comércio varejista
da renda e motivando as compras no comércio 23% do comércio é de vestuário e acessórios
desses bairros. Para isso, foi preparado um Se- 12% do comércio é de material de construção
brae em Ação, mutirão de capacitação técnica e 8% do comércio é de minimercados
gerencial, com mais de 40 atividades gratuitas,
* Bairros: Alto Vera Cruz, Conjunto Taquaril, Granja de
entre palestras e consultorias.
Freitas (Vila da Área), Cidade Jardim Taquaril e Taquaril
Nos dias 13 e 14 de outubro, foi promovida
a primeira rodada de palestras, que abordou 32
Alessandro Carvalho

Empreendedores dos
bairros da região
Leste de BH recebem
capacitação técnica e
gerencial

66 PASSO A PASSO OUTUBRO/NOVEMBRO 2014


Regis Oliveira
A diretora de Educação da Endeavor Brasil, Renata Chilvarquer, a vencedora Juliana Noronha e a gerente da Unidade
de Capacitação Empresarial do Sebrae Nacional, Mirela Malvestiti, na entrega do Prêmio Educação Empreendedora

Prêmio valoriza ensino superior


Educação empreendedora inovadora e Mais de 70 estudantes de vários cur-
conectada às novas tendências e tecnologias. sos participaram do Smart Hacklab. “Duas
Com esse foco, o projeto Smart Hacklab foi startups na cidade foram desenvolvidas por
idealizado pela professora Juliana Caminha, influência do projeto. Os alunos aprendem
da Universidade Federal de Itajubá (Unifei), fazendo e ainda têm a oportunidade de
a grande vencedora do Prêmio Nacional apresentar novas ideias de negócios para o
Educação Empreendedora 2014. Ela dispu- mercado”, destaca a professora.
tou a premiação com mais de 50 professores Juliana foi premiada com a participação
de todo o país. em um Simpósio de Educação Empreende-
Desenvolvido pelo Centro de Empreen- dora da Babson College, nos Estados Unidos,
dedorismo da Unifei (CEU) e pela startup uma das mais conceituadas escolas com foco
SmartApps, o Smart Hacklab consiste em em empreendedorismo do mundo.
uma maratona de negócios de conectivi- O Prêmio Educação Empreendedora é uma
dade que permite aos alunos competirem realização do Sebrae e Endeavor e tem como
entre si, desenvolvendo soluções inteli- objetivo valorizar projetos educacionais sobre
gentes para a melhoria da qualidade de empreendedorismo que possam ser implemen-
vida das pessoas. tados em outras instituições de ensino superior.

www.sebrae.com.br/minasgerais 67
ALIMENTAÇÃO
Fotos: Pedro Vilela/Agência i7

Segurança Empresas melhoram


desempenho com

na cozinha
qualificação e
maior controle
dos processos

Quando sete empresas do grupo China in e as reclamações quase não existiam. Então,
Box, rede de restaurantes de culinária oriental, por que alterar processos que já eram realiza-
foram convidadas pelo Grupo TrendFoods, do dos com eficiência há tantos anos?
qual fazem parte, para participar do Programa Bastaram apenas alguns encontros para que
de Alimentos Seguros (PAS), promovido pelo o pequeno grupo de proprietários dos estabe-
Sebrae Minas, em conjunto com o Senai, Sesi, lecimentos de Belo Horizonte e Contagem, na
Senac e Sesc, os proprietários das franquias Região Metropolitana, descobrisse a resposta.
não consideraram necessária uma consultoria Por meio de diagnósticos individuais, que iden-
especializada e focada na segurança e quali- tificaram como as empresas estavam em rela-
dade dos alimentos. O trabalho estava sendo ção às exigências legais da vigilância sanitária,
bem- desenvolvido, sem nenhuma dificuldade, e com uma consultoria focada nos pontos de

68 PASSO A PASSO OUTUBRO/NOVEMBRO 2014


“Não adianta o profissional
fazer certo se ele não souber o
motivo de suas obrigações.
Quan­do ele sabe o porquê de
estar trabalhando daquela
forma, as boas práticas se
tornam um hábito”
Marta Bueno, proprietária da
franquia do Caiçara

Ordiley Silva já percebe maior produtividade com as


mudanças nos processos administrativos

melhoria e na indicação dos procedimentos a cia a rotina das vendas e, assim, comprava
serem adotados, os participantes se surpreen- muito além do que era necessário. “Como o
deram com os investimentos que poderiam ser prazo de validade dos alimentos frescos dura,
feitos em seus estabelecimentos. em média, três dias, muitos deles iam para o
“Muitas vezes, o empresário está tão acos- lixo”, lembra a empresária. A solução foi fa-
tumado com a rotina, que não percebe o quão zer as compras com base no volume de venda
fundamental é a mudança”, alerta Simone Sar- de três dias e, com isso, o desperdício teve
mento, da S2 Consultoria Ltda, que atuou junto uma queda de 30%. Agora, o estabelecimen-
ao Sebrae Minas nas capacitações. Trabalhan- to compra semanalmente cerca de 40 quilos
do a partir de duas temáticas - Boas Práticas de de macarrão, 60 de arroz, 70 de carne bovina
Fabricação: Procedimento Operacional Padro- e 100 de frango. Com os alimentos mais de-
nizado e Análise de Perigos e Pontos Críticos licados, como camarão e peixe, a média é de
de Controle -, os empreendedores e suas equi- 15 quilos por semana.
pes reverteram inúmeros pontos considerados Outra descoberta foi o período para a
negativos e alcançaram excelentes resultados. troca do óleo. Antes da consultoria, os co-
Marta Cota Bueno, proprietária da fran- zinheiros descartavam o produto todas as
quia localizada no bairro Caiçara, na região semanas sem verificar o estado de sua qua-
Noroeste de Belo Horizonte, já contabilizou lidade de uso. “Aprendemos a usar equipa-
melhorias. A empresária viu o seu estabele- mentos que nos mostram o estado de usabi-
cimento, que recebe até quatro mil pedidos lidade e vimos que não era necessário fazer
por mês, se transformar desde 2013. “O PAS essa troca em um período tão curto”, acres-
era tudo de que precisávamos e não sabía- centa Marta Bueno.
mos”, destaca. A principal mudança foi a di- A medição de temperatura dos pratos
minuição do desperdício de insumos. Com também passou a ser controlada. Muitos ali-
o acompanhamento da consultora, notou-se mentos tinham que ser desprezados, pois,
que o responsável pelas compras desconhe- constantemente, oscilavam a temperatura,

www.sebrae.com.br/minasgerais 69
des, e o consultor realiza visitas mensais para
verificar se os procedimentos, descritos em um
manual, estão sendo aplicados na prática.
Foi esse cuidado próximo que mais chamou
a atenção de Marta Bueno. “Não adianta o pro-
fissional fazer certo se ele não souber o motivo
de suas obrigações. Quando ele sabe o porquê
de estar trabalhando daquela forma, as boas prá-
ticas se tornam um hábito”, considera. E não fo-
ram apenas os 22 funcionários do China in Box
do Caiçara que saíram ganhando: a empresária
também passou a ter uma noção melhor dos
processos da cozinha. “A consultoria foi feita
para todos. Trabalhamos juntos pelos mesmos
objetivos. As melhorias foram notadas até pelos
motoboys que fazem as entregas, que passaram
a ter a garantia de levar ao cliente um alimento
de qualidade e livre de contaminações.”
O gerente do estabelecimento, Ordiley Da-
vid Silva, também percebeu a influência des-
sas mudanças em seu dia a dia. “No início, foi
complicado preencher as planilhas de controle
a todo o momento. Mas, fazendo isso regular-
mente, o serviço se torna mais fácil e não temos
Para Carlos de Oliveira, o maior controle e organização
retrabalho”, pontua. Para ele, fica o desafio de
dos processos garantiu mais qualidade dos produtos manter a rotina. “Agora vamos andar com nossas
próprias pernas e temos que executar, dia a dia,
causando contaminação e alterando as carac- tudo o que foi aprendido durante o programa.”
terísticas de conservação. A empresária foi
instruída a investir em um armazenamento SATISFAÇÃO GARANTIDA I No China in Box do
adequado para manter as encomendas em bairro Cidade Nova, também na região Noroes-
perfeitas condições até o momento de serem te da capital mineira, os processos pela garantia
transportadas à casa do consumidor. “Com do controle de qualidade foram os mais traba-
todas essas mudanças, passei a economizar lhados. “Não esperava que fosse mudar tanto,
até R$ 2 mil mensais”, comemora. pois já realizávamos algumas formas de contro-
le, mas, com a criação de planilhas, em que os
CONSULTORIA PERSONALIZADA I O PAS atua 17 funcionários anotam todas as informações
na implantação das Boas Práticas de Fabrica- sobre os alimentos, processos de preparo e de
ção (BPF), que são compostas por um conjunto suas funções, a qualidade está bem mais assegu-
de princípios e regras para o correto manuseio rada”, observa o sócio-proprietário da loja, Car-
da matéria-prima até o produto final, e tem los Alexandre Miguel de Oliveira.
como base o Procedimento Operacional Pa- O gerente-geral de cozinha, Jurandir Fran-
drão (POP), que se refere às condições mínimas cisco dos Santos, conta que, após o PAS, todo
para as condições adequadas da higiene. Mas o o processo alimentar também passou a ser re-
diferencial do programa é a consultoria indivi- gistrado. “Etiquetamos os alimentos e medimos
dualizada. Os participantes frequentam apenas as suas temperaturas constantemente”, detalha.
treinamentos que competem às suas necessida- Com procedimentos mais rígidos de higieni-

70 PASSO A PASSO OUTUBRO/NOVEMBRO 2014


zação, temperatura, quantidade e armazena- 90% Loja 3
mento, percebeu-se, além da diminuição no Loja 2
desperdício de matéria-prima, uma melhor or- 80% Loja 1
ganização interna, o que contribuiu na logística Loja 7
Loja 6
dos preparos dos cerca de 4.300 pratos mensais.
70% Loja 5
“Os alimentos frescos, como verduras e legu-
mes, passaram a ser comprados diariamente Loja 4
para evitar perdas e contaminação. Os 80 kg 60%

de carne e os 50 kg de macarrão são recebidos


semanalmente. Já o arroz, que possui maior du- 50%
rabilidade quando estocado, é adquirido todo
mês, numa média de 150 kg.” 40%
Carlos de Oliveira acrescenta que até mes-
mo a visão do negócio mudou depois do trei- 30%
namento. “A preocupação não é mais atender
à vigilância sanitária ou às exigências do Grupo
TrendFoods. Agora, é a qualidade interna que 20%
norteia as nossas atividades.”

CRESCIMENTO SEMPRE I Os resultados com o


PAS foram tão positivos que, ao final do ciclo, o
grupo de franqueados da China in Box decidiu
dar continuidade ao programa. Mas, desta vez,
como um reforço do que havia sido aplicado, por
meio de orientações sobre os controles da Nor-

Mayron Henrique
ma 15.635, da Associação Brasileira de Normas
Técnicas (ABNT), órgão responsável pela nor-
matização técnica no país. “A norma especifica os
requisitos de boas práticas e dos controles opera-
cionais essenciais a serem seguidos por estabele-
cimentos que desejam comprovar e documentar
que produzem alimentos em condições higiêni-
cas e sanitárias adequadas para o consumo. Mas,
como a certificação é uma opção, o grupo decidiu Início do PAS em meados de 2013
absorver o máximo do que havia sido aplicado e Finalização do PAS no início de 2014
atender, especialmente, à vigilância sanitária. E,
nesse quesito, as empresas estão com excelentes
resultados”, declara Simone Sarmento.
Para encerrar o programa, os sete empresá- O QUE É O PAS?
rios participantes realizaram uma visita a duas O Programa Alimentos Seguros (PAS) tem o ob-
cozinhas certificadas. “Eles se encantaram com jetivo de aumentar a segurança e a qualidade dos
a organização e limpeza dos locais, que partici- alimentos produzidos pelas micro e pequenas em-
param do PAS durante o ano de 2012, e viram presas, ampliando a sua competitividade nos mer-
que são capazes de também seguir pelo mesmo cados nacional e internacional e reduzindo o risco
caminho com uma gestão cada vez mais aplica- das Doenças Transmitidas por Alimentos (DTA) aos
da”, conclui o analista do Sebrae Minas, Ander- consumidores. Informações: www.sebrae.com.br/
son Gonçalves Freitas. minasgerais ou 0800 570 0800.

www.sebrae.com.br/minasgerais 71
CAPACITAÇÃO

Oportunidades em
vista Empresários de Uberaba investem em
capacitação para atender à demanda de
indústria da Petrobras

Conhecida pela volumosa produção de ferti- genados José Alencar. Juntos, os três projetos
lizantes, que somou mais de 850 mil toneladas atendem 952 empresas em todo o estado.
em 2013, a cidade de Uberaba, no Triângulo Em Uberaba, 10 empreendimentos já se
Mineiro, vai receber a Fábrica de Fertilizantes qualificaram em habilidades gerenciais e pla-
Nitrogenados José Alencar. Pertencente à Pe- nejamento estratégico e se prepararam para a
trobras, terá potencial de produção de 519 mil implantação da certificação ISO 9001, que visa
toneladas ao ano de amônia, matéria-prima à melhoria contínua. Entre eles está a Nanya
necessária para a fabricação de fertilizantes. O Autoelétrica, negócio especializado, há mais de
investimento inicial será de, aproximadamente, 40 anos, na revenda de peças – baterias, lâmpa-
US$ 1 bilhão e, durante a construção, iniciada das, lanternas, faróis, etc – para veículos leves,
em março deste ano, serão empregadas quase caminhões, tratores e máquinas agrícolas. Para
4 mil pessoas. A expectativa é de que a fábrica atender às exigências da ISO 9001, tais como
comece as atividades em 2017. padronização de procedimentos, registro da ro-
A notícia ampliou os horizontes dos em- tina de processos, monitoramento das práticas
presários da região, que têm se preparado para e eliminação de gargalos, foram feitos alguns
expandir os negócios. Desde abril de 2013, o investimentos. O resultado foi a certificação
Sebrae Minas atua com o Programa de Aden- no dia 19 de agosto de 2013, sem nenhuma não
samento da Cadeia Produtiva do Petróleo e conformidade. “A preparação durou 12 meses,
Gás da Região de Uberaba, capacitando 69 gerando uma grande mudança de comporta-
empresas, previamente selecionadas para for- mento na equipe, hoje formada por 20 colabo-
necer à Petrobras e a outros grandes empreen- radores, visto que ela desconhecia o significado
dimentos locais, com ações de aprimoramen- e a importância de uma gestão focada na qua-
to em gestão empresarial, acesso a mercado, lidade”, revela Noboru Batistuta Nanya, diretor
cadastramento junto à Petrobras, certificação da Nanya Autoelétrica.
ISO e SMS e linhas de inovação do Sebrae- Segundo ele, um dos treinamentos mais re-
tec. “Além disso, estabelecemos indicadores levantes abordava a identificação e padroniza-
de desempenho, sistema que fundamenta ção dos processos, permitindo analisar o fluxo
as decisões e monitora as ações com vistas a de trabalho e detectar os pontos que necessita-
mensurar os resultados”, acrescenta Simone vam de melhoria. Com isso, foi possível estabe-
Mendes, analista do Sebrae Minas. lecer critérios para mensurar o desempenho das
Esse programa é realizado por meio de um etapas de produção. “Daí em diante, criamos in-
convênio entre a Petrobras e o Sebrae, com dicadores representativos desses desempenhos
ações em todo o Brasil (leia na pág. 75). O Se- a fim de torná-los práticos para o acompanha-
brae Minas atende empresas de Ipatinga com mento das metas. Conseguimos corrigir falhas
foco na Refinaria Gabriel Passos; de Montes e otimizar a qualidade e produtividade e, assim,
Claros, direcionadas à usina de biodiesel Darcy gerar resultados mais positivos.”
Ribeiro; e de Uberaba, Uberlândia e Araxá, para Após seguir as orientações dos consultores,
o atendimento à Fábrica de Fertilizantes Nitro- as mudanças foram para a prática. “Colocamos

72 PASSO A PASSO OUTUBRO/NOVEMBRO 2014


Fotos: Pedro Vilela/Agência i7
A empresa de Noboru Nanya disponibiliza um portfólio de 14 mil peças para atender à demanda da Petrobras

as ideias no papel. Fizemos um manual com in- mercado de manutenção agrícola de Uberaba e
formações da nossa rotina. Isso possibilitou me- redefiniu, recentemente, sua linha de atuação.
lhoria do fluxo da informação e mais agilidade Hoje, o foco é a área de manutenção hidráulica
no treinamento de novos colaboradores, já que, móbil, como máquinas de terraplanagem, e de
agora, qualquer pessoa que entra na empresa equipamentos usados em sistemas óleo hidráu-
tem acesso às informações de forma padroniza- licos para indústrias sucroalcooleiras, coletoras
da”, acrescenta o empresário. de cana-de-açúcar e transbordos. Em média,
Em paralelo, a conquista da certificação ge- são feitas 100 intervenções por mês, contabili-
rou oportunidades de crescimento. A expectati- zando quase R$ 100 mil de faturamento nesse
va com a Fábrica de Fertilizantes da Petrobras é período. Doze funcionários se dividem entre as
significativa, visto que, durante a fase de cons- tarefas. “Essa fábrica de fertilizantes nos trouxe
trução, deverá ser mobilizada uma frota de 1.700 um mercado novo e, para atender às exigências
veículos, entre leves e pesados. “Estamos aptos a dela, será preciso nos reestruturar”, diz o gerente
atender toda a linha terrestre de transporte que Manoel Moreira Júnior.
pode vir a ser demandada pelo empreendimen- E os investimentos já têm sido aplicados. “An-
to da Petrobras. Hoje, disponibilizamos um esto- tes, eu não trabalhava fluxo de caixa, projeção e
que de quase 14 mil itens e fazemos entre 1.200 planejamento. Agora, analiso o que tenho e sei o
a 1.600 atendimentos por mês, fora as vendas que e quando posso fazer. Planejo a vida da em-
de balcão”, declara Noboru Batistuta Nanya. So- presa”, reflete o empresário. Mesmo sem contabi-
mente de janeiro a julho deste ano, foi contabi- lizar ainda os números, ele percebe uma melhor
lizada a média de 490 serviços prestados, 5.209 organização dos processos internos. “Ganhamos
vendas de peças e 650 atendimentos de balcão. mais tempo na realização dos serviços e podemos
nos comprometer com novos clientes.”
NOVOS RUMOS I Outra empresa que partici- Manoel Moreira também tem feito mudan-
pa do programa de encadeamento produtivo é ças visando à certificação ISO 9001. “Estamos
a Hidraucana, que está há mais de 50 anos no na reta final das capacitações e, em breve, de-

www.sebrae.com.br/minasgerais 73
AÇÕES
O Programa de Adensamento da Cadeia
Produtiva do Petróleo e Gás da Região de
Uberaba inclui uma série de ações de capa-
citação e de estímulo aos negócios:

Desenvolvimento de habilidades geren-


ciais, indicadores de desempenho, gestão
financeira, gestão de pessoas e estratégia
empresarial.
Ação de apoio ao cadastramento na
Petrocnet.
Sebraetec: consultoria sobre segurança,
meio ambiente e saúde do trabalho e pre-
paração para certificação ISO 9001.
Missão internacional enviada à Feira ONS,
realizada na Noruega, de 25 a 30 de agosto.
O evento é um dos principais do mundo no
setor de energia. Nessa edição, foram 1.392
expositores, 91.682 participantes, conferên-
“Antes, eu não trabalhava fluxo de cias com 700 delegações em média, por
dia, com a participação de 22 países. Negó-
caixa, pro­jeção e planejamento. cios em andamento após a feira: compra de
Agora, analiso o que tenho e sei equipamentos com nova tecnologia, repre-
o que e quando posso fazer. sentação de componentes para formulação
Pla­nejo a vida da empresa” de reagentes e parcerias com empresas na
instalação de suas filiais no Brasil.
Manoel Moreira, gerente da
Hidraucana

vemos passar pela auditoria interna e, depois, brae Minas visando à contratação de seus ser-
externa, para a verificação das conformidades viços para a manutenção dos equipamentos
solicitadas. A conquista dessa certificação da Fábrica de Fertilizantes da Petrobras.
pode nos abrir portas em empresas grandes, Para garantir a qualidade e a satisfação do
especialmente na Fábrica de Fertilizantes da cliente, o diretor da empresa, Frederico Paiva
Petrobras, o que deverá ampliar o volume de Bevilacqua, participou de diversas ações do Se-
trabalho em 15%”, vislumbra o empresário. brae Minas, entre elas, o Empretec, que, em sua
opinião, trouxe importantes resultados. “Mudei
MUDANÇA DE GESTÃO I Criada em 1942, a completamente minha visão sobre o negócio.
Bevilacqua está na terceira geração da família Abandonei as atividades operacionais e direcio-
e atua na venda e assistência técnica de equi- nei o meu trabalho para a gestão da Bevilacqua,
pamentos elétricos, como motores e bombas aplicando os conhecimentos em gestão finan-
centrífugas, além da montagem de painéis ceira, de pessoas e planejamento estratégico”,
de comando e proteção de máquinas. Há um revela. “Com isso, já obtive um crescimento de
ano, a empresa ingressou no programa do Se- 51%. E isso se deve, em especial, à reestrutura-

74 PASSO A PASSO OUTUBRO/NOVEMBRO 2014


ção dos processos internos, visto que continua-
mos com 21 funcionários na parte operacional.”
Buscando a maior padronização e eficiên-
cia dos serviços prestados, a Bevilacqua tam-
bém busca a certificação ISO 9001. “Além dela,
nosso mercado exige a norma ABNT NBR IEC
60079-19, direcionada a reparo, revisão e recu-
peração de equipamentos elétricos que operam
em atmosferas explosivas, o que é comum nas
usinas que há na região e que, também, será
uma demanda da Fábrica de Fertilizantes da Pe-
trobras”, explica Frederico Bevilacqua. Uma das
condições para o alcance dessa norma é a certifi-
cação ISO 9001. “Estamos focados nesse objeti-
vo: depois de organizar a nossa produção, vamos
detalhar a rotina e roteirizar os processos.”
A meta do empresário, neste ano, é alcançar
um faturamento de R$ 3 milhões – até agosto,
as contas fechavam em R$ 2.070 milhões. Para
isso, ele fez um investimento de R$ 1,5 milhão
na construção de um galpão de 823 m2, previs-
to para ser finalizado em janeiro de 2015. “Com
a ampliação da infraestrutura, teremos espaço
para quatro pontes rolantes, permitindo, por
exemplo, a melhor movimentação de equipa-
mentos”, detalha Frederico Bevilacqua, que hoje
Frederico Bevilacqua aplica os conhecimentos do
trabalha com apenas uma ponte rolante. “A nos- Empretec na melhor gestão financeira, de pessoas e
sa ideia é ganhar em agilidade e produtividade.” planeja­mento estratégico de sua empresa

SAIBA MAIS
Assinado em 2004, o convênio Petrobras-Sebrae visa fomentar a inserção competitiva e susten-
tável de micro e pequenas empresas na cadeia produtiva da indústria de petróleo, gás e energia.
A primeira edição do programa (a partir de 2005) teve a participação de 21 unidades da Petro-
bras, 188 grandes empresas e 53 instituições. Foram atendidos 6.032 empreendimentos e criadas
10 Redes Petro (redes locais de cooperação entre empresas e instituições) em todo o país.
A segunda edição (a partir de 2009) teve a participação de 31 unidades da Petrobras, 888
grandes empresas e mais de 100 instituições. Mais de 13 mil empreendimentos foram benefi-
ciados em 16 estados, nos quais tem sido apoiada a criação ou consolidação de Redes Petro.
Os projetos realizados em Minas Gerais integram a Rede Petro MG (www.redepetromg.com.
br), formada atualmente por 776 empresas, que são inseridas no Catálogo Virtual de Forne-
cedores da Cadeia de Petróleo, Gás e Energia do Estado de Minas Gerais com a oportunidade
de geração de negócios.

www.sebrae.com.br/minasgerais 75
CONSULTORIA

Como definir o melhor


preço de venda?
Tão importante quanto definir a mercado-
ria ou o serviço a ser comercializado é pensar
em seu preço de venda. Mas como fazer esse
cálculo? É necessário analisar a concorrência,
identificar a rotatividade do produto, estudar o
custo de aquisição e comercialização e os cus-
tos fixos, não esquecendo o lucro.
Analisar a concorrência é essencial para ter
um olhar mais crítico sobre os produtos ou ser-
viços similares comercializados no mercado, a
fim de buscar uma forma estratégica de tornar
o seu negócio mais competitivo. Se os preços
encontrados na concorrência forem superio-
res, é hora de atrair a atenção do cliente para
a sua empresa. Como? O empreendedor pode
avaliar diferentes formas de divulgação do pre-
ço baixo, desde o anúncio do produto ou servi-
ço em um jornal de ofertas ou a distribuição de
panfletos porta a porta, por exemplo.
Porém, se o valor pesquisado for mais bai-
xo, é hora de rever os cálculos. Uma opção é di-
minuir a margem de lucro para, assim, vender
uma quantidade maior da mercadoria. Caso o
empresário opte por manter o preço original,
que está acima do cobrado pelo concorrente, a
dica é pensar em diferenciais de venda: ponto
de localização do estabelecimento, serviço de
entrega em domicílio, facilidade de pagamento
e, até mesmo, estacionamento gratuito. Esses
fatores agregam valor ao produto e trazem fa-
cilidades para o cliente, que, muitas vezes, pre-
fere pagar mais em uma mercadoria e ter em
troca algumas regalias.
Outro procedimento importante é verificar
o custo de aquisição do produto, que engloba
despesas com materiais, frete, impostos não re-

76 PASSO A PASSO OUTUBRO/NOVEMBRO 2014


cuperáveis, entre outros. Tudo isso diz respeito mentos, água, energia elétrica e telefonia fixa
ao valor a ser desembolsado pela empresa para e móvel, entre outros. Como eles mantêm a
adquirir o que ficará à disposição do cliente. A empresa em funcionamento, é importante
atenção a esses aspectos é imprescindível, pois, sempre calcular o valor que será destinado a
se algo for contabilizado de forma equivocada, suprir esses desembolsos.
irá prejudicar a lucratividade. Para completar a análise da formação do pre-
E, na oportunidade, é prudente avaliar o es- ço de venda, deduzindo-se os custos operacionais,
toque: verificar os produtos de boa venda e aque- as despesas administrativas e financeiras e os im-
les que têm pouca saída. É improdutivo ter mer- postos, chegamos ao alicerce de permanência no
cadorias paradas. Por isso, é necessário saber a mercado: o lucro, que diz respeito à parcela de re-
quantidade correta a ser comprada ou o volume torno do negócio. Ao fazer uma estimativa sobre
a ser reduzido. Afinal, o que não se vende bem o preço de venda, deve-se presumir o lucro que se
pode significar problemas no fluxo de caixa. quer obter. Se algo não sai conforme planejado,
Os custos de comercialização se referem à sa- é ele que sofre as consequências. Se não houver
ída de dinheiro do caixa da empresa em função lucro, mas os custos forem cobertos, a princípio,
das vendas. São aqueles destinados a impostos, temos um ponto de equilíbrio: não se perde
comissões de vendas, fretes, distribuição, vendas mas também não se ganha. O problema é que,
no cartão de crédito ou débito (há um percentu- se ele não pagar os custos descritos acima, a
al devido às operadoras), entre outros valores fi- empresa tem prejuízo.
nanceiros. Toda comercialização de um produto Com todas essas premissas, o empreende-
deve apresentar os custos embutidos nela. dor deve estipular um preço adequado para o
É necessário analisar, ainda, os custos fi- seu produto e serviço, lembrando-se de que,
xos, que, muitas vezes, não recebem a devida para cativar o cliente, é preciso muito mais
atenção. São eles: encargos sociais da folha que um bom preço.
de pagamento de funcionários, férias e 13º
salário, contas de aluguel de lojas ou equipa- Fonte: Wagner A. Nogueira, analista do Sebrae Regional Centro

Cláudio Duarte

www.sebrae.com.br/minasgerais 77
Como investir no visual
merchandising de sua
empresa?
Um ambiente inspirador e acolhedor é a ma-
neira mais eficaz de provocar experiências sen-
soriais entre o consumidor e a marca, fidelizar
a clientela e consolidar a imagem da empresa.
Para conseguir essa façanha, um dos caminhos
é colocar em prática conceitos e técnicas do
chamado visual merchandising, uma especiali-
dade que vem ganhando força no Brasil.
Criado no século XX, em decorrência da
ascensão das lojas de departamento, o visual
merchandising trabalha o ambiente e o ponto
de venda de forma a criar uma identidade e per-
sonalidade, sempre com o objetivo de seduzir e
motivar a compra. Pode ser aplicado tanto no
segmento industrial quanto no de serviço e co-
mércio, sendo esse último o alvo mais comum,
já que a técnica engloba o espaço onde os pro-
dutos serão dispostos, facilitando a informação
e a visibilidade deles.
Por esse motivo, a vitrine e todo o ambiente
interno do estabelecimento devem ser priori-
zados. O profissional, conhecido como visual
merchandiser, ao iniciar um projeto, precisa
esclarecer as seguintes perguntas-chave: Quais O ideal é que essa experiência envolva os cinco
produtos têm mais venda e quais não estão cir- sentidos para dar mais significado – visão, tato,
culando? Quais são as políticas de desconto e olfato, paladar e audição –, dependendo da criati-
promoção da loja? Como é o clima organizacio- vidade do profissional e da disposição da empresa
nal do estabelecimento? Qual o perfil do cliente em se abrir para essa especialidade.
que frequenta a loja? Qual a cultura da empresa Por exemplo: um estabelecimento que co-
e o que a marca representa? mercializa roupa de cama, mesa e banho pode
Depois desse diagnóstico inicial, ele terá infor- disponibilizar um odor exclusivo que remeta a
mações suficientes para definir onde os produtos conforto e descanso e que seja desejado den-
devem ser dispostos, os locais que o cliente percor- tro de casa. Já em uma loja de roupa, o cheiro
rerá durante a jornada de compra e a decoração e precisa ser mais moderno, assemelhando-se a
iluminação do espaço. Tudo isso deve ser pensado um perfume que, eventualmente, colocamos
de forma a seduzir o cliente, facilitar a compra e no corpo. Com relação à visão, deve-se dar uma
provocar uma vivência inesquecível com a marca. atenção maior às cores e iluminação. Para mar-

78 PASSO A PASSO OUTUBRO/NOVEMBRO 2014


cas mais sóbrias e que queiram transmitir tran-
quilidade e harmonia, é recomendado usar tons
sobre tons e cores mais claras. Para aquelas mais
“agressivas” e modernas e que tenham pessoas
jovens como clientes, pode-se ousar um pouco
mais com tonalidades opostas, como vermelho
e verde, amarelo e roxo e azul e laranja.
Quanto ao paladar, as empresas têm ino-
vado, e já oferecem doces, petiscos e drinques
personalizados aos clientes. O tato pode ser es-
timulado com objetos de decoração interativos
e que combinem com os produtos vendidos.
Para os adultos, a dica é colocar cadeiras com
formato irreverente e bastante confortáveis,
e para quem tem crianças como clientes-alvo,
brinquedos, piscina de bolinha ou casa de bone-
ca são uma forte atração.
Lembrando que o visual merchandising
não é uma receita pronta, mas um estudo
para desenvolver um plano adequado às ne-
cessidades e aos objetivos do negócio. Por
isso, é importante saber que:

O planejamento deve ser autêntico, o con-


ceito da marca precisa estar presente nas
ações e não pode contrariar o que a marca
realmente representa e defende.
É necessário valorizar os limites espaciais,
financeiros e de estoque, para que o ambien-
te seja prático.
A vitrine precisa estar sempre atualizada e
organizada, como um convite para o cliente,
e não um estoque de produtos. O cliente leva,
geralmente, 5 segundos para decidir se irá levar
determinado item assim que o vê disposto na
vitrine ou na prateleira.
Atenção à temperatura, que deve estar em
sintonia com o clima. Se o dia está muito
quente, a loja precisa estar refrigerada; e se
está mais para frio, o ideal é que a tempera-
tura esteja mais quente.
Antes de colocar as ações em prática, é pre-
ciso capacitar a equipe, para que transmita, na
aparência e no comportamento, os conceitos
da marca e do ponto de venda.
Fonte: Andrea Tristão Lanza, assessora de Inovação e Susten-
tabilidade do Sebrae Minas

www.sebrae.com.br/minasgerais 79
É BOM SABER

O futuro do
comércio Para orientar empreendedores de
e-commerce, Sebrae lança duas
cartilhas focadas nos aspectos legais
e de tributação no ambiente virtual
Com custo baixo e capaz de alcançar isso, as cartilhas são um ótimo meio, sendo
diferentes públicos, o e-commerce, ou co- didáticas e acessíveis”, afirma a coordenadora
mércio eletrônico, conceito aplicável às em- nacional de Comércio Eletrônico da Unidade
presas ou transações comerciais realizadas de Atendimento Coletivo Comércio do Sebrae
na internet, proporciona inúmeras vanta- Nacional (UACC), Hyrla Marianna Oliveira.
gens tanto para o consumidor quanto para
o empreendedor. Aberto 24 horas por dia, COMÉRCIO LEGAL I Se o interesse do leitor
com marketing personalizado e possibilida- é abrir uma loja virtual, a cartilha Aspectos
de de contato direto com o cliente, o setor legais do E-commerce é a publicação ideal.
brasileiro fechou o último ano com um cres- Lá, o empreendedor entende que nem todo
cimento de 29%, alcançando o faturamento e-commerce é juridicamente igual e conhe-
de mais de R$ 31 bilhões, segundo a Associa- ce o Código de Defesa do Consumidor e o
ção Brasileira de E-commerce. Decreto nº 7.962/2013, que é considerado o
Esse cenário faz com que muitas pessoas principal regulamento do comércio eletrôni-
se interessem por abrir um estabelecimento co no Brasil. A publicação também apresenta
virtual. Mas é importante que elas fiquem outros aspectos legais e dicas essenciais para
atentas aos aspectos legais que correspondem a consolidação do negócio.
ao trabalho operacional do comércio eletrôni-
co, assim como às principais tendências legis- TRIBUTAÇÃO E PRÁTICAS I O tira-dúvidas de-
lativas. Diante dessa oportunidade, o Sebrae nominado Manual de perguntas e respostas
Nacional lançou, em agosto, duas novas car- e-commerce – Tributação e práticas apre-
tilhas para auxiliar os futuros empresários na senta as respostas dos principais questiona-
abertura de uma loja e-commerce. mentos a respeito do setor. A diferença entre
Uma delas apresenta um tira-dúvidas so- os estabelecimentos físicos e virtuais e a rela-
bre os aspectos legais, em 21 páginas. E a ou- ção entre as vendas de bem próprio, atacado
tra, com 20 páginas, esclarece dúvidas relacio- e varejo e prestação de serviços estão entre as
nadas ao tema tributação. “O empreendedor dúvidas solucionadas. A cartilha ainda ofere-
deve ficar atento a essas informações, que são ce orientação sobre a emissão de nota fiscal e
obrigatórias para estar em dia com a lei. Por o Simples Nacional.

80 PASSO A PASSO OUTUBRO/NOVEMBRO 2014


E-commerce na prática

Termos de uso do site e das políticas: é necessário que o empreendedor


apresente, em seu site, o termo de uso e a política adotada, para que o con-
sumidor saiba como deve utilizá-los.

Marketing digital: a Lei 12.965, popularmente conhecida como Marco Civil


da Internet, estabelece princípios, também, para o comércio eletrônico. O
uso de informações sobre a navegação dos consumidores para otimizar o
oferecimento de ofertas, por exemplo, foi proibido pelo Marco Civil. Portanto,
o empreendedor deve ficar atento a essas resoluções.

Entrega agendada e tratamento de informações: informações como


data e hora da entrega do produto vendido são tendências desse tipo de
venda. É importante que o proprietário de uma loja virtual se prepare para
oferecer tais dados.

O Microempreendedor Individual (MEI) não é obrigado a emitir


nota fiscal: ele está dispensado de emitir nota fiscal para consumidor pes-
soa física, porém é obrigado à emissão quando o destinatário da mercadoria
ou serviço for cadastrado no CNPJ. Independentemente da dispensa de emis-
$ são de nota fiscal, o MEI deve sempre adquirir mercadorias ou serviços com
documento fiscal. E se eles forem enviados para outro estado, é necessário,
obrigatoriamente, a emissão da nota fiscal.

Empresas virtuais devem ter endereço fixo: está em tramitação um


projeto de lei do Senado Federal que autoriza a fixação, em endereço re-
sidencial, da sede de empresa que opera por meio exclusivamente virtual.
Mas, em diversos municípios, os empreendedores são obrigados a comprar
ou locar um imóvel em área não residencial para o exercício da atividade,
mesmo se realizada de forma virtual, em razão de normas locais.

As duas cartilhas estão disponíveis na Biblioteca Digital do Portal do Sebrae


Minas, no endereço: www.sebraemg.com.br/atendimento/bibliotecadigital.
Elas podem ser acessadas gratuitamente por pessoas físicas e jurídicas, basta
que o interessado se cadastre no site.

www.sebrae.com.br/minasgerais 81
wallpaper

Sabor
mineiro
Produtores de café fortalecem suas uma ação aglutinadora, tanto nos processos
de produção quanto na logística de comer-
atividades com lançamento da cialização. Daí, a origem do projeto, que
marca Região das Matas de Minas aprimorou esses processos e elaborou a cria-
ção da marca para consolidar a sua atuação.
Em setembro, o Conselho das Entidades A próxima meta é conquistar consumidores,
do Café das Matas de Minas, em parceria por meio de estratégias corretas de escoa-
com a Federação da Agricultura e Pecuá- mento da produção.
ria do Estado de Minas Gerais (Faemg) e o
Sebrae Minas, lançou a marca Região das
Matas de Minas, em Manhuaçu (Zona da
Mata), também apresentada durante a Se- REGIÃO DAS MATAS DE MINAS
mana Internacional do Café (SIC 2014), re-
Localizada na Zona da Mata e no Vale do Rio
alizada no Expominas, em Belo Horizonte.
Doce, a Região das Matas de Minas possui solo e
A iniciativa, que nasceu a partir do projeto
clima ideais para o cultivo do café. Com a produção
Café das Matas de Minas, em 2006, congre- naturalmente artesanal, a base da economia dos
ga mais de 36 mil cafeicultores, responsá- 63 municípios que correspondem à região provém
veis pela produção de cinco milhões de sa- desta atividade, que emprega quase 75 mil profis-
cas anuais, o equivalente a 24% da produção sionais diretos e 156 mil indiretos, distribuídos em
de todo o estado. pequenas propriedades - 80% das fazendas têm
Para o gerente da Regional Zona da Mata menos de 20 hectares.
do Sebrae, João Roberto Marques Lobo, “o A produção familiar é pioneira na agricultura de
lançamento marcou o início de um novo ci- qualidade, que corresponde ao trabalho manual e
clo do projeto, que tem como principal ob- uso de técnicas desenvolvidas pelos próprios produ-
jetivo valorizar o café da região, organizar as tores, as quais fazem com que o grão seja encorpado
ações dos produtores e promover a abertura e com sabor adocicado, que varia entre o cítrico, o ca-
do mercado”. Apesar de os cafeicultores pos- ramelado e o achocolatado. Destaque também para
suírem uma tradição de cultivo centenária, o aroma intenso e sabor agradável e prolongado,
a Região das Matas de Minas necessitava de próprio para baristas e os mais exigentes paladares.

82 PASSO A PASSO OUTUBRO/NOVEMBRO 2014


TENTE. INVENTE. FAÇA.
ACADEMIA SEBRAE. EXERCITE SUAS IDEIAS.
TODO MUNDO PODE FAZER ALGO EXTRAORDINÁRIO.

Se você tem entre 14 e 17 anos e vontade de desenvolver suas ideias,


a Academia Sebrae é o seu lugar.
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20 ANOS DE VIDA. TÃO BOM
QUANTO COMEMORAR NOSSAS
REALIZAÇÕES É FESTEJAR AS
DOS NOSSOS ALUNOS.

EFG BH. Há 20 anos, formando


jovens empreendedores.
Nossa história se confunde com as dos nossos
alunos. São duas décadas dedicadas à realização
de cada um deles. Seja pela educação, que une
o Ensino Médio com o Técnico em Administração,
ou por uma formação empreendedora com foco
na vivência de mercado. Uma escola onde
a satisfação pessoal dos alunos anda lado
a lado com a realização profissional.


LUGAR

LUGAR

2008, 2009, 2010 e 2012 2009, 2010, 2013 e 2014

GLOBAL BUSINESS
CHALLENGE NY

Informações: 3379-9536
www.efgbh.com.br

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