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Capas Anteriores:
Sinopse
— Você sabia que eles não tinham uma chance contra mim. — o
Malakim disse, a brilhante espada cantarolando e piscando em suas
garras, ansiosa para voltar a atacar.
O líder do exército, que tão insensivelmente os enviou para seus
destinos, acenou com a cabeça em concordância.
Nephilim.
— Você tem certeza que está tudo bem? — sua tia perguntou
mais uma vez, e Vilma pausou antes de permitir que a mentira fluísse
de sua boca.
E isso assustava.
Vilma disse a eles que ela tinha que ir e que iria ligar novamente
em um par de dias. Ela lhes disse que os amava, sua tia e tio, muito,
lembrou-lhes para não se preocupar, e assegurou-lhes que ela estaria
de volta para casa em breve.
— O que você acha que aquele cara grande e gordo, com a cabeça
careca comeu? — seu labrador e melhor amigo, Gabriel, perguntou do
seu lado — Eu acho que ele arrotou; Eu posso cheirar salsicha Eu amo
salsicha, não é, Aaron?
Ela estava com raiva e com medo, e ele sabia exatamente como
se sentia, pois não foi há muito tempo que experimentou o despertar
da essência angelical dentro de si. Ele tentou pensar nas coisas certas
a dizer para tranquilizá-la, mas não conseguia, ele não queria mentir.
Aaron não tinha ideia de como as coisas iriam ser no futuro, para ela,
para si, para os anjos caídos. A vida era incerta agora, o que era algo
que ele estava aprendendo a conviver. Era uma coisa que Vilma ia ter
que aprender também.
— Estou muito cansada. — ela disse, sua voz não mais alto que
um sussurro. — Eu acho que eu gostaria de ir para ca... — Vilma
interrompeu, a palavra presa na garganta dela antes que pudesse sair
de sua boca. Ela ia dizer — casa — Mas não era casa para ela, embora
tivesse que ser até que a ameaça de Verchiel e seus Poderes tivesse
acabado para todos.
Ele viu tudo isso como sempre fazia quando fechava os olhos: os
crimes que ele cometeu contra Deus, a guerra travada nos céus em
nome de ciúmes mesquinhos. Mas quando essas lembranças foram
gastas, as feridas do seu passado reabertas, o primeiro dos caídos viu
que as evocações dolorosos de sua mente ainda não tinham terminado
com ele.
Fazia anos desde a última vez que sonhou com ela — pensou
sobre ela — e gemia em protesto quando as lembranças muito
reprimidas se desenrolavam em seu sonho. O nome dela era Taylor, e a
memória dela era tão dolorosa como qualquer coisa que ele tinha sido
forçado a suportar desde sua captura por Verchiel e seus seguidores.
Ele a via como tinha visto na primeira vez: uma mulher bonita,
um ser humano que emanava vida e vitalidade, com ricos os olhos
escuros da cor do mogno polido, e cabelos negros que sedutoramente
enrolavam ao redor de seus ombros. Ela usava um vestido fluído
amarelo, sandálias de couro sobre os seus pés delicados, e estava
brincando com um cão retriever, um dourado, chamado Brandy. Havia
algo sobre ela que chamou-o, algo que o fez acreditar que poderia não
ser o monstro que seu próprio tipo achava que o fosse.
No breve tempo que ele tinha estado com ela, Lúcifer tinha
quase sido capaz de se convencer de que era apenas um homem, não o
líder de uma rebelião contra Deus. Quão maravilhosamente mundana
sua vida havia se tornado, o desejo de vagar pelo planeta, como tinha
feito há milhares de anos, de repente sufocado pelo amor de uma
mulher terrena. Era como se tivesse sido tocado pelos próprios
Arcontes; havia uma magia inerente a ela que parecia acalmar seu
espírito inquieto e anestesiar a dor da maldição que iria levar para
sempre como o instigador da guerra do céu.
E em sua mente febril, ele a viu como tinha visto na última vez,
dormindo na cama que eles tinham compartilhado como homem e
mulher. Como ela era bonita. Ele a tinha deixado durante a noite,
furtivamente em silêncio na escuridão e fora de sua vida. Isso foi o
melhor, ele disse a si mesmo, ele podia trazer para ela nada além de
miséria.
— Pessoal, por favor — ela disse, erguendo a voz para ser ouvida
acima do barulho frenético. — Não vamos conseguir fazer nada aqui,
por que estamos todos falando ao mesmo tempo.
Atliel virou-se para fixá-la com seu olho bom. Era óbvio que ele
não apreciou a interrupção. — Devemos fazer o que fizemos no
passado, quando fomos ameaçados. — ele respondeu, uma pitada de
petulância em sua voz. — Aerie devem ser realocada. Não podemos ter
a possibilidade de outro ataque dos Poderes.
— Você não acha que nós viemos de muito longe para isso? —
ela perguntou, alimentando as chamas da ira do Atliel. — Você acha
que Belphegor e que todos os outros cidadões que caíram durante a
batalha fizeram isso apenas para que pudéssemos correr e nos
esconder novamente? Eu seriamente duvido disso.
Lorelei saiu de trás da tabela. Ela sabia que eles estavam com
medo, mas ela não podia acreditar que eles estavam tão cegos por seu
temor de que não viam os sinais de mudança que ia em direção a eles,
as mudanças que tinha começado logo após Aaron Corbet ter chegado
a Aerie.
— Sim, mas...
Vilma riu, depois fez uma pausa para olhar para trás, para
Aaron.
— Eu te vejo mais tarde? — ela perguntou, e ele podia ouvir a
tristeza permeando em sua voz. Isso quase quebrou seu coração. Mas
não vai durar para sempre, ele tentou tranquilizar-se. Ele deu um
passo para frente e colocou os braços em torno dela provisoriamente.
— Vai dar tudo certo. — ele sussurrou em seu ouvido, apertando com
força.
Vilma o abraçou de volta, mas não disse nada para provar que
ela acreditava no que ele lhe dissera.
Aaron sabia de tudo isso. Isso estava com ele todos os dias, um
lembrete constante de quanto sua vida tinha mudado, do que o seu
destino como o salvador tinha tirado dele.
— Por que vocês, pessoas, apenas não me dão uma folga? — Sua
voz retumbou como o rosnar de uma perigosa e selvagem besta, cheia
de potencial violência. — Você acredita seriamente que eu entendo o
que significa ser um salvador? Bem, no caso de você não perceber isso
ainda, eu não tenho uma pista.
Anjos caídos e Nephilim estavam igualmente em silêncio. Até
Atliel decidiu que poderia ser melhor segurar sua língua. Lehash
estava nas proximidades e Aaron podia ver as faíscas de fogo dourado
dançando em suas mãos, o pistoleiro estava pronto para evocar suas
pistolas de fogo celestial, se necessário.
Ele queria correr, fugir da cena feia, mas por um motivo seu
pequeno cérebro não poderia começar a funcionar, o rato não deixaria
o homem que tinha se tornado seu amigo. Amizade com um homem?
Questionou. Seu processo de pensamento primitivo confrontava com o
conceito, porque este ser era muito mais do que apenas um homem.
Ele lembrou a primeira vez que o tinha visto. Ele estava vivendo
em um monastério longe nas montanhas, muito longe, e Lúcifer
chegou no meio de uma terrível tempestade de neve. Os irmãos que
habitavam o mosteiro não tinham ideia de quem batia na sua porta,
mas o acolheram no interior, convidando-o para partilhar a sua noite
de refeição. Ele tinha alegado ser um viajante, cansado de suas
andanças, procurando um lugar para descansar e refletir sobre uma
vida cheia de arrependimentos. Os irmãos ofereceram seu mosteiro
como um refúgio e Lúcifer aceitou sua oferta para ficar.
Ele queria ajudar seu amigo, mas ao invés, ele se retraiu mais
para dentro da escuridão do canto. O que poderia possivelmente fazer?
A dor foi como nada que Kraus alguma vez tinha experimentado.
E Kraus fez como lhe foi dito. A dor tinha passado, mas ele mal
notou.
De alguma forma, mesmo que nunca tenha visto antes, era cego
desde o nascimento, ele sabia o que estava olhando, a identidade de
cada coisa com os olhos novos caiu sobre ele preenchendo sua cabeça.
— Levante a cabeça do chão e contemple o mundo. — o anjo
Verchiel disse, sua voz crescendo ao redor da sala. — Este é o meu
presente para você.
Tudo que sua nova visão viu, todas as cores, as formas, os itens
deixados para trás quando a escola foi abandonada, ele sabia sua
identidade, seu propósito, e foi preenchido com a maravilha de tudo.
E Kraus realmente viu o mestre que ele tinha servido por muitos
anos. As cicatrizes da batalha, o queimado - profundo e vermelho - e
as asas, agora cor de sujeira.
Mas o curador, uma vez cego, e agora viu o seu mestre pelo que
ele realmente era.
Aaron riu também. — Eu acho que não é como você espera que
um messias aja.
O pai adotivo de Aaron havia lhe ensinado que nove de dez vezes
era mais fácil pedir desculpas e mover passando o problema. Tom
Stanley tinha sido um bom homem e um pai maravilhoso, e Aaron
sentia muito sua falta.
Ele decidiu que iria honrar a memória do único pai que tinha
conhecido fazendo o que ele faria.
Atliel olhou para seus irmãos por apoio e depois voltou-se para
Aaron, reforçado por sua admiração. — Que você é o filho da
Morningstar, a cria de Lúcifer. — ele cuspiu.
Aaron não sabia como responder. Ele sabia o que ele tinha dito,
mas ele não podia ainda acreditar. — Eu... Eu não estou certo disso...
— ele gaguejou.
Algo agitou dentro dela, mas dessa vez a sensação não tinha
nada a ver com a ansiedade. O poder angelical, agitou-se muito
rapidamente à maturidade pelas torturas de Verchiel, estava acordado
de novo, e ela sentiu isso provando os limites do sangue e carne que
era sua gaiola.
Aaron tinha tentado explicar que a essência tinha sido parte dela
desde sua concepção, o poder tinha simplesmente adormecido dentro
dela, esperando que ela amadurecesse e abraçasse isso. Para a maioria
dos Nephilim, a unificação dos lados humanos e celestiais eram um
processo que ocorriam naturalmente, mas para outros...
Vilma não queria pensar nisso mais. A ideia da coisa dentro dela
estava deixando-a insana. Ela deixou cair os pés no chão e ficou
rapidamente em pé, olhando em volta da sala por alguma coisa,
qualquer coisa, que pudesse distraí-la.
Scholar havia pedido para vê-lo faz dias, mas Aaron sempre
achou alguma razão para evitar o encontro com o protetor de
informações e cronista da história de Aerie. Aaron sabia que o anjo
estava certo. Ele tinha percorrido um longo caminho nas últimas
semanas, mas ele ainda tinha muito a aprender, sobre a profecia de
que ele encarnava e sobre o anjo caído que o tinha gerado.
Lúcifer.
Se Aaron não ouvisse suas palavras, ele poderia ver nos olhos do
anjo que ele se arrependeu de ter convidado-o para seu local de
trabalho. Mas ele empurrou para frente com suas perguntas. — Como
sabe? — Ele perguntou. — Como você sabe com certeza que... Ele é
meu pai? — Ele não se sentia confortável em dizer o nome. Isso o fez
nervoso, as conotações do mal e tudo.
Kraus sentiu vergonha, pois aquele ser que tinha dado a sua
vida miserável a um propósito, deu-lhe o dom da visão, e ao invés de
sentir amor e gratidão, ele sentia apenas repulsa inexplicável e medo.
Houve uma perturbação no céu acima do telhado, e Kraus observava
maravilhado enquanto o ar começou a brilhar como a água, crescendo
cada vez mais escura quando Verchiel apareceu. O anjo líder pousou
em cima do telhado, abrindo suas amplas asas para revelar o
Archonte, Katspiel, encolhido dentro de suas dobras. Ele estava
curvado, seu corpo torcido com a fadiga.
Kraus podia ouvir a falta de ar chocalhar em seus pulmões. Ele
estava prestes a ir para o Archonte, para ver se poderia ajudar, quando
começou a tratar o que restava do seu exército.
— Cada vez mais próximo. — ele disse, sua voz manchada com a
emoção da antecipação, e então ele também tinha ido embora. A
sensação de mau agouro foi com Kraus, novamente, mais forte do que
com os outros, e uma pequena parte dele desejava que as coisas
fossem como antes, antes dele ter ganhado o dom da visão e ter
começado a ver.
As coisas pareciam muito mais claras depois. Aaron se sentou
no chão desordenado e folheou um livro de arte. O livro tinha
ilustrações do Céu e do Inferno por artistas com nomes como Blake,
Dore, e Bosch. Ele estava dando toda a sua atenção para a versão dos
artistas para a interpretação do inferno.
— Mas foi seu pai, o filho da manhã, o Lúcifer, que causou isso,
que provavelmente ainda perdura, em um nível do inferno em que
todos os outros empalidecem em comparação.
— Lúcifer vagou pelo mundo. Alguns dizem que ele estava tão
amargamente zangado com Deus que ele se virou para o mal, fazendo
tudo em seu poder para corromper o mundo que o Criador era tão
orgulhoso.
— Acho que vou ter de encontrar este Lúcifer e ver por mim
mesmo. — Ele disse com o toque de um sorriso. — Mas não antes de
eu lidar com um certo comandante dos poderes. — Ele estava prestes a
perguntar à Scholar se ele tinha que aprender alguma coisa mais sobre
Verchiel e os Poderes, quando em algum lugar distante do quarto, ele
ouviu uma porta se abrir e seu nome ser violentamente chamado.
Aaron reconheceu o som da voz Lehash, bem como a intensidade nela
e correu para encontrar o chefe da segurança de Aerie, com um
Scholar curioso atrás. Aaron correu por uma parede de estantes e
quase tropeçou em uma arma.
Esse era o menor indício de medo que Verchiel viu nos rostos
destes seres supostamente superiores quando estava sobre os restos
mortais de seu irmão? Como perturbador deve ter sido para eles,
encontrar um deles derrubado ao chão, seu recurso mais precioso
rasgado a partir do seu corpo.
— Vamos lá, Vilma,— ele disse a ela. — Você tem que se acalmar
antes que alguém realmente se machuque.
— Fuja!
Mas isso era algo não permitido para Aaron. Através da névoa de
dor, ele tentou virar seu corpo o suficiente para agarrá-la, mantê-la no
chão, mas seus dedos apenas roçaram barra da calça jeans quando ela
se elevou para o ar. E então uma mancha amarela passou por ele,
agarrando a perna de Vilma com um aperto furioso.
Gabriel resmungou quando Vilma chutou ele, mas manteve o
agarre, dando tempo suficiente para Aaron se recuperar e se elevar
para o ar.
Brandy regressou feliz com a vara, e ele notou que o céu tinha
ficado de repente escuro, como se não fosse uma tempestade. Isso não
fazia parte do seu dia original e Lúcifer ficou cauteloso.
E ele sabia muito bem que ela sabia que ele conhecia.
— Você tinha que começar uma guerra? — Ela deu a sua mão
um aperto amoroso. — Você não poderia ter uma boa conversa?
Contar a ele como você estava se sentindo?
A arte da parede que se seguiu foi uma das coisas que não se
importava de ver. Pinturas de seu exército derrotado, da mortes
daqueles que tinham jurado lealdade a ele, os sobreviventes fugindo do
Céu para se esconder sobre a terra.
Ele sempre acreditou que iria voltar lá algum dia, para mais
uma vez testemunhar os altos pináculos de cristal alcançando o
sempre, os campos intermináveis de capim dourado, sussurrando
baixinho, acariciado pelo suave vento, e deliciar-se novamente no
esplendor da sua glória.
Mas então Oraios retornou à realidade e contemplou a forma da
Morningstar, suspenso por correntes acima de um círculo místico
desenhado em seu sangue e enriquecido com a sujeira da providência.
O Arconte sentiu seus tristes sonhos escapar para longe, resignando-
se ao seu destino.
— É só uma questão de tempo agora. — ele meditou em voz
alta, observando como seus irmãos continuarem suas preparações, as
imagens do céu em sua mente já começando a desaparecer.
— Eu não acho que você entende o que estou tentando dizer. —
Scholar disse ao salvador de Aerie, mergulhando o seu saco de chá de
novo e de novo na xícara de água acabada de sair da chaleira elétrica.
— Malakim são mistérios mesmo para nós.
1
Paul Bunyan é a figira de um lenhador no folclore e tradição da América do Norte. Um dos mais famosos e populares
heróis folclóricos americanos, ele é geralmente descrito como um gigante, bem como um lenhador de habilidade
incomum, e é muitas vezes acompanhado de seu companheiro animal, o Boi Azul .
— Você sabe...
— Não, mas...
Mas Verchiel não quis ouvi-lo. Ele voou de seu poleiro na parte
de trás de um banco de madeira e caiu sobre o altar, ao lado do
Arconte tremendo. — Não haverá descanso até o Malakim ser
encontrado — , ele gritou, segurando Katspiel pela nuca, puxando-o,
batendo, no ar.
— Eles não querem, mas pode vir a acontecer se algo não pode
ser feito. — Aaron explicou. — Ela está se tornando perigosa, Gabe, e
para evitá-la de ferir alguém... Pode não haver escolha.
— Sim.
— Você acha que poderia pegar um cheiro antigo de alguma
coisa? — Aaron perguntou.
Era mais do que a mera dor física que sentia; essa sensação
desagradável era muito mais profunda do que isso, e ele percebeu em
um assustadora realidade que Verchiel estava de alguma forma tendo
sucesso com seus loucos planos, de que o anjo tinha encontrado uma
maneira de desfazer a Palavra de Deus. A imagem da grande porta do
cofre dentro de sua mente, seus bloqueios caindo em sua cabeça, e ele
recuou disso.
— Você não pode fazer isso. — ele disse em voz alta, lutando
pateticamente contra as suas amarras, seu corpo balançando com
seus esforços inúteis.
Vestido com uma armadura que uma vez brilhou como o sol, a
figura que cambaleou para ele era um pesadelo para ser contido. A
carne exposta do rosto do anjo, braços, pernas e foi envolta em
ataduras, sangrentas por feridas escorrendo.
Isso o estava matando agora, mas ele foi deixado com pouca
escolha. Isso também podia morrer enquanto a invocação afastava sua
força, ou ser brutalmente assassinado pela insatisfeita fúria de
Verchiel. De qualquer maneira, Katspiel sabia que era só uma questão
de tempo agora antes de sua vida chegar ao fim.
Lembrados na infâmia.
Ele não tinha certeza se ela ainda podia ouvi-lo, mas isso não
importava. Ele precisava conversar com ela, precisava mostrar a si
mesmo por que ele estava fazendo o que estava prestes a fazer. Se
havia alguma dúvida, ele não se importava agora.
— Estamos indo em busca de um anjo – um Malakim, como são
chamados – e acho que ele pode ser capaz de ajudá-la.
A vida de Vilma tinha sido virada de cabeça para baixo por sua
associação com ele. Ele se sentia como uma espécie de super vírus,
infectando qualquer um que chegasse muito perto. A taxa de vítimas
da doença de Aaron Corbet é bastante elevada, ele percebeu, pensando
em todos aqueles que tinham morrido apenas por ser parte de sua
vida: seus pais adotivos, seu psicólogo, Stevie, Zeke, Camael, e
Belphegor. Apertando a mão dela mais forte, Aaron decidiu que não
iria deixar Vilma fazer parte dessa estatística deprimente. Ele preferia
morrer a deixar qualquer coisa ruim acontecendo com ela.
Ela riu baixinho e sorriu para ele. — Sou filha de Lehash, pelo
amor de Deus. Eu não diria se não fosse verdade.
— Você realmente não tem formigas nas calças, não tem? — o cão
perguntou, confuso pela nova expressão. — Se você tem isso, deve tirá-
las antes que te mordam.
Aaron decidiu que era hora e invocou seu poder que era direito
de nascimento. Flexionando seus músculos das costas, ele aliviou suas
asas abaixo de sua carne e abriu por completo sua impressionante
extensão.
— Não, não podemos. Mas não sei por quanto tempo seremos
capazes de aguentar. — Ele sabia que a refeição era apenas uma
invenção de seus pensamentos, mas parecia fabuloso, e ele cavou com
fome. — É apenas uma questão de tempo antes que ele tenha tudo o
que precisa para libertá-lo. — ele disse, ouvindo outro cadeado cair.
— Por favor, sente-se, relaxe. Use esse local como é suposto ser
usado.
Aaron piscou várias vezes, sem saber se ele tinha ouvido o anjo
corretamente. — Companheira? — ele perguntou.
A Escola Perry para os Cegos. Era a única casa que ele tinha
conhecido.
Havia outros como ele na Escola Perry, que nasceram sem visão,
desistindo daqueles que cuidavam dos menos favorecidos. E importou
o que eles fizeram. Oh sim, ele se lembrava de seus cuidados, de fato.
— Não, obrigado. Acho que vou ficar aqui com ele. — Gabriel
lentamente baixou o rosto para apoiar o queixo na cama perto da mão
assustadoramente calma de Aaron. — Não estou com muita fome.
O inferno não seria liberado este dia, o primeiro dos anjos caídos
disse a si mesmo, encontrando força para subir aos seus pés antes do
obstáculo que separava o mundo do holocausto. Toda a dor, miséria, e
sofrimento que ele foi responsável ficariam dentro dele, onde pertencia,
onde tinha sido colocado. Ele sempre achou estranhamente divertido
que a punição dada a ele por Deus tinha de alguma forma conseguido
se tornar uma coisa de lenda no mundo humano – um lugar real de
condenação eterna para quem pecou contra sua escolha de fé religiosa.
Gehenna, Sheoul, Ti Yu, Jahannam, Hades, inferno – tantos nomes
para o que era dele e só dele para suportar.
— Não deixe que isso aconteça. — ele orou, seu rosto pressionado
contra o metal tremendo, e ele estava feliz que Taylor, apesar de uma
criação de sua mente, já não estava lá para testemunhar seu fracasso
horrendo. — Por favor. — ele implorou enquanto a porta dobrava e o
metal torcia. E ele tinha praticamente desistido de toda esperança de
parar o cataclismo do Inferno de inundar o mundo.
— Parece que você poderia usar uma mão aqui. — isso disse. E
Lúcifer se virou para olhar para o rosto da salvação.
— Obrigado.
Seu pai.
— Não tenho certeza de quanto tempo isso pode resistir. — Aaron
murmurou, abrindo seus olhos e olhando para o teto rachado e
manchado do quarto onde ele tinha estado desde que veio para Aerie.
Ele parou e olhou para ela, realmente não sabendo o que dizer.
Mas no fundo, o primeiro anjo caído não queria acreditar que era
completamente verdade. A profecia de perdão veio por causa dele,
porque ele tinha a esperança de que algum dia o Senhor Deus
entendesse o quanto ele estava arrependido e lhe daria a chance de se
desculpar.
Lutar como ele fez, Lúcifer sabia que não poderia manter a porta
fechada por muito mais tempo. Inferno enfureceu-se com as costas, a
dor no âmago de seu ser, metodicamente o feria como as camadas
múltiplas de uma cebola.
3
Morningstar, Lúcifer
o fez ver tudo de novo, experiência é como se estivesse acontecendo.
Ele encarnou o Inferno.
— Sinto muito.
Aaron estava esperando por eles para tomar uma decisão, certo
de que Lorelei teria falado alguma coisa, logo que ele tinha revelado
suas intenções.
— Ele quase matou você, Aaron. — Gabriel disse, com a sua voz
rouca de animal cheio de preocupação.
— E o que virá, trará o fim de sua dor, com a sua luta furiosa
para construir uma ponte entre o penitente e o que foi perdido. —
Scholar disse, seu olhar vago, como se ele estivesse olhando para além
do quarto, talvez para o futuro. — Essa é uma linha da profecia. — ele
disse, com os olhos focados novamente. — Sua profecia.
Ele nunca tinha conhecido uma conexão tão forte com outra
coisa viva.
O roedor não podia suportar ouvir mais, não queria que o seu
amigo pensasse que ele sofreu sozinho, e contra todos os instintos,
correu pelo chão de madeira, não se importando se iria ser visto ou
não. O rato passou entre dois soldados, atingindo o anel de sujeira
fétida. Ele pulou para frente correndo, seus minúsculos olhos fixos no
rosto do chamado amigo. Ele tinha apenas um propósito agora.
E uma vez que eles teriam lutado contra uma ameaça como
essa, não desbloqueado sua gaiola para libertá-lo sobre um mundo
ingrato. Os anjos tremularam nervosamente suas asas, sentindo a
virilidade do temível poder que estava sendo desencadeado. Eles o
lembravam da guerra e o que tinha feito a todos eles, as cicatrizes que
tinha deixado.
Verchiel olhou para ver que Lúcifer estava acordado, mesmo que
o poder continuasse a vazar de seu corpo. — Você fez isso. — Verchiel
disse grunhido, apontando sua espada de fogo para o prisioneiro. —
Você fez isso dar errado.
4
A sinapse é uma região de comunicação entre os neurônios ou entre neurônios e células
musculares e epiteliais glandulares
qualquer ataque físico. Ele foi entorpecido, tropeçando através da
névoa esvoaçante vermelha, tentando recuperar controle de suas
paixões descontroladas. Ele não tinha dúvida agora do que estava
acontecendo. Era tarde demais. A maldição de seu pai tinha sido
desencadeada.
Com a mão trêmula Aaron trouxe sua arma de fogo para sua
garganta e se preparou para acabar com a sua vida, para fazer a
miséria terminar. Ele sentiu a mordida chamuscada da ponta
flamejante da lâmina sobre a carne do seu pescoço, mas não se
afastou. Foi um alívio abençoado sentir algo diferente da tristeza do
Senhor Deus.
Aaron sabia que este era o homem, que há muito tempo era
associado com tudo o que era mal e errado do mundo. Ele levantou os
olhos para o olhar de Lúcifer e inesperadamente se sentiu como se
tivesse sido lançado um salva-vidas, à deriva em um mar furioso e
raivoso. — É... dói muito. — ele disse, segurando um momento
precioso de consolo, temendo que ele não tivesse a força para suportar
a nova onda de sofrimento.
— O fim está sobre nós. — disse o líder dos Poderes quando ele
golpeou Aaron com a sua arma tentando fazer Aaron ficar de joelhos.
O líder dos Poderes virou, sua mão direita brilhando com calor
incrível, o sangue escorrendo das feridas em seu braços, como uma
cobra, evaporando como fumaça antes que pudesse escorrer sobre a
mão branca e quente. Ele riu, um sorriso vazio de som ou de qualquer
humor.
Com seus novos olhos, ele tinha visto o ritual angélico ser
realizado sobre o anjo caído Lúcifer. Mesmo antes de o último rito ser
concluído, o curador sabia que nada de bom viria a partir dele, e ele
tentou esconder-se.
— Vai ficar pior por aqui antes que possa ficar melhor. — Lúcifer
avisou. — Essa é a maneira que tem que ser, mas eu pensei que você
pudesse querer saber.
O futuro.
Era como estar cego novamente quando fez seu caminho através
do turbilhão névoa, tropeçando nos corpos daqueles que já haviam
caído vítima em toda a extensão de malignidade. Ele não podia olhar
para eles, pois eles tinham sido seus encargos por décadas, o seu bem-
estar era responsabilidade sua, lhe doeu profundamente saber que não
havia nada que ele poderia ter feito para aliviar a sua dor.
Ele notou que a névoa estava sendo atraída para uma abertura
no teto, onde uma luz do céu tinha estado, e as imagens de pesadelo, o
vapor que iria se expandir em todo o mundo encheu sua cabeça. — Eu
não posso imaginar o que é pior. — Kraus falou abatido.
— Você tem que parar com isso! — ele gritou para Verchiel, sua
espada de fogo passando inutilmente através da massa gasosa. Ao
mesmo tempo em que o líder dos Poderes deve ter tido um pensamento
racional, e ele esperava de alguma forma, apelar para o que restava da
criatura, se alguma coisa ainda tivesse restado. — Você que se diz ser
um fiel servo de Deus, vai permitir que isso aconteça? Pense sobre o
que você está fazendo!
Ele hesitou.
Ele olhou para cima agora e viu Verchiel acima dele, a armadura
manchada, a pele coberta de bandagens cobertas de sangue e feridas
abertas, as decadentes asas bem abertas quando ele caiu em direção a
ele, a arma de fogo sibilando e caindo em direção a seu rosto. É este é
um mensageiro de Deus? Lúcifer perguntou a si mesmo. Um que o
Criador enviou para me dizer que estou perdoado? Não importa o quão
duro tentou se convencer, Lúcifer sabia a resposta.
E não antes.
Lúcifer virou-se para ver seu filho em toda sua gloria Nephilim,
as asas de corvo preto, o corpo adornado com nomes daqueles que
tinham jurado fidelidade ao Morningstar e morrido por sua causa. Ele
certamente era um espetáculo para ser visto.
Ele não pode ter ido longe, Aaron refletiu. Não teria ido longe.
Verchiel deve saber que vou persegui-lo.
Então como algo fora dos pesadelos, Verchiel caiu do céu. O anjo
realmente parecia estar em situação ainda pior, a carne em vários
estágios de decomposição, feridas com infecção. Mesmo quando eles
pairavam no céu aberto, Aaron podia sentir o cheiro nauseabundo de
podridão. Era como se todo o mal e insanidade que moldaram uma vez
essa criatura celestial no que ele era hoje, seu rosto fervilhava,
mostrando ao mundo sua verdadeira face.
— Não sei por que eu nunca admiti ser o seu pai, — ele disse
secamente, soprando a fumaça para o ar para pontuar a sua
declaração.
Lorelei riu, agarrando o longo cabelo branco feito neve, jogando o
passado sob seus ombros. — Eu não acho que você poderia ter
negado. — ela disse, balançando o cabelo para ele. — A semelhança
familiar é inconfundível.
— Acho que ela sentiu isso também, — Lehash disse. Pelo que
pode ver, a menina parecia saudável, sem sinais da batalha furiosa
interna que tinha lutado antes. A poção do Malakim parecia ter feito o
que tinha prometido que seria. Furtivamente ele esperava que sua luta
não fosse em vão.
Aaron voltou suas asas para baixo da carne de suas costas, uma
onda de exaustão se lavando sobre ele com a percepção de que ele
tinha chegado em casa.
Lar. Ele não podia acreditar realmente que sua casa não passava
mais do que um local de resíduos tóxicos. Era um pouco triste, mas ao
mesmo tempo, encheu seu coração de alegria saber que havia um
lugar aonde ele pertencia.
Aaron não iria ouviria nada disso. Ele estava cansado, e ele
queria voltar para seus amigos. Dando-lhes pouca escolha, ele tinha
envolvido seu pai e o curador em seu abraço alado e os trazidos de
volta a Aerie junto com ele.
— Desde que vocês dois já se conhecem. — Aaron disse, tentando
desviar a contestável atenção, — Permita-me apresentar Kraus. Ele foi
curador dos Poderes.
— Estou feliz que você está de volta e que você não está morto, — o
Labrador disse entre voltas desleixadas.
Aaron não tinha certeza de que história se passou entre eles, mas
ele adivinhou que Lehash tinha sido menos do que um seguidor de
Morningstar, e o pistoleiro não parecia ser o tipo de anjo que
facilmente perdoava ou esquecia. O tempo parecia ter congelado
quando os dois anjos caídos olharam um para o outro, e Aaron teve a
nítida impressão de que os dois tinham sido próximos uma vez, até
amigos talvez.
Lehash fez uma careta quando ele chegou no bolso do seu casaco.
Lentamente, ele pegou um de seus mal-cheirosos charutos. — Depois
de todo esse tempo, essa é a melhor desculpa que você poderia nos
dar? — ele perguntou quando colocou a ponta do charuto entre os
dentes, esperando.
Lehash tomou o que seria o seu último olhar para os filhos dos
anjos e humanos, e em seguida, olhou para sua filha, os olhos cheios
de emoção. — Você provavelmente vai ficar. — ele disse, estendendo a
mão para tocar seu rosto em sua mão. — Nada como tentar ficar um
pouco mais. — Os dois riram e se abraçaram para o tempo final.
— Eu também.
Lúcifer Morningstar estava fora da Igreja de Santo Atanásio e do
Orfanato e quando ouviu os sons dos Nephilins. Havia mais deles lá
fora, no mundo, ele sabia, filhos dos flertes dos anjos, sua
primogenitura gradualmente florescendo sobre seu décimo oitavo ano
de vida.
Feliz aniversário.
O menino que vivia com eles a não mais do que duas semanas.
Seu nome era Jeremy Fox, e ele tinha vindo de Londres, Inglaterra.
Aaron tinha-o encontrado vivendo nas ruas da cidade, grande e velha,
implorando por comida do Dumpsters. O rapaz parecia ser apenas
mais um exemplo triste de um sistema de saúde mental falho e
desesperado - resmungando e gritando, falando sozinho quando ele
vagou pelas ruas da maior cidade da Inglaterra. Ele não tinha sido
difícil de localizar, o poder do Nephilim era forte dentro dele, e
praticamente gritou para ser encontrado.
5
O jovem permaneceu em silêncio, como se tentando sintonizar o
estranho mundo em que ele tinha vindo viver. Aaron podia simpatizar,
já que não tinha sido há muito tempo em que ele estava no mesmo
quadro de espírito.
Ele tinha estado aqui desde então, mas não parecia estar se
adaptando a sua nova vida, agarrado a sua humanidade, recusando-se
a aceitar a realidade do que estava se tornando.
Era algo que Aaron tentou não pensar muito frequentemente. Ele
sabia que tinha um trabalho a fazer, um propósito e um destino. Mas a
alcunha de ser um salvador era um que ele não vestia
confortavelmente.
Jeremy fervilhava com uma raiva interior que era muito familiar a
Aaron. — Você não sabe de nada. — o rapaz resmungou, faíscas de
fogo celestial atirando descontroladamente das pontas do seu dedo.
— Você sabe como eu sei disso? — Aaron perguntou. — Porque
eu pensei exatamente as mesmas coisas quando isso me aconteceu,
quando o poder que estava dentro de mim , algo que eu não queria ou
pedi - decidiu levar a minha vida normal para longe de mim. — Aaron
colocou uma de suas mãos sobre o peito, seu olhar nunca deixando de
Jeremy. — Eu pensei exatamente as mesmas coisas.
— Você não tem que lutar contra isso — Aaron disse a ele. — É
por isso que estamos aqui: para aprender sobre o que você realmente é
- para aprender sobre o seu destino.
— Aposto que há muita coisa que você não sabe sobre você
mesmo. — Aaron disse. — Vamos ensinar a você.
Ele deixou a bola de neve voar, e quando ela caiu, Gabriel saltou
para o ar para capturá-la na boca. — Boa pegada, rapaz — Aaron
disse, batendo palmas e elogiando o animal por suas habilidades.
Era tão fácil ser pego no fluxo das coisas, para se tornar o líder
supremo, o peso do mundo sobre seus ombros. Ele precisava de
momentos como este para se lembrar de que havia mais na vida do
que ser o líder dos Nephilins.
Era a vida que ele teria escolhido para si mesmo? Não, não é um
acaso, mas ele já não se ressentia do destino que havia sido imposta a
ele sem a menor cerimônia. Era o seu destino, e ele tinha aprendido a
aceitá-lo como tal.
Fazia alguns dias desde que eles tinham visto um ao outro, ela
estava se preparando para iniciar as aulas em uma faculdade próxima,
na primavera e gradualmente convencendo a tia e o tio a aceitar o fato
de que ela estava indo para a escola. Vilma Santiago estava assumindo
o controle de sua vida, e Aaron estava muito orgulhoso.
— Sim. — ele disse a ela, um sorriso em seu rosto que ele não
podia controlar. Quando eles decidirem dar o próximo passo, para se
casar e, eventualmente, ter filhos, ele sabia que seria a coisa mais
incrível de sua vida. Ter uma família com ela era algo para se olhar
mais para frente.
FIM.
Continua em:
A guerra entre Céu e inferno chega à Aaron, metade humano e metade anjo, que
comanda os Caídos em sua busca de proteger a humanidade. Mas a força do mal ganha
forças em cada turno. E escondidos em algum lugar nas sombras está o instrumento do
Aaron ganha a confiança da garota que ele ama enquanto se esforça para fazer as
pazes com o seu legado como o filho de Lúcifer. Estes são tempos de desespero, e Aaron
sabe que Os Caídos precisam forjar novas alianças improváveis para sobreviver.
Com o destino do mundo na balança, Aaron vai parar por nada para defender a
civilização e a garota que tem o seu coração. Mesmo que isso signifique enfrentar os
Dayane
Kelli
Juju
Lily
Lud
Revisores
Lud, Leidy