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Conhecendo o
Novo Acordo
Ortográfico
Conhecendo o Novo Acordo Ortográfico

Sumário
Módulo I - Contexto do Novo Acordo Ortográfico........................................................................ 2
Unidade 1: O acordo ortográfico .............................................................................................. 3
Unidade 2: A presença da língua portuguesa no mundo .......................................................... 4
Unidade 3: Como fica o nosso dicionário? ................................................................................ 6
Unidade 4: Breve histórico do acordo ortográfico .................................................................... 7
Módulo II - Mudanças trazidas pelo Novo Acordo Ortográfico .................................................. 12
Unidade 1 - Regras da acentuação gráfica .............................................................................. 14
Unidade 2 - O emprego do hífen ............................................................................................. 29
Unidade 3 - Composição do alfabeto ...................................................................................... 50
Unidade 4 - Eliminação do trema ............................................................................................ 58
Conclusão ................................................................................................................................ 62

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Conhecendo o Novo Acordo Ortográfico

Módulo I - Contexto do Novo Acordo Ortográfico

Objetivos: Ao final deste módulo, você deverá dominar o contexto do novo


acordo ortográfico, a presença da língua portuguesa no mundo, as alterações
no nosso dicionário e também um breve histórico do Acordo Ortográfico.

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Conhecendo o Novo Acordo Ortográfico

Unidade 1: O acordo ortográfico

Desde 1º de janeiro de 2009, estão em vigor no Brasil as regras do novo


Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.

Assinado em Lisboa, em 16 de dezembro de 1990, o Acordo Ortográfico


da Língua Portuguesa tem o objetivo primordial de unificar a ortografia nos
países que têm o português como língua oficial.

Ao fazê-lo, pretende garantir maior status à língua portuguesa no plano


internacional, facilitando o intercâmbio cultural, comercial e jurídico-
institucional entre os países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa
(CPLP).

Assim, incrementando o prestígio internacional do português, habilita-o a


ingressar no rol dos idiomas oficiais utilizados na Organização das Nações
Unidas (ONU).

Tais medidas, entretanto, não têm aplicabilidade imediata. O decreto


legislativo assinado pelo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, prevê um
período de transição para a aplicação das novas regras: de 1º de janeiro de
2009 a 31 de dezembro de 2015.

Nesse período, as duas grafias são reconhecidas como oficiais. No


entanto, a partir de 1º de janeiro de 2016, a ortografia oficial vigente será
aquela assentada nas bases do Acordo Ortográfico.

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Unidade 2: A presença da língua portuguesa no mundo

Estima-se que mais


de 240 milhões de
pessoas falem
português, o que faz
da nossa, a quinta
língua mais falada no
mundo e a terceira
no Ocidente. Ainda
assim, o português
ostentava (ou
ostenta) o título de
ser o único idioma no
mundo a ter duas ortografias oficiais, a do Brasil e a de Portugal.

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Ocorre que, do ponto de


vista das relações
internacionais, a dupla grafia
oficial implica flagrantes
desvantagens ao País, pois
dificulta a afirmação do
idioma no âmbito das Nações
Unidas, bem como limita a
possibilidade de
compartilhamento, entre países lusófonos, de conteúdos no plano cultural,
comercial e político.

Com vistas a mudar essa realidade, um dos propósitos fundamentais do


Acordo, como vimos, é congregar em torno do mesmo sistema ortográfico,
todos os Estados signatários (as chamadas partes), a saber: Angola, Brasil,
Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e
Timor-Leste.

Ressalte-se que as partes, na formulação do Acordo, mesmo buscando o


consenso entre as ortografias brasileira e portuguesa, optaram, em alguns
casos, por manter duas redações oficiais.

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Unidade 3: Como fica o nosso dicionário?

Do ponto de vista do léxico da língua portuguesa, estima-se que o


número de palavras cuja ortografia foi alterada com a celebração do Acordo,
segundo dados da Academia de Ciências de Lisboa, é de pouco mais de duas
mil num universo de cerca de 110.000. Com isso, unifica-se a ortografia de
aproximadamente 98% do total de palavras da língua portuguesa.

No caso brasileiro, calcula-se que as modificações atingiram


aproximadamente 0,5% das palavras. Já no caso do português de Portugal,
a estimativa é de que 1,6% dos vocábulos foi alterado com a entrada em
vigor do novo Acordo.

Observamos que, nesse levantamento, não foram contabilizadas, à época,


as alterações decorrentes das novas regras de uso do hífen, bem como
aquelas resultantes da supressão do trema.

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Unidade 4: Breve histórico do acordo ortográfico

Pelo quadro abaixo, pode-se acompanhar, no tempo, como evoluiu o


processo de unificação da ortografia da língua portuguesa.

Breve histórico do novo acordo ortográfico

O foneticista Gonçalves Viana (1840-1914) publica, em Lisboa, a


maior obra sobre ortografia da língua portuguesa, a Ortografia
Nacional, que foi adotada pelo governo português como oficial em
1911. Nela, o estudioso apresenta proposta de simplificar a
ortografia:
• eliminação dos fonemas gregos /th/ (theatro), /ph/ (philosofia),
/ch/ (com som de < k >, como em chimica), /rh/ (rheumatismo)
e /y/ (lyrio);
1904
• eliminação das consoantes dobradas, com exceção de < rr > e
< ss >: ‘cabello’ (=cabelo); ‘communicar’ (=comunicar);
‘ecclesiastico’ (=eclesiástico); ‘sâbbado’ (=sábado).
• eliminação das consoantes nulas, quando não influenciam na
pronúncia da vogal que as precede: ‘licção’ (=lição); ‘dacta’
(=data); ‘posthumo’ (=póstumo); ‘innundar’ (=inundar);
‘chrystal’ (=cristal);
• regularização da acentuação gráfica.
A partir de uma proposta do jornalista, professor, político e escritor
Medeiros e Albuquerque, a Academia Brasileira de Letras (ABL)
1907
elabora projeto de reformulação ortográfica com base nas
propostas de Gonçalves Viana.
Portugal oficializa, com pequenas modificações, o sistema de
1911
Gonçalves Viana.

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A ABL aprova a proposta do professor, filólogo e poeta Silva


1915 Ramos, que ajusta a reforma ortográfica brasileira aos padrões da
reforma portuguesa de 1911.
A ABL volta atrás e revoga o projeto de 1907, ou seja, não há mais
1919
reforma.
A Academia de Ciências de Lisboa e a Academia Brasileira de
1931
Letras assinam acordo para unir as ortografias dos dois países.
1933 O governo brasileiro oficializa o acordo de 1931.
A Constituição brasileira revoga o acordo de 1931 e estabelece a
volta das regras ortográficas de 1891, ou seja, ‘ortografia’ voltaria
1934
a ser grafada ‘orthographia’. Protestos generalizados, porém,
fazem com que essa ortografia seja considerada optativa.
Convenção Luso-Brasileira retoma, com pequenas modificações, o
1943
acordo de 1931.
As modificações introduzidas pelo novo Acordo, ao priorizarem a
ortografia lusitana, foram de tal monta que provocaram intensos
protestos de parte dos brasileiros, culminando com a revogação
do Acordo em 1955, restabelecendo-se o sistema ortográfico,
instituído no Brasil em 1943.

1945 Divergências na interpretação de regras resultam no Acordo


Ortográfico Luso-Brasileiro. Em Portugal, as normas vigoram, mas
o Brasil mantém a ortografia de 1943.
Como consequência passaram a existir duas normas ortográficas
oficiais para a língua portuguesa: uma brasileira (1943) e uma
lusitana (1945).

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Decreto do governo altera algumas regras da ortografia de 1943:


• abolição do trema nos hiatos átonos: ‘saüdade’
(=saudade),‘vaïdade’ (=vaidade);
• supressão do acento circunflexo diferencial nas letras < e > e <
o > da sílaba tônica das palavras homógrafas, com exceção de
‘pôde’ em oposição a ‘pode’: ‘almôço’ (=almoço), ‘êle’ (=ele),
‘enderêço’ (=endereço), ‘gôsto’ (=gosto);
1971
• eliminação dos acentos circunflexos e graves que marcavam a
sílaba subtônica nos vocábulos derivados com o sufixo < -mente
> ou iniciados por < z >: ‘bebêzinho’ (=bebezinho), ‘vovôzinho’
(=vovozinho),
‘sòmente’ (=somente), ‘sòzinho’ (=sozinho), ‘ùltimamente’(=ulti
mamente).

As colônias portuguesas na África (São Tomé e Príncipe, Guiné-


Bissau, Cabo Verde, Angola e Moçambique) tornam-se
1975
independentes.

1986 São finalmente redigidas as Bases Analíticas da Ortografia


Simplificada de 1945, renegociadas em 1975 e consolidadas em
1986. Iniciam-se, assim, as discussões de que resultaram as bases
do novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa entre Brasil,
Portugal, Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São
Tomé e Príncipe.

Surge outra versão do documento anterior (1986): o Acordo de


Ortografia Simplificado entre Brasil e Portugal para a Lusofonia,
1991 conhecido como Acordo Ortográfico de 1995, aprovado
oficialmente em 1995 pelos dois principais países envolvidos
(Brasil e Portugal).

Brasil e Portugal aprovam oficialmente o documento de 1991, que


1995
passa a ser reconhecido como Acordo Ortográfico de 1995.

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Em Cabo Verde, foi assinado um Protocolo Modificado ao Acordo


Ortográfico da Língua Portuguesa, mas apenas Brasil, Portugal e
Cabo Verde o aprovaram. No Primeiro Protocolo Modificativo ao
1998 Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, fica estabelecido que
todos os membros da Comunidade dos Países de Língua
Portuguesa (CPLP) devem ratificar as normas propostas no Acordo
Ortográfico de 1995, para que este seja implantado.

Timor-Leste torna-se independente e passa a fazer parte da CPLP.


2002

Com a aprovação do Segundo Protocolo Modificativo ao Acordo


Ortográfico da Língua Portuguesa, fica determinado que basta a
2004
ratificação por três membros para que o acordo entre em vigor.
No mesmo ano, o Brasil ratifica o Acordo.

Cabo Verde ratifica o Acordo.


2005

São Tomé e Príncipe ratifica o documento, possibilitando a entrada


2006
em vigor do Acordo.

Portugal aprova o Acordo Ortográfico.


2008

O Decreto Presidencial nº 6.583, de 29 de setembro de 2008,


determina a implementação do Acordo Ortográfico a partir de 1º
2008
de janeiro de 2009 no Brasil, estabelecendo período de transição
de 1º de janeiro de 2009 a 31 de dezembro de 2012.
O Decreto Presidencial n° 7.875, de 27 de Dezembro de 2012,
alterou o Decreto no 6.583, de 29 de setembro de 2008, e
2012
prorrogou o período de transição, que, agora, corresponderá

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a 1o de janeiro de 2009 a 31 de dezembro de 2015. Durante o


período coexistirão as duas normas ortográficas.

Exercícios de Fixação - Módulo I

Parabéns! Você chegou ao final do Módulo I de estudo do curso Conhecendo


o Novo Acordo Ortográfico.

Como parte do processo de aprendizagem, sugerimos que você faça uma


releitura do mesmo e responda aos Exercícios de Fixação. O resultado não
influenciará na sua nota final, mas servirá como oportunidade de avaliar o
seu domínio do conteúdo. Lembramos ainda que a plataforma de ensino faz
a correção imediata das suas respostas!

Para ter acesso aos Exercícios de Fixação, acesse a plataforma.

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Módulo II - Mudanças trazidas pelo Novo Acordo Ortográfico

Objetivos

Ao final deste módulo, você deverá conhecer as regras de acentuação


gráfica, emprego do hífen e a composição e eliminação do trema.

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Introdução

Com a entrada em vigor do Novo Acordo Ortográfico, muitos podem


pensar: “De que valeu o esforço para entender por que ‘infraestrutura’ se
escrevia com hífen e anti-imperialista, sem ele?”

Entretanto, esteja a favor do Acordo ou contrário a ele, ninguém está livre


de uma revisão ortográfica.

O Acordo, porém, visa unificar a ortografia e não a pronúncia e o significado


das palavras.

As tiras abaixo são um bom exemplo disso. A primeira saiu em um jornal


português; a segunda, num jornal brasileiro.

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Unidade 1 - Regras da acentuação gráfica

Pela fala expressamos a melodia da língua. É um processo quase intuitivo,


que praticamos quando expiramos com maior ou menor força.

Na escrita, utilizamos recursos gráficos para “ensinar” ao leitor a cantar essa


melodia, ora apontando a sílaba tônica, ora indicando se o som vocálico é
aberto ou fechado com o uso dos sinais diacríticos. Por isso é que se diz que
a palavra “acento” encontra sua etimologia, ou seja, a origem da sua
formação, na expressão latina ad cantum (=para o canto).

Sinal diacrítico é um signo


gráfico que se associa a uma letra
para lhe dar uma característica
fonética diferente daquela que a
letra possui isoladamente. Exemplo
clássico de sinal diacrítico é a
cedilha, que diferencia a pronúncia
do < c > de 'caco' do < c > de 'caço'
(do verbo 'caçar'). Além dela,
existem o acento agudo ('lá'), o til
('lã'), o acento circunflexo
('lâmpada') e o acento grave
('àquela').

Então, se aplicamos acentos gráficos para “ajudar a cantar” a melodia da


língua, quais as regras formuladas pelo Novo

Acordo Ortográfico no particular?

No que interessa aos brasileiros, a acentuação gráfica, que é tratada nas


Bases VIII, IX, X e XI do Acordo, é o tema em que se verifica o maior índice
de alterações, se considerada a quantidade de palavras que tiveram a grafia
modificada.

De modo geral, as modificações se concentram:

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 nas palavras paroxítonas (‘heroico’, ‘ideia’),


 naquelas em que ocorre hiato (‘feiura’, ‘voo’) e
 nas homógrafas, ou seja, que têm a mesma grafia (‘pelo’, ‘pera’).

Essas modificações têm sempre o objetivo de eliminar os acentos gráficos


até então presentes nesses grupos de palavras, e não de acrescentá-los.

1ª Regra

Elimina-se o acento agudo das palavras paroxítonas cuja sílaba tônica seja
formada pelos ditongos abertos < ei > e < oi >.

Como era antes Como deve ser agora


alcalóide alcaloide
alcatéia alcateia
apóio (verbo apoiar) apoio
asteróide asteroide
assembléia assembleia
bóia boia
clarabóia claraboia
colméia colmeia
Coréia Coreia
Galiléia Galileia
geléia geleia
hebréia hebreia
heróico heroico
idéia ideia
intróito introito
jibóia jiboia
jóia joia
odisséia odisseia
onomatopéia onomatopeia
paranóico paranoico
platéia plateia

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protéico proteico
tramóia tramoia

Atenção
O acento PERMANECE:
 Nas palavras oxítonas, mesmo que ocorram os ditongos abertos < ei
> e < oi >, como em: 'hotéis', 'heróis', 'papéis';
 Nas paroxítonas terminadas em < r >, como em: 'destróier';
 Nos monossílabos tônicos: 'dói', 'méis', 'réis', 'sóis'.

2ª Regra

Elimina-se o acento agudo de palavra paroxítona formada pelas vogais <


i > e < u > precedidas de ditongo.

Como era Como deve


antes ser agora
baiuca baiuca
bocaiúva bocaiuva
boiúna boiuna
cauíla cauila
feiúra feiura
maoísmo maoismo
Sauípe Sauipe
taoísmo taoismo

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Atenção
O acento permanece nas palavras oxítonas onde o < i > ou o < u>
estiverem em posição final, após ditongo, mesmo que seguidos de < s >,
como em: 'tuiuiú', 'tuiuiús', 'Piauí'.

3ª Regra

Elimina-se o acento circunflexo nos seguintes casos:

1. Nas terceiras pessoas do plural do presente do indicativo ou do subjuntivo


dos verbos ‘crer’, ‘dar’, ‘ler’, ‘ver’ e seus derivados.

Como era antes Como deve ser agora

crêem (verbo crer) creem

dêem (verbo dar) deem

descrêem (do verbo descrer) descreem

lêem (verbo ler) leem

relêem (do verbo reler) releem

vêem (verbo ver) veem

2. Na vogal tônica fechada do hiato < oo > em palavras paroxítonas,


seguidas ou não de < s >.

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Como era antes Como deve ser agora

abençôo (verbo abençoar) abençoo

dôo (verbo doar) doo

enjôo (verbo ou subst.) enjoo

magôo (verbo magoar) magoo

perdôo (verbo perdoar) perdoo

povôo (verbo povoar) povoo

vôo (verbo ou subst.) voo

zôo zoo

4ª Regra - Parte 1

Elimina-se o acento agudo na vogal < u > das formas verbais que
contenham < qu > e < gu > rizotônicos, ou seja, quando o < u > presente
nessas sequências for tônico e fizer parte da raiz do verbo.

Em tempo: para melhor compreendermos os enunciados seguintes, vale


recordar:

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 As formas verbais regulares podem ser decompostas em três


elementos: raiz, vogal temática e desinências. Assim, em
'amaremos', por exemplo, tem-se o radical < am >; a vogal temática
< a >; e duas desinências: a desinência < mos >, que indica a
pessoa do verbo (no caso, a 1ª pessoa) e o número (no caso, plural);
e a desinência < re >, que anuncia o modo (indicativo) e o tempo
(futuro do presente).
 Quando a tonicidade da forma verbal flexionada recai sobre a raiz ou
radical, dizemos que é rizotônica; quando não, dizemos que é
arrizotônica. É o caso do exemplo dado acima. A forma 'amaremos'
tem a tonicidade marcada na sílaba < re >, portanto, recai fora da
raiz do verbo (< am >) e é, então, arrizotônica.

Na prática, além de perderem o trema quando o < u > é átono, verbos


como ‘arguir’ e ‘redarguir’ e suas flexões não mais recebem o acento agudo,
ainda que mantida a tonicidade no < u >.

ARGUIR arguo, arguis, argui, arguímos, arguís, arguem

redarguo, redarguis, redargui, redarguímos, redarguís,


REDARGUIR
redarguem

Atenção
Quando no hiato < ui > a tonicidade recair sobre o < i > este deve ser
acentuado, como por exemplo: "Eu arguí todas as testemunhas do caso.".
Ainda 'arguíste', 'arguímos', 'arguís'.
Em alguns verbos, o emprego do acento é determinado pela pronúncia,
como em 'aguar', 'desaguar', 'enxaguar', 'obliquar' e 'delinquir'. Nestes
casos, admite-se que sejam grafados de duas formas, de acordo com a
pronúncia.

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4ª Regra - Parte 2

1. Nas formas rizotônicas, ou seja, quando a tonicidade recai sobre o radical


(aquele elemento que aparece em todas as formas flexionadas de verbos
regulares), acentuam-se o < a > e o < i > do radical.

Veja, por exemplo, a conjugação dos verbos ‘aguar’ e ‘averiguar’, em que


a tonicidade recai sobre os radicais < ag > de ‘aguar’ e < averig > de
‘averiguar’:

AGUAR AVERIGUAR

(que eu)
(eu) águo (que eu) águe (eu) averíguo
averígue

(que (tu) (que tu)


(tu) águas
tu) águes averíguas averígues

(que (ele) (que ele)


(ele) água
ele) águe averígua averígue

(que nós) (nós) (que nós)


(nós) aguamos (*)
aguemos averiguamos averiguemos

(que vós) (vós) (que vós)


(vós) aguais
agueis averiguais averigueis

(que (eles) (que eles)


(eles) águam
eles) águem averíguam averíguem

(*) Observe que, nas formas destacadas, a sílaba tônica recai fora do radical
< ag > de ‘aguar’ e fora do radical < averig > de ‘averiguar’. Portanto, não
são acentuadas. Veja o caso seguinte.

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4ª Regra - Parte 3

2. Já se a tonicidade da pronúncia recai fora do radical (arrizotônica), não se


utiliza o acento. Nos exemplos abaixo, a tonicidade não recai nem sobre o
radical < ag > de ‘aguar’, nem sobre o radical < averig > de ‘averiguar’.

AGUAR AVERIGUAR

(eu) aguo (que eu) ague (eu) averiguo (que eu) averigue

(tu) aguas (que tu) agues (tu) averiguas (que tu) averigues

(ele) agua (que ele) ague (ele) averigua (que ele) averigue

(que nós) (nós) (que nós)


(nós) aguamos
aguemos averiguamos averiguemos

(que vós) (que vós)


(vós) aguais (vós) averiguais
agueis averigueis

(que eles) (eles) (que eles)


(eles) aguam
aguem averiguam averiguem

Assim, se a tonicidade recair sobre o < u >, este não receberá acento
gráfico, como nas formas ‘enxague’, ‘oblique’; porém, se a tonicidade recair
sobre as vogais < a > ou < i > da sílaba anterior, estas, obrigatoriamente,
receberão acento gráfico (‘enxágue’, ‘oblíque’).

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Atenção:
"No Brasil, a pronúncia mais frequente é aquela em que "a" e o "i" são
tônicos."

5ª Regra

Quando palavras de sentidos diferentes têm a mesma grafia, verifica-se


o fenômeno da homografia.

As palavras homógrafas podem também ser homófonas, ou seja, terem o


mesmo som, apresentarem os mesmos traços fonéticos. Para a Ortografia
isso representava um complicador, daí a criação de ACENTOS DIFERENCIAIS
– agudo ou circunflexo –, a fim de que, mesmo se tomadas isoladamente,
fora de contexto, essas palavras contivessem “marcas” que indicassem a qual
campo semântico pertenciam.

Entretanto, com a entrada em vigor do Novo Acordo, a regra geral é no


sentido de que não mais se distinguem palavras homógrafas.

Como era antes Como deve ser agora

pára (verbo parar) / para


para (verbo e preposição)
(preposição)

péla (verbo pelar) / pela (preposição) pela (preposição, verbo e


/ péla (substantivo) substantivo)

pólo (substantivo) / pôlo


(substantivo) / polo (preposição polo (substantivos e preposição)
antiga)

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pélo (verbo pelar) / pêlo pelo (verbo, substantivo e


(substantivo) / pelo (preposição) preposição)

pêro (substantivo) / pero (conjunção


pero (substantivo e conjunção antiga)
antiga)

pêra (substantivo) / pera (preposição pera (substantivo e preposição


antiga) antiga)

Apenas algumas palavras permanecem acentuadas para se distinguir


pelo acento gráfico:

 ‘pôr’ (verbo) para diferenciar de ‘por’ (preposição);


 ‘pôde’ (verbo na 3ª pessoa do singular do pretérito perfeito do
indicativo) para diferenciar de ‘pode’ (3ª pessoa do singular do
presente do indicativo); e
 os verbos ‘ter’ e ‘vir’, bem como seus derivados (‘manter’, ‘deter’,
‘reter’, ‘conter’, ‘convir’, ‘intervir’, ‘advir’ etc.) para diferenciar as
formas da 3ª pessoa no singular (presente do indicativo) das formas
da 3ª pessoa no plural (presente do indicativo).

6ª Regra

CASOS FACULTATIVOS

O Acordo recebeu, ainda, a duplicidade articulatória de algumas palavras


geralmente provenientes do francês, que, como reporta, “nas pronúncias
cultas, ora é registrada como aberta, ora como fechada”, admitindo, pois,
tanto o acento agudo como o acento circunflexo:

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1) Algumas palavras oxítonas terminadas em < e > tônico admitem tanto o


acento agudo quanto o acento circunflexo.

É facultativo

bebê bebé

bidê bidé

canapê canapé

caratê caraté

crochê croché

guichê guiché

nenê nené

purê puré

rapê rapé

2) Torna-se facultativo o emprego do acento circunflexo nas palavras


oxítonas ‘judô’ e ‘metrô’;

3) É facultado, para fins de diferenciação, o uso do acento agudo nas formas


verbais paroxítonas do pretérito perfeito do indicativo, na 1ª pessoa do plural,
quando coincidirem com a forma verbal correspondente do presente do
indicativo.

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Aceita-se a grafia para


Presente do Pretérito perfeito do representar o pretérito
Indicativo Indicativo perfeito

amamos amamos amámos

cantamos cantamos cantámos

dançamos dançamos dançámos

louvamos louvamos louvámos

Atenção
É facultado o uso do acento da palavra 'fôrma' (substantivo) para
diferenciar da palavra 'forma' (substantivo e verbo 'formar').

Veja, a seguir, um quadro resumido das novas regras de acentuação


gráfica:

Quadro Resumido

REGRA NOVA Como ATENÇÃO!


Como era
fica

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O acento permanece:
1) Nas palavras oxítonas, mesmo
que ocorram os ditongos abertos
Não se acentuam andróide, androide,
< ei > e < oi >, como em:
mais os ditongos estóico, estoico,
‘hotéis’, ‘heróis’, ‘papéis’, ‘troféu’,
abertos < ei > e geléia, geleia,
‘troféus’;
< oi > das heróico, heroico,
2) Nas paroxítonas terminadas
palavras idéia, ideia,
em < r >, como ‘blêizer’,
paroxítonas. platéia plateia
‘contêiner’, ‘destróier’, ‘gêiser’;
3) Nos monossílabos tônicos:
‘dói’, ‘méis’, ‘réis’, ‘sóis’.

O acento permanece:
Não se acentuam 1) nas palavras oxítonas em que
mais o < i > e o o < i > e o < u > aparecem em
< u > tônicos baiúca baiuca, posição final, seguidos ou não de
quando vierem bocaiúva, bocaiuva, < s >, tal como em ‘Piauí’ e
depois de cauíla, cauila, ‘tuiuiús’;
ditongos em feiúra feiura 2) nas paroxítonas em que o < i
palavras > e o < u > não vêm depois de
paroxítonas. ditongo, como acontece em
‘juíza’, ‘uísque’, ‘ruína’ e ‘saúva’.

abençôo, abençoo,
Não se acentuam crêem, creem,
mais as palavras enjôo, enjoo,
terminadas em < lêem, leem,
eem > e < oo >. perdôo, perdoo,
vêem veem
Não se acentua apazigúe, apazigue,
mais o < u > argúi, argui,
tônico precedido averigúe, averigue,
de < g > ou < q obliqúe oblique

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Conhecendo o Novo Acordo Ortográfico

> na conjugação
de verbos como
arguir, redarguir,
apaziguar,
obliquar e
averiguar.

Permanecem os seguintes
acentos:
“Ela pára “Ela para
1) o que diferencia ‘pode’ (verbo
o carro”; o carro”:
‘poder’, 3ª pessoa do Presente do
“Foi ao “Foi ao
indicativo) de ‘pôde’ (verbo
mercado mercado
Não se usa mais ‘poder’, 3ª pessoa do Pretérito
comprar comprar
o acento Perfeito do indicativo);
pêra”; pera”;
diferencial em: 2) o que diferencia ‘por’
“Viajaram “Viajaram
‘pára/para’, (preposição) de ‘pôr’ (verbo);
ao pólo ao polo
‘péla/pela’, 3) o que diferencia o singular do
Norte”; Norte”;
‘pêlo/pelo’, plural na 3ª pessoa do Presente
“O “O
‘pólo/polo/pôlo’, do Indicativo dos verbos ‘ter’ e
cachorro cachorro
‘péra/pêra’. ‘vir’ e seus derivados, tais como
estava estava
‘manter’, ‘reter’, ‘deter’, ‘conter’,
com o com o
‘convir’, ‘intervir’, ‘advir’ etc.:
pêlo pelo
ele mantém/ eles mantêm; ele
macio” macio”.
detém/eles detêm; ele
intervém/eles intervêm.

Devido à duplicidade ‘bebê ou bebé’; ‘bidê


São facultativos:
articulatória observada ou bidé’, ‘caratê ou
1) o acento
em certas regiões, caraté’; ‘guichê ou circunflexo nas
admite-se tanto o guiché’; ‘nenê ou nené’ palavras oxítonas
‘judô’ e ‘metrô’; e
acento agudo como o

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Conhecendo o Novo Acordo Ortográfico

acento circunflexo em
algumas palavras 2) o acento
oxítonas terminadas circunflexo para
diferenciar as
em < e > tônico. palavras ‘forma’
(substantivo e verbo
‘formar’) e ‘fôrma’
(substantivo).

Para fins de
‘amamos ou
diferenciação, é amámos’;
facultativo o uso do ‘cantamos ou
acento agudo nas cantámos’;
formas verbais ‘louvamos ou
louvámos’
paroxítonas dopretérito
perfeito do indicativo,
na 1ª pessoa do plural,
quando coincidirem
com a forma verbal
correspondente
dopresente do
indicativo.

Módulo II - Unidade 1

Complemente o seu estudo, consultando o material que disponibilizamos em


Glossário, Dicionários e Biblioteca, localizados no Módulo de Apoio.

28
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Conhecendo o Novo Acordo Ortográfico

Unidade 2 - O emprego do hífen

O termo deriva do
grego hýphen
(juntos,
juntamente). O
vocábulo chegou ao
português pelo latim
tardio hyphen, que,
frise-se, manteve o <
h > na grafia, muito
embora essa letra já
não fosse
pronunciada.

O hífen, como garante a sua origem, existe para unir e não para “separar”.
Ainda quando “separa”, para evitar a criação de uma sílaba indesejada e,
assim, indicar uma melhor pronúncia, como em ‘mal-humorado’, ‘pan-
hospitalar’, ‘sub-reino’, a sua simples presença preserva a “unidade
semântica e sintagmática” do vocábulo, expressão usada no Novo Acordo
Ortográfico.

Eis os casos em que, segundo o Novo Acordo Ortográfico da língua


portuguesa, emprega-se o hífen:

1) Nas palavras compostas que designam nomes de plantas e animais,


estejam ou não ligados por preposição ou qualquer outro elemento.

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Conhecendo o Novo Acordo Ortográfico

abóbora-menina fava-de-santo-inácio cobra-d’água

bênção-de-deus andorinha-grande lesma-de-conchinha

bem-me-quer cobra-capelo bem-te-vi

couve-flor formiga-branca tartaruga-marinha

erva-do-chá andorinha-do-mar

ervilha-de-cheiro

Tendo em vista que, nestes casos, ora se utilizava o hífen, ora não, o
Acordo uniformizou a grafia.

2) O Acordo define que o hífen só será usado em palavras formadas por


prefixos ou falsos prefixos, nos seguintes casos:

2.1 Quando o segundo elemento começa por < h >.

anti-higiênico pré-história

arqui-hipérbole extra-humano

contra-harmônico semi-hospitalar

circum-hospitalar geo-história

pan-helenismo sub-hepático

30
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Conhecendo o Novo Acordo Ortográfico

eletro-higrômetro neo-helênico

mini-hospital super-homem

Não se usa o hífen em informações que contenham os prefixos < des >
e < h > e nas quais o segundo elemento perdeu o < h > inicial:
'desumano', 'desumidificar', 'inábil', 'inumano', etc.

Exceção: ‘subumano’, em que ‘humano' perde o < h >. O Vocabulário


Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP), da Academia Brasileira de Letras,
também registra forma 'sub-humano'.

31
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Conhecendo o Novo Acordo Ortográfico

2.2 . Quando a vogal final do prefixo ou falso prefixo coincidir com a vogal
inicial do segundo elemento da composição.

anti-ibérico

micro-ondas

auto-observação

micro-organismo

contra-almirante

semi-intensivo

infra-axilar

supra-auricular

2.3 Nos compostos formados pelos prefixos ‘ex’, ‘sota’, ‘soto’, ‘vice’ e ‘vizo’.

sota- soto- vizo-


ex-almirante vice-reitor
piloto mestre rei
vice-
ex-hospedeira
presidente
ex-diretor
ex-primeiro-
ministro

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Conhecendo o Novo Acordo Ortográfico

2.4 Em palavras formadas pelos prefixos ‘circum’ ou ‘pan’ seguidos de


palavras iniciadas em vogal, < m > ou < n >.

circum-escolar pan-mágico

circum-navegação pan-africano

pan-americado

pan-negritude

2.5 Quando os prefixos ‘hiper’, ‘inter’ e ‘super’ formar compostos com


palavras iniciadas por < r >.

hiper-realista inter-racial super-resistente

hiper-requintado inter-regional super-revista

hiper-resistente inter-relação

3) Para ligar duas ou mais palavras que formam encadeamentos


vocabulares do tipo:

divisas: ‘Liberdade-Igualdade-Fraternidade’

trajetos e percursos: ‘ponte Rio-Niterói’, ‘trecho São Paulo-


Santos’;

em que se opões relações e noções: ‘professor-aluno’,


‘ensino-aprendizagem’.

33
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Conhecendo o Novo Acordo Ortográfico

4) Nos vocábulos terminados por sufixos de origem tupi-guarani que


representam formas adjetivas, como < açu >, < guaçu > e < mirim >, e
quando a vogal final do primeiro elemento é acentuada graficamente ou
quando a pronúncia exige a distinção gráfica dos dois elementos:

amoré-guaçu

anajá-mirim

andá-açu

capim-açu

Ceará-mirim

tamanduá-mirim

5) Nos compostos formados com os advérbios ‘bem’ e ‘mal’ quando estes


formam, com o elemento que se segue, uma unidade sintagmática e
semântica.

bem-aventurado mal-acabado

bem-estar mal-adaptado

bem-humorado mal-afortunado

bem-criado mal-amado

bem-ditoso mal-educado

bem-educado mal-estar

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Conhecendo o Novo Acordo Ortográfico

bem-falante mal-curada

bem-mandado mal-entendido

bem-nascido mal-humorado

bem-vindo mal-intencionado

1) Prefixo < mal->:

Usa – se o hífen com o prefixo < mal->, quando a palavra seguinte


começar por vogal ou então pelas consoantes < h > ou < l >.

Exemplos: mal-assombrado, mal-entendido, mal-estar, mal-humorado,


mal-limpo.

Nos outros casos, escreve-se sem hífen:

Exemplos: malcriado, malcomportado, malcheirosos, malfeito,


malsucedido, malvisto.

Quando “mal” significa doença, usa-se o hífen se a palavra não tiver


elemento de ligação.

Exemplo: mal-francês.

Se houver elemento de ligação, escreve-se sem hífen.

Exemplos: mal de lázaro, mal de sete dias.

35
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Conhecendo o Novo Acordo Ortográfico

2) Prefixo < bem- >:

De modo geral, usa-se o hífen nos compostos com o prefixo < bem-
>.

Exemplos: bem-aventurado, bem-intencionado, bem-humorado, bem-


merecido, bem-nascido, bem-falante, bem-vindo, bem-visto, bem-
disposto.

Há, contudo, vários casos em que < bem > se liga sem hífen à
palavra seguinte, quer ele tenha ou não vida á parte.

Exemplo: benfazejo, benfeito, benfeitor, benquisto, benquerença, etc.

Regra de ouro:

Para não correr o risco de errar, é aconselhável consultar o


dicionário, que determina qual é a grafia consagrada pelo uso.

36
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Conhecendo o Novo Acordo Ortográfico

Exemplos são as palavras “malmequer” (consagra sem hífen) e


bem-me-quer (consagrada com hífen).

1) Nos compostos formados por prefixo ou falso prefixo terminado em vogal


em combinação com palavra iniciada por < r > ou < s >, que, nesses casos,
são dobrados.

Como era Como deve ser

ante-sala antessala

auto-retrato autorretrato

anti-social antissocial

contra-senso contrassenso

ultra-sonografia ultrassonografia

supra-renal suprarrenal

Observação: A medida uniformiza várias exceções antes existentes.

2) Nos compostos, quando a vogal final do prefixo ou falso prefixo é


diferente da vogal inicial da palavra com a qual se combinam.

Como era Como deve ser

anti-aéreo antiaéreo

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Conhecendo o Novo Acordo Ortográfico

anti-americanismo antiamericanismo

auto-afirmação autoafirmação

auto-ajuda autoajuda

infra-estrutura infraestrutura

neo-impressionista neoimpressionista

3) Nos compostos que, devido ao uso, perderam a noção de composição.

Como era Como deve ser

manda-chuva mandachuva

pára-quedas paraquedas

- -

Observação:

O Novo Acordo incluiu “paraquedas” e derivados ("paraquedista" e


"paraquedismo") entre os casos de "compostos que, devido ao uso,
perderam a noção de composição" (veja o art. 1º da Base XV do Acordo) e
deixou de fora os demais compostos com a forma verbal "para": para-
choque, para-lama, para-raio, para-vento, para-brisa, para-sol. Tanto que o
Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP), da Academia
Brasileira de Letras, assim registra essas palavras. Antes do Novo Acordo,
tanto “pára-quedas” como “pára-choque”, "pára-lama" e demais compostos
dessa natureza tinham hífen e o acento diferencial em "pára", para
diferenciar a forma conjugada do verbo "parar" da preposição "para". Tendo
em vista que o Novo Acordo eliminou esse acento diferencial da forma

38
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Conhecendo o Novo Acordo Ortográfico

verbal "para", os substantivos compostos com tal elemento também


perderam o acento.

4) Nos compostos que apresentam elementos de ligação.

pé de moleque
pé de vento
pai de todos
dia a dia
fim de semana
cor de vinho
ponto e vírgula
camisa de força
cara de pau
olho de sogra

Observação: Incluem-se neste caso os compostos que formam uma


oração, como: ‘maria vai com as outras’, ‘leva e traz’, ‘diz que diz que’,
‘deus me livre’, ‘deus nos acuda’, ‘cor de burro quando foge’, ‘bicho de sete
cabeças’, ‘faz de conta’.

Exceções (7): ‘água-de-colônia’, ‘arco-da-velha’, ‘cor-de-rosa’, ‘mais-que-


perfeito’, ‘pé-de-meia’, ‘ao deus-dará’, ‘à queima-roupa’.

5) Nas formações com o prefixo < co >, este se une diretamente ao


segundo elemento, mesmo quando este se inicia por < o > ou < h >.

39
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Conhecendo o Novo Acordo Ortográfico

coobrigação

coedição

coeducar

cofundador

coabitação

coerdeiro

corréu

corresponsável

coocorrência

Observação: Dobra-se o < r > inicial do segundo elemento.

6) Nos vocábulos formados pelos < pre > e < re >, mesmo diante de
palavras começadas por < e >.

preexistente

40
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Conhecendo o Novo Acordo Ortográfico

preelaborar

reescrever

reedição.

Observação: Como o acento do prefixo < pré > é praticamente


imperceptível em algumas palavras, como ‘predeterminado’ e ‘preexistente’,
na dúvida é sempre bom consultar o dicionário.

7) Não se usa o hífen na formação de locuções com o advérbio ‘não’.

(acordo de) não agressão


(reservado para) não fumantes

Observação: O Acordo Ortográfico aboliu o hífen das formas em que a


palavra ‘não’ tem valor prefixal: ‘não agressão’, ‘não engajado’, ‘não
fumante’, ‘não violência’, ‘não participação’, ‘não governamental’ etc.

Divisão silábica e translineação

Na divisão silábica, quando da translineação de uma palavra composta


ou de uma combinação de palavras em que há um hífen ou mais, se a
partição coincidir com o final de um dos elementos ou membros, deve-se,
por clareza gráfica, repetir o hífen no início da linha imediata:

41
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Conhecendo o Novo Acordo Ortográfico

Exemplos:

“O comandante da polícia é um ex-


-capitão do Exército”

“Quanto ao Paulo, ao João e ao Pedro,


convocá-
-los-emos na próxima semana.”
Ou
“Quanto ao Paulo, ao João e ao Pedro,
convocá-los-
-emos na próxima semana.”

O carro do presidente era seguido de perto pelo


do vice-
-presidente.”

NÃO SE USA O HÍFEN:

Regra Exemplos Observações

42
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Conhecendo o Novo Acordo Ortográfico

Em palavras pé de moleque, pé Incluem-se neste


compostas que de vento, pai de caso os compostos
apresentam todos, dia a dia, fim que formam uma
elementos de de semana, cor de oração. Ex.: Maria
ligação. vinho, ponto e vai com as outras,
vírgula, camisa de leva e traz, diz que
força, cara de pau, diz que, deus me
olho de sogra, mão livre, deus nos
de obra. acuda, cor de burro
quando foge, bicho
de sete cabeças, faz
de conta.
* Exceções (7):
água-de-colônia,
arco-da-velha, cor-
de-rosa, mais-que-
perfeito, pé-de-meia,
ao deus-dará, à
queima-roupa.

Se o prefixo autoajuda,
terminar com letra autoestrada,
diferente daquela autoescola,
com que se inicia a antiaéreo,
outra palavra. intermunicipal,
supersônico,
superinteressante,
agroindustrial,
aeroespacial,
semicírculo.

Se o prefixo contrarrelógio,
terminar por vogal e minissaia,
a outra palavra antirracismo,
começar por < r > ultrassom, semirreta.
ou < s >, dobram-se
essas letras.

Quando o prefixo < coobrigação,


co- > juntar-se com coedição, coeducar,
o segundo elemento, cofundador,
mesmo quando este coabitação,
se inicia por < o > coerdeiro, corréu,
ou < h >. corresponsável,
coocorrência.

43
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Conhecendo o Novo Acordo Ortográfico

Com os prefixos < preexistente, Como o acento do


pre- > e < re- >, preelaborar, prefixo é
mesmo diante de reescrever, reedição. praticamente
palavras começadas imperceptível em
por < e >. algumas palavras,
como
‘predeterminado’ e
‘preexistente’, na
dúvida é sempre
bom consultar o
dicionário.

Na formação de (acordo de) não O acordo ortográfico


compostos agressão aboliu o hífen das
começados por ‘não’. (reservado para) não formas em que a
palavra "não" tem
fumantes.
valor prefixal: ‘não
agressão’, ‘não
engajado’, ‘não
fumante’, ‘não
violência’, ‘não
participação’, ‘não
governamental’ etc.

USA-SE O HÍFEN:

Regra Exemplos Observações

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Conhecendo o Novo Acordo Ortográfico

Com os prefixos < circum-navegação,


circum- > e < pan- pan-africano;
>, quando o segundo
elemento começa por
vogal, < h >, < m >
ou < n >.

Com os prefixos < hiper-realista


hiper- >, < inter- > e super-resistente
e < super- >,
quando o segundo
elemento começa por
< r >.
Quando o prefixo micro-ondas, anti-
terminar com a inflacionário, sub-
mesma letra com bibliotecário, inter-
que se inicia a outra regional, infra-axilar
palavra.

Nas palavras guarda-chuva, arco- Não se usa o hífen


compostas que não íris, boa-fé, em certas palavras
apresentam segunda-feira, mesa- que perderam a
elementos de redonda, vaga-lume, noção de
ligação. joão-ninguém, porta- composição, como
malas, porta- ‘girassol’,
bandeira, pão-duro, ‘madressilva’,
bate-boca. ‘mandachuva’,
‘pontapé’,
‘paraquedas’,
‘paraquedista’,
‘paraquedismo’.
Em palavras reco-reco, blá-blá- Como o acento do
onomatopeicas (isto blá, zum-zum, tico- prefixo é
é, que representam tico, tique-taque, cri- praticamente
ruídos ou sons cri, glu-glu, rom- imperceptível em
naturais) que são rom, pingue-pongue, algumas palavras,
compostas, mas não zigue-zague, bi-bi, como
apresentam fom-fom, tim-tim ‘predeterminado’ e
elementos de (tim-tim por tim- ‘preexistente’, na
ligação. tim). dúvida é sempre
bom consultar o
dicionário.

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Conhecendo o Novo Acordo Ortográfico

Nos compostos entre queda-d'água, gota-


cujos elementos há o d'água, copo-d'água.
emprego do
apóstrofo.

Nas palavras belo-horizontino


compostas derivadas (Belo Horizonte);
de topônimos porto-alegrense
(nomes de lugares) (Porto Alegre);
que apresentam ou mato-grossense-do-
não elementos de sul (Mato Grosso do
ligação. Sul); rio-grandense-
do-norte (Rio Grande
do Norte)

Nos compostos que bem-te-vi, peixe- Não se usa o hífen,


designam espécies espada, peixe-do- quando os compostos
animais e botânicas paraíso, mico-leão- que designam
(nomes de plantas, dourado, andorinha- espécies botânicas e
flores, frutos, raízes, da-serra, lebre-da- zoológicas são
sementes), tenham patagônia, erva- empregados fora de
ou não elementos de doce, ervilha-de- seu sentido original.
ligação. cheiro, pimenta-do- Observe a diferença
reino, peroba-do- de sentido entre os
campo, cravo-da- pares: 1) arroz-do-
índia. campo (certo tipo de
erva) e arroz de
festa (alguém que
está sempre
presente em festas).
2) bico-de-papagaio
(espécie de planta
ornamental) e bico
de papagaio
(deformação nas
vértebras).
3) olho-de-boi
(espécie de peixe) e
olho de boi (selo
postal).

Diante de palavra anti-higiênico, sub-


começada por < h >. hepático, super-
homem, sobre- Exceção: ‘subumano’
humano.

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Conhecendo o Novo Acordo Ortográfico

Com o prefixo < sub- sub-base, sub-


>, usa-se o hífen bibliotecário, sub-
também diante de região, sub-reitor,
palavra começada sub-regional.
por < b > e < r >.

Com os prefixos < ex-aluno, sem-terra, A dúvida, nesse caso,


ex- >, < sem- >, < além-mar, aquém- é sempre comum.
além- >, < aquém- mar, recém-casado, Como o acento nos
>, < recém- >, < pós-graduação, pré- prefixos < pré- >, <
pós- >, < pré- >, < vestibular, pró- pós- > e < pró- > é
pró- >, < vice- >. europeu, vice-rei. praticamente
imperceptível na fala,
em algumas
palavras, como
‘predeterminado’ e
‘preexistente’, muitos
não sabem se o hífen
deve ou não ser
usado. Assim,
também aqui é
sempre bom
consultar o
dicionário.
Com o prefixo < mal-assombrado, * Nos outros casos,
mal- >, quando a mal-entendido, mal- escreve-se sem
palavra seguinte estar, mal- hífen: malcriado,
começar por vogal, < humorado, mal- malcomportado,
h > ou < l >. limpo. malcheiroso,
malfeito,
malsucedido,
malvisto.
* Quando mal
significa doença, usa-
se o hífen se a
palavra não tiver
elemento de ligação.
Ex.: mal-francês. Se
houver elemento de
ligação, escreve-se
sem hífen. Ex.: mal
de lázaro, mal de
sete dias.

47
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Conhecendo o Novo Acordo Ortográfico

Com < bem- >, de bem-aventurado, * Mas há vários


modo geral, nos bem-intencionado, casos em que bem se
compostos. bem-humorado, liga sem hífen à
bem-merecido, bem- palavra seguinte.
nascido, bem- Ex.: benfazejo,
falante, bem-vindo, benfeito, benfeitor,
bem-visto, bem- benquisto.
disposto.

Regra de ouro:
Para não correr o risco de errar, quando não se souber se
a palavra perdeu a noção de composição, é aconselhável
consultar o dicionário, que determina qual é a grafia
consagrada pelo uso. Exemplos disso são as palavras
malmequer (sem hífen) e bem-me-quer (consagrada com
hífen).

48
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Conhecendo o Novo Acordo Ortográfico

Módulo II - Unidade 2

Complemente o seu estudo, consultando o material


que disponibilizamos em Glossário, Dicionários e
Biblioteca, localizados no Módulo de Apoio.

Consulte:
http://www.academia.org.br/abl/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?sid=
23

49
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Conhecendo o Novo Acordo Ortográfico

Unidade 3 - Composição do alfabeto

Uma inovação que o


texto de unificação
ortográfica de 1990
apresenta, logo na Base I, é
a apresentação do alfabeto,
acompanhado das
designações que usualmente
são dadas às diferentes
letras.

No alfabeto português
passam a figurar também as letras < k >, < w > e < y >, pelas seguintes
razões:

a) Os dicionários da língua já registram estas letras, apresentando um


razoável número de palavras do léxico português iniciado por elas;

b) Na aprendizagem do alfabeto é necessário fixar qual a ordem que elas


ocupam; e

c) Nos países africanos de língua oficial portuguesa existem muitas palavras


que são grafadas com elas.

Apesar da inclusão no alfabeto das letras < k >, < w > e < y >,
mantiveram-se as regras já fixadas anteriormente quanto ao seu uso
restritivo, uma vez que existem outros grafemas com o mesmo valor
fonético daquelas.

50
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Conhecendo o Novo Acordo Ortográfico

Ocorre que se, de fato, fossem abolidas as restrições quanto ao uso das
letras < k >, < w > e < y >, provavelmente seria introduzido no sistema
ortográfico português mais um fator de perturbação, ou seja, a
possibilidade de representar indiscriminadamente por aquelas letras,
fonemas que são transcritos por outras.

O alfabeto passa a ter 26 letras com a reintrodução das letras < k >, <
w > e < y >, largamente utilizadas na escrita de símbolos de unidades de
medida, como km (quilômetro) e W (watt), e em palavras de origem
estrangeira, como show, windsurf e playboy.

A Base I do Acordo Ortográfico trata do alfabeto e dos nomes próprios


estrangeiros e seus derivados:

1) O alfabeto da língua portuguesa é formado por 26 letras, cada


uma delas com uma forma minúscula e outra maiúscula:

Observação:

51
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Conhecendo o Novo Acordo Ortográfico

a) Além dessas letras, usam-se o < ç > (cê cedilhado) e os seguintes


dígrafos: < rr > (erre duplo), < ss > (esse duplo), < ch > (cê-agá), < lh >
(ele-agá), < nh > (ene-agá), < gu > (guê-u) e < qu > (quê-u).

b) Os nomes das letras acima sugeridos podem ser designados de outras


formas.

2) As letras < k >, < w > e < y > usam-se nos seguintes casos
especiais:

a) Em antropônimos originários de outras línguas e seus derivados:


Franklin, frankliniano; Kant, kantismo; Darwin, darwinismo: Wagner,
wagneriano, Byron, byroniano; Taylor, taylorista;

b) Em topônimos originários de outras línguas e seus derivados: Kuwait,


kuwaitiano; Malawi, malawiano;

c) Em siglas, símbolos e mesmo em palavras adotadas como unidades de


medida de curso internacional: TWA, KLM; K (de kalium – potássio), W
(West – oeste); kg (quilograma); km (quilômetro); kW (kilowatt); yd (yard
– jarda); Watt.

3) Em congruência com o número anterior, mantêm-se nos


vocábulos derivados eruditamente de nomes próprios estrangeiros,
quaisquer combinações gráficas ou sinais diacríticos não peculiares
à nossa escrita que figurem nesses nomes: comtista, de Comte;
garrettiano, de Garrett; jeffersônia, de Jefferson; mülleriano, de
Müller; shakesperiano, de Shakespeare.

Os vocábulos autorizados registrarão grafias alternativas admissíveis,


em casos de divulgação de certas palavras de tal tipo de origem (a

52
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Conhecendo o Novo Acordo Ortográfico

exemplo de fúcsia/ fúchsia e derivados, bungavília/


bunganvílea/bougainvíllea).

4) Os dígrafos finais de origem hebraica (< ch >, < ph > e < th >)
podem conservar-se em formas onomásticas da tradição bíblica,
como ‘Baruch’, ‘Loth’, ‘Moloch’, ‘Ziph’, ou então simplificar-se:
‘Baruc’, ‘Lot’, ‘Moloc’, ‘Zif’.

Se qualquer um destes dígrafos, em formas do mesmo tipo, for


invariavelmente mudo, elimina-se, como em ‘José’ e ‘Nazaré’, em vez
de ‘Joseph’ e ‘Nazareth’; e se algum deles, por força do uso, permitir
adaptação, substitui-se, recebendo uma adição vocálica: ‘Judite’, em
vez de ‘Judith’.

5) As consoantes finais grafadas (< b >, < c >, < d >, < g > e < h
>) mantêm-se, quer sejam mudas, quer proferidas, nas formas
onomásticas em que o uso as consagrou, nomeadamente
antropônimos e topônimos da tradição bíblica: ‘Jacob’, ‘Job’, ‘Moab’,
‘Isaac’; ‘David’, ‘Gad’; ‘Gog’, ‘Magog’, ‘Bensabat’, ‘Josafat’.

Integram-se também nessa forma: ‘Cid’, em que o < d > é sempre


pronunciado; ‘Madrid’ e ‘Valhadolid’, em que o < d > ora é
pronunciado, ora não; e ‘Calcem’ ou ‘Calicut’, em que o < t > se
encontra nas mesmas condições. Nada impede, entretanto, que os
antropônimos em apreço sejam usados sem a consoante final ‘Jó’,
‘Davi’ e ‘Jacó’.

6) Recomenda-se que os topônimos de línguas estrangeiras se


substituam, tanto quanto possível, por formas vernáculas, quando
estas sejam antigas e ainda vivas em português ou quando entrem,
ou possam entrar, no uso corrente.

Exemplos: Anvers, substituído por Antuérpia; Cherbourg, por


Cherburgo; Garonne, por Garona; Genève, por Genebra; Justland,

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por Jutlândia; Milano, por Milão; München, por Muniche; Torino, por
Turim; Zürich, por Zurique, etc.

Emprego de maiúsculas e minúsculas

Se compararmos as disposições do Novo Acordo com o que está


definido no Formulário Ortográfico Brasileiro (1943), observaremos que se
implementou uma simplificação quanto ao emprego das letras maiúsculas.

Uso restrito:

· Aos antropônimos reais ou fictícios: Maria, José, Dom Quixote, Sancho


Pança;

· Aos topônimos reais ou fictícios: Belo Horizonte, Pará, Rio de Janeiro,


Lumpalândia, Herzoslováquia;

· Aos nomes de instituições (pessoas jurídicas): Universidade de Brasília,


Instituto Nacional da Seguridade Social, Ministério da Educação;

· Aos nomes de seres mitológicos ou antropomorfizados: Júpiter, Netuno,


Minerva; Saci Pererê;

· Aos nomes de festas e festividades: Natal, Páscoa, Carnaval, Ano-novo;

· Às designações dos pontos cardeais e colaterais quando se referem a


grandes regiões do Brasil e do mundo: Nordeste, Sudeste, Oriente,
Ocidente;

· Às siglas: CPF, IPI, AGU, FAO, ONU;

· Às iniciais de abreviaturas: ‘Sr.’, ‘Gen.’, ‘V. Exª’; e

· Aos títulos de periódicos: Diário do Povo, Veja, Estadão, Folha de S. Paulo.

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Uso facultativo:

· Nas citações bibliográficas, com exceção do primeiro vocábulo e daqueles


obrigatoriamente grafados com letras maiúsculas: O Primo Basílio ou O
primo Basílio; Casa-grande e Senzala ou Casa-grande e senzala, Memórias
Póstumas de Braz Cubas ou Memórias póstumas de Braz Cubas.

· Nos pontos cardeais e colaterais ordinários, mas não nas suas


abreviaturas que deverão estar no formato de letras maiúsculas: norte, sul,
leste, mas SW, SE, N etc.

· Nos axiônimos (formas de tratamento e reverência) e hagiônimos (nomes


sagrados e que designam crenças religiosas): Senhor Pedro ou senhor
Pedro; Doutora Marta ou doutora Marta; Governador Agnelo ou governador
Agnelo; Magnífico Senhor Reitor ou magnífico senhor reitor; Santa Cecília
ou santa Cecília; Papa Bento XVI ou papa Bento XVI.

· Nos nomes que designam domínios do saber ou disciplinas: Medicina ou


medicina, Matemática ou matemática, Arte Renascentista ou arte
renascentista.

· Nas categorizações de logradouros públicos, templos e edifícios: Rua/rua


Teodoro Sampaio, Igreja/igreja de Santa Efigênia, Edifício/edifício Copasa
etc.

No particular, nem o Acordo Ortográfico em vigor, nem o Formulário


Ortográfico Brasileiro foram suficientemente explícitos ao tentarem
estabelecer normas e critérios para o emprego das iniciais maiúsculas.

Tanto é assim que o Acordo lança, ao final do trema, a seguinte


observação:

“Obs: As disposições sobre os usos das minúsculas e maiúsculas não


obstam a que obras observem regras próprias, provinda de código ou
normalizações específicas (terminologias antropológica, geológica,
biológica, botânica, zoológica, etc.), promanadas de entidades científicas
ou normalizadoras reconhecidas internacionalmente.”

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Conhecendo o Novo Acordo Ortográfico

Ainda assim, vale observar certas tendências.

- O emprego de maiúsculas em excesso, assim como dos negritos, dos


sublinhados ou dos destaques, deve ser evitado, pois “polui" o texto.

- A tendência é, pois, a seguinte:

a) mais formalidade, mais deferência, mais ênfase: maiúsculas;

b) mais modernidade, menos “poluição" gráfica, mais simplicidade:


minúsculas.

o A mídia é uma fonte inesgotável de


criação de tendências, formulando,
para cada caso, normas próprias.
o Nunca se pode, no entanto, esquecer
a regra taxativa que preceitua o
emprego obrigatório de inicial
maiúscula nos substantivos próprios
de qualquer natureza.

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Complementando os estudos

Módulo II - Unidade 3

Complemente o seu estudo, consultando o material


que disponibilizamos em Glossário, Dicionários e
Biblioteca, localizados no Módulo de Apoio.

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Unidade 4 - Eliminação do trema

Objeto da Base XIV, o TREMA, ou


sinal de diérese (divisão de duas vogais
adjacentes em duas sílabas), é
inteiramente suprimido em palavras
portuguesas ou aportuguesadas,
permanecendo, contudo, em nomes
próprios estrangeiros e derivações:
‘Hübner’, ‘hüberiano’, ‘Müller’,
‘mülleriano’.

Empregado em diversas línguas, o


trema ocorre para:

a) indicar alteração do som regular ou ordinário de uma vogal;

b) indicar, em encontros vocálicos, que a vogal átona não formava ditongo


com a anterior;

c) dar identidade própria a determinada letra;

d) assinalar a independência de uma vogal em relação a uma vogal


anterior.

No português, o trema era o diacrítico que se empregava sobre a letra <


u >, quando átona, para indicar que ela deveria ser pronunciada nos grupos
< gue >, < gui >, < que >, < qui >.

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Histórico do trema

O trema foi extinto da língua portuguesa pela segunda vez!

Sim; até 1971, ainda que pouco difundido, era facultado o uso do trema
para indicar hiatos átonos. Dessa forma, podíamos encontrar o trema sobre
o < u > e até sobre o < i > em palavras como ‘païsinho’ e ‘paraïbano’, para
indicar a pronúncia do hiato pa-i-si-nho (diminutivo de país) e pa-ra-i-ba-
no.

Como recurso poético, para estender a métrica da palavra ‘saudade’, era


possível encontrar a grafia ‘saüdade’ (sa-u-da-de).

Entretanto, justamente por ser de emprego facultativo e ainda porque


em todas as línguas impera o princípio do menor esforço (gráfico e oral), o
uso do trema na representação de hiatos átonos, de tão raro, acabou caindo
no esquecimento. Com a reforma ortográfica de 1971, acabou-se por
extinguir o uso do trema nesses casos.

Entretanto, a partir da década de 70, maus articulistas e outros não


muito dedicados autores generalizaram o equívoco de que, com a reforma
recém-implantada, o trema havia sido abolido definitivamente da língua
pátria, como de resto já ocorrera em Portugal desde 1945.

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Conhecendo o Novo Acordo Ortográfico

Pronúncia das palavras afetadas

Mesmo com o fim do trema, não haverá modificação na pronúncia das


palavras.

O Novo Acordo garante o direito de se manter a grafia original com o


trema nos casos de nomes próprios, de empresas e de marcas com registro
público.

Observações:

a) Embora o trema não seja


mais usado, a pronúncia das
palavras que recebiam o
trema não mudará, ou seja,
deveremos continuar
pronunciando a letra < u >.

b) Não esqueça que jamais


houve trema quando a letra
< u > estava seguida de “o”
ou “a”, como em ambíguo,
longínquo, averiguar,
adequado etc.

c) Se a letra < u >, antes de


< e > ou < i >, fosse
pronunciada e tônica, devíamos usar acento agudo em vez do trema, tal
como em “que ele averigúe”, “que eles apazigúem”, “ele argúi”, “eles
argúem” etc. Este acento também foi abolido, como vimos anteriormente.

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Complementando os estudos

Módulo II - Unidade 4

Complemente o seu estudo, consultando o


material que disponibilizamos em Glossário,
Dicionários e Biblioteca, localizados no Módulo
de Apoio.

Exercícios de Fixação - Módulo II

Parabéns! Você chegou ao final do ultimo módulo do curso Conhecendo o


Novo Acordo Ortografico.

Sugerimos que você faça uma releitura do Módulo II e resolva os Exercícios


de Fixação. O resultado não influenciará na sua nota final, mas servirá como
oportunidade de avaliar o seu domínio do conteúdo. Lembramos ainda que
a plataforma de ensino faz a correção imediata das suas respostas!

Porém, não esqueça de realizar a Avaliação Final do curso, que encontra-se


no Módulo de Conclusão. Lembramos que é por meio dela que você pode
receber a sua certificação de conclusão do curso.

Para ter acesso aos Exercícios de Fixação, clique aqui..

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Conclusão

O curso Conhecendo o Novo Acordo Ortográfico foi concebido para lhe


fornecer um conjunto de informações e conhecimentos que auxiliem sua
atuação profissional.

É importante que você, comprometido como esteve com o curso que lhe foi
proposto, tenha atingido os objetivos de aprendizagem, quais sejam:

o dominar o contexto do Novo Acordo Ortográfico, a presença da língua


portuguesa no mundo, as alterações no nosso dicionário e também um
breve histórico do Acordo Ortográfico;
o conhecer as regras de acentuação gráfica, emprego do hífen e a
composição e eliminação do trema.
Esperamos que você esteja satisfeito com o curso e que o conteúdo
apresentado seja efetivamente útil ao seu desempenho profissional e que o
ajude a aumentar a credibilidade de sua instituição e de sua equipe de
trabalho.

Igualmente, esperamos que as informações disponibilizadas no curso sirvam


de instrumentos de crescimento pessoal e, por consequência, de crescimento
da organização em que você trabalha.

Ah! A condição para a realização da Avaliação Final é resolver todos


os Exercícios de Fixação ao final de cada módulo e responder à
avaliação do curso.

Para realizar a Avaliação do curso clique aqui.

Boa sorte!

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